Jornal da Arquidiocese de Florianópolis Outubro/2011

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Pe. Darcísio: um animador missionário da nossa Arquidiocese

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Florianópolis, Outubro de 2011 Nº 172 - Ano XV

Dom Wilson é o nosso Arcebispo Com a nomeação, ele passa a ser o sexto Bispo e quinto Arcebispo de Florianópolis. Posse será no dia 15 de novembro, às 9h30. Após uma longa espera de oito meses, desde que Dom Murilo foi nomeado Arcebispo de Salvador, Bahia, na manhã do dia 28 de setembro recebemos a notícia: Dom Wilson Tadeu Jönck é o nosso novo arcebispo. Com 60 anos de idade, Dom Wilson é catarinense de Vidal Ramos, no Vale do Itajaí. É padre há 34 anos, 10 deles como professor em Brusque. Ele vem da Diocese de Tubarão, onde

pastoreava desde julho de 2010. Leia a carta de acolhida, redigida pelo Pe. João Francisco Salm, Administrador da Arquidiocese desde que Dom Murilo tomou posse em Salvador. “Nossa Senhora do Desterro e Santa Catarina de Alexandria intercedam junto a Deus para que Dom Wilson tenha um fecundo e feliz pastoreio entre nós”, diz um trecho da carta. PÁGINA 09

Missão na Ecologia Há uma relação íntima, uma aliança entre o missionário e a natureza. “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura!” (Mc 16,15). Os discípulos são enviados ao mundo inteiro; portanto, não só ao mundo da humanidade, mas também ao mundo da natureza. Devem anunciar o Evangelho a toda criatura; portanto, não só aos seres humanos, mas também às plantas e animais, às águas e montanhas, a todos os seres vivos ou inanimados.

A natureza é, pois, destinatária da evangelização. Mais ainda: na medida em que aprendermos suas leis, a natureza se torna também sujeito da evangelização. Por ela aprendemos muitos valores do Evangelho. Por exemplo: o cuidado com todas as formas de vida, o silêncio e a interiorização, a disposição de si em vista de mais vida para os outros, o encantamento diante das realidades maravilhosas. PÁGINA 04

Com 60 anos, catarinense, bispo de Tubarão há 14 meses, Dom Wilson assume a Arquidiocese

Legião de Maria celebra 90 anos em encontro PÁGINA 03

Participe do Jornal da Arquidiocese

PJ define as suas linhas de ação em Assembleia

Pastoral forma novos visitadores para os idosos

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Campanha arrecada recursos para atingidos pela enchente PÁGINA 10

Divino Oleiro consagra mais três jovens PÁGINA 16

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Opinião

Outubro 2011

Palavra do Administrador

Pe. João Francisco Salm

Jornal da Arquidiocese

Administrador Diocesano da Arquidiocese de Florianópolis

“Ai de mim se eu não Evangelizar!” (1Cor 9,16) Até o fim dos tempos a Igreja viverá de sua contínua obediência a Jesus Cristo, seu fundador, que no termo dos dias que passou aqui na terra, deixou aos apóstolos e discípulos o mandato missionário: “Ide, pois, fazei discípulos meus todos os povos, batizando os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando os a observar tudo quanto vos mandei” (Mt 28,19 20). A Missão está ligada a esse envio e encontra nele sua origem e seu motivo. Deus, nosso Salvador, quer “que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tim 2, 4). Esse desejo divino, dentro do contexto bíblico, relaciona a Missão intimamente aos acontecimentos da História da Salvação. Jesus vincula todo discípulo a

si como amigo e irmão, e o faz participante de sua própria Missão. Como seus seguidores e seguidoras, levamos adiante a Missão do Filho e a Missão dos apóstolos e discípulos. A Igreja sempre procurou tomar consciência dessa sua natureza evangelizadora ou missionária. “A Missão compete a todos os cristãos, a todas as dioceses e paróquias, instituições e associações eclesiais” (RMi, 2), e não apenas a algumas pessoas. Na medida em que alguém faz a experiência do encontro com Cristo, experimenta forte sentimento de gratidão e alegria. Surge, então, impossível de ser contido, o ímpeto de comunicar a todos o dom desse encontro. A Missão “é compartilhar a experiência do acontecimento do encontro com

Palavra do Papa

Bento XVI

A Caridade Fraterna As Leituras bíblicas da Missa deste domingo (4-9) convergem sobre o tema da caridade fraterna na comunidade dos crentes, que tem a sua nascente na comunhão da Trindade. O texto do Evangelho, tirado do capítulo 18 de Mateus, dedicado à vida da comunidade cristã, diz-nos que o amor fraterno exige também um sentido de responsabilidade recíproca, pelo que, se o meu irmão comete uma falta contra mim, devo usar de caridade para com ele e, antes de tudo, falar-lhe pessoalmente, recordando-lhe que quanto disse ou fez não é bom. Este modo de agir chama-se correção fraterna: ela não é uma reação à ofensa de que se foi vítima, mas é movida pelo amor ao irmão. Santo Agostinho comenta: «Aquele que te ofendeu, ao ofenderte, causou em si mesmo uma ferida grave, e não te preocupas tu pela ferida de um teu irmão? ... Deves esquecer a ofensa que recebeste, mas não a ferida de um teu irmão» (Sermões 82, 7). E se o irmão não me ouve? No evangelho de hoje Jesus indica uma gradualidade: primeiro, voltar a falar-lhe com outras duas ou três pessoas, para o ajudar a dar-se conta do que fez; se, mesmo assim, ele não aceita a observação, é preciso dizê-lo à comunidade; e se não ouve nem sequer a comunidade, é necessário fazer-lhe sentir o afastamento que ele mesmo causou, separando-se da comunhão da Igreja. Tudo isto indica que há uma co-

responsabilidade no caminho da vida cristã: cada um, consciente dos próprios limites e defeitos, está chamado a aceitar a correção fraterna e a ajudar os outros com este serviço especial. Outro fruto da caridade na comunidade é a oração concorde. Jesus diz: “Se dois de entre vós se unirem, na terra, para pedir qualquer coisa, obtê-la-ão de Meu Pai que está nos céus. Pois onde estiverem reunidos, em Meu nome, dois ou três, Eu estou no meio deles” (Mt 18, 19-20). Certamente a oração pessoal é importante, aliás, indispensável, mas o Senhor garante a sua presença à comunidade que — mesmo se for muito pequena — está unida e é unânime, porque reflete a própria realidade de Deus Uno e Trino, comunhão perfeita de amor. Exercitemo-nos, pois, quer na correção fraterna, que exige muita humildade e simplicidade de coração, quer na oração, para que se eleve a Deus de uma comunidade deveras unida em Cristo.

Exercitemonos, pois, quer na correção fraterna, quer na oração”.

Bento XVI, 4/09/2011

Cristo, testemunhá-lo de pessoa a pessoa, de comunidade a comunidade e da Igreja a todos os confins do mundo” (cf. DAp, 145; At 1,8). A Missão vem antes e vai além de qualquer programa ou projeto. Participar ativamente da Comunidade é fundamental para um Missionário. O verdadeiro sujeito da Missão é a Comunidade Eclesial. “O evangelizador participa da fé e da missão da Igreja que o envia” (P, 370). “Toda a Comunidade Cristã, em comunhão com seus legítimos pastores e guiada por eles, constitui sujeito responsável pela evangelização, pela libertação e promoção humana” (P, 474). A Igreja é toda missionária. Age, porém, em seus membros, de diversos modos, levando em conta a multiplicidade e a variedade dos

carismas;”em cada um dos seus membros, é consagrada em Cristo pelo Espírito, é enviada a pregar a Boa Nova aos pobres” (P, 361). O Documento de Aparecida, no capítulo V, ensina que os Bispos são discípulos missionários de Jesus Sumo Sacerdote; os Presbíteros, discípulos missionários de Jesus Bom Pastor; os Diáconos Permanentes, discípulos missionários de Jesus Servidor; os fiéis Leigos e Leigas, discípulos missionários de Jesus, Luz do Mundo; e os Consagrados e Consagradas, discípulos missionários de Jesus, Testemunha do Pai. A Missão é diversificada porque cada um participa de modo diferente, sempre conforme os dons, serviços e funções que o Espírito vai suscitando na comunidade.

Jesus vincula todo discípulo a si como amigo e irmão, e o faz participante de sua própria Missão”.

Reflexão

A verdade suscita profetas, não os profetas a verdade Com freqüência é despertada na Igreja a idéia de que a autoridade descobre caminhos de expressão da Verdade. Tem-se até a impressão de que o Papa, patriarcas, bispos e teólogos possuem um caráter especial, que os faz descobrir verdades e princípios antes ocultos. Quando se considera a Igreja a partir da autoridade confundida com poder, esse tipo de raciocínio tem fundamento histórico, mas não teológico. Mas, se considerarmos a Igreja como obra do Espírito Santo, não é o poder-autoridade que conta, mas a Verdade de Jesus Cristo. E é essa Verdade que suscita a Igreja, a autoridade, o teólogo. Sempre foi assim no campo teológico, espiritual e moral da história cristã. Igualmente foi assim na Antiga Aliança: Deus suscitava profetas, o pecado do povo despertava a profecia. Quando o Cristianismo se deparou com interpretações perigosas a respeito de Jesus Cristo e do mistério da Encarnação, a Verdade de Cristo suscitou os Pais da Igreja, como Irineu de Lião, e lhes inspirou palavras que garantissem sua integridade. Quando Ario de Constantinopla (séc. IV) afirmava que Cristo não era Deus de Deus, mas pessoa humana assumida como Filho de Deus, a Verdade despertou os grandes teólogos que, reunidos no Concílio de Nicéia (a.325) e movidos pelo Espírito, definiram Jesus Cristo verdadeiro Deus, da mesma di-

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vindade que o Pai. Aconteceu no mesmo século por ocasião da afirmação de Êutiques, de que em Jesus havia uma só natureza, a divina (monofisismo). A Verdade suscitou a Igreja que, movida pelo Espírito em Calcedônia (451), proclama em Jesus uma Pessoa divina e duas Naturezas, divina e humana. Até o final do século V, o mistério trinitário despertara a consciência da Igreja, dos Santos Pais e, através de suas vozes, o Espírito clarificava o mistério central do Cristianismo: um Deus - o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A partir do século VI, a grande Igreja assume dois caminhos, mesmo que na afirmação da única Verdade: a Igreja romana vai insistir na organização, no poder visto como autoridade máxima, fruto da centralidade de Cristo homem e Deus: as estruturas vão contar muito, pois a humanidade do Senhor levava à concepção de eclesiologia fundada nos aspectos visíveis, hierárquicos. A Igreja oriental, por sua vez, ingressava em sua grande reflexão pneumatológica, a ação do Espírito Santo que transfigura pela Eucaristia. A missão da autoridade somente tem sentido no Espírito: é serviço à Verdade, nunca poder. Se na Igreja latina a salvação da alma é a finalidade da vida cristã, na Igreja ortodoxa a finalidade é a divinização do cristão, obra do Espírito através da Eucaristia.

Espiritualidade e vida cristã Ao proclamar um Santo “Doutor”, a Igreja reconhece nele um modo original de vida cristã, uma nova faceta suscitada pelo Espírito na riqueza sempre insondável do Evangelho. No século III, frente à teologia intelectualista em moda em Alexandria, homens e mulheres buscaram o deserto e lá aprenderam, no silêncio, oração e trabalho, a “ruminar” a Palavra de Deus, fazendo brotar um jardim de santos, os eremitas e anacoretas. Não foi São Bento que criou a vida comunitária nos mosteiros: foi o Evangelho que despertou em São Bento (+547) a espiritualidade beneditina e sua Regra. Não foram profundas reflexões teológicas que possibilitaram a Teresa de Lisieux (+1897) a vivência do “Pequeno Caminho” da vida cristã: foi a Verdade que entrou no coração dessa jovem e nela plantou a espiritualidade da confiança filial em Deus. Quando a Igreja se concentra em si, na sua competência, vê o Evangelho como desafio de organização e competência, alguns de seus teólogos são profissionais do raciocínio, pesquisadores de fórmulas doutrinais e não santos à escuta do Mestre. Não descobrimos o caminho, a verdade e a vida: eles, com maiúscula, é que nos encontram. Pe. José Artulino Besen

Diretor: Pe. Ney Brasil Pereira - Conselho Editorial: Pe. João Francisco Salm, Pe. José Artulino Besen, Pe. Vitor Galdino Feller, Ir. Marlene Bertoldi, Leda Cassol Vendrúscolo, Maria Antônia Carsten, Maria Glória da Silva Luz, Daniel Casas, Carlos Martendal - Jornalista Responsável: Zulmar Faustino - SC 01224 JP - (48) 84056578 - Coor. de Publicidade: Pe. Pedro José Koehler - Revisão: Irmã Clea Fuck - Editoração e Fotos: Zulmar Faustino - Distribuição: Juarez João Pereira - Impressão: Diário Catarinense


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Encontro celebra 90 anos da Legião de Maria Realizado na Arquidiocese, o evento reuniu mais de 1,5 mil participantes de seis dioceses do Estado Foto Everton Marcelino

A Legião de Maria realizou no dia 04 de setembro o seu 11º Encontro Estadual anual. O evento, no Centro de Evangelização Angelino Rosa - CEAR, em Governador Celso Ramos, marcou os 90 anos de criação da entidade. Mais de 1,5 mil pessoas, de seis dioceses do Estado, estiveram presentes. A animação ficou com a Banda Kairós, de Biguaçu. O encontro teve início às 8h30, com a recepção, acolhida e lanche. Em seguida, a abertura oficial. Na seqüência, foi realizada a primeira parte da oração legionária, com a reza do Rosário encenado. Cada mistério foi conduzido por uma das cinco cúrias (conselho superior que coordena um determinado número de legionários) da Arquidiocese. Lúcia Helena Silva de Carvalho, presidente da Régia N.Sra. dos Prazeres (coordenadora estadual), proferiu palestra sobre os 90 anos da Legião de Maria, desde de sua criação e expansão pelo mundo, sua vinda para o Brasil em 1950 e para o Estado em 1958. Após uma pausa para o almoço, teve início a segunda parte da oração legionária. Na sequência, a Cúria N.Sra. da Boa Viagem, em Florianópolis, conduziu a leitura da história de Frank Duff, fundador da Legião. Liderados pela coordenadora, Alzira Faísca, vários membros do grupo leram trechos da história do fundador.

Abbá Pai realiza 4º Dia de Cura no Amor A Comunidade Católica Abbá Pai promove, no dia 16 de outubro, a partir das 8h, o “4º Dia de Cura no Amor”. Será na Paróquia Santo Antônio, em Campinas, São José, e o evento terá a pregação de Pe. Thiago Calçado, da Canção Nova, de São Paulo. O Dia de Cura no Amor conta com o apoio do Pe. Hélio da

Cunha, pároco anfitrião, e de lideranças paroquiais, comarcais e arquidiocesanas. O evento pretende ser um dia de Cura e Libertação em nome de Jesus. As inscrições já estão abertas. Contatos pelos fones (48) 30357897 e 9963-7939 ou pelos emails com.abbapai@gmail. com ou abbapai@abbapai.org.

Seminário da CF-2012 Encontro reuniu representantes de seis dioceses do nosso Regional Os orientadores espirituais (padres, diáconos e religiosas) dos grupos puderam dar o seu depoimento sobre o trabalho realizado. Entre eles, estava o Pe. Pedro Martendal, orientador espiritual da Legião na Arquidiocese, acompanhado de outros orientadores diocesanos e de grupos.

Celebração Eucarística O encontro foi encerrado após a Celebração Eucarística, presidida por Dom Vito Schlickmann, e conce-lebrada por vários padres e diáconos. Em sua homilia, Dom Vito falou da importância da Legião de Maria para a Igreja. Segundo ele, é um movimento que realiza um trabalho sem estardalha-

ço, em silêncio. Ele também falou do papel de Maria na vida dos legionários. “Os legionários devem ser como Maria: trabalhar no silêncio, na oração e estar a serviço”, disse Dom Vito, fazendo um paralelo entre o movimento e a sua inspiradora. Para Helena Pereira de Miranda, coordenadora da Legião na Arquidiocese, “o Encontro foi muito bonito pela espiritualidade e participação. Também uma oportunidade de rever antigos amigos, e novo estímulo para a continuidade do trabalho dos legionários”. Mais fotos no site da Arquidiocese (www.arquifln.org.br), clicar em “Álbum de fotos” no alto da página.

Semana Nacional da Vida e Dia do Nascituro Dos dias 01 a 07 de outubro, a Igreja celebra a Semana da Vida, culminando com o Dia do Nascituro, celebrado no dia 08 de outubro. As datas foram instituídas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e são ocasião especial para colocar em evidência o valor e beleza desse Dom

Vai acontecer...

precioso que recebemos de Deus. Este ano, o tema de reflexão adotado é “Vida Humana no Planeta”. A intenção é que, inspirados pelo tema, sejam realizadas reflexões em profundidade, celebrações, caminhadas, cursos, encontros, seminários e manifestações, sempre que possível, sobre

o Valor da Vida em todas as suas dimensões. Este ano, a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família e a Comissão Nacional de Pastoral Familiar (CNPF) elaboraram o livreto “Hora da Vida”, que servirá de subsídio. O material pode ser adquirido nas livrarias católicas.

O Regional Sul IV da CNBB estará realizando, nos dias 7 a 9 de outubro, o Seminário da Campanha da Fraternidade de 2012. O evento, a ser realizado em Lages, contará com a assessoria do Pe. Luiz Carlos Dias, Secretário Executivo Nacional da Campanha. Com o tema “Fraternidade e Saúde Pública” e lema: “Que a Saúde se difunda sobre a Terra” (cf Eclo 38,8), a CF-2012 pretende “refletir sobre a realidade da saúde no Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno e comunitário das

pessoas na atenção dos enfermos, e mobilizar por melhorias no sistema público de saúde” (Texto-Base). Cada Diocese do nosso Regional poderá encaminhar dez lideranças para participar do evento. A Arquidiocese de Florianópolis pede que ao menos um representante de cada comarca participe, a fim de poder repassar os conhecimentos. Por isso, financiará o transporte, alimentação e estadia dos participantes. Mais informações pelo fone (48) 3224-4799, ou pelo e-mail coordenação@arquifln.org.br.

Formação de candidatos ao diaconato Os candidatos ao diaconato estarão reunidos nos dias 21 a 29 de outubro, no Provincialado das Irmãs da Divina Providência, em Florianópolis, para participar de mais uma etapa de formação. Nesses dias, será realizada a 11ª fase (penúltima) da 14ª turma da Escola Diaconal São Francisco de Assis, e a 2ª fase da 15ª turma. A 14ª turma está em fase de conclusão do curso e conta com 35 candidatos (25 da Arquidio-

cese e 10 de Joinville). Já a 15ª turma iniciou a formação com 34 candidatos (20 da Arquidiocese; 08 de Tubarão; 05 de Joinville; e 01 de Caçador). A partir da 14ª,Turma a Escola Diaconal passou a ser desenvolvida em 12 etapas de formação. Nas três últimas etapas, os candidatos realizam a formação simultaneamente, mas em salas diferentes e com professores igualmente diferentes.


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Tema do Mês

MUDANÇA DE ATITUDES Neste mundo cada vez mais globalizado, numa sociedade centrada no mercado, o consumo é um incentivo permanente. O materialismo é a ideologia que domina nossas consciências. Em seu discurso no parlamento alemão, o papa lembrou que o movimento ecológico é um grito que anseia por ar fresco, um grito que não se pode ignorar. “Pessoas jovens deram-se conta de que, nas nossas relações com a natureza, há algo que não está bem; que a matéria não é apenas uma coisa para nosso uso e manuseio, mas a própria terra traz em si a sua dignidade e devemos seguir as suas indicações”. O materialismo nos

Missão na Ecologia Todo batizado tem total responsabilidade sobre a obra da criação. Foto/JA

O tema da Campanha Missionária deste mês de outubro – Missão na ecologia – está em consonância com a Campanha da Fraternidade, que refletiu sobre a vida no planeta e lembrou as dores de parto que sofre a criação. Todos os domingos, na Missa, professamos nossa fé “em Deus Pai, todo poderoso, criador do céu e da terra”. A fé cristã tem, por isso, uma relação intrínseca com a questão atual da ecologia. Não se pode imaginar alguém que afirma crer em Deus Criador e, depois, colabora na depredação do planeta. O que mais acontece, hoje, é ainda a falta de tomada de consciência e de mudança de atitudes e comportamentos em nossa relação com a natureza. Muitas pessoas, também entre os católicos praticantes, ainda não se deram conta do sofrimento da vida no planeta, não perceberam o quanto sujam, poluem, agridem, envenenam a natureza. O dinheiro, o grande deus do mundo moderno, exige o sacrifício de muitas vítimas em seus altares – o mercado, a moda, a mídia, o status, o consumo etc. Quanta gente vive, morre e mata pelo deus dinheiro. Quantas vítimas sacrificadas a esse novo e velho ídolo. Além da massa dos pobres, também a natureza sofre. Florestas e rios, montanhas e pântanos, plantas e animais…, a criação toda está gemendo. De parto ou de agonia?, perguntava o Hino da Campanha da Fraternidade. Certamente há muita agonia e morte. A própria natureza grita para expressar sua dor: enchentes, deslizamentos, secas etc. Como estamos nos posicionando nesta questão?

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das pela Palavra criadora e conectadas com os graves problemas de nosso tempo, sejam enviados por Deus e pela Igreja a serem promotores da salvaguarda da criação. Um bom cristão, que seja verdadeiro discípulo e missionário de Jesus Cristo, não pode deixar de lado o cuidado com a natureza. O Reino de Deus é vida, justiça e paz; é conservação da criação. Um bom cristão é também missionário da natureza. Como discípulo e missionário de Jesus Cristo, todo batizado tem total responsabilidade sobre a obra da criação.

MISSÃO E DEFESA DA CRIAÇÃO

Pe. Vitor fez uma reflexão sobre a Palavra de Deus na primeira Jornada Arquidiocesana da Juventude. leva a esquecer as leis da natureza. Faz que fiquemos centrados só em nós, usando as coisas do mundo sem pensar nos estragos que fazemos. Quanta coisa compramos sem necessidade? Quanto supérfluo em nossa casa? É da natureza que vem tudo o que consumimos. É ela que está sendo desgastada. Até onde, até quando ela suportará nossa ganância de ter, gastar, consumir? Uma real mudança de atitudes passa pela pobreza evangélica, que é uma virtude a cultivar e a abraçar livremente. Trata-se de uma vida simples, sóbria, austera, evangélica, de quem sabe contentar-se com pouco, de quem não se deixa levar pelo supérfluo, pela retenção e acumulação de bens materiais. Essa pobreza evangélica, que se deve escolher, é caminho e condição para combater a miséria que sofrem tantas pessoas, por causa das injustiças provocadas pelo egoísmo de muitos e pela corrupção dos governan-tes. A pessoa pobre dispõe-se à confiança em Deus, à justiça e à solidari-

Não se pode imaginar alguém que afirma crer em Deus Criador e, depois, colabora na depredação do planeta”.

edade com o próximo necessitado, e ao cuidado da criação. Pessoas consumistas são anti-ecológicas. Pessoas que assumem a pobreza evangélica são menos devastadoras da natureza e mais abertas e comprometidas com a promoção da vida do planeta.

MISSIONÁRIOS DA NATUREZA Parece que missão e ecologia não se casam. Mas, numa leitura mais profunda do mandato missionário de Jesus, segundo Marcos, percebe-se uma relação ínti-

ma, uma aliança entre o missionário e a natureza. “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura!” (Mc 16,15). Os discípulos são enviados ao mundo inteiro; portanto, não só ao mundo da humanidade, mas também ao mundo da natureza. Devem anunciar o Evangelho a toda criatura; portanto, não só aos seres humanos, mas também às plantas e animais, às águas e montanhas, a todos os seres vivos ou inanimados. A natureza é, pois, destinatária da evangelização. Mais ainda: na medida em que aprendermos suas leis, a natureza se torna também sujeito da evangelização. Por ela aprendemos muitos valores do Evangelho. Por exemplo: o cuidado com todas as formas de vida, o silêncio e a interiorização, a disposição de si em vista de mais vida para os outros, o encantamento diante das realidades maravilhosas. A natureza precisa de pessoas que a ouçam, que conheçam suas leis e as respeitem. A natureza precisa de missionários, pessoas que, alimenta-

Na exortação apostólica Verbum Domini , sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, publicada em setembro de 2010, o papa Bento XVI lembra que o mundo criado por Deus traz em si os vestígios da Palavra, por quem todas as coisas foram feitas. Ao anunciar a Palavra de Deus, o missionário foca sua mensagem em Jesus Cristo, a Palavra feita carne e, portanto, enraizada no mundo (Jo 1,14), a Palavra que criou todas as coisas (Jo 1,3; Col 1,16), a Palavra que sustenta o universo (Hb 1,3), a Palavra que recapitulará e reconciliará todas as coisas (Col 1,19-20) e as entregará ao Pai, para que Deus seja tudo em todos (1 Cor 15,27-28). Não há como ser discípulo e missionário de Jesus Cristo, a Palavra feita carne, sem preocupação e empenho pela defesa da criação. “A revelação, ao mesmo tempo em que nos dá a conhecer o desígnio de Deus sobre o universo, leva-nos também a denunciar comportamentos errados do homem, quando não reconhece todas as coisas como reflexo do Criador, mas mera matéria que se pode manipular sem escrúpulos” (VD 108). Faz parte da missão da Igreja, por sua fidelidade à Palavra criadora, promover uma ecologia autêntica, cuja raiz mais profunda é a relação amorosa com Deus Criador, a obediência da fé na Palavra feita carne do mundo e o reconhecimento da bondade radical de todas as coisas por ela criadas. Pe. Vitor Galdino Feller Coord. Arquidiocesano de Pastoral, Prof. de Teologia e Diretor do ITESC Email: vitorfeller@arquifln.org.br


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Romaria da Terra e da Água reuniu oito mil Realizado em Iraní, evento refletiu sobre as mudanças climáticas que afetam a vida do planeta Foto/JA

Mais de oito mil pessoas estiveram reunidas no dia 11 de setembro para participar da 22ª Romaria da Terra e da Água. Realizada no sítio histórico do Contestado, em Irani, pertencente à Diocese de Joaçaba, o evento contou com caravanas das dez dioceses do Estado. A Arquidiocese esteve representada por uma caravana de Biguaçu. Duas outras caravanas, de Florianópolis e Brusque, foram canceladas por conta das chuvas. A Romaria teve como tema “Mudanças Climáticas”, e lema “Deus criou... tudo era muito bom”, seguindo a tradição de abordar temas que ameaçam a vida na terra e de quem nela vive e trabalha. O evento também denunciou o modelo produtivo que impõe severos danos à natureza e apresentou alternativas. Algumas delas foram expostas em tendas. A mobilização teve início às 9h em frente ao Monumento do Contestado. Depois seguiu alguns quilômetros em peregrinação até onde os romeiros ficaram concentrados. A caminhada foi acompanhada por carro de som e os romeiros trouxeram a cruz de cedro, revezando-se no seu translado. Padre Roque Favarin, res-

Encontro de Missionários O Conselho Missionário Diocesano – COMIDI, estará promovendo no dia 09 de outubro, a partir das 9h, um encontro que pretende reunir todos os missionários que realizaram missões na Bahia. Realizado na Igreja Matriz da Paróquia São Sebastião, em Tijucas, o evento preAcompanhados de carro de som, romeiro fizeram longa caminhada a pé ponsável pela Cáritas em Santa Catarina e um dos coordenadores da Romaria, explicou a importância do evento. “A Romaria da Terra resgata a luta do Contestado, hoje representada na luta do povo, na celebração da vida e na esperança de que a terra poderá ser mais bem cuidada e não destruída por outros projetos de desenvolvimento com características mais modernas, mas que continuam explorando a vida e destruindo a natureza”, disse. A romaria propôs, na prática, outro modelo econômico. Toda a

alimentação foi partilhada gratuitamente em tendas montadas por organizadores e parceiros, entre elas pastorais sociais da Igreja e movimentos campesinos. Dom Wilson Tadeu Jönck, presidente da CNBB - Regional Sul 4, presidiu a celebração de encerramento. Na homilia, falou da importância da preservação da natureza. “Nós podemos formar um mundo diferente. Um mundo onde possamos dizer: aqui é muito bom. Este é o mundo que queremos realmente construir, e iniciativas já existem nesse sentido”, informou.

Seminário reúne liturgistas e catequistas A Diocese de Chapecó sediou nos dias 16 a 18 de setembro o Seminário Regional de Liturgia e Catequese. O evento contou com a representação de oito dioceses do Estado. A Arquidiocese esteve presente com oito participantes. O evento contou com a presença de Dom Manoel João Francisco, bispo anfitrião, que fez a acolhida dos participantes. A assessoria ficou com Dom Wilson Jönck, bispo de Tubarão e presidente do Regional Sul IV da CNBB. Ele abordou a “Exortação Apostólica Pós-Sinodal

Vai acontecer...

Verbum Domini”, de Bento XVI. Segundo Dom Wilson, o documento constitui importante guia para a recepção e vivência da Palavra de Deus. Eis as três partes da Exortação: 1) A Palavra de Deus - o Deus que fala; 2) A Palavra de Deus e a Igreja – a Igreja acolhe a Palavra; 3) A Palavra de Deus e o mundo - a missão da Igreja: anunciar a Palavra de Deus ao mundo. Os participantes da Arquidiocese se comprometeram a serem animadores da Palavra de Deus, tanto na catequese como na liturgia. No

próximo ano, 2012, Florianópolis sediará o encontro. O tema será pensado a partir das sugestões apresentadas pelos participantes. No mês de outubro, acontecerá em Goiânia o 1º Congresso de Animação Bíblica da Pastoral. Será nos dias 8 a 11/10. A Arquidiocese se fará presente com 6 participantes. Do Regional Sul IV estão inscritos 27 participantes. Você poderá acompanhar entrando no Site da CNBB: www. cnbb.br/congressoabp ou : www.catequesefloripa.org.br

tende ser um momento de confraternização e troca de informações entre os missionários.“Será uma oportunidade de reencontro, já que perdemos contato com alguns deles”, disse Domingos Francisco Pereira. Mais informações pelos fones (48) 84773552 ou 9619-9244.

Encontro para os jovens O Movimento Focolares da Arquidiocese estará promovendo nos dias 8 e 9 de outubro o Movimento Juvenil pela Unidade. Realizado na Chácara Manancial, em Biguaçu, o evento é destinado a jovens de 12 a 16 anos. Durante o encontro, eles contarão com oficinas, jogos, trilhas, momentos de diálogo na construção de um mundo mais unido. O Movimento Juvenil pela Unidade é constituído por 150 mil adolescentes, de 182 países, dos cinco continentes. Seu obje-

tivo: um mundo unido. Eles sabem que não é uma utopia, mas o futuro que desejam construir. Um compromisso que parte de cada um e que buscam realizar no dia a dia, no lugar onde vivem: na escola, na família, com os amigos, nas suas cidades. Mais informações pelos fones (48) 9989-3963, Jaqueline, 3244-4190 ou 9611-9458, com Maria, ou ainda 3244-0970 e 9616-9510, Ricardo, ou ainda pelo e-mail focfflorianopolis@ sul.focolares.org.br

Red Sanar promove formação A Red Sanar, entidade que atua na prevenção ao suicídio, estará promovendo no dia 22 de outubro, das 14h às 17h, no Educandário Imaculada Conceição, em Florianópolis, um curso de formação. Trata-se do terceiro curso de formação promovido para apresentar o trabalho e formar lideranças. A formação será ministrada por Zenir Gelsleichter, missionária leiga e funcionária da Livraria Paulus. Desde o início desse ano ela já realiza atendi-

mento às pessoas que a procuram. O trabalho teve início na Argentina, criado por um médico psiquiatra. Depois foi levado ao Chile e Bolívia. Agora está chegando ao Brasil. A finalidade é atender pessoas com problemas de estresse, ansiedade, fobia, tristeza, pânico, depressão, angústia e crises, que podem levar ao suicídio. Mais informações no site www. redsanar.org. ou pelo e-mail redsanarbrasil@ gmail.com


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Bíblia

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Jornal da Arquidiocese

Conhecendo o livro dos Salmos (42)

Salmo 57 (56): Estou pronto!

À sombra de tuas asas 2. Piedade de mim, ó Deus, tem piedade, / pois em ti me refugio; / abrigo-me à sombra de tuas asas, até que passe a desgraça. Logo após a invocação inicial, repetida, suplicando a “piedade” divina, o salmista justifica o seu pedido, afirmando que é em Deus que ele busca socorro e abrigo. “Refugiar-se” é termo corrente no saltério (p. ex. 5,12; 7,2; 11,1; 16,1 etc). Unido à “sombra das asas”, parece referir-se à acolhida no Templo, lugar de refúgio para os acusados injustamente. No caso, é alguém que espera ardentemente sua inocência ser proclamada pela manhã. A “sombra das asas” é uma imagem do rosto materno de Deus, como em Dt 32,11 e, no evangelho, as palavras de Jesus a Jerusalém: “Quantas vezes quis reunir teus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas...” (Lc 13,34). “Até que passe a desgraça”, faz lembrar a “passagem” – páscoa! – do Exterminador, em Ex 12,23, retoma-

Divulgação/JA

Uma das cenas que mais me impressionaram, no filme de Mel Gibson sobre a Paixão, foi exatamente o “Estou pronto!”, ou melhor, “Meu coração está pronto!”, as palavras sussurradas e repetidas, em aramaico, por Jesus, ao ser despido e atado à coluna, para ser flagelado. Neste salmo, o versículo respectivo, que começa com essas palavras (v.8), está imediatamente depois, ou no meio, de uma situação aflitiva (“armaram uma rede... dobraram-me o pescoço”, v.7) e ao mesmo tempo introduz, de modo impetuoso, o propósito de cantar, de louvar (“quero cantar, a ti quero louvar”, v. 8), celebrando antecipadamente a superação da prova. Esse detalhe não é, por certo, o mais importante deste pequeno salmo, marcado por uma série de belas imagens. Mas é certamente significativo, e justifica, no contexto apontado, o seu aproveitamento como título deste comentário. De resto, trata-se de um salmo de súplica, que culmina num louvor matutino esplêndido. Note-se também um refrão, ou estribilho, que aparece duas vezes (vv. 6 e 12), e divide o salmo em dois momentos (vv.2-5 e 7-11). Os vv. 8-12, que são o final deste salmo, encontram-se também no Sl 108 (107), aí constituindo o seu início.

mal visado por caçadores, que tentam pegá-lo na rede e/ou fazêlo cair na armadilha. Mas são eles que caem na cova, como se lê em Provérbios: “Quem abre uma cova, nela cairá” (Pr 26,27; cf Sl 7,16). Embora tendo “curvado o pescoço”, o salmista já se alegra, pois tem certeza de que Deus intervirá, e são seus inimigos que cairão “na cova que cavaram”.

Estou pronto! 8. Meu coração está pronto, ó Deus, / meu coração está pronto. / Quero cantar, quero salmodiar!

da por Isaías: “até que a cólera passe” (Is 26,20).

Do céu, a ajuda 3. Eu clamo ao Deus altíssimo, / a Deus, que me faz todo o bem. 4. Que Ele mande do céu sua ajuda ,/ confundindo meus perseguidores; / Deus mande sua misericórdia e sua fidelidade. Como lembrava Santo Agostinho, Deus “está mais dentro de nós, que o nosso íntimo”. E o próprio Senhor Jesus, no evangelho, nos lembra que o Pai está dentro, no coração, daquele que O ama (cf Jo 14,23). No entanto, essa imanência não anula a transcendência de Deus, a quem invocamos como “Pai que está nos céus” (Mt 6,9) e cuja “distância” tantas vezes sentimos. Por isso, no seu abatimento, o salmista invoca o “ Deus Altíssimo” (v.3), pedindo que Ele mande “do céu a sua ajuda”. Mais ainda, que Ele concretize essa ajuda por intermédio de dois agentes personificados, “sua misericórdia e sua fidelidade” que, segundo Ex 34,6, constituem a própria essência divina. E assim serão “confundidos”, isto é, envergonhados, vencidos, os “meus perseguidores”. A tradução do final do v. 3 poderia ser, também: “a Deus, que completa em mim a sua obra”.

seus dentes se exteriorizam como “lanças e flechas”, e suas línguas parecem “espadas cortantes”. É a pressão do medo, que faz a fantasia trans/formar, ou antes, de/formar, a realidade. Ver, a propósito, a descrição do medo dos egípcios na penúltima praga, em Sb 17,9-19.

Acima do céu 6. Ó Deus, eleva-te acima do céu, / sobre toda a terra se estenda a tua glória! De repente, do perigo tão intimamente sentido, na noite que se prolonga, brota o clamor do estribilho: “Eleva-te, ó Deus, sobre o céu!”. Mentalmente, o orante antecipa o amanhecer de Deus, e já começa a sentir a mudança da situação. Confluem aqui vários motivos freqüentes na literatura bíblica: a manhã como tempo de graça, que infalivelmente seguirá à noite, e a luz como salvação e vida. Assim foi na noite do Êxodo: “Ao despontar o dia, o mar recobrou seu curso ordinário, recobrindo os egípcios em fuga...” (cf Ex 14,27) Assim foi na invasão de Senaquerib, no tempo de Isaías: “Pela manhã, ao despertar, no acampamento o que havia eram só cadáveres” (cf Is 37,36). Ainda Isaías: “Ao anoitecer, impera o medo; antes do amanhecer, não há mais nada” (Is 17,14).

Rede e cova Entre leões 5. Estou encurralado entre leões, que devoram as presas: / seus dentes são lanças e flechas, / sua língua, uma espada afiada. A imagem do agressor como leão, já conhecida (p. ex. Sl 7,6), aqui assume detalhes fantásticos:

7. Armaram uma rede a meus pés, dobraram-me o pescoço; / cavaram à minha frente uma cova, mas caíram nela. Ainda uma menção do perigo, mas já praticamente superado. A imagem agora não é a de um homem acossado por “leões que devoram” (v. 5), mas a de um ani-

Agora começa, impaciente, o hino, pequeno mas grandioso, que culminará no estribilho já anunciado no v. 6, e que retomará, do v. 4, os dois grandes atributos divinos da misericórdia e da fidelidade. Diante dos inimigos que “caem”, o salmista sente que seu coração já “está pronto” ou, como traduz a Vulgata, “preparado”. “Preparado”, ou “pronto”, para quê? Para enfrentar corajosamente a luta, da qual resultará a vitória? Assim o interpreta, como já vimos acima, o cineasta de “A Paixão de Cristo”. Mas também, no contexto imediato, “pronto” e, mesmo, impaciente, para “cantar” e “salmodiar”, em louvor a Deus que liberta.

Desperta, minha glória! 9. Desperta, minha glória, / despertai, harpa e cítara, / eu vou acordar a aurora. Versículo extraordinário, que personifica os instrumentos musicais como se fossem membros de um coro, e a aurora, como personagem celeste que pode adiantar a ação. A propósito, um rabino medieval, Qimchi, comenta: “Eu despertarei a aurora, não ela a mim”... Quanto à “minha glória”, tem dois significados: primeiro, pode ser paralelo de “meu coração” e “minha alma”. Então seria uma automotivação do salmista a si mesmo: o orante toma consciência de dever ele mesmo acordar, e então dispõe-se a despertar os instrumentos dormidos, para que se associem ao seu louvor. Ou, também, “minha glória” é título divino, que corresponderia à “glória” exaltada no estribilho (vv. 6 e 12). Nesse caso, é um apelo, cheio de certeza, para que “a glória”, isto é, o próprio Deus, “desperte” para consumar a libertação. Apelo bem diferente, portan-

to, do pedido angustiado do Sl 44,24: “Levanta-te, por que dormes, Senhor? Desperta, não nos rejeites para sempre!”

Eu te agradeço 10. Eu te agradecerei entre os povos, Senhor, / a ti cantarei salmos entre as nações! 11. Pois tua misericórdia se alteia até o céu, / e tua fidelidade, até as nuvens. O hino é de ação de graças pela salvação alcançada, assumindo dimensões, diríamos hoje, planetárias: “entre os povos e as nações”. E o motivo: é que “a misericórdia do Senhor” e “a sua fidelidade”, que o salmista suplicara lhe fossem enviadas “do céu” (v. 4), agora como que retornam “até as nuvens”, até a luminosa esfera divina, para daí continuarem a sua atuação. 12. Ó Deus, eleva-te acima do céu, / sobre toda a terra se estenda a tua glória! Este brado de júbilo que conclui o salmo, retomado integralmente do v. 6, e constituindo de certo modo um estribilho, parece aplicar a Deus a imagem do sol que, ao elevar-se, enche de luz a face do planeta. A propósito, o profeta Malaquias dirá, mais tarde, que, para os justos, “o Senhor é o sol da Justiça, que cura com suas asas”, ou seja, com seus raios benfazejos de misericórdia e fidelidade. E o salmista, iluminado pela glória divina dessa luz, faz votos que ela se estenda por toda a terra. Pe. Ney Brasil Pereira Professor de Exegese Bíblica no Instituto Teológico de SC - ITESC email: ney.brasil@itesc.org.br

Para refletir: 1) Que significa, no salmo, a expressão “Meu coração está pronto!” (v. 8)? 2) Que faz lembrar a expressão “até que passe a desgraça” (v.2)? 3) Em que sentido a misericórdia e a fidelidade são os atributos essenciais de Deus? 4) Qual o sentido do estribilho do salmo, no v. 6 e no v. 12? 5) Explique o v. 9: por que o salmista quer “despertar a aurora”?


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Assembleia define linhas de ação da PJ Jovens estudaram e definiram as ações para os próximos três anos e escolheram o novo secretário Foto JA

A Pastoral da Juventude da Arquidiocese realizou nos dias 23, 24 e 25 de setembro a sua Assembleia Arquidiocesana, na Casa de Retiros “Caminho de Nazaré”. O evento reuniu 25 jovens articuladores comarcais e coordenadores paroquiais e de grupos de jovens. A assessoria ficou por conta de Diego Nunes. Realizada a cada três anos, a Assembleia tem a finalidade de avaliar a caminhada e traçar as linhas de ação para os próximos três anos. Desta vez, os participantes receberam uma questionário com antecedência, para avaliarem a atuação do seu grupo frente à sociedade, à comunidade, à Igreja, e à própria PJ. O resultado foi sistematizado e estudado na assembleia. “Nosso objetivo foi ver a realidade da

Milhares de jovens de toda a Arquidiocese são aguardados para participar da celebração do Dia Nacional da Juventude. Programado para 30 de outubro, na Escola Estadual Básica José Rodrigues, em Garopaba, o evento terá como tema “Juventude e Protagonismo Feminino” e o lema “Jovens mulheres tecendo relações de vida”.

PJ na Arquidiocese hoje, para podermos traçar um plano de ação daqui para a frente”, disse

ceição da Lagoa, em Florianópolis, foi eleito o novo secretário. Pelos próximos três anos ele terá a missão de articular os trabalhos na Arquidiocese, contando sempre com o apoio da equipe de coordenação. Felipe tem uma longa caminhada em grupo de jovens e no apoio à equipe de coordenação arquidiocesana. “Sou apenas mais um jovem que acredita em um mundo melhor e na civilização do amor”, disse em sua carta de apresentação.

Gisleyne Anacleto, membro da equipe de coordenação arquidiocesana. Durante a assembleia, os jovens definiram as quatro principais linhas de ação para os próximos três anos, a saber: organização da PJ como um todo; formação; espiritualidade; e missionaridade. Para cada ítem, foi definido o que e como será feito. Além disso, há ainda as outras atividades habituais da PJ que continuarão a ser realizadas, o DNJ por exemplo. O evento também serviu para escolher o novo secretário liberado da Pastoral da Juventude para os próximos três anos. O eleito foi Felipe Candin dos Santos Fuentes, 21 anos, da Paróquia N.Sra. da Imaculada Conceição da Lagoa, em Florianópolis.

Encontro reúne o Setor Juventude O Setor Juventude da Arquidiocese esteve reunido no dia 17 de setembro. Realizado na Catedral, o encontro contou com a presença de 20 participantes, representando nove segmentos da juventude da Arquidiocese. Na oportunidade, eles avaliaram a Jornada Arquidiocesana da Juventude, realizada no dia 28 de agosto, no CEAR, Governador Celso Ramos, e estudaram o tema “Comunicação e Evangelização da Juventude”, com a assessoria de Jean Ricardo, Fabíola Goulart e Daniel Casas. Os participantes acharam bas-

Durante o DNJ, os jovens ainda contarão com momentos de apresentação de experiências dos grupos de jovens, apresentações culturais, grupos musicais e encenações artísticas. Mais informações no site: www.pjarquifloripa.com.br, ou pelo fone (48) 32244799, na secretaria arquidiocesana da PJ.

Encontro contou com a assessoria do líder jovem Diego Nunes

Felipe será o novo secretário da PJ Durante a Assembleia da PJ, Felipe Candin dos Santos Fuentes, de 21 anos, da Paróquia N.Sra. da Imaculada Con-

DNJ reflete sobre o protagonismo feminino

tante positiva a Jornada Arquidiocesana, e pensam em realizá-la anualmente ou no mesmo ano da Jornada Mundial. Os participantes também assumiram o desafio de entrar em contato com os demais segmentos que ainda não participam dos encontros para integrálos ao grupo. Para o Pe. Josemar Silva, referencial do Setor Juventude na Arquidiocese, o encontro foi bastante positivo. “Saímos convencidos e motivados de que o Setor é um fato, uma força, mas que temos que dar passos para fortale-

cer o trabalho de evangelização da juventude que já é realizado de diferentes formas, mas com o mesmo propósito, na nossa Arquidiocese”, disse. O próximo encontro será no dia 20 de novembro, das 8h às 17h, em Tijucas. No dia 10 de outubro, será realizado o Encontro Regional do Setor Juventude. Realizado na sede da CNBB - Regional Sul IV, em Florianópolis, o evento reunirá representantes dos segmentos da juventude de todo o Estado. Durante o dia, eles pensarão a caminhada do setor para os próximos dois anos.

YouCat, o Catecismo Jovem Recentemente foi lançado um livro, chamado de YouCat, abreviação das palavras Youth (Juventude) e Catechism (Catecismo), na língua portuguesa, o Catecismo Jovem. Trata-se de uma edição do Catecismo da Igreja Católica voltado aos jovens, com uma linguagem apropriada, muitas imagens e textos complementares. Na mochila de todos os participantes da Jornada Mundial da Juventude, que aconteceu em agosto deste ano, estava um exemplar do “Catecismo Jovem”. Um presente do próprio Papa. E no prefácio, Bento XVI fez um convite especial: “Formai grupos de estudo nas redes sociais, partilhai-o entre vós na internet. Permanecei deste modo num diálogo sobre a vossa fé”. Atendendo a esse pedido do próprio Papa, cinco seminaristas da Arquidiocese, estudantes de Filosofia em Brusque, resolveram criar espaços para a partilha e estudo do YouCat, abrindo assim um espaço virtual para o diálogo sobre a fé. Inicialmente foi criado um twitter (@CatecismoJovem), rede social que está em destaque atualmente entre a juventude. Muitos seguem, twittam, mencionam muitas coisas durante o dia, e com este twitter abriu-se um espaço concreto para o jovem conhecer o que a sua Igreja tem a dizer, de uma forma jovem. Também foi criado um facebook (www.facebook.com/ catecismojovem), que traz diariamente imagens, textos e frases do YouCat.

Posteriormente foi criado um blog (www.catecismojovem. blogspot.com), que é atualizado diariamente com assuntos e material retirado do próprio YouCat. Em uma linguagem acessível, leve e curta, o jovem pode ler a opinião da Igreja sobre determinados assuntos. Os resultados foram rápidos, sendo que em menos de três meses o twitter já tem mais de 1,7 mil seguidores, 1,2 mil amigos no facebook e mais de 10 mil visitas no blog. Porém, para os seminaristas, os números não são o dado mais importante. “O que mais nos faz felizes é ver a quantidade de jovens interagindo, perguntando e assim conhecendo melhor a sua fé”, afirmou Paulo Chaves, seminarista e membro da equipe. Além disso, em setembro deste ano, o Catecismo Jovem foi tema do Programa Revolução Jesus, na Canção Nova, sendo citados o twitter e blog como grande fonte de difusão do YouCat. “Para nós foi muito gratificante ver a repercussão que teve uma ideia simples como esta que tivemos, respondendo ao pedido do Papa. As redes sociais podem ser nossas aliadas na evangelização”, afirmou Diogo Cesar, membro da equipe. Essa experiência reforça a importância da nova evangelização, da aproximação pedida pelo Papa, dos jovens em seu próprio espaço, tendo sempre em vista a evangelização e o anúncio de Jesus Cristo, que deverá transformar a vida de cada jovem.


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Jornal da Arquidiocese

Padres refletem sobre a Caridade Pastoral Dom Edson Damian, bispo missionário, mostrou como o Apóstolo Paulo é modelo para os presbíteros Foto JA

Os padres da arquidiocese que não haviam feito o retiro em fevereiro, fizeraam-no nos dias 12 a 15 de setembro, na “Vila Fátima”, Morro das Pedras, em Florianópolis. Os cerca de 40 padres presentes refletiram sobre o tema “Caridade Pastoral a partir de Paulo aos Filipenses”. O orientador foi Dom Edson Damian, bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeirinha, no Amazonas. Durante o evento, ele disse que os presbíteros devem sempre buscar o presépio, e ser acolhedores como a manjedoura. Para Dom Edson, o apóstolo Paulo ensina a caridade pastoral o amor apaixonado por Jesus e pelos irmãos e irmãs que são confiados ao ministério dos presbíteros. “Paulo foi alguém que se deixou conduzir totalmente por Jesus e, por isso, é modelo de espiritualidade e identidade para o presbítero”, acrescentou. Segundo Pe. Vilson Groh, coordenador arquidiocesano da Pastoral Presbiteral, a escolha de Dom Edson para pregar o retiro se deve a que nos últimos anos os padres estão buscando experiências místicas em áreas de fronteira do nosso país. “Com isso, procuramos recuperar continuamente o “pri-

Paróquia de Garopaba forma mais 21 visitadores, somando aos 20 que já atuam

Realizado no Morro da Pedras, evento reuniu mais de 40 participantes meiro amor” pelo qual entregamos nossa vida ao seguimento de Jesus. E esse primeiro amor é um contínuo voltar à vida dos empobrecidos, como mestres de nossa santidade”, disse Pe. Vilson. A diocese de São Gabriel da Cachoeirinha é uma das duas dioceses do Amazonas. Faz divisa com a Colombia e a Venezuela. É a diocese mais extensa do Brasil, com 293 mil m2. A população é de 80 mil habitantes, sendo 95% indígenas, de 23 etnias e falando 18 línguas diferentes. Mas todos católicos e tradicionais, que se

confessam a cada visita do padre. A maior dificuldade é a mobilidade. Não há estradas, e o transporte é feito sobretudo através de barcos. O Rio Negro é o principal ponto de navegação. Todo o trabalho de evangelização é realizado por 16 padres. Eles estão distribuídos em 10 paróquias e se esforçam por visitar cada comunidade pelo menos duas vezes ao ano. Eles contam com o auxílio de 47 irmãs salesianas. Matéria completa com entrevista e reportagem em vídeo no site da Arquidiocese www.arquifln.org.br

centração, os participantes tiveram vários momentos de partilha. Cada uma da quatro áreas do Movimento de Irmãos (Área I- Itajaí; II - Fpolis; III - Vale do Rio Tijucas; IV Grande Fpolis) apresentou em vídeo o resultado dos seus gestos concretos de caridade e ajuda às entidades sociais mais necessitadas de sua área de atuação: asilos, creches, e casas de recuperação de dependência química, conforme solicitado pela Coordenação Arquidiocesana.

A ajuda foi realizada em forma de doação de alimentos, material de limpeza, de higiene etc. “Todos tivemos um dia muito especial, com momentos de espiritualidade, partilha e muita alegria”, disse Heitor Campos, que com sua esposa Margarete, coordena o Movimento de Irmãos na Arquidiocese. A Associação Movimento de Irmãos está agora empenhada no propósito de construir uma casa de retiros no local.

A Paróquia São Joaquim, em Garopaba, celebrou no dia 03 de setembro, o envio de 21 líderes da Pastoral da Pessoa Idosa. A formação foi realizada em dois dias fins de semana, pelas capacitadoras Noemi, da Igreja Anglicana, e Carmen Souto, coordenadora Arquidiocesana da Pastoral da Pessoa Idosa. O trabalho da Pastoral teve início na paróquia no dia 07 de maio deste ano, quando 20 líderes concluíram a formação. Nestes quatro meses, 195 idosos foram visitados e cadastrados pelas líderes nas comunidades. São os idosos não ativos, doentes, que pouco saem de casa ou acamados. Antes eram seis comunidades visitadas, agora o trabalho já alcança 14 comunidades. As visitas são realizadas por 14 líderes da pastoral, que têm

a missão de levar uma palavra amiga, um abraço, uma oração na visita mensal. “Com a formação desse novo grupo, mais comunidades farão parte e irão fortalecer e aumentar as visitas e atingir maior número de idosos”, disse Marinês Schmidt, coordenadora paroquial da Pastoral da Pessoa Idosa, em Garopaba. A Pastoral está presente em quatro paróquias da Arquidiocese, com 93 líderes atuantes e visitando 378 idosos ao menos uma vez por mês. Há três paróquias que manifestaram interesse e devem iniciar a capacitação no próximo ano. Os interessados em conhecer o trabalho, podem entrar em contato com Carmen Souto, pelos fones (48) 3207-6200 ou 9119-8029, ou ainda pelo email carmensouto58@ yahoo.com.br. Divulgação/JA

Movimento de Irmãos realiza Concentração O Movimento de Irmãos realizou no dia 18 de setembro a sua Concentração Arquidiocesana. Foi na sede da Associação Movimento de Irmãos, no município de Penha, e contou com a presença de mais de 300 participantes de toda a Arquidiocese. O evento teve início com a Celebração da Palavra, presidida pelo diácono Guillermo Enrique Gómez Quezada, da Paróquia São Vicente de Paulo, em Itajaí. Durante a con-

Pastoral forma novos visitadores dos idosos

Visitadoras acompanham 195 idosos prentedendo ampliar atendimento


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Dom Wilson é o Arcebispo de Florianópolis Catarinense de Vidal Ramos, Dom Wilson trabalhou por dez anos como professor em Brusque

Leia a biografia completa de Dom Wilson e outros assuntos do nosso Arcebispo no site da Arquidiocese (www.arquifln.org.br).

Foto JA

Após mais de oito meses de espera, a Arquidiocese tem seu novo Arcebispo, Dom Wilson Tadeu Jönck. O anúncio oficial da nomeação pelo papa Bento XVI foi feito na manhã de 28-9. Dom Wilson tem 60 anos, é natural de Vidal Ramos, no Vale do Itajaí, e desde maio de 2010 exercia seu ministério episcopal na Diocese de Tubarão. A posse será no dia 15 de novembro (feriado nacional), às 9h30, no Ginásio de Esportes do Colégio Catarinense, no centro de Florianópolis, que acolhe mais de quatro mil pessoas. Sexto bispo e quinto Arcebispo de Florianópolis, ele é da Congregação do Padres do Sagrado Coração de Jesus, a mesma dos seus dois antecessores: Dom Eusébio Scheid e Dom Murilo Krieger. Desde a nomeação de Dom Murilo, para assumir a Arquidiocese de Salvador, Bahia, em 12 de janeiro deste ano, era aguardada com ansiedade a nomeação do seu continuador à frente das atividades pastorais em Florianópolis. Dom Wilson é padre há 34 anos, dez deles como professor no Seminário de Filosofia, em Brusque, antes de ser nomeado bispo, o que lhe proporcionou amplo contato com os futuros padres da Arquidiocese. Ele é bispo desde 11 de junho de 2003, quando foi nomeado bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Estava na Diocese de Tubarão desde 18 de julho do ano passado. Através de nota oficial, Pe. João Francisco Salm, Administrador Diocesano da Arquidiocese, fala da alegria na escolha de Dom Wilson para nosso Arcebispo. Leia o texto completo ao lado.

Dom Wilson diante da sede do Regional Sul IV da CNBB, em Florianópolis, entidade que ele preside desde maio deste ano

Florianópolis saúda seu novo Arcebispo A Arquidiocese de Florianópolis recebe com imensa alegria e em atitude de ação de graças o anúncio de que o Sr. Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, Bispo da Diocese de Tubarão, SC, foi escolhido pelo Santo Padre para ser o nosso Arcebispo. Seja bem-vindo, Dom Wilson! Nós o acolhemos como nosso Irmão, Amigo, Mestre e Pai. Depois de vários meses de oração suplicante, nossas comunidades, enquanto agradecem ao Senhor pelo dom que nos faz, se unem aos irmãos e irmãs da vizinha Diocese de Tubarão, em oração fervorosa, pedindo a Deus que lhes dê em breve um novo Bispo. Durante as próximas semanas vamos nos preparar para a solene Celebração em que Dom Wilson será empossado como nosso Arcebispo. A data escolhida é o dia 15 de Novembro de 2011, terça-feira, feriado nacional, às 09h30, no Ginásio de Esportes do Colégio Catarinense, no centro da cidade. N.Sra. do Desterro e Santa Catarina de Alexandria intercedam junto a Deus para que Dom Wilson tenha um fecundo e feliz pastoreio entre nós. Dom Wilson, receba o abraço deste Povo que já o ama! Pe. João Francisco Salm Administrador Arquidiocesano

Congregação realiza encontro para jovens vocacionadas As Irmãs da Divina Providência realizaram, nos dias 23, 24 e 25 de setembro, um encontro para jovens vocacionadas. Destinado a jovens com 14 anos ou mais, o encontro reuniu 11 participantes, da Diocese de Joinville, Diocese de Rio do Sul e seis da Arquidiocese de Florianópolis. O encontro vocacional foi realizado na Comunidade Madre Elisabeth Sarkamp, em Florianópolis. Durante os três dias, as jovens tiveram momentos de integração, oração e conteúdos específicos da Congregação das Irmãs da Divina Providência. A formação foi conduzida pelas próprias Irmãs. Segundo Irmã Maristela Christiano, coordenadora do serviço de animação vocacional da Congregação, as jovens já são acompanhadas à distância pelas

irmãs. “A intenção do encontro é apresentar a elas de forma mais próxima um pouco mais do carisma das Irmãs da Divina Providência”, disse. As da Arquidiocese, todas participaram do Encontro Vocacional para meninas coroinhas e outras adolescentes e jovens, realizado em agosto. Diferente daquele, que é aberto e não direcionado, este foi específico para a Congregação. Josiane Gonçalves, 14 anos, da Paróquia São Joaquim, de Garopaba, foi uma das participantes. Liderança juvenil que já foi coroinha e hoje participa da Liturgia, sempre teve curiosidade em conhecer a vida das religiosas. “Curiosidade para saber se é mesmo essa a minha vocação. Este encontro está me ajudando para esse discernimento”, disse.

Diáconos participam de retiro Os diáconos e esposas da Arquidiocese estiveram reunidos nos dias 23, 24 e 25 de setembro, para participar do seu retiro anual. Realizado na Casa de Eventos e Retiros Provincialado Coração de Jesus, em Florianópolis, o evento reuniu 71 participantes (31 casais) da região sul da Arquidiocese. Durante os três dias, eles refletiram sobre o tema “O Ministério Diaconal e a Família – desafios e oportunidades no cotidiano”. A assessoria do retiro foi confiada ao Pe. Silvano João da Costa, que é professor da Faculdade São Luiz, em Brusque, e vigário da Paróquia São Vicente, em Itajaí. Ele já pregou retiros

para os diáconos da Diocese de Joinville. E também pregará o próximo retiro para os diáconos e esposas da região norte da Arquidiocese, nos dias 28, 29 e 30 de outubro, na Casa Padre Dehon, em Brusque, com o mesmo tema. Para o diácono Cláudio Ernesto Amante, vice-coordenador da Comissão Arquidiocesana do Diaconato Permanente – CADIP, e coordenador do retiro, a formação foi muito positiva. “O encontro transformou o meu entendimento sobre o relacionamento que deve existir entre os padres e os diáconos, e aprofundou o ser Diácono na família”, disse.


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Ação Social

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Mais uma vez cheias atingem o Vale do Itajaí Campanha busca arrecadar fundos para amenizar o sofrimento das milhares de famílias que foram atingidas pela enchente Divulgação/JA

O Estado de Santa Catarina mais uma vez foi atingido por alagamentos, cheias e deslizamentos. Segundo a Defesa Civil Estadual, foram afetadas diretamente 178.400 pessoas, sendo desalojadas 27.912 e desabrigadas 5302. Em nossa Arquidiocese, cinco paróquias ofereceram abrigos para os atingidos, assumindo seu compromisso com as pessoas em situação de emergência. Percebeu-se melhora na capacidade de resposta, tanto das Defesas Civis municipais como das entidades. A Ação Social Arquidiocesana, ASA, vem articulando parceria com a Defesa Civil com o objetivo de capacitar as entidades-membro para atuarem nessas situações com eficiência. Procurando atender as famílias atingidas, foi lançada uma Campanha de mobilização das Paróquias e comunidades, convidadas a fazerem uma especial coleta nos dias 24 e 25 de setembro. De toda a arrecadação, 80% serão destinados aos atingidos da

Região do Vale do Itajaí mais uma vez ficou submersa por conta das fortes chuvas deste mês, afetando milhares de famílias da região Arquidiocese e os 20% restantes serão enviados à Cáritas Regional de Santa Catarina para o atendimento na Diocese de Rio do Sul. Destaca-se também a atuação da Rede Cáritas, que está mobilizando a Campanha SOS Santa Catarina para atender os municípi-

os atingidos nas Dioceses de Rio do Sul e Blumenau. As doações ainda podem ser realizadas através de depósito na Conta Mitra Metropolitada/ Coletas, Banco do Brasil, Agencia: 1453-2 – Florianópolis c/ c: 39.984-1, titular: Cáritas Bras. – Reg. SC – EMERGÊNCIAS

Florianópolis tem nova articuladora local para o Projeto FORTEES No mês de setembro, Adriana Silveira Ruiz Diaz assumiu a função de articuladora local do projeto “Fortalecendo Experiências de Economia Solidária em Santa

Catarina”, FORTEES, substituindo Miriam Abe. Adriana dará continuidade às visitas de acompanhamento econômico. No último dia 20, Adriana visitou o grupo “De Divulgação/JA

Grupo De Mãos Unidas foi visitado pela nova articuladora do projeto

Mãos Unidas”, do bairro Bom Viver, em Biguaçu, sendo acompanhada pela AS Maria Antônia, da ASA, Ação Social Arquidiocesana. O grupo, que iniciou com o objetivo de gerar renda para as famílias que recebiam cestas básicas da paróquia, há 3 anos, hoje conta com a participação de 13 mulheres. Sua maior dificuldade é não terem lugar para a venda de seus produtos e não disporem de uma máquina de costura. O grupo produz adereços de cozinha, como panos de prato, esteiras, aventais, entre outros, contando com duas professoras de pintura. Na conversa com a articuladora, Adriana Silveira Ruiz Dias, o grupo relatou o interesse e a necessidade de se aprimorar na costura, já que terceirizam esse serviço.

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GBF 11

Outubro 2011

Comarca realiza encontro de espiritualidade Coordenadores paroquiais e de grupos, somando 48 lideranças, participaram do encontro de formação Foto JA

A Comarca de São José realizou no dia 26 de setembro um encontro para coordenadores de grupos e paroquiais dos Grupos Bíblicos em Família. Realizado na Casa de Encontros Santa Maria da Arquidiocese, na Ponte de Baixo, em São José, o encontro reuniu 48 participantes, representando nove paróquias da Comarca. Foi a primeira vez que se realizou um encontro comarcal de espiritualidade para os líderes dos GBFs. O evento contou com a assessoria da Irmã Luzia Pereira, que, utilizando da Leitura Orante da Bíblia, refletiu sobre três passagens bíblicas: a passagem em que uma samaritana está com Jesus no poço, e Ele lhe promete “água viva”; as Bodas de Caná, sobre o vinho novo de que precisamos hoje, qual é o que está faltando na vida pessoal e na caminhada com os grupos; e sobre Zaqueu e seu desejo de ver Jesus. “Cada passagem foi refletida trazendo presente a vivência nos Grupos Bíblicos em Família”, disse Irmã Luzia. O encontro também contou com a presença de Maria Glória da

A caminhada dos GBFs na Paróquia N. Sra. da Boa Viagem

Formação para os coordenadores contou com a assessoria da Irmã Luzia Luz, coordenadora arquidiocesana dos Grupos Bíblicos em Família. Ela falou das semelhanças e diferenças entre os GBFs e as Comunidades Eclesiais de Base - CEBs. Segundo ela, não há muitas diferenças entre o jeito das duas viverem o Evangelho. “As CEBs vivenciam a dimensão social com mais ousadia e coragem a partir da luz da Palavra de Deus. Elas são luz para o caminho dos Grupos Bíblicos em Família”, disse Glória.

A formação foi encerrada com a Celebração Eucarística presidida pelo Pe. Elizandro Scarsi, vigário na Paróquia São Judas Tadeu, na Ponte do Imaruim, Palhoça. Para Osmarete Barbosa, coordenadora comarcal dos GBFs, essa primeira experiência foi muito positiva. “Tivemos uma boa participação, com um bom número de coordenações. Isso nos motiva a pensar nesse tipo de encontro para os próximos anos”, acrescentou.

GBFs fazem ‘romaria’ a Angelina Os Grupos Bíblicos da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, da Comarca do Estreito, em comunhão com os momentos de preparação para o 11º Estadual das CEBs, a partir das reflexões do livreto do Tempo Comum, fizeram uma romaria ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição em Angelina. Aliás, esta saída dos Grupos da Paróquia já está se tornando tradição, e já faz parte do calen-

Testemunho

dário anual dos GBFs. Este ano, aconteceu no mês passado, dia 28 de Agosto. Os nossos Grupos Bíblicos em Família deram uma demonstração de que estão firmes na caminhada da pequena Igreja nas Casas, respondendo sim ao convite para participarem dessa romaria de fé. Os “romeiros dos grupos bíblicos” foram numerosos, chegando a lotar 03 (três) ônibus. O dia foi preenchido por uma Divulgação/JA

Coord. Paroquial dos GBFs

A Paróquia conta com 20 Grupos Bíblicos em Família, presentes em oito comunidades

em Família” (GBF), assumindoos como prioridade na ação evangelizadora, com uma coordenação arquidiocesana. Atualmente, em nossa paróquia, o Diácono Pedro Carbonera, num trabalho de incentivo às pastorais, em conjunto com uma equipe de colaboradores, coordena os GBF, que atuam em oito comunidades, fazendo um total de 20 grupos. Este é um trabalho de busca na formação contínua, de quem acredita no Deus da vida, da libertação, que caminha conosco passo a passo... A oração é um privilégio e faz parte da nossa vida cristã e nos aproxima de Deus, mas achegar-se a Ele não é tarefa fácil, num tempo de tanta inquietação e consumismo. As reuniões em grupos nos proporcionam essa vivência de fé, oração e testemunho. A Bíblia pede que “tenhamos consideração uns com os outros, para nos estimular no amor e nas boas obras. Não deixemos de frequentar as nossas reuniões (os GBFs), e procuremos animar-nos sempre mais...” (cf Hb 10,22- 25). A fé nos aproxima de Jesus Cristo, mas precisa ser alimentada principalmente pela sua Palavra rezada e refletida, por meio de iniciativas como os GBFs, que vão ao encontro do povo, como “Igreja doméstica”, celebrando e incentivando a vida em comunhão com Deus e com os irmãos e irmãs. Rozalir Burigo Coan Divulgação/JA

Momento de partilha dos GBF da paróquia de N.Sra do Rosário

peregrinação à Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, em cujo caminho rezamos a Via-Sacra com orações e cânticos. Foram muito bons os momentos de confraternização nas refeições, tanto no lanche, como no almoço, os quais foram partilhados. Isto é a nossa prática: todos e todas partilham o que levam. E sobram alimentos; ninguém passa necessidade (Atos 2,42ss). No período da tarde, visitamos a Colina da Louvação, no terreno da Congregação das Irmãs Franciscanas de São José, entoando o Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis a cada parada, diante dos símbolos que representam os elementos da natureza. Terminamos a ‘romaria’ com uma Celebração Eucarística na Capela da própria Congregação, presidida pelo nosso Pároco Padre André, que nos acompanhou em todos os momentos desse evento espiritual tão confortante, tanto para o corpo como para a alma.

Quando o Concílio Vaticano II apresentou-nos a Igreja como povo de Deus em marcha, em busca de um novo Reino, apresentou-nos também um novo jeito de vivenciar a fé, através dos Grupos de Reflexão. Este novo jeito de ser Igreja nos faz evangelizadores, comprometidos com a sociedade. Na comunidade do Saco dos Limões, em Florianópolis essas reflexões sempre estiveram presentes, através de novenas e orações nas casas, mesmo antes da fundação da paróquia, em 13/06/1966. Entre os trabalhos da Legião de Maria, além do terço em família, fazia-se leitura e reflexão da Palavra de Deus. Os grupos se reuniam como as primeiras comunidades cristãs, que, motivadas pela fé, davam testemunho de Jesus Cristo e da força renovadora da sua Palavra: “Eles eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos Apóstolos, na comunhão fraterna, na facão do pão e nas orações pelas casas” (At 2,42). Vivendo esse compromisso e incentivados pelas diretrizes e orientações pastorais da Arquidiocese, que fornecia os livretos de roteiro, e da Paróquia, com os membros da Legião de Maria, os grupos realizavam também as novenas do Advento/Natal, Quaresma/ Páscoa e Campanha da Fraternidade. A Igreja deu um grande impulso a essa vivência de fé, quando, na Assembléia Arquidiocesana de Pastoral de 2005, cunhou o nome “Grupos Bíblicos


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Artigos

Outubro 2011

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C entenário

Dom Wilson Laus Shmidt – Ministro da Cruz

Padre formador nos Seminários No ano seguinte foi transferido para o Seminário Menor de Azambuja, assumindo como professor e Prefeito de Estudos. Era um homem inteligente, de especial clareza mental e intelectual, o que até se revelava na sua belíssima caligrafia, conservada por toda a sua vida. Em 6 de julho de 1943, recebeu a provisão de vice-reitor do Seminário de Azambuja. A partir de 1944, Dom Joaquim o quis como Mestre de Cerimônias na Catedral para as grandes solenidades. Pe. Wilson tinha idéia de formação bastante tradicional e rigorosa, no que era secundado pelo reitor Pe. Bernardo Peters e Pe. Antônio Waterkemper. No final de

Divulgação/JA

Dom Wilson Laus Schmidt nasceu em Florianópolis SC, ilhéu da Rua dos Ilhéus, em 16 de maio de 1916, filho de Euclides Euclério Schmidt e Adelaide Laus Schmidt. Tendo perdido a mãe na primeira infância, sempre sentiu muita gratidão para com as Irmãs da Divina Providência, do Colégio Coração de Jesus. Wilson integrou a primeira turma que iniciou o Seminário de Azambuja em 1927, conduzida pela severidade amorosa de Pe. Jaime de Barros Câmara. Foi ordenado padre na Catedral de Florianópolis em 31 de dezembro de 1939, antes de completar seus 24 anos. Em 1940 foi vigário paroquial da Catedral, escrivão da Cúria Metropolitana e Capelão do Abrigo de Menores.

1946, a mudança: Pe. Wilson recebido pelo clero e não perfoi transferido para o Seminário cebeu ali o “espírito novidaPreparatório de São Ludgero, deiro” de outros lugares. Viviacujo Reitor, Pe. Afonso se uma realidade borbulhante: Niehues, favorável a uma forem outubro foi inaugurado o mação mais aberta, foi promoConcílio Ecumênico do Vaticano vido para Azambuja. Em São II, que gerava expectativas esLudgero, o trabalho intenso no pecialmente nos padres. Seminário deixou-o exausto e minou-lhe a saúde. O Arcebispo O humilde serviço de um transferiu-o em 1949 para bispo carregando a Cruz Criciúma, como pároco, onde O grande problema de Dom granjeou a estima do povo. Em Wilson era sua saúde: como 13 de abril de 1952, um violenpalmilhar aqueles sertões do to choque elétrico no microfoOeste, atender às comunidane o precipitou do púlpito condes? E como aplicar – e ao mestra os bancos da igreja Matriz. mo tempo disciplinar – as deciInconsciente, foi internado em sões do Concílio? Achou-se imDom Wilson Laus Shmidt: estado gravíssimo. A multidão se manezinho da Ilha, bispo auxiliar do Rio potente para o desafio. Em 21 reunia ao redor do Hospital de de janeiro de 1968, enviou a de Janeiro e titular de Chapecó Criciúma para saudá-lo, rezar Roma sua carta de renúncia, por ele, manifestar-lhe o afeto. Re- homem de atividade incansável, aceita em 2 de março. Dom Wilson cuperou-se e continuou o trabalho centralizador em extremo e Dom escolheu residir em Joinville, junto paroquial, mas as seqüelas continu- Wilson convivia ainda com outro bis- ao amigo Dom Gregório Warmearam, fazendo-o ingressar no minis- po de dinamismo extraordinário, ling, bispo diocesano. Ao Núncio estério da Cruz até seus últimos dias. Dom Hélder Câmara. Executou creveu “comprometendo-se, na mecom dedicação o que lhe foi confia- dida de suas forças, a realizar o verO múnus episcopal no Rio do, especialmente como Vigário dadeiro pensamento renovador do de Janeiro e Chapecó geral. O Rio de Janeiro, porém, não Vaticano II”. A partir de 7 de maio Em 4 de fevereiro de 1956 foi era o lugar mais indicado para ele, de 1971 veio morar na Ilha onde nascera, residindo no Arcebispado nomeado pároco de Nossa Senho- homem de saúde precária. ra de Fátima, no Estreito. Foram Para surpresa geral, em 19 maio de Florianópolis com o amigo Dom menos de dois anos de trabalho de 1962 foi eleito 2º bispo Afonso Niehues. Eram dois grandes nessa paróquia, pois, em 15 de diocesano de Chapecó, onde assu- bispos, semelhantes no caráter, na setembro de 1957, foi publicada miu em 7 de setembro. A diocese piedade, no zelo pela Igreja, e difesua eleição para bispo titular de era imensa: fora criada em 14 de rentes na maleabilidade frente às Rodosto e auxiliar do Arcebispo do janeiro de 1958, desmembrada situações. Na residência episcopal, Rio de Janeiro, seu antigo mestre das dioceses de Lages e de Palmas, Dom Wilson prestou enorme servie reitor, o Cardeal Câmara. PR. Tudo ali era novo: as cidades ço à História da Igreja: nomeado ArDom Wilson escolheu como nasciam e cresciam rapidamente quivista do Arquivo histórico-eclelema episcopal “Me oportet pela expansão das Companhias Co- siástico de SC, ali, com o auxílio do operari” – A mim cabe o trabalho lonizadoras que traziam numero- Pe. Theodoro Huckelmann, em(cf Jo 9,4 Vulg.). Dom Jaime era um sos colonos gaúchos. Sentiu-se bem penhou-se na seleção, catalogação,

datação, separação por pessoas e instituições, de todos os documentos históricos. A partir de 1973 teve início a série de cirurgias, vinte e duas (22) no total, que o debilitaram progressivamente. Seu Testamento de 1º de julho de 1973 declara não possuir bens nem dívidas e o que tiver será da arquidiocese. Na mesma data, seu Testamento espiritual, que é um hino de louvor à bondade Divina, e declaração de fidelidade à Igreja. Muito ajudou Pe. Francisco Bianchini no Movimento Emaús e Pe. Pedro Martendal no Movimento Pólen. Era conservador, mas não saudosista, aceitando por obediência determinadas expressões pós-conciliares, pois tendia para a ordem e a obediência. Usou sempre singela batina, sem qualquer sinal de sua dignidade episcopal. Cirurgia após cirurgia, a Irmã Morte foi-se aproximando e o colheu em Florianópolis, em 8 de maio de 1982 (na semana seguinte a arquidiocese perdia o Pe. Paulo Bratti, jovem de 46 anos!). Foi sepultado junto a seu pai, no Itacorubi. Há poucos anos Dom Manoel João Francisco transportou seus restos mortais para a Catedral de Chapecó. Dom Wilson Laus Schmidt viveu 66 anos, dos quais 18 como presbítero e 25 como bispo. Aceitou o Me Oportet operari, seu lema, carregando a Cruz e ajudando tantos a carregarem a sua. Pe. José Artulino Besen (acesse o texto na íntegra no blog: pebesen.wordpress.com)

Ecumenismo Quando relataram a João Paulo II que alguns patriarcas ortodoxos receavam que ele, como Papa, queria governá-los, respondeu: “Eles não me entenderam. Eu quero a comunhão com eles, não a jurisdição”. O Ecumenismo é a busca da unidade da Igreja de Cristo em toda a terra, unidade que vai além das diferenças geográficas, culturais e políticas entre as diversas igrejas. É o caminho da comunhão. Seus instrumentos são a oração, a reflexão teológica, a convivência fraterna, o testemunho de respeito no diálogo entre os cristãos. Negar o compromisso ecumênico é desconsiderar a oração de Jesus ao Pai no final da última Ceia, quando pede que “todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti” (Jo 17,21). Não há vida cristã autêntica sem a busca da unidade entre os que crêem em Jesus e o proclamam Senhor, crendo na sua Palavra e celebrando os

Por que devo viver o Ecumenismo? Sacramentos. Se nós temos que amar os inimigos, como temos o direito de não amar os cristãos não católicos? Alguns adversários do ecumenismo entendem a palavra de modo claramente enganoso: confundem ecumenismo com “indiferentismo” (Deus é um só, religião não salva, todas são boas igualmente), “irenismo” (peguemos o melhor de cada uma e basta), afirmam que o espírito ecumênico unifica as Igrejas por baixo (para que discutir dogmas ou disciplina eclesiástica se basta a fé?), rejeitando toda a Tradição da Igreja católica e apostólica. O ecumenismo não é a busca simplificada de uma receita pela qual todos seremos Um: a unidade será dom do Espírito Santo e ele não nos revelou como será. Deus é criativo e nos surpreenderá em algum momento da histó-

ria, pois nossos limites e inseguranças nos impedem o abraço final. Somente é capaz do diálogo ecumênico quem vive a sua fé na sua Igreja: o diálogo é entre pessoas que crêem com força e não com inseguros e relativistas. O diálogo não é “vem pra cá, que eu estou certo”, mas sim, “vamos nos dar as mãos para encontrar a Verdade”. Não se pode negar que protestantes achem que o caminho é todos serem protestantes, que católicos achem que todos devem ser católicos. Nesse caso, não seria preciso diálogo, pois se julga que a unidade se fará num grande retorno. O caminho ecumênico pede paciência, pois há feridas provocadas por separações há mais de um milênio, há séculos. O ecumenismo pede reconciliação, perdão: humanamente todos erra-

mos, quem nos salvou sempre foi o Espírito. O ecumenismo pede uma forte espiritualidade: buscar no outro cristão valores de santidade, de vivência bíblica, rezar juntos, dar-se as mãos. Hoje os cristãos se dão as mãos na causa da justiça, da cidadania, da caridade, unindo forças em nome de Deus Pai pelo bem de todos os irmãos. João Paulo II nos falava de um novo ecumenismo: o do martírio. Em todas as Igrejas cristãs foi e é derramado sangue pela fidelidade a Cristo. Nos regimes comunistas, nos totalitarismos nazista e fascista, católicos, ortodoxos e evangélicos partilharam o horror dos campos de concentração, os trabalhos forçados, as câmaras de gás, torturas, fuzilamento. Ninguém foi poupado, e a graça da fidelidade os confirmou no sofrimento. No Jubileu do Ano 2000, dia de Pen-

tecostes, o Papa, juntamente com pastores evangélicos, bispos ortodoxos, celebrou, no Coliseu romano, as Testemunhas da fé, os mártires de todas as Igrejas. Ao contrário do que se possa pensar, o ecumenismo é a grande força da Igreja hoje, no meio do individualismo que faz muitos acharem que cada um pode escolher a Igreja que lhe agrada, as “verdades” que lhe fazem bem ou até inventar uma nova denominação. Não é mais possível cada um se enrijecer em sua posição: deve conservar sua fé, mas conhecer o outro e participar de suas riquezas espirituais e humanas. Fechar-se num gueto católico é insegurança e, pior, soberba. É mais fácil, mas não leva em conta a ação do Espírito em todos aqueles que receberam o Batismo, celebram a Ceia e meditam a Palavra de Deus. Pe. José Artulino Besen


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Missão 13

Outubro 2011

Preparando o Mês Missionário Neste ano, o Mês Missionário reflete sobre a Ecologia, que está diretamente ligada à CF-2011 Arquivo/JA

As atividades desenvolvidas ao longo do Outubro Missionário culminam no Dia Mundial das Missões, que, neste ano, é celebrado no dia 23. Esta celebração teve início em 1922, com o Papa Pio XI. Este Papa, de grande ardor missionário, deu grande impulso à Missão Universal da Igreja, criando novas Missões e ordenando os primeiros bispos indianos (1923) e chineses (1926). Em 1922, o então novo Papa constituiu as PONTIFÍCIAS OBRAS MISSIONÁRIAS e, em 1926, ao ser-lhe proposta também a instituição de um dia de oração e ofertas em favor da evangelização dos povos, Pio XI acolheu a sugestão e estendeu-a a todas as dioceses católicas do mundo, afirmando ser essa “uma inspiração que veio do céu”. Foi assim que, em 14 de abril de 1926, ele aprovou a instituição do DIA MUNDIAL DAS MISSÕES, a ser celebrado todo ano no penúltimo domingo de outubro. Alguns anos antes, Pio XI fizera um gesto surpreendente: na solenidade de Pentecostes de 1922, interrompeu sua homilia e, em meio a impressionante silêncio, tomou seu solidéu e o fez passar entre a multidão de bispos, presbíteros

e fiéis na Basílica de São Pedro, no Vaticano, pedindo a todos ajuda para as Missões.

Campanha Missionária 2011 “Missão na Ecologia”. É com este tema que as Pontifícias Obras Missionárias (POM) realizam a Campanha Missionária 2011. A temática, como todos os anos, está diretamente ligada ao tema da Campanha da Fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que este ano é “Fraternidade e a Vida no Planeta”. Assim como a CF-2011, a Campanha Missionária 2011 (CM) é um sinal da preocupação com a preservação do meio ambiente e conscientização ecológica. A CM, no entanto, alarga os horizontes para todo o mundo, por ser esse o objetivo principal das Pontifícias Obras Missionárias.

A Animação Missionária Durante todo o Mês Missionário, somos chamados a fazer uma boa animação missionária. O objetivo da animação missionária é o envolvimento do povo de Deus, chamado através do batismo, a fazer conhecido o plano de

Pe Lúcio preside a Eucaristia em comunidade da Guiné-Bissau, na África, onde é o nosso missionário salvação a todo ser humano. A animação missionária visa informar e formar o povo de Deus para a missão universal da Igreja, através de iniciativas de sensibilização e participação, favorecendo o amadurecimento das vocações ad gentes e cola-

borando na pastoral vocacional, suscitando a cooperação na evangelização e coletando recursos financeiros necessários (cfr. RM 83). Entre as ações de animação missionária, desenvolvem papel importante as visitas que os mis-

sionários fazem às casas de formação, os encontros com grupos paroquiais. A promoção de jornadas missionárias, os encontros com as famílias dos missionários, a publicação de boletins, o uso dos meios de comunicação são outros tantos recursos úteis.

Sugestões práticas para dinamizar o Mês Missionário Dicas para animar missionariamente a comunidade: • Transformar a catequese doutrinária em catequese evangelizadora, incentivando e preparando as crianças a atuarem em suas famílias, escolas e comunidades como pequenos missionários. • Dinamizar a pastoral da Crisma e da Juventude, de maneira que conscientize adolescentes e jovens sobre suas poten-

Arquivo/JA

cialidades como forças vivas e inovadoras nas atividades missionárias da Igreja. • Promover encontros que despertem o espírito missionário em cada cristão. Muitos ainda não foram evangelizados e outros precisam ser re-evangelizados, animados e projetados para a evangelização do mundo. Também debates com missionários, para vibrar com seu testemunho e experiências missionárias realizadas nos diversos continentes e situações. • Incentivar os presbíteros, diáconos, ministros da palavra... para que falem mais

Missionários da Arquidiocese realizam visitas a comunidade da Diocese de Oliveira dos Brejinhos, na Bahia

das missões em suas homilias. Os cristãos não podem lutar por uma causa que não conhecem. • Criar na comunidade um grupo missionário que abrace a missão de animar missionariamente todas as pastorais e motivar continuamente a comunidade para que saia de suas fronteiras, para ajudar os mais necessitados e anunciar a Boa Nova. • Incentivar os jovens para que realizem missões de férias em regiões menos favorecidas. • Divulgar a nossa imprensa missionária: Jornal Arquidiocesano / Missão Jovem... Quem não lê, não conhece as necessidades das missões, não se renova e faltar-lhe-á o espírito missionário • Organizar nas comunidades a Infância Missionária, os Adolescentes e Jovens Missionários, para preparar as futuras lideranças e despertar vocações missionárias. Sem incentivo nada se move, nada progride. Nem o barco movido a vela sai do lugar, sem a ajuda do vento. Esse vento é o

Espírito Santo, mas também o padre, as lideranças, todos aqueles que foram chamados para trabalhar na construção do Reino. Vejamos agora uma parte da Mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial das Missões 2011, que tem como titulo: “Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós” (Jo 20, 21) Todos aqueles que encontraram o Senhor ressuscitado sentiram a necessidade de anunciá-Lo aos outros, como fizeram os dois discípulos de Emaús. Eles, depois de terem reconhecido o Senhor ao partir o pão, «partiram imediatamente, voltaram para Jerusalém e encontraram reunidos os Onze» e contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho (Lc 24, 33-35). O Papa João Paulo II exortava a estarmos “vigilantes e prontos para reconhecer o rosto de Cristo e correr a levar aos nossos irmãos o grande anúncio: “Vimos o Senhor”!” (Carta Ap. Novo Millennio Ineunte, 59). Pe. Francisco Gomes - PIME


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Geral

Outubro 2011

Foto JA

Pe. Darcísio Schappo Dedicação à animação missionária para dentro e fora da Arquidiocese O mês de outubro é o período do ano que a Igreja dedica às missões. Neste ano, o tema adotado foi: “Todos, tudo e sempre em missão”. Para marcar a data, entrevistamos Pe. Darcísio Schappo, coordenador do Conselho Missionário Diocesano – Comidi, órgão responsável pela animação missionária da Arquidiocese. Eleito para o cargo em 2008, ele atua na animação missionária desde 1997, ano seguinte ao da sua ordenação presbiteral. Entre suas atribuições, está a de organizar as visitas missionárias à Diocese da Barra, na Bahia. Trabalho que conta com a participação de outros padres, diáconos, religiosas e leigos da Arquidiocese, e que cresce a cada ano. Na entrevista que segue, ele fala que “ser” missionário é mais que uma opção, trata-se de assumir a própria vocação cristã. Fala do processo de organização das visitas missionárias na Bahia. Explica o que é preciso para sermos uma Igreja mais missionária, e desabafa quanto às dificuldades de manter o trabalho de animação. Jornal da Arquidiocese Quase todos os anos o senhor acompanha os nossos missionários nas paróquias da Bahia. Está em seus planos ser padre missionário? Pe. Darcísio - Ser missionário não pode apenas estar em meus planos, deve estar em meu “ser”. Acho que o ser missionário não deve ser opção de alguns, mas, deve ser

a essência de todo o batizado. Pois Cristo nos chama a integrarmos o seu grupo. Assim como chamou há dois mil anos atrás, Ele continua chamando hoje, para dar continuidade ao trabalho que iniciou: o de anunciar a boa nova do Pai. Esta era a missão de Jesus e que Ele deixou à Igreja. Se foi a missão de Jesus, é a missão da Igreja; e se é a missão da Igreja, então é a de cada um dos que formam a Igreja, é a nossa missão. Portanto, ser missionário deriva do nosso batismo, pois pelo batismo dizemos nosso sim ao chamado de Jesus Cristo. Por isso é que eu digo: Ser missionário é a essência da vida de todo batizado. JA - A Arquidiocese participa do projeto Dioceses Irmãs, há mais de quarenta anos, mantendo um padre na Diocese de Oliveira dos Brejinhos. Agora temos lá o Pe. Iseldo Scherer. Qual a importância desse trabalho? Pe. Darcísio - O espaço é muito pequeno para falar da importância do trabalho evangelizador desenvolvido fora das fronteiras físicas da nossa Arquidiocese. Pois, para a MISSÃO do SER IGREJA, não pode haver fronteiras... Claro, respeitando-se a organização estrutural, cultural e organizacional de cada região ou de cada “Igreja Particular”, com seu Pastor e Presbitério. Devagarzinho precisamos começar de fato a viver como Igreja missionária... JA - Também desde essa época são organizadas as vi-

Pe. Darcísio realiza visita missionária na paróquia de Oliveira dos Brejinhos, na Bahia, trabalho que reuniu dezenas de voluntários da Arquidiocese

A missão parte de onde estamos. Se não fizermos missão na nossa comunidade, não faremos em lugar algum”

sitas missionárias. Mas desde o ano 2.000 elas são mais sistemáticas. Como se deu esse processo? Pe. Darcísio - O processo de organizar visitas missionárias mais amiúde para a Bahia é fruto da decisão tomada em organizar missões populares na nossa arquidiocese em 1996. A partir daí foi formado um grupo que preparava pessoas nas Paróquias que desejavam viver essa animação missionária com todos os membros da comunidade. O trabalho na época foi coordenado pelo Pe. Manoel, hoje Dom Manoel. Tomei posse como Pároco em São Bonifácio em Janeiro de 1997 e em fevereiro fui ao coordenador Pe. Manoel. Com ele agendamos a primeira semana de missões populares realizada pela Arquidiocese, para acontecer em julho daquele ano na paróquia No

Retalhos do Cotidiano

JA - A Arquidiocese tem o Pe. Lúcio, na África, o Pe. Iseldo, na Bahia, e alguns leigos e leigas realizando trabalho missionário no Brasil e em outros países. Muito pouco para uma diocese do nosso tamanho. O que falta para termos mais missionários? Pe. Darcísio - Eu não perguntaria o que falta para termos mais missionários, mas o que é que falta para “sermos mais missionários”. Como Igreja, não devemos nos preocupar para ter mais missionários, mas para ser uma Igreja mais missionária. Preocupamo-nos mui-

to com a Pastoral de conservação e de administração de sacramentos e com planos e reuniões, mas onde, como Diocese, estamos sendo missionários? “Ai de mim se eu não Evangelizar”(1Cor 9,16). Estamos muito preocupados em enquadrar-nos no sistema e não tanto em vivermos a missão. JA - O senhor acha que, com mais incentivo ao COMIDI, teremos mais missionários? Pe. Darcísio - Infelizmente o COMIDI é muito mais figurativo do que ativo. Tem um coordenador por ter. Foi assim com Pe. Paulo, que eu sempre admirei, por sua luta, seu envolvimento, sua tenacidade e perseverança. Em toda a reunião do clero ele dava o recado, mas muito poucos ouviam. E é assim ainda hoje. Quero aqui fazer um grande pedido: o de pedirmos a Deus a graça da conversão. Precisamos nos converter em Igreja missionária, isto é, o Clero, os Religiosos, e os Leigos. Sei que muitos não vão entender e acham que já são. Mas não tanto quanto devíamos ser. E que o COMIDI de fato se torne o Conselho Missionário e que tenha um agente liberado para fazer esta ANIMAÇÃO. Não é possível que alguém que missiona uma paróquia de dez comunidades possa exercer esta coordenação Diocesana. Portanto, o cargo está à disposição da Arquidiocese. JA - Quando se fala em missão, sempre se tem em mente ir para longe de onde estamos. É possível fazer missão na nossa comunidade? Pe. Darcísio - Tudo parte de onde estamos. Se não fazemos missão na comunidade onde vivemos, não faremos missão em lugar algum.

Carlos Martendal

Divulgação/JA

Trabalho Quem se dispõe a trabalhar pelo Senhor, primeiro prepara a terra do próprio coração, com a oração, para poder ir semear em outros corações. Quanto mais o Senhor estiver em meu coração, tanto melhor será a semeadura. E mais abundantes os frutos!

ano seguinte elas aconteceram em Leoberto Leal, e em 1999 em Major Gercino. E foi com esta experiência que, a partir de 2000, um grupo de missionários tem ido realizar o trabalho missionário na Bahia.

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Fósforo Gosto da cor vermelha do fósforo por acender, gosto da cor amarelo-alaranjada do fósforo aceso, mas gosto muito mais da cor menos bonita: a cor preta do fósforo apagado. E, no entanto, é a mais bela, porque traduz que o fósforo se deu, deu a vida, e a luz, e o calor

que portava: deu-se todo e tudo o que tinha. Quanto fósforo por acender anda tristonho pelas ruas da cidade, quanto fósforo iluminando vidas, quanto fósforo que já deu tudo e agora, tendo se dado até o fim, vive a vida mais bela, porque a vive com Aquele que portava!

Cheirinho

Ativismo

Sofrimento

Gostoso é o cheiro que se desprende do mar, a maresia; agrada o olfato o perfume que se desprende da terra seca quando recebe a água da chuva; denuncia o usuário o cheiro da maconha. À criancinha, como agrada o cheiro que vem do velho urso de pelúcia com o qual dorme abraçada... Por onde passamos, também nós deixamos cheiros. São agradáveis aos nossos irmãos ou já têm, nossos cheiros, o prazo de validade vencido? A palavra de Paulo ecoa forte: “Somos para Deus o perfume de Cristo entre os que se salvam e entre os que se perdem” (2Cor 2,15)!

Quanto mais me entrego às atividades, menos me entrego a Deus; quanto mais me dedico ao que passa, menos me afeiçoo ao que não passa. Falo muito de Deus e, no entanto, falo pouco com Ele. Ah, Santa Teresinha, me ensina e me ajuda a rezar, a amar, a “aprender a deixar os homens por Deus, para que em seguida eu possa dar Deus aos homens” (Pe. Alfonso Milagro).

Penso nos amigos que sofrem, que têm tido dores fortes, e que tudo oferecem a Jesus, unindo-se a Ele em seus sofrimentos. Amam muito o Senhor e são por Ele muito amados! Penso nos que sofrem com as enchentes em nosso Estado, nos que perderam muito ou pouco, mas não perderam a fé, o amor a Jesus. Fazem de uma catástrofe, de um calvário, o caminho para a ressurreição.

Que saudades! Que saudades dos tempos da escola primária, do Hino Nacional que cantávamos olhando para a Bandeira, dos desfiles que fazíamos com orgulho para homenagear a pátria. Ali, em cada criança, em cada pai, em cada pro-

fessor, estava a Pátria, a Pátria descalça, porque sapatos não tínhamos ou muito poucos tinham, e os que tinham não os colocavam para se tornarem iguais aos que não os tinham. Ah, como nossos pais nos educavam!

Pés Finquemos os pés neste chão em que vivemos, mas elevemos o coração para as alturas em que deveremos viver pelos tempos sem fim.


Jornal da Arquidiocese

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Outubro 2011

Encontro anima Seminaristas do Propedêutico Evento estadual reuniu os seminaristas de sete dioceses do Regional Sul IV da CNBB (SC) Divulgação/JA

A Diocese de Joaçaba sediou, de 06 a 10 de setembro, a II Semana Propedêutica de Santa Catarina. Realizado no Centro Diocesano de Formação Papa João Paulo II, o evento reuniu 27 “propedeutas”, acompanhados de seus formadores, de sete dioceses do Estado: Caçador, Criciúma, Florianópolis, Joaçaba, Lages, Rio do Sul e Tubarão. Durante os cinco dias, os propedeutas tiveram momentos de formação, com palestras pela manhã, e atividades como gincanas, esportes e passeios no período da tarde. O evento contou com a presença de Dom Mário Marquez, bispo anfitrião, que recebeu os participantes e celebrou a primeira missa do encontro. “As palestras foram interessantes e instrutivas, com ótimos palestrantes e temas propícios para a etapa de formação do

Propedeutas e formadores participaram do encontro estadual que proporcionou descontração e integração entre os participantes propedêutico, disse Pe. Josemar Silva, Reitor do Seminário Propedêutico Mons. Valentim Loch, da Arquidiocese de Florianópolis. Para o propedeuta da Arquidiocese Ivo João Martins Júnior, a programação do evento

facilitou a descontração e a integração entre os seminaristas. “As experiências vividas nesses dias foram incríveis e inesquecíveis. O encontro proporcionou conhecer nossos futuros colegas de faculdade e nos tornarmos amigos”, acrescentou.

Casais recebem o sacramento do matrimônio A Paróquia N.Sra. da Boa Viagem, em Florianópolis, realizou no dia 03 de setembro, o casamento coletivo de legalização de cinco casais. Realizado na Igreja Matriz, a celebração contou com a presidência dos Diáconos Pedro Carbonera e José Antônio Schweitzer. O evento fazia parte da Sema-

na da Família. A preparação foi realizada no dia 16 de julho, pelos diáconos, com o auxílio do pároco, Frei Edmilson Borges de Carvalho, e de Marinete Edézia da Rosa, liderança da paróquia. Um dos casais preferiu realizar a cerimônia em outro dia. Os casamentos de legalização são realizados há quatro anos na paróquia , duas vezes ao ano, em março

Os diáconos Pedro Carbonera e José Schweitzer presidiram a celebração

e agosto. Sempre ligado à Semana da Família, mas alguns dias depois. Entre a preparação e o casamento, costuma-se dar um tempo superior a um mês para os casais reunirem a documentação. Muitos deles viviam juntos há até 20 anos, e boa parte com filhos. “É um ato simples, mas muito significativo para os casais. Eles já têm experiência de vida e certeza do que querem”, disse o Diácono Pedro Carbonera. A formação é divulgada nas missas das comunidades. Os casais interessados vão até a secretaria paroquial e lá obtêm as informações necessárias. A paróquia não cobra nada para a administração do sacramento, ajuda na obtenção dos documentos necessários e ainda oferece uma pequena lembrança.

Conhecendo as Forças Vivas da Arquidiocese

Pastoral da Criança Criada em 1983, em Florestópolis, PR, pela Dra. Zilda Arns Neumann e Dom Geraldo Majella Agnelo, a Pastoral da Criança tem como missão promover o desenvolvimento integral das crianças pobres, do ventre materno aos 6 anos, contribuindo para que suas famílias e comunidades realizem sua própria transformação, através de orientações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania, fundamentadas na mística cristã que une fé e vida. A pastoral tem como lema “Para que todas as crianças tenham vida em abundância” (cf. Jo 10, 10). O trabalho é realizado por voluntários capacitados e formados. Eles desenvolvem ações de saúde, nutrição, educação, cidadania e espiritualidade de forma ecumênica nas comunidades pobres. Mensalmente o líder da pastoral visita as gestantes e crianças de famílias próximas à sua casa. Realiza três atividades prioritárias: visita domiciliar, celebração da vida e reunião de reflexão e avaliação. No Brasil, a Pastoral está presente em 38.766 comunidades, 3.952 municípios, 305 dioceses, 7.061 paróquias. Os voluntários acompanham 1.447.089 crianças, 79.846 gestantes, 1.159.285 famílias. Além do

Na Arquidiocese, 192 líderes atendem 1.764 famílias, 2.517 crianças e 157 gestantes

Brasil, a Pastoral está presente em 20 outros países da América do Sul e Central e da África.

Presença na Arquidiocese Na Arquidiocese de Florianópolis a Pastoral da Criança atua em oito municípios, 14 paróquias, 56 comunidades. São acompanhadas 1.764 famílias, 2.517 crianças e 157 gestantes, com apenas 192 líderes e outros 188 voluntários que prestam apoio. O trabalho necessita da ajuda de pessoas que queiram melhorar a situação das comunidades. “Fazendo parte do projeto de Deus, ao mesmo tempo que auxiliamos, criamos laços de amor e respeito com o semelhante e ganhamos novo sentido para nossas vidas”, disse Jane Bitencourt Neto, coordenadora da Pastoral da Criança na Arquidiocese. Mais informações www. pastoralcrianca.org.br ou wiki. pastoralcrianca.org.br. Se você foi tocado (a) é Jesus lhe mostrando o caminho. Há atendimento às lideranças e interessados no CAP – Centro Arquidiocesano de Pastoral, no Largo São Sebastião, 88 – Centro – Fpólis, às 3ª feiras, das 14 às 18 h. Fone de contato (48) 8465-8437.


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Geral

Outubro 2011

Jornal da Arquidiocese

Jovens são consagrados a comunidade católica Em Celebração Eucarística, três jovens missionários deram o seu sim definitivo ao chamado de Jesus Divulgação/JA

A Comunidade Católica Divino Oleiro celebrou na noite do dia 23 de setembro, às 20h, a consagração e primeira profissão dos Conselhos Evangélicos de três jovens. Realizada na Igreja Matriz da Paróquia São Luiz, na Agronômica, em Florianópolis, a celebração foi presidida pelo Pe. Márcio Vignolli, pároco e superior da Comunidade, e concelebrada pelos diáconos Djalma Lemes e Roberto Guilherme da Costa. Durante a celebração, os jovens Domingos Ribeiro da Silva (24 anos), Patrícia Lemes (31) e Adilson da Silva Lino (34), deram o seu sim à vida consagrada. Eles fizeram os votos de obediência, castidade e pobreza, seguir com fidelidade o Evangelho e observar os estatutos da Comunidade Divino Oleiro. No ato da consagração, os três jovens receberam das mãos do Pe. Márcio a Cruz de Prata, com as inscrições dos sinais do carisma da Comunidade, e com ela o cordão preto, simbolizando a morte para o mundo, com os três nós, que lembram a obediência, pobreza e castidade. Também receberam um exemplar dos Estatutos da Comunidade. Durante a homilia, Pe. Márcio falou da alegria em receber os três jovens, neste ano em que a Comunidade Divino Oleiro completa os seus 12 anos de fundação. “Numa cidade com tantos atrati-

Com a consagração dos três jovens, a Comunidade Divino Oleiro passa a ter 12 consagrados e há outros 11 em processo de formação vos, três jovens dão o seu sim ao seguimento de Jesus. Isso chega a ser um sinal profético”, disse. Segundo ele, a Divino Oleiro é uma Comunidade nova, com suas dificuldades, limitações e fragilidades, mas que está se ocupando das coisas do Pai. “Nestes 12 anos nos sentimos como Jesus: crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens”, acrescentou.

HISTÓRIA Fundada em março de 1999, a Comunidade Divino Oleiro conta agora com 23 membros: 12 consagrados, 8 noviços de primeiro ano, e 3 noviços de segundo ano.

MISSÃO NA GUINÉ-BISSAU No dia 9 de outubro, a comunidade receberá a visita de Dom Pedro Zilli, bispo da Diocese de Bafatá, na Guiné-Bissau, África. Na oportunidade será firmado o compromisso da Divino Oleiro de

assumir lá o trabalho missionário. No ano passado, três jovens fizeram experiência missionária na Diocese. Agora, será criada uma fraternidade permanente em Bafatá.

Ela está distribuída em quatro casas, chamadas de Fraternidade: no Centro e Agronômica, em Florianópolis, e em Balneário Camboriú e Governador Celso Ramos, todas em Santa Catarina, e em Oliveira dos Brejinhos, na Bahia. Em cada uma dessas fraternidades há também os Irmãos de Aliança, leigos que vivem uma vida normal, mas dão apoio à comunidade. Além desses locais, há irmãos de aliança em Trinidad Tobago, além da Tanzânia e Guiné-Bissau, na África. A Comunidade é responsável por várias atividades nas comunidades onde atua, realizando trabalhos sociais e de evangelização. O trabalho mais conhecido é a manutenção da Rádio Cultura 1110 AM, adquirida pela comunidade em 2003. Além da rádio, a comunidade possui vários trabalhos de evangelização utilizando os meios de comunicação (TV, internet e revista). Mais informações no site www.divinooleiro.com.br ou no blog http://radiocultura floripa.blogspot.com/

Pascom promove II Seminário Regional A Pastoral da Comunicação da CNBB Regional Sul IV, estará promovendo nos dias 28, 29 e 30 de outubro, na diocese de Criciúma, o seu II Seminário Regional. O evento mais uma vez terá como lema “Investir na Comunicação para ganhar na Evangelização”. O Seminário será realizado na Casa de Fundação Shalom, em Criciúma, e contará com a contribuição de vários assessores, que ajudarão a refletir sobre novas tecnologias (redes sociais), o panorama da comunicação, a utilização da WEB TV para transmissão de eventos e a Pastoral da Comunicação em ação. Um dos palestrantes será o Pe. Márcio Vignolli, fundador da Comunidade Divino Oleiro, mantenedora da Rádio Cultura, além de ser apresentador de pro-

gramas de rádio e de tv, responsável pela revista Divino Oleiro, de site e blog, além de pregador. Ele ministrará a palestra de abertura com o tema “A importância da espiritualidade no uso das novas mídias e novas tecnologias”. Outra presença será a de Gustavo Henrique Borges, missionário e responsável pela estatística, estratégia e monitoramento do sistema Canção Nova de Comunicação. Ele ministrará a palestra “Aprofundando as Novas Mídias e novas Tecnologias”. Cada diocese tem direito a enviar 10 participantes. Os interessados em participar, podem entrar em contato pelo fone (48) 8405-6578 ou pelo e-mail jornal@arquifln.org.br. Mais informações no blog http://pascomnovas midias.blogspot.com.

Santuário ganha teleféricos Desde o dia 03 de setembro está em funcionamento o teleférico no Santuário Santa Paulina, em Nova Trento. O bondinho, como é popularmente conhecido, estará em operação de terça a domingo, das 9h às 17h, e liga o templo principal do Santuário até o Morro da Colina, onde está uma imagem, em bronze, de Santa Paulina. Antes esse percurso era realizado a pé, em estrada calçada, mas bastante íngreme, o que dificultava o acesso aos idosos e deficientes. Com 423 metros de comprimento, o teleférico sai de um ponto próximo ao templo principal e passa sobre o centro histórico permitindo uma vista panorâmica do santuário, a uma altura de 17 metros.

O transporte está sendo realizado por seis bondinhos, com capacidade para seis pessoas cada um. A obra foi realizada pela empresa Tedesco, que administra igual serviço em Balneário Camboriú. O serviço teve início em setembro de 2010. Além de prestar um serviço para os peregrinos, os bondinhos também são fonte de renda para o Santuário. O custo é de R$ 20,00 para a passagem inteira. Idosos e pessoas com deficiência paga meia entrada, R$ 10,00. Crianças de até cinco anos não pagam. Mais informações no site do Santuário www.santuariosanta paulina.org.br, ou pelo fone (48) 3267-3030.


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