GRADUAÇÃO PROFISSIONAL
© 2014. Universidade Salvador – UNIFACS – Laureate International Universities É proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização. Graduação Profissional
Universidade Salvador – UNIFACS Diretor Presidente
Marcelo Henrik Chanceler
Manoel Joaquim Fernandes de Barros Sobrinho Reitora
Marcia Pereira Fernandes de Barros Diretor de Educação Corporativa & Novos Projetos
Adriano Lima de Barbosa Miranda Pró-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Comunitária
Carolina de Andrade Spinola Coordenadora do Eixo de Formação Humanística
Sílvia Rita Magalhães de Olinda Graduação Profissional UNIFACS Coordenador Geral de EAD, GPRO e Extensão
Luciano Pena Almeida de Souza Coordenador de Informações e Processos
Péricles Nogueira Magalhães Junior Coordenadora de Design Educacional
Agnes Oliveira Bezerra Assessora Pedagógica
Monica de Souza Massa Coordenadora do Curso
Verena de Sousa Alcantara Supervisor de Produção de Mídias
Jorge Antonio Santos Alves Designers
Adusterlina Cerqueira Lordello Carlos Eduardo Cova Santos Helder Matos Santos Thiago Gomes Monteiro Penha Revisão / estrutura
Noemia Carla Santana Reis Séfora Joca Maciel Sonildes de Jesus Sousa Tatiana Souza Motta
GPRO UNIFACS - Alameda das Espatódias, 915 - Caminho das Árvores CEP. 41820-460 UNIFACS Atende (Salvador): (71) 3021-2800 - Demais Localidades: 0800-284-0212 - http://graduacaoprofissional. unifacs.br/
SUMÁRIO GESTÃO E ANÁLISE DE PROJETOS E INVESTIMENTO.................................................................. 5 AULA 01 - AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS DE CAPITAL........................................................................................................9 AULA 02 - VALOR PRESENTE LÍQUIDO E OUTROS CRITÉRIOS DE INVESTIMENTOS................................................... 15 AULA 03 - CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO...................................................................... 23 AULA 04 - TOMADA DE DECISÕES DE INVESTIMENTO.......................................................................................................... 29 AULA 05 - DECISÕES DE FINANCIAMENTO A LONGO PRAZO: CUSTO DE CAPITAL E CRIAÇÃO DE VALOR E FONTES DE FINANCIAMENTO A LONGO PRAZO NO BRASIL........................................................................... 35 AULA 06 - ALAVANCAGEM E ESTRUTURA DE CAPITAL......................................................................................................... 41 AULA 07 - PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO E DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE ORÇAMENTO............................................... 49 AULA 08 - SISTEMAS ORÇAMENTARIOS INTEGRADOS......................................................................................................... 55 AULA 09 - CONTROLE ORÇAMENTÁRIO E TIPOS DE ORÇAMENTOS................................................................................ 61 AULA 10 - ORÇAMENTO DE COMPRAS, ORÇAMENTO DE MÃO DE OBRA, ORÇAMENTO DE CAIXA E DE CAPITAL......................................................................................................................................................................................... 69
GESTÃO E ANÁLISE DE PROJETOS E INVESTIMENTO Autores: Adelmo Fernando Ribeiro Schindler Junior e Regina Jacqueline Brandão
APRESENTAÇÃO Prezado (a) Educando (a),
Na disciplina Finanças de longo prazo, conheceremos e discutiremos sobre alguns dos assuntos mais significativos da área administrativa. Vamos estudar e analisar as principais estratégias financeiras adotadas nas organizações visando otimizar os processos internos e externos da empresa, em busca de uma melhor situação financeira ao longo da sua trajetória. O objetivo desta disciplina é possibilitar a melhora do raciocínio de planejamento estratégico, habilitando o aluno a identificar e qualificar situações e procedimentos que ocorrem no cotidiano das empresas, para identificar oportunidades de negociação, para garantir a eficiência do setor de vendas, para coordenar a equipe de marketing, para a elaboração de estratégias e, para o constante crescimento da empresa através das constantes análises da situação financeira em que se encontram. Nossa disciplina está dividida em 10 aulas. Na aula um, AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS DE CAPITAL, faremos uma introdução ao entendimento do que é a avaliação de investimentos, verificando ainda o conceito e tipificação de investimentos, definição do valor residual, a importância e utilização do fluxo de caixa. Na aula dois, VALOR PRESENTE LÍQUIDO E OUTROS CRITÉRIOS DE INVESTIMENTOS, entenderemos os principais métodos de avaliação da viabilidade de um projeto, estudando assuntos com o VPL e o IL. Na aula três, CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO, conheceremos alguns dos principais conceitos relativos ao setor financeiro e qual sua importância dentro da organização. Na aula quatro, TOMADA DE DECISÕES DE INVESTIMENTO, vamos procurar entender e identificar as oportunidades de mercado e como, a partir dessas informações, podemos nos preparar para as tomadas de decisão. Na aula cinco, DECISÕES DE FINANCIAMENTO EM LONGO PRAZO: CUSTO DE CAPITAL E CRIAÇÃO DE VALOR E FONTES DE FINANCIAMENTO EM LONGO PRAZO NO BRASIL, analisaremos o mercado brasileiro em relação à questão do mercado financeiro. Na aula seis, ALAVANCAGEM E ESTRUTURA DE CAPITAL, compreenderemos os esforços que devem ser analisados visando alavancar a empresa a um patamar mais elevado dentro do mercado em que está inserida. Na aula sete, PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO E DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE ORÇAMENTO, veremos as estratégias empregadas para a realização do
planejamento estratégico que garanta a empresa estabilidade financeira para gerir suas atividades. Na aula oito, SISTEMAS ORÇAMENTÁRIOS INTEGRADOS, faremos a análise de como o orçamento influencia direta ou indiretamente a empresa. Na aula nove, CONTROLE ORÇAMENTÁRIO E TIPOS DE ORÇAMENTOS, faremos um aprofundamento na questão orçamentária, definindo tipos e classificando o orçamento conforme sua utilidade. E, por fim, na aula dez, ORÇAMENTO DE COMPRAS, ORÇAMENTO DE MÃO DE OBRA, ORÇAMENTO DE CAIXA E DE CAPITAL, veremos como devemos adequar o setor financeiro para que sempre exista disponibilidade de recursos para prosseguir com os projetos. Acredito que o estudo dessa disciplina será prazeroso e interessante, afinal se trata de um assunto amplamente discutido na sociedade e, com certeza, fará parte do seu cotidiano profissional. Bom estudo!
Prof. Adriano Moitinho
AULA 01 - AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS DE CAPITAL
Autora: Regina Jacqueline Brandão “Um homem feliz é como um barco que navega com vento favorável.”
(Provérbio Chinês)
Olá,
gestão e análise de projetos e investimento
9
Esta aula representa o primeiro contato com a disciplina Investimento, Estrutura e Custo de Capital, e tem como objetivo dar prosseguimento ao conteúdo essencial da área financeira do curso de Administração para que você seja capaz de identificar as situações onde são necessários os conhecimentos sobre investimentos para resolução de problemas. Espero que se familiarize rapidamente com mais esses conceitos, métodos e ferramentas que facilitam a tomada de decisão e que são vitais para o gestor atual. Inicialmente, devemos lembrar que as atividades de investimento estão relacionadas à aplicação de recursos em caráter temporário ou permanente e visam dar suporte a atividades operacionais. É importante também salientar que investimento de capital é o mesmo que investimento de longo prazo, e que tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica diariamente defrontam-se com mais de uma alternativa de investimento. Vamos agora rever alguns conceitos, tais como a natureza dos principais projetos de investimento, ou seja, os principais tipos de projeto de investimento são:
investimento economicamente independente: são aqueles cujos fluxos de caixa não estão relacionados, ou seja, a aceitação de um não implica a desconsideração dos demais, podendo ser aceitos de forma simultânea. Nesta situação ocorre a aprovação dos melhores e rejeição dos piores, de acordo com o(s) critério(s) adotado(s). Exemplo: aquisição de uma empilhadeira e compra de um sistema de gestão integrada; investimentos economicamente dependentes: são aqueles cujos fluxos de caixa sofrem influências positivas ou negativas sobre entradas de caixa de outros, ou seja, a aceitação de um exerce influência sobre o outro ou depende da implementação do outro; investimentos mutuamente excludentes: são aqueles que possuem a mesma função e, por isso, competem entre si, ou seja, a aceitação de uma proposta elimina totalmente a possibilidade de implementação da outra. Neste caso, ocorre a aprovação do melhor e a rejeição dos demais; investimentos com dependência estatística: são aqueles que apresentam variações conjuntas em seus resultados ao longo do tempo, estando associado aos mesmos eventos externos.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
10
Segundo Lemes e Cherobin (2002), alguns critérios devem ser considerados para implantação de um projeto:
critérios econômicos: rentabilidade do investimento em carteira, isto é, obtenção do maior retorno; critérios financeiros: disponibilidade de recursos e os efeitos do investimento na situação financeira da empresa (por exemplo, como afeta o capital de giro); critérios imponderáveis: são aqueles que não podem ser reduzidos a valores monetários, não sendo, portanto, considerados num estudo puramente econômico. Sua avaliação é puramente subjetiva.
Isto faz com que os resultados de estudos puramente econômicos não sejam os únicos fatores a serem considerados na decisão final. Agora que nos lembramos dos principais tipos de projeto e após ponderarmos sobre alguns critérios, e realizarmos a classificação dos projetos tecnicamente corretos, é imprescindível que a escolha de um em detrimento de outro considere aspectos econômicos. E é a engenharia econômica que tem por finalidade possibilitar a escolha da melhor alternativa de investimento, através de métodos de análise específicos. Vale
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
lembrar que, segundo Hoji (2007), as decisões de investimento devem ser tomadas com base em informações cuidadosamente analisadas, pois comprometem os recursos de uma empresa por longo tempo e seu retorno efetivo pode ser somente estimado no presente, o que gera incertezas. Logo, para a tomada de decisão, um investimento deve ser comparável com outro investimento, como por exemplo, uma empresa de cosméticos pode investir em pesquisa e desenvolvimento ou comprar a tecnologia disponível no mercado, essa decisão vai depender não só do retorno, como também do recurso disponível. Por esse motivo, para dar suporte às decisões de investimento, as análises de viabilidade devem ser baseadas em métodos e critérios que demonstrem os retornos oriundos desses investimentos. Porém, não podemos nos esquecer dos riscos inerentes a essas operações. É importante também frisar que investir consiste em fazer um desembolso hoje, visando à obtenção de fluxos de caixa futuros. Por esse motivo, ao se realizar a análise da viabilidade de investimentos, devemos nos preocupar em verificar quais serão os benefícios futuros advindos deste investimento e se eles compensam os gastos realizados. Segundo Bruni (2003), para construir previsões acerca dos fluxos de caixa gerados pelo investimento, a primeira etapa consiste em definir qual o horizonte de análise a ser utilizado, que é denominado horizonte de projeção. Ainda segundo o mesmo autor, as estimativas futuras são realizadas com base em três elementos principais (BRUNI, 2003):
ou seja, se o investimento consiste na aquisição de uma máquina, no seu cálculo devem ser considerados os gastos com transporte e montagem da máquina e o treinamento dos funcionários se este for necessário para sua operação. Porém, se essa máquina substitui uma sucateada, o valor de venda da sucata deve ser deduzido do investimento inicial; Fluxos de caixa incrementais ao longo da vida do projeto: representa um dos mais importantes conceitos em finanças e, especificamente, no processo de tomada de decisões financeiras. Por incremento, entende-se a alteração ocorrida nos fluxos de caixa da empresa em função da realização do investimento. A estimativa de fluxos incrementais deve considerar: uma situação base sem projeto que determina um fluxo de caixa: na literatura essa
11 gestão e análise de projetos e investimento
Investimento inicial: que corresponde a todos os gastos incorridos no investimento,
situação é identificada como “state of nature” ou estado da natureza. uma situação nova gerada pelo projeto que determina um segundo fluxo de caixa distinto do fluxo de caixa de base. Valor líquido de venda de ativos realizados ou liquidados: por valor líquido entende-se o valor de venda, abatido dos impostos incidentes. Veja o exemplo a seguir: Descrição Valor de venda (-) Valor contábil Resultado não operacional decorrente da venda (-) Imposto de renda sobre o resultado (30%) Resultado líquido a considerar no fluxo de caixa
Valor (R$) 70.000,00 (8.500,00) 61.500,00 (18.450,00) 43.050,00
Quadro 1: Valor de venda Fonte: Bruni (2003)
Investimentos e desinvestimentos em capital de giro: as aplicações e desaplicações de recursos no capital de giro incremental necessário ao investimento devem ser consideradas. Vale ressaltar que, muitas vezes, os incrementos no capital de giro estão associados aos volumes de receitas futuras e são integralmente sacados do investimento no final do horizonte de análise. Valor residual: que corresponde a quanto valeriam os equipamentos no final do horizonte de análise do investimento. Por exemplo, no caso de uma máquina industrial, corresponde ao valor depreciado do bem após n períodos de uso.
Resumidamente, pode-se então dizer que um projeto (uma alternativa de investimento) deve ser valorado conforme sua natureza e dentro de determinado horizonte econômico-financeiro, e que este processo deve considerar os riscos e incertezas inerentes ao projeto, os retornos esperados, o custo do capital investido, a taxa interna de retorno, o tempo de retorno e o fluxo de caixa (as entradas e saídas correspondentes). É necessário assinalar que o ponto principal da tomada de decisões financeiras é o entendimento do fluxo de caixa e que, para construir sua estimativa, basta analisar as entradas e saídas de capital. Outro conceito importante é o do Fluxo de caixa livre (FCL), o qual pode ser definido como o fluxo gerado pelas operações da empresa, disponível para todos os seus fornecedores de capital, seja próprio ou de terceiros.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
12
O FCL representa a diferença entre as entradas operacionais de caixa e as suas saídas, e é composto do lucro operacional após os impostos, mais a depreciação, menos quaisquer investimentos feitos em ativos que sejam necessários para a continuidade das operações da empresa, de acordo com a estratégia empresarial determinada. Isso inclui investimentos em capital de giro, em ativo permanente, e quaisquer outros investimentos em ativos. Porém, o FCL não leva em conta qualquer fluxo decorrente da remuneração do capital, como juros e dividendos. No quadro a seguir uma forma de obtenção do fluxo de caixa livre.
(+) Receitas (-) Custos e despesas variáveis (-) Custos e despesas fixos (exceto depreciação) (-) Depreciação = Lucro operacional tributável (-) Imposto de renda (+) Depreciação = Fluxo de caixa operacional (FCO) (+/-) Investimentos ou desinvestimentos líquidos em equipamentos (+/-) Investimentos ou desinvestimentos líquidos em capital de giro = Fluxo de caixa livre (FCL) Quadro 2: Fluxo de caixa Fonte: Bruni, 2003
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Cabe lembrar que todas as decisões financeiras da empresa estão ligadas ao objetivo de criação de valor e maximização da riqueza dos acionistas e que os modelos de avaliação mais coerentes com a moderna teoria das finanças são baseados nos fluxos de caixa descontado (FDC), no qual um ativo é avaliado por sua riqueza econômica esperada no futuro, descontado por uma taxa que reflete o custo de oportunidade dos provedores de capital. O método de Fluxo de Caixa Descontado está voltado para apuração da riqueza absoluta do investimento. Nele, a avaliação é processada com base nos fluxos de caixa de natureza operacional, ou seja, nele apenas os valores associados aos ativos sob análise devem ser considerados. Nesse caso, o risco é incorporado na avaliação econômica de investimento, respeitadas as preferências do investidor. Além disso, a decisão identifica o valor presente do ativo com base na taxa de desconto apropriada para remunerar o capital. O FCD pressupõe que um investidor somente abre mão de um consumo atual em troca de um consumo maior no futuro. Na próxima aula, daremos sequência ao tema avaliação de investimentos e veremos os métodos usados para a avaliação dentre os quais teremos: valor presente líquido (VPL), valor futuro líquido (VFL), valor uniforme líquido (VUL), taxa interna de retorno (TIR), payback (prazo de retorno) e índice de lucratividade (IL), pois são essenciais para a compreensão do processo de avaliação de investimento.
Nessa aula, vimos os conceitos necessários para a nossa caminhada nesta disciplina. Dentre eles, o de investimento, valor residual e o de fluxo de caixa, os quais nos possibilitarão fazer a avaliação dos investimentos de forma correta.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO Uma empresa que atua no mercado baiano há mais de dez anos prepara-se para lançar um novo produto ecologicamente correto, visando atender uma clientela
13 gestão e análise de projetos e investimento
SÍNTESE
fiel à marca que deseja esse produto. Por esse motivo, as vendas anuais estimadas são iguais a R$ 2.350.000,00. Considere que o produto não possui substituto e a empresa ainda prevê que 15% das vendas estimadas sejam dos consumidores fiéis que deixarão de adquirir outro produto da empresa, pois passarão a comprar o novo produto. Obtenha o volume de receitas a ser considerado, para efeito do cálculo do fluxo de caixa.
LEITURA INDICADA
________________________ Para aprofundamento do conteúdo estudado nesta aula, sugerimos a leitura do ________________________ ________________________ seguinte texto. ________________________ O capítulo 2 do livro As decisões de investimento, de Adriano Leal Bruni e Ru________________________ bens Fama, editado pela Atlas, em 2003. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ REFERÊNCIAS ________________________ ________________________ GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson Educacion do Brasil, ________________________ 2004. ________________________ ________________________ LEMES JUNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIN, A. P. M. S. Administração financeira. Princípios, Fundamentos ________________________ e Práticas Brasileiras. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestĂŁo e anĂĄlise de projetos e investimento
14
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
TROS CRITÉRIOS DE INVESTIMENTOS Autora: Regina Jacqueline Brandão
“A dúvida é o princípio da sabedoria”
(Aristóteles)
Olá,
Essa aula tem como objetivo apresentar algumas das modelagens matemáticas
15 gestão e análise de projetos e investimento
AULA 02 - VALOR PRESENTE LÍQUIDO E OU-
mais utilizadas pela gestão financeira para otimizar e mensurar os resultados obtidos dentro da empresa. Estudaremos, nesta aula, os conceitos de VPL (valor presente liquido), TIR (taxa interna de retorno) e IL (índice de lucratividade).
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO FINANCEIRA Para o gestor financeiro o seu ciclo de conhecimento estará incompleto se não houver um domínio dos métodos de avaliação de investimento. Sabe-se que um projeto de investimento, quer seja de implantação ou de ampliação, mobiliza recursos da ________________________ organização, oriundos de seu próprio patrimônio (recursos próprios) ou da contração ________________________ de dívidas (recursos de terceiros). Vale ressaltar que o objetivo dessa mobilização é trazer resultados futuros melhores para a empresa. Daí, a importância de cercar-se de cuidados para minimizar tanto quanto possível, os riscos inerentes a todo investimento. Projetos de investimentos, em geral, dizem respeito a ativos fixos, são de longo prazo, e exigem grandes desembolsos. São vitais para a empresa. Cabe salientar que, segundo Samanez (2002, p. 253), são cinco as principais etapas do processo de avaliação de um projeto de investimento ou valoração de um ativo real, a saber: estimativa dos fluxos de caixa incrementais, depois de impostos, esperados para o projeto; avaliação do risco do projeto e determinação da taxa de desconto ( custo de oportunidade de capital) para o desconto dos fluxos de caixa incrementais futuros esperados; cálculo dos indicadores econômicos, especialmente o Valor Presente Líquido (VPL); reconhecimento das limitações do modelo, estimativa, valoração e incorporação na análise dos intangíveis associados ao projeto; tomada de decisões.
O Professor Antonio Raimundo Magalhães (2005, p.71) ressalta que, em projetos de investimento, o paradigma estabelecido é: “A empresa somente deve aceitar investir em projetos que apresentem um rendimento maior que o custo de capital que financia a empresa”.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
16
Os métodos mais comuns de avaliação financeira de projetos de investimentos são: Payback simples; Valor presente líquido (VPL) e Taxa interna de retorno (TIR). Além desses, existem o Valor futuro líquido (VFL); Valor uniforme líquido (VUL) e o Índice de lucratividade (IL), dentre outros. Agora passaremos a um breve exame e aplicação desses métodos.
MÉTODO 1: PAYBACK SIMPLES Técnica usada para determinar o tempo de retorno do capital empregado num projeto. Busca estabelecer o tempo que o investimento inicial levará para se igualar aos fluxos de retorno do projeto. A operacionalização do método não passa de contas de subtração do montante investido pelos diversos fluxos, até se obter a igualdade do investimento aos retornos. Confere-se, então, qual o período em que a igualdade foi obtida. Caso essa igualdade não seja exatamente no período inteiro, faz-se uma regra de três simples para avaliar a fração de período que completa o valor do investimento. Ao se atingir esse ponto, soma-se os períodos necessários e se compara ao tempo pré-estabelecido. Se o tempo de retorno do projeto é menor ou igual ao previsto, aprova-se o projeto. Esse método não leva em conta o valor do dinheiro no tempo, desprezando a variação causada pela taxa de juros. É aplicado para investimentos de curto prazo, nos
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
quais a variação do valor do dinheiro no tempo não tenha peso significativo.
Exemplo: Considere que uma pequena empresa analisa a realização de um investimento de $25.000,00 e estima que resulte do mesmo os seguintes retornos nos próximos cinco anos: $12.000,00, $11.000,00, $10.000,00, $9.000,00 e $24.000,00, respectivamente. Obtenha o payback do projeto.
Investimento 0
Retorno
25.000
Caixa (25.000)
1
12.000
(13.000)
2
11.000
(2.000)
3
10.000
8.000
4
9.000
17.000
5
24.000
41.000
No segundo ano faltava recuperar $2.000, porém, no terceiro ano, a empresa já possuía um saldo positivo no valor de $8.000. Para calcular o payback, deve-se usar a regra de três, obtendo-se 2,2 anos.
Corresponde à diferença entre o total dos lucros decorrentes do projeto no seu período de vida útil e o investimento inicial. Essa diferença é verificada se equivalendo os capitais na data inicial do investimento. Ou seja: escolhe-se a data zero como ponto de referência, descapitaliza-se todo o fluxo de caixa operacional para essa data e subtrai-se o total desse fluxo do valor do investimento (esse último já está na data zero). Como podemos perceber, esse método leva em consideração a variação do dinheiro no tempo e é considerado o método mais completo de avaliação. Ele reflete o valor agregado pelo projeto. Utilizamos a técnica da série de pagamentos para calcular o valor presente do FCO. O valor do VPL
17 gestão e análise de projetos e investimento
MÉTODO 2: O VALOR PRESENTE LÍQUIDO – VPL
é calculado pela fórmula (ou diretamente com a calculadora financeira):
Em outras palavras, calcula-se o PV da série de pagamentos e subtrai-se o valor do investimento. O fato é que:
O PROJETO SERÁ ACEITO QUANDO O VPL FOR POSITIVO.
Cabe ressaltar que o VPL é um dos métodos mais indicados para analisar projetos de investimentos, pois o seu resultado é em espécie, revelando a riqueza absoluta do investimento.
Exemplo: Considere que uma pequena empresa analisa a realização de um investimento de $25.000,00 e estima que resulte do mesmo os seguintes retornos nos próximos cinco anos: $12.000,00, $11.000,00, $10.000,00, $9.000,00 e $24.000,00, respectivamente. Verifique se o projeto deve ser aceito, uma vez que a taxa exigida é de 15%a.a.:
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
18
Utilizando a HP 12C:
gestão e análise de projetos e investimento
25000 g CHS CF0 12000 g CFJ 11000 g CFJ 10000 g CFJ 9000 g CFJ 24000 g CFJ 15 i f NPV = 17.405,54
MÉTODO 3: TAXA INTERNA DE RETORNO – TIR Método bastante popular entre os financistas. É a taxa obtida pelo projeto quando se iguala o VPL a zero. Comparamos essa taxa com a taxa de custo do capital investido para avaliar a viabilidade do projeto. O seu cálculo é dado pela fórmula a seguir, pela qual buscamos uma taxa que satisfaça a condição de VPL igual a zero. Com a calculadora financeira, o cálculo é realizado com a digitação dos dados conhecidos e a obtenção da taxa é direta. Já com as calculadoras comuns o cálculo é trabalhoso, pois
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
requer o método de tentativa e aproximação linear por interpolação. A TIR é obtida pelo projeto quando se iguala o VPL a zero. Compara-se essa taxa com a taxa de custo de capital investido para avaliar a viabilidade do projeto.
Exemplo: Ache a TIR do fluxo de caixa abaixo
Usando a HP: 200 CHS g CF0 300 g CFj 200 g CFj F IRR = 100%
Neste método, os fluxos são posicionados na data terminal, obtendo a partir daí um valor líquido do investimento inicial.
em que: FCj é o fluxo de caixa do projeto no período j
19 gestão e análise de projetos e investimento
MÉTODO 4: VALOR FUTURO LÍQUIDO – VFL
Na prática, pode-se obter o VFL a partir da capitalização do VPL para a data terminal do investimento.
MÉTODO 5: VALOR UNIFORME LÍQUIDO – VUL Converte todo o fluxo de caixa do projeto numa série de capitais iguais e postecipados entre as datas 1 e n. A vantagem da utilização desse método é facilitar a comparação de projetos com durações diferentes. O VUL pode ser obtido a partir da fórmula:
Método 6: ÍNDICE DE LUCRATIVIDADE – IL Um outro indicador de aceitação ou rejeição de projetos é o IL. Ele é medido por meio da relação entre o valor presente dos fluxos de caixa positivos e o valor presente dos fluxos de caixa negativos, usando-se como taxa de desconto a TMA. Esse índice indica o retorno apurado para cada R$ 1,00 investido, em moeda atualizada. , sendo aceitáveis projetos que apresentem IL maior ou
igual a 1,00.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Exemplo: Usando os mesmos dados do exemplo do VPL,
gestão e análise de projetos e investimento
20
Assim terminamos o estudo desta aula. Na próxima aula analisaremos alguns conceitos e princípios na formação dos parâmetros financeiros de uma empresa. Até lá!
SÍNTESE Nessa aula, vimos os principais métodos de avaliação de viabilidade de um projeto de investimento: Payback, VPL, TIR, VUL, VFL e IL. Cabe ressaltar que, para aprofundar nossos conhecimentos, devemos estudar
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
e sempre buscar a aplicação dos conteúdos estudados em situações reais, para que as dúvidas possam emergir e juntos tentarmos solucioná-las.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO Vejamos o exercício que nos trazem Bruni e Fama (2003): A companhia do Mar Crescente S.A. pretende adquirir um equipamento no valor de R$80.000,00. O benefício dessa aquisição é estimado em uma economia operacional mensal de R$30.000,00 durante a vida útil do equipamento. Sabe-se também que a depreciação do equipamento será contabilizada pelo método linear e cinco anos. Seu valor residual é considerado nulo. Considere a alíquota do IR de 25% com apuração mensal e seu recolhimento no mesmo mês, adotando como referência que a empresa é lucrativa e, portanto possui balanço positivo. Pede-se admitir ainda que a empresa tenha um custo financeiro de 18%a.a. Com base no VFL, qual deve ser a decisão da empresa?
LEITURAS INDICADAS Para aprofundamento do conteúdo estudado nesta aula, sugerimos a leitura do seguinte texto. O capítulo 10, itens 10.1 e 10.2 do livro Matemática Financeira: aplicações e análises de investimento, de Carlos Patrício Samanez, publicado em 2002.
SITE INDICADO http://www.eac.fea.usp.br/cadernos/completos/cad06/metodos_quantitativos.pdf.
REFERÊNCIAS BRUNI, Adriano; FAMÁ, Rubens. As decisões de investimentos. São Paulo: Atlas, 2003.
gestão e análise de projetos e investimento
21
MAGALHÃES, Antonio Raimundo. Administração Financeira para estudantes de Administração. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 2005.
SAMANEZ. Carlos Patrício. Matemática Financeira: aplicações e análises de investimento. São Paulo: Makron Books, 2002.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestĂŁo e anĂĄlise de projetos e investimento
22
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
NEJAMENTO FINANCEIRO
Autor: Adelmo Fernando Ribeiro Schindler Junior
Olá,
Nesta aula, vamos discutir mais profundamente os conceitos e os princípios de planejamento financeiro. Este entendimento é de muita importância para que possamos entender o processo de planejamento em termos pragmáticos. Espero que pos-
23 gestão e análise de projetos e investimento
AULA 03 - CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE PLA-
samos compreender e trabalhar estes conceitos que certamente facilitarão os futuros entendimentos. Para que possamos complementar os entendimentos da primeira aula, vamos fazer, neste início, uma espécie de revisão. Vamos então a ela? Podemos dizer que o planejamento financeiro tem uma função gerencial que pode ser dividida com base em alguns cenários. Esses cenários geralmente estão relacionados a situações onde a análise e o planejamento financeiro auxiliam na resolução de situações adversas dentro da empresa como a antecipação das decisões financeiras a serem executadas em momentos futuros e condições pré-estabelecidas. Para a resolução dessa situação, podemos propor algumas ações considerando às seguintes ________________________ variáveis:
Análises técnicas estimáveis de todas as áreas funcionais da empresa devem ser propostas; Os recursos necessários em termos de operacionalização devem ser mensurados buscando avaliar as futuras necessidades financeiras; As responsabilidades de cada área específica devem ser estabelecidas para que os objetivos dos modelos de gestão adotados sejam alcançados.
Partindo destas premissas básicas, encontramos uma forma pragmática de fazer com que os conceitos teóricos sugeridos na aula anterior possam ser entendidos associados de forma a favorecer as aplicações em nível organizacional.
Neste sentido Welsch (1983) entende que: O planejamento e controle de resultados pode ser definido, em termos amplos, como um enfoque sistemático e formal à execução das responsabilidades de planejamento, coordenação e controle da administração (WELSCH, 1983, p. 21).
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
24 gestão e análise de projetos e investimento
Ainda no entender de Welsch (1983),
[...] este tipo de planejamento envolve especificamente, a preparação e a utilização de objetivos globais e de longo prazo da empresa; um plano de resultados em longo prazo, desenvolvido em termos gerais; um plano de resultados a curto detalhado de acordo com diferentes níveis relevantes de responsabilidade (divisões, produtos, projetos etc.); e um sistema de relatórios periódicos de desempenho, mais uma vez para os vários níveis de responsabilidade. (WELSCH, 1983, p. 21)
O conceito de planejamento financeiro e controle de resultados implica elementos de realismo, flexibilidade e atenção permanente a seus princípios, visando à função de controle para a administração. São esses princípios os elementos que validam a importância do planejamento. Em relação aos princípios do planejamento, podemos classificá-los em duas categorias denominadas princípios gerais e princípios específicos, os quais veremos a seguir.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Princípios Gerais De uma forma mais abrangente, podemos dizer que o estudo das finanças de logo prazo e o planejamento financeiro influenciam a empresa nos seguintes aspectos: Contribuição aos objetivos empresariais, conforme uma hierarquia e uma interligação entre eles estabelecidas. Precedência às outras funções gerenciais (organização, direção e controle). Maior grau de penetração e abrangência das políticas institucionais envolvendo os diversos setores. Elevação da eficiência, eficácia e efetivamente da gestão da empresa.
Princípios Específicos Já quando falamos especificamente de alguns aspectos da empresa, podemos dizer que o planejamento financeiro atua possibilitando a:
Participação de todos os envolvidos no processo de planejamento. Coordenação entre os aspectos interdependentes. Integração entre os gestores de diferentes níveis hierárquicos. Permanente revisão das diretrizes adotadas.
aspectos meramente financeiros, englobando aqui, inclusive, as ferramentas como os orçamentos que serão tópicos de análises futuras, mas os procedimentos que envolvem as políticas empresariais e os controles internos também fazem parte de um planejamento elaborado com proposta de eficiência e eficácia. Neste sentido, entendem Sanvicente e Santos (1983), É indispensável que a alta cúpula administrativa da empresa apóie a utilização do sistema em seus vários aspectos. Desse modo, estaremos esperando que a alta administração entenda a natureza e os elementos básicos da elaboração de orçamentos, esteja convencida
25 gestão e análise de projetos e investimento
Pode-se, pois, inferir que a questão do planejamento financeiro vai além dos
de sua utilidade para empresa - afinal de contas, trata-se da formalização dos procedimentos de planejamento e controle das operações anuais - e mostre-se disposta a empregar toda a sua atenção e os recursos da empresa para um bom andamento dessa tarefa.
Este apoio é fundamental para que o orçamento não seja cada vez mais apenas um exercício conduzido pelo gerente de orçamentos, mas, ao contrário, envolva todos os indivíduos com responsabilidades administrativas, de tal sorte que eles vejam no orçamento um instrumento de racionalização de suas tarefas. (SANVICENTE; SANTOS, 2000, p.26)
Ainda no entender dos autores supracitados, Também é preciso que o uso do sistema preveja, através de um roteiro (calendário) apropriado, o envolvimento deliberado dos administradores responsáveis pelo sucesso das operações da empresa, para que possam participar do processo de planejamento. Isso deve começar pela sua atenção ao fornecimento de dados para a montagem dos diversos orçamentos parciais, dados esses que devem refletir os seus conhecimentos e/ou estudos apropriados dos segmentos das operações pelos quais são responsáveis. (SANVICENTE; SANTOS, 2000, p.26)
Na verdade, os autores buscam apresentar uma forma de gerenciamento em que todos entendam as políticas financeiras vigentes naquela empresa e, assim, possam participar mais ativamente quando se tratar da responsabilidade administrativa por todo e qualquer processo, inclusive financeiros.
HORIZONTE DE PLANEJAMENTO Quando falamos em horizonte de planejamento, estamos falando sobre ações futuras relacionadas a planejamento estratégico da empresa. Esse planejamento, por sua vez, pode ser dimensionado para qualquer atividade, na qual a empresa esteja envolvida e, em geral, se divide em dois níveis de tempo:
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
26
Longo Prazo
gestão e análise de projetos e investimento
Este tipo de planejamento normalmente abrange um prazo de até 10 (dez) anos, envolvendo todos os níveis de planejamento estratégico da empresa devendo ser revisto periodicamente nos casos em que se fizer necessário e findo o período para reavaliações em relação as novas metas organizacionais. Curto Prazo Em termos de planejamento de curto prazo, são considerados períodos entre um semestre e um ano, em tese, coincidindo frequentemente com o exercício social da organização em questão. Como característica específica neste caso, temos o envolvimento nos níveis de planejamento tático e operacional da empresa devendo ser revisto em periodicidade mensal, trimestral ou semestral.
NÍVEIS DE PLANEJAMENTO Como o nome sugere, os níveis de planejamento delimitam o tipo de planejamento em geral baseado em uma relação entre ações e objetivos.
Estratégico Neste nível de planejamento, a responsabilidade está diretamente ligada ao ní________________________ ________________________ vel institucional ou estratégico da organização. Os seus objetivos podem ser descritos ________________________ conforme o quadro que se segue: ________________________ ________________________ Objetivos ________________________ Ações Definir o que a empresa representa bem como o seu cenário sócio________________________ 1° econômico de atuação. Definir claramente a missão, a visão, os ________________________ ambientes externos e internos; ________________________ Estabelecer um conjunto de valores pelos quais a organização ________________________ empresarial se conduzirá em um determinado período de tempo; ________________________ 2° ________________________ ________________________ Evidenciar e descrever por ordem a importância dos pontos fortes, os ________________________ 3° pontos fracos, as oportunidades e as ameaças que podem comprometer ________________________ o alcance das metas organizacionais. ________________________ Estabelecer e manter políticas e estratégias da empresa para o longo ________________________ 4° prazo que sejam elas: mercadológicas, de recursos humanos, financeiras ________________________ e operacionais. ________________________ ________________________ ________________________ Tático ________________________ Este nível de planejamento é de responsabilidade gerencial ou tática da organi________________________ zação. Seu objetivo está descrito no quadro a seguir. ________________________ ________________________
Ação Antecipação das decisões de escopo e prazos menores que estão
a)
vinculadas à concretização das estratégias determinadas por meio de estatuto.
Operacional No planejamento operacional, os níveis de abrangência são os gerenciais inferiores ou operacionais.
Objetivo
27 gestão e análise de projetos e investimento
Objetivo
Ação Antecipação das decisões no âmbito operacional que estão vinculadas as ações rotineiras, em consonância com os níveis decisórios superiores,
a)
os quais foram explicitados nos níveis de planejamentos citados anteriormente.
Após estas análises, é de suma importância que seja percebido por você que a maximização da riqueza dos proprietários é obtida ao se maximizar o valor da empresa, o qual é representado pelo aumento do preço de suas ações ou quotas de capital. Um dos objetivos da administração financeira é um dos objetivos centrais dos ________________________ planejamentos financeiros, principalmente os de longo prazo. Isso, pois, os planeja- ________________________ mentos de longo prazo têm a função principal de garantir o crescimento das ativida- ________________________ des organizacionais e baseiam-se nas projeções dos valores desejados nas mais di- ________________________ versas variáveis da organização, tais como: previsão de vendas; políticas de créditos e ________________________ de cobrança; custos e despesas operacionais; e investimentos de curto e longo prazo, ________________________ bem como suas origens de recursos. Para isso, as demonstrações contábeis são fonte ________________________ de dados para que o planejamento seja executado de forma a anteceder fatos que po- ________________________ dem ser preponderantes no processo de tomada de decisões, salvaguardando assim o ________________________ patrimônio das organizações. Espero que a discussão desta aula tenha sido de valia para a concretização do nosso conhecimento de uma forma ampla. Conhecimento este que deve ser construído de forma paulatina e constante com leituras, reflexões e interação. Um abraço e nos encontraremos na próxima aula!
SÍNTESE Nesta aula traçamos um paralelo entre conceitos, princípios e horizontes de planejamento. Outro aspecto abordado foi a interação entre a gestão organizacional e o processo de planejamento financeiro de curto e longo prazo, variáveis necessárias para uma futura aplicação pragmática.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
28
QUESTÃO PARA REFLEXÃO Quais as políticas internas, em termos organizacionais, que auxiliam o processo de planejamento financeiro?
LEITURAS INDICADAS ROSS, Stephen A. et al. Princípios de administração financeira: essentials of corporate finance. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. WELSCH, Glen Albert. Orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 1983.
SITE INDICADO http://w3.ufsm.br/revistacontabeis/anterior/artigos/vIIn01/a09vIIn01.pdf
REFERÊNCIAS ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 1997.
HOJI, Masakazu. Administração financeira: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2003.
SANVICENTE, Antonio Zorato; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na administração de empresas. São Paulo: Atlas, 2000.
WELSCH, Glen Albert. Orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 1983.
TIMENTO
Autora: Regina Jacqueline Brandão “A quem sabe esperar o tempo abre as portas.”
Provérbio Chinês
Olá,
Nesta aula, serão vistas algumas características importantes na tomada de deci-
29 gestão e análise de projetos e investimento
AULA 04 - TOMADA DE DECISÕES DE INVES-
são de investimentos ou de alocação de recursos, tais como: a irreversibilidade parcial ou total, já que o comprometimento de recursos geralmente é irreversível; a espera de um momento mais oportuno, ou seja, adiar a decisão é reversível; a dependência a diferentes incertezas e o grau de liberdade gerencial. Com isso, pode-se dizer que para realizar um investimento deve-se observar o mercado para investir de forma a minimizar o risco e aumentar o retorno. Cabe lembrar que a decisão de investimentos pode ser definida como a decisão financeira que identifica o que e quanto deve ser investido em novos ativos, sendo uma decisão essencial para o crescimento das empresas e para criação de valor. A tomada de decisão decorrente da avaliação de um investimento comumente envolve um conjunto de técnicas que buscam estabelecer parâmetros de sua viabilidade. Alguns desses parâmetros foram vistos na aula anterior, dentre os quais é possível citar o Payback, a taxa interna de retorno (TIR), o valor presente líquido (VPL) e o valor futuro líquido (VFL). É importante frisar que inicialmente a seleção dos projetos de investimento a serem realizados pela empresa depende da natureza do investimento, ou seja, se os projetos são independentes ou mutuamente excludentes. Quando a tomada de decisão envolve projetos independentes, podem-se usar várias técnicas, tais como VPL. Se o tempo associado aos projetos for distinto, o adequado é o valor uniforme líquido (VUL). Já, se os projetos forem mutuamente excludentes, e não existindo restrições orçamentárias, pode-se usar o VPL, devido as suas vantagens. Ocorrendo restrições orçamentárias o mais adequado é a utilização de parâmetros baseados na TIR. Cabe salientar que em decorrência da ausência de controle sobre as variáveis ambientais, que podem vir a afetar um projeto de investimento, os gestores buscam métodos para minimizar a incerteza, ou seja, o risco. Dentre esses métodos, podem-se citar a análise de sensibilidade, a árvore de decisão e a análise de cenários.
ANÁLISE DE SENSIBILIDADE O objetivo desse método é verificar o impacto no valor presente líquido (VPL) de um projeto, causado pela alteração de variáveis como: as vendas, os custos de mão de obra ou de materiais, dentre outras. Por exemplo, o gestor pode estar interessado em saber o que irá acontecer ao VPL de um projeto se o fluxo de caixa cresce 15% ou 20% cada ano. Qual será o efeito no VPL? Ele continuará positivo ou não? E, se os
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
30
custos aumentarem 6%, o VPL do projeto cairá significativamente? Esses são os procedimentos que o gestor financeiro “simula” quando quer verificar o risco de um projeto mediante a análise de sensibilidade. Observa-se que o risco é medido pela variação. Quanto maior for a variação no VPL de um projeto, mais arriscado será o investimento.
Exemplo: Suponha que os fluxos de caixa de um projeto X são de R$10.000,00 no primeiro ano e R$15.500,00 no segundo ano. Também que o projeto Y tem fluxos de caixa esperados de R$9.000,00 no primeiro ano e de R$18.000,00 no segundo ano. O investimento inicial de cada projeto é R$14.600,00. Que projeto apresentará maior risco se a taxa de desconto varia de 10% para 12%?
Inicialmente, deve-se determinar o VPL dos projetos X e Y com as referidas taxas (10% e 12%). Depois, buscam-se as variações dos VPL dos projetos X e Y.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Variação do
Projeto
VPL a 10%
VPL a 12%
X
R$7.300,83
R$ 6.685,08
- 8,43%
Y
R$8.457,85
R$7.785,20
- 7,95%
VPL
Pode-se verificar que os VPL dos projetos reduzem quando a taxa sobe de 10% para 12%. Portanto, pode-se vislumbrar que o método da análise de sensibilidade ajuda a comparar os graus de risco desses dois projetos. Comparando-se os valores, pode-se observar o projeto X é mais sensível a uma alteração na taxa que o projeto Y, ou seja, no projeto X, o risco é mais acentuado do que no outro projeto, se a taxa aumentar no futuro.
ÁRVORE DE DECISÃO Outro método muito usado, como veremos a seguir, é a Árvore de Decisão. Segundo Matias (2007, p. 158), esse método deve ser usado quando uma empresa está diante de um projeto de investimento flexível, no qual os eventos que poderão ocorrer e as opções de decisão podem ser representados graficamente através de diagrama com o formato de uma árvore. A partir dessa representação, é possível vislumbrar as consequências das decisões atuais e futuras, bem como os eventos aleatórios relacionados, pois ela permite a compreensão e o controle de um bom número de problemas de investimentos sujeitos a riscos.
Suponha que uma empresa que atua no segmento de bebidas está desenvolvendo a tecnologia para fabricação de bebidas funcionais e optaram, inicialmente, por uma produção em pequena escala e lançamento em apenas uma região do país na primeira etapa. A árvore de decisão permite vislumbrar se vale a pena correr o risco de implementar esse projeto piloto. A estruturação e a implementação da primeira etapa levará um ano e custará R$ 270.000,00. A organização prevê que o projeto piloto tem 65% de chances de obter sucesso, seja vender 100 mil caixas/mês. Neste caso, serão gerados fluxos incrementais líquidos de R$ 750.000,00 para próximos os cinco anos. Caso se adote uma Taxa de atratividade de 20%a.a., o VPL será R$242.959,10; por outro lado, existe 35% de chances do projeto fracassar, nesta circunstância será considerado que o projeto gera um
gestão e análise de projetos e investimento
31
Exemplo1:
VPL de (R$ 13.810,14). A seguir a ilustração correspondente:
Figura 1 - Árvore de decisão Fonte: Adaptado de Matias (2007, p.158)
Para analisar se vale a pena implementar o projeto piloto, calcula-se o VPL esperado, a partir da seguinte expressão:
[(242.959,10 . 0,65) – (13.810,14 . 0,35)] = R$ 153.089,87
Conclui-se, então, que o projeto piloto oferece um VPL de R$ 153.089,87 sobre um investimento inicial de R$ 270.000,00, portanto, pode-se considerar um projeto atraente, apesar do risco que lhe é inerente. Cabe salientar que se assume por convenção que os quadrados representam as decisões e os círculos representam os eventos.
ANÁLISE DE CENÁRIOS Além desses métodos, pode-se usar a análise de cenários, que é similar à análise de sensibilidade, pois também usa o VPL como parâmetro, mais são atribuídas probabilidades aos diferentes VPLs calculados, ou seja, segue os mesmos procedimentos do outro método, mas afetará o valor dos VPL, na medida em que ele mesmo depende de várias variáveis (MATIAS, 2007).
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
32
O método consiste em estimar os piores e melhores valores de entrada, em relação ao básico, e para cada cenário (otimista, realista, ou pessimista) é atribuída uma probabilidade de ocorrência de cada um, podendo ser usadas diferentes combinações de variáveis, mas com consistência. Posteriormente, tomando por base estas informações, são calculadas medidas estatísticas como a média ponderada (valor presente líquido esperado) e o desvio padrão (risco do VPL), os quais podem ser utilizados para medir o risco e o retorno do projeto em questão. Considere que um gestor financeiro, após realizar a análise de cenários e alicerçado no conhecimento que detém do mercado construiu a seguinte tabela:
Cenário Otimista Realista Pessimista
VPL $ 39.762 $17.320 $2.548
Probabilidade de ocorrência 25% 45% 30%
Tabela 1 - Índices para o VPL Fonte: Autor
No caso do VPL esperado, calcula-se a média ponderada dos vários VPL estimados pela probabilidade de ocorrência, o qual representa o VPL mais provável para o projeto analisado. Seu cálculo é realizado a partir da seguinte expressão:
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Usando os dados da tabela, tem-se que: ________________________ ________________________ VPL E = (39.762 x 0,25) + (17.320 x 0,45) + (2.548 x 0,30) ________________________ ________________________ VPL E = $ 18.498,90 ________________________ Já, o risco do VPL tem por objetivo medir a variabilidade dos outros VPL possí________________________ veis em relação ao VPL esperado. Seu cálculo é realizado a partir da fórmula: ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Utilizando também os dados da tabela anterior, obtém-se: ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ É importante frisar que, quanto maior for o valor obtido, maior será o risco do ________________________ projeto.
conteúdo aqui inserido em relação a análise e desenvolvimento de projetos. O VPL é a chave para responder a uma pergunta muito comum quando se trata de implantar um negocio: é viável entrar nesse ramo de atividade? Na próxima aula, estudaremos sobre decisões em financiamentos de longo prazo e as fontes de financiamento no mercado brasileiro.
SÍNTESE Nessa aula pudemos verificar que, apesar da “construção” de cenários, da reali-
33 gestão e análise de projetos e investimento
Chegamos ao final de mais uma aula. Gostaria de pontuar a importância do
zação de estudos econômicos, e de todas as outras informações empregadas para se determinar a atratividade de um projeto de investimento., não existe certeza absoluta sobre a ocorrência dos números projetados (esperados) e que isto ocorre em decorrência da noção de risco do empreendimento.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO Experimente enumerar quais são os principais fatores de risco para um lançamento de um modelo novo de um veículo na atual conjuntura econômica.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ LEITURAS INDICADAS ________________________ ________________________ Para complementar o conteúdo visto na aula, faça uma leitura do capítulo 6 do ________________________ livro Finanças corporativas de longo prazo, volume 2: criação de valor com sustentabi________________________ lidade financeira de Alberto Borges Matias da editora Atlas, 2007. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ REFERÊNCIAS ________________________ ________________________ BRUNI, Adriano Leal. Avaliação de investimentos. São Paulo: Atlas, 2008. ________________________ ________________________ GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 10ed. São Paulo: Pearson Education, 2004. ________________________ ________________________ LEMES JUNIOR, Antonio; RIGO, Cláudio M.;CHEROBIM, Ana Paula. Administração Financeira: princípios, ________________________ fundamentos e práticas brasileiras. 2. ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. ________________________ ________________________ MACHADO, José Roberto. Administração de Finanças Empresariais. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. ________________________ ________________________ MATIAS, Alberto Borges. Finanças corporativas de longo prazo: criação de valor com sustentabilidade ________________________ financeira. São Paulo: Atlas / Centro de Pesquisas em Finanças – CEPEFIN, 2007. v. 2 ________________________
gestĂŁo e anĂĄlise de projetos e investimento
34
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
LONGO PRAZO: CUSTO DE CAPITAL E CRIAÇÃO DE VALOR E FONTES DE FINANCIAMENTO A LONGO PRAZO NO BRASIL Autora: Regina Jacqueline Brandão “Todas as flores do futuro estão nas sementes de hoje.”
(Provérbio Chinês)
35 gestão e análise de projetos e investimento
AULA 05 - DECISÕES DE FINANCIAMENTO A
Olá,
Essa aula tem como objetivo apresentar as variáveis consideradas para a tomada de decisão relacionada a financiamentos. Nessa aula, estudaremos a avaliação de custos de capital; fontes de capitalização e faremos uma breve análise da situação do mercado brasileiro quanto a financiamentos. Para que uma empresa desenvolva de forma eficiente e eficaz suas atividades e gere valor, é necessário que o gestor financeiro, no que concerne ao financiamento a longo prazo, saiba tomar a decisão acertada, levando em consideração quais as fontes disponíveis, o custo e qual a criação de valor oriunda desse processo. Cabe lembrar que o financiamento das atividades é realizado mediante o emprego de recursos obtidos externa ou internamente, ou seja, capital próprio e capital de terceiros. Sendo assim, iniciaremos essa aula vendo quais as formas de captar recursos próprios, quer seja a partir de aportes de capital, quer seja por meio do lançamento de ações no mercado de capitais, ou mesmo através dos lucros retidos. Os aportes de capital são os recursos fornecidos pelos proprietários da empresa, sendo mais frequentes em pequenas empresas. Uma outra importante fonte de financiamento interna é a utilização dos lucros oriundos das atividades operacionais.
CUSTO DE CAPITAL O custo de capital de uma empresa não se restringe ao dinheiro tomado na mão de terceiros. Esse custo engloba o custo do dinheiro próprio investido no empreendimento. Várias são as decisões tomadas alicerçadas nesse custo na condução do negócio. Para iniciar, deve-se averiguar se o investimento trará uma rentabilidade maior que o custo do capital empregado, se isso ocorrer pode-se decidir favoravelmente ao investimento, porém, o custo de capital também fundamenta decisões associadas aos preços e a escolha entre alugar ou comprar. Para entender melhor, é preciso compreender os seguintes conceitos.
CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS (KI) Segundo Matias (2007, p. 96), esse capital é definido de acordo com os passivos onerosos identificados nos empréstimos e financiamentos mantidos pela empresa, ou seja, representa um custo explícito obtido pela taxa de desconto que iguala em
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
36
determinado momento, os vários desembolsos previstos de capital e de juros, com o
gestão e análise de projetos e investimento
Exemplo:
principal liberado para a empresa; este pode ser obtido pela expressão:
Seja um financiamento no valor de R$ 450.000,00 tomado à taxa de 18%a.a. Sendo a alíquota de imposto de renda (IR) da empresa for 35%, obtenha o valor do custo do capital de terceiros após o imposto de renda. Substituindo na expressão Ki (após IR) = Ki (antes IR).( 1 –IR) encontra-se Ki (após IR) = 0,18 . (1 – 0,35) = 11,7%a.a.
CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO Nas empresas de capital fechado, ou seja, sem ações na bolsa, esse custo é representado pelo custo-oportunidade (o ganho que o capital teria se fosse investido no mercado financeiro ou em outro investimento fora da empresa). Na categoria de capital próprio, estão incluídos os lucros retidos para re-investimento na própria organização. Esse custo, segundo Matias (2007, p. 96), é obtido a partir da seguinte expressão:
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
em que:
CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (CMPC OU WACC) Uma forma de buscar o barateamento do capital é mesclá-lo. O gestor, então, terá que fazer uma média ponderada do custo de capital próprio e do capital de terceiros que incide sobre as partes de capital de cada tipo utilizadas. Após isso, realizamos uma comparação para verificar se é ou não vantajoso usar todo o capital de terceiros no financiamento do investimento.
O financiamento externo é parte normal da vida das empresas. Assim, todo gestor financeiro se defronta com escolhas da melhor forma de construir seus empréstimos. Dois grandes grupos se apresentam: curto e longo prazo. Como nosso foco é o financiamento de longo prazo, veremos apenas um pouco sobre o financiamento de curto prazo (prazo menor ou igual a um ano). Suas principais fontes são:
crédito comercial: concedido pelos fornecedores de material ou prestadores de servi-
37 gestão e análise de projetos e investimento
FONTES DE FINANCIAMENTO
ços. O custo desse financiamento está representado pelo desconto que a empresa teria se o material/serviço fosse pago à vista. crédito automático em conta corrente: são as chamadas contas garantidas, usadas no vencimento de contas sem o saldo correspondente em caixa. É preciso uma especial atenção para as taxas praticadas. desconto de duplicatas: operação muito comum entre empresas e bancos para financiar as necessidades do capital de giro. Atenção para as taxas efetivas cobradas. factoring: semelhante ao desconto de duplicatas, com a diferença de que há uma negociação em que a empresa financeira assume os riscos pelos títulos negociados no todo ou em parte. Vale ressaltar que quanto mais riscos forem transferidos para a empresa de factoring mais caro vai custar para a empresa que está buscando o financiamento. vendor: quando a empresa vende à vista e o cliente paga à prazo para uma empresa financeira, logo a empresa que vende o produto deixa de embutir no seu preço os juros de financiamentos. Estes serão pagos pelo cliente à financeira que lhe concedeu o crédito. adiantamento sobre contrato de câmbio (ACC): por essa modalidade de financiamento a empresa que trabalha com exportação pode tomar adiantado o valor em reais relativos ao contrato em dólar. A instituição financeira, então, passa a ter o direito de receber os dólares por ocasião da data de vencimento contratual.
Esses custos estão diretamente relacionados com os ganhos da empresa, pois ser referem ao montante investido para obtenção de lucro. Pode-se também optar pelo financiamento que é de fato a forma mais usual de conseguir capital para financiar os investimentos da sua empresa.
FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO Como dito anteriormente financiamentos, são a forma mais usual de obtenção de capital, logo existe uma grande variedade de possibilidades de se conseguir um financiamento, e como principais podemos citar:
EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS Os financiamentos de longo prazo são voltados para os investimentos perma-
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
38
nentes. Esses empréstimos são oriundos de entidades estatais, notadamente os bancos de desenvolvimento (Banco do Nordeste (BNB), Desenbahia, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros organismos governamentais) e os bancos ligados ao governo — Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal (CEF). Normalmente, o empréstimo tem um prazo de carência e a taxa de juros é com base na taxa de juros de longo prazo (TJLP). Existem linhas de crédito especiais, com juros subsidiados, atendendo alguma política de desenvolvimento governamental.
INVESTIDORES INSTITUCIONAIS São fontes de recursos do mercado de capitais no Brasil, dentre os diversos tipos podem-se citar: os fundos de pensão, as seguradoras, os fundos imobiliários, os fundos de participações e os fundos de investimentos.
DEBÊNTURES São títulos de dívida de médio e longo prazo, emitidos por sociedades anônimas, com intuito de tomar empréstimo direto do investidor. Esses títulos pagam juros periódicos e têm resgate de longo prazo. Somente as grandes empresas com reconhecida aceitação pelo público investidor conseguem ter sucesso na venda de tais papéis. Esses papéis podem ser de dois tipos: simples e conversível em ações. O segundo tipo
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
é um título de dívida, porém, a partir de um determinado momento pode ser convertido em ações, mediante a fórmula de cálculo preestabelecida; já o primeiro tipo permanece sendo um título de dívida.
FINANCIAMENTO DE PROJETOS (PROJECT FINANCE) Segundo Matias (2007, p. 74), é uma operação financeira estruturada que permite dividir o risco entre o empreendedor e o financiador, os quais serão remunerados pelo fluxo de caixa do empreendimento, motivo da operação, após sua implantação.
LEASING Também conhecida por arrendamento mercantil, tem como objetivo a alocação de máquinas e equipamentos sem imobilização do capital pela empresa locadora. Durante o prazo da operação, a empresa arrendatária paga uma prestação pelo uso do bem e ao final, tem a opção de permanecer em definitivo com o bem, pagando um valor residual previsto em contrato. Existem diversos tipos de leasing: financeiro, sale and lease back (é uma variação do leasing financeiro), imobiliário e operacional. A diferença básica entre o leasing financeiro e o operacional é que no último a empresa arrendatária não tem a opção de compra definitiva do bem. Uma parte muito importante no empreendimento é a viabilidade dos recursos para implementar as ideias. Esse processo, denominado financiamento, foi discutido em seus diferentes componentes: alavancagem, endividamento, custo e fontes de obtenção. Habilitando o gestor a decidir como estruturar o capital necessário para concretizar o plano de ação que, por sua vez, implementa a estratégia do seu negócio.
condições que envolvem o tema financiamento, pesando os impactos sobre a estrutura financeira da empresa. Espero que tenha gostado e aprendido a identificar o tipo certo de investimento para os tipos de situações que possam surgir. Na próxima aula, estudaremos as forma de alavancagem financeira e estrutura de capital. Até a próxima.
SÍNTESE
39 gestão e análise de projetos e investimento
Cabe ressaltar que antes de solicitar um empréstimo, é preciso avaliar todas as outras
Nesta aula vimos, a importância das informações que alicerçam o financiamento a longo prazo, direcionando a decisão para a melhor opção de fonte dentre as fontes disponíveis, o custo e qual a criação de valor oriunda desse processo. E, além disso, vimos que o financiamento das atividades de uma empresa é realizado mediante o emprego de recursos obtidos externamente ou internamente, ou seja, capital próprio e capital de terceiros.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO ________________________ ________________________ capital na tomada de decisão, tanto para pessoa física quanto para a pessoa jurídica. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ LEITURAS INDICADAS ________________________ Para aprofundar o conteúdo visto nesta aula, sugerimos que leia o capítulo 3 do ________________________ livro “Finanças corporativas de longo prazo” (vol. 2: criação de valor com sustentabili- ________________________ ________________________ dade financeira), de Alberto Borges Matias, publicado em 2007. ________________________ ________________________ ________________________ SITES INDICADOS ________________________ ________________________ http://www.bcb.gov.br/ ________________________ ________________________ http://www.andima.com.br ________________________ ________________________ ________________________ REFERÊNCIAS ________________________ ________________________ BRUNI, Adriano Leal. Avaliação de investimentos. São Paulo: Atlas, 2008. ________________________ ________________________ GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Harbra, 1987. ________________________ Para relembrar o que foi visto nessa aula, identifique a utilidade do custo de
gestão e análise de projetos e investimento
40
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
LEMES JUNIOR, Antonio; RIGO, Cláudio M.; CHEROBIM, Ana Paula. Administração Financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
MACHADO, José Roberto. Administração de Finanças Empresariais. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
MATIAS, Alberto Borges. Finanças corporativas de longo prazo: criação de valor com sustentabilidade financeira. São Paulo: CEPEFIN – Centro de Pesquisas em Finanças / Atlas, 2007. v. 2
ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolf W.; JORDAN, Bradford D. Princípios de Administração Financeira: essentials of corporate finance. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
CAPITAL
Autora: Regina Jacqueline Brandão “Algo é só impossível até que alguém duvide e acabe provando o contrário.”
(Albert Einstein)
Olá,
41 gestão e análise de projetos e investimento
AULA 06 - ALAVANCAGEM E ESTRUTURA DE
Essa aula tem como objetivo dar prosseguimento ao nosso estudo tratando sobre os conceitos dos três tipos de alavancagem e estrutura de capital baseados nos conceitos vistos nas aulas 4 e 5, quando falamos de VPL e financiamentos respectivamente. De maneira sucinta, pode-se definir alavancagem como o uso de ativos ou recursos com um custo fixo, a fim de aumentar os retornos dos proprietários da empresa. Pode se configurar em três os tipos de alavancagem: operacional, financeira e combinada. A alavancagem operacional, segundo Garrison e Noreen (2001, p.173), é “a medida do grau de sensibilidade do lucro líquido às variações percentuais das vendas.” ________________________ Conforme os autores, ela “funciona como um multiplicador: se ela é alta, um pequeno ________________________ aumento percentual nas vendas pode produzir um grande aumento percentual no ________________________ lucro líquido.” Para Gitman (1987, p. 182), é “a capacidade de usar custos operacionais ________________________
________________________ ________________________ Conforme Bruni (2008, p. 208), o grau de alavancagem operacional (GAO) apre________________________ senta o efeito multiplicador da variação percentual do lucro operacional próprio (LA________________________ JIR) sobre as vendas e pode ser obtido pela seguinte expressão: ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ F = custo fixo ________________________ p = preço de venda unitário ________________________ ________________________ v = custo variável unitário ________________________ ________________________ ________________________ fixos para aumentar os efeitos das variações em vendas sobre o LAJIR”.
gestão e análise de projetos e investimento
42
O grau de alavancagem operacional é utilizado para estimar rapidamente o impacto que várias expectativas de vendas terão sobre os lucros, sem a necessidade de elaborar demonstrações de resultados detalhadas (GARRISON; NOREEN, 2001), ou seja, um GAO igual a 3 indica que a cada ponto percentual de variação das vendas estará associado a três pontos percentuais de variação no lucro operacional próprio. Exemplo: Um varejista tem custos operacionais fixos de R$ 2.500, preço de venda por unidade de R$ 10,00 e seus custos operacionais variáveis por unidade somam R$ 5,00. Verifique os efeitos sobre o LAJIR de um aumento ou redução das vendas a partir de um volume de 1.000 unidades. Q= 2500 / (10 - 5) = 500 GAO = [ 500 . (10 - 5) / 500. (10 - 5) - 500] = 1,25 O segundo tipo, a alavancagem financeira, pode ser definido de forma resumida como a capacidade da empresa para usar encargos financeiros fixos a fim de maximizar os efeitos de variações no LAJIR (lucro antes dos juros e imposto de renda) sobre os lucros por ação (LPA), ou seja, a alavancagem financeira resulta da participação de recursos de terceiros na estrutura de capital da empresa.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Exemplo: Consideremos uma empresa que gera um Lucro Operacional de $450. Sendo que a empresa está financiada por capital próprio (Patrimônio Líquido) de $2000 e em empréstimo bancário de $1000, cujo custo é de 12%, ou seja, despesas financeiras de $120 (12% x 1000), obtenha o GAF. Lucro Operacional Próprio= 450 - 120 = $ 330 GAF = 450 / 330 = 1,36 Como o resultado obtido é maior que 1,00, isso indica que a existência de alavancagem financeira é favorável. Vale lembrar que quanto maior for o grau de alavancagem financeira (GAF), mais elevada se apresenta a capacidade em elevar o retorno de seus proprietários mediante acréscimos no lucro operacional. Segundo Ross (2000, p. 341), “a alavancagem financeira pode alterar dramaticamente os resultados para os acionistas de uma empresa. Curiosamente, porém a alavancagem financeira pode não alterar o custo geral de capital da empresa”. Por sua vez, a alavancagem combinada ou total pode ser definida como a capacidade da empresa usar custos fixos, tanto operacionais como financeiros, para aumentar os efeitos de variações nas vendas sobre o lucro líquido. Conforme Gitman (1987, p.193), a alavancagem combinada pode ser definida como a capacidade da empresa usar custos fixos, tanto operacionais como financeiros, para aumentar o efeito de
Segundo Bruni (2008, p. 209), o grau da alavancagem combinada (GAC) reflete o efeito multiplicativo entre a alavancagem operacional e a alavancagem financeira, ou seja, da multiplicação dos graus de alavancagem operacional e financeira e pode ser obtida pela fórmula:
Exemplo:
43 gestão e análise de projetos e investimento
variações nas vendas sobre o lucro por ação.
Consideremos uma empresa que gera um Lucro Operacional de $450. Supondo que esta empresa está financiada por capital próprio (Patrimônio Líquido) de $2000 e em empréstimo bancário de $1000, cujo custo é de 12%, ou seja, despesas financeiras de $120 (12% x 1000), e o GAO da referida empresa é 1,25, como podemos obter o GAC? Aplicando as fórmulas demonstradas: Lucro Operacional Próprio= 450 - 120 = $ 330 GAF = 450 / 330 = 1,36 GAC = 1,25 . 1,36 = 1,7 Existem dois outros conceitos que são fundamentais na área financeira e se ________________________ deve sempre ter em mente: RISCO e RETORNO. De maneira geral, podem-se associar dois tipos de risco a qualquer negócio: o risco operacional e o risco financeiro. O primeiro relaciona-se à incerteza ou variabilidade dos resultados da organização em seu ramo de atividade, ou seja, ele está associado às características das operações da empresa, da natureza de seus produtos e de sua produção. Já o risco financeiro, ou variabilidade de retorno para o acionista, é definido pelo uso do capital de terceiros, ou seja, pelo uso de recursos que exigem remuneração fixa e prioritária em face da remuneração do capital do acionista. Cabe ressaltar que o risco financeiro depende da estrutura de capital da empresa, a qual é afetada pele seu risco operacional. Vale lembrar que, em situações de risco econômico elevado, não é recomendável a existência de alto grau de endividamento, pois a insegurança quanto aos resultados das operações pode permitir uma situação em que esses resultados não sejam suficientes para arcar com os compromissos. No entanto, em qualquer negócio existe a necessidade de captação de recursos externos e as decisões a este respeito podem ser otimizadas através do cálculo do grau de alavancagem financeira (GAF) e o grau de alavancagem operacional (GAO). Resumindo: um aumento na alavancagem gera um aumento no retorno e consequentemente um aumento no risco; e uma diminuição na alavancagem diminui o retorno e consequentemente o risco.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
44
ESTRUTURA DE CAPITAL A estrutura de capital de uma empresa é determinada pelo composto de endividamento a longo prazo que ela utiliza para financiar suas operações. Vale lembrar que o termo capital denota fundos da empresa a longo prazo e que existem dois tipos básicos de capital: capital de terceiros e capital próprio. Além disso, o custo de capital da empresa reflete a remuneração mínima exigida pelos proprietários de suas fontes de recursos. A abordagem tradicional da estrutura de capital pressupõe a existência de uma estrutura ótima de capital e admite que a empresa possa aumentar seu valor total mediante a utilização criteriosa de seu grau de alavancagem. Modigliani e Miller (apud ROSS; WESTERFIELD; JORDAN, 2000) afirmam que a relação entre a alavancagem e o custo de capital pode ser explicada pela abordagem do LAJIR (lucro antes dos juros e imposto de renda). Para eles, o custo de capital da empresa permanece constante em todos os graus de alavancagem. As proposições de Modigliani e Miller são: a estrutura de capital não afeta o valor da empresa, admitindo-se a hipótese de mercados perfeitos, ou seja, o valor da empresa independe de sua estrutura de capital. o custo previsto de uma ação é igual à taxa de capitalização da empresa, acrescentando um prêmio por riscos financeiros, ou seja, o custo de capital próprio de uma empresa
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
é linearmente dependente de sua estrutura de capital (ROSS; WESTERFIELD; JORDAN, 2000, p. 346)
em que:
A figura a seguir resume a discussão de estrutura de capital até o momento, ou seja, na figura é possível vislumbrar que à medida que a empresa aumenta o quociente entre dívidas e capital próprio, aumenta sua alavancagem, aumenta o risco do capital próprio e, portanto, a taxa de retorno exigida.
Figura 1 - Estrutura de capital Fonte: Ross (2000, p.346)
Esse conceito está vinculado à proporção de recursos próprios e de terceiros a ser mantida por uma empresa que leva à maximização da riqueza de seus acionistas. Segundo Machado (2002, p. 199), a estrutura ótima de capital de uma empresa é fruto do desequilíbrio entre custos e benefícios dos financiamentos obtidos e o custo do capital de terceiros é representado pelas taxas praticadas no mercado de capitais.
45 gestão e análise de projetos e investimento
ESTRUTURA ÓTIMA DE CAPITAL
Figura 2- Estrutura ótima de capital Fonte: Ross (2007, p.461)
________________________ Segundo Assaf (2007, p. 480), cabe ressaltar que a cada fonte de financiamento ________________________ relacionada na estrutura de capital estão associadas duas taxas: nominal e real. A taxa ________________________ real pode atingir, inclusive, percentuais negativos, os quais deverão ter seus efeitos ________________________ reconhecidos no projeto. ________________________
MODELO DE PRECIFICAÇÃO DOS ATIVOS Modelo desenvolvido primeiramente por Markowitz (1952) e, posteriormente por Sharpe (apud FORTUNA, 2002), cuja finalidade é avaliar o risco e o retorno sobre a carteira de ações, pois, de forma geral, os investimentos em títulos de longo prazo são realizados em carteiras diversificadas, com o objetivo de minimizar o risco.
RETORNO ESPERADO DE UMA CARTEIRA DE ATIVOS Segundo Machado (2002, p. 207), o retorno esperado de uma carteira de ativos pode ser definido com a média ponderada dos retornos esperados, de todos os ativos que compõem a carteira. Sendo obtido a partir da seguinte fórmula:
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
46
em que:
gestão e análise de projetos e investimento
Exemplo: Obtenha o retorno esperado da carteira de ações da empresa Azul e Rosa, usando as informações a seguir: Títulos Empresa X Empresa Y Empresa W
Participação na
Investimento (R$) 45.000 75.000 80.000
carteira (%) 20 45 35
Retorno esperado (%) 19 24 42
Chegamos ao fim desta aula. Na próxima aula, estudaremos os métodos e os instrumentos de planejamento e controle financeiro. Até lá!
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ SÍNTESE ________________________ Nessa aula vimos os conceitos de alavancagem operacional, financeira e com________________________ ________________________ binada. Além disso, estudamos também a estrutura de capital e finalizamos vendo o ________________________ conceito do retorno esperado de uma carteira de ativos. ________________________ QUESTÃO PARA REFLEXÃO ________________________ ________________________ Considere uma empresa com a seguinte estrutura de resultados: ________________________ ________________________ ________________________ Receita de Vendas $720.000 ________________________ Custo e despesas variáveis ($400.000) ________________________ Margem de Contribuição $320.000 Custos e despesas fixos ($200.000) ________________________ $120.000 ________________________ Resultado ________________________ ________________________ a) Obtenha o grau de alavancagem operacional para um volume de vendas de ________________________ $500.000 e pense em ações para melhoria desse índice. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Para aprofundamento do conteúdo estudado nessa aula, sugerimos a leitura do seguinte texto: O capítulo 5 do livro Avaliação de Investimentos de Adriano Leal Bruni, publicado em 2008.
REFERÊNCIAS
47 gestão e análise de projetos e investimento
LEITURAS INDICADAS
BRUNI, Adriano Leal Avaliação de investimentos. São Paulo: Atlas, 2008.
FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços, 15. ed. Rio de Janeiro: Qualimark, 2002.
GARISSON, Ray H; NOREEN, Eric W. Contabilidade gerencial. Rio de Janeiro: LTC, 2001.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Harbra, 1987.
MACHADO, José Roberto. Administração de Finanças Empresariais. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolf W.; JORDAN, Bradford D. Princípios de Administração Financeira: essentials of corporate finance. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestĂŁo e anĂĄlise de projetos e investimento
48
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
FINANCEIRO: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO E DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE ORÇAMENTO Autora: Regina Jacqueline Brandão “Quem quer colher rosas deve suportar os espinhos”.
(Provérbio Chinês)
49 gestão e análise de projetos e investimento
AULA 07 - PLANEJAMENTO E CONTROLE
Olá,
Nesta aula, será estudado o planejamento financeiro, o qual é um aspecto chave da gestão organizacional, pois estabelece os caminhos a serem seguidos para atingir o objetivo final da empresa. Segundo Hoji (2006, p.525), “o planejamento financeiro consiste em adequar o volume de recursos exigidos para executar as atividades operacionais e de investimentos da empresa, avaliando as possíveis fontes de recursos”, sendo necessário, para isso, a análise da estrutura de capital e a avaliação da capacidade de obtenção de financiamento da empresa dentre outras ações. O planejamento financeiro envolve a orientação, a coordenação e o controle das atividades da empresa, de modo a levá-la a atingir seus objetivos. O planejamento financeiro tem como objetivos principais, dentre outros: definir claramente as metas específicas de cada unidade; equacionar as múltiplas atividades de um plano global; conciliar metas e atividades das unidades com os objetivos globais da empresa; e controlar o desempenho. Suas principais vantagens são: fortalecer o hábito de estudar todos os aspectos antes da tomada de decisão; estimular a participação; fornecer critérios para a alocação de recursos; coordenar esforços; revelar pontos críticos de eficiência e ineficiência; avaliar resultados alcançados em face do planejado; promover eficácia em cada unidade e no todo da empresa. Dois produtos básicos do planejamento financeiro são: o planejamento de caixa e o planejamento de resultados. O primeiro envolve a elaboração do orçamento de caixa da empresa. Já o segundo consiste na elaboração tanto de orçamentos de caixa quanto de demonstrações financeiras projetadas. Existem dois aspectos principais no planejamento financeiro: o planejamento de caixa e de lucros. O planejamento de caixa está relacionado à preparação do orçamento de caixa e o planejamento de lucros envolve a preparação das demonstrações contábeis projetadas. O primeiro passo no planejamento financeiro de longo prazo é estabelecer as estratégias de longo prazo, ou seja, planejar as ações financeiras, e seus impactos antecipados, para períodos entre dois e dez anos; além disso, segue uma estratégia integrada com as demais áreas funcionais, fornecendo subsídios para que estas possam
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
50
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
atingir suas metas. É importante salientar que os planejamentos devem ser revisados à medida que surgem novas informações, por exemplo, alteração no ambiente macroeconômico. Já o planejamento financeiro de curto prazo estabelece as ações que devem ser implementadas para atingir as metas de longo prazo, antecipando-se ao impacto destas ações. O período varia de um a dois anos. Observe a figura a seguir para entender o processo de planejamento financeiro de curto prazo:
Figura 1 - Panorama do planejamento financeiro Fonte: (GITMAN, 2004)
ORÇAMENTO DE CAIXA É uma demonstração de entradas e saídas de caixa estimadas pela empresa e deve ser elaborado mês a mês, pois o fluxo de caixa e o resultado final de um mês influem no fluxo de caixa e no resultado dos meses subsequentes (HOJI, 2007). É utilizado para estimar necessidades ou excesso de recursos no curto prazo. Pode-se dizer que a principal matéria-prima do orçamento de caixa é a previsão de vendas, seja ela externa, interna ou combinada, que nada mais é do que uma projeção de receitas. A seguir, um formato geral de um orçamento de caixa:
(- ) (+) (- )
Recebimentos Pagamentos Fluxo Líquido de caixa Saldo inicial Saldo Final Saldo mínimo de caixa Financiamento total exigido Saldo excedente
Orçamento de Caixa em ($) Jan Fev 125.000 143.000 (45.000) (51.500) 80.000 91.500 35.000 115.000 115.000 206.500 (95.000) (105.000) 17.500 20.000 119.000
...
206.500
to, como sendo: planejar as atividades, de maneira que as ações de curto prazo correspondam à estratégia de longo prazo da empresa; coordenar as ações dos diversos departamentos da empresa, visando garantir a sinergia e consistência das ações; informar os objetivos, oportunidades e planos da empresa aos diversos gerentes de equipes para a sua disseminação; motivar, fornecendo estímulos para que todos atinjam as metas pessoais e organizacionais desejadas;
51 gestão e análise de projetos e investimento
Pode-se, de forma resumida, enumerar os objetivos principais de um orçamen-
controlar as atividades da empresa por comparação com os planos originais, para realizar os ajustes necessários; fornecer bases para a avaliação dos resultados de cada departamento, com base nas metas propostas pela direção, nas estratégias e nos recursos.
Na visão empresarial, o orçamento pode ser vislumbrado como um instrumento de planejamento e controle financeiro usado pelas empresas para definir o nível de atividades futuras, o qual traz a definição quantitativa dos objetivos e o detalhamento dos fatores necessários para atingi-los, assim como o controle de desempenho, tendo
por base o Planejamento estratégico. Além disso, é visto pelos administradores como ________________________ a ferramenta capaz de levá-los a alcançar não apenas os objetivos empresariais, mas ________________________ também o seu sucesso profissional. Vale salientar que, no planejamento financeiro de curto prazo, existem dois pontos principais para guiar a gestão do administrador financeiro: o orçamento de caixa e o planejamento de lucro. Como vimos anteriormente, o orçamento de caixa consiste no estabelecimento das necessidades, ou excesso de caixa, baseando-se nas entradas e saídas de recursos. Já o planejamento de lucro consiste na preparação de demonstrativos projetados, balanço patrimonial e DRE, tomando por base demonstrações contábeis do ano precedente e projeções de vendas para o ano seguinte. A elaboração destes demonstrativos requer uma criteriosa análise de valores projetados e outros simplesmente controlados. Estas projeções são baseadas na crença de que as relações financeiras mantêm o comportamento no decorrer do tempo, ou seja, as relações financeiras encontradas em demonstrativos de anos anteriores não se modificarão no futuro. A primeira demonstração a ser produzida é a DRE, que servirá de base para a elaboração do balanço projetado. A projeção da DRE pode ser elaborada através das técnicas de percentagem de vendas e de segregação de custos fixos e variáveis. A percentagem de vendas utiliza a previsão de vendas e, então, expressa o custo dos bens vendidos, as despesas operacionais e as despesas com juros como percentagens de vendas projetadas. Nela, todos os custos são considerados como totalmente variáveis, ou seja, variam em função da quantidade vendida, o que torna a técnica limitada, pois os lucros serão subestimados, quando as vendas aumentarem, e supe-
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
52
restimados, quando as vendas caírem. A melhor maneira de gerar uma demonstração projetada de resultado mais realista consiste em segmentar as despesas da empresa em componentes fixos e variáveis, considerando os tipos de custos e despesas. Já na preparação do balanço patrimonial projetado a abordagem mais difundida e prática é a abordagem criteriosa; nela os valores de algumas contas do balanço são estimados e outros calculados. Se, no final da projeção, for identificada alguma necessidade de financiamento ou sobra de recursos, será criada uma conta fictícia denominada de Financiamento Externo Necessário da Empresa (ou Excesso de Financiamento) e utilizada como conta de fechamento. Cabe ressaltar que as principais limitações dos enfoques usados para a elaboração de demonstrações projetadas estão associadas a uma incerteza: se o desempenho financeiro passado da empresa se repetirá no futuro; também, como certas contas terão o comportamento esperado, ou seja, serão obrigadas a assumir os valores desejados. Por esses motivos, é necessário que se entenda o macroambiente, ou seja, se prepare uma previsão do comportamento geral da economia e sejam feitos ajustes considerando outros fatos ou eventos. Para isso, deve-se lançar mão das demonstrações projetadas, as quais ajudam a estabelecer uma estimativa do montante de finan-
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
ciamento que será necessário para estruturar certo volume de vendas e fornecer informações suficientes para analisar níveis de lucratividade e performance da empresa em data futura. Em geral, projetam-se diferentes cenários (otimista, pessimista e realista), os quais são utilizados para avaliar a performance em momentos econômicos distintos. Após analisar as demonstrações projetadas, o gestor pode tomar decisões para ajustar as operações da empresa e assim atingir suas metas de curto prazo.
SÍNTESE Nessa aula, foi visto o planejamento e controle financeiro, pois o gestor financeiro de uma empresa deve entender os instrumentos de planejamento e controle financeiro, para conceber um modelo de orçamento adequado para a empresa.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO Tente enumerar quatro diferenças entre o planejamento financeiro e o orçamento de caixa.
LEITURAS INDICADAS Para aprofundar o seu conhecimento dos conteúdos vistos nessa aula faça uma leitura do capítulo 3 do livro “Princípios de Administração Financeira”, de Lawrence J. Gitman, publicado em 2004.
BRUNI, Adriano Leal. Avaliação de Investimentos. São Paulo: Atlas, 2008.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 10. ed., São Paulo: Pearson Education, 2004.
LEMES JUNIOR, Antonio; RIGO, Cláudio M.; CHEROBIM, Ana Paula. Administração Financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
MACHADO, José Roberto. Administração de Finanças Empresariais. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
53 gestão e análise de projetos e investimento
REFERÊNCIAS
MATIAS, Alberto Borges. Finanças corporativas de longo prazo: criação de valor com sustentabilidade financeira. São Paulo: CEPEFIN – Centro de Pesquisas em Finanças / Atlas, 2007. V.2
ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolf W.; JORDAN, Bradford D. Princípios de Administração Financeira: essentials of corporate finance. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
HOJI, M. Administração financeira: uma abordagem prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestĂŁo e anĂĄlise de projetos e investimento
54
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
GRADOS
Autor: Adelmo Fernando Ribeiro Schindler Junior Olá,
Nesta aula, vamos discutir a importância do orçamento empresarial e o conceito da gestão orçamentária. Esta compreensão é de muita importância para que possamos entender os sistemas orçamentários integrados. Na aula anterior, vimos a filosofia e os tipos de planejamento, o sistema orça-
55 gestão e análise de projetos e investimento
AULA 08 - SISTEMAS ORÇAMENTARIOS INTE-
mentário e a estrutura administrativa. Agora, estudaremos os objetivos, as etapas e a elaboração de um orçamento. Vamos relembrar esses assuntos para que possamos seguir nosso estudo? O orçamento empresarial está ligado ao conceito de planejamento. Portanto, preparar um orçamento para a empresa significa ordenar atividades com intuito de alcançar os objetivos propostos, ou seja, de atingir um futuro desejado. O orçamento pode ser a ferramenta administrativa mais adequada para se planejar financeiramente. A finalidade do orçamento se encontra em analisar detalhadamente cada atividade planejada na organização para que possa atingir o resultado final desejado. A preparação de um orçamento é um dos passos mais importantes para ________________________ a garantia da continuidade de uma empresa. O orçamento, na verdade, consiste em ________________________ uma série de apostas que devemos estar dispostos a fazer esperando obter, em cada ________________________ setor e no mercado em geral, situações que estejam de acordo com o que foi previsto ________________________ para a sua elaboração.
O planejamento diz respeito às implicações futuras de decisões presentes, ou seja, tomada de decisão presente, cujos efeitos deverão ocorrer em períodos de tempos futuros.
GESTÃO ORÇAMENTÁRIA A Gestão Orçamentária não é um procedimento isolado que sai da cabeça de uma única pessoa. É um conjunto de esforços que tem o objetivo de maximizar os resultados, dentro dos parâmetros da ciência e da lei. Sanvicente (2000, p. 213) diz que: “o orçamento representa a expressão quantitativa, em unidades físicas, medidas de tempo, valores monetários, dos planos elaborados para o período subseqüente, em geral de doze meses.” O orçamento é a transformação em números das ações previstas no planejamento estratégico a serem executadas pelos diversos departamentos da empresa, de modo a visualizar prováveis resultados da empresa.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Segundo Nakagawa (1993), o orçamento é:
gestão e análise de projetos e investimento
56
[...] a necessidade que a empresa tem de comunicar a seus gerentes os planos de ação, que, se forem executados de acordo com as políticas e diretrizes neles embutidos, deverão dar origem a resultados, que, em termos econômicos e financeiros, deverão corresponder às metas e aos objetivos programados e que possibilitarão à empresa atingir sua missão e propósitos básicos.
O orçamento não é técnica separada que pode ser utilizada independente do processo administrativo (NAKAGAWA, 1993, p. 68).
Ao contrário, conforme Welsch (1986, p. 22), o orçamento envolve a integração de numerosas abordagens técnicas de administração, tais como previsão de vendas, sistemas de cotas de vendas, orçamento de capital, análise de fluxo de caixa, análise das relações custo-volume-lucros, orçamentos variáveis, estudos de tempos e movimentos, custo padrão, planejamento estratégico, planejamento e controle de produção, controle de estoques, administração por objetivos, planejamento organizacional, planejamentos de recursos humanos e controle de custos. O orçamento é um planejamento de consumo de recursos, de volume de pro-
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
dução, de nível de tecnologia envolvida, de recursos humanos e de ativos permanentes, consolidando-se em um plano de lucros. Para o Catelli (1999), Durante o processo de planejamento operacional, pode haver a utilização de técnicas ligadas à pesquisa operacional para a escolha das alternativas viáveis de atuação para as várias áreas organizacionais. As várias alternativas elencadas e otimizadas seriam submetidas também à atuação da controladoria, que buscaria otimizar o resultado da empresa, propondo modificações aos orçamentos originais fornecidos pelas áreas, num processo interativo com elas, até que a otimização possível fosse alcançada (CATELLI, 1999, p.172).
Dessa maneira, o orçamento empresarial é um importantíssimo instrumento de gestão financeira que permite à empresa compatibilizar suas diversas políticas. Possibilita também a visualização dos planos elaborados, normalmente, para o período de doze meses; das metas e dos objetivos estabelecidos pela alta administração para atingir a missão e os propósitos básicos da empresa. Além disso, o orçamento integra diversas abordagens técnicas de administração para a escolha das alternativas viáveis para buscar a otimização do resultado, propondo modificações para que o mesmo seja alcançado. Na disputa pelo mercado, acirra-se o esforço de manter os custos das atividades empresariais em nível competitivo. Além dos custos da produção e comercialização, entram, nesse contexto, despesas de várias ordens. Para disciplinar o custo interno e
orçamentário (Budget Planning). Segundo Warren (2001): Durante a fase de planejamento do processo orçamentário, todos os pontos de vista são considerados, as opções identificadas e as oportunidades de redução de custos avaliadas. Esses esforços resultam em decisões mais acertadas. Daí, o processo orçamentário pode revelar oportunidades ou ameaças que não eram conhecidas antes do planejamento financeiro (WARREN, 2001, p.179).
57 gestão e análise de projetos e investimento
aumentar a margem competitiva, uma das armas mais poderosas é o planejamento
O orçamento empresarial deve ser visto como um instrumento de curto prazo, como salienta o Sobanski (2000): O instrumento mais detalhado da administração que integra as quantificações das ações e resultados em curto prazo da empresa, visando alcançar seus objetivos com eficiência. É também o elo gerencial de ligação entre a atuação da empresa em curto prazo e sua estratégia, isto é, reflete os primeiros passos da empresa na direção de seus objetivos de longo prazo (SOBANSKI, 2000, p. 16).
O orçamento deve refletir o planejamento estratégico da empresa, sendo a etapa em que se estimam as receitas e as despesas para atender as necessidades de modo a atingir os objetivos determinados. Podemos inferir que o orçamento deve representar, em termos monetários, todo o planejamento estratégico do empreendimento, isto é, os objetivos e metas traçadas para o período estimado pelo plano orçamentário. No orçamento, constarão as necessidades de recursos monetários que permitirão a realização dos planos e metas da empresa, sejam eles quais forem: crescimento de vendas, contratação e treinamento da força de trabalho, campanhas publicitárias, expansão de produção. Todas essas metas necessitam de recursos financeiros para sua execução, portanto suas fontes de captação deverão estar definidas, e o mais importante, verificadas acerca da disponibilidade na ocasião necessária, porque se pode planejar a compra de uma nova máquina visando ao aumento da produção, e não ter o dinheiro necessário. Nesse caso deve estar prevista a operação por captação de recursos de terceiros, ou seja, financiamento quer do fornecedor da máquina quer de um banco. Como essa captação demanda tempo e trâmites burocráticos é mister sua previsão no orçamento.
OBJETIVOS DO ORÇAMENTO Determinar meta definida para o desenvolvimento dos negócios. Estabelecer interação entre consumidor e empresa.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
58
Elaborar planos em curto prazo.
gestão e análise de projetos e investimento
Desenvolver um plano de produção. Formar fluxos de caixa do exercício. Avaliar efeitos dos investimentos. Assegurar o prosseguimento dos planos. Reavaliar a estratégia da organização.
ETAPAS DO ORÇAMENTO 1- Conhecer a missão e os objetivos da empresa para o período abrangido pelo orçamento. 2 - Estabelecer os parâmetros orçamentários: Horizonte de planejamento; Modelo de planilha; Moeda, índices de atualização monetária; Período de revisão; Nível de concentração hierárquico (departamento, seção, etc.);
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Prazo para a tabulação. 3 - Divulgação das instruções e treinamento. 4 - Tabulação. 5 - Aprovação do orçamento. 6 - O orçamento aprovado é encaminhado às unidades que o executarão.
AÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE UM ORÇAMENTO Avaliação do efeito em potencial de todas as variáveis relevantes para a empresa. Especificação dos objetivos gerais e específicos da empresa. Formulação e avaliação das estratégias da empresa. (*) Preparação das premissas de planejamento. Preparação e avaliação dos projetos. Aprovação dos projetos. Execução dos projetos. Elaboração e utilização de relatórios de desempenho. Implantação de medidas de acompanhamento.
Exemplo de Projeto Orçamentário Projeto – Manutenção do sistema elétrico Atividades básicas: iluminação (troca de lâmpadas, luminárias, lentes difusoras, reatores, etc.); subestação (limpeza, troca de óleo, reparos, etc.); fiação (inspeção, troca de cabos, desratização, etc.) Perguntas operacionais:
gestão e análise de projetos e investimento
59
Qual a programação feita para cada atividade? Qual o nível provável de defeitos a ser encontrado? Qual a quantidade de pessoal requerida em cada tarefa? Quanto de material e outros recursos são necessários? Há outro modo de se executar as tarefas? A resposta a essas perguntas gerará as necessidades que, uma vez valorizadas, deverão compor o orçamento operacional.
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA A empresa, depois de estabelecer o cenário econômico, as premissas básicas, os conceitos, e de identificar os problemas, poderá começar a preparar o início da execução do seu orçamento empresarial anual; que é uma ferramenta de planejamento de curto prazo, inserida no planejamento estratégico (longo prazo). O período anual para o cálculo do orçamento empresarial também coincide com período fiscal, quando as empresas prestam contas ao fisco. Isso é recomendado pelos autores que discutem sobre o orçamento. De acordo com a característica de cada empresa, o processo orçamentário normalmente alinha-se a sua particularidade e costuma acompanhar os procedimentos preestabelecidos. As variações conhecidas do processo não o invalidam e nem o prejudicam, simplesmente tentam adequá-lo às características particulares e individuais de cada empresa. Tung (1983, p. 38), em relação ao processo orçamentário, diz que: “cada empresa tem suas necessidades específicas, decorrentes da natureza de suas atividades. Para obter resultados favoráveis, ela precisa possuir um sistema de trabalho definido, capaz de oferecer-lhe meios mais seguros de controle”. O processo orçamentário inicia-se pelas vendas estimadas, portanto a administração de vendas cria o problema mais importante e complexo no procedimento orçamentário. Este assunto essencial para sua vida profissional. Na próxima aula, daremos continuidade a este assunto, estudando o controle orçamentário e os tipos de orça-
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
60
mento. Até lá!
SÍNTESE Nesta aula, vimos que o orçamento deve refletir o planejamento estratégico da empresa, sendo a etapa em que se estimam as receitas e despesas para atender às necessidades de modo a atingir os objetivos determinados.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO Qual é a importância do orçamento no gerenciamento das organizações? Para ter sucesso, a empresa pode prescindir deles?
LEITURAS INDICADAS ROSS, Stephen A. et al. Princípios de administração financeira: essentials of corporate finance. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
WELSCH, Glen Albert. Orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 1983.
SITE INDICADO
________________________ ________________________ http://w3.ufsm.br/revistacontabeis/anterior/artigos/vIIn01/a09vIIn01.pdf ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ REFERÊNCIAS ________________________ ________________________ CATTELI, Armando. Controladoria: uma abordagem da gestão econômica - GECON. São Paulo: Atlas, 1999. ________________________ ________________________ GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 1997. ________________________ ________________________ HOJI, Masakazu. Administração financeira: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2003. ________________________ ________________________ NAKAGAWA, Masayuki. Introdução à controladoria: conceitos, sistemas implementação. São Paulo: Atlas, ________________________ 1993. ________________________ ________________________ SANVICENTE, Antonio Zorato; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na administração de empresas. São ________________________ Paulo: Atlas, 2000. ________________________ ________________________ TUNG, Nguyen H.. Orçamento empresarial no Brasil para empresas industriais e comerciais. 3. ed. São ________________________ Paulo: Edições Universidade-empresa Ltda, 1983. ________________________ WARREN, Reeve & Fess. Contabilidade gerencial. São Paulo: Pioneira. 2001. ________________________ ________________________ WELSCH, Glenn Albert. Orçamento empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1983. ________________________
POS DE ORÇAMENTOS
Autor: Adelmo Fernando Ribeiro Schindler Junior
Olá,
Na aula anterior, vimos os conceitos de orçamento e as etapas necessárias para sua implantação, vimos também que, uma vez elaborado o orçamento, procede-se ao acompanhamento e controle do mesmo.
61 gestão e análise de projetos e investimento
AULA 09 - CONTROLE ORÇAMENTÁRIO E TI-
Nesta aula, vamos estudar o controle orçamentário e os tipos de orçamentos, porque à medida que o tempo decorre e as atividades são desenvolvidas, surge a necessidade de verificar se os fatos ocorreram conforme se previu. Essa é a atividade de controle, portanto controlar significa verificar se o realizado coincide com o planejado. Logo, o controle orçamentário é uma atividade a ser desenvolvida pela empresa operante em bases orçamentárias, por intermédio do orçamento a empresa, certifica-se que os recursos foram obtidos e aplicados de modo a assegurar a consecução dos objetivos.
CONTROLE ORÇAMENTÁRIO O controle se destina a verificar os desvios ocorridos entre os valores inicialmente previstos e os efetivamente realizados. A partir dessa informação, os porquês serão verificados. Porém algumas variáveis que provocam divergências no controle orçamentário, o que, na verdade, pode vir a ocasionar prejuízos diversos à organização. Como principais variáveis, podemos citar:
influência climática; indisponibilidade de algum fator de produção; modificação no processo produtivo; recursos financeiros fora de prazo; atividade não realizada; atividade não prevista.
Para executarmos controles, devemos ter parâmetros de referência, na área financeira e um dos melhores parâmetros é o orçamento, por seu intermédio, pode-se observar se os planos foram executados conforme desejado inicialmente. Pela intensidade e maneira como os recursos foram captados e gastos, podemos controlar as atividades da entidade, verificando a eficácia com que seus objetivos são alcançados, e quando não o forem, detectar os motivos.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
62
Para que o orçamento assuma sua função plena de planejamento e controle, deve possuir caráter impositivo e não meramente autorizador, isto é, ele deve ser como plano de ação, que, uma vez aprovado deverá ser implementado. Logo seus executores não mais precisarão preocupar-se com recursos e autorizações para suas atividades, visto que isso passa a ser tarefa da área financeira. Em um orçamento autorizativo, a função de planejamento fica deteriorada, pois a execução fica indefinida quanto à alocação de recursos, e só será realizada segundo os critérios de disponibilidade da área financeira. Segundo Goudeket (2001, p.9): [...] a empresa deve seguir alguns requisitos:
- a direção da empresa deve considerar o controle orçamentário como essencial;
- os executivos responsáveis devem sentir entusiasmo pelo controle orçamentário;
- o controle orçamentário é, em grande parte, um problema psicológico. Ignorar esse aspecto é abrir caminho para o insucesso;
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
- [...] para completar o controle orçamentário é necessária a observação estatística (GOUDEKET, 2001, p.9).
Segundo Watts (1996), [...] para o controle efetivo do orçamento são necessárias quatro condições:
- determinação prévia dos objetivos;
- existência de medidas de causa e efeito;
- os fatores devem ser mensuráveis;
- a ação corretiva deve ser possível (WATTS, 1996, p. 630).
ações: Realizado menor que o previsto Algum elemento de gasto não foi utilizado, ou mudou-se o processo sendo, portanto, dispensável, ou não estava o recurso disponível em tempo hábil. Previu-se valor ou quantidade excessiva ou a atividade não foi realizada.
Realizado maior que o previsto Foi executada operação não prevista, gastou-se quantidade acima do espera-
63 gestão e análise de projetos e investimento
Quando se faz o controle do orçamento sobrevém alguma das seguintes situ-
do, ou houve perdas provocadas por fator exógeno.
Realizado igual ao previsto Será que somos tão bons assim em nossas previsões?
TIPOS DE ORÇAMENTO Operacionais (curto prazo) – consistem geralmente de previsões sobre vendas, produção, estoques, despesas indiretas de fabricação, despesas de vendas e despesas administrativas. Investimentos (longo prazo) – demonstram os gastos de capital, abrangendo períodos superiores a três anos. Orçamento financeiro – envolvem o orçamento de caixa, balanço projetado e a demonstração de resultado projetada.
O orçamento operacional formaliza, quantifica e expressa em um conjunto de planos, detalhando os objetivos da empresa e permitindo aos gerentes investigarem como se comportarão os custos e as receitas sob a ação específica de hipóteses operacionais. Não raro, esse processo detecta conflitos entre os objetivos da cúpula administrativa e as realidades das capacidades da empresa. Por meio do orçamento, é possível identificar os recursos necessários para atingir os objetivos e também descobrir como esses recursos podem ser aplicados. Se os atuais recursos não podem atender aos objetivos planejados, o processo de orçamento operacional pode provocar um exame das implicações financeiras de um a compra adicional de ativo (orçamento de capital). O orçamento operacional é elaborado a partir das previsões de venda da empresa, em função do mercado (interno e externo) e da capacidade de produção. Os custos variáveis (que variam conforme o volume de produção/ vendas) são projetados segundo o faturamento; já as despesas fixas são projetadas pela média histórica ajustada para o cenário futuro. Por exemplo, os impostos são lançados com base na legislação, incidindo diretamente sobre a venda. Já um contrato de aluguel terá um valor fixo, podendo alterar seu valor somente a partir da data de reajuste estipulada.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
64
Assim sendo, a distinção principal a ser efetuada é se a conta representa um custo fixo ou variável (o que é obtido pela análise histórica e intuitiva). A partir daí, ajustam-se os valores em função de reajustes de preço previstos ou aumento na demanda pelo item vendido pela empresa. Em contrapartida, a contratação de mais um funcionário, por exemplo, elevará as despesas com folha, ainda que este funcionário coopere com o aumento de produtividade da empresa. Conforme Sanvicente e Santos (1997), há somente um caso no qual as previsões de produção devem vir em primeiro lugar – quando a restrição da empresa não é o mercado, mas sim sua capacidade produtiva. Os autores ressaltam que essa é uma situação muito rara. Os orçamentos indicam a direção quando representam uma quantificação dos objetivos da administração, isto é, ao concluir o processo orçamentário, cada gerente passa a ter uma meta específica a cumprir. Os dados do orçamento operacional servem de padrão para comparar os resultados reais de um gerente ou de uma unidade. Para que um orçamento seja o mais efetivo na função de planejamento, deve ser baseado em uma avaliação realística das capacidades operacionais e no resultado mais provável das interações da empresa com o ambiente. Se o orçamento operacional é excessivamente otimista, a empresa pode subutilizar seus recursos; por outro lado, se é extremamente pessimista, pode haver recursos insuficientes para uma exploração completa das oportunidades de mercado.
________________________ ________________________ ________________________ Vantagens do orçamento ________________________ Obriga a empresa analisar sua estratégia; ________________________ Exige atribuições e responsabilidades definidas a cada função da empresa; ________________________ ________________________ Gerentes são forçados a quantificar e datar atividades pelas quais serão responsáveis; ________________________ Reduz envolvimento da cúpula com o dia a dia; ________________________ ________________________ Identifica áreas eficientes e deficientes; ________________________ Aperfeiçoa o uso dos recursos. ________________________ ________________________ ________________________ Desvantagens do orçamento ________________________ ________________________ Os valores são apenas estimativos, portanto sujeitos a variações; ________________________ Quanto maior o horizonte temporal menos perto da realidade; ________________________ Tempo para coleta de informações; ________________________ ________________________ Interpretação de “tabu”; ________________________ Uso excessivo de tendências históricas; ________________________ ________________________ Aplicação de cortes lineares. ________________________ ________________________
ria possui, compete, ao gestor, verificar quais dessas desvantagens estão presentes no âmbito da empresa e buscar uma maneira de eliminá-la ou minimizá-la, usando para isso seu poder de persuasão e convencimento. O processo orçamentário inicia-se pelas vendas estimadas, portanto a administração de vendas cria o problema mais importante e complexo no procedimento orçamentário. Vejamos agora o que é o orçamento de vendas e como elaborá-lo.
ORÇAMENTO DE VENDAS
65 gestão e análise de projetos e investimento
Cônscio das vantagens e desvantagens que a técnica de aplicação orçamentá-
É necessário definir a previsão de vendas, ou seja, determinar a quantidade e o valor total dos produtos a vender, bem como calcular os impostos, a partir de projeções de vendas elaboradas pela área de Marketing por período de tempo. O ponto de partida para a projeção futura das vendas de uma empresa é o seu desempenho passado. Porém, muitas vezes, os dados históricos não podem ser usados diretamente, em virtude das distorções inflacionárias. Contudo, este problema foi bastante amenizado a partir da implantação do Plano Real. Somente a partir da consideração histórica do desempenho da empresa, é que se pode traçar o volume de vendas esperado para o futuro. Quanto mais distante o ________________________ período a projetar, mais incertos serão os resultados. ________________________ Para Gitman (1997, p. 591), as previsões de vendas são fornecidas normalmente pelo departamento de marketing, sendo externas (relação entre vendas atuais e indicadores macroeconômicos) e internas (conclusões acerca das projeções realizadas pelos canais de venda), e o ideal é a combinação das duas técnicas. O histórico de comportamento, para o autor, é um ponto de partida normalmente necessário. Além de restrições internas, relacionadas à própria capacidade produtiva da empresa, fatores externos também influenciam as previsões. Dentre eles, destaca-se a variação prevista da economia como um todo (exemplificada normalmente pela alteração no PIB), a variação prevista do ramo de atividade em especial (sinalizado por indicadores setoriais), variações regionais ou microrregionais (normalmente dependentes do desempenho local), e finalmente os planos de investimento ou retração da própria empresa. A definição do cenário político-econômico futuro deve preceder a própria elaboração do orçamento. Orçamento de vendas normalmente indica para cada produto: (1) a quantidade estimada de vendas e (2) o preço de venda unitário esperado. Para estimar a quantidade de venda de cada produto, a quantidade vendida no passado é, muitas vezes, usada como ponto de partida. Esses valores são atualizados por fatores que podem afetar as vendas futuras, como os fatores listados a seguir: ordens de vendas em carteira ainda não atendidas; planejamento de promoção e propaganda; condições econômicas gerais e industriais esperados;
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
66
capacidade produtiva;
gestão e análise de projetos e investimento
política de preços projetados; descobertas de estudos de pesquisa de mercado.
Depois de obtida uma estimativa do volume de vendas, a receita de vendas esperada pode ser determinada multiplicando-se o volume pelo preço de venda unitário esperada. Sanvicente e Santos (1997) complementam que: Todos os demais orçamentos parciais são desenvolvidos em função do orçamento de vendas, ou seja, tendo-se determinado o que será vendido, em que quantidades e quando, e conta-se com as informações principais para a determinação dos recursos necessários para o atendimento dessas vendas em quantidade, qualidade e por período de tempo. (SANVICENTE; SANTOS, 1997, p. 43)
Após a elaboração do orçamento de vendas, é preciso preparar o orçamento de produção, ou seja, determinar a quantidade de produtos que devem ser produzidos, levando em consideração os produtos acabados e estoques existentes.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
ORÇAMENTO DE PRODUÇÃO Os orçamentos de compras de material direto, de mão de obra direta e de custos indiretos de fabricação são usados para elaborar o orçamento do custo dos produtos vendidos. A produção deve ser cuidadosamente coordenada com o orçamento de vendas para assegurar que a produção e as vendas sejam mantidas em equilíbrio durante o período. O número de unidades a serem produzidas para atender às vendas orçadas e às necessidades de estoque de cada produto é mostrado no orçamento de produção. Envolve a necessidade de matérias-primas, de mão denobra direta e indireta, de estoques de produtos acabados e em processos, do orçamento de estoques, e de custos indiretos de fabricação. Sanvicente e Santos (1997, p. 216), sobre orçamento de produção, afirmam que: “tendo sido elaborado o orçamento de vendas, a próxima tarefa é preparar a projeção ou orçamento das unidades físicas necessárias de cada produto”. Espero que tenha gostado, afinal o controle orçamentário faz parte do dia a dia de qualquer empresa. Na próxima aula, estudaremos o orçamento de compras, focando sua definição, seus conceitos e seus objetivos. Até la!
SÍNTESE Nesta aula, estudamos a necessidade do controle orçamentário e a verificação das causas que podem provocar desvios entre o planejado e o realizado. Vimos que
(curto prazo) e de investimento (longo prazo), e que há, ainda, o orçamento financeiro que termina por englobar ambos e servir de base para projeções das demonstrações financeiras. Enumeraram-se as vantagens e desvantagens da aplicação de orçamentos na empresa, e abordaram-se os aspectos para elaboração do orçamento de vendas e de produção, enfatizando-se a necessidade de uma previsão de vendas como ponto de partida para o processo orçamentário.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO Por que se deve elaborar de forma cuidadosa e apurada a previsão de vendas em uma empresa? Quais os reflexos de uma previsão de vendas elaborada sem ne-
67 gestão e análise de projetos e investimento
os orçamentos podem ser classificados quanto ao prazo em orçamento operacional
nhuma técnica? A previsão de vendas deve ser embasada apenas no desempenho passado?
LEITURAS INDICADAS BOISVERT, Hugues. Contabilidade baseada em atividades e controle de gestão. São Paulo: Atlas, 1999.
FREZATTI, Fábio. Orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 2000.
GOUDEKET, R. Dez mandamentos do controle orçamentário. Apostila, 2001.
LUNKES, Rogério João. Manual de orçamento. São Paulo: Atlas, 2003.
ROSS, Stephen A. et al. Princípios de administração financeira: essentials of corporate finance. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
WATTS, Jonh. Accounting in the business enviroment. 2. ed. Londres: Pitman, 1996.
WELSCH, Glenn Albert. Orçamento empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1983.
SITE INDICADO http://w3.ufsm.br/revistacontabeis/anterior/artigos/vIIn01/a09vIIn01.pdf
REFERÊNCIAS GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 1997.
GOUDEKET, R. Dez mandamentos do controle orçamentário. Apostila, 2001.
HOJI, Masakazu. Administração financeira: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2003.
SANVICENTE, Antonio Zorato; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na administração de empresas. São Paulo: Atlas, 1997.
WATTS, Jonh. Accounting in the business enviroment. 2. ed. Londres: Pitman, 1996.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestĂŁo e anĂĄlise de projetos e investimento
68
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
MENTO DE MÃO DE OBRA, ORÇAMENTO DE CAIXA E DE CAPITAL Autor: Adelmo Fernando Ribeiro Schindler Junior Olá,
Nesta última aula, estudaremos a forma de fazer os orçamentos de compras, de mão de obra, de custos indiretos de fabricação e de despesas administrativas. Estudaremos também o orçamento de caixa e o orçamento de capital. Boa aula!
69 gestão e análise de projetos e investimento
AULA 10 - ORÇAMENTO DE COMPRAS, ORÇA-
ORÇAMENTO DE COMPRAS Estabelecida a quantidade a ser produzida, o próximo passo é preparar o orçamento de compra de matéria-prima direta, levando em consideração, também, os estoques iniciais e de fim de período. Inicialmente, é importante ressaltar o custo de oportunidade representado pela manutenção de estoques – o capital imobilizado nos mesmos apresenta um custo financeiro. Portanto, a minimização deste custo, sem prejuízo das vendas, deve ser a meta do administrador. Normalmente, efetuam-se as previsões de compras com base num percentual sobre as vendas, ajustando-o conforme a política de estocagem da empresa. Outra possibilidade é a projeção direta dos níveis de estoque de cada linha de produto, segundo a lógica da minimização dos custos de armazenamento. Cruzando-se essa informação com as vendas da empresa, têm-se os níveis de produção e de compra necessários para a firma. Matérias-primas são bens adquiridos que no processo industrial, por transformação ou por montagem, se integram nos produtos acabados. Quanto ao orçamento de matérias-primas, Hoji (2001, p. 377) afirma que: “os quadros do orçamento de matérias-primas determinam a quantidade e o valor de matérias-primas a consumir e a comprar, bem como os impostos incidentes sobre as compras”.
ORÇAMENTO DE MÃO DE OBRA Segundo Sanvicente e Santos (2000, p. 87), “orçar a mão de obra direta significa: a) estimar a quantidade de mão de obra direta necessária para cumprir o programa de produção, b) projetar a taxa horária que será utilizada e c) calcular o custo total de mão de obra”. O custo da mão de obra direto é o salário acrescido dos encargos que é pago aos trabalhadores ligados às áreas produtivas. Não devem ser incluídos como custo de mão de obra direta as horas extras, o abono e os prêmios. Esses custos geralmente são incluídos nos custos indiretos de fabricação.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
70
ORÇAMENTO DE CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO E DESPESAS ADMINISTRATIVAS O orçamento de custos indiretos de fabricação (CIF) é composto da mão de obra indireta, dos materiais e dos componentes que são agregados ao produto ou utilizados durante o processo de manufatura cuja mensuração ou é impraticável ou o custo para apurar com precisão essa informação não traz benefícios relevantes ao processo decisório. A título de exemplo, podemos citar o gás utilizado no processo de cozimento dos alimentos em um restaurante. Enquanto a maioria dos ingredientes é facilmente mensurada, o consumo do gás não o é, para fazê-lo seria necessário colocar um medidor de vazão, implicando custos e a informação não traria grandes influências em termos totais de custos. O orçamento de despesas administrativas envolve todos os gastos a serem realizados no período durante a execução das atividades pertinentes ao gerenciamento da empresa, gastos esses que não possuem vinculação com o processo de manufatura do produto.
ORÇAMENTO DE CAIXA ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
O instrumento básico para execução do planejamento e do controle financeiros em curto prazo da empresa é o orçamento de caixa. Além disso, o orçamento de caixa serve como um ponto de referência para comparação com os valores realizados. Defasagens significativas podem indicar que os pequenos programas da empresa não estão ocorrendo segundo o planejado, mostrando que deverão ser tomadas medidas corretivas e/ou saneadoras. Alternativamente, essas defasagens podem informar que os programas da empresa se tornaram irreais, em vista da ocorrência de acontecimentos imprevistos e incontroláveis.
Objetivos Seu objetivo é verificar se haverá recursos suficientes que assegurem todos os planos da empresa. Esse orçamento nos alerta quando haverá necessidade de financiamentos ou excesso de recursos de modo que possamos nos antecipar às eventualidades. Desta forma, o orçamento é o instrumento que permite ao administrador financeiro saber, antecipadamente, se haverá problemas de liquidez ou não, em termos operacionais e não operacionais, considerados os aspectos de solvabilidade e de rentabilidade da empresa, para o período em tela. Assim, em tempo hábil, a empresa projetará a necessidade de levantar empréstimos para cobrir déficit de caixa, analisando as fontes internas e externas, o custo financeiro de operação, as reciprocidades que deverão ser oferecidas à instituição de crédito, etc. Por outro lado, na aplicação, deverão ser considerados: o volume de recursos que serão comprometidos, o tempo, o risco, a liquidez e a rentabilidade do investi-
estiver corretamente aplicado, se tornará antiprodutivo para a empresa, na proporção do tempo em que estiver ocioso. O orçamento de caixa reúne as informações oriundas dos outros orçamentos que afetarão o fluxo monetário da empresa. Consiste de uma tabela onde são dispostos todos os recebimentos e pagamentos previstos para o período, devendo ser revisto a cada intervalo de previsão. Este tipo de orçamento possibilita verificar excesso ou falta de fundos, e, deve ser revisto periodicamente. Para sua elaboração, tabulamos os recebimentos, subtraímos os pagamentos, obtendo o fluxo líquido ao qual somamos o saldo inicial em caixa para obter o saldo
71 gestão e análise de projetos e investimento
mento. Justifica-se esta preocupação porque, na atual conjuntura, se o dinheiro não
final no período. Desse saldo final, extraímos o valor a ser mantido como caixa mínimo, quando então, verificamos a existência de excedente de caixa ou a necessidade de financiamentos. Esse orçamento assume importância como instrumento de planejamento e controle por representar, de modo financeiro, tanto a estratégia quanto a tática empregada para se alcançar os objetivos da empresa. Nenhuma organização quer seja filantrópica, quer seja mercantil ou governamental, sobrevive em um regime capitalista se não gerir adequadamente seus recursos financeiros. A arte financeira consiste basicamente em duas atividades, captação de recursos e aplicação de recursos. Ora, o orçamento de caixa é a peça onde essas atividades estão claramente demonstradas, é o orçamento que nos mostrará quanto, quando, e onde captaremos e aplicaremos os recursos da entidade. A sua elaboração é um ato de planejar, pois é nessa hora que estamos decidindo antecipadamente quais atividades serão executadas no futuro, além de sua forma e intensidade de execução. Ao alocarmos recursos para determinadas atividades da empresa, estamos afirmando e enfatizando nossas prioridades estratégicas. O orçamento deve estar em sintonia plena com os objetivos da entidade para o período que ele abrange. De nada adianta a cúpula administrativa fazer planos estratégicos, elaborar discursos sobre objetivos da entidade, se os mesmos não estão sustentados por um orçamento consistente. Quando o orçamento mantém vinculação estreita com os objetivos da organização, em alguns casos, verificamos ser impossível ou impraticável a consecução dos objetivos. Nesse momento, todo o planejamento é revisto, ficando então caracterizado o orçamento como importante instrumento de planejamento.
VANTAGENS DO ORÇAMENTO DE CAIXA Encontram-se arroladas, a seguir, as principais vantagens de elaborar-se o orçamento de caixa na empresa: a) visa demonstrar ao administrador financeiro o momento adequado para as retiradas de caixa, sem, contudo, acarretar problemas financeiros para empresa; b) faculta ao administrador financeiro meios de pôr em funcionamento suas disponibilidades de caixa de maneira mais racional e lucrativa possível, sem compro-
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
72
meter a liquidez da empresa; c) permite a utilização mais lucrativa do caixa, quando for do interesse da empresa o pagamento de contas dentro do período de desconto, visto que isso poderá aumentar a reputação da empresa para efeito de crédito, poupando simultaneamente, o desembolso de considerável soma em dinheiro se a compra é realizada à vista; d) auxilia verificar os períodos em que a empresa terá excedentes de caixa, além de estimar os valores dos saldos de caixa e os períodos em que eles irão ocorrer; e) possibilita a escolha de investimentos, da parcela ociosa, de recursos financeiros, do mesmo modo que as informações relativas aos déficits de caixa serão usadas para a seleção de instruções de crédito capazes de atender as necessidades da empresa; f ) através do orçamento de caixa, os pontos vulneráveis e os pontos positivos poderão ser detectados, antecipando ao administrador financeiro a postura, em termos das medidas cabíveis para cada situação projetada para a empresa; g) utilizando o orçamento de caixa, poderemos estabelecer os objetivos e as metas a atingir pela empresa. Logo, a seleção de alternativas mais eficazes para suprir eventuais insuficiências de caixa deve ser embasada nos objetivos estabelecidos.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
ORÇAMENTOS DE INVESTIMENTOS OU DE CAPITAL O orçamento de capital ou de investimentos deverá incluir programas com aquisições de máquinas ou veículos, construções, modificações e transformações que tenham caráter de melhoria ou de reposição da capacidade produtiva para o período que está sendo elaborado. Inclui também, além dos investimentos em ativos fixos, outros itens, como as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D), em melhoria nas condições de trabalho, expansões, novas unidades fabris e trocas de máquinas e equipamentos, além de locais para lazer. As técnicas de análise de investimentos (especialmente VPL e TIR) são de grande valia quando da avaliação da viabilidade deste tipo de situação empresarial. Uma questão frequentemente esquecida em projeções de investimento é o capital de giro incremental – o maior volume de recursos investidos em ativos de curto prazo (compra de matéria-prima, disponibilidades, estoques, duplicatas a receber), que em geral é disponibilizado para complemento de projetos, com relação a passivos de curto prazo (fornecedores, contas a pagar) ocasionado pelo projeto. Esta necessidade de recursos deve estar considerada no projeto, tanto quanto um investimento em ativos fixos, tais como uma máquina ou equipamento, pois a imobilização de recursos é a mesma, apesar do caráter intangível do incremento de capital de giro.
tos da organização: Caso o plano estratégico tenha sido desenvolvido de maneira adequada, além das definições de missão, objetivos e estratégias, os planos de longo prazo referentes a investimentos em ativo permanente, recursos humanos, pesquisa e desenvolvimento também são elaborados. No que se refere ao modelo propriamente dito, além do aumento referente a máquinas e equipamentos, ele deve ser alimentado com outras decisões, tais como investimentos em edifícios, equipamentos de processamento de dados. (FREZATTI, 2000, p. 102)
73 gestão e análise de projetos e investimento
Frezatti (2000) comenta a esse respeito em relação às decisões de investimen-
Assim, o orçamento de capital ou de investimento a ser considerado no planejamento anual deverá estar em conformidade com o planejamento das atividades que compõem o orçamento de operações da empresa. Normalmente, o orçamento de capital ou de investimento do planejamento orçamentário anual é uma parte do que define os investimentos de longo prazo, portanto ele é mais simples e resumido. Os novos investimentos projetados nesta fase são aqueles considerados necessários para atingir os objetivos determinados no orçamento empresarial. Um dos elementos básicos dessas projeções corresponde aos planos de novos investimentos em ativos imobilizados e abandono ou liquidação de ativos obsoletos. Dentro desse conceito, alguns investimentos podem representar: reposição de máquinas e equipamentos; novos equipamentos para novo plano de produção; produção de novos produtos.
De um modo geral, esses planos de investimentos projetados devem levar em consideração os impactos que podem ser causados na situação financeira da empresa no curto prazo, como também a sua contribuição para a melhoria ou aumento de retorno sobre o investimento da empresa neste período.
Sobanski (2000) comenta a esse respeito: É importante que seja criterioso o planejamento dos investimentos de certo porte, já que suas decisões geralmente são irreversíveis, requerem o comprometimento de consideráveis recursos financeiros e condicionam o desempenho da empresa durante longo tempo. (SOBANSKI, 2000, p. 57)
Espero que tenha gostado da disciplina. Sem dúvidas ela fará parte de sua vida profissional e, portanto, o conteúdo estudado será de grande utilidade. Espero que possamos nos encontrar numa outra oportunidade.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
gestão e análise de projetos e investimento
74
SÍNTESE Nesta aula, aprendemos a gerar o orçamento de compras a partir das informações contidas no orçamento de produção. Também falamos sobre a necessidade de orçar a mão de obra direta de forma distinta da mão de obra indireta, a qual integra o orçamento dos custos indiretos de fabricação. Na sequência, estudamos a elaboração do orçamento de caixa como ferramenta importante no estudo dos orçamentos pela sua característica de absorver as informações dos demais orçamentos que se refletirão em desembolsos para a empresa.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO Qual a necessidade de se analisar a viabilidade de um projeto antes do mesmo ser colocado no orçamento de capital?
LEITURAS INDICADAS ROSS, Stephen A. et al. Princípios de administração financeira: essentials of corporate finance. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
WELSCH, Glenn Albert. Orçamento empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1983.
________________________ SITE INDICADO ________________________ ________________________ http://w3.ufsm.br/revistacontabeis/anterior/artigos/vIIn01/a09vIIn01.pdf ________________________ REFERÊNCIAS ________________________ ________________________ ________________________ FREZATTI, Fábio. Orçamento empresarial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. ________________________ GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 1997. ________________________ ________________________ HOJI, Masakazu. Administração financeira: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2001. ________________________ ________________________ SANVICENTE, Antonio Zorato; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na administração de empresas. São ________________________ Paulo: Atlas, 2000. ________________________ ________________________ SOBANSKI, Jaert J. Prática de orçamento empresarial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________