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experiências
tipográficas
Oi Kabum!
Escola de Arte e Tecnologia de Salvador
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ORGANIZADORES
Fernando PJ Sandra Loureiro PROJETO GRÁFICO
Fernando PJ
ASSISTENTE DE CRIAÇÃO
Tatiane Lima
REVISÃO TEXTUAL
Lucia Manisco Sandra Loureiro REVISÃO TIPOGRÁFICA DIGITAL
DETODOTIPO.ORG.BR
Leonardo Buggy IMAGENS
Acervo Oi Kabum! Fernando PJ stk.xch
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ApresentaçãO
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OI KABUM! 9 FORMAçÃO EM DESIGN GRÁFICO 15 EXPERIMENTAçÕES TIPOGRÁFICAS 19 TURMA 1 27 TURMA 2 41 TURMA 3 69 TURMA 4 95 TURMA 5 115 DETODOTIPO.ORG.BR 135 GLOSSÁRIO
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REFERÊNCIAS
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Apresentação
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livro De Todo Tipo: experiências tipográficas reúne a produção e as investigações tipográficas dos jovens das cinco primeiras turmas de Design Gráfico da Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia de Salvador, por meio da descrição dos projetos elaborados, das pesquisas desenvolvidas, dos percursos metodológicos e dos produtos que resultaram das atividades realizadas nessas turmas. Ao reconstruirmos esses percursos, procuramos apresentar a descrição e a análise dos procedimentos criativos em diferentes aspectos e constituir uma linguagem estética que fosse capaz de relacionar as produções das cinco turmas de Design Gráfico da Oi Kabum! Salvador, realizadas ao longo de nove anos e com dois educadores distintos – um deles na Turma 1 e o outro nas turmas 2, 3, 4 e 5 1. A reconstrução desses percursos trouxe a necessidade de se estabelecerem formas de lidar com as características peculiares dos processos em cada turma específica, como também tentar encontrar pontos comuns para uma fundamental contextualização que contemplasse os processos metodológicos e de desenvolvimentos criativos ocorridos em cada período formativo. 1 Os dois educadores são Nemo Sampaio, na turma 1, e Fernando Figueiredo (Fernando PJ), nas turmas 2, 3, 4 e 5 (nota dos organizadores).
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Trata-se, principalmente, de um livro visual, no qual a ênfase recaiu sobre os produtos finais dessas turmas de design gráfico (o projeto gráfico e os desígnios comunicacionais de cada peça individualmente), mas que se propõe a apresentar os caminhos metodológicos, conceituais, educativos, criativos e produtivos percorridos conjuntamente por educadores e jovens. Para isso, constam desta publicação textos explicativos, são citadas referências e incluídas imagens ilustrativas da ambiência do programa educativo em questão, com a finalidade de focalizar não apenas o produto, mas também a dimensão do processo. Assim, o sentido que orientou a presente publicação, que compila e sistematiza a produção jovem das cinco primeiras turmas da Oi Kabum! Salvador, foi o de revelar uma visão o mais abrangente possível do conjunto dos trabalhos apresentados, por meio da articulação do produto com o processo em diferentes perspectivas. Buscamos oferecer um material que possa contribuir tanto com a reflexão sobre o itinerário teórico-prático de uma experiência educacional contemporânea com jovens, na esfera do design gráfico e das artes visuais, como também viabilizar o acesso às produções como uma proposta de interação e de desdobramentos das experimentações. Uma das estratégias pensadas para potencializar os compartilhamentos, tratou-se de disponibilizar,
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através de um endereço da internet, um arquivo com as fontes criadas pelos jovens no programa educativo, que podem ser baixadas e utilizadas através da licença Creative Commons. Convidamos os possíveis leitores – estudantes, professores/ educadores, designers gráficos, artistas e demais interessados – a embarcarem na experiência apresentada: sintam-se provocados e inspirados a criarem seus próprios caminhos.
Sandra Loureiro
COORDENADORA PEDAGÓGICA Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia de Salvador CIPÓ – Comunicação Interativa
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OI KABUM! SALVADOR 8
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Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia é um programa do Oi Futuro e, em Salvador, é realizado em parceria com a organização não governamental CIPÓ – Comunicação Interativa.
A iniciativa tem por objetivo promover a formação em linguagens multimídia, o desenvolvimento pessoal e social, a inserção qualificada do jovem no mundo do trabalho e o acesso a bens culturais. A Escola está localizada no Centro Histórico de Salvador e oferece a jovens de comunidades populares urbanas, estudantes ou egressos da rede pública, formação em cursos de design gráfico, computação gráfica, vídeo, fotografia e web design, complementados por atividades transversais em desenvolvimento pessoal e social, leitura e expressão oral e escrita e arte e tecnologia. Com unidades também em Belo Horizonte, Recife e Rio de Janeiro, o programa dura 18 meses e tem como proposta fazer com que os jovens se apropriem das tecnologias da comunicação e da informação em processos criativos, podendo assim atuar nos campos de trabalho artístico e cultural.
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Desde 2001, o Oi Futuro tem o desafio de democratizar o acesso ao conhecimento para acelerar o desenvolvimento humano, com foco na promoção de um futuro melhor para os brasileiros, reduzindo distâncias geográficas e sociais. Seus programas empregam novas tecnologias de comunicação e informação nas áreas de educação, cultura, esporte, meio ambiente e desenvolvimento social. Além disso, o instituto mantém dois espaços culturais no Rio de Janeiro (RJ) e um em Belo Horizonte (MG), além do Museu das Telecomunicações nas duas cidades. A CIPÓ – Comunicação Interativa é uma organização não governamental, que utiliza a comunicação e a arte para promover o desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens de comunidades populares da Bahia. Desde 1999, a instituição vem atuando com projetos que visam à melhoria da escola, à inserção qualificada de jovens no mundo do trabalho, à garantia de direitos, à participação, ao desenvolvimento social e à democratização da comunicação e da cultura.
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OS PROCESSOS FORMATIVOS NA Oi KABUM! ESCOLA DE ARTE E TECNOLOGIA DE SALVADOR A formação desenvolvida pelo programa Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia de Salvador busca se configurar como um espaço de concepção e experimentação metodológicas, que tem por finalidade promover a formação de adolescentes e jovens nas áreas da arte, da comunicação e das tecnologias, conectandoas a ações sociais, políticas e comunitárias, por meio de uma abordagem crítica e reflexiva. A Oi Kabum! Salvador desenvolve suas atividades com base na concepção de “comunidade de aprendizagem”, que parte da compreensão de que vivemos em uma sociedade em permanente transformação. Portanto, faz-se necessário que se estabeleça uma relação com o processo de formação a partir do conceito de “conhecimentos em construção”. Está entre os objetivos da formação relacionar as experiências vividas pelos sujeitos – dentro e fora da sala de aula – às explorações teóricas e às investigações sobre os referenciais de interesse para o processo formativo dos jovens. Nessa perspectiva, considera-se essencial fomentar a dimensão crítica e reflexiva dessa formação, assumindo que, embora seja imprescindível adotar determinados compromissos sociais, políticos e éticos, é preciso também questionar e colocar “em xeque” os parâmetros estabelecidos e cristalizados sem se deixar levar por pontos de vista preconcebidos, ou seja, permitir-se experimentar. Assim, o processo de ensino e aprendizagem não deve ser estanque e precisa tentar buscar soluções criativas, ampliar os campos de conhecimento, por meio de uma visão interdisciplinar, e tentar se articular com as necessidades emergentes, internamente e externamente. Desse modo, pontos essenciais da formação são metodologias voltadas para a pesquisa e o estímulo às experimentações e às reflexões avaliativas. Durante as atividades, à medida que as ideias surgem e os projetos educativos são concebidos e elaborados, são testadas, em conjunto com os educandos, novas possibilidades. Essas experimentações e processos metodológicos ocorrem tanto no âmbito das interações em sala de aula, como nos planejamentos realizados pela equipe de educadores, e permeiam todas as ações e procedimentos, no sentido de ser uma articulação inerente à construção dos projetos em todas as suas fases e contextos.
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As possíveis experimentações são propostas a partir de avaliações, reflexões, discussões, pesquisas e contextualizações, que podem ser provocadas e geradas de qualquer ponto das relações pedagógicas: a partir dos educadores, dos jovens, dos funcionários, das coordenações, de elementos e sujeitos externos: A visão é de que é preciso estabelecer no processo educativo uma comunidade de aprendizagem onde todos estão aprendendo e participando. Alguns assumem, em certos momentos, determinados papéis, e os outros assumem outros papéis, mas esse processo não é estático e tudo pode se modificar, porque todos os envolvidos estão em colaboração, todos estão se desenvolvendo. Os educadores criam algumas condições necessárias, de início, mas os educandos podem criar outras, e todos transformam seu entendimento, seus papéis e suas responsabilidades enquanto participam nesse processo. Assim, buscase que educadores e educandos sejam ativos e colaborem, mas, inicialmente, os educadores possuem a responsabilidade por deflagrar, guiar o processo e apoiar os educandos. Entretanto, ao longo do processo educativo, os papéis podem ser transmutados por meio da interação e das trocas de saberes, com a finalidade de gerar um fluxo contínuo de interesse e investigação. Pretende-se, também, que essa perspectiva se amplie para o entendimento de que as ações precisam acontecer de forma expandida, como os projetos nas comunidades e as ações multiplicadoras empreendidas pelo programa educativo (Projeto Político-Pedagógico da Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia de Salvador, 2014). Outra vertente essencial da formação ocorre por meio de estratégias metodológicas e atividades fundamentadas em temáticas que abordam criticamente valores, atitudes e comportamentos, com o propósito de promover a reflexão nos campos do pessoal e do social. Na dimensão do pessoal são trabalhados temas como identidade (pessoal, social, cultural), autoconfiança, autoestima, autonomia, infância e adolescência, saúde e vulnerabilidade, sexualidade/questões de gênero,
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família, questões étnicas e raciais, mundo do trabalho, escola e projeto de vida. No social, aspectos como: relações de grupo, substâncias psicoativas e vulnerabilidade, segurança social, meio ambiente, ética e responsabilidade social, leitura crítica da mídia, atuação comunitária, participação política e garantia de direitos. Todos esses temas são trabalhados por meio de uma perspectiva contextualizada, estabelecendo as ligações e as interrelações com os diversos referenciais socioculturais presentes no cotidiano dos jovens. Em síntese, essa metodologia tem como focos a aquisição de conhecimentos, habilidades e experiências, por meio da pesquisa, da experimentação, da criação, do desenvolvimento de projetos artístico-tecnológicos, a reflexão sobre atitudes e valores, a ressignificação da identidade e do projeto de vida, a participação política, social e comunitária, o protagonismo e a iniciativa para a inserção no mundo do trabalho. Como uma de suas maiores metas, busca promover o desenvolvimento do educando, de forma a contribuir para que possa encontrar caminhos para realizar-se pessoal, social e profissionalmente, pautado na co-responsabilização e em valores éticos e humanitários2.
2 Esse texto, que faz uma síntese dos processos metodológicos e das práticas formativas, está baseado em conteúdos do Projeto Político-Pedagógico da Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia de Salvador e em textos sobre as metodologias da CIPÓ – Comunicação Interativa.
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FORMAÇÃO EM
DESIGN GRÁFICO
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O
processo de formação em design gráfico na Oi Kabum! se baseia no desenvolvimento do desenho, de exercícios gráficos feitos à mão e na concepção e elaboração de um projeto, antes da ida ao computador. Essas estratégias são vistas como meios para estabelecer as interações entre as referências estéticas, os resultados das pesquisas de campo e as reflexões críticas sobre temáticas de diversas ordens: social, política, cultural, artística. Além disso, as reflexões e discussões que ocorrem durante as atividades são sempre relacionadas a conceitos como responsabilidade e participação social e política no âmbito da atuação profissional.
Através dos exercícios com técnicas de desenho, da busca por referenciais artísticos e conceituais e também da apropriação dos programas de computador específicos, os jovens elaboram produtos gráficos como cartazes, painéis, cartões-postais, folders e publicações diversas, como fanzines, revistas, livros, além de projetar o design gráfico para ambientes virtuais na criação de blogs, páginas pessoais
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na internet e outras publicações eletrônicas. É dada ênfase à experimentação e aos processos de percepção visual, através dos quais as diferentes técnicas de produção e estilos de ilustração são constantemente exercitadas e analisadas. Durante as atividades de formação, imagens e textos são trabalhados de maneira equilibrada e complementar, tentando estimular o exercício da criatividade e a ampliação das referências estéticas e conceituais. Um ponto de grande importância na formação em design gráfico é a pesquisa sobre tipografia, que tem como referenciais geradores a produção tipográfica de maneira geral combinada com as manifestações que se inscrevem no seio da cultura e da comunicação popular. Nas cinco turmas de design gráfico da Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia de Salvador, ao longo de 10 anos de formação, essa proposta
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fomentou a produção de peças gráficas e mostras artísticas inventivas, com fortes referenciais identitários. Essas produções, que tiveram como ponto de partida as pesquisas realizadas nas salas de aula e se estenderam pelas ruas das comunidades populares, puderam revelar o potencial dos jovens para reconhecer criticamente seus contextos culturais, refletir sobre eles e relê-los em conexão com o mundo que os rodeia. É uma proposta que busca sensibilizar, promover a reflexão e a discussão sobre temas relevantes não apenas para os jovens, mas para todas as pessoas que vivem e sentem os efeitos decorrentes das problemáticas contemporâneas. Meio ambiente, diversidade, desigualdade e diferença, questões étnicas e raciais, comunicação, tecnologia, a dimensão da cultura, são alguns dos temas abordados e trabalhados com e pelos jovens.
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experiÊNCIAS
TIPO
GRÁFI CAS
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D
esde sua primeira turma, iniciada em 2004, a linguagem de design gráfico da Oi Kabum! Salvador – que foi acompanhada por um educador diferente nas turmas seguintes – já possibilitava ao jovem o exercício de estudo, aplicação e criação tipográfica3.
Ao ingressar como novo educador na escola, a partir da segunda turma, busquei aprimorar a proposta inicial, potencializando seu uso por meio de uma maior aplicação gráfico-editorial dos tipos desenvolvidos e com a construção de alfabetos realmente usáveis a partir da sua edição em programas (softwares) tipográficos específicos. Um dos produtos, então, foi um arquivo True Type (.ttf) que possibilitaria sua instalação em diversos sistemas operacionais e utilização em diversos programas (softwares) de produtividade para escritório e programas (softwares) gráficos. Esse projeto, desenvolvido na Turma 2, foi chamado De Todo Tipo e teve como produto final, além dos arquivos de fonte, sua aplicação em pôsteres 3 As produções da primeira turma geraram um material que não chegou, na época, a ser transformado em arquivos de fonte. Sua aplicação foi feita manualmente através de softwares vetoriais para a confecção de cartazes.
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tipográficos. Essas fontes foram utilizadas nas publicações editoriais desenvolvidas pela Oi Kabum!, como o livro De um Tudo e + um pouco. A Turma 3 seguiu o mesmo caminho da anterior, com os arquivos de fonte, os pôsteres tipográficos e suas aplicações no livro Design Como Quê!. Essas publicações serão apresentadas posteriormente. Já na Turma 4, com o projeto Tempoesia, que também será apresentado em capítulos posteriores, a proposta foi diferente. Não existia, obrigatoriamente, uma necessidade de criação tipográfica, mas sim da sua utilização enquanto forma para o desenvolvimento de poemas concretistas. Essas experiências nos permitiram observar que o trabalho tipográfico – a partir das bases projetuais de usabilidade, boa legibilidade, unidade e harmonia visual entre outros elementos, agregadas à adequação da leitura semiótica ao conceito idealizado – consegue desenvolver no educando a percepção para aspectos bastante sutis da forma. Além das articulações técnicas e artísticas que esse tipo de projeto propõe, são trabalhadas, paralelamente, questões referentes ao desenvolvimento pessoal, social, profissional,
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cultural e político dos jovens. Para um melhor entendimento desses processos, seus objetivos e aspectos metodológicos, serão apresentados alguns detalhamentos a seguir. Ainda no momento inicial da formação, é apresentado aos jovens o universo tipográfico, visto que este elemento – a tipografia – apresenta-se de forma transdisciplinar nas linguagens da Oi Kabum!, permeando tanto as vinhetas, os títulos e os créditos dos vídeos e animações, quanto podem servir de intervenção, legenda ou simplesmente objeto do registro fotográfico. Assim, o princípio desse processo ocorre na fase inicial da formação, na etapa de Acolhimento e Boas-Vindas, com uma atividade de integração e trabalho em grupo chamada Sopa de Letras. O objetivo nesse momento é despertar a sensibilidade para o reconhecimento, diferenciação e agrupamento de caracteres de famílias tipográficas diversas. A atividade começa com o embaralhamento de cartas contendo esses caracteres, e sua distribuição entre os grupos para, em seguida, negociar-se o processo de reorganização dos elementos em suas respectivas famílias tipográficas.
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No período inicial da formação4, os jovens ingressantes apropriam-se dos conceitos do design gráfico com o desenvolvimento de fanzines e pôsteres, peças onde a tipografia é de extrema importância pelo seu caráter comunicacional. Assim, passam a perceber que uma mesma mensagem verbal pode ser representada tipograficamente de diversas formas e que algumas delas apresentam-se de forma mais adequada que outras. Após esse período experimental, os jovens que ingressam efetivamente na linguagem de design gráfico, expandem seus conhecimentos nas diversas possibilidades de atuação da profissão em que a tipografia apresentase como item fundamental na construção do discurso gráfico visual, intensificando a comunicação verbal ou simplesmente tendo seu potencial gráfico exaltado
4 Até a Turma 5 (2012 – 2013), a formação era iniciada com o Rodízio, no qual os 80 jovens, já selecionados, experimentavam as quatro linguagens, uma semana em cada, com a finalidade de realizar um direcionamento compartilhado com os educadores para as linguagens em turmas específicas. A partir do ano de 2014, com a Turma 6, houve uma reconfiguração dos processos seletivos: um contingente de cerca de 200 jovens pré-selecionados vivencia um processo formativo-seletivo de 40 horas, as Oficinas Click, por meio de atividades multimídia. Dessas oficinas são selecionados os 80 jovens que formarão a turma regular, com duração de 18 meses, já com 20 jovens em suas linguagens específicas.
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enquanto forma, tanto quanto figura, quanto como fundo das composições. Assim, durante o processo, os jovens aprofundam os estudos nos ensinos tipográficos, passando pela diagramação e hierarquização das informações em materiais gráficos e gráfico-editoriais produzidos pelo grupo, até o momento em que terão a possibilidade de criar suas próprias famílias tipográficas. Metodologicamente, o primeiro passo na aplicação do projeto De Todo Tipo5 é a introdução à história e conceitos tipográficos, desde sua morfologia, classificação e variação de estilos, larguras e pesos. Nesse momento, são apresentadas as linhas que guiam a construção de famílias tipográficas (linha de base, da altura de x, das ascendentes, descendentes e capitulares), assim como elementos que podem constituir o desenho dos caracteres (serifas, terminais, barras, hastes, olhos, etc)6.
5 De Todo Tipo foi o título do projeto tipográfico que se iniciou na Turma 2, com a entrada do educador Fernando Figueiredo (Fernando PJ), e passou a designar os projetos de criação tipográfica da turmas seguintes. 6 Para conhecimentos mais aprofundados dos elementos e termos tipográficos, ver BRINGHURST, Robert. Elementos do estilo tipográfico (versão 3.0). São Paulo: Cosac Naify, 2005. Ver também glossário ao final desta publicação.
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Após essas instruções e exercícios para apropriação do conteúdo, parte-se para a pesquisa de campo. Inicia-se a exploração do local onde os educandos possuem uma maior apropriação: as comunidades onde moram. Visto que a pesquisa transcorre no âmbito da tipografia popular/ vernacular, esses locais apresentam-se como grande fonte de material a ser observado, registrado, discutido e refletido. Encontram-se desde cartazes, placas e letreiros feitos à mão e com recursos mínimos (um pedaço de papelão e uma caneta esferográfica, por exemplo) até trabalhos mais elaborados (como os desenvolvidos pelos letristas ou entalhadores). Atentos, os jovens exploram as mais diversas formas de comunicação em seus bairros e arredores da escola. Essas observações são anotadas e trazidas para sala de aula, expostas ao grupo e discutidas, apontando-se especificidades, similaridades e diferenças. Após essa etapa de problematização, pesquisa e conceituação, inicia-se o desenho em si, feito à mão, construindo os caracteres ortográficos e para-ortográficos que irão compor cada família tipográfica. Definidas as
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as estruturas básicas, parte-se para a digitalização em um software vetorial. Nesse arquivo digital são feitos inúmeros ajustes na forma, até que esteja estabelecida uma boa legibilidade e harmonia entre os caracteres. Por se tratarem de tipografias decorativas, utilizadas basicamente em títulos, questões como leiturabilidade não possuem grande peso nas decisões projetuais. Uma vez finalizados os ajustes e testes preliminares, parte-se para a inserção desses caracteres em softwares tipográficos a fim de obter-se um arquivo tipográfico (True Type ou Open Type) que possa ser instalado em e utilizado em outros computadores. Para isso, ainda existe um cuidadoso e detalhado caminho de ajuste dos espaçamentos entre os caracteres (como kerning e leading). Esse processo gera inúmeros testes de impressão até que o conjunto esteja fluido e harmonioso. Com a família tipográfica pronta, iniciam-se os desdobramentos e aplicações apresentados nos capítulos seguintes. Fernando PJ
DESIGNER GRÁFICO E ARTE-EDUCADOR Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia de Salvador CIPÓ – Comunicação Interativa
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TURMA NOV.2004
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A
1
ABR.2006
A
primeira turma da Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia de Salvador finalizou sua formação com a mostra No Olho da Rua, que reuniu as produções da turma de design gráfico e das outras três turmas do programa – computação gráfica, fotografia e vídeo. A mostra aconteceu na Galeria Pierre Verger e na Sala de Cinema Walter da Silveira, que integram o complexo cultural da Biblioteca Central da Bahia, em Salvador. Essa foi a turma que iniciou as pesquisas e os exercícios sobre tipografia popular no programa Oi Kabum! Salvador. Para exibição na mostra No Olho da Rua, foram criados cartazes temáticos, de 30 x 40 cm, com base em reflexões
EQUIPE
e discussões sobre a cultura negra e sobre temáticas
EDUCADORES
EDUCANDOS
DESIGN GRÁFICO
Adriano Marinho da Silva Aline Vilas Boas Machado Anessa Andressa S. Santos Brenda de Oliveira Souza Bruno César Cerqueira Carine de Souza Prazeres Daniela Moreira da Silva Edivan Alves das Neves Elaine Regina Jesus da Silva
Nemo Sampaio SER E CONVIVER
Eduardo Pitta OFICINA DA PALAVRA
Jose Querino
JOVEM EDUCADORA
Renata Brito
Eric Reis de Oliveira Everton Ribeiro Conceição Helenice da Silva Santos Jorge Fernando Costa Freitas Marcelo Souza de Oliveira Rogério Santos Souza Roseane de Jesus Silva Rossini Fereira Santos Silvana dos Santos Bulcão Simone Teixeira Gomes Vinícius Barreto Barbosa
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referentes a problemáticas contemporâneas muito presentes no cotidiano dos jovens, como violência sexual, o direito à comunicação, o acesso à cidade, o respeito às diferenças. As pesquisas sobre cultura popular e tipografia vernacular, na Turma 1, foram realizadas em 11 comunidades populares de Salvador, cobrindo quase todas as regiões da cidade: Paripe, Nova Brasília, Alto das Pombas, Mata Escura, Bairro da Paz, Beiru, Engenho Velho da Federação, Fazenda Coutos, Boca do Rio e Nordeste de Amaralina. Essa amplitude de ação trouxe para as produções a possibilidade de serem percebidas as semelhanças e a diversidade em relação às formas de comunicação e aos padrões estéticos encontrados nas comunidades populares da cidade. Uma pesquisa que enriqueceu o processo de autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal, artístico e técnico dos jovens. Também forneceu os subsídios para as bases conceituais dos processos educacionais que iriam ser ampliados e desdobrados posteriormente nas turmas de design gráfico que se seguiram. Mostramos aqui, nesta publicação, alguns exemplos desses exercícios e produções realizados pela Turma 1.
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Cartaz da Mostra Final da Turma 1 de Design GrĂĄfico, utilizando em seu tĂtulo principal uma tipografia desenvolvida por um dos jovens educandos.
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Caixa Edivan Neves
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Tipografia baseada nas letras escritas pelos comerciantes populares nas caixas de frutas da feirinha da comunidade do Nordeste de Amaralina.
,
Cartaz desenvolvido pelos jovens utilizando tipografias construĂdas durante as aulas de Design GrĂĄfico.
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Cartaz desenvolvido pelos jovens utilizando tipografias construĂdas durante as aulas de Design GrĂĄfico.
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Simone Gomes
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Mais alguns dos cartazes produzidos pelos educandos da Turma 1.
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Daniela Moreira
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Bruno CĂŠsar Cerqueira
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Cartaz desenvolvido pelos jovens utilizando tipografias construĂdas durante as aulas de Design GrĂĄfico.
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Everton Ribeiro
VinĂcius Barreto
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Elaine Regina da Silva
Silvana Bulc達o
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2
TURMA AGO.2006
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A
MAR.2008
C
om base nas pesquisas sobre a cultura das comunidades populares, a Turma 2 de Design Gráfico elaborou o Livro de Referências Culturais das Comunidades do Nordeste de Amaralina e do Subúrbio Ferroviário - De Um Tudo e + um pouco e montou a exposição De Todo Tipo, que apresentou cartazes com as tipografias criadas pelos jovens. Os dois produtos integraram a mostra De Um Tudo e + um pouco, finalizando a formação dessa turma.
EQUIPE
A mostra, que reuniu as produções da turma de design gráfico e das outras turmas do programa – computação gráfica, fotografia e vídeo -, aconteceu na Galeria Pierre Verger e na Sala de Cinema Walter da Silveira, que integram o complexo cultural da Biblioteca Central da Bahia, em Salvador.
EDUCADORES
EDUCANDOS
DESIGN GRÁFICO
Aline Dias da Silva Aline Gonçalves Camila Santos Cinara Silva Diego Sena Edemilton Jesus Indiana Mota Jarbson Brasil Joseane Oliveira
Fernando PJ SER E CONVIVER
Ivete Dantas OFICINA DA PALAVRA
Sarah Carneiro JOVENS EDUCADORES
Adriano Marinho Vinícius Barreto
Leidiane Oliveira Lorena Macedo Luis Henrique Marcelle Arjones Mariângela da Silva Paulo Tiago Pereira Rogério Gomes Taiana Moreira Uane Bispo Vinícius Conceição
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Para gerar as produções gráficas, as pesquisas de conteúdo foram empreendidas em articulação com investigações sobre temáticas específicas, de cunho antropológico e sociocultural, como a culinária local, as formas de trabalho, o lazer, os meios de transporte, a religiosidade, entre outras, que fundamentaram os textos para o livro e a exposição como um todo. A partir dessas investigações, foi desenvolvido um estudo das diferentes manifestações tipográficas encontradas nos bairros. Os jovens saíram a campo para identificar tipografias nas peças de comunicação encontradas nas ruas e nos estabelecimentos comerciais e realizar registros através de desenhos de observação e fotografias. Esses registros Detalhe de uma das páginas do livro De um Tudo e + um pouco, que traz em seus títulos, tipografias desenvolvidas pelos jovens.
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e fotografias foram levados à sala de aula e trabalhados por meio de exercícios específicos. Através de pesquisas sobre design de tipos, cultura e as estéticas populares, os referenciais foram expandidos e aprofundados, à procura de uma linguagem própria e que refletisse a identidade dos jovens educandos. Munidos desses referenciais e dos estudos, os jovens fizeram seus primeiros rascunhos, em busca dos caracteres que iriam compor os alfabetos das suas próprias tipografias. Para a utilização no Livro de Referências Culturais das Comunidades do Nordeste de Amaralina e do Subúrbio Ferroviário e para a mostra, os rascunhos foram digitalizados e redesenhados a partir de vetores, utilizando-se o software Adobe Illustrator e, para finalização, esses caracteres foram transpostos para um software específico, o Fontographer, onde puderam receber ajustes finos e serem convertidos para um arquivo digital de fontes (.ttf), possibilitando sua utilização nos mais diversos programas. A mostra final da Turma 2, intitulada De Todo Tipo, apresentou famílias tipográficas através de cartazes e descritivos que ressaltavam os conceitos que inspiraram cada uma das tipografias, articuladas com as temáticas desenvolvidas para os textos e imagens da referida publicação.
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Bloco Aline Dias
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A tipografia Bloco faz referência ao grande número de construções irregulares ou quebradas, com os tijolos aparentes, comuns em todas as comunidades populares de Salvador.
Os traços retos e irregulares dessa tipografia foram baseados nas referências africanas encontradas em diversos cantos das comunidades. Afrotipo demonstra a força e a luta da raça negra.
Afrotipo Uane Bispo
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Brisa Aline Dias
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Criada para o tema “Paisagens�, a tipografia Brisa representa a leveza que sentimos aos respirarmos o aroma suave do mar que paira sobre as comunidades e entra diariamente pelas janelas das casas.
Criada para o tema “Culinária”, Gordinha mostra, através de sua forma volumosa, a elegância e a beleza da diversidade nas comunidades. Quem disse que gordinhos também não fazem sucesso?
Gordinha Aline Dias
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Locomover Aline Dias
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Tipografia criada com base em modalidades de transportes. Locomover conta com um recurso gráfico peculiar na sua escrita, possibilitando a simulação de rodas nas palavras através da utilização de um caractere especial.
Lá do Morro foi criada para dar ênfase a feições peculiares das comunidades populares de Salvador, como, por exemplo, o morro e sua vista privilegiada das praias. Subidas, descidas, ângulos e sinuosidades.
Lá do Morro Aline Gonçalves
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! E T E SORV
UJÁ C A R A M GA N A I X M A ABAC ANCIA L E M AÇAÍ GO N A R O M BANANA AN T I L O P NA COCO ÇU A U P U UMBU C ATE L O C opo O c . CH S A SS lh a OM PA c C s E a .c CREM la S o O b C 1 O . L F las o b A 2 B . A GOI LA GRAVIO abcdefghijlm nopqrstuvxz 1234567890=+−/?!#() [] Sorvete Camila Santos
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Quem não gosta de sorvete? Qual é a criança que nunca desejou que o mundo fosse feito de chocolate ou morango? Com essa intenção, a tipografia Sorvete foi criada. Já na sua leitura, podemos ter a sensação de degustar um pouco desses deliciosos sabores.
Com suas formas curvas e pontas arredondadas, Piercing é uma tipografia criada para lembrar esse acessório que também faz a cabeça e o estilo das pessoas mais modernas das comunidades.
Piercing Cinara Silva
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Quebra-Galho Jarbson Brasil
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Inspirada nos profissionais que ganham a vida com trabalhos informais, ou melhor, “bicos”, Quebra-Galho é uma tipografia que remete diretamente à pluralidade de saberes desses trabalhadores, que não negam serviço e, definitivamente, fazem “de um tudo” para sobreviver!
Criada para o tema “Mitos e Lendas”, Zen é uma tipografia de formas irregulares, espiraladas e sinuosas, características percebidas através da coleta de relatos sobre o imaginário dos moradores das comunidades, acerca de mitos e lendas, atuais ou herdados de tradições ancestrais.
Zen Jarbson Brasil
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Fique Leve Leidiane Oliveira
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Fim de semana! Nada melhor do que ir a praรงas, sentar na grama e bater um bom papo com os amigos. Fique Leve foi desenhada para transmitir tranquilidade e bem-estar.
Desenhada para o tema “Arquitetura”, a tipografia Pedra, como o nome diz, lembra esse material tão usado nas construções das comunidades. Nada certinho, nada perfeito, mas muito bem-feito!
Pedra Lorena Macedo
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Reta Marcelle Arjones
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Reta foi criada a partir das setas e símbolos que compõem a sinalização dos bairros pesquisados.
ateismo candoblé oxalá zeus budismo alá ESPIRITISMO luterana ortodoxia xiita fariseus maomé tupã oxalá yeshua zeus urano buda judá otorá sadoc kabalha ali deusa vudu ateismo candoblé sadoc budismo luterana ortodoxia xiita fariseus maomé tupã oxaláyeshua urano buda alá judá otorá sadoc kabalha ali deusa vudu ateismo candoblé budismo luterana ortodoxia xiita fariseus maomé tupã oxalá yeshua zeus urano buda alá judá otorá sadoc kabalha ali deusa vudu ateismo candoblé budismo ESPIRITISMO luterana ortodoxia xiita fariseus maomé tupã oxalá yeshua zeus urano buda alá judá otorá sadoc kabalha ali deusa vudu ateismo candoblé budismo luterana ortodoxia xiita fariseus maomé tupã oxalá yeshua zeus urano buda alá judá otorá sadoc kabalha ali deusa vudu ateismo candoblé budismo luterana ortodoxia xiita fariseus ali
TENHA FÉ! contornos e cÍrculos religiosos do mundo.
em que ou em quem está sua fé?
ABCDEFGHIJkLM NOPQRSTUVWXYz 0123456789!?,. fariseus maomé tupã oxalá yeshua zeus urano buda alá judá otorá sadoc kabalha ali deusa Os contornos e círculos formados pelas diversas manifestações religiosas do mundo, serviram de inspiração para o desenho da Manuspont. Independentemente de como é sentida, a fé tem a capacidade de “mover montanhas”.
Manuspont Paulo Tiago Pereira
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Gente Taiana Moreira
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Irregular e humana, a tipografia Gente teve como fonte de inspiração as letras manuscritas dos próprios moradores das comunidades, espalhadas nas ruas e em estabelecimentos comerciais.
Desenhada para o tema “Comunicação”, Placa é uma tipografia criada a partir do estudo dos cartazes e placas encontrados nas ruas do Nordeste de Amaralina e Subúrbio Ferroviário.
Placa Taiana Moreira
59
Feira Taiana Moreira
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A tipografia Feira foi criada a partir da observação dos desenhos das letras encontradas nas placas de feira nas comunidades do Nordeste de Amaralina e Subúrbio Ferroviário.
Fotchuca7 ĂŠ um tipo pesado que traz o elemento urbano do grafite para a era digital.
Fotchuca7 Diego Sena
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Dark
ABCDEFGHI
JKLMNOPR
STUVWXYZ a bc de f g h i
jklm n o p q r s t u vw xyz 1 2 34 5 6 7 8 9 0
Dark Indiana Mota
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Com base caligráfica, a tipografia Dark é romântica e misteriosa.
Gofin é assim: gorda em cima e fina embaixo!
Gofin Vinícius Conceição
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ABCDFGHIJ LMNOPQRST UVXZ 0123 456789 Natalina Joseane Oliveira
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Essa tipografia foi inspirada nos enfeites natalinos que têm como referência o Natal do hemisfério Norte.
Lolita foi criada pensando no universo cor-de-rosa das adolescentes.
Lolita Lorena Macedo
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Fresco Edemilton Jesus
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A tipografia Fresco foi inspirada nos escritos das caixas de isopor dos vendedores ambulantes de picolĂŠ e geladinho.
Bol é uma tipografia arredondada, curvilínea, macia e cremosa. Hum... que delícia!
Bol Rogério Gomes
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TURMA JUL.2008
68
A
3
MAR.2010
O
livro e a exposição Design Como Quê! fizeram parte de mais uma produção da Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia de Salvador, desenvolvida pelos jovens da Turma 3 de Design Gráfico, que apresentou o resultado das pesquisas sobre design popular realizadas na cidade de Salvador. A mostra aconteceu, dessa vez, na própria sede do programa educativo, no Centro Histórico da cidade, no Largo do Terreiro de Jesus. O título da mostra de finalização da terceira turma do programa Oi Kabum! Salvador foi Mostra Como Quê!.
EQUIPE
O projeto de design gráfico, que culminaria na exposição, foi construído, coletivamente, por educadores, jovens e coordenação, e tinha por finalidade mapear algumas manifestações e práticas nas atividades produtivas populares. Nesse contexto, foram pesquisados ofícios, ocupações, objetos e personalidades, que tentam resistir EDUCADORES
EDUCANDOS
DESIGN GRÁFICO
Adson Ramos dos Santos Beatriz Santos se Santana Bianca Lessa Sias Bruno Marques Santos (in memoriam) Cris Emanuele Silva da Paixão Dijan Cruz Santos Edivane dos Santos Rocha Eveli Sousa Paixão Laiana Nascimento Santos
Fernando PJ SER E CONVIVER
Ivete Dantas OFICINA DA PALAVRA
Janaína Faria JOVEM EDUCADORA
Aline Gonçalves
Michele Dias de Jesus Priscila Marques Luzo Silva Raniere Thomas Lopes dos Santos Rodrigo Araújo Santos Tailane dos Santos Sousa Tatiane de Lima Santos Tiago Figueiredo Pimentel Tiago Santos Silva
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às pressões e modificações do mundo contemporâneo, por meio de adaptações e renovações, personalizadas pela arte, a criatividade e a inventividade. A pesquisa demonstrou que os sujeitos buscam, com suas práticas e produções, a sobrevivência e a manutenção das tradições e das relações sociais e culturais, configurando o que se conhece como design popular. A pesquisa foi estruturada por meio de várias estratégias: depoimentos dos envolvidos nos processos – os trabalhadores de rua, artesãos, ambulantes -, colaboração de especialistas, registros em fotografia e leitura de bibliografia especializada. Articuladamente, eram realizadas discussões, análises e reflexões sobre o que era coletado, em busca de uma compreensão que permitisse enxergar através de olhares diversificados. A Turma 3 de Design Gráfico assumiu como um dos grandes objetivos do projeto demonstrar a relevância de uma produção que normalmente é ignorada e encarada como marginal: a cultura popular. A tipografia popular foi um dos temas pesquisados. Do material levantado pelos jovens nas ruas da cidade foram criadas e recriadas tipografias, que compuseram as páginas do livro Design Como Quê!, nos títulos e nas complementações gráficas das ilustrações.
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Capa do livro Design Como QuĂŞ!, que reĂşne em seu tĂtulo algumas amostras das diversas tipografias desenvolvidas pelos jovens.
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Apelô Bianca Lessa
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Criada para os baianos que no Pelourinho pechincham por acarajé, água, picolé e até por passagens para subir ou descer no Plano Inclinado e no Elevador Lacerda. Nada melhor do que visitar o “Pelô”, nas comemorações das Terças da Bênção, com o Vale-Apelô.
A tipografia intitulada QuadradĂŁo baseia-se em uma placa de barraca onde um senhor vendia seus alimentos. Ela possui uma forma larga, reta e quadrada, para tornar esse tipo pesado e cheio de estilo.
QuadradĂŁo Rodrigo AraĂşjo
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VelocĂmetro Dijan Santos
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Inspirada na velocidade dos carros. Vrummmmm!
Tipografia desenvolvida pensando naquela fruta deliciosa chamada jaca, que muitos jรก comeram e se lambuzaram. Quer um bago?
Visgo de Jaca Tiago Santos
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Chupa Toda Tiago Santos
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Chupa Toda ĂŠ uma tipografia que lembra uma manga chupada na ponta. Fruta muito comum de se ver nas feiras da cidade.
Tipo criado a partir de um estudo de “tags”, presentes nas pichações ou grafites, que podem ser consideradas atividade de vandalismo e/ou protesto.
Piloto Tiago Santos
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Compensado Raniere Thomas
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Esse tipo foi produzido e desenhado tendo como referência diversas placas entalhadas no Pelourinho (Centro Histórico de Salvador – Bahia).
Em homenagem a pessoas fofoqueiras, às sogras e aos cunhados chatos, nasceu a Língua de Cobra.
Língua de Cobra Tatiane Lima
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Pimentipo Tatiane Lima
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Criada para inspirar alegria e alto astral, essa ĂŠ a Pimentipo, a tipografia maluquinha que chama para brincar.
Nossa caligrafia fala muito sobre n贸s. Tal como o Pimentipo, o Pimentipo Manuscrito revela em tra莽os a nossa personalidade.
Pimentipo Manuscrito Tatiane Lima
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Mocinha Tatiane Lima
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Delicada, graciosa, cheia de pequenos detalhes, essa ĂŠ a Mocinha: tipografia inspirada em garotas sensĂveis.
Eles estão sempre na ativa, agitando e “dando um gás”. Radicais, eles são os Machões. Essa tipografia foi criada com base nos impulsos aventureiros dos garotos.
Machão Tatiane Lima
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Aprendi Tiago Pimentel
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Tipografia baseada na caligrafia de uma crianรงa de quatro anos, que estava aprendendo a escrever e formar palavras.
Tipografia que nasceu de uma pesquisa sobre vestuรกrio e moda, costurando as ideias do design popular em Salvador.
Costurada Tiago Pimentel
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Bolota Priscila Marques
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Tipo construĂdo com base em formas circulares, deixando seu desenho robusto e fofinho.
Tipografia produzida a partir de um experimento manuscrito, delicado e sinuoso.
Teco Laiana Nascimento
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Maria Mole Eveli Souza
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Tipo pensado após várias andanças no Centro Histórico e Subúrbio Ferroviário de Salvador. Tem como base uma escrita com curvas e foi feita bem desenhada, parecendo bem mole, lembrando aquele doce Maria Mole.
Gambatte ĂŠ um tipo baseado em ideogramas japoneses, que liga as pessoas do JapĂŁo ao mundo inteiro, com palavras positivas.
Gambatte Tatiane Lima
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Gastada Tatiane Lima
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Esse tipo, feito a pincel, lembra uma tinta usada e gasta. Tinta velha ĂŠ que faz tipografia boa!
Esse tipo, que teve como inspiração a técnica de xilogravura, remete a uma tipografia artesanal e apresenta uma textura de madeira.
Madeirite Raniere Thomas
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Rabo Beatriz de Santana
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A ponta do rabo do rato.
Fotografias da pesquisa em design popular vetorizadas e transformadas em dingbats!
Toque Popular Tatiane Lima e Tiago Pimentel
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4
TURMA JUL.2010
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A
DEZ.2011
A
EQUIPE
Turma 4 de Design Gráfico apresentou, em dezembro de 2011, na mostra TEMPOESIA, de finalização da formação, um conjunto de ilustrações desenvolvido com base em estudos das possibilidades da poesia concreta e da pop art para elaboração dos produtos gráficos. O produto principal da turma de design gráfico foi uma série de cartões-postais e um livro/ objeto de mesmo nome da mostra geral da Turma 4: TEMPOESIA. Esse kit traz, além dos postais, um livreto informativo contendo uma breve descrição do processo e o nome das obras e de seus respectivos autores. Nos postais avulsos, algumas imagens dialogam, em diferentes dimensões, com textos poéticos criados pelos jovens.
EDUCADORES
EDUCANDOS
DESIGN GRÁFICO
Alane Santana dos Santos Caroline Rodrigues de Jesus Daniel de Souza dos Santos Emanuele Cristefane M. Santos Isabela Cristina dos Santos Daltro Izadora Gonçalves dos Santos José Roberto Brito Lívia Souza Borges Lucas da Silva Santos
Fernando PJ SER E CONVIVER
Ivete Dantas OFICINA DA PALAVRA
Lucia Manisco JOVEM EDUCADOR
Tiago Pimentel
Marta Santana Santos Pedro Gabriel O. dos Santos Rafael Alves de Santana Rafael Santana da Silva Rafaela Cerqueira Taís Santos Assis Teógenes Campina G. Teles Yuri O. Rodrigues
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O estudo tipográfico também foi ponto importante no desenvolvimento do livro/objeto TEMPOESIA. Nesse projeto, as elaborações tipográficas foram fundamentadas em pesquisas em que as experimentações com a palavra eram elementos geradores das obras, como na poesia concreta de Augusto de Campos, Waly Salomão e Arnaldo Antunes, e em trabalhos de artistas visuais como Arthur Bispo do Rosário e Leonilson. Foram desenvolvidos estudos com os jovens que buscaram não só observar o texto, mas também perceber como a forma e a tipografia do texto influenciavam e contribuíam para a construção e o entendimento da mensagem. A investigação das referências possibilitou uma leitura e uma análise crítica, com a finalidade de identificar padrões gráficos e pontos de interesse nas obras pesquisadas, que se relacionassem com os conteúdos conceituais das criações visuais e textuais dos jovens, procurando refletir sobre a origem, intencionalidade e objetivos das mensagens apresentadas por eles, fortemente marcadas por conteúdos impregnados de questões sociais.
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TEMPOESIA é o título da mostra final da Turma 4 e também de um conjunto de ilustrações que compuseram postais avulsos e tiveram a poesia concreta e a pop art como fontes de referência e de inspiração. Esses produtos foram apresentados em um LIVRO/OBJETO, nos quais as imagens aparecem como poesias visuais ou, em alguns trabalhos, dialogam com textos poéticos originais. Esses textos foram compostos por tipografias criadas pelos jovens.
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Capa da caixa do LIVRO/OBJETO TEMPOESIA, que apresenta poema criado pelos jovens da Turma 4.
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Parte interna da caixa, preenchida pelo poema de Pedro Oliveira.
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Confusรฃo Daniel Souza
Colorido Monocromรกtico Tiago Pimentel
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Pense e Sinta Rafael Alves
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Passatempo Te贸genes Teles
Vida Jos茅 Roberto Brito
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Mundo Particular Rafaela Cerqueira
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Má Dama José Roberto Brito
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Lava Leve JosĂŠ Roberto Brito
Amor e Sexo Isabela Daltro
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Ăšnica Marta Santos
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Visto de Cima Caroline Rodrigues
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MenTira Alane Santana
Aceite-me Izadora Gonรงalves
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Fluido JosĂŠ Roberto Brito
Olho de Lua Emanuele Melo
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Felino
TaĂs Assis
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“E” de Felicidade
Tiago Pimentel
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Série “Sinta-se” Pedro Oliveira
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5
TURMA JUL.2012
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A
DEZ.2013
O
s produtos da Turma 5 de Design Gráfico buscaram fazer a síntese dos resultados das atividades regulares combinadas com uma série de oficinas complementares de ilustração, poesia visual e montagem fotográfica, ministrada durante os últimos módulos formativos7, por artistas, designers e ilustradores externos à equipe fixa da Oi Kabum!. O conjunto dessas atividades formativas fundamentou produções como tipografias, poesias/ilustrações e gravuras, que foram provocadas e contextualizadas pela temática da Cidade. Durante a mostra final da turma, os produtos foram apresentados através de uma exposição, por meio de pôsteres e de peças gráficas, como também foram compilados em uma publicação conceitual, em formato de catálogo, intitulada Análogo, que detalhava os processos e as obras.
EQUIPE
7 A Formação, atualmente, é dividida em Oficinas Click, oficinas formativas e seletivas iniciais e em três módulos de curso para a turma regular de 80 jovens. EDUCADORES
EDUCANDOS
DESIGN GRÁFICO
Aline Sampaio Ana Carolina Negreiros Ana Luiza Albuquerque Caroline Pereira Eduardo Nascimento Edevailton França
Fernando PJ SER E CONVIVER
Daiane Silva OFICINA DA PALAVRA
Lucia Manisco
Iuri Alcântara Lucas Rodrigues Priscila Cerqueira Sabrine Kelly Mendes Yasmin Conceição
JOVEM EDUCADORA
Caroline Rodrigues
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O catálogo intitulado Análogo reuniu as produções da Turma 5 de Design Gráfico: as tipografias, poesias/ ilustrações, cartazes e gravuras. Apresentou, também, alguns processos educativos importantes para a formação, como as oficinas nas escolas e as oficinas com artistas e ilustradores. Durante a Mostra Final, intitulada InterUrbanos, em dezembro de 2013, esses produtos foram apresentados em uma exposição com pôsteres e peças gráficas.
116
Colar do Gandhy Sabrine Kelly Mendes
O tipo foi baseado no colar do bloco de carnaval Filhos de Gandhy, feito de contas redondas nas cores azul e branco.
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Essa tipografia foi inspirada nos manifestos escritos na paredes de edifĂcios pĂşblicos da cidade.
Manifestou Eduardo Nascimento
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Canalizado Edevailton Franรงa
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Tipografia criada a partir do tema Cidade com letras em forma de canos.
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Tipografia inspirada nas direçþes e nos diferentes caminhos que escolhemos.
Setilhado Lucas Rodrigues
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Berimbau Aline Sampaio
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Inspirada em instrumentos de capoeira, tem suas letras em forma de berimbau.
Tipografia baseada em fen么menos naturais como tempestades, raios e trov玫es.
Tempestade Ana Carolina Negreiros
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Arranha-Céu Iuri Alcântara
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Representa e expressa a forma com que esses gigantes (prédios) se encaixam no contexto da cidade.
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Esse tipo foi criado com referência no gueto, onde não tem dia nem hora, estão fazendo um delicioso churrasquinho.
Espeto Priscila Cerqueira
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Artístico Caroline Pereira
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Com leveza e suavidade, essa tipografia foi criada com base nos cenários artísticos da cidade.
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Feito com a finalidade de contar hist贸rias que ocorrem durante uma viagem no 么nibus.
Viagem de Busu Ana Luiza Albuquerque
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DETODOTIPO .ORG.BR
134
A
lgumas das tipografias apresentadas nesta publicação estão disponibilizadas no domínio detodotipo.org.br. O uso das tipografias e do conteúdo desta publicação está licenciado pelo Creative Commons, que permite a utilização não comercial, sem derivados e não adaptados, e com atribuição das autorias. Gostaríamos muito de ver os desdobramentos deste projeto. Então, caso queira colaborar com a galeria de utilizações do De Todo Tipo, envie suas imagens através da própria página do projeto.
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Arquivos de fonte – são arquivos formados por coleção de fontes tipográficas, que podem ser utilizadas ou baixadas para serem salvas. Arquivo True Type (.ttf) – são fontes que podem ser escalonadas em diferentes dimensões e impressas em diversas mídias sem perder a qualidade original. Foram desenvolvidas pela marca Apple Computer, na década de 80. A mais conhecida delas é a Times New Roman. A extensão desse tipo de arquivo é (.tff). Ascendentes (linhas dos ascendentes) – são as linhas que limitam as parcelas que ficam acima do miolo (olho) das letras minúsculas, como no b minúsculo, ou em um f minúsculo. Dependendo da fonte, algumas maiúsculas podem apresentar linhas ascendentes. Caracteres – são as letras que formam as palavras e as pontuações de frases. Se os caracteres forem alfanuméricos, incluem também os números de 0 a 9. É um sinônimo para “tipo”, considerando-se os antigos sistemas de impressão tipográfica. Capitulares – são letras que iniciam capítulos ou parágrafos de textos. São geralmente maiores que os demais caracteres e muitas vezes apresentam elementos decorativos.
Caracteres ortográficos e paraortográficos – na criação de um alfabeto tipográfico são desenvolvidos caracteres ortográficos (as letras) e os paraortográficos (os números e os sinais de pontuação e acentuação). Descendentes (linhas dos descendentes) – são as linhas que limitam as parcelas que ficam abaixo do miolo (olho) das letras, como no “p” minúsculo, ou em um “g” minúsculo. Design popular – utiliza-se essa expressão para designar as produções concebidas pelo povo, com forte vínculo com o cotidiano e a cultura de um determinado local. Diagramação – é um das ações principais do design gráfico, em relação a publicações e outras mídias. É o ato de distribuir nas páginas – ou espaços gráficos - os elementos que a compõem. Os aspectos mais determinantes na diagramação são legibilidade e hierarquia. Digitalização – digitalizar é transformar em imagem, por meio de scanners, documentos físicos de diversas naturezas (fotografias, textos, ilustrações). Dingbat – são fontes representadas por figuras e símbolos.
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Entalhadores – no design popular, entalhadores são criadores de letreiros e placas, utilizando a técnica do entalhe em madeira.
Letristas ou letreiros – são os designers populares que criam faixas, placas e cartazes, elaborando tipografias, sobretudo de forma manual.
Família tipográfica – é o conjunto de fontes, criadas a partir dos mesmos conceitos e características básicas. Embora mantenham unidade de estilo, as fontes de uma mesma família tipográfica podem apresentar variedade em algumas de suas formas de apresentação, como, por exemplo, o negrito e o itálico, porém, sem deixar de pertencer à mesma família.
Leading – espaçamento entre as linhas de um bloco de texto.
Fanzines – publicações produzidas com técnicas gráficas artesanais.
Linha de base – é um termo referente à medida tipográfica para desenvolvimento das fontes. A linha de base é onde se apoiam as letras maiúsculas. Linha da altura de x – fica na parte superior, acima da linha de base, e determina a altura da letra. A altura x é a distância entre a base e o topo da letra.
Harmonia visual – significa que, ao pensar no design, procura-se estabelecer um diálogo entre as fontes escolhidas e os demais elementos do layout.
Olho – parte “branca” ou vazia do caractere, como, por exemplo, a parte interna da letra “O”.
Largura - a largura de um caractere em uma fonte corresponde tanto a seu desenho como também aos espaços vazios à sua direita e à sua esquerda, configurando a forma e os espaçamentos.
Programas (ou softwares) gráficos – programas de computador que têm a finalidade de criar e editar imagens, sejam desenhos, fotografias ou pinturas.
Pôster ou cartaz – suporte de papel ou outros materiais, utilizado para veicular informações Kerning – é a estratégia de ajustar os espaços e mensagens, geralmente em locais públicos. entre pares de caracteres para melhorar a Podem ser também peças de teor artístico e não leitura e a legibilidade. apenas informativo ou comercial.
Legibilidade – qualidade que confere uma boa leitura ao tipo, de acordo com os objetivos do projeto e com a mídia onde é utilizado.
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Programas (ou softwares) de produtividade – são programas básicos de edição de textos, normalmente utilizados em escritórios, escolas, repartições públicas e em residências. São conhecidos, genericamente, como “pacotes Office”.
Programas (ou softwares) vetoriais – são programas gráficos que representam as imagens por meio de linhas e imagens simplificadas. Permitem o aumento da imagem com menos perda de definição.
Tipografia popular ou vernacular – pertencem ao mesmo contexto do design popular. São tipografias desenvolvidas pelo povo, vinculadas às necessidades do cotidiano e à cultura local.
Programas (ou softwares) tipográficos – são programas próprios para criação e edição de fontes. Exemplos: Fontographer, Fontlab.
Tracking - espaçamento entre letras.
Semiótica – teoria geral dos signos, que estuda e analisa os fenômenos e sistemas culturais como produtores de significados a partir de sistemas de signos. Possui duas correntes, surgidas no início do século XX: a americana, criada por Charles Sanders Pierce, e a europeia, atribuída a Ferdinad de Saussure, esta última conhecida como “Semiologia”. Serifas – em tipografia, as serifas são prolongamentos e pequenos traços que compõem as finalizações das letras ou tipos. Tipografia – significa o processo de criação de um conjunto de sinais relacionados a símbolos ortográficos – as letras – e a símbolos paraortográficos – sinais de pontuação, números -, para desenvolvimento de tipos e sua utilização como fontes. Pode referir-se também a um estilo de letra específico.
Unidade – são as medidas definidas para a criação de uma tipografia. Usabilidade – é a qualidade referente à facilidade de utilização da tipografia, em coerência com os objetivos do projeto e a mídia onde é utilizada. Variação de estilos, larguras e pesos – referências para desenvolvimentos de tipos. Vinhetas – são peças comunicacionais curtas que ilustram ou apresentam algum tema e aparecem como intervenções, principalmente em produções audiovisuais.
Tipografias decorativas – são aquelas que apresentam algum elemento de fantasia ou que fazem referência a alguma estética ou estilo específico. Exemplos: tipografias com a estética da xilogravura ou com a estética de uma determinada época.
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DESIGN BARDI, Lina Bo. Tempos de grossura: o design no impasse. São Paulo: Instituto Lina Bo Bardi, 1994. BRINGHURST, Robert. Elementos do estilo tipográfico. São Paulo: Cosac Naify, 2005. BUGGY, Leonardo. O MECOTipo: método de ensino de desenho coletivo de caracteres tipográficos. Pernambuco: Tipos do aCASO, 2007, 180p . DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997. FARIAS, Priscila. Notas para uma normatização da nomenclatura tipográfica. In: Anais do P&D Design 2004 - 6º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design (versão em CD-Rom sem numeração de página). FAAP: São Paulo, 2004. —— . Tipografia digital: o impacto das novas tecnologias. Rio de janeiro: 2AB, 1998. FINIZOLA, Fátima. Tipografia vernacular urbana: uma análise dos letreiramentos populares. In: FARIAS, Priscila (coord.). São Paulo: Blucher, 2010. (Coleção pensando o design). FRUTIGER, Adrian. Sinais & Símbolos: desenho, projeto e significado. São Paulo: Martins Fontes, 2001. GOMES FILHO, João. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escrituras, 2002. LUPTON, Ellen. Pensar com tipos: guia para designers, escritores, editores e estudantes. Tradução André Stollarski. São Paulo: Cosac Naify, 2006. LUPTON, Ellen; PHILLIPS, Jenifer Cole. Novos fundamentos do design. Tradução Cristian Borges. São Paulo: Cosac Naify, 2008. MARTINS, Bruno Guimarães. Tipografia popular: potências do ilegível na experiência do cotidiano. São Paulo: Annablume, 2007. MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo: Martins Fontes, 2002. —— . Design e comunicação visual. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
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OI KABUM! ESCOLA DE ARTE E TECNOLOGIA DE SALVADOR/OI FUTURO/ CIPÓ COMUNICAÇÃO INTERATIVA. Análogo: design gráfico Oi Kabum! Salvador. Salvador, 2013. 48 p. —— . Caymmi na lata: fotos na lata, releituras, poesias, intervenções. Salvador, 2009. 56 p. —— . Design como quê!. Salvador, 2010. 80 p. —— . De um tudo e + um pouco: livro de referências culturais do Nordeste de Amaralina e Subúrbio Ferroviário. Salvador, 2008. 64 p. —— . Livro/objeto TEMPOESIA. Salvador, 2011. —— . Pense diferente: cidadania, comunicação, cultura. Salvador, 2011. 80 p. PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. Rio de Janeiro: Leo Christiano Editorial, 1989. PELLEGRINI FILHO, Américo. Comunicação popular escrita. São Paulo: EDUSP, 2009.
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Oi Kabum!
Escola de Arte e Tecnologia de Salvador
Oi Futuro DIRETORIA EXECUTIVA
COORDENAÇÃO GERAL
Isabel Gouvêa
Otávio Marques de Azevedo Pedro Jereissati
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
PRESIDENTE
Sandra Loureiro
José Augusto da Gama Figueira
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE PRODUÇÃO
VICE-PRESIDENTE
Jean Cardoso
Roberto Terziani
ÁREA DE OPORTUNIDADES
PLANEJAMENTO ADMINISTRATIVO FINANCEIRO
André Luiz Ferreira
Sara Crosman
EDUCADORES
CULTURA
COMPUTAÇÃO GRÁFICA
Fábio Farani DESIGN GRÁFICO
Fernando PJ
Roberto Guimarães EDUCAÇÃO
Fábio Campos
FOTOGRAFIA
SUSTENTABILIDADE
Elza Montal
Flavia Vianna
VÍDEO
EQUIPE EDUCAÇÃO
Íris de Oliveira
Lucia Manisco
Deborah Piller Fernanda Pedrosa Fernanda Sarmento Julio Horta Maria Fernanda Todeschini Mariana Christovam
DESENHO SONORO E INTERATIVIDADE
ESTAGIÁRIAS EDUCAÇÃO
SER E CONVIVER
André Luiz Ferreira Daiane Silva OFICINA DA PALAVRA
Toni Oliveira COMUNIKABUM
Luiza Benevides Katiane Vaz
PROFISSIONAIS DE EDIÇÃO E EQUIPAMENTO
Cipó
Vaguiner Bráz Débora Freire Sara Oliveira
Comunicação Interativa
COORDENAÇÃO EXECUTIVA
BANCO DE IMAGENS
Zoi Santos
Luciano Simões Melina Silveira
SECRETARIA
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
Daniela Filgueiras
Lola Bê
APOIO ADMINISTRATIVO
ADMINISTRATIVO / FINANCEIRO
Cira Santos Manoel Lázaro Sidney Moniz Valdeci Bispo
Antônio Lima Janusa Santos Mário Argollo Simone Bonfim
© 2015 Oi Kabum! Salvador Terreiro de Jesus, 17 - Pelourinho Salvador/BA CEP 40.026-010
www.oifuturo.org.br www.cipo.org.br
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De Todo Tipo: experiências tipográficas LOUREIRO, Sandra. PJ, Fernando (organizadores). Projeto gráfico: PJ, Fernando. Salvador: Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia/Oi Futuro/CIPÓ Comunicação Interativa, 2015. 1.Arte 2.Design Design gráfico 3. 3.Tipografi Tipografia 4.Educação Educação 5. Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia de Salvador I. Título 144 páginas
Este trabalho possui uma Licença Creative Commons Atribuição de Autoria Uso Não Comercial Sem Derivados/Não Adaptada DISTRIBUIÇÃO GRATUITA VENDA PROIBIDA Informações adicionais em www.detodotipo.org.br
Impresso pela na gráfica Publigraf. Capa em papel Panamá no15 e miolo em papel Alta Alvura 120g/m2. Títulos compostos com tipografias criadas pelos jovens das turmas de Design Gráfico da Oi Kabum! Salvador. Texto composto usando as famílias Myriad Pro e Latin Modern Mono. 1000 exemplares Salvador, Bahia, Brasil Julho de 2015
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O livro De Todo Tipo: experiências tipográficas reúne a produção e as investigações tipográficas dos jovens das cinco primeiras turmas de Design Gráfico da Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia de Salvador. A publicação apresenta os caminhos metodológicos, conceituais, educativos, criativos e produtivos percorridos conjuntamente por educadores e jovens.
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