Jornal da Arquidiocese de Florianópolis Outubro/2013

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Diác. Laudir: 25 anos de ministério na comunidade de Leoberto Leal

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Florianópolis, Outubro de 2013 Nº 194 - Ano XVII

Jovens participam de encontro pós-JMJ

Garopaba terá Igreja histórica restaurada

Encontro teve como objetivos reunir os jovens para partilhar as experiências vividas na Jornada Mundial da Juventude e propor ações para a evangelização da juventude na Arquidiocese

Assinatura de convênio definiu a restauração da antiga matriz, com mais de 150 anos. Trabalhos devem iniciar ainda este ano.

Realizado no Centro de Evangelização Angelino Rosa, em Governador Celso Ramos, encontro reuniu mais de 300 jovens. Durante todo o dia, eles foram divididos em grupos para partilhar os

momentos vividos na Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, ou na Arquidiocese. Houve ainda a Celebração Eucarística presidida pelo nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck.

A tarde, houve um momento de formação com o Pe. Vitor Feller, que lembrou as reflexões do Papa Francisco durante a JMJ. Depois, novamente foram divididos em grupos para elaborar propostas de

ação para a evangelização dos nossos jovens. Essas propostas serão apresentadas no próximo encontro do Setor Juventude. PÁGINA 09

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Arquidiocese terá novo padre PÁGINA 03

Pe. Ewerton assume o Setor Juventude PÁGINA 05

Celebração conclui o Ano da Fé na Arquidiocese PÁGINA 07

5ª Semana Social Brasileira é realizada em Fraiburgo PÁGINA 10

Paróquia Santíssimo Sacramento celebra 180 anos PÁGINA 12

Participe do Jornal da Arquidiocese

Após a Celebração Eucarística, presidida pelo nosso arcebispo Dom Wilson, jovens têm um momento de descontração e posam para foto

Nossos missionários além fronteiras No mês dedicados às missões, destacamos as cinco missões levadas adiante por voluntários da Arquidiocese ad gentes, longe dos seus lares A Arquidiocese de Florianópolis é representada por quatro trabalhos missionários realizados longe de seu território. São duas missões na Diocese de Barra, na Bahia, duas na Diocese de Bafatá, na Guiné Bissau, África, e uma em

Moçambique, também na África. São voluntários que deixaram o conforto da pátria para doar parte da sua vida à missão de evangelizar em comunidades com muitas carências. PÁGINA 13

Missionariedade da Igreja Falando sobre a missionariedade da Igreja, o papa Francisco nos ensina: “A missionariedade não é questão apenas de territórios geográficos, mas de povos, culturas e indivíduos, precisamente porque os ‘confins’ da fé não atravessam apenas lugares e tradições humanas, mas o coração de cada homem e mulher”. A missionariedade tem uma dimensão universal. Por isso, cabelhe bem o advérbio da totalidade. Todos os povos, todas as culturas, todas as pessoas, todas as dimensões. O Documento de Aparecida nos

ensina que o anúncio do Evangelho é um serviço que a Igreja presta à promoção e defesa da vida em todas as suas dimensões. PÁGINA 04

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Opinião

Outubro 2013

Palavra do Bispo A migração é um fenômeno que tem acompanhado a humanidade em todos os tempos. É próprio das comunidades e povos deslocar-se em busca de melhores condições de vida. Há casos em que a mudança de local para morar é fruto de uma decisão, de uma escolha amadurecida cuidadosamente. Para outros, a saída do lugar é motivado por graves necessidades. Basta recordar os tempos de guerra, de carestia e catástrofes naturais. Quase sempre a migração é acompanhada por incertezas e sofrimentos. A realidade dos migrantes tem interpelado concretamente a vida de fé dos cristãos. Em maior ou menor escala, as comunidades se envolvem com as famílias que partem para outro lugar e aquelas que chegam para fixar moradia. O Antigo Testamento recorda que uma das ações que se esperam do judeu religioso é a acolhida dos estrangeiros, bem como dos órfãos e viúvas. A propósito, estamos lembra-

Dom Wilson Tadeu Jönck

Palavra do Papa

Francisco

Aos Catequistas pelo Ano da Fé “Ai dos despreocupados em Sião, daqueles que comem, bebem, cantam, se divertem e não se preocupam com os problemas das outras pessoas (cf Am 6,1.4)[...] Tentemos perguntar-nos: por que é que isso acontece? Como é possível que as pessoas, talvez também nós, caiamos no perigo de encerrar-nos, de colocar a nossa segurança nas coisas, que no final das contas nos roubam o rosto, o nosso rosto humano? Isso acontece quando perdemos a memória de Deus. Se não há memória de Deus, tudo fica nivelado, tudo vai para o ego, para o meu bem-estar. A vida, o mundo, os outros, perdem a consistência, não contam para nada, tudo se reduz a uma única dimensão: o ter. [...] Agora, olhando para vocês, me pergunto: quem é o catequista? É aquele que protege e alimenta a memória de Deus; guarda-a em si mesmo e sabe despertá-la nos outros. É bonito isso: fazer memória de Deus, como Nossa Senhora que, diante da ação maravilhosa de Deus na sua vida, não pensa na honra, no prestígio, nas riquezas, não se fecha em si mesma. Pelo contrário, depois de ter acolhido o anúncio do Anjo e de ter concebido o Filho de Deus, o que faz? Vai, visita Isabel, também grávida, para ajudá-

Arcebispo de Florianópolis

Migração e Êxodo dos da visita que o Papa Francisco fez à ilha de Lampedusa, no sul da Itália. Esta ilha é ponto relativamente próximo da África e constituiu-se na rota de acesso dos migrantes que buscam entrar na Europa clandestinamente. Acontece que muitos não conseguem chegar ao destino. Nos últimos anos, mais de 20 mil refugiados perderam a vida, tentando fazer essa travessia. O Papa chamou a atenção para a indiferença do mundo em relação a essa realidade dramática que atinge um grande contingente da população do norte da África. Eles só estão buscando um lugar onde possam viver mais dignamente. Foi dessa forma que as nações se formaram. Vinham de outras regiões e se fixaram em novas paragens. Estabelecidos, organizavam-se como um povo. Foi assim que surgiram as cidades de

la; e no encontro com ela, o seu primeiro ato é fazer memória do atuar de Deus, da fidelidade de Deus na sua vida, na história do seu povo, na nossa história: “A minha alma engrandece ao Senhor ... pois sua misericórdia se estende de geração em geração” (Lc 1,46.50) [...] O catequista é precisamente um cristão que coloca esta memória de Deus ao serviço do anúncio; não para se mostrar, não para falar de si, mas para falar de Deus, do seu amor, da sua fidelidade. [...] O catequista, então, é um cristão que carrega consigo a memória de Deus, se deixa guiar pela memória de Deus em toda a sua vida, e sabe como despertá-la no coração dos outros. Isso é exigente! Compromete toda a vida! O que é o próprio Catecismo, senão memória de Deus, memória da sua ação na história, do seu ter-se feito próximo em Cristo, presente na sua Palavra, nos Sacramentos, na sua Igreja, no seu amor? Caros catequistas, pergunto-lhes: nós somos memória de Deus? Somos realmente como sentinelas que despertam nos outros a memória de Deus, que aquece o coração?

Santa Catarina. Nossos antepassados enfrentaram muitas dificuldades e incertezas e construíram uma nova sociedade, legandonos uma cultura com valores humanos e religiosos. O fenômeno das migrações ainda não terminou. Todo o litoral de Santa Catarina vem recebendo um grande número de pessoas vindas do interior. O território da Arquidiocese de Florianópolis é um dos destinos mais procurados. Por isso, nossas comunidades devem estar atentas a esse fato. O dever cristão nos interpela para ações de acolhida e de caridade cristã para com os vêm para cá. São muitos os que chegam. São famílias que apresentam toda sorte de necessidades. São estrangeiros: bolivianos, paraguaios, argentinos, uruguaios, haitianos. São estudantes, que buscam as universida-

Opinião

Sou ministro da Igreja atuando na Liturgia e evangelizando por

O fenômeno das migrações ainda não terminou. Todo o litoral de Santa Catarina vem recebendo um grande número de pessoas vindas de vários lugares”.

Murilo Henrique C. da Silveira Paróquia São Judas Tadeu, Palhoça

meio da animação litúrgica. Sou músico profissional e educador musical. Exerço minha missão atuando na Pastoral, mas creio que principalmente nos ambientes onde estou inserido. No ambiente familiar, profissional ou com amigos, procuro testemunhar a fé cristã católica, não por meio de palavras, mas por gestos e ações.

Sou catequista há 12 anos e vivo essa minha missão na comunidade estando em busca. Ser catequista não é apenas levar a Palavra de Deus, mas testemunhar minha fé na comunidade e no dia a dia. Nos encontros temos a formação técnica, mas o amor e a espiritualidade aprendemos no encontro com as crianças. Como catequista, busco aprender mais a amar e a perdoar o próximo. Isso não se aprende em retiros e cursos de formação. Isso só aprendemos vendo o sofrimento do próximo. Marcia Regina Grott Feller Paróquia São Virgílio, Nova Trento

Rodrigo Canto Igreja N.Sra. do Monte Serrat, Catedral, Florianópolis

Caso queira compartilhar conosco algo que deseje ser refletido nesse espaço, envie sua sugestão para jornal@arquifln.org.br. As sugestões serão analisadas pela equipe.

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des aqui situadas. Sem contar os milhares de turistas que procuram nossas praias e cidades para passar o verão. Toda essa realidade interpela o nosso modo de viver a fé, e também a organização da nossa vida pastoral. Cabe lembrar ainda aquelas comunidades do interior que vão perdendo os seus moradores. O esvaziamento faz com que estruturas como escola e clube de futebol desapareçam. Dessa forma vão se enfraquecendo os laços que uniam aquelas comunidades. Os reflexos negativos também se fazem sentir na caminhada da comunidade religiosa. O Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes lançou em julho passado um documento: “Acolher Cristo nos refugiados e nas pessoas deslocadas a força”. A certa altura afirma: “A hospitalidade nasce a partir de um esforço em ser fiel a Deus, em ouvir sua voz nas Sagradas Escrituras e em reconhecê-lo nas pessoas que estão ao nosso redor”.

Como você vive a sua missão?

Há cinco anos sou coroinha na comunidade e vivo essa missão para servir a Deus, não para aparecer, mas para ser útil à Igreja. Ajudando o padre e os ministros nas celebrações. Também buscando cada vez mais aprender com os outros sobre os ritos da Igreja, a Liturgia, e buscando participar dos encontros de formação. Além disso, buscando passar o pouco que sei aos mais jovens e auxiliando aqueles que estão se iniciando nesse ministério.

Roma, 29 de setembro

Jornal da Arquidiocese

Diretor: Pe. Ney Brasil Pereira - Conselho Editorial: Dom Wilson Tadeu Jönck, Pe. Leandro Rech, Pe. Revelino Seidler, Pe. José Artulino Besen, Pe. Vitor Galdino Feller, Ir. Marlene Bertoldi, Leda Cassol Vendrúscolo, Maria Antônia Carsten, Maria Glória da Silva Luz, Carlos Martendal, Felipe Candin Jornalista Responsável: Zulmar Faustino - SC 01224 JP - (48) 8405-6578 - Coor. de Publicidade: Pe. Pedro José Koehler - Revisão: Pe. Ney Brasil - Editoração e Fotos: Zulmar Faustino Distribuição: Juarez João Pereira - Impressão: Diário Catarinense


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Outubro 2013

Formação em Música e Canto Litúrgico No encontro, foi explicada cada parte do Ordinário da missa, houve ensaio de cantos e três oficinas Foto/JA

Cerca de 100 lideranças de todas as Comarcas da Arquidiocese estiveram reunidas no dia 15 de setembro, na Paróquia Senhor Bom Jesus de Nazaré, em Palhoça, para participar do Curso promovido pelo Setor de Música e Canto Litúrgico. A formação foi destinada a todas as pessoas que atuam nas celebrações litúrgicas em nossas comunidades. No período da manhã, foi abordado o tema do Ordinário da Missa, pelo Pe. Tarcísio Pedro Vieira, Coordenador Geral da Comissão Arquidiocesana de Liturgia. Além da dimensão teológico-litúrgica, para cada rito da missa foram ensaiados cantos próprios. Às 11h30min, houve a Celebração Eucarística. À tarde, após o almoço, foi realizado o ensaio de músicas que fazem parte do Ordinário, ou seja, cantos que são o próprio rito, bem como outros que acompanham o rito. Os participantes ainda puderam participar de três Oficinas: Ministério do Salmista; Critérios para escolha de repertório Litúrgico - o Próprio da Missa; e Técnica Vocal. Segundo Najla Elisângela

Dia Nacional da Juventude

Equipe de coordenação ministrou a formação às lideranças dos Santos, coordenadora do Setor de Música e Canto Litúrgico, este é o segundo encontro realizado este ano e estiveram presentes muitas pessoas que não estavam no primeiro. “Isso mostra que, além do interesse e boa receptividade dos participantes, há uma grande necessidade pela formação em música e canto litúrgico em nossa Arquidiocese”, disse. Ela informou que já estão preparando a formação para o próximo ano, a qual deverá ser realizada em duas

regiões: norte e sul. Marlete Schmitt Staehelin, de São Pedro de Alcântara, foi uma das participantes. Ela já havia participado da primeira formação com outros três paroquianos, e convidou mais quatro pessoas. “Essa formação é importante para que tenhamos uma melhor compreensão e melhoremos a liturgia em nossa paróquia”, disse Marlete, que já participou de muitas outras formações promovidas pela Arquidiocese.

Arquidiocese terá novo padre Arquivo/JA

A Paróquia Santa Catarina, em Dom Joaquim, Brusque, estará em festa no dia 19 de outubro. Nesse dia, às 15h, pela imposição de mãos de nosso arcebispo, Dom Wilson Tadeu Jönck, será ordenado presbítero o diácono Deivide Tiago Tomasi. Seu lema de ordenação é “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos” (Fl 4,4). Natural da Paróquia Santa Catarina, em Brusque, Deivide teve o seu despertar vocacional aos 12 anos, quando participava da infância missionária. Viu o tes-

Vai acontecer...

temunho de um seminarista e se encantou pela vocação. Também teve um grande apoio do Pe. Bertolino Schlickmann (falecido em 2002), que incentivou muito a sua ida para o seminário. Participou de encontros e estágio vocacional em Azambuja e se encantou pelo Seminário. Ingressou aos 14 anos. “No começo não estava tão convicto, mas, com o caminhar da formação, com as orações que fiz e fizeram por mim, fui amadurecendo a minha escolha”, disse.

No dia 27 de outubro, a Igreja no Brasil celebra o Dia Nacional da Juventude. Na Arquidiocese, todas as paróquias são convidadas a realizar eventos alusivos a data. O tema adotado para este ano é “Juventude e missão!”, e lema “Jovem: levante-se, seja fermento!”. A iluminação bíblica é “Quanto a você, arregace as mangas, levanta-se e diga a eles tudo que eu mandar. Não tenha medo!” (Jr 1,17b). O objetivo do Dia Nacional da Juventude é abranger o aspecto celebrativo de nossa vida e incentivar para que todos, especi-

almente nesse dia, reflitam e debatam sobre algum tema pertinente à Juventude. 2013 é um ano especial: além da Jornada Mundial da Juventude, o Estatuto da Juventude foi finalmente aprovado, o que representa um grande passo pela efetivação dos direitos juvenis, aspecto que os DNJs sempre ressaltaram. Já estão disponíveis em PDF no site da Arquidiocese (www.arquifln.org.br) o subsídio de orientação para o DNJ e o roteiro e orientação para visitar as casas de famílias.

Casais em segunda união A paróquia Santa Terezinha, em Brusque, promove nos dias 19 e 20 de outubro, sábado e domingo, o encontro de formação para casais em segunda união. A formação é coordenada pelo setor Casos Especiais da Pastoral Familiar. O encontro contará com a assessoria do Pe. Roberto Aripe (Padre Chiru), da diocese de São Leopoldo, RS, criador do método “O Senhor é o meu Pastor”, que orienta os casais em segunda união. Além dos casais, são convidados a participar os filhos até 14 anos. Todos

serão acolhidos em casas de família da comunidade. Os encontros para casais em segunda união são realizados na Arquidiocese há 12 anos. Teve início na Paróquia São Vicente, em Itajaí, depois passou a ser realizado na Paróquia Senhor Bom Jesus de Nazaré, em Palhoça e, agora, em Brusque. Tem o objetivo de acolher os casais nessa condição e trazê-los para a Igreja. Os interessados devem entrar em contato com o casal Almir e Silvia, pelo fone (47) 3341-2455.

Encontro do Setor Juventude O Setor Juventude da Arquidiocese realizará, na tarde do dia 20 de outubro, domingo, a partir das 14h, um encontro de avaliação da caminhada, definição da coordenação do setor juventude e apresentação do novo padre

referencial, Pe. Ewerton Martins Gerent. Será na Igreja Matriz da Paróquia São João Evangelista, em Biguaçu. São convidados a participar todos os representantes dos segmentos juvenis da Arquidiocese.


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Tema do Mês

Outubro 2013

Jornal da Arquidiocese

Missionariedade da Igreja A fé é um dom que não se pode conservar exclusivamente para si mesmo, mas deve ser partilhado.

Fé: dom que se acolhe e se reparte Em sua mensagem para o Dia Mundial das Missões, a ser celebrado no penúltimo domingo de outubro, lembrando que estamos quase ao final do Ano da Fé, o papa Francisco nos convida a transmitir a fé recebida. “De graça recebestes, de graça dai”, nos disse Jesus (Mt 10,8). O papa Francisco diz: “A fé é um dom precioso de Deus, que abre a nossa mente para o podermos conhecer e amar. Ele quer entrar em relação conosco, para nos fazer participantes da sua própria vida e encher plenamente a nossa vida de significado, tornando-a melhor e mais bela. Deus nos ama! Mas a fé pede para ser acolhida, ou seja, pede a nossa resposta pessoal, a coragem de nos confiarmos a Deus e vivermos o seu amor, agradecidos pela sua infinita misericórdia. (…) Trata-se de um dom que não está reservado a poucos, mas é oferecido a todos com generosidade: todos deveriam poder experimentar a alegria de se sentirem amados por Deus, a alegria da salvação. E é um dom que não se pode con-

Divulgação/JA

Todo cristão que fez realmente a experiência do amor de Deus e do encontro com Jesus Cristo e seu Evangelho, é chamado a ser missionário. Não se pode reter a graça recebida. Não se pode esconder a lâmpada, mas colocá-la no alto para que ilumine a todos. Quanto mais partilhamos o amor de Deus por nós, mais crescemos neste amor. Nada se perde quando se reparte a boa notícia do Reino de Deus, que quer vida em plenitude e felicidade máxima para todos. A Igreja é comunidade missionária, como diz o Documento de Aparecida. A missionariedade é uma das dimensões mais desafiadoras da Igreja no momento presente. As Diretrizes Básicas da Igreja no Brasil e o nosso Plano Arquidiocesano de Pastoral também enfatizam a necessidade de sairmos de nossa zona de conforto, de nossos comodismos, para irmos ao encontro de todos e anunciar-lhes o Evangelho da salvação em Cristo.

missionariedade no cotidiano de sua própria existência, em todas as dimensões da vida. Hoje os povos se mesclam cada vez mais, as culturas e religiões e igrejas se defrontam umas com as outras em cada rua de nossas cidades. Isso desafia nossa capacidade de estar abertos ao diferente. Faz-se necessário firmar bem nossa identidade, ter segurança do que somos e do que cremos. Mas essa identidade não deve fechar-se num casulo de medo. Deve, antes, ser uma identidade aberta: uma casa com janelas e portas, pelas quais se vai ao encontro de quem pensa e crê de modo diverso, para levar-lhes a beleza de nossa fé e aprender com eles aspectos que possam vir a enriquecer nossa fé.

Povo de Deus em comunhão e missão Guiné Bissau, África: país de minoria cristã, mas pela ação dos nossos missionários estão conhecendo Jesus servar exclusivamente para si mesmo, mas deve ser partilhado; se o quisermos conservar apenas para nós mesmos, tornamo-nos cristãos isolados, estéreis e combalidos. O anúncio do Evangelho é um dever que brota do próprio ser discípulo de Cristo e um compromisso constante que anima toda a vida da Igreja”. Já o papa Bento XVI havia dito que “o ardor missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial”. Um cristão, uma comunidade, uma paróquia, uma diocese, se tornam adultos na fé, não apenas quando a celebram e cantam, mas quando saem de si para levá-la a todas as pessoas e ambientes. A começar pelas periferias geográficas e existenciais, onde vivem multidões de pessoas carentes da boa notícia do amor do Pai, da libertação alcançada na cruz de Jesus. Quanta gente precisa da força restauradora do Espírito Santo! Por isso, diz ainda o papa Francisco: “A solidez da nossa fé, a nível pessoal e comunitário, mede-se também pela capacidade de a comunicarmos a outros, de a espalharmos, de a vivermos na caridade, de a testemunharmos a quantos nos encontram e partilham conosco o caminho da vida”.

A missionariedade tem uma dimensão universal. Por isso, cabe-lhe bem o advérbio da totalidade. Todos os povos, todas as culturas, todas as pessoas, todas as dimensões” Os confins da missão

Falando explicitamente da missionariedade da Igreja, continua o papa em sua mensagem para este ano: “A missionariedade não é questão apenas de territórios geográficos, mas de povos, culturas e indivíduos, precisamente porque os ‘confins’ da fé não atravessam apenas lugares e tradições humanas, mas o coração de cada homem e mulher”. A missionariedade tem uma dimensão universal. Por isso, cabe-lhe bem o advérbio da totalidade. Todos os povos, todas as culturas, todas as pessoas, todas as

dimensões. O Documento de Aparecida nos ensina que o anúncio do Evangelho é um serviço que a Igreja presta à promoção e defesa da vida em todas as suas dimensões. “A vida nova de Jesus Cristo atinge o ser humano por inteiro e desenvolve em plenitude a existência humana em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural”. Poderíamos ainda acrescentar as dimensões da política, da economia, da ecologia, da arte, do trabalho etc. “Para isso – continua Aparecida – , é preciso entrar em um processo de mudança que transfigure os vários aspectos da própria vida. Só assim será possível perceber que Jesus Cristo é nosso salvador em todos os sentidos da palavra. Só assim manifestaremos que a vida em Cristo cura, fortalece e humaniza” (DAp 356). Desse modo, podemos dizer que não há confins para a missão. Ela começa com os confins de nosso coração, de nossa casa, de nossa vizinhança. Passa pelos locais onde vivemos, trabalhamos, estudamos e nos divertimos. É claro que toda diocese deve preocuparse em enviar missionários ad gentes. Mas não se pode esperar que todos sejam enviados para fora de suas terras e ambientes. A maioria dos cristãos é chamada a viver a

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Nosso Plano Arquidiocesano de Pastoral apresenta a Igreja como povo de Deus em comunhão e missão. Citando a Constituição Lumen Gentium sobre a Igreja, lembra que somos ao mesmo tempo comunhão de vida entre nós e instrumento de salvação para todos: “Embora não abranja de fato todos os seres humanos, e não poucas vezes apareça como um pequeno rebanho, a Igreja é, contudo, para todo o gênero humano o mais firme germe de unidade, de esperança e de salvação. Estabelecido por Cristo como comunhão de vida, de caridade e de verdade, é também por ele assumido como instrumento de redenção universal e enviado a toda a parte como luz do mundo e sal da terra” (LG 9). E continua nosso Plano: “Em nossa Arquidiocese somos uma pequena parcela deste grande povo de Deus. E queremos ser para nós mesmos, que somos membros mais íntimos da Igreja, mas também para todas as pessoas, sobretudo para os que dela se afastaram e para os que não conhecem o Cristo, um sinal desta comunhão de fé, esperança e caridade. Esta é a nossa missão”. Pe. Vitor Galdino Feller Vigário Geral da Arq., Prof. de Teologia e Diretor da FACASC/ITESC Email: vigariogeral@arquifln.org.br


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Diáconos participam de retiro Durante retiro, diáconos da região sul da arquidiocese refletiram sobre o ardor missionário Foto JA

Os diáconos da região sul da Arquidiocese estiveram nos dias 13 a 15 de setembro na Casa de Retiros Divina Providência, em Florianópolis, para participar do seu retiro anual. O evento contou com a assessoria do Pe. Cláudio José Zimermann, pároco de N.Sra. de Lourdes e São Luiz, Florianópolis. Participaram 56 diáconos, acompanhados de suas esposas e algumas viúvas de diáconos. Ajudados pelo Pe. Cláudio, os participantes fizeram sua experiência de oração a partir de Lucas 24,13-35, o relato dos Discípulos de Emaús. “Ao longo do nosso ministério, por diversas razões, nos sentimos cansados, desanimados e até corremos o risco de perder os referenciais da nossa vocação. Daí a necessidade de fazermos como a mulher da parábola de Lucas 15, que acende uma lâmpada para encontrar a dracma perdida em sua própria casa: quando permitimos que a Palavra de Deus ilumine a nossa vida, reencontramos valores perdidos em nosso próprio coração, razões da nossa alegria em servir ao Senhor”, disse Pe. Cláudio. Segundo ele, as esposas se inserem nesse processo, porque os

Retiro para casais, padres e religiosas/os

56 diáconos e 32 esposas participaram do retiro realizado em Florianópolis diáconos compartilham com elas o seu ministério. Para o diácono Paulo Cesar Turnes, um dos coordenadores, o retiro foi muito bom para aprofundar o ministério diaconal.

“No decorrer do ano, nos acomodamos e o retiro nos dá um novo gás”, disse. Para ele, o tema abordado fez perceber em que estão falhando e resgatou o sentido do ministério.

Retiro para a região norte Os diáconos e esposas da região norte da Arquidiocese participarão do retiro nos dias 25 a 27 de outubro. O evento será realizado na Casa Padre Dehon, em Brusque, e terá a mesma temática e assessor. Mais infor-

mações com o Diácono Ideraldo Luiz Paloschi, presidente da Comissão Arquidiocesana do Diaconato Permanente – CADIP, pelos fones (48) 32654415 ou 9923-1117, ou pelo email ideraldobth@hotmail.com.

Encontro do Setor Juventude O Setor Juventude da Arquidiocese realizará, na tarde do dia 20 de outubro, domingo, a partir das 14h, um encontro de avaliação da caminhada, defi-

nição da coordenação do setor juventude e apresentação do novo padre referencial, Pe. Ewerton Martins Gerent. Será na Igreja Matriz da Paró-

quia São João Evangelista, em Biguaçu. São convidados a participar todos os representantes dos segmentos juvenis da Arquidiocese.

Pe. Ewerton é no novo assessor eclesiástico do Setor O anúncio foi feito no dia 17 de setembro, durante a Reunião Geral dos Presbíteros. Com 26 anos, Pe. Ewerton Martins Gerent foi ordenado há um ano. Ele é vigário paroquial da Catedral e era o padre referencial do Setor Juventude na Comarca da Ilha. Pe. Ewerton também auxiliou no “Bote Fé”, na Semana Missionária e nos outros eventos alusivos à Jornada Mundial da Juventude, em nível paroquial, comarcal e arquidiocesano. Ele não

Vai acontecer...

acompanha um segmento específico do setor, mas em várias

oportunidades ajudou segmentos presentes na Arquidiocese. “Recebo a missão de acompanhar o Setor Juventude com muita alegria. Acredito que a JMJ deu um grande impulso para a juventude do Brasil. Na nossa Arquidiocese, muitos são os desafios com a juventude. Devemos ter presente o lema da JMJ-Rio2013 ‘Ide e fazei discípulos entre todas as nações’, e assim acompanhar os jovens da nossa Igreja e evangelizar os que ainda não conhecem Jesus Cristo”, disse.

O Movimento Encontro Matrimonial realizará dos dias 18 a 20 de outubro um retiro voltado para casais, sacerdotes e religiosas/os. Será na Casa de Retiros Monte Carmelo, em Palhoça. Durante o encontro, os participantes vão aprender técnicas de comunicação profunda: casais entre os dois, sacerdotes e religiosas/os com seu

povo e família. O encontro será assessorado por um padre e três casais do movimento. O custo é de R$ 100,00 por pessoa para o fim de semana. Mais informações com os casais Vanio e Marcia, pelo fone (48) 3242-3959, ou Djalma e Ivoni pelo fone 3343-1098 ou pelo e-mail ivoniedjalma@gmail.com.

Peregrinação a Azambuja A Legião de Maria, Comitium “Immaculata” Florianópolis, realizará no dia 8 de outubro uma peregrinação ao Santuário de Azambuja. Os legionários(as) sairão de Florianópolis às 12 horas com chegada prevista para as 14h30, onde haverá a recepção em frente à gruta de Nossa Senhora e, após, um lan-

che partilhado no salão paroquial. Em seguida, haverá a reza do Terço subindo o morro do Rosário e encerramento com a Santa Missa no Santuário às 16h30. Todos são convidados a participar. Mais informações com Valdete Januária da Rocha pelos fones (48) 32485027 ou 9961-7712.

Encontro para coordenadores de CPPs e CPCs e Administradores Econômicos O Papa Francisco, no discurso aos bispos responsáveis do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, fez algumas perguntas e uma afirmação importante, sobre os Conselhos Pastorais. “Temos como critério habitual o discernimento pastoral, servindo-nos dos Conselhos Diocesanos? Tanto estes como os Conselhos paroquiais de Pastoral e de Assuntos Econômicos são espaços reais para a participação laical na consulta, organização e planejamento pastoral? O bom funcionamento dos Conselhos é determinante. Acho que estamos muito atrasados” (Pronunciamentos do Papa Francisco no Brasil). O nosso Plano de Pastoral também afirma: “A Igreja em nos-

sa Arquidiocese serve-se dos Conselhos de pastoral, presentes em todas as instâncias da vida e da organização eclesial, como uma forma de exercício da cidadania cristã e espaço privilegiado da participação do povo de Deus no poder hierárquico” (Plano de Pastoral, 266). Portanto, atentos às palavras do Papa Francisco, e aos apelos do Plano de Pastoral da Arquidiocese, convidamos todos os coordenadores(as) dos Conselhos de Pastoral das Paróquias e Comunidades (CPPs e CPCs) e os Administradores(as) Econômicos para participarem do encontro que se realizará no dia 26 de outubro, sábado, das 08h30 as 11h30, na Paróquia Santo Antônio em Itapema. Pe. Revelino Seidler Coordenador de Pastoral


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Bíblia

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Jornal da Arquidiocese

Conhecendo o livro dos Salmos (64)

Salmos 88 (87): Lamento sem resposta Este salmo impressiona pelo tom desalentado do salmista, que apenas pede que Deus o escute e só se queixa, aparentemente sem esperar mais nada. Tanto assim, que não há promessa de ação de graças, como a encontramos no Sl 22. Não há confissão de pecados, o que significa que o sofrimento é imotivado e inexplicável. Não há descrição de inimigos, nem de sua ação hostil, e por isso também não há imprecação contra eles. Ao contrário, menciona-se, em tom de queixa, o afastamento dos amigos. O orante parece atingido por uma enfermidade mortal, e vê que a morte se aproxima inexoravelmente. E não como castigo merecido, mas como condição e destino. O desalento, porém, não elimina o que resta da fé: pelo menos, ele desabafa com Deus.

Clamo por ti! 2. Senhor meu Deus, clamo por ti de dia, / de noite elevo meu brado. 3. Chegue à tua presença minha oração, / inclina teu ouvido ao meu lamento. O sofrimento está prolongando-se, de dia e de noite, e o único interlocutor do salmista é o próprio Deus, a quem ele invoca como “meu” Deus. Notar os possessivos em primeira pessoa qualificando o “brado”, a “oração”, o “lamento”, e contrapondo-se aos possessivos em segunda pessoa: “tua presença”, “teu ouvido”. O salmista só pede que Deus o escute. A oração, em forma de desabafo, é tudo o que lhe resta.

À beira do abismo 4. Estou saturado de desgraças, / minha vida está à beira do abismo. 5. Sou contado entre os que descem ao fosso, / como um guerreiro já sem força. Aproximando-se a sua descida ao mundo dos mortos, o salmista olha para si e vê-se “saturado de desgraças”. Será o balanço de toda uma vida ou, antes, a impressão negativa desta fase final, que lhe faz esquecer o que houve, certamente, de bom? Notar ainda essa contigüidade de vida e morte: duas realidades antitéticas, ao mesmo tempo tão distantes e tão próximas, no mistério do ser humano. O salmista ainda está vivo, mas sente-se quase morto, “contado entre os que descem ao fosso, como um guerreiro já sem força”.

ganhas com a minha morte, com o fato de eu descer à cova?” (Sl 30,10) Quanto ao “lugar” ou “terra” do esquecimento, é uma expressão notável pela sua densidade negativa, sintetizando o nada e o vazio da morte. Como entender, então, essa condição humana?

De novo, de manhã 14. Eu, Senhor, clamo a ti pedindo socorro, / de manhã chegue a ti minha prece. 15. Porque, Senhor, rejeitas meu alento / e me escondes a tua face?

Livre entre os mortos 6. Livre entre os mortos, / serei como os que dormem nos sepulcros,/ dos quais não guardas lembrança, pois foram arrancados para longe de tua mão. Por paradoxal que pareça, o início do versículo fala da “liberdade” entre os mortos, já não sujeitos às discriminações desta vida, como se exprime o livro de Jó (Jó 3,19)... Deles já Deus “não se lembra”, “não guarda lembrança”, ao contrário da constatação maravilhada do Sl 8,5: “O que é o ser humano, para que dele te lembres?” Aqui, os mortos nem podem mais ser lembrados por Deus, porque “arrancados” (por quem?) da sua mão.

Lançaste-me no fundo! 7. Lançaste-me no fundo do poço, / nas trevas, no abismo. 8. Pesa sobre mim teu furor / e com todas as tuas ondas me afogas. Agora, o salmista acusa o próprio Deus de ser o causador de sua desgraça. É Deus quem o lança “no fundo do poço, nas trevas , no abismo”, quem “faz pesar sobre ele o seu furor”, quem mesmo o “afoga” com suas ondas inundantes...

Abandonado de todos 9. Afastaste de mim meus conhecidos, / tornaste-me um objeto de horror para eles, / sou um prisioneiro sem esperança. A própria solidão do quase moribundo é causada por Deus, que o tornou repugnante a seus próprios amigos, reduzindo-o ao estado em que se encontra. Tal é essa prostração que nem lhe vem

à mente o pedido lancinante de Jó: “Piedade, piedade de mim, meus amigos, pois a mão do Senhor me feriu!” (Jó 19,21) O abandono é tal, que ele se compara ao preso, o prisioneiro esquecido na solitária, a quem fugiu toda a esperança de escapar.

Os olhos, a voz, as mãos 10. Meus olhos se consomem de tanto sofrer, / o dia todo te chamo, Senhor, / para ti estendo minhas mãos. Concentrando-se agora em si mesmo, fala dos “olhos” que não veem mais nada, só lacrimejam; da “voz” que chama, mas sem resposta; das “mãos” que se estendem a Deus suplicantes, mas em vão. Pelo visto, porém, não são mãos “manchadas de sangue”, como as denunciadas em Is 1,15.

Os mortos não louvam! 11. Acaso fazes prodígios para os mortos?Ou levantamse as sombras para te louvar? 12. Celebra-se a tua bondade no sepulcro / e a tua fidelidade no reino da morte? 13. Acaso se anunciam nas trevas teus prodígios, / a tua justiça, no lugar do esquecimento? Em três versículos, o orante argumenta com Deus, multiplicando as perguntas retóricas sobre a inutilidade dos seus “prodígios” para os mortos (v.11 e v.13); sobre a incapacidade das “sombras” de louvarem o Senhor; da impossibilidade de “celebrar” a bondade, a fidelidade, e a justiça de Deus, isto é, seus atributos essenciais, no mundo dos mortos... Portanto, Deus nada ganha com a morte do salmista, antes perde, como já se expressara o autor do Sl 30: “O que

Com o novo dia, reacende-se a esperança, pois o salmista continua “pedindo socorro”, tentando fazer com que chegue ao Senhor a sua prece. Logo, porém, a experiência da rejeição faz com que irrompa a pergunta desalentada: Por quê, Senhor? Por que me escondes a tua face? É o contrário da certeza expressa pelo orante do Sl 17: “Ao despertar, me saciarei com a tua presença!” (Sl 17,15)

Desde a infância 16. Infeliz e doentio desde a infância, / estou acabado, oprimido pelo teu terror. Novo balanço negativo da vida, remontando agora até a infância. Reconhecendo a derrota, o orante declara-se “acabado”, vencido pelo “terror de Deus” que o oprime com a consciência da morte próxima.

Ardências e temores 17. Sobre mim passaram tuas ardências, / teus temores me aniquilaram. 18. Rodeiam-me como água o dia todo, / cercam-me todos a um só tempo. O pobre moribundo sente-se no centro de um desapiedado turbilhão, desencadeado contra ele pelo próprio Deus: fogo e água, aliados em sua capacidade destruidora, rodeiam-no e o cercam “a um só tempo”... O calor da febre atiça a imaginação.

Sozinho, com a escuridão 19. Afastaste de mim amigos e companheiros, / só a escuridão faz-me companhia. Abandonado de todos os “amigos e companheiros”, porque o próprio Deus os afastou, o orante fica só, com uma única companhia: a da escuridão, as trevas. Assim termina o salmo, num contraste lancinante: a primeira das criatu-

ras de Deus foi a luz (Gn 1,3)... e a última “realidade” que esse homem encontra é a escuridão.

Leitura cristã Nenhum texto do Antigo Testamento apresenta concentração semelhante de expressões sobre a morte. Todas, negativas, tentando expressar o inexprimível: sombras, trevas, abismo, “lugar” do esquecimento... Mesmo com a abertura posterior à ressurreição dos mortos (Daniel e Macabeus) e à imortalidade da alma (Sabedoria), o cânon bíblico manteve este salmo doloroso. E o próprio Senhor Jesus deve tê-lo rezado, chegando a experimentá-lo existencialmente no horto das Oliveiras e no abandono da Cruz. Embora sabendo da própria ressurreição, esse conhecimento não lhe poupou a amargura do “cálice” que a vontade do Pai lhe entregava. Por isso, “começou a sentir terror e angústia, e disse aos discípulos: Sinto uma tristeza mortal” (Mc 14,33). Na cruz, estendeu as mãos ao Pai e clamou: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mc 15,34 = Sl 22,2). Ao morrer, toda a terra ficou em trevas (Mc 15,33)... Assumindo a condição humana, assumiu-a “em tudo” (cf Hb 4,15), inclusive “descendo ao mundo dos mortos”. No entanto, com a sua ressurreição, Ele demonstrou que é possível outra resposta às perguntas dos vv. 11-13 do salmo: Sim, Deus pode fazer, e faz realmente, “prodígios para os mortos”! E o último versículo do salmo já não é a última palavra: a escura solidão do salmista se ilumina, e as trevas cedem lugar, definitivamente, à luz. Pe. Ney Brasil Pereira Professor de Exegese Bíblica na Faculdade de Teologia de SC - FACASC email: ney.brasil@itesc.org.br

Para refletir: 1) Por que este salmo nos impressiona? O orante pede alguma coisa? 2) Em que sentido o salmista se vê “saturado de desgraças”? 3) Que significam as perguntas dos versículos 11 a 13? 4) Como entender este salmo, rezado pelo Senhor Jesus? 5) Por que mantê-lo no cânon bíblico, uma vez que seu impasse está superado pela nossa fé na Ressurreição?


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Juventude 7

Outubro 2013

Igreja de Garopaba será restaurada Com mais de 150 anos, condições precárias impidiam as celebração há pelo menos quatro anos Foto JA

Uma solenidade realizada na tarde do dia 27 de setembro, marcou a assinatura do convênio de restauração da Igreja Matriz da Paróquia São Joaquim, de Garopaba. Por meio dele, serão destinados R$ 554 mil para as obras que recuperarão a torre, o telhado, o forro, as janelas e será refeita a pintura da igreja. O evento contou com a presença do nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck, de Beto Martins, secretário de Turismo, Cultura e Esporte do Estado, de Paulo Sergio de Araújo, prefeito de Garopaba, que assinaram o convênio. Os dois órgãos públicos, prefeitura e Estado, vão repassaram cada um R$ 277 mil. O dinheiro será depositado em conta a ser aberta pela paróquia. Segundo Pe. Marcos Decker, administrador paroquial de Garopaba, será formada uma comissão com representantes do Estado, município e da Igreja. “Eles vão escolher a empresa que fará os trabalhos de restauração por meio de licitação e acompanharão a obra. A expectativa é que o trabalho ini-

Localizada num ponto privilegiado do município, igreja histórica é muito procurada por turistas e fiéis, mas está fechada para celebrações cie ainda este ano”, disse. Segundo ele, há cerca de quatro anos não são realizadas celebrações na igreja. Pois corria riscos a segurança das pessoas. Ela é aberta durante a semana para visitação dos turistas e fiéis, mas com limite reduzido de público e de permanência. Durante a solenidade, também foi assinado contrato de restauraDivulgação/JA

Dom Wilson (dir), Sérgio Cunha (centro), prefeito de Garopaba, e Beto Martins, secretário de Turismo do Estado, assinaram o contrato de repasse de recursos para a restauração da igreja

ção das imagens do Senhor dos Passos e de São Joaquim, o padroeiro, que fazem parte do patrimônio histórico. Por meio de acordo com o Ministério Público, Fundação

Catarinense de Cultura e a Igreja foi repassada a quantia de R$ 8.270,00. As restaurações já iniciarão e serão feitas por Suzana Cardoso, moradora da comunidade e especialista em restauração de obras sacras. Homenagem - Durante a solenidade de assinatura do contrato de

restauração, também foram homenageadas pessoas da comunidade que dedicam a sua vida a Igreja. Dona Maria José, Dona Vanda, Seu Zé e Seu Maneca receberam das autoridades presentes um placa em reconhecimento aos seus dedicados trabalhos de manutenção da igreja histórica de Garopaba.

HISTÓRIA

instalação, contudo, somente foi efetivada em 13 de maio de 1846, quando houve a autorização para a construção da igreja matriz, da casa paroquial e do cemitério. A igreja matriz histórica sofreu sucessivas remodelações e reformas. Foram pelo menos três ao longo da sua história. A última e completa reforma aconteceu ao tempo em que Pe. Francisco de Assis Wloch (1976-1987) era Pároco. Em 2000 as celebrações passaram a ser realizadas na nova Igreja Matriz, na praça da cidade.

Não há uma data exata da construção da histórica igreja São Joaquim, de Garopaba. Acredita-se que a construção é fruto de remodelações de uma pequena capela do final do século 18 (1793-1795), quando chegaram à comunidade os primeiros imigrantes açorianos, que lá se instalaram para a pesca da baleia. A ideia fracassou e a comunidade foi abandonada. Em 09 de dezembro de 1830, um Decreto Imperial criava a Paróquia São Joaquim, de Garopaba. Sua

Peregrinação da Fé É apresentada nesta edição do Jornal a programação da celebração de conclusão do Ano da Fé em nossa Arquidiocese. Oxalá seja celebrada de forma marcante e com a participação de todas as paróquias, comunidades e movimentos. O Ano da Fé, convocado por Bento XVI, foi enriquecido por alguns acontecimentos que merecem ser recordados. O primeiro foi a renúncia do Papa Bento XVI, em 11-02,sem dúvida o maior gesto profético deste período. Em seguida, em 13-03, a eleição do Papa Francisco. Com suas palavras e, mais ainda, com seus gestos, vem apresentar o que devemos aprender no Ano da Fé. Solicita que deixemos a inércia e o comodismo, e

sejamos sinais visíveis do amor de Deus transformado em obras. Há poucos meses, foi publicada a encíclica “Lumen Fidei”, é a primeira encíclica do novo Papa. O momento atual da história pode ser descrito como segue: “O ser humano renunciou à busca de uma luz grande, de uma verdade grande, para se contentar com pequenas luzes que iluminam por breves instantes, mas são incapazes de desvendar a estrada. Quando falta a luz, tudo se torna confuso: é impossível distinguir o bem do mal, diferenciar a estrada que conduz à meta daquela que nos faz girar repetidamente em círculo, sem direção” (Lumen Fidei, 3). Que esta celebração de encerramento do Ano da Fé seja realizada com intensidade. Que a par-

ticipação das comunidades transforme esse dia em um grande ato de Fé. E que seus frutos se estendam no tempo e no espaço para além deste ano. A Peregrinação da Fé em nossa Arquidiocese realizar-seá no dia 24 de novembro, domingo de Cristo Rei, nos seguintes locais: Catedral Metropolitana – Florianópolis; Santuário Nossa Senhora da Imaculada Conceição – Angelina; Santuário Santa Paulina – Nova Trento e Santuário Nossa Senhora de Azambuja – Brusque. A programação completa e demais informações serão divulgadas nas paróquias em breve. Dom Wilson Tadeu Jönck Arcebispo de Florianópolis


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Geral

Outubro 2013

Jornal da Arquidiocese

Kairós reúne a juventude carismática Durante o encontro, jovens realizaram visita missionária às comunidades da paróquia de Tijucas Foto JA

A Renovação Carismática Católica da Arquidiocese realizou dos dias 13 a 15 de setembro, o XXIV Kairós Missionário, na Paróquia São Sebastião, em Tijucas. O evento teve como tema “Eis-me aqui, envia-me” (Is. 6,8). O Kairós foi precedido de visita realizada por 210 jovens missionários, 130 e 80 da paróquia, às 14 comunidades de Tijucas. O encerramento do Kairós foi no domingo, 15, na Igreja Matriz de Tijucas. Sob uma tenda, os mais de mil participantes puderam acompanhar as pregações dos membros da comunidade Bom Pastor, do Rio de Janeiro, e de Rodrigo Laufer, coordenador do Ministério Jovem da RCC da Arquidiocese. As pregações foram divididas em três momentos, tratando da temática do encontro. No primeiro, Rodrigo Laufer refletiu sobre “discípulos e missionários”. Depois, Andrea Melo, da Comunidade Bom Pastor, falou sobre “Eisme aqui, envia-me”. Na sequência, Vatecy Santana, também da Bom Pastor, falou sobre “Vida na comunidade”. A tarde, às 16h, houve a Celebração Eucarística, presidida pelo nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck. Ao final, foi feita uma homenagem especial a Luiz Carlos Santana Filho, coordenador da RCC nos últimos quatro anos, e que deixa a coordenação no fim do ano. Romeu Mendes leu uma carta de agradecimento pelo trabalho

RCC elege nova coordenação Pela primeira vez na Arquidiocese uma mulher foi eleita

Encerramento reuniu mais de mil participantes, a maioria jovens que ele realizou. “Há momentos em que as palavras se tornam limitadas quando precisamos definir o perfil de alguém. Alguém feito você, que retrata uma forma incomparável de servir a Deus”, disse. Em sua 24ª edição, o Kairós é um dos eventos consolidados da RCC da Arquidiocese. Além dele, são realizados todos os anos o Louvor de Verão, o Dia de Penitência e Reconciliação e o Cenáculo de Pentecostes. Segundo Luiz Carlos, é a primeira vez que no Kairós foram realizadas visitas missionárias às comunidades de Tijucas, com celebrações em todas elas. “É uma vivência de mão dupla: os jovens levaram a Palavra de Deus, mas também receberam a atenção e o carinho das pessoas”, completou.

Visitas missionárias O Kairós teve início na sextafeira, dia 13. Na noite daquele dia, os jovens visitadores tiveram momentos de formação. Os 130 missionários foram acolhidos nas casas de família da comunidade. No dia seguinte, foram divididos em grupos para realizar as visitas. Em todas as comunidades houve celebrações. Michele Becker, da Paróquia Divino Espírito Santo, em Camboriú, foi uma das visitadoras. Ela informou que esteve em uma casa e o morador disse que em 40 anos nunca tinha recebido a visita de um missionário católico. “Vimos o quanto ele ficou feliz com a visita. Isso me motivou a seguir no caminho de Deus e a levar a sua Palavra a outras pessoas”, disse.

No dia 20 de outubro, a partir das 8h, será realizado, na Igreja Santo Antônio de Campinas, o Dia de Cura no Amor 2013, promovido pela Comunidade Abbá Pai. A expectativa para esta 5ª edição é grande, pois o ministrante será Pe. Antonello, um ícone da Renovação Carismática Católica e pregador nacional e internacional, atuante no ministério de

cura e libertação e conhecido como escritor e apresentador das TVs Século 21 e Canção Nova. O encerramento será às 16h com a Missa presidida por Dom Wilson Tadeu Jönck. O evento terá a animação do Ministério Abbá. Informações podem ser obtidas pelo fone (48) 30342417, email com.abbapai @gmail.com e site www.abbapai.org

Resgate das famílias na Igreja Esse é o propósito de Lidiane para os dois anos em que presidirá a coordenação arquidiocesana da RCC. “Hoje vemos muito a presença da mulher. Quero buscar o marido e os filhos para participar da Igreja”, disse ela na entrevista que concedeu ao Jornal da Arquidiocese. JA - Como enfrenta o desafio de ser a primeira mulher a assumir a coordenação da RCC na Arquidiocese? Lidiane - Aceito esse desafio

como a leitura que Deus me deu neste fim de semana, em João 13: “Lavai os pés uns dos outros”. Seguindo esse mandamento, quero também lavar os pés das pessoas da Arquidiocese que precisam de um grupo de oração, que precisam de pessoas que lhes mostrem a verdadeira espiritualidade. JA - Quais os maiores desafios que deves enfrentar na coordenação? Lidiane - Um dos maiores desafios será a questão da família. Lembro do Evangelho de Maria, a irmã de Marta, em que ela se colocou aos pés de Jesus, enquanto Marta atendia ao serviço da casa. Maria escolheu a melhor parte. Mesmo tendo uma família grande, não sendo dispensada do serviço de Marta, quero “escolher a melhor parte”. O restante Jesus fará. Procurarei dar continuidade ao trabalho que o Luiz Carlos realizou e recuperar as pessoas que participavam dos grupos de oração e se desligaram. JA - Qual a tua principal meta nestes dois anos? Lidiane - A participação das famílias na Igreja e nos grupos de oração. Hoje vemos muitas vezes apenas as mulheres participando. Queremos buscar aquele marido, aquele filho e filha, que não participam. Convidá-los a participar e retomar a Igreja como um espaço da família. Foto JA

ABBÁ PAI promove Dia de Cura no Amor 2013

Lidiane da Silva da Cunha é a nova coordenadora da Renovação Carismática Católica da Arquidiocese. A eleição foi realizada durante um encontro envolvendo as coordenações paroquiais, comarcais e arquidiocesana da RCC, nos dias 21 e 22 de setembro, na Paróquia São Sebastião, em Tijucas. Ela assume a função a partir de janeiro. Com 39 anos, casada com Roberto Rivelino da Cunha, com quem tem cinco filhos, coordenadora da RCC na Paróquia São Cristóvão, em Itajaí, Lidiane terá a missão de coordenar a RCC arquidiocesana pelos próximos dois anos. Ela substitui Luiz Carlos Santana Filho, que nos últimos quatro anos (dois mandatos) esteve à frente da coordenação.

Lidiane (dir) a partir de janeiro substiturá Luiz Carlos que esteve à frente da RCC nos últimos quatro anos


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Outubro 2013

Jovens avaliam participação na JMJ Eles refletiram sobre o que viveram na JMJ e propuseram ações para a evangelização da juventude Divulgação/JA

Reunir os jovens da Arquidiocese que participaram da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro e que viveram a Jornada em suas comunidades. Esse foi o objetivo do encontro realizado no dia 29 de setembro, no Centro de Evangelização Angelino Rosa - CEAR, em Governador Celso Ramos, com a participação de 300 jovens. O encontro teve início às 8h30, com a animação musical da banda formada durante a Semana Missionária. Em seguida, foi apresentado o Pe. Ewerton Martins Gerent como o novo assistente eclesiástico do Setor Juventude da Arquidiocese. Na sequência, os participantes foram divididos em pequenos grupos para trocar as experiências vividas na JMJ, tanto os que foram para o Rio de Janeiro, quanto os que permaneceram na Arquidiocese. Ainda pela manhã, às 11h30, houve a Celebração Eucarística, presidida pelo nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck, e concelebrada pelo Pe. Revelino Seidler, coordenador de Pastoral, Pe. Ewerton Gerent e pelo Pe. Pedro Koëller. Em sua homilia, Dom Wilson refletiu sobre o evangelho do dia.

Ele disse que o precisamos do dinheiro para adquirir as coisas de que precisamos, mas não é o objetivo central do ser humano. “O dinheiro nos leva a uma indiferença com o outro e nos distancia de Deus”. Ele também lembrou que na JMJ enfrentamos muitas dificuldades, mas é com elas que somos fortalecidos. “Na vida passamos por muitos desafios, mas quando estamos unidos, os problemas são menores”, acrescentou Dom Wilson.

A Cruz de Cristo A tarde, após uma pausa para o almoço, Pe. Vitor Galdino Feller, vigário geral da Arquidiocese e diretor da Faculdade Católica de Santa Catarina – FACASC, lembrou as reflexões do Papa Francisco durante a JMJ. “O Papa perguntou ‘o que deixamos na Cruz de Cristo’ e ele mesmo respondeu: deixamos nossos medos, angústia, desânimo... Com essa reflexão, quis-nos ensinar que existe uma alegria cristã. A Cruz, que foi instrumento do mal, em Cristo transformou-se em símbolo de amor e vida”, disse. Depois, os jovens foram divididos em pequenos grupos, nos quais refletiram e apontaram

Encontro teve como objetivo reunir os jovens que viveram os momentos da Jornada Mundial da Juventude sugestões de linhas de ação para a evangelização da juventude da Arquidiocese. As sugestões serão apresentadas no próximo encontro do Setor Juventude, a ser realizado no dia 20 de outubro, em Tijucas. No final, foi

Representantes dos segmentos juvenis testemunharam sua participação na JMJ Fui para a JMJ numa busca interior. Somos muito questionados sobre nossas escolhas na Igreja e fui buscar respostas e certezas. Lá encontrei mais de 3,5 milhões de pessoas que fazem a mesma opção. A Igreja é viva e é jovem. Fernanda Gil, Movimento Emaús Dierry Telles, Pastoral da Juventude Foram momentos enriquecedores. Como todos, passei muitas dificuldades na JMJ, mas o que marcou foi a acolhida recebida pelo povo carioca. Também participei de vários eventos que me fortaleceram na fé e no ideal da juventude.

Lucas José Ramos, Irmão Marista Voltei incomodado porque muitas pessoas não estavam naquela “mesa”. Se fazemos parte de uma Igreja Mãe, ela deve estar onde seus filhos estão, não importa onde estejam. É o nosso papel levar a Mãe até essas pessoas.

Fui como voluntária. Foram 15 dias incríveis e é difícil definir em poucas palavras as maravilhas e as graças recebidas. Em cada lugar do Rio de Janeiro em que encontrávamos jovens da JMJ já fazíamos amizade. Simone Aparecida, Movimento Pólen

realizado o envio missionário por meio da unção do óleo abençoado. Os representantes dos grupos receberam o óleo abençoado e ungiram os participantes dos seus grupos. Por fim, foi realizada uma homenagem a Felipe Candin que, nos últimos dois anos, foi o coordenador do Setor Juventude da Arquidiocese. Todos os jovens estanderam as mãos em sua direção e lhe deram uma bênção. “Nesse tempo, passamos por muitos desafios, sobretudo na

preparação dos eventos da Jornada, mas todos foram superados por meio da alegria, presença e auxílio dos jovens”, disse Felipe. Para o Pe. Ewerton, o encontro foi importante para reunir os jovens que vivenciaram os momentos da JMJ e auxiliar nos encaminhamentos das ações efetivas de evangelização da juventude na Arquidiocese. “Dessa forma, a Jornada não terá sido apenas um evento, mas um impulso para a evangelização dos nossos juvens”, acrescentou.

Durante o encontro, os jovens fizeram sugestões de encaminhamentos para a evangelização da juventude na Arquidiocese


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Ação Social

Outubro 2013

Jornal da Arquidiocese

Regional realiza etapa catarinense da 5ªSSB Participantes de nove dioceses do Estado resgataram os momentos vividos na Guerra do Contestado local, e Alzira, descendente dos caboclos. Em seguida, Luíz Jorge Silva Moreno, juiz aposentado do Tribunal de Justiça do Maranhão, refletiu sobre o tema do encontro, para quê e a quem o Estado serve. Depois, Pe. Paulo Suess, do Conselho Indigenista Missionário, trouxe a perspectiva do bem-viver a partir da constituição da Bolívia e do Equador, e como os povos indígenas trabalham esse projeto de sociedade. Sirlei Gasparetto resgatou a história das lutas no Estado, como se deram e a contribuição da Igreja nesse processo. A tarde, os participantes puderam participar de uma das 15 tendas temáticas que abordaram temas que estão no nosso cotidiano mais emergente e como o Estado se relaciona com essas demandas. Depois, houve a plenária geral em que um representante de cada tema trouxe duas propostas de atuação a partir do que refletiram. À noite, um grupo da cidade de Pinheiro Preto apresentou uma encenação teatral refletindo o que foi o Contestado. Eles fizeram um paralelo de como se vivia na época e como se vive hoje, e trazen-

Valorização da Cultura Guarani No dia 04 de setembro, técni- cultura Guarani através da canção. cos da Ação Social Arquidiocesana Percebeu-se na visita que, mese o Sr. Carlyle Holl Cirimbelli, téc- mo havendo uma aparente assiminico da EPAGRI, realizaram visita de lação de outras culturas, é perceptíacompanhamento ao grupo da al- vel a ligação que eles ainda possudeia indígena Tava-í, no município de em com seus ancestrais e a forma Canelinha. A comunidade é com- como essa ligação é determinante, posta por 09 famílias que aí fixaram para o seu modo de vida Guarani. Para o Sr. Carlyle, “o apoio do moradia e começaram a recuperar suas tradições. Para o povo Guarani, Fundo Arquidiocesano de Solidaa vida comunitária e a espiritualida- riedade a este projeto contribui de ocupam o centro da cultura: é atra- para a preservação das raízes culvés da fala, da comunicação oral, turais guaranis, trazendo um enrique o conhecimento é passado de quecimento da cultura para os uma geração para outra ao longo não indígenas”. Divulgação/JA dos anos. Esta comunidade recebeu o apoio do Fundo Arquidiocesano de Solidariedade para a gravação e produção de um CD do Coral da aldeia. A ideia do projeto apresentado surgiu a partir da necessidade de Coral Guarani Tava-í conta com crianças, adolesse fazer conhecer a centes e jovens, propagando a cultura Guarani.

Foto JA

“Estado para quê e para quem?”. Este foi o tema da etapa catarinense da 5ª Semana Social Brasileira. Realizado dos dias 06 a 08 de setembro, na comunidade de Taquaruçu, um dos pontos principais das lutas na Guerra do Contestado (1912-1916), interior de Fraiburgo, Diocese de Caçador, o evento foi promovido pela CNBB Regional Sul IV. Mais de 500 lideranças de movimentos sociais, pastorais e organismos católicos de nove dioceses do Estado e representantes de outras igrejas entidades da sociedade civil. A Arquidiocese esteve representada por 29 participantes. O encontro teve início na noite de sexta-feira. Após a acolhida e o jantar, as lideranças participaram da “encomenda das almas”, mística cultivada pelos descendentes dos Contestado. Em seguida, foram acolhidos nas residências de pessoas da comunidade. No dia seguinte, sábado, houve quatro momentos de reflexão: no primeiro, foi refletido sobre o que é o Contestado e o que houve naquela região, com a participação do sr. Pedro Felisbino, morador

Realizado no interior de Faiburgo, encontro reuniu mais de 500 lideranças, representando a Igreja e entidades da sociedade civil do algumas perspectivas. Após, os jovens realizaram a “Vigília dos Mártires”, uma das atividades do acampamento da juventude, que era realizado paralelo à 5ª SSB. Em volta a uma fogueira, eles lembraram os mártires da fé católica no Estado e no Brasil, que morreram em defesa do Reino de Deus. Os jovens seguraram estandartes de 23 mártires e leram uma breve biografia de cada um deles.

Propostas de ação No domingo, houve a plenária com a síntese do que foi refletido nos 15 grupos e apresentadas as 48 propostas de ação. Também foi lida a carta da etapa catarinense da 5ª Semana Social Brasileira. Nela, é exigido que Santa Catarina, Paraná e a União reconheçam os crimes cometidos na Guerra do Contestado (19121916), a luta pelo “bem-viver” e

pela ampliação da participação popular nos poderes estatais. Como parte da celebração de encerramento, jovens levaram a cruz de cedro até o local onde houve o massacre do Contestado e onde foi realizada a primeira Romaria da Terra, em 1986. Lá, foram lembrados os momentos do Contestado e o que foi vivido na primeira Romaria. Em seguida, voltaram para próximo à igreja, onde Dom Severino Clasen, bispo anfitrião, presidiu a Celebração Eucarística. Em sua homilia, ele pediu que não se esquecessem do que viveram naqueles dias. “Voltem com mais coragem, mais comprometidos, mais sensibilizados, de que vale a pena, revestidos dos sentimentos de Jesus, ser discípulos Dele para transformar”, disse. Segundo Fabiana Gonçalves, articuladora das Pastorais Sociais da CNBB - Regional Sul IV, o evento superou as expectativas. “Houve uma representatividade muito boa e as pessoas já vieram com uma formação prévia do evento. Isso favoreceu para que tivessem uma participação mais efetiva”, argumentou.

NUDEC de Florianópolis realiza Viagem de Estudos a Ilhota O Núcleo Comunitário de Defesa Civil – NUDEC da comunidade da Mariquinha/Florianópolis realizou sua primeira viagem de estudos ao Município de Ilhota no dia 14/09. A saída a campo teve como objetivo aproximar os membros do NUDEC da Mariquinha da realidade em que vivem atualmente os moradores de Ilhota, e aprimorar os conhecimentos destes com relação à temática abordada no Projeto “Gestão de Risco e Desastre – construindo comunidades seguras”. A atividade contou com a Assessoria de Tatiana R. Reichert e Anilton Ricardo Junkes, ambos membros da Defesa Civil de Ilhota, bem como outros membros da Associação dos Desabrigados e Atingidos da Região do Baú – ADARB. No decorrer da visita, foram obser-

vados os principais pontos da cidade atingidos pelo desastre de 2008 e expostas as dificuldades que ocorreram na realização das obras de reconstrução do Município. Foi realizada uma apresentação da Defesa Civil contendo imagens da catástrofe de 2008 e o surgimento da Associação. A ADARB foi criada tendo como objetivo promover a assistência e o amparo às famílias atingidas. Dna. Tatiana relatou aos presentes a situação vivida por ela e seus familiares, duramente atingidos, perdendo 14 pessoas, bem como a sua antiga casa e pertences. Atualmente, ela mora em outro local e passou a se envolver decididamente nesta temática, fundando a ADARB e mais tarde tornando-se Coordenadora da Defesa Civil do Município. A história de Tatiana é uma história de luta,

determinação e superação. Ela também faz parte do Movimento Nacional dos Afetados por Desastres Sócio Ambientais – MONADES. A viagem foi um verdadeiro avanço, proporcionando um despertar ainda mais crítico na visão do NUDEC, transformando os membros em sujeitos questionadores acerca da realidade em que vivem. Houve forte contribuição para a emancipação do NUDEC enquanto organização da sociedade civil. Para Camila da Natividade, que é Técnica do Projeto Gestão de Risco e Desastres, executado pela ASA, “a viagem foi uma experiência única na vida dos que estão envolvidos com a temática. Todos ficaram satisfeitos com a realização da atividade e ao mesmo tempo instigados e comovidos com a realidade do local”.


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1º Encontro Interparoquial dos GBFs Evento reuniu as paróquias São Francisco de Assis, de Palhoça, e São João Evangelista, de Biguaçu pectivas. Após esse momento de rica partilha, a assessora Irmã Luzia Pereira, Catequista Franciscana, ajudou-nos a refletir sobre as 10 atitudes da Espiritualidade do animador e animadora. Iniciou a fala fazendo a distinção entre espiritualidade e espiritualismo. Espiritualidade é aquilo que move, orienta, aquece e impulsiona o interior da pessoa. A espiritualidade mantém acesa nossa opção e nossa motivação profunda de estarmos colaborando com a missão, que é de Deus, através de nosso humilde serviço e dedicação. Espiritualismo é puro emocionalismo, é gerado de maneira forçada, manipulado por palavras, choros e palmas... O centro de todo espiritualismo é o próprio ser humano, realizar sua vontade seu desejo. Já espiritualidade tem a ver com uma transformação real que

Divulgação/JA

No dia 15 de setembro realizou-se o 1º Encontro Interparoquial dos Grupos Bíblicos em Família, na comunidade de Alto Aririú. O objetivo desse encontro foi promover a integração dos GBFs entre as Paróquias São Francisco de Assis de Aririú e São João Evangelista de Biguaçu. Participaram aproximadamente 300 pessoas, representantes dos GBFs das comunidades das duas paróquias. Na chegada fomos acolhidos com alegria e com um café matinal. O encontro teve início com a a animação do grupo de canto da comunidade do Alto Aririú e com a celebração da Palavra, preparada pela Paróquia São Francisco de Assis, refletindo o tema: Deus chama! Em seguida foi apresentada uma partilha sobre a caminhada dos GBFs nas duas paróquias, com fotos, teatro e relatos sobre a organização, metodologia, testemunhos, avanços, frutos e pers-

Encontro reuniu mais de 300 lideranças dos GBFs das duas paróquias ocorre a partir de si mesmo na relação com os outros(as) É marcado pelo relacionamento saudável com Deus e toda a sua criação, tendo sempre Jesus Cristo como centro da vida. O animador (a) deve ter momentos durante o dia para oração

Santa Cruz promove encontro paroquial da Catequese apresentando um teatro com as crianças sobre a semente a beira do caminho (Mt 13); a apresentação do Coral São Miguel e Santa Rita, e do Movimentos dos Irmão da paróquia, e a animação do encontro com o grupo de jovens. Tivemos o momento especial dos testemunhos de membros participante dos GBF. Ainda em um dos momentos o Diácono Rudi Melim falou da importância do GBF na paróquia. Também esteve presente conosco a coord. Arquidiocesana Maria Glória incentivan-

do com alegria a nossa caminhada de ‘Igreja nas Casas’. Por ser o primeiro encontro, com a graça de Deus estamos atingindo o nosso objetivo, e já estamos nos preparando para o próximo ano. Alegres e entusiasmados, encerramos o encontro participando da Missa da Comunidade presidida por Dom Vito Schlickmann, bispo auxiliar emérito da Arquidiocese, que motivou ainda mais a caminhada dos GBFs. Francisco Carlos Sousa Coord. paroquial dos GBF – Paróquia Santa Cruz Divulgação/JA

A coordenação paroquial da Paróquia da Santa Cruz – SJ, juntamente com o Pe. Kelvin Kons (administrador paroquial) promoveram no dia 31 de agosto o encontro paroquial para os Grupos Bíblicos em Família, convidando todas as Forças Vivas da paróquia (Coral, Catequese, Movimento de Irmãos, jovens para animar o encontro e outros...). Participaram cerca de 100 pessoas, os GBFs das comunidades trouxeram cartazes e símbolos da caminhada. O encontro foi coordenado pelos futuros Diáconos da Escola São Francisco de Assis: Francisco Carlos e Marcos Sarmento de Sousa. Pe. Kelvin Kons acolheu todos (as) com carinho dizendo “a ideia de organizar o encontro é para divulgar, mostrar a importância e o espírito de comunhão dos GBF na paróquia, assim sendo, nos unimos a todas as pastorais, movimentos, grupos nesta igreja particular”. No primeiro momento houve uma exposição sobre Leitura Orante da Bíblia, assessorado pelo nosso querido amigo Marcio Murilo. Em seguida, tivemos a participação do Coral Santa Cruz;

Encontro envolveu mais de 100 lideranças da Paróquia Santa Cruz

pessoal; tirar o tempo necessário para participar ativamente das celebrações comunitárias e vivenciar o momento de celebração nos encontros de grupos, unir fé e vida no compromisso com o Evangelho. Atitudes que expressam a espiritualidade do animador e animadora dos GBFs 1ª atitude: Escutar. Ter ouvidos atentos. Ter capacidade de escuta e de diálogo. Saber relacionar-se e valorizar as pessoas na sua diversidade, descobrindo os seus valores. Aproximar-se é dispor-se a conhecer e sentir de perto a necessidade do outro(a) ( Lc 24,15), escutar é entender o que se passa no caminho... 2ª atitude: Acolher e cultivar a ternura. Acolher a todos, sem distinção de pessoas. Cultivar o cuidado, o carinho e a ternura no relacionamento com o grupo e com a comunidade. 3ª atitude: Solidarizar-se. Estar atento aos problemas de sua comunidade, do seu grupo. Ter sensibilidade humana e social, com um forte sentido de justiça e verdade. 4ª atitude: Resistir. Perseverar nos momentos difíceis, sem desistir. Fazer-se presente quando e onde necessário. 5ª atitude: Ter paciência e esperar. Saber que a paciência é uma das virtudes mais importantes do animador(a). Olhar com esperança para o futuro. Como diz o Papa Francisco: “Conservar a esperança. Deixar-se surpreender por Deus. Viver a alegria”. 6ª atitude: Crer no Deus da vida. Cultivar uma relação

pessoal profunda com Jesus Cristo e, nele, com o Pai e o Espírito Santo. Jesus é a fonte de água viva:”Se alguém tem sede, venha a mim (Jo 7, 37-38 ). Sem fé não há missão, não há verdadeira evangelização. Que tipo de água mais necessito para viver a missionariedade e a profecia, hoje? 7ª atitude: Amar na gratuidade. Sem nada esperar em troca. 8ª atitude: Perseverar na oração. Alimentar a própria fé com a oração diária, sem nunca desanimar. A comunhão com o Espírito de Deus cultivada na oração é a fonte do amor, do discípulo/missionário. O encontro em profundidade com Aquele que nos chama, consagra e envia em missão. Aprender, na oração e na escuta da Palavra de Deus, paciência e coragem para colaborar na construção do Reino. 9ª atitude: Assumir a cruz. A missão nasce e cresce aos pés da cruz. A persistência e a paciência são frutos da Cruz assumida com alegria. Viver a palavra de Jesus: “Quem quiser ser meu discípulo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mc 8,34). 10ª atitude: Ser coerente. Seguir o exemplo de Jesus, que faz o que diz: “Eu, vosso Mestre e Senhor, vos lavei os pés; também vós deveis lavar os pés uns dos outros” (Jo 13,14-15). “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei...” (13,34). Encerrou-se a manhã com um almoço fraterno, oferecido pela comunidade acolhedora. À tarde, o encontro teve continuidade com a participação de todos e todas na MARATONA e com o sorteio de brindes trazidos pelas pessoas dos grupos presentes. O ponto culminante foi a celebração da Missa às 16 horas, presidida pelo Pe. José Luiz e concelebrada pelo Pe. Marcelo, encerrando assim esse belo dia de convívio. Motivados, voltamos às nossas comunidades com o entusiasmo de continuar nossa missão. Confirmamos e marcamos o 2º Encontro Interparoquial, a realizar-se na paróquia de Biguaçu em 2014. Irmã Gessy P. Doff-Sotta, Membro dos GBF, paróquia de Biguaçu


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Paróquia Santíssimo Sacramento - 180 anos Elevada a paróquia em 1833, Santíssimo é a Igreja Mãe de outras cinco paróquias em Itajaí Divulgação/JA

No dia 12 de agosto a Paróquia Santíssimo Sacramento de Itajaí comemorou os seus 180 anos de criação. Itajaí desenvolveu-se em torno da fé cristã católica centrada em dois padroeiros: Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora da Conceição. A Igreja Matriz, concluída em 1823, elevada à categoria de sede de Curato em 31 de março de 1824 e à de Matriz e Sede Paroquial em 12 de agosto de 1833, foi o primeiro templo construído às margens do Itajaí-Açu. Na verdade, a primeira Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora da Conceição, hoje chamada Igreja da Imaculada Conceição, testemunha a fé dos nossos antepassados, cujos valores cristãos serviram e servem de alicerce seguro para nossa querida cidade e região. Com o crescimento da população, o povo pedia uma igreja maior. Assim, em 1914, começou a arrecadação para a construção da futura Igreja Matriz. Entre escolher o local e o levantamento do dinheiro para o início das obras, passaram-se muitos anos. Só em 1936, o cônego Francisco Xavier Giesberts, vigário desde 1922, decidiu o lugar a ser ocupado pela nova Matriz, cujo projeto iniciou-se três anos depois. Pe. José Locks, o novo vigário, contrata o pedreiro autodidata que se transforma em engenheiro e arquiteto, Simão Gramlich, para o trabalho. Em 1941 começou a ser alicerçada a Igreja. Aos poucos a obra foi crescendo, lutando contra as dificuldades e

Proposta de Intenções para os Mistérios 1. Mistérios da Alegria

Concluída em 1955, Igreja Matriz de Itajaí é o principal ponto turístico da cidade escassez de material, provocadas pela continuação da II Guerra Mundial. Finalmente, em 1955, a obra estava pronta para a inauguração. Os artistas Aldo Locatelli e Emílio Sessa se revezaram nos trabalhos de pintura do forro e das paredes. Depois de 15 anos de trabalho a nova Matriz estava concluída, sendo pároco o Mons. Vendelino Hobold, que não poupou esforços para que tudo isso acontecesse.

Vida Pastoral Além das pastorais, organismos, serviços, movimentos e associações com uma ligação direta com a Igreja, foram criados recentemente: Grupo de Jovens Bom Pastor, Pia União de Santo Antônio,

Irmandade da Imaculada Conceição e o Terço dos Homens de São José. Atualmente, enquanto território, nossa Paróquia não é grande; enquanto habitantes, porém, muito grande, por situar-se no centro urbano de Itajaí, acrescido ainda o fato de que não são poucos os que, mesmo residindo nos bairros ou em outras cidades, fizeram opção por integrar nossa Comunidade Paroquial. Tombada como Patrimônio Histórico Municipal e Estadual, a Igreja Matriz, por sua beleza e imponência, tornou-se um ponto turístico obrigatório e cartão postal da cidade de Itajaí. Áurea A. da Silva Francisco

Vocação e Missão dos Cristãos Leigos e Leigas A retomada do Concílio Ecumênico Vaticano II tem sido uma riqueza para toda a Igreja. Certamente, continua atual o “desafio” colocado por João Paulo II: “Que a maravilhosa ‘teoria’ sobre o laicato, expressa pelo Concílio, possa converter-se numa autêntica ‘praxe’ eclesial”(CfL 2). O Concílio ensina que os cristãos leigos “pelo Batismo foram incorporados a Cristo, constituídos no Povo de Deus e a seu modo feitos partícipes do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, pelo que exercem sua parte na missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo”. (LG31). Fica bem claro, portanto, que a identidade, vocação, espiritualidade e missão dos cristãos leigos e leigas, bem como dos demais cristãos, se realiza na Igreja e no mundo, sem nenhuma dicotomia. Puebla afirma que “os cristãos leigos e leigas são homens e mulheres do mundo no coração da Igreja e homens mulheres da Igreja no coração do mundo” (CfL.786). Esta afirmação, retomada por Aparecida ( DAp 209), pode parecer equívoca, pois os cris-

O ROSÁRIO EM NOSSA VIDA

tãos ordenados ( diáconos, padres e bispos, incluindo o cristão bispo de Roma, nosso Papa) e os cristãos religiosos e religiosas, também vivem no mundo. O que é diferente é o ‘modo’ de estar presente e atuante na Igreja e no mundo. São diferenças que “distinguem, porém não separam”, como ensina o Concílio. O termo “leigo”, tão pejorativo em nossa língua, na verdade vem do grego “laós” e significa “membro do povo de Deus”. “O leigo é antes de tudo, a cristã ou o cristão típico, o ‘homo christianus’” (CNBB 62,96). A grande maioria dos batizados permanece como “cristão leigo ou leiga” pela vida toda. Especificamente, “os leigos têm a vocação de procurar o Reino de Deus exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus e, assim, contribuem a modo de fermento, por dentro, para a santificação do mundo... A condição de vida do leigo é tida teologicamente como vocação.” (62,99.100). Como “membros do Corpo de Cristo”, os cristãos leigos e leigas precisam alimentar uma espiritualidade que lhes sustente a vida e a missão: “

uma espiritualidade cristã, baseada na oração pessoal e comunitária, na leitura da Bíblia e na vida sacramental, capaz de sustentá-los em sua atuação no mundo – na realidade da família, da educação, do trabalho, da ciência, da cultura, da política, dos compromissos sociais e civis – para testemunhar o Evangelho e transformar a sociedade”( 62,175). A missão do cristão leigo se realiza no mundo (EN 70), sendo “sal, luz e fermento”, como ensina o próprio Cristo. Daí, a advertência de Santo Domingo:” Evitar que os leigos reduzam sua ação ao âmbito intra-eclesial, impulsionando-os a penetrarem os ambientes sócio-culturais e a serem eles os protagonistas da transformação da sociedade à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja” (DSD 98). Para aprofundamento do tema, sugerimos a Exortação Apostólica Christifideles Laici, e o documento 62 da CNBB. Laudelino Augusto Vice-presidente do Conselho Nacional de leigos do Brasil - CNLB

1.1 Anunciação do Anjo a Maria – por todos os vocacionados, para que perseverem no seu Sim, à semelhança de Maria. 1.2 Visita de Maria a Isabel – pelas nossas visitas, por todas as Pastorais que fazem visitas: aos presos, doentes, crianças, idosos, famílias. 1.3 Nascimento de Jesus – por todas as crianças concebidas no ventre de suas mães, para que nasçam bem acolhidas e recebam as condições de crescerem “em idade, sabedoria e graça”, como Jesus. 1.4 Apresentação do Menino Jesus no Templo, em cumprimento de um preceito – pelas nossas famílias, para que sejam também praticantes dos preceitos da Igreja. 1.5 Perda e encontro do adolescente Jesus no Templo – pelas mães e pais angustiados, preocupados/ as com seus filhos rebeldes, drogados, infratores.

2. Mistérios da Luz 2.1 O Batismo de Jesus – pela fidelidade ao nosso Batismo e a consciência da nossa dignidade e compromisso de cristãos. 2.2 As Bodas em Caná – para que Nossa Senhora esteja atenta à “falta do vinho” em nossas famílias, e interceda junto a seu Filho em nosso favor. 2.3 O anúncio do Reino de Deus – para que cada um de nós seja evangelizador, evangelizadora, do Reino de Deus, o Reino do Pai, como Jesus. 2.4 A transfiguração – por todos os desfigurados pela miséria, a maldade, o vício, o pecado, para que a graça do Senhor os transfigure. 2.5 A instituição da Eucaristia – para que a celebração da memória de Jesus, no sacramento do Corpo entregue e do Sangue derramado, nos comprometa a entregarmos a nossa própria vida.

3. Mistérios da Dor 3.1 A agonia de Jesus no horto das Oliveiras – por todos os angustiados, ameaçados, apavorados, agonizantes. 3.2 A flagelação de Jesus no pretório de Pilatos – por todos os maltratados, torturados, vítimas da violência. 3.3 A coroação de espinhos – por todos os escarnecidos, desrespeitados na sua dignidade humana. 3.4 A via sacra: Jesus carregando sua Cruz – por todos os que carregam uma Cruz mais pesada 3.5 A morte de Jesus na Cruz – a maior prova de amor: “Ele deu a vida por nós, por isso nós devemos dar a vida por nossos irmãos” (1Jo 3,16).

4. Mistérios da Glória 4.1 A ressurreição de Jesus – para que o poder da Ressurreição vença as forças de morte que campeiam no mundo. 4.2 A ascensão de Jesus – para que o Senhor exaltado submeta ao seu domínio de amor as potestades rebeldes. 4.3 A vinda do Espírito Santo – para que se renove o Pentecostes na Igreja e no mundo, com a efusão dos seus dons e carismas. 4.4 A assunção de Maria – exaltada, a primeira a participar da Ressurreição e Ascensão do seu Filho, para interceder por nós junto a Ele 4.5 A coroação de Maria – Rainha, porque Mãe do Rei, continuando a ser nossa Mãe, confiada a nós por Ele, do alto da sua Cruz. Florianópolis, FACASC/ITESC, outubro de 2013 Pe. Ney Brasil Pereira


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Outubro 2013

Nossos missionários além fronteiras O mês de outubro é dedicados às missões. Para marcar a data, falamos sobre os cinco trabalhos que voluntários da Arquidiocese realizam no Brasil e na África

Diocese de Barra, na Bahia

Guiné Bissau, África

Pe. Iseldo Scherer

Pe. Lúcio Espíndola

Neste ano de 2013, nós aqui na paróquia N.Sra.da Oliveira, sentimos a necessidade de sair uma vez por mês em missão, visitando as casas, especialmente nos povoados maiores. Primeiro chamamos as lideranças para uma formação em conjunto a nível paroquial, damos uma base na questão bíblica e depois abordamos os pontos práticos para os visitadores se sentirem mais preparados. Para a formação elaboramos um livreto

com temas programáticos, e a cada mês tratamos de um tema. Desse modo, temos um dia de formação por mês e um dia todo saímos em missão com catequistas e agentes de pastorais. Está sendo uma experiência única. Precisamos incentivar nossas lideranças a sair de nossas casas, igrejas, comunidades e ir em missão visitar os doentes, idosos, as famílias. Quem não vai em missão corre o risco de nunca saber realmente

como vive o povo. Neste sentido me comove quando vejo o Papa Francisco, nos convidando a sair de nós mesmos e realizar a missão de Jesus. Precisamos sempre priorizar a formação e animar nossas lideranças, porque quem faz esta experiência missionária não quer mais parar: ela realmente encanta quem faz e deixa satisfeita a pessoa que recebe a visita. As lideranças que realizam esta prática missionária voltam mais animadas.

Muquém do São Francisco, Bahia Há 40 anos a Arquidiocese de Florianópolis mantém ao menos um presbítero na Diocese Irmã, na Barra, Bahia, e desde 2007 mantém missionários leigos consagrados da Comunidade Católica Divino Oleiro (CDO) nessa mesma diocese. Assim, disponível ao envio da Arquidiocese e atendendo ao convite de Dom Luiz Flavio Cappio, OFM, bispo diocesano de Barra, no dia 30 de março de 2007, a CDO abriu sua primeira Casa de Missão fora do Estado de Santa Catarina, na cidade de Muquém do São Francisco, um município com cerca de 12 mil habitantes, na região oeste do Estado da Bahia.

Desde a chegada dos primeiros missionários em 2007, muitos outros já passaram pela Fraternidade São Francisco, como é conhecida a Casa de Missão. Atualmente lá estão os consagrados Elaine Vier da Silva, Mirella Sonia da Silva e Sedemir Valmor de Melo, todos naturais de Florianópolis. Os missionários administram a Pró Paróquia São Francisco de Assis, que é formada por 18 comunidades. “Somos os responsáveis por todos os trabalhos, desde os administrativos, os serviços de secretaria, até a formação de lideranças, as festas de Padroeiros e toda a assistência e motivação aos movi-

Moçambique, África O tempo de 1 ano e 4 meses convivendo com o povo moçambicano, na Diocese de Tete em Boroma, tem sido único em minha vida. A alegria e a força que o povo tem, mesmo nas adversidades, faz rever e pensar no que é realmente essencial para a vida. Tem sido uma verdadeira escola a convivência com este povo e as

Zenir Gelsleichter

Divulgação/JA

Irmãs. Tenho aprendido o que os cursos superiores ainda não ensinam. Nas visitas aos doentes e famílias, em qualquer caminho encontramos as crianças que correm ao nosso encontro, o trabalho incansável dos pais e mães que desde muito cedo, antes do raiar do dia, já labutam em busca de água, da sobrevivência. Isso toca profundamente. Partindo para a visita nas comunidades, penso nas palavras do

Zenir é nossa representante em Moçambique, na África, há mais de um ano

mentos e pastorais. Realizamos celebrações semanais na sede e quinzenais em cada uma das 17 comunidades”, conta Sedemir, na missão desde 2011. Das 18 comunidades atendidas, apenas 4 possuem Igrejas. Nas demais, as celebrações e encontros são realizados em salas de aula ou em sombras de árvores. Eles nos convidam para as Santas Missões do ano que vem, exatamente na Pró Paróquia São Francisco de Assis, no Muquém, onde atuam. “Desde já estamos nos preparando para receber bem todos os missionários da Arquidiocese que vierem”, contam eles.

Mestre: “Grande é a messe e poucos são os operários”, e rezo: “Enviai, Senhor, operários...”. Um povo com fé, com sede de aprender...que do jeito que consegue e sabe, celebra, reza, se reúne, entreajuda-se, e que, quando a morte vem buscar alguém, deixa todos os afazeres e vai chorar com quem chora, mas também dança e festeja com quem se alegra. Ouvi de uma mãe as palavras: “Quando teremos padre? Queremos comungar!” Querido povo de Deus da Arquidiocese de Florianópolis, estejamos atentos ao Senhor que conta conosco a cada momento para a concretização do seu Reino. Ele nos chama, mesmo com nossas falhas e imperfeições.

Após sete anos na Missão de Empada, estou agora na Missão de Tite, com a Comunidade Divino Oleiro, CDO, de Florianópolis. A missão neste ambiente de minoria cristã tem sido uma experiência bonita: a capacidade de acolhida que faz milagres, a maneira comunitária de comer, o chamar a cada pessoa pelo nome, o valor que se dá aos antepassados, o espiritual presente no dia a dia, a esperança e o espírito de luta próprio das grandes almas, o andar decidido da mulher carregando grandes volumes na cabeça e uma criança às costas. Tudo isso dentro de uma pobreza material, nos impressiona muito. Alegram-nos os batizados e matrimônios, a criação da paró-

quia de Empada, os dois padres guineenses que estão já em Empada, projetos assumidos, as ajudas à saúde e à educação, o atendimento individual aos necessitados. Recebemos ajudas mensais de colaboradores da Arquidiocese de Florianópolis, sem o que não poderíamos desenvolver a missão. Seria importante que essas ajudas não fossem somente de indivíduos mas também de paróquias e da dimensão missionária do dízimo, inclusive porque deveremos continuar a ajudar a paróquia de Empada. As visitas realizadas entre Arquidiocese e Guiné-Bissau têm sido uma esperança e garantia de nossa missão. Divulgação/JA

Pe. Lúcio, com os missionários da Comunidade Divino Oleiro, representa nossa Arquidiocese na Guiné Bissau

Fraternidade São Gabriel Queremos iniciar nossa partilha sobre o mês das Missões, com esta saudação tão própria do grande Apóstolo-Missionário São Paulo: “A vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo!” (1Cor 1,3). Passados tantos séculos, aqui no continente Africano, desejado por tantos santos, missionários e evangelizadores, estamos nós: Deus nos confiou, como Comunidade Divino Oleiro, a mesma missão: Anunciar a salvação em Jesus Cristo. Somos gratos por este grande presente, mas ao mesmo tempo nos sentimos temerosos por tamanha responsabilidade. É um grande desafio. Muitos são os trabalhos, as necessidades materiais

e espirituais. Mas o que nos sustenta a cada dia, é saber que podemos contar com a oração de vocês... Graças ao seu empenho (de formas tão diversas), recebemos o contêiner com inúmeros materiais para a Evangelização, Escola e Hospital. Com a graça de Deus, faremos alguns investimentos necessários para a missão e iniciaremos pequenos projetos, com a renda obtida através do “Risotto Solidário” que nos foi destinada. Temos somente que agradecer a Deus e a vocês. Fraternalmente, Fraternidade São Gabriel: Pe. Lucio Espíndola Santos, Cláudia Conceição dos Santos, Karina Schwartz, Valter Rocha Brandão.


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Geral Diácono Laudir

Outubro 2013

Foto/Montagem JA

25 anos de dedicação ao diaconato em uma comunidade essencialmente rural No dia 23 de outubro, a Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Leoberto Leal, estará em festa. Nesse dia, um filho da comunidade estará celebrando os seus 25 anos de ordenação diaconal, o único diácono da paróquia criada em 1935. Trata-se do diácono Laudir Gonçalves da Cunha. Nascido em Leoberto Leal, em 31 de julho de 1940, portanto com 73 anos, diácono Laudir é casado com Adelíria e há dois meses tiveram outro motivo para celebrar. No dia 03 de agosto celebraram Jubileu de Ouro de casamento. O casal tem três filhos e dois netos. Apesar de aposentado, o diácono ainda trabalha na agricultura. Lida com o gado e tem uma lavoura de cebola. Na entrevista que segue sobre o ministério diaconal, participação da família, o êxodo rural e do grande número de diáconos na Arquidiocese. Jornal da Arquidiocese Como surgiu o convite para ingressar na diaconia? Diácono Laudir - Minha família é de tradição religiosa. Desde que casamos, minha esposa e eu sempre tivemos uma relação muito próxima com a Igreja. Por conta disso, fomos convidados para fazer parte do CPP e participamos da diretoria por cinco coordenações seguidas. Depois, começamos a ministrar os encontros de catequese e fui o primeiro Ministro da Eucaristia da paróquia. Na época não sabia da existência dos diáconos. Certa vez, participei de um encontro e na cele-

bração estava o diácono Ademir, de Florianópolis, concelebrando: fiquei curioso para saber o que ele era. Nunca tinha visto um diácono paramentado. Ele me explicou e perguntou se não seria interessante um diácono em minha paróquia. Disse que falaria com o padre a respeito. Dias depois, para minha surpresa, Pe. Valter Goedert, diretor da Escola Diaconal e meu amigo de infância, apareceu aqui na paróquia para falar a respeito e fui convidado a ser diácono. Participamos, minha esposa e eu, de um encontro, nos animamos, e entrei na Escola Diaconal na quarta turma. Isso foi em 1984. Fui ordenado em 1988. JA - Quais as suas maiores alegrias no exercício do ministério diaconal? Diác. Laudir - O diaconato é um chamado de Deus. As minhas maiores alegrias são quando sou convidado para participar de algum encontro ou atender algum pedido da comunidade. Vou com a maior felicidade. Deixo tudo para atendêlos. A vocação do diácono é servir. Aquele que pensa em ser diácono para aparecer ou ganhar dinheiro, está muito enganado. Sou o único diácono da paróquia e às vezes algumas pessoas me perguntam “Por que outra pessoa da comunidade não faz a Escola Diaconal também?”. Nosso povo é muito bom. Temos três padres jovens que se ordenaram aqui (Pe. Pedro Schlichting, Pe. Revelino Seidler e Pe. Pedro Paulo Alexandre). Mas o nosso povo é muito agarrado ao tra-

Lauri: 25 anos de diaconia na comunidade agrícola de Leoberto Leal

A vocação do diácono é servir. Aquele que pensa em ser diácono para aparecer ou ganhar dinheiro, está muito enganado”.

balho. Para ser diácono é preciso sair para estudar na Escola Diaconal e estar disponível para atender a comunidade em qualquer dia e horário. Também às vezes a esposa e os filhos não concordam. JA - Como concilia o ministério com a vida em família? Diác. Laudir - Com a graça de Deus tenho uma esposa que me ajuda muito e participa. Coordenamos a Pastoral do Dízimo, do Batismo, o Curso de Noivos, os Grupos Bíblicos em Família. Mas em muitas coisas ela é que resolve. Ajudo quando precisa. No começo do ministério diaconal ela ficou um pouco assustada, porque muitas vezes tinha que sair para atender a comunidade ou participar de cursos. Mas depois entendeu. JA - Leoberto Leal é a paróquia mais distante e de difícil acesso da Arquidiocese. Como

Retalhos do Cotidiano Quantos, Senhor, já passaram pela porta de minha casa: abençoa os que vieram me consolar, dá força e coragem aos que vieram buscar uma palavra de ânimo, de orientação. Foste Tu mesmo que vieste e entraste, quando essas pessoas, meus irmãos, vieram e entraram!

JA - A Arquidiocese de Florianópolis é a diocese com maior número de diáconos no Brasil. Como o senhor vê isso? Diác. Laudir - A instituição da diaconia na Arquidiocese foi a melhor coisa que aconteceu. Eu louvo a Deus por isso. A falta de padres que há na Igreja muitas vezes é suprida pelos diáconos. As comunidades ficam felizes quando há um diácono bom, santo, que faz o bem. Feliz a diocese que conta com o trabalho dos diáconos. Nosso povo tem fome e sede de Deus. A população cresce e as vocações presbiterais não acompanham esse crescimento. Os diáconos são a presença da Igreja nas comunidades em que o padre não alcança. Também em algumas questões os diáconos são mais acessíveis que os padres. Por serem da comunidade e conhecerem as pessoas há mais tempo, as pessoas muitas vezes conseguem se soltar mais fácil. Os padres ficam por algum tempo e depois assumem outra missão. Creio que muito desse avanço que os diáconos tiveram na Arquidiocese se deve ao trabalho do Pe. Valter Maurício Goedert, que sempre se dedicou muito a isso.

Paciência “A paciência é a fortaleza do fraco e a impaciência, a fraqueza do forte”... Quem é fraco, vive da graça, busca a Deus, porque por si só sabe que nada consegue. Paulo escreveu: “Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se revela

totalmente a minha força!” (2Cor 12-9) Com a graça de Deus, o fraco se torna forte; sem ela, o forte se torna fraco; com a graça de Deus, o fraco alcança a paciência; sem ela, o que se acha forte impacienta-se, às vezes por qualquer motivo.

Paciência 2

Porta 2 Vieste ao meu encontro, Senhor, por meio de cada um deles: e eu os acolhi, mesmo com tudo o que me falta, mas dando-lhes tudo o que me deste. Não sei a quantos ajudei: fiz-me disponível; não sei em quantos pude renovar a esperança, mas procurei fazer-me alavanca, impulsionando-os para uma visão diferente da vida, talvez quando a vida já não lhes oferecia mais nenhuma perspectiva.

JA - O êxodo rural é um desafio em todas as comunidades rurais. Como é em Leoberto Leal? Diác. Laudir - Em quase todos os municípios que têm a agricultura como base da sua economia é assim. Aqui não é diferente. Quando ficam jovens e terminam o ensino médio, saem para trabalhar

em municípios industriais da região. Mas alguns estão voltando. Exemplo é o meu filho que trabalhou em Palhoça por 20 anos e agora trabalha comigo. Estão retornando porque ganham muito pouco nas empresas, mal conseguem sobreviver. A vida na agricultura, embora sofrida, paga melhor. Hoje saem menos e muitos estão voltando. O município também ajuda na questão da moradia. Também nos encontros dos GBFs buscamos tirar a ilusão de que fora daqui é melhor.

Carlos Martendal Divulgação/JA

Porta

o senhor vê essa dificuldade de comunicação e acesso? Diác. Laudir - No passado já tivemos padres que sugeriram que fossemos para a Diocese de Rio do Sul, que é mais próximo e o acesso é asfaltado. Então por minha conta fiz uma pesquisa com a comunidade. Perguntei às pessoas nas festas, casamentos e outros eventos da paróquia. Mais de 80% das pessoas responderam que preferiam permanecer com Florianópolis. Parece que não se sentem bem em mudar. Creio que pela tradição.

Jornal da Arquidiocese

Deus não se impacienta; Ele é amor e o amor é paciente.

Paciência 3 Quanto mais se ama a Deus, mais se fica parecido com Ele; quanto mais se ama a Deus, mais há de a paciência mover nossa vida. Mas é uma luta, é um vencer-se a toda

hora, porque a impaciência é como um cachorro com fome que, tendo encontrado o osso, não o larga. E se o afugentam, recua um pouco e logo volta. Mostrando os dentes...

Porta 3 Tudo por quê? Porque a porta se abriu, fez-se acolhimento, arquitetou sorrisos, ofereceu abraços, apertou mãos. Porque, abrindo-se, cumpriu sua função!

Troco

Amar é dar sem medida, amar é dar-se, dar o que se tem de melhor: o tempo, a compreensão, o perdão, o serviço, o sorriso, o olhar, a palavra que conforta, que retempera a vida... Quem se dá não pede troco...


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Outubro 2013

Missionários avaliam missão na Bahia Encontro de avaliação e confraternização reuniu missionários que estiveram na Diocese de Barra Foto JA

O Conselho Missionário Diocesano – COMIDI, realizou no dia 15 de setembro um encontro de avaliação e confraternização com os missionários da Arquidiocese que realizaram missão na Bahia. O encontro reuniu cerca de 50 dos 120 que, dos dias 18 a 24 de agosto, visitaram as 96 comunidades da Paróquia de Barra, no centro da Diocese de Barra, BA, que este ano celebra o centenário de criação. Segundo Domingos Francisco Pereira, coordenador da missão, muitos não puderam participar do evento por compromissos paroquiais. “Os missionários que participaram pela primeira vez voltaram muito motivados a assumir seu trabalho missionário nas paróquias”, disse. Segundo ele, a ampla maioria das paróquias em que são realizadas as missões populares, aproveitam a coordenação de missionários que já estiveram na Bahia. “Isso mostra que esse trabalho dá retorno positivo para a Arquidiocese”, acrescentou.

A Evangelização na Paróquia de Capoeiras

Missionários avaliaram o trabalho realizado e se motivaram a serem discípulos e missionários em suas comunidades de origem Andréia Rocha da Silva participou da missão pela primeira vez e ficou positivamente impressionada com o que viu. “Lá eles vivem a riqueza da família. Por não ter ou ser precário o acesso à TV e aos meios modernos de comunicação e entretenimento, os pais são mais próximos aos filhos. E, por isso, mais carinhosos e respeitosos”, disse.

Segundo ela, eles têm pouco, mas partilham o pouco que têm com os outros. Também são muito hospitaleiros. “É um povo simples e humilde, e faz com que queiramos ser humildes. Aprendemos a dar mais valor ao que temos. Essa missão foi o início de uma caminhada que quero que dure para toda a minha vida”, disse Andréia.

Abbá Pai realizou retiro de Aprofundamento da Fé A Comunidade Católica Abbá Pai realizou nos dias 07 e 08 de setembro, o retiro “Aprofundamento da Fé 2013”. O evento foi realizado nas dependências do Provincialado Sagrado Coração de Jesus, em Florianópolis. A condução do evento ficou por conta de Ivano e

PLANO DE PASTORAL

Simone Pereira, fundadores da Comunidade Abbá Pai, contando ainda com a participação de Edna Maria dos Santos, Coordenadora da Renovação Carismática Católica da Comarca do Estreito. Os temas ministrados foram, basicamente, relacionados à fé Divulgação/JA

Os participantes refletiram sobre a cruz cotidiana que carregamos

como base para a missão e o assumir a cruz cotidiana por parte dos cristãos no mundo moderno. Ficou destacada a autenticidade, a objetividade e a profundidade com que tais temas foram abordados tanto pelos fundadores da Abbá Pai quanto por Edna. A Missa de encerramento foi celebrada pelo Pe. Leandro Rech, também Amigo Abbá Pai. Segundo Camila Meurer, aspirante Abbá Pai, ficou claro que a obra se realizou, tendo em vista que os participantes manifestaram acolher a profundidade dos temas, o que se constatou pelo clima de comunhão e unidade presente durante o evento. Para Inês Souza Silva, coordenadora do Grupo de Oração Divina Misericórdia, da Paróquia N.Sra. do Rosário, em São José, os momentos de formação, exortação e oração foram preciosos e restauradores. “Muitas pessoas, literalmente, estavam voltando à Casa de Deus depois de muitos anos de afastamento” conta.

A Comunidade São João Batista e Santa Luzia de Capoeiras tem as atividades pastorais pautadas no seu planejamento anual, elaborado a partir da sua realidade pastoral e comunitária. Neste ano, 2013, temo-nos adaptado às exigências e orientações do 13º Plano Pastoral da Arquidiocese, para que nosso trabalho caminhe em consonância com o objetivo geral da ação evangelizadora da Arquidiocese, estudado, refletido e aprovado na Assembleia em 2012. Nosso primeiro passo foi conhecer o seu conteúdo final, e isso o fizemos por meio de um estudo do mesmo,com a assessoria do Padre Revelino. A Comunidade tem a “Escola Fé e Vida” (formação para todas as lideranças), que acontece semanalmente há 02 anos. Nela estudam-se diversos temas pertinentes à caminhada da nossa Igreja: Documento de Aparecida, Catecismo da Igreja católica, Concílio Vaticano II, Campanha da Fraternidade, Maria na Caminhada da Igreja etc. Todos esses conteúdos, além de proporcionar conhecimento mais profundo sobre a Igreja, têm sido a sustentação teórica para a vivência da nossa fé. Neles recebemos subsídios para uma prática voltada para a Igreja Povo de Deus, “mais missionária, mais solidária, mais ecumênica, mais pé no chão”. Acreditamos que os nossos desafios não são tão diferentes

das demais comunidades/paróquias urbanas da Arquidiocese, com diversidades de crenças e religiões e múltiplos problemas sociais. Isso direciona nossas ações de forma a procurarmos atingir todos os paroquianos, a fim de que se sintam herdeiros da graça de Deus em Jesus Cristo, e construtores do Reino. Para trabalhar os três múnus (Palavra – Liturgia - Caridade) e as urgências apontadas no Plano, todas as pastorais, movimentos ou serviços, realizam suas ações de maneira que o Evangelho seja anunciado e testemunhado, procurando viver a verdade da fé e a cultura do encontro com Jesus Cristo, segundo nos preconiza o Papa Francisco. A Assembleia da Comunidade/ Paroquial, que acontecerá em novembro próximo, utilizará a metodologia pastoral que se baseia em avaliações periódicas e permanentes, com a contribuição de todas as lideranças, destacando quais as luzes e sombras e os desafios que temos na evangelização. Enfim, precisamos mostrar ao mundo a alegria de sermos cristãos católicos, perseverantes, dinâmicos, saindo da nossa passividade e dizendo ao mundo que Cristo é a única resposta. Éé imperioso testemunhar Cristo pelo nosso sim, no exercício do amor e da solidariedade cristã. Lídia Nascimento Martins, Coordenadora do CPP Divulgação/JA

Plano de Pastoral foi estudado durante a Escola da Fé paroquial


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Geral

Outubro 2013

Jornal da Arquidiocese

Encontro promove discernimento vocacional Rapazes e moças participaram de encontros nos quais puderam conhecer melhor sua vocação pessoal tes na Arquidiocese. Segundo Irmã Eunice Berri, da equipe de coordenação do GOV, o encontro foi muito positivo. “Mesmo dentro de um mundo com muitos apelos, vemos que as jovens são sensíveis a fazer a vontade de Deus”. Segundo ela, diante do apelo das participantes, será realizado mais um este ano no dia 23 de novembro, em local a ser defindo, mas na região norte da Arquidiocese. Diane Carine Trevisan, 13 anos, coroinha da Paróquia Sagrados Corações, em São José, participou do encontro pela primeira vez e ficou bem impressionada. “A conversa com as irmãs ajudou a conhecer a vida religiosa. Vimos que muitas delas tiveram o discernimento vocacional ainda bem jovens, como nós”, avaliou. “Quero participar dos próximos encontros”, acrescentou.

Vocação Masculina Já os rapazes participaram do

Foto JA

O Grupo de Orientação Vocacional - GOV, da Arquidiocese promoveu nos dias 30 e 31 de agosto e primeiro de setembro, mais uma etapa dos encontros. Dessa vez, o encontro do GOV João Paulo II, para homens, e o GOV Madre Teresa, para mulheres, foram realizados separadamente. As moças estiveram reunidas no dia 31 de agosto, na Igreja Matriz da Paróquia Sagrados Corações, em São José. Durante o dia, 46 jovens vocacionadas tiveram formação específica sobre a vida religiosa feminina. O encontro contou com a presença de 26 irmãs e 10 aspirantes representando 12 congregações religiosas presentes na Arquidiocese. No evento, elas tiveram momentos de oração, estudo, partilha dos carismas e Celebração Eucarística. O encontro teve como objetivo a convivência com outras jovens que tem o sonho de conhecer a vida religiosa e as diferentes congregações presen-

46 moças puderam conhecer melhor a vida religiosa feminina em encontro que contou com a presença de 36 religiosas de 12 congregações GOV João Paulo II no Seminário de Azambuja, em Brusque. No total, 63 jovens estiveram reunidos nos dias 30 e 31 de agosto, quando tiveram momentos de oração e palestras sobre a vida e missão dos padres incardinados em uma diocese. Os participantes foram dividi-

Ser Padre Hoje Este é o tema do novo livro do Pe. Vitor Galdino Feller, vigário geral da Arquidiocese, diretor da Faculdade Católica de Santa Catarina - FACASC e nosso colaborador mensal com a coluna “Tema do Mês”. Em 144 páginas, o livro “busca esclarecer sobre a vida dos homens que se entregam ao Senhor a ao povo, tornando-se ministros do sacerdócio de Cristo. Os sacrifícios, os desafios, os esforços abnegados, visam unir o terrestre e o celeste, no empenho por uma caridade ativa em todos os aspectos de sua vida”. A obra é dividida em capítulos com três visões diferentes. No pri-

meiro, intitulado “O mundo que nos cerca”, traz a visão de leigo, vivenciando a fé e dedicação à Palavra, seja no trabalho, na família ou na comunidade. No segundo capítulo, “O mistério cristão do sacerdócio”, a visão de consagrado, com a vida dedicada à vocação do serviço à Igreja e à humanidade. E no terceiro, “O ministério do presbítero nos dias atuais”, a perspectiva como padre, estabelecendo uma ligação entre o terrestre e o divino, entre o ser humano e o Senhor, por meio da administração dos sacramentos. Publicado pela editora Ave Maria, o livro pode ser adquirido nas livrarias católicas por R$ 24,90.

dos em dois grupos, um para os menores de 14 anos, que foram acompanhados pelo Pe. Pedro Schlichting, reitor do Seminário de Azambuja, e o outro para os maiores, com a assessoria do Pe. Josemar Silva, reitor do Seminário Propedêutico. Eles ainda contaram com

gincana vocacional, e momento mariano com oração na gruta interna do seminário. A noite, puderam ainda apreciar e comentar um filme vocacional. O evento contou com a animação musical do Ministério de Música Vida Nova de Itajaí. O domingo (01/09) foi restrito aos jovens com mais de 14 anos. Durante o dia, eles participaram da Leitura Orante da Bíblia em perspectiva vocacional, tiveram momentos de oração pessoal silenciosa e palestra sobre o discernimento vocacional, ministrada pelo Pe. Vânio da Silva, coordenador da Pastoral Vocacional da Arquidiocese. Na sua avaliação, Pe. Vânio considerou o encontro muito positivo pelo grupo de jovens bem animados e a ajuda de tantas equipes vocacionais da Arquidiocese. “O resultado deve-se ao trabalho das equipes de animação vocacional e do interesse dos padres pela causa vocacional”, disse.

Amigos Canção Nova A Canção Nova de Florianópolis está realizando toda primeira terça-feira de cada mês um encontro com amigos. Trata-se do Grupo de Amigos Canção Nova. Os encontros são realizados na Sala São Bento, na Igreja Matriz da Paróquia Santíssima Trindade, em Florianópolis. Os encontros foram retomados em setembro e têm o objetivo de criar vínculos com as pessoas que participam ativamente da missão de evangelizar com a Comunidade. Os amigos da Canção Nova se comprometem a

levar as pessoas a terem um encontro pessoal com Jesus. Nos encontros, aprofundam o conhecimento da “Canção Nova”, participam de formações humanas, espirituais, eclesiais. Há momentos de louvor, oração, palestras e diversas outras formas de encontro com Deus. Mais informações pelo blog http:// blog.cancaonova.com/floria nopolis/amigoscn/. Contato pelo Twitter facebook.com/ floripacn, ou pelo fone (48) 3364-2963, ou pelo e-mail ami gosfloripa@cancaonova.com


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