Indigna! pra CAELL e RDs 2016
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*Atenção! Esse programa está em construção! Nossa chapa quer, ao longo da campanha e depois dela, conversar com o maior número possível de estudantes e descobrir o que cada umx propõe para a Letras. O que você acha que a Letras precisa? Procura a gente pra dizer!*
! Nós somos estudantes do curso de Letras, calourxs e veteranxs, independentes e organizadxs, do interior e da capital, mulheres, negrxs, LGBTs. Alguns de nós trabalham, alguns fazem duas faculdades. Mas entre todxs nós, paira um sentimento comum: a Letras não foi feita para a gente. Nessa loucura de fim de semestre, nos deparamos com professores que não nos contemplam, o ranqueamento que nos aterroriza, quase nenhuma bolsa de iniciação científica ou permanência, um currículo que não nos representa… as dificuldades são muitas, e a sensação é de que somos indignos do curso.
Mas não aceitamos que tudo isso seja tomado como natural. Desde Junho de 2013 até agora, com uma Primavera Feminista em curso e uma luta ferrenha dxs estudantes secundaristas contra a reorganização das escolas, fomos nós, a juventude, quem polarizou o cenário político, justamente por não aceitarmos calados tudo que quiseram nos impor. Queremos trazer esse espírito para nosso curso, e chamamos a todos que se indignem, e venham com a gente! Se a Letras não foi feita pra gente, a solução é ocupá-la com nossas ideias, nossas vozes e nossas propostas! E isso começa por ocupar o CAELL, nosso instrumento de luta e organização. Nesse ano de 2015, com a USP e o Brasil em polvorosa, muitos de nós sentimos falta de um CAELL que 1
se preocupasse com o enraizamento do debate entre os estudantes, que fosse propositivo e colocasse a mobilização à frente, ao mesmo tempo sendo próximo das demandas da nossa realidade. Queremos que nosso CA se transforme em uma ferramenta pra todxs xs estudantes que, mesmo se nos disserem que somos indignxs, quiserem se indignar e transformar o nosso curso, o resto da USP e o Brasil!
! A Letras não foi feita para a gente? !
Antes de entrarmos na USP, muito nos disseram sobre a maravilha que era estudar aqui dentro. Muitos de nós lutamos e suamos muito pra conseguir entrar, e ainda lutamos pra permanecer, pra pagar nossos xerox e livros, pra acompanhar as aulas com qualidade.
Porém, o que não nos disseram foi o que existia de podre dentro da USP. O que já era uma universidade elitizada, agora está ficando cada vez pior desde que o reitor Zago começou seu plano de ajuste na universidade (ecoando o que aconteceu com as universidades federais depois dos cortes do governo Dilma na área da educação). Desde então, bolsas de IC e permanência foram cortadas, vagas no CRUSP foram retiradas, o bandejão vai cada dia que passa piorando mais as condições de trabalho, além de várias outras medidas que tornam nossa vida e nossa formação ainda mais difícil. A própria Letras, que sempre foi um curso sucateado mesmo sendo o maior da USP, agora passa por d i fi c u l d a d e s m u i t o g r a n d e s c o m o congelamento da contratação dxs professorxs, ameaçando inclusive não ter nenhuma vaga para habilitações recentes no curso, como o Coreano, já no ano que vem. 1 O descaso da reitoria com a Letras reflete bem a prioridade dada pelo nosso governo à educação: quando nos formarmos muitxs de nós seremos professorxs, e inclusive vamos dar aula
Veja o vídeo do Letras Indignada sobre “O que te indigna na Letras?” pra ouvir dos próprios estudantes como os problemas do curso os afetam: https://goo.gl/4WzP2c. Ou use o QRCode na extremidade dessa página.
nas escolas que nesse momento estão sendo fechadas pelo mesmo governador que corta recursos da USP.
A verdade é que tudo isso não acontece por acaso. O que percebemos quando entramos na USP é que ela é feita pra um perfil de estudante: um que não trabalha, que não tem filhos, que não faz outra faculdade, que tem onde morar e comer perto da universidade, que tem tempo pra ler todos os textos e fazer todos os trabalhos de todas as matérias. Todo esse processo de ajuste só reafirma esse perfil. E quando não nos encaixamos nele, nos desanimamos do curso, evadimos da nossa habilitação, às vezes até da universidade. Isso não pode ser assim: a luta do CAELL e do movimento estudantil tem que ser pra romper esse caráter da Letras e da USP, e abrir espaço pra que todxs, de dentro e de fora, possam estudar com boas condições, sem que a própria universidade jogue contra elas!
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Se não é para a gente, podemos fazer que seja!
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O movimento estudantil uspiano tem uma grande tradição de mobilização e de conquistas, e é nossa ferramenta fundamental pra conseguir virar do avesso a lógica da universidade. Hoje, se temos CRUSP, bandejão em todas as refeições, bolsas de permanência, foi porque muita luta foi feita no passado e isso tudo foi conquistado. Mesmo no nosso curso, coisas tão básicas quanto as salas 270 e 271, nosso espaço estudantil atrás da cantina ou mesmo xs professorxs contratadxs depois de 2002 vieram fruto de muita mobilização e pressão dxs estudantes no diretor e no reitor.
Se hoje enxergamos uma dificuldade cada vez maior de estudar na Letras, agora é o melhor momento possível pra arrancarmos tudo o que precisamos. Quanto mais pessoas se indignarem, decidirem que não vão mais aguentar a lógica excludente desse curso e se unirem para pensar saídas e agir pra emparedar o diretor e o reitor, mais força
teremos pra fazer a Letras para nós, não para quem está em cima!
Esse ano tivemos vários exemplos disso. Xs estudantes secundaristas que, enquanto você lê isso, estão ocupando dezenas de escolas pelo estado contra a política de reorganização do Alckmin simbolizam o que queremos dizer: se não vão nos ouvir, então vamos ocupar até nos respeitarem! O movimento negro da USP, liderado pela Ocupação Preta, também seguiu a mesma lógica, provocando um grande debate sobre a urgência das cotas na USP, chegando ao ponto de implodir dois Conselhos Universitários seguidos pra mostrar ao Zago que elxs seriam ouvidxs. Também as mulheres que tomaram as ruas - na USP contra a violência e a polícia, e no Brasil contra Eduardo Cunha e pela legalização do aborto - e muito mais nos mostram que, quando têm a oportunidade, todxs querem se indignar e se manifestar pelos seus direitos. E enquanto tudo isso acontecia, nosso Centro Acadêmico não se mostrou preocupado em criar espaços de debate que atraíssem xs estudantes, para que eles se sentissem empoderadxs pra projetar suas indignações e propor luta. Muitas vezes inclusive nos subestimou, dizendo que as pessoas não se interessavam pelo movimento porque “eram despolitizadas”. Queremos que o CAELL seja esse trampolim pra qualquer indignada ou indignado colocar suas insatisfações, e um espaço de deliberação e ação conjunta pra conseguir conquistas!
! #OcupaLetras, #OcupaCAELL !
Pra ocuparmos a Letras com nossas ideias e com nossas ações, primeiro precisamos que xs estudantes ocupem o CAELL. Nesses últimos tempos, vimos uma dificuldade grande de conseguir mobilizar o curso, fazer atividades e assembleias cheias e debater amplamente os problemas nacionais, da USP e da Letras. Muito disso tem a ver com a gestão Ruído Rosa do CAELL, que teria a oportunidade de promover vários eventos, iniciativas, debates e
ações entre os estudantes, mas preferiu ser um almoxarifado de krafts e tintas durante o ano. Um CAELL que queira abrir espaço prxs estudantes precisa passar em sala, precisa criar espaços de discussão que não sejam protocolares, precisa criar novas maneiras de começar debates, e não ficar sentado o ano todo esperando que xs estudantes vão até eles. A gestão tem responsabilidade e, quando é imóvel, desestimula xs estudantes a se mobilizarem dentro curso.
Contudo, nós também enxergamos no movimento estudantil como um todo, e especialmente por parte de alguns setores, práticas desgastadas e pouco atraentes no dia-a-dia. Setores que dizem que querem a participação de todxs, mas na prática trazem discursos prontos e fórmulas que ignoram a realidade do curso, e abrem pouco espaço pra que xs estudantes possam de fato falar o que pensam e ser ouvidxs. Muitas vezes preferem provar que são “lutadores” ou que estão “ligados às lutas dos trabalhadores” do que incentivar para que todxs sejam lutadorxs, ou colocar de maneira concreta como as pautas dxs trabalhadorxs e docentes são inseparáveis das dxs estudantes. Essa cultura também tem que ser revista no movimento estudantil, e não adianta deixarmos de ter um CA imóvel pra termos um que é “lutador”, mas que só faz política para poucos, e pior, para os mesmos de sempre.
Queremos um CAELL que lute, sim, mas que saiba que não se basta entre a gestão ou as pessoas mais acostumadas com o movimento estudantil. Um CAELL que não faça política pra quem ele mesmo considera “lutador”, mas que mostre que todxs podemos ser lutadorxs. Luta que traz mudanças concretas é a que envolve o maior número de pessoas possível, tanto porque tem mais força pra pressionar os de cima, quanto porque tem mais pessoas participando, tendo voz e colocando suas opiniões, e desse jeito garantindo que o movimento não vai se descolar das demandas concretas dxs estudantes. Que xs calourxs do ano que vem, que vão ter passado pelo levante
secundarista, pela primavera das mulheres e com certeza estarão empoderadxs e indignadxs, saibam que eles têm um CAELL que vai apoiá-lxs e estimulá-lxs a se indignar cada vez mais, contra uma Letras que não foi feita para a gente, mas que pode ser se todxs nós a ocuparmos!
! Pra ocuparmos a Letras, propomos: !
- Criação de um Centro de Direitos Humanos da FFLCH para tratar de casos de assédio e violência racista, machista e LGBTfóbica
- Formulação de um referendo sobre violência e assédio no curso de Letras
- Rede de xerox: criação de espaço físico e virtual de troca de textos e livros
- Plenárias regulares dos três setores do curso (estudantes, funcionárixs e professorxs)
- Criação de Coletivo Negro na Letras, e impulsionar os coletivos Marias Baderna e de Diversidade Sexual e de Gênero
! Pra ocuparmos o CAELL, propomos: !
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- Fóruns de intervalo regulares: plenárias de uma hora nos dias de assembleia que ocorram nos intervalos das aulas, cujos acúmulos e propostas serão levados para as assembleias de curso
- GTs temáticos, abertos e autônomos com reuniões regulares e que encaminhem propostas para a gestão: espaço, cultura, permanência, currículo, finanças, etc.
- Congresso da Letras em 2016
- Reuniões abertas quinzenais do CA com pauta decidida online, em assembleia e fóruns de intervalo