Hotel Social - Uma viagem no tempo

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H S otel

ocial

Vila Nova de Milfontes

uma viagem no tempo...


Capitulos Contents

Prefácio...............................................................................................................3 Preface................................................................................................................3 Introdução..........................................................................................................7 Introduction.......................................................................................................7 Maria Júlia Brito Pais......................................................................................11 Maria Júlia Brito Pais......................................................................................11 Uma propriedade com história.....................................................................17 An estate with history.....................................................................................17 Milfontes..........................................................................................................23 Milfontes..........................................................................................................23 De Hotel Social a HS Milfontes Beach.........................................................27 From Hotel Social to HS Milfontes Beach...................................................27 Projeto HS².......................................................................................................31 HS² project.......................................................................................................31 Grupo Hoteleiro Duna Parque .....................................................................35 Duna Parque Hotel Group.............................................................................35 Referências bibliográficas...............................................................................41 Bibliographic references.................................................................................41


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Prefรกcio Preface


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When our company took over Hotel Social in 2012 I was very excited but also a little nervous about the responsibility this term carried and the expectations it would raise. Since then I’ve wanted to give an insight into our hotel and its background, especially so as my colleagues and I frequently get asked about the origins of ‘Hotel Social’. I hope we’ll be able to answer some of those questions in the following pages. This book started by being a small essay by Dr. António Quaresma about the early origins of Hotel Social and about the motivation and the accomplishments of Maria Júlia Brito Pais (owner of the land where HS stands today) and of her brother, the aviator António Jacinto Brito Pais. I soon realized that it would not be complete without explaining not only the last few years of the hotel´s history and but also the history of the Duna Parque Hotel Group - who are we, what drives us and how we ended up in the beautiful little village of Vila Nova de Milfontes. I would like to thank António Quaresma whose historical text is the very essence of this book; Anjo Mutsaars for the illustrations; Edviges Aroeira for the writing and translations; Marta Calado for putting it together and Mónica de Brito and Luis Rocha for the review. I would also like to thank Santa Casa da Misericórdia de Odemira and its administration, in particular Salustiano for all their support. Finally, I would especially like to thank all the staff of Duna Parque Hotel Group whose hard work and long-standing commitment has been fundamental to the success of our hotel.

Quando a nossa empresa assumiu a gerência do Hotel Social senti-me entusiasmado mas ao mesmo tempo expectante com o impacto que iria criar junto dos hspedes. Desde então, foi o meu desejo dar a conhecer, de uma forma mais profunda a história do nosso hotel, especialmente porque quase todos os dias os meus colegas e eu recebemos perguntas sobre as origens do ‘Hotel Social’. Espero que possamos responder a muitas dessas perguntas nas próximas páginas. Este livro começou por ser apenas um texto feito pelo Doutor António Quaresma onde se explica os primórdios do Hotel Social e também as motivações e os feitos de Maria Júlia Brito Pais (dona do terreno onde o HS se encontra) e do seu irmão, o aviador António Jacinto Brito Pais. Apercebemo-nos durante a elaboração deste livro, que a história do Hotel Social ficaria incompleta sem a inclusão da atualidade. E assim sentindo uma imensa honra por nos ter sido dada a oportunidade de fazermos parte do percurso desta obra, incluímos também um breve historial do Grupo Hoteleiro Duna Parque - quem somos, o que nos motiva e como viemos parar a esta pequena e bonita terra que é Vila Nova de Milfontes. Gostaria desde já, de agradecer ao Doutor António Quaresma cujo texto histórico é a própria essência deste livro; à Anjo Mutsaars pelas ilustrações; à Edviges Aroeira pela redação e tradução dos textos, à Marta Calado pela edição, e à Doutora Mónica de Brito e ao Luis Rocha pela revisão. Gostaria ainda de agradecer à Santa Casa de Misericórdia de Odemira, à sua administração e em particular ao Dr. Salustiano pelo seu constante apoio. Finalmente, gostaria de agradecer em especial a todos os funcionários do Grupo Hoteleiro Duna Parque cujo desempenho e dedicação ao longo dos anos tem sido fundamental para o nosso sucesso.

Jan Wiggert Kuijvenhoven

Jan Wiggert Kuijvenhoven

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Introdução Introduction


Vista aĂŠrea do Hs Milfontes Beach

Aerial view of HS Milfontes Beach

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Behind the white-washed facade of HS Milfontes Beach lies a property with a history that is intrinsically linked to one of Vila Nova de Milfontes’ most notable and charitable personalities, to the development of social tourism and somewhat linked to Portugal’s history. The land where HS Milfontes Beach stands today belonged to Maria Júlia Brito Pais, a remarkable woman who dedicated her life to social and religious causes. She set up the Fundação Maria Júlia Brito Pais, a foundation made up of several institutions located across the region and a holiday camp in Milfontes, for the children who lived inland. This land was part of an estate that also comprised several houses and which became part of the foundation. However, with her passing, the project was never concluded. The estate was eventually incorporated into the Odemira’s Holy House of Mercy and in the late 80’s the Hotel Social (HS) was built - an establishment with activities of a social and charitable nature, accommodating primarily but not exclusively guests from modest income backgrounds and guests who required special assistance. Much earlier in 1924, when the aviation pioneer António Jacinto Brito Pais, Maria Júlia’s brother, piloted the Portugal to Macao flight, the land and its houses were already owned by the family. This was the most significant flight made that year worldwide and one of Portugal’s most important aviation feats. This book gives us an insight into the life and works of Maria Júlia, it tells us about the link between the estate where HS Milfontes Beach stands today and Portugal’s aviation history, and finally it leads us into the establishment of reference it is today.

Por detrás da fachada branca do HS Milfontes Beach, existe um estabelecimento cuja história está profundamente ligada a uma das personalidades mais notáveis de Vila Nova de Milfontes, ao desenvolvimento do turismo social e de uma certa forma à história de Portugal. O terreno onde o HS Milfontes Beach se encontra hoje pertenceu a Maria Júlia Brito Pais, uma mulher de carácter extraordinário que dedicou a sua vida a causas socio-religiosas. Maria Júlia criou a Fundação Maria Júlia Brito Pais, uma fundação que incorporava vários institutos em Colos e um campo de férias em Milfontes destinado a crianças que viviam no interior da região. A propriedade onde se encontra o HS Milfontes Beach fazia parte do conjunto dos seus bens que vinculou à fundação. Todavia, com seu falecimento, o projecto imobilizou-se e nunca viria a ser concluído. O terreno e as casas de Vila Nova de Milfontes acabaram por ser incorporadas na Santa Casa da Misericórdia de Odemira e nos finais dos anos 80 o Hotel Social (HS) foi construído - um estabelecimento associado a actividades de carácter social alojando sobretudo, mas não exclusivamente, pessoas oriundas de meios modestos, grupos sociais e hóspedes com requerimentos de assistência especial. Vários anos antes, em 1924, ano em que António Jacinto Brito Pais, irmão de Maria Júlia e pioneiro da aviação que pilotou a o voo Portugal-Macau, as casas e o terreno já pertenciam à família. Este voo foi o voo mais significativo a nível mundial realizado naquele ano e um dos feitos mais importantes da história da aviação Portuguesa. Este livro oferece-nos uma pequena introdução à vida e à obra de Maria Júlia Brito Pais, estabelece o elo histórico ao HS Milfontes Beach e finalmente leva-nos ao estabelecimento de referência que é hoje.

We hope you enjoy it.

Esperamos que gostem.

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Maria Júlia Brito Pais Falcão Filantropia de fundo religioso Maria Júlia Brito Pais Falcão Religious Philanthropist (António Quaresma)


Maria Júlia Brito Pais. Ao peito as condecorações que recebeu da Santa Sé e do Estado Português.

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Maria Júlia Brito Pais, wearing the decorations she received from the Holy See and from the Portuguese Government


Maria Júlia Brito Pais, de seu nome completo Maria Júlia da Silva Brito Pais Falcão, filha de José Júlio Brito Pais e de Maria Engrácia Jorge, nasceu na Herdade do Monte Velho, freguesia de Vale de Santiago (Odemira), no seio de uma família de proprietários fundiários, em 18 de Julho de 1887, tendo falecido em 5 de Maio de 1971, com 83 anos. Profundamente imbuída pelo catolicismo, que recebera da tradição familiar, reproduzido sobretudo pela via feminina pois os homens eram em geral pouco dedicados à religião, a sua crença assentava sobre dois pilares: um certo misticismo e uma certa prática social. Na sua vertente mística, a oração e o maravilhoso desempenhavam um profundo papel na índole de Maria Júlia. No microcosmos da sua residência rural do Monte Velho, com o seu núcleo próximo, família, a afilhada Maria Vitória e criadas, a capela doméstica era o centro de inúmeros acontecimentos ingenuamente milagrosos. Decerto também por influência da difusão dos ‘milagres’ de Fátima, a imagem de Nossa Senhora aparecia a ‘chorar’, e Maria Júlia prostrava-se a rezar o terço; ou, aquando do acidente de aviação que vitimou seu irmão António Brito Pais, o Sagrado Coração de Jesus ficou de semblante ‘triste’. Enquanto praxis, o catolicismo fê-la dedicar a sua vida de adulta à religião e a actividades de carácter social, o que lhe era possibilitado pelos rendimentos que usufruía das suas propriedades rurais. Devido ao facto de não ter casado e constituído família, dirigia as suas preocupações para as ‘obras’ socio-religiosas. Não tanto integrada na doutrina social da Igreja dos séculos XIX e XX, mas no espírito conservador das ‘obras de Misericórdia’ do Catolicismo tridentino. De espírito sensível e aberto às artes, dedicava-se, por vezes, à pintura, nomeadamente a óleo, sobre tela, em que o tema, como um bouquet de flores, era extraído da natureza que a rodeava. O seu voluntarismo religioso, o seu poder económico e social e a sua relação estreita e privilegiada com o então bispo de Beja, D. José do Patrocínio Dias, prelado que se

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Maria Júlia Brito Pais, whose full name was Maria Júlia da Silva Brito Pais Falcão, the daughter of José Júlio Brito Pais and Maria Engrácia Jorge, was born into a family of landowners on 18th July 1887. She was born at the Monte Velho estate (Herdade do Monte Velho), in Vale de Santiago, a parish of Odemira. She lived to be 83 and died on 5th May 1971. She was deeply imbued with Catholicism, handed down as part of the family tradition, mainly by the women as men generally showed little interest for religion. Her beliefs were based on two pillars: one lent towards a certain mysticism and the other towards a certain social practice. On the mystical front, prayer and wonder played an essential role in Maria Júlia’s character. Within the microcosm of her rural home at Monte Velho, where she lived close to her family, her god-daughter Maria Vitória and the maids, the home chapel became to Maria Júlia the centre of a series of naively miraculous events. Clearly influenced by the spread of the ‘miracles’ at Fátima, she prostrated herself to pray the rosary in front of the image of Our Lady who appeared to cry; and at the time of the plane accident which killed her brother António Brito Pais, the Sacred Heart image also seemed to display a ‘sad’ countenance. On a practical level her Catholicism led her to dedicate her adult life to religion and to activities of a social nature, which was made possible through the income she received from her estate. Not married and with no children, Maria Júlia’s concerns were for social and religious ‘work’. She was not so much a follower of the Church’s social doctrine of the 19th and 20th centuries as she was of the conservative spirit of the Works of Mercy of Tridentine Catholicism. She was a sensitive person who appreciated the arts and who sometimes took up painting herself, especially oil on canvas. Her themes, such as flower bouquets, were taken from the natural world around her. Her religious zeal, her economic and social power and her close and special relationship with Dom José do Patrocínio Dias, at that time the Bishop of Beja and a prelate who sought and enjoyed the support


apoiou sobremaneira nas velhas famílias terratenentes alentejanas, concederam-lhe papel de grande influência, nomeadamente em algumas das paróquias que estabeleceu como ‘suas’, a saber Vale de Santiago, Colos e Relíquias. Ela erigiu novas capelas nos lugares de Monte Novo e Fornalhas, ambas na freguesia de Vale de Santiago, e fez obras de recuperação da igreja paroquial desta aldeia, como na de Santa Luzia. A azáfama chegou a ser tanta que, para fazer face à necessidade de materiais de construção para estes trabalhos, criou um telheiro para os produzir no Monte Velho, uma das herdades de que era proprietária. Hoje, os critérios que presidiram a algumas dessas intervenções seriam, naturalmente, discutíveis, em termos de salvaguarda do património cultural, mas então não havia, localmente, grandes possibilidades de fazer melhor. Numa altura em que se divulgavam as colónias de férias, por várias praias do País, ela criou a Colónia de São José, em Vila Nova de Milfontes, uma iniciativa que podemos considerar de ‘turismo social’, destinada a crianças do interior do concelho. Filantrópica iniciativa pessoal, informada por espírito caritativo de raiz cristã, a Colónia de S. José funcionou alguns anos, por meados do século XX, em casa da própria criadora, extinguindo-se com o seu desaparecimento. Sem adquirir a dimensão da Colónia Balnear instituída, também em Milfontes, pelo Arcediago Lourenço, para a Juventude Católica Feminina (Beja), o pequeno centro de férias de S. José permitia a D. Maria Júlia dirigir a sua missão para crianças das freguesias que conhecia. De resto, estava sempre disponível para financiar obras da Igreja ou a esta associadas. Com uma familiar, despendeu o seu próprio dinheiro para a aquisição do terreno onde foram edificadas as primeiras instalações da colónia de férias, dirigida pelo Arcediago Lourenço, a qual deu origem, mais tarde, ao existente Instituto de Nossa Senhora de Fátima. Na mesma linha se inscreve o apoio financeiro que abonou a seminaristas, futuros sacerdotes. Ainda em 1955, o Papa Pio XII atribuiu-lhe a medalha Pro Ecclesiae Pontifice, que dis-

of the old landowning families of Alentejo, meant she had great influence, especially in the parishes she established as ‘her own’, namely Vale de Santiago, Colos and Relíquias. She built new chapels in Monte Novo and Fornalhas, both in the parish of Vale de Santiago, and she also restored the parish church there and in Santa Luzia. So much building work was going on that there was a shortage of materials; she resolved this by having a manufacturing centre built at Monte Velho, one of the estates she owned. Today the criteria behind such construction work would naturally be contested from the standpoint of conservation and cultural heritage, but in those days and at a local level it was not possible to do any better. When the idea of holiday camps started spreading from beach to beach across the country, Maria Júlia built the St. Joseph’s holiday camp (Colónia de São José) in Vila Nova de Milfontes, an initiative that can be described as ‘social tourism’ and which was aimed at the children from the municipality who lived inland. A personal philanthropic venture born of a charitable spirit with Christian roots, St. Joseph’s holiday camp was run for a number of years, in the middle of the 20th century, in its founder’s own home and came to an end when she passed away. Although it never achieved the scale of the Seaside Holiday Camp (Colónia Balnear), also set up in Milfontes by the Archdeacon Lourenço for the Female Catholic Youth of Beja, the small St. Joseph’s holiday camp allowed Maria Júlia to run her mission for the children of the parishes she knew. Moreover, she was always willing to fund the Church or Church related works. Along with a relative, she spent her own money to acquire the land where the first holiday camp run by the Archdeacon Lourenço was built, which later became Our Lady of Fátima Institute that still stands today. She also granted financial support to seminarians and future priests. In 1955, the Pope Pious XII awarded her the Pro Ecclesia et Pontifice medal which rewards lay persons who have provided services to the Church, and in 1957, the Portuguese Government awarded her the Order

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tingue serviços relevantes prestados por leigos à Igreja, e, em 1957, recebeu do Estado Português as insígnias da Ordem de Benemerência, reconhecimentos oficiais do papel socio-religioso que desempenhou especialmente no concelho de Odemira, e ao mesmo tempo, da sua influência nos círculos dos poderes eclesiástico e político da época. Antes do fim da vida, decidiu criar uma instituição com o nome de ‘Fundação Maria Júlia Brito Pais’, destinada a manter dois institutos: a Casa de Repouso de Santo António e a Casa de Trabalho de São José, para meninas, ambos em Colos. Para o efeito, fez incorporar na Fundação vários prédios urbanos e rústicos, provenientes dos seus bens pessoais, entre os quais uma propriedade em Vila Nova de Milfontes, constituída por casas e um terreno, junto à Avenida Marginal, denominado Cerca do Barro. O projecto malogrou-se, parcialmente, após a morte da instituidora, tendo o legado sido transferido para posse da Santa Casa da Misericórdia de Odemira. Neste terreno, já sob a administração da Misericórdia de Odemira, foi construído, por finais da década de 1980, o ‘Hotel Social’ (hoje HS), vagamente associado a funções de carácter social. No mesmo local, tinha D. Maria Júlia feito construir, décadas antes, uma pequena capela, depois demolida.

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of Merit (Ordem Benemerência). Such official recognition was a result of the social and religious role she played, particularly in the municipality of Odemira, and it reflects her influence over the ecclesiastical and political circles of the time. In her later years she decided to set up a foundation bearing her name, Fundação Maria Júlia Brito Pais, which presided over the running of two institutions: St. Anthony’s Rest Home (Casa de Repouso de Santo António) and St. Joseph’s Workhouse (Casa de Trabalho de São José), for girls only; both institutions were located in the parish of Colos. To that end the Foundation took possession of a number of urban and rural properties that belonged to Maria Júlia, including a property along the seafront in Vila Nova de Milfontes, which consisted of several houses and land, called the Clay Enclosure (Cerca do Barro). The project was partially abandoned after the founder’s death and the legacy was transferred to Odemira’s Holy House of Mercy (Santa Casa da Misericórdia). Towards the end of the 1980’s when this property was already under the management of Odemira’s Holy House of Mercy, the Hotel Social (today known as HS) was built – an establishment vaguely linked with activities of a social and charitable nature. On the same spot, decades before, Maria Júlia had had a small chapel built that was later demolished.


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Uma propriedade com histรณria An estate with history (Antรณnio Quaresma)


Baptismo do Pátria. Discurso de Brito Pais (Abril de 1924)

Naming the Pátria. Brito Pais’ speech (April 1924).

Baptismo do Pátria. Maria do Céu quebra a garrafa de champanhe no cubo da hélice do avião. Ao seu lado o major Cifka Duarte, director da Aeronáutica.

Naming the Pátria. Maria do Céu breaks a bottle of champagne on the plane’s propeller hub. At her side is Major Cifka Duarte, director of the Aeronáutica Company.

A festa do regresso, na Barbacã, em Setembro de 1924. Lançamento da primeira pedra de monumento.

The welcome back party at Barbacã, in September 1924. Laying of the monument’s first stone.

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A propriedade de Maria Júlia Brito Pais Falcão em Vila Nova de Milfontes era, como se disse, constituída por algumas casas, uma delas, aquela onde o Clube de Canoagem de Milfontes tem hoje a sua sede. Confina com o terreno, também de sua pertença, onde se encontra o HS, mas abre para a Rua dos Socorros a Náufragos, antiga Rua de Baixo. Em 1924, a casa pertencia a José Maria Brito Pais Falcão, pai de Maria Júlia, Maria do Céu e de António Jacinto Brito Pais. Este último era militar de carreira, tendo combatido em França na Primeira Guerra Mundial, e foi um dos pioneiros da aviação em Portugal. A casa está ligada a um dos acontecimentos marcantes da história da aviação: a viagem Portugal – Macau, realizada em 1924, o principal raide aéreo realizado nesse ano, à escala mundial. Realizaram-na os capitães António Jacinto de Brito Pais e José Manuel Sarmento de Beires, ambos oficiais do Exército, apoiados pelo sargento mecânico Manuel Gouveia. O avião, um Breguet 16 BN2, utilizado na guerra como bombardeiro nocturno, foi baptizado de PÁTRIA, nome inscrito no verso de Camões “Esta é a ditosa pátria minha amada”. A viagem foi financiada, em boa parte, por subscrição pública, por donativos vários e até com um quinhão da venda do livro de poemas de Beires intitulado Sinfonia do Vento, na falta de apoio financeiro por parte do governo. A escolha de Milfontes como local de partida resultou da conjugação de vários factores: Brito Pais, que tinha casa de vilegiatura em Milfontes, era natural da região; existia aqui uma boa pista natural, suficientemente extensa para a longa corrida do Breguet com a carga de depósitos suplementares de combustível; finalmente, o próprio ambiente de descrença que rodeou a preparação do voo. O local da partida seria objecto de polémica: no início, a maior parte dos jornalistas falava em viagem Lisboa – Macau, como se além de Lisboa, o resto ‘fosse paisagem’; mais tarde, por bairrismo, chamaram-lhe de Amadora – Macau (na Amadora, de facto, encontrava-se o único campo de aviação português).

As mentioned, Maria Júlia Brito Pais Falcão’s property in Vila Nova de Milfontes was made up of a number of houses, one of which is now the headquarters of the Milfontes Canoeing Club. It stands next the land that also belonged to her, which is today home to HS, and it opens out onto Rua dos Socorros a Náufragos, formerly known as Rua de Baixo. In 1924, the house belonged to José Maria Brito Pais Falcão, father of Maria Júlia, Maria do Céu and António Jacinto Brito Pais. The son was a career soldier who fought in France during the First World War and one of Portugal’s aviation pioneers. Hence the house’s connection to one of the most important events in aviation history: the journey from Portugal to Macao which took place in 1924 and which was the most significant flight made that year from a global perspective. The flight’s pilots were Captain António Jacinto de Brito Pais and Captain José Manuel Sarmento de Beires, both in the Army, and assisted by a mechanic, Sergeant Manuel Gouveia. Their plane, a Breguet 16 BN2, used in the Great War as a night bomber, was named PÁTRIA (country or homeland), a term which appears in one of poet Camões’ verses “This is my blessed, beloved country”. Due to the lack of financial support from the government, the journey was financed to a large extent by public contributions, numerous donations and even a share of the sale of a book of poems by Beires called “Wind Symphony” (Sinfonia do Vento). Milfontes was chosen as the journey’s departure point for a number of reasons: Brito Pais had a summer holiday home in Milfontes and was born in the area; there was a good natural runway long enough for the long takeoff the Breguet required with its extra fuel tanks; lastly the sense of disbelief and doubt that surrounded the flight preparation. The departure point was a controversial choice: initially most journalists wrote about a flight from Lisbon to Macao, as if everything beyond Lisbon were ‘just scenery’; later, as a matter of local pride they called it the Amadora to Macao flight (in fact Amadora was home to Portugal’s only aerodrome). In

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A este respeito, Sarmento de Beires escrevia em 1974, muito pouco antes da sua morte, irritado, que o local da partida tinha sido Vila Nova de Milfontes, e, em entrevista à televisão, afirmava, pela mesma altura, que dizer outra coisa era ‘inverdade histórica’. E insistia que a designação da viagem deveria ser de ‘Portugal a Macau’, com partida de Milfontes. Convenhamos, aliás, que designações como Lisboa – Macau, ou pior, Amadora – Macau, limitavam o alcance representativo desta jornada das ‘asas portuguesas’. A 2 de abril, o avião e a sua tripulação deslocaram-se para Milfontes, onde nos dias seguintes se procedeu aos últimos preparativos para a viagem. O bispo de Beja, D. José do Patrocínio, amigo de Brito Pais, com quem estivera nas trincheiras de França, viera baptizar o avião. A madrinha, Maria do Céu, irmã de Maria Júlia e de António Jacinto, quebrou uma garrafa de champanhe no cubo da hélice, gritando ao vento o nome do avião: Pátria! O tempo, porém, piorou e tornou-se tempestuoso, criando dúvidas sobre a partida. A 6 de abril, os dois aventureiros decidiram iniciar o raide, na primeira aberta, uma vez que o avião, ao ar livre, corria o risco de avaria sob o efeito do temporal. Ao jantar na casa da família Brito Pais, em atmosfera comovida, houve a despedida. Enfim, na madrugada nevoenta de 7 de abril de 1924, uma carrinha alentejana puxada por uma égua, partia do campo dos Coitos, 2 km a norte Vila Nova de Milfontes, levando os aviadores. Junto ao avião muita gente de Milfontes, que quis estar presente. Aos comandos, o capitão de engenharia José Manuel Sarmento de Beires; na navegação, o major de infantaria, comandante da tripulação, António Jacinto de Brito Pais. E no dealbar, o aparelho iniciava a longa corrida pela planície, com depósitos suplementares de gasolina, elevando-se no ar. A euforia nacionalista que a viagem destes três homens espalhou por todo o País, com a condecoração de Pais, Beires e Gouveia, no Terreiro do Paço, pelo presidente da República, Manuel Teixeira Gomes, seguido de um percurso triunfal

1974, not long before his death, Sarmento de Beires wrote on the subject, somewhat annoyed, stating that the departure point had been Vila Nova de Milfontes, and in a television interview around the same time he claimed that to say otherwise was a ‘historically untrue’. He insisted that the flight should be referred to as ‘Portugal to Macao’, taking off from Milfontes. We have to agree that terms such as Lisbon - Macao, or worse still Amadora -Macao, take much away from the symbolic meaning this flight had for the Portuguese ‘wings’. On 2nd April the plane and its crew arrived in Milfontes, where over the following days, the final preparations were made. The Bishop of Beja, Dom José do Patrocínio, a friend of Brito Pais, who had been alongside him in the trenches in France, named the plane. The flight’s godmother, Maria do Céu - Maria Júlia’s and António Jacinto’s sister - broke a bottle of champagne over the propeller hub whilst shouting the plane’s name to the wind: Pátria! However, the weather worsened and it became stormy, making the departure doubtful. On 6th April the two adventurers decided to take off in the first break in the weather, as the plane, which was in the open air, ran the risk of being damaged in the storm. Over dinner at the Brito Pais’ family home, goodbyes were said in an emotional atmosphere. Finally, on a foggy morning on 7th April 1924, an Alentejo carriage pulled by a mare left from Coitos, two kilometres north of Vila Nova de Milfontes carrying the two pilots. The flight’s take off was witnessed by a large number of people from Milfontes who had gathered by the plane. At the controls sat Engineering José Manuel Sarmento de Beires; the navigator and flight commander was the Infantry Major António Jacinto de Brito Pais. At dawn the aircraft, carrying extra fuel tanks, began its long run across the plain and rose into the air. These three men’s journey fuelled a nationalist euphoria that spread across the country and led to Pais, Beires and Gouveia being decorated in Lisbon by the Portuguese President, Manuel Teixeira Gomes, and then paraded through the capital. This

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até a Avenida da Liberdade; a entusiástica recepção no Porto; a festa de Milfontes, em que foi lançada a primeira pedra de um monumento evocador. A viagem do “Pátria” surge como um dos episódios mais significativos da intervenção portuguesa na grande corrida pela conquista dos ares e da velocidade, do princípio do século XX. No ano de 1924, terá mesmo sido a realização mais importante da aviação, a nível mundial. Não podendo contar com o suporte financeiro e com o avanço tecnológico dos seus parceiros europeus e americanos, Brito Pais, Sarmento de Beires e o mecânico Manuel Gouveia tiveram o apoio do povo anónimo. Neste apoio teve papel fundamental a imprensa, que, “agarrou” a viagem a Macau e, em parangonas de primeira página, a projectou da mesma forma que, dois anos antes, o tinha feito com a travessia aérea do Atlântico até ao Brasil, por Gago Coutinho e Sacadura Cabral. No relato da viagem escrito por Sarmento de Beires em vão procuramos nítidos ecos passadistas ou imediatas comparações com os feitos dos heróis de antanho, característicos das interpretações vigentes, de pendor mitificante. Na verdade, além da apologia da aviação e da noção da sua importância crescente nos domínios militar e civil – tema nele recorrente, nomeadamente nas páginas da Seara Nova, criticando o desinteresse dos governos e a ignorância de muitos políticos – o livro é percorrido pela ideia de que a viagem se devia ao ‘povo português’ e a ele era dedicada. Beires e naturalmente os seus companheiros adquiriram a consciência do que se jogava nestas viagens: a repercussão internacional, o prestígio do País e as suas vantagens, o domínio colonial, o estabelecimento de ligações regulares, com intuitos práticos, o impacto agregador numa opinião pública interna politicamente dividida. E, informado do que se passava no estrangeiro, percebia claramente que a aviação iria revolucionar todo um conceito de tempo e de espaço. No ano de 1934, Brito Pais, no posto de tenente-coronel, morria aos comandos dum avião; seria depois trasladado para o cemitério de Colos. Na mesma altura Sarmento de Beires, o intelectual da Seara

was followed by an enthusiastic reception in Oporto and a party in Milfontes during which the first stone of a commemorative monument was laid. The Patria’s journey is one of the most important episodes in Portugal’s role in the race to conquer the skies and speed in the early 20th century. In 1924 it was truly the most important moment in aviation worldwide. Without the financial support or the advanced technology of their European and American counterparts, Brito Pais, Sarmento de Beires and the mechanic Manuel Gouveia had the support of the general public. The press played an important part in that support by grabbing hold of the event and headlining it on the front pages, just as it had done two years earlier with Gago Coutinho and Sacadura Cabral’s crossing of the Atlantic to Brazil. When we read Sarmento de Beires’ account of the journey we search in vain for clear echoes of the past or direct comparisons with the deeds of the ancient heroes, so typical of the interpretations of that time. Actually, besides arguing on behalf of aviation and the idea of its growing importance in military and civil matters – a recurring theme, in particular in the pages of the Seara Nova magazine, that criticises the government’s lack of interest and the ignorance of a number of politicians – the book stresses the idea that the journey was owed to the Portuguese people and it was dedicated to them. Beires and his companions, became aware of what was at stake: the international repercussions, the nation’s prestige and advantages, the colonial power, the establishing of regular connections for practical purposes, the overall impact on the national public opinion which was politically divided. Aware of what was happening abroad, Beires clearly understood that aviation would revolutionise the concept of time and space. In 1934, Brito Pais, now a Lieutenant Coronel, died at the controls of a plane. His body was later taken to Colos cemetery. At the same time Sarmento de Beires, the intellectual of Seara Nova magazine, was thrown in prison for opposing Salazar and soon after went into exile. He returned to Portugal during the years of the dictatorship

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Nova, estava preso por se opor a Salazar, e em breve partiria para o exílio; regressou a Portugal ainda durante o Estado Novo e morreu em Junho de 1974, quando se festejava a revolução libertadora do ‘25 de abril’. Manuel Gouveia já tinha falecido em 1966, após atropelamento em Lisboa, quando tinha 76 anos. O feito encontra-se hoje memorizado nos nomes da sua tripulação em algumas ruas de terras do concelho de Odemira e num monumento construído em Milfontes, em 1993, que veio dar continuidade ao lançamento da primeira pedra colocada em setembro de 1924.

and died in June 1974 when he was celebrating the Carnation Revolution which took place on the 25th April of that year. Manuel Gouveia had already died in 1966, after being run over in a road accident in Lisbon at the age of 76. Today the event is remembered in the municipality of Odemira in some of its streets which bear the names of the crew; a monument was built in Milfontes in in 1993 which has given continuity to the laying of the first stone in September 1924.

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Milfontes Milfontes

(Antรณnio Quaresma)


Primรณrdios do turismo. Banho na Praia das Furnas (1913).

Tourism early days. Furnas beach (1913)


O carácter marítimo de Milfontes, junto ao ‘espelho claro’ do estuário do Mira, com o seu ar fresco, as suas praias, as suas paisagens, atraiu as elites económicas do interior do concelho, que aqui faziam vilegiatura estival. No caso particular da família Brito Pais, dois irmãos, Maria Júlia e António Jacinto, realizaram em parte aqui os seus sonhos: uma criou uma colónia de férias para crianças pobres e agregou a sua propriedade a uma fundação de beneficência; o outro preparou a histórica viagem aérea Portugal-Macau, cuja partida se verificou em Milfontes. Hoje, um relevante destino turístico, Vila Nova de Milfontes continua, graças ao ‘carácter marítimo’, a atrair gente de fora e a ser lugar de realização de sonhos e projetos.

The seaside qualities of Milfontes, next to the ‘clear mirror’ that is the Mira estuary, with its fresh air, sandy beaches and natural landscape attracted the municipality’s inland economic elite who spent their summer months here. In the particular case of the Brito Pais family, the sister and brother, Maria Júlia and António Jacinto, partly fulfilled their dreams here: one opened a holiday camp for poor children and attached her property to a charitable foundation; the other organised the historical flight from Portugal-Macao which took off from Milfontes. Today, tourism is booming in Vila Nova de Milfontes, it’s still attracting visitors thanks to its ‘seaside qualities’ and it’s still a place to fulfil one’s dreams and ambitions.

Milfontes, por volta de 1950.

Milfontes, circa1950.

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De Hotel Social a HS Milfontes Beach From Hotel Social to HS Milfontes Beach


Do lado esquerdo, casa e cerca, murada, da propriedade de Maria Júlia. Na cerca está hoje edificado o HS.

On the left, the house and walled enclosure that belonged to Maria Júlia. It is within this enclosure that the HS building stands today.

O Hotel Social hoje - HS Milfontes Beach

Modern day Hotel Social (HS Milfontes Beach)

Bar panorâmico - Panoramic bar

Vista do terraço - View from the terrace

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O terreno onde o HS Milfontes Beach se encontra foi oficialmente integrado na Santa Casa da Misericórdia de Odemira em 1975, mas levou alguns anos até uma decisão ser tomada para se fazer uso de tal. A construcção do que viria a ser um campo de férias só começou nos finais dos anos 80. A sua inauguração foi feita em 1989, com muita pompa, marcada pela presença do então Primeiro-Ministro de Portugal, Aníbal Cavaco Silva. Todavia o campo de férias só começou a funcionar dois anos depois. Quando finalmente abriu as suas portas ao público em 1991, fê-lo não como campo férias mas como Hotel Social. O Hotel Social recebia hóspedes do público em geral e grupos sociais, como reformados, grupos jovens e várias outras colónias, os quais desfrutavam de certos benefícios e tarifas especiais. Esta segunda vertente está intrinsecamente ligada à razão pela qual Maria Júlia Brito Pais adquiriu o terreno originalmente: construir uma casa de férias para as camadas da sociedade menos favorecidas do ponto de vista sócio-económico. O hotel foi explorado pela Santa Casa da Misericórdia de Odemira desde a sua abertura até 2012, ano em que foi alugado ao Grupo Hoteleiro Duna Parque. A nova gerência trouxe consigo um dinamismo e uma criatividade que se traduziu na transformação radical do espaço, a qual se pode ver e sentir por todo o hotel: desde a decoração e criação de novos espaços até à gama e qualidade de serviços proporcionados. Uma nova estratégia de branding foi posta em prática e o nome do hotel evoluiu de Hotel Social para HS Milfontes Beach. Este novo nome representa em parte a sua história e também o seu contexto geográfico: HS é uma referência ao seu nome original (HS é a abreviação de Hotel Social); Milfontes naturalmente indica a vila onde se encontra e, finalmente, Beach indica a sua localização privilegiada junto à praia. Hoje HS Milfontes Beach é um estabelecimento muito procurado, não apenas como alojamento, mas também como destino para saborear uma boa refeição

The land where HS Milfontes Beach stands became officially part of the Odemira’s Holy House of Mercy in 1975, but it took a few years until a decision was made to build on it. Building of what was to be a holiday home didn’t start until the late 80s. The opening took place in 1989 with much pomp, marked by the presence of the then Prime-Minister of Portugal, Aníbal Cavaco Silva. However, it didn’t start functioning straightaway. In fact, it would be a whole two years until it finally opened its doors to the public. When it did so in 1991, it had already changed its status from Campo de Férias (holiday home) to Hotel Social. The Hotel Social received both guests from the general public as well as guests from modest income backgrounds such as youth groups and the retired, who benefited from special rates. This social and charitable element can be referenced back to the original purpose for which Maria Júlia Brito Pais had bought the land: to build a holiday home for the less socially and economically favoured tiers of society. The hotel was run by the Odemira’s Holy House of Mercy until 2012, when it was leased by the Duna Parque Hotel Group. The new management brought in a creative energy and radical space transformation that can be seen and felt all around the hotel: from its décor and look and feel to the range and quality of facilities and services offered. A new rebranding strategy was also put in motion and the hotel’s name evolved from Hotel Social to HS Milfontes Beach. The new name represents its history and its geographical context: HS is a reference to its original name (HS is short for Hotel Social); Milfontes naturally tells us about the village it’s in, and finally Beach denotes its privileged location right by the beach. Today HS Milfontes Beach is a popular establishment not just as a hotel, but also as a go-to place to have a great meal or to simply enjoy a drink whilst contemplating one of the best views in Milfontes. In June 2015 HS Milfontes Beach achieved a milestone when it was awarded three stars, the first hotel in Odemira’s municipality to receive such rating

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ou simplesmente para tomar uma bebida, e ao mesmo tempo desfrutar de uma das mais bonitas paisagens da vila. Em junho de 2015 foi atribuído ao HS Milfontes Beach a categoria de três estrelas, o primeiro hotel no concelho de Odemira a receber esta classificação. Para além de seus 28 quartos, todos com vista para o mar ou para a piscina, há três restaurantes panorâmicos, cada um a oferecer uma experiência gastronómica diferente; um bar panorâmico; um ginásio totalmente equipado e uma piscina exterior. O hotel também oferece uma variedade de actividades e experiências que podem ser reservadas junto à recepção. A nossa filosofia é simples: evoluir, mudar e adaptarmo-nos continuamente aos tempos e às necessidades dos nossos clientes; estamos constantemente a tentar melhorar as nossas instalações, a desenvolver os nossos espaços e a capacitar o nosso pessoal para que possamos servir os nossos clientes com crescente eficiência e qualidade. Mas na nossa essência permanecemos fiéis aos princípios defendidos por Maria Júlia Brito Pais e continuamos a oferecer estadias em regime mais favorável aos grupos sociais por quem tanto lutou. O nosso recente projeto – Hotel Social Milfontes – exemplifica ainda mais a nossa intenção de ajudar e de contribuir para o bem-estar social da nossa comunidade.

In addition to its 28 rooms, all with sea or pool views, there are three panoramic restaurants, each offering a different culinary experience; a panoramic bar; a fully equipped gym and a great outdoor swimming pool. The hotel also offers a wide range of activities and experiences bookable onsite. We’re constantly evolving and adapting with the times and our customers’ needs; we strive to improve our facilities and train our staff so you can enjoy a better experience each and every time you visit us. But at our core we remain true to the principles the original owner of the estate, Maria Júlia Brito Pais advocated. We still offer special arrangements to the social groups she cared about so much and our latest initiative – Hotel Social Milfontes - further demonstrates our commitment to doing social good.

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Projecto HS 2 HS 2 project


Dias de lazer na piscina Chilling by the pool

As belas praias do Litoral Alentejano The beautiful beaches of Alentejo

Estilo e conforto à sua disposição Confort & style with you in mind

Escolha de restaurante com menus deliciosos Choice of restaurant with various & tasty menus

Passeios de barco Boat trips

Campo de ténis Tennis courts

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HS² é um projeto de reconhecimento de responsabilidade social desenvolvido pelo Grupo Duna Parque, que tem como objetivo premiar quem manifestamente tenha contribuído ou contribua de forma ativa para o bem comum. É uma ideia muito simples - oferecer uma estadia em qualquer um dos nossos hotéis a alguém que tenha praticado uma boa ação, a quem tenha ido além do seu dever para ajudar, ou que pura e simplesmente possua bom coração. Se tem um vizinho, um amigo ou um familiar que é um bom samaritano, ou conhece alguém que não pode desfrutar de umas férias, mas que merece mesmo uma pausa e um descanso, nós queremos saber quem é essa pessoa. A boa ação pode ser grande ou pequena – Doaram roupas para o lar? Contribuem para os Bombeiros Voluntários? Foram buscar os seus filhos à escola por si? Trouxeram-lhe comida quando esteve doente? Tudo isto conta. O projeto HS² é uma forma de dizermos obrigado, reconhecendo, aqueles pequenos grandes atos que nos rodeiam e, de forma positiva induzir uma reflexão sobre a nossa sociedade, incentivando o contributo que cada um de nós pode dar para o bem comum. Julgamos também com esta iniciativa estar a prestar o nosso contributo para um diálogo aberto e amplificar a união no seio da nossa comunidade. Para nomear o seu Bom Samaritano, envie-nos um e-mail com o nome das pessoas a quem deseja agradecer e a razão do seu reconhecimento. Para saber mais detalhes sobre o projeto HS² consulte o nosso site ou envie mail para hs2@dunaparquegroup.com

HS² project is a reward and recognition initiative by the Duna Parque Hotel Group that stemmed from our desire to be more socially-responsible. It is a very simple idea - we want to give away a stay at any of our hotels to someone who has done a good deed, gone out of their way to help or someone who is just a good person. If you have a neighbour, a friend or a relative who is a Good Samaritan, or know someone who is not able to enjoy a holiday but really deserves a break, just let us know. It doesn’t matter if it’s a big or a small action – whether they donated to the local hospital, helped you with the school run or brought you food when you were too ill to cook, it all counts. HS² project is about saying thank you and about helping those around us. We hope this initiative will encourage some thinking about our local community and how each one of us can positively contribute towards it. We also hope this will connect people and bring them closer together. To tell us who you want to nominate send us an email with name of the people you want to say thank you to and a quick line why you would like to recognise them. To read more about the HS² project see our website or send an e-mail to hs2@dunaparquegroup.com

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O Grupo Hoteleiro Duna Parque The Duna Parque Hotel Group


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Em resumo o Grupo Hoteleiro Duna Parque foi fundado por Jan and Heini Kuijvenhoven, nos anos 70, com a abertura do seu primeiro hotel em Vila Nova de Milfontes. Jan nasceu em 1929 e foi o terceiro de cinco filhos. Os Kuijvenhovens viviam de meios modestos e Jan, assim como os seus irmãos, teve que começar a trabalhar no negócio da família desde muito cedo. A religião sempre foi muito importante e a família seguia avidamente a Parábola dos Talentos. O tema principal desta Parábola centra-se no dever de aproveitarmos de forma positiva as oportunidades que se apresentam à nossa frente pois elas não nos serão dadas uma segunda vez. Esta motivação espiritual desempenhou um papel central na carreira e no sucesso de Jan. Jan era natural de Naaldwijk, uma vila costeira no concelho de Westland no sul da Holanda e uma área conhecida pela produção de fruta e flores. O negócio dos Kuijvenhovens era neste ramo e ambos os irmãos de Jan receberam terras do pai para seguirem o negócio da família. Jan foi estudar e após acabar a escola secundária (um feito e um privilégio naqueles dias), continuou os seus estudos na área do comércio. Quando acabou os estudos começou a trabalhar como representante comercial para a empresa International Trading Company de Roterdão e foi destacado para a Tailândia e a África Ocidental durante vários anos. Na sequência de uma tragédia pessoal, Jan decidiu voltar para a Holanda na década de 60. De regresso a casa, fundou a sua própria empresa e foi através desta que angariou o capital que viria a servir como base financeira para montar o seu negócio em Portugal nos finais dos anos 70. Durante a sua estadia no estrangeiro, nas suas viagens de ida e volta para a África e a Asia passou muitas vezes por Portugal e Jan apaixonou-se por Vila Nova de Milfontes. Para Jan, Portugal estava não só geograficamente mas também culturalmente situado no extremo da Europa, no sentido em que é um país Europeu mas com influências dos seus antigos territórios e com uma posição privilegiada virado para o mar e para o mundo. Este aspeto juntamente com o clima ameno de Portugal tor-

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In summary the Duna Parque Hotel Group was founded by Jan and Heini Kuijvenhoven in the seventies when they opened their first hotel in Vila Nova de Milfontes. Jan was born the third son in a family of five children in 1929. The family lived on very modest means and Jan, as well as his siblings, had to help out with the family business from a very young age. Religion was of the utmost importance and the family was an avid believer and follower of the Parable of Talents. Its guiding principle, stewardship, focuses on the need for one to make good use of the opportunities given or they will be taken away. This spiritual motivation was one of the main driving forces behind Jan’s successful career. He was born in Naaldwijk, a seaside town in the heart of the municipality of Westland in South Holland, an area known for its greenhouse horticultural industry. The Kuijvenhovens worked in the industry and both Jan’s elder brothers were given land to follow the family business. Jan was instead sent to study and after finishing high-school (a feat and a privilege in those days), he went on to further education and learnt how to be a merchant. After his studies, Jan got a job as an overseas trade agent for the International Trading Company of Rotterdam and was stationed in Thailand and Western Africa for several years. Following a personal tragedy, Jan decided to return to Holland in the sixties. Back home he founded his own trading company and through this venture he earned the capital that would later serve as the financial basis to set up the business in Portugal in the late seventies. During his time abroad, his many journeys back and forth to Asia and Africa took him past Portugal and he fell in love with Vila Nova the Milfontes. For Jan, Portugal was not only geographically but also culturally on the edge of Europe – it’s located in Europe but it displays influences of its former territories and it looks outwardly to the sea and the world. This, combined with the mild climate, made Portugal a very attractive country to Jan. He was truly inspired by the Portuguese


naram-no num país muito atraente. Jan sentiu-se muito inspirado pela Revolução de 1974. O facto de um país conseguir orquestrar uma revolução usando simplesmente flores convenceu-o que Portugal era um país seguro para viver. O carácter pacífico da Revolução de 25 de Abril foi fundamental na sua decisão para se mudar para Portugal – Jan cresceu durante a Segunda Guerra Mundial e foi testemunha da crueldade da Guerra quando a cidade de Roterdão foi bombardeada pela Luftwaffe Alemã em 1940. Uma vez em Vila Nova de Milfontes comprou o terreno onde o Duna Parque Beach Club viria a ser construído. Possuir um terreno, tal como os seus irmãos possuíam, sempre fora um dos seus grandes desejos. Enquanto esperava pelo início da construção deste, o Jan e a sua esposa Heini, compraram uma propriedade à beira rio em Vila Nova de Milfontes e aí abriram o seu primeiro hotel e uma das primeiras unidades hoteleiras no concelho de Odemira, o Moinho da Asneira. O Duna Parque Beach Club foi construído nos anos 80, e quando abriu trouxe para a área um novo conceito em termos de alojamento – foi o primeiro hotel a oferecer um serviço hoteleiro completo e instalações como piscina exterior, piscina aquecida, campo de ténis e ginásio (adicionando mais tarde o spa e a sauna). A sua construção foi um processo lento e gradual e foi completada graças a investidores privados, aos vários sócios, à ajuda financeira da família e ao apoio de todos os empregados, trabalhadores e fornecedores. O nome do hotel – e mais tarde o nome do Grupo - é geralmente associado com a sua localização junto às dunas de areia. A realidade é que Duna Parque é a tradução literal do holandês para o português do nome de família Kuijvenhoven. Ao longo dos anos o Grupo tem seguido de projeto em projeto– para além das suas unidades hoteleiras também fez a exploração de vários restaurantes e bares em Vila Nova de Milfontes. O Grupo começou a expandir em 2012 com a adição do HS Milfontes Beach ao seu portfólio. Esta aquisição foi bastante estratégica do ponto de vista comercial e

Revolution of 1974. The fact that a country could stage a revolution using nothing but flowers convinced him that this was a safe country to settle in. The peaceful aspect of the Carnation Revolution was crucial for Jan´s decision to move to Portugal. Growing up during the Second World War he witnessed the cruelty of war when the city of Rotterdam was bombed by the German Luftwaffe in 1940. Once in Vila Nova de Milfontes, he went about purchasing the land where Duna Parque Beach Club would later be built. Having his own plot of land, just as his elder brothers did, had always been one of Jan´s wishes. Whilst waiting to build on this land, Jan and his wife Heini bought a property up river in Vila Nova de Milfontes and developed it into what would be their first business in tourism and one of the first guesthouses in the Odemira municipality, Moinho da Asneira. When Duna Parque Beach Club was finally built in the eighties, it brought a new accommodation concept to the area in so far as it was the first hotel to offer an inclusive service and facilities such as pool, heated pool, tennis court and gym (it later added the spa and the sauna). Building it was a slow and gradual process and its completion was only possible due to several private investors and business partners, family financial help and the support from all the staff and suppliers. The hotel name – and later the Group’s name - is widely believed to have been chosen due to its location right by the sand dunes (duna is Portuguese for sand dune). However, the truth is that Duna Parque is a literal translation from Dutch into Portuguese of the family name Kuijvenhoven. Throughout the years the Group has gone from strength to strength, leasing and managing several commercial properties in Vila Nova de Milfontes. It started expanding in earnest in 2012 with the addition of HS Milfontes Beach to its portfolio. This addition was very strategic from a business perspective and also from the point of view that it brought about a positive cooperation with Odemira’s Holy House of Mercy. The Group’s portfolio has six properties

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também na medida em que trouxe uma cooperação muito positiva com a Santa Casa da Misericórdia de Odemira. O portfólio do Grupo tem actualmente seis propriedades - além das três acima mencionadas, também tem a Olive Tree Inn e a Quinta da Samoquerinha, a 5 e a 10 minutos de carro respetivamente de Milfontes e o Alentejo Star Hotel, no coração do Alentejo e sob um dos céus mais estrelados no mundo. A trajetória de crescimento do Grupo está prevista continuar e esperamos também continuar a aumentar o nosso portfólio. O Grupo Hoteleiro Duna Parque dedica-se exclusivamente à promoção de Vila Nova de Milfontes e do Alentejo como destino turístico. O nosso objectivo é oferecer aos nossos clientes um serviço cada vez melhor e mais completo. Para esse fim, empregamos cerca de 100 pessoas durante todo o ano e oferecemos hotéis, villas e apartamentos e um variado conjunto de serviços e instalações tais como aluguer de carro, transporte para/do aeroporto, restaurantes, bares (incluindo um bar na praia), spa, campo de ténis, piscina exterior e interior, música ao vivo, organização de eventos, passeios de barco, actividades desportivas e outras experiências. A nossa paixão por Vila Nova de Milfontes e pelo Alentejo tem crescido ao longo destes 35 anos. Temos como missão fazer com que a estadia de cada um dos nossos hóspedes e a visita de cada turista a esta maravilhosa parte do mundo seja o mais relaxante e agradável possível. Para saber mais sobre os nossos hotéis e os nossos serviços, visite o nosso site dunaparquegroup.com.

currently - in addition to the three aforementioned, it also has the Olive Tree Inn and Quinta da Samoquerinha, both at 5 and 10 minutes’ drive respectively from Milfontes, and the Alentejo Star Hotel, right in the heart of Alentejo and under one of the starriest skies in the world. The Group is expected to continue its growth trajectory and it will hopefully continue to boost its portfolio. The Duna Parque Hotel Group is solely dedicated to the promotion of Vila Nova de Milfontes and the wider Alentejo region as a tourist destination. We strive to provide our guests with an ever improving and complete hotel service. Our Group currently employs around 100 people all year- round and we offer hotels, villas and apartments as well as a range of services and facilities such as car rental, airport transfers, restaurants, bars (including a beach bar), spa, tennis courts, indoor and outdoor pools, events organisation, live music, boat trips, sports activities and other experiences. Our love affair with Vila Nova de Milfontes and Alentejo has only but grown stronger in the 35 years since we’ve settled here. It is our mission to make any guests’ stay and visit to this wonderful part of the world, as relaxing and enjoyable as possible. To find more about our hotels and services please see our website dunaparquegroup. com. We wish you a very nice stay!

Desejamos-lhe uma boa estadia!

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ReferĂŞncias bibliogrĂĄficas Bibliographic references


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Referências Bibliograficas/ Bibliographic references: BEIRES, José Manuel Sarmento de. De Portugal a Macau (A Viagem do “Pátria”). Lisboa: Seara Nova, 1925 (reedições em 1953 e 1968). LIMA, Joaquim Falcão de. Gente de Entre Searas e Montados. Lisboa: Guarda-mor 2009. QUARESMA, António Martins. O Turismo no Litoral Alentejano. Do Início aos Anos 60 do Século XX. O Exemplo de Milfontes. URL: http://www. milfontes.net/e-book/historia_do_turismo_milfontes.PDF.

Créditos fotográficos/ Photography credits:

1, 2. Zupa Sky - José Carvalho 3.Maria Victória do Coração de Jesus 4. Postal cedido por (postcard provided by ) Maria do Céu Brito Pais 5. Pinheiro Correia, cedida por (provided by) Maria do Céu Brito Pais 6. Arquivo Fotográfico do (archives of the newspaper) Diário de Notícias 7. Revista (magazine) Ilustração Portuguesa, n.º 404, de 17 de Novembro de 1913 8. Cmdt. Joaquim Cabeçadas Reis 9. Frederico George, www.monumentos .pt 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18. Arquivo Duna Parque Group

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Ficha Técnica Coordenação: Jan Kuijvenhoven Redação e tradução: António Quaresma e Eddi Aroeira Tradução: Eddi Aroeira Edição e produção gráfica: Marta Calado Revisão: Mónica de Brito e Luís Rocha

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