Daisy Lib贸rio e Lucimara Terra
Metodologia cient铆fica
Metodologia cientĂfica
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Daisy Libório e Lucimara Terra
Metodologia científica
São Paulo Rede Internacional de Universidades Laureate 2015 05
© Copyright 2015 da Laureate. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que sejam respeitados os direitos do Autor, conforme determinam a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, art. 5º, inc. XXVII e XXVIII, “a” e “b”. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Sistema de Bibliotecas da UNIFACS Universidade Salvador - Laureate International Universities)
Sumário Apresentação.................................................................................................................11
CAPÍTULO 1 – Informação Científica................................................................................13 Introdução.....................................................................................................................13 1.1 Tipos de conhecimento..............................................................................................13 1.1.1 O ato de conhecer...........................................................................................13 1.2 Conceito de ciência e método....................................................................................15 1.2.1 O método científico..........................................................................................15 1.2.2 A pesquisa científica.........................................................................................17 1.2.3 Tipos de trabalhos científicos.............................................................................18 1.2.4 A redação técnico-científica..............................................................................19 1.3 Fontes de informação................................................................................................20 1.3.1 As distintas fontes de informação.......................................................................20 1.4 Citação, referenciação científica e direitos autorais.......................................................21 1.4.1 Citações..........................................................................................................21 1.4.2 Tipos de citações..............................................................................................22 1.4.3 Indicação de autores na citação........................................................................23 1.4.4 Referenciação..................................................................................................24 Síntese...........................................................................................................................28 Referências Bibliográficas.................................................................................................29
CAPÍTULO 2 – Organização técnico-científica....................................................................31 Introdução.....................................................................................................................31 2.1 Conhecer as abordagens de pesquisa.........................................................................31 2.1.1 Escolha do tema e das abordagens de pesquisa..................................................31 2.2 Abordar os principais tipos de pesquisa.......................................................................34 2.2.1 Modalidades da pesquisa científica....................................................................34 2.3 Compreender os diferentes tipos de trabalhos científicos................................................36 2.3.1 Tipos de trabalho acadêmico.............................................................................36 07
2.4 Definir a estruturação de textos técnico-científicos........................................................37 2.4.1 Delimitação do tema........................................................................................37 2.4.2 Problema de pesquisa.......................................................................................38 2.4.3 Objetivos de pesquisa.......................................................................................39 2.4.4 Justificativa......................................................................................................40 2.4.5 Metodologia....................................................................................................40 2.4.6 Fundamentação teórica.....................................................................................40 2.4.7 Análise e discussão dos resultados.....................................................................40 2.4.8 Conclusão.......................................................................................................41 2.4.9 Redação do projeto de pesquisa........................................................................41 2.4.10 Estrutura do trabalho......................................................................................42 2.4.11 Parte externa..................................................................................................43 2.4.12 Parte interna – Elementos pré-textuais...............................................................44 2.4.13 Parte interna – Elementos textuais.....................................................................48 2.4.14 Parte interna – Elementos pós-textuais...............................................................49 2.4.15 Estrutura do artigo científico............................................................................49 Síntese...........................................................................................................................51 Referências Bibliográficas.................................................................................................52
CAPÍTULO 3 – Método Científico......................................................................................53 Introdução.....................................................................................................................53 3.1 Definir a amostra e as implicações éticas.....................................................................53 3.1.1 O método científico e as amostras.....................................................................53 3.1.2 Plágio, erro e fraude científica...........................................................................55 3.1.3 Segurança das amostras e dos dados coletados...................................................59 3.2 Definir a coleta de dados...........................................................................................60 3.2.1 Coleta bibliográfica..........................................................................................60 3.2.2 Coleta documental...........................................................................................61 3.2.3 Questionário...................................................................................................61 3.2.4 Entrevista.........................................................................................................63 3.2.5 Observação.....................................................................................................63 3.3 Compreender o processo de análise de dados..............................................................64 3.3.1 Análise dos dados............................................................................................64 08 Laureate- International Universities
3.4 Abordar as noções de estatísticas para o pesquisador...................................................67 3.4.1 O que é Estatística?..........................................................................................67 3.4.2 Termos comuns à Estatística...............................................................................67 Síntese...........................................................................................................................71 Referências Bibliográficas.................................................................................................72
CAPÍTULO 4 – Apresentação dos resultados científicos........................................................75 Introdução.....................................................................................................................75 4.1 Tipos de apresentação dos dados de pesquisa .............................................................75 4.1.1 Forma de apresentação dos dados em um trabalho científico................................75 4.1.2 Tabelas...........................................................................................................76 4.1.3 Gráficos..........................................................................................................77 4.2 Definir os modos de interpretação dos resultados.........................................................80 4.2.1 Análise dos dados coletados..............................................................................81 4.2.2 Interpretação dos resultados..............................................................................82 4.3 Compreender os modos de apresentação dos resultados...............................................83 4.3.1 Compreendendo as abordagens........................................................................83 4.4 Definir os processos de redação e divulgação dos resultados.........................................84 4.4.1 Divulgação dos resultados.................................................................................84 4.4.2 Formatação e redação......................................................................................86 4.4.3 Regras gerais do material visual para a divulgação dos resultados.........................88 Síntese...........................................................................................................................90 Referências Bibliográficas.................................................................................................90 Minicurrículo das autoras.................................................................................................93
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Apresentação Apresentação O que você entende por ciência? Você considera que ela tem alguma influência prática em sua vida? Saiba que o método científico é imprescindível para garantir que determinados segmentos da ciência sejam amplamente compreendidos, adequados e valorizados na comunidade acadêmica. Para isso, é importante que o estudante conheça a fundo as normas de padronização do material científico escrito, ou seja, formas eficazes de lidar com fontes diversas de informação e os principais tipos de pesquisas e publicações científicas. Como organizar sua produção científica de modo semelhante aos grandes autores e cientistas de diferentes momentos históricos? Será que o fato de empregar uma metodologia contribuirá para que suas descobertas tenham impacto em determinado assunto e na vida das pessoas, direta ou indiretamente? No final desta disciplina, você compreenderá melhor a metodologia científica, terá domínio da padronização aplicada pela Associação Brasileiras de Normas Técnicas (ABNT), entenderá as etapas metodológicas da pesquisa científica e a apresentação dos resultados alcançados. A disciplina de Metodologia Científica está dividida em quatro capítulos, que ampliam a compreensão sobre esta disciplina: no primeiro capítulo, são apresentados o conceito de ciência e quais as metodologias utilizadas na pesquisa científica – a redação técnica, as premissas de referenciação, citação e autoria, bem como as diferentes fontes de informação. Já no segundo capítulo, serão abordados os diferentes tipos de pesquisa científica, bem como as distintas categorias de trabalho científico – relatório, resenha, artigo científico, projeto de pesquisa, trabalho de conclusão de curso, etc., evidenciando os seus diferentes contextos e objetivos. O terceiro capítulo desta disciplina aborda aspectos relativos à fundamentação teórico-metodológica do processo de pesquisa. E, para finalizar, o quarto capítulo definirá como os resultados expõem o tema proposto pela pesquisa, enfatizando o processo de categorização, análise, discussão e interpretação dos dados à luz da literatura; analogias, inferências, deduções e conclusões.
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Capítulo 1 Informação Científica
Introdução Você já percebeu que os materiais que você geralmente utiliza para realizar os seus trabalhos universitários possuem uma organização especial das informações? Que a linguagem utilizada nesses materiais é bem diferente das obras literárias que você costuma ler? Que todas as informações apresentadas possuem um contexto e que a comprovação e fundamentação dos dados é algo frequente nesses materiais? A disciplina de Metodologia Científica visa a dar a você um suporte à sua produção acadêmica, conforme os padrões utilizados pela comunidade científica e de acordo com as normas divulgadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Mais que um guia para que você elabore os seus trabalhos acadêmicos e científicos, esta disciplina visa a fornecer um panorama sobre o fazer científico, a sua importância para o desenvolvimento da sociedade como um todo, apresentando também a sua evolução. Este capítulo traz informações sobre o conhecimento científico e a sua formação, bem como outros tipos de conhecimentos, também válidos e importantes para a evolução do homem em sociedade. Apresenta como a ciência se sistematizou ao longo do tempo e a contribuição das universidades como um espaço intrinsecamente científico e laico. Também serão abordados os conceitos de ciência e método científico, os diferentes tipos de trabalhos científicos, os fatores que fazem parte da elaboração de uma pesquisa científica e o estilo de redação do material científico. As diferentes fontes de informação científica – primárias, secundárias e terciárias também serão discutidas. Além disso, serão apresentados os recursos de padronização da ABNT quanto às citações, referências e atribuição da autoria. Tenha uma boa leitura e um ótimo período de estudos!
1.1 Tipos de conhecimento Ao entrar na vida acadêmica, você se deparou com diversos tipos de trabalhos científicos. Esses trabalhos possuem uma organização própria, com termos, técnicas e modos de apresentar argumentos bem específicos. A metodologia científica é aplicada às produções acadêmicas e possui regras e disposições próprias na aquisição, transformação e transmissão do conhecimento, como veremos nesta disciplina. Veja agora os diferentes tipos de conhecimento e mais especificamente como o conhecimento científico tem impacto na sua vida.
1.1.1 O ato de conhecer O conhecimento, ou cognoscere, que em latim significa “ato de conhecer”, é um conceito muito amplo. Há muitas formas de o homem conhecer o mundo e a si mesmo e utilizar esses entendimentos para o desenvolvimento da sociedade. Todas as culturas possuem formas de conhecer as coisas e transmitir as suas descobertas. Entre as formas mais comuns de conhecimento, está o conhecimento sensorial ou sensível, científico, artístico, filosófico, a sabedoria popular, teológico ou religioso, etc. – e todas essas formas de conhecer e sistematizar a compreensão devem ser respeitadas. Em muitos monumentos históricos das grandes civilizações, são encontrados registros de diferentes tipos de conhecimento, muitas vezes descritos em conjunto. 13
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Figura 1 – Conhecimento egípcio: convergência da arte, ciência, religião e política. Fonte: Shutterstock (2015).
Já o conhecimento científico é pautado por método inquisitivo, que utiliza provas observáveis, empíricas e mensuráveis, cujo método se baseia na coleta de dados por meio de observação e experimentação, na formulação de hipóteses e teses. Segundo Lakatos e Marconi (2009, p. 7), o conhecimento científico é real (factual), pois analisa as ocorrências ou fatos, isto é, com toda “forma de existência que se manifesta de algum modo”. É sistemático, pois compreende o saber de maneira ordenada, formando um sistema de ideias (teoria), “e não conhecimentos dispersos e desconexos” (LAKATOS; MARCONI, 2009, p. 7). É importante entender que o conhecimento científico não é infalível ou unânime: novas descobertas e o desenvolvimento de técnicas podem reformular algo que já havia sido comprovado pela ciência. A investigação científica se inicia quando se descobre que os conhecimentos existentes, originários quer das crenças do senso comum, das religiões ou da mitologia, quer das teorias filosóficas ou científicas, são insuficientes e imponentes para explicar os problemas e as dúvidas que surgem. (LAKATOS; MARCONI, 2009, p. 30).
Se você parar para pensar, boa parte das coisas que você consome, por exemplo, é produzida com conhecimentos oriundos das investigações científicas: as vacinas e remédios que você utiliza, as fibras que compõem a sua roupa, a diversidade de alimentos que chega até a sua mesa, a tecnologia empregada em seus aparelhos eletrônicos, por exemplo. O método científico contribui no trato de problemas e processos do dia a dia ou de demandas que envolvem o desenvolvimento humano como um todo. Assim, o conhecimento torna-se uma premissa para o desenvolvimento humano, bem como a pesquisa para a consolidação da ciência.
NÃO DEIXE DE VER... O filme Luz, trevas e método científico, produzido pelo Instituto de Bioquímica Médica (Laboratório de Bioenergética) da UFRJ, com apoio do CNPq, apresenta de forma simples o fazer científico, concebido a partir de uma estruturação sistemática e necessária, mas também como algo comum em diferentes momentos do cotidiano. 14 Laureate- International Universities
1.2 Conceito de ciência e método Todo fazer científico possui regras, métodos e direcionamentos que se desenvolveram por muitos séculos e com a contribuição de muitos pesquisadores. Você verá o que é de fato ciência e como ela está organizada, tendo em vista que a universidade é a instituição fomentadora e desenvolvedora da pesquisa científica. Observe também os diferentes tipos de trabalhos científicos e o modo de produzi-los, por meio das boas práticas de redação científica.
1.2.1 O método científico O método científico pode ser definido como um conjunto de regras básicas empregadas em uma investigação científica, com o objetivo de obter resultados, de forma imparcial e confiável. O método científico é resultado da contribuição de pensadores de todos os momentos históricos – a ideia de sistematizar o saber é oriunda da Grécia Antiga e vem sendo revista e analisada por muitos pensadores – como René Descartes (1596-1650), que, na obra Discurso o Método, discute importantes conceitos que permeiam toda a trajetória da ciência até hoje. O filósofo costumava dizer que, para compreender o todo, basta compreender as partes, o que exemplifica bem uma das formas do método científico, que averigua uma questão por etapas, de forma sistemática e racional, chamada de método dedutivo.
Figura 2 – René Descartes, um dos precursores modernos do método científico. Fonte: Shutterstock (2015).
Francis Bacon (1561-1626), por exemplo, foi o primeiro a defender a experimentação como fonte de conhecimento e um dos responsáveis pela base do empirismo. Foi ele quem atribuiu ao conhecimento um caráter mais funcional, e afirmava que apenas a investigação científica poderia garantir o desenvolvimento do homem e o domínio deste sobre a natureza. O filósofo ficou conhecido por propor o método indutivo (CHAUÍ, 2010). Posteriormente, muitos outros teóricos lançaram luz sob a questão do método científico, que hoje pode ser concebido por etapas distintas: 15
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Observação
Publicação
Hipótese
Conclusão
Experimentação
Resultados
Teste
Figura 3 – Resumo das etapas do método científico. Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Para elucidar melhor essas etapas, podemos entender da seguinte forma. Confira a seguir!
• Observação – A partir da observação de algum sistema ou situação, o cientista formula
uma questão do seu interesse. A observação científica é sistemática e controlada, a partir de fatos verificáveis.
• Hipótese – O cientista busca uma possível resposta para explicar o fenômeno observado. Estas são as afirmações prévias para explicar os fenômenos.
• Experimentação
– Para verificar se a hipótese é realmente verdadeira, o cientista irá realizar experimentos controlados, medir os dados, confirmar ou não as hipóteses – se são ou não verdadeiras e prováveis.
• Tese
– O cientista elaborará um conjunto de fatos alinhados e hipóteses organizadas. Buscará dados e argumentos que comprovem a sua tese. O cientista pode fazer novos experimentos, novas observações, reciclar as hipóteses e análise lógica.
• Resultados – Ele verificará se os resultados atingidos corroboram as teorias. • Conclusões – Ele deve apresentar as conclusões alcançadas com a pesquisa científica. • Publicação
– O cientista apresentará a pesquisa, seu desenvolvimento e os resultados à comunidade científica, publicando o conteúdo ou apresentando-o para a análise, de forma organizada.
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CASO Charles Darwin (1809-1882) visitou as ilhas Galápagos, a oeste do Equador, e observou várias espécies de tentilhões, pássaros comuns no local, e cada uma destas estava adaptada de maneira única ao seu habitat. O cientista, contudo, constatou, por meio da observação, diferenças entre os bicos dos tentilhões, indispensáveis na busca por alimentos. Ficou surpreso como tantas espécies de tentilhão coabitavam uma mesma área geográfica, tão diminuta. Darwin, então, passou a questionar: o que levou à diversidade de tentilhões das ilhas Galápagos? Darwin formulou a hipótese de que a diversidade desse tipo de ave era resultado de uma mesma espécie matriz, que se desenvolveu de formas diferentes em distintos ambientes. Em seguida, Darwin deduziu que houve uma luta pela sobrevivência e pela adaptação das espécies observadas. Darwin conhecia a obra Ensaio sobre o princípio da população, do cientista Thomas Robert Malthus (1766-1834), que fala sobre a sobrevivência e o crescimento populacional das espécies – havia um controle natural para que os tentilhões fossem verificados daquela maneira. Darwin fez testes comparativos em grupo experimental de tentilhões. Na análise das informações que coletou, chegou à conclusão de que o isolamento geográfico, o ambiente ecológico e a competição entre as espécies de tentilhão contribuíram para a seleção dessas espécies – ele desenvolveu, dessa forma e em grosso modo, a sua teoria da seleção natural e evolução. Darwin levou quase 20 anos analisando todos esses dados recolhidos em Galápagos antes de incluí-los na sua teoria de seleção natural, publicada em seu livro A origem das espécies e a seleção natural (1859).
1.2.2 A pesquisa científica A pesquisa, seja para fins profissionais ou científicos, amplia os horizontes e apresenta diretrizes fundamentais que podem contribuir para o desenvolvimento do conhecimento (OLIVEIRA, 2002). Ao pesquisador, cabem as habilidades para a utilização das técnicas de análise, a compreensão dos métodos científicos e os procedimentos com o objetivo de encontrar respostas para as perguntas formuladas – para isso, ele utilizará conhecimentos teóricos e práticos. Durante sua vida acadêmica, você utilizará métodos e procedimentos baseados na racionalidade e comprovação, a partir de um planejamento eficaz de pesquisa e de critérios e instrumentos metodológicos adequados, que passem credibilidade e confiança no processo e apresentação dos resultados atingidos. O mesmo ocorre em sua vida profissional! Para que você possa se manter atualizado em sua área, será preciso recorrer às obras científicas, pois elas são alteradas frequentemente para abordar as discussões, teorias e práticas mais atuais. Saiba que a universidade por si só é um espaço voltado ao desenvolvimento das atividades científicas e está estruturada pela tríade Ensino, Pesquisa e Extensão.
• Ensino – Desenvolver processos de ensino de qualidade. • Pesquisa – Estimular a investigação científica às respostas necessárias ao desenvolvimento da sociedade.
• Extensão – Atender às demandas da comunidade local, prestando serviços e assistências, bem como interagindo com a comunidade em que está inserida.
Você também já compreendeu que a ciência exige um método específico. O método da pesquisa varia conforme o tipo de trabalho que o pesquisador irá desenvolver. Os resultados da pesquisa podem ser encontrados sob a forma de um trabalho técnico-científico, publicados em revistas e periódicos científicos, eventos (como congressos, palestras, seminários, etc.) e em muitos outros veículos. 17
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NÓS QUEREMOS SABER! Você compreendeu o que é ciência? Conforme Lakatos e Marconi (2009), a ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referências a objetos da mesma natureza. Mas o que leva o homem a fazer ciência? É a necessidade de compreender as relações existentes além das aparências sensíveis dos objetos, fatos ou fenômenos, além das percepções sensoriais e do senso comum.
1.2.3 Tipos de trabalhos científicos Mesmo que você reconheça diferenças entre os tipos de trabalhos científicos, é possível verificar que há semelhanças e até mesmo um padrão entre estes. Todos os modelos possuem uma mesma divisão: introdução, desenvolvimento e conclusão. Vejamos alguns tipos de trabalhos científicos com os quais você irá se deparar ao longo do seu percurso acadêmico.
• Trabalhos de graduação – Você elaborará diversos trabalhos como este, para diferentes disciplinas. Eles servem para motivar o raciocínio lógico, proporcionar uma revisão bibliográfica e situar o acadêmico com a pesquisa científica.
• Trabalhos
de conclusão curso – Conhecidos como TCC – Trabalho de Conclusão de Curso ou TC – Trabalho de Curso, são monografias sobre um determinado assunto. Trata-se de uma oportunidade de comprovação de assimilação de conteúdo, uma revisão bibliográfica, sem aprofundada capacidade investigativa.
• Monografia – É um trabalho científico realizado na obtenção do título de especialista em
cursos lato sensu, bem como exigido em alguns cursos de graduação. Segundo Medeiros (2000), as monografias servem para comprovar o grau de graduação, as dissertações para a titulação de mestre e as teses para o grau de doutor – os formatos de texto, contudo, são bem similares.
• Dissertação
– Trata-se de um trabalho direcionado aos cursos pós-graduação stricto sensu (mestrado) e supõe a reflexão sobre um determinado tema, de forma ordenada e fundamentada, com completude e informações. Tem caráter experimental ou de exposição de um estudo científico retrospectivo (NBR 14724, 2011).
• Tese
– Corresponde a um trabalho de conclusão de pós-graduação strictu senso (doutorado), com apresentação de um avanço significativo em determinada área do conhecimento, um estudo original.
• Artigo científico – Tem a função de levar ao conhecimento do público um novo assunto ou abordagem, aspectos ainda não explorados, com publicação de autoria declarada. As afirmações apresentadas devem ser baseadas em evidências e com argumentações fundamentadas. O artigo científico pode também refutar ideias e fatos, apresentar soluções e sondagem de opinião. Pode ser um artigo original (com temas e abordagens próprias) ou artigo de revisão (resumindo, analisando e discutindo informações já publicadas) (NBR 6022, 2003).
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1.2.4 A redação técnico-científica O texto técnico-científico caracteriza-se por abordar as temáticas relativas à ciência, com teorias e instrumentos próprios, a fim de levar a questão à discussão, na área para a qual o texto se remete. Você já deve ter notado que a redação científica não é parecida com os textos jornalísticos ou publicitários, por exemplo. O estilo seguido pelos textos científicos possui uma linha de raciocínio em nível culto ou padrão da língua, considerando as regras gramaticais e ortográficas, os estilos de cada área de conhecimento e a normatização técnica. Dessa forma, é importante ressaltar que o estilo do texto científico será determinado pela natureza do raciocínio científico, conforme a área do saber em que se situa o seu trabalho (SEVERINO, 2002). Um artigo científico pressupõe que o autor expresse o que sabe sobre o tema, que utilize os recursos da língua de forma direta e clara, sem rebuscamentos ou linguagem coloquial. Muitas vezes, os jargões técnicos ajudam na compreensão do leitor (SECAF, 2004). Na hora de produzir o seu material acadêmico, considere os princípios básicos da comunicação técnica:
• Objetividade
– Aborde os assuntos de forma simples, evitando os floreios linguísticos, evitando os significados dúbios e palavras de difícil compreensão. Evite desvios e considerações irrelevantes ou pessoais.
• Clareza – Não deixe margens para interpretações adversas. • Precisão – Utilize termos específicos e vocabulário bem direcionado para afirmar as suas suposições, sem usar termos prolixos.
• Imparcialidade
– Evite ideias preconcebidas. No momento em que você assumir uma posição, ampare o seu texto com fatos, evidências e dados alcançados com a sua pesquisa.
• Encadeamento
– É preciso encadear os parágrafos, tópicos e capítulos, por meio de um desenvolvimento lógico. Harmonize cada parágrafo com o anterior e o posterior – o mesmo vale para os capítulos e tópicos.
• Impessoalidade – Escreva o seu texto de modo impessoal, na terceira pessoa. Em vez de usar termos como “a minha pesquisa tem o objetivo de”, utilize “esta pesquisa tem o objetivo de”.
• Concisão – Construa o máximo de texto com o mínimo de palavras. Se preciso, reescreva várias vezes o seu texto para verificar repetições de ideias e palavras.
• Coerência
– Trata-se de seguir a sequência de ideias previamente destacada logo na introdução do trabalho. Crie o seu texto científico com um ordenamento lógico entre os temas.
NÓS QUEREMOS SABER! O que é concisão? Entende-se como a capacidade de sintetizar as ideias, de expor o máximo com o mínimo de palavras, de forma harmônica. Muitos acadêmicos sentem dificuldades no começo das suas produções científicas quanto à concisão. É preciso praticar para alcançar um ótimo teor científico e um texto direto e articulado. 19
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1.3 Fontes de informação Como você já deve saber, para produzir um material científico, é preciso recorrer às diferentes fontes de informação. Uma fonte de informação pode ser qualquer recurso que consiga responder a uma demanda de informação de uma pesquisa ou de um usuário. Conheça agora as fontes de informação que servem para a construção do trabalho científico.
1.3.1 As distintas fontes de informação No meio acadêmico, essas fontes são divididas em três grupos distintos, mas que se relacionam entre si.
• Fontes
primárias – São aquelas que o autor usará diretamente para a elaboração do material, por exemplo, teses, normas técnicas, artigos, legislação, livros, relatórios científicos, TCCs, patentes, dissertações, teses, entre outros.
• Fontes secundárias – São aquelas que apresentam a participação de um segundo autor, como as bibliografias, as enciclopédias, as publicações ou periódicos de indexação e resumos, os artigos de revisão, catálogos, etc. Elas auxiliam o acesso ao conhecimento das fontes primárias.
• Fontes
terciárias – São as bibliografias de bibliografias, catálogos de bibliotecas, diretórios, e outros recursos similares. Possuem a função de guiar o pesquisador às fontes primárias e secundárias.
E como identificar as fontes certas para o seu trabalho? Primeiramente, é preciso identificar o tipo de material que você pretende produzir (projeto, monografia, tese, dissertação, etc.). Veremos os tipos de trabalhos mais adiante. Em seguida, identifique o tema da pesquisa e defina quais materiais irá utilizar na pesquisa – impressos, digitalizados, bases de dados, etc. A próxima etapa chama-se comutação bibliográfica, ou seja, a localização e obtenção do material. Durante a pesquisa das fontes de informação, é comum aparecerem novos temas, abordagens que você não havia considerado inicialmente e até mesmo a mudança dos termos-chaves da pesquisa para conceitos mais assertivos. Essas mudanças fazem parte do processo científico.
NÃO DEIXE DE LER... KAKU, M. A física do futuro: como a ciência moldará o destino humano e o nosso cotidiano em 2100. Rio de Janeiro: Rocco, 2012. Esse livro faz uma previsão de como será a vida das pessoas em 2100, baseada em 300 entrevistas feitas pelo autor a cientistas de todas as áreas do conhecimento e de todas as partes do mundo. É uma ótima forma de compreender o avanço da ciência.
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1.4 Citação, referenciação científica e direitos autorais Como você pôde perceber, a construção de um material científico faz uso de diversas fontes, opiniões, argumentos e contribuições de outros especialistas. A pesquisa científica utiliza obrigatoriamente os conteúdos produzidos e apresentados pela comunidade científica para continuar se desenvolvendo. E para utilizar referências no seu texto científico, o pesquisador precisa dar credibilidade e sustentar as suas posições a partir das evidências apresentadas por outras pessoas, em um processo colaborativo e gratificante. Para citar ou referenciar esses materiais, é preciso fazer uso das normas técnicas adequadas ao texto científico, a fim de identificar e contemplar corretamente a autoria e garantir os direitos autorais, identificar as fontes de informação utilizadas no processo e organizar o conteúdo e a disposição das informações. As referência e citações fazem parte de qualquer tipo de trabalho acadêmico e fundamentam o seu desenvolvimento.
1.4.1 Citações As citações servem para fundamentar o trabalho científico, creditando as afirmações apresentadas com posicionamento de autoridades no assunto de determinada área do conhecimento, apresentar ideias, aspectos metodológicos, resultados e interpretações sobre os assuntos. Conforme a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR 10520, 2002, p. 1), uma citação nada mais é que “uma menção de uma informação extraída de outra fonte”. Trata-se de uma inserção de informações de outras fontes no texto acadêmico, que ilustram ou esclarecem um determinado assunto. É preciso lembrar que não se trata de uma mera cópia ou paráfrase, e sim um conteúdo exclusivo. Vale dizer também que não é possível fazer pesquisa científica sem citações que a corroboram.
NÓS QUEREMOS SABER! Diante do que você estudou até o momento sobre as citações, consegue visualizar os principais problemas relacionados às citações? O excesso de citações pode descaracterizar o trabalho acadêmico. A apropriação de ideias sem citar as fontes pode incidir em plágio e desconsiderar a pesquisa. A falta de conexão entre as fontes pode trazer problemas na interpretação do conteúdo. E a documentação inadequada pode impedir que o leitor faça buscas próprias sobre as ideias apresentadas.
E como citar as fontes no texto? As citações devem ocorrer de modo organizado, seguindo o estilo do autor, mas contemplando os critérios adotados pela publicação ou instituição à qual o trabalho científico está vinculado. Os formatos de citações podem ser encontrados na NBR 10520 (2002, p. 3) – esse documento afirma que as citações devem seguir um sistema de chamada: numérico ou autor-data.
• Sistema numérico – Composto por numeração sequencial, com algarismos arábicos, com
fonte citada na nota de rodapé e conforme a normatização das referências bibliográficas.
• Sistema autor-data
– A listagem completa das citações pode ser acessada em ordem alfabética nas referências bibliográficas do trabalho científico. No corpo do texto, apresenta-se o sobrenome do autor ou nome da instituição, seguido da data e da página 21
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em que se encontra o trecho citado. Esse padrão é o utilizado pela nossa instituição. Veja o exemplo abaixo! Segundo Freire (2011, p. 32), a libertação e a autonomia das forças opressoras “não chegarão pelo acaso, mas pela práxis de sua busca; pelo conhecimento e reconhecimento da necessidade de lutar por ela”.
1.4.2 Tipos de citações Para ilustrar e fundamentar o seu texto, você poderá utilizar diferentes tipos de citações, o que torna o trabalho mais completo: há citações diretas e indiretas, longas e curtas, a citação da citação, entre outros tipos.
• Citação direta curta – Conforme a normatização técnica NBR 10520 (2002, p. 2), trata-
se de uma transcrição literal da parte da obra do autor consultado – nesse caso, você deve respeitar a redação, a ortografia e a pontuação original. É aplicada em citações com até três linhas. Exemplo:
Sobrenome do autor ou autores (data, número da página) – conteúdo citado entre aspas. Conforme Malhotra et al. (2001, p. 155), a pesquisa qualitativa é a “metodologia de pesquisa não estruturada e exploratória, baseada em pequenas amostras, que proporciona percepções e compreensão do contexto do problema”. Você pode ainda informar os dados de autoria no final da citação, ainda dentro do parágrafo. Exemplo: A pesquisa qualitativa é a “metodologia de pesquisa não estruturada e exploratória, baseada em pequenas amostras, que proporciona percepções e compreensão do contexto do problema” (Malhotra et al., 2001, p. 155).
• Citação direta longa – Para citações de mais de três linhas, é preciso transcrevê-las em
parágrafo único, com recuo de 4 centímetros da margem esquerda, espaçamento simples, sem aspas e em fonte 10. Confira o exemplo! A ascensão e o estabelecimento dessa extraordinária forma de leitura que chamamos de revista em quadrinhos se deu ao longo de mais de 60 anos. As revistas em quadrinhos evoluíram rapidamente da compilação das tiras pré-publicadas em jornais para as histórias completas e originais e, depois, para graphic novels. Esta última transformação impôs uma necessidade de sofisticação literária por parte do escritor e do artista maior do que nunca. (EISNER, 2008, p.7).
• Citação direta – a citação da citação – Quando a citação é parte do texto encontrado,
ou seja, quando o autor está também citando algum outro autor, caso não tenha acesso ao documento informado, usa-se a expressão apud, que significa “citado por”. A ordem da citação é a seguinte: autor do documento não consultado, seguido da expressão apud (sem itálico), e o autor da obra consultada. [...] o signo tem uma natureza triádica, quer dizer, ele pode ser analisado: em si mesmo, nas suas propriedades internas, ou seja, no seu poder para significar; na sua referência àquilo que ele indica, se refere ou representa; e nos tipos de efeitos que está apto a produzir nos seus receptores, isto é, nos tipos de interpretação que ele tem o potencial de despertar nos seus usuários. (PIERCE apud SANTAELLA, 2002, p. 5).
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• Citação direta com omissão – Quando não é necessário apresentar o trecho completo na citação, caso não altere o sentido, pode ser expressa apenas parte do texto, utilizando as reticências em colchetes: [...]. Confira!
Os aprendizes não são mais vistos como objetos, mas sim como sujeitos do processo de aprendizagem. Sua aprendizagem não consiste mais em receber e processar o conhecimento oferecido, mas em debater ativamente com um objeto de aprendizagem que eles mesmos selecionaram em um contexto que é definido a partir da interação simultânea com outros estudantes e no qual eles mesmos desenvolvem ou alteram estruturas cognitivas individuais. [...] Os professores não se concentram mais em apresentar conteúdos cognitivos selecionados e sistematizados, mas em ‘descobrir e dar forma a ambientes de aprendizagem estimulantes que permitem aos alunos criarem suas próprias construções’. (PETERS, 2004, p. 104).
• Citação indireta – Mantendo o sentido original do texto, você pode citar ideias de um ou mais autores do texto, ou de uma obra inteira. Nesse caso, você expressará a ideia original do texto, sem aspas ou recuos das citações diretas. Sempre, no final do parágrafo, cite entre parênteses o sobrenome do autor e a data.
No período neolítico, por exemplo, não havia recursos materiais tais como há hoje, mas já havia a mentalidade de dilapidação e aprimoramento e o desejo de usufruir as reservas sem se preocupar com o futuro, por puro prazer. Dessa forma, é possível afirmar que a experiência do luxo antecede inclusive a produção sistematizada de objetos de luxo (LIPOVETXKY; ROUX, 2005).
1.4.3 Indicação de autores na citação A autoria das obras citadas também possui alguns aspectos a serem considerados. O que aconteceria se, por exemplo, você se deparasse com um livro com mais de dois autores? Como iria referenciá-lo em seu trabalho científico? Veja a seguir algumas destas situações:
• Citação
com um autor – Nesse caso, não há mistérios. Cita-se o trecho, direta ou indiretamente, com data e página.
Kuazaqui (2000, p. 186) define o marketing como sendo uma “ciência humana que, por meio da pesquisa de mercado, procura identificar, quantificar e qualificar as necessidades de um determinado mercado”.
• Citação com dois autores – Citam-se os autores pelos sobrenomes, separando-os por ponto e vírgula, com data e página, ou se estão citados no corpo do texto, apresentam-se os autores por sobrenomes interligados pela letra “e”.
Segundo Swarbrooke e Horner (2002, p. 226), “a indústria do turismo necessita de dados de pesquisa para uma série de finalidades”. Você pode ainda inserir a citação com dois autores da seguinte forma: “A indústria do turismo necessita de dados de pesquisa para uma série de finalidades” (Swarbrooke; Horner, 2002, p. 226). São dados que auxiliam a identificar as oportunidades para o desenvolvimento do produto, estabelecer preços de acordo com a concorrência e com a disponibilidade do consumidor.
• Citação com mais de três autores –
Apresenta-se apenas o primeiro autor em ordem alfabética, seguido da expressão et al. (com ponto e sem itálico), com data – e página quando a citação for direta.
As pessoas, quando estão dormindo, não estão inativas (CARDOSO et al., 1997).
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Metodologia científica
1.4.4 Referenciação As referências bibliográficas são obrigatórias em qualquer trabalho científico. Elas seguem um padrão bem fácil de lidar e devem ser feitas conforme as normas da ABNT. As referências podem ter uma ordenação alfabética, cronológica e sistemática (por assunto).
NÃO DEIXE DE LER... Para todos os outros casos de referenciação que você não encontrar neste material, sugerimos a leitura da NBR 6023 na íntegra: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação – referências – elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
Para fins de padronização, sugerimos a adoção da ordenação alfabética ascendente. Veja agora algumas situações de referenciação!
• Livro – Iniciam-se pelo sobrenome do autor (em maiúsculas) e, em seguida, os prenomes deste. Deve conter o título da obra, o subtítulo, a edição, o local de publicação, a editora e o ano de publicação. Exemplo com um autor: MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. São Paulo: Civilização Brasileira, 2006. Exemplo com dois ou três autores: SMITH, P. L.; RAGAN, T. J. Instructional design. Toronto: John Wiley & Sons, 1999.
• Livro
com autores de nomes estrangeiros – Autores espanhóis e com sobrenomes separados por traços são referenciados citando os sobrenomes em maiúsculas.
SÁNCHES GAMBOA, Silvio Ancizar. Pesquisa em educação: métodos e epistemologias. Chapecó: Argos, 2007. MERLEAU-PONTY, Maurice. O visível e o invisível. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1992.
• Livro com mais de três autores – Usa-se a mesma regra para as citações. Apresenta-se
o sobrenome do primeiro autor na ordem alfabética, seguido da expressão et al., o título do livro (em negrito), o subtítulo (sem negrito, inclusive os dois pontos), a edição, o local, a editora e o ano.
BRITO, Edson Vianna et al. Imposto de renda das pessoas físicas: livro prático de consulta diária. 6. ed. atual. São Paulo: Frase Editora, 1996.
• Livro com autor organizador –
Uma obra pode ter diversos autores e um deles ser o
organizador ou coordenador. Exemplo:
BOSI, Alfredo (Org.). O conto brasileiro contemporâneo. 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1978.
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• Entidades
– Cita-se, nesse caso, em maiúsculas, o nome da entidade, o título (em negrito), o subtítulo (sem negrito, inclusive os dois pontos), a edição, o local, a editora e o ano de publicação.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM. Centro de Estudos em Enfermagem. Informações sobre pesquisas e pesquisadores em Enfermagem. São Paulo, 1916.
• Entidades
governamentais – No caso de entidades governamentais, inicia-se com o país em maiúsculas, a entidade (ministério, secretarias, etc.), o título (em negrito), o subtítulo (sem negrito, inclusive os dois pontos), a edição, o local, a editora e o ano de publicação.
BRASIL. Ministério do Trabalho. Secretaria de Formação e Desenvolvimento Profissional. Educação profissional: um projeto para o desenvolvimento sustentado. Brasília: Sefor, 1995.
• Teses, dissertações e trabalhos acadêmicos – São descritas nas referências bibliográficas na seguinte estrutura:
SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título. Ano. Número de folhas e volumes. Tese, dissertação ou trabalho acadêmico (grau e área) – Unidade de ensino, Instituição, Local: data. RODRIGUES, M. V. Qualidade de vida no trabalho. 1989. 180 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1989.
• Enciclopédias – As enciclopédias são referenciadas de forma mais simples, seguindo este formato:
NOME DA ENCICLOPÉDIA. Local de publicação: Editora, ano. ENCICLOPÉDIA DA TECNOLOGIA. São Paulo: Planetarium, 1974.
• Artigo de jornal – Você pode referenciar o jornal como um todo ou o artigo de um jornal – com autor definido ou não.
Exemplo de referência de jornal ao todo: FOLHA DE SÃO PAULO, 12 jan. 2009. Exemplo de artigo de jornal com autor definido: SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título do artigo. Título do jornal, Cidade, data (dia, mês, ano). Suplemento (quando houver), número da página, coluna (quando houver). ADES, C. Os animais também pensam: e têm consciência. Jornal da Tarde, São Paulo, 15 abr. 2001, p. 4D. Exemplo de artigo de jornal sem autor definido: TÍTULO do artigo (apenas a primeira palavra em maiúscula). Título do jornal, Cidade, data (dia, mês, ano). Suplemento (quando houver), número da página, coluna (quando houver). EFEITOS da lei seca. Jornal Folha de São Paulo, São Paulo, 14 mar. 2009. Opinião, p. 2.
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Metodologia científica
• Revistas e periódicos – Você pode referenciar a revista como um todo, uma coleção de revistas ou um artigo – como ou sem autor definido. Exemplo de referência da revista como um todo: NOME DA REVISTA. Local de publicação: editora, número do volume (v. ____), número do exemplar (n. ____), mês. Ano. ISSN (quando informado). DINHEIRO. São Paulo: Ed. Três, n. 148, 28 jun. 2000. Exemplo de referências de artigos publicados em periódicos: SOBRENOME, Prenome. Título do artigo. Título do periódico, Local de publicação (cidade), n. do volume, n. do fascículo, páginas inicial-final, mês (abreviado), ano. SAVIANI, Demerval. A universidade e a problemática da educação e cultura. Educação Brasileira, Brasília, v. 1, n. 3, p. 35-58, maio/ago. 1979.
• Jurisdição – Refere-se aos documentos jurídicos. Título (especificação da legislação, número e data). Ementa. Dados da publicação. BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.
• Internet – As referências retiradas da internet devem ser descritas informando o endereço completo da página ou site (URL), bem como a data de acesso.
SOBRENOME, Prenomes. Título: subtítulo (se houver). Disponível em: <endereço da URL>. Acesso em: dia mês (abreviado) ano. FARBIARZ, Jackeline Lima; FARBIARZ, Alexandre. Uma abordagem dialógica do Design Instrucional. Disponível em: <http://www.dad.puc-rio.br/nel/artigos/06-farbiarz-ped.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2012.
• Anais – Refere-se ao registro histórico de um evento. NOME DO EVENTO, Número do evento, ano de realização. Local. Título. Local: Editora, ano de publicação. Número de páginas ou volume. SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. 21. São Paulo, SP. Anais. São Paulo: Novembro de 2000.
• Entrevistas – As entrevistas podem ser publicadas ou não, com referenciação adequada para os dois casos.
Exemplo de entrevista publicada: SOBRENOME, Prenomes do entrevistado. Título do tema. Local, data. Nota sobre a entrevista no veículo de comunicação. A quem a entrevista foi concedida (em negrito). LATTES, César. História da ciência. Campinas, SP, 1997. Superinteressante, ano 11, n. 5, p. 3637, maio 1997. Entrevista concedida a Omar Paixão.
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Exemplo de entrevista não publicada: SOBRENOME, Prenomes do entrevistado. A quem a entrevista foi concedida (em negrito). Local, dia mês (abreviado) ano. SILVA, Adelino. Entrevista concedida a Juliana Motta. Curitiba, 24 jan. 2015.
NÃO DEIXE DE VER... Acesse a Plataforma Lattes do CNPq. Nela, estão cadastrados pesquisadores de todas as áreas do conhecimento. Você pode também conhecer melhor as instituições, grupos e financiadores de pesquisas científicas no Brasil, obter notícias e atualizações e cadastrar o seu currículo acadêmico. A plataforma possui esse nome devido aos feitos científicos de Cesare Mansueto Giulio Lattes, também conhecido como César Lattes (1924-2005), um físico brasileiro que contribuiu com a descoberta do méson pi. Lattes era formado em matemática e física e foi um dos físicos brasileiros mais conhecidos e referenciados. Ele ajudou a criar o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), um dos principais órgãos desse gênero no Brasil. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/>.
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Síntese Síntese
• Neste
capítulo, você pôde compreender melhor os conceitos de ciência e pesquisa científica, observando também que todo material científico é padronizado por meio de normas e regras.
• Você observou que a ciência e a metodologia científica possuem grande importância no desenvolvimento da sociedade, em todos os segmentos.
• Toda
pesquisa científica possui etapas distintas, como observação, hipótese, experimentação, teste, análise, conclusões e, finalmente, publicação dos resultados.
• Outro ponto abordado foram as diferentes fontes de informação e a forma adequada de buscar fundamentação teórica em lugares distintos.
• A redação científica possui algumas exigências, como impessoalidade, clareza, coerência, concisão, precisão, objetividade, imparcialidade e encadeamento.
• Você também pôde compreender melhor como ocorrem as citações de outros trabalhos científicos no texto, os diferentes tipos de referências e atribuição da autoria.
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Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e documentação – artigos em publicação periódica científica impressa. Rio de Janeiro, 2002. ______. NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos – apresentação. Rio de Janeiro, 2002. ______. NBR 14724: Trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2011. CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2010. Lakatos, E. M.; Marconi, M. A. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2009. OLIVEIRA, S. L.. Metodologia científica aplicada ao Direito. São Paulo: Thomson, 2002. PINHEIRO, L. V. R. P. Fontes ou recursos de informação: categorias e evolução conceitual. Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação e Biblioteconomia. Rio de Janeiro, v.1, n.1, 2006. Disponível em: <http://www.ibict.br/pbcib/include/getdoc.php?id=76&article=251&mo de=pdf>. Acesso em: 14 maio 2015. SECAF, V. Artigo científico: do desafio à conquista. 3. ed. São Paulo: Green Forest do Brasil, 2004. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
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Capítulo 2 Organização técnico-científica Introdução Você sabe qual é a importância da pesquisa científica para o meio acadêmico e para a sociedade como um todo? Trata-se de uma atividade desenvolvida por acadêmicos e pesquisadores que buscam novas descobertas e melhorias na qualidade de vida. Além disso, toda pesquisa científica é pautada por métodos e procedimentos específicos. Neste capítulo, você irá conhecer elementos e fatores que fazem parte da elaboração de uma pesquisa científica. Estes procedimentos servem para organizar, padronizar e dar credibilidade ao material produzido, e serão usados por você durante toda a sua vida acadêmica e profissional. Você verá melhor as abordagens de pesquisa – quantitativa e qualitativa, os tipos e modalidades de pesquisa e as diferentes etapas do trabalho acadêmico, bem como a forma em que ele deve estar estruturado. Tenha um bom estudo!
2.1 Conhecer as abordagens de pesquisa O que leva uma pessoa a realizar uma investigação científica? O desenvolvimento de uma pesquisa científica se refere à experiência teórica e prática do pesquisador, da comunidade científica e da área de conhecimento na qual está situado. A pesquisa científica deve ser estabelecida a partir de duas abordagens: qualitativa e quantitativa. Neste tópico, veremos um pouco mais sobre estas duas abordagens científicas, que devem ser determinadas pelo pesquisador ainda no início do processo de pesquisa.
2.1.1 Escolha do tema e das abordagens de pesquisa Toda pesquisa tem por objetivo o estudo ou descoberta de novos conhecimentos e assuntos relevantes para o desenvolvimento da humanidade. Contudo, a escolha do tema deve ser algo relevante também para o pesquisador. É a partir dele que também se definem as abordagens de pesquisa – qualitativa ou quantitativa.
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Metodologia científica
Figura 1 – O que leva um pesquisador a escolher um tema de pesquisa é algo subjetivo. Fonte: Shutterstock, 2015.
Mas, afinal, como escolher um tema de pesquisa quando você já tem preferência por uma área do conhecimento? Neste sentido, quando você já sabe qual segmento lhe é mais satisfatório dentro da sua área de conhecimento, é preciso usar o critério da relevância científica para delimitar o tema a ser pesquisado. Para Cervo e Bervian (2002, p. 74), o assunto de pesquisa “é qualquer tema que necessita melhores definições, melhor precisão e clareza do que já existe sobre o mesmo”.
NÓS QUEREMOS SABER! Dentro da área de conhecimento do seu curso, você já encontrou assuntos que chamam a sua atenção? Estes assuntos ou temas valem uma iniciativa científica? Todo profissional acaba se identificando com algumas nuances específicas de sua área de atuação. Isso é normal e benéfico para o fazer científico, uma vez que o pesquisador acaba especificando e delimitando a sua busca por respostas.
Neste ponto da sua iniciação científica, é importante que você justifique o que lhe impele a buscar respostas na realização do seu trabalho. O tema que você escolheu pode levar a mudanças significativas para a profissão que você exerce (ou exercerá)? Trata-se de novas soluções para a comunidade? Responde às questões que há tempos não são investigadas? Contribui para o trabalho de outras pessoas ou para o desenvolvimento de sua área de atuação? Questione-se sobre as contribuições práticas de sua pesquisa científica e apresente ao leitor, aquele que terá acesso posteriormente à sua pesquisa escrita e organizada, a relevância do tema, as suas argumentações e as suas considerações pessoais sobre o assunto.
CASO Um pesquisador iniciante, da área de ciências humanas, via muita dificuldade em escolher o tema de sua pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. No entanto, teve uma ideia: listar os temas mais interessantes e que eram importantes para a sua área, e destes, definir os cinco mais relevantes. 32 Laureate- International Universities
Diante da delimitação dos cinco temas mais satisfatórios, teve a iniciativa de questionar cada um deles da seguinte forma: é importante? É atual? É motivador? Possui bibliografia ou referencial teórico para fundamentar o estudo? Gera curiosidade às pessoas? Contribui com novos conhecimentos ou pontos de vida? Para descobrir a abordagem do tema – se a pesquisa seria quantitativa ou qualitativa – o pesquisador questionou se o tema poderia ser explicado a partir de dados numéricos, mensurando-o de forma estatística, ou se era possível relacionar o seu objeto com o mundo real e com as suas subjetividades. A partir desta simples análise, o pesquisador conseguiu definir o tema que melhor se encaixava nestes critérios, a abordagem de pesquisa que tomaria em seu processo e pôde iniciar os passos seguintes de sua pesquisa.
O segundo passo, após determinar o tema de pesquisa, é escolher a sua abordagem. A pesquisa será quantitativa ou qualitativa? Conforme Gil (1999), podemos classificar as pesquisas científicas também pela abordagem do tema ou do problema de pesquisa. Podemos ressaltar a:
• pesquisa quantitativa: traduz em números o desenvolvimento da pesquisa, com o uso de
técnicas estatísticas. Pode-se dizer que a pesquisa quantitativa tem por objetivo mensurar os fenômenos e envolve a coleta e análise dos dados e aplicação de testes (COLLIS; HUSSEY, 2005);
Figura 2 – É possível usar a pesquisa quantitativa para fundamentar e ilustrar a pesquisa qualitativa. Fonte: Shutterstock, 2015.
• pesquisa
qualitativa: propõe uma relação entre os sujeitos e o mundo real. Faz a interpretação dos fenômenos, atribuindo-lhes significados. O ambiente é a fonte de dados e o pesquisador é um ponto-chave nesta modalidade de pesquisa.
A pesquisa qualitativa é bastante prática em descreve a complexidade de determinado problema, em que muitas vezes é preciso classificar os processos vividos pelos grupos, contribuir no processo de mudança, quando há a intenção de intervenção, possibilitando a compreensão das diferentes particularidades dos indivíduos. 33
Metodologia científica
Por exemplo, quando o pesquisador faz uma pesquisa cujo tema é “o cotidiano e os aspectos alimentares dos trabalhadores do ramo metalúrgico da Empresa X”, é possível utilizar a abordagem qualitativa se o seu foco está na alimentação como uma vertente cultural deste grupo. Mas pode fazer uso de métodos quantitativos, por exemplo, para numerar estes trabalhadores, o número de refeições, a quantidade de calorias ingeridas x o consumo necessário de calorias, etc. Estas duas abordagens não se anulam e podem ser complementares, dependendo do tipo de pesquisa e do tema escolhido. Já a pesquisa quantitativa, se utiliza da quantificação, tanto na coleta quanto no tratamento das informações, fazendo uso de técnicas estatísticas, com foco nos resultados que evitem possíveis distorções de análise e interpretação, pautando-se pela segurança dos dados. Como exemplo, podemos citar os dados levantados em pesquisas do período eleitoral, que indicam a quantidade de intenção de votos em um público-alvo. Se o pesquisador quiser determinar o gênero da maioria os eleitores de uma determinada região do país (se são, em maioria, homens ou mulheres) e a faixa etária destes eleitores, poderá fazer uso de recursos estatísticos.
NÃO DEIXE DE LER... Acesse os sites de revistas científicas da sua área de conhecimento, anais de eventos e artigos publicados em banco de dados eletrônicos. Em geral, você pode pesquisar assuntos pelo tipo de pesquisa – qualitativa, quantitativa ou ambos. Indicamos o site <www.scielo.br>.
2.2 Abordar os principais tipos de pesquisa Abordaremos os tipos de pesquisa e as suas especificidades, do ponto de vista da sua natureza (aplicada, básica, etc.), na perspectiva de seus objetivos (exploratória, descritiva, explicativa) e dos procedimentos técnicos (bibliográfica, documental, levantamento, etc.).
2.2.1 Modalidades da pesquisa científica Conforme Gil (1999), podemos classificar as pesquisas científicas da seguinte forma:
• referente à sua natureza – básica ou aplicada; • referente à realização dos objetivos (descritiva, exploratória, explicativa, etc.); • referente aos procedimentos técnicos (estudo de caso, bibliográfica, documental, etc.); Sobre a natureza da pesquisa, temos a:
• pesquisa básica: aponta conhecimentos novos e úteis, mas sem aplicação prática prevista (CERVO; BERVIAN, 2002);
• pesquisa aplicada: tem o objetivo de apontar soluções práticas para problemas específicos.
34 Laureate- International Universities
Sobre a perspectiva do ponto de vista, temos algumas premissas.
• Pesquisa exploratória:
tem foco no problema, apontando hipóteses. É flexível e pode envolver o levantamento de dados, entrevistas, bibliografia, etc. Em geral, é uma pesquisa inicial, feita pelo pesquisador sem muita experiência no assunto ou que pretende apresentar atualizações (COLLIS; HUSSEY, 2005).
• Pesquisa explicativa: se propõe explicar a razão das coisas, os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência de um acontecimento. Utiliza o método experimental e observacional (GIL, 1996).
• Pesquisa descritiva: descreve a relação entre grupos de pessoas, fenômenos ou variáveis. Um exemplo deste tipo de pesquisa é o levantamento, que faz uso de questionários e descrição de fenômenos no momento de pesquisa.
Sobre as perspectivas dos procedimentos técnicos, podemos supor alguns modelos de trabalho.
• Estudo
de caso: neste caso, detalha-se os conhecimentos a partir de um ou poucos objetos. Faz uso de muitos recursos, como observação de acontecimentos, entrevistas estruturadas ou não estruturadas, análise de registros, etc. Pode-se estudar um indivíduo ou um grupo, uma organização ou um conjunto ou uma situação (DENCKER, 2000);
• Levantamento:
faz-se uma interrogação direta às pessoas envolvidas ao objeto da pesquisa, utilizando-se a análise quantitativa na organização dos dados, para posteriormente supor conclusões e interpretações. Os dados aparecem de forma mais descritiva do que explicativa;
• Bibliográfica: faz uso de livros, revistas, periódicos, entre outros materiais na busca de fontes primárias, secundárias e terciárias para a fundamentação do projeto;
• Documental:
é realizada a partir de materiais que não passaram por análise, como reportagens de jornal, fotografias, filmes, gravações, etc. Podem ser usados, de forma secundária, documentos previamente analisados, como tabelas, relatórios, etc.;
• Pesquisa-ação: possui relações com um problema coletivo, ou seja, o pesquisador pode ser participante da situação ou problema. Possui caráter mais qualitativo, e o pesquisador age sobre a realidade pesquisada. As pesquisas sociológicas podem apresentar este aspecto, por exemplo;
• Participante: o pesquisador pode assumir uma função no grupo estudado, sem possuir
uma proposta de ação. Isso ocorre para que o pesquisador possa obter mais informações sobre a realidade de um grupo – que fica sabendo desde o início a finalidade do processo e a identidade do pesquisador;
• Ex-post-facto:
refere-se a situação de pesquisa em que o experimento ocorre após os fatos, e desta forma, o pesquisador não tem controle sobre os elementos e variáveis (DENCKER, 2000). Um exemplo é o estudo dos impactos da poluição na evolução da borboleta Biston Betularia – a borboleta evoluiu de diferentes formas, surgindo diferentes colorações, devido à poluição (QUINTANILHA, 2015);
• Experimental:
é realizada quando as variáveis em um estudo podem influenciá-lo. É preciso fazer uma previsão sobre as variáveis estudadas para o controle. É mais comum nas ciências naturais.
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Metodologia científica
NÓS QUEREMOS SABER! Você já tem um tema de pesquisa? Já o delimitou? Quais destes tipos de pesquisas poderia ser o mais adequado ao seu projeto? Muitas vezes, é possível trabalhar com diferentes perspectivas de pesquisa em um só trabalho.
2.3 Compreender os trabalhos científicos
diferentes
tipos
de
Mesmo que você reconheça diferenças entre os tipos de trabalhos científicos, é possível verificar que há semelhanças e até mesmo um padrão entre estes. Veremos, neste tópico, os diferentes tipos de pesquisas científicas.
2.3.1 Tipos de trabalho acadêmico Todos os modelos possuem uma mesma divisão: introdução, desenvolvimento e conclusão. Vejamos alguns tipos de trabalhos científicos aos quais você irá se deparar ao longo do seu percurso acadêmico:
• Trabalhos de graduação: Você irá elaborar diversos trabalhos como este, para diferentes disciplinas. Eles servem para motivar o raciocínio lógico, proporcionar uma revisão bibliográfica e situar o acadêmico com relação à pesquisa científica.
• Trabalhos
de conclusão curso: Conhecidos como TCC – Trabalho de Conclusão de Curso ou TC - Trabalho de Curso, são monografias sobre um determinado assunto. Tratase de uma oportunidade de comprovação de assimilação de conteúdo, uma revisão bibliográfica, sem aprofundada capacidade investigativa.
• Monografia: É um trabalho científico realizado na obtenção do título de especialista em
cursos lato sensu, bem como exigido em alguns cursos de graduação. Segundo Medeiros (2000), as monografias servem para comprovar o grau de graduação; as dissertações para a titulação de mestre e as teses para o grau de doutor – os formatos de texto, contudo, são bem similares.
• Dissertação:
Trata-se de um trabalho direcionado aos cursos pós-graduação stricto sensu (mestrado), e supõe a reflexão sobre um determinado tema, de forma ordenada e fundamentada, com completude e informações. Tem caráter experimental ou de exposição de um estudo científico retrospectivo (NBR 14724, 2011).
• Tese: Corresponde a um trabalho de conclusão de pós-graduação stricto senso (doutorado), com apresentação de um avanço significativo em determinada área do conhecimento, um estudo original.
• Artigo científico: Tem a função de levar ao conhecimento do público um novo assunto
ou abordagem, aspectos ainda não explorados, com publicação de autoria declarada. As afirmações apresentadas devem ser baseadas em evidências e com argumentações fundamentadas. O artigo científico pode também refutar ideias e fatos, apresentar soluções e sondagem de opinião. Pode ser um artigo original (com temas e abordagens próprias) ou artigo de revisão (resumindo, analisando e discutindo informações já publicadas) (NBR 6022, 2003).
36 Laureate- International Universities
2.4 Definir a estruturação de textos técnicocientíficos O projeto de pesquisa possui uma ordem padrão dentro da comunidade científica. Conforme Lakatos e Marconi (2001), pode-se dizer que as etapas do projeto são divididas em dois aspectos: planejamento e execução. Silva (2008) sugere que a partir destes dois aspectos surjam ainda outras dez etapas. É por elas que você deve se orientar para realizar a sua pesquisa científica. Veremos todos estes aspectos no decorrer deste capítulo. Introdução
1. Introdução 2. Definição do tema; 3. Formulação do problema de pesquisa; 4. Definição dos objetivos; 5. Justificativa; 6. Metodologia; Desenvolvimento
7. Fundamentação teórica; 8. Coleta de dados; 9. Análise e discussão dos resultados; Conclusão
10. Conclusão dos resultados;
2.4.1 Delimitação do tema Assim que escolher o tema que irá pesquisar, você deve delimitá-lo, ou seja, ser o mais específico possível. Esta é uma fase muito importante, pois definirá todo o projeto de pesquisa. Há várias formas de delimitar o tema. Considere as seguintes perspectivas:
• identificar as publicações científicas mais atuais sobre o assunto; • definir o tema conforme a pesquisa – por exemplo, delimitar o local e as circunstâncias do tempo conforme com o tipo de pesquisa – qualitativa, quantitativa, exploratória, etc.;
• buscar
orientação com algum professor ou tutor para otimizar a concentração de informações.
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Metodologia científica
Veja um exemplo de delimitação de temas para uma pesquisa em diferentes áreas:
Área do conhecimento
Tema escolhido
Definições
Engenharia da Produção
Qualidade Total
- A aplicabilidade e pertinência do sistema de Qualidade Total em empresas automotivas de São Bernardo do Campo
Antropologia / Serviço Social / Ciências Sociais
Adoção tardia
- Aspectos antropológicos sobre a adoção tardia entre as famílias de São Bento do Sul - SC
Nutrição / Educação Física
Dietas reduzidas em carboidratos
- Efeitos de dietas reduzidas em carboidrato sobre o peso corporal de indivíduos adultos em longo prazo
Quadro 1 – Exemplo de delimitação. Fonte: Elaborado pela autora, 2015.
NÃO DEIXE DE VER... Veja como o vencedor do Prêmio Jovem Cientista 2013, Henrique dos Santos Felipetto, definiu o problema, a justificativa e os objetivos do seu trabalho. Assista ao vídeo Dicas para um bom trabalho de pesquisa: Problema, Justificativa e Objetivos, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6ULI6Wic80g>.
2.4.2 Problema de pesquisa O problema de pesquisa é destacado no início do projeto científico. Deve constar na Introdução do trabalho de pesquisa. Considere fazer uma visão geral sobre o tema a ser pesquisado. Em seguida, identifique elementos e aspectos mais pontuais sobre o tema, apresentando uma situação problema de pesquisa – você precisa delimitar, mas não limitar a sua investigação. O que mobiliza a mente humana são os problemas, ou seja, a busca de um maior entendimento de questões postas pelo real, ou ainda a busca de soluções para problemas nele existentes, tendo em vista a sua modificação para melhor. Para aí chegar, a pesquisa é um excelente meio. (LAVILLE; DIONNE, 1999, p. 85)
Não se trata de uma dificuldade ou obstáculo para a realização da pesquisa. O problema de pesquisa é uma oportunidade para o pesquisador explorar o tema. Trata-se de um direcionamento que a pesquisa terá que seguir. O problema de pesquisa é, em geral, segundo Lakatos e Marconi (2001):
• apresentado em forma de pergunta; • corresponde aos interesses pessoais, sociais e científicos; • pode ser comprovado pela pesquisa; • implica em um objeto crítico, sistemático e controlado; • relaciona-se com pelo menos duas variáveis. 38 Laureate- International Universities
Utilizando o exemplo anterior, veja como poderiam ser os problemas de pesquisa para os temas apontados:
Área do conhecimento
Tema escolhido
Problema de pesquisa
Definições
Qualidade Total
Como poderia ser aplicado o sistema de Qualidade Total em empresas automotivas de São Bernardo do Campo?
- A aplicabilidade e pertinência do sistema de Qualidade Total em empresas automotivas de São Bernardo do Campo
Antropologia / Serviço Social
Adoção tardia
Quais são os aspectos antropológicos das famílias que adotaram crianças em situação de adoção tardia no município de São Bento do Sul, em Santa Catarina?
- Aspectos antropológicos sobre a adoção tardia entre as famílias de São Bento do Sul - SC
Nutrição / Educação Física
Dietas reduzidas em carboidratos
Quais são os efeitos e benefícios das dietas reduzidas em carboidrato sobre o peso corporal de indivíduos adultos em longo prazo?
- Efeitos de dietas reduzidas em carboidrato sobre o peso corporal de indivíduos adultos em longo prazo
Engenharia da Produção
Quadro 2 – Exemplo de problema de pesquisa. Fonte: Elaborado pela autora, 2015.
2.4.3 Objetivos de pesquisa Para estabelecer os objetivos de sua pesquisa, considere não apenas os seus objetivos pessoais, mas as metas e resultados que a pesquisa deve atingir. Devem constar na Introdução do trabalho. Utilize uma linguagem bem clara e objetiva na elaboração dos seus objetivos, utilizando um verbo no infinitivo, que represente uma ação. Por exemplo: compreender como o sistema de Qualidade Total pode impactar no aumento da produtividade em empresas automotivas de São Bernardo do Campo. Os objetivos de pesquisa se dividem em:
• objetivo geral: refere-se diretamente ao problema de pesquisa. É preciso utilizar a frase com um verbo abrangente no modo infinitivo envolvendo o cenário da pesquisa;
• objetivos específicos: trata-se de uma pequena apresentação das ações que serão feitas para alcançar o objetivo geral. Utiliza-se um verbo no infinitivo e bem abrangente, sem repeti-lo nos demais objetivos do material.
Exemplo: Tema: Formação de docentes Tema delimitado: Formação de docentes para cursos de nível superior Problema: Quais são os novos paradigmas em Educação na formação de docentes para cursos
de Ensino Superior em universidades brasileiras? ← pergunta
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Metodologia científica
Objetivo geral: Analisar as novas teorias em Educação para a formação de docentes para cur-
sos de Ensino Superior em universidades brasileiras. ← verbo no infinitivo Objetivos específicos:
• Investigar as novas teorias educacionais que otimizem a formação do docente em cursos de Ensino Superior, considerando a realidade das universidades brasileiras.
• Contrapor
diferentes linhas teóricas sobre a formação de docentes de ensino superior, relacionando a bibliografia sobre o assunto.
• Identificar divergências metodológicas na formação de docentes para cursos superiores de diferentes áreas do conhecimento.
• Apresentar os principais desafios para a docência no Ensino Superior brasileiro na atualidade. 2.4.4 Justificativa Deve constar na Introdução trabalho. Como o próprio nome já diz, refere-se à justificativa da escolha do tema (relevância do trabalho). Podem ser informados dados sobre a conjectura do problema de pesquisa que comprovem a sua pertinência. Em muitos casos, o pesquisador pode ainda falar sobre aquilo que o impeliu pessoalmente a escolher por este tema – isso comumente acontece em pesquisas das Ciências Humanas, por exemplo. O pesquisador deve descrever as justificativas com clareza e de forma direta, sem perder o foco do assunto da pesquisa.
2.4.5 Metodologia Faz parte da etapa de Introdução do trabalho. Refere-se aos métodos e procedimentos de coleta de dados seguidos para se alcançar os resultados da pesquisa. A metodologia de pesquisa varia conforme o tipo de trabalho escolhido pelo pesquisador, o tipo de área do conhecimento da qual faz parte e o tema destacado para o trabalho. É preciso escolher uma das abordagens descritas anteriormente (quantitativa, qualitativa ou uma complementando a outra) e a modalidade de pesquisa.
2.4.6 Fundamentação teórica Refere-se à parte do desenvolvimento propriamente dita, em que o autor expõe as afirmações de outros teóricos e pesquisas relacionadas ao tema, discutindo-as conforme a perspectiva do seu próprio trabalho. Estes autores e ideias devem ser apresentados em uma sequência dialógica, fazendo as devidas referências.
2.4.7 Análise e discussão dos resultados Esta é a parte do desenvolvimento do trabalho em que o pesquisador analisa os resultados alcançados, fazendo uso inclusive dos recursos gráficos, como tabelas, gráficos, imagens e o que mais achar pertinente. Deve contrapor os dados, discuti-los com a fundamentação teórica do trabalho, descrever situações não previstas, verificar se os dados lançam luz sobre os objetivos da pesquisa e sobre a sua problemática, etc.
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2.4.8 Conclusão Refere-se às respostas ao problema proposto. Pode-se fazer uma recapitulação dos resultados da pesquisa, evidenciando as suas principais contribuições, bem como sugestões de suas aplicações e até mesmo novos estudos. Lembre-se de que a conclusão deve ser baseada nos dados teóricos e empíricos comprovados no desenvolvimento. Não devem ser inseridos novos dados nesta parte da pesquisa.
2.4.9 Redação do projeto de pesquisa A pesquisa deve ser estruturada em um projeto de pesquisa escrito. A estrutura do projeto de pesquisa possui etapas distintas. Para que você compreenda melhor, vamos estabelecer um roteiro, cujos elementos serão numerados e definidos em títulos e subtítulos. Há muitas formas de organizar o trabalho científico e iremos nos pautar pelas normas técnicas estabelecidas pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. O modelo abaixo serve apenas para ilustrar a organização de suas ideias no projeto escrito.
Quadro 3 – Exemplo de estrutura de desenvolvimento do projeto de pesquisa. Fonte: Elaborado pela autora, 2015.
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Metodologia científica
• Cada novo capítulo do trabalho deve começar em uma nova página (nova seção), com título em negrito e maiúsculas.
• O
tema proposto, os objetivos, a justificativa, a metodologia, a análise dos dados e a conclusão devem ser tratados em capítulos secundários, ou seja, com título sem negrito e maiúsculas.
• Ao iniciar a Fundamentação Teórica, este título pode ser substituído pelo título do primeiro capítulo.
• Os subtítulos secundários devem vir em maiúsculas e sem negrito. • Os subtítulos terciários devem vir em apenas com a primeira a primeira letra da primeira palavra em maiúscula e todo o título em negrito.
• Os tópicos ou subtítulos quaternários devem vir sem negrito e com apenas com a primeira a primeira letra da primeira palavra em maiúscula.
VOCÊ O CONHECE? Oswaldo Cruz foi um importante pesquisador brasileiro. Foi cientista, médico, epidemiologista e sanitarista, sendo também o pioneiro no estudo de doenças tropicais. A sua área de abrangência foi a medicina experimental. As suas pesquisas tiveram grande impacto na qualidade de vida e saúde dos brasileiros, pois ele iniciou e coordenou campanhas para erradicação da febre amarela, peste bubônica, varíola e eliminação dos focos de insetos transmissores de diversas doenças tropicais. Em sua homenagem, o Instituto Soroterápico Nacional, criado por ele em 1900, hoje é conhecido como Instituto Oswaldo Cruz.
Vamos ver agora, em detalhes, algumas orientações sobre a estrutura do trabalho científico, esclarecendo cada etapa. Veremos também algumas diferenças estruturais em trabalhos de diferentes gêneros. Confira!
2.4.10 Estrutura do trabalho A estrutura do trabalho acadêmico varia conforme o tipo de publicação científica. Vamos apresentar agora os aspectos gerais do trabalho, considerando também a sua aplicação em monografias (trabalhos finais) e trabalhos de disciplinas (aqueles que você cria durante todo o período do seu curso). Conforme a ABNT NBR 14724 (2011), a estrutura do trabalho acadêmico se divide em parte externa (capa e lombada) e parte interna. A parte interna é ainda dividida em elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais.
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Figura 3 – Partes internas e externas do trabalho científico e os elementos que o integram. Fonte: ABNT NBR 14724, 2011.
2.4.11 Parte externa Há dois elementos referentes à parte externa: a capa e a lombada. A capa é um elemento obrigatório em qualquer trabalho acadêmico. Já a lombada, é mais comum em trabalhos impressos e o seu uso é opcional, dependendo de cada instituição. A lombada possui os seguintes elementos (ABNT NBR 12225, 2004):
• Nome do autor, impresso do alto para o pé da lombada; • Título da obra, impresso do mesmo modo que o nome do autor. A capa a identificação externa obrigatória, que reveste o trabalho e possui informações pertinentes sobre o seu conteúdo. Veremos agora cada um dos seus elementos obrigatórios.
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Metodologia científica
Figura 4 – Exemplo de capa. Fonte: Elaborado pela autora, 2015.
• Nome da Instituição: deve ser centralizado, em negrito, em letras maiúsculas. Sugerimos a fonte Arial ou Times New Roman 14;
• Nome do aluno: deve ser incluído de modo centralizado, em negrito, em letras maiúsculas. Sugerimos Arial ou Times New Roman 12;
• Título e subtítulo: devem ser centralizados e em negrito, próximos ao meio da página. O título deve ser em letras maiúsculas e o subtítulo em letras minúsculas com as iniciais maiúsculas. Sugerimos a fonte Arial ou Times New Roman 16 e 14, respectivamente;
• Cidade:
refere-se ao local da instituição em que o trabalho é apresentado. Deve ser centralizado, em negrito, em fonte Arial ou Times New Roman 12;
• Ano: trata-se do ano da entrega do trabalho. Deve ser centralizado, em negrito, Arial ou Times New Roman 12, a um toque da margem inferior da página.
2.4.12 Parte interna – Elementos pré-textuais Vamos compreender melhor agora os elementos pré-textuais, aqueles que vêm antes do desenvolvimento do trabalho propriamente dito. Folha de rosto: é obrigatória e possui elementos essenciais à identificação do trabalho.
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Figura 5 – Exemplo de folha de rosto. Fonte: Elaborado pela autora, 2015.
• Nome do aluno: deve ser centralizado, em negrito e com letras maiúsculas. Sugerimos a fonte Arial ou Times New Roman 14);
• Título
e subtítulo: devem ser centralizados, em negrito, inseridos próximo ao meio da página. O título deve ser em letras maiúsculas e o subtítulo em letras minúsculas com iniciais maiúsculas. Sugerimos a fonte Arial ou Times New Roman 14 a 16, respectivamente;
• Natureza:
informa a finalidade do trabalho. Deve ser alinhada do meio da mancha para a margem direita, em letras minúsculas, fonte Arial ou Times New Roman 10 ou 12 e sem destaque, com espaçamento simples entre linhas. Informa a o tipo de trabalho, a universidade, o curso, o título a ser alcançado e o orientador.
• Cidade: trata-se do local da instituição em que o trabalho deve ser apresentado. Deve ser centralizado, em negrito, em letras maiúsculas, Arial ou Times New Roman 12;
• Ano: refere-se ao ano da entrega do trabalho. Deve ser centralizado, em negrito, Arial ou Times New Roman 12, a 1“enter” da margem inferior da página.
NÃO DEIXE DE VER... Veja o depoimento motivador da ganhadora do Prêmio Nobel de Química de 2009, Ada Yonath, exibido pelo portal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (TV MCTI,). Nele, a cientista fala da importância em ser cientista, enfatizando que a ciência é muito mais do que uma carreira. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=AWxgNwk8t1E>. 45
Metodologia científica
Errata: Este é um elemento opcional que pode ser inserido após impresso em papel avulso ou en-
cartado. Possui a lista de folhas e linhas em que ocorreram erros, seguidas das devidas correções. Folha de aprovação: trata-se de um elemento obrigatório, em que o examinador assina e coloca a data de avaliação do trabalho científico. A ABNT NBR 14724 (2011) pressupõe alguns elementos. Veja!
Figura 6 – Exemplo de folha de apresentação. Fonte: Elaborado pela autora, 2015.
• Nome do aluno: deve ser centralizado, em negrito, com letras maiúsculas. Sugerimos o uso da fonte Arial ou Times New Roman 14;
• Título
e subtítulo: deve ser centralizado e em negrito. O título deve conter letras maiúsculas e o subtítulo em letras minúsculas com iniciais maiúsculas. Sugerimos a fonte Arial ou Times New Roman 14 a 16;
• Finalidade: Deve ser inserida abaixo do título, em letras minúsculas, Arial ou Times New Roman 10 ou 12 e sem destaque.
• Termo de Aprovação: Deve vir com a data a ser preenchida no ato da defesa e Banca Examinadora, com seus respectivos membros, suas titulações e instituições.
Dedicatória: Trata-se de um elemento opcional no trabalho acadêmico. Nesta parte, o autor
presta uma homenagem ou dedica o seu trabalho. Possui recuo a partir do centro da página, à direita, com fonte Arial ou Times New Roman 12 com espaçamento de 1,5 entre linhas. Não há necessidade de título nessa página. 46 Laureate- International Universities
Agradecimentos: Este também é um elemento opcional. Nesta parte, são registrados agradeci-
mentos àqueles que contribuíram de maneira relevante para a elaboração do trabalho – colegas, entrevistados, professores, orientadores, etc. Possui título centralizado e no padrão. Cada agradecimento deve constar em um parágrafo, sem recuo. Epígrafe: Este é mais um elemento opcional. Aqui, o autor apresenta uma citação, seguida da
indicação de autoria. Deve ser uma citação ou pensamento que tenha a ver com a sua obra. Resumo na língua vernácula: Este é um elemento obrigatório. Trata-se de uma apresentação
concisa dos pontos relevantes do texto. É preciso apresentar uma conclusão resumida do conteúdo e de suas conclusões. Considere os seguintes aspectos no seu resumo: objetivo, metodologia, os resultados e as conclusões do trabalho. Deve ser escrito em terceira pessoa, em um único parágrafo de até 500 palavras, sem recuo, com título centralizado (padrão). Em seguida, separadas por uma linha, seguem as palavras-chaves: são até cinco conceitos norteadores no trabalho, separados por ponto.
Figura 7 – Exemplo de resumo na língua vernácula. Fonte: Elaborado pela autora, 2015 (apud FONSECA, 2014).
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Metodologia científica
Resumo na língua estrangeira: Também é um elemento obrigatório, que possui as mesmas
características do resumo em língua vernácula. Pode ser traduzido para o inglês (Abstract), em espanhol (Resumen) ou em francês (Résumé). Segue a mesma formatação do resumo em português. Lista de ilustrações: Trata-se de um elemento opcional, que deve ser incluído quando há mais de cinco itens como figuras, gráficos, fotografias, etc. Cada tipo de ilustração deve ser inserido em uma lista. Lista de tabelas: Este é um elemento opcional, usado quando há mais de cinco itens deste tipo
no trabalho. Lista de abreviaturas e siglas: Este é um elemento opcional, e pode ser inserido quando há
mais de cinco ocorrências de siglas ou abreviaturas no trabalho. Segue a ordem alfabética das siglas utilizadas no texto, seguidas das expressões correspondentes por extenso.
NÃO DEIXE DE LER... Para mais orientações sobre a produção do sumário, acesse a normatização técnica ABNT NBR 6027 (2003). Lá, você poderá saber mais sobre cada elemento e etapa da produção do sumário. Disponível em: <http://unicentroagronomia.com/destino_arquivo/nbr_6027_sumario.pdf>.
Sumário: Este é um importante elemento obrigatório, que informa o conteúdo do trabalho,
referindo-se à enumeração dos capítulos, divisões, seções e outras partes do trabalho, conforme aparecem no texto, com a respectiva paginação, ligada ao título por linha pontilhada. A fonte indicada é Arial ou Times New Roman 12 para o título e capítulos. Há muitos modelos de sumário e adotaremos como padrão o mais simples: insira o título centralizado – como nas demais páginas iniciais - em negrito em letras maiúsculas (caixa alta), na fonte Arial ou Times New Roman 12. Para cada item enumerado no sumário, indique à margem direita o respectivo número da página em que aparece no texto, após as linhas pontilhadas. O espaçamento entre linhas é de 1,5. O indicativo numérico que precede seu título é separado por um espaço de caractere. Não há indicativo numérico em “Referências”, “Apêndices” e “Anexos”.
2.4.13 Parte interna – Elementos textuais Veremos agora um pouco mais sobre cada elemento textual, ou seja, o desenvolvimento do trabalho propriamente dito – conforme a ABNT NBR 12225 (2004). Introdução: É a parte inicial do texto, em que devem constar as informações necessárias para
situar o leitor sobre o tema do trabalho. Não há uma norma específica quanto ao tamanho da introdução, mas é importante compreender que precisa ter um início, um meio e uma finalização, instigando o leitor a apreciar o material. Desenvolvimento: Trata-se da parte principal do texto, em que você irá apresentar a fundamen-
tação teórica e lógica do trabalho, ou seja, discutir, testar, demonstrar, explicar, etc. Deve ser dividido em capítulos, que enfocam o referencial teórico pesquisado, os resultados e discussões. Veja algumas boas práticas para elaborar o desenvolvimento do seu trabalho científico.
• Utilize apenas citações contextualizadas, de acordo com o que estiver se referindo. Um
trabalho científico, mesmo sendo uma pesquisa bibliográfica, não é mera compilação das ideias de outros autores.
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• Lembre-se de citar adequadamente as ideias de outros autores. Caso se esqueça ou utilize as referências de forma inadequada, resultará em falta grave e até mesmo crime.
• Crie parágrafos mais ou menos do mesmo tamanho e evite deixar linhas ou ideias soltas no texto. Cada parágrafo deve ser conciso e organizado, além de seguir a sequência lógica do texto.
• Faça uso dos recursos de apoio para ilustrar as suas ideias – tabelas, figuras, gráficos, etc. Cite as referências destes materiais também.
Conclusão: Aqui, você dará respostas ao problema proposto inicialmente. Faça uma recapitula-
ção dos resultados da pesquisa, e destaque as suas principais contribuições, sugestões, aplicações do tema e sugira novos estudos. Tenha sempre em mente os dados teóricos e empíricos que alcançou no desenvolvimento, sem considerar dados novos nesta etapa.
2.4.14 Parte interna – Elementos pós-textuais Referências bibliográficas: São obrigatórias. Trata-se de uma lista das obras efetivamente
citadas na elaboração do trabalho. Não insira obrar que não foram citadas no trabalho. Devem ser em ordem alfabética, sem numeração, fonte Arial ou Times New Roman 12, e com o espaçamento simples entre linhas, todas alinhadas à esquerda. O título da seção deve ser centralizado, em negrito, na fonte Arial ou Times New Roman 12 ou 14. Caso repita o autor em diferentes obras, substitua o seu nome no segundo título por um traço sublinhar equivalente a seis caracteres. Cada tipo de fonte, como você deve saber, possui uma forma de ser referenciada. Para mais informações, consulte o documento ABNT NBR 14724 (2011). Glossário: É opcional e refere-se à lista de palavras ou expressões técnicas usadas no texto,
em ordem alfabética, seguidas de seus respectivos significados. Devem ter fonte Arial ou Times New Roman 12, com expressões em negrito seguidas de um espaço e travessão. A descrição não possui negrito Apêndices e/ou anexos: Não são obrigatórios. Podem ser inseridos aqui todo tipo de material
suplementar mencionado no texto, desde que não haja prejuízos em não inseri-lo no corpo do texto. Devem ser grafados com letras maiúsculas, com alinhamento à esquerda e numeração que identifique o material (1, 2, 3...).
NÓS QUEREMOS SABER! Você sabe a diferenças entre anexo e apêndice? Os anexos são ilustrações produzidas pelos autores ou fontes consultadas. Já o apêndice, são suplementos produzidos pelo autor do trabalho – como questionários, por exemplo.
2.4.15 Estrutura do artigo científico O artigo acadêmico é um tipo de trabalho acadêmico mais condensado que a monografia. Você já deve ter visto artigos acadêmicos em periódicos científicos. A estrutura é quase a mesma da monografia, exceto pelas páginas iniciais. Em geral, o artigo científico possui menos páginas que as monografias. A estrutura do artigo científico está disposta no documento ABNT NBR 6022 (2003).
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Metodologia científica
Há dois tipos de artigos científicos: original e de revisão. No primeiro tipo, são relatadas as experiências de pesquisa, estudos de caso e outros tipos de informações recentes, pesquisadas pelo autor. Já o artigo de revisão, compila informações publicadas recentemente por cientistas de uma determinada área do conhecimento sobre um assunto qualquer. O artigo científico possui uma estrutura distinta da monografia e outras publicações. Não há as primeiras folhas comuns na monografia. Na primeira folha do material, segue a parte impressa. As demais características seguem as mesmas normas apresentadas para a bibliográfica. Elementos pré-textuais
• Título e subtítulo (se houver) • Nomes dos autores • Resumo na língua vernácula com palavras-chaves logo em seguida Elementos textuais
• Introdução • Desenvolvimento • Conclusão Elementos pós-textuais
• Título e subtítulo (se houver) em língua estrangeira • Nomes dos autores • Resumo na língua estrangeira com palavras-chaves logo em seguida • Notas explicativas • Glossário (se houver) • Referências bibliográficas • Anexos e/ou apêndices (se houver)
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Síntese Síntese
Neste capítulo, você pôde:
• constatar
que a delimitação do tema de pesquisa irá definir todo o percurso do seu projeto, assim como o problema de pesquisa e os objetivos geral e específicos, além da abordagem de pesquisa – se é quantitativa ou qualitativa;
• compreender que a pesquisa quantitativa traduz em números o desenvolvimento da pesquisa,
com o uso de técnicas estatísticas; e a qualitativa faz uma interpretação dos fenômenos, atribuindo-lhes significados, e analisa a relações entre os sujeitos e o mundo real;
• concluir
que o objetivo geral da pesquisa se refere a uma ação mais abrangente para responder o problema da pesquisa; já os objetivos específicos, são os desdobramentos mais pontuais sobre o tema e metas menores do trabalho científico;
• distinguir as várias modalidades de pesquisa, que podem ser divididas pelo ponto de vista de sua natureza, procedimentos técnicos e realização dos objetivos;
• e entender os diferentes tipos de trabalhos acadêmicos e as suas distinções quanto ao objetivo de pesquisa, etapas e estrutura, conhecendo também as implicações de padronização.
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Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos – apresentação. Rio de Janeiro, 2002. _______. NBR 12225: informação e documentação: lombada – apresentação. Rio de Janeiro, 2004. _______. NBR 14724: Trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2011. ADA Yonath fala sobre o Prêmio Nobel de Química e fazer Ciência. Produção de TV MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=AWxgNwk8t1E>. Acesso em: 3 jun. 2015. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002. COLLIS, Jill; HUSSEY, Roger. Pesquisa em administração: um guia prático para alunos de graduação e pós-graduação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. DENCKER, Ada de Freitas. M. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. São Paulo: Futura, 2000. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Editora Atlas, 1999. FONSECA, Mário Ribeiro da. A influência da responsabilidade social corporativa na imagem de marca: um estudo em empresas brasileiras do setor de cosméticos. São Paulo, 2014. 127 p. Dissertação (Mestrado em Administração). Escola Superior de Propaganda e Marketing. Programa de Mestrado em Administração com Concentração em Gestão Internacional. LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre/Belo Horizonte: Artmed/UFMG, 1999. Lakatos, Eva M.; Marconi, Marina A. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2009. SILVA, Renata. Modalidades e etapas da pesquisa e do trabalho científico. São José: USJ, 2008.
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Capítulo 3 Método Científico
Introdução O trabalho científico-acadêmico é uma oportunidade para o pesquisador aprimorar seus conhecimentos. Para ter um bom alcance na comunidade científica, o trabalho deve, entre outras coisas, ser escrito conforme as boas práticas de redação técnica, considerando a metodologia mais assertiva à área do conhecimento em que se insere e a normatização vigente. No nosso caso, a normatização é elaborada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Além disso, para ter relevância, ele precisa ser divulgado na comunidade científica – afinal, um trabalho acadêmico não serve apenas para que o pesquisador obtenha nota ou grau junto à instituição na qual estuda; ele serve também para contribuir com o avanço de sua área. Dessa forma, quando iniciar a sua produção, tenha em mente a sua contribuição para determinada questão científica. Mas como é estabelecido o método científico? Como coletar dados, apresentar resultados e tirar o melhor proveito das informações? Este capítulo é dedicado ao processo de captação e análise de dados, considerando as implicações éticas e as noções estatísticas. Agora, iremos compreender melhor os aspectos relativos à fundamentação teórico-metodológica do processo de pesquisa. Faça um bom estudo!
3.1 Definir a amostra e as implicações éticas Você deve compreender que as amostras e o processo de coleta de dados têm uma organização própria, conforme a abordagem escolhida pelo pesquisador. Ao aplicar o método, o cientista deve considerar ainda algumas implicações éticas quanto à veracidade das informações e quanto ao tratamento conferido aos participantes desse processo. Veremos alguns conceitos de amostra científica e as implicações éticas de dados e resultados apresentados pela pesquisa.
3.1.1 O método científico e as amostras Não se faz uma pesquisa científica de qualquer forma. Assim como as citações, por exemplo, que seguem uma normatização e uma lógica própria e implícita à pesquisa, a forma como coletamos os dados e os direcionamentos desse processo também são estabelecidos por regras – sendo estas éticas e técnicas. Eco (1977) afirma que o método científico complementa o trabalho científico, e o pesquisador deve, antes de tudo, aprender a colocar suas ideias em ordem, a fim de organizar os dados obtidos. O método científico específico torna-se essencial para garantir o alcance do que foi inicialmente planejado na pesquisa. Ele serve, portanto, para garantir que os objetivos sejam atendidos.
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Metodologia científica
Figura 1 – Tenha em mente os objetivos da sua pesquisa ao coletar amostras e informações. Fonte: Shutterstock, 2015.
Quando for a campo, por exemplo, é importante que você, o pesquisador, saiba o que procura, que tipos de dados pretende inserir no seu material científico, quais os participantes, os materiais e os contextos da pesquisa, como serão armazenados os dados e as amostras e, posteriormente, como serão tabulados e apresentados para a apreciação dos interessados no tema. Faça um roteiro, se precisar, seguindo as instruções aprendidas nesta disciplina. Uma amostra científica é um dado ou um conjunto de dados que comprovem ou não as hipóteses da pesquisa. É uma pequena fatia do objeto de estudo, para que o pesquisador consiga comprovar suas ideias e fundamentar seu trabalho. A amostra é uma pequena parte de uma “população”, ou seja, do objeto de pesquisa; segundo Marconi e Lakatos (2009, p. 75) “é uma parcela conveniente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo”. É aquilo que você, como pesquisador, irá encontrar em sua coleta sistematizada de dados. Pitta e Castro (2006, p. 243) afirmam que o pesquisador deve ter uma visão holística (ou seja, do todo) quando empreende uma pesquisa científica, considerando o tipo de estudo, o local de atuação, os sujeitos envolvidos, o tipo e o critério de amostra, os procedimentos, os recursos, as variáveis e o método: No projeto de pesquisa, é preciso ter cuidado especial em vários itens: 1) tipo de estudo – deve ser utilizado o melhor tipo de estudo para responder à pergunta de pesquisa; 2) local – onde estão os sujeitos da pesquisa; 3) amostra (critérios de inclusão, critérios de exclusão, amostragem, consentimento livre e esclarecido) – deve ser descrita com critérios objetivos, que representem com acuidade o universo de pacientes; 4) procedimentos – intervenção, teste, exposição, se necessário; 5) variáveis (variável primária, variáveis secundárias, dados complementares) – deve ser definida cada variável (como, quem) e quando será quantificada; 6) método estatístico (cálculo do tamanho da amostra, análise estatística) – devem ser descritos os critérios para a definição do tamanho da amostra a ser estudada e quais serão os testes estatísticos a serem utilizados (PITTA; CASTRO, 2006, p. 243).
Diante disso, lembre-se de repassar suas estratégias de pesquisa quando chegar à fase de coleta. Se preferir, converse com o seu orientador para descobrir as contingências do tema escolhido e os pontos mais relevantes a serem constatados. 54 Laureate- International Universities
3.1.2 Plágio, erro e fraude científica Ao realizar a coleta de dados, tanto o pesquisador quanto os eventuais participantes da pesquisa devem estar comprometidos com o processo. Os dados e as amostras devem ser coletados e registrados com o máximo cuidado, e o pesquisador deve estar ciente de evitar generalizações ou de supor dados, sem que sejam devidamente levantados por um processo seguro. Muitas vezes, por exemplo, no anseio de encontrar um resultado favorável, o pesquisador pode produzir distorções nos resultados, o que configura fraude científica. Ou, ao não encontrar resultados e soluções em tempo hábil, ele pode ser induzido a obtê-los em pesquisas já realizadas, sem dar o devido tratamento analítico, o que caracteriza o plágio. De maneira geral, as três vertentes de problemas com a pesquisa – plágio, erro e fraude –, por meio de resultados apresentados, indicam que nem toda atitude é correta em termos de ciência. O plágio se caracteriza pela publicação ou pela apropriação de ideias de outra pessoa sem que sejam dados os créditos de autoria. É mais comum na prática escrita, mas também pode ocorrer em apresentações. O plágio, segundo Krokoscz (2011), envolve o plagiador, o autor plagiado e o leitor que terá acesso ao material, e que também poderá ser prejudicado pela prática.
Figura 2 – O plágio é uma falta grave do pesquisador em relação à comunidade científica. Fonte: Shutterstock, 2015.
O plágio é uma ocorrência nefasta para a comunidade acadêmica, uma prática inadmissível que traz descrédito não apenas para o indivíduo que o pratica, mas também para a instituição que ele representa. Embora o plágio seja previsto como infração pela Lei dos Direitos Autorais (Lei 9.610/1998) com enquadramento descrito no Código Penal (Artigo 184), no ambiente universitário, o plágio é uma forma de desacato da integridade acadêmica que escapa da responsabilização judicial (KROKOSCZ, 2011, p. 1).
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Metodologia científica
NÓS QUEREMOS SABER! Será que apenas o pesquisador que cometeu o plágio é responsável por esse acontecimento? Conforme Krokoscz (2011), o evento do plágio é responsabilidade de todos os envolvidos na instituição educacional: alunos, professores/orientadores, gestores e, também, comunidade científica. Isso porque, segundo o autor, tem ocorrido uma grande banalização dos casos por parte da mídia e da comunidade científica – em âmbito mundial.
O erro, por sua vez, acontece quando o pesquisador apresenta dados incorretos, tendo consciência disso ou não. Caso tenha consciência da natureza errônea das informações, ou seja, esteja propositalmente manipulando indicadores e resultados, o pesquisador poderá ser responsabilizado por fraude. Lembre-se de que os dados coletados devem ser testados; é seu dever garantir que o texto final e os argumentos que ele contém fiquem o mais embasado possível. Dessa forma, antes de você entregar o seu material para avaliação e validação, utilize recursos científicos para testar mais uma vez as suposições que constam em sua pesquisa. É responsabilidade do pesquisador publicar resultados que possam ser comprovados cientificamente. Imagine que um pesquisador da área médica divulgasse um estudo sobre a cura de alguma doença sem a comprovação adequada pelos métodos científicos. Quantas pessoas poderiam ser impactadas por isso? A fraude científica, por fim, ocorre quando os propósitos da ciência são desviados para interesses pessoais. Por exemplo, um pesquisador ou um grupo de pesquisa que ganha notoriedade a partir de uma divulgação inventada e até criminosa. Não há erro ou plágio, mas a criação de uma teoria inteira ou de um objeto de estudo inédito, que não procede em sua veracidade. Há impressionantes histórias, mundialmente conhecidas, sobre pesquisadores que inventaram elos perdidos, culturas sociais inteiras, elementos químicos e outros supostos feitos que, de verídicos, nada tinham – casos que se caracterizaram como grandes escândalos, inclusive, erroneamente sustentados pelas instituições que os apoiavam.
CASO Na década de 1970, o governo filipino divulgou a descoberta de uma nova tribo, até então isolada, que ainda reproduzia os moldes pré-históricos em seu território. O evento foi divulgado por emissoras de televisão e revistas como a National Geographic e a BBC. A suposta tribo era chamada de Tasaday, e seus habitantes viviam na ilha de Mindanao. Não demorou para que antropólogos e outros cientistas sociais se deslocassem em massa para tal ilha, a fim de estudar e compreender os hábitos desse povo que permanecia isolado por mais de dois mil anos, segundo o governo filipino. Imagine poder estudar os primórdios da civilização in loco e ter contato com um povo que sequer conhecia a agricultura. Muitos detalhes de sua cultura, como alimentação, rituais e linguagem, foram revelados e impactaram o mundo. Tempos depois, a verdade veio à tona: a tribo foi uma invenção do governo filipino, então sob a tirania de Ferdinand Marcos. Só após ele deixar o poder, em 1986, foi possível descobrir que a tribo era uma farsa: os membros da Tasaday usavam jeans e camisetas e não morava em cavernas – exceto quando encenavam ser uma tribo pré-histórica. O caso ficou tão conhecido que virou filme em 1998, A Tribo dos Krippendorf. Esse foi um dos casos de fraude científica mais conhecidos de toda a história (apud ANAZ, s/d.)
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Cada vez mais, a comunidade acadêmica tem sido surpreendida por casos de conduta improcedente e antiética dos pesquisadores. Em contrapartida, muitas entidades têm publicizado esses casos e seus autores, para evitar que esse tipo de prática se repita. Atualmente, as ocorrências, sobretudo, de plágio, que são mais comuns, podem ser facilmente descobertas com o auxílio de programas eletrônicos antiplágio, que também constatam similaridades.
NÃO DEIXE DE LER... O artigo Abordagem do plágio nas três melhores universidades de cada um dos cinco continentes e do Brasil, de Marcelo Krokoscz (2011), é um estudo que mostra a questão do plágio mais a fundo – tema ainda pouco estudado no Brasil. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v16n48/v16n48a11.pdf>.
É preciso estar atento: muitas vezes, o estudante, quando está produzindo um trabalho acadêmico, busca uma referência, mas se esquece de dar o devido crédito. Mesmo que não haja a intenção, obviamente, a prática é considerada plágio e poderá ser contestada. Por isso, é muito importante aprender a normatização técnica no que se refere ao padrão de referências bibliográficas, citações e metodologia científica de forma geral. Qualquer tipo de reprodução de uma obra alheia, sem atribuição de créditos e ou permissão, se caracteriza como plágio.
Figura 3 – O plágio se caracteriza por uma atitude antiética. Fonte: Shutterstock, 2015.
Podemos dizer também, quanto à falta de intenção do plágio, que muitos alunos, ainda inexperientes e sem a orientação adequada, podem citar ideias sem as devidas fontes – o que é ainda mais comum no meio científico. O resultado muitas vezes é uma “colcha de retalhos”: um texto desconexo, cheio de ideias pouco desenvolvidas e abruptamente interrompidas entre um parágrafo e outro.
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Metodologia científica
Nesse caso, a solução é simples: antes de iniciar sua redação científica, crie um planejamento do que pretende escrever. Selecione a bibliografia e por etapas, ou seja, para cada seção do trabalho. Leia tudo antes de começar a redigir o texto. Você deve colocar no papel sua interpretação sobre o tema, citando as fontes, obviamente. É preciso que o pesquisador deixe impresso o seu parecer sobre a questão, explicando os termos implícitos sempre que possível. Assim, você terá um texto próprio e saberá como incluir a fundamentação teórica. Reescreva quantas vezes puder até aprimorar seus argumentos. No caso das normas da ABNT (NBR 10520:2002), se for usada uma citação direta (um trecho idêntico ao original ao do autor consultado) de até três linhas, deve-se colocá-la entre aspas duplas, identificando o autor, bem como o ano de publicação e a página. Se a citação tiver mais de três linhas, deve-se destacá-la em um novo parágrafo, sem aspas, com recuo de 4 cm da margem esquerda, com fonte menor que a do texto e espaçamento simples, indicando novamente o autor, o ano e a página. Quando você as ideias do autor pesquisado forem mescladas às do pesquisador que escreve, deve-se citar o autor e a data, sem necessariamente a página, já que não é uma citação literal. Todos os autores citados na obra devem constar na bibliografia e vice-versa. Kokoscz (2011) cita diferentes tipos de plágio:
• plágio direto: trata-se da cópia literal. • plágio indireto (paráfrase): refere-se à interpretação de um texto original sem indicação da fonte.
• plágio de fontes: é a reprodução de citações de outros trabalhos sem mencionar a fonte. • plágio consentido (conluio): quando o pesquisador apresenta trabalhos feitos por colegas ou comprados – a famosa inclusão de autoria.
• Autoplágio: refere-se à entrega mesmo trabalho em disciplinas distintas, sem informar que o material já fora apresentado em outra ocasião.
Também é muito comum na comunidade acadêmica o “empréstimo de hipóteses”. Nesse caso, o plágio não ocorre na citação de trechos, mas na escolha da hipótese ou na aquisição de teorias. Muitas vezes, por obstáculos linguísticos ou pela má escolha da publicação, que não tem muita visibilidade, muitas ideias de boa qualidade não atingem um público maior, e são aproveitadas por oportunistas em outros trabalhos. Esse também é um ato de desonestidade.
NÓS QUEREMOS SABER! Como você acha que será a carreira de um profissional, após formado, que busca sempre fazer uso das ideias alheias? Que tipo de aprendizados teve na sua experiência de pesquisa científica? Muitas vezes, por falta de um apreço maior das instituições pelas práticas de verificação e punição dos casos de plágio ou fraude, o pesquisador estudante pode ter uma atitude ilícita sem ser questionado. Mas, quando precisar aplicar os conhecimentos adquiridos na faculdade, não terá condições de realizar um trabalho de excelência. Não basta saber citar os autores, inclusive; é preciso aprender a argumentar sobre as teorias deles.
É importante, desde já, você estar atento às novidades de sua área, sempre com o interesse de desenvolver e testar novos conhecimentos de forma ética, trazendo e garantindo benefícios e vantagens para seu campo de pesquisa. 58 Laureate- International Universities
CASO Outro caso famoso de fraude científica data do século XVIII. Os médicos britânicos, que tinham muita reputação naquela época, um deles até atendia o rei George, da Inglaterra, atestaram erroneamente uma das mais famosas e absurdas fraudes científicas de todos os tempos. Eles narraram o caso da mulher que deu à luz 16 coelhos. Isso mesmo: a polêmica repercutiu por toda a Europa na época. A mulher, que se chamava Mary Toft, ficou grávida em 1726 mas, em seguida, sofreu um aborto. Por motivos ainda incertos, Mary, que tinha uma verdadeira obsessão por coelhos, alegou ter dado à luz os animais. O evento envolveu vários cirurgiões da época. Por incrível que pareça, todos os pesquisadores confirmaram a história de Mary. O rei George solicitou que ela fosse a Londres para seu caso ser melhor analisado pelos cientistas. Com isso, ela acabou confessando a farsa. Mary Toft foi presa por fraude, e a comunidade médica britânica caiu em descrédito pela população (NAYADE, 2014).
3.1.3 Segurança das amostras e dos dados coletados É importante dizer que o pesquisador tem uma grande responsabilidade quanto à segurança das amostras e dos dados coletados, que devem ficar sob sua guarda, com garantia de sigilo e integridade da identidade das pessoas, dos documentos e dos instrumentos envolvidos, bem das informações prestadas ou colhidas. Muitas vezes, quando o processo envolve pessoas e instituições, é importante utilizar termos que validam o uso de imagem, áudio e informações de uma forma geral. Todos os envolvidos devem ter ciência da proposta da pesquisa, da identidade do pesquisador e do impacto dos dados para a comunidade científica e a sociedade como um todo. Dessa forma, ao estabelecer sua coleta de dados, tenha desde o primeiro momento uma atitude transparente e clara.
NÃO DEIXE DE VER... Assista à exposição do neurocientista e filósofo Sam Harris, A ciência pode responder questões morais, apresentada na série de conferências destinadas à divulgação de ideias chamadas TED (Technology, Entertainment, Design) em 2010. No vídeo, Harris fala sobre as relações entre as ciências e os valores humanos e também discute até que ponto os cientistas devem se abster de suposições morais. Disponível em: <http://www.ted. com/talks/sam_harris_science_can_show_what_s_right?language=pt-br#t-13703>.
Em alguns casos, os personagens e as localidades não devem ser identificados por questão de privacidade, podendo ser referidos como “personagem 1”, “indivíduo 1”, “escola a”, “empresa 1” etc. Esse tipo de apresentação varia conforme o tipo, a abordagem e as intenções de pesquisa.
NÃO DEIXE DE LER... O texto Ciência, coisa boa!, do educador brasileiro Rubem Alves (2001), traduz um pouco da importância e da satisfação de se fazer ciência. O texto foi publicado na obra Introdução às Ciências Sociais, de Nelson C. Marcelino (Editora Papiro, 2001, p. 9-16).
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Metodologia científica
3.2 Definir a coleta de dados Essa é uma etapa muito importante do trabalho científico. É preciso escolher e, posteriormente, descrever a forma como foram coletados os dados e as informações que comprovam ou ilustram os argumentos. Veja algumas opções de coleta de dados a seguir.
3.2.1 Coleta bibliográfica Toda pesquisa utiliza a coleta bibliográfica. Mas há aquelas que fazem deste o seu principal ou único método de coleta. Nesse caso, o pesquisador faz uma revisão crítica de diversas fontes de pesquisa relacionadas ao tema. Então, usa diferentes autores para fundamentar suas ideias e as insere no trabalho escrito conforme a padronização técnica, contextualizando cada uma das referências e confrontando-as sempre que possível. É aconselhável que se usem materiais e informações em primeira mão, contemplando apenas as referências sobre o tema em questão, sem se limitar às ideias dos livros técnico-científicos, privilegiando o uso de periódicos especializados (SILVA, 2008).
Figura 4 – É preciso citar de forma organizada como coletou os dados de sua pesquisa. Fonte: Shutterstock, 2015.
NÃO DEIXE DE LER... Consulte as normas da ABNT que padronizam citações de referências sempre que necessário. Elas orientam o modo como as fontes bibliográficas devem aparecer no texto. O documento sobre as citações é o NBR 10520 (ABNT, 2002).
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3.2.2 Coleta documental Esse tipo de coleta é muito usado por algumas áreas do conhecimento, como a História, por exemplo. Os documentos são recolhidos ou acessados em instituições como prefeituras, ONGs, instituições governamentais, empresas privadas, coleções particulares, institutos de pesquisa etc. Como toda fonte, os documentos também devem ser mencionados no texto. Exemplo: Dados coletados nos registros acadêmicos arquivados na secretaria da Universidade de São Paulo (USP) – 2015.
3.2.3 Questionário É composto por questões previamente preparadas e apresentadas por escrito às pessoas que fazem parte do estudo. Para construir um questionário de pesquisa, reflita sobre os objetivos do projeto e tente prever se as respostas podem atender aos objetivos geral e específicos.
Figura 5 – O questionário é uma boa fonte de dados para a pesquisa científica. Fonte: Shutterstock, 2015.
A elaboração do questionário requer algumas etapas (LABES, 1998):
• Análise dos objetivos e do problema de pesquisa; • Criação do questionário propriamente dito; • Testagem
e pré-testagem – verificar se as questões são coerentes com o projeto e se funcionariam como coleta de dados;
• Distribuição e aplicação; • Tabulação dos dados alcançados; • Análise e interpretação dos dados. 61
Metodologia científica
Sobre as questões do questionário, segundo Gil (1999), podemos supor três tipos básicos: questões fechadas, questões abertas e questões relacionadas. Questões fechadas: nesse caso, o pesquisador deve apresentar alternativas de resposta ao en-
trevistado, que escolhe a opção que mais se aproxima da sua opinião. É preciso colocar a opção “outros” e orientar para que o participante escolha apenas uma alternativa. Exemplo: Qual sua fruta preferida? ( ) maçã ( ) morango ( ) abacaxi ( ) banana ( ) jabuticaba ( ) Outra: ___________________ Questões abertas: são aquelas em que a pergunta é seguida deum espaço para que a pessoa
responda da forma como preferir, sem sugestão de respostas no enunciado. Esse tipo de pergunta demanda uma tabulação mais complexa dos dados e exige um pouco mais de tempo do participante. Exemplo: O que você considera essencial em seu plano de saúde? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Questões relacionadas: são aquelas que dependem da resposta de questões anteriores. É im-
portante que se inicie o questionário com as questões mais fáceis e impessoais. Também é recomendado que não haja mais de 30 questões, preferencialmente. Exemplo: - Você faz algum tipo de atividade física? ( ) Sim (responda a questão seguinte) ( ) Não (pule para a questão 24) - Qual o período dedicado às atividades físicas semanalmente? (
) 7 vezes na semana
(
) Em dias intercalados
(
) Apenas nos fins de semana
(
) Outro: _________________________
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O questionário é aplicado antes da elaboração do material escrito de sua pesquisa. Todo questionário implicará em amostras, que devem ser organizadas, tabuladas e apresentadas no trabalho escrito. Veja alguns tipos de organização de amostragem, conforme Labes (1998):
• amostragem
causal ou aleatória simples: trata-se do sorteio da amostra coletada –
nem todos os dados são utilizados;
• amostragem
probabilística: ocorre quando há possibilidade de todos os elementos serem usados na pesquisa ou aleatoriamente;
• amostragem sistemática: é caracterizada pela ordenação dos participantes da pesquisa em subgrupos;
• amostra proporcional estratificada: é definida por variáveis – escolaridade, sexo, idade etc.
3.2.4 Entrevista Se você quiser utilizar em sua pesquisa uma coleta de dados que atenda diretamente às pessoas, a fim de obter a opinião delas sobre algo, por exemplo, utilize a entrevista. De acordo com Dencker (2000), uma entrevista pode ser caracterizada pela interação e pela comunicação verbal entre o(s) participante(s) e o pesquisador, de forma organizada. Esse tipo de coleta é muito usado nas pesquisas das ciências humanas e de mercado. A entrevista pode ser estruturada (com perguntas definidas) ou semiestruturada (quando o pesquisador tem liberdade de intervenção). A entrevista pode ser ainda informal (usada principalmente quando ainda há poucos conhecimentos por parte do pesquisador) e por pauta (quando há poucas questões feitas diretamente ao participante, apenas um ordenamento conceitual).
3.2.5 Observação A observação é usada quando há necessidade de aprofundamento em certas áreas. Há seis tipos de observação científica, conforme Gil (1999):
• Observação
estruturada: trata-se da observação científica com estrutura organizada
previamente.
• Observação não estruturada: refere-se à observação que não tem uma ordem específica para a coleta de dados.
• Observação sistemática: ocorre quando há observação e descrição precisa de fenômenos ou testes de hipóteses, com categorias e variáveis previamente estabelecidas.
• Observação simples: ocorre quando o pesquisador observa seus objetos de estudo de maneira espontânea, como um expectador.
• Observação
participante: ocorre quando o pesquisador mantém contato direto com seu objeto de estudo. Nesse caso, ele vira um ator e desenvolve uma função no grupo. É comum entre as pesquisas antropológicas.
• Observação não participante: trata-se de quando o pesquisador não é ativo no grupo que pesquisa e mantém certa distância.
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Metodologia científica
Figura 6 – A observação sistemática ocorre muitas vezes em laboratórios, em pesquisas sobre reações entre componentes químicos, por exemplo. Fonte: Shutterstock, 2015.
VOCÊ O CONHECE? Um dos mais renomados cientistas brasileiros foi Mário Schenberg (1914-1935). Ele é considerado um dos maiores físicos teóricos do Brasil, com trabalhos publicados nas áreas de termodinâmica, mecânica estatística, relatividade geral, mecânica quântica, astrofísica e matemática. Além disso, foi um grande apreciador de arte, se envolvendo com literatura, artes plásticas e arquitetura. É reconhecido internacionalmente.
3.3 Compreender o processo de análise de dados Com os dados e as amostras em mãos, qual é o próximo passo do pesquisador? Fazer a análise estruturada desses dados e cruzá-los com as demais informações estabelecidas no projeto de pesquisa. Nessa fase, como veremos a seguir, o pesquisador precisa discutir os dados encontrados e confrontá-los com os obtidos por outras fontes, ressaltando os objetivos propostos pela hipótese e incorporando-os a um sistema teórico-prático.
3.3.1 Análise dos dados A análise dos dados é uma das fases mais importantes, pois é quando são apresentados os resultados e a conclusão da pesquisa. O pesquisador poderá comprovar se atingiu os objetivos propostos ou se suas hipóteses não foram comprovadas, o que também é válido para o trabalho científico. Essa fase da pesquisa tem como objetivo reunir as informações de modo organizado, com a preocupação de responder o problema inicialmente proposto. Para isso, é preciso estabelecer uma relação entre os dados coletados. Você pode apresentar uma análise descritiva e geral e, 64 Laureate- International Universities
em seguida, interpretar o cruzamento de dados e a relevância para as demais informações apresentadas na pesquisa. O processo de análise dos dados se dá pela ordem, pela estrutura e pelo significado dos dados, conforme o tipo de abordagem escolhida no projeto. O pesquisador pode considerar algumas premissas gerais:
• Transformar os dados coletados em conclusões úteis e de credibilidade; • Estabelecer
tópicos estruturados, processando os dados e procurando tendências, diferenças e variações na informação obtida;
• Contrapor ou validar as informações previamente estabelecidas; • Descrever como processos, técnicas e ferramentas são baseados em certos pressupostos e investigar suas limitações.
Há muitas técnicas de análise de dados, que podem ser utilizadas em pesquisas de natureza qualitativa ou quantitativa. Para Trivinõs (1987, p. 137), “é possível concluir que todos os meios que se usam na investigação quantitativa podem ser empregados também no enfoque qualitativo”. Segundo ele, é o foco do pesquisador que varia nesse caso: “[...] atenção especial ao informante, ao mesmo observador e às anotações de campo”, o que não ocorre na pesquisa quantitativa. As principais técnicas de análise de dados são a análise de conteúdo, a estatística descritiva univariada e a estatística multivariada. Análise de conteúdo: trata-se do conjunto de técnicas de análise das comunicações, que tem
por objetivo fundamentar a leitura e ultrapassar as incertezas, buscando informações nem sempre aparentes e tirando desses conteúdos uma mensagem que possa ser discutida junto ao leitor (BARDIN, 1977). Para isso, o pesquisador deve fazer recortes no conteúdo, extraindo os elementos que devem ser agrupados em categorias, com o mesmo sentido. Os atributos necessários para a análise de conteúdo são: objetividade, sistemática (o conteúdo deve ser organizado) e quantitativo (deve evidenciar os elementos significativos). Bardin (1977) ainda afirma que o conteúdo tem duas funções básicas:
• função
heurística: que aumenta a expansão da descoberta, enriquecendo a tentativa exploratória;
• função de administração da prova: em que se buscam provas pela análise para afirmação de uma hipótese.
Estatística descritiva univariada: trata-se de descrição e análise sem inferências ou conclu-
sões. Para Malhotra (2001), essas técnicas são utilizadas quando há uma única medida de cada elemento na amostra ou quando cada elemento e cada variável são estudados isoladamente. Logo, o objetivo é representar, de forma concisa, sintética e compreensível, a informação contida num conjunto de dados. Se o volume de dados for grande, é preciso estabelecer os dados em recursos como tabelas e gráficos ou, ainda, estabelecer medidas ou indicadores que representam a informação. Estatística multivariada: como o próprio nome sugere, trata-se de um conjunto de métodos
estatísticos utilizados em situações em que há diversas variáveis medidas simultaneamente. Essas variáveis geralmente são correlacionadas, e, quanto maior o número de variáveis, mais complexa se torna a análise estatística univariada (MINGOTI, 2005). De forma geral, essa técnica serve para simplificar a compreensão dos dados, sistematizando as informações quando o número de variáveis envolvidas é muito grande. 65
Metodologia científica
Em relação à análise de dados, Cazorla (s/d.) concebe quatro tipos distintos: Análises qualitativas: não dispõem de uma regra formal. Contudo, quando os dados se apre-
sentam em forma de discurso, a análise pode compreender quatro etapas: a) preparação e descrição do material bruto; b) redução e seleção dos dados; c) escolha e aplicação dos modos de análise; d) análise transversal das situações ou dos casos estudados (CAZORLA, s/d.). Análises quantitativas: ocorre quando o planejamento das análises é realizado em função de
cada uma das questões ou hipóteses da pesquisa. Há ainda dois níveis de análises: as descritivas e as ligadas às hipóteses. Exemplo: Para entender melhor as análises quantitativas, vamos utilizar o exemplo do ruído no estacionamento de um shopping center. Para a análise qualitativa, poderíamos conversar com os usuários e funcionários para determinar a exposição dos mesmos ao ruído. Nesse caso, um simples questionário pode ser uma ferramenta interessante para determinar o quanto a exposição ao barulho pode atingir e incomodar funcionários e usuários. Esse tipo de análise é usado para determinar o risco da exposição ao ruído, sem a utilização de equipamentos de avaliação. A análise quantitativa tem como objetivo determinar o nível exato da exposição do ruído. Essa análise é feita com base em números, ou seja, é estabelecida uma quantidade numérica com ajuda de equipamentos, que verifica a quantidade de ruído no estacionamento ao qual funcionários e usuários estão expostos. Exemplificando: Qualitativa = tem ligação com qualidade. Quantitativa = tem ligação com quantidade (quantidade numérica da exposição). Análises descritivas: servem para descrever o comportamento de uma variável em uma popula-
ção ou amostra. Todos os dados quantitativos requerem análises descritivas, independentemente das hipóteses da pesquisa. Análises ligadas às hipóteses: nesse caso, cada uma das hipóteses formuladas no quadro
conceitual deve ser verificada. Assim, no caso de dados de natureza quantitativa, essa verificação se faz com a ajuda de ferramentas estatísticas. A natureza da hipótese implica na escolha da ferramenta estatística a ser utilizada, devendo ser levados em conta os seguintes pontos: características da estratégia da pesquisa, modelo e variáveis medidas.
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3.4 Abordar as noções de estatísticas para o pesquisador Você sabe como se define a Estatística? Veremos a seguir um pouco mais da importância dela no fazer científico, evidenciando algumas nuances desta disciplina – técnica de amostragem, distribuição de frequência, público-alvo e população, gráficos, tabelas e medidas, probabilidade etc.
3.4.1 O que é Estatística? Sempre que o pesquisador precisar realizar o processamento, a interpretação e a apresentação de dados numéricos, pode fazer uso da Estatística. Você já deve ter visto pesquisas que apresentam a opinião de pessoas sobre candidatos a algum cargo político por votação pública, opinião do público sobre algum produto ou serviço e, até mesmo, sobre previsão do tempo. Todos esses temas (e muitos outros) podem ser apurados graças ao uso de técnicas estatísticas. Em geral, as informações estatísticas são apresentadas e analisadas a partir de recursos gráficos, como tabelas, mapas mentais, gráficos e outros tipos de ilustração que facilitam a interpretação dos dados. Para estabelecê-los, a Estatística propõe o uso de técnicas matemáticas e quantitativas – o que é muito relevante para o método científico e para qualquer área de conhecimento. Assim, podemos definir a Estatística como um conjunto de técnicas e métodos de pesquisa que envolve (CARZOLA, s/d.):
• planejamento do experimento; • coleta dos dados; • inferência (ou seja, estimação das quantidades ainda desconhecidas e teste das hipóteses do pesquisador);
• processamento; • análise; • divulgação das informações. 3.4.2 Termos comuns à Estatística Já vimos algumas técnicas estatísticas bem comuns entre os trabalhos científicos – a análise do conteúdo, a estatística descritiva univariada e a estatística multivariada. Há ainda outras técnicas mais específicas nas quais o pesquisador pode se aprofundar. No caso da pesquisa científica, as diversas técnicas estatísticas ajudam a operacionalizar as hipóteses ou questões de pesquisa. Dessa forma, independentemente da técnica estatística utilizada, devemos considerar a seguinte relação (Figura 7):
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Metodologia científica
O papel da estatística Parâmetros populacionais
Hipóteses Amostras Estimadores
Inferência Estatística
Dados Estimativas
Figura 7 – O papel da estatística no fazer científico. Fonte: Carzola, s/d.
Há termos comuns que todo pesquisador que utiliza os métodos estatísticos deve conhecer. Vejamos alguns deles:
POPULAÇÃO
AMOSTRA
Inferência Estatística: - Estimação de quantidades desconhecidas - Extrapolação dos Resultados - Testes de hipóteses
Figura 8 – Relação entre a população, a amostra e a inferência estatística. Fonte: Elaborado pela autora, 2015.
• População ou público-alvo: define-se, a partir de um universo, um grupo específico de sujeitos ou fenômenos que se quer estudar com características em comum.
• Amostra:
trata-se de um subconjunto de indivíduos da população-alvo. Para que as generalizações sejam válidas, as características da amostra devem ser as mesmas da população.
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• Dados: são as informações obtidas pela amostra. • Inferência: trata-se da previsão da quantidade ainda desconhecida da pesquisa. • Variáveis:
são as características de uma população. São divididas em dois tipos, as dependentes (cujos efeitos são esperados de acordo com as causas) e as independentes (cujos efeitos queremos medir, ou seja, as que são assinaladas às “causas” do fenômeno que se quer estudar). Elas variam também conforme o enfoque da pesquisa (Quadro 1):
Tipos de pesquisa
Tipos de variáveis
Pesquisa experimental
Variáveis independentes Variáveis dependentes As “outras” variáveis (variáveis de controle, fator de confusão, entre outras)
Pesquisa sintética
Não é pertinente a classificação, pois as variáveis se relacionam em rede
Pesquisa de desenvolvimento
Não é necessário distinguir as variáveis, pois o objetivo é estabelecer e validar uma intervenção ou intrumento de medida de uma construção
Quadro 1 – Tipos de variáveis estatísticas conforme a natureza da pesquisa. Fonte: Carzola, s/d.
Distribuição de frequência: refere-se à representação do conjunto de dados, ou seja, quando
os dados estão organizados em grupos ou categorias. Probabilidade: são os dados que usamos quando determinamos resultados possíveis. Vamos
supor, como exemplo, que você esteja estudando os problemas de aprendizagem na disciplina de matemática na turma X (5ª série) da escola 1. Para esse problema de pesquisa, você apontou duas hipóteses, que quer verificar pelos métodos estatísticos. Hipótese 1: os problemas de aprendizagem na disciplina de matemática da turma X estão rela-
cionados à falta de situações práticas e à necessidade de exercícios complementares como tarefa. Hipótese 2: os alunos da turma X da escola 1 não recebem acompanhamento dos pais em suas
tarefas domésticas. Dessa forma, temos:
• população: alunos da escola 1. • amostra: alunos de matemática da turma X (5ª série) da escola 1. • dados: informações obtidas pela pesquisa sobre o acompanhamento dos pais. • inferências: quantidade de alunos com acompanhamento dos pais e sua relação com a compreensão dos problemas matemáticos.
• variáveis: características comuns dos alunos.
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Metodologia científica
Para estudar o desempenho escolar da turma X na escola 1, vamos verificar quantos alunos têm o acompanhamento dos pais nas tarefas de casa e a relação desse fato com o bom rendimento escolar. A partir daí, teremos a percentagem de alunos com boas notas que são acompanhados e veremos se as hipóteses lançadas são comprováveis.
Alunos
Alunos com notas acima da média
Alunos com acompanhamentos dos pais nas tarefas
38%
81%
Alunos sem acompanhamentos dos pais nas tarefas
53%
13%
Pais/aluno que não responderam à pesquisa
9%
-
Total
81%
-
Quadro 2 – Tipos de variáveis estatísticas conforme a natureza da pesquisa. Fonte: Carzola, s/d.
Dos 38% de alunos que são acompanhados pelos pais, 81% têm notas acima da média, o que poderia indicar que o acompanhamento escolar doméstico faz diferença na aprendizagem de matemática entre os alunos da turma X. Dos 53% dos alunos que não são acompanhados, apenas 13% têm notas acima da média, o que pode indicar que a contribuição dos pais é muito relevante para melhorar o desempenho de aprendizagem nas aulas de matemática da turma X. Veja que esse exemplo é bem simplório e preliminar e que muitas outras variáveis podem ser consideradas no caso da turma X, tais como orientação e comunicação da escola com os pais, por exemplo, ou maior participação deles no contexto escolar e, até mesmo, o conhecimento dos pais em matemática. O pesquisador deve fazer uma análise contextualizada (dentro dos parâmetros que determinou para a sua pesquisa) como integral (considerando outros pontos que inicialmente não eram de seu conhecimento ou interesse).
NÃO DEIXE DE VER... Para compreender melhor a estatística e aplicá-la ao seu projeto científico, não deixe de acessar o conteúdo interativo Estudos Estatísticos do portal Khan Academy. O acesso é gratuito e está disponível em: <https://pt.khanacademy.org/math/probability/statistical-studies>.
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Síntese Síntese
Neste capítulo, você pôde:
• compreender o que são as amostras científicas e como ocorre a coleta de dados em um processo de pesquisa;
• constatar a importância de se estruturar os objetivos da coleta de dados antes de iniciar a pesquisa propriamente dita, para torná-la mais assertiva;
• concluir
que os dados devem evidenciar situações e soluções para os objetivos e as hipóteses de pesquisa – e isso o pesquisador poderá verificar na fase de análise dos dados;
• entender que há questões éticas quanto à coleta e à segurança dos dados, bem como à toda a estrutura e pertinência da pesquisa, e que o plágio, o erro e a fraude científica são faltas éticas graves;
• conferir os diferentes tipos de coleta de dados e perceber que o seu uso varia conforme a natureza da pesquisa, assim como ocorre com os tipos de amostragem;
• ver que a análise dos dados é um momento muito importante da pesquisa e é quando o pesquisador discute e contrapõe os dados com a fundamentação do seu trabalho e com as hipóteses mencionadas;
• perceber a importância dos métodos estatísticos para pesquisas científicas e não científicas, e o quanto esses métodos são essenciais para a coleta, o processamento, a interpretação e a apresentação de dados numéricos.
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Referências Bibliográficas
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Capítulo 4
Apresentação dos resultados científicos
Introdução Você já parou para pensar por que é importante fazer uma boa apresentação de trabalho acadêmico? Pois uma boa apresentação é o reflexo de um estudo cuidadosamente planejado e devidamente executado pelo estudante. E para facilitar a exposição dos dados e a compreensão do leitor, o que uma boa pesquisa deve conter? Primeiro de tudo, uma correta formatação, aliada a recursos visuais durante o desenvolvimento do conteúdo, tais como: tabelas, gráficos e figuras. Mas vale ressaltar que, por exemplo, existe um jeito certo para apresentar tabelas e gráficos ao longo de seu projeto. Inclusive, é necessário seguir algumas regras de apresentação na hora de elaborar uma pesquisa científica. Afinal, por que existem essas regras? Porque seu trabalho precisa ser considerado relevante e consistente, bem como ter um aspecto formal e apresentável, pois só assim demonstrará toda a sua organização para aqueles que avaliarão você. Para entender bem essas regras, dedique-se bastante ao estudo deste conteúdo a fim de desenvolver mais essa competência profissional e acadêmica tão essencial nos dias de hoje. Este capítulo guiará você de forma simples e prática para fazer uma boa apresentação de seu futuro trabalho acadêmico. Preparado para começar? Então vamos lá! E acompanhe-nos!
4.1 Tipos de apresentação dos dados de pesquisa É chegada a hora de fazer a apresentação dos dados do seu trabalho acadêmico. O que fazer? Por onde começar? Inicialmente, você precisa planejar a apresentação dos dados. Mas, para isso, é preciso que você conheça a natureza e os tipos de dados a serem apresentados, bem como as afirmações contidas neles.
4.1.1 Forma de apresentação dos dados em um trabalho científico Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 214), “os dados serão apresentados de acordo com sua análise estatística, incorporando no texto apenas as tabelas, os quadros, os gráficos e outras ilustrações estritamente necessárias à compreensão do texto”. Então, no caso de sua pesquisa utilizar questionário, você pode descrever os dados obtidos conforme o exemplo a seguir.
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Metodologia científica
Frequência
Absoluta
Relativa
Valorização da empresa
19
21%
Benefícios
31
34%
Imagem da empresa no mercado
14
16%
Estabilidade
7
8%
Tabela 1 – Exemplo de tabela de frequência. Fonte: Elaborada pela autora, 2015.
Porém, verifique sempre qual recurso visual poderá ser usado para demonstrar as evidências a que se chegou por meio da pesquisa. Afinal, todos os dados pertinentes devem ser apresentados, mesmo se algum resultado for inconclusivo.
Figura 1 – Apresentação dos dados. Fonte: Shutterstock, 2015.
4.1.2 Tabelas Você sabia que a tabela possibilita que o pesquisador transmita informações de forma objetiva, facilitando, assim, o entendimento do leitor? Na NBR 14724 (2011, p. 4), a norma da ABNT para apresentação de trabalhos acadêmicos, a tabela é definida como “forma não discursiva de apresentar informações das quais o dado numérico se destaca como informação central”. Mais adiante, na NBR 14724 (2011, p. 11), podemos verificar que as tabelas “devem ser citadas no texto, inseridas o mais próximo possível do trecho a que se referem [...]”. Mas quais são os elementos básicos que compõem uma tabela? Uma tabela deve ser composta com os seguintes elementos:
• número da tabela; • título da tabela; 76 Laureate- International Universities
• coluna indicatória; • cabeçalho; • campos da tabela; • rodapé. Perceba, de modo visual, os elementos que compõem uma tabela: Tabela (nº) Título (deve ser o mais completo possível)
Coluna indicatória: indica o que mostra cada linha, pode aparecer mais de uma vez
Cabeçalho: indica o que mostra em cada coluna Campo da tabela: é o cruzamento das linhas e colunas.
Rodapé: indica a ordem dos dados e esclarece as dúvidas. Fonte: indica o autor direto da tabela, de onde foram extraídas as informações para a tabela. Nota: é utilizada para comentar o dado informado. Figura 2 – Modelo de tabela. Fonte: Elaborada pela autora, baseado em Filho e Santos, 2010.
NÃO DEIXE DE LER... Para saber mais sobre como elaborar tabelas em trabalhos acadêmicos, leia Normas de apresentação tabular, uma obra produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que pode ser acessada pelo link: <http://biblioteca.ibge.gov.br/ visualizacao/livros/liv23907.pdf >. Das páginas 41 a 60 desse livro, confira vários exemplos de tabelas para você se inspirar!
4.1.3 Gráficos Será que é muito comum a utilização de gráficos em trabalhos acadêmicos? Sim! Até porque eles têm o objetivo de apontar as informações em evidência, permitindo que o pesquisador transmita a informação com maior clareza, além de proporcionar ao leitor uma visualização mais rápida dos dados apresentados (SANTOS; FILHO, 2000). No entanto, você deve ficar atento a algumas regras básicas. Por exemplo, o gráfico deve ser autoexplicativo e de fácil compreensão. Além disso, ele precisa atender a três requisitos: simplicidade, clareza e veracidade.
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Metodologia científica
Segundo as normas do IBGE (1993), os gráficos apresentam:
• Título: deve ser colocado acima do gráfico, seguindo as mesmas regras para elaboração de tabelas.
• Escala:
deve crescer da esquerda para a direita e de baixo para cima, seguindo os princípios dos eixos cartesianos.
Além desses componentes, recomenda-se a inserção de fontes de coletas de dados, seguindo a mesma orientação de tabelas. Inclusive, Santos e Filho (2000, p. 113) afirmam ainda que “deve-se adotar números e títulos” para cada gráfico. Mas vale ressaltar que existem vários tipos de gráficos, além de uma inúmera variação de programas de computadores que permitem diferentes apresentações desse recurso visual. Entre os tipos mais usados estão:
• gráfico
curvas ou linear: mostra uma variação de dados em que sua construção é ordenada de forma abcissa, ou seja, coordenada. Aliás, esse tipo de gráfico pode informar mais de um elemento em um mesmo quadrante. Veja o exemplo a seguir.
Intenção de voto
35
Resposta estimulada e única, em %
30
31
31
30
35
32
31
30
27
25%
26 24
Margem de erro de 3 Pontos
22
21
21
20
21
22
Russomano (PB)
23%
Serra (PSDB)
19%
Haddad (PT)
16
18
17 15
14
11% 8 6
7 6
6
8 6 5
7 4
7 5
8 5
8
4
9
4
Chalita (PMDB)
4%
Soninha (PPS) 13 e 14 jun
15 e 16 jun
19 e 20 jun
20 Ago 28 e 1 e 10 e 18 e 26 e 2e 29 ago 4 set 11 set 19 set 27 set 3 out
Gráfico 1 – Modelo de gráfico de curvas ou linear. Fonte: DataFolha, 2010.
• gráfico em barras: por meio de retângulos (na horizontal), mostra os valores obtidos
de forma proporcional. Pode, inclusive, informar mais de um elemento em um mesmo gráfico. Visualize a seguir.
78 Laureate- International Universities
Teste do Consumo Consciente São Paulo
Aceitaram
Recife
Rejeitaram ou não responderam
Florianópolis
Não responderam Brasília
Rejeitaram Rio de Janeiro
0%
20%
40%
60%
80%
Gráfico 2 – Modelo de gráfico em barras. Fonte: DataFolha, 2010.
• gráfico
de colunas: semelhante ao gráfico em barras, com a diferença de que os retângulos estão na vertical, esse tipo de gráfico também demonstra os valores obtidos de maneira proporcional. Aliás, pode haver mais de um dado na mesma representação gráfica, como mostra o exemplo a seguir.
Frutas Preferidas 40
F r u t a s
35 30 Pêra
25 20
Laranja
15
Uva
10 5 0
Meninas
Meninos Gráfico 3 – Modelo de gráfico de colunas. Fonte: Elaborado pela autora, 2015.
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Metodologia científica
• gráfico
de setores ou pizza: identifica percentuais obtidos por meio de pesquisa, entrevistas ou questionários. É representado por uma circunferência, a qual totaliza 100% (cem por cento). Por isso, geralmente, é utilizado para apontar a distribuição percentual de uma população, de uma amostra ou de alguns fatores. Contudo, só pode mostrar uma informação por vez, ou seja, cada gráfico de pizza trará apenas valores de um determinado dado. Para entender melhor, confira o modelo a seguir.
Gráfico 4 – Modelo de gráfico de pizza. Fonte: Tiobe, 2012.
NÃO DEIXE DE LER... Para saber mais sobre os tipos de gráficos, acesse o site do Microsoft Office Excel e conheça os tipos de gráficos que você pode utilizar em seu trabalho: <https://support. office.com/pt-br/article/Tipos-de-gr%C3%A1ficos-dispon%C3%ADveis-a6187218807e-4103-9e0a-27cdb19afb90?ui=pt-BR&rs=pt-BR&ad=BR#bmpiechartsbr/article/Tipos-de-gr%C3%A1ficos-dispon%C3%ADveis-a6187218-807e-4103-9e0a27cdb19afb90?ui=pt-BR&rs=pt-BR&ad=BR#bmpiecharts>.
4.2 Definir os modos de interpretação dos resultados Do projeto de pesquisa até o resultado da investigação, você precisa ter em mente que há um caminho cuidadoso para percorrer ao produzir um trabalho acadêmico. Por exemplo, interpretar os dados obtidos. Você já parou para pensar como deve interpretar esses dados na sua pesquisa? Vale lembrar que uma boa interpretação dos dados de sua pesquisa é o primeiro passo para que suas considerações sejam avaliadas com relevância e importância. Então, vamos aprender como interpretar corretamente? Siga em frente. E vamos lá! 80 Laureate- International Universities
4.2.1 Análise dos dados coletados Antes de iniciar a interpretação dos resultados, reflita: o que é necessário fazer? Primeiro de tudo, é de extrema importância fazer a leitura informativa dos dados coletados. Afinal, este é um dos requisitos para o sucesso do seu trabalho. Mas você sabe o motivo disso? O motivo é bem simples: por meio da leitura informativa, você coletará os principais dados e/ou informações que serão utilizados no trabalho, com o fim de responder a questões específicas (CERVO; BERVIAN; DA SILVA, 2007).
Figura 3 – Momento de leitura. Fonte: Shutterstock, 2015.
Normalmente, os dados obtidos são armazenados em fichas de coleta de dados, certo? Então, o armazenamento dos dados apresenta dois pontos críticos: a fidelidade da informação e a perda de dados. No entanto, eles podem ser minimizados. Quer saber como? Acompanhe-nos! Conforme Pinheiro (2010, p. 73), “a fidelidade da informação pode ser controlada pela conferência das informações discordantes e o cuidado com digitações redundantes”. Já a perda de dados pode ser sanada com a realização de cópias de segurança ao final de cada sessão de trabalho. Mas atenção: a coleta e a análise dos dados exigem do pesquisador a realização de uma pré-leitura, de uma leitura crítica (ou reflexiva) e uma leitura interpretativa das informações coletadas. Esse procedimento vai servir de base para organizar os dados a serem apresentados. Após essa etapa, o passo seguinte é fazer a análise e a interpretação dos dados. Observe que esses dois processos, apesar de estarem conceitualmente separados na metodologia, estão intrinsecamente relacionados: A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos (GIL, 1999, p. 168).
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Metodologia científica
NÃO DEIXE DE VER... O filme Nós que aqui estamos por vós esperamos, de Marcelo Masagão, mostra a banalização da morte e, por consequência, da vida, por meio de recortes bibliográficos reais e ficcionais. Essa obra brasileira de 1998 retrata o antagonismo de vida e morte do século XX, a partir da Primeira Guerra Mundial. Este é um excelente exemplo de pesquisa histórica para entender a importância de uma boa coleta de dados, com o objetivo de reforçar um tema, um pensamento ou um conceito.
4.2.2 Interpretação dos resultados Como relacionar os objetivos de um projeto, o seu tema e os dados coletados? Geralmente, a interpretação dos resultados fará essa correlação. Até porque, por meio dela, é apresentado o verdadeiro significado dos dados coletados em relação aos objetivos traçados, que devem estar alinhados ao tema da pesquisa. Para reforçar esse entendimento, Richardson (1999, p. 256), afirma que “o pesquisador deve interpretar, sintetizar a informação recopilada, determinar tendências e generalizar seus significados”. Em outras palavras, a interpretação tem relação direta com os dados empíricos e a teoria. Por isso, recomenda-se um equilíbrio entre seu estudo teórico e os dados obtidos em uma coleta, a fim de que os resultados da pesquisa sejam mais reais e significativos.
Figura 4 – Interpretando os resultados. Fonte: Shutterstock, 2015.
82 Laureate- International Universities
Lakatos e Marconi (1992, p. 231) ressaltam que, quando os “dados forem irrelevantes, inconclusivos ou insuficientes, não se pode nem confirmar e nem refutar uma hipótese. Caso isso aconteça, tal fato deve ser apontado, não só sob a análise estatística, mas também correlacionando com a hipótese anunciada na pesquisa”. Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 214-215), é necessário assinalar em uma pesquisa:
• as discrepâncias entre os fatos obtidos e os previstos nas hipóteses; • a comprovação ou a refutação da hipótese, ou ainda a impossibilidade de realizá-la; • a especificação da maneira pela qual foi feita a validação das hipóteses no que concerne aos dados;
• o valor da generalização dos resultados para um universo, no que se refere aos objetivos determinados;
• as maneiras pelas quais se pode maximizar o grau de verdade das generalizações; • a medida que a convalidação empírica permite atingir o estágio enunciado de leis; • a
forma como as provas obtidas mantêm a sustentabilidade da teoria e como elas determinam sua limitação ou até sua rejeição.
4.3 Compreender os modos de apresentação dos resultados Para compreender os modos de apresentação dos resultados de sua pesquisa, é importante que você conheça qual é a abordagem do seu trabalho. Você sabe quais elementos/características são utilizados para justificar uma abordagem denominada de quantitativa, qualitativa ou mista? Não? Então acompanhe, e bons estudos!
4.3.1 Compreendendo as abordagens Para que você tenha uma boa interpretação de dados, é necessário ter clareza quanto à abordagem de sua pesquisa: se esta é quantitativa, qualitativa ou ambas.
Figura 5 – Tipos de pesquisa. Fonte: Elaborada pela autora, 2015.
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Metodologia científica
A abordagem quantitativa busca exprimir as relações de dependência entre variáveis para tratar os fenômenos. Além disso, procura identificar os elementos constituintes do objeto estudado, estabelecendo a estrutura e a evolução das relações entre os elementos. Seus dados são métricos, sendo assim, para interpretá-los, você deve lembrar que:
• a representatividade é numérica; • a medição é objetiva; e • a quantificação
dos dados e a generalização dos resultados.
A abordagem quantitativa tem como objetivo generalizar os dados a respeito de uma população estudando uma pequena parcela ou a população inteira do objeto da pesquisa. Já a pesquisa com abordagem qualitativa é um estudo não estatístico, que busca identificar e analisar em profundidade dados de difícil mensuração. Entre eles, podemos citar sentimentos, sensações, motivações e comportamento dos indivíduos. Proporciona compreensão em profundidade do contexto do problema, em que busca entender o indivíduo na forma como ele age. Sendo assim, a pesquisa:
• não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc.;
• busca explicar o porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantifica os valores nem se submete à prova de fatos, pois os dados analisados são não métricos.
4.4 Definir os processos de redação e divulgação dos resultados Você já pensou em como divulgar os resultados de sua pesquisa? Uma boa apresentação de um trabalho acadêmico é o reflexo de um estudo cuidadosamente planejado e devidamente executado. Por isso, você precisa compreender como conduzir uma apresentação para socialização dos conhecimentos aprendidos durante o desenvolvimento de sua pesquisa. Portanto, é muito importante se ater à redação final. Ou seja, você deve levar em conta a linguagem que está utilizando, inclusive questões relativas à formação e ao modo de apresentação para trabalhos científicos. Para compreender melhor essas regras, a seguir, vamos ver como funciona isso em detalhes. Acompanhe-nos!
4.4.1 Divulgação dos resultados Chegou o momento de fazer a divulgação dos resultados de sua pesquisa. Mas você tem dúvidas de como fazer e por onde começar. Para ajudá-lo nessa trajetória, incialmente, planeje sua apresentação. Mas como planejar? Prepare um bom resumo, crie um material visual para auxiliá-lo e depois treine sua apresentação. Lembre-se: um bom resumo deve ser elaborado com antecedência. Por isso, não deixe para elaborá-lo no dia ou na noite anterior a sua apresentação. O resumo deve conter as ideias e os argumentos principais de seu trabalho. E não se esqueça de considerar o tempo, o objetivo e o público que assistirá à apresentação. 84 Laureate- International Universities
Uma vez que o resumo está elaborado e suas anotações estão feitas, você precisa preparar o material visual. Verifique sempre qual recurso poderá ser usado no local destinado, a fim de que não corra o risco de haver incompatibilidade de softwares e, em consequência, frustre a projeção de sua apresentação. No material visual, você pode apresentar:
• o tema, o(s) autor(es), a instituição e a data; • os objetivos geral e específicos e a relevância/importância do problema pesquisado; • a metodologia empregada no desenvolvimento da pesquisa; • os principais fundamentos teóricos descritos no corpo do trabalho; • as conclusões ou as considerações finais. Muitos autores atuais, como Blikstein (2012), sugerem que os acadêmicos elaborem mapas mentais para auxiliar na organização do pensamento e na condução da apresentação. Além disso, os mapas mentais proporcionam ao apresentador segurança, clareza e objetividade, além de manter o foco da apresentação e possibilitar eventuais argumentações com tranquilidade.
NÓS QUEREMOS SABER! Você sabe o que é mapa mental? Mapa mental nada mais é que um tipo de diagrama, ou seja, uma técnica que permite que o autor elabore um roteiro para orientar a apresentação dos assuntos de forma ordenada e lógica.
Figura 6 – Mapa mental. Fonte: Shutterstock, 2015.
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Metodologia científica
CASO No fim do semestre, os alunos sofrem uma grande pressão para a defesa do TCC. Em um curso de Ciências Sociais Aplicada, um aluno estava muito nervoso para a sua apresentação. No momento de explanar sobre os objetivos do trabalho, ele simplesmente se calou, não conseguia falar nada, passou mal e teve que ser socorrido por uma equipe médica. Esse fato ocorreu devido ao grande nervosismo do aluno em falar em público, aliado à pressão da apresentação. Os professores alertam que é muito importante os alunos participarem das apresentações de trabalho em sala de aula ao longo do curso, pois essa prática faz com que eles se acostumem a falar em público, fazendo das pequenas apresentações em sala um laboratório de aprendizagem e prática de oratória e estruturação de uma apresentação. O aluno desse caso teve direito a uma nova data de apresentação. E com ajuda de um especialista, conseguiu superar suas limitações para fazer sua apresentação e conseguir o título de bacharel.
Polito (2001) afirma que existem três motivos para o medo de falar em público. Vamos ver quais são? Eles são:
• a falta de conhecimento sobre o assunto; • a falta de prática no uso da palavra em público; e • a falta de autoconhecimento. Para controlar esse medo, você pode utilizar fichas de anotações (1/4 de uma folha A4 em papel cartão) para escrever seu roteiro, as palavras-chave e os ganchos entre um assunto e outro. Além disso, a introdução e a conclusão também devem figurar nesse documento. Isso dará segurança a você – e não é esteticamente inadequado. Uma dica: ao escrever sua apresentação, dê atenção especial à introdução e à conclusão, porque normalmente esses momentos tendem a sofrer mais com as questões emocionais a que o orador está sujeito.
VOCÊ O CONHECE? Faustão e Fátima Bernardes, apresentadores de televisão, utilizam as ficha de anotação em todos os seus programas para auxiliar a apresentação.
4.4.2 Formatação e redação Na redação final do trabalho, o aluno deve ficar atento ao estilo de linguagem utilizado no trabalho, buscando sempre a uniformidade. Isto é, a linguagem precisa ser:
• própria; • clara; • precisa; • imparcial; 86 Laureate- International Universities
• coerente; • impessoal; • objetiva; e • coesa. Segundo Condurú e Pereira (2010), a apresentação deve conter a seguinte estruturação:
• título; • introdução; • objetivos; • desenvolvimento; • resultados; e • conclusão. Quanto à formatação do material visual, os mesmos autores indicam que você deve respeitar o limite de 1 cm para as margens e nunca usar fonte menor de 18. Preferencialmente, utilizar fonte Arial, 24 a 36 para o corpo do texto e 40 a 70 para os títulos. Calcule sempre uma média de 1 minuto por slide. Além disso, é recomendado usar cores com contraste adequado, entre o fundo e o texto. Se necessário, use negrito para aumentar o contraste.
Figura 7 – Modelo de slide. Fonte: Elaborada pela autora, 2015.
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Metodologia científica
4.4.3 Regras gerais do material visual para a divulgação dos resultados A primeira coisa que você precisa saber, antes de elaborar o material visual, é o tempo disponível para realizar sua apresentação. Sabendo com antecedência isso, calcule um ou, no máximo, dois slides por minuto. Lembre-se de que os slides devem ser claros, objetivos e sem poluição visual. Por isso, recomenda-se que cada slide não tenha mais do que sete linhas e mais de sete palavras por linha. Quando apresentar dados no material visual, procure usar gráficos claros e objetivos. Inclusive, é essencial treinar a apresentação com os slides prontos, a fim de ter noção do tempo que levará para realizá-la. Mas tenha muito cuidado para ocupar o tempo disponível – nem mais, nem menos. Para que você tenha uma ideia do tempo que levará para realizar sua apresentação, treine sozinho e, de preferência, na frente do espelho, gravando-se. Essa técnica permite que você identifique cacoetes e posturas inadequadas. Inclusive, ajudará você a perceber como está sua fluência verbal.
Figura 8 – Treinamento de apresentação. Fonte: Shutterstock, 2015.
Após treinar sozinho, simule sua apresentação com outras pessoas. Além de receber um feedback sobre como você conduziu sua apresentação, você conseguirá controlar o tempo e seu estado emocional.
NÓS QUEREMOS SABER! Você já realizou a pesquisa e estudou com afinco o seu tema? Está preparado tecnicamente para falar sobre o seu trabalho? Lembre-se: o que você sabe e pesquisou é propriedade sua, ou seja, você precisará utilizar esses conhecimentos para convencer os outros. A apresentação de um trabalho de conclusão de curso nada mais é do que “vender o seu peixe”. Se a sua banca não comprar a sua pesquisa, então é porque ela não estava adequada. Se você conseguiu vendê-la, logo, ela estava correta. Pense nisso!
88 Laureate- International Universities
Agora você está preparado tecnicamente. O que pode dar de errado? Talvez falte na hora um equilíbrio emocional. Mas, para sanar esse problema, chegue cedo ao local da apresentação, teste os equipamentos e o material visual ou outro recurso que estiver disponível. Todo orador, do mais ao menos experiente, sempre sente um “frio na barriga” ao se dirigir para o local da apresentação (POLITO, 2011). O que diferencia um do outro é a capacidade de controlar suas emoções. Para isso, ao ser chamado para apresentar seu trabalho, levante-se firme e demonstre segurança por meio de uma postura altiva e simpática. Olhe em silêncio por alguns instantes para sua plateia, respire calmamente e cumprimente a todos, sem delongas. Outro aspecto que merece atenção é a sua linguagem corporal. Por isso, fique atento para:
• sua vestimenta, que deve ser elegante, porém simples, limpa e bem passada; • adornos demasiados ou possíveis “muletas”, como canetas, relógios, chaves, etc.; • os cabelos, que devem estar alinhados; • maquiagem e roupas, que devem ser discretas e sóbrias (para as mulheres); • sua postura corporal, que deve ser ereta e segura; • os
movimentos acima da cabeça e abaixo da linha da cintura, que prejudicam a sua apresentação;
• manter os pés firmes no chão e separados em, aproximadamente, 20 cm um do outro; • os braços e pernas cruzados, ou para as mãos no bolso, a não ser por breves períodos de tempo e de forma natural;
• movimentos exagerados de braços e pernas. Além disso, tome cuidado para que o seu vocabulário seja correto, claro e objetivo. Observe seu tom de voz, que deve ser alto o suficiente para que todos os que estão no ambiente possam ouvi-lo sem problema. Fale normalmente, às vezes mais devagar ou mais rápido. Alterne seu tom de voz, ora mais baixo ora mais alto, para não deixar a apresentação monótona. Ah! Não se esqueça de olhar para a plateia e apontar para os slides sem lê-los. Por fim, não deixe de dar um fecho para a sua apresentação (nunca com a expressão “é isso”) e procure responder às perguntas que por ventura lhe forem feitas. Quando não souber a resposta, não minta. Diga que você não tem a resposta neste momento, mas que poderá dá-la posteriormente. Ou, então, que essa questão não foi objeto de sua pesquisa.
89
Síntese Síntese
Neste capítulo, você pôde:
• diferenciar os diferentes tipos de apresentação de dados de pesquisa; • esclarecer
como se dá a interpretação dos resultados das análises estatísticas e das análises não numéricas quanto a sua abordagem;
• entender
como a natureza do trabalho científico utiliza-se de uma abordagem com recursos diferentes;
• conhecer as dicas para fazer uma boa divulgação dos resultados; • compreender que, para uma boa divulgação dos resultados, é necessário estar atento a todas as etapas metodológicas da elaboração de um trabalho científico;
• perceber
que o sucesso da divulgação depende da estruturação do conhecimento adquirido no processo de aprendizagem do pesquisador.
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Referências Bibliográficas
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Minicurrículo das autoras Daisy Libório é professora e conteudista em disciplinas do Ensino Superior. Cursou Letras (UNIAS-
SELVI) e Ciências Sociais (FURB). É especialista em Educação a Distância – Gestão e Tutoria (UNIASSELVI), Língua Portuguesa e Literatura (UNIASSELVI) e Neuropsicopedagogia (UNIASSELVI). Possui MBA em Propaganda, Marketing e Comunicação Integrada (UGF) e MBA em Comunicação e Semiótica (UGF). Há 14 anos atua como professora, designer instrucional e revisora de textos. Possui certificação em Personal Coaching Certification (SLAC/IAC) e atua em treinamentos e programas especializados em desenvolvimento humano, comunicação e liderança. Link para o Currículo Lattes: <http://lattes.cnpq.br/8383447811482209>. Lucimara Terra possui Graduação em Administração de Empresas com Habilitação em Comér-
cio Exterior pela Faculdade Decisão, Pós-Graduação em Desenvolvimento Gerencial pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Pós-Graduação em Gestão de Polos pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Pós-Graduação em Mídias na Educação pela Universidade Federal do Rio Grande (URGS). É professora do Instituto de Educação Superior da Grande Florianópolis (IES), nos cursos de Administração e Recursos Humanos, e Consultora Educacional na FabriCO.
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