Pe. Chico Wloch assume a Coordenação de Pastoral da CNBB
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Florianópolis, Agosto de 2011 Nº 170 - Ano XV
Agosto: mês das vocações Neste mês, a Igreja reflete, reza e se empenha, pelas Vocações. Cada semana é dedicada a uma delas. Cada domingo do mês somos convidados a focalizar uma vocação específica na Igreja: a do padre; a dos pais; a dos consagrados e consagradas; e a dos leigos, com destaque para os catequistas. A fim de marcar este mês de forma especial, dedicamos uma página a entrevistar cin-
co vocações da nossa arquidiocese. Cada um dos entrevistados respondeu à mesma pergunta: “Como você vive a sua vocação de ...”, dando o seu depoimento pessoal de vida na fé. Acompanhe o testemunho do engajamento de cada um deles. PÁGINA 15
Sacerdócio Universal Através de documento, lido no evento, os Bispos de Santa Catarina apoiaram a criação do serviço no Estado
Audiência discute a Defensoria Pública Realizado na Assembleia Legislativa, evento reuniu lideranças que apresentaram argumentos pró e contra a criação do serviço no Estado Uma audiência pública debateu sobre a criação da Defensoria Pública no Estado. O evento reuniu lideranças políticas, autoridades jurídicas e membros da Pastoral Carcerária e de outras pastorais sociais. Santa Catarina é o
único Estado que não possui Defensoria Pública. Durante a audiência, parlamentares e autoridades se manifestaram apresentando as suas razões para a criação ou não do serviço. Os Bispos do Estado assi-
Romaria da Terra será realizada na cidade de Irani
ITESC abre cursos de aprofundamento bíblico
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Participe do Jornal da Arquidiocese
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naram documento, que foi lido no evento, apoiando o movimento pró Defensoria. “Esperamos que a Assembleia vote o quanto antes pela sua criação”, dizia o documento.
O cristianismo não é uma religião do livro, como muitas vezes se declarou tendo em vista sua semelhança como as outras duas religiões monoteístas baseadas na revelação da Palavra de Deus, o judaísmo e o islamismo. O cristianismo é religião de uma pessoa, de Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem para nos salvar. De modo análogo dizemos que o cristianismo
não é uma religião do culto, mas de um sacerdote, de um único sacerdote, Jesus Cristo, o sumo e eterno Sacerdote. No sacerdócio de Cristo se entende todo tipo de sacerdócio exercido na Igreja, povo de sacerdotes (Ap 1,6; 5,10; 20,6), “raça escolhida, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido” (1 Pd 2,9). PÁGINA 04
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Arquidiocese estará na JMJ em Madri, com o Papa PÁGINA 08
Conheça a vida no Seminário Propedêutico PÁGINA 09
Pe. Lúcio retorna à missão na Guiné-Bissau PÁGINA 15
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Opinião
Agosto 2011
Palavra do Administrador
Pe. João Francisco Salm
Jornal da Arquidiocese
Administrador Diocesano da Arquidiocese de Florianópolis
“Porque ninguém nos contratou” (Mt 20,7) “A messe é grande, são poucos os operários e há muitos desocupados” (cf. Mt 20,1-8): há os desocupados, “o dia inteiro sem trabalho” (Mt 20,6), “porque ninguém os contratou” (cf. Mt 20,7) e não porque falte o que fazer. Também são poucos os operários, não porque falte gente e nem mesmo porque poucos queiram. O que falta é gente no serviço. Em outras palavras: falta “contratar”, ir ao encontro, informar, anunciar, ensinar, despertar, mostrar o campo de trabalho ou a missão, conscientizar, convidar, chamar... e os operários poderão ser muitos! Diferentes e vários carismas, serviços e ministérios são necessários na Igreja, que precisa deles para si mesma e para cumprir sua missão, que é evangelizar. Em outras
palavras, urge convidar ou chamar muitas pessoas - todas as pessoas - para, no seu diálogo pessoal com Cristo, perceberem os apelos - que são tantos! - para uma participação mais ativa, para uma prestação de serviço mais concreta, para um verdadeiro compromisso de fé e de amor com o Reino. Configurados com Cristo pelo batismo, tornamo-nos também identificados com sua missão. Ele “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida” (cf. Mc 10,45); veio para “evangelizar os pobres e primidos” (cf. Lc 4,18-19). Logo, o cristão não fica apenas na torcida: “entra em campo e participa da jogada ou da luta”, como quem doa a própria vida. O Batismo nos tira da margem, do isolamento, do fechamento so-
Palavra do Papa
Bento XVI
Parábolas Evangélicas As parábolas evangélicas são breves narrações que Jesus utiliza para anunciar os mistérios do Reino dos céus. Utilizando imagens e situações da vida quotidiana, o Senhor deseja indicar-nos o verdadeiro fundamento de todas as coisas. Ele mostra-nos... o Deus que age, que entra na nossa vida e quer guiar-nos pela mão. Com este tipo de discursos, o Mestre divino convida a reconhecer antes de tudo a primazia de Deus Pai: onde Ele não está, nada pode ser bom. Trata-se de uma prioridade decisiva para tudo. Reino dos céus significa, precisamente, senhorio de Deus, e isto quer dizer que a sua vontade deve ser assumida como o critério-guia da nossa existência. O tema contido no Evangelho deste domingo é precisamente o Reino dos céus. O “céu” não deve ser entendido unicamente no sentido da altura que nos ultrapassa, porque tal espaço infinito possui também a forma da interioridade do homem. Jesus compara o Reino dos céus com um campo de trigo, para nos levar a compreender que dentro de nós foi semeado algo de pequeno e escondido que, no entanto, possui uma força vital insuprimível. Não obstante todos os obstáculos, a semente desen-
volver-se-á e o fruto amadurecerá. Este fruto só será bom, se o terreno da vida for cultivado em conformidade com a vontade divina. Por isso, na parábola do trigo bom e do joio (cf. Mt 13, 24-30), Jesus admoesta-nos que, depois da sementeira realizada pelo dono, “enquanto todos dormiam”, interveio “o Inimigo”, que semeou a erva daninha. Isto significa que devemos estar prontos para conservar a graça recebida desde o dia do Batismo, continuando a alimentar a fé no Senhor, a qual impede que o mal ganhe raízes. Santo Agostinho, comentando esta parábola, observa que “muitos, primeiro são joio, erva daninha, e depois tornam-se trigo bom”, e acrescenta: “Se eles, quando maus, não fossem tolerados com paciência, não chegariam à mudança louvável”.
“
Reconhecer antes de tudo a primazia de Deus Pai: onde Ele não está, nada pode ser bom ”.
bre nós mesmos, da auto-suficiência. Ele nos inclui; põe-nos em comunhão com a Trindade; torna-nos templos do Espírito (cf. 1Cor 6,19), filhos e filhas adotivas do Pai (cf. Gl 4,5s), irmãos e irmãs de Cristo e seus coerdeiros, vivendo intimamente de sua vida e destinados a partilhar sua glória (cf. Rm 8,2.9.17.30; Ef 2,6). Não basta, porém, que Deus faça tudo isso em nosso favor. É necessário que nós nos demos conta disso e que correspondamos devidamente. Criando-nos à sua imagem e semelhança, Deus nos fez inteligentes, livres e capazes de amar. Cabe-nos aderir a Ele, reconhecer-lhe o Amor, iniciar um processo de conversão que nos leve a fazer, por nossa vez, em espírito de ação de graças - de gratidão! - uma
doação integral de nós mesmos ao Pai, em Cristo, na força do Espírito. Doação que há de traduzir-se em serviço, aos irmãos e às irmãs. Quem chega a essa consciência, um dia perguntará: “Senhor, o que queres que eu faça? Como me queres em tua Igreja? Que serviço devo prestar ao mundo? Como poderei melhor dar vazão ao Amor transbordante que derramaste em meu coração quando fui batizado?” Esse diálogo vocacional entre a pessoa humana e Deus, se mantido na fidelidade, haverá de se concretizar em vida cristã autêntica, segundo uma das vocações específicas: vida laical (solteiros e casados), vida consagrada, ministério ordenado (diáconos, padres e bispos) e vocação missionária “ad gentes”.
“
Como poderei melhor dar vazão ao Amor transbordante que derramaste em meu coração, quando fui batizado?”.
Reflexão
Padre Aloísio - bem-aventurança na perseguição “Os campos de concentração permanecerão para sempre como os símbolos terríveis do inferno sobre a terra. Neles se realizou o máximo de mal que um homem é capaz de fazer a um outro homem” (João Paulo II). E foi no campo de concentração de Dachau, Alemanha, que o Pe. Aloísio, beatificado no dia 13 de junho de 2011 na catedral de Dresden, viveu a maior parte de seu sacerdócio. Pe. Aloísio Andritzki foi vítima e mártir do nazismo alemão durante a Guerra mundial de 1939 a 1945. Seu crime: ser sacerdote católico. Nasceu em 2 de julho de 1914 (início da primeira Grande Guerra), em Radibor, Alemanha. De origem sérvia, seu pai, João, era professor, organista e maestro, e sua mãe Madalena, do lar. Seis filhos: 4 homens e 2 mulheres: João, Geraldo e Aloísio - ordenados padres e um, Afonso, irmão jesuíta. Suas irmãs: Marta e Maria, professoras e organistas. De 1934 a 1938, Aloísio estudou Filosofia e Teologia na Universidade de Paderborn. Em 19381939 foi interno no seminário arquidiocesano e ordenado padre em 30 de julho de 1939. Recebeu o encargo da pastoral com os jovens, capelão da Catedral e regente do Coral de Meninos Cantores. Humilde, simples, sempre disponível a ajudar o próximo. Percebendo o mal do regime de Hitler, publi-
Jornal da Arquidiocese de Florianópolis Rua Esteves Júnior, 447 - Centro - Florianópolis Cep 88015-130 - Fone/Fax (48) 3224-4799 E-mail: jornal@arquifln.org.br - Site: www.arquifln.org.br 24 mil exemplares mensais
camente alertava os jovens. Criativo, encenou uma peça teatral em que criticava o regime. Foi levado pela polícia, em janeiro de 1941, e falou para os jovens: “Isto é apenas o começo”. Tornara-se perigoso ao nazismo devido à sua fé e ministério sacerdotal. Após 6 meses na prisão política de Dresden, ao invés de ser libertado, em 02 de outubro de 1941 um trem o levou para o Campo de Concentração de Dachau. Seu pai João apelou para que fosse libertado, pois já tinha cumprido os 6 meses de condenação, mas a resposta foi ‘não’, pois era considerado um perigoso inimigo do Estado. Seu número de prisioneiro: 27.829
A bem-aventurança na perseguição Sua alegria e perseverança na fé eram um bálsamo para os que estavam no campo de concentração: “No terror no qual todos viviam em Dachau, quem o via pela manhã permanecia repleto de alegria durante o dia todo”, depôs uma testemunha. O Campo de Dachau, na Baviera, era considerado de “Campo dos Padres”: entre 1933 e 1945 ali estiveram presos 2.700 religiosos católicos, dos quais mais de mil foram mortos. Um companheiro de prisão anotou um conselho que ele gostava de repetir: “Se o Senhor aparentemente afastou de nós sua face, e por assim
dizer somos jogados por terra, não deixemos enfraquecer nossa confiança no amor de nosso Pai celeste. Se por agora não podemos ser o semeador, procuremos ao menos ser a semente, para produzir abundantes frutos no tempo da colheita”. Também animava os companheiros com estas palavras: “Jamais nos lamentaremos. Não abandonaremos nosso equilíbrio pessoal. Nem por um átimo esqueceremos de nosso sacerdócio”. Após o Natal de 1942, foi atingido pelo tifo e transferido para a ala hospitalar. Com a saúde debilitada, pediu ao soldado de guarda para receber a Sagrada Comunhão. O guarda respondeu: “Você quer Cristo? Você receberá uma injeção”. De fato, Pe. Aloísio foi assassinado em 3 de fevereiro de 1943. A causa da morte, segundo os informes da Gestapo, foi o tifo abdominal, mas na verdade, depois de terse recuperado na enfermaria, lhe deram uma injeção letal. Seu corpo foi esquartejado e depois incinerado no forno crematório. Em 15 de abril entregaram as cinzas à família, cinzas hoje depositadas na Catedral de Dresden. Pe. Aloísio viveu menos de 29 anos, dos quais 4 como padre. Na alegria, fidelidade e heroísmo, sua vida e martírio dão testemunho da generosa grandeza do sacerdócio católico. Pe. José Artulino Besen
Diretor: Pe. Ney Brasil Pereira - Conselho Editorial: Pe. João Francisco Salm, Pe. José Artulino Besen, Pe. Vitor Galdino Feller, Ir. Marlene Bertoldi, Leda Cassol Vendrúscolo, Maria Antônia Carsten, Maria Glória da Silva Luz, Daniel Casas, Carlos Martendal - Jornalista Responsável: Zulmar Faustino - SC 01224 JP - (48) 84056578 - Coor. de Publicidade: Pe. Pedro José Koehler - Revisão: Pe. Ney Brasil Pereira - Editoração e Fotos: Zulmar Faustino - Distribuição: Juarez João Pereira - Impressão: Diário Catarinense
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Garopaba realiza Semana Vocacional Padres, diácono e religiosas auxiliaram nas visitas às 21 comunidades da paróquia Divulgação/JA
A paróquia São Joaquim, em Garopaba, realizou, nos dias 16 a 23 de julho, a Semana Vocacional Missionária. Com o tema “Por uma Paróquia Missionária”, o município viveu uma semana muito intensa de visitas às famílias, atividades com crianças, jovens e a comunidade em geral. As visitas contaram com o auxílio de padres, diácono, religiosas e leigos da própria paróquia, que visitaram as 20 comunidades da paróquia. Em cada uma delas houve celebrações presididas pelos missionários: Pe. Vânio da Silva, Pe. Valdeci Cardoso Vieira, Pe. Elizandro Scarsi, Pe. José Luiz de Souza, Pe. Valdir Staehelin, Pe. José Henrique Gazaniga e Pe. Pedro Schlichting. A missão ainda contou com a presença do diácono Osni Pedro Jasper e de 21 religiosas de seis congregações. Todos foram recebidos e contaram com o envolvimento das famílias na acolhida, nas visitas, bem como em todo o processo da Semana Vocacional. Além da atividade na paróquia,
Ministros da Comunhão A Comarca do Estreito programou para o dia 20 de agosto, sábado, um Encontro de Preparação para Novos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão - MESC. Esta será a primeira de cinco etapas. As seguintes serão nos dias 27 de agosto, 17 e 24 de setembro e 08 de outubro, sempre aos sábados, das 14 às 18 horas, e na Paróquia
Missionários participam de encontro na comunidade da Igreja matriz Garopaba enviou 34 Jovens para as Missões Jovens em Angelina, nos dias 16 e17 de julho, e dois Missionários para a Bahia, que entre os dias 15 a 25 de julho realizaram atividade missionária na Paróquia de Mor Pará, na Bahia. Segundo Pe. Alceoni Berkenbrock, pároco de Garopaba, percebe-se que o lema da Semana Vocacional - Por uma Paróquia Missio-
nária - está levando à ação. “Vemos que as sementes plantadas aqui, em todos os terrenos da missão, estão produzindo frutos. Os jovens estão despertando para isso e buscando ir além da paróquia”, disse. Ele informou que a comunidade continua rezando pelas vocações e para que surja em Garopaba uma Casa de uma Fraternidade Religiosa.
Romaria reflete sobre problemas climáticos A Comissão Pastoral da Terra e da Água (CPT) da CNBB – Regional Sul IV (SC), está promovendo, para 11 de setembro, domingo, a 22ª Romaria da Terra e da Água. Convergirá para Irani, no Meio Oeste do Estado, e abordará as “Mudanças Climáticas” e suas conseqüências na linha da CF-2011. A Paróquia São João Batista, em Irani, pertencente à Diocese de Joaçaba, acolherá os romeiros. As atividades começarão às 8h30min, com a procissão acompanhando a tradicional “Cruz de Cedro”, culminando com a Celebração Eucarística e o plantio da cruz. A Romaria será organizada
Vai acontecer...
em forma de tendas, prevendo-se exposições e disponibilidade de serviços para os participantes.
Cada Romaria convida a refletir sobre um tema que esteja ameaçando a vida da terra e de quem nela vive e trabalha. Também esta quer fortalecer o compromisso dos católicos em devesa da vida na terra. O município de Irani foi sede do primeiro combate da Guerra do Contestado, em 22 de outubro de 1912. Lá morreram muitas pessoas, entre as quais, o monge José Maria, líder da revolta popular. O combate foi considerado a primeira vitória dos caboclos na sua luta pela terra. Mais informações com a CPT pelo fone (48) 3234-4766, ou pelo e-mail cptsc@cnbbsul4.org.br.
Santa Rita de Cássia e São José, no Jardim Atlântico. A formação já tem confirmada a assessoria do Diácono João Flávio Vendrúsculo, do Pe. Mário Sérgio S. Baptistim e do Pe. Tarcísio Pedro Vieira. As inscrições estão abertas. Elas podem ser feitas com os coordenadores paroquiais do MESC. Mais informações pelo email dela28@uol.com.br.
Semana Nacional da Família A Pastoral Familiar do Brasil está promovendo, nos dias 14 a 20 de agosto, a Semana Nacional da Família. Neste ao, o tema será: “Família, Pessoa e Sociedade”. Com a Semana Nacional, a Igreja quer, uma vez mais, salientar a importância da família, que, talvez mais que outras instituições, tem sido tão questionada pelas amplas, profundas e rápidas transformações da sociedade e da cultura. Segundo Vilma Acordi Fetter, que com seu esposo, Nestor, coordena a Pastoral Familiar na Arquidiocese, todos somos desafiados a propagar a importante necessidade de se ter e ser família. “A Família sempre será um maravilhoso
Patrimônio da Humanidade, pois ela é fundamentada no Amor, e este sobrevive sempre”, disse. Para dinamizar a Semana, a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, e a Comissão Nacional da Pastoral Familiar, lançaram o subsídio “Hora da Família”. O subsídio, que já está em sua 15ª edição, apresenta reflexão sobre temas familiares e traz sugestões de celebrações e reflexões sobre o Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia do Catequista, Dia do Nascituro, entre outras. O material está disponível nas livrarias católicas da Arquidio-cese.Mais informações pelo fone (48) 3223-0751, ou pelo e-mail vilmafetter@terra.com.br
Legião de Maria comemora 90 anos A data será comemorada no dia 04 de setembro, quando se realizará o XI Encontro Estadual da Legião de Maria. O evento terá como sede o “Centro de Evan-gelização Angelino Rosa” - CEAR, em Governador Celso Ramos. Todos são convidados a participar. A Legião de Maria foi criada
no dia 07 de setembro de 1921, pelo leigo Frank Duff, em Dublin, na Irlanda, dali se espalhando pelo mundo. Na Arquidiocese, a Legião está presente desde 1958. Mais informações com Helena Pereira de Miranda pelo fone (48) 32441970/9912-4027, ou pelo email hpm_12@hotmail.com
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Tema do Mês
OS TRÊS MÚNUS DO PRESBÍTERO É comum estabelecer-se uma relação especial entre o sacerdócio de Cristo e o dos presbíteros, chamados também de padres ou sacerdotes. De fato, a vida e o ministério dos padres são como um prolongamento do sacerdócio de Cristo e de sua missão salvífica. Há um nexo místico e jurídico entre o sumo sacerdote Jesus Cristo e os sacerdotes-padres. Daí a necessidade de os cristãos católicos orarem por eles e colaborarem com seu ministério. Os padres são humanos, como to-
SACERDÓCIO UNIVERSAL “Para vós sou bispo; convosco sou cristão. O primeiro é um perigo; o segundo, salvação” (Santo Agostinho, 354-430) Foto/JA
Em agosto comemoramos na Igreja do Brasil o mês das vocações. É oportunidade para refletir sobre o chamado de todos os fiéis à participação do único sacerdócio de Cristo. Todos na Igreja são sacerdotes (do latim, um dote sagrado, um dom divino). Há duas formas de participação no único sacerdócio de Cristo; mas sempre e só a partir de Cristo. Pelo batismo, todos são sacerdotes; é o sacerdócio batismal, o sacerdócio universal dos fiéis. Pela ordem, alguns são sacerdotes; é o sacerdócio ordenado ou ministerial, próprios dos bispos e padres. O cristianismo não é uma religião do livro, como muitas vezes se declarou, por sua semelhança com as outras duas religiões monoteístas baseadas na revelação de Deus, o judaísmo e o islamismo. O cristianismo é religião de uma pessoa, do Filho de Deus feito homem para nos salvar. De modo análogo dizemos que o cristianismo não é uma religião do culto, como as antigas religiões pagãs, mas de um único sacerdote, Jesus Cristo, o sumo e eterno Sacerdote. No sacerdócio de Cristo se funda todo tipo de sacerdócio exercido na Igreja, povo de sacerdotes (Ap 1,6; 5,10; 20,6), “raça escolhida, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido” (1 Pd 2,9). No único sacerdócio de Cristo, todos na Igreja são sacerdotes, com a missão de oferecer toda a vida como culto agradável a Deus. Na ordem do ser, esse sacerdócio universal é fonte para todo e qualquer carisma e ministério, dom e serviço: todo batizado é inserido no sacerdócio de Cristo. Na ordem do agir, esse sacerdócio se equipara aos outros dois múnus de todo fiel, o da profecia e o da realeza: todo batizado é ungido para ser, como Cristo, sacerdote, profeta e rei.
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dos os outros seres humanos; mas, pela grandeza de sua missão, precisam de graças especiais para serem fiéis à fé, à vocação e ao ministério assumido. Para bem entender a vocação dos padres, é preciso abordá-la em sua dupla relação. Com o único sacerdócio de Cristo, do qual provém, em unidade com o sacerdócio comum dos fiéis. Com o sacerdócio batismal universal dos fiéis, ao qual os ministros ordenados são chamados a servir e animar. Para entender bem isso, três esclarecimentos são necessários. Primeiro, os padres não são só sacerdotes; eles também são profetas e pastores. Ser sacerdote é uma das missões do padre, aquela que o caracteriza mais: homem do culto, oficiante da oração cristã, administrador dos sacramentos, sobretudo os da Eucaristia e da Reconciliação. Fazendo as vezes de Cristo Cabeça da Igreja, ele é presidente da comunidade e, como tal, é presidente da missa, precisamente quando a comunidade se reúne
“
Não só os padres são sacerdotes; pois todos os batizados também o são, ainda que de outra forma”.
para o ato mais sublime, que é celebrar o mistério pascal. Mas ele não é um rezador de missas. O decreto Presbyterorum Ordinis, do Concílio Vaticano II, diz que os padres são ministros da Palavra, da liturgia e da comunidade (n. 13). Além de ser sacerdote, ministro do culto e da liturgia, ele deve exercer o ministério de profeta: pregar a Palavra, explicar o Credo, fortalecer os fiéis na prática dos mandamentos, formar lideranças, chamar a atenção da sociedade sobre os valores do
Evangelho, tomar decisões favoráveis à vida do povo. Ele deve exercer também o ministério de pastor: guiar a comunidade, coordenar a obra pastoral, animar os fiéis no exercício da caridade cristã, servir os pobres. Por isso, o Vaticano II prefere chamá-lo pelo nome bíblico de presbítero, que significa: o mais velho e, por isso, o mais experiente, aquele que está em posição de honra ou destaque, para o serviço do povo.
O SACERDÓCIO DOS FIÉIS Segundo, não só os padres são sacerdotes; pois todos os batizados também o são, ainda que de outra forma. Todos os batizados, por participarem do único sacerdócio de Cristo, constituem o povo sacerdotal. São sacerdotes no seu ser, enquanto são configurados a Cristo, uma vez que são enxertados em seu Corpo, a Igreja, como membros vivos de Cristo. São sacerdotes em seu agir, porque no exercício dos três múnus agem em nome de Cristo
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Caminho, Verdade e Vida. Agem como ministros do Corpo de Cristo, no cotidiano de suas vidas e relações, quando santificam o mundo com os sacramentos da Vida; quando ensinam e praticam a palavra da Verdade; quando animam e servem a comunidade no Caminho da caridade. Por isso, quando chamamos os padres de sacerdotes, não podemos esquecer que o seu sacerdócio é um serviço ao sacerdócio comum dos fiéis. Sobre a relação entre o sacerdócio comum dos batizados e o sacerdócio ministerial dos padres, diz a Lumen Gentium: “O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico ordenam-se um ao outro, embora se diferenciem na essência e não apenas em grau. Pois ambos participam, cada qual a seu modo, do único sacerdócio de Cristo. O sacerdote ministerial, pelo poder sagrado de que goza, forma e rege o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico na pessoa de Cristo e o oferece a Deus em nome de todo o povo. Os fiéis, no entanto, em virtude de seu sacerdócio régio, concorrem na oblação da Eucaristia e o exercem na recepção dos sacramentos, na oração e ação de graças, pelo testemunho de uma vida santa, pela abnegação e pela caridade ativa” (LG 10). Os padres, portanto, são sacerdotes, enquanto servidores do sacerdócio dos fiéis.
A GRANDEZA DO SACERDÓCIO BATISMAL Terceiro, os padres são sacerdotes como e com todos os fiéis; antes e mais que serem sacerdotes pelo sacramento da ordem, eles são sacerdotes pelo sacramento do batismo. Lembramos Santo Agostinho, ao falar da dignidade dos leigos: "Atemoriza-me o que sou para vós; consola-me o que sou convosco. Pois para vós sou bispo; convosco sou cristão. Ser bispo é um dever; ser cristão é uma graça. O primeiro é um perigo; o segundo, salvação". Ser padre sem o povo ou acima do povo é um perigo e risco de condenação! Ser padre com o povo e a serviço do povo, no seguimento de Cristo e a exemplo de Cristo, é salvação: uma graça inefável! Pe. Vitor Galdino Feller Coord. Arquidiocesano de Pastoral, Prof. de Teologia e Diretor do ITESC Email: vitorfeller@arquifln.org.br
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Coroinhas participam de encontro comarcal Cinco comarcas já realizaram os encontros, que buscam congregar os auxiliares do Altar Foto/JA
Mais de 200 coroinhas da Comarca da Ilha estiveram reunidos na manhã do dia 02 de julho para participar do seu encontro comarcal. Realizado no Santuário da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Ingleses, Florianópolis, o encontro contou com a presença de representantes de cinco paróquias da Comarca. O evento teve início às 9h com a acolhida, seguida de saudação às paróquias presentes e da animação do ministério de música do Santuário. Depois, às 11h, foi realizada a Celebração Eucarística, presidida pelo pároco Pe. Mário José Raimondi. Em sua homilia, Pe. Mário falou da importância da atuação dos coroinhas na Igreja. “Comecei a ser coroinha aos sete anos de idade e auxiliei no altar até os 16 anos. Então, fui convidado para entrar no Seminário. Sei o quanto esse trabalho é importante para a Igreja e o quanto ele contribuiu para o meu despertar vocacional”, motivou. Ainda durante a celebração, todos os/as jovens e adolescentes foram convidados a fazer uma doação de R$ 1,00. O dinheiro foi encaminhado aos seminários, para ajudar na formação dos se-
Curso de Bíblia para Leigos no ITESC
Encontros com os coroinhas servem como um chamado vocacional minaristas da Arquidiocese. Todos contribuíram.
Despertar vocacional Depois foram convidados a subir ao altar aqueles que sentiam o chamado vocacional. Surpresa para a Irmã Clea Fuck, coordenadora Arquidiocesana da Pastoral dos Coroinhas, foi o grande número de meninos e meninas que atenderam o chamado. Ela pediu que os coordenadores paroquiais fizessem o acompanhamento deles para auxiliá-los no discernimento vocacional. Para Irmã Clea o encontro foi
VOCAÇÕES FEMININAS A Pastoral dos Coroinhas estará promovendo no dia 27 de agosto, o Encontro Vocacional com as adolescentes e jovens, coroinhas e outras. Realizado pelo terceiro ano consecutivo, o evento mais uma vez terá como sede o Provincialado das Irmãs da Divina Providência, em Florianópolis. O evento tem como objetivo apresentar às jovens a vocação religiosa feminina. Em 2009, o evento foi realizado no dia oito de novembro,
Vai acontecer...
e reuniu 25 participantes. Já em 2010, a participação foi ampliada para 60 participantes e realizada no dia 21 de agosto. “O interesse despertado nas duas primeiras edições nos motiva a continuar realizando esse evento que busca motivas as jovens conhecer um pouco da vocação religiosa”, disse Irmã Cléa. Mais informações pelos fones (48) 3263-0979 e 99863339, ou pelo e-mail: ir.clea@gmail.com.
ótimo. “Muito bem organizado, tivemos o apoio total do pároco, que até nos ajudou na organização, e um bom número de animados coroinhas, apesar do reduzido número de paróquias participantes”, disse.
Próximos encontros Esta foi uma das cinco comarcas da Arquidiocese a realizar o encontro com os coroinhas. Antes, o encontro já foi realizado com as Comarcas de Itajaí e Santo Amaro, em Angelina; e de Biguaçu, em Azambuja. Depois foi a Comarca de Brusque, no dia 09 de julho, na Comunidade Zantão, da Paróquia de Águas Claras. No dia 03 de setembro, será a vez da Comarca do Estreito. O evento será realizado em Azambuja. Os coroinhas da Comarca de Tijucas também se reunirão em Azambuja, no dia 10 de setembro. A Comarca de São José vai realizar o seu encontro igualmente em Azambuja, mas em duas datas: as paróquias de Garopaba, Paulo Lopes, Enseada, Palhoça e Aririú fá-lo-ão no dia 08 de outubro, e as demais paróquias da Comarca, no dia 22 de outubro. Mais fotos no site da Arquidiocese: www.arquifln. org.br - clicar em “Álbum de fotos”.
O Instituto Teológico de Santa Catarina, ITESC, ainda está recebendo inscrições para os interessados em participar dos cursos especiais de aprofundamento bíblico. As aulas iniciam no dia 02 de agosto, mas ainda serão aceitas matrículas na semana seguinte. Os cursos abordarão o Livro do Êxodo, especialmente Ex 15-18 (tema do mês da Bíblia/ 2011), e Apocalíptica e Apocalipse. As aulas serão sempre às terças-feiras, das 19h30 às 21h45, na sede do ITESC (Rua Dep. Antônio Edu Vieira, 1524 Pantanal, Florianópolis), ministradas pelos professores do Instituto. Já o curso “A Palavra de Deus no Antigo e Novo Testamento”, terá início no dia 17 de agosto, quarta, e será realizado no auditório da Catedral
Metropolitana, no Centro de Florianópolis. As aulas, sempre na quarta-feira, a partir do dia 17, das 19h às 22h., serão ministradas pelo professor Pe. Dr. Luis Inácio Stadelmann, SJ. Atualmente o ITESC oferece cinco cursos de formação para lideranças leigas. Neste ano, 160 participantes dos cursos, que são realizados sempre às segunda-feira, das 19h30 às 22h, na sede do Instituto. Mais informações com Crislaine na recepção do ITESC ou pelo fone (48) 3234-0400, recepcionista@itesc.org.br. Ou com Janaína, na Catedral, pelo fone 3224-3357, ou pelo e-mail secretaria@catedral florianopolis.org.br. Ou ainda com o Professor Celso Loraschi, coordenador dos cursos, pelo e-mail loraschi@ itesc.org.br.
Palestras para a família O Colégio Santa Catarina está convidando para uma palestra no dia 09 de agosto, terça, às 19h, com o tema: “Combatendo o bullying e outras formas de violência: tarefa de todos”. O evento será realizado no auditório do colégio, localizado na rua Frei Evaristo, 91, no centro de Florianópolis. Ele faz parte do ciclo de palestras “Família, Educação e Sustentabilidade – um olhar sobre as relações”, que o Colégio vem promovendo no decor-
rer do ano. Já foram realizadas quatro palestras. As próximas serão, sempre às terças: no dia 13 de setembro, com o tema “Psicopatologia infantil: por uma personalidade saudável”; dia 11 de outubro, “Distúrbios de aprendizagem: será que meu filho tem?”; e no dia 08 de novembro, “Drogas e Sexualidade na adolescência: mitos e verdades”. Mais informações pelo fone (48) 3222-0663 ou pelo site www.csc.g12.br.
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Bíblia
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Jornal da Arquidiocese
Conhecendo o livro dos Salmos (40)
Salmo 55 (54): Tu também, meu amigo?
Ó Deus, escuta! 2. Ó Deus, escuta a minha oração, / não te feches à minha súplica; 3a. Dá-me atenção e responde-me! / Antes de tudo, o salmista anseia pela resposta de Deus, que lhe parece estar demorando demais. Inclusive, indiretamente acusa-o de estar como que surdo, omisso e desatento a seus sofrimentos. Por isso, os quatro imperativos em paralelismo, acentuando o pedido para que Deus “não se feche” (v.2) à sua oração.
Motivo da angústia 3b. Estou angustiado na minha tristeza / e me perturba 4. o grito do inimigo, a opressão do malvado./ Pois sobre mim fazem cair desgraças,/ e me atacam com furor. O orante começa olhando para seu interior, mas logo o interrompem vozes externas. Revela-se um conflito aberto e assustador entre um grupo de pessoas e o salmista. Ele as chama de “inimigo” e “malvado” (v.4), mas não se trata de apenas um, pois logo a seguir são “eles”, os que “me atacam com furor” (v.4), os que o salmista pede que “sejam dispersados” (v.10), “desçam vivos ao Abismo” (v.16), “precipitados no fundo da fossa” (v.24).
Divulgação/JA
O salmo começa como uma súplica intensa, expressa em quatro curtos imperativos, que pedem a atenção e a resposta imediata de Deus. A descrição do sofrimento pelo qual passa o orante é detalhada, passando da angústia interior para as ameaças externas. Tudo culmina, de certo modo, na queixa dolorosa contra o amigo que o trai (vv. 13-15), passagem que lembra, numa leitura cristológica, a traição de Judas ao Mestre. Aliás, vários outros detalhes lembram os passos da Paixão do Senhor, como a agonia no jardim das Oliveiras (vv. 5-9). Em vez de promessa de ação de graças, como na parte final do Sl 22(21), faz-se ouvir aqui no fim uma exortação (v. 23), à qual o orante responde, depois de violenta imprecação, com um conciso ato de confiança (v. 24).
5. Meu coração se contorce em meu peito / e terrores mortais se abatem sobre mim. 6. Medo e pavor me invadem / perturba-me o horror. Dois versículos lancinantes, expressando sentidamente a perturbação do salmista. Impossível
16. Que a Morte caia sobre eles, / que desçam vivos ao Abismo, / pois a Maldade mora com eles. Como uma erupção vulcânica, explode a imprecação contra os causantes desses males. Mesmo indiretamente dirigindo-se a Deus, o salmista confia a repressão a dois poderes maléficos, os mesmos que agiram contra os rebeldes liderados por Coré no deserto: a Morte e o Abismo (cf Nm 16,3-31). Que a Morte, de fora e de cima, se lance sobre eles e que, de baixo, o Abismo os trague, porque “com eles mora a Maldade”.
O Senhor me salva rezá-los sem lembrar-nos do “medo e pavor” sofridos pelo Senhor Jesus ao aproximar-se a sua Paixão: “Começou a entristecer-se e angustiar-se. E disse aos discípulos: A minha alma está triste até a morte...” (Mt 26,37-38). Quanto ao “coração contorcendo-se no peito” (v.5), é a mesma sensação que Oseias atribui a Deus, expressando a aflição de um pai que deveria castigar seu filho (cf Os 11,8), mas que “não pode” fazê-lo, exatamente porque é Pai.
Se eu tivesse asas 7. E eu disse: “Ah, se tivesse asas como a pomba / para voar em busca de repouso! 8. Fugiria para longe, / iria morar no deserto, 9. Buscaria um lugar de refúgio, / protegido da fúria do vento, do furacão”. O medo incita à fuga, ou paralisa. O medo, neste caso, mobiliza a imaginação, encontrando a escapatória da fuga pelo ar, como pomba pacífica e inofensiva, cuja única defesa é um par de asas... (v. 7). De resto, o “repouso no deserto” (v.8) é paradoxal, pois o deserto é, em si, inabitável. Quanto à tentação da fuga, até um “gigante” como Elias, a ela sucumbiu (1Rs 19,3). Os mártires, porém, de ontem e de hoje, sustentados pela graça do Senhor, não têm fugido, embora humanamente sentindo o medo e a angústia.
Dispersa-os, Senhor! Medo e pavor
Morte e Abismo
10. Dispersa-os, Senhor, / confunde suas línguas!/ Vejo na cidade Violência e Discórdia, que 11. dia e noite circulam sobre seus muros./ Dentro há Iniqüidade e Tormento, 12. Insídias reinam no seu interior / e não cessam em suas ruas a Opressão e a Fraude.
De repente, o salmista faz uma imprecação: pede que Deus disperse seus inimigos, quem sabe acusadores, e “confunda suas línguas”, à semelhança do que fez em Babel contra os que se uniam para construir “uma torre que chegasse até o céu” (cf Gn 11,4). A seguir, descreve a cidade onde se encontra, provavelmente Jerusalém, a “cidade da paz” (cf Sl 122/ 121,6-8), deformada como antro de violência. A imaginação poética do autor perpassa as muralhas, o interior, as ruas da cidade, identificando nela sete (número da totalidade!), sete personagens sinistras: Violência e Discórdia, circulando sobre os muros como sentinelas (v.11); Iniquidade, Tormento e Insídias, no seu interior; finalmente, Opressão e Fraude, nas ruas (v.12).
Mas tu, meu amigo! 13. Fosse um inimigo que me insultasse, eu agüentaria; / fosse um adversário que se levantasse contra mim, dele me esconderia. 14. Mas tu, meu companheiro, / meu amigo e confidente!... 15. Uma doce amizade nos unia, / na casa de Deus caminhávamos alegres! Nesse ambiente ameaçador, é particularmente dolorosa a traição do amigo íntimo, pior ainda que um inimigo que insultasse ou um adversário que viesse atacar (v.13). Sua traição saqueia nossa intimidade, fere o mais valioso de nossa personalidade, a amizade, o amor. Por isso mesmo, os quatro evangelistas focalizam dolorosamente a identificação de Judas como o traidor, na última Ceia. Entre os quatro, João, o discípulo amado, faz questão de mencionar a “convulsão interior” de Jesus nesse momento (Jo 13,21).
17. Eu, porém, invoco a Deus, e o Senhor me salva. 18. De tarde, de manhã e ao meio dia, lamento-me e suspiro, / para que escute a minha voz. 19. Com a tua paz, livra-me dos que me combatem, / pois são muitos contra mim! Agora, o salmista retorna sobre si, contrapondo a sua atividade pacífica à dos malvados. É como se dissesse: eu me furto às discórdias, não recorro à violência, “invoco o Senhor para que me salve” (v.17)... e, se pedi a destruição dos malvados, foi em vista da salvação do inocente. Quanto aos três momentos diários da oração (v. 18), expressando sua continuidade, encontramolos em Daniel 6,11. Santo Agostinho comenta-os cristologicamente: “À tarde, o Senhor na cruz; pela manhã, na ressurreição; e, ao meio dia, na ascensão”. No v. 19, a surpresa paradoxal da paz, o shalôm, no meio de tanta angústia. É a paz de Deus, que o salmista pede se torne realidade na sua própria vida: “paz na terra, a seus bem amados” (cf Lc 2,14).
que é o “princípio da Sabedoria” (Pv 9,10). Porque não temem a Deus, transgridem pactos e alianças e neles não se pode confiar, pois sempre mentem e traem, “por mais macia que seja sua boca” e “por mais fluidas que sejam as suas palavras”, “afiadas como espadas” (v.22)
Entrega teus cuidados! 23. “Entrega ao Senhor os teus cuidados / e Ele te sustentará, / pois jamais permitirá que vacile o justo!” De repente, um oráculo faz-se ouvir: oráculo litúrgico, pronunciado por um sacerdote ou profeta do culto, ou locução interior, que o orante escuta no coração e verbaliza para nós. O fato é que temos aí um versículo fundamental, retomado na primeira carta de Pedro (1Pd 5,7) e, já antes, no sermão da Montanha: “Não vivais preocupados... pois o Pai sabe que precisais de tudo isso” (cf Mt 6,2534). Aliás, também o Sl 37,5 e Pr 16,3 nos dizem algo semelhante.
Em ti confio! 24. Sim, ó Deus, os precipitarás na fossa profunda: / esses homens sanguinários e traidores não chegarão à metade dos seus dias. / Mas eu, em ti confio. Como que reanimado pela certeza da proteção divina, o salmista resume tudo com o conhecido triângulo Tu-eles-Eu: “Tu os precipitarás” (cf v. 16), Eles, esses homens sanguinários (cf vv. 10-12 e 20-22), Eu, “em Ti confio”. Escusado é lembrar que, por mais “humana” que seja a imprecação contra os inimigos, Jesus não a assumiu,mas transformou-a em perdão: “Pai, perdoai-lhes, não sabem o que fazem!” (Lc 23,34) Pe. Ney Brasil Pereira Professor de Exegese Bíblica no Instituto Teológico de SC - ITESC email: ney.brasil@itesc.org.br
Deus os humilhe 20. Deus me escute e os humilhe, / Ele, que domina para sempre./ Pois para eles não há emenda, / eles não têm temor a Deus. 21. Cada qual estende a mão contra o aliado, / violando a aliança. 22. Mais macia que a manteiga é sua boca, / mas no coração eles têm a guerra; / mais fluidas que o óleo são suas palavras, / mas são espadas afiadas. A intervenção divina, suplicada pelo salmista, é para que Deus “humilhe” os adversários contumazes, incapazes de “emendar-se”, porque neles não há “temor de Deus” (v.20),
Para refletir: 1) Qual é o motivo da angústia do salmista? E como exprime seu medo? 2) A que leva o medo? É sempre à fuga? 3) Em que situação se encontra Jerusalém, a “cidade da paz”? e nossa cidade? 4) Que diz do oráculo do v. 23? 5) Como cristãos e cidadãos, qual a nossa reação em relação aos corruptos em nosso país?
Jornal da Arquidiocese
Juventude 7
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Jovens realizam missão em Angelina Mais de 160 jovens fizeram visitas às casas das 16 comunidades em Angelina e Rancho Queimado Divulgação/JA
A Pastoral da Juventude da Arquidiocese realizou, nos dias 15 a 17 de julho, na paróquia N.Sra. da Imaculada Conceição, em Angelina, a Missão Jovem. Durante os três dias, mais de 160 jovens, de todas as oito comarcas da Arquidiocese, visitaram as casas das 16 comunidades da Paróquia, abrangendo os municípios de Angelina e Rancho Queimado. Esta foi a segunda vez que as missões foram realizadas. A primeira foi em 2007, e aconteceu no município de Antônio Carlos. A experiência missionária havia sido solicitada por Frei José Lino, então pároco de Angelina, e assumida pela Assembleia Arquidiocesana da Pastoral da Juventude em 2009. A paróquia possui 16 comunidades, mas em apenas três há grupos de jovens organizados. Além disso, a presença juvenil nas celebrações é bastante reduzida. O objetivo é que, a partir da realização
Após os três dias de missão, em que visitaram todas as residências dos dois municípios da paróquia, jovens se concentraram na Igreja Matriz da missão, os jovens dos dois municípios se sensibilizem mais pela participação nas atividades da Igreja. As missões iniciaram na noite do dia 15, com a recepção e enFoto/JA
Divididos em equipes, missionários visitaram todas as residências da Paróquia, e foram muito bem recebidos
vio dos missionários. Na manhã seguinte, tiveram início as visitas às casas, empresas, centros de recuperação e espaços públicos. Alguns missionários, sempre em duplas, eram acompanhados por uma pessoa da comunidade. A cada casa visitada, eles se apresentavam, conversavam com a família, faziam a leitura de um texto bíblico, refletiam sobre ele, abençoavam a água, e a aspergiam nos cômodos. Antes de sair para a próxima casa, os missionários convidavam a família para os encontros específicos com os adultos e jovens, e para a celebração de encerramento, programada para a Igreja Matriz da Paróquia na tarde de domingo. Vera Sardá foi uma das pessoas visitadas. Para ela, as visitas missionárias são importantes para trazer os jovens para a Igreja. “Nossa paróquia tem muitos adultos e idosos. Os jovens quase não parti-
Arquidiocese estará na Jornada Mundial da Juventude
Juventude em ação
sentada no evento. Segundo Guilherme Pontes, seminarista de filosofia e delegado arquidiocesano da JMJ, estaremos representados por cerca de 50 jovens no evento. “A Jornada ganhou notoriedade no Brasil especialmente pelo anúncio de que sediaremos a próxima edição em 2013”, disse. Mais informações no site www.madrid11.com
O Setor Juventude da Arquidiocese vai realizar no dia 28 de agosto, domingo, a Jornada Arquidiocesana da Juventude. Será no “Centro de Evangelização Angelino Rosa”, - CEAR, em Governador Celso Ramos. Tema do evento: “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé” (Cl 2,7), o mesmo da Jornada Mundial da Juventude, prevista para Madrid, na
Milhares de jovens de todo o mundo estarão reunidos nos dias 16 a 21 de agosto em Madri, Espanha, para participar do encontro com o Papa. Trata-se da Jornada Mundial da Juventude - JMJ, que é realizada desde 1986, e repetida a cada dois anos. Nesta edição, o evento terá como tema “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé” (São Paulo). A Arquidiocese estará repre-
cipam das celebrações. Quem sabe, com a missão, vão despertar”, disse.
O rosto jovem da Igreja A casa de Bernadete P. Locks foi outra a acolher os missionários. Segundo ela, não é comum acontecerem visitas missionárias da Igreja. Lembra-se apenas de uma visita anterior. “Isso é muito bom. Ainda mais quando feita pelos jovens. Mostra o futuro da nossa Igreja”, disse. Para o Pe. Frei Rafael Spricigo, OFM, pároco de Angelina, a missão foi muito importante para mostrar o rosto jovem da Igreja e que, para participar das atividades religiosas, não é preciso deixar de ser jovem. “Acreditamos que a missão animará os jovens da paróquia”, disse o frei.Segundo ele, durante as visitas missionárias foi feito um levantamento da situação dos paroquianos. “Através dos da-
dos, poderemos promover ações para suprir as carências identificadas”, disse Frei Spricigo. Segundo João Sartori, coordenador da Missões Jovens, o trabalho teve um grande significado na vida de cada comunidade visitada. Sentimos isso desde a pré-missão até a realização das missões, tendo sido acolhidos com muito carinho e entusiasmo”, disse. Para ele, o objetivo foi semear nos jovens da Paróquia o desejo de se reunir em grupo, inserindoos numa caminhada de conjunto. “Em muitas comunidades isso se tornará realidade, com a formação de grupos de jovens”, avaliou. “Acredito que em breve colheremos frutos do que plantamos nessa missão”, profetizou. Mais fotos no site da arquidiocese: www.arquifln.org.br, clicar em “Álbum de Fotos”.
Jornada Arquidiocesana da Juventude Espanha, na semana de 16 a 21 de agosto. O objetivo da Jornada Arquidiocesana é proporcionar aos jovens a possibilidade de se encontrarem para celebrar a vida e a fé, e um espaço onde possam manifestar seus anseios. “É também nosso objetivo, promover a comunhão entre os vários segmentos juvenis de nossa Arquidiocese, em vista da conso-
lidação do Setor Juventude”, disse Pe. Josemar Silva, referencial do Setor na Arqui-diocese. Solicita-se que os participantes confirmem presença, se possível, até o dia 23 de agosto, pelo fone (47) 3365-1884, ou pelo email pejossilva@hotmail.com. No local haverá venda de lanches e bebidas, mas se alguém preferir poderá trazer o seu almoço com a possibilidade de partilhá-lo.
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Geral
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Jornal da Arquidiocese
Santa Paulina inaugura Casa das Graças Espaço reunirá os ex-votos de graças alcançadas pelos peregrinos que visitam o Santuário Foto JA
Nos dias 9 e 10/07, o Santuário Santa Paulina realizou a festa anual da sua padroeira. Milhares de fiéis de todo o Estado, do Brasil e de outros países participaram do evento, que marcou os 69 anos de seu falecimento. Durante o evento comemorativo, foi realizada a inauguração da Casa das Graças. Construída na Praça da Glorificação, dentro do complexo do Santuário, o espaço é destinado a guardar e deixar em exposição os ex-votos por graças alcançadas. A cerimônia foi presidida por Dom João Alves dos Santos, bispo de Paranaguá, PR, estando presente a Irmã Anna Tomelin, superiora geral da Irmãzinhas da Imaculada Conceição, congregação criada pela Santa. Paulina e que mantém o santuário, e pela Irmã Adelina da Cunha, diretora do Santuário. Durante a solenidade, Irmã Adelina, Diretora do Santuário, fez os agradecimentos a todas as pessoas que contribuíram para a realização da obra. Na sequência, tomou a palavra Irmã Anna: “É importante darmos graças a Deus por tantos milagres por intercessão de Santa Paulina. E é significativo expressar a gratidão através desses
Celebração festiva do Dia de Santa Paulina lotou o Santuário dos possam acessar espaços do Santuário que antes eram não eram acessíveis a pessoas com deficiência”, disse Irmã Anna. Segundo ela, a obra está sendo realizada pela empresa Tedesco, a mesma que administra idêntico serviço em Balneário Camboriú, e proporcionará renda para o Santuário.
ex-votos. Cabe a nós guardá-los com o carinho merecido”, disse.
Teleférico Está sendo construído junto ao Santuário um Teleférico. Ele liga a Colina Santa Paulina até um espaço próximo ao templo maior. O serviço tem previsão de ser inaugurado em agosto. Com 423 metros de comprimento, o teleférico permitirá aos fiéis ter uma vista privilegiada de todo o Santuário. “Ele também permitirá que to-
contro foi no Centro Comunitário do Rio Tavares, em Florianópolis, em frente à Capela São Luiz Gonzaga (Igreja de Pedra), e contou com a participação de repreFoto JA
Encontro definiu o planejamento das atividades da Pastoral para o ano
O Papa Bento XVI nomeou, no dia 16-07, Dom Severino Clasen ofm como novo bispo de Caçador. Ele foi transferido da Diocese de Araçuaí (MG). A Diocese de Caçador estava vacante desde o dia 24 de novembro de 2010, quando o Papa aceitou a renúncia de Dom Luiz Carlos Eccel, bispo da diocese desde 07 de fevereiro de 1999. Desde a sua renúncia, a Diocese passou a ser administrada por Dom João Oneres Marchiori, bispo emérito de Lages. A posse de Dom Severino está prevista
Mais fotos no site da Arquidiocese: www.arquifln. org.br - clicar em “Álbum de fotos”.
Encontro reúne líderes da Pastoral da Criança A Pastoral da Criança da Arquidiocese realizou, na manhã do dia 02 de julho, sábado, a partir das 9h, um encontro para seus coordenadores paroquiais. O En-
Dom Severino é o novo bispo de Caçador
sentantes de 14 paróquias. Durante o evento. Definiu-se a reprogramação da agenda 2011 e a série de eventos comemorativos ao Dia Estadual da Pastoral da Criança, no dia 25 de agosto, recém aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado - ALESC. Este foi o primeiro encontro da nova coordenação arquidiocesana da Pastoral com os coordenadores(as) paroquiais. Jane Bitencourt Neto é a nova coordenadora, eleita durante a Assembleia Arquidiocesana realizada no dia primeiro de maio, na Casa de Retiros Recanto Champagnat, em Florianópolis. Mais informações sobre a Pastoral da Criança pelo fone (48) 8465-8437 ou pelo e-mail janebitencourtneto@hotmail.com
para o domingo, 04 de setembro.
Biografia Dom Severino Clasen será o 5º Bispo de Caçador. Nasceu em 1954, em Petrolândia (SC). Foi ordenado padre em 1982 e sagrado bispo em 1995. Estudou Filosofia e Teologia em Petrópolis (RJ). Tem pós-graduação em Administração para a Organização do Terceiro Setor na Fundação Getúlio Vargas (FGVSP). Além disso, foi coordenador do Departamento de Santuários da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil e fez parte do Conselho Diretor do Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), do Convento de São Francisco, em São Paulo. Na 49ª Assembleia Geral da CNBB, que ocorreu em maio deste ano, em Aparecida (SP), Dom Severino foi eleito presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, com um mandato de quatro anos.
Ministros da Comunhão participam de retiro Os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão da comarca do Estreito estiveram reunidos nos dias 09 e 10 de julho, para participar do seu II Retiro de Espiritualidade. Realizado na Casa de Retiros Monte Carmelo, em Palhoça, os participantes refletiram sobre o texto “Com os olhos fixos nele”, a partir da Carta aos Hebreus 12, 1-3. O evento reuniu 36 ministros, de oito paróquias da Comarca, assim distribuídos: Paróquia São Judas Tadeu, Barreiros - 06; Paróquia Nossa Senhora do Carmo, Coqueiros - 03; Paróquia São José e Santa Rita de Cássia, Jardim Atlântico, 03; Paróquia São João Batista, Capoeiras - 01; Santuário Nossa Senhora de Fátima, Estrei-
to - 08; Paróquia Nossa Senhora do Rosário - 04; Paróquia da Coloninha – 04, e Paróquia Nossa Senhora da Glória, Balneário - 07. O retiro contou com a orientação do Pe. Carlos Viana, SJ, e com o auxílio de Simone Baranovxky, do grupo de espiritualidade Inaciana. A partir do texto bíblico, os assessores propuseram para os dois dias de oração um convite: “Viver apaixonados por Cristo, comprometidos com a vida”. Para Delamare de Oliveira Filho, Coordenador Comarcal dos MESC, o retiro foi muito importante para a formação continuada dos ministros. “Agradecemos a todos que colaboraram para a realização desse importante evento formativo”, disse.
Jornal da Arquidiocese
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Audiência discute a Defensoria Pública Evento reuniu autoridades que apresentaram argumentos pró e contra a criação do serviço no Estado Foto JA
Conhecendo a vida nos Seminários
Vida de Propedeuta!
Plenário da Alesc ficou lotado de pessoas que participaram da audiência determinações constitucionais, pois atende à população de baixa renda, sem onerar excessivamente o Estado. De acordo com ele, a pesar de ter apenas 3,63% da população do país, Santa Catarina é o terceiro estado que mais possibilita acesso aos serviços judiciários, com um defensor para cada 700 pessoas. “O governo teria que arcar com uma despesa suplementar de cerca de R$ 300 milhões, sendo que o modelo já atende perfeitamente a demanda dos catarinenses”, disse.
Apoio dos bispos Durante a solenidade, Pe. Roque Faverin, presidente da Cáritas Estadual, leu um documento assinado no dia 11 de julho por
todos os bispos da CNBB – Regional Sul IV. No documento, eles apóiam a criação da Defensoria Pública. “Esperamos que a Assembleia vote o quanto antes pela sua criação”, diz o documento. Pe. Ney Brasil Pereira, coordenador arquidiocesano da Pastoral Carcerária e que há 37 anos acompanha o sistema prisional, avaliou que a audiência foi muito positiva, pois proporcionou ouvir os dois lados da questão. Se vamos apenas em uma direção, enxergando apenas um ponto de vista, a gente não chega a verdade. É importante que, dentro do peso dos argumentos prós e contras, se chegue o quanto antes possível a melhor solução para o povo”, ponderou.
O seminário propedêutico é para aqueles que já terminaram o ensino médio e pretendem ingressar no Seminário. Consiste em um ano de preparação para a vida no seminário maior e para a faculdade de filosofia. É um tempo de discernimento vocacional e vivência espiritual muito intensa. Temos uma vida de comunidade envolvente. Além das orações, refeições e aulas, que só são iniciadas com a presença de todos, temos os horários de convivência, esporte e trabalho. Mesmo se descartamos os momentos mais sérios, ainda passamos um bom tempo juntos, pois temos muito em comum. Contudo, nos períodos de oração pessoal, leitura orante, espiritualidade, nos concentramos para ficar a sós com Deus. Acompanha-nos uma excelente orientadora espiritual e podemos contar com nossos formadores, sempre dispostos e disponíveis para uma conversa. A vida
no seminário não é só voltada sobre si. Temos também uma dimensão pastoral muito vigorosa. Estamos dispostos a ajudar em diversos eventos da comunidade, e uma vez a cada quinze dias fazemos uma visita ao asilo. Lá conversamos, cantamos e animamos os internos. Também temos uma dimensão missionária: ajudamos nas missões no Estado e participamos das Santas Missões Populares na Bahia. No propedêutico, tudo tem seu tempo e há tempo para tudo. Seminário não é somente oração. Nós também trabalhamos, estudamos, praticamos esportes. Aprendemos a nos conhecer e a conhecer o outro. Somos jovens como quaisquer outros, apenas buscando um caminho diferente. ENDEREÇO: Rua Manoel Anastácio Pereira, 211, Centro – Camboriú – SC, CEP 88340000 – (47) 3365-1884 - email: jossilva@yahoo.com.br Divulgação/JA
Uma audiência pública, realizada na manhã do dia 12 de julho, na Assembleia Legislativa - Alesc, em Florianópolis, debateu sobre a criação da Defensoria Pública no Estado. O evento reuniu lideranças políticas, autoridades jurídicas e membros da Pastoral Carcerária. O evento foi uma iniciativa da Assembleia. Santa Catarina é o único Estado que não possui Defensoria Pública. Atualmente o Estado adota a chamada defensoria dativa, em que o serviço é prestado através de convênio entre o Estado e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Durante a audiência, parlamentares e autoridades se manifestaram apresentado as suas razões para a criação ou não do serviço. Carmelice Balbinot Pavi, representante do Movimento de Criação da Defensoria Pública, destacou que a mobilização popular existe desde 2004. Mas que criou fôlego no último ano, quando foi realizada uma mobilização popular, que colheu mais de 48 mil assinaturas. “Este tema já foi discutido amplamente em todo o Estado e hoje vivemos um momento histórico na luta por um direito que está sendo sonegado ao cidadão”, disse. Já Paulo Roberto Borba, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, seccional Santa Catarina, defendeu que a defensoria dativa é o que melhor atende às
Ong previne contra o suicídio A Red Sanar é uma instituição criada na Argentina para atender pessoas com problemas de estresse, ansiedade, fobia, tristeza, pânico, depressão, angústia e crises, que podem levar ao suicídio. Ela foi criada por um médico psiquiatra e por um padre. Eles desenvolveram um sistema de atendimento às pessoas que é aplicado por leigos também do Chile e Bolívia. Esse trabalho está chegando ao Brasil.
No dia 20 de agosto, das 14h às 17h, será ministrada uma formação para os interessados em conhecer e se voluntariar para o serviço. O evento será realizado no Educandário Imaculada Conceição, no centro, em Florianópolis. A formação será ministrada por Zenir Gelsleichter, missionária leiga e funcionária da Livraria Paulus, que participou de formação na Argentina. Desde abril deste ano presta atendi-
mento no Educandário Imaculada Conceição, em Florianópolis, mas precisa de mais voluntários para auxiliar no trabalho. A formação é voltada a todos os interessados, mas em especial para líderes da Pastoral da Saúde e dos Enfermos, por estarem mais em contato com o público alvo do serviço. Mais informações no site www. redsanar.org. ou pelo e-mail redsanarbrasil@gmail.com
Seminaristas do Propedêutico com o seu formador, Pe. Josemar
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Ação Social
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Jornal da Arquidiocese
Curso de Gestão para Empreendimentos de Economia Solidária forma lideranças Nove empreendimentos participaram do primeiro momento formativo do projeto FORTEES Divulgação/JA
O Projeto “Fortalecendo Experiências de Economia Solidária” em Santa Catarina (FORTEES), uma parceria entre a Cáritas Brasileira Regional de SC e as Cáritas Diocesanas, na Arquidiocese com a ASA, teve seu primeiro momento de formação no dia 14 de julho, na Paróquia São João Evangelista em Biguaçu. Nove são os empreendimentos atendidos pelo Projeto, mensalmente visitados e recebem orientações da articuladora local. No curso, tiveram a oportunidade de conhecer os outros grupos e a equipe da Cáritas Regional. O curso de gestão terá 04 etapas. Essa primeira etapa buscou caracterizar melhor
Evento identificou os avanços e desafios percebidos na caminhada e apontou indicativos para o futuro
30 lideranças participaram da formação realizada na Paróquia de Biguaçu Divulgação/JA
Produtos de Economia Solidária
a Cáritas Brasileira: forneceu alguns dados sobre a organização da economia no país, e as conseqüências do atual modelo de desenvolvimento e do mercado. Por fim, buscou dar início a um primeiro debate sobre Economia Solidária, a qual será aprofundada ao longo do desenvolvimento do Projeto. Os grupos puderam
apresentar-se e expor seus produtos, além de trocar experiências com outras pessoas. A próxima etapa será nos dias 13 e 14 de outubro. Frente às situações de exclusão e de fortalecimento do modelo excludente do capitalismo, a Economia Solidária apresenta um novo jeito de fazer economia, baseado nos princípios da solidariedade e da justiça, pelos quais a ASA e toda a rede Cáritas Brasileira fazem a opção.
Mulheres em Ação pela Superação Com o objetivo de proporcionar atividades que gerem renda para as famílias atendidas pela Ação Social Neotrentina, em 2009 foi organizado o Grupo “Mulheres em Ação pela Superação”, no
Rede Cáritas de Santa Catarina se prepara para o Congresso Brasileiro
município de Nova Trento. Inicialmente o grupo foi formado por mulheres, mães, sem um trabalho formal, migrantes e que vivem com o salário do companheiro. A participação no grupo constituiu Divulgação/JA
Doraci, Gil e Virgínia complementam a renda com a fabricação de sabão
um espaço de convivência e fortalecimento de vínculos, trazendo ânimo para fazer algo mais. Em 2011 a geração de renda passou de sonho distante para uma grande possibilidade. Do grupo, três mulheres que se dedicavam à produção de sabão assumiram a proposta, e passaram aprimorar a produção e a comercialização.Essa etapa contou o apoio técnico da Epagri. A base para a produção do sabão é o reaproveitamento do óleo de cozinha e o sebo, sendo esses fornecidos pela própria comunidade e o comércio local, através do trabalho de conscientização realizado pela Epagri. O grupo é apoiado pelo Projeto FORTEES, o qual, além da geração de renda para as famílias envolvidas, tem por objetivo maior o resgate da autoestima e o empoderamento das mulheres.
Aconteceu nos dias 20 e 21 de junho em Rio do Oeste, Diocese de Rio do Sul, a Oficina Regional em preparação do Congresso da Cáritas Brasileira. O Encontro partiu do tema central do Congresso: “Desenvolvimento Sustentável Solidário e Territorial (DSS-T): sementes de um projeto popular”. A passagem bíblica da parábola do semeador iluminou boa parte de nossa reflexão: entre tantas sementes caídas pelo caminho, nas pedras e nos espinhos do dia-dia, muitas foram as sementes que caíram em terra boa e produziram frutos. Num rico momento de partilha, pudemos conhecer as várias iniciativas de desenvolvimento solidário e sustentável que estão presentes nas Dioceses, animadas e impulsionadas pela rede Cáritas. São cooperativas de agricultores que trabalham na preservação das sementes crioulas; grupos que buscam alternativas saudáveis e sustentáveis de combate à produção do fumo; cooperativas de mulheres de produção de panificados orgânicos; hortas comunitárias; grupos de geração de renda que produzem de maneira sustentável; fórum do lixo; produção e beneficiamento de frutas e de cana de açúcar de maneira agroecológica. As experiências nos mostram que é possível pensar e efetivar outro modelo de desenvolvimento que respeite as pessoas, o meio ambiente, e acima de tudo valorize as organizações e iniciativas comunitárias, tendo a prática
da solidariedade como valor fundamental para toda a ação. Além de conhecer experiências e debater mais a fundo sobre o tema DSS-T, o Congresso Brasileiro também tem como objetivo avaliar o Planejamento Estratégico 20082011 e apontar novas perspectivas e prioridades de ação para a Rede Cáritas aos próximos 04 anos, e a eleição da nova diretoria da Cáritas Brasileira. Nesse sentido, a rede Cáritas de Santa Catarina fez esse exercício, identificou os avanços e desafios percebidos na caminhada, e apontou indicativos para futuro: política de sustentabilidade, formação de agentes Cáritas; mística e espiritualidade libertadora e política de voluntariado; além de indicar nomes de pessoas para a diretoria nacional. Como parte do processo de preparação, ainda teremos a Oficina Inter Regional Sul (PR/SC/RS), onde serão compartilhadas as oficinas regionais: será nos dias 16 a 18 de agosto, em Florianópolis. Na certeza de que cada vez mais “Nós Somos Cáritas”, a ASA se esforça para contribuir sempre mais com essa caminhada, que acontece desde as ações de base nas Ações Sociais Paroquiais, até a instância nacional. A ASA participará do Congresso Nacional nos dias 09 a 12 de novembro em Passo Fundo / RS, com três delegados: Pe. Mário Sérgio do Nascimento (presidente da ASA), Carla de Oliveira Guimarães e Maria Antonia C. Carsten (assistentes sociais da ASA).
Jornal da Arquidiocese
GBF 11
Agosto 2011
Comarcas promovem encontros dos GBFs Três comarcas reuniram as lideranças dos GBFs para momentos de formação e confraternização Divulgação/JA
No mês de julho foram vividos momentos fortes para a caminhada dos Grupos Bíblicos em Família. Momentos de motivação para a missão dos GBF, focando o compromisso social, a partir dos ensinamentos de Jesus Cristo e de sua Palavra como Profeta do Reino.
“IGREJA NAS CASAS”
Comarca de Itajaí Uma tarde de amor à Palavra de Deus - No último dia 17 de julho aconteceu o Encontro Comarcal que reuniu centenas de pessoas integrantes dos Grupos Bíblicos em Família das várias paróquias. O encontro aconteceu nas dependências da Paróquia N. S. de Lourdes, no Bairro Fazenda. O pároco Pe. Júlio César acolheu a todos, demonstrando sua alegria em receber os grupos numa tarde de oração e fé. Disse que os Grupos Bíblicos são os anunciadores da Boa Nova de Je-
sus e levam a Palavra para as casas, onde tudo começou. Lembrou Maria, a mulher e mãe que esteve presente nos inícios da Igreja. O encontro foi assessorado por Pe. José Rufino, pároco da nova Paróquia de Itaipava. Seu tema versou sobre a Bíblia e sua importância na vida cristã, sobretudo dos católicos, que ainda não adquiriram o hábito de têla nas mãos em todos os momentos. Os Grupos Bíblicos em Família têm a missão de despertar esse amor pela Bíblia nas famílias e comunidades. A Bíblia não pode faltar, porque é a fonte inspiradora de toda oração, reflexão e ação dos grupos. Pe. Rufino comentou sobre a importância do encontro, que proporcionou a oportunidade de seus animadores se abastecerem da Palavra para serem luz na sua missão evangelizadora. Sua palestra trouxe a memória dos profetas e das profetizas que construíram a história da humanidade no Primeiro Testamento. Salientou a presença forte de Jesus entre todos os povos, mes-
Comarca de Santo Amaro No dia 02 de julho, os animadores dos GBF da comarca reuniram-se na igreja de Santa Terezinha, da Vargem Grande, para refletirem sobre a caminhada. A tarde de reflexão foi conduzida pelo Diácono Paulo César Turnes, por Moacir Albuquerque e Maria Glória da Silva, insistindo na importância da formação e multiplicação dos grupos, para vivenciar o projeto de Jesus: “vida em abundância”. Os GBFs são o chão onde a vida acontece, comprometidos com o anúncio do Evangelho. A nossa missão é cuidar bem desse maior dom de Deus que é a vida, é viver cheios de fé e amor, na gratuidade, construindo o Reino numa ação
transformadora da pessoa, da comunidade e da sociedade: “Eis o meu servo, dou-lhe o meu apoio. É o meu escolhido, alegra o meu coração... Eu, o Senhor, te chamei para a justiça...” (cf Is 42, 1-9). Como Profetas do Reino, seguidores (as) de Jesus Cristo e animados pela Palavra de Deus, queremos construir um projeto comum de vida feliz para todos e todas. Finalizamos o encontro com um gostoso café colonial, oferecido pela comunidade que nos acolheu. Maria Glória da Silva Coordenação Arquidiocesana dos Grupos Bíblicos em Família
Programa de rádio dos GBFs
A Paróquia da Fazenda reuniu centenas de lideranças dos Grupos Bíblicos em Família da Comarca de Itajaí mo os não cristãos, que reconhecem a contagem do tempo a partir do seu nascimento: antes de Cristo e depois de Cristo. Marcaram presença os Párocos das diversas Paróquias da Comarca: Padre Antonio, da Paróquia S. Vicente; Pe. Cláudio, da Paróquia Divino Espírito Santo, de Camboriú; Pe. Timóteo, da Paróquia N. Sra. Aparecida, da Vila Real; Pe. José Henrique, da Paróquia São João Batista; bem como os Diáconos Lotar, de Camboriú, e Auri, de Itaipava, que participaram da celebração da Santa Missa.
Destaque foi a presença animadora da nossa Coord. Arquid. Maria Glória da Silva, que motivou a todos para a Caminhada do Tempo Comum, com a apresentação do novo livreto, que traz o tema “Profetas do Reino”. Somos chamados por Deus para construir seu Reino de Amor e de paz. Somos construtores de uma nova sociedade, que precisa ser fundamentada na rocha firme que é a Palavra de Deus. Glória Maria Dal Castel Articuladora para a Comarca
Comarca do Estreito A Paróquia do Jardim Atlântico, comunidade São José e Santa Rita de Cássia, acolheu muitos animadores(as) dos GBFs, vindos das paróquias da comarca, na tarde de 17 de julho. A acolhida foi calorosa por parte da coordenadora paroquial, da coordenação comarcal e do pároco Pe. Sérgio Giacomelli. O encontro foi muito bem animado pelo Marcio Murilo e pelo Donizete. As reflexões da bela tarde de formação foram conduzidas pela Carla Cristiane de O. Guimarães, que apontou os locais da missão de Jesus Cristo e sua opção preferencial pelos pobres como missão dos GBFs. Disse que a missão dos GBFs está fundamentada na Palavra de Deus e nos documentos da Igreja, onde é bem claro que a nossa
evangelização deve acontecer a partir da ação de Jesus ensinada na Palavra, na Liturgia e nos Sacramentos. “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles e aquelas que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e angústias dos discípulos e discípulas de Cristo” (Gaudium Et Spes). Viver a missão de Jesus “é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso eu. É parar de dar voltas ao redor de nós mesmos, como se fôssemos o centro do mundo e da vida. É abrirse aos outros como irmãos, descobri-los, encontrá-los e amálos...” (Dom Hélder Câmara). Coordenação comarcal
No mês de julho foi comemorado um ano do programa “Igreja nas Casas”, dos Grupos Bíblicos em Famílias (GBFs) e Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). O programa vai ao ar todos os sábados, às 16h30min, na Rádio Cultura 1110 AM - “Mais Feliz com Jesus”. Esta bela iniciativa nasceu a partir da conversa de alguns animadores de comunidade, entusiasmados e comprometidos com a divulgação e com a vivência dos GBFs, Volmar de Souza Netto, Diác. Roberto G. Costa, e o Coord. das CEBs Edson Luis Mendes. A ideia foi levada à Coordenadora Arquidiocesana de Pastoral e dos GBFs, e à Equipe de Redação dos Livretos. De imediato a idéia foi aprovada e apoiada. O programa ainda contou com o apoio e cola-boração do Pe. Domingos Nandi e do Prof. Celso Loraschi. Coube a Volmar ser o coordenador e o apresentador do programa. O programa “Igreja nas Casas” tem como finalidade “evangelizar” aprofundando e transmitindo o anúncio da Palavra de Deus, levando as pessoas a participarem em um GBF e ajudandoas a fazer a experiência do encontro com Jesus Cristo. Através de testemunhos, o programa anima e fortalece a vivência dos GBF e das CEBs. A Arquidiocese prepara-se para sediar o próximo Encontro Estadual de CEBs, que será realizado em 2012. O programa “Igreja nas Casas” está motivado para esse evento.
Volmar é o coordenador e o apresentador do programa
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Artigos
Agosto 2011
Jornal da Arquidiocese
C entenário
Padre Aurélio Canzi - A Serviço da Vida Divulgação/JA
Filho de José Canzi e de Catarina Giongo Canzi, Aurélio Ângelo nasceu em Garibaldi, RS em 13 de fevereiro de 1915. Ingressou no Seminário Menor São José, de Santa Maria, RS aos 14 anos e foi ordenado presbítero em Maratá, RS em 17 de dezembro de 1943. Sua vida sacerdotal transcorreu em São Miguel do Oeste, extremo oeste catarinense, cujo nascimento acompanhou e nele teve participação decisiva. Em 5 de fevereiro de 1944 foi instalada a “Igreja Reitorada” de São Miguel Arcanjo, na então Vila Oeste, anexa à Paróquia de Itapiranga, fundação dos jesuítas e colonos alemães gaúchos, e Pe. Aurélio, com menos de 30 anos, foi nomeado vigário paroquial. A capela tinha sido construída pelos colonos em 1943. Com a criação da paróquia São Miguel Arcanjo em 9 de abril de 1950, ele foi nomeado primeiro pároco, permanecendo no ofício até 1977. O Decreto de criação foi assinado pelo Bispo Prelado de Palmas do Paraná, que atendia a todo o Oeste catarinense, Dom Carlos Eduardo Sabóia Bandeira de Mello, OFM. Deve-se fazer uma observação a respeito da situação demográfica do Oeste catarinense: antes das empresas de colonização gaúchas lotearem a região, essa era habitada por índios kaigang e por caboclos, muitos deles fugitivos da guerra do Contestado ou de punições em outros Estados. Para as empresas colonizadoras, a terra era livre, sem moradores. Pe. Aurélio, cujo ideal era trabalhar com os índios, rendeu-se à lógica da ocupação do
munidade de São Miguel do Oeste uniu-se ao pároco na busca de solução para um Colégio que atendesse meninos e rapazes. Quatro anos depois, começava suas atividades o Colégio La Salle Peperi, assumido pelos Irmãos Lassalistas. Bom pastor e guia Já em 1950 iniciaram-se as A chegada à então Vila Oesdiscussões para a construção de te aconteceu em 5 de fevereiro uma nova igreja matriz. Anos de 1944 e quatro dias depois depois, um arquiteto e engeali celebrou a Missa, pela prinheiro paranaense elaborou o meira vez. Na época, havia 17 projeto, grandioso e caro. O prefamílias estabelecidas, ço pareceu absurdo e impossítotalizando 85 moradores, que vel. Foram feitas algumas muenfrentavam uma prolongada danças e o projeto foi apresenPe. Aurélio Canzi: estiagem. “Foi preciso ter coratado ao bispo Diocesano, D. pioneiro da Igreja no Oeste catarinense gem para permanecer aqui”, esWilson Laus Schmidt, que o creveu. E ali desempenhou as aprovou: igreja moderna, com funções de padre, conselheiro, pro- va uma bola de futebol e, no final quatro grandes arcos formando fessor e médico visitando seus pa- da Missa, distribuía 200, 500 réis uma cruz grega. Pe. Danilo Link firoquianos, mesmo em lugares qua- para os que tinham ajudado. cou encarregado de coordenar as se inacessíveis, atendendo-os sob obras da construção. Na época, foi Obras sociais quaisquer circunstâncias e a qualuma das grandes obras do Estado nova igreja matriz quer horário que o chamassem. em volume de material utilizado. Ao lado do atendimento pró- No início da década de 80 a nova Exercendo o papel de médico pela ausência de médicos, estabeleceu prio da vida paroquial, Pe. Aurélio Igreja foi inaugurada, e é o principal a primeira farmácia, receitava remé- preocupou-se em promover a saú- cartão postal de São Miguel do dios que conhecia, internava doen- de e a educação. A educação, pois Oeste. Pe. Aurélio ficou magoado tes na casa paroquial, às vezes em sabia que toda a juventude local por não terem posto o Altar da Cesua própria cama, dormindo então não teria condições de progresso lebração no centro da igreja, conno chão, realizava pequenas cirur- sem freqüentar o ensino primário, forme o projeto original e que seria gias. Era muito requisitado para ginasial e secundário. lógico pelo formato de cruz grega. Em 1950, conseguiu a vinda bênçãos de crianças, doentes, bênO movimento çãos contra gafanhotos, ratos, tem- das Irmãs do Instituto Jesus Maemancipacionista – pestades. Não tinha limites na cari- ria José para a direção do HospiSão Miguel do Oeste tal Sagrado Coração de Jedade para com os pobres. Em 30 de dezembro de 1953, Suas Missas eram breves: de sus. Em um segundo momento 20 a 30 minutos, com sermão e de sua história em São Miguel, em a Assembléia legislativa criou o tudo. Seu grande cuidado era a 06 de fevereiro de 1959 as Irmãs município de São Miguel do Oeste. catequese das crianças. Gostava passaram a atender ao setor edu- Na primeira eleição, em 3 de outude ter um bom grupo de cacional, e iniciaram a construção bro de 1954, Pe. Aurélio Canzi foi coroinhas, para os quais reserva- do Colégio. No ano de 1954, a co- eleito vereador. Sua liderança era solo. Os problemas de justiça para com esses pobres ficaram adormecidos até a década de 1970, quando se tornaram evidentes e surgiu um Pastor que os defendesse, enfrentando calúnias e ameaças: Dom José Gomes (1921-2002).
inconteste. Os políticos se reuniam em sua casa para traçarem programas. O município era sua casa. Como continuavam a chegar levas de imigrantes do Rio Grande do Sul, Pe. Aurélio acompanhou o nascimento de novas comunidades, hoje municípios, como São José do Cedro e Guaraciaba. Guaraciaba, na língua tupi-guarani, significa “Raio de Luz” e foi um nome escolhido pelo próprio Pe. Aurélio.
O final de uma rica existência Em 1976, com apenas 61 anos, se manifestaram com força os sintomas do Mal de Alzheimer: passou a rezar Missa em latim, e lentamente ficou impedido para o ministério. Permaneceu em São Miguel do Oeste e, para celebrar, mandou construir a capela de São Gotardo, bairro da cidade, onde celebrou enquanto pode. Em 24 de abril de 1976, foi empossado como pároco Pe. Alpídio Magrin. Pe. Aurélio Ângelo Canzi faleceu em 7 de junho de 1990, às 6h da manhã, quando tinha 75 anos de idade e uma história que se confundia com a Igreja e a comunidade de São Miguel do Oeste. Por sua vontade, seu jazigo está na Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, por ele construída e onde, a cada dia, dezenas de pessoas vêm rezar. Muitos ex-votos indicam graças alcançadas. Sua memória permanece viva no povo pelo qual deu a vida. Pe. José Artulino Besen (acesse o texto na íntegra no blog: pebesen.wordpress.com)
Ecumenismo A Exortação Apostólica PósSinodal Verbum Domini, do Papa Bento XVI, sobre a Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja, demonstra profunda preocupação com os muitos e graves conflitos no mundo atual (cf. n. 102): “Às vezes, tais hostilidades parecem assumir o aspecto de conflito inter-religioso”. Nesse ponto, o papa é incisivo: “Quero uma vez mais reafirmar que a religião nunca pode justificar a intolerância ou as guerras. Não se pode usar a violência em nome de Deus!” E acrescenta: “Toda religião deve impelir para um uso correto da razão e promover valores éticos que edifiquem a convivência civil”. Neste contexto de divisões e conflitos de toda ordem, os cristãos, com os olhos e o coração voltados para a prática de Jesus de Nazaré, são convocados a abrir caminhos de diálogo e de promoção da paz no mundo. Vale para nós hoje o que Paulo recomendou para a comunidade de Corinto (2Cor 5,17-21). Apesar de todas as nossas faltas,
O Ministério da Reconciliação Deus nos reconciliou consigo através de Jesus Cristo, e nos confiou o “ministério da reconciliação”. Ele aprofunda dizendo que “em nome de Cristo exercemos a função de embaixadores de Deus”. A função de embaixador é representar os interesses de sua pátria em outro país. É defender os direitos dos seus concidadãos que moram em terra estrangeira. Portanto, ao exercer a função de embaixadores de Deus, colocamo-nos ao seu serviço nesta pátria provisória na qual peregrinamos. O serviço de Deus corresponde ao ministério da reconciliação. Deus fez, de todos os povos, uma só família. Como tornar realidade essa proposta divina num mundo tão dividido e dilacerado? É necessário, segundo Paulo, estar afinado com Jesus Cristo, que nos reconciliou com Deus. “Se alguém está em Cristo é nova criatura. Pas-
saram-se as coisas antigas; eis que se fez realidade nova” (2Cor 5,17). Estar em Cristo é ter os seus mesmos sentimentos e despojarse de toda atitude de dominação, “nada fazendo por competição e vanglória, mas com humildade julgando cada um os outros superiores a si mesmo, nem cuidando cada um só do que é seu, mas também do que é de todos” (Fl 2,1-5). No entanto, a experiência histórica nos faz constatar que nós, seres humanos, tendemos a ser egoístas e estamos imersos em estruturas alicerçadas na injustiça e na dominação de uns sobre outros. E a ideologia dominante tenta nos convencer de que essa situação é natural. É a imperiosa “lei do mais forte”, que fere, cotidianamente, a dignidade humana e de toda a criação. O caminho para uma realidade nova de superação de todas as ex-
pressões egoístas é o da reconciliação. Não faltam motivos para ressentimentos, divisões, brigas e vinganças. E cada lado do conflito considera-se cheio de razões para isso. Muitas vezes, esses conflitos são historicamente graves e deixam feridas profundas, abrangendo desde relações familiares até internacionais e inter-religiosas. Jesus Cristo “é a nossa paz... Ele derrubou o muro da separação e suprimiu a inimizade” (Ef 2,14). Ele nos deu o ministério da reconciliação, que se caracteriza por um novo jeito de ser e de agir: ao invés de vingança, perdão mútuo; ao invés de distanciamento e inimizade, aproximação e fraternidade; ao invés de domínio de uns sobre outros, respeito à alteridade; ao invés de sentimentos e atitudes de superioridade, serviço mútuo... Faz parte da identidade cristã a
atitude de reconciliar-se com Deus através da reconciliação com os outros. Jesus nos revelou a inseparável relação entre o perdão de Deus e o perdão entre nós: “Com a medida com que medirdes, sereis medidos também” (Lc 6,38). Confirmou esta verdade ao ensinar o Pai-Nosso: “Perdoai-nos, assim como nós perdoamos” (Mt 6,12). Assim como necessitamos do pão cotidiano para o sustento do nosso corpo, também necessitamos constantemente do perdão mútuo para a saúde das nossas relações. Verbum Domini faz o apelo: “Fiéis à obra de reconciliação realizada por Deus em Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado, os católicos e todas as pessoas de boa vontade empenhem-se em dar exemplos de reconciliação para se construir uma sociedade justa e pacífica” (n. 102). Celso Loraschi Professor no ITESC e Coord. da Comissão Arquid. para o Ecume-nismo e o Diálogo Interreligioso - CADEIR
Jornal da Arquidiocese
Missão 13
Agosto 2011
Igreja com rosto missionário Carta Pastoral dos bispos de Portugal chama a atenção para uma nova maneira de evangelizar
Prioridade ao anúncio
Desafios à paróquia Infelizmente, nem sempre a Igreja encontra respostas evangelizadoras adequadas às reais
Cinco anos de missão na Guiné-Bissau, na África Pe. Lúcio avalia o seu trabalho e anuncia que permanecerá por mais cinco anos
aspirações dos homens e mulheres do nosso tempo. O que fazer? Urge reorientar a evangelização, mediante “novos movimentos, novas formas eclesiais, novos métodos e novos rumos” em ordem a “nova primavera no Inverno da Igreja” (n° 8). Na nova evangelização, “cada Igreja particular é responsável por toda a missão, tendo que voltar-se prioritariamente para os de fora, abrindo caminhos a todos os homens e mulheres para Cristo!” (n°13). Não basta endereçar convite aos afastados: “Vinde até nós!” Pouco serve tentar introduzir o mundo dentro da casa da Igreja, se nada se fizer para levar a Igreja aos areópagos do mundo. O mandato do Mestre não foi outro: “Ide, fazei discípulos” (Mt28, 19).
Portas e janelas abertas
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A paróquia tem de saber acolher, sem discriminar. De preferência, em vez de se resguardarem e de resguardarem os que estão dentro, os fieis e as comunidades devem escancarar as suas portas, para se tornarem “oásis pastorais” que tornem conatural o diálogo e a capacidade para escutar os que vivem à sua margem, como também para tornar essas comunidades reais espaços para o amor solidário. Só assim serão atrativas aos de fora. Bem dizia o teólogo Karl Rahner, em 1972, falando aos bispos da Alemanha: “Não vale se encolher e defender na pequena grei. Num ambiente não mais cristão, a igreja deve usar
uma estratégia missionária. E se as energias e a disposição forem limitadas, seria melhor deixar a defesa e enviá-las ao ataque”. Penso que essa seja uma boa estratégia para que os cristãos não corram o risco de se afogarem na enchente do materialismo e do indiferentismo. Deus poderia repetir a queixa feita à Igreja de Éfeso: “Tenho uma queixa a fazer: não tens mais o amor dos primeiros tempos (Ap. 1,4). Cada membro da comunidade paroquial é chamado a abrir a porta do próprio coração a Cristo, o que significa acolher a sua graça para que possamos nos tornar instrumentos, ou melhor, aquela via através da qual Jesus quer chegar ao coração de todos os homens e mulheres. Vamos em frente com coragem, e deixando o Espírito de Deus agir, pois a missão continua. A todos um forte abraço e uma grande benção! Pe. Francisco Gomes - PIME
PARA REFLETIR 1. Quais são as experiências de missões na paróquia? E na diocese? 2. O que quer dizer “A Igreja é atrativa, constrói espaços para o amor solidário”? 3. “Num ambiente não mais cristão, a Igreja deve usar uma estratégia missionária”? 4. Qual missão a nossa paróquia poderia fazer?
Completaram-se cinco anos de envio que a Arquidiocese fez de um missionário para a África, Guiné-Bissau. Tive a graça de ter sido esse missionário. Foi durante o XV Congresso Eucarístico Nacional, acontecido em maio de 2006, em Florianópolis. Mesmo preocupada com a missão no Brasil, a Igreja de Florianópolis deu esse contributo para a missão ad gentes, unindo-se a tantas Congregações religiosas que há mais tempo estão enviando filhos e filhas de nossa Arquidiocese para a missão além-fronteiras. Passados cinco anos de contrato com o Pime, volto a Florianópolis pela segunda vez. Agora, para refazer o contrato por mais cinco anos. Estes primeiros cinco anos foram coroados com a celebração de sete casamentos religiosos e trinta e um batizados na comunidade (capela) de Madina, a trinta e dois quilômetros da sede da missão. Em uma paróquia com menos de duzentas pessoas batizadas e menos de vinte matrimônios religiosos, todos praticamente concentrados na sede, esse acontecimento foi muito importante. Marca uma nova etapa . Nesse período, tivemos a graça da participação de três jovens consagrados, da comunidade Divino Oleiro, de Florianópolis. Há Foto JA
A paróquia será missionária se der prioridade ao anúncio. De fato, a paróquia terá rosto missionário na medida em que o dever do anúncio do Evangelho for prioritário em relação a qualquer outro. Foi aos batizados que o Senhor ordenou: “Ide e proclamai o Evangelho” (Mc16, 15), “fazei discípulos e ensinai” (Mt28, 19-20) e “Sereis minhas testemunhas” (At1, 8). Evangelização implica movimento, comunicação! Essa é a vocação da paróquia, “Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e de suas filhas” e tem como vocação ser “casa de família fraterna e acolhedora” (nº 7).
Divulgação/JA
No dia 17 de junho, os Bispos do Portugal enviaram aos cristãos uma significativa carta pastoral para incentivá-los a se empenharem na construção de uma “Igreja com rosto missionário”. Os bispos constatam: “O mundo de hoje mudou e a Igreja, se não quiser entrar num deserto, e até ver-se hostilizada, terá de mudar, e muito. Apesar dos significativos avanços da liturgia, após o Concílio e da renovação da catequese da infância, dos jovens e adultos, nos últimos decênios veem-se as igrejas cada vez mais desertas”. Somos uma igreja que perde fiéis e a maioria dos católicos não conhece sua fé, não vivem sólidas convicções, são passivos e submissos. No meio de tanta indiferença, o que fazer? Os bispos, na carta pastoral que leva o título “Como eu fiz, fazei-o vós também”, tentam abrir caminhos para a reflexão...
poucos dias houve a ordenação de um jovem guineense, Pe. Maio da Silva, que fez seu estágio pastoral em nossa paróquia de Empada, e que vai continuar exercendo seu ministério presbiteral em nossa paróquia. Assim, a equipe missionária será composta pela comunidade das irmãs missionárias da Consolata, fundadora da missão, e por uma comunidade de padres. No atendimento aos mais carentes, fazemos um trabalho de doações materiais, promoção das pessoas e prestação de serviços: ajudando na alimentação, na saúde, na escola, nas moradias e no transporte terrestre. Materialmente, nesse período, foi adquirido um carro para a pastoral e foi construída a casa paroquial.Em tudo isso esteve presente a colaboração de nossa Arquidiocese. Todo o trabalho depende quase que exclusivamente de doações externas, devido à grande pobreza das comunidades. Há contribuições locais, mas muito pequenas. Por isso, sempre esperamos doações, também de Florianópolis, o que já vem acontecendo, graças a Deus. Nestes dois meses que estarei na Arquidiocese, de meados de julho a fins de setembro, espero contribuir para a animação missionária aqui. Acredito que , juntamente com o testemunho da Comunidade Divino Oleiro, Cláudia, Elaine e Érikson, da Leiga Célia, da Irmã Beth e da visita do Pe. Vilson Groh, unidos ao Pe. Iseldo na Bahia, e aos diversos missionários quase anônimos, conhecidos apenas por suas paróquias, poderemos colaborar para o crescimento da dimensão missionária da Arquidiocese. Pe. Lúcio Espíndola Santos
Você pode contribuir com a Missão em Guiné-Bissau. Deposite qualquer quantia no Banco do Brasil, agência 31747, conta corrente 22667-x, em nome de Mitra/Missões
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Geral
Agosto 2011
Foto JA
Pe. Chico Wloch Depois de pároco e reitor da Catedral e Secretário Executivo do Regional, assume a Subsecretaria de Pastoral da CNBB Pe. Francisco de Assis Wloch está assumindo um novo desafio em sua trajetória presbiteral. No dia 05 de agosto, ele deixa a função de pároco da Catedral, que desempenhou nos últimos dez anos, e de Secretário Executivo da CNBB-Regional Sul 4 (SC), onde estava há mais quatro anos, para assumir o cargo de Subsecretário Adjunto de Pastoral da CNBB nacional. A celebração de despedida será realizada no mesmo dia e horário em que há 10 anos ele iniciou seu trabalho na catedral: 05 de agosto, às 19h30min. Na entrevista que segue, ele fala como encara esse novo desafio, do trabalho que empreendeu na restauração da Catedral , dos quatro anos como Secretario Regional, da necessidade do uso das novas tecnologias na evangelização e de outros desafios que a Igreja lhe reserva. Jornal da Arquidiocese - O senhor está assumindo a partir deste mês a Coordenação de Pastoral da CNBB, em Brasília, função que já ocupou entre 1995 e 2000. Como é que assume novamente esse desafio? Pe. Chico Wloch - Fiquei muito surpreso com este novo convite para a função que já exerci anteriormente. Assumo com a mesma alegria e entusiasmo com que assumi outros tantos traba-
lhos da Igreja nesses 35 anos de ministério presbiteral. Costumo repetir: “Não veja um problema em cada saída, mas uma saída para cada problema”. Tenho como lema em minha vida de padre a disponibilidade. Nunca esqueço o versículo 12, do capítulo 4º do livro do Êxodo: “Vai, eu estarei contigo...”, primeira leitura da missa da minha ordenação presbiteral. JA - Por 10 anos o senhor foi pároco da Catedral e aqui empreendeu coisas revolucionárias. Tanto na restauração da Catedral quanto na comunicação. Como enfrentou esses desafios? Pe. Chico Wloch - Não acho que empreendi “coisas revolucionárias”. Simplesmente procurei evangelizar com novos métodos e novas expressões, sempre envolvendo a comunidade. É preciso, na vida pastoral, usar dos recursos que a ciência e a tecnologia oferecem. Quando se tem uma meta bem definida, mesmo sem recursos, eles começam a aparecer. Foi o que aconteceu na Catedral: os projetos foram sendo elaborados, partilhados com a comunidade paroquial, e os recursos apareceram. JA - Como ficará esse trabalho com a sua saída? Pe. Chico Wloch - Continuarão normalmente. A restauração da
Entre as muitas coisas que fez, a comunicação teve grande importância
“
Aos colaboradores, costumo dizer: Não veja um problema em cada saída, mas uma saída em cada problema”
Catedral segue um projeto discutido amplamente pelas lideranças da comunidade, com a participação decisiva e eficaz dos órgãos do patrimônio histórico, e da empresa contratada para a execução dos serviços. Pe Siro, o novo pároco, já foi informado de tudo. Conheceu todo o projeto, tem o discernimento e a vontade necessários para a sua continuidade. Teve um primeiro contato com as pessoas responsáveis pela execução e pôde sentir a disposição de todos na continuidade dos trabalhos e na busca dos recursos ainda necessários. JA - Mesmo com todo o trabalho na Catedral, nos últimos quatro anos o senhor ainda teve disposição para assumir a secretaria executiva da CNBB - Regional Sul 4. O que
Retalhos do Cotidiano Vejo o lixão e, nele, meus irmãos catando os restos que, não nos servindo mais, ajudá-los-ão a manter a vida. Tenho tanto e, ao mesmo tempo, tenho tão pouco. Preciso distribuir mais e do melhor. Desapegar-me. Afinal, bom mesmo é chegar no céu de mãos vazias (Santa Teresinha), porque o que tínhamos fomos dando.
Absoluto Para muitos, infelizmente, tudo é relativo; para os que amam, felizmente, o Tudo é o absoluto!
Sonho Nos sonhos dos homens e das mulheres, nos sonhos das famílias cristãs, sempre se antevê um novo amanhã. Nele, o Sol nascente não se porá. E, então, as famílias terão se tornado o que devem ser!
Folhas amor. secas E, como o coqueiro não
Se vejo coqueiros com folhas velhas e secas pendentes do tronco, lembro-me dos filhos que, no vigor de suas vidas, não se esquecem dos pais que agora se prendem a eles, dependentes da sua atenção e do seu
descarta suas folhas antes que caiam, também os filhos não descartam os pais antes que o Pai os chame. Para mim, é sempre uma bela imagem do quarto mandamento!
JA - O senhor é um homem interessado e aberto às novas tecnologias. Pretende le-
var essas idéias e aplicá-las na CNBB? Pe. Chico Wloch - É isso que tenho ouvido dos que me convidaram para essa tarefa na CNBB. Espero não decepcioná-los e continuar contribuindo com a ação evangelizadora da Igreja no Brasil. Evangelizar, segundo o Papa Paulo VI, é atingir e modificar aquilo que na sociedade está em contraste com o Evangelho e o próprio plano de Deus (EN 19). Para se conseguir isso, é preciso, sem sombra alguma de dúvida, servir-nos dos modernos meios de comunicação. O raio de ação da CNBB é muito grande. Precisa servir-se desses meios modernos e eficientes para, com mais facilidade, cumprir sua missão. JA - O senhor já enfrentou muitos desafios, tanto em âmbito arquidiocesano, regional e nacional. Que outros desafios a Igreja reserva para o senhor? Pe. Chico Wloch - Não sei. O futuro a Deus pertence. Ao ser apresentado como pároco da Catedral, no dia 05 de agosto de 2001, há 10 anos, comecei a minha homilia da seguinte maneira: "Um dia, não sei quando, a ideia do sacerdócio começou a povoar a minha mente. Ficar padre, inicialmente, sem saber quando, onde e porquê". Hoje sei porque: “Saiu o semeador a semear” (Mt. 13, 1ss). Evangelizar foi, é e sempre será, a minha missão. Nunca escolhi o que fazer. Propostas de trabalho me foram apresentadas. Sempre as encarei com ânimo e coragem, esforçando-me por executá-las da melhor maneira possível. Acho que foi por isso que desafios maiores foram surgindo.
Carlos Martendal Divulgação/JA
Lixo
marcou o seu trabalho e o que leva dessa experiência? Pe. Chico Wloch - Sinceramente, os últimos anos foram de muito trabalho e noites sem dormir. Muitas vezes pensei que não daria conta. Além da Catedral e da CNBB, me foi confiada a Direção Administrativo-Financeira da Fundação Dom Jaime de Barros Câmara, mantenedora do Instituto Teológico de Santa Catarina - Itesc, e do Seminário de Filosofia de Brusque Sefisc. Esforcei-me para dar conta do recado. Foram experiências muito ricas. Aprendi a enfrentar os desafios que foram aparecendo, sem perder a alegria e o entusiasmo pela vida e pelo sacerdócio.
Jornal da Arquidiocese
Tudo Deus é simples, não complica nada. Ele é bom e, sendo bom, dá-se como o Tudo!
Choro
Choro 2
Chorar é próprio dos pequenos: a criança chora com facilidade. E Jesus diz que devemos nos tornar como crianças para entrar no reino dos céus. O pai que chora é um grande que se torna pequeno, a mãe que chora é uma grande que se torna pequena. E assim o marido, a mulher, o filho, a filha, o irmão, a irmã, o amigo, a amiga...
Um versículo muito curto, mas ao mesmo tempo tão amplo: “E Jesus chorou” (Jo 11,35). Ah, a humanidade de um Deus que chora porque ama!
Choro 3 Coração duro, coração autossuficiente não consegue liquefazer-se. As lágrimas só caem quando o coração derrete!
Passarinhos Se também nós cantássemos juntos como os passarinhos, se, como eles, silenciássemos quando a palavra é prata, mas o silêncio vale ouro, o mundo seria bem diferente!
Jornal da Arquidiocese
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Agosto 2011
Agosto: mês das vocações O mês de agosto é tradicionalmente dedicado às vocações. A data foi instituída em 1981 pela CNBB. Assim, a cada domingo do mês dedicamos nossas orações a uma vocação específica da Igreja: do padre; dos pais; dos consagrados e consagradas; e dos leigos, com homenagem especial para os catequistas. Como forma de marcar esse mês de forma especial, dedicamos esta página a entrevistar cinco vocações da nossa arquidiocese, respondendo à mesma pergunta: “Como você vive a sua vocação de ...”, dando o seu testemunho pessoal de vivência na fé.
Vocação Familiar Toda a vocação determina a busca da realização pessoal e espiritual do ser humano, expandindo a todos os que o cercam. Na vocação matrimonial buscamos a realização através da nossa unidade de casal, procurando cumprir com nossas responsabilidades na busca da felicidade familiar e, principalmente, na realização de nosso cônjuge. O fundamental nesta vocação é podermos passar a nossos filhos os verdadeiros valores: honestidade, sinceridade, responsabilidade, fidelidade,... para que todos sigam e cumpram com seus deveres a exemplo da mais bela família que já existiu: a Família de Nazaré. Com quase 49 anos de casados podemos dizer que nos sentimos felizes com nossa vocação, mesmo tendo consciência que tivemos dificuldades, mas, estas foram supera-
das com a espirituali-dade que nunca nos faltou. Buscamos alimentá-la com nosso trabalho comunitário, participando de movimentos de igreja que muito nos ajudaram na nossa caminhada, e a oração diária que é fundamental na vida do casal. Com quatro filhas, quatro genros e sete netos, formamos a Família que muito amamos e que é a realização de nossa vocação. Regina e Ernesto Damerau, Florianópolis
Vocação Leiga Desde que cheguei a esta paróquia, senti um forte chamado a trabalhar como leiga para o crescimento da comunidade, pois tinha uma formação religiosa bem presente em minha vida desde muito cedo, através de meus pais. Hoje atuo nos Grupos Bíblicos em Família, CPP, Liturgia, Movimento de Irmãos e Ministério da Música. Gosto muito do que faço e tenho apoio do meu esposo e minhas filhas. Acho muito importante a presença do leigo na comunidade para dar apoio ao clero e também as pastorais. Sinto-me feliz e realizada em poder contri-
Como cristão católico e discípulo de Jesus, busco presença nos sacramentos da confissão e eucaristia, na oração pessoal, leitura e escuta da palavra, reza do terço, buscando sempre o encontro com Jesus e o amor misericordioso do Pai. Procuro viver esta prática de amor na família, como es-
Vocação Religiosa Minha vocação à Vida Religiosa brotou da vida dos pobres. A voz de Deus me chamou de dentro do sofrimento humano e da injustiça, que sempre mexeram muito
Irmã Eunice realiza trabalho com os jovens
comigo. Tornei-me Irmã no desejo de ser uma presença do amor de Deus e dar minha contribuição na construção da Paz e do Bem. Dediquei-me às comunidades eclesiais, à pastoral social e a projetos sociais. Trabalho com adolescentes e jovens, tentando despertar para o valor e o cuidado da vida, para a importância de fazerem o seu projeto de vida, no confronto do projeto de Jesus Cristo com os “valores” apresentados pela sociedade neoliberal, definindo seu engajamento na sociedade e na igreja. Penso que, assim, contribuo um pouco para concretizar o Projeto de Deus, que é vida abundante para todos, e isso me faz feliz! Irmã Eunice Berri, Biguaçu
buir para a construção do reino de Deus. Osmarete Schmidt Barbosa, Palhoça
poso, pai, irmão, vizinho, desejando sempre ser testemunha viva de Jesus. Na comunidade, sendo fiel ao dízimo do Senhor, como Ministro da Sagrada Comunhão e membro dos grupos Bíblicos em família, visito idosos, doentes, escuto moradores de rua, mendigos, levando a todos palavra de ânimo e coragem. Realizo semanalmente visitas na penitenciária e no Presídio de Florianópolis, levando aos nossos irmãos presos, a palavra de Jesus, falando do amor misericordioso do Pai, encorajando-os para que façam desse período de recolhimento uma nova proposta de vida no encontro com o Sr. Jesus. Domingos José do Nascimento, Coqueiros, Florianópolis
Vocação Presbiteral Sou Pe. Alcides e atualmente exerço meu Ministério na Paróquia São Francisco Xavier, em Florianópolis. Sou natural do município de Biguaçu, e presbítero desde 13 de junho de 1998. Nestes treze anos de vida sacerdotal procurei sempre tomar consciência da honra do chamado, mas também da responsabilidade. Dois princípios muito importantes no meu ministério, que me ajudaram a manter a meta em Cristo, são os lemas de Ordenação: Diaconal – “Eu, porém, estou no meio de vós como aquele
que serve” (Lc 22,27) e Sacerdotal – “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Tenho buscado viver minha vocação sintonizando minha vida com a de Cristo na oração da Liturgia das Horas, na leitura da Palavra, na Celebração da Eucaristia. Percebo que esta sintonia tem seu coroamento no serviço dos irmãos (doentes, pobres) e na evangelização. Louvado seja o Senhor que me chamou para o seu discipulado. Pe. Alcides Albony Amaral, Monte Verde, Florianópolis
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Geral
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Jornal da Arquidiocese
Arquidiocese participa do 7º Muticom Realizado no Rio de Janeiro, evento reuniu mais de 800 comunicadores, sete deles da Arquidiocese Foto JA
Mais de 800 comunicadores de todo o Brasil estiveram reunidos nos dias 17 a 22 de julho, na Arquidiocese do Rio de Janeiro, para participar do 7º Mutirão Brasileiro de Comunicação. Promovido pela Conferência dos Bispos do Brasil, o evento teve como tema “Comunicação e Vida: diversidade e mobilidade”. A Arquidiocese esteve representada por sete participantes e o Regional por 18. Durante os sete dias, através de painéis, debates, palestras e oficinas, o evento buscou motivar os comunicadores cristãos a refletirem sobre a comunicação relacionada com a vida cotidiana e suas expressões que acolhem a diversidade que somos e as mobilidades que experimentamos na cultura contemporânea. Pe. Domingos Nandi participou pela quarta vez do Mutirão. Segundo ele, o evento é importante para que não nos sintamos sozinhos nesse apostolado da comunicação. Mas ele aponta um limite. “A Igreja continua insistindo no conceito instrumentalistas de comunicação e ela, a comunicação, é muito mais do que os instrumentos, a comunicação é processo”, disse Pe. Nandi.
Comunicadores de todo o Brasil estiveram reunidos no Rio de Janeiro O leigo consagrado Erickson Stueber, diretor da Rádio Cultura 1110AM, participou de um Muticom pela primeira vez. Ele avaliou como bastante positivo o evento. “Os temas foram bastante pertinentes a realidade que vivemos. Também a presença de pessoas de todos os cantos do Brasil possibilitou a troca de experiências e informações”, disse Erickson. O jornalista da Arquidiocese Zulmar Faustino participou do Muticom pela quarta vez. Para ele, Foto JA
o evento mostra o quanto a Igreja tem evoluído no discurso e no uso dos meios de comunicação. “Antes se tentava conscientizar sobre a importância. Hoje discuti-se questões mais práticas, de como melhor utilizar esses meios na evangelização”, informou. Na noite do quarto dia do evento, foi realizada a entrega dos Prêmios de Comunicação da CNBB. O júri escolheu os vencedores das categorias: Dom Helder Câmara, de Imprensa; Clara de Assis, TV; Margarida de Prata, Cinema e Microfone de Prata, Rádio. A entrega dos Prêmios de Comunicação foi transmitida, ao vivo, pelas TVs de inspiração católica.
Próximo Muticom
Representantes da Arquidiocese trocaram experiências e informações
Ao final do Muticom, Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, fez os agradecimentos e anunciou o local de realização do próximo Mutirão. Será no Rio Grande do Norte, na Universidade Federal, nos dias 27 de outubro a 01 de novembro de 2013. A equipe responsável por preparar o evento se apresentou e motivou todos a participarem.
Morre o Maestro Acácio Santana Registramos com pesar o falecimento do Maestro José Acácio Santana, no dia 11/07, no Hospital de Caridade, em Florianópolis, SC. O maestro estava internado na instituição havia 78 dias, com câncer. Não suportou o tratamento e veio a falecer pelo agravamento da doença. O enterro foi realizado no dia seguinte, em São Pedro de Alcântara, sua terra natal, após a missa de corpo presente, concelebrada por vários padres e cantada por vários Corais. Biografia - José Acácio Santana dedicou sua vida a serviço da música litúrgica, tanto coral como popular. Mais de três mil obras constituem o acervo deixado por este músico e poeta de intensa e extensa capacidade produtiva. Consagrado nacionalmente, não fugia ao compromisso de servir, com sua arte, aos pequenos grupos artísticos e às comunidades. Um dos pioneiros, no Brasil e na Arquidiocese, das composições litúrgicas pós Concílio Vaticano II, produziu, já em 1964, o apreciado volume do “Canto Pastoral”, le-
tra e música. Na perfeita fusão da poesia e da música, encontra-se o segredo do sucesso e da aceitação incondicional de suas obras. A extensão e variedade da sua obra abrange desde a canção infantil até a ópera e os oratórios eruditos. Sua atuação na área cultural mereceu-lhe muitas homenagens, entre as quais a “Medalha do Mérito Anita Garibaldi”, e o título de “Cidadão Honorário” de mais de 30 municípios brasileiros. Só em Santa Catarina inúmeros grupos corais se beneficiaram do seu trabalho. Grande parte de sua obra está gravada por Paulinas/ Comep, com quem gravou 12 CDs.
Pastoral discute situação prisional A Pastoral Carcerária (PCr) realizou, no dia 02 de julho, na Igreja Matriz da Paróquia São João Evangelista, em Biguaçu, o seu 20º Encontro Arquidiocesano anual. O evento reuniu mais de 30 participantes, incluindo a presença de integrantes do Conselho Carcerário da Comunidade, entre os quais o novo presidente, sr. Valter da Luz. Durante o evento, além de partilhar sua situação e experiências locais, os participantes refletiram sobre os números da situação carcerária, apresentados na Assembleia Arquidiocesana de Pastoral.
Pe. Ney Brasil Pereira, coordenador arquidiocesano da PCr, informou que há na Arquidiocese mais de cinco mil presos, o que corresponde a um terço da população carcerária do Estado. Ele lamentou, mais uma vez, que em São Pedro de Alcântara, paróquia que abriga um Complexo Penitenciário com 1300 presos, a Pastoral ainda não esteja organizada. Após o almoço, às 12h, foram apresentados os relatórios de atividades de cada localidade. O encontro foi encerrado às 14h, após uma oração de agradecimento e envio missionário.