Logistica reversa

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GRADUAÇÃO PROFISSIONAL


© 2014. Universidade Salvador – UNIFACS – Laureate International Universities É proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização. Graduação Profissional

Universidade Salvador – UNIFACS Diretor Presidente

Marcelo Henrik Chanceler

Manoel Joaquim Fernandes de Barros Sobrinho Reitora

Marcia Pereira Fernandes de Barros Diretor de Educação Corporativa & Novos Projetos

Adriano Lima de Barbosa Miranda Pró-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Comunitária

Carolina de Andrade Spinola Coordenadora do Eixo de Formação Humanística

Sílvia Rita Magalhães de Olinda Graduação Profissional UNIFACS Coordenador Geral de EAD, GPRO e Extensão

Luciano Pena Almeida de Souza Coordenador de Informações e Processos

Péricles Nogueira Magalhães Junior Coordenadora de Design Educacional

Agnes Oliveira Bezerra Assessora Pedagógica

Monica de Souza Massa Coordenadora do Curso

Verena de Sousa Alcantara Supervisor de Produção de Mídias

Jorge Antonio Santos Alves Designers

Adusterlina Cerqueira Lordello Helder Matos Santos Thiago Gomes Monteiro Penha Revisão / estrutura

Noemia Carla Santana Reis Séfora Joca Maciel Sonildes de Jesus Sousa Tatiana Souza Motta

GPRO UNIFACS - Alameda das Espatódias, 915 - Caminho das Árvores CEP. 41820-460 UNIFACS Atende (Salvador): (71) 3021-2800 - Demais Localidades: 0800-284-0212 - http://graduacaoprofissional. unifacs.br/


SUMÁRIO APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................................................7 AULA 01 - LOGÍSTICA REVERSA: DEFINIÇÕES E ÁREA DE ATUAÇÃO..................................................................................9 AULA 02 - OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DA LOGÍSTICA REVERSA....................................................................................... 19 AULA 03 - FLUXO LOGÍSTICO E FLUXO REVERSO.................................................................................................................... 31 AULA 04 - PRINCIPAIS VERTENTES: AMBIENTAL, SOCIAL, ECONÔMICA E LEGAL....................................................... 41 AULA 05 - CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVERSOS.................................................................................................................... 51 AULA 06 - TIPOS DE CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVERSOS DE BENS DE PÓS-CONSUMO..................................... 61 AULA 07 - LOGÍSTICA REVERSA E ANÁLISE DO CICLO DE VIDA......................................................................................... 69 AULA 07 - LOGÍSTICA REVERSA E ANÁLISE DO CICLO DE VIDA......................................................................................... 77 AULA 08 - LOGÍSTICA REVERSA COMO FATOR DE COMPETITIVIDADE........................................................................... 85



LOGÍSTICA REVERSA



APRESENTAÇÃO Caro estudante,

Seja bem-vindo à disciplina de Logística Reversa que compõe o Curso de Logística do programa de Graduação Profissional da UNIFACS. Ao longo deste curso, você terá contato com uma das áreas que se encontra em grande expansão. Com o aumento da exigência do consumidor, por produtos ecologicamente corretos, regulamentações do governo, principalmente pelo tratamento dos resíduos gerados pelas empresas e produtos sendo fabricados em grande escala, a logística reversa tem se tornado um dos assuntos mais discutidos. Dessa forma, faz-se necessário conhecer conceitos, objetivos, estratégias, leis, etc. que compõem a Logística Reversa. Atualmente, é fundamental que as organizações administrem os seus resíduos gerados na produção, já que os insumos não são mais tão disponíveis. A Logística Reversa é a área da atividade logística que trata dos fluxos reversos dos produtos, que podem ser por reciclagem, devoluções, recall, etc. O meio ambiente tem sofrido com o aumento do “lixo” gerado pelo aumento do consumo dos produtos e pela falta correta de seu descarte. Portanto, é de fundamental importância estudar logística reversa no Curso de Logística, por possibilitar aos gestores um grande auxílio nas tomadas de decisão dos processos retornáveis. A partir dessa disciplina, você poderá e deverá perceber que com a logística reversa, as empresas podem ser mais competitivas, minimizar a degradação ao meio ambiente e aumentar o nível de serviço ao cliente. Assim sendo, a disciplina está estruturada em 8 (oito) aulas, cada uma delas traz os conceitos básicos e necessários dos estudos da logística reversa e as atividades de sustentabilidade. Nelas, você perceberá que o mundo da logística reversa está presente no nosso dia a dia e cada vez mais nos processos empresariais. Espero, assim, que você aproveite ao máximo os conteúdos oferecidos e sugeridos como as discussões que, a partir do Ambiente Virtual de Aprendizagem, enriquecerão sua caminhada e que fará de você um gestor com consciência ambiental e sustentabilidade. Aguardo você na primeira aula para iniciarmos os estudos! Sucesso!

MSc. Vivian Manuela Conceição


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AULA 01 - LOGÍSTICA REVERSA: DEFINIÇÕES

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Autor: Paulo Cesar Matos de Quadros, adaptada por Vivian Manuela Concei-

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E ÁREA DE ATUAÇÃO ção Olá!

Esta aula visa relacionar a evolução do conceito de logística e o surgimento da necessidade de alteração dos processos logísticos para enquadramento, inicialmente, nas exigências dos clientes e, posteriormente, no atendimento das legislações ambientais dos países e blocos econômicos, levando a alteração do conceito da própria logística.

EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE LOGÍSTICA Para entendermos o conceito de Logística Reversa no contexto empresarial atual, precisamos avaliar as modificações sofridas pela logística permanentemente, pois as atividades desempenhadas pelos profissionais e pelas empresas se alteram de acordo com as necessidades do cliente e as exigências dos canais de distribuição tanto ________________________ diretos como reversos. ________________________ Tendo como base Fleury et al (2000), vejamos como a logística evoluiu ao longo ________________________

do tempo e como as entidades de profissionais e acadêmicos, reunidos em associa- ________________________

________________________ ________________________ Na figura a seguir, podemos definir as etapas do desenvolvimento da logística ________________________ conhecidas como “Eras”: ________________________ ________________________ Figura 1 - Linha do Tempo - Conceito x Foco ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Fleury (2000, p. 32) ções e conselhos, conceituaram a logística.


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Fleury et al (2000), de forma apropriada, dividiu em Eras1 a evolução dos conceitos da logística, de forma a explicar como as necessidades do mercado e dos clientes alteraram as maneiras como as empresas procediam para que os produtos pudessem estar acessíveis aos clientes quando e onde eles estivessem.

1ª ERA: “DO CAMPO AO MERCADO” “DO CAMPO AO MERCADO” foi a Era mais longa, e ocorreu do início das aglomerações humanas até o fim do século XIX. Esta Era teve pouca evolução ao longo dos tempos, pois tinha que, basicamente, transportar a produção do campo e fazer com que ela chegasse ao mercado. A economia era essencialmente agrária e, no início do século XX, a revolução industrial ainda não tinha deslanchado, mas o comércio internacional evoluía a passos largos, exigindo aumento da produção e diminuição de custos. Esta Era teve como marco a publicação por John F. Crowell, em 1901, de um tratado sobre os custos e os fatores que afetam a distribuição dos produtos agrícolas. Este foi o primeiro texto a abordar de maneira diferencial e olhar logístico as operações envolvidas no processo. (CAMILA; SANTOS et al, 2010).

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2ª ERA: “SEGMENTAÇÃO” A Era “SEGMENTAÇÃO” durou do início do século XX até o fim da 2ª Guerra Mundial, que foi o grande marco nas mudanças tecnológicas e administrativas nas empresas, baseadas na evolução de tecnologias e conceitos usados pelas forças armadas que são: Segmentação Funcional - Divisão das áreas de armazenagem e transportes em diversas áreas especializadas e que facilitaram a gestão da operação logística, criando os setores de Compras, Transportes, Almoxarifados e Armazéns (matérias-primas, produtos em processo e produtos acabados) e Distribuição.

Influência Militar - Forte hierarquia e linhas de comando semelhantes às da Caserna para fazer o escoamento da produção.

A Revolução Industrial, há mais de 60 anos, e principalmente neste período, proporcionou aumento das riquezas mundiais, porém deixou um passivo igualmente proporcional sobre os recursos naturais, nas desigualdades sociais, no desequilíbrio econômico e no poder de mercado. Segundo Hawken et al (1999), uma economia requer quatro tipos de capital para funcionar adequadamente: o capital humano, o 1 ERA: época fixa, assinalada por um acontecimento importante, de onde se começam a contar as datas Fonte:

era

In

Infopédia

[Em

linha].

Porto:

Porto

Editora,

2003-2013.

[Consult.

Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/era;jsessionid=YW954GjZWyk0gdhNXOCg-w__>.

2013-08-05].


terceiro capital aqui citado foi destruído em grandes proporções. A Revolução Industrial prevaleceu como ideologia econômica por mais de um século, no qual o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) era justificado como meio de proporcionar melhoria de vida às pessoas. O passar das décadas confirmou

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financeiro, o natural e o manufaturado. Para atender ao crescimento do segundo, o

exatamente o contrário. A condição de superioridade da máquina criou a ilusão de que as manufaturas trariam riqueza e soluções para o extrativismo implementado sobre a natureza. As alterações nas condições do Planeta demonstram que, neste caso, a tecnologia não foi suficiente para tal. Após o término do conflito, os aprendizados logísticos utilizados nas duas grandes guerras passaram a ser de grande utilidade nas organizações empresariais, inclusive no processo de reconstrução da Europa e do Japão e fizeram com que os Estados Unidos assumissem a liderança mundial também na área comercial, além da militar.

3ª ERA: “INTEGRAÇÃO” A Era “INTEGRAÇÃO” foi do fim da 2ª Guerra até o início dos anos 70 e teve grande impacto no conceito de logística, pois a criação da cadeira de Logística na universidade de Harvard fez com que ela fosse encarada como “campo do saber”, possibilitando o lançamento de obras ligadas ao tema e uma profusão de estudos teorizando e ________________________ normatizando operações, tendo como marcos: ________________________

Integração Funcional - Se na Era anterior houve uma segmentação, neste período, o que marcou foi a integração das áreas operacionais e a criação dos departamentos de logística nas empresas, inclusive utilizando a expertise dos militares que voltavam aos Estados Unidos. Início da Abordagem Sistêmica - Nesta abordagem, a logística passou a ser tratada como uma ferramenta de integração entre os outros setores da empresa, já que, nessa abordagem , os problemas são tratados como um sistema, ou seja, os problemas são inter-relacionados para obter um objetivo comum. Foco no Custo Total - Em 1956, um trabalho acadêmico realizado por três estudantes da Escola de Administração da Universidade de Harvard enfocou um estudo em que o transporte aéreo, apesar do seu alto custo, justificava-se através da erradicação de outras perdas. Culliton, Steele e Lewis, citados por Bowersox e Closs (2002), abordaram esse assunto e concluíram que os custos logísticos deveriam abordar todo o contexto da operação, inclusive as perdas inerentes ao que se deixa de ganhar, e demonstrou a existência de outros custos que não estão aparentes e que devem ser levados em consideração nas tomadas de decisões de cenários logísticos. Associativismo Profissional - Em 1963 foi fundado, nos Estados Unidos, o embrião do que viria a ser a mais respeitada entidade de profissionais de logística do mundo, o CLM - Council of Logistics Management - e que vem acompanhando as evoluções da logística em seu próprio nome: nasceu como National Council of Physical Distribution Management (NCPDM), de um grupo de visionários que vislumbrou a importância e o futuro da atividade de distribuição física, que, na época, dava seus primeiros passos para ganhar relevância dentro da estratégia das empresas. (PORTAL JOBLOG, 2013)

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12 Com relação ao meio ambiente, aconteceu, em 1968, a Conferência Mundial, conhecida como “O Clube de Roma”, que foi uma reunião cujos participantes representavam os grupos de pessoas de destaque nas áreas científica, acadêmica, política, empresarial, financeira, religiosa e cultural da época. Seu enfoque era a preocupação com o desenvolvimento da humanidade, sob o prisma das questões energéticas, poluição, saneamento, saúde, ambiente, tecnologia e crescimento populacional.

4ª ERA: “BUSCA DA EFICIÊNCIA” A Era “BUSCA DA EFICIÊNCIA” compreendeu a década entre 1980 e 1990, em que as empresas tiveram que conciliar dois conceitos conflitantes, a redução desesperada de custos e o atendimento das necessidades dos clientes neste período. A consciência ambiental passou a fazer parte das decisões de compra dos clientes, fazendo com que as empresas buscassem incorporar operações ambientalmente corretas ainda que de forma incipiente. Os marcos deste período foram:

Utilização de métodos quantitativos mais eficientes para auxiliar nas medições de desempenho e aumento da eficiência das operações. ________________________ ________________________ Busca da eficiência - As empresas passaram a levar a extremos a busca da eficiência e da produtividade, inclusive com diminuição brusca da quantidade de trabalhadores e o ________________________ começo do uso intensivo de robôs, provocando desemprego em massa nas indústrias. ________________________ ________________________ Custo do estoque - Neste período, também, o conceito de custo de oportunidade com ________________________ relação a estoques fez com que as empresas passassem a necessitar de um aumento excessivo de entregas menores e mais frequentes, o que levou a um aumento do número ________________________ de viagens de veículos em direção às indústrias e aos canais de distribuição. ________________________ ________________________ Satisfação do Cliente - Pela primeira vez, o foco das organizações passou a se voltar ________________________ para o cliente e não só para o mercado, levando as empresas a atender às exigências dos ________________________ clientes e as suas preocupações, inclusive ambientais. ________________________ Conceituação oficial da logística - Em 1985, reconhecendo o crescimento da logísti________________________ ca, a National Council of Physical Distribution Management - NCPDM (entidade que con________________________ gregava os profissionais de logística), teve seu nome mudado para Council of Logistics ________________________ Management (CLM), sob o qual cresceu e ultrapassou as fronteiras dos Estados Unidos, abrindo pelo mundo várias Round Tables, como são chamadas as representações da enti________________________ dade fora de seu país de origem, e também as congregações em cada estado americano. ________________________ (PORTAL JOBLOG, 2013). ________________________ ________________________ ________________________ Em 1991, o CLM cunhou o 1º conceito de logística mundialmente reconhecido, ________________________ ________________________ que definia: ________________________ A logística é o processo de planejamento, implementação e controle ________________________ do fluxo eficiente e economicamente eficaz de matérias primas, es________________________ toque em processo, produtos acabados e informações relativas des-


as necessidades do cliente. (BALLOU, 2004, p. 27).

Em 1972, ocorreu a publicação do relatório “Os Limites do Crescimento”. Tal relatório, publicado como livro, analisou o crescimento populacional, industrial e a

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de o ponto de origem até o ponto de consumo, de forma a atender

produção de alimentos face ao esgotamento dos recursos, à poluição e à evolução tecnológica. De acordo com suas conclusões, consideradas pessimistas, em algumas décadas, a população se defrontaria com o esgotamento de alguns recursos naturais. Nele, consta a proposição pelo congelamento do crescimento populacional e industrial. Foi considerado por alguns críticos como de teor equivocado, uma vez que o prazo citado no livro, para os esgotamentos, não ocorreu. A reunião da ONU foi marcada pelo choque de ideias entre os países presentes e os países desenvolvidos (conhecidos atualmente como G-8) que propunham o desenvolvimento zero. Segundo relatos da época, as condições de poluição nos países mais ricos eram de tamanha proporção que os Estados Unidos chegaram a registrar a proposta de pausar o funcionamento das indústrias para conter a poluição. Em oposição, estiveram os países em desenvolvimento, que defendiam o desenvolvimento a qualquer custo. Fica, então, comprovado que os erros cometidos no passado pelos países industrializados representavam ser o anseio dos países em crescimento. Após essa reunião, foi concebido o Relatório Brundtland, mais conhecido como “O Nosso Futuro Comum”. Nele, foi conceituado o desenvolvimento sustentável, assim como as medidas para sua promoção. A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Criada pela ONU em 1987) conceitua: “O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades.” No mesmo documento, são eleitos parâmetros para a instituição do desenvolvimento sustentável, como: limitação do crescimento populacional e atendimento às necessidades básicas, preservação da biodiversidade e dos ecossistemas, diminuição do consumo de energia, assim como o desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis. Defende-se, também, o controle da urbanização, integrando o campo e a cidade. A partir daí, o movimento ambientalista ganha destaque.

5ª ERA: BUSCA DA DIFERENCIAÇÃO A Era “BUSCA DA DIFERENCIAÇÃO” começou nos primeiros anos da década de 1990 e perdura até o momento atual. As empresas passaram a ter preços e produtos muito parecidos e a qualidade dos produtos deixou de ser diferencial, passando a ser uma obrigação das organizações, principalmente pela implantação de leis mais rígidas e uma maior consciência por parte dos consumidores nas relações de consumo. Os marcos deste período foram:

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14 Uso de TI (Tecnologia da Informação) - O advento do PC, o “computador pessoal” e sua utilização nas empresas revolucionaram a gestão logística, principalmente por uso de aplicativos em todas as etapas das operações das organizações e, na logística, teve uma evolução que pode ir de uma simples lista de materiais a serem utilizados na produção evoluindo, passar pela MRP II, que é a planilha de recursos materiais, até chegar ao ERP nos anos 90, que gerencia todas as áreas da empresa em um só banco de dados. Os sistemas de gestão da produção também evoluíram a partir do advento do PC, quando grande parte dos fornecedores participa do processo produtivo dentro de um mesmo site fazendo com que as fronteiras das empresas deixassem de existir.

Figura 2 - Evolução dos programas de gestão empresarial

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Fonte: (MOIOLI; BRANCO, 2008, s.p.)

Mudança de foco - O foco da gestão logística deixou de ser tático e passou a ser estratégico para as empresas, alterando, inclusive, as composições das diretorias das empresas após a criação da diretoria de logística. Evolução do Conselho de Profissionais - Em 2004, observando as novas abordagens no gerenciamento da cadeia de abastecimento, o Comitê Executivo do CLM aprovou nova mudança, incluindo o termo supply chain management no nome alterando para CSCMP - Council of Supply Chain Management Professionals - e alterou também o conceito de logística que foi criado em 1991 para:

Parte da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla de modo eficiente o fluxo, para frente e reverso, e a estocagem de bens, serviços e informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo de modo a atender os requisitos do consumidor. (BALLOU, 2004, p. 27)

O CSCMP surgiu oficialmente em 1º de janeiro de 2005, mas já com uma longa história de atuação no desenvolvimento das atividades logísticas. O CSCMP realiza


de guia, a conferência traz cases, discussões e pesquisas, além de promover visitas técnicas a empresas com projetos ou exemplos relevantes. E, acima de tudo, o evento representa uma oportunidade para os profissionais renovarem e ampliarem seu network, rede de relacionamentos, hoje tão importante quanto o conhecimento específico.

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uma conferência anual que é referência para o setor. Sempre com um tema servindo

As Round Tables (reuniões de discussões), das quais o Brasil também faz parte, promovem periodicamente palestras para associados e não associados, levando os grandes nomes da logística e SCM aos diferentes países para divulgar os conceitos ligados ao setor. (PORTAL JOBLOG, 2013) Com relação ao Meio Ambiente, em 1992, a ONU realiza mais uma reunião de amplitude internacional para tratar das questões ambientais, conhecida como Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), mais popularmente conhecida como Rio 92 ou Eco 92. Neste encontro, em que houve a presença de representantes dos 180 países, o conceito do desenvolvimento sustentável foi consagrado. Cai a ideia de que o desenvolvimento tecnológico seria capaz de manter os padrões de vida e o consumo da época. Os documentos oficiais de destaque desta conferência foram a Agenda 21 - documentos oficiais e individuais de cada país, com o objetivo de agir em extensão global, nacional e local, se comprometendo com a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável - e a Carta da Terra - fruto do pensamento e organização civil. Na Agenda 21 brasileira, o país se comprometeu com temas como inclusão so- ________________________ cial, sustentabilidade urbana e rural, preservação dos recursos naturais e minerais e ________________________ ética política. Por fim, o Protocolo de Kyoto, que é um desdobramento da Rio 92, discute as mudanças na atmosfera e as reduções das emissões dos gases que provocam o efeito estufa. Assinaram o acordo 179 países, dentre eles o Brasil. O mais importante país não signatário foi os Estados Unidos. Notamos que, em 2004, ao alterar o conceito de logística, o CSCMP - Council of Supply Chain Management Professionals - incluiu no fluxo de materiais e serviços a Logística Reversa, sendo esta alteração o marco da valorização da Logística Reversa, tanto no mundo acadêmico como no mundo das corporações, tornando irreversível a sua utilização e seu aprimoramento e obrigando as empresas de ponta a criarem setores específicos nas empresas para cuidar deste processo. Nesta Era, o foco está sendo: busca da diferenciação entre as empresas através da logística e da preocupação com o meio ambiente. Podemos afirmar, com certeza, que a Logística Reversa sempre existiu nas empresas e nos processos relacionados com as cadeias de suprimentos, mas nunca foi tão importante como nos momentos atuais, pois ela, além de prestar relevantes contribuições para a melhoria do meio ambiente, uma vez que é suportada por processos ambientalmente mais responsáveis, também contribui para a melhoria dos serviços prestados aos clientes, aumentando a sua satisfação. Pode-se definir a Logística Reversa como,

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[...] o processo de planejamento, implementação e controle da efici-

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ência, custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em processo, produtos acabados e informações relacionadas do ponto de consumo ao ponto de origem, com o propósito de recuperação de valor ou disposição adequada. (ROGERS; TIBBEN-LEMKBE, 1998, p. 2).

No Brasil, Leite (2009) classifica este processo reverso em dois tipos: de bens pós-venda e de resíduos pós-consumo, ambos com o mesmo objetivo, o de recuperação de valor, seja econômico, de prestação de serviços, ecológico, legal, logístico ou de imagem corporativa. Na figura a seguir, Leite (2009) descreve as áreas de atuação das empresas neste processo de operacionalização da Logística Reversa, desde o mercado até o retorno do produto para ser reintegrado ao processo produtivo ou para ser descartado adequadamente obedecendo à legislação ambiental.

Figura 3 - Áreas de atuação da logística

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Fonte: Leite (2009, p. 4)

Encerramos, assim, o estudo sobre a evolução e a análise do surgimento do conceito de logística reversa e sua relação com a evolução da própria logística. Na próxima aula, veremos como a Logística Reversa sempre esteve presente nas relações empresariais mas não era encarada como uma atividade geradora de valor.

SÍNTESE Nesta primeira aula, apresentamos a evolução do conceito de Logística e como essa evolução favoreceu o advento da gestão da Logística Reversa, estabelecendo uma conexão com a prática executiva e com as mudanças do ambiente socioeconômico. O objetivo foi sensibilizar o aluno com relação ao fato de a Logística Reversa fazer parte da Logística Empresarial e expôs que, apesar de ser uma abordagem nova, não é separada no contexto empresarial.


QUESTÃO PARA REFLEXÃO Qual a relação entre a implementação da Logística Reversa e o seu impacto no meio ambiente, e como ela pode afetar a gestão empresarial?

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Fundamente com base na bibliografia indicada.

LEITURAS INDICADAS LACERDA, L. Logística Reversa: uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais, 2002. Disponível em: http://www.ilos.com.br/web/index.php?option=com_conte nt&task=view&id=763&Itemid=74 SOUSA, Gisela Mangabeira de; POZES, Leonardo. Construção da cadeia de suprimentos sustentável: logística reversa de embalagens pós consumo. Disponível em: http://www.ilos. com.br/web/index.php?option=com_content&view=article&id=1810%3Aartigos-colaboracaoa-chave-para-uma-cadeia-de-suprimentos-sustentavel-parte-1&catid=4&Itemid=182&lang=br

SITES INDICADOS www.ilos.com.br www.logisticadescomplicada.com

REFERÊNCIAS AVOZANI, Camila; SANTOS, Aline Regina. Logística Descomplicada. Disponível em: <http://www.logisticadescomplicada.com/logistica-empresarial-conceitos-e-definicoes/>. Acesso em: 6 ago. 2013.

BERTALANFFY, Ludwig Von. Teoria Geral dos Sistemas. Petropólis: Vozes, 1975.

BOWERSOX, Donald J.M; CLOSS, David J. Gestão Logística de Cadeias de Suprimentos. Porto Alegre: Bookman, 2002.

Portal JOBLOG. Carreira: CSCMP. Disponível em: < http://www.joblog.com.br/5,2,56,14471.asp>. Acesso em: 6 ago. 2013.

FLEURY, P. F. et al. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000.

FLEURY, P. F. Vantagens Competitivas e Estratégicas no Uso de Operadores

Logísticos. In: FLEURY, P. F.; WANKE, P; FIGUEIREDO, K. F (Orgs.). Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 2000.

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LACERDA, Leonardo. Logística Reversa: uma visão sobre os conceitos e as práticas operacionais.

LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Halll, 2009.

MOIOLI, Bruno; BRANCO, Danielle. ERP/MRP. São Carlos, SP. 2008.

WANKE, Peter. (orgs.) Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento do fluxo de produtos e dos recursos. Centro de Estudos em Logística. COPPEAD, UFRJ. São Paulo: Atlas, 2003.

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AULA 02 - OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DA LO-

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Autora: Vivian Manuela Conceição “Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza e ninguém morreria de fome.”

(MAHATMA GANDHI)

Olá!

Vamos continuar nosso curso iniciando, agora, a nossa segunda aula. Na aula anterior, foi apresentada a evolução do conceito de Logística e a sua utilização, favorecendo para o advento da gestão da Logística Reversa e demonstrando a sua importância para o contexto empresarial. Nesta aula, conheceremos os objetivos estratégicos da logística reversa de pós-venda e pós-consumo, os custos dessa logística e os seus impactos no meio ambiente.

OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DA LOGÍSTICA REVERSA As empresas vencedoras adotam uma gestão voltada para o alcance efetivo de resultados, desdobrando os objetivos estratégicos em objetivos empresariais. E qual é o objetivo estratégico da Logística Reversa? Leite (2009, p. 17) entende que a perspectiva estratégica da Logística Reversa:

Refere-se às decisões de logística Reversa no macro ambiente empresarial constituído pela sociedade e comunidades locais, governos e ambiente concorrencial. Portanto, levará em consideração as características que garantirão competitividade e sustentabilidade às empresas no eixo econômico e ambiental por meio de diversificados objetivos empresariais: recuperação de valor financeiro, seguimento de legislações, prestação de serviço aos clientes, mitigação dos riscos ou reforço de imagem da marca corporativa e demonstração de responsabilidade social.

A definição apresentada é bastante completa e abrangente. Nesta disciplina, vamos examinar separadamente os dois eixos aos quais se refere o autor, o ambiental e o econômico, e seus objetivos empresariais específicos. É importante ressaltar que estes dois eixos são interligados.

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As empresas produzem bens e serviços para satisfazer necessidades, desejos, expectativas dos seus clientes, buscando identificar-se com seus valores e anseios, para obter a sua preferência e posicionar-se competitivamente em relação aos seus concorrentes. Atualmente, a preocupação com a preservação do meio ambiente para as gerações futuras é uma atitude valorizada pela nossa sociedade. Nada mais natural e saudável que as empresas busquem satisfazer essa expectativa dos seus clientes, adotando, em seus processos produtivos de bens e serviços, procedimentos que respeitem princípios valorizados pela sociedade. O objetivo estratégico é ambiental, o objetivo empresarial é econômico, porém o resultado é positivo para todos os envolvidos. Quando uma empresa adota premissas e procedimentos para uma produção de bens e serviços responsável com o meio ambiente e com a sociedade, beneficia positivamente todas as partes envolvidas (stakeholders): clientes, empregados, fornecedores, governos, sociedade e acionistas. Haveria um problema se a empresa fosse antiética e fizesse propaganda enganosa: divulgação de princípios que não estariam sendo seguidos e ações que não estariam sendo efetivamente executadas.

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Este novo modo de produção das empresas, voltado para o respeito ao ser humano e à natureza, está fundamentado nos conceitos de Desenvolvimento Sustentável e da Responsabilidade Social, que, juntamente com a Legislação Ambiental, são desdobramentos da questão ambiental. Na nossa primeira aula, estudamos como a origem do conceito de Logística Reversa está ligada à origem do conceito de pós-consumo, que está ligado à questão ambiental. Nesta segunda aula, examinaremos a correlação histórica entre os conceitos de Desenvolvimento Sustentável, de Responsabilidade Social e de Legislação Ambiental. Todos representam um impacto importante no interesse que a Logística Reversa desperta, atualmente, no ambiente corporativo.

OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DA LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-VENDA O objetivo da logística reversa de pós-venda é planejar as operações reversas, cuidar da operação de retorno dos bens de pós-venda e controlar os respectivos fluxos desses canais reversos. É importante salientar que essa logística agrega valor em alguns processos, como assistência técnica. Essa agregação de valor constitui objetivos de forma prioritária, geralmente norteada pela implantação da logística reversa de pós-venda na empresa. Podemos exemplificar essa agregação como revalorização dos bens de pós-venda, considerando, principalmente, a parte econômica dos bens retornados, a diferenciação dos servi-


mercado altamente concorrido. Leite (2009, p. 203) separa os objetivos da seguinte forma: objetivos econômicos, diferenciação mercadológica no varejo, prestação de serviço no pós-venda, obediência à legislação e proteção de imagem. Para melhorar o entendimento, vamos ver

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ços, o atendimento da legislação ambiental e sempre a busca da competitividade no

cada um separadamente.

OBJETIVO ECONÔMICO O objetivo econômico principal da logística reversa é a visão estratégica de recaptura do valor financeiro do bem de pós-venda. Essa visão estratégica pode ser a realocação de estoques em excesso ou revalorização de ativos de promoção de vendas. Leite (2009, p. 204) apresenta alguns exemplos em que o objetivo econômico pode ser utilizado.

Revenda no mercado primário - setores de moda, têxteis e calçados são exemplos de mercado primário. Nesses setores, os bens de pós-venda, quando retornados pelo remanejamento de estoques, refazendo-se a distribuição pelo canal de vendas, geralmente conservam integralmente as características do produto e da embalagem; Venda no mercado secundário - nesse mercado, os produtos retornam ao longo da cadeia de distribuição e não retornam ao mercado primário, por algum motivo. Em alguns casos, os produtos passam por reformas ou são remanufaturados e retornam ao mercado secundário. Os varejistas fazem parte do mercado secundário, principalmente porque são favorecidos com a compra de produtos no fim de estação ou fim de estoque; Ganhos econômicos por meio de canibalização - são os produtos que chegaram ao fim de sua vida útil. Dessa forma, têm como objetivo recuperar o valor, seja por meio do desmanche ou remanufatura do produto.

Segundo Pereira (2012, p. 31), “o foco do objetivo econômico é efetuar a revalorização financeira do produto de pós-venda”. Para efetuar essa revalorização, são necessárias a integração e a agilidade da logística. Pereira afirma, ainda, que as possibilidades de revalorização financeira estão baseadas em:

Revenda no mercado primário; Venda no mercado secundário; Desmanche; Remanufatura; Reciclagem industrial; Disposição final.

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DIFERENCIAÇÃO MERCADOLÓGICA NO VAREJO As empresas possuem como objetivo primordial de busca de diferenciação do seu produto melhores níveis de serviço ao cliente em relação aos seus concorrentes. A diferenciação é representada pelo critério de qualidade do produto ou do serviço, funcionalidade dos produtos, recursos adicionais, serviço de assistência, etc. Para Pereira (2012, p. 31), sobre o objetivo de competitividade, “o foco é a revalorização mercadológica do produto de pós-venda”. É importante salientar que a diferenciação mercadológica deve ser por meio de serviços perceptíveis para o cliente, podendo ser nos processos operacionais, nos prazos de entregas, na confiabilidade da entrega, disponibilidade do produto na hora desejada e/ou flexibilidade no pagamento. Segundo Leite (2009, p. 205): A logística reversa de pós-venda, por seu turno, permite à empresa oferecer serviços que a tornem mais competitiva no mercado, acrescentando valor perceptível a seus clientes, pelo gerenciamento do retorno dos produtos de pós-venda, reduzindo os excessos de mercadorias retornadas, equacionando seu retorno e realocando os estoques excedentes do cliente.

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As atitudes que Leite apresenta permitem que as lojas de varejo tenham maior espaço para armazenar os seus produtos, garantindo um maior giro do estoque. Segundo Leite (2009, p. 206), foi realizada uma pesquisa nos Estados Unidos, com diversas empresas, para saber qual a importância relativa de alguns objetivos estratégicos em relação à logística reversa. Na Figura 1, do objetivo estratégico, o aumento de competitividade foi apontado pela maioria das empresas como o principal objetivo estratégico com 65,2%.

Figura 1 - Objetivos estratégicos de empresas

Fonte: Adaptação de Leite (2009, p. 206)

O aumento de competitividade é um motivo estratégico relacionado ao uso da logística reversa, com o objetivo de ganhar um diferencial em relação ao cliente. A limpeza de canal tem como objetivo auxiliar os clientes no sentido de manter poucos estoques. Em se tratando do respeito às legislações, a logística reversa é implantada devido à necessidade de atender a legislação e também a ecologia. O motivo estratégico, recuperação econômica, é a revalorização econômica do produto retornado,


ativos ou estoques para recuperar o valor investido. Também foi realizada a mesma pesquisa com as empresas no Brasil, e podemos observar, na Figura 2, que o objetivo principal das empresas também é a competitividade.

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que visa os canais reversos alternativos. E a recuperação de ativos visa remanejar

Figura 2 - Objetivo estratégico das empresas no Brasil

Fonte: Adaptação de Leite (2009, p. 207)

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE PÓS-VENDA Os objetivos de desempenho de um serviço, geralmente, são baseados nas seguintes características: qualidade, rapidez ou responsividade, confiabilidade ou eficácia, preço e flexibilidade operacional. Os objetivos da prestação de serviço de pós-venda, a qualidade e o preço estão ________________________ relacionados às ações estratégicas do produto. Já os objetivos, de rapidez, a confiabili- ________________________

________________________ ________________________ Quando um produto é vendido ao cliente, essa venda é acompanhada por ser________________________ viços de pós-venda, ou seja, são os serviços de assistência técnica, uma possível troca ________________________ ou até mesmo a venda de outro produto. A Figura 3 demonstra o esquema de retorno ________________________ de um serviço de pós-venda de um produto que precisou de assistência técnica. ________________________ Figura 3 - Serviço de pós-venda de um produto na assistência ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Adaptação de Leite (2009, p. 208) ________________________ dade e a flexibilidade estão relacionados à prestação de serviços aos clientes.


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Quando o cliente leva um produto com defeito para a assistência técnica do fabricante, várias áreas são envolvidas, e o problema do produto é analisado conforme a sua complexidade. Assim, ocorre o fluxo logístico reverso externo à empresa. Geralmente, a reclamação do cliente é feita diretamente ao fabricante. Mas pode também reclamar ao próprio varejista, através do SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente), que inicia o processo de logística reversa, buscando o conserto ou a substituição do produto, como apresentado na Figura 4. Esse processo de logística reversa é também conhecido como prestação de serviço de pós-venda, que deve ser gerido de forma a agregar valor ao cliente. Essa agregação de valor deve atingir a satisfação do cliente ou até mesmo superar as suas expectativas. Só assim a empresa conseguirá fidelizar esse cliente, principalmente gerando novas vendas, ou fazendo com que o mesmo o indique para outros possíveis clientes. Nesse caso, a logística reversa deve ser rápida, com informações confiáveis e flexíveis para atender a necessidade de cada cliente.

Figura 4 - Exemplo de retorno de reclamação de cliente

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do Consumidor Brasileiro. O Código de Defesa do Consumidor foi instituído em 1990, a partir da Lei n° 8.078, com objetivo de regular as relações entre fornecedores e clientes finais de produtos e serviços. Para Pereira (2012, p. 31), no objetivo legal: “o foco central é o aten-

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regulamentações com o objetivo de proteger o consumidor, com o Código de Defesa

dimento às diversas legislações ambientais (municipal, estadual e federal), normas de certificação, padronização e qualidade”. Conforme Leite (2009, p. 209), existem regulamentações legais referentes ao retorno do produto que são importantes:

Pós-venda de produtos - deve conter informações adequadas antes, durante e após a compra do produto. Também deve conter informações sobre prestação de serviço de assistência técnica, sobre prazos de trocas ou devoluções, prazo de validade, entre outros; Serviços de pós-venda - regulamentação sobre as informações de serviços, prazos de reparo e consertos sobre o conteúdo da assistência técnica.

As empresas são obrigadas a cumprir essas regulamentações, e a logística reversa auxilia-as a atingir esse objetivo de forma estratégica, minimizando os custos e buscando a satisfação do cliente.

PROTEÇÃO DE IMAGEM A utilização da logística reversa e o atendimento à legislação permitem que a empresa transmita uma boa imagem para os seus clientes, pois será vista como uma empresa que se preocupa com o meio ambiente e também com a sociedade. Com a proteção de imagem, a empresa obtém ganhos de competitividade, fortalecimento da marca e crescimento na reputação da empresa.

OBJETIVOS DA LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO Antes de começar a falar dos objetivos da logística reversa de pós-consumo, é importante fazer uma pergunta. Você sabe o que são bens de pós-consumo? Então, vamos descobrir? Os bens de pós-consumo são os bens que chegaram ao final do seu ciclo de vida, ou seja, o produto foi descartado pelo usuário. Para facilitar o entendimento, vamos conhecer as três categorias de bens produzidos que se tornam bens de pós-consumo. Segundo Pereira (2012, p. 32), para a logística reversa e canais reversos de pós-

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-consumo, consideram-se três grandes categorias:

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Produtos duráveis - são produtos que apresentam uma duração de vida útil média, variando alguns anos. São bens produzidos para a satisfação da necessidade da vida social, como exemplo: automóveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, equipamentos industriais, aeronaves, construções civis, entre outros; Produtos semiduráveis - são produtos que apresentam vida útil média de alguns meses, raramente superior a dois anos. Esses produtos obtêm ora características de bens duráveis, ora características de bens descartáveis, como exemplo: baterias de automotores, óleos lubrificantes, baterias de celulares, computadores, entre outros; Produtos descartáveis - são produtos que apresentam duração de vida útil média de algumas semanas, raramente superior a 6 (seis) meses. São exemplos desses produtos: embalagens, brinquedos, materiais para escritório, suprimentos para computadores, pilhas e baterias de equipamentos eletrônicos, jornais, revistas, entre outros.

Depois dessa caracterização apresentada, ficou mais fácil o entendimento? Então, agora vamos conhecer os objetivos da logística reversa de pós-consumo.

Segundo Leite (2003 apud PEREIRA, 2012, p. 42), “algumas condições se fazem necessárias para a organização da logística reversa dos bens de pós-consumo”, que são:

________________________ remuneração em todas as etapas reversas; ________________________ ________________________ qualidade e integridade dos materiais reciclados processados; ________________________ escala econômica da atividade; ________________________ existência de mercado consumidor competitivo para produto em conteúdo de reci________________________ clados. ________________________ ________________________ ________________________ Também é importante salientar que, juntamente com as condições citadas aci________________________ ________________________ ma, são objetivos da logística reversa os fatores econômicos, tecnológicos, logís________________________ ticos, ecológicos e legais, que veremos a seguir: ________________________ ________________________ Econômicos - são fatores de economias necessárias para reintegração das matérias________________________ -primas secundárias aos processos produtivos; ________________________ ________________________ Tecnológicos - a utilização de tecnologia que permita o tratamento econômico de resíduos a partir de seu descarte; ________________________ ________________________ Logísticos - é a organização da cadeia de distribuição reversa para atender o mercado ________________________ consumidor; ________________________ Ecológicos - são as pressões geradas pelo comportamento do consumidor, o atendi________________________ mento das exigências legais e de proteção de imagem; ________________________ Legais - é a regulamentação, a promoção e incentivos à melhoria de condições de ________________________ retornos dos produtos ao ciclo produtivo, possibilitando a organização dos canais re________________________ versos.


reversa de pós-consumo”: [...] visa resultados financeiros possibilitados pelas economias obtidas em operações industriais com o aproveitamento de matérias-primas secundárias oriundas dos canais reversos de reciclagem, ou

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Para Leite (2003 apud PEREIRA, 2012, p. 44), “o objetivo econômico na logística

da revalorização do bem nos canais reversos de reuso e de remanufatura.

Os canais de distribuição reversos são estruturados e organizados para realizar o fluxo reverso dos materiais e produtos e respectiva distribuição de bens de pós-consumo. O objetivo ecológico na logística reversa de pós-consumo surgiu a partir da preocupação com os impactos dos processos de produção, dos produtos e meio ambiente, principalmente em atendimento às legislações governamentais. Claro que a mudança de comportamento dos consumidores, preocupando-se cada vez mais com a preservação do meio ambiente, favoreceu a utilização da logística reversa. Na Figura 5, podemos observar todos os objetivos da logística reversa de pós-consumo:

Figura 5 - Objetivos da logística reversa de pós-consumo

Fonte: Adaptação de Pereira (2012, p. 46)

É notório que a logística reversa, independente de ser pós-venda ou pós-consumo, ganhou importância econômica, legal, ambiental e principalmente competitividade. Ainda mais porque os ciclos de vida dos produtos estão cada vez menores. Dessa forma, faz-se necessária a estratégia de logística reversa para os produtos de pós-consumo. Só assim evitaria que os consumidores descartassem esses produtos no meio ambiente.

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CUSTOS NA LOGÍSTICA REVERSA Acredita-se que as empresas brasileiras gastam cerca de 4% dos custos totais com logística reversa. Alguns fabricantes declaram que não investem em processo de logística reversa, por ter um alto custo e ainda por ter etapas complexas. E ainda declaram que a falta de educação do consumidor afeta, de forma negativa, as estratégias adotadas pelas empresas. Para Leite (2009, p. 27), “pelo menos três tipos de custos podem ser associados às atividades da logística reversa”:

Custo apropriado normalmente pela contabilidade de custos - são os custos diretos, indiretos, fixos e variáveis; Custos relacionados à gestão das operações de diversas naturezas - são os custos apropriados pelos gestores ou até mesmo pela controladoria, que podem ser os custos de oportunidade, custos ocultos ou indeterminados; Custos relacionados à imagem corporativa - são os custos para manter a imagem da marca e também a imagem corporativa da empresa, principalmente com propagandas.

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Os custos logísticos atribuídos à logística reversa são o somatório dos custos de transporte, de armazenagem, de distribuição, com sistemas de informações do canal reverso. Os custos da logística reversa acontecem nas operações decorrentes dos produtos retornados ou dos produtos reaproveitados. Segundo Leite (2009, p. 28):

Levantamentos atuais estimam que o número de transações logísticas no retorno de produtos é de cinco a dez vezes maior, o que redundará em custos de três a cinco vezes mais em relação aos do envio para o mercado.

Tomando como base a afirmação de Leite, que o custo do retorno do produto pode ser até cinco vezes mais que o envio, então, podemos supor que é um dos motivos pelo qual algumas empresas ainda não adotaram a logística reversa como um diferencial competitivo. Estudos revelam que 85% dos clientes insatisfeitos não utilizam mais o serviço da empresa ou adquirem os seus produtos. E ainda, o marketing afirma que conquistar clientes custa cinco vezes mais que mantê-los.


Nesta aula, estudamos os objetivos estratégicos da logística reversa, abordando os objetivos econômicos, a diferenciação mercadológica no varejo, a prestação de serviço no pós-venda (assistência técnica), a obediência à legislação e à proteção de imagem. Conhecemos os objetivos da logística reversa de pós-consumo e os custos

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SÍNTESE

associados à logística reversa.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO Como a evolução histórica das mudanças socioeconômicas nos últimos 40 (quarenta) anos impactou no modo de produção das empresas e na importância da Logística Reversa?

LEITURA INDICADA GUEDES, R. Responsabilidade Social & Cidadania Empresariais: Conceitos Estratégicos. 2000. São Paulo. Disponível em: http://www.lasociedadcivil.org/docs/ciberteca/cassia_guedes.pdf. Acesso em 20 de dezembro 2013.

SITES INDICADOS www.ethos.org.br

www.eticaempresarial.com.br

REFERÊNCIAS LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo, Pearson Prentice Hall 2009.

PEREIRA, André Luiz. Logística reversa e sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

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AULA 03 - FLUXO LOGÍSTICO E FLUXO RE-

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VERSO

Autora: Vivian Manuela Conceição “Ambiente limpo não é o que mais se limpa e sim o que menos se suja”

(CHICO XAVIER)

Olá!!! Como estão os estudos?

Na aula anterior, vimos os objetivos estratégicos da logística reversa e da logística reversa de pós-consumo e os seus custos associados. Nesta terceira aula, conheceremos os fluxos logísticos e os fluxos da logística reversa.

FLUXO LOGÍSTICO ________________________

A logística é uma ferramenta estratégica de redução de custos, aumento do ________________________ nível de serviço ao cliente e, ainda, auxílio na busca da competitividade das empre- ________________________ sas.

Quando as empresas perceberam a importância da administração integrada ________________________ dos processos de suprimentos, de produção e de distribuição física, surgiu o conceito ________________________ de logística integrada.

Para Moura (2003, p. 38), as empresas elegeram a logística como um instrumento de integração de toda a cadeia de suprimento:

A necessidade de integração evoluiu de dentro para fora das empresas, constituindo uma rede de organizações integradas desde os fornecedores de matéria-prima até os consumidores finais. A esta constituição integrada demos o nome de cadeia de abastecimento, que naturalmente se transformou na visão da logística moderna.

Para a logística atender a esses objetivos, ela atua por meio de fluxos, buscando a melhoria do valor agregado do produto ou serviço para o consumidor final, que é o principal responsável por movimentar a cadeia de suprimento. São os fluxos de materiais, de informação e de financeiro. O fluxo de informação aciona e controla o fluxo de produto. Isso acontece de forma a acionar o fluxo financeiro. Um fluxo de informação consistente agrega valor às atividades logísticas, como: pedido de cliente, necessidades de estoques, programação da produção, nível de serviço, eficiência do transporte e no processo de tomada

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de decisão, etc. No processo de tomada de decisão, o fluxo de informação tem sido utilizado como uma ferramenta por grandes executivos, na hora de identificar as melhores alternativas logísticas e acompanhar os seus concorrentes.

Na cadeia de suprimentos, representada na Figura 1, o fluxo de produtos e serviços vai na direção do fornecedor ao cliente e o fluxo de informação faz o sentido contrário, ou seja, do cliente para o fornecedor.

Figura 1 - O fluxo de materiais e de informação

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Adaptado de Osmar Coronado (2009, p. 43). ________________________ No ambiente atual, o fluxo de informação está se tornando uma ferramenta de ________________________ ________________________ gestão logística cada vez mais importante. A informação sempre foi, e será, um ele________________________ mento de vital importância nas operações logísticas. ________________________ Segundo Leandro Callegari Coelho (2010, s.p.), o fluxo de informação é muito, ________________________ pois: ________________________ ________________________ As indústrias só podem produzir aquilo que o consumidor quer com________________________ prar. Assim, é preciso saber qual o produto mais desejado, qual a cor ________________________ da moda, qual o estilo ou as necessidades do momento. Isso é feito ________________________ através de pesquisas de marketing e de um estreito relacionamento ________________________ com os distribuidores. Uma vez que a indústria tenha recebido a informação dos clientes, é importante que esse fluxo volte em direção ________________________ ao consumidor final, oferecendo novas opções e ajustando aquilo ________________________ que foi requisitado. ________________________ ________________________ ________________________ O fluxo de informação está relacionado ao movimento físico de produtos e ma-


informação errada gera movimentação errada. Como exemplifica Fleury (2003, p. 32):

A consolidação da Internet e de outras tecnologias de informação

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teriais, e à tecnologia de informação que proporciona uma maior confiabilidade, pois

estaria criando diversas oportunidades para se repensar o fluxo de produtos, a partir de fluxos de informações mais confiáveis. Por exemplo, o acesso em tempo real às necessidades dos clientes ou consumidores finais poderia levar à criação de um canal de distribuição direto, não havendo mais intermediários entre clientes e fornecedores.

No Brasil, algumas empresas utilizam as tecnologias como apoio ao planejamento e à consecução do fluxo de produtos, conforme a Figura 2:

Figura 2 - Exemplos de empresas brasileiras que utilizam a TI

Fonte: Adaptado de Fleury (2003, p. 33).

A gestão do fluxo de materiais, serviços e informações, desde o fornecedor inicial até o consumidor final, constitui a essência da logística. O gerenciamento da logística no sistema é iniciado através da demanda do cliente (consumidor), através do fluxo de informação e posteriormente pelo fluxo financeiro. Para Coelho (2010, s.p.): Não podemos esquecer que alguém precisa pagar por tudo isso! Assim, o fluxo financeiro flui do consumidor final em direção aos fabricantes. Cada etapa do processo logístico fica com uma parcela do montante pago pelo cliente, até que ele termina quando chega no elo mais alto, por exemplo no fornecedor de matérias-primas.

Atualmente, as empresas iniciam os seus desenvolvimentos de novos produtos ou processos por meio da metodologia de projetos. Portanto, é indispensável a gestão dos três fluxos em qualquer tipo de projeto.

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Moura (2003, p. 39) apresenta três exemplos de projetos que utilizam os fluxos logísticos: Projetos que não consideram o fluxo de materiais - são empresas que investem em tecnologia de informação e também são bastante criteriosas quanto à financeira dos projetos. Mas, por economizar demais em infraestrutura de movimentação de materiais, acabam tendo dificuldade operacional que acaba afetando a qualidade do produto e o tempo de atendimento ao cliente; Projetos que não consideram o fluxo de informação - são empresas que investem grandes quantias na aquisição de modernas tecnologias de movimentação e armazenagem de materiais através de adequados estudos de análise de viabilidade financeira. Porém, não investem em tecnologia de informação, por acharem que não têm retorno; Projetos que não consideram o fluxo financeiro - são empresas que ficam obcecadas com a modernidade dos sistemas de movimentação e armazenagem de materiais, bem como a tecnologia de informação disponível no mercado, e acabam investindo recursos financeiros muitos superiores.

Dessa forma, é fundamental que os três fluxos sejam gerenciados, estrategicamente, para atender, adequadamente, a cada tipo de projeto. O fluxo logístico é a integração dos fluxos de material, fluxo de informação e o fluxo financeiro. Mas é importante que as empresas também gerenciem o fluxo rever-

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so de material. Segundo Coelho (2010, s.p.): Algumas empresas obtém mais sucesso que outras no gerenciamento desses fluxos: algumas fazem uma excelente logística reversa, outras conseguem entender exatamente o que o cliente deseja, e outras são muito ágeis na entrega do produto.

Portanto, o importante é que esses fluxos sejam gerenciados de forma que atenda à necessidade dos consumidores finais.

FLUXO REVERSO Vimos, na seção anterior, o conceito de fluxo logístico, também conhecido como fluxo direto, que são os produtos que fluem no sentido da cadeia de suprimentos para o consumidor final. Veremos, aqui, o fluxo reverso, que são os produtos que fluem no sentido contrário, ou seja, fluem no sentido do consumidor para a cadeia de suprimento. Para facilitar o entendimento, observe a Figura 3:


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Figura 3 - Fluxo direto e fluxo reverso

Fonte: A Autora

A Figura 3 demonstra graficamente o sentido que os fluxos fluem na cadeia de suprimentos. É importante salientar que os fluxos possuem um equilíbrio, conforme a Figura 4:

Figura 4 - Equilíbrio do fluxo direto e fluxo reverso

Fonte: Adaptação de Leite (2009, p. 52).

A Figura 4 apresenta um equilíbrio entre os fluxos diretos e reversos, mas demonstra o desequilíbrio entre a intensidade do fluxo direto, representado por FD, e do fluxo reverso, representado por FR como causa de poluição. Segundo Leite (2009, p. 51), “a comparação entre os fluxos diretos e reversos e a medida de suas intensidades, dada a grande variedade de produtos e materiais constituintes e a duração de sua vida útil, deve levar em conta o período analisado”. A intensidade dos bens duráveis é diferente dos bens descartáveis, pois o fluxo reverso de um bem durável é processado após alguns anos. Por outro lado, no fluxo reverso de um bem descartável, o ciclo de retorno é muito curto, já é utilizado apenas uma vez.

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FLUXOS REVERSOS DE PÓS-VENDA A logística reversa de pós-venda é a área específica de atuação da logística reversa que realiza o planejamento, a atividade e o controle do fluxo físico e também das informações logísticas referentes aos bens de pós-venda, que, por diferentes motivos, retornam à cadeia de suprimentos. Segundo Pereira (2012, p. 24), a logística reversa de pós-venda é quem estabelece o fluxo reverso dos retornos dos bens, devido a alguns motivos, como exemplos são:

Prazo de validade expirado; Erro de processamento de pedidos; Falhas ou defeitos do produto; Avarias no transporte; Problemas de estoque; Garantias; Políticas de marketing;

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Furto; Extravio do produto.

Quando acontece um desses motivos apresentado acima ou outros, inicia o fluxo reverso de pós-venda, como vimos na Figura 3. É importante observar, na Figura 5, o fluxo direto de um produto que saiu do fornecedor de matéria-prima até outro elo da cadeia de suprimentos. É representado o fluxo reverso, que passa pelas fases de coleta, seleção, consolidação e, por último, de destinação do produto, que pode ser o retorno ao cliente, o desmanche ou até a remanufatura.


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Figura 5 - Fluxo reverso de pós-venda

Fonte: Adaptação de Pereira (2012, p. 25).

Para Leite (2003 apud PEREIRA, 2012, p. 25), o retorno de pós-venda é caracterizado por três categorias, conforme Figura 6, que são:

Figura 6 - As três categorias de retorno de pós-venda

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38 Figura 7 - Fluxo de retorno não contratual de pós-venda

Fonte: Adaptação de Leite (2003 apud PEREIRA, 2012, p.27)

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Figura 8 - Fluxo de retorno não contratual de pós-venda

Fonte: Adaptação de Leite (2003 apud Pereira 2012, p. 28)

Retorno comercial não contratual - são retornos que acontecem por erros

do fornecedor em vendas diretas realizadas ao consumidor final por varejistas, vendas por catálogos de produtos, por comércio eletrônico, ou também por er-


Retorno comercial contratual - é retorno que ocorre por meio de acordos

prévios entre os agentes da cadeia de suprimentos, especificando prazos, quantidades negociadas, condições de armazenagem e estocagem, responsabilidades, direitos e critérios de distribuição e retornos dos produtos.

39 logistica reversa

ros de expedição em operação realizados pelas empresas em geral.

Retorno por garantia ou qualidade - essa categoria de retorno ocorre devido a falhas de funcionamento, defeitos gerais de fabricação, avarias na embalagem que podem afetar o funcionamento ou a qualidade do produto (Figura 9):

Devolução por qualidade intrínseca - devolução de produtos defeituosos

que são devolvidos por empresas, seja por força legal ou por garantia de fábrica. Devolução de produtos danificados por danos antes da chegada ao consumidor final e devolução por vencimento de validade do produto. Devolução por substituição de peças e componentes - são produtos que necessitam de substituição de peças e componentes de bens duráveis e semiduráveis que retornam após remanufatura ou reciclagem do produto. Figura 9 - Fluxo de retorno por garantia ou qualidade

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Adaptação de Leite (2003 apud PEREIRA, 2012, p. 29) ________________________ ________________________ Vimos que os produtos de pós-venda retornam para a cadeia de suprimentos ________________________ de diversas formas. O importante é que a empresa estabeleça uma infraestrutura ade- ________________________ quada para absorver esse processo e que não gere insatisfação ao consumidor final. ________________________ ________________________ ________________________ SÍNTESE ________________________ ________________________ Nesta aula, vimos a relação entre o fluxo direto e o fluxo reverso. Foram apre- ________________________ sentados os fluxos de material, de informação e o fluxo financeiro. Ainda vimos que o


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40

fluxo de informação agrega valor às atividades logísticas, de pedido ao cliente, necessidade de estoques, programação da produção, nível de serviço, eficiência do transporte e também na tomada de decisão. E, por último, vimos que o fluxo reverso acontece quando um produto flui no sentido contrário na cadeia de suprimento.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO Vimos que os produtos passam pelo fluxo direto e reverso. Mas, qual será o produto que mais passa pelo fluxo reverso?

LEITURA INDICADA COELHO, Leandro Callegari. Entendendo os diferentes fluxos logísticos. Disponível em: <http://www. logisticadescomplicada.com/entendendo-os-diferentes-fluxos-logisticos/>.

________________________ SITE INDICADO ________________________ ________________________ http://www.logisticadescomplicada.com/ ________________________ ________________________ REFERÊNCIAS ________________________ ________________________ COELHO, Leandro Callegari. Entendendo os diferentes fluxos logísticos. Disponível em: <http://www. ________________________ logisticadescomplicada.com/entendendo-os-diferentes-fluxos-logisticos/>. Acesso em: 15 abr. 2013 ________________________ ________________________ CORONADO, Osmar. Logística integrada: modelo de gestão. São Paulo: Atlas, 2009. ________________________ ________________________ MOURA, Reinaldo A. Atualidades na logística. São Paulo: IMAM, 2003. ________________________ ________________________ FLEURY, Paulo Fernando. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2003. ________________________ ________________________ LEITE, Paulo Roberto. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice ________________________ Hall, 2009. ________________________ ________________________ PEREIRA, André Luiz. Logística reversa e sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning, 2012. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


AULA 04 - PRINCIPAIS VERTENTES: AMBIEN-

logistica reversa

TAL, SOCIAL, ECONÔMICA E LEGAL

41

Autora: Vivian Manuela Conceição “O custo do cuidado é sempre menor que o custo do reparo”

(MARINA SILVA)

Olá!!!

Na aula anterior, foram apresentados os fluxos, logístico e reverso e as suas características. Nesta aula, conheceremos as vertentes: ambiental, econômica, social e legal. E, ainda, será apresentado o conceito de Desenvolvimento Sustentável.

VERTENTE AMBIENTAL A questão ambiental ganhou importância a partir da segunda metade do século XX, por causa de uma série de desastres ambientais, que despertou atenção e mobilizou pessoas com o assunto. Cunha e Guerra (2007 apud COMETTI, 2009, p. 28), definem como o marco inicial da tomada de consciência ecológica o Desastre de Minamata, ocorrido no Japão em 1956, período pós-segunda guerra mundial. O Japão estava sendo reconstruído e passava por um rápido período de industrialização. A população japonesa que habitava a região da baía de Minamata consumia, diariamente, peixes frescos pescados no local. Em determinado momento foi identificado episódios frequentes de pessoas com convulsões, surtos de psicose e que morriam após entrar em coma. Com o tempo identificou-se que a causa da morte era envenenamento por mercúrio. O mercúrio era despejado na baía pela fábrica de acetaíldo e PVC (policloreto de vinila) da Corporação Chisso, uma companhia que produzia fertilizantes químicos.

O movimento ambientalista surgiu e se fortaleceu na esteira dos desastres ecológicos que se sucederam ao longo da segunda metade do século XX. Outro fator de fortalecimento do movimento foi a crescente poluição do meio ambiente, causada pelos processos industriais e pelo acúmulo dos resíduos de pós-consumo dos produtos industrializados. Conforme vimos na nossa primeira aula, o modelo desenvolvimentista adotado pelos países após a segunda guerra mundial foi o responsável pelo nível de prosperidade econômica alcançada naquele período, conhecido como a “Idade dos Ouros” do capitalismo. Este modelo era apoiado fortemente pela sociedade, beneficiada pelo pleno emprego e pelo consumo de massa.

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Os ambientalistas eram contra o modelo econômico desenvolvimentista, acusando-o de ser o responsável pela degradação ambiental. A crise do modelo desenvolvimentista, que já vinha dando sinais de esgotamento, intensificou-se com o primeiro choque do petróleo em 1973, provocando o encerramento da Idade de Ouro do capitalismo, como também é conhecido o modelo desenvolvimentista. A crise do referido modelo impactou negativamente na curva crescente de prosperidade desfrutada pela sociedade, contribuindo, dessa maneira, para tornar as pessoas mais alertas às fragilidades e aos limites do modelo e mais sensíveis às críticas e aos argumentos dos ambientalistas. O Desenvolvimento Sustentável é um consenso, um ponto de convergência destas duas correntes divergentes.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - CMMAD, instituída em 1983, pela Resolução Nº 38 da Assembleia Geral das Nações Unidas, com o objetivo de discutir e propor meios de harmonizar o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental, definiu o desenvolvimento sustentável como capaz de su-

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prir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Em 1987, a CMMAD divulgou o relatório final, denominado o “Nosso Futuro Comum”, que define o conceito e populariza a expressão “Desenvolvimento Sustentável” que passa a ser conhecida e utilizada mundialmente. Este famoso relatório ficou conhecido também como Relatório Bruntland. Gro Harlen Bruntland era a primeira ministra da Noruega e foi a presidente da Comissão. Esta nova percepção da sociedade teve consequências sobre as empresas: as empresas passaram a ser cobradas por se engajarem com o Desenvolvimento Sustentável, assumindo suas responsabilidades sociais ou socioambientais para as comunidades nas quais elas se encontram inseridas ou com as quais interagem, através da divulgação de imagem e/ou comercialização de bens e serviços.

A RESPONSABILIDADE SOCIAL OU SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS Responsabilidade Social ou Responsabilidade Socioambiental representa uma adesão espontânea, por parte das empresas, aos princípios do desenvolvimento sustentável, ao respeito às pessoas e às diferenças entre as mesmas, e a uma gestão corporativa pautada na ética e na transparência. O caráter de adesão espontânea das empresas, ao assumir suas responsabilidades sociais ou socioambientais, é a principal


gatório da legislação ambiental. O conceito de Responsabilidade tem várias denominações: Responsabilidade Social, Responsabilidade Sócio Ambiental, Responsabilidade Social Empresarial (SER), e outros, porém todos contemplam duas vertentes: social e ambiental.

43 logistica reversa

diferença em relação às empresas que não possuem o caráter de cumprimento obri-

Utilizaremos o termo Responsabilidade Socioambiental porque indica a evolução do conceito de responsabilidade social com a inclusão da preocupação ambiental. Segundo Faria (2010), o “WBCSD foi criado em 1992, após a ECO92, ou CNUMAD - Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro”. O conselho reúne 190 empresas multinacionais de 35 países. A criação de um conselho internacional de empresas com enfoque na responsabilidade socioambiental nos ajuda a medir a importância estratégica do eixo meio ambiente da Logística Reversa. A importância estratégica da responsabilidade socioambiental é consequência da importância de como os consumidores percebem a questão ambiental, inclusive como investidores de ações de empresa. Sensível a esta percepção dos investidores, as bolsas de vários países (EUA 1999, Reino Unido 2001 e Brasil 2005), desenvolveram índices que permitem avaliar o grau de Responsabilidade Socioambiental das empresas, com intuito de orientar os investidores no momento de efetuar as aquisições das ações das empresas cotadas em bolsa. No Brasil, a BOVESPA (2013) informa que o ISE - Índice de Sustentabilidade Empresarial, criado em 2005, “busca criar um ambiente de investimento compatível com as demandas de desenvolvimento sustentável da sociedade contemporânea e estimular a responsabilidade ética das corporações”. A BOVESPA (2013, p. 1) define o ISE como: Uma ferramenta para análise comparativa da performance das empresas listadas na BMFBOVESPA sob o aspecto da sustentabilidade corporativa baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. Também amplia o entendimento sobre o nível empresa e grupos comprometidos com a sustentabilidade, diferenciando-se em termos de qualidade, nível de compromisso com o desenvolvimento sustentável, equidade transparência e prestação de contas, natureza do produto, além do desempenho empresarial nas dimensões econômico-financeiras, social, ambiental e de mudanças climáticas.

O surgimento destes índices é o exemplo concreto de como a Responsabilidade Social agrega valor ao negócio e uma das causas da importância da Logística Reversa no atual ambiente empresarial.

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: O IMPACTO NA LOGÍSTICA REVERSA A característica principal do impacto da Legislação Ambiental sobre a Logística Reversa é seu caráter mandatório. As empresas e outros agentes públicos e privados, inclusive o próprio consumidor, estão obrigados a cumprir o regulamentado. O instrumento legal com maior impacto para a nossa área de estudo é a Lei Federal Nº 12.305 de 02 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS. A PNRS define a Logística Reversa como:

Logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada. (BRASIL, 2010)

A PNRS tem como objeto a gestão integrada e o gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos, se apoiando, entre outros, nos seguintes prin-

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cípios: o desenvolvimento sustentável, a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania. A Lei Federal define as responsabilidades dos geradores e dos poderes públicos, num regime de responsabilidade compartilhada que incentiva as boas práticas socioambientais. Os setores econômicos que estão obrigados a estruturar e implementar sistemas de Logística Reversa são os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:

Agrotóxicos; Pilhas e baterias; Pneus; Óleos lubrificantes; Lâmpadas fluorescentes; Produtos eletroeletrônicos.

A lei Federal citada mantém em vigor leis e resoluções anteriores, como apresentado na Figura 1:


portância à logística reversa.

Figura 1 - Legislação Ambiental Brasileira

Fonte: Adaptado do Ministério da Justiça, Meio Ambiente CONAMA.

ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DA ATIVIDADE LOGÍSTICA Segundo Donato (2008, p. 106), a definição jurídica de impacto ambiental no Brasil é do artigo 1° da Resolução n° 001, de 1986 do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente: Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente, afetam-se: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos naturais.

Para Donato (2008, p. 106), impacto ambiental “[...] é a consequência da ação ou atividade, natural ou antrópica (relativa ao homem), que produz alterações bruscas em todo o meio ambiente ou em partes de alguns de seus componentes”.

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A partir dessas leis apresentadas na Figura 1, as empresas passaram a dar im-

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Impacto Ambiental é o resultado da intervenção do ser humano sobre o meio ambiente. Esse impacto pode ser positivo ou negativo. Se a utilização da ciência ou da tecnologia for de forma correta, pode equilibrar os impactos das atividades logísticas. Donato (2008, p. 106) apresenta alguns exemplos de impactos ambientais:

Esgotamentos de recursos naturais; Assoreamento de corpos hídricos; Poluição do ar; Contaminação do solo; Contaminação da água; Incômodo à vizinhança; Extinção de espécimes da flora ou fauna.

Podem ocorrer os impactos ambientais em decorrência de odores, ruído, vibrações, resíduos sólidos, contaminação de efluentes, fumaça, material particulado e também radioativo. Na Figura 2, podemos relacionar esses impactos com as exigências legais e verificar como podem ser controlados, por meio das estratégias.

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Para as empresas minimizarem os impactos provenientes das suas atividades, devem iniciar caracterizando esses impactos. Segundo Donato (2008, p. 109), existem técnicas disponíveis no mercado, como:

Diagnóstico Ambiental; Caracterização Ambiental; Monitoramento Ambiental; Levantamento do Passivo Ambiental; Estudo e Tratamento de Resíduos; Valoração do Impacto.

A técnica mais utilizada pelas empresas é a de Diagnóstico Ambiental, que inicia com o levantamento do histórico de ocupação da empresa, depois são realizados estudos geológicos, estudos hidrogeológicos, estudos geoquímicos, estudos toxicológicos. Após os estudos, é realizada uma análise de riscos ambientais e, por último, a necessidade e tipo de intervenção e remediações.


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Figura 2 - Relação dos impactos com as exigências legais

Fonte: Adaptado de Donato (2008, p. 107)

Caso a empresa suspeite de contaminação com efluentes líquidos ou resíduos sólidos, deve realizar a caracterização ambiental, ou seja, identificar o processo produtivo, depois os pontos de geração de resíduos e, por último, programar e realizar a amostragem e assim efetivar a caracterização dos resíduos. Se estamos falando de Logística Reversa, não podemos deixar de conhecer os impactos gerados pelos meios de transportes, já que é a atividade logística mais importante devido ao seu alto custo logístico.

ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELOS SISTEMAS DE TRANSPORTE Cada vez mais, a sociedade tem utilizado, de forma intensiva, os veículos automotores, trazendo como consequência o aumento do volume do tráfego e o aumento no consumo dos diversos insumos, gerando resíduos. Segundo Donato (2008, p. 112), o impacto ambiental dos veículos automotores é o grande vilão na poluição ambiental:

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Ficou constatado que grande parte da poluição ambiental verifi-

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cada nos grandes centros urbanos é causada predominantemente pelos poluentes atmosféricos gerados pela queima de combustíveis fósseis em veículos automotores.

Com a popularização do transporte aeroviário, há um aumento no volume do tráfego aéreo que, consequentemente, contribui para as alterações climáticas, causando desconforto para as pessoas e também aumentando o consumo dos diversos insumos para atender essa popularização. Para Donato (2008, p. 114): O aumento da atividade do transporte aéreo traz como consequência direta o aumento no nível de ruído e vibrações para as vizinhanças dos aeroportos, como também o aumento do odor decorrente da queima do combustível de aviação e intensificação das esteiras de fumaça no ar (nuvens de fumaças persistentes formadas pela queima de combustível de aviação).

Já o transporte aquaviário causa alterações nos habitats com resíduos biológicos decorrentes da movimentação das águas entre portos. Ainda conforme Donato (2008, p. 114),

________________________ ________________________ A Poluição Marítima por Alijamento de Resíduos, tais como, derra________________________ mamento de óleo cru, derivados de petróleo claros como gasolina, óleo diesel e querosene e outras matérias é regulamentado por nor________________________ mas para controlar e regular, em nível mundial, o despejo de dejetos ________________________ e outras substâncias de qualquer espécie por embarcações e plata________________________ formas. ________________________ ________________________ ________________________ Através do transporte ferroviário são transportadas diversas cargas, principal________________________ ________________________ mente cargas perigosas, como: álcool, coque, diesel, gasolina, óleos combustíveis, en________________________ tre outros. Dessa forma, esse tipo de transporte oferece um grande risco à saúde, ao ________________________ meio ambiente e ao patrimônio público e privado. ________________________ Donato (2008, p. 117), afirma: ________________________ ________________________ ________________________ A geração de ruído e vibrações, como também geração de SO, NO, ________________________ poeira e CO, provenientes da queima de combustível fóssil, associa________________________ do ao uso dos motores principais e do gerador de energia das loco________________________ motivas. Estes são os maiores problemas causados por este sistema ________________________ de transporte. ________________________ ________________________ ________________________ O transporte dutoviário é realizado através de tubulações desenvolvidas para ________________________

transportar água, petróleo, álcool, gás, produtos químicos, produtos alimentícios entre


tipo de transporte podem ocorrer fatores externos, como: erosão, corrosão, atos de vandalismo, que provocam vazamento dos produtos transportados e, consequentemente, danos ambientais. Portanto, os meios de transportes podem causar riscos de acidentes ambien-

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outros, sendo então denominados como eleodutos, gasodutos ou polidutos. Nesse

tais. Por isso, é importante que as empresas cumpram as normas legais, sociais, de saúde e de segurança.

SÍNTESE Nesta aula, estudamos a correlação histórica entre a questão ambiental e os conceitos de Desenvolvimento Sustentável e de Responsabilidade Social. Também vimos o impacto destes conceitos e da Legislação Trabalhista no ambiente corporativo e na Logística Reversa. Constatamos, de forma concreta, através dos índices de avaliação de sustentabilidade empresarial das bolsas de valores, como a Responsabilidade Socioambiental cria valor para o negócio.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO Vimos que os ciclos de vida dos produtos estão cada vez menores, isso implica em custo e em maiores índices de descartes no meio ambiente. Como a Logística Empresarial e a Logística Reversa podem contribuir para essa redução de forma estratégica e menos degradadora?

LEITURA INDICADA BRASIL. Lei Federal 12.305 de 02 de Agosto de 2010. Brasília. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm> Acesso em: 23 dez. 2013.

SITES INDICADOS w

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Referências BOVESPA. Índice de Sustentabilidade Empresarial, 2013. São Paulo. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/indices/ResumoIndice.aspx?Indice=ISE&idioma=pt-br>. Acesso em: 06 dez. 2013.

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BRASIL. Lei Federal nº 12.305 de 02 de Agosto de 2010. Institui a política de Resíduos sólidos altera a Lei Nº 9605 e dá outras providências. Publicação: DOU de 02/08/2010. Brasília, 2010. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 02 dez. 2013.

COMETTI, J.L. Logística Reversa das Embalagens de Agrotóxicos no Brasil: um caminho sustentável? 2009, 152f. Dissertação (Mestrado) Centro de Desenvolvimento Sustentável - Universidade de Brasília. Brasília, 2009.

DONATO, Vitório. Logística Verde. Rio de Janeiro: Ciência Moderna Ltda. 2008.

FARIA M; SARGENTO, A.; EUGENIO T; Um índice de Responsabilidade Social para a Realidade Portuguesa. 2010 Leiria CIGS - Centro de Investigação em Gestão para a Sustentabilidade. Disponível em: <http:// www.fep.up.pt/conferencias/10seminariogrudis/Faria,%20Filipa%20(Leiria)%20Um%20%C3%ADndice%20 de%20responsabilidade%20social%20empresarial%20para%20a%20realidade%20portuguesa.pdf>. Acesso em: 30 dez. 2013.

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AULA 05 - CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVER-

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SOS

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Autora: Vivian Manuela Conceição “É triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve.”

(VICTOR HUGO)

Olá!!

Na aula anterior, vimos a correlação entre a questão ambiental e o desenvolvimento sustentável. Também foram apresentados os impactos e os conceitos de Legislação Trabalhista no ambiente corporativo e na Logística Reversa. Nesta aula, veremos os tipos de canais de distribuição reversos, as diferenças entre distribuição direta e distribuição reversa de pós-venda.

LOGÍSTICA REVERSA E CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVERSOS ________________________

Vimos, na Aula 3, que o canal de distribuição direto é o fluxo dos produtos na ________________________ cadeia de distribuição, que vai desde a matéria-prima até o mercado consumidor, cha- ________________________ mado de mercado primário.

________________________ O fluxo de distribuição direta flui por diversas etapas, como o atacadista, os ________________________ distribuidores, chegando ao varejista e por último no consumidor final, conforme Fi- ________________________ ________________________ gura 1: ________________________ Figura 1 - Fluxo direto de distribuição ________________________ Fonte: ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Adaptação de Pereira (2012, p. 15)


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52 O canal de distribuição direto inicia no fornecedor de matéria-prima, que transporta e armazena o seu produto. A fase seguinte é o transporte do armazém para o próximo elo, que é a fábrica. A terceira fase é o transporte da fábrica para o atacadista, que pode transportar para o elo distribuidor ou pode ir direto para o consumidor final. Já o canal de distribuição reverso é o fluxo dos processos que acontece no canal de distribuição direto, incluindo o processo de retorno, reúso, reciclagem e o descarte de produtos quando chegam ao final da sua vida útil, conforme Figura 2:

Figura 2 - Fluxo reverso de distribuição

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Adaptação de Pereira (2012, p. 16) ________________________ ________________________ Segundo Leite (2003, p. 4), os canais de distribuição reversos não têm recebido ________________________ muita atenção pelo meio acadêmico: ________________________ ________________________ Os canais de distribuição reversos têm sido muito pouco estudados ________________________ até o momento, seja do ponto de vista da pesquisa acadêmica ou ________________________ da literatura em geral, existindo poucas informações sobre eles na ________________________ literatura especializada e ocorrendo uma incipiente sistematização ________________________ de conceitos nesse campo. Os canais reversos de alguns materiais ________________________ tradicionais são conhecidos há muitos anos, como, por exemplo, o ________________________ dos metais em geral, e eles representam importantes nichos de atividades econômicas. No entanto há poucos textos e pouco conheci________________________ mento organizado, mesmo nesses casos. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ A falta de interesse que Leite apresenta é devido, principalmente, à baixa im________________________ portância econômica dos canais reversos em relação aos canais de distribuição dire________________________ tos. Essa diferença econômica é basicamente pelo volume de transações que acontece no canal de distribuição direto.


ção direta e a distribuição reversa de pós-venda, conforme Figura 3: Figura 3 - Diferenças entre a distribuição direta e reversa de pós-venda

53 logistica reversa

Leite (2003, p. 225) também apresenta as principais diferenças entre a distribui-

Fonte: Adaptação de Leite (2003, p. 225)

Segundo Pereira (2012, p. 38), “os canais de distribuição reversos dividem-se em duas categorias”: Canais de distribuição reversos de pós-venda (CDR-PV) - nesse canal, existem diferentes modalidades de retorno do produto. Acontecem o fluxo inverso e o reverso do comprador para o consumidor final, o atacadista, o varejista ou o fabricante, devido a defeitos do produto, não conformidades, erros de emissão de pedido, como podem observar na Figura 4; Canais de distribuição de bens de pós-consumo (CDR-PC) - já nesse canal, o retorno ao ciclo acontece na produção ou na geração de matéria-prima do produto após o fim de sua vida útil. Nesse canal, as etapas de atividade do produto são: reúso, desmanche e reciclagem. Figura 4 - Canais de distribuição diretos e reversos

Fonte: Adaptação de Pereira (2012, p. 17)

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No canal reverso de pós-consumo (CDR-PC), também fluem peças, materiais constituintes e resíduos que poderão retornar à cadeia pela revalorização, como desmanche, reúso e reciclagem. Leite (2003, p. 6-7) apresenta, de forma interessante, a definição de desmanche, reúso e reciclagem. Vamos entender melhor essas definições e observar, na Figura 5, o fluxo dessa revalorização:

Reúso - é o material que se tem a extensão do uso de um produto de pós-consumo ou do seu componente, com a mesma função para a qual foi originalmente concebido, ou seja, sem nenhum tipo de remanufatura; Desmanche - é como um sistema de revalorização de um produto durável de pós-consumo que, após sua coleta, sofre um processo industrial de desmontagem no qual seus componentes, em condições de uso ou de remanufatura, são separados por partes; Reciclagem - é o canal reverso de revalorização em que os materiais constituintes dos produtos descartados são extraídos industrialmente, transformando-se em matérias-primas secundárias ou recicladas que serão reincorporadas à fabricação de novos produtos.

Figura 5 - Exemplo de fluxo de reúso, desmanche e reciclagem

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Fonte: Adaptação de Pereira (2012, p. 38)


síveis: Em virtude de uma série de fatores, como exigências legais, revalorização econômica, interesses mercadológicos, interesses ecológicos e ambientais, hábitos de consumo industriais e da sociedade em

55 logistica reversa

Segundo Pereira (2012, p. 32), esses canais reversos de pós-consumo são pos-

geral.

Os bens de pós-consumo são classificados a partir da sua durabilidade. Já vimos que a vida útil de um bem é medida pelo tempo transcorrido desde a sua fabricação até o momento em que o primeiro consumidor se desfaz dele. Nos fluxos diretos e reversos de pós-consumo, é necessário efetuar uma comparação qualitativa e quantitativa dos materiais, sempre considerando as categorias de bens de pós-consumo e duração de vida útil. Você se lembra que vimos as categorias dos bens na Aula 2? Vamos relembrá-las: Produtos duráveis; Produtos semiduráveis; Produtos descartáveis.

Leite (2003 apud PEREIRA, 2012, p. 33) apresenta três índices que podem ser usados para efetuar a comparação qualitativa e quantitativa, que são:

Índice de reciclagem de um bem durável - é a relação em percentual entre as quantidades recicladas de um bem durável pós-consumo, em um período de tempo e em uma determinada região, e a quantidade produzida do mesmo bem, no mesmo período e na mesma região; Índice de reciclagem dos componentes de um bem durável - é a porcentagem de componentes reciclados de um bem em relação ao peso do próprio bem; Índice de reciclagem do material constituinte - refere-se à relação percentual entre quantidades recicladas de um material constituinte em determinado intervalo de tempo e as quantidades totais produzidas do material, durante o mesmo intervalo de tempo.

Depois que os bens passam pelas fases de fluxo logístico direto e reverso, alguns desses bens retornam ao ciclo de produção de matéria-prima, peças, componente ou acessório por meio dos canais reversos de pós-consumo, que podem ser como reúso ou reciclagem. Leite (2003 apud PEREIRA, 2012, p. 34) classifica esses ciclos reversos de retorno ao ciclo produtivo em:

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Canais de distribuição reversos de ciclo aberto - são canais de distribuição reversos formados pelas diversas etapas de retornos de materiais constituintes dos produtos de pós-consumo, que são reintegrados ao ciclo produtivo e substitui matérias-primas novas na produção de diferentes tipos de produtos, conforme Figura 5. Pereira (2012, p. 35) cita um exemplo de um canal de distribuição reverso de ciclo aberto:

[...] ferro e aços extraídos de automóveis, máquinas e equipamentos, navios, latas de embalagens, resíduos industriais de metalúrgicas e fundições os quais serão reintegrados com matérias-primas secundárias na fabricação de chapas de aço, barras de ferro, vigas e outros produtos. Canais de distribuição reversos de ciclo fechado - são canais de distribuição reversos constituídos pelas etapas de retorno de materiais dos produtos de pós-consumo. Esses materiais constituintes são de determinados produtos descartados ao fim de sua vida útil, são extraídos seletivamente para fabricação de um produto similar ao de origem, conforme Figura 6.

Os canais de ciclo aberto têm algumas características, que são: Não distinguem os produtos de origem pós-consumo; Especialização por natureza dos materiais;

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Concepção de produtos que facilitem a desmontagem.

Figura 6 - Canais de distribuição reversos de ciclo aberto

Fonte: Adaptação de Leite (2003 apud PEREIRA, 2012, p. 34)


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Figura 7 - Canais de distribuição reversos de ciclo fechado

Fonte: Adaptação de Leite (2003 apud PEREIRA, 2012, p. 36).

As fases da cadeia produtiva reversa são especializadas na revalorização do material constituinte de um determinado produto.

CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS NAS CADEIAS PRODUTIVAS REVERSAS A logística reversa de pós-consumo possui uma estrutura própria de canal. Essa estrutura é formada por empresas especializadas em suas diversas etapas reversas. A especialização refere-se tanto ao tipo de atividade desempenhada como à natureza do material ou produto de pós-consumo. Leite (2009, p. 82) apresenta um exemplo de uma empresa da cadeia produtiva reversa de pós-consumo, veja na Figura 8. Nesse exemplo, podemos analisar a empresa e os agentes da cadeia reversa interagindo no fluxo reverso de bens de pós-consumo e as diversas etapas reversas. O fluxo inicia na posse do bem de pós-consumo, na sua coleta, que também ocorre à primeira consolidação dos bens. A consolidação é efetuada pelo varejo reverso, que comercializa os produtos provenientes de uma região geográfica, realiza a seleção e a separação inicial dos materiais. Depois, os bens de pós-consumo são comercializados pelos distribuidores, utilizando recursos tecnológicos e geralmente especializados na natureza do material dos bens.

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58 Figura 8 - Empresa da cadeia produtiva reversa de pós-consumo

Fonte: Adaptação de Leite (2009, p. 82).

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Muitas empresas realizam negócios de remanufatura diretamente ou por meio de terceirização, geralmente obtém resultados compensadores. Já outras empresas possuem dificuldade estratégica para realizar a remanufatura dos seus bens. Giuntini e Gaudette (2003, p. 41-42 apud LEITE 2009, p. 84), “apresentam algumas razões para o baixo nível de utilização da remanufatura por parte das empresas, resumidas na falta de consciência do potencial de benefícios e dos desafios envolvidos”. Existem duas categorias de empresas que integram suas cadeias reversas de remanufatura:

Empresas que não integram - são empresas que compram carcaças de distribuidores que se encarregam de coletar esses produtos diretamente no mercado quando descartadas; Empresas que integram - são empresas que desenvolvem a coleta dos produtos em suas regiões de descarte, realizando o transporte das peças usadas diretamente para sua atividade de reaproveitamento.

Também existem algumas empresas que utilizam materiais reciclados e integram em diferentes níveis:

Empresas não integradas em reciclagem - são aquelas que compram os materiais reciclados da indústria de reciclagem e utilizam como matéria-prima;


teriais previamente beneficiados por intermediários de processadores com certo nível de adensamento de carga e seleção de materiais; Empresas integradas em remanufatura ou reciclagem - são aquelas que compram seus materiais da fonte primária de resíduos sólidos, e realizam a coleta dos produtos de pós-consumo diretamente ou por meio de parcerias.

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Empresas semi-integradas em reciclagem - são as empresas que compram seus ma-

As empresas que realizam o sistema de coleta e consolidação da logística reversa de pós-consumo favorece um sistema descentralizado de suas operações. Para Leite (2009, p. 93): As empresas características do sistema reverso são em grande número, de pequeno porte e geograficamente dispersas, o que muitas vezes caracteriza mercados de matérias-primas secundárias em regime de oligopsônio, volátil na quantidade e na qualidade.

Para a existência de um canal reverso de pós-consumo, é importante a relação com quatro aspectos, que são:

Remuneração em todas as etapas reversas; Escala econômica de atividade; Organização da logística reversa; Existência de mercado para os produtos reaproveitados, remanufaturados ou reciclados.

Também é importante salientar a necessidade dos fatores, econômico, tecnológico e logístico. Encerramos esta aula com o fluxograma dos canais de distribuição reversos de ciclo aberto e canais de distribuição reversos de ciclo fechado.

SÍNTESE Nesta aula, vimos o conceito de fluxo de distribuição direto e do fluxo reverso de distribuição. Também vimos o conceito de canais de distribuição reverso e as suas duas categorias, que são: canais de distribuição reversos de pós-venda e canais de distribuição de pós-consumo.

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QUESTÃO PARA REFLEXÃO Atualmente, a diversidade de eletrodoméstico tem permitido que os consumidores troquem os seus eletrodoméstico mais vezes pelo modelo mais moderno. Esse comportamento do consumidor aumenta ou diminui o ciclo de vida dos produtos?

LEITURA INDICADA PEREIRA, André Luiz. Logística reversa e sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning, 2012. Capítulo 1.

SITE INDICADO MARTINS, Felipe S. Canais de Distribuição Reversos. Disponível em: <http://vialogistica.blogspot.com.br/2011/06/canais-de-distribuicao-reversos.html>. Acesso em: 21 jan. 2014.

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REFERÊNCIAS LEITE, Paulo Roberto. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

LEITE, Paulo Roberto. Logística reversa: meio ambiente e competitivo. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003.

PEREIRA, André Luiz. Logística reversa e sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning, 2012.


ÇÃO REVERSOS DE BENS DE PÓS-CONSUMO Autora: Vivian Manuela Conceição

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AULA 06 - TIPOS DE CANAIS DE DISTRIBUI-

“A base de toda a sustentabilidade é o desenvolvimento humano que deve contemplar um melhor relacionamento do homem com os semelhantes e a Natureza”

(NAGIB ANDERÁOS NETO)

Olá!! Como estão os estudos?

Na aula anterior, conhecemos os fluxos de distribuição direto e reverso e os tipos de canais reversos, que são: canais de distribuição reversos de pós-venda e canais de distribuição de pós-consumo. Nesta sexta aula, veremos os tipos de canais de distribuição de bens de pós-consumo, suas características e sua importância.

TIPOS DE CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVERSOS DE BENS DE PÓS-CONSUMO Os canais de distribuição reversos de bens de pós-consumo acontecem nas etapas de comercialização e também de industrialização. Nessas etapas, fluem os resíduos industriais e os diferentes tipos de materiais constituintes, até a sua reintegração ao processo produtivo, que pode ser como reuso, remanufatura ou reciclagem. As etapas de comercialização e industrialização possuem características típicas de cada país, devido às diferentes disponibilidades de fontes de resíduos de pós-consumo, diferentes legislações ou hábitos de consumo da sociedade. Porém, a estrutura básica e as etapas dos canais reversos dos principais materiais e produtos são similares. Para facilitar o entendimento das etapas de comercialização e industrialização de um bem de pós-consumo, vamos analisar a Figura 1, que representa os canais de distribuição de pós-consumo diretos e reversos.

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Figura 1 - Fluxograma das etapas de comercialização e industrialização de um bem de pós-consumo

Fonte: Adaptação de Leite (2009, p. 50)

Segundo Leite (2009, p. 51), os bens de pós-consumo, após o seu uso, são descartados: Os bens de consumo duráveis, semiduráveis, descartáveis e os resíduos industriais, após extinto seu uso original, são descartados ou disponibilizados pelos proprietários-consumidores, iniciando-se os diversos canais de distribuição reversos. Após serem disponibilizados de alguma maneira, uma parcela desses diversos tipos de bens de pós-consumo pode fluir e ser coletado por um tipo de coleta.

Os bens de pós-consumo, depois de descartados, podem passar por três tipos de coleta: coleta informal, coleta seletiva e coleta do lixo. No último tipo de coleta, o bem de pós-consumo pode passar para a etapa de incineração. Para Leite (2009, p. 51), os bens podem ser reintegrados ao ciclo produtivo de diferentes maneiras: “[...] como bens de segunda mão ou convertidos em suas partes, subconjuntos e materiais constituintes, dando origem a uma série de atividades comerciais, industriais e de serviços reversos”. Podemos dizer que os bens e materiais podem ser formais e informais, e são fontes de suprimentos de produtos e materiais de pós-consumo e o início dos canais de distribuição reversos.


Quando os bens de pós-consumo são reintegrados ao ciclo produtivo, fluem pelos canais reversos de reciclagem, ocorrendo a revalorização de seus materiais constituintes, podendo ser reintegrados ao ciclo produtivo na fabricação de um produto similar ao que lhe deu origem.

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CICLOS REVERSOS ABERTOS E FECHADOS DE RECICLAGEM

Como acontece essa diferença, ocorrem duas categorias de ciclos reversos de retorno, que são: canais de distribuição reversos de ciclo aberto e de ciclo fechado.

CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVERSOS DE CICLO ABERTO Os materiais constituintes dos produtos de pós-consumo que fazem parte do ciclo aberto de retorno são: metais, plástico, vidros, papéis etc. São materiais extraídos de diferentes produtos de pós-consumo, que são substituídos nas matérias-primas novas na fabricação de diferentes tipos de produtos. Segundo Leite (2009, p. 55), são exemplos de materiais que caracterizam essa classe: [...] o retorno ao ciclo produtivo de todo o ferro e aço provenientes

________________________ gens, eletrodomésticos, resíduos industriais de metalúrgicas, suca- ________________________ tas de máquinas etc., que serão reintegrados como matérias-primas ________________________ secundárias na fabricação de chapas de aço, barras de ferro, vigas e ________________________ outros produtos. ________________________ ________________________ Para facilitar o entendimento da citação de Leite, vamos analisar a Figura 2. ________________________ ________________________ Figura 2 - Exemplos de materiais de ciclo reversos aberto ________________________ Fo ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ nte: Adaptação de Leite (2009, p. 55). ________________________ de sua extração de bens como automóveis, navios, latas de embala-


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É possível perceber que o retorno ao ciclo produtivo da extração do material ferroso de automóveis, navios, pontes, máquinas e eletrodoméstico, é reintegrado como matéria-prima na fabricação de chapas, vergalhões, barras e lingotes. Também, na Figura 2, é apresentado o exemplo da extração do material plástico em embalagens, tambores, brinquedos, utensílios domésticos e computadores, que são reintegrados como matéria-prima na fabricação de sacos de lixo, potes e vasos, móveis, peças mecânicas e peças elétricas. Nos canais de distribuição reversos de ciclo aberto, utiliza-se um índice de reciclagem de material plástico, vidro, papel, lata de alumínio, etc. Esse índice é a relação percentual entre as quantidades recicladas de um material constituinte em um determinado espaço de tempo e as quantidades totais produzidas do material, no mesmo espaço de tempo, provenientes de todos os produtos de pós-consumo dos quais possa ser extraído. Na Figura 3, é possível perceber a taxa média de reciclagem de materiais no Brasil entre os anos de 2000 a 2006. Figura 3 - Taxa média de reciclagem de materiais no Brasil

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Adaptação de Leite (2009, p. 54) ________________________ ________________________ Segundo Leite (2009, p. 55), uma das características dos canais reversos de pós________________________ -consumo é a especialização por natureza do material constituinte: ________________________ ________________________ Os canais de ciclo aberto, portanto, não distinguem os produtos de ________________________ origem do pós-consumo, mas têm seu foco na matéria-prima que os ________________________ constitui. São caraterísticas dessa categoria os metais, como ferro, ________________________ alumínio, cobre etc., os plástico constituídos de polímeros de diver________________________ sas naturezas, como os polietilenos, os polipropilenos etc., os ma________________________ teriais constituintes de diversas naturezas de vidros e os diferentes tipos de papéis. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Os agentes das cadeias reversas, o fabricante, o distribuidor ou o atacadista es________________________ colhem os produtos que apresentam a melhor relação entre a porcentagem de mate________________________ rial de interesse e os produtos que apresentam maior facilidade de extração. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


No canal de distribuição reverso de ciclo fechado, a etapa de retorno dos produtos descartados, quando chegam ao fim de sua vida útil, é extraída de forma seletiva para a fabricação de um produto similar ao de origem.

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CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVERSOS DE CICLO FECHADO

Na Figura 4, são apresentados alguns exemplos de materiais que participam do canal de distribuição reverso de ciclo fechado.

Figura 4 - Materiais de canais reversos de ciclo fechado

Fonte: Adaptação de Leite (2009, p. 56)

Segundo Leite (2009, p. 56), as baterias de veículos são um exemplo típico da categoria de produtos de origem de pós-consumo:

[...] os principais materiais constituintes são a liga de chumbo, que constitui o principal custo e o princípio de funcionamento químico do produto, e a carcaça de plástico polipropileno o ciclo fechado se caracteriza quando observamos que esses materiais são extraídos das baterias usadas, descartadas após seu fim de vida útil, desenvolvendo-se etapas reversas desde a coleta dessas baterias até a reintegração dos materiais secundários nas linhas de fabricação.

As latas de alumínio que são utilizadas em embalagem, também, são um grande exemplo típico de ciclo fechado de canal reverso, como exemplo, a chapa de liga de alumínio que é coletada é reintegrada na fabricação de novas latas de alumínio para embalagens de bebidas. Uma das características dos canais reversos fechados é apresentar alta eficiência no fluxo reverso em razão da importância econômica do seu uso.

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CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO DE PÓS-CONSUMO DE BENS DURÁVEIS E SEMIDURÁVEIS Os bens duráveis e semiduráveis possuem diversas possibilidades de retorno ao ciclo produtivo. Um bem durável é composto por uma série de componentes com diferentes durações que poderão ser substituídos ao longo da vida útil. Os bens semiduráveis participam de canais reversos próprios de retorno ao ciclo produtivo, são exemplos: baterias de automóveis, óleos lubrificantes de motores, cartuchos de impressoras, etc. Leite (2009, p. 57) afirma que a disponibilidade do bem durável ou semidurável para o primeiro utilizador é motivado por obsolescência tecnológica ou de desempenho. As empresas disponibilizam os bens duráveis e semiduráveis de seu ativo fixo e insumo de seu próprio uso, geralmente por meio de leilões ou por venda direta. Segundo Leite (2009, p. 57), esse tipo de descarte é umas das principais fontes de pós-consumo: [...] dessa maneira, disponibilizam-se imóveis, veículos em geral, máquinas e equipamentos, materiais e equipamentos de escritório utilizados pela própria empresa em sua atividade. A empresa deve

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decidir o momento certo em que a continuidade da posse do bem deixa de ser interessante, podendo classificá-lo como em condições de uso posterior ou inservível e sucata.

Já os consumidores finais disponibilizam os seus bens duráveis por meio de coletas informais, ou seja, por catadores, doações ou descarte em coletores e separadores de coleta seletiva. Para Leite (2009, p. 57), esse processo de descarte tem sofrido grandes dificuldades: O desembaraço dos bens dessa categoria tem sido dificultado nas grandes metrópoles, em virtude da proibição de serem enviados aos aterros sanitários ocorrida nos Estados Unidos, anos de 1980, e em outras metrópoles em momentos diferentes, causada pela saturação de grande parte deles em diversos.

Essa dificuldade não ocorre apenas nos Estados Unidos, mas também no Brasil, devido à gradativa imputação da responsabilidade de criação e organização de redes reversas aos fabricantes e à cadeia produtiva direta que tem propiciado o aparecimento e o desenvolvimento de cadeias produtivas reversas de grande porte, possibilitando novas oportunidades. Os bens duráveis, quando são transformados em bens de pós-consumo, e quando não há condições de serem reutilizados, geralmente, são enviados ao lixo urbano. E os bens descartáveis, normalmente, não têm condições de reutilização e podem ser dirigidos aos canais reversos do lixo urbano ou reciclagem.


SÍNTESE Nesta aula, conhecemos os tipos de canais de distribuição reversos de bens de pós-consumo, que podem ser ciclos reversos abertos e fechados. Os canais reversos

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abertos são constituídos de produtos de pós-consumo que são reintegrados no processo de fabricação em novos tipos de produtos. Já no ciclo fechado, os produtos são reintegrados na fabricação de produtos similares ao produto que chegou ao fim da sua vida útil.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO Vimos que os canais de distribuição reversos podem ser abertos e fechados, sendo que cada um possui as suas características e restrições. Mas, qual será o canal mais caro para a empresa?

LEITURA INDICADA Capítulo 5 - LEITE, Paulo Roberto. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

SITES INDICADOS www.ilos.com.br www.logisticadescomplicada.com

REFERÊNCIA LEITE, Paulo Roberto. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

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AULA 07 - LOGÍSTICA REVERSA E ANÁLISE

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DO CICLO DE VIDA

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Autora: Vivian Manuela Conceição “Pensar em sustentabilidade é pensar na família, no próximo e em você mesmo.”

(DIJALMA AUGUSTO MOURA)

Olá!

Na aula anterior, vimos os tipos de canais de distribuição reversos de bens de pós-consumo, que podem ser ciclos reversos abertos e fechados. Nesta penúltima aula, faremos uma análise do ciclo de vida útil dos produtos e também realizaremos uma avaliação preliminar de riscos ambientais. Vamos lá?

ANÁLISE DO CICLO DE VIDA ÚTIL DOS PRODUTOS O objeto de estudo da análise do ciclo de vida útil dos produtos é o impacto ambiental gerado por eles desde o momento da extração das matérias-primas e de ________________________ outros insumos utilizados em sua fabricação. ________________________ É importante que as empresas tenham um instrumento de medição, que seja ________________________

capaz de determinar o nível de impacto ambiental do seu produto ao longo de sua ________________________ vida, buscando reduzir as agressões ambientais. Segundo Leite (2009, p. 122), o instrumento de medição da análise do ciclo de vida pode ser examinado: As quantidades de matérias-primas e outros insumos consumidos em cada uma das embalagens para um mesmo período de análise, as quantidades de resíduos nos dois casos, a energia e outros consumos efetuados durante os diversos transportes, levando em conta que as embalagens descartáveis são mais leves, não exigem transporte de retorno e a administração dele, os custos de disposição final que terão sobre as retornáveis com vida mais longa etc., entre as diversas possibilidades de contabilização.

Também é importante salientar que, na medição da análise do ciclo de vida do produto, a análise pode propiciar o estabelecimento de rótulos e denominações como biodegradável, reciclável, produto verde, produto amigável, etc.

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RESPONSABILIDADE EMPRESARIAL COM O MEIO AMBIENTE O ambiente empresarial tem enfrentado grandes transformações que ocorrem a cada dia com muita velocidade. Para Leite (2009, p. 123), “dentre as principais alterações, observa-se o crescimento de uma nítida consciência por parte dos consumidores com relação aos impactos dos produtos no meio ambiente”. Essa consciência por parte dos consumidores é devido ao aumento de informação e também à intensidade dos problemas ocorridos pelas agressões ambientais. Segundo Leite (2009, p. 123), essa conscientização também tem feito parte dos empresários: [...] as pesquisas revelam maior conscientização dos executivos de empresas no que se refere ao valor da ética empresarial como fator de diferenciação competitiva e seus funcionários reivindicam que elas assumam um comportamento ético.

Tanto a questão ambiental como a questão social são tratadas no planejamento estratégico das empresas como um diferencial competitivo, por meio da percepção de que o posicionamento da empresa é importante e também pela imagem corporativa para a sociedade, que tem se valorizado cada vez mais. Leite (2009, p. 123) cita um

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exemplo de uma empresa que adaptou o seu produto à ética empresarial:

A 3M, por exemplo, dá grande incentivo ao lançamento de novos e criativos produtos amigáveis ao meio ambiente, seguindo sua tradição de empresa inovadora de produtos. A DuPont e a NEC desenvolveram sua logística reversa e tecnologias de redução, reuso e reciclagem de seus produtos e processos industriais a tal ponto que essas atividades tornaram-se novas divisões especializadas que atualmente vendem serviços e geram lucros com consultoria e projetos nesse campo.

Quando a empresa incorpora a ética empresarial, principalmente na visão ambiental, ela acaba antecipando as ações de forma a reduzir os impactos causados por seus produtos no meio ambiente. O Council of Logistics Management (CLM, 1993, p. 53 apud LEITE 2009, p. 124) realizou uma pesquisa junto a 17 empresas, e constatou três principais atitudes empresariais de comprometimento nesse sentido:

Atitude reativa; Atitude proativa; Atitude de busca de valor.


As empresas que possuem uma atitude reativa em relação ao meio ambiente são caracterizadas pelo cumprimento da legislação, por regulamentos e fazem adequações às pressões externas da sociedade, acabam revelando uma visão introspectiva que não inclui os impactos de seus produtos sobre o meio ambiente em seu plane-

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jamento estratégico. Segundo Leite (2009, p. 124), as empresas com atitude reativa, para se desembaraçarem de seus resíduos, utilizam de duas estratégias: Utilizam a venda ou a simples retirada desses produtos, evitando custos de disposição final, tendo como motivação principal o retorno sobre o investimento e soluções de curto prazo. Desse modo, a organização empresarial não prevê atividades especiais para a gestão do meio ambiental e nenhum comprometimento da hierarquia superior.

Já a empresa que apresenta atitude proativa possui a vantagem de se antecipar às novas regulamentações e até sugerir nelas, criando uma imagem satisfatória junto à sociedade. Para Leite (2009, p. 124), as empresas que revelam a visão empresarial proativa em relação à questão ambiental:

[...] apresentam razoável comprometimento da hierarquia superior com os problemas ambientais. Em sua organização, existem áreas especializadas para o equacionamento dos problemas ligados à gestão ambiental, visando se antecipar aos regulamentos e legislações, adquirindo experiência em sua especialidade setorial e colaborando eventualmente com os poderes públicos na elaboração dessas legislações.

E as empresas de atitude de busca de valor apresentam grande comprometimento com o meio ambiente, integrando seu planejamento estratégico ao diferencial competitivo, utilizando a análise de ciclo de vida do produto, como forma de minimizar os impactos causados ao meio ambiente. Essas empresas também criam uma rede de comprometimento com o meio ambiente em suas redes de suprimento e de distribuição. Para Leite (2009, p. 124), as empresas que se encontram na fase de atitude de busca de valor aos seus produtos, por meio da responsabilidade ética com a sociedade e o meio ambiente, caracterizam-se: [...] por desenvolver as atividades com uma visão sistêmica em sua cadeia produtiva, ou seja, desenvolvem a capacidade empresarial de agregar valor aos seus produtos e serviços na medida em que se mostrem efetivamente perceptíveis aos clientes e à sociedade, por

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meio de uma cultura empresarial comprometida com esses valores.

As empresas que apresentam essa visão estratégica são as que conseguem melhores performances no mercado competitivo e se mantêm líderes no seu segmento. As Figuras 1 e 2 demostram as principais características das três atitudes empresariais:

Figura 1 - Atitudes reativa e proativa

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Fonte: Adaptação de Leite (2009, p. 126)

Figura 2 - Atitude de busca de valor

Fonte: Adaptação de Leite (2009, p.126).


As figuras apresentadas demonstram as características das empresas nas diferentes fases empresariais em relação aos seus objetivos e às atividades e recursos utilizados na preocupação ao meio ambiente. Leite (2009, p. 125) afirma que existem algumas atitudes típicas das empresas

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que buscam agregar valor as suas atividades empresariais quanto ao impacto de seus produtos no meio ambiente. Vamos ver alguns:

Avaliação dos produtos e processos por meio da análise do ciclo de vida ambiental - as empresas utilizam essa metodologia de avalição para melhor projetar novos produtos ou adaptar os já existentes; Concepção dos produtos visando reduzir impactos sobre o meio ambiente e facilitando o ciclo reverso do pós-consumo - na elaboração do projeto do produto, é um excelente momento para considerar os seus impactos no meio ambiente. Dessa forma, é possível facilitar a desmontagem, a separação dos materiais e o seu descarte; Criação de vantagem competitiva por meio da logística reversa - geralmente, essa vantagem é conseguida por meio de parcerias, obtendo excelente retorno mercadológico e de imagem corporativa, pela criação de redes de distribuição; Extensão dos conceitos de responsabilidade ambiental - as empresas que possuem esse tipo de posicionamento estratégico mantêm um comportamento ético e de responsabilidade ambiental de toda a sua cadeia de suprimentos.

As empresas que seguem essas atitudes, apresentadas por Leite, atingem a liderança em seu setor de negócio, são bem vistas pela sociedade e conseguem se antecipar às possíveis mudanças de legislação.

O MARKETING AMBIENTAL É possível, cada vez mais, em um ambiente empresarial, que os produtos e os processos produtivos possam causar danos ao meio ambiente, portanto, é fundamental que a empresa mantenha uma boa imagem corporativa. Além disso, as empresas sofrem com novas regulamentações ambientais. Mas, para Leite (2009, p. 128), “Ao mesmo tempo, não é possível admitir um avanço do desenvolvimento sustentado sem que haja participação do governo por meio de regulamentações”. Como forma de confirmar a declaração de Leite, podemos analisar a citação de Cairncross (1992, p. 25 apud LEITE, 2009, p. 128), “Confiar exclusivamente na força do mercado, ainda que controlado com muita habilidade, para limpar o ambiente é tão ingênuo quanto confiar apenas na intervenção governamental”. Foi a partir dessa intervenção governamental que as empresas desenvolveram uma visão de marketing verde, ou seja, um marketing voltado ao desenvolvimento sustentável.

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Miles e Munilla (1995, p. 29 apud LEITE, 2009, p. 128) citam alguns indicadores que podem caracterizar empresas que possuem uma visão sustentável:

Quando possuem embalagens em recipientes recicláveis; Quando as embalagens são fabricadas com material reciclável; Quando a empresa mantém um ativo programa de reciclagem; Quando a empresa considera variáveis ambientais no seu planejamento estratégico; Quando a empresa procura realizar modificações ambientais por meio de inovações.

A Figura 3 propõe um modelo de estratégia de marketing sustentado, dividido em duas estratégias: corporativa e governamental. A estratégia corporativa é referente aos aspectos internos da empresa, já a estratégia governamental é em relação às ações de intervenção do governo. Figura 3 - Marketing sustentado

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Adaptação de Leite (2009, p. 129). ________________________ ________________________ ________________________ Para Leite (2009, p. 129), a estratégia de marketing corporativa deve ser orienta________________________ da em quatro tipos de esforços, que são conhecidos como os 4R: ________________________ ________________________ ________________________ Reconsumo - é a possibilidade de reutilizar o produto totalmente ou em parte; ________________________ Redirecionamento das necessidades dos consumidores - é a pesquisa de novos ________________________ hábitos de consumo e comportamento dos consumidores para adaptar no projeto de ________________________ novos produtos; ________________________ Reorientação do mix de produtos - é a identificação de oportunidades de redução ________________________ dos impactos das diversas fases do produto; ________________________ Reorganização - é a aplicação de técnicas de conscientização requeridas nas mudan________________________ ças nas organizações. ________________________ ________________________ ________________________ Vimos as ações e as estratégias corporativas citadas na Figura 3, mas o modelo ________________________ ________________________ de marketing sustentado também é complementado com as ações da intervenção governamental. Vamos ver!


Regulação - é a normalização e o estabelecimento de padrões de performance em tecnologia; Reforma - é a legislação sobre as atitudes industriais e investir em educação ambiental;

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Promoção - é o incentivo em tecnologia, a créditos, imposição de taxas ou a sua retirada de produtos considerados “limpos”; Participação - é a aquisição de materiais ou produtos de acordo com o desenvolvimento sustentável.

As organizações posicionam-se diferentemente em relação às preocupações ambientais e à responsabilidade empresarial. É importante que cada uma utilize uma nova visão mercadológica para atender às necessidades dos consumidores e principalmente do meio ambiente.

SÍNTESE Nesta aula, analisamos o processo do ciclo de vida útil do produto e do processo na visão da logística reversa. Também vimos a importância do monitoramento desse ciclo por meio de indicadores de desempenho, como forma de minimizar as agressões causadas no meio ambiente. Conhecemos o processo de responsabilidade empresarial com o meio ambiente, que tem crescido a cada ano, motivado pelo aumento das informações e pela conscientização dos consumidores.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO Com o mercado cada vez mais competitivo, no qual a qualidade dos produtos não é mais uma variável de diferenciação, já que a maioria das organizações conseguiu atingir o nível de qualidade aceitável pelos seus clientes, será que o caminho para competitividade é ter ciclo de vida útil dos produtos mais duradouro, perpetuando a satisfação do cliente ou ciclo menor, como forma de lançar produtos constantemente?

LEITURA INDICADA CASSIMIRO. Patrícia Rocha. Ciclo de vida de um produto. Disponível em: <http://www.infoescola.com/ administracao_/ciclo-de-vida-de-um-produto/> Acesso em: 07 fev. 2014

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SITES INDICADOS www.ilos.com.br www.logisticadescomplicada.com

REFERÊNCIAS LEITE, Paulo Roberto. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

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AULA 07 - LOGÍSTICA REVERSA E ANÁLISE

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DO CICLO DE VIDA

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Autora: Vivian Manuela Conceição “Pensar em sustentabilidade é pensar na família, no próximo e em você mesmo.”

(DIJALMA AUGUSTO MOURA)

Olá!

Na aula anterior, vimos os tipos de canais de distribuição reversos de bens de pós-consumo, que podem ser ciclos reversos abertos e fechados. Nesta penúltima aula, faremos uma análise do ciclo de vida útil dos produtos e também realizaremos uma avaliação preliminar de riscos ambientais. Vamos lá?

ANÁLISE DO CICLO DE VIDA ÚTIL DOS PRODUTOS O objeto de estudo da análise do ciclo de vida útil dos produtos é o impacto ________________________

ambiental gerado por eles desde o momento da extração das matérias-primas e de ________________________ outros insumos utilizados em sua fabricação. É importante que as empresas tenham um instrumento de medição, que seja capaz de determinar o nível de impacto ambiental do seu produto ao longo de sua vida, buscando reduzir as agressões ambientais. Segundo Leite (2009, p. 122), o instrumento de medição da análise do ciclo de vida pode ser examinado: As quantidades de matérias-primas e outros insumos consumidos em cada uma das embalagens para um mesmo período de análise, as quantidades de resíduos nos dois casos, a energia e outros consumos efetuados durante os diversos transportes, levando em conta que as embalagens descartáveis são mais leves, não exigem transporte de retorno e a administração dele, os custos de disposição final que terão sobre as retornáveis com vida mais longa etc., entre as diversas possibilidades de contabilização.

Também é importante salientar que, na medição da análise do ciclo de vida do produto, a análise pode propiciar o estabelecimento de rótulos e denominações como biodegradável, reciclável, produto verde, produto amigável, etc.

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RESPONSABILIDADE EMPRESARIAL COM O MEIO AMBIENTE O ambiente empresarial tem enfrentado grandes transformações que ocorrem a cada dia com muita velocidade. Para Leite (2009, p. 123), “dentre as principais alterações, observa-se o crescimento de uma nítida consciência por parte dos consumidores com relação aos impactos dos produtos no meio ambiente”. Essa consciência por parte dos consumidores é devido ao aumento de informação e também à intensidade dos problemas ocorridos pelas agressões ambientais. Segundo Leite (2009, p. 123), essa conscientização também tem feito parte dos empresários: [...] as pesquisas revelam maior conscientização dos executivos de empresas no que se refere ao valor da ética empresarial como fator de diferenciação competitiva e seus funcionários reivindicam que elas assumam um comportamento ético.

Tanto a questão ambiental como a questão social são tratadas no planejamento estratégico das empresas como um diferencial competitivo, por meio da percepção de que o posicionamento da empresa é importante e também pela imagem corporativa para a sociedade, que tem se valorizado cada vez mais. Leite (2009, p. 123) cita um

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exemplo de uma empresa que adaptou o seu produto à ética empresarial: A 3M, por exemplo, dá grande incentivo ao lançamento de novos e criativos produtos amigáveis ao meio ambiente, seguindo sua tradição de empresa inovadora de produtos. A DuPont e a NEC desenvolveram sua logística reversa e tecnologias de redução, reuso e reciclagem de seus produtos e processos industriais a tal ponto que essas atividades tornaram-se novas divisões especializadas que atualmente vendem serviços e geram lucros com consultoria e projetos nesse campo.

Quando a empresa incorpora a ética empresarial, principalmente na visão ambiental, ela acaba antecipando as ações de forma a reduzir os impactos causados por seus produtos no meio ambiente. O Council of Logistics Management (CLM, 1993, p. 53 apud LEITE 2009, p. 124) realizou uma pesquisa junto a 17 empresas, e constatou três principais atitudes empresariais de comprometimento nesse sentido:

Atitude reativa; Atitude proativa; Atitude de busca de valor.


são caracterizadas pelo cumprimento da legislação, por regulamentos e fazem adequações às pressões externas da sociedade, acabam revelando uma visão introspectiva que não inclui os impactos de seus produtos sobre o meio ambiente em seu planejamento estratégico.

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As empresas que possuem uma atitude reativa em relação ao meio ambiente

Segundo Leite (2009, p. 124), as empresas com atitude reativa, para se desembaraçarem de seus resíduos, utilizam de duas estratégias:

Utilizam a venda ou a simples retirada desses produtos, evitando custos de disposição final, tendo como motivação principal o retorno sobre o investimento e soluções de curto prazo. Desse modo, a organização empresarial não prevê atividades especiais para a gestão do meio ambiental e nenhum comprometimento da hierarquia superior.

Já a empresa que apresenta atitude proativa possui a vantagem de se antecipar às novas regulamentações e até sugerir nelas, criando uma imagem satisfatória junto à sociedade. Para Leite (2009, p. 124), as empresas que revelam a visão empresarial proativa em relação à questão ambiental:

[...] apresentam razoável comprometimento da hierarquia superior com os problemas ambientais. Em sua organização, existem áreas especializadas para o equacionamento dos problemas ligados à gestão ambiental, visando se antecipar aos regulamentos e legislações, adquirindo experiência em sua especialidade setorial e colaborando eventualmente com os poderes públicos na elaboração dessas legislações.

E as empresas de atitude de busca de valor apresentam grande comprometimento com o meio ambiente, integrando seu planejamento estratégico ao diferencial competitivo, utilizando a análise de ciclo de vida do produto, como forma de minimizar os impactos causados ao meio ambiente. Essas empresas também criam uma rede de comprometimento com o meio ambiente em suas redes de suprimento e de distribuição. Para Leite (2009, p. 124), as empresas que se encontram na fase de atitude de busca de valor aos seus produtos, por meio da responsabilidade ética com a sociedade e o meio ambiente, caracterizam-se:

[...] por desenvolver as atividades com uma visão sistêmica em sua cadeia produtiva, ou seja, desenvolvem a capacidade empresarial

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de agregar valor aos seus produtos e serviços na medida em que se

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mostrem efetivamente perceptíveis aos clientes e à sociedade, por meio de uma cultura empresarial comprometida com esses valores.

As empresas que apresentam essa visão estratégica são as que conseguem melhores performances no mercado competitivo e se mantêm líderes no seu segmento. As Figuras 1 e 2 demostram as principais características das três atitudes empresariais:

Figura 1 - Atitudes reativa e proativa

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Fonte: Adaptação de Leite (2009, p. 126)

Figura 2 - Atitude de busca de valor


As figuras apresentadas demonstram as características das empresas nas diferentes fases empresariais em relação aos seus objetivos e às atividades e recursos utilizados na preocupação ao meio ambiente.

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Fonte: Adaptação de Leite (2009, p.126).

Leite (2009, p. 125) afirma que existem algumas atitudes típicas das empresas que buscam agregar valor as suas atividades empresariais quanto ao impacto de seus produtos no meio ambiente. Vamos ver alguns:

Avaliação dos produtos e processos por meio da análise do ciclo de vida ambiental - as empresas utilizam essa metodologia de avalição para melhor projetar novos produtos ou adaptar os já existentes; Concepção dos produtos visando reduzir impactos sobre o meio ambiente e facilitando o ciclo reverso do pós-consumo - na elaboração do projeto do produto, é um excelente momento para considerar os seus impactos no meio ambiente. Dessa forma, é possível facilitar a desmontagem, a separação dos materiais e o seu descarte; Criação de vantagem competitiva por meio da logística reversa - geralmente, essa vantagem é conseguida por meio de parcerias, obtendo excelente retorno mercadológico e de imagem corporativa, pela criação de redes de distribuição; Extensão dos conceitos de responsabilidade ambiental - as empresas que possuem esse tipo de posicionamento estratégico mantêm um comportamento ético e de responsabilidade ambiental de toda a sua cadeia de suprimentos.

As empresas que seguem essas atitudes, apresentadas por Leite, atingem a liderança em seu setor de negócio, são bem vistas pela sociedade e conseguem se antecipar às possíveis mudanças de legislação.

O MARKETING AMBIENTAL É possível, cada vez mais, em um ambiente empresarial, que os produtos e os processos produtivos possam causar danos ao meio ambiente, portanto, é fundamental que a empresa mantenha uma boa imagem corporativa. Além disso, as empresas sofrem com novas regulamentações ambientais. Mas, para Leite (2009, p. 128), “Ao mesmo tempo, não é possível admitir um avanço do desenvolvimento sustentado sem que haja participação do governo por meio de regulamentações”. Como forma de confirmar a declaração de Leite, podemos analisar a citação de Cairncross (1992, p. 25 apud LEITE, 2009, p. 128), “Confiar exclusivamente na força do mercado, ainda que controlado com muita habilidade, para limpar o ambiente é tão ingênuo quanto confiar apenas na intervenção governamental”. Foi a partir dessa intervenção governamental que as empresas desenvolveram uma visão de marketing verde, ou seja, um marketing voltado ao desenvolvimento

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sustentável. Miles e Munilla (1995, p. 29 apud LEITE, 2009, p. 128) citam alguns indicadores que podem caracterizar empresas que possuem uma visão sustentável:

Quando possuem embalagens em recipientes recicláveis; Quando as embalagens são fabricadas com material reciclável; Quando a empresa mantém um ativo programa de reciclagem; Quando a empresa considera variáveis ambientais no seu planejamento estratégico; Quando a empresa procura realizar modificações ambientais por meio de inovações.

A Figura 3 propõe um modelo de estratégia de marketing sustentado, dividido em duas estratégias: corporativa e governamental. A estratégia corporativa é referente aos aspectos internos da empresa, já a estratégia governamental é em relação às ações de intervenção do governo.

Figura 3 - Marketing sustentado

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Adaptação de Leite (2009, p. 129). ________________________ ________________________ Para Leite (2009, p. 129), a estratégia de marketing corporativa deve ser orienta________________________ ________________________ da em quatro tipos de esforços, que são conhecidos como os 4R: ________________________ ________________________ Reconsumo - é a possibilidade de reutilizar o produto totalmente ou em parte; ________________________ ________________________ Redirecionamento das necessidades dos consumidores - é a pesquisa de novos ________________________ hábitos de consumo e comportamento dos consumidores para adaptar no projeto de novos produtos; ________________________ ________________________ Reorientação do mix de produtos - é a identificação de oportunidades de redução ________________________ dos impactos das diversas fases do produto; ________________________ Reorganização - é a aplicação de técnicas de conscientização requeridas nas mudan________________________ ças nas organizações. ________________________


de marketing sustentado também é complementado com as ações da intervenção governamental. Vamos ver!

Regulação - é a normalização e o estabelecimento de padrões de performance em

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Vimos as ações e as estratégias corporativas citadas na Figura 3, mas o modelo

tecnologia; Reforma - é a legislação sobre as atitudes industriais e investir em educação ambiental; Promoção - é o incentivo em tecnologia, a créditos, imposição de taxas ou a sua retirada de produtos considerados “limpos”; Participação - é a aquisição de materiais ou produtos de acordo com o desenvolvimento sustentável.

As organizações posicionam-se diferentemente em relação às preocupações ambientais e à responsabilidade empresarial. É importante que cada uma utilize uma nova visão mercadológica para atender às necessidades dos consumidores e principalmente do meio ambiente.

SÍNTESE Nesta aula, analisamos o processo do ciclo de vida útil do produto e do processo na visão da logística reversa. Também vimos a importância do monitoramento desse ciclo por meio de indicadores de desempenho, como forma de minimizar as agressões causadas no meio ambiente. Conhecemos o processo de responsabilidade empresarial com o meio ambiente, que tem crescido a cada ano, motivado pelo aumento das informações e pela conscientização dos consumidores.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO Com o mercado cada vez mais competitivo, no qual a qualidade dos produtos não é mais uma variável de diferenciação, já que a maioria das organizações conseguiu atingir o nível de qualidade aceitável pelos seus clientes, será que o caminho para competitividade é ter ciclo de vida útil dos produtos mais duradouro, perpetuando a satisfação do cliente ou ciclo menor, como forma de lançar produtos constantemente?

LEITURA INDICADA CASSIMIRO. Patrícia Rocha. Ciclo de vida de um produto. Disponível em: <http://www.infoescola.com/ administracao_/ciclo-de-vida-de-um-produto/> Acesso em: 07 fev. 2014

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SITES INDICADOS www.ilos.com.br www.logisticadescomplicada.com

REFERÊNCIAS LEITE, Paulo Roberto. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

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AULA 08 - LOGÍSTICA REVERSA COMO FATOR

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DE COMPETITIVIDADE

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Autora: Vivian Manuela Conceição “A competitividade de um país não começa nas indústrias ou nos laboratórios de engenharia. Ela começa na sala de aula.”

(LEE IACOCCA)

Olá!!! Chegamos a nossa última aula.

Na aula anterior, vimos o processo do ciclo de vida útil do produto em relação à logística reversa. Nesta última aula, veremos a relação da logística reversa com a competitividade empresarial. Também abordaremos o conceito e a importância da competitividade no mundo atual de negócio.

A LOGÍSTICA REVERSA E A COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL Nos tempos atuais, o valor de uma marca, preço, tecnologia, por exemplo, que ________________________ são diferencias competitivos, não possui a mesma força mercadológica, mas possibili- ________________________ ta uma qualificação de participação no mercado. Segundo Leite (2009, p. 31), além do ________________________ investimento em produto, tecnologia e marca, as empresas modernas também neces- ________________________ sitam:

[...] investir em ações que tornem o pacote ‘produto e serviço’ mais atraente ao cliente, de forma que lhe permita atingir suas próprias metas. O que efetivamente contará para o cliente é a relação entre os benefícios recebidos e o custo total do produto, na qual o preço é somente uma das parcelas.

Atualmente, as empresas têm dois grandes desafios, fidelizar os seus clientes e tornar a sua marca um dos principais objetivos empresarias. Essa fidelização está relacionada à busca por um relacionamento duradouro com os clientes. E essa relação exige altos níveis de serviços. Como afirma Leite (2009, p. 31), “os níveis de serviços a serem oferecidos e que efetivamente agregam valor ao cliente na cadeia devem ser estabelecidos por meio da perspectiva do cliente, e não somente pela ótica interna da empresa”. Porter (1985 apud LEITE, 2009, p. 32) sugere algumas atitudes que podem proporcionar relacionamentos duradouros com os clientes:

Reduzir os desperdícios de matérias-primas de seu cliente, fornecendo produtos cus-

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tomizados;

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Reduzir os custos de mão-de-obra do cliente, facilitando suas operações; Reduzir o tempo de espera de seu cliente, oferecendo confiabilidade e pronta reposição; Reduzir os custos de manutenção de estoques de seu cliente, propiciando a flexibilidade de diversas naturezas e entrega rápida; Reduzir os custos de poluição do comprador, coletando e dando destino dos materiais; Reduzir os custos de aquisição do cliente, realizando pedidos on-line; Reduzir os custos de reparos ao cliente, melhorando a confiabilidade do produto; Reduzir os custos de substituição ou reparo do cliente, oferecendo serviços de garantia por longo período; Reduzir os custos de pessoal técnico do cliente, fornecendo apoio e assistência técnica.

A logística reversa pode proporcionar grandes oportunidades de ganho e de reforço competitivo, que podem ser vistos através de perspectivas diferentes por cada agente da cadeia de suprimentos.

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Na perspectiva do agente, fabricante, os ganhos competitivos podem provir no retorno de produtos de pós-venda e de pós-consumo. Nos ganhos de competitividade, no retorno de produtos de pós-venda, os fabricantes têm como objetivos a implantação de programas de logística reversa para o retorno de produto de pós-venda, que vamos analisar melhor na Figura 1: Figura 1 - Ganhos de competitividade do fabricante no retorno de pós-venda

Fonte: Adaptação de Leite (2009, p. 32)


sentada na Figura 1:

Flexibilização estratégica do retorno dos produtos - essa estratégia pode proporcionar ganho de competitividade na fidelização de clientes, na imagem corporativa e

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Para facilitar o entendimento, vamos analisar cada estratégia competitiva apre-

também na prática de responsabilidade empresarial. A parceria de ganho-ganho permite que os resultados traduzam em ganhos de competitividade de custos; Relocação de estoques em excesso - essa estratégia permite resultados de economias ou até recuperação de valor aos produtos, bem como em competitividade de serviços ao cliente. O compartilhamento dos resultados financeiros depende do nível de relação com o cliente; Recaptura otimizada do valor do produto retornado - essa estratégia está direcionada à venda orientada que obedece aos critérios hierárquicos de valorização na comercialização dos produtos retornados, com a recuperação de valores residuais maiores e ganhos de competitividade de custos. Os produtos retornados poderão ser destinados à venda como novo, são reembalados e retornam ao mercado de origem ou podem retornar como venda no mercado secundário, são produtos que permitem conserto, mas não têm condições de voltar para o mercado de origem; Busca de valor na prestação de serviços de pós-venda - é uma das estratégias utilizadas por empresas que implementam serviços de assistência técnica e de pós-venda de alta responsividade, gerando competitividade de imagem de marca. O reaproveitamento de componentes e a redução de custos importantes que redundam em ganho de competitividade de custos para essas empresas; Estratégia de busca de feedback de qualidade - essa estratégia permite uma redução do montante de devolução ou retorno de produtos, possibilitando uma melhor administração desses retornáveis. Estratégia de antecipação à legislação - essa estratégia representa uma atitude de busca de valor da empresa, possibilitando a colaboração com as autoridades no preparo das legislações de uma forma que seja compatível com as condições do setor empresarial.

Acabamos de ver as estratégias que permitem que os fabricantes obtenham ganhos de competitividade no retorno dos produtos de pós-venda. Agora, vamos conhecer as estratégias de ganhos de competitividade do fabricante por meio da logística reversa no retorno de produtos de pós-consumo. Vamos lá! A Figura 2 apresenta os objetivos competitivos dos fabricantes na implementação de programas de logística reversa para o retorno de produtos de pós-consumo. Vamos analisar cada uma:

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Figura 2 - Ganhos de competitividade do fabricante no retorno de pós-consumo

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Fonte: Adaptação de Leite (2009, p. 34)

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Vamos analisar cada estratégia separadamente: Reaproveitamento de componentes - essa estratégia permite ganhos de competitividade por redução de custos pelo reaproveitamento de componentes provenientes do desmanche de produtos; Reaproveitamento de materiais constituintes - essa estratégia resulta em ganhos de competitividade por redução de custos pelo uso de materiais constituintes dos produtos retornados, reutilizando-os na forma de matéria-prima secundária evitando os custos de disposição final; Adequação fiscal - essa estratégia é implementada em cadeias reversas, com o objetivo de ganhos de competitividade por meio de redução de custos. A economia fiscal pode provir da adequação da classificação fiscal de suas atividades reversas ou da adequação aos preceitos fiscais brasileiros; Demonstração de responsabilidade empresarial - nessa estratégia, a empresa adequa seus produtos de forma a reduzir os impactos no meio ambiente por meio de reforço da imagem corporativa e da ética empresarial.

Agora, vamos ver as estratégias de ganhos de competitividade do varejista por meio da logística reversa no retorno de produtos no pós-venda. O varejista é o último elo da cadeia de suprimentos, posição que torna necessária uma parceria com o fornecedor para estabelecer um programa de logística reversa, como forma de garantir a competitividade da cadeia de suprimentos. Na Figura 3, analisaremos as estratégias:


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Figura 3 - Ganhos de competitividade do varejista no retorno de pós-venda

Fonte: Adaptação de Leite (2009, p. 35).

As operações de retorno de mercadorias do varejo para o consumidor final não apresentam o mesmo impacto, quando comparado ao retorno de produtos de pós-venda. Vamos conhecer melhor essas estratégias:

Flexibilidade no retorno de mercadorias dos clientes/consumidores - é uma estratégia pouco utilizada no Brasil, em outros países, como os Estados Unidos, é utilizada para gerar competitividade e para permitir que mercadorias sejam devolvidas por motivos de arrependimentos no pós-compra; Liberação de área de loja - quando utilizada, essa estratégia de liberação de área de loja de estoques em excesso permite ganhos de lucratividade por metro quadrado de loja, que, atualmente, é um indicador de competitividade no varejo; Manutenção de produtos “frescos” em suas lojas - a estratégia de manutenção de produtos frescos de alta rotação em loja pode ser garantida por contrato formal, ou não, com o fornecedor. Essa manutenção é feita ajustando os estoques com baixo giro, retirando-os a tempo e em quantidades, redistribuindo-os na mesma rede de varejo; Recaptura de valor dos estoques remanescentes - essa estratégia é implementada através de um programa de logística reversa, utilizando-se de leilões presenciais ou via eletrônica.

Vimos as estratégias de competitividade do varejista no retorno de pós-venda e agora veremos as oportunidades de ganhos de competitividade do prestador de serviço especializado em logística reversa. Cada vez mais, têm surgido prestadores de serviços especializados nas operações de logística reversa, principalmente por ser uma área que não representa grandes economias de escala, dessa forma, não justifica a realização por uma empresa isolada. Leite (2009, p. 36), apresenta alguns exemplos de oportunidades de serviços especializados em logística reversa. Tais serviços podem ser utilizados tanto na pós-venda quanto no pós-consumo. Vamos conhecer esses exemplos:

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Serviço na fase de coleta de produtos de pós-venda e pós-consumo;

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Serviço de desmontagem de produtos de alto valor agregado; Serviço de transporte e consolidação de produtos retornados; Serviço de otimização na recaptura de valor dos produtos ou materiais retornados; Serviços especializados em sistemas de informação e rastreamento dos produtos retornados; Serviços especializados em áreas para armazenagem, consolidação, reembalagem, seleção de destino, consertos e reparos em produtos retornados são uma tendência no mercado de prestadores de serviços logísticos.

É importante salientar que para o prestador de serviço na área de logística, as oportunidades são diversas, principalmente nas atividades que dão suporte às cadeias de suprimentos reversas.

LOGÍSTICA REVERSA E SUSTENTABILIDADE Uma das palavras mais discutidas, atualmente, é Sustentabilidade, seja no meio

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acadêmico, empresarial e até mesmo nos meios de comunicação. Segundo Pereira (2012, p. 146), “a discussão acerca da sustentabilidade veio à tona com o lançamento do Relatório da Comissão Brundtland em 1987, também conhecido como Nosso futuro comum”.Esse relatório tratava das crises econômicas dos países da América, das degradações do meio ambiente, de algumas receitas para resolver os problemas e também conceituava Desenvolvimento Sustentável. O relatório Nosso Futuro Comum (1991, p. 9 apud LEITE, 2009, p. 146), dizia que “a humanidade é capaz de tornar o desenvolvimento sustentável - de garantir que ele atenda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de gerações futuras atenderem também as suas”. Além da mudança de consciência da humanidade, também ocorreram mudanças na produção das empresas. Novos produtos são lançados ou aprimorados o tempo todo, forçando que as empresas se adequem às mudanças comportamentais do mercado. Mas é importante salientar que atender a essa mudança é um grande desafio para a empresa, pois pode custar um alto investimento. Segundo Leite (2009, p. 148), para a empresa ser sustentável representa:

[...] ter um projeto de médio a longuíssimo prazo, o que para muitos pode não ser interessante por não gerar benefícios imediatos. Além disso, falar de sustentabilidade e do papel das empresas para se alcançar este objetivo é algo que para muitos possui um viés de novidade.


Outro desafio das empresas, atualmente, é ter um negócio sustentável e ser sustentável, já que é uma exigência de mercado. Portanto, a empresa que encontrar o caminho da diferenciação, consegue mais fidelização dos seus clientes. Para esses desafios, a logística reversa deve ser utilizada como uma ferramenta

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de processo com foco empresarial. A logística verde também pode auxiliar na conquista desses desafios, já que compreende e minimiza o impacto ecológico do processo logístico. Segundo Rogers e Tibben-Lembke (1998, p. 103 apud LEITE, 2009, p. 153): Atividades logísticas verdes incluem a medição do impacto ambiental de determinados modos de transporte, a certificação ISO 14.000, redução do consumo de energia das atividades logísticas e redução do uso de materiais.

Considerando a citação anterior, a logística verde interage entre as dimensões econômicas, sociais e ambientais na logística reversa. Chegamos a nossa última aula! Espero que tenha gostado dos conteúdos abor- ________________________ dados e que continue pesquisando novos conceitos e estratégias da logística reversa.

SÍNTESE Nesta aula, vimos a importância da logística reversa na busca da competitividade empresarial, principalmente com o objetivo de reduzir custos e aumentar a imagem perante os seus clientes. Também vimos as estratégias de competitividade de ganhos do fabricante, no retorno de pós-venda e de pós-consumo. E ainda conhecemos as estratégias de ganhos de competitividade do varejista no retorno de pós-venda.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO Vimos que ganhos financeiros, logísticos e imagem empresarial são benefícios que a logística reversa pode proporcionar para a empresa. Além disso, proporciona uma postura ecologicamente correta para o consumidor final. Será que, atualmente, uma empresa que não gerencia a sua logística reversa consegue se manter competitiva no mercado empresarial?

LEITURA INDICADA

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PEREIRA, André Luiz. Logística reversa e sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning, 2012. Capítulo: 06

SITES INDICADOS www.ilos.com.br www.logisticadescomplicada.com

REFERÊNCIAS LEITE, Paulo Roberto. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

PEREIRA, André Luiz. Logística reversa e sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

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