Aprendizagem Corporativa On-Line: Uma Arquitetura de LCMS para Conteúdos Específicos Evanda A. Araújo1, José Aires de Castro Filho1,2 , Verônica L. Pimentel de Sousa1,3 1
Mestrado Integrado Profissional em Computação Aplicada – MPCOMP – Universidade Estadual do Ceará – UECE – Fortaleza, CE – Brasil
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Programa de Pós-graduação em Educação Brasileira – Universidade Federal do Ceará – UFC – Fortaleza, CE – Brasil 3
Laboratório Multiinstitucional de Redes e Sistemas Multimídia (LAR) – Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará – CEFET-CE – Fortaleza, CE – Brasil evanda@tre-ce.gov.br, aires@virtual.ufc.br, veronica@cefet-ce.br Abstract. This work proposes an architecture of e-Learning environment at Brazilian Electoral Justice (JE) that aims at integrating a learning management system (LMS) with an educational content global storage system, a Learning Objects Repository (LOR), providing LMS with functionalities of a Learning Content Management System (LCMS). The educational contents are modeled as Learning Objects (LO) in distributed repositories that converge to an unified specific knowledge metadata-based catalogue. Resumo. Este artigo propõe uma arquitetura de e-Learning para a Justiça Eleitoral (JE). Funcionalidades de armazenamento de conteúdos educacionais em Repositório de Objetos de Aprendizagem (LOR) são integradas ao LMS (Moodle), constituindo-se em um LCMS. Na arquitetura proposta, denominada TRE-Aprender, os conteúdos são modelados como Objetos de Aprendizagem (OA) e convergem em um repositório unificado e específico de conhecimento e competências da organização.
1. Introdução Um novo modelo de aprendizagem nas empresas emerge na sociedade do conhecimento. Valoriza-se o trabalho em equipe e a reciclagem contínua do profissional. As instituições refletem sobre a necessidade de estruturar os programas de capacitação e a qualidade dos serviços prestados, fazendo surgir o conceito de Educação Corporativa, voltada para as competências dos funcionários. Vários fatores motivam a adoção de tecnologia de aprendizagem e e-Learning nos projetos de Educação Corporativa. Algumas propostas apóiam-se em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) ou Learning Management Systems (LMS), tais como o AulaNet, numa abordagem baseada no trabalho cooperativo, e o TelEduc, ambos de livre distribuição. Instituições públicas e privadas usam os LMS em suas capacitações, como é o caso da Justiça Eleitoral (JE). O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), contexto local desta proposta, está implantando programas de capacitação permanente aos seus servidores combinando treinamentos presenciais e aprendizagem on-line.
Dentre as diretrizes estratégicas da JE, destacam-se a adoção de um sistema LMS único, o Moodle, bem como a preparação e o compartilhamento de materiais instrucionais. Este trabalho propõe uma arquitetura integrada em torno de repositórios de conteúdos internos e externos aos TRE’s, visando ao e-Learning. Em [Araújo 2007] são detalhados os aspectos de aprendizagem corporativa e da integração de LMS a sistemas de repositórios de objetos de aprendizagem (LOR), com aplicação prática da arquitetura, denominada TRE-Aprender, sua especificação e design, no contexto do TRE-CE. A seguir discute-se o método de representação do conhecimento através de objetos de aprendizagem (OA) e fundamenta-se o uso dos LMS e LOR; Descrevem-se trabalhos relacionados à integração de LOR/LMS; Apresenta-se a arquitetura do TREAprender e por fim, mostram-se as conclusões do trabalho.
2. Objetos de Aprendizagem (OA), Repositórios (LOR), LCMS (LMS+LOR) O processo de criação de conteúdos educacionais de qualidade é um trabalho que requer a colaboração dos especialistas de áreas multidisciplinares. Para potencializar interoperabilidade, colaboração e reuso, os Objetos de Aprendizagem (OA) mostram-se adequados para representar conteúdos de e-Learning. A idéia principal do OA é quebrar um conteúdo instrucional em pequenos pedaços reutilizáveis e adaptáveis a diferentes sistemas. Os OA devem ser indexados em bases de dados ou repositórios (LOR Learning Object Repositories) para serem melhor compartilhados, recuperados e reutilizados por pessoas e sistemas [Varlamis e Apostolakis 2006]. A indexação e catalogação dos objetos são facilitadas por uma série de descritores, os metadados. Os AVA ou LMS são sistemas que oferecem mecanismos de gerenciamento das atividades de ensino-aprendizagem e tornam-se a base da implantação de e-Learning. Por sua vez, a tecnologia de OA, quando incorporada aos LMS, amplia e facilita a localização e reuso de conteúdos educacionais em sistemas de e-Learning. A crescente sistematização dos LMS e a necessidade de compartilhar e integrar novos conteúdos através dos repositórios de OA (LORs), fizeram emergir uma abordagem de gerenciamento integrado de e-Learning, por Sistemas de Gerenciamento de Conteúdos de Aprendizagem (Learning Content Management Systems – LCMS) que constituem a proposta de integração dos dois tipos de sistemas citados. Enquanto os LMS administram cursos on-line, os LORs permitem a plena interoperabilidade de conteúdos específicos e significativos, formando, em torno deles, redes ou comunidades virtuais temáticas. Alguns trabalhos citam os LOR como LCMS, entretanto o LCMS apresenta muito mais funcionalidades do que um simples LOR, que é apenas um dos componentes do LCMS e pode existir independentemente deste [Cohen e Nycz 2006].
3. Trabalhos Relacionados Vários trabalhos enfocam o desenvolvimento de LOR por meio de consórcios entre universidades e empresas, visando à formação continuada. Porém, a gerência de objetos digitais no meio corporativo parece restrita a soluções de armazenamento e gerenciamento do próprio LMS. Recentemente, surgiram projetos avançados que integram LOR independentes a um LMS, comercial ou open source. [Pimentel de Sousa 2003] apresenta a ferramenta ENREDO, que permite a catalogação e a busca semântica de OA (no padrão LOM), para acesso de uma
comunidade de professores numa infra-estrutura independente de LMS, constituindo uma rede virtual P2P (Peer-to-Peer) entre LORs. A integração do LOR ENREDO pode ser feita com qualquer LMS, ficando para o ENREDO o gerenciamento dos metadados associados aos OA [Pimentel de Sousa 2007]. Vandepitte et al. (2003) propuseram uma arquitetura na qual um bloco adicional estende a plataforma de LMS Blackboard, habilitando a sua integração com sistemas externos. Broisin et al. (2006) desenvolveram uma arquitetura denominda Learning Object Virtualization (LOV) que propõe uma interface de interoperabilidade entre um LMS e repositórios, utilizado em um projeto de educação continuada na França (E-Miage). Parra e Xavier (2006) apresentaram um framework de integração, utilizando o LOR Ariadne e o LMS SidWeb. Destacam-se, neste contexto, os sistemas que permitem a gerência de conteúdos integrada à gerência da aprendizagem. [Cohen e Nycz 2006] citam alguns LCMS, tais como o open source BELTS (Basic e-Learning Tool Set) e o comercial Blackboard Academic Suite. Há ainda o LCMS comercial HarvestRoad Hive®, que fornece para as organizações uma espécie de ponte de conteúdos entre o LMS Moodle e outros LMS.
4. Apresentando a Arquitetura TRE-Aprender Diante da necessidade de implantar métodos e modelos que respaldem a implementação de sistemas integrados de e-Learning no TRE-CE, buscou-se apoio na interoperabilidade semântica [Pimentel de Sousa 2003], e nas especificidades e necessidades do TRE-CE [Araújo, Rios e Pimentel de Sousa 2007]. Propõe-se o compartilhamento de materiais digitais internos da JE e a estruturação de OA em repositórios padronizados distribuídos na organização. Estrutura-se um ambiente de aprendizagem on-line que beneficia os servidores do TRE-CE com uma capacitação contínua no local de trabalho e acesso facilitado a conteúdos específicos. Os cursos são disponibilizados utilizando a rede corporativa segura (intranet/extranet) da JE, e um “Catálogo de Formação Contínua” é inserido no LMS Moodle [Araújo 2007]. Os requisitos da arquitetura TRE-Aprender foram: i) Repositório padronizado de OA da JE. No TRE-CE, denominou-se LOR-TRE; ii) Controle de Acesso aos Repositórios, com autenticação no Portal do TRE-Aprender; iii) Gerenciamento da capacitação formal e informal; e iv) Integração do LOR-TRE ao LMS.
Figura 1 – Modelagem Estática do TRE-Aprender.
Os componentes da arquitetura são: Portal do TRE-Aprender: canal único de acesso a todos os eventos de Educação Corporativa do TRE-CE; LMS: sistema de Gerenciamento de Cursos Moodle; LOR-TRE: sistema de gerenciamento de OA
específicos do contexto eleitoral, armazenados em repositórios indexados por meio de metadados (ex. LOM), em bases XML. Repositório de Metadados: identifica e indexa os OA armazenados em bancos de dados XML. Repositório de Conteúdos Educacionais: são os conteúdos em si, distribuídos em variados tipos e codificação.
5. Conclusões A integração de um LMS, o Moodle, com um sistema de repositórios de OA pode otimizar atividades de educação corporativa. O conteúdo é selecionado na medida certa, no momento em que se necessita dele e na precisão exata do conhecimento solicitado. Percebe-se que os projetos de repositórios de objetos educacionais estão em expansão. No Brasil destaca-se o projeto Rived, apoiado pelo MEC [Prata e Nascimento 2007] prevendo produção e utilização de conteúdos pedagógicos digitais em projetos de ensino. Mais recentemente, o Projeto Inter-Red, desenvolvido no CEFET-CE, também implantado pelo MEC, em 2006, implanta uma “rede temática” de compartilhamento de OA para a comunidade específica de educação profissional e tecnológica, com base na interoperabilidade semântica entre LMS diferentes [Pimentel de Sousa 2003]. Na continuidade deste trabalho, pretende-se o refinamento das especificações, a implementação e a implantação do TRE-Aprender. A arquitetura aqui proposta pode ser aplicada, com suas devidas adaptações, a outros ambientes corporativos. O TRE-CE poderá ser a sede para experimentação de um projeto-piloto real, dada a experiência adquirida com este estudo na área de e-Learning focada em Educação Corporativa.
Referências Bibliográficas Araújo, E.; Rios, L. C. G.; Pimentel de Sousa, V. L. (2007). “Reflexões sobre o Ensino a Distância através de um Modelo de Aprendizagem Online na Justiça Eleitoral do Ceará”. 13º Congresso Internacional de Educação a Distância, ABED, Curitiba. Araújo, E. (2007). “Uma Arquitetura de LCMS para Aprendizagem Corporativa On-line”. Dissertação (Mestrado Profissional em Computação Aplicada), UECE, Fortaleza, Ceará. Cohen, E. B.; Nycz, M. (2006). “Learning Objects and E-learning: an Informing Science Perspective”. In: Interdisciplinary Journal of Knowledge and Learning Objects, v. 2. Parra, G.; Xavier, X. O. (2006). “Integration of Learning Object Repositories with Learning Management Systems”. In: 1era LACLO, Guayaquil, Equador. Pimentel de Sousa, V. L. (2003). “A Distributed Architecture for the Semantic Interoperability between Learning Platforms”. Tese (Doutorado), Université Paris 6, Paris. Pimentel de Sousa, V. L. (2007) Projeto Inter-Red: Uma Contribuição para a Educação Profissional e Tecnológica. Resumo. In: II Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte Nordeste de Educação Tecnológica, 2007, João Pessoa. Prata, C.; Nascimento, A. C. A. (2007). Objetos de Aprendizagem - Uma proposta de Recurso Pedagógico. 01 ed. Brasília: MEC, SEED - Ministério da Educação, Secretaria de Educação a Distância, 2007, v. 01, p. 17-26. Vandepitte, P. et al. (2003). “Bridging an LCMS and an LMS: a Blackboard Building Block for the ARIADNE Knowledge Pool System”. Proceedings of ED-MEDIA , Havaí, USA. Varlamis I.; Apostolakis I. (2006). “The Present and Future of Standards for E-learning Technologies”. Interdisciplinary Journal of Knowledge and Learning Objects, v. 2.