Jornal da Arquidiocese de Florianópolis Março/2011

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Pe. Paulo: fundador do “Missão Jovem”, presbítero há 50 anos

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Jornal da

Arquidiocese “De graça recebestes, de graça dai”

(Mt 10,8)

Florianópolis, Março de 2011 Nº 165 - Ano XV

Nove anos de episcopado Em entrevista, Dom Murilo avalia os seus quase nove anos como Arcebispo de Florianópolis Desde que foi empossado arcebispo de Florianópolis, em 27 de abril de 2002, muitas foram as ações de Dom Murilo na condução do seu rebanho. Agora que foi nomeado para a Sé primacial de Salvador, ele faz um balanço da sua passagem pela nossa Arquidiocese. Em entrevista, Dom Murilo fala sobre o que mudou aqui

no período em que foi nosso bispo-auxiliar e, depois, nosso arcebispo, do crescimento da Arquidioces nos últimos 10 anos e das suas expectativas para a nova missão. Duas celebrações especiais marcarão a despedida de Dom Murilo Krieger, do povo e do clero de Florianópolis. PÁGINA 09

São José, Pedro Paulo, Pedro Alcido e Elisandro foram ordenados pela imposição das mãos de Dom Murilo

Seminaristas são ordenados diáconos Ordenação é etapa anterior à presbiteral, que já está definida Em celebração eucarística realizada no dia 12 de fevereiro, na Paróquia São Joaquim, em Garopaba, foram ordenados diá-conos os semi-

Celebração abre a CF-2011 na Arquidiocese PÁGINA 03

Participe do Jornal da Arquidiocese

naristas Elisandro Scarsi, Pedro Alcido Philipe e Pedro Paulo Alexandre. Dom Murilo Krieger presidiu a celebração, que foi acompanhada

Paróquia ganha novo diácono permanente PÁGINA 05

por padres, diáconos e centenas de fiéis. A ordenação presbiteral dos neo-diáconos já tem dia, local e bispo ordenantes. PÁGINA 03

Arquidiocese inicia o ano com 48 seminaristas PÁGINA 08

o Guarda do Redentor José é o homem do silêncio, do qual a Bíblia não anotou nenhuma palavra, é o homem justo que na sombra e na simplicidade realiza a obra de Deus. Ele é a corporificação, a personificação de Deus-Pai. Ele manifesta para os cristãos a presença misteriosa do Pai celeste. Assim, no silêncio

CEBs realizam trabalho com moradores de rua PÁGINA 11

diante dos mistérios da vida, no cuidado do filho e da esposa, no ocultamento do trabalho cotidiano, na simplicidade e invisibilidade da existência fiel, na santidade das relações familiares e profissionais, José de Nazaré revela o mistério profundo e abissal de Deus-Pai. PÁGINA 04

Índios iniciam curso universitário em Florianópolis PÁGINA 15

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Opinião

Março 2011

Palavra do Bispo

Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ

Jornal da Arquidiocese

Administrador Apostólico de Florianópolis e Arcebispo eleito de São Salvador da Bahia

Obrigado, Florianópolis! Mensalmente, ao longo de nove anos, aqui, neste espaço do Jornal da Arquidiocese, apresentei meu ponto de vista sobre os mais diversos assuntos. Nunca pretendi que alguém concordasse com todas as minhas ideias. Desejei, isso sim, que conhecessem o que penso. Guio-me pela observação do apóstolo Pedro: “Estai sempre prontos a responder, para vossa defesa, a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança” (1Pe 3,15). Este momento de despedida poderia parecer uma oportunidade adequada para um balanço de minha presença à frente desta Arquidiocese. Sei, contudo, que é muito cedo para isso. E, mais ainda: balanço de quê? Para quê? Um comerciante tem condições de, de tempos em tempos, avaliar o lucro

que obteve. Um prefeito ou governador pode falar das obras que realizou. Mas um bispo, que trabalha no campo da graça divina, como fará uma avaliação de seu trabalho? Há uma orientação muito clara de Jesus a esse respeito: “Quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos simples servos; fizemos o que devíamos fazer’” (Lc 17,10). A razão dessa advertência é clara: quem age, toca e transforma os corações das pessoas, não somos nós, mas o Espírito Santo. Portanto, os méritos do resultado de qualquer trabalho na Igreja devem ser direcionados ao Senhor, e não a nós, “simples servos”. Quando Jesus entrou na cidade de Jericó, uma casa estava fechada – a de Zaqueu. É que seu dono estava no alto de uma árvore porque, sendo de pequena estatura,

Palavra do Papa

Bento XVI

Santa Teresa d’Ávila Não é fácil resumir em poucas palavras a profunda e minuciosa espiritualidade teresiana. Gostaria de mencionar alguns pontos essenciais. Em primeiro lugar, santa Teresa propõe as virtudes evangélicas como base de toda a vida cristã e humana: em especial, o desapego dos bens (...); o amor mútuo, como elemento básico da vida comunitária e social; a humildade, como amor à verdade; a determinação, como fruto da audácia cristã; a esperança teologal, que descreve como sede de água viva. (...) Depois, a santa realça como a oração é essencial; orar, diz, “significa frequentar com amizade, porque frequentamos face a face Aquele que sabemos que nos ama” (Vida 8, 5). A ideia de santa Teresa coincide com a definição que s. Tomás de Aquino dá da caridade teologal, como “amicitia quaedam hominis ad Deum”, um tipo de amizade do ser humano com Deus, que foi o primeiro a oferecer a sua amizade ao homem; a iniciativa vem de Deus (cf. Summa Theologiae II-II, 23, 1). (...) Outro tema amado pela santa é a centralidade da humanidade de Cristo. Com efeito, para Teresa, a vida cristã é relação pessoal com Jesus, que culmina na união com Ele pela graça, amor e imitação. Daqui a importância que ela atribui à medita-

ção da Paixão e à Eucaristia, como presença de Cristo na Igreja, pela vida de cada crente e como centro da liturgia. (...) Um último aspecto essencial da doutrina teresiana, que gostaria de frisar, é a perfeição, como aspiração de toda a vida cristã e sua meta final. A santa tem uma ideia muito clara da "plenitude" de Cristo, revivida pelo cristão. (...) Santa Teresa de Jesus é verdadeira mestra de vida cristã para os fiéis de todos os tempos. Em nossa sociedade, muitas vezes carente de valores espirituais, santa Teresa ensina-nos a ser testemunhas incansáveis de Deus, da sua presença e ação; ensina-nos a sentir realmente essa sede de Deus que existe na profundidade do nosso coração, esse desejo de ver a Deus, de procurá-lo, de dialogar com Ele e de ser seu amigo.

Para Sta. Teresa, a vida cristã é relação pessoal com Jesus, que culmina na união com Ele pela graça, amor e imitação”.

Bento XVI, 02.02.11

queria ter uma melhor visão do famoso Mestre que por ali passaria. Vendo-o, Jesus se auto-convidou: “Zaqueu, desce depressa, que hoje quero entrar em tua casa!” (Lc 19,5). Escreveu o evangelista Lucas que aquele cobrador de impostos desceu rapidamente da árvore e recebeu Jesus em casa, com alegria. Aberta a porta de casa, sentiu a necessidade de abrir a Jesus também a porta de seu coração. O Senhor nela entrou e sabemos o que aconteceu em seguida: uma transformação radical na vida desse novo discípulo de Jesus. Ao despedir-me da Arquidiocese de Florianópolis, faço um apelo a todos: deixem sempre aberta a porta de seu coração a Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Salvador, o Mestre, o Irmão, o Amigo. Ele, como prometeu, estará

Reflexão

conosco todos os dias. Nele estaremos sempre unidos, não importa a distância geográfica que nos separa. Outro apelo: nestes meses de espera do novo Arcebispo de Florianópolis, multipliquem orações por aquele que o Espírito Santo quer trazer para cá. Onde quer que esteja neste momento, seja ele desde já particularmente abençoado, para que, por sua vez, seja fonte de bênçãos para esta Arquidiocese. Obrigado, muito obrigado a todos, e por tudo! Não especifico nenhum nome e nenhum grupo, para não correr o risco de me esquecer de alguém. Peço a Deus, que tudo conhece, que dê uma bênção especial a cada pessoa que me serviu nos nove anos de minha permanência nesta Arquidiocese como Arcebispo Metropolitano.

Os méritos do resultado de qualquer trabalho na Igreja devem ser direcionados ao Senhor, e não a nós, “simples servos”

Fraternidade e Vida no Planeta A criação geme em dores de parto

“O Senhor Deus plantou um jardim no Éden e nele colocou o homem que havia formado. O Senhor Deus o estabeleceu no jardim do Éden para cultivar o solo e o guardar” (cf. Gn 2, 8.15). A narração bíblica é plena de carinho da parte de Deus: planta um jardim, planta fruteiras, flores, tudo com uma finalidade definida: fazer o homem sentirse bem e, desde já, preparar o chão onde pisaria seu Filho. Milênios depois, quando Jesus contempla as colinas da Galiléia, o lago de Tiberíades, a Judéia, o mar Mediterrâneo, o deserto, lembrará a obra de seu Pai, feita para ele e para todos aqueles que receberam o sopro divino. Entretanto, a criação continua a gerar a vida: a transformação de seus elementos forma o corpo humano, o faz crescer e o nutre. Se algum de nós quisesse isolar-se da criação, morreria de fome, pois estaria privado da vida. Somos terra/pó, à terra/pó retornamos. Sem desespero, mas na alegria de nossos restos poderem gerar novas vidas. Ao contemplar a Terra, Deus a julgou bela-e-boa, muito bela (Gn 1,31), de uma beleza-e-bondade extensiva a toda a sua obra. O Senhor sabe que tudo lhe pertence, mas tudo partilha. Ele vem para que tudo tenha vida, recupere a beleza original. Somente os corações misericordiosos geram bele-

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za, porque em tudo sentem a beleza. Quando Francisco de Assis com carinho depositava uma brasa no chão, para que não se ferisse, era movido pela misericórdia. Os animais também sentiam essa misericórdia e por tudo Francisco entoa o Canto das Criaturas: tudo é de Deus, tudo canta sua glória.

Misericórdia que regenera A misericórdia de Jesus, expressa de modo perfeito e definitivo na Cruz e na Ressurreição, atinge toda a obra divina e assim “a criação inteira geme ainda agora nas dores do parto. E não só ela: também nós, que possuímos as primícias do Espírito, gememos interiormente, esperando a adoção, a libertação para o nosso corpo” (Rm 8,22-23). O gemer da criação abrange o doloroso estado atual e a espera de um futuro estado glorioso. O mundo material e inanimado será associado à glorificação do corpo humano no Cristo ressuscitado (TEB). Toda a obra divina geme, penetrada pelo Espírito, ao sentir a misericórdia do Filho. Como poderia resistir indiferente ao ver suas lágrimas penetrarem no solo, seu sangue fecundar o chão do Calvário? O trabalho e a técnica são o grande modo de nossa colaboração com Deus na transformação do mundo. Infelizmente, o Oci-

dente, na revolução técnico-industrial, nada tinha em seu patrimônio espiritual que lhe permitisse fecundar com a luz tabórica o lance das ciências e das técnicas. Esse lance coincidiu com um verdadeiro exílio de Deus no céu. A insistência do resgate pelos méritos de Cristo e não pela divinização, no Deus feito homem, de toda a carne da terra, e a escolástica substancialista que tornava quase impossível a percepção das energias divinas que realmente penetram o universo, contribuíram para amputar, no Ocidente, o alcance cósmico da redenção. A Reforma e a Contra Reforma tornaram-se a religião da alma, na linha de “Deus e minha alma” agostiniana, e tornou-se moral ativa, conquistadora (época das conquistas, das destruições), sem capacidade de metamorfose ontológica. Não esquecer: o cristão é chamado a ser um homem litúrgico. Não existem fronteiras à irradiação da liturgia. À medida que lavamos nossos olhos com as lágrimas do Senhor, também somos tomados pela misericórdia e tudo gemerá, sentindo nosso coração misericordioso. Nosso coração não poderá ouvir ou ver qualquer sofrimento, mesmo na menor criatura, pois nossa misericórdia será à imagem da misericórdia divina. Pe. José Artulino Besen

Diretor: Pe. Ney Brasil Pereira - Conselho Editorial: Dom Murilo S. R. Krieger, Pe. José Artulino Besen, Pe. Vitor Galdino Feller, Ir. Marlene Bertoldi, Maria Glória da Silva Luz, Leda Cassol Vendrúscolo, Daniel Casas, Carlos Martendal e Fernando Anísio Batista - Jornalista Responsável: Zulmar Faustino - SC 01224 JP - (48) 8405-6578 - Revisão: Pe. Ney Brasil Pereira - Editoração e Fotos: Zulmar Faustino - Distribuição: Juarez João Pereira - Impressão: Gráfica GrafiNorte


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Março 2011

Três seminaristas são ordenados diáconos Presidida por Dom Murilo, ordenação é etapa anterior à presbiteral, que já tem datas definidas Foto JA

Pela imposição das mãos de Dom Murilo Krieger, Arcebispo de Salvador e Administrador Apostólico de Florianópolis, foram ordenados diáconos os seminaristas Elisandro Scarsi, Pedro Alcido Philipe e Pedro Paulo Alexandre. Realizada na Paróquia São Joaquim, em Garopaba, no dia 12 de fevereiro, às 15h, a celebração contou com a presença de 14 padres e 9 diáconos, além de muitos fiéis da comunidade local, e das comunidades de origem dos ordenados. O lema de ordenação foi: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna!”. A celebração teve início com a saudação do Pe. Alceoni Berkenbrock, pároco anfitrião. Dom Murilo agradeceu à comunidade pela acolhida e lembrou que suas primeiras ordenações como arcebispo de Florianópolis foram em Garopaba, em 2002, e estas agora eram as últimas. No rito de ordenação, foi solicitado aos ordenandos, até então junto aos seus familiares, que se aproximassem do altar. Pe. Vânio da Silva, reitor do Seminário de Teologia Convívio Emaús, e que acompanhou a formação deles, deu o seu testemunho de que eram dignos de serem ordenados. Em seguida, na sua homilia, o Arcebispo falou dos motivos de estarmos naquela celebração. “Estamos aqui porque três jovens de nossa Arquidiocese manifestaram sua disposição de consagrar suas vidas para revelar a outros a sabedoria de Deus, sua Palavra e seus Mistérios. Preparam-se ao longo de vários anos em nossos seminários; foram acompanhados pelos formadores; estudaram e rezaram, para eles próprios discernirem a vontade de Deus”. “Como diáconos, logo começarão a proclamar, oficialmente, em nome da Igreja, o Evangelho. Tudo o que forem chamados a fazer - presidir celebrações, pregar, catequizar, distribuir a comunhão aos fiéis, le-

var a comunhão aos doentes, dar assistência aos necessitados, ajudar o celebrante na celebração eucarística, batizar, assistir a casamentos, oficiar exéquias etc. - tudo deverá estar sempre envolvido por um desejo: ajudar as pessoas e comunidades a descobrirem os segredos e presentes que Deus preparou para aqueles que Ele ama, e os ama porque são seus filhos e filhas”, explicou Dom Murilo.

Ordenação Seguiu-se o ritual da ordenação diaconal, iniciado com a prostração dos três ordenandos diante do altar, enquanto se cantava a ladainha de todos os Santos. Os ordenandos fizeram suas promessas de celibato, obediência e amor à Igreja, receberam a imposição das mãos do Arcebispo, e foram revestidos das estolas diaconais e das dalmáticas, seguindo-se a recepção do Livro dos Evangelhos. Antes da bênção final, o diácono Elizandro Scarsi fez os agradecimentos em nome dos seus colegas. Lembrou todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a sua formação. Em especial, a Dom Murilo, pelo seu pastoreio nos quase nove anos como nosso Arcebispo. Terminada a celebração, todos foram convidados a degustar um coquetel oferecido pela paróquia.

Alegria na acolhida Para o Pe. Alceoni Berkenbrock, pároco, foi uma alegria para Garopaba sediar a ordenação diaconal dos três jovens. Segundo ele, a paróquia foi escolhida, porque os ordenados têm alguma relação com o local. “Elizandro e Pedro Alcido fizeram aqui seu estágio pastoral, e Pedro Paulo recebeu ajuda de pessoas da comunidade”, lembrou. A paróquia conta com um seminarista que este ano iniciou a sua formação no Seminário Propedêutico. Foto JA

Presidida por Dom Murilo, ordenação dos seminaristas foram as últimas antes de sua saída da Arquidiocese

Missão pastoral e ordenação presbiteral Ao final da celebração, foi lida a provisão do diácono Pedro Alcido Philipe, que exercerá seu ministério diaconal aí mesmo, em Garopaba, até sua ordenação presbiteral. O diácono Pedro Paulo Alexandre exercerá seu ministério na Catedral, e o diácono Elisandro Scarsi ficará na Paróquia São Judas Tadeu e São João Batista,

vez do diácono Elisandro Scarsi, no dia 21 de maio, sábado, às 15h, na Paróquia São Cristóvão, em Itajaí, presidida também por Dom José Negri. Já o diácono Pedro Alcido Philippe será ordenado presbítero no dia 18 de junho, sábado, às 16h, em Antônio Carlos, por Dom Wilson Jönck, Bispo de Tubarão.

Celebração abre a CF-2011 Dom Murilo presidirá a celebração de abertura na Catedral Uma Celebração EucarísSessão Especial tica, no dia 09 de março, às na ALESC 18h15min, na Catedral de Florianópolis, marcará a abertura da Campanha da Fraternidade de 2011, que tem como tema “Fraternidade e Vida no Planeta”, e lema “A criação geme em dores de parto” (Rm 8, 22). A celebração será presidida por Dom Murilo Krieger, Administrador Apostólico da Arquidiocese. Ao final, será realizada a imposição das Cinzas. Antes, no mesmo dia, Dom Murilo concederá entrevista coletiva à imprensa no Auditório da Cúria Metropolitana, sobre a CF-2011.

Olhar a Natureza

Realizada na Igreja Matriz da Paróquia de Garopaba, celebração reuniu centenas de fiéis da comunidade local e das de origem dos ordenandos

na Ponte do Imaruim, em Palhoça. A provisão terá validade até suas ordenações presbiterais, que já têm data prevista. A primeira será a do diácono Pedro Paulo Alexandre, no dia 30 de abril, sábado, às 9h30m, em Leoberto Leal, presidida por Dom José Negri, Bispo de Blumenau. Em seguida, será a

Segundo o Pe. Luiz Carlos Dias, Secretário Executivo Nacional da Campanha, “a CF-2011 propõe que todos os batizados e batizadas olhem para a natu-

reza e percebam as sérias ameaças para a vida em geral e a vida humana em especial”, disse. Pe. Luiz foi o assessor do Seminário Regional de preparação para a CF, nos dias 08 a 10 de outubro, em Lages. O evento reuniu 70 participantes das 10 dioceses do Estado. A Arquidiocese de Florianópolis foi representada por 17 participantes.

Uma sessão especial na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, ALESC, em Florianópolis, no dia 14 de março, às 19h, celebrará a Campanha da Fraternidade de 2011. O evento é uma proposição da equipe de coordenação da CF, através do deputado Pe. Pedro Baldissera. O evento será realizado no Plenário da Assembleia. “Toda as lideranças da Arquidiocese são convidadas se fazerem presentes no evento”, disse Adelir da Silva Raup, coordenadora da CF na Arquidiocese. Na oportunidade, Dom Murilo receberá uma homenagem especial da ALESC, pelos seus nove anos de episcopado à frente da Arquidiocese.


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Tema do Mês

No dia 19 de março a Igreja celebra a solenidade de São José, esposo de Maria e patrono da Igreja. No dia 1º. de maio, Dia do Trabalhador, celebra-se a memória de São José Operário. A Igreja reserva dois dias para festejar o pai adotivo de Jesus Cristo que, segundo os evangelhos, era conhecido como "filho de José" (Lc 3,23; 4,22; Jo 1,45; 6,42) ou "filho do carpinteiro" (Mt 13,55). No Evangelho de Mateus (cc.12), é José quem recebe, em sonhos, o anúncio do nascimento do Messias; é ele quem dá o nome e, portanto, a legalidade da filiação davídica a Jesus; é ele quem leva o Menino e sua mãe na fuga para o Egito e os traz de volta para estabilizar-se em Nazaré. No Evangelho de Lucas (c. 2), por sua descendência davídica ele deve registrar-se em Belém, onde sua esposa Maria dá à luz o Menino Jesus em uma manjedoura; ele e Maria levam o Menino para ser apresentado no Templo de Jerusalém; mais tarde, quando o Menino tinha doze anos, ao reencontrá-lo no Templo entre os doutores, recebem a revelação de que seu filho deve ocupar-se das coisas do Pai celeste. Graças à descendência de José, Jesus é o novo Davi, o verdadeiro Rei de Israel, o Messias prometido. Especialmente a partir da Idade Média, São José está presente na liturgia, na arte, na literatura, na devoção popular; ele dá seu nome a cidades, congregações religiosas, colégios, instituições; muitas pessoas - como o atual papa - se orgulham de trazer seu nome, que significa: “Deus dê aumento”. O papa Leão XIII (1878-1903) publicou uma encíclica sobre o seu culto. No centenário dessa encíclica, em 1989, João Paulo II publicou a exortação apostólica Redemptoris Custos, sobre a figura e a missão de São José na vida de Cristo e da Igreja. Depois de apresentar São José como o guarda, custódio e protetor de Jesus Cristo, o papa o trata também como protetor da Igreja de Cristo.

PROTETOR DA IGREJA Leão XIII justifica o patrocínio de São José sobre a Igreja, escrevendo que aquele que outrora socorria a santa família de Nazaré, em todo e qualquer acontecimento, também agora cobre e defende com seu celeste patrocínio a Igreja de Cristo. E o papa João Paulo II acrescenta: "Esse patrocínio deve ser invocado e continua sempre a ser necessário à Igreja, não apenas para defendê-la dos perigos, que continuamente se levantam, mas também e, sobretudo, para confortá-la no seu renovado em-

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São José, o Guarda do Redentor Como personificação de Deus-Pai, São José manifesta para os cristãos a presença misteriosa do Pai celeste.

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consenso na promoção da vida, na construção de estruturas justas, na edificação de uma ordem igualitária e fraterna. O Documento de Aparecida parece ser o primeiro documento da Igreja que trata especificamente da figura do homem e do pai de família. Constata que a indiferença dos homens nas coisas da religião e da Igreja contribui para a fragilidade deles em resolver conflitos e frustrações, em resistir às seduções de uma cultura consumista e competitiva, em enfrentar a tentação da violência, da infidelidade, do abuso do poder, da dependência de drogas, do alcoolismo, do machismo, da corrupção e do abandono de seu papel de pais (DAp 461). Reconhece que muitos homens se sentem cobrados na família, no trabalho e na sociedade, são carentes de maior compreensão, acolhida e afeto, não têm espaços onde compartilhar os sentimentos mais profundos, são expostos a uma situação de profunda insatisfação que os deixa à mercê do poder desintegrador da cultura atual. Sugere, enfim, que em todas as dioceses e paróquias haja uma especial atenção pastoral para o pai de família (DAp 462). Nesse campo, a figura de São José, pai e protetor do Menino Jesus, é modelo para os pais de família que queiram assumir com vigor o carisma próprio de sua masculinidade e paternidade.

PERSONIFICAÇÃO DE DEUS-PAI

penho de evangelização do mundo e de levar adiante a nova evangelização dos países e nações onde a religião e a vida cristã foram antes tão prósperas, mas se encontram hoje submetidas a dura provação" (RC 29). São José é patrono da Igreja também porque é exemplo de oração, de escuta da Palavra de Deus, de obediência à vontade salvífica do Pai, de colaboração para a realização dos planos divinos sobre a humanidade, de defesa dos valores familiares.

MODELO PARA OS PAIS Diversos estudos atuais apontam para o fato de vivermos numa sociedade de filhos sem pais. Há um aumento assustador de crianças abandonadas, meninos de rua, jovens separados do pai, crianças educadas só pela mãe. São devastadores os efeitos da falta

No silêncio

diante dos mistérios da vida, no cuidado do filho e da esposa, José de Nazaré revela o mistério profundo e abissal de Deus-Pai”.

da figura paterna. Doenças atuais como anorexia, bulimia, toxicomania, que estão dizimando gerações de jovens, podem ser vinculadas diretamente - segundo estudos da psicologia - ao vazio da figura paterna. Também fenômenos como o neonazismo, e outras formas de

delinquência juvenil, reconduzem à falta de uma figura masculina positiva, conexa com uma paternidade forte. Desde um ponto de vista psicanalítico, estar privado do pai equivale a estar privado da espinha dorsal. É o pai que, ao receber o bebê do colo da mãe, vai lhe dando a própria identidade e lhe infundindo confiança e autonomia na condução da vida. Sem o pai ou uma figura masculina equivalente, as crianças crescem na insegurança e na ausência de autoestima. Nossa geração, emancipada sob todas as formas, é ao mesmo tempo uma geração de filhos sem a figura e a presença do pai e, assim, fortemente maternizados. A falta do pai nas instituições de base, como a família, repercute na estrutura social e política, onde também se constata a ausência de figuras carismáticas, líderes capazes de apresentar e defender valores de

Em seu livro São José, personificação do Pai, Leonardo Boff intui que a família de Nazaré é na terra um sacramento da família divina trinitária do céu. O menino-homem Jesus de Nazaré é a encarnação do Filho eterno de Deus; Maria é o templo e a imagem do Espírito Santo; José de Nazaré é a personificação de Deus-Pai. José é o homem do silêncio, do qual a Bíblia não anotou nenhuma palavra, é o homem justo que na sombra e na simplicidade realiza a obra de Deus. Ele é a corporificação, a personificação de Deus-Pai. Ele manifesta para os cristãos a presença misteriosa do Pai celeste. Assim, no silêncio diante dos mistérios da vida, no cuidado do filho e da esposa, no ocultamento do trabalho cotidiano, na simplicidade e invisibilidade da existência fiel, na santidade das relações familiares e profissionais, José de Nazaré revela o mistério profundo e abissal de Deus-Pai. Pe. Vitor Galdino Feller Coord. Arquidiocesano de Pastoral, Prof. de Teologia e Diretor do ITESC Email: vitorfeller@arquifln.org.br


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Março 2011

Catedral celebra o dia de NSra. do Desterro Celebração marcou o retorno dos padres scalabrinianos, após nove anos, para a Arquidiocese

Atendimento aos migrantes No final da celebração, Dom Murilo também anunciou o retorno dos Padres Scalabrinianos para a Arquidiocese. Pe. Dirceu Bortolotti residirá na Catedral, onde assume como vigário paroquial, com a missão específica de atender os migrantes, formar leigos para criar a pastoral nas paróquias e estender seu trabalho a todo o Regional Sul IV da CNBB (SC). Pe. Dirceu conhece a realidade da Arquidiocese, a partir do contato com os padres da Con-

Foto JA

Uma Celebração Eucarística realizada na Catedral de Florianópolis, no dia 17 de fevereiro, às 18h15min, marcou o dia de Nossa Senhora do Desterro, padroeira da Catedral e da cidade de Floria-nópolis. A Celebração foi presidida por Dom Murilo Krieger, e concelebrada por dez padres e um diácono. Além do Dia de Nossa Senhora do Desterro, a celebração também marcou o retorno dos padres da Congregação dos Missionários de São Carlos - Scalabrinianos, que têm como missão específica a Pastoral da Mobilidade Humana e dos Migrantes. A Congregação já esteve aqui de 1997 a 2002, depois os padres vinham alguns dias por mês. No início da celebração, Dom Murilo lembrou as três grandes intenções que tínhamos para aquele dia: primeiro, honrar N. Sra. do Desterro, padroeira da Catedral e da cidade; segundo, rezar por Florianópolis, pois foi em torno da primeira capela, hoje Catedral, que ela nasceu e se desenvolveu; terceiro, pelos migrantes, que aqui esperam acolhida cristã.

Ordenação Diaconal No Santuário Sagrado Coração de Jesus, Ingleses, em Florianópolis, no dia 12 de março, sábado, haverá a ordenação diaconal de Roberto Guilherme da Costa. Presidida por Dom Murilo Krieger, administrador Apostólico da Arquidiocese, a celebração terá início às 16.00h. Beto, como é conhecido, é casado há 16 anos e pai de dois filhos. Dom Murilo presidiu a celebração que lembrou o dia da padroeira da Catedral, da Arquidiocese e da cidade de Florianópolis gregação que já trabalharam aqui. grantes estrangeiros. O Censo con“Minha missão será criar um es- firmou o que já sabíamos. O nosso paço fixo de atenção ao migrante retorno é importante para dar atene dar continuidade ao que já foi dimento a essas pessoas”, disse Pe. Adilson Pedro Busin, provincial feito”, disse. A Congregação já esteve pre- dos padres scalabrinianos. Foto JA sente na Arquidiocese de 1997 a 2002, quando assumiram a Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, na Prainha, em Florianópolis. O acordo era permanecer por seis anos. Após a saída continuaram a realizar atendimento na medida do possível, desde Porto Alegre. Em 2005, os padres passaram a vir 10 dias por mês, hospedandose na Catedral. Inicialmente com o Pe. Joaquim, depois com o Pe. João Corso. “O litoral catarinense é uma das regiões do Brasil com Pe. Dirceu terá a missão de atender os maior número de mi- estrangeiros e dinamizar a Pastoral

Shalom promove encontro vocacional Evento é uma oportunidade para os jovens conhecerem um caminho de e para a felicidade Se você deseja trilhar um caminho de escuta da voz de Deus, para discernir sua vocação, venha participar do encontro vocacional que a Comunidade Católica Shalom promove no dia 20 de março, domingo, no Centro Católico de Evangelização Shalom (rua Crimpim Mira, 478 - Centro Florianópolis), a partir das 8h30min. A Comunidade Católica Shalom, fundada em Fortaleza, CE, no ano de 1982, pelo jovem

Vai acontencer...

Móyses Louro de Azevedo Filho, tem como objetivo maior a evangelização. Em fevereiro de 2007, a Comunidade recebeu o Reconhecimento Pontifício do Papa Bento XVI. Os Estatutos definem que "Somos uma Comunidade constituída de homens e mulheres nos estados de vida do matrimônio, celibato e sacerdócio, que consagram suas vidas inteiramente ao serviço de Deus, da Igreja e da humanidade".

A missão é ser discípulos e ministros da Paz. Viver e proclamar a Paz, e levar com a vida, palavra e testemunho, o Shalom de Deus aos corações. Ser instrumento de reconciliação do mundo com Deus e anunciar, com todas as forças, a salvação de Jesus Cristo. Para conhecer mais sobre a Comunidade, acesse www. comshalom.org. Outras informações pelo (48) 3223-7801 ou pelo e-mail florianopolis@ comshalom.org.

Natural de Florianópolis, ele reside na comunidade da Vargem do Bom Jesus. É coordenador dos Grupos Bíblicos em Família na Comarca da ilha, e há 14 anos é voluntário do Lar Recanto da Esperança, que atende dependentes químicos. Ele concluiu a sua formação na Escola Diaconal São Francisco de Assis, em 2002, junto com a 12ª turma, em 2002.

Encontro de Comunicadores A Pastoral da Comunicação da Arquidiocese estará promovendo no dia 19 de março, a partir das 8h, na Paróquia São João Evangelista, em Biguaçu, um encontro para a equipe ampliada da Pascom. O evento é destinado a todas as lideranças da Arquidiocese que realizam trabalhos com comunicação em suas Paróquias ou movimentos/pastorais. Também são convidados a participar todos aqueles(as) que querem co-

nhecer as experiências em comunicação realizadas em nossas comunidades. Durante o encontro, convidados falarão sobre suas experiências nas diferentes mídias (rádio, TV, jornal, internet, mídias sociais). Os participantes também são convidados a levar os trabalhos impressos que realizam, para serem colocados em exposição. Mais informações pelo email pascom_arquifloripa@ yahoogrupos.com.br.

Formação para catequistas Continuam abertas as inscrições para os interessados em participar da Escola de Formação para Multiplicadores. Promovido pela Coordenação Arquidiocesana de Catequese, a Escola será realizada em sete etapas. A primeira será no dia 27 de março, na paróquia São Francisco de Assis, em Aririú, Palhoça. As disciplinas são ministradas por padres e assessores da Arquidiocese, de reconhe-

cida capacidade. As formações serão realizadas em dois locais. Além de Aririú, algumas etapas também acontecerão na Paróquia Santo Antônio, em Campinas, São José. Os interessados podem procurar o folder de divulgação na secretaria de sua paróquia. Mais informações com a Coordenação de Catequese, pelo fone (48) 3224-4799 ou pelo e-mail marlene@arquifln.org.br.

Encontro para casais em Segunda União A Pastoral Familiar está promovendo nos dias 09 e 10 de abril um encontro de formação para casais em segunda união. Realizado na paróquia São Vicente de Paulo, em Itajaí, o evento contará com a assessoria do Pe. Roberto Aripe (Padre Chiru), da diocese de São Leopoldo, RS, e sua equipe. Ele é o criador da metodologia “O Senhor é o meu Pastor”, que orienta os casais em segunda união. O evento é realizado pelo décimo ano seguido na paróquia.

Ele tem por objetivo acolher os casais nessa situação e trazê-los para a comunidade, para que se sintam Igreja como todo cristão. Todos os casais da Arquidiocese são convidados a participar. Os casais de outras cidades serão acolhidos para pernoitar em casa de famílias. Os interessados devem entrar em contato com a paróquia São Vicente de Paulo pelo fone (47) 32412742 ou com o casal referencial Lieje e Rogério, pelos fones (47) 3241-2455 ou 9967-8589.


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Bíblia

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Jornal da Arquidiocese

Conhecendo o livro dos Salmos (35)

Salmo 49 (48): A solução do enigma

Ouvi isto, povos todos! 2. Ouvi isto, povos todos, / prestai ouvidos, habitantes do mundo,/ 3. nobres e gente simples, / ricos e pobres igualmente. O salmo se abre convocando como destinatários “os povos todos, os habitantes do mundo” (v. 2). Como mestre de sabedoria, o autor considera-se portavoz de um ensinamento que concerne a todos. Quando Moisés fala, exorta: Escuta, Israel (cf Dt 5,1); no primeiro oráculo do seu livro, Isaías convoca “céus” e “terra” (Is 1,2); este salmista não se acanha de dirigir-se à humanidade toda, sem discriminar classe social (nobres e plebeus) nem situação econômica (ricos e pobres).

Parábola e enigma 4. Minha boca fala a sabedoria, / meu coração medita a inteligência; 5. dareis ouvidos a um provérbio, / com a cítara explicarei o meu enigma. Nesses dois versículos, ainda introdutórios, o salmista anuncia que vai falar com “sabedoria” e “inteligência”. A “sabedoria” é o “saber fazer” artezanal, a habilidade, por exemplo, do carpinteiro, e é também o “saber fazer” do próprio Deus, que a concede aos que a procuram. E “inteligência” é a capacidade de “ler dentro”, isto é, entender o profundo das coisas. Quanto a “provérbio”, é comparação, parábola, como as que encontramos no livro dos Provérbios; enquanto “enigma” desafia o enten-

Divulgação/JA

Este é um típico salmo sapiencial, isto é, salmo de sabedoria, ou seja, de reflexão, de busca do sentido da vida. É o primeiro salmo desse gênero, que encontramos no Saltério. Essa “sabedoria” é a que também nos é proposta nos “livros sapienciais”, especialmente Jó, Provérbios, Eclesiastes, Eclesiástico. É a “sabedoria” que se caracteriza pela crítica severa dos falsos valores, como a riqueza insensata, que ilude o ser humano em vez de realizá-lo. Note-se o grave refrão do v. 13, que volta, modificado, no final (v. 21) e que divide o salmo em duas partes, precedidas de uma solene introdução. Sendo “de reflexão”, o salmo não é expressamente uma oração, nem de súplica nem de louvor, e por isso não se dirige a Deus, embora dele fale e lhe reserve, evidentemente, o lugar central.

dimento, provoca a adivinhação. É interessante que o salmista proponha o enigma “com a cítara”, instrumento de cordas, como o nosso violão (v.5): é, portanto, um trovador, um músico popular.

Por que ter medo? 6. Por que ter medo nos dias tristes, / quando me rodeia a maldade dos maus? 7. Eles confiam na sua força / e se orgulham da sua grande riqueza. A primeira parte do salmo (vv. 6-12) começa com uma pergunta que o salmista faz a si mesmo, mas quer que os ouvintes a façam também, questionando o temor ante a “maldade dos maus”, que “confiam na sua força e se orgulham da sua grande riqueza” (v. 7). Por que ter medo deles? É o confronto, portanto, entre “pobre”(s) e “ricos malvados”. Na segunda parte (vv. 14-20), teremos a exortação “não temas” (v. 17), dirigida ao ouvinte, logo depois de o salmista ter expresso a razão da sua esperança (v. 16).

O preço da vida 8. Mas ninguém pode livrar-se a si mesmo, / nem pagar a Deus o seu resgate. 9. Por mais que alguém pague o preço de sua vida, / jamais poderá bastar 10. para viver sem fim / e não ver o túmulo. O enigma esconde-se por trás da imagem do “resgate”, isto é, o preço a pagar para garantir a vida de um prisioneiro de guerra ou libertar um escravo. Aqui, trata-se do resgate da própria vida em relação à morte, resgate que riqueza

alguma, por maior que seja, pode garantir. Não há preço algum que baste para garantir uma vida “sem fim” e para escapar do “túmulo” (vv. 9-10). Ora, o horizonte do Antigo Testamento, por exemplo no livro do Eclesiastes, restringe-se a esta vida. Mas então, como ficaria a justiça divina, se a morte vem do mesmo modo para “ricos malvados” e para “justos pobres”?

Morrem sábios e insensatos 11. Verá morrer os sábios; / como também o ignorante e o insensato, / deixando a outros suas riquezas. 12. O sepulcro será sua casa para sempre / sua morada por todas as gerações, / embora tenham deixado seu nome na terra. 13. O ser humano na opulência não permanece: / é como os animais que perecem. Que sábios (pobres) e ricos (insensatos) tenham que perecer “como os animais”, é comparação conhecida, embora não seja supérfluo recordá-la aos que se empenham em esquecê-la. Por isso, a “ecumênica” proclamação do salmo, no seu início, não faz exceções (cf. vv. 2-3). É que o ser humano é mestre em fazer-se ilusões, em enganosas “confianças”, usando da própria razão para se enganar. Se o “ignorante” não entende, o “rico” não quer entender. A ignorância do animal é, no ser humano, consciente e voluntária. Quanto ao estribilho (vv. 13 e 21), no texto original há uma ligeira diferença de tradução na frase inicial do v. 13, “quem é rico não permanece”, em relação ao v. 21: quem é rico “não

entende”. A maioria das traduções lê “não entende” nos dois casos.

Como ovelhas, levadas ao Abismo 14. Esta é a sorte de quem confia em si mesmo / o futuro de quem se compraz nas suas próprias palavras. 15. Como ovelhas, levadas ao Abismo, / a morte será o seu pastor; / descerão empurrados ao túmulo, / todo o seu orgulho vai acabar, / o Abismo será sua morada. A comparação com os “animais que perecem” (v. 13) é explicitada no v. 15: os seres humanos são “como ovelhas”, conduzidas não ao matadouro, mas ao “Abismo”, onde a Morte as apascenta. Impressiona essa personificação da Morte como pastora, exatamente ao contrário do Bom Pastor, que veio para que as ovelhas “tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10).

Deus vai resgatar-me 16. Quanto a mim, Deus vai resgatar-me, / livrando-me do poder do Abismo / e tomando-me consigo. De repente, a “solução do enigma”: mais forte que o “poder do Abismo”, mencionado duas vezes no v. 15, é o poder de Deus, que vai “resgatar-me e tomar-me consigo”. Sem “pagar resgate”, sem luta, soberanamente, Deus “toma” ou tira a presa das garras da Morte e “resgata minha vida”. Note-se o caráter pessoal da certeza de fé do salmista: “Quanto a mim, Deus vai resgatar-me... e tomar-me consigo”. Algo semelhante ao que já vimos no Sl 16,10, onde o salmista vislumbra a própria imortalidade e a incorruptibilidade: “Não entregarás minha vida ao Abismo, nem vais deixar que teu santo, teu amigo, experimente a corrupção”. Evidentemente, encontramos aqui, já formulada, a fé na outra vida, que se torna explícita nos últimos livros do Antigo Testamento: Daniel, 2Macabeus, Sabedoria.

Não temas! 17. Quanto a ti, não temas se alguém enriquecer-se / e se aumenta a riqueza de sua casa. 18. Quando morrer, nada leva consigo, / nem desce com ele a sua riqueza. 19. Na sua vida, se achava felizardo: / “Vão te louvar, teus negócios vão bem!” 20. Mas vai juntar-se à ge-

O ITESC - INSTITUTO TEOLÓGICO DE SANTA CATARINA, além dos cursos noturnos de extensão para leigos/as, nas segundas feiras à noite (19h30 - 22h), mantém o curso matutino de graduação em Teologia, em 4 anos, 8 semestres, aberto também a leigos/as com formação universitária ou pelo menos 2 o grau completo. A matrícula pode ser feita por disciplinas, com 2 ou 3 ou 4 créditos por semestre. Informações pelo fone (48) 3234-0400 ou o e-mail: secretaria@itesc.org.br

ração de seus pais, / que nunca mais verão a luz. O salmista se volta agora para os pobres (vv. 17-20), interpelandoos na segunda pessoa do singular: “Não temas” (v. 17), com o sentido de “não invejes”. Notar que, na introdução do salmo, no v. 3, encontramos a contraposição entre “pobres e ricos”. A contraposição continua, só que aqui o rico é apresentado como insensato, que põe toda a sua esperança na riqueza material. O pobre é convidado a não repetir essa loucura. A teologia da retribuição, ou seja, da prosperidade, insistia em que a riqueza é bênção e proteção de Deus. Como Jó, porém, este sábio pobre, músico e poeta popular, reage com firmeza, questionando essa teologia.

Como entender? 21. O ser humano na opulência não compreende: / é como os animais que perecem. Quem “não entende” é inconsciente, faz parelha com os “ignorantes e insensatos” (v. 11), não consegue participar da consciência do sábio. Para ele, fica fechado o enigma e continua encerrado na comparação. A riqueza não lhe serviu para compreender, mas pelo contrário o induziu à cegueira ou ao engano intelectual. Um ser humano que não raciocina não é racional; por muito que possua, é como os animais. Renunciou ao seu privilégio de “imagem e semelhança de Deus” (cf Gn 1,26). Entretanto, o enigma do salmo resolve-se de maneira inesperada: o homem Jesus dá o resgate, dá-se em resgate, e o Pai liberta seus filhos pela ação vivificante do Espírito. Tal é o resgate perdurável, ou seja, a “redenção eterna” de que fala a carta aos hebreus (Hb 9,12). Pe. Ney Brasil Pereira Professor de Exegese Bíblica no ITESC email: ney.brasil@itesc.org.br

Para refletir: 1) Por que é que o salmista, apesar da desigualdade entre ricos e pobres, não tem medo? 2) De que enigma se trata, e qual a perspectiva de solução? 3) Como expressa o salmista a sua solução do enigma? 4) E como, logo após manifestar sua fé, ele interpela os pobres? 5) Explique de que modo o Senhor Jesus “paga o nosso resgate”, dando-se em resgate? (cf Mc 10,45)


Jornal da Arquidiocese

Juventude 7

Março 2011

PJ promove retiro para lideranças Realizado em Palhoça, retiro arquidiocesano será voltado aos coordenadores de grupos Arquivo/JA Foto JA

Nos dias 25, 26 e 27 de março de 2011, será realizada a segunda experiência do Retiro Arquidiocesano para Coordenadores de Grupos de Jovens da Pastoral da Juventude de nossa Arquidiocese. O evento será na Casa de Retiros Caminho de Nazaré, na Enseada de Brito, em Palhoça. O objetivo desse retiro é proporcionar aos jovens, que são coordenadores de grupos, um momento de reflexão, troca de experiências e cultivo de sua espiritualidade. Ele terá como tema “Eu sou o bom pastor. E o bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10, 11) e lema: “Jesus teve o seu retiro, você coordenador deve ter o seu”. O retiro terá o custo de R$ 75,00 reais, onde está inclusa a hospedagem e ali-

mentação. Estão abertas duas vagas por paróquia, sendo que, no caso de sobra de vagas, poderão se inscrever mais de dois jovens. O período de Inscrições é até o dia 21 de março. Em 2010, o retiro foi realizado no mesmo local e reuniu 45 coordenadores de grupos de jovens. A assessoria ficou com a Irmã Silvia Aparecida da Silva, que tratou do tema “A pessoa de Jesus Cristo e a espiritualidade do coordenador”, e lema “Jesus Cristo, Bom Pastor”. Participe você também deste importante evento de espiritualidade e de partilha! Mais informações na Secretária da Pastoral da Juventude (48) 3224-4799 ou através do e-mail Msn: pjnomsn@hotmail.com

Em 2010, 45 coordenadores participaram do retiro realizado na Casa de Retiros “Caminho de Nazaré”

Juventude em ação

Coordenação se reúne para iniciar os trabalhos No dia 03 de fevereiro as 19horas, na paróquia Santo An-

tonio, centro de Florianópolis, a coordenação arquidiocesana da Divulgação/JA

Como falar ao jovem sobre...

Sonhar Se tivermos uma missão como esta, de levar a vontade de sonhar, pressupomos que o inverso esteja em questão. O que falar a um jovem que está deixando de sonhar? Começar a sonhar pressupõe que resolvamos nossos monstros, nossos medos e nossas feridas, em um processo conjunto de sonhar e trabalhar as próprias dificuldades. Falar aos jovens sobre “sonhos” é algo tão importante quanto a própria vida. Sim, quantos jovens hoje em dia têm desistido de viver e se entregam ao crime, Às drogas e mesmo cometem suicídio? Quem sonha não desiste de viver, não vê findar possibilidades. Importante falar de sonhos aos jovens, com exemplos. Quem foram os grandes sonhadores que podemos lhes apresentar? Somente grandes sonhadores tiveram grandes feitos. Se você sonha em ser cabelereiro, seja um grande profissional. Sonhe alto, bus-

que cursos, investimentos, inove e seja o melhor dos cabeleireiros. A força do pensamento e dos sonhos transforma vidas. Gandhi comentou: “O que pensais, passais a ser”, e de fato, levar o jovem a sonhar e buscar formas de realizar faz com que ele mesmo se veja como vencedor e autor de sua própria história. Mas nesse percurso de sonhos e realizações, nos deparamos com as dificuldades. Desistir? Augusto Cury escreveu que “errar é uma etapa do inventar, falhar são degraus do criar”. No dicionário chamado “sonho”, a palavra “desistir” não encontra significado. São precisos grandes sonhos para enfrentar a vida e superar os medos e as dificuldades. Só assim um jovem sai da lista dos frustrados e entra no caminho real da felicidade. Guilherme Pontes Seminarista da Arquidiocese

Equipe é a responsável por definir as linhas de ação da Pastoral

PJ se reuniu para discutir a melhor maneira de construir este ano de trabalho, que tem um calendário cheio de tarefas e desafios para a pastoral. Estavam presentes os coordenadores: Daniel Schmidt Casas, Felipe Candim dos Santos, Leonardo Contin da Costa e João Batista Sartori, e também os assessores: Hélio Rodak, José Rodrigo Rangel e Gislene Maria Nunes Saad. É um trabalho desafiante e exigente, mas a nova coordenação está entusiasmada para o inicio dos trabalhos, e promete fazer deste ano um ano de muitas conquistas para a Pastoral da Juventude de toda a Arquidiocese.

Assassinato de jovens cresce 158% em 10 anos Santa Catarina registrou um aumento de 157,9% no número de homicídios de jovens de 15 a 24 anos entre 1998 e 2008. O Estado ocupa a 10ª colocação entre as unidades da federação que tiveram maior

crescimento de assassinatos nesta faixa etária durante a década analisada pelo Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil. Santa Catarina é um dos estados que contribuíram para a

elevação dos índices nacionais. No primeiro ano do estudo, foram registrados 107 homicídios em cidades catarinenses. Passados 10 anos, houve um salto para 276 casos. (fonte: Diário Catarinense)


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Geral

Março 2011

Jornal da Arquidiocese

Freis Carmelitas assumem paróquia Frei Edimilson tomou posse na Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, em Florianópolis Foto JA

Aula inaugural foi proferida por Dom Wilson, bispo de Tubarão

Frei Edimilson (esq.) contará com o apoio de três freis seminaristas No Estado, além de Florianópolis, desde 2009 estão com a Paróquia NSra. dos Navegantes, em Nave-gantes. Na Arquidiocese já temos padres Carmelitas, que desde 1972 administram a Paróquia NSra. do Carmo, em Florianópolis, mas pertencentes a outro ramo da Ordem. Para mais informações sobre os Freis Carmelitas, acesse o site www.freiscarmelitas.com.br. Para mais fotos da celebração, entre no site da Arquidiocese (www. arquifln. org.br) e clique no link “Álbum de fotos”.

Antes, foi pároco na Diocese de Ji Paraná, em Rondônia, por oito anos; provincial por seis; diretor de colégio por sete; e nos últimos dois anos era pároco em Curitiba. Ele conhece pouco de Florianópolis, que veio algumas vezes a turismo. Mas o que mais o impressionou foram os leigos. “Encontramos muita receptividade e já percebemos o protagonismo dos leigos, que fazem desta paróquia uma Igreja viva”, disse Frei Edimilson. A Ordem dos Carmelitas está presente em todo o território nacional, através de três províncias.

Cordeiros é administrada pelos Dehonianos Dom Murilo Krieger, nosso Administrador Apostólico. A Congregação está presente na Arquidiocese desde 1905, quando assumiram a paróquia São Luiz Gonzaga, em Brusque. Além dela, também estão presentes nas paróquias: São José, em Botuverá; N.Sra. de Guadalupe,

em Florianópolis; e N.Sra. do Perpétuo Socorro, em Guabiruba. Antes de assumir a nova missão, Pe. Nelson Tachini trabalhou na Paróquia São José, em Botuverá e, por último, era vigário paroquial de N.Sra. de Guadalupe, em Canasvieiras, Florianópolis.

O Instituto Teológico de Santa Catarina – ITESC, deu início no dia 14 de fevereiro ao ano letivo. O evento teve início com a aula inaugural proferida por Dom Wilson Tadeu Jönck, SCJ, bispo de Tubarão, e contou com a presença dos alunos, professores e formadores dos seminários. Com o tema “Vida, Mistério, Eternidade”, Dom Wilson fez uma explanação sobre cada um desses conceitos e as suas relações. “Se a vida perder o mistério, a dimensão da eternidade, ela perde o sentido”, disse. “Vivemos uma época de secularismo que reduz a realidade à dimensão terrena. Para a pessoa que tem fé, a vida se transforma”, afirmou Dom Wilson. Segundo ele, o homem de hoje e de sempre não é só um problema (objeto da ciência), mas também um mistério (objeto da fé). À conferência, seguiu-se animado debate. A

manhã concluiu-se coma Celebração Eucarística, presidida por Dom Wilson. Segundo Pe. Vitor Feller, diretor do ITESC, a escolha de Dom Vilson para a aula inaugural foi por ser um dos novos bispos do Regional Sul IV da CNBB (Santa Catarina). O ITESC iniciou o ano letivo com cerca de 60 alunos, entre seminaristas, religiosos (as), e leigos(as).

Dom Wilson também presidiu a celebração de abertura

Arquidiocese inicia ano com 48 seminaristas Foto A

A Paróquia São Cristóvão, em Cordeiros, Itajaí, desde o dia 30 de janeiro de 2011 passou a ser administrada pela Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. A Missa, na qual tomou posse o Pe. Nelson Tachini, SCJ, foi iniciada às 19h30min, e presidida por

ITESC inicia ano letivo

Foto JA

Uma Celebração Eucarística, à noite de 26 de fevereiro, sábado, marcou a entrega da paróquia NSra. da Boa Viagem, em Florianópolis, aos Carmelitas da Ordem dos Irmãos da B.V.M. do Monte Carmelo – Ocarm. A igreja matriz estava lotada de fiéis de todas as comunidades da paróquia. Presidida pelo Pe. Siro Manoel de Oliveira, que nos últimos quatro meses foi o administrador paroquial, no início foi lida a provisão que empossou o Pe. Frei Edimilson Borges de Carvalho como o novo pároco. Ele foi apresentado à comunidade junto com os outros três freis, ainda seminaristas, que o auxiliarão no trabalho: Edimar Fernando Moreira, Tiago Evaristo do Vale Santos e Wagner Alexandrino Nicola. Segundo Frei Edimilson, já era o desejo da Ordem vir para Florianópolis. Pois, pretendiam diversificar os estudos teológicos dos frades. “Conversamos com Dom Murilo, e ele ofereceu esta paróquia, por conta da necessidade e proximidade com o Instituto Teológico de Santa Catarina”, disse. Os três carmelitas já iniciaram os estudos no ITESC. Com 49 anos, Frei Edimilson é religioso há 27 anos e padre há 23.

Morre Pe. Eloy Dorvalino Koch, SCJ Sagrado Coração de Jesus Dehonianos, onde realizou a sua formação presbiteral. Divulgação/JA

Comunicamos o falecimento do Pe. Eloy Dorvalino Koch, ocorrido na noite do dia 15 de fevereiro. O corpo foi velado na capela do Convento do Sagrado Coração de Jesus, em Brusque, onde residia. Em seguida, foi transladado para a Igreja Matriz da Paróquia São Luiz Gonzaga, onde foi realizada a Missa de Corpo presente, às 17h, presidida por Dom Murilo Krieger. Em seguida, houve o sepultamento no cemitério “Parque da Saudade”, em Azambuja, Brusque. Pe. Eloy tinha 90 anos, celebrados em 15 de novembro de 2010, com missa no Santuário de Azambuja. Natural de Orleans, onde nasceu a 15 de novembro de 1920, ingressou ainda jovem na Congregação dos Padres do

Em setembro de 2010, uma celebração em Azambuja marcou os 90 anos de vida do Pe. Eloy

Mestre e Doutor em Filosofia e História, realizou atividades pastorais em diferentes regiões do Estado. Mas foi em Brusque que realizou seu pastoreio mais fecundo. Ali chegou ainda jovem, em 1942, contribuindo muito para a cidade. Foi professor da Unifebe, fundador do Arquivo Provincial Padre Lux - APPAL, regente do Coral São Luiz Gonzaga, integrou a comissão organizadora dos festejos do Centenário de Brusque, escreveu a obra “Catolicismo no Centenário de Brusque”, em 1960.Recebeu o título de Cidadão Honorário de Brusque, e foi também empossado como Conselheiro Honorário de Cultura da cidade. Foi autor de inúmeras obras abordando História, Cultura e Religião.

Neste ano, 11 seminaristas estão realizando a formação teológica Dos cerca de 55 seminaristas que estarão realizando sua formação teológica no ITESC, 11 deles são da Arquidiocese de Florianópolis. No ano passado, três concluíram o curso. Este ano, cinco iniciaram a formação teológica. O Seminário Metropolitano Nossa Senhora de Lourdes, em Azambuja, Brusque, iniciou o ano com 29 seminaristas: 12 no Menor, voltado àqueles que estão realizando o segundo grau; e 17 na Filosofia. O início do ano letivo foi em datas diferentes. No Menor foi no dia 07 e a Filo-

sofia no dia 14 de fevereiro. No Seminário Propedêutico “Monsenhor Valentin Loch”, em Camboriú, oito jovens ingressaram neste ano. O início das atividades dos jovens que já têm o segundo grau, ou formação superior, foi no dia 16 de fevereiro. “É um bom número de seminaristas, comparando com os anos anteriores”, disse Pe. Josemar Silva, reitor do Propedêutico. Ele lembrou que, neste ano, sete seminaristas que fizeram o Propedêutico no ano passado, acabam de ingressar na Filosofia, etapa seguinte da formação.


Jornal da Arquidiocese

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Março 2011

Dom Murilo avalia o seu episcopado Em entrevista, ele falta dos nove anos como arcebispo da Arquidiocese de Florianópolis Arquivo/JA

No dia 27 de abril de 2002, em um ritual que reuniu grande número de fiéis, padres e diáconos, no Ginásio de Esportes do Colégio Catarinense, Dom Murilo Krieger iniciou seu ministério na Arquidiocese de Florianópolis. Agora, passados quase nove anos, foi nomeado para a Arquidiocese de Salvador. A nova posse será no dia 25 de março, sexta, às 19h, na Catedral Basílica, no Centro Histórico da capital baiana. Em entrevista, Dom Murilo fala da visita que fez a Salvador e avalia seu pastoreio entre nós. Jornal da Arquidiocese No início de fevereiro, o senhor visitou a Arquidiocese de Salvador. Quais as suas impressões sobre a sua futura missão? Dom Murilo - Fiquei impressionado com o crescimento de Salvador. Nem em Balneário Camboriú se vêem tantas novas construções. Isso é sinal claro de que aquela capital continua atraindo gente do interior da Bahia e de outros Estados. Se é verdade que a cidade tem inúmeras igrejas - brincando, o povo diz que tem 365... , elas estão na região central. Alguns blocos de edifícios abrigarão milhares de pessoas, sem que, ali por perto, seja possível adquirir terrenos para a construção de igrejas. Como dar condições a todo esse povo de participar da vida comunitária? Por outro lado, tocou-me a acolhida que me deram. Percebi que a fama que o povo de Salvador tem, de ser um povo acolhedor, é justificada. JA - O que mudou na Arquidiocese de Florianópolis

No dia 02 de setembro de 2006, Dom Murilo presidiu a celebração que ordenou presbítero Leandro Rech. Em nove anos na Arquidiocese, foram 36 ordenações diáconais e 20 presbiterais entre os anos em que o senhor foi nosso Bispo auxiliar (19851991) e nos anos em que foi nosso Arcebispo (2002-2011)? Dom Murilo - A maior mudança foi quanto à intensidade do trabalho. Pois, ao retornar, encontrei novos bairros, fruto não de um crescimento normal, mas do processo migratório. Por vários motivos, a região da Arquidiocese de Florianópolis continua atraindo muita gente. Não tem crescido, na mesma proporção, o número de presbíteros, de religiosos e religiosas, de seminaristas, de igrejas etc. O que tem crescido significativamente é o número de leigos e leigas que se engajam nas mais diversas frentes pastorais. Espero que, fruto dessa

dedicação pela Igreja, nasçam, nessas mesmas famílias, muitas vocações sacerdotais e religiosas. JA - A Arquidiocese cresceu 28% nos últimos dez anos. Que é preciso fazer para acolher essa população, formada sobretudo por migrantes? Dom Murilo - É preciso desenvolver um senso de acolhida, da parte de todos. Quem chega, vem preocupado, inseguro. Se encontrar pessoas que os acolham, o engajamento na comunidade será rápido e benéfico. JA - Nesses quase nove anos como nosso Arcebispo o senhor criou oito paróquias e uma

Resultado de nove anos como nosso Arcebispo Nesses nove anos como nosso Arcebispo, muitas foram as realizações de Dom Murilo. Certamente, muitas ficarão eternizadas em nossas memórias. Aqui

sediou o XV Congresso Eucarístico Nacional (2006);

- Em seu ministério, a Arquidiocese de Florianópolis

- Realizou as celebrações pelo centenário de criação da Diocese de Florianópolis (2008);

Arquivo/JA

registramos algumas das mais significativas.

- Ordenou 36 diáconos permanentes e 20 padres; - Criou oito novas paróquias e uma capelania; - Promoveu uma reestruturação do Seminário Metropolitano Nossa Senhora de Lourdes, em Azambuja, e o retorno, para aquele local, dos seminaristas da Filosofia;

Dom Murilo foi empossado no dia 27/04/2002 no Ginásio de Esportes do Colégio Catarinense, em Florianópolis, com milhares de fiéis

- Criou o Seminário Propedêutico “Monsenhor Valentim Loch”, em Camboriú;

Duas celebrações marcam a despedida Na impossibilidade de Dom Murilo se despedir de cada paróquia, pastoral, movimento, associação, comunidade religiosa, organismo, foram programadas duas Celebrações Eucarísticas antes de sua partida para São Salvador da Bahia. As Missas serão presididas por ele e concelebradas pelos presbíteros presentes: - Dia 16 de março (quartafeira), às 20h, no Centro de Evangelização Angelino Rosa, o CEAR, em Governador Celso Ramos. Com capacidade para até cinco mil pessoas sentadas e toda a infraestrutura necessária para acolher esse nú-

mero de fiéis, o local é ideal para que os fiéis se despeçam de Dom Murilo; - Dia 18 de março, às 19h30, na Catedral de Florianópolis, com a presença dos padres e diáconos da Arquidiocese. Com espaço bastante reduzido, limitar-se-á o número de fiéis. Nessa celebração, será dedicado o novo altar da Catedral, e Pe. Paulo de Coppi, PIME, celebrará seu Jubileu de Ouro de Ordenação Sacerdotal. Após a celebração, serão inaugurados o espaço museológico e a nova sacristia da Catedral, que faz parte do projeto de restauração, iniciado em 2005.

capelania. A criação de novas comunidades é a alternativa para melhor atender a fiéis? Dom Murilo - Costumo dizer, brincando, que é facílimo criar uma paróquia, pois em três ou quatro minutos se prepara o decreto de criação e se assina. Claro que, para se criar uma paróquia, é preciso levar em conta uma série de condições. No caso das paróquias que criei, foi muito importante que tal criação foi fruto de um trabalho das comarcas: elas é que apontaram ao Conselho Presbiteral que paróquias deveriam ser criadas.

sua vida ao serviço de Deus? Dom Murilo - A experiência de outras dioceses, e mesmo da nossa, tem-nos feito ver que, onde e quando se trabalha pelas vocações, elas aparecem e se multiplicam. Nesse campo, são de importância fundamental a colaboração da família, para criar um clima vocacional, e a dedicação do pároco e dos vigários paroquiais. Não podemos aceitar o quadro atual: paróquias excelentes, com famílias santas e jovens entusiastas, mas que passam anos e anos sem um seminarista.

JA - Pelo tamanho da Arquidiocese em extensão territorial e população, dividi-la não seria a alternativa para facilitar a aproximação com o povo? Dom Murilo - No Paraná há três dioceses com menos de duzentos mil habitantes. Nem por isso vivem uma situação ideal. O que ajudará o governo da Arquidiocese de Florianópolis é a presença de um Bispo Auxiliar. Justamente neste ano, após consultas feitas no ano passado, íamos introduzir o Vigário Episcopal, segundo proposta incentivada pelo Conselho Presbiteral. Seria nomeado um para a região de Itajaí e Brusque. Com a minha nomeação para Salvador, achei que não seria o momento indicado para isso.

JA - Somos a diocese brasileira com maior número de diáconos. Como o senhor avalia o trabalho realizado por eles? Dom Murilo - Hoje nem dá para imaginar a Arquidiocese de Florianópolis sem os seus diáconos. Penso que o próximo passo em sua atuação já começou a ser dado: eles estão assumindo vários encargos diocesanos. Será bom para eles, será bom para a Arquidiocese.

JA - A Arquidiocese de Florianópolis tem hoje 48 seminaristas, poucos, para as suas dimensões. O senhor promoveu mudanças nos seminários, que contribuíram para melhor formação. O que falta para despertar nos jovens o desejo de dedicar

JA - Na sua opinião, qual o maior desafio do seu sucessor? Dom Murilo - Florianópolis, por ter, como Diocese, mais de cem anos; por ser capital de Estado; por atrair muita gente de outras regiões do país; por ser formada por um povo dinâmico etc., é uma Arquidiocese exigente. É complexa, não complicada... Complexa pelo tamanho de sua população, pelo contínuo crescimento industrial, comercial e portuário, pelas exigências do trabalho evangelizador etc. De uma coisa tenho certeza: meu sucessor terá trabalho, muito trabalho.


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Ação Social

Março 2011

Jornal da Arquidiocese

ASA realiza encontro com ações sociais paroquiais Durante encontro, participantes representando 12 Ações Sociais debateram novas formas de atuação Foto JA

Na tarde do dia 17 de fevereiro de 2011, 12 ações sociais filiadas à Ação Social Arquidiocesana – ASA, participaram de um encontro para conhecer a proposta de Desenvolvimento e Organização Comunitária. A proposta apresentada é fruto do amadurecimento do processo de assessoria e acompanhamento às ações sociais paroquiais nos últimos cinco anos, desde a formalização dessas entidades como membros da ASA. Nesse processo, foram realizados dois diagnósticos que identificaram a realidade das ações sociais, além da construção do Planejamento Estratégico da ASA para os próximos cinco anos. Verificou-se que o processo de acompanhamento das ações sociais deve respeitar os níveis de organização de cada entidade. A base desta proposta é o fortalecimento das Redes Locais, tendo como tarefa a integração das

ações em determinada comunidade e o desencadeamento de iniciativas de desenvolvimento comprometido com o protagonismo e a organização de seus moradores, especialmente aqueles em maior vulnerabilidade social. O desenvolvimento comunitário proposto anseia pela conquista de melhores condições de vida nas comunidades, de forma integral. Para isso, não basta acrescentar bens e serviços públicos, ou mesmo criar alternativas de trabalho e renda. É necessário criar processos sociais que transformem os sujeitos envolvidos, fortalecendo seu sentimento de pertença à comunidade em que vivem. Para dar seqüência ao debate, cada ação social realizará discussão com sua diretoria e definirá sobre a adesão ou não à proposta. No dia 10 de março haverá uma nova reunião para a definição dos próximos passos do programa.

Encontro reuniu os representantes da Ações Sociais na Paróquia Santo Antônio, em São José

Formação para dirigentes das Ações Sociais Durante encontro, eles aprenderão sobre as adequação das ações sociais paroquiais às normativas da Política Nacional de Assistência Social A Assistência Social, enquanto política pública de direito dos cidadãos, política à qual as Ações Sociais estão vinculadas, tem passado por uma trajetória de grandes mudanças, nos últimos anos. Vive-se um momento especial para a sua consolidação como política de proteção social, no âmbito da seguridade social e como política de Estado. Em 2004 foi elaborada a nova Política Nacional da Assistência Social (PNAS) e o Sistema Único da Assistência Social (SUAS), com intensa contribuição da sociedade. Em continuidade, foi construída a Norma Operacional Básica reguladora do SUAS (NOB-SUAS), o Plano Nacional Decenal: “SUASPlano 10”, além de vários decretos e resoluções com o objetivo de regulamentar as questões ligadas a essa Política Pública. Em 2009, o Conselho Nacional de Assistência Social- CNAS, através da Resolução nº 109, aprovou a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, organizando-os a partir dos níveis de complexidade: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade. Desde 2008, a ASA tem desenvolvido debates e formação específica sobre a PNAS, suas normativas e em especial as novas exigências para adequação

dos serviços desenvolvidos pelas entidades, para que pudessem ser reafirmadas enquanto entidades de Assistência Social. Contudo, o CNAS, bem como os Conselhos Municipais, ainda não tinha definido os parâmetros e prazos para essa adequação. Em maio de 2010, o Conselho Nacional regulamentou, por resolução, esses parâmetros. Portanto, as entidades não podem mais obter o registro junto aos CMAS, se estiverem em Região

Data

Local

NORTE

29/03/11

Itajaí - Paróquia São João

SUL

31/03/11

Estreito Paróquia NSra. de Fátima

desacordo com as normativas que orientam a PNAS. Sem o registro no referido Conselho, as entidades não obterão recursos através de convênios, subvenções e outras fontes oficiais para execução de seus projetos. Para discutir esses e outros aspectos, e estruturar um cronograma para o reordenamento das entidades de Assistência Social, a ASA realizará uma tarde de estudos com os dirigentes das Ações Sociais conforme segue: Horário

13h30 às 17h30min

Quem Participa - Coordenador/a ou Presidente; - Animador, articulador dos trabalhos sociais. Divulgação/JA

Em 2009, a ASA promoveu encontro de formação para o Clero

Rede ASA nos espaços de Participação e Controle Social Divulgação/JA

A Ação Social Arquidiocesana (ASA) é entidade filiada à Cáritas Brasileira desde 2005, comungando com seus objetivos para o desenvolvimento das suas ações. Assumindo seu compromisso e em parceria com a Cáritas Brasileira Regional Santa Catarina, a ASA realizará Formação para Conselheiros, dando continuidade a um processo formativo que já acontece desde 2008, onde ampliou o debate com sua Rede sobre Lideranças participam de curso para as Políticas Públicas e a formação de dirigentes participação nos espaços de controle social. Sociais (conceito, papel, mecaA formação tem por objetivo nismos, participação popular, qualificar a representação da so- conselhos setoriais); e Debate ciedade civil nos espaços de con- sobre política específica (assistrole social, já que os Conselhos tência social, saúde, educação, têm por competência deliberar criança e adolescente, etc). Sesobre as políticas públicas, rão 50 vagas, dando prioridade normatizar e regular a prestação para as Ações Sociais que já posde serviços de natureza pública e suem representação nos Conseprivada, apreciar e aprovar propos- lhos de Políticas Públicas. tas orçamentárias, entre outras. A primeira etapa acontecerá A temática será desenvolvida em 17/03/2011, quinta, das em 4 Módulos, sendo eles: Esta- 08h30 às 17h30min, na paródo e Governo, Democracia, Direi- quia São João Evangelista em tos e Cidadania (história do Bra- Biguaçu. A data e horário dos ousil; direitos civis, políticos e soci- tros módulos serão definidos enais; cidadania; democracia); tre os participantes. Esperamos contar com a parMovimentos Sociais, Sociedade Civil e Políticas Públicas (papel da ticipação da Rede ASA e contrisociedade civil, políticas públi- buir efetivamente com a Política cas); Controle Social e Conselhos Pública de Assistência Social.


Jornal da Arquidiocese

GBF 11

Março 2011

CEBs dão dignidade a moradores de rua Doação de comida supre a primeira necessidade e é um passo para as próximas conquistas que, há cerca de três anos, passaram fazer a doação de almoços aos domingos. O trabalho é realizado por duas equipes: uma prepara os alimentos e outra faz a distribuição. Maria Cardoso Varela é uma das voluntárias na preparação da comida. Ela tem participação ativa na igreja. Quando soube da proposta, se voluntariou. “Dar dinheiro, não é certo. Um prato de comida sempre é bom”, disse, no alto da sua simplicidade. A cada semana é preparado um cardápio diferente. Risoto, estrogonofe, macarronada, todos de carne ou de frango. Há a preocupação de deixar o mais molhado possível e com a carne bem picada. “Muitos deles têm a dentição bastante prejudicada, o que dificulta o mastigar”, informou Sônia Maria de Jesus Barbosa, outra voluntária no preparo da comida. Os alimentos vêm de doadores e são preparados na sede do Centro Cultural Escrava Anastácia, no Monte Serrat. Crianças da comunidade também realizam gincanas no decorrer do ano e o dinheiro arrecadado ajuda na compra da carne. Além de um prato de comida, todos os moradores de rua recebem um copo de suco ou refrige-

Foto JA

Vitor Sandi, 40 anos, era um promissor fotógrafo de Porto Alegre. Profissional da área há 22 anos, tinha estúdio e uma boa clientela. Trabalhava muito e ganhava bem. Não tinha do que reclamar da vida. O problema é que, com o dinheiro, vieram as más companhias. E com elas, as drogas. Foi enfeitiçado. Por causa das drogas, perdeu o estúdio, a clientela e os amigos. Passou a morar na rua. Há três anos veio para Florianópolis morar na casa de parentes. Não teve jeito. As drogas falaram mais alto. Sustenta o seu vício fazendo pequenos bicos de fotógrafo com a sua inseparável Nikon, com a qual sustenta o seu vício. A história de Vitor é uma entre as mais de 120 pessoas que moram nas ruas de Florianópolis. A maioria delas, vítimas das drogas. São pessoas que durante a semana se viram pedindo dinheiro para os transeuntes ou comida nos restaurantes. Mas que aos domingos não têm o que comer, já que o centro da cidade pára. Percebendo essa triste realidade, a Comunidade Eclesial de Base (CEB) do Monte Serrat, no Centro, decidiu fazer algo para modificá-la. Foi assim

Em fila e organizados, cada um recebe o seu prato de comida. Por domingo, em média, 65 pessoas são atendidas pelo projeto rante, e sobremesa (frutas ou iogurte). A equipe de distribuição também fica encarregada dessa parte do trabalho.

Dignidade Inicialmente a distribuição era realizada na Praça XV. Depois, passou a ser nas escadarias da Catedral, agora ocupa o salão paroquial. “Aqui, eles podem lavar as mãos, sentar-se e comer com dignidade”, disse Pe. Vilson Groh, um dos grandes incentivadores do trabalho. Antes da refeição, todos ficam comportadamente em silêncio e

fazem oração. Algumas vezes, um voluntário faz a leitura de algum texto motivacional. Depois, em fila, um a um recebe o seu prato de comida. Em média são atendidas 65 pessoas por almoços, com direito a repetir. Para Cláudio Luiz Sales Pache, um dos voluntários na distribuição, os participantes do projeto têm ciência de que dar a comida não é tudo. “É a primeira necessidade. Suprindo essa, pode-se buscar outras coisas”, disse. Segundo ele, aos domingos, nem os pombos têm o que comer no centro de Florianópolis.

Fichamento, associação e albergue Como passo seguinte ao trabalho de distribuição dos alimentos, a CEB do Monte Serrat pretende realizar um fichamento de todos eles. Posteriormente, será criada uma associação de moradores de rua e busca-se um espaço para abrir albergue. Já foram realizados contatos com a Prefeitura de Florianópolis em vista da cessão de espaço para o albergue e estão em negociação. “Além de um local para que comam, tomem banho e durmam dignamente, a proposta é que seja um espaço de passagem, formação profissional, acolhida e recuperação da dignidade”, disse Pe. Vilson. Entre os moradores de rua, há muitos profissionais qualificados: artesãos, advogados, veterinários, profissionais da construção civil. Mas como Vitor, foram seduzidos pelas drogas. São pessoas que, se tiverem uma oportunidade, certamente vão se reerguer e se tornar cidadãos decentes e produtivos para a sociedade. Os interessados em obter mais informações ou contribuir com o Projeto podem entrar em contato pelo fone (48) 3224-1151.

As conquistas dos GBFs na Arquidiocese Trabalho da equipe de redação foi decisivo para o crescimento que os grupos tiveram nos últimos anos Os Grupos Bíblicos em Família – GBFs, são hoje uma grande força da Igreja na Arquidiocese. Estão presentes em todas as 70 paróquias, com cerca de 2.500 grupos e dezenas de milhares de pessoas que semanalmente se reúnem para refletir sobre a Bíblia na vida. Eles utilizam como subsídio os livretes que a equipe de redação produz anualmente. Um, para cada um dos três tempos litúrgicos. A história de sucesso dos GBFs é recente e se deve, sobretudo, graças ao trabalho dessa equipe. São pessoas com histórico de caminhada na Igreja, com formação, e que emprestam seus dons para elaborar os subsídios. Voluntariamente eles(as) se reúnem todas as tardes de quinta-feira para definir os temas, elaborar os encontros e corrigir o material que depois será editado, impresso e distribuído. Os grupos já tiveram várias fa-

ses e nomes. Aqui, existem desde a década de 60. Eram formados por membros de associações, movimentos ou pastorais, que se reuniam para refletir sobre a Bíblia, “círculos bíblicos”. “Utilizávamos como subsídio o evangelho do fim de semana, ou algum material que vinha de fora”, lem-

bra Jupira Silva da Costa. A partir de 1996, com o Projeto de Evangelização “Rumo ao Novo Milênio”, foi constituída uma equipe que passou a elaborar os livretes para os encontros de Natal e do Tempo Comum. “Nessa época eles foram adotados pela grande maioria dos grupos exis-

Equipe de redação dos GBF se reúne todas as semanas, quando definem os temas, elaboram os encontros e corrigem o material

tentes na Arquidiocese”, lembra Maria Angelina da Silva.

Prioridade Pastoral Percebendo a importância dos Grupos Bíblicos em Família, eles passaram a ser assumidos como verdadeira prioridade pastoral a partir de 1999. A Coordenação Arquidiocesana de Pastoral assumiu o trabalho e passou-se a ter uma pessoa liberada para coordenar a equipe, organizar encontros comarcais e arquidiocesanos, e promover formações. Até 2005, eles eram conhecidos como Grupos de Reflexão. Mas, em Assembleia Arquidiocesana, foi aprovada a mudança para Grupos Bíblicos em Família (GBF). A proposta pretendia e pretende enfatizar a centralidade da Bíblia e o espírito de família dos grupos. Segundo Maria Glória da Silva Luz, os GBF ganharam impulso quando a Coordenação de

Pastoral os assumiu como prioridade da Arquidiocese “com uma equipe de coordenação, uma pessoa liberada, página no Jornal da Arquidiocese e programa na Rádio Cultura, tudo contribuindo para o seu crescimento”, acredita. Para Silvia Togneri, membro da equipe, além de ser um material que ajuda as pessoas a refletir e a rezar os textos bíblicos, os livretes criam laços e firmam os participantes em suas comunidades. “Unidas e integradas, as pessoas passam a perceber os problemas da sua comunidade e dos outros, participantes ou não dos grupos, e buscam resolvê-los”, explicou. Para o Diácono Wilson Fábio de Castro, a partir dos Grupos Bíblicos em Família, surgem muitas lideranças. “Nos encontros, elas criam gosto pela leitura da Bíblia, têm consciência da sua fé e assumem o seu papel como cristãos e cidadãos na sociedade”, disse.


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Artigos

Março 2011

Jornal da Arquidiocese

C entenário

Monsenhor Frederico Hobold – Lealdade e Fidelidade

Atuação em Florianópolis De 28 de fevereiro de 1946 a 1966 passou a ser o centro da vida católica em Florianópolis, com sua nomeação a Cura da Catedral. Num trabalho de 20 anos, seu nome foi sinônimo de Catedral: seus modos finos, bela estatura, voz harmoniosa, trato educado, o fizeram amado e respeitado por todos. A partir de

1966 passou a residir na residência arquiepiscopal, pois até essa data a Cúria metropolitana funcionava nas dependências da Catedral. Privava da confiança irrestrita de Dom Joaquim e sabia onde pisava em cada situação. Para as pesquisas na história da Arquidiocese, no tocante às cartas de Dom Joaquim, deve-se ter presente: há cartas que Dom Joaquim escreve e assina; cartas que escreve e o Vigário Geral assina; cartas que ele escreve e algum padre que passa por lá assina sob o nome de secretário substituto. Dependia do assunto e da dureza do tom. Com tantos cargos, as honrarias também deviam ser multiplicadas, sinal da confiança do Arcebispo: em 16 de outubro de 1951 – Monsenhor Camareiro Secreto, com bula assinada por J. Baptista Montini, Substituto da Secretaria de Estado (depois papa Paulo VI); em 19 de setembro de 1955 – Monsenhor Prelado Doméstico (hoje Prelado de Honra de Sua Santidade); em 15 de janeiro de 1962 – Monsenhor Protonotário Apostólico. A capital catarinense também o homenageia: em 23 de dezembro de

Divulgação/JA

Frederico Hobold nasceu em São Ludgero em 28 de março de 1916, filho de Bernardo Hobold e Cecília Locks Hobold. Aluno do Seminário de Azambuja, turma 1927, foi ordenado presbítero em 31 de dezembro de 1939, na Catedral de Florianópolis. Passou o ano de 1940 como vigário paroquial de Sombrio. Em 10 de fevereiro de 1941 foi provisionado vigário paroquial da Catedral de Florianópolis e Oficial da Cúria, permanecendo na capital até a morte, ligado à Catedral e à Cúria Metropolitana. Em 10 de janeiro de 1942 acumula o trabalho de Secretário do Arcebispado de Florianópolis. Tem início a série de nomeações que o levam ao centro da vida arquidiocesana: sereno, obediente e fiel, foi o homem certo para o rigor e zelo do arcebispo Dom Joaquim Domingues de Oliveira, e ponte entre esse e o Clero. Fez jus à confiança nele depositada.

Mons. Frederico Hobold servidor fiel 1964 recebe o título de Cidadão Honorário de Florianópolis.

A Ação Católica e a renovação da Igreja O final da década de 50 do século passado foi marcado por uma ímpar efervescência pastoral, impulsionada pela Ação Católica, máxime pela JOC e JUC. Florianópolis tornara-se centro universitário e uma nova juventude, de formação e entusiasmo católicos, queria oferecer sua colaboração. Em 1960 surgiu um conflito com a Ação Católica, especialmente a JUC – Juventude

Universitária. Nem Dom Joaquim, nem Monsenhor estavam preparados para entender o espírito da Ação Católica, trabalho dos leigos sob a égide episcopal. A polêmica chegou aos jornais, nomeadamente A GAZETA. Em 23 de dezembro de 1960 Márnio Fortes de Barros, estudante da UFSC e membro da Equipe Regional Sul de JUC, escreve uma carta aberta, na qual, entre outras afirmações, denuncia: “Nestes lados do mar, uma grande parte da Igreja burocratizou-se. Tornouse “bem”... E é por isso que certas verdades doem”. Um dos redatores do jornal, também ele da JUC, assim conclui a apresentação da carta: “Ficaremos com a ação, trabalhando no meio universitário em prol de Cristo e da Igreja. Porque sabemos distinguir entre Igreja e Homens da Igreja”.

Padre amigo e fiel À primeira vista, o porte majestoso e o título de “Monsenhor” passavam a imagem de um homem duro, burocrático, inacessível. Não era verdade. Monsenhor era um homem simples, que não se deixou devorar pelos cargos que ocupou. O centro de sua vida

foi a Igreja e a fidelidade ao Arcebispo. Evidente que as “novidades” do Concílio, e o espírito de contestação que ingressava na vida eclesial, o deixavam magoado. Fora acostumado a obedecer e a respeitar e, agora, até seminaristas criticavam a Igreja. Em 3 de janeiro de 1965 foi solenemente celebrado seu Jubileu de Prata presbiteral com solene Missa na Catedral. Dom Joaquim homenageou o amigo com entusiástico Sermão Gratulatório, publicado na íntegra na imprensa local (cf. A GAZETA, 24 de janeiro de 1965). O que aconteceu em 12 de março de 1970 foi verdadeira tragédia: Monsenhor não se levantou à hora costumeira. Desconfiados, forçaram a porta do quarto e o encontraram morto. Infarto fulminante, que o colheu com apenas 54 anos de idade. Monsenhor Frederico Hobold foi sepultado no Cemitério da Irmandade do Senhor dos Passos e, anos depois, seus restos mortais foram levados para São Ludgero, sua terra natal. A história da Igreja na arquidiocese de Florianópolis muito deve a esse padre leal, fiel, trabalhador, que foi Mons. Frederico Hobold. Um padre de verdade. Pe. José Artulino Besen (acesse o texto na íntegra no blog: pebesen.wordpress.com)

Ecumenismo

Batistas se comprometem com proteção do planeta Nós, batistas brasileiros, reunidos na cidade de Niterói (RJ), em janeiro de 2011 CREMOS que o Universo e o ser humano foram criados por Deus para a sua glória; a vida e o Universo, em todos os sentidos, foram dados ao ser humano como um presente de Deus; o Universo foi dado ao ser humano para a sua morada, sustento e para o desenvolvimento de sua história de vida; o ser humano foi criado como um ser livre, mas, ao mesmo tempo, dependente da soberania de Deus; Deus delegou ao ser humano a gestão sábia, criativa e sustentável de sua vida e da natureza; depois da queda e rebeldia após a criação, o ser humano desvirtuou-se dos propósitos divinos da criação e passou a gerir sem sabedoria a sua vida e a natureza, sem se preocupar com a sua sustentabilidade; cremos que o Evange-

Durante a 91ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira (CBB), os batistas brasileiros aprovaram a “Carta de Niterói”, documento por meio do qual assumem uma posição clara em prol da preservação da criação de Deus. lho de Jesus Cristo traz não somente a restauração espiritual do ser humano, mas uma nova vida e esperança à humanidade; e que os ideais do Evangelho de Jesus Cristo recuperam os ideais originais da criação, reconciliando-a com o Criador. Nesse sentido, DECLARAMOS que, ao longo da história, o ser humano ultrapassou os limites da gestão sustentável da natureza e que, por conta dessa atitude, o Planeta Terra está em perigo; já não é possível mais o ser humano continuar a ser um consumidor da realidade, da vida e do Planeta Terra; os dilemas ambientais e ecológicos não afetam apenas o cosmo, mas também a nature-

za humana e, nesse sentido, o ser humano como um micro-cosmo também tem prejudicado a sua saúde física, mental-emocional, social e espiritual, pelo inconsequente e imediatista estilo de vida adotado; os cristãos, em geral, têm-se preocupado mais com a redenção espiritual do ser humano, nem sempre considerando o ser humano e a vida em todos os seus aspectos. Por fim, CONCLAMAMOS que os cristãos de toda a Terra busquem compreender que o Evangelho todo é para todo ser humano e para o ser humano todo, incluindo a sustentabilidade da vida humana e da natureza; cada ser humano assuma o compro-

misso de cuidar com sabedoria, criatividade e sustentabilidade de sua vida, de seus relacionamentos e da natureza; os empresários assumam o compromisso de participar da preservação do ambiente em seus mais variados aspectos - social, ecológico, distribuição justa de bens e oportunidades para todos; os empreendimentos imobiliários sejam planejados e executados de modo a preservar o meio ambiente e a transformar o Planeta Terra numa habitação segura para a vida humana; que a educação ambiental e para a vida seja incluída na formação do sujeito histórico desde a sua infância em nossa Nação; as autoridades governamentais,

em todos os níveis, lutem contra a inépcia, a corrupção, o imediatismo, estabelecendo legislação sábia, séria e respeitosa à vida humana, à preservação e ocupação do meio ambiente; as autoridades assumam com seriedade o papel de agente fiscalizador do uso sustentável da natureza de modo a preservar também a vida humana, evitando assim os desastres ambientais como os que ultimamente temos sofrido. Tudo isso para que conquistemos a VIDA PLENA e salvemos o MEIO AMBIENTE. Niterói (RJ), 91ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira, 25 de janeiro de 2011. Comissão da Carta de Niterói: Mere Márcia Prado Bello, Norton Riker Lages, Lourenço Stelio Rega (relator) Fonte: vidaemeioambiente. wordpress.com


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Missão 13

Março 2011

Aspectos Culturais e Religiosos do Japão Pe. Francisco Gomes fala da mística da terra do sol nascente, onde viveu por quatro anos Divulgação/JA

Os costumes locais e a situação dos estrangeiros e brasileiros residentes no Japão, bem como o trabalho missionário junto a eles: este é o relato do Pe. Francisco Gomes, missionário do Pontifício Instituto Missões Exteriores – PIME, diretor do Jornal Missão Jovem, para o Jornal da Arquidiocese. Ele viveu no país por quatro anos e estudou sua cultura e idioma. Jornal da Arquidiocese Fale-nos um pouco das diferenças religiosas e culturais que você encontrou. Pe. Francisco - A cultura japonesa, por ser milenar, é riquíssima. Aprendi a gostar dos MATSURI, os festivais, espalhados por quase todas as cidades. Alguns festejam a cultura, a natureza; outros, pedem graças e proteção contra males, doenças etc. Participei de um, em Nagayama, que surgiu com a primeira visita do Imperador àquela cidade. Mil mulheres de quimono, com um tipo de chapéu com lanterna acesa na cabeça, dançando, acolhem o Imperador. A origem de cada matsuri varia de lugar para lugar. Por exemplo, o de Kyoto, um dos mais famosos e antigos, nasceu de uma grande epidemia. O povo criou o matsuri, pedindo às divindades que eliminassem a epidemia e lhe trouxessem saúde e prosperidade. Outro aspecto cultural é a famosa timidez do japonês, que, por exemplo, jamais estende a mão nos cumprimentos, mas faz uma leve reverência com a cabeça em sinal de cortesia. A gente, que logo vai estendendo a mão, no início estranha, mas depois acaba se acostumando.

A Igreja católica no Japão permite o casamento de japoneses não-cristãos, mas entende que não há o sacramento naquele rito, já que o matrimônio exige o prévio sacramento batismal. No entanto, permitindo essa experiência, após a preparação do casal aos valores cristãos para a vida a dois, muitos retornam, depois de algum tempo, para conhecer melhor e aderir à fé cristã. JA - Qual é a realidade dos cristãos estrangeiros? Pe. Francisco - Os bispos estão preocupados porque vêem o aumento de católicos estrangeiros no Japão, os quais, ficando sem padre, acabam absorvidos por seitas locais ou igrejas evangélicas. Na diocese de Saitama, 80% dos católicoss são estrangeiros. Por isso, o seu bispo, Marcelino Tani, criou a “Igreja Multicultural”, formada por japoneses, filipinos, brasileiros, peruanos, entre outros. Ele vê que é necessário um novo modelo de Igreja, e ainda não sabe como ela

será no futuro, mas já deu os primeiros passos. JA - E a realidade dos brasileiros? Pe. Francisco - Dom Tani veio ao Brasil e ao Peru, alguns anos atrás, em busca de padres para trabalhar no JAPÃO. Além disso, enviou padres da sua diocese ao Brasil, para estudarem o português. O padre Ya-maguti, com quem trabalhei, estudou português no Brasil, por dois anos, e retornou ao Japão para trabalhar com os brasileiros. Enquanto aprendia a língua japonesa, ainda no meu primeiro ano no Japão, eu saía com o padre Domenico Ciserani para visitar a comunidade de brasileiros, descendentes de japoneses, de nikeis (filhos de japoneses) ou de sanseis (netos de japoneses), chamados “Dekassegui”. São brasileiros que, isoladamente ou com a família, acorreram ao Japão em busca de trabalho. Outros, apesar da crise econômica, continuam a chegar em grande número. Eles já são o terceiro grupo estrangeiro mais

numeroso no Japão, com mais de 200 mil indivíduos. Na diocese de Yokohama, 40% dos católicos são brasileiros. Mas os que participam dos sacramentos não chegam a 10%. Alguns alegam que não sabem onde está a igreja. Outros sabem, mas não freqüentam a comunidade, devido ao trabalho, por falta de tempo ou de fé. No segundo ano, a pedido de Dom Umemura Masahiro, bispo da Diocese de Yokohama, iniciei o trabalho com brasileiros. Esse bispo criou um grupo de padres e freiras - chamados “operadores pastorais” - somente para trabalhar com estrangeiros. Eu ficava dois finais de semana na paróquia, com japoneses e filipinos, porque já conhecia melhor a língua japonesa, e outros dois com os dekassegui de quatro paróquias, em três províncias da diocese de Yokohama. Divulgação/JA

JA - Como é a aceitação dos costumes religiosos ocidentais pelos japoneses? Pe. Francisco - O Japão está se ocidentalizando muito rápido. O país tem copiado o Ocidente em muitos aspectos. A gente brinca, dizendo que o japonês nasce xintoísta, casa-se cristão e morre budista. Nasce xintoísta, pois o recém-nascido é levado ao templo para a purificação e a bênção divina. Casa-se cristão porque, ultimamente, muitos casais querem copiar o estilo festivo do casamento ocidental, com festas, a noiva vestida de branco, e não tanto porque compreendam o valor do sacramento. E morre budista, porque a maioria dos japoneses não-cristãos celebra o funeral budista para seus mortos. Os japoneses têm um grande senso religioso: tudo o que é bom, não importa de onde provenha, eles acolhem de braços abertos.

Na foto acima, o Templo de Tókio, capital do Japão, ícone da sua cultura. Lá, por quatro anos, Pe. Francisco exerceu o seu pastoreio como padre missionário, em atendimento aos milhares de brasileiros que lá vivem.

Ritual de casamento na cultura japonesa. A maioria dos brasileiros que lá residem não falam a língua e, por isso, não participam da comunidade

JA - Como é a inserção dos dekassegui no contexto social japonês? Pe. Francisco - O dekassegui vai ao Japão em busca de trabalho. São descendentes de japoneses, ou pessoas casadas com japoneses, ou – ainda – brasileiros contratados por firmas japonesas. Com o dinheiro ganho, a maioria volta ao Brasil e monta o próprio negócio, compra casa própria, adquire carro ou investe em alguma atividade no país. O problema é que, como são itinerantes, muitos não estudam a língua japonesa, que poderia ajudá-los na sociedade ou na vida comunitária e na vida paroquial. Não sabendo a lín-

gua, têm problemas para relacionar-se com os nativos e participar das Missas dominicais, celebradas em japonês. Há também os que vão e vêm, mas voltam de novo, porque perderam o investimento feito no Brasil. Formam família no Japão. Nem sempre falam o japonês, mas seus filhos nascem lá, sem ser brasileiros ou japoneses. As crianças não aprendem direito nenhuma das línguas e perdem o referencial cultural. Os padres japoneses bem que poderiam ajudá-los, se soubessem falar português ou espanhol. Se não são os missionários, os brasileiros ficam lá como ovelhas sem pastor, meio abandonados. Aí vêm as seitas, que já invadem o país com universidades até para formar pastores. Algumas igrejas evangélicas, por exemplo, fazem o seu eficiente trabalho proselitista. JA - Como ocorre a organização dos trabalhos entre os missionários? Pe. Francisco - Na diocese de Yokohama, éramos somente três padres brasileiros, que já citei. Nas dioceses do centro (Tóquio, Saitama, Osaka, Kyoto e Nagoia), existem outros padres brasileiros e não-brasileiros, que estão fazendo esse trabalho. A gente que trabalha com estrangeiros, sobretudo com brasileiros, peruanos e filipinos, se encontra uma vez por ano, durante três dias, para discutir, partilhar experiências, ver as dificuldades e possíveis soluções. Isso tem dado muito resultado. Esse trabalho já absorve todo o tempo do missionário. Mas não é suficiente. Todo missionário deve dominar a língua japonesa, cuja estrutura é, de fato, muito difícil para os ocidentais. Há mais de dois mil ideogramas oficiais. Um missionário que não conhece a língua do povo é um missionário pela metade, porque o testemunho é importante, sim, mas também o anúncio, feito de palavras, é essencial. JA - Diante dessa realidade de estrangeiros e japoneses, qual apelo você faria aos católicos, leigos, consagrados e ordenados? Pe. Francisco - O Japão é um grande DESAFIO missionário e precisa de pessoas, padres, freiras e leigos consagrados, que contribuam e se disponham a ajudar, pessoalmente, na evangelização, nem que seja por alguns anos. O país já foi celeiro espiritual na década de 20, enviando, inclusive, missionários ao Brasil e hoje precisa de pessoas que ajudem na evangelização do seu povo. Se você foi CHAMADO, não tenha medo de dizer sim, pois Aquele que chama e nos envia também nos dá a graça e a certeza da Sua presença.


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Pe. Paulo De Coppi Um missionário italiano que escolheu a Arquidiocese para realizar a sua obra No dia 18 de março, Pe. Paulo De Coppi estará celebrando 50 anos de ordenação presbiteral. A comemoração será no mesmo dia às 19h30min, na Catedral de Florianópolis, junto com a celebração de despedida de Dom Murilo. Missionário do Pontifício Instituto das Missões Exteriores - PIME, Pe. Paulo é italiano de nascimento. Mas reside no Brasil há quase 50 anos. Na Arquidiocese, está há 26 anos e foi aqui que criou sua principal obra missionária: o Jornal “Missão Jovem”, que é distribuído para todo o Brasil e para outros cerca de 30 países onde há missionários brasileiros. Na entrevista abaixo, ele fala da sua trajetória pastoral, da missão e do uso dos meios de comunicação pela Igreja. Jornal da Arquidiocese Quase todos os seus 50 anos de presbítero foram no Brasil e 26 deles na Arquidiocese de Florianópolis. Fale-nos com se deu isso. Pe. Paulo - É verdade! Em 1961 fui ordenado na Catedral de Milão. Comigo, foram ordenados mais 113 padres: 90, da Arquidiocese de Milão, alguns capuchinhos e 12 do Pontifício Instituto das Missões Exteriores PIME. Todos, italianos. É interessante constatar como, em 2010, 50 anos depois, o PIME teve o mesmo número de novos missionários, mas nenhum deles era italiano: quatro eram brasileiros e os outros, africanos e asiáticos! Isso

mostra como os países, assim chamados "de missão", já tomaram a dianteira! Naquele mesmo ano fui enviado ao Brasil, para o Amapá. Aquela terra foi o meu primeiro amor missionário! De lá, em 1975, voltei à Itália para um serviço de animação missionária em Belluno, diocese de Dom Albino Luciani, o futuro Papa João Paulo I. Depois dessa temporada, solicitado por Dom Afonso Niehues, o PIME me enviou a Florianópolis para trabalhar na Animação Missionária. JA - Aqui, há 25 anos o senhor criou o Jornal "Missão Jovem". Agora, há cinco anos, o senhor assumiu um novo desafio, ao criar o jornal “O Transcendente”. Como surgiu essa idéia? Pe. Paulo - “O Transcendente” é a nova criatura da equipe Missão Jovem. A decisão de editá-lo veio dos professores de Ensino Religioso, que assinavam e usavam como subsídio o jornal “Missão Jovem”, mas que, diante das novas exigências do MEC, solicitavam de nós um subsídio que apresentasse o universo religioso de forma mais aberta ao ecumenismo e ao diálogo com todas as expressões religiosas do mundo. Foi mais uma iniciativa que muito exigiu de nós, mas, como sempre digo, muito nos ensinou, pois nos faz enxergar de forma mais completa e ampla a ação do Espírito Santo na humanidade, através das diversas religiões e culturas.

Pe. Paulo na redação das suas duas obras missionárias: jornal “Missão Jovem” e jornal “O Trascendente”, ambos criados aqui, na Arquidiocese

Se pudesse escolher, faria tudo da mesma forma, sobretudo quanto aos Meios de Comunicação”

JA - O senhor é um entusiasta da comunicação. Como vê a comunicação na Arquidiocese de Florianópolis, hoje? Pe. Paulo - Nos 26 anos que estou trabalhando na Arquidiocese, posso afirmar que houve uma constante preocupação em desenvolver os modernos meios de comunicação. Como não apreciar e se deixar contagiar pelo entusiasmo de Mons. Agostinho Staehelin,no qual encontrei o maior apoio. Há muitos anos esse sacerdote vem realizando, e com vivacidade, atividades significativas nos MCS. Foram se multiplicando os sites nas paróquias e as rádios comunitárias. Merecedora de elogios é a "Rádio Cultura AM 1110", dirigida pelo Pe. Márcio Vignoli, e o que o Pe. Francisco Wloch vem realizando na Cate-

Retalhos do Cotidiano Santa Teresinha do Menino Jesus dizia que “amar é dar tudo e dar-se a si mesmo”. E ela viveu isso! Quando já não temos mais nada, quando até a nós nos demos, aí estamos amando. No entanto, quanto mais temos, quanto mais queremos ter-nos a nós mesmos, menos temos e menos somos, porque quem não ama, quem não se dá, nada é e nada dá.

JA - Nesses 50 anos como padre, tem algo de que se arrependa ou, se pudesse, faria diferente? Pe. Paulo - Sem dúvida! O padre, pela missão que recebeu de Deus, é chamado a ser santo de verdade. O nosso povo acredita e, justamente, exige isso de seus sacerdotes! No entanto, ao completar 50 anos de sacerdócio, pelas tantas falhas, constato o quanto ainda me falta para alcançar essa meta. Isso dói! O que me conforta é a convicção de que os acertos, com a ajuda de Deus, foram bem mais numerosos. Isso faz crescer em mim uma maior auto estima. Entretanto, se eu pudesse repetir essa caminhada, gostaria de engatar mais uma ou até duas marchas! Quanto aos trabalhos realizados, sobretudo através dos MCS, repetiria tudo novamente, pois acredito cegamente que isso veio de Deus, como o foi a minha escolha para a vida missionária, a melhor aventura de minha vida!

Elástico

Missionário

Há corações - também o meu - que parecem presos a um elástico. Dão-se até ali. Só. E, ainda nem bem esticados, já voltam para si...

Quando vejo um casal que se ama, que vence dificuldades junto, que vivencia alegrias um ao lado do outro, que se suporta e se apoia, encho-me de um contentamento que só o amor explica: ali está um casal missionário! Quantos têm necessidade deles para acreditar em Deus... São "evangelhos" lidos por muitos.

Calar-se

Desocupação Nas enxurradas de janeiro, uma multidão de irmãos desalojados e desabrigados, que a dor atingiu em cheio. Na vida, uma multidão muito mais numerosa padece de outro mal terrível e inverso: nunca chega a desocuparse de si mesma. Como somos tristes, quando o eu é o centro da vida; como a alegria se faz companheira, quando damos ao outro a primazia!

JA - A Arquidiocese tem um bom número de padres, mas são poucos os que se dedicam às missões. O que falta para que eles assumam esse trabalho? Pe. Paulo - Não é fácil responder a essa pergunta. Prefiro, porém, olhar para essa realidade com otimismo. Realmente são poucos os padres diocesanos que investiram sua vida, ou parte dela, na aventura missionária. O Pe. Lúcio é um grande exemplo nisso, pois

escolheu a Guiné Bissau, um dos países mais pobres do mundo. Apesar das dificuldades, ele renovou por mais cinco anos seu compromisso nessa obra missionária. Dezenas são os nossos sacerdotes que foram em missão na Igreja Irmã de Barra, na Bahia. Centenas de lideres de nossa Arquidiocese, seguindo seus exemplos, anualmente realizam semanas de missão naquela diocese. Sem dúvida, é esse um dos gestos mais significativos de nossa animação missionária. Quero acreditar que, devido ao novo impulso missionário, suscitado pela Conferência de Aparecida, veremos crescer um novo e maior empenho missionário também em nossa Igreja Local.

Carlos Martendal Divulgação/JA

Amar

dral. A imprensa tem sua significativa expressão no "Jornal da Arquidiocese". Sem dúvida, a própria presença de Dom Murilo nos mais diversos MCS muito serviu para impulsionar a sua utilização tendo em vista uma evangelização que atenda às exigências da sociedade moderna.

Jornal da Arquidiocese

Interesse O médico atende com zelo o paciente que vai consultá-lo ou que está hospitalizado, o taxista mostra-se cortês com o passageiro e cuidadoso no trânsito, o professor escuta com atenção a dúvida do aluno e oferece-lhe a resposta com carinho, a mulher passa a camisa do marido com amor, o estudante esforça-se nos deveres de casa e presta atenção nas aulas... Quantos valorizarão cada um desses gestos? Refletindo, ouço a voz do salmista: “Dos altos céus o Senhor olha e observa; Ele se inclina para olhar todos os homens. Ele formou o coração de cada um e por todos os seus atos se interessa” (Sl 32[33],14-15).

Talvez eu já tenha feito outros calar-se, e não deveria. Por certo, tantas vezes falei quando o mais certo seria fazer a mim próprio calar. Grande virtude é o saber falar e, maior ainda, o saber calar.

Fome A luz veio, o Natal passou, o Senhor está conosco. Temos fome de Luz? Se temos essa fome, busquemos saciá-la na Palavra, nos sacramentos, no serviço aos irmãos.

Pena Quando César foi assassinado, o poeta Virgílio, em versos belíssimos, escreveu que “também o sol sentiu pena de Roma”. Quando nós matamos a graça em nossos corações, o Sol sem ocaso sente pena de nós e nos convida a ressuscitar para a vida em abundância. Se aceitamos o convite, poderemos cantar alegremente: “Onde está, ó morte, tua vitória?” (1Cor 15,55).


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Índios realizam graduação na UFSC Guaranis, Kaigangs e Xoklengs realizam o curso criado para contemplar as necessidades indígenas Foto JA

Dos dias 14 a 27 de fevereiro, 120 índios das etnias Guarani, Xokleng e Kaingang estiveram reunidos na Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, em Florianópolis, para realizar a primeira etapa do curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica. Essa é a primeira etapa do curso, que tem duração prevista para quatro anos. Realizado em sistema intensivo, com aulas nas manhãs e tardes, o curso terá duração de quatro anos e reúne índios das várias regiões do Estado. Eles prestaram vestibular no dia 14 de novembro de 2010, que foi aberto ao público em geral, mas com redação em língua indígena. Foram destinadas 40 vagas para cada etnia. Além da aprovação no vestibular, eles tiveram de comprovar a sua pertença a uma comunidade indígena. “Isso, para garantir que darão algum retorno para a comunidade”, disse Clovis Brighenti, do Conselho Indigenista Missionário - CIMI (ligado à CNBB), uma das entidades parceiras na formação. O curso foi gestado ao longo de quatro anos pela Comissão Interinstitucional para Educação Superior Indígena - CIESI, formada por representantes do poder público como a UFSC, Secreta-

ria de Estado da Educação e Fundação Nacional do Índio FUNAI, e instituições não-governamentais, como o CIMI, Conselho de Missões Entre Povos Índios - COMIN, e a Comissão de Apoio aos Povos Indígenas CAPI, além da presença indígena durante sua formulação. As disciplinas são ministradas por professores da UFSC e outros convidados. Todos, com conhecimento da cultura indígena. Nos quatro anos do curso, no primeiro momento os estudantes terão disciplinas voltadas à licenciatura. Eles estão divididos por etnia, e algumas disciplinas são ministradas em suas línguas de origem. Depois, poderão complementar seus estudos com três opções: Licenciatura das Linguagens, com ênfase nas línguas indígenas; Licenciatura em Humanidades, com ênfase nos direitos indígenas; e Licenciatura do Conhecimento Ambiental, com ênfase em gestão ambiental. Nesse momento, a formação será conjunta com as etnias. A graduação específica para os povos indígenas já é comum no Brasil, mas é a primeira em Santa Catarina. É também a primeira vez que, numa segunda etapa do curso, as três etnias realizarão a

Índios ficam atentos às orientações da professora, que tem conhecimento da língua e cultura indígena formação conjuntamente. Estima-se que haja no Estado cerca de 10 mil índios, divididos em três etnias: kaigang, xokleng e guarani. Na Arquidiocese de Florianópolis, há 9 comunidades indígenas, oito delas guarani e outra, mista de guarani com kaigang. Estima-se que haja 700 pessoas morando nessas comunidades.

Abbá Pai promove retiro de espiritualidade contemplativa Nos dias 19 e 20 de fevereiro, a Comunidade Católica Abbá Pai realizou o seu primeiro retiro de espiritualidade contemplativa, na Casa de Retiros Recanto Champagnat, em Florianópolis. O evento foi voltado a formar os vocacionados da comunidade no conhecimento da vida íntima com Cristo. O retiro reuniu 20 vocacionados e dois amigos da Abbá Pai.

O pregador do retiro foi Francisco Catão, doutor em teologia e professor de cristologia e teologia espiritual no Instituto Teológico Pio XI, dos padres salesianos, em São Paulo, amigo da Abbá Pai desde 2007 e colaborador na formação dos seus vocacionados. Nos dois dias, o assessor falou da Palavra de Deus, do modo de viver de Cristo e da contempla-

Uma das prioridades do curso é que os povos indígenas sejam protagonistas de sua própria história. Com a graduação, eles terão um conhecimento mais aprofundado da realidade do homem branco e poderão confrontá-la com a sua cultura. Assim, dialogarão em

pé de igualdade e melhor reivindicarão os seus direitos. Para José Benites, cacique guarani da TI Kuri’y, localizada em Sorocaba de Dentro, em Biguaçu, a graduação é conquista de uma luta de há muito tempo. “É importante adquirir conhecimentos mais aprofundados, para podermos nos organizar interna e externamente e fortalecer a nossa cultura”, disse.

Pe. Vilson prega retiro na Guiné-Bissau, África No dia 14 de fevereiro, Pe. Vilson Groh viajou para a GuinéBissau, na África, para pregar retiro espiritual para os 34 presbíteros da Diocese de Bafatá. Durante o retiro, ele falou sobre sua experiência como ativista social nas comunidades empobrecidas de Florianópolis. Ele retornou no dia 28 de fevereiro.

Em princípio, Dom Murilo Krieger iria pregar o retiro. Com a sua nomeação para a Arquidiocese de Salvador, na Bahia, ficou impossibilitado. Pe. Vilson aceitou o convite e assumiu a missão. Entre os padres que participaram do retiro, estava o Pe. Lúcio Espíndola dos Santos, da nossa Arquidiocese, que desde 2006 representa o Brasil como padre missionário na GuinéBissau. Ele é pároco da paróquia de Empada e trabalha com Dom Pedro Zilli, bispo brasileiro responsável pela diocese. Também está no país africano a Comunidade Católica Divino Oleiro, daqui de Florianópolis. No início de 2010, a comunidade inaugurou uma fraternidade na diocese e mantém três jovens missionáPe. Vilson pregou retiro para 34 padres rios realizando os seus serda Diocese de Bafatá, entre eles o viços para a comunidade. Pe. Lúcio, nosso missionário na África Arquivo/JA

Divulgação/JA

Retiro reuniu 20 vocacionados e dois amigos da Comunidade

ção. “A vida ativa, visando o testemunho da Verdade, é rica quando nasce da contemplação”, disse. “Nós precisamos ser iniciados na Verdade para dar testemunho da Verdade, pois ela é que há de nos libertar”, acrescentou. Segundo Ivano Alves Pereira, coordenador da Abbá Pai, esse retiro pretendia completar a formação realizada, de julho a dezembro do ano passado, em curso ministrado por Madre Marlei, no Carmelo Cristo Redentor, em São José. “No curso refletimos sobre os ensinamentos de Santa Teresa D’Ávila e de Santa Teresinha do Menino Jesus, seguindo a linha da formação contemplativa que agora foi complementada, neste retiro, com os ensinamentos de São Tomás de Aquino”, informou. O evento foi encerrado às 18 horas, após missa presidida pelo orientador espiritual da Abbá Pai, Pe. Ney Brasil Pereira. Mais informações sobre o carisma e a espiritualidade da Abbá são encontrados no site www.abbapai.org.

Protagonismo Indígena


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Jornal da Arquidiocese

Pastoral da Pessoa Idosa forma novas líderes Capacitação criou a Pastoral em mais uma comunidade da Arquidiocese. Agora ela já está em quatro Foto JA

Uma Celebração Eucarística realizada na noite do dia 23 de fevereiro, na comunidade São Pedro, pertencente à paróquia NSra. da Imaculada Conceição da Lagoa, em Florianópolis, marcou a formatura de dez novas lideranças para a Pastoral da Pessoa Idosa. Presidida pelo pároco, Pe. Valdeci Cardoso Vieira, a celebração contou com a presença de representantes das outras três comunidades em que a Pastoral está presente. Por quatro dias, as líderes receberam formação da equipe arquidiocesana, seguindo as dinâmicas do Manual do Capacitador. A formação será complementada com as reuniões mensais de espiritualidade. Boa parte das líderes já realizavam visitas a idosos, mas sem uma formação adequada. A partir do conhecimento da Pastoral, solicitaram a formação. “Ela foi muito importante, pois nos ensinou como realizar a visita e lidar adequadamente com o idoso”, disse Maria Conceição Bitencourt. Para o Pe. Valdeci, a formação de pessoas para o atendimento ao idoso é muito importante, pois o principal na Igreja é a acolhida.

“Muitos idosos dedicaram parte de sua vida à comunidade e hoje estão abandonados em suas casas. Visitá-los é dizer que a Igreja está com eles”, disse. As líderes já realizaram um mapeamento de todos os idosos da comunidade e também já iniciaram a visitação a 24 deles, seguindo as orientações do manual. “Elas realizaram as visitas na comunidade São Pedro, mas a nossa esperança é que, a partir dessa comunidade, outras da paróquia se sensibilizem para esse trabalho”, disse Carmen Mary de Souza Souto, coordenadora da pastoral.

80 líderes formadas A Pastoral da Pessoa Idosa está presente em outras três paróquias da Arquidiocese: na do Sagrado Coração de Jesus, nos Ingleses; na da Santíssima Trindade; e na de N.Sra. da Boa Viagem, no Saco dos Limões, todas em Florianópolis. Ao todo são cerca de 80 líderes formadas e atuantes. Criada em 2004, após a Campanha da Fraternidade 2003, que teve como tema

Mons. Bianchini e a Arquidiocese de Florianópolis Mons. Francisco de Sales Bianchini nos deixou dia 26 de outubro de 2010. As marcas de sua atuação apostólica, contudo, perduram em inúmeros corações. Disso dão testemunho inúmeros jovens e adultos que fizeram uma séria opção de vida cristã, graças ao testemunho e aos ensinamentos desse nosso irmão sacerdote. Há, além disso, um outro legado que Mons. Bianchini deixou à nossa Arquidiocese: seu patrimônio pessoal, fruto, especialmente, de seus anos de magistério na UFSC, em Florianópolis. Deixou, especialmente para a obra das vocações sacerdotais, sua casa, seu carro e o dinheiro que tinha em uma conta poupança. Dou esse testemunho para homenagear a memória de Mons. Bianchini e, também, para assegurar a todos que a obra das vocações sacerdotais muito irá se beneficiar com essa herança material – herança que me foi entregue, está em poder da Arquidiocese de Florianópolis e já está sendo usada na manutenção de nossos seminários. Florianópolis, 15 de fevereiro de 2011. Dom Murilo S.R. Krieger, scj Administrador Apostólico de Florianópolis

Celebração marcou a formatura de mais dez líderes da Pastoral da Pessoa Idosa. Elas realizaram um levantamento dos idosos a serem visitados na comunidade e já estão realizando as visitas semanais. “Fraternidade e Pessoas Idosas”, a Pastoral da Pessoa Idosa tem o objetivo de promover a dignidade e a valorização integral das pessoas com mais de 60 anos,

necessitadas. No Regional Sul IV da CNBB (SC), a Pastoral está presente em seis dioceses, realizando mais de 2.600 visitas. Os interessados em conhecer

o trabalho ou solicitar a formação, devem entrar em contato pelos fones (48) 9119-8029 ou 3207-6200, ou pelo e-mail carmensouto58@yahoo.com.br.

Pastoral Carcerária: 40 anos da LAFAM/ASBEDIM Voluntários comemoraram aniversário de seu coordenador arquidiocesano e da Associação São Dimas No dia 25 de fevereiro, os voluntários da Pastoral Carcerária (PCr) de Florianópolis reuniram-se na sua sede por dois motivos: primeiro, para comemorar os 55 anos de ordenação presbiteral do seu Coordenador arquidiocesano, Pe. Ney Brasil e, segundo, para dar início à comemoração dos 40 anos de fundação da LAFAM, “Legião de Assistência à Família”, criada por Irmã Maria Uliano em 1971, continuada por Ir. Ana Marta e por Pedro Longo, e reconstituída em 2005, com o nome de “Associação Beneficente São Dimas”, ASBEDIM, com estatutos adaptados à nova lei das sociedades civis.

Além das visitas aos presos, finalidade principal da PCr, a ASBEDIM, presidida primeiro pelo Sr. Pedro Longo e, desde 2009, por Dna Leila Pivatto, tem levantado fundos e, mesmo, empreendido melhoramentos no Presídio Masculino. Construiu nova ala, com dois pisos, incluindo o pátio da galeria C, e espaços para aulas e oficinas. No momento empenha-se em concluir novo espaço para outra oficina e para um consultório odontológico. Voluntários de Florianópolis começaram também a visitar o Complexo Penitenciário de São Pedro de Alcântara, às segundas feiras, para animar os voluntários de lá. A Pas-

toral mantém, desde junho de 2004, o programa “Jesus liberta”, na rádio Cultura “Mais feliz com Jesus”, AM 2010, aos sábados, das 16 às 16h30min, a cargo do voluntário Clésio de Luca. Agora, desde fevereiro, dispõe de um blog http://pastoral carcerariaflorianopolis. blogspot.com a cargo da Adv. Tamara R. Cardoso. O Presídio Feminino está sendo atendido, dois dias por semana, pela Assistente Social Taise Zanotto. Há ainda o site www.pastoral carceraria.org. Aos interessados em ajudar, também como voluntários para as visitas, ligar para (48) 2107-2323 ou 3879-2168.

Encontro dos Ex-alunos de Azambuja A Associação dos Ex-Alunos do Seminário de Azambuja – AESA, estará promovendo nos dias 01 a 03 de abril a 16ª edição do encontro entre os ex-estudantes do Seminário. Durante o encontro, que é realizado a cada dois anos, ha-

verá a inauguração da piscina, lançamento do novo site do Seminário e Assembleia Geral da Associação. O encontro será encerrado com missa solene presidida pelos bispos que estudaram no seminário. “Será uma oportunidade para

os colegas de seminário se reencontrarem”, disse Ernesto José de Souza, presidente da AESA. Mais informações pelos fones (47) 3396-6276, ou (48) 3228-4649/ 9915-4132, ou ainda pelo e-mail aesa-1975@hotmail.com


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