Metodologia Científica

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Metodologia CientĂ­fica



Metodologia CientĂ­fica D.ra Ada Magaly Matias Brasileiro



Diretora Geral Débora Guerra Direção Acadêmica Gustavo Hoffmann Vice-direção Acadêmica Samira Maria Araújo Coordenação EaD Neuza Belo


BRASILEIRO, Ada Magaly Matias. Metodologia Científica. 1ª ed. Belo Horizonte; Easy To Learn – Cursos de Graduação. 161p. Bibliografia 1. Português 2. Metodologia 3.Título.

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Sumário

Ementa....................................................................................................................... 7 Currículo Resumido do Professor.............................................................................. 9 Bibliografia Utilizada.................................................................................................. 11

UNIDADE I O conhecimento e a construção científica................................................................. 13 Módulo 01 A construção do conhecimento................................................................................. 15 Módulo 02 Os vários tipos de conhecimento.............................................................................. 16 Módulo 03 O conhecimento científico e suas características...................................................... 22 Módulo 04 As ações processuais da construção científica........................................................... 29 Resumo da Unidade............................................................................................ 34 Exercícios de Aprendizagem............................................................................... 35

UNIDADE II As fases de construção do conhecimento científico.................................................. 41 Módulo 1 Fichamento e resumo................................................................................................. 43 Módulo 02 A leitura de textos técnicos....................................................................................... 50 Módulo 03 Primeira fase do trabalho: planejamento................................................................... 59 Módulo 04 A importância da disciplina de metodologia científica no desenvolvimento de produções acadêmicas de qualidade no nível superior............................................. 64 Resumo da Unidade ........................................................................................... 75 Exercícios de Aprendizagem............................................................................... 76

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Metodologia Científica

Sumário

UNIDADE III Confeccionando o trabalho científico........................................................................ 91 Módulo 01 Segunda fase do trabalho: a pesquisa....................................................................... 93 Módulo 02 A abordagem adequada à pesquisa.......................................................................... 97 Módulo 3 Terceira fase do trabalho: o relato............................................................................. 101 Módulo 04 A apresentação gráfica do texto segundo a ABNT................................................... 109 Resumo da Unidade............................................................................................ 118 Exercícios de Aprendizagem............................................................................... 119

UNIDADE IV Regras do trabalho científico..................................................................................... 123 Módulo 01 Organização estrutural do texto................................................................................ 125 Módulo 02 Revisões bibliográficas rigorosas............................................................................... 129 Módulo 03 As normas da ABNT associadas ao diálogo teórico.................................................. 133 Módulo 04 A formalização das citações....................................................................................... 136 A pseudociência nas universidades brasileiras.......................................................... 143 Resumo da Unidade............................................................................................ 153 Exercícios de Aprendizagem............................................................................... 154

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Ementa

A construção do conhecimento e o conhecimento científico. O método científico. As ações processuais da construção científica. As fases de construção do conhecimento científico: o planejamento e suas configurações; a pesquisa – tipos e procedimentos; a redação da pesquisa científica e as normas da ABNT; a submissão da pesquisa à comunidade acadêmica.

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Currículo Resumido do Professor

Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela PUC Minas e mestra em Língua Portuguesa pela mesma instituição; especialista em Língua Portuguesa, Didática e Tecnologia do Ensino Superior e Linguística; graduada em Letras (Português, Inglês e Literaturas). Atualmente é professora assistente da Faculdade Pitágoras e atua nas pós-graduações do UNIBH e da Faculdade Milton Campos. Dedica-se às áreas de Metodologia Científica e Linguagem, com ênfase em Língua Portuguesa, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de produção de texto, linguística textual, discurso docente, interacionismo, metodologia e pesquisa científica. Produz material didático, no âmbito desses temas, para o Ensino a Distância.

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Bibliografia Utilizada

Bibliografia Básica: MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia cientifica. 7.ed. São Paulo: Altas, 2010. DEMO, Pedro. Metodologia para quem quer aprender. São Paulo, SP: Atlas, 2008. 131 p. BARBOSA, Derly. Manual de pesquisa: metodologia de estudos e elaboração de monografia. 2. ed. São Paulo (SP): Expressão e arte, 2012. 103 p.

Bibliografia Complementar: FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. MALHEIROS, Bruno Taranto. Metodologia da pesquisa em Educação. Rio de Janeiro: Grupo GEM, 2011. AZEVEDO, Claudia Rosa; NOHARA, Jouliana Jordan. Como fazer monografias: TCC, dissertações e teses. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2013. DE SORDI, José Osvaldo. Elaboração de pesquisa científica. São Paulo: Saraiva, 2013. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7.Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

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UNIDADE I O conhecimento e a construção científica

UNIDADE 1

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MÓDULO 01

A construção do conhecimento

Como resultados desses esforços, cons-

Iniciaremos o tema, considerando dois

recorrentes: o conhecimento empírico, o

pressupostos: o primeiro é que a igno-

religioso, o filosófico e o científico.

tituem-se inúmeros conhecimentos dos quais exploraremos quatro tipos mais

rância impede o avanço das pessoas e as mantém prisioneiras das circunstâncias nas quais se encontram, assim, o conhecimento existe para libertar tais indivíduos e permitir que eles atuem, modificando a sua realidade em benefício individual e social; o segundo pressuposto é que tais conhecimentos advêm de inúmeras fontes e formas de aquisição, sendo que cada uma delas têm seu lugar e importância. Logo na primeira infância, inicia-se a construção do conhecimento, quando a criança imita gestos, expressões e palavras dos adultos, começando a tomar consciência do mundo que a cerca. Na medida em que vai se desenvolvendo, ela entra em contato com os mais diversos espaços, deparando-se com desafios e

possibilidades

de

aprendizagem,

aguçados pelos questionamentos que faz, pelos programas a que assiste na TV, pelas observações rotineiras, pela interação cotidiana com o outro, pelas leituras que realiza, pela fé que alimenta, pela cultura do grupo social do qual faz parte, pelas variadas buscas.

UNIDADE 1

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Metodologia Científica

MÓDULO 02

Os vários tipos de conhecimento

• Reflexivo – já que provoca o sujeito aprendiz a refletir sobre sua eficácia ou não, como nos casos de uma receita de remédio caseiro ou de

O conhecimento empírico

um ditado popular;

O conhecimento empírico é aquele

• Verificável – por ser um conhe-

que se constitui por acaso, em sua vida

cimento cujo principal pilar é a

cotidiana, na relação do homem com o

experiência, é possível fazer os testes

mundo que o cerca, por meio das expe-

práticos e verificar o que funciona e o

riências vividas, das práticas baseadas no

que não funciona;

senso comum, das culturas constitutivas de sua comunidade.

• Falível – pois não se prende a leis

Afirmamos, então, que o folclore e tudo

pode curar as queixas de uma pessoa

universais. Assim, um chá de boldo e não surtir efeito em outra;

o que conhecemos sobre ele (lendas, crendices, festas...), os ditados populares,

• Inexato – por não ser sistemático

os remédios caseiros, as comidas da vovó

e nem metodológico, os resultados

e tantas outras coisas que fazem parte

de um conhecimento empírico não

do nosso fazer cotidiano representam os

se comprometem com a exatidão, a

inúmeros conhecimentos que temos do

precisão. Uma lenda folclórica, por

mundo, os quais, para serem construídos,

exemplo, pode ser passada por gera-

não precisaram de estudos acadêmicos.

ções e gerações e modificada a cada vez que for relatada.

Segundo o pesquisador, sociólogo e pedagogo Ander-Egg (1978, p. 13-14), esse conhecimento é: • Assistemático

As –

por

ocorrer

espontaneamente, a qualquer momento, de qualquer modo; • Valorativo – pois perpassa o juízo de valor daquele que concebe (ou não) o conhecimento;

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características

apontadas

por

Ander-Egg (1978), entretanto, não fazem deste um conhecimento dispensável, pois ele exerce, com muita propriedade, o seu papel na vida humana. Por exemplo, ao dirigir meu carro, mesmo não entendendo de mecânica, sou capaz de perceber quando algo vai errado,

UNIDADE 1


seja pelo barulho, pelo cheiro, pelo

indivíduos inspirados que apresentam

desempenho etc. O mesmo acontece

respostas

com o trabalho de uma parteira que,

humana.

aos

mistérios

da

mente

baseada em sua prática, é capaz de realizar um parto complicado, ou com

A fé pode ser entendida como o

as lendas e causos de assombração,

fundamento dos fatos que não se

funcionando como elemento de coerção

esperam e a prova dos acontecimentos

para uma comunidade.

que não se veem e nem se explicam. Apoia-se em doutrinas que contenham proposições

Fique atento! É importante destacar que, muitas vezes, o conhecimento

sagradas,

manifestação

divina e é transmitida por alguém, ao longo da história, ou por meio de escritos sagrados.

empírico alimenta o conhecimento científico, provocando-o a pesquisar os fundamentos de crendices, mitos e ações culturais. É o que ocorre, por exemplo, com os conhecimentos da cultura indígena.

Nos dias de hoje, diferentemente do passado histórico, a ciência não se permite ser subjugada a influências de doutrinas da fé: e é a própria Teologia que está procurando rever seus dogmas

Assim, o homem, ciente de suas ações

e reformulá-los para não se opor à

e do seu contexto, apropria-se de expe-

mentalidade

riências próprias e alheias, acumuladas

contemporâneo.

no decorrer do tempo, para explicar

principais são:

o porquê das coisas e solucionar seus problemas.

Por

suas

características

próprias, tal perspectiva de conhecimento é altamente marcada pelo imaginário social, pelas superstições e, às vezes, pelo preconceito.

científica Suas

do

homem

características

• Valoração – cada sujeito atribui um valor particular aos fundamentos da sua fé; • Inspiração – os dogmas e os mistérios de cada religião são objetos e motivos que inspiram e fortalecem

O conhecimento religioso

seus seguidores; • Infalibilidade – sendo a fé o

Trata-se de um tipo de conhecimento

sustentáculo do conhecimento reli-

adquirido a partir da aceitação de

gioso, todo fato ocorre em virtude

dogmas da fé teológica, sendo resultado

da onipotência, onipresença e onis-

da revelação da divindade, por meio de

ciência de um ser espiritual superior.

UNIDADE 1

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Metodologia Científica

Assim posto, pode o ocorrido estar em desacordo com os interesses do sujeito comum, mas nem por isso significa uma falha, antes, o desconhecimento dos planos divinos para os seres humanos;

O conhecimento filosófico É o conhecimento que busca a origem dos problemas, relacionando-os a outros aspectos da vida humana. Baseia-se unicamente na razão para questionar os problemas humanos, buscando a resposta em sua origem e no discernimento entre

• Indiscutibilidade – esta caracte-

o certo e errado, utilizando todo o rigor

rística se justifica pelo fato de que fé

da lógica e do raciocínio.

não é assunto para discussão, uma vez que se trata de uma escolha da ordem

O questionamento, pilar do conhecimento

espiritual que não carece de provas e,

filosófico, funciona como o instrumento

consequentemente, dispensa argu-

para decifrar elementos imperceptíveis

mentações contrárias e verificações;

aos sentidos, sendo uma busca que parte do material para o universal.

• Sistematização – a sistematização do conhecimento religioso é atribuída

Seu objeto de análise são ideias, relações

aos dogmas de cada religião. A missa

conceituais, exigências lógicas passíveis

é um evento ritualizado que exempli-

de observação. Algumas das principais

fica tal característica.

questões que hoje ocupam o trabalho dos filósofos estão relacionadas à relação máquina X homem; à clonagem humana;

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UNIDADE 1


ao mundo da tecnologia; aos problemas

modalidade de conhecimento evolui de

ambientais; à miséria etc. Esse tipo de

forma lenta e gradual, de um sistema

conhecimento se caracteriza por ser:

de proposições rigorosamente demons-

• Racional – é a razão, não os fatores emocionais, que orienta o conhecimento filosófico; • Valorativo

mesmo

tradas e imutáveis da visão tradicionalista de ciência, para um processo contínuo de construção, em que não existe o pronto e o definitivo, que é a perspectiva da

sendo

racional, as escolhas das premissas que orientarão o raciocínio na busca das respostas passam pelo juízo de

pesquisa científica atual. Foram pesquisadores como Copérnico, Bacon, Galileu e Descartes que, no século

valor do sujeito;

XVI, deram força ao conceito de ciência,

• Sistemático – o conhecimento

longo dos tempos.

o qual foi ficando menos positivista ao

filosófico centra-se em raciocínios lógico-formais, os quais possuem

Várias concepções e uma só ciência?

estruturas estabelecidas; Ciência é uma sistematização de conhe-

• Não verificável – por estar vincu-

cimentos, um conjunto de proposições lo-

lado ao pensamento, o conhecimento

gicamente correlacionadas sobre o com-

filosófico não se aplica na prática; • Infalível – exatamente pelo fato de não poder ser testado, as respostas que passam por um raciocínio lógico-

portamento de certos fenômenos que se deseja estudar. Um conjunto de atitudes e atividades racionais dirigidas ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação. Fonte: Trujillo-Ferrari (1974).

formal perfeito têm, como resultado, uma verdade; • Exato – o resultado de um raciocínio lógico deve ser objetivo, exato.

Ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza. Fonte: Ender-Egg (1978).

O conhecimento científico O conhecimento científico resulta de in-

O conhecimento científico ultrapassa a visão empírica, preocupando-se não só

vestigação metódica e sistemática da realidade. Ele transcende os fatos e os fenômenos em si mesmos, analisa-os para

com os efeitos, mas, principalmente, com

descobrir suas causas e concluir as leis

as causas e as leis que os motivaram. Tal

gerais que os regem. Fonte: Galliano (1986).

UNIDADE 1

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Metodologia Científica

Ciência é um conjunto de descrições, in-

seus estudos nos fatos, dividindo-se em

terpretações, teorias, leis, modelos etc.,

naturais e sociais. Referem-se a fatos que

visando ao conhecimento de uma parcela da realidade, em contínua ampliação e renovação, que resulta da aplicação

supostamente ocorrem no mundo e, em consequência, recorrem às observações

deliberada de uma metodologia especial

e às experimentações para comprovar

(metodologia científica). Fonte: Newton

ou refutar suas hipóteses (LAKATOS;

Freire-Maia (1990).

MARCONI, 2000).

Analisando os conceitos, é possível

Longe

de

pretender

buscar

esse

perceber a metodologia de pesquisa

consenso, o fato é que o papel do

como um ponto de acordo entre os

conhecimento científico é entender a

autores. Por outro lado, percebe-se a

natureza e o universo em que vivemos

evolução do conceito de uma perspectiva

por meio de elementos conhecidos,

de verificação lógica, racional e universal,

concretos e objetivos. Eis algumas de

para uma ótica da interpretação de uma

suas características:

realidade tomada como amostra. • Finalidade – procura descobrir as Nota-se, também, que ciência não é um

características comuns dos fenômenos

conceito fácil de ser construído. A esse

da mesma espécie e as condições

respeito, Marconi e Lakatos (2000) dizem

e regularidades da sua ocorrência

que não há um consenso na apresentação

(causalidade);

da classificação das ciências. O que é ciência para alguns estudiosos, ainda

• Sistematização

permanece como ramo de estudo para

sistema de referências, teorias, hipó-

outros e vice-versa. Para as autoras, a

teses explicativas e define as fontes

ciência é classificada em dois grupos: as

de informação;

adota

um

formais e as factuais. • Verificação – procura testar a As ciências formais dizem respeito ao

consistência empírica de uma teoria,

estudo das ideias, dividindo-se em lógica

hipótese ou afirmação;

e matemática, não tendo relação com algo encontrado na realidade, e não

• Explicação

podendo, por isso, valer-se dos contatos

“porquês” das relações entre os fenô-

com essa realidade para convalidar

menos estudados;

apresenta

os

suas fórmulas. Assim, utiliza a lógica

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para demonstrar rigorosamente seus

• Acumulação

teoremas. Já as ciências factuais investem

contínuo

meio

por

enriquecimento de

novos

UNIDADE 1


conhecimentos. Tal acumulação é

sobre a consistência do objeto em

feita de forma seletiva;

estudo, quanto sobre as características de verificação e de explicação dos ditos

• Falibilidade – o conhecimento

fenômenos1. De todo modo, o conheci-

científico é assumido como falível,

mento científico pode ser considerado

mas também como progressivo;

uma atividade intelectual e intencional, cuja finalidade é suprir as necessidades

• Objetividade – em ciência, a obje-

humanas.

tividade se refere a três acepções: à pessoa do discurso, ao objeto da

Mesmo estudando separadamente os

pesquisa e ao foco textual.

quatro tipos de conhecimento, não podemos dizer que eles ocorrem de

A despeito de todas essas características,

modo isolado. Ao contrário, na ação do

uma epistemológica vem sendo lançada

pesquisador, ele percorre as diversas

como polêmica: como distinguir o que

áreas do conhecimento, até chegar às

é do que não é ciência? Atualmente,

respostas que se buscam.

cursos de Astrologia, Terapias Naturais, Florais de Bach, entre outros, têm sido ofertados em graduações e pós-graduações, deixando o questionamento tanto

1 Leia, a esse respeito, o artigo “As pseudociências nas universidades brasileiras”, nos anexos deste.

Para saber mais: Assista ao filme “Luz, trevas e o método científico”, produzido pelo Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ. Disponível em: http://goo.gl/KEJVbq O filme, dividido em 7 partes, trata da história da ciência desde o começo do universo. História que anda paralela à dinâmica do mundo, influenciando e sendo influenciada pelas vontades do homem. O filme tem abordagem humanista, com narração do professor Leopoldo de Meis sobre benesses e tragédias que a ciência pode trazer. Caso não queira assistir a todas as partes, a primeira já traz muitas informações importantes!

Assista à videoaula com este conteúdo.

UNIDADE 1

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Metodologia Científica

MÓDULO 03

O conhecimento científico e suas características

intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento. Lakatos e Marconi (2000) relatam que a preocupação em descobrir e explicar a natureza existe desde os primórdios da humanidade.

Como foi abordado na discussão conceitual sobre ciência, uma das principais

Método científico é o modo como o

características do conhecimento científico

pesquisador faz a trajetória de pesquisa,

é o fato de ele ser sistematizado, o que,

traçando um caminho que dê consistência

necessariamente, carece de um sistema,

e credibilidade a seu estudo.

um método que auxilie e sustente o trabalho de pesquisa. Vejamos, então, a relação que há entre método e conhe-

Curiosidade:

cimento científico. Etimologicamente,

Cada ramo de conhecimento

“meta” significa ao longo de; e “odos”

científico tem conceitos e re-

significa caminho, via. Desses dois radicais, resulta que método é “caminho ao longo do qual...”. Aprofundemos um

gras que o sustentam e que devem ser considerados pelo estudante na fase das definições metodológicas.

pouco mais nesse conceito. Portanto, em se tratando de ciência, não deveríamos falar de método, mas sim de Método Científico

métodos, pois cada pesquisa demanda um caminho diferente, que vai sendo

Para que um conhecimento possa ser

delineado em função das exigências

considerado científico, faz-se necessário

do objeto de pesquisa. Os caminhos

identificar as operações mentais e as

foram, anteriormente, construídos em

técnicas que permitam a sua verificação,

outros estudos e se transformaram

ou seja, determinar o caminho que

em um conjunto de teorias, das quais

possibilite chegar ao conhecimento com

se selecionarão as mais adequadas

status de fato científico.

a cada estudo. Tais teorias devem possibilitar as melhores condições para

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Assim, Gil (1999) define método científico

que o pesquisador possa, em situações

como um conjunto de procedimentos

idênticas, repetir os resultados esperados.

UNIDADE 1


É, por fim, o método que define e

conjunto de normas e procedimentos

diferencia o conhecimento da ciência de

padronizados para levar uma investigação

outros tipos de conhecimentos.

ao seu objetivo: um resultado confiável e convincente.

Metodologia Científica

A explicação anterior justifica a necessidade do estudo de metodologia cientí-

Com

origem

no

pensamento

de

fica, uma vez que o pesquisador precisa

Descartes (1596-1659), em “O discurso

conhecer

do método”, a metodologia científica

metodológicas, ou seja, os diversos cami-

refere-se

nhos existentes em seu campo científico,

ao

estudo

dos

métodos

empregados em cada área científica

as

diversas

possibilidades

para saber traçar o da sua pesquisa.

específica e a essência dos passos comuns a todos estes métodos, ou seja,

Assim, para se definir os aspectos

do método da ciência, em sua forma

metodológicos gerais de uma pesquisa,

geral, que se supõe universal. Embora

é necessário caracterizá-la, essencial-

os procedimentos variem de uma área

mente, quanto aos fins, aos meios,

da ciência para outra, consegue-se

à abordagem, bem como definir o

determinar

que

universo, a amostra representada e os

diferenciam o método científico de

sujeitos envolvidos, se for o caso. Ainda

outros métodos encontrados em áreas

faz parte da metodologia científica, a

não científicas. Trata-se, portanto, do

escolha dos instrumentos de pesquisa,

UNIDADE 1

certos

elementos

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Metodologia Científica

as estratégias de organização e análise

contudo, essas qualidades são preju-

dos dados e os esclarecimentos sobre

dicadas pela necessidade de uso de

a conduta ética com o estudo, os quais

termos técnicos, por uma característica

garantirão a cientificidade do trabalho.

específica do objeto de pesquisa, pelo uso de coloquialismos ou, até mesmo,

Além disso, é esse estudo que vai orientar

pelo estilo de quem escreve.

o estudante sobre a estrutura do texto a ser desenvolvido, o que pode e o que não pode

É importante, então, que o estudante

ser feito, as normas de formatação, dentre

se desafie, desde cedo, ao desenvol-

outros aspectos que fortalecem o pesqui-

vimento da expressão acadêmica, a

sador, possibilitando-lhe mais segurança

fim de alcançar o seu objetivo, sem ser

para o desenvolvimento das pesquisas

enfadonho. Para isso, ele deve evitar

que desenvolverá ao longo do curso de

algumas armadilhas discursivas e buscar

graduação e os de formação posterior.

as características próprias do domínio acadêmico-científico.

Características do texto científico O domínio discursivo acadêmico-científico

Qualidades do texto acadêmicocientífico

visa à construção e à divulgação do conhecimento. Para isso, ele é constituído por uma

Para atender aos pressupostos da etimo-

linguagem técnico-científica apropriada,

logia, o texto acadêmico-científico deve

diferindo da utilizada em outros tipos de

se adequar à norma culta da língua, em

discurso, como o literário, o jornalístico ou

uma variante técnica própria do campo

o publicitário, nos quais se pode repetir,

científico específico, além de apresentar

exagerar ou subnarrar fatos.

algumas qualidades. Dentre elas:

Na linguagem científica, nada deve ficar

A. Objetividade

implícito ou deixado à imaginação do leitor, pois o autor deverá persuadi-lo à

Em ciência, a objetividade se refere a

custa de fatos e dados, lançando mão

três acepções: à pessoa do discurso, ao

das tipologias descritivas, narrativas e

objeto da pesquisa e ao foco textual.

dissertativas. Objetividade associada à pessoa do O texto acadêmico-científico deve ser

discurso – esse é um ponto que tem

comprometido

provocado

com

a

objetividade,

a eficácia e a exatidão. Muitas vezes,

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divergências

no

mundo

acadêmico. Alguns defendem o uso

UNIDADE 1


da terceira pessoa como recurso de

discursivo, em certas ocasiões, apre-

neutralidade, deixando o foco para o

sentam os vícios de linguagem do autor,

objeto da pesquisa. Outra ala, cada vez

afetando sua credibilidade.

maior de pesquisadores, considera que a inclusão do pesquisador no texto, com

C. Precisão e clareza

o uso da primeira pessoa, confere maior credibilidade à pesquisa, especialmente,

Características

relacionadas

ao

foco

no caso das pesquisas qualitativas.

textual. Para alcançá-las, o autor deve:

O objeto da pesquisa – o escopo de

• apresentar as ideias de modo

toda pesquisa traz o objeto o qual será

claro, coerente e objetivo, confe-

investigado, ou seja, é o tema, o assunto

rindo-lhes a devida ênfase;

ou o fenômeno que será estudado. Ao mencioná-lo, o autor deve buscar

• usar

um

vocabulário

preciso,

a imparcialidade, evitando expressar

evitando as linguagens rebuscadas e

opiniões ou juízos particulares.

prolixas;

A objetividade no foco textual – essa

• buscar a unidade do texto, cons-

característica diz respeito à concisão e

truindo uma organização lógica;

visa ao tratamento do tema de maneira simples, direta e enfática, obedecendo

• evitar comentários irrelevantes,

a uma sequência lógica e evitando o

acúmulo de ideias e redundâncias,

desvio do assunto para considerações

perseguindo a síntese;

irrelevantes. (BRASILEIRO, 2013). • usar B. Uso da variante culta da língua

a

nomenclatura

técnica

aceita no meio científico, buscando a simplicidade;

Trata-se da correta utilização das normas gramaticais. O texto científico é formal

• evitar períodos breves demais,

e se vale da linguagem culta, não

pois prejudicam a exposição do

sendo permitido o uso de gírias, termos

assunto,

vulgares, clichês, expressões coloquiais

demais, pois tornam o texto pouco

e estrangeirismos, a menos que sejam

claro e cansativo;

assim

como

os

longos

realmente necessários. Nesses casos, as aspas devem ser usadas. O uso

• evitar ambiguidades, buscar a

desses recursos é considerado indevido,

exatidão sem correr o risco de gerar

pois além de revelar posicionamento

dúvidas, formulando proposições inequívocas;

UNIDADE 1

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Metodologia Científica

• evitar termos e expressões que

aproximadamente, antigamente, em

não indiquem claramente propor-

breve, em algum lugar, em outro

ções e quantidades (médio, grande,

lugar, adequado, inadequado, nunca,

bastante, muito, pouco, mais, menos,

sempre, raramente, às vezes, melhor,

nenhum, alguns, vários, quase todos,

provavelmente, possivelmente, talvez,

nem todos, muitos deles, a maioria,

algum, pouco, vários, tudo, nada e

metade e outros termos ou expressões

outros termos similares.

similares), procurando substituí-los pela indicação precisa em números

Ex.: Em lugar de: Esse dado é importan-

ou porcentagem, ou optando por

tíssimo para a origem da história alemã.

associá-las a esses dados. Prefira: Esse dado indica fatores sobre a O

texto

científico

sofre

críticas

origem da história alemã.

relacionadas à dificuldade de leitura. E. Coesão e coerência • Para evitá-las, releia o seu texto com senso crítico. Verifique se a

A coesão se refere à boa articulação

linguagem não está empolada demais,

entre as partes do texto, estando

com muitos termos técnicos, ou,

relacionada à sua organização tópica.

talvez, empobrecida demais. Persiga

A coerência refere-se à lógica, à consis-

a simplicidade, a clareza e a síntese!

tência e à não contradição do dito. Está, portanto, vinculada à progressão na

D. Imparcialidade

exposição das ideias, de modo a facilitar a interpretação de texto. O objetivo

O autor não deve fazer prevalecer

inicial deve ser mantido ao longo de seu

seu ponto de vista, sua opinião e

desenvolvimento, sendo que a expla-

seus preconceitos. Ao mesmo tempo,

nação deve se apoiar em dados e provas,

deve evitar ideias preconcebidas, não

e não em opiniões que não possam ser

subestimando e nem superestimando a

confirmadas.

importância das ideias em debate. Atenção para os termos que marcam posicionamentos: Adjetivos,

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advérbios,

locuções

Expressões latinas usadas no texto acadêmico-científico

e

Em textos técnicos e científicos, é comum

pronomes que indiquem tempo, modo

o uso de expressões latinas, cuja função

ou lugar de forma imprecisa, tais como:

é imprimir maior exatidão informacional.

UNIDADE 1


No entanto, havendo o termo correspondente em português, pode-se optar por um ou pelo outro: Tabela 1: Expressões latinas a serviço do discurso acadêmico

Expressão Apud

Cf.

Significado e uso Significa citado por, conforme, segundo. Na citação de citação, é utilizada para informar que o que foi transcrito de uma obra de um determinado autor, na verdade, pertence a outro. Significa confira, confronte: usa-se na citação indireta, síntese retirado de fonte consultada sem alteração das ideias do autor. A indicação da página é opcional. Ex.: (Cf. GIL, 1997) Cf. supra; infra = confira-se acima; confira-se abaixo. Usado quando se quer remeter o leitor a outras partes do texto – antes ou depois. O termo vem seguido do número da página. Ex.: Cf. infra, p. 16.

Corpus

Significa conjunto de dados – quando se tem mais de um conjunto de dados, usa-se o plural corpora.

Et alii (et al.)

Significa “e outros”. Utilizado quando a obra foi produzida por mais de três autores. Menciona-se o nome do primeiro, seguido da expressão et alii ou et al. Ex.: França et al.

Et seq. (et sequentia)

Significa “e seguintes”. Usado para indicar a primeira página de uma sequência maior utilizada para citar. Ex.: (SOUZA, 2012, p. 23 et seq.)

Ibidem ou Ibid.

Usado quando repete o autor e a obra, mas as páginas são diferentes. Ex.: Se na nota anterior, você citou (SOUZA, 2012, p.45), na próxima citação, você usa (Ibid, p. 50).

Idem (id.)

Significa mesmo autor, mesma obra, mesma página.

In

Significa “em”, “dentro de”.

Ipsis litteris

Significa “pelas mesmas palavras”, “textualmente”. Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou sic.

Ipsis verbis

Significa “pelas mesmas palavras”, “textualmente”. Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou sic.

Loc.cit.

Significa “loco citato”, no lugar citado.

Opus citatum ou op. cit.

Significa obra citada. Usado quando a obra já foi mencionada no texto, mas não é exatamente a anterior. Ex.: SOUZA (op.cit. p. 70).

UNIDADE 1

27


Metodologia Científica

Expressão

Significado e uso

Passim

Significa “aqui e ali” = Usado quando uma citação livre é retirada de diversas páginas determinadas. Ex.: SOUZA (2012, p. 85-89, passim). Ex.: RIBEIRO, 1997, passim.

Sic

Significa “assim”. Emprega-se em citações cuja expressão cause estranheza ao leitor. É um modo de confirmar o que estava escrito no texto original. Ex.: Todos os homens da face da terra sabe muito disso (sic). Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou ipsis verbis.

Supra

Significa “acima”, referindo-se a nota imediatamente anterior.

Como você viu, nesta seção, focalizamo-nos nos tipos de conhecimento existentes, dando ênfase ao conhecimento científico e na relação entre este e a Metodologia Científica. No próximo capítulo, abordaremos a pesquisa bibliográfica e alguns aspectos relacionados à qualidade e à organização dos estudos no âmbito acadêmico.

Para saber mais: Leia: LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2001. Cap. 3.

28

UNIDADE 1


MÓDULO 04

As ações processuais da construção científica

e com a formação profissional. Para cumprir essas tarefas, o estudante precisa aprender a estudar, selecionando fontes confiáveis, promovendo o diálogo com os teóricos, buscando aplicar e questionar

Um investimento inicial a ser feito

suas teorias, o que é algo desafiador.

pelos alunos no Ensino Superior é o de conhecer o funcionamento desse mundo

Minayo, vendo por um prisma mais

de contratos e protocolos próprios,

filosófico, considera a pesquisa como:

sendo, no caso acadêmico, bastante formais. Entender quais são e como são facilita a vida do estudante, podendo tornar suas ações mais efetivas, menos conflituosas, mais estratégicas, além de reduzir a ansiedade. Algumas

informações

convencionais

...atividade básica da ciência na sua indagação e construção da realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação. (MINAYO, 2010, p.23)

próprias do mundo acadêmico giram em torno da linguagem como forma de

A pesquisa é uma atividade cotidiana,

ação e processo social. É por meio da

uma atitude, um questionamento siste-

linguagem que entendemos o mundo,

mático crítico e criativo, ou o diálogo

que construímos e revelamos papéis e

crítico permanente com a realidade em

identidades sociais. Assim, a tradição

sentido teórico e prático. Para Gil (1999),

universitária também é revelada por

a pesquisa tem um caráter pragmático,

meio dos textos, trabalhos, pesquisas

sendo um processo formal e sistemático

etc. produzidos pelos alunos.

de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas, tanto

A elaboração da pesquisa acadêmica e a pesquisa eletrônica

os apontados pelos professores quanto

Os dois principais compromissos do

A princípio, é necessário abandonar

Ensino Superior são com a pesquisa

certas práticas de pesquisas escolares

UNIDADE 1

os levantados pelos próprios alunos.

29


Metodologia Científica

baseadas em plágio, ou seja, a cópia (de

jornalístico, por exemplo, podem

longos trechos ou de textos completos)

servir de argumento ou dado, mas

sem referência à autoria, bem como na

não têm força como ciência;

busca de fontes sem critérios de seleção. E. privilegiar os periódicos impressos Para sanar o primeiro problema, o plágio,

ou

é fundamental que o estudante tenha um

saber sobre sua credibilidade.

objetivo ao pesquisar, exercite a redação

(BRASILEIRO, 2013).

eletrônicos

e

procurar

própria e pratique o recurso das citações para inserir fragmentos textuais de

Ciente desses fatores, o estudante

terceiros. Isso trará a voz do pesquisador

estará preparado para elaborar uma

para o texto, num diálogo honesto com

pesquisa mais criteriosa e nela imprimir

os autores pesquisados.

credibilidade e consistência.

Para sanar o segundo problema, relativo aos critérios de seleção das fontes de

A pesquisa eletrônica

pesquisa, o graduando deve: Normalmente, o primeiro impulso de autores

pesquisa de um estudante, ao receber

tenham vínculo com alguma insti-

uma proposta de trabalho acadêmico, é

tuição de pesquisa ou de Ensino

a busca nas fontes eletrônicas. Para que

Superior, presumindo-se que eles

a pesquisa tenha a qualidade esperada, é

tenham passado por avaliação e

preciso prezar pelos critérios de seleção:

A. escolher

textos

cujos

validação; A. autoridade – diz respeito à repuB. ler os resumos relativos aos textos

tação dos autores pesquisados

escolhidos, para selecionar os

e das instituições às quais se

que, de fato, interessam;

vinculam;

C. evitar consultas em enciclopédias

B. atualidade – o pesquisador deve

eletrônicas livres, já que qualquer

avaliar a obsolescência ou não da

usuário pode inserir informações,

informação;

sem critérios avaliativos; C. cobertura/conteúdo – verificar D. evitar fontes não comprometidas

30

se o tema foi tratado com a

com o conhecimento científico.

profundidade

necessária

Informações de revistas de cunho

documento consultado;

ao

UNIDADE 1


D. objetividade

verificar

se

todos os lados do assunto são

Metodologia AND Ensino AND Matemática;

apresentados de maneira justa, sem favoritismos, preconceitos ou julgamentos tendenciosos;

C. coloque uma frase entre aspas para procurar a frase completa em um texto. Ex.: “metodologia

E. precisão – analisar se a informação

do ensino da Matemática”;

disponível é verdadeira, oficial, autorizada, reconhecida e validada institucionalmente;

D. utilize opções de pesquisa para filtrar resultados por país ou língua. Por exemplo, Brasil ou Portugal,

F. acesso – verificar se a página

ou então escolher artigos em

da internet é estável ou está

português,

frequentemente

da sua origem física;

ocupada

para

independentemente

acesso ou fora do ar, se é paga ou gratuita;

E. use o operador “+” para adicionar uma palavra na busca e o “-” para

G. aparência – avaliar se o texto foi

excluir palavras;

revisado e se é bem estruturado. F. pelo domínio dos sites devolvidos, Além desses critérios, é possível apontar

consegue-se saber de que país é

alguns

acadêmica

que o artigo é originário. Se for um

confiáveis. São eles: os sites de instituições

site que acabe em “.pt”, significa

de pesquisa e de Ensino Superior e os

que é um domínio de Portugal,

de divulgação científica, como: Google

se for do tipo ‘.com.br’ é um

Acadêmico, Scielo, Anped, Medline,

domínio brasileiro. No entanto,

Embase, Lilacs, Cochrane Controlled

exclua domínios genéricos que

Trials Database, SciSearch e outros.

não identificam o país de origem.

sites

de

busca

Ex.: os ‘.com’ ou ‘.info’; Aqui ficam algumas formas/dicas para realizar suas pesquisas eletrônicas:

G. use operadores ‘booleanos’ como o ‘e’ e ‘ou’ para forçar pesquisas

A. inicie a busca com uma palavra-

de certas palavras.

chave. Ex.: “Ensino”; B. insira mais palavras-chave, caso obtenha muitos resultados. Ex.:

UNIDADE 1

31


Metodologia Científica

Tabela 2: Expressões booleanas para busca na internet

EXPRESSÃO AND

OR

AND NOT

NEAR

USO Para pesquisas avançadas, digite-o na caixa booleana de forma livre. Aula AND Português encontra documentos tanto com a palavra aula quanto com a palavra Português. Encontra documentos contendo pelo menos uma das palavras ou frases especificadas. Aula OR Português encontra os documentos contendo ou aula ou português. Os documentos encontrados podem conter ambos os termos, mas não necessariamente. Exclui documentos contendo a palavra ou frase especificada. Aula AND NOT Português encontra documentos com aula, mas não contendo português. NOT precisa ser usado com um outro operador, como E. O AltaVista não aceita ‘aula NOT Português’; no lugar, especifique aula AND NOT Português. Localize documentos contendo tanto as palavras quanto as frases especificadas com 10 palavras entre uma e outra. Aula NEAR Português encontraria documentos com aula português, mas provavelmente nenhum outro tipo de português.

*

O asterisco é um curinga; quaisquer letras podem tomar o lugar do asterisco Bass* Bass encontraria os documentos com bass, basset e bassinet. Você precisa digitar pelo menos três letras antes.

()

Use parênteses para agrupar frases booleanas complexas. Por exemplo, (aula AND português) AND (leitura OR produção) localiza documentos com as quatro palavras cruzadas.

Localiza páginas com imagens tendo um nome de arquivo image:filename específico. Use image:praias para localizar páginas com imagens chamadas praias. link:URLtext

text:text

title:text

url:text

Localiza páginas com um link para uma página com um texto do URL especificado. Use link:www.myway.com para localizar todas as páginas que fazem link com myway.com. Localiza páginas que contêm o texto especificado em qualquer parte da página, com exceção de uma tag de imagem, link ou URL. A pesquisa text:graduação localizaria todas as páginas com o termo graduação nelas. Localiza páginas que contêm a palavra ou frase especificadas no título da página (que aparece na barra do título da maioria dos navegadores). A pesquisa title:crepúsculo localizaria páginas com crepúsculo no título. Localiza páginas com uma palavra ou frase específicas no URL. Use url:jardim para localizar todas as páginas em todos os servidores que têm a palavra jardim em algum lugar no nome do host, na via ou no nome do arquivo. Fonte: <http://www2.assis.unesp.br/egalhard/PesqInt1.htm>

32

UNIDADE 1


Feita a pesquisa bibliográfica, é hora de organizar o material. Você pode fazer essa tarefa utilizando, por exemplo, o fichamento, que é um modo bastante eficaz para organizar as informações lidas. Vamos a ele, então.

Para saber mais: Leia: BRASILEIRO, Ada Magaly Matias. Manual de produção de textos acadêmicos e científicos. São Paulo, Atlas, 2013. Cap. 4.6; 4.20.

Assista à videoaula com este conteúdo.

UNIDADE 1

33


Metodologia Científica

RESUMO DA UNIDADE

Esta unidade está dividida em quatro capítulos. No primeiro, tratamos dos tipos de conhecimento mais comuns em nosso cotidiano. São eles: o empírico (ou de senso comum), o filosófico, o religioso e o conhecimento científico. No segundo capítulo, conceituamos método científico, explicando o que é metodologia científica e a necessidade dessa

concepção

ao

se

pretender

produzir ciência. Discutimos, ainda, o que é e o que não é conhecimento científico, bem como as características de um texto científico: objetividade, clareza, precisão, coesão,

coerência

Trouxemos,

e

também,

imparcialidade. alguns

termos

técnicos recorrentes no texto científico. No Capítulo 3 desta Unidade 1, abordamos as ações processuais da construção científica, tais como a qualidade da pesquisa bibliográfica, a realização de uma pesquisa eletrônica. Além disso, apresentamos, no capítulo 4, os dois principais modos de organização de documentos de pesquisa: os fichamentos de leitura e o resumo. Vamos ao estudo, então!

34

UNIDADE 1


EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

1. João Marcos iniciou o seu curso superior em Administração de Empresas. Logo nos primeiros dias de aula, o professor solicitou à turma uma pesquisa bibliográfica sobre as Teorias da Administração. Empolgado com a tarefa, João digitou www.wikipedia. org e, de lá, fez uma cópia, sem mencionar a fonte, assim como ele sempre fez no Ensino Médio. Considerando os critérios de pesquisa aqui estudados, é correto afirmar: a) O site pesquisado por João está vinculado a instituições de pesquisa e de Ensino Superior. b) O trabalho de João será validado pelo professor, pois ele segue os preceitos acadêmicos de uma pesquisa bibliográfica. c) João realizou um plágio, já que apresentou um texto de terceiros como se fosse da sua autoria. d) As enciclopédias eletrônicas são fontes confiáveis de pesquisa acadêmica.

2. Todas as manchetes abaixo relacionadas estão divulgando ou sustentando o conhecimento científico. EXCETO: a) Cursos de inglês de graça na internet. b) Abertas VII Jornadas Científicas e Pedagógicas do ISCED. c) Estudantes de Itapecerica visitam laboratório industrial da cidade. d) Universidade investe 5% do seu faturamento em núcleo de pesquisa.

UNIDADE 1

35


Metodologia Científica

3. Da charge a seguir, intitulada “Começam as aulas na universidade da floresta”, NÃO se pode deduzir que:

a) os representantes da ciência se interessam pelo conhecimento empírico; b) o conhecimento empírico dialoga com o conhecimento científico, na medida em que ele pode provocar pesquisas comprobatórias; c) a universidade da floresta é uma metáfora usada para valorizar os conhecimentos empíricos ali existentes; d) o autor mostra a desvalorização do conhecimento empírico.

4. Sobre as características do texto científico, NÃO é possível afirmar que: a) Coerência – é a lógica do texto alcançada, por exemplo, com a ausência de contradição. b) Objetividade – é o tratamento dado ao texto que implica em simplicidade e ordenação de ideias sem desvio do tema abordado. c) Imparcialidade – é a construção de um texto isento de ideias preconcebidas, opiniões e conceitos de valor. d) Coesão – é a articulação entre as partes do texto, buscando clareza e coerência. e) Precisão – é a necessidade de se escrever bem.

36

UNIDADE 1


5. Do ponto de vista científico, pode-se afirmar sobre método que: I. É o modo como o pesquisador traça os caminhos para sua pesquisa. II. É o que atribui credibilidade e consistência ao fato científico. III. É o ramo da Filosofia que sistematiza os conhecimentos. IV. É o artifício por meio do qual outro pesquisador pode repetir os mesmos resultados alcançados em uma experiência. V. São procedimentos que informam, dentre outras coisas, os fins, os meios, a abordagem e os instrumentos da pesquisa. a) Os itens I, II, IV e V são verdadeiros. b) Os itens I, III, IV e V são verdadeiros. c) Todas as opções são verdadeiras. d) Todas as opção são falsas.

6. “A verdadeira eloquência consiste em dizer tudo o que é preciso e em dizer apenas o que é preciso”. Essa frase de La Rochefoucauld explica, respectivamente, as seguintes qualidades de um texto acadêmico-científico: a) Coerência e coesão. b) Imparcialidade e objetividade. c) Consistência e objetividade. d) Subjetividade e objetividade.

UNIDADE 1

37


Metodologia Científica

Leia o texto abaixo para responder às questões 7, 8 e 9.

A CAUSA DA CHUVA - Millôr Fernandes

Não chovia há muitos e muitos meses, de modo que os animais ficaram inquietos. Uns diziam que ia chover logo, outros diziam que ainda ia demorar. Mas não chegavam a uma conclusão.

- Chove só quando a água cai do telhado do meu galinheiro – esclareceu a

galinha.

- Ora, que bobagem! – disse o sapo de dentro da lagoa. Chove quando a água

da lagoa começa a borbulhar suas gotinhas.

- Como assim? – disse a lebre – Está visto que só chove quando as folhas das

árvores começam a deixar cair as gotas d’água que tem dentro. Nesse momento, começou a chover.

- Viram? – gritou a galinha. – O telhado do meu galinheiro está pingando. Isso é

chuva!

- Ora, não vê que a chuva é a água da lagoa borbulhando? – disse o sapo.

- Mas, como assim? – tornou a lebre. – Parecem cegos! Não veem que a água cai

das folhas das árvores? Moral : Todas as opiniões estão erradas.

38

UNIDADE 1


7. Considerando os critérios básicos e os passos do método científico, pode-se dizer que, no texto, as causas da chuva ali apontadas convergem para um saber: a) científico, na medida em que se apresenta a causa da chuva, sob diversas perspectivas teóricas; b) filosófico, pois tem por origem a capacidade de reflexão do homem e por instrumento exclusivo o raciocínio; c) pseudocientífico, por partir de dogmas e não de observações sistemáticas; d) empírico, por fundamentar-se apenas em opiniões que consideram somente a perspectiva pela qual o problema é visto. e) uma conjugação de todos os tipos de conhecimento.

8. O humor presente na fábula pode ser associado a alguns aspectos acerca das características da ciência. Assim, são características da ciência, EXCETO: a) o estabelecimento de um objeto de estudo definido; b) o fato de fundamentar-se em opiniões particulares para construir conhecimentos gerais e universais; c) a utilização do método para permitir a reprodutividade dos resultados; d) a possibilidade de que as suas afirmações possam ser revistas; e) a necessidade de comprovar os resultados.

UNIDADE 1

39


Metodologia Científica

9. O texto em análise serve bem para ilustrar alguns dos erros comuns ao se fazer ciência, EXCETO: a) tomar a definição de um fenômeno com se fosse uma de suas causas; b) tomar consequência como causa e vice-versa; c) generalizar excessivamente sem verificar o caráter universal das proposições; d) fazer análises pouco profundas e precipitar nas conclusões. e) estabelecer fontes que instaurem credibilidade na pesquisa.

10. Para se fazer um trabalho científico, o acadêmico precisa compreender ______________________________, já que ele terá de decidir sobre os diversos _______________________ para a condução do seu trabalho. Assim, a __________ ______________________ irá auxiliá-lo a promover _______________________ à sua pesquisa, além de orientá-lo na estrutura textual e normas da _________. A opção que completa as lacunas do fragmento anterior é: a) ABNT, caminhos, método científico, Metodologia Científica, consistência e cientificidade. b) método científico, caminhos, Metodologia Científica, consistência e cientificidade, ABNT. c) caminhos, Metodologia Científica, consistência e cientificidade, método científico, ABNT. d) Metodologia Científica, método científico, caminhos, consistência e cientificidade, ABNT. e) consistência e cientificidade, método científico, caminhos, Metodologia Científica, ABNT.

40

UNIDADE 1


UNIDADE II As fases de construção do conhecimento científico

UNIDADE 2

41



MÓDULO 1

Fichamento e resumo

de papel cartão, hoje, contudo, elas podem ser feitas em qualquer programa

Fichamento: o que é e como se faz?

de dados de um computador.

No processo de construção de um

Quanto à função, elas podem ser

trabalho acadêmico, seja ele simples ou

classificadas como catalográficas ou de

complexo, o pesquisador realiza inúmeras

leitura.

leituras que, se não forem organizadas sistematicamente, podem se perder e

• Ficha catalográfica: utilizada em

acabar por não cumprirem o objetivo a

catalogações de bibliotecas e serve

elas referente, que é o de contribuir para

para identificar autor e localizar

a resposta colocada para a pesquisa.

assunto e título. Normalmente, é feita por um bibliotecário.

Em virtude disso, é necessário buscar estratégias de organização do material,

• Ficha de leitura: resulta da leitura

que podem ser, por exemplo, por meio

de um livro ou texto, facilitando a

de fichamentos e resumos.

execução de trabalhos acadêmicos e a assimilação de conteúdos estudados.

É uma das formas de documentação do pesquisador. Os registros fichados

O fichamento de leitura é o que nos

permitem consulta posterior do autor,

interessa para efeito da documentação a

sempre que ele precisar escrever sobre o

que nos referimos.

tema. Pode ser considerado como fonte para o fichamento tudo aquilo que o autor julgar importante: seminários, grupos de

Tipos de fichamento de leitura

discussão, conferências, artigos, livros e até anotações de aula.

Dependendo do objetivo, o pesquisador pode fichar as suas leituras de três modos

Para alcançar o seu objetivo de acesso

diferentes: registrando citações, resu-

rápido aos dados fichados, o autor deve

mindo as informações ou analisando-as.

ser criterioso ao seccionar as informações, para que elas não se percam. Antes, tais

• Fichamento de citação – é a

registros eram feitos em fichas pautadas

transcrição textual, a reprodução fiel

UNIDADE 2

43


Metodologia Científica

das frases que se pretende usar na redação do trabalho. Registram-se as passagens que poderão ser utilizadas, posteriormente, diretas.

É

como

citações

importante

registrar

o número das páginas de cada fragmento selecionado, para facilitar o trabalho da redação.

geral”, “tema específico”. Esses temas podem estar vinculados, por exemplo, ao sumário do seu trabalho. Se isso ocorrer, a respectiva numeração do tópico do sumário deve ser informada; B. abaixo, registre o tipo de fichamento que está fazendo (de citação, de resumo ou analítico);

• Fichamento de conteúdo ou de resumo – é a síntese das ideias do texto lido. É o registro de um resumo

C. em seguida, informe a referência bibliográfica da obra fichada.

informativo de uma obra ou parte dela, em que o aluno escreve com

Parte textual:

suas palavras aquilo que leu. Esse tipo de fichamento alimentará as citações

A. o corpo do fichamento dependerá

indiretas na redação final do trabalho.

do objetivo do trabalho que será feito pelo pesquisador. Caso o

• Ficha analítica ou de comentário

pesquisador opte pelo fichamento

– é a descrição com comentários dos

de citação, ele deve transcrever

tópicos abordados em uma obra ou

o trecho, colocar entre aspas e

parte dela, cuja elaboração demanda

registrar o número da página no

do autor maior domínio do assunto.

final da citação. No fichamento

Pelo fato de o autor descrever e

de resumo, o autor sintetiza a(s)

analisar as informações encontradas

passagem(ns) que lhe interessa(m)

na leitura, esse tipo de fichamento

e registra tal síntese. Por fim,

facilita e enriquece a redação final de

no fichamento analítico, ele faz

um trabalho acadêmico, pois já traz a

comentários sobre o que leu,

voz do pesquisador em diálogo com

posicionando-se em relação ao

os autores citados.

dito e tentando dialogar com o autor, concordando, discordando, acrescentando etc.

Estrutura de um fichamento Parte pós-textual: caso o fichamento seja Parte pré-textual: A. no alto da página, registre o cabeçalho, composto de “tema

44

feito por solicitação de um professor, como atividade avaliativa, registre o seu nome e suas credenciais no rodapé da ficha.

UNIDADE 2


Exemplos de fichamentos Exemplo 1 – Fichamento de citação Interacionismo

A interação em sala de aula

2.4

Fichamento de citação CASTANHEIRA, Maria Lúcia. Aprendizagem contextualizada: discurso e inclusão na sala de aula. 2. ed. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2010. 191 p. “Ao examinar a linguagem nessas duas perspectivas, o pesquisador examina como as demandas e expectativas, papéis e relacionamentos, direitos e obrigações em relação à participação nas atividades da sala de aula são reconstruídos e renegociados à medida que professor e alunos interagem ao longo do tempo.” (p. 48) “À medida que participantes de uma turma interagem, ao longo do tempo, eles passam a agir como uma cultura, no sentido de que criam princípios para a ação, estruturas culturais e conhecimento comum que orientam a participação no grupo.” (p. 52) Elaborado por: Nome do aluno. Disciplina: Nome da disciplina/curso/instituição. Ano.

Exemplo 2 – Fichamento de conteúdo (ou de resumo) Interacionismo

A interação em sala de aula

Aprendizagem contextualizada

2.4.2

Fichamento de conteúdo (ou resumo) CASTANHEIRA, Maria Lúcia. Aprendizagem contextualizada: discurso e inclusão na sala de aula. 2. ed. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2010. 191 p. O livro Aprendizagem Contextualizada, de Castanheiro (2010), é fruto de uma pesquisa desenvolvida em uma turma de 5ª série bilíngue de uma escola pública da cidade de Santa Bárbara, na Califórnia (EUA). Nos seis capítulos do livro, a autora compartilha com seu leitor uma visão da sala de aula como cultura, em uma investigação cujo objetivo é verificar como um professor age para possibilitar o acesso a práticas científicas e de letramento que costumam ser privilégio de alunos oriundos de grupos social e economicamente favorecidos. A autora esclarece e divulga exemplos favorecedores da aprendizagem e da inclusão de alunos com perfis diferentes. Para dissecar tal exemplo, ela lançou mão de teorias complementares (Antropologia Cognitiva, Sociolinguística Interacional e Análise Crítica do Discurso) e examinou as consequências epistemológicas da adoção de diferentes ângulos analíticos, definidos a partir de uma abordagem teóricometodológica particular. Especificamente, ela descreveu como a vida em sala de aula é discursivamente construída pelos membros por meio de suas interações. No primeiro capítulo, [...] Elaborado por: Nome do aluno. Disciplina: Nome da disciplina/curso/instituição. Ano.

UNIDADE 2

45


Metodologia Científica

Exemplo 3 – Fichamento analítico (ou de comentário) Interacionismo

Unidade de Sequência Interacional

2.5

Fichamento analítico CASTANHEIRA, Maria Lúcia. Aprendizagem contextualizada: discurso e inclusão na sala de aula. 2. ed. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2010. 191 p. Não sendo linguista, nem socióloga, a educadora transitou por teorias dessas áreas com leveza e simplicidade, revelando a sala de aula como um (con)texto discursivamente construído pelos participantes da interação e tomando as pessoas como ambientes umas para as outras. Desse modo, entendeu o contexto como algo que sempre muda, e a linguagem como elemento constitutivo da interação, cujos participantes são sócio historicamente construídos. Tecnicamente, utilizou a unidade de sequência interacional (GREEN, 1983), para analisar os tópicos conversacionais e mapear os eventos interacionais observados. A contribuição da pesquisa de Castanheira é inegável, especialmente, por mostrar a aprendizagem a partir de uma perspectiva contextual, construída por meio da linguagem e de práticas discursivas Elaborado por: Nome do aluno. Disciplina: Nome da disciplina/curso/instituição. Ano.

No caso de o aluno fazer o fichamento

Aluno:

no computador, para ser entregue como atividade avaliativa, ele deve usar papel

Tema Geral:

branco A4, espaçamento 1,5, fonte: Arial ou Verdana 12, paginação: superior à

Tema específico:

direita – a partir da página 2, margens superior e esquerda: 3cm e inferior e

Tipo de Fichamento:

direita: 2cm. Impressão em face única. Deve, também, usar um cabeçalho com

Referência:

as seguintes informações: Esse Instituição:

é

um

dos

gêneros

textuais

acadêmicos mais antigos, cujos modos de elaboração têm sido alterados em

Curso:

função dos recursos tecnológicos, mas cuja utilização tem sido cada vez mais

Disciplina:

demandada pelos pesquisadores. Seja em ficha, em cadernos ou em programas

Professor:

de computador, o fichamento é uma forma de registro de inegável utilidade.

46

UNIDADE 2


Resumo: o que é e como se faz?

a descrição da estrutura de uma obra

“É a apresentação concisa dos pontos

por meio de tópicos. Apresenta-se

relevantes de um texto” (NBR 6028,

em forma de um sumário com títulos,

2003, p. 1). Com essa atividade, o

subtítulos; tópicos e subtópicos de

aluno desenvolve as habilidades de

um artigo, capítulo, livro etc. Tem o

leitura e produção objetivas, seleção

objetivo de proporcionar uma visão

de informações, síntese e respeito à

geral da organização do texto a ser

propriedade intelectual, uma vez que

resumido. Pode, também, informar

a ideia original deve ser preservada e

brevemente o conteúdo de cada

referenciada.

tópico, sem dispensar o leitor do resumo de consultar o texto fonte.

As orientações da norma da ABNT estão restritas ao resumo de textos

• resumo informativo ou analítico:

científicos, não abordando, por exemplo,

é a informação do conteúdo da obra,

a síntese de romances, obras técnicas

por meio de parágrafos dissertativo-

ou capítulos de livro. Entretanto, todas

expositivos ou narrativos, escritos em

essas

terceira pessoa do singular e verbos

modalidades

de

resumo

são

muito solicitadas no meio escolar, sendo

na voz ativa.

também efetivos modos de se construir uma documentação pessoal para fins de

Se o texto for técnico ou científico,

estudos.

apresente o tema, os objetivos, a justificativa, os métodos, os resultados

Para alcançar o objetivo de sintetizar, o

e as conclusões a que se chegou

leitor deve fazer uma leitura analítica,

com a pesquisa. Caso seja um texto

destacando

e

narrativo, situe o leitor com relação aos

voltando ao texto quantas vezes forem

elementos do texto, identificando: o

necessárias.

fato, os personagens principais, o lugar

as

ideias

principais

e o tempo. Para sintetizar o enredo, mencione os seguintes pontos estruturais: Tipos de resumo

a apresentação, o fato complicador, a complicação, o ápice da narrativa, o

São três os tipos de resumo: descritivo,

desfecho e a coda2 . No caso de textos

informativo e crítico. Além disso, há o

dissertativo-argumentativos, reconstrua

resumo homotópico, utilizado na parte

a ideia central ou tese defendida pelo

pré-textual dos textos científicos. • resumo descritivo ou indicativo: é

UNIDADE 2

2 Coda é a mensagem que pode ser extraída da narrativa. Nas fábulas, ela é conhecida como moral da história.

47


Metodologia Científica

autor do texto, apresente os principais argumentos

utilizados

e

as

Parte textual:

ideias

conclusivas.

A. se

o

resumo

for

descritivo,

organiza-se o texto em tópicos, • resumo crítico: é o tipo de resumo

descrevendo, caso solicitado, os

que, além de expor o conteúdo

itens e partes que compõem a

da obra, inclui uma avaliação dela,

obra, podendo corresponder a

utilizando-se, também, da dissertação

uma espécie de sumário;

argumentativa. O autor do resumo avalia,

portanto,

a

estrutura,

a

B. se o resumo for informativo, faz-se

metodologia utilizada, a relevância

uma abertura, apresentando ao

do assunto, a linguagem utilizada, o

leitor o texto que será lido, espe-

alcance ou não dos objetivos.

cialmente, o título, a autoria e os objetivos. A partir daí, registramse as ideias essenciais da obra. É

Estrutura do resumo

essencial a fidelidade às ideias do autor, cabendo, inclusive, citações

Parte pré-textual:

livres ou textuais;

A. o cabeçalho: no alto da página,

C. no resumo crítico também é feita

registra-se a referência completa

uma introdução, a fim de contex-

da obra resumida, seguindo as

tualizar o leitor sobre a obra que

normas da ABNT;

será resumida (título, autoria, objetivos...). Na sequência, avaliam-se

B. o título: centralizado, em caixa alta,

os aspectos acima mencionados,

fonte 14 e em negrito, escreve-se

destacando-se a importância da

a palavra RESUMO seguida do

obra, o estilo do autor, a estrutura, a

tipo de resumo que será feito. Ex.:

linguagem e a organização do texto.

Resumo Informativo; Parte pós-textual: C. o nome do autor do resumo: é

48

escrito em itálico com fonte 10

Normalmente, não existe. Mas, no caso

na margem direita da folha e com

do resumo crítico, se o autor do resumo

remissiva ao rodapé, a fim de

fizer alguma consulta para realizar a

esclarecer as credenciais do autor

análise, ela deve ser registrada como

do resumo (formação e vínculo

citação no corpo do texto e na lista de

institucional).

referências.

UNIDADE 2


Dicas para elaboração de um resumo

fidelidade e objetividade possível;

A. Leia todo o texto-fonte, a fim de identificar a sua estrutura geral,

E. procure

lembrar

o

leitor

da

ou seja, a forma como ele foi orga-

propriedade intelectual das ideias

nizado e suas partes ordenadas.

ali constantes. Ex.: Tal fenômeno,

Observe bem, pois há textos mal

segundo o autor, é recorrente na

estruturados que dificultam a

Língua Portuguesa;

organização de um resumo; F. registre uma ideia por parágrafo, B. sublinhe

as

palavras-chave,

para construir a ideia central e

colocando, no início dele, a informação mais importante;

o objetivo do autor com aquela produção;

G. percorra os índices dos capítulos, seções ou obras a serem resu-

C. identifique as partes principais

midas. Os títulos e subtítulos

que compõem o desenvolvimento

fornecem a organização tópica do

do texto;

texto e, portanto, indiciam as suas proposições elementares.

D. procure registrar as ideias que sustentam o texto, com a maior

Para saber mais: Leia: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724 - Informação e documentação: princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, 2011.

UNIDADE 2

49


Metodologia Científica

MÓDULO 02

A leitura de textos técnicos

São

considerados

aqueles

que

textos

circulam

técnicos

nos

meios

profissionais, acadêmicos, científicos e jurídicos. Trata-se de uma leitura mais

Nos ambientes acadêmico e profissional,

lenta, que exige maior concentração,

são muitos os textos que chegam

principalmente, no que se refere aos

até nós, para que deles possamos

termos técnicos.

extrair

informações

essenciais,

úteis

para nossa produtividade intelectual

Por se tratar de leituras com objetivos

e

Tais

definidos, para lê-los, é necessário ter

textos, que possuem teor extremamente

alguns parâmetros. Um deles é perseguir

denotativo, diferem daqueles de outras

as respostas para algumas perguntinhas

ordens do discurso, como os literários, os

básicas. No texto acadêmico, que é o

pessoais, os religiosos ou os publicitários.

nosso foco nesta disciplina, as perguntas

procedimentos

operacionais.

são: Refiro-me, aqui, aos textos do mundo acadêmico como artigos, monografias,

O quê? (Que texto é esse? De quem é?

ensaios, teses; bem como aos textos

Qual é o assunto?)

do mundo profissional como instruções normativas, ofícios, contratos e outros,

Por quê? (Quais motivos justificam a sua

os quais demandam do sujeito uma

leitura e a própria existência do texto?)

leitura considerada técnica. Essa leitura tem como principal objetivo destacar os

Para quê? (Quais são os objetivos a

pontos considerados mais importantes

serem alcançados pelo autor do texto e

para serem, posteriormente, utilizados

por você?)

pelo leitor. Trata-se, portanto, de uma leitura produtiva.

Como? (Que métodos foram utilizados pelo autor para alcançar o objetivo?

Curiosidade: Para facilitar a busca de material sobre um tema, utilize o recurso de localizar palavras, dentro de um artigo selecionado. Use “ctrl +l” ou “ctrl + f” e, depois, registre o termo desejado.

50

UNIDADE 2


De que forma ele organizou o texto?

V. procure os principais conceitos

(Que referenciais teóricos foram usados?)

utilizados pelo autor e destaque-os;

Quais são os resultados? (A que resultado

VI. explore os dados apresentados

o autor do texto chegou? E você concluiu

pelo autor e destaque aqueles

o quê?)

que forem do seu interesse; VII. busque, na conclusão, se o autor

Passos para a realização de uma leitura técnica

cumpriu com o objetivo proposto e se ele conseguiu confirmar a proposta do título do texto;

Antes de começar a leitura, propriamente dita, faça uma pré-leitura, que é uma exploração geral da estrutura do texto

VIII. avalie se as referências estão fiéis às fontes citadas no texto;

a ser lido: observe o seu tamanho, sua estrutura tópica, os recursos gráficos

IX. verifique se as palavras-chave

utilizados, os referenciais teóricos e se há

utilizadas pelo autor foram corres-

alguma informação sobre o autor. Isso lhe

pondentes ao teor do texto.

fornecerá pistas sobre o posicionamento de quem está falando no texto. Em seguida: I. leia o título e concentre-se na construção do seu sentido;

Regras para sublinhar No decorrer de toda a leitura, vá sublinhando aquilo que for do seu interesse, aquilo que estiver condizente

II. leia o resumo, identificando, prin-

com o seu objetivo de leitor. A habilidade

cipalmente, o objetivo proposto

de sublinhar, embora seja cansativa

pelo autor;

no início, servirá de ferramenta para o estudante durante toda a sua vida

III. rastreie, na introdução, os demais

acadêmica e profissional. Por isso, vale a

objetivos (para quê), a justificativa

pena investir um pouco de esforço nessa

do autor (por quê?), a menção ao

tarefa, seguindo as recomendações:

método utilizado (como?); I. sublinhe apenas as ideias principais IV. atente-se aos destaques dados

e os detalhes importantes;

pelo autor (negritos, sublinhados, itálicos), pois eles têm razão de ser;

UNIDADE 2

II. não sublinhe por ocasião da

51


Metodologia Científica

primeira leitura, caso seja leitor técnico iniciante;

III. percorrer, especialmente, as palavras sublinhadas e as anotações à margem do texto;

III. reconstitua o parágrafo a partir das palavras sublinhadas;

IV. usar aspas e fazer referência completa à fonte, no caso de

IV. sublinhe

com

dois

traços

as

transcrição

textual,

sobretudo,

palavras-chave e com um único

quando as passagens enriquecem

traço os pormenores importantes;

o seu objetivo;

V. assinale com um traço vertical, à

V. dar um caráter personalizado ao

margem do texto, as passagens

resumo, na forma de associar as

mais significativas;

ideias e até se inserir no texto com ponderações pessoais (se for

VI. assinale

com

interrogação

um

ponto

ideias

de

permitido um resumo crítico!).

não

compreendidas ou de discordância

DICA: Para uma leitura técnica produtiva,

em relação ao texto;

utilize as estratégias de sublinhar, definir a ideia central do texto, resumir e elabo-

VII. marque o texto, preferencialmente,

rar esquemas! Bom trabalho!

com o lápis, mas podem também ser utilizadas canetas marca-texto ou canetas coloridas.

Complemento à seção: uma comparação entre o bom e o mau leitor No livro denominado “Aprendendo a

Regras para resumir

aprender”, Bastos e Keller (2004) dedicam uma seção para identificar características

Tendo o texto sublinhado, será muito

de um bom leitor e de um mau leitor.

mais fácil construir o resumo para

Tais características, apresentadas em

posteriores utilizações das informações

um quadro comparativo, são úteis para

contidas nele. Para isso, você deve:

o leitor fazer uma autoavaliação do nível de leitura em que se encontra e buscar

I. ler o texto mais de uma vez, sublinhando-o e fazendo breves

aperfeiçoar essa habilidade essencial para seu êxito acadêmico e profissional.

anotações à margem; Analise as observações dos autores e II. ser breve e compreensível;

52

faça, agora, sua autoavaliação!

UNIDADE 2


O bom leitor

Ajusta a velocidade da leitura com o assunto que lê. Se lê uma novela, é rápido; se livro científico para guardar

O bom leitor lê rapidamente e entende

detalhes, lê mais devagar.

bem o que lê. Tem os seguintes hábitos: Avalia o que lê. Lê com objetivo determinado. Pergunta-se

frequentemente:

que

Ex.: aprender certo assunto, repassar

sentido tem isso para mim? Está o autor

detalhes, responder a questões.

qualificado

para

escrever

sobre

tal

assunto? Está ele apresentando apenas Lê unidades de pensamento.

um ponto de vista do problema? Qual é a ideia principal deste trecho? Quais seus

Abarca, num relance, o sentido de um

fundamentos?

grupo de palavras. Relata rapidamente as ideias encontradas numa frase ou num

Possui bom vocabulário.

parágrafo. Sabe o que muitas palavras significam. É Tem vários padrões de velocidade.

capaz de perceber o sentido das palavras novas pelo contexto.

UNIDADE 2

53


Metodologia Científica

Sabe

usar

dicionários

e

o

faz

Tem interesse em fazer assinaturas de

frequentemente para esclarecer certos

periódicos científicos. Formado, continua

termos, no momento oportuno.

alimentando sua biblioteca e não se restringe à aquisição dos chamados

Tem habilidades para conhecer o valor

“compêndios”. Tem o hábito de ir direto

do livro.

às fontes; de ir além dos livros de texto.

Sabe que a primeira coisa a fazer quando

O mal leitor

se toma um livro é indagar de que trata, através do título, dos subtítulos encontrados na página de rosto e não apenas na capa. Em seguida lê os títulos

O mau leitor lê vagarosamente e

do autor. Edição do livro. Índice. “Orelha

entende mal o que lê. Tem os seguintes

do livro”. Prefácio. Bibliografia citada.

hábitos:

Só depois é que se vê em condições de decidir pela conveniência ou não da

Lê sem finalidade. Raramente sabe por

leitura. Sabe selecionar o que lê. Sabe

que lê. Lê palavra por palavra.

quando consultar e quando ler. Pega o sentido da palavra isoladamente. Sabe quando deve ler um livro até

Esforça-se para juntar os termos para

o fim, quando interromper a leitura

poder entender a frase. Frequentemente

definitivamente

tem de reler as palavras.

ou

periodicamente.

Sabe quando e como retomar a leitura, sem perda de tempo e da continuidade.

Só tem um ritmo de leitura.

Discute frequentemente o que lê com os

Seja qual for o assunto, lê sempre

colegas.

vagarosamentente.

Sabe

distinguir

entre

impressões

Acredita em tudo o que lê.

subjetivas e valor objetivo durante as discussões.

Para ele tudo o que é impresso é verdadeiro. Raramente confronta o que lê

Adquire livros com frequência e cuida

com suas próprias experiências ou com

de ter sua biblioteca particular. Quando

outras fontes. Nunca julga criticamente o

é estudante, procura os livros de texto

escritor ou seu ponto de vista.

indispensáveis e se esforça em possuir os chamados clássicos e fundamentais.

54

Possui vocabulário limitado.

UNIDADE 2


Sabe o sentido de poucas palavras. Nunca

dos preconceitos.

relê uma frase para pegar o sentido de uma palavra difícil ou nova.

Não possui biblioteca particular. Às vezes, é capaz de adquirir “metros de livro” para

Raramente

consulta

o

dicionário.

decorar a casa. É frequentemente levado

Quando o faz, atrapalha-se em achar a

a adquirir livros secundários em vez dos

palavra. Tem dificuldades em entender a

fundamentais. Quando estudante, só lê

definição.

e adquire compêndios de aula. Formado, não sabe o que representa o hábito das

Não possui nenhum critério técnico para

“boas aquisições” de livro.

conhecer o valor do livro. Nunca ou raramente lê a página de rosto do livro, o índice, o prefácio, a bibliografia etc. antes de iniciar a leitura. Começa a ler a partir do primeiro capítulo. É comum até ignorar o autor, mesmo depois de terminada a leitura. Jamais seria capaz de decidir entre leitura e simples consulta. Não consegue selecionar o que vai ler. Deixa-se sugestionar pelo aspecto material do livro. Não sabe decidir se é conveniente ou não interromper uma leitura. Ou lê todo o livro ou o interrompe sem critério objetivo, apenas por questões subjetivas. Raramente discute com colegas o que lê. Quando

o

impressões

faz,

deixa-se

subjetivas

e

levar

por

emocionais

para defender um ponto de vista. Seus argumentos, geralmente, derivam da autoridade do autor, da moda, dos lugares-comuns, das tiradas eloquentes,

UNIDADE 2

55


Metodologia Científica

Terminologias definidas pela ABNT Para preservar a unidade de sentidos, a

de um documento. Pode ser numerado ou não;

Associação Brasileira de Normas Técnicas

8. citação: menção de uma infor-

(ABNT) estabelece as definições de

mação extraída de outra fonte;

termos recorrentes no mundo acadêmico. Como você, cedo ou tarde, precisará de uma delas, eis a relação de algumas mais recorrentes, em ordem alfabética: 1. abreviatura:

representação

de

uma palavra por meio de alguma(s) de suas sílabas ou letras; 2. anexo: texto ou documento não elaborado pelo autor, que serve de fundamentação, comprovação e ilustração;

ou indireta de um texto a cujo original não se teve acesso; 10. citação

direta:

transcrição

textual de parte da obra do autor consultado; 11. citação indireta: texto baseado na obra do autor consultado; 12. documento:

qualquer

suporte

que contenha informação regis-

3. apêndice: texto ou documento elaborado pelo autor, que serve de fundamentação, comprovação e ilustração; 4. autor(es):

9. citação de citação: citação direta

pessoa(s)

física(s)

responsável(eis) pela criação do conteúdo intelectual ou artístico de um documento; 5. autor(es) entidade(s): instituição, organização, empresas, comitê, comissão, entre outros, responsável por publicação em que não se distingue autoria pessoal; 6. capa: proteção externa do trabalho e sobre a qual se imprimem as informações indispensáveis à sua identificação;

trada que possa servir de consulta para estudo ou prova. Podem ser impressos, manuscritos, audiovisuais, sonoros, imagens e outros; 13. edição:

todos

os

exemplares

reproduzidos a partir de um original ou matriz; 14. editora: casa publicadora responsável pela produção editorial; 15. elementos

pós-textuais:

elementos que complementam o trabalho; 16. elementos

pré-textuais:

elementos que antecedem o texto com informações que ajudam na identificação e utilização do trabalho;

7. capítulo, seção ou parte: divisão

56

UNIDADE 2


17. elementos textuais: parte do trabalho em que é exposta a matéria; 18. escopo: refere-se à delimitação do tema;

incluídos no texto; 26. palavra-chave: palavra representativa do conteúdo do documento, escolhida, preferencialmente, em vocabulário controlado;

19. índice: lista de palavras ou frases,

27. publicação periódica: publicação

ordenadas segundo determinado

em qualquer tipo de suporte

critério, que localiza e remete para

editada em unidades físicas suces-

as informações contidas no texto;

sivas, com designações numéricas

20. informante: pessoa ou instituição utilizada como fonte dos dados colhidos; 21. lista: enumeração de elementos selecionados do texto, tais como datas, ilustrações ou exemplos, na ordem de sua ocorrência; 22. monografia: documento constituído de uma só parte ou de um número preestabelecido de partes que se complementam; 23. notas de referência: notas que indicam fontes consultadas ou remetem a outras partes da obra em que o assunto foi abordado; 24. notas de rodapé: indicações, observações ou aditamentos ao texto feitos pelo autor, tradutor ou editor, podendo também aparecer na margem esquerda ou direita da mancha gráfica; 25. notas explicativas: notas usadas para comentários, esclarecimentos ou explanações, que possam ser

UNIDADE 2

e/ou cronológicas e destinada a ser continuada indefinidamente. 28. referência: conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua identificação individual; 29. resumo:

apresentação

concisa

dos pontos relevantes de um documento; 30. resumo crítico: resumo redigido por

especialistas

com

análise

crítica de um documento. Também chamado de resenha. Quando analisa apenas uma determinada edição entre várias, denomina-se recensão; 31. resumo indicativo: indica apenas os pontos principais do documento, não apresentando dados qualitativos

ou

quantitativos.

De modo geral, não dispensa a consulta ao original; 32. resumo informativo: informa ao leitor finalidades, metodologia,

57


Metodologia Científica

resultados

do

35. sumário: enumeração das divi-

documento, de tal forma que

sões, seções e outras partes de

esse possa, inclusive, dispensar a

uma publicação, na mesma ordem

consulta ao original;

e grafia em que a matéria nele se

33. título:

e

palavra,

conclusões

expressão

ou

frase que designa o assunto ou o conteúdo de um documento; 34. subtítulo:

informações

apre-

sentadas em seguida ao título,

sucede; 36. suplemento: documento que se adiciona a outro para ampliá-lo ou aperfeiçoá-lo de acordo com o conteúdo do documento.

visando esclarecê-lo ou comentá-lo de acordo com o conteúdo do documento;

Para saber mais: Leia: BASTOS, C., KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. 18. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.Caps. II – “Facilitando o estudo” e III – “Formando o hábito de estudo”.

Assista à videoaula com este conteúdo.

58

UNIDADE 2


MÓDULO 03

Primeira fase do trabalho: planejamento

conter os seguintes itens: introdução ao tema, delimitação, justificativa, objetivos, hipótese, metodologia, base teórica, recursos, cronograma e referências.

O Projeto de Pesquisa Introdução ao tema O planejamento é essencial para qualquer atividade. Quando essa atividade é a

Normalmente, trata-se de um texto

pesquisa acadêmico-científica, essa tarefa

dissertativo-expositivo sobre o assunto

se torna imprescindível. O planejamento

a ser desenvolvido. Seu objetivo é

é

processo

esclarecer o tema e contextualizar o

sistematizado mediante o qual se pode

leitor nos âmbitos científico e social. O

conferir maior eficiência à investigação

texto deve ter uma estrutura afunilada,

para em determinado prazo alcançar o

partindo do tema mais amplo para o

conjunto de metas estabelecidas.” (GIL,

mais específico, até advir à delimitação

2010, p. 3).

da pesquisa.

concebido

como

“o

O projeto de pesquisa é o documento que esclarece as ações futuras do pesquisador

Delimitação do tema

e deve fornecer ao leitor as orientações básicas sobre o que será pesquisado,

É o foco do trabalho, também chamado

como, por quê, para quê, em que tempo,

de problema ou escopo da pesquisa.

quanto custará, em quais conceitos se

É o recorte do assunto, especificando

baseará. Visa, portanto, à descrição do

exatamente qual é a proposta de estudo

caminho, bem como os passos que serão

do pesquisador. Uma boa maneira para

percorridos pelo pesquisador na fase

delimitar a pesquisa é situá-la em um

construtiva do trabalho científico.

ramo específico da ciência, no tempo e/ ou no espaço. Para delimitar o seu tema,

Resguardadas

as

orientações

gerais

pense em:

da ABNT, cada instituição tem sua padronização para se elaborar o projeto de

• uma situação que precisa ser

pesquisa, mas uma estrutura básica deve

mudada ou melhor compreendida;

UNIDADE 2

59


Metodologia Científica

• uma não resolvida; • condições

que

precisam

ser

Fique atento!

melhoradas;

Lembre-se de que é a deli-

• dificuldades que precisam ser eliminadas;

mitação que direcionará suas decisões, portanto invista nela! Elabore uma frase interrogativa, quando o seu

• uma abordagem teórica a ser enfocada.

foco for um problema original (exemplos A e B); e uma frase afirmativa, quando se tratar de uma pesquisa de revisão bibliográfica (exemplos C e D).

Uma boa delimitação deve ser claramente expressa, ser objetiva e observar a

Justificativa

viabilidade no tempo, no espaço e no contexto.

É um texto dissertativo-argumentativo que responde à pergunta “Por quê?”.

Alguns exemplos de delimitações ou

Nele, o pesquisador deve convencer

perguntas científicas:

a comunidade acadêmico-científica da relevância da sua proposta. Os argu-

A. De que modo os recursos tecno-

mentos a serem apresentados deverão

lógicos podem ser usados como

estar relacionados a motivos pessoais,

ferramenta

profissionais, científicos, sociais e/ou

didático-pedagógica

no cotidiano acadêmico de insti-

acadêmicos.

tuições de Educação Infantil? B. As ferramentas oferecidas em

Objetivos

marketing de serviços podem ser utilizadas na captação de alunos

Este tópico responde à pergunta “Para

para

quê?”, isto é, para que servirá a sua

a

Instituição

de

Ensino

Superior X?

pesquisa? Onde você pretende chegar? O que deseja mostrar, demonstrar?

C. Um estudo sobre fatores conside-

Utilize frases curtas iniciadas com verbos

rados na formação do preço das

no infinitivo. O objetivo geral deve estar

mensalidades escolares.

diretamente relacionado à pergunta, explicitando, por meio do verbo, o que

D. Uma abordagem sobre a teoria

se deseja alcançar. Exemplo:

sistêmica aplicada à Administração no final no século XX.

60

• Verificar

se

a

característica

UNIDADE 2


empreendedora de um gestor reflete

virtude da sua coragem e criatividade.

em projetos bem sucedidos do ponto de vista empresarial; Metodologia • averiguar o tipo de formação, as habilidades e as competências

É o momento de o pesquisador traçar

inerentes

o caminho que irá percorrer e tomar

a

um

administrador

empreendedor.

algumas decisões sobre procedimentos, técnicas pesquisa.

Hipótese

serem Neste

desenvolvidas texto,

ele

na

deve

responder às seguintes perguntas:

Nos casos em que a delimitação da pesquisa aponta para um problema, o

a

pesquisador

deve

construir

uma

hipótese, ou seja, uma suposta resposta para sua pergunta. É uma proposição baseada no conhecimento empírico e que será aceita ou rejeitada somente depois de ser devidamente testada. Na proposição, utilizamos expressões indicativas de conjectura.

A. Que tipo de raciocínio lógico utilizará? B. Quais os fins e os meios da pesquisa? C. Que abordagem utilizará – quantitativa ou qualitativa? D. Quais serão seu universo, amostra e sujeitos? E. Serão necessários quais instru-

Exemplo:

mentos de pesquisa (questionário; entrevista; estudo de caso...)?

Para a pergunta: F. Como será feita a coleta de dados? O gestor de projetos com tendência empreendedora melhores

consegue

resultados

alcançar

em

seus

empreendimentos? Poderíamos lançar como hipótese: Julga-se que o gestor de projetos com tendência

empreendedora

consegue

alcançar resultados mais positivos, em

UNIDADE 2

G. Como o pesquisador procederá para certificar-se do aspecto ético da pesquisa? Atenção: dedique-se ao esclarecimento dos fundamentos metodológicos, pois essas informações são essenciais para a credibilidade científica da sua pesquisa.

Cronograma Sem elas, o seu trabalho é caracterizado apenas como técnico!

61


Metodologia Científica

X

Mês 1

Mês 2

Mês 3

Mês 4

Mês 5

Elaboração do projeto Definição do professor orientador Envio do projeto ao orientador Levantamento bibliográfico, leituras e fichamentos Recebimento do projeto corrigido pelo orientador Envio da 1ª versão do artigo (referencial teórico e metodologia) Recebimento da 1ª versão corrigida pelo orientador Pesquisa de campo Análise dos dados Envio da segunda versão do artigo, incluindo a análise de dados, introdução e considerações finais Recebimento da 2ª versão corrigida pelo orientador Envio da 3ª versão do artigo Recebimento da 3ª versão corrigida pelo orientador Revisão geral Entrega do TCC para avaliação final Apresentação

62

UNIDADE 2


É o planejamento da pesquisa. Deve ser feito na forma de quadro, conforme apresentado anteriormente. Lembre-se de que a pesquisa bibliográfica deve ocorrer durante todo o processo.

Referências É a relação, em ordem alfabética, dos principais autores que já trataram do assunto e que fundamentam o estudo em questão. Serve para demonstrar que o aluno teve contato com os conceitos e teorias básicas sobre o tema e está preparado para discuti-lo. Devem ser apresentadas segundo as normas da ABNT.

Para saber mais: Leia: BRASILEIRO, Ada Magaly Matias. Manual de produção de textos acadêmicos e científicos. São Paulo: Atlas, 2013. p. 130-137.

Assista à videoaula com este conteúdo.

UNIDADE 2

63


Metodologia Científica

MÓDULO 04

A importância da disciplina de metodologia científica no desenvolvimento de produções acadêmicas de qualidade no nível superior THE IMPORTANCE OF THE DISCIPLINE SCIENTIFIC METHODOLOGY IN THE DEVELOPMENT OF ACADEMIC QUALITY PRODUCTS IN HIGHER EDUCATION Rosane Tolentino Maia3

Resumo: Este trabalho aborda a impor-

Abstract: This paper discusses the

tância da disciplina de Metodologia

importance of the discipline of scien-

Científica como ferramenta fundamental

tific methodology as a fundamental

na iniciação científica e no desenvolvi-

tool in undergraduate research and

mento de produções científicas pelos

development of scientific productions

alunos que ingressam nas universidades

by students entering universities and

e ao longo do curso são estimulados a

throughout the course are encouraged

desenvolver trabalhos científicos como

to develop scientific papers as part of

parte dos requisitos de avaliação. O

the assessment requirements. The case

Estudo de Caso teve como objeto de

study has as object of research students

pesquisa os alunos do segundo e sexto

in the second and sixth semesters of the

semestres do Curso de Enfermagem das

Faculdades Integradas dos Tapajós.

Faculdades Integradas do Tapajós. Key-words:

Scientific

Palavras-chave: Metodologia Científica.

Scientific

Initiation.

Iniciação

Productions.

Científica.

Produções

Methodology. Academic

Acadêmicas.

3 Especialista em Docência do Ensino Superior, graduada em Processamento de dados pela Universidade Federal do Pará e docente das Faculdades Integradas do Tapajós.

64

UNIDADE 2


1 Introdução

indiretas, bem como sobre o propósito

Nos últimos anos, tem se evidenciado

de incluí-las no corpo do próprio texto.

um consenso na comunidade acadêmica brasileira de que instituições de ensino

Essas dificuldades podem justificar a

universitário devem aliar às práticas

causa de uma grande ansiedade nos

de ensino tradicional, elementos que

alunos de graduação, na medida em que

promovam

do

as exigências mudam em profundidade,

pensamento crítico e reflexivo dos alunos,

a forma usual da escrita, incorporando

permitindo, através de uma visão real do

diversos elementos, até então desco-

mundo, detectar os problemas que o

nhecidos, podendo, no limite, levar ao

assolam e, ao mesmo tempo, dotá-los

desânimo e, até mesmo, a desistência

de ferramentas capazes de promover

do curso. Diante do exposto é de suma

medidas que ajudem solucioná-los.

importância questionar: de que forma

o

desenvolvimento

a disciplina de Metodologia Científica Este trabalho aborda a importância da

pode ajudar os alunos de nível superior

Metodologia Científica como ferramenta

a superar as suas dificuldades na hora de

fundamental no desenvolvimento de

elaborar uma produção científica?

produções científicas pelos alunos que ingressam nas universidades as quais,

A preparação, a redação e a apresen-

ao longo do curso são estimulados a

tação de trabalhos científicos envolvem

desenvolver trabalhos científicos como

um grande número de questões de

parte dos requisitos de avaliação.

natureza técnica e estética, dentre as quais, pode-se destacar a disciplina, a

Verifica-se que os alunos se veem diante

criatividade na seleção da bibliografia,

de muitas dificuldades para cumprir

a leitura de forma organizada, a ousadia

essas exigências, provavelmente, em

e o rigor na abordagem do assunto,

decorrência de uma formação deficiente

além da obediência a certas normas de

na formação básica. Por vezes, verifica-se

redação e apresentação do texto final. A

que alunos cursando o último ano dos

Metodologia Científica aborda as princi-

cursos de graduação, desconhecem as

pais regras da produção científica para

mais elementares normas envolvidas na

alunos dos cursos de graduação, forne-

elaboração de textos científicos, tais como:

cendo uma melhor compreensão sobre a

desenvolvimento e estrutura do trabalho,

sua natureza e objetivos, podendo auxi-

padrões de redação, procedimentos para

liar para melhorar a produtividade dos

elaborarem

alunos e a qualidade das suas produções.

pesquisas

bibliográficas,

seleção e organização da leitura das obras, construção de citações diretas e

UNIDADE 2

A relevância desta pesquisa se justifica,

65


Metodologia Científica

tendo em vista a pouca importância que

A evolução da ciência se deu com a

é dada pela maioria dos pesquisadores

evolução da inteligência humana, que

em formação aos detalhes da confecção

passou do medo do desconhecido ao

de um documento metodologicamente

misticismo, numa tentativa de explicar

adequado. A necessidade do estudo

os fenômenos através do pensamento

em pode ser considerada, na medida

mágico, das crenças e das superstições.

em que ele irá abordar a importância

Finalmente, evoluiu para a busca de

da disciplina de Metodologia Científica,

respostas através de caminhos que

como desenvolvimento técnico, ideoló-

pudessem

gico e científico do aluno de nível supe-

forma, nasceu a ciência metódica, que

rior melhorando a sua produtividade e a

procurou sempre a aproximação com a

qualidade das suas produções.

lógica.

Objetiva-se com este estudo, comprovar

O ser humano é o único animal na

que a disciplina Metodologia Científica

natureza com capacidade de pensar.

é prática e apresenta instrumentos

Esta característica permite aos seres

necessários para a realização de trabalho

humanos a capacidade de refletir sobre

de pesquisa, buscando a construção do

o significado de suas próprias experiên-

conhecimento dos acadêmicos de forma

cias. Assim sendo, é capaz de promover

a lhes favorecer com uma leitura e escrita

novas descobertas e de transmiti-las a

mais eficientes, através da pesquisa e

seus descendentes. O desenvolvimento

redação com embasamento científico

do conhecimento humano está intrinse-

elaborados segundo normas científicas

camente ligado à sua característica de

vigentes. Através da análise dos principais

viver em grupo, ou seja, o saber de um

conceitos que compõem a disciplina de

indivíduo é transmitido a outro, que, por

Metodologia Científica e posterior relação

sua vez, aproveita-se deste saber para

dos mesmos na produção e apresentação

somar outro. Assim evolui a ciência.

ser

comprovados.

Desta

de trabalhos científicos, buscou-se traçar uma analogia entre o saber científico e sua influência no desenvolvimento da

2.1 Método e ciência

reflexão, da compreensão, da capacidade de interpretação e argumentação dos

Segundo Oliveira (1999), a Ciência num

acadêmicos dos cursos de graduação.

determinado período da história acabou sendo mitificada, principalmente a partir do séc. XVIII, e hoje ela é entendida como

2 Referencial teórico

sendo qualquer assunto que possa ser estudado pelo homem, pela utilização

66

UNIDADE 2


do Método Científico e de outras regras

positiva deve se preocupar com o que é

especiais de pensamento.

e não com o que se pensa que deve ser.

O autor destaca ainda que a Metodologia

Severino (2000) define Metodologia

estuda

como:

os

meios

ou

métodos

de

investigação do pensamento concreto e do pensamento verdadeiro, e procura estabelecer a diferença entre o que é verdadeiro e o que não é, entre o que é real e o que é ficção. Assim, o aprofundamento em um conjunto de processos de estudos, de pesquisa e de reflexão, passa a exigir do estudante uma nova postura de atividade didática mais crítica e rigorosa. Para Gil (2002, p.17), o desenvolvimento

um instrumental extremamente útil e seguro para a gestação de uma postura amadurecida frente aos problemas científicos, políticos e filosóficos que nossa educação universitária enfrenta. [...] São instrumentos operacionais, sejam eles técnicos ou lógicos, mediante os quais os estudantes podem conseguir maior aprofundamento na ciência, nas artes ou na filosofia, o que, afinal, é o objetivo intrínseco do ensino e da aprendizagem universitária (SEVERINO, 2000, p.18).

de produções científicas só se dá de maneira efetiva “mediante o concurso dos

No mundo acadêmico, fazer ciência é

conhecimentos disponíveis e a utilização

importante para todos porque é por meio

cuidadosa de métodos, técnicas e outros

dela que se descobre e se inventa, e o

procedimentos científicos”. O método

método representa, portanto, uma forma

científico visa descobrir a realidade dos

de pensar para se chegar à natureza de

fatos que, uma vez descobertos, devem

um determinado problema, quer seja

guiar o uso do método. Os autores

para estudá-lo, quer seja para explicá-lo.

Cervo e Bervian (1983, p.125) destacam que “o método não é apenas um meio de acesso: só a inteligência e a reflexão descobrem o que os fatos realmente são.” O método científico percorre os

2.2 Iniciação científica: dificuldades de implementação da pesquisa nas universidades

caminhos da dúvida sistemática, que

A iniciação científica caracteriza-se como

não pode ser confundida com a dúvida

instrumento de apoio teórico e meto-

universal dos céticos.

dológico à realização de um projeto de pesquisa e constitui um canal adequado

Mesmo no caso das ciências sociais,

de auxílio para a formação de uma nova

o método deve ser positivo e não

mentalidade no aluno, que de simples

normativo. Em outras palavras, a pesquisa

repetidores, passam a criadores de novas

UNIDADE 2

67


Metodologia Científica

atitudes e comportamento, através da

desenvolvem nele o raciocínio, o senso

construção do próprio conhecimento.

crítico e o conhecimento de base.

A situação atual do ensino médio

Obras literárias importantes são resu-

encerra várias e complexas questões

midas de forma pobre e descaracteri-

como: aspectos estruturais que ainda

zadas, em poucos parágrafos. As apostilas

não foram resolvidos e a precariedade

são confeccionadas sem estudos prévios,

desse ensino público no Brasil. O

ao contrário do que ocorre com os

cenário educacional, em que convivem

livros, que demandam anos de pesquisa

velhos e novos problemas, aponta para

por profissionais, especialistas, intelec-

a expansão do ensino médio com baixa

tuais, escritores e cientistas, contendo

qualidade, para a privatização da sua

ilustrações detalhadas e informações

gestão e, simultaneamente, exibe um

completas. Já sem cultura básica, nossos

forte componente de exclusão. A reforma

jovens também não são estimulados à

político-educacional do ensino médio,

leitura dos jornais e revistas, que também

em curso, vem afetando sensivelmente,

se constituem em fonte imprescindível

o trabalho do professor e a dinâmica

de informação e formação.

institucional da escola e, em muito menor grau, a realidade educacional do

Os estudantes sabem manipular com

aluno. Tal fato refletirá na sua atuação

habilidade os microcomputadores em

enquanto discente de uma instituição de

suas casas, e, de forma crescente, também

nível superior.

nas escolas, públicas ou privadas, mas são incapazes de interpretar um texto

Em

recente

pesquisa

do

Sistema

de teor mais rebuscado. Não conseguem

Nacional de Avaliação da Educação

redigir um texto com princípio, meio

Básica (SAEB), foi divulgado que apenas

e fim, estilo, forma e linguagem e, por

um por cento dos alunos brasileiros da

conta dos modismos atentam contra

terceira série do ensino médio (ou seja,

o idioma, com seu pobre vocabulário.

os que se preparam para ingressar na

Apesar do acesso dos jovens a todos

universidade) tem domínio adequado do

os canais da era da informação, eles,

idioma Português. Observa-se no país

verdadeiramente, não têm informação.

uma perigosa desvalorização da cultura

Segundo Balbachevsky (1999),

básica, da erudição e do conhecimento. A grande maioria dos cursos de ensino médio e os cursos preparatórios para os

vestibulares

preparam

o

aluno

apenas para realizar a prova, mas não

68

[...] ainda que viável, a formação oferecida por estabelecimentos especializados no ensino, mesmo quando bem sucedida, vem sendo submetida a críticas importantes nos anos recentes.

UNIDADE 2


Boa parte dessas críticas centra-se no fato de que o ensino, dissociado da atividade de pesquisa, deixa uma lacuna na formação do aluno numa das dimensões mais fundamentais para o seu sucesso futuro: qual seja a sua preparação para solucionar criativamente problemas, isto é, sua capacidade de reunir, selecionar e analisar dados relevantes para a solução de uma situação não usual.[...] (BALBACHEVSKY, 1999).

eficientemente, cada universidade faz parte de uma bem definida infraestrutura tecnológica e científica e que não há razões especiais para se preocupar com a autonomia de cada universidade que [...] em momentos de crise, deve descobrir qual a melhor maneira de se lançar na aventura de encontrar novos caminhos para si e, como instituição pensante, para o conjunto da sociedade.

A iniciação científica é um dever da instituição e não deve representar uma atividade eventual ou esporádica. A atividade

3 Metodologia

de pesquisa universitária, especialmente a pesquisa básica, sempre exigiu um

Utilizou-se o método indutivo como

conjunto de condições que estão fora

forma ordenada do raciocínio, uma

do alcance da realidade da maior parte

vez que passamos da análise de dados

dos estabelecimentos de ensino superior

particulares e caminhamos para noções

privados no Brasil. No setor público,

gerais conforme descrito a seguir. Após

a pesquisa universitária só institucio-

a leitura textual, com o objetivo de

nalizou-se a partir do final da década de

formar uma visão geral da obra, uma

sessenta, em função da implementação

segunda leitura foi feita com o objetivo

da reforma de 1968. As várias propostas

de aprofundamento e codificação dos

demandavam mudanças estruturais para

principais conteúdos. Os textos foram

o ensino superior brasileiro, objetivando

então codificados, resumidos, analisados

modernizar e democratizar o sistema.

e comentados de acordo com os diversos autores pesquisados, visando

Buarque (1994) destaca que a universidade

fundamentar as respostas fornecidas à

tem

gerar

de pesquisa. Após a redação da primeira

saber de nível superior para viabilizar

versão do texto, foram feitas revisões

o funcionamento da sociedade. Esse

em duas etapas para o aperfeiçoamento

papel manifesta-se de forma diferente,

da abordagem e verificação da correta

conforme o tipo de sociedade que se

incorporação dos aspectos formais.

um

papel

permanente:

deseja. [...] no Brasil, a universidade não dispõe de um projeto, nem de prioridades

Na segunda fase, foi realizado um

definidas pela sociedade [...]. Conclui

estudo de campo onde foram feitas

dizendo que quando o sistema funciona

entrevistas estruturadas com perguntas

UNIDADE 2

69


Metodologia Científica

direcionadas

à

temática

proposta,

sobre as principais produções acadêmicas

a fim de se traçar um perfil do nível

exigidas nos cursos de graduação e

de conhecimento dos alunos antes e

sobre a qualidade da produção desses

depois deles se familiarizarem com os

trabalhos antes e depois de conhecerem

métodos científicos. Os conteúdos foram

as regras metodológicas científicas.

analisados sob um enfoque empíricoanalítico e uma abordagem quantitativa,

Optou-se por este tipo de instrumento

uma vez que a pesquisa aponta para o

porque através dele, minimizam-se as

conceito de causa ou para uma relação

distorções das respostas registradas

causal quando busca comprovar que a

na medida em que o pesquisador está

metodologia científica pode ajudar na

ausente e não exerce influência direta

superação das dificuldades na produção

sobre o respondente, além de permitir

acadêmica no nível superior.

que os dados sejam disponibilizados para análise em um período relativamente

Foram selecionados sessenta alunos do

curto. Os questionários foram distribuídos

Curso de Enfermagem das Faculdades

nas turmas e recolhidos após sete dias

Integradas do Tapajós, subdivididos em

para a análise posterior.

quatro grupos de 15 alunos compondo o segundo (duas turmas) e o sexto (duas turmas) semestres. A disciplina de Metodologia Científica é ministrada

4 Apresentação e discussão dos dados

em duas horas semanais, no primeiro período do curso. Já no quinto período é

Dos sessenta instrumentos de pesquisa,

ministrada a disciplina de Metodologia da

foram devolvidos 48, a partir dos quais

Pesquisa, onde efetivamente, os alunos

foram feitas as análises conforme se

passam a implementar um Projeto de

segue:

Pesquisa. Daí a preferência pelos semestres citados, uma vez que o os alunos do

Com relação ao nível de conhecimento

segundo semestre tiveram um contato

em relação aos objetivos da disciplina

recente com a disciplina e os alunos do

de Metodologia Científica ao ingressar

sexto período já tiveram a oportunidade

na graduação, 42 (87,5%) responderam

de colocar em prática as ferramentas

que não tinham nenhum conhecimento

metodológicas ao longo do curso.

e 6 (12,5%) responderam que tinham um nível regular de conhecimento.

Foram utilizados sessenta questionários

70

estruturados, com perguntas fechadas

Com relação ao nível de conhecimento

sobre o nível de conhecimento dos alunos

sobre os objetivos da disciplina de

UNIDADE 2


Metodologia

Científica,

2

(4,2%)

De acordo com os dados, fica evidente

responderam que não tinham nenhum

a

conhecimento, 14 (33,3%) responderam

inserção da disciplina de Metodologia

que

de

Científica na matriz curricular do ensino

conhecimento, 30 (62,3%) responderam

médio, uma vez que, promovida a sua

que tinham um nível bom de conhecimento

integração com as demais disciplinas,

e 2 (4,2%) responderam que tinham um

viabilizaria o que deveria ser o objetivo

nível excelente de conhecimento.

de todas as instituições de ensino:

tinham

um

nível

regular

necessidade

estimular

a

de

se

repensar

construção

criativa

na

de

Quanto ao nível de conhecimento das

conhecimento pelo aluno. Lima (2004)

regras, ferramentas e métodos usados

deixa bem clara essa ideia ao declarar

na produção de trabalhos científicos

que: a pedagogia de ensino fundada na

ao ingressar na graduação, 45 (93,7%)

reprodução indefinida de conhecimentos

responderam que não tinham nenhum

acumulados, que prevalece no ensino

conhecimento e 3 (6,3%) responderam

fundamental e médio, frequentemente

que

não capacita técnica, conceptual, teórica e

tinham

um

nível

regular

de

conhecimento.

metodologicamente jovens universitários para construir um pensamento crítico e

Como

consequência

desse

desco-

reflexivo mais elaborado (LIMA, (2004).

nhecimento, surge no acadêmico um sentimento de resistência em relação

Com relação ao nível de conhecimento

à maioria das atividades propostas na

das

educação superior que exijam deles um

ao ingressar na graduação, foi obtido

nível maior de comprometimento, disci-

o seguinte resultado: 44 (91,6%) não

plina, esforço e organização, justificando

tinham nenhum conhecimento e 4 (8,4%)

as dificuldades enfrentadas pelo docente

tinham um conhecimento regular sobre

ao ministrar a disciplina.

como elaborar um fichamento; 34 (70,8%)

principais

produções

científicas

não tinham nenhum conhecimento, 14 Quanto ao nível de conhecimento das

(29,2%) tinham um nível de conhecimento

regras, ferramentas e métodos usados

regular de como elaborar um resumo;

na produção de trabalhos científicos,

42

apenas

que

conhecimento e 6 (12,5%) tinham um

não tinham nenhum conhecimento, 38

nível de conhecimento regular sobre

(79,2%) responderam que têm um nível

como elaborar uma resenha; 45 (93,7%)

regular de conhecimento e 8 (16,6%)

não tinham nenhum conhecimento e 3

responderam que têm um nível bom de

(6,25%) tinham um nível de conhecimento

conhecimento.

regular sobre como elaborar um projeto

UNIDADE 2

2

(4,2%)

responderam

(87,5%)

não

tinham

nenhum

71


Metodologia Científica

de pesquisa; 46 (95,8%) não tinham

Quando questionados se a disciplina

nenhum conhecimento e 2 (4,2%) tinham

de Metodologia Científica ajudou a

um nível de conhecimento regular sobre

melhorar o nível de suas produções

como elaborar um artigo científico.

acadêmicas

ao

longo

do

semestre

foram obtidas as seguintes respostas: 2 Quanto ao nível atual de conhecimento

(4,2%) responderam que não, 38 (79,2%)

das principais produções científicas foi

responderam que sim e 8 (16,6%)

obtido o seguinte resultado: 2 (4,2%) não

responderam que em alguns casos a

tinham nenhum conhecimento, 31 (64,6%)

disciplina os ajudou a melhorar o nível de

tinham um conhecimento regular e 15

suas produções.

(31,2%) tinham um conhecimento bom de como elaborar um fichamento; 2 (4,2%)

Considerando as dificuldades enfren-

não tinham nenhum conhecimento, 31

tadas pelo jovem que ingressa no nível

(64,6%) tinham um nível de conhecimento

superior, a metodologia científica surge

regular e 15 (31,2%) tinham um nível bom

como instrumento de apoio técnico,

de conhecimento sobre como elaborar

teórico e metodológico para as produ-

um resumo; 2 (4,2%) não tinham nenhum

ções que serão desenvolvidas ao longo

conhecimento, 39 (81,2%) tinham um

do seu curso, pois dá ao aluno diretrizes e

conhecimento regular e 7 (14,6%) tinham

caminhos mais simplificados e seguros e

um conhecimento bom de como elaborar

fornece a eles os instrumentos e técnicas

uma resenha; 2 (4,2%) não tinham nenhum

operacionais mais indicados para a

conhecimento, 43 (89,6%) tinham um

produção do conhecimento.

nível de conhecimento regular e 3 (6,2%) tinham um nível bom de conhecimento sobre como elaborar um projeto de

5 Considerações finais

pesquisa; 2 (4,2%) não tinham nenhum conhecimento e 46 (95,8%) tinham um

A presença de tantas regras, detalhes,

nível de conhecimento regular sobre

indicações rígidas para digitação e

como elaborar um artigo científico. O

formatação do texto, que parecem

número ainda elevado de nível regular de

cercear a liberdade do aluno em pensar

conhecimento pode ser justificado pela

e escrever sem nenhuma exigência

carga horária de duas horas semanais

metodológica, faz com que o estudo de

da disciplina, que, sem dúvida, não é

Metodologia Científica nas instituições

suficiente para se trabalhar conceitos

de ensino superior, raramente, seja bem

teóricos e se fazer uma jornada prática

aceito pelos alunos.

intensiva de produção. A metodologia científica, objetiva mais

72

UNIDADE 2


do que levar o aluno, simplesmente,

portanto, a inserção do estudante no

a

mundo acadêmico-científico desenvol-

um

elaborar

projetos,

trabalho

a

desenvolver

monográfico

ou

um

vendo nele hábitos que o acompanharão

artigo científico como requisito final e

por toda a sua vida, como o gosto pela

conclusivo de um curso acadêmico. Ela

leitura e o espírito crítico maduro e

almeja levar o aluno a comunicar-se de

responsável. A disciplina de Metodologia

forma correta, inteligível, demonstrando

Científica ajuda os alunos na experiência

um pensamento estruturado, plausível

de sentirem-se cidadãos, livres e respon-

e convincente, através de regras que

sáveis e os auxilia a administrar suas

facilitam e estimulam à prática da leitura,

emoções, a exercitar o bom senso e a

da análise e interpretação de textos

enfrentar desafios na conquista de suas

e, consequentemente, a formação de

metas.

juízo de valor, crítica ou apreciação com argumentação válida e coerente. 6 Referências O método, quando incorporado a uma forma de trabalho ou pensamento,

BALBACHEVSKY, E. A profissão acadê-

leva o indivíduo a adquirir hábitos e

mica no Brasil: as múltiplas facetas de

posturas diante de si mesmo, do outro

nosso sistema de ensino superior. São

e do mundo, que só têm a beneficiar a

Paulo: Editora Funadesp, 1999.

sua vida tanto profissional quanto social, afetiva, econômica e cultural.

BUARQUE, C. A aventura da universidade. São Paulo: Editora da UNESP; Rio

Com base em métodos adequados e

de Janeiro: Paz e Terra, 1994.

técnicas apropriadas, o estudante terá condições, a partir da conscientização

CERVO, A.; BREVIAN, P.A. A metodo-

de um problema, de buscar respostas

logia científica. São Paulo: McGraw-Hill,

ou soluções para o mesmo. A atividade

1983.

científica é, acima de tudo, o resultado de uma atitude do ser humano diante do

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar

mundo que o cerca, do qual ele mesmo

projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo:

é parte integrante, para entendê-lo,

Atlas, 2002.

reconstruí-lo

e,

consequentemente,

torná-lo inteligível.

LIMA, L. C. Cidadania e educação: adaptação ao mercado competitivo ou

As regras e passos metodológicos que

participação na democratização. São

são ensinados na universidade visam,

Paulo: Porto, 2004.

UNIDADE 2

73


Metodologia Científica

OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia

científica.

São

Paulo:

Pioneira, 1997. SEVERINO,

Antônio

Joaquim.

Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000

Para saber mais: Leia: GIL, A. C. Como elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2009.

Assista à videoaula com este conteúdo.

74

UNIDADE 2


RESUMO DA UNIDADE

Na busca pela produção de uma pesquisa de qualidade, o estudante deve passar por quatro fases. São elas: planejamento (fase de elaboração do projeto), execução (fase da elaboração das pesquisas propriamente ditas), relato (fase da redação do processo e do resultado) e submissão (fase da avaliação do trabalho pela comunidade acadêmicocientífica). Vamos nos dedicar a explicitar cada uma delas.

Figura 1: Fases do trabalho científico

PLANEJAMENTO

CONSTRUÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO

EXECUÇÃO

RELATO

SUBMISSÃO

UNIDADE 2

75


Metodologia Científica

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

1. “O que devo explicitar na justificativa de um projeto de pesquisa?” Marque a alternativa que responde à questão acima. a) A previsão do tempo que será gasto na realização do trabalho de acordo com as atividades a serem cumpridas. b) A importância do tema a ser estudado, ou justificar a necessidade imperiosa de se levar a efeito tal empreendimento. c) Toda a ação desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa ‘de forma minuciosa, detalhada e rigorosa. d) O que o pesquisador quer atingir com a realização do trabalho de pesquisa.

2. Abaixo estão listadas as fases do trabalho científico com uma ação respectiva do pesquisador. Indique qual das opções NÃO estabelece uma relação correta. a) Fase de Relatório = > o pesquisador registra textualmente a sua pesquisa. b) Fase do Projeto => o pesquisador define o problema da sua pesquisa. c) Fase de Pesquisa = > o pesquisador define seus objetivos e métodos. d) Fase de Apresentação => o pesquisador socializa o seu trabalho com a comunidade científica a que pertence.

76

UNIDADE 2


Leia o resumo homotópico a seguir e responda às questões 3 e 4: FORMAÇÃO DE GESTORES ESCOLARES: A ATUALIDADE DE JOSÉ QUERINO RIBEIRO - Vitor Henrique Paro

RESUMO A pretexto da comemoração dos cem anos de nascimento de José Querino Ribeiro, procura-se recuperar pontos relevantes da obra desse importantíssimo autor dos estudos sobre administração escolar, no Brasil, incidindo sobre suposto paradoxo aí presente e destacando duas alternativas para a formação de dirigentes escolares: uma formação “técnica” específica, calcada nos princípios e métodos da empresa capitalista, com apelo “gerencial” e privilegiando as formas de controle do trabalho alheio, ou uma formação fundamentada no pedagógico e nas potencialidades da educação como prática democrática. Fonte: Educ. Soc. 30(107): 453-467, ND. 2009 Aug.

3. Pelas informações nele colhidas, é possível deduzir que se trata de uma proposta: a) para elaboração de artigo original, haja vista que o autor pretende responder a uma pergunta científica; b) para artigo original, considerando que o autor destacou duas alternativas para a formação de dirigentes escolares; c) para artigo de revisão, pois o autor analisa uma temática com base em referência bibliográfica; d) para artigo de revisão, pelo fato de o autor rever uma problemática.

UNIDADE 2

77


Metodologia Científica

4. Utilizando o mesmo resumo, marque dentre as opções abaixo aquela que NÃO encontra respaldo no texto. a) A justificativa para a pesquisa foi a comemoração dos cem anos de nascimento de José Querino Ribeiro. b) O tema da pesquisa é administração escolar. c) A delimitação do tema pode ser expresa na frase: “Uma abordagem sobre administração escolar, no Brasil, sob a perspectiva dos estudos de José Querino Ribeiro”. d) A hipótese se baseia em duas alternativas para a formação de dirigentes escolares: a técnica e a gerencial.

78

UNIDADE 2


5. Veja abaixo os tipos de pesquisa abordados quanto aos fins e relacione-os com suas respectivas definições. 1 - Pesquisa Exploratória 2 - Pesquisa Descritiva 3 - Pesquisa Explicativa 4 - Pesquisa Metodológica 5 - Pesquisa Aplicada 6 - Pesquisa Intervencionista ( ) Diante de um problema, o pesquisador tem a possibilidade e o compromisso de intervir na realidade para resolução desse. ( ) É, na maioria das vezes, realizada sobre um problema de pesquisa que geralmente tem pouco estudo anterior a seu respeito. ( ) Trabalha com a caracterização de fenômenos, instituições, sujeitos, pois o seu objetivo é fazer a exposição desses. ( ) Trata-se de uma pesquisa prática que utiliza meio experimental. ( ) Tem o intuito de explicar, esclarecer, justificar um fenômeno. (

) Objetiva apresentar caminhos, formas de fazer ou proceder em determinada

situação. A ordem da resposta correta é: a) 5 – 1 – 2 – 6 – 3 – 4;

c) 5 – 1 – 2– 6– 4 – 3;

b) 6 – 1 – 2 – 5 – 3 – 4;

d) 6 – 1 – 2 – 5 – 4 – 3.

UNIDADE 2

79


Metodologia Científica

6. As opções abaixo relacionam um objetivo de pesquisa a um instrumento de coleta de dados. Assinale a opção em que a relação NÃO funcionará. a) Objetivo do pesquisador: verificar a efetividade da Tectonologia da Informação aplicada ao transporte rodoviário de cargas. Instrumento de coleta: estudo de caso a uma empresa do ramo que utiliza a Tecnologia da Informação. b) Objetivo do pesquisador: analisar como o aluno de EAD da Faculdade X procede na realização da leitura de hipertexto no portal do seu curso. Instrumento de coleta: questionário semiestruturado a alunos de EAD. c) Objetivo do pesquisador: levantar causas, consequências, custos e benefícios da adoção de um programa de socialização de novos funcionários para as organizações. Instrumento de coleta: entrevista a administradores de RH. d) Objetivo do pesquisador: verificar a expansão de instituições de ensino superior em Minas Gerais. Instrumento de coleta: entrevista a pais de alunos do Ensino Superior.

80

UNIDADE 2


Leia o texto a seguir, um clássico no estudo de Metodologia Científica: INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA: INVENÇÃO E VERIFICAÇÃO - UM CASO HISTÓRICO COMO EXEMPLO Como simples ilustração de alguns aspectos importantes da investigação científica, vamos considerar o trabalho sobre a febre puerperal4, realizado pelo médico húngaro Iguaz Semmelweis, no Hospital Geral de Viena, de 1844 a 1848. Grande número de mulheres internadas no Primeiro Serviço da Maternidade do Hospital contraía, após o parto, uma doença séria e, muitas vezes, fatal, conhecida como febre puerperal. Em 1844, das 3.157 mães hospitalizadas nesse Serviço, 260 (ou seja, 8,2%) morreram da doença; em 1845, a percentagem era de 6,8%; e em 1846, de 11,4%. Essas cifras se tornavam ainda mais alarmantes quando confrontadas com as dos casos de morte pela doença no Segundo Serviço de Maternidade do mesmo hospital, que abrigava quase tantas mulheres como o primeiro: 2,3, 2 e 2,7% para os mesmos anos. Atormentado pelo terrível problema, Semmelweis esforçou-se por resolvê-lo, seguindo um caminho que ele mesmo veio a descrever mais tarde em livro que escreveu sobre a causa e a prevenção da febre puerperal. Começou considerando várias explicações então em voga; algumas, ele rejeitou logo por serem incompatíveis com fatos bem estabelecidos; outras, passou a submeter a verificações específicas. Uma ideia amplamente aceita na época atribuía as devastações da febre puerperal a “influências epidêmicas”, vagamente descritas como mudanças “cósmico-telúrico-atmosféricas”, espalhando-se sobre bairros inteiros e causando a febre nas mulheres internadas. Mas, raciocina Semmelweis, como poderiam tais influências afetar o Primeiro Serviço durante anos e poupar o Segundo? E como poderia reconciliar-se essa ideia com o fato de estar a febre grassando no hospital, sem que praticamente ocorresse outro caso na cidade de Viena ou em seus arredores? Uma epidemia genuína, como o é a cólera, não poderia ser tão seletiva. Finalmente, Semmelweis nota que algumas das mulheres admitidas no Primeiro Serviço, residindo longe do hospital, vencidas pelo trabalho de parto ainda em caminho, tinham dado à luz em plena rua; pois, a despeito dessas condições desfavoráveis, a taxa de morte por febre puerperal entre esses casos 4 A narrativa do trabalho de Semmelweis e das dificuldades por ele encontradas constitui uma página fascinante da história da Medicina.

UNIDADE 2

81


Metodologia Científica

de “parto de rua” era menor que a média do Primeiro Serviço. Segundo outra opinião, a causa da mortalidade do primeiro Serviço era o excesso de gente. Mas Semmelweis observa que esse excesso era ainda maior no Segundo Serviço, o que em parte se explicava como resultado dos esforços desesperados das pacientes para evitar o Primeiro Serviço já mal afamado. Ele rejeita também duas conjeturas semelhantes então correntes, observando que não havia diferença entre os dois Serviços quanto à dieta e o cuidado geral com as pacientes. Em 1846, uma comissão nomeada para investigar o assunto atribuía a predominância da doença no Primeiro Serviço a danos causados pelo exame grosseiro feito pelos estudantes de Medicina, que recebiam seu treino em obstetrícia apenas no Primeiro Serviço. Semmelweis observa, refutando essa opinião, que: a) os danos resultantes naturalmente do processo de parto são muito mais extensos que os que poderiam ser causados por um exame grosseiro; b) as parteiras recebiam seu treino no Segundo Serviço, examinavam suas pacientes quase do mesmo modo, mas sem os mesmos efeitos nocivos; c) quando, em consequência do relatório da comissão, o número dos estudantes de Medicina ficou diminuído à metade e os exames das mulheres foram reduzidos ao mínimo, a mortalidade, depois de breve declínio, elevou-se a níveis ainda mais altos do que antes. Várias explicações psicológicas tinham sido tentadas. Uma delas lembrava que o Primeiro Serviço estava disposto de tal modo que um padre, levando o último sacramento a uma moribunda, tinha que passar por cinco enfermarias antes de alcançar o quarto da doente: o aparecimento do padre, precedido por um auxiliar soando uma campainha, produzia um efeito aterrador e debilitante nas pacientes dessas enfermarias e as transformavam em vítimas prováveis da febre. No Segundo Serviço não havia esse fator prejudicial porque o padre tinha acesso direto ao quarto da doente. Para verificar esta conjetura, Semmelweis convenceu ao padre de tomar outro caminho e de não soar a campainha, chegando ao quarto da doente silenciosamente e sem ser observado. Mas a mortalidade no Primeiro Serviço não diminuiu. Observaram, ainda, a Semmelweis, que no Primeiro Serviço as mulheres no parto ficavam deitadas de costas e no Segundo, de lado. Mesmo achando a ideia inverossímil, decidiu, “como um náufrago se agarra a uma palha”, verificar se a diferença de posição era significante. Introduzindo o uso da posição lateral no Primeiro Serviço, a mortalidade não se alterou.

82

UNIDADE 2


Finalmente, no começo de 1847, um acidente deu a Semmelweis a chave decisiva para a solução do problema. Um seu colega, Kolletschka, feriu-se no dedo com o bisturi de um estudante que realizava uma autópsia e morreu depois de uma agonia em que se revelaram os mesmos sintomas observados nas vítimas da febre puerperal. Apesar de nessa época não estar ainda reconhecido o papel desempenhado nas infecções pelos microrganismos, Semmelweis compreendeu que “a matéria cadavérica”, introduzida na corrente sanguínea de Kolletschka pelo bisturi, é que causara a doença fatal do seu colega. As semelhanças entre o curso da doença de Kolletschka e a das mulheres em sua clínica levaram Semmelweis à conclusão de que suas pacientes morreram da mesma espécie de envenenamento do sangue: ele, seus colegas e os estudantes tinham sido os veículos do material infeccioso, pois vinham às enfermarias logo após realizarem dissecações na sala de autópsia e examinavam as mulheres em trabalho de parto depois de lavarem as mãos apenas superficialmente, muitas vezes retendo o cheiro nauseante. Novamente, Semmelweis submeteu sua ideia a um teste. Raciocinou que, se estivesse certo, então a febre puerperal poderia ser prevenida pela destruição química do material infeccioso aderido às mãos. Ordenou então que todos os estudantes lavassem suas mãos numa solução de cal clorada antes de procederem a qualquer exame. A mortalidade pela febre logo começou a decrescer, caindo em 1848 a 1,27% no Primeiro Serviço, enquanto que no Segundo era de 1,33. Justificando ainda mais sua ideia ou sua hipótese, Semmelweis observou que ela explicava o fato de ser a mortalidade do Segundo Serviço mais baixa: lá as pacientes eram socorridas por parteiras, cujo treino não incluía instrução anatômica por dissecação de cadáveres. E a hipótese também explicava a menor mortalidade entre os casos de “partos de rua”: as mulheres que já chegavam trazendo seus bebês ao colo raramente eram examinadas após a admissão e tinham assim melhor sorte de escapar à infecção. Finalmente, a hipótese explicava o fato de só serem vítimas de febre os recém-nascidos cujas mães tinham contraído a doença durante o trabalho de parto, pois então a infecção podia ser transmitida à criança antes do nascimento, através da corrente sanguínea comum à mãe e ao filho, o que era impossível quando a mãe permanecia sadia.

UNIDADE 2

83


Metodologia Científica

Ulteriores experiências clínicas levaram Semmelweis em pouco tempo a alargar sua hipótese. Numa ocasião, por exemplo, ele e seus colaboradores, após desinfetarem cuidadosamente as mãos, examinaram primeiro uma mulher em trabalho de parto que sofria de câncer cervical purulento; passaram em seguida a examinar doze outras mulheres na mesma sala, limitando-se a lavar as mãos sem repetir a desinfecção. Onze das doze pacientes morreram de febre puerperal. Semmelweis concluiu que essa febre podia ser causada não somente por material cadavérico, mas também por “matéria pútrida retirada de um organismo vivo”. Extraído de: Filosofia da Ciência Natural. Carl G. Hempel.

7. A pesquisa de Semmelweis adotou uma abordagem: a) qualitativa, já que as análises feitas por ele consideravam variáveis de observação visuais; b) quantitativa, pois as análises feitas por ele levantavam índices/informações numéricas; c) qualiquantitativa, porque, em suas análises, o médico fazia análises comparativas considerando as variáveis observadas e os índices a que se referiam; d) iniciou como qualitativa e concluiu como quantitativa.

8. Para geração dos dados do estudo, Semmelweis utilizou principalmente? a) O questionário semiestruturado. b) A análise do discurso. c) A análise de conteúdo. d) A observação sistemática.

84

UNIDADE 2


A Fábula dos Porcos Assados Certa vez, aconteceu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos, que foram assados pelo fogo. Os homens, acostumados a comer carne crua, experimentaram e acharam deliciosa a carne assada. A partir daí, toda vez que queriam comer porco assado, incendiavam um bosque... até que descobriram um novo método. Mas o que quero contar é o que aconteceu quando tentaram mudar o SISTEMA para implantar um novo. Fazia tempo que as coisas não iam lá muito bem. Às vezes, os animais ficavam queimados demais ou parcialmente crus. O processo preocupava muito a todos porque, se o sistema falhava, as perdas ocasionadas eram muito grandes – milhões eram os que se alimentavam de carne assada e também milhões os que se ocupavam com a tarefa de assá-la. Portanto, o sistema simplesmente não podia falhar. Mas, curiosamente, quanto mais crescia a escala do processo, tanto mais parecia falhar e tanto maiores eram as perdas causadas. Em razão das inúmeras deficiências, aumentavam as queixas. Já era um clamor geral a necessidade de reformar profundamente o sistema. Congressos, seminários, conferências passaram a ser realizados anualmente, para buscar uma solução. Mas parece que não acertavam o melhoramento do mecanismo. Assim, no ano seguinte, repetiam-se os congressos, seminários, conferências. As causas do fracasso do sistema, segundo os especialistas, eram atribuídas à indisciplina dos porcos, que não permaneciam onde deveriam, ou à inconstante natureza do fogo, tão difícil de controlar, ou ainda às árvores, excessivamente verdes, ou à umidade da terra, ou ao serviço de informações meteorológicas, que não acertava o lugar, o momento e a quantidade das chuvas... As causas eram, como se vê, difíceis de determinar – na verdade, o sistema para assar porcos era muito complexo. Fora montada uma grande estrutura: maquinário diversificado; indivíduos dedicados exclusivamente a acender o fogo - incendiadores que eram também especializados (incendiadores da Zona Norte, da Zona Oeste etc.; incendiadores noturnos e diurnos – com especialização em matutino e vespertino – incendiador de verão, de inverno etc.). Havia especialista também em ventos – os anemotécnicos. Havia um Diretor Geral de Assamento e Alimentação Assada, um Diretor de Técnicas Ígneas (com seu Conselho Geral de Assessores), um Administrador Geral de Reflorestamento, uma Comissão de Treinamento Profissional em Porcologia, um Instituto Superior de Cultura e Técnicas Alimentícias (ISCUTA) e o Bureau Orientador

UNIDADE 2

85


Metodologia Científica

de Reforma Igneooperativas. Havia sido projetada e encontrava-se em plena atividade a formação de bosques e selvas, de acordo com as mais recentes técnicas de implantação – utilizando-se regiões de baixa umidade e onde os ventos não soprariam mais que três horas seguidas. Eram milhões de pessoas trabalhando na preparação dos bosques, que logo seriam incendiados. Havia especialistas estrangeiros estudando a importação das melhores árvores e sementes, fogo mais potente etc. Havia grandes instalações para manter os porcos antes do incêndio, além de mecanismos para deixá-los sair apenas no momento oportuno. Foram formados professores especializados na construção dessas instalações. Pesquisadores trabalhavam para as universidades, para que os professores fossem especializados na construção das instalações para porcos; fundações apoiavam os pesquisadores que trabalhavam para as universidades que preparavam os professores especializados na construção das instalações para porcos etc. As soluções que os congressos sugeriam eram, por exemplo, aplicar triangularmente o fogo depois de atingida determinada velocidade do vento; soltar os porcos 15 minutos antes que o incêndio médio da floresta atingisse 47 graus; posicionar ventiladoresgigantes em direção oposta à do vento, de forma a direcionar o fogo etc. Não é preciso dizer que os poucos especialistas não estavam de acordo entre si e que cada um embasava suas ideias em dados e pesquisas específicos. Um dia, um incendiador categoria AB/SODM-VCH (ou seja, um acendedor de bosques, especializado em sudoeste diurno, matutino, com bacharelado em verão chuvoso), chamado João Bom-Senso, resolveu dizer que o problema era muito fácil de ser resolvido. Bastava, primeiramente, matar o porco escolhido, limpando e cortando adequadamente o animal, colocando-o, então, sobre uma armação metálica sobre brasas, até que o efeito do calor - e não as chamas - assasse a carne. Tendo sido informado sobre as ideias do funcionário, o Diretor Geral de Assamento mandou chamá-lo ao seu gabinete e, depois de ouvi-lo pacientemente, disse-lhe:

– Tudo o que o senhor disse está muito bem, mas não funciona na prática. O

que o senhor faria, por exemplo, com os anemotécnicos, caso viéssemos a aplicar a

86

UNIDADE 2


sua teoria? Onde seria empregado todo o conhecimento dos acendedores de diversas especialidades?

– Não sei – disse João.

– E os especialistas em sementes? Em árvores importadas? E os desenhistas de

instalações para porcos, com suas máquinas purificadoras automáticas de ar?

– Não sei.

– E os anemotécnicos, que levaram anos especializando-se no exterior, e cuja

formação custou tanto dinheiro ao país? Vou mandá-los limpar porquinhos? E os conferencistas e estudiosos, que ano após ano têm trabalhado no Programa de Reforma e Melhoramentos? Que faço com eles, se a sua solução resolver tudo? Heim?

– Não sei – repetiu João, encabulado.

– O senhor percebe agora que a sua ideia não vem ao encontro daquilo de que

necessitamos? O senhor não vê que, se tudo fosse tão simples, nossos especialistas já teriam encontrado a solução há muito tempo? O senhor, com certeza, compreende que eu não posso simplesmente convocar os anemotécnicos e dizer-lhes que tudo se resume a utilizar brasinhas, sem chamas! O que o senhor espera que eu faça com os quilômetros e quilômetros de bosques já preparados, cujas árvores não dão frutos e nem têm folhas para dar sombra? Vamos, diga-me.

– Não sei não, senhor.

– Diga-me, nossos três engenheiros em Porcopirotecnia, o senhor não considera

que sejam personalidades científicas do mais extraordinário valor?

– Sim, parece que sim.

– Pois, então. O simples fato de possuirmos valiosos engenheiros em

Porcopirotecnia indica que nosso sistema é muito bom. O que eu faria com indivíduos tão importantes para o país?

– Não sei.

UNIDADE 2

87


Metodologia Científica

– Viu? O senhor tem que trazer soluções para certos problemas específicos –

por exemplo, como melhorar as anemotécnicas atualmente utilizadas, como obter mais rapidamente acendedores de Oeste (nossa maior carência), como construir instalações para porcos com mais de sete andares. Temos que melhorar o sistema, e não transformá-lo radicalmente, o senhor, entende? Ao senhor, falta-lhe sensatez!

– Realmente, eu estou perplexo! – respondeu João.

– Bem, agora que o senhor conhece as dimensões do problema, não saia dizendo

por aí que pode resolver tudo. O problema é bem mais sério e complexo do que o senhor imagina. Agora, entre nós, devo recomendar-lhe que não insista nessa sua ideia. Isso poderia trazer problemas para o senhor no seu cargo. Não por mim, o senhor entende? Eu falo isso para o seu próprio bem, porque eu o compreendo, entendo perfeitamente o seu posicionamento, mas o senhor sabe que pode encontrar outro superior menos compreensivo, não é mesmo? João Bom-Senso, coitado, não falou mais um “A”. Sem despedir-se, meio atordoado, meio assustado com a sua sensação de estar caminhando de cabeça para baixo, saiu de fininho e ninguém nunca mais o viu. Por isso é que até hoje se diz, quando há reuniões de Reforma e Melhoramentos, que falta o Bom-Senso.

88

UNIDADE 2


9. Com base no texto em foco, o problema que origina o texto é: a) de tipo de pesquisa, pois não foram aplicados todos os instrumentos necessários à investigação; b) de sistema, já que os profissionais não analisam o fenômeno como um todo, mas as partes isoladamente; c) de método, uma vez que o assamento dos porcos não segue o padrão proposto pelos pesquisadores; d) de referência teórica, pois não houve fundamentação científica por parte dos engenheiros em Porcologia;

10. Ao responder a João Bom-Senso, o Diretor Geral de Assamentos apresentou alguns argumentos que, mesmo mudando o foco do problema, calaram João Bom-Senso. O Diretor apresentou como problema: a) o sistema, pois não via como redistribuir os profissionais em novas áreas de atuação; b) o método, pois contestou veementemente a funcionalidade da proposta feita por João Bom-Senso; c) a referência teórica, já que a prática até então desenvolvida era muito bem articulada teoricamente; d) o tipo de pesquisa, pois não lhe foi apresentado nenhum levantamento de dados; e) os instrumentos de pesquisa, pois os apresentados por João Bom-Senso não trariam o resultado anunciado por ele.

UNIDADE 2

89



UNIDADE III Confeccionando o trabalho cientĂ­fico

UNIDADE 3

91



MÓDULO 01

Segunda fase do trabalho: a pesquisa

ou dedutivo. A indução ocorre quando o pesquisador parte de estudos específicos, individuais, parciais, a fim de chegar a uma generalização. A dedução é o raciocínio oposto: ele parte de uma

Tipos e Procedimentos

generalização para verificar um caso, um aspecto ou um problema particular.

Este é o momento do trabalho em que o pesquisador deve deixar claro aos

Exemplo de indução: quando deter-

leitores qual o caminho percorrido para

minada empresa deseja sistematizar

o desenvolvimento da sua pesquisa. Para

um processo que é realizado por várias

realizar a pesquisa, que, de fato, envolve

pessoas e segmentos. O procedimento,

tipos e procedimentos diferentes, é

então, é verificar os diferentes modos

necessário caracterizá-la quanto aos fins,

como esse processo é realizado dentro

aos meios, à abordagem, baseando-se

da organização e fora dela, testar situa-

em alguns critérios fundamentais que irão

ções, até chegar a uma sistematização

conduzir todo o processo de investigação

que atenda a todos.

científica, bem como definir o universo, a Exemplo de dedução: é o caso de um

amostra e os sujeitos da pesquisa.

auditor quando vai vistoriar uma empresa. Tais fundamentos são descritos por

Ele já possui as regras, portanto, o seu

Gil (2006), Marconi e Lakatos (2002),

procedimento é verificar se o caso

Vergara (2005) e Brasileiro (2013), os

específico daquela empresa segue as tais

quais também alertam para os aspectos

regras estabelecidas.

éticos que envolvem os procedimentos metodológicos. São essas informações Identificando os fins da pesquisa

que estão destacadas neste capítulo.

Podemos identificar uma pesquisa como: Definindo o Raciocínio Lógico

exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada e intervencionista.

Basicamente,

o

raciocínio

em

um

trabalho de pesquisa pode ser indutivo

UNIDADE 3

Pesquisa exploratória – realizada onde

93


Metodologia Científica

há do

pouco

conhecimento

assunto

comunidade

proposto, científica

acumulado

bibliográfica, pesquisa de campo, de

tanto

pela

laboratório, documental, experimental,

quanto

pelo

pesquisa-ação, estudo de caso e outros.

próprio pesquisador. Pesquisa bibliográfica – estudo desenPesquisa descritiva – é considerada uma

volvido com base no levantamento de

pesquisa de exposição de um fenômeno

todo material publicado de um determi-

ou uma determinada população. Não

nado assunto em livros, revistas, jornais,

tem a pretensão de explicar, mas sim de

redes eletrônicas. Seu objetivo é servir de

descrever os acontecimentos.

instrumento para outras pesquisas, mas também pode esgotar-se em si mesma.

Pesquisa explicativa – tem como objetivo

Além de ser o primeiro passo de toda

explicar a ocorrência de um fenômeno,

e qualquer pesquisa ela também pode

esclarecer e justificar os fatores que

representar a própria pesquisa.

interferem em seu resultado. Pesquisa de campo – é uma investigação Pesquisa

metodológica

estuda

realizada in loco. Através de aplicação

captação

de questionários, entrevistas, testes,

e manipulação da realidade para a

observações na tentativa de explicar um

construção de uma espécie de manual

fenômeno ocorrido. Objetivo: coleta de

de procedimentos.

dados.

Pesquisa aplicada – tem como finalidade

Pesquisa de laboratório – são simu-

prática a proposta de resolução de um

lações, testes, experimentos para se

problema concreto já existente.

chegar a possíveis respostas para um

os

caminhos,

formas

de

problema em questão. Pesquisa intervencionista – tem como objetivo interpor e interferir na realidade

Pesquisa documental – é um estudo

estudada com intuito de modificá-la.

realizado em documentos armazenados

Caracteriza-se pelo compromisso em

em órgãos públicos com informações,

resolver um problema identificado.

fotos, registros, anais, circulares, balancetes etc., de cunho histórico. Tem como objetivo um levantamento histórico de

94

Estabelecendo os meios de investigação da pesquisa

um dado assunto, de uma pessoa impor-

Podemos identificar uma pesquisa como:

Pesquisa experimental – são simulações,

tante etc.

UNIDADE 3


testes,

experimentos

em

que

se

da pesquisa estão envolvidos de modo

manipulam e testam possíveis respostas

cooperativo ou participativo. Implica no

para uma questão já referenciada em

contato direto com o campo de estudo,

pesquisa de laboratório.

envolvendo o reconhecimento físico do local, a consulta a documentos diversos

Estudo de caso – É um estudo profundo

e

e detalhado de um determinado caso

das categorias sociais envolvidas na

que exemplifique o assunto abordado.

pesquisa. Assim, delimita-se universo

Pode ser ou não realizado no campo;

da pesquisa e recomenda-se a seleção

a

discussão

com

representantes

de uma amostra mais qualitativa do que Levantamento (survey) – é um tipo

quantitativa (GIL, 2006). Esse meio de

de pesquisa de campo baseado em

pesquisa conjuga com a finalidade da

pesquisas

pesquisa intervencionista;

quantitativas

(BABBIE,

1999). Nela, o pesquisador interroga diretamente os sujeitos identificados

Pesquisa

na pesquisa e, a partir dos dados

que

ocorre

coletados

do

investigador

estatisticamente,

procede

participante quando

– há

com

pesquisa integração

a

situação

à análise quantitativa, para chegar a

investigada, fazendo, de algum modo,

generalizações;

parte do grupo. A intenção é adquirir conhecimentos

geográficos,

sociais,

Pesquisa ex-post facto – significa “a

culturais,

partir do fato passado”. É o tipo de

educacionais, linguísticos, interacionais

pesquisa proposta quando o fenômeno

etc. do universo estudado. A vantagem

em estudo já ocorreu sem a interferência

desse tipo de pesquisa é que ele

do pesquisador, cabendo a ele verificar

permite a observação das ações em

o processo ocorrido, sem, contudo,

profundidade, no próprio momento em

ter controle sobre as variáveis (GIL,

que ocorrem (DENCKER, 2000). E uma

2006). Um exemplo dessa pesquisa

barreira é a dificuldade de o pesquisador

seria a observação do processo de

trabalhar com neutralidade, devido a seu

desertificação ocorrido em uma região,

alto grau de envolvimento com o objeto

após um desastre ambiental;

e os sujeitos da pesquisa;

Pesquisa-ação – é uma pesquisa que

Pesquisa etnográfica – originada das

demanda a intervenção do pesquisador

pesquisas em ciências sociais, a pesquisa

em uma realidade social, buscando a

etnográfica baseia-se na inserção do

resolução de um problema coletivo.

pesquisador no ambiente pesquisado,

Nela, os pesquisadores e os sujeitos

permanecendo nele o tempo suficiente

UNIDADE 3

demográficos,

econômicos,

95


Metodologia Científica

para

conhecer

os

sujeitos

com

profundidade, seus costumes, problemas, cultura etc. Conhecendo-o, tem melhor condição de entender o dado observado. Minayo

e

Gomes

(2010)

destacam

cinco características de uma pesquisa etnográfica: é histórica, possui consciência histórica por parte dos sujeitos; existe uma identidade entre sujeito e objeto; é intrínseca e extrinsecamente ideológica; é essencialmente qualitativa.

Para saber mais: Leia: LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2001.

96

UNIDADE 3


MÓDULO 02

A abordagem adequada à pesquisa

Entrevista não dirigida – é feita com perguntas abertas e parte do princípio de que o informante é capaz de se exprimir com clareza. O entrevistador deve se

Definir a abordagem da pesquisa é dizer

manter apenas escutando, anotando e

se o olhar do pesquisador sobre os dados

interagindo com breves perguntas.

será de ordem quantitativa, qualitativa ou qualiquantitativa.

Análise de conteúdo – tem como objetivo analisar o documento. Pode ser feita uma classificação do texto, uma análise

A Pesquisa Qualitativa

semiótica ou uma análise informacional. Ex.: análise de um software educacional.

É o tipo de pesquisa que trabalha com dois tipos de dados:

Estudo de caso – parte de uma lógica dedutiva em que o caso é tomado como

verbais – coletados em entrevistas,

unidade significativa do todo. É usado

narrativas ou documentos;

como ferramenta de pesquisas descritivas, para a compreensão de determinada

visuais – colhidos através da observação.

situação, para a interpretação de fatos etc.

Esse

instrumento

consiste

em

verificar uma situação real sobre um Instrumentos de pesquisa utilizados na abordagem qualitativa

indivíduo, grupo, empresa, comunidade, no intuito de se realizar uma análise ou propostas de alternativas de solução

Observação participante – é obtida por

para o problema em foco.

meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado. Procura

Grupo de foco (ou focus group) – trata-se

compreender o sentido que os atores

de um conjunto restrito de pessoas

atribuem aos fatos. É quando, por

que possuem conhecimentos e papéis

exemplo, um enfermeiro passa a ser

inerentes ao tema a ser pesquisado e que

pesquisador da sua própria prática

se propõem a participar de uma discussão

cotidiana.

sobre tal assunto. O pesquisador conduz a reunião, tendo como guia um roteiro

UNIDADE 3

97


Metodologia Científica

de questões. Normalmente, o encontro

trabalho científico.

é gravado. A Pesquisa Qualiquantitativa A Pesquisa Quantitativa Ocorre quando o pesquisador utiliza Os dados são expressos através de

tanto

medidas numéricas. Para Marconi e

quantitativos. Para isso, ele pode usar de

Lakatos (2002), as descobertas devem

questionários, relatórios etc.

ser

analisadas

cuidadosamente,

dados

qualitativos

quanto

não

cabendo juízo de valor, mas deixando que os números levem à solução de respostas reais.

Instrumentos de pesquisa utilizados na abordagem qualiquantitativa

Questionário Os instrumentos de pesquisa utilizados na abordagem quantitativa

semiestruturado

diferencia-se do questionário estruturado por apresentar questões fechadas mescladas com abertas. O uso de

Observação sistemática – nessa técnica,

questionário requer algumas condições:

o observador, munido de uma listagem de

o pesquisador deve saber exatamente o

comportamentos, registra a ocorrência

que procura, o objetivo de cada questão;

dos mesmos durante um período de

o informante deve compreender perfei-

tempo. É aconselhável que o observador

tamente as questões, portanto, cuidado

mantenha-se imperceptível. Para evitar

com o repertório do informante; o ques-

interferências,

tionário deve seguir uma estrutura lógica,

é

comum

se

utilizar

câmeras na observação sistemática.

deve ser progressivo (do mais simples ao mais complexo), conter uma questão por

Questionário estruturado ou entrevista

vez e ter linguagem clara.

dirigida – é um método diferente do questionário, em que o informante apenas

Antes de aplicar um instrumento de

escolhe uma entre várias possibilidades

pesquisa, especialmente, um questio-

de respostas.

nário, é sempre aconselhável testá-lo para verificar se não é necessário fazer

Obs.: um trabalho acadêmico pode

alterações nas questões. É o chamado

comportar mais de um tipo de pesquisa,

pré-teste.

basta o pesquisador identificar e destacar o tipo de pesquisa que irá direcionar seu

98

UNIDADE 3


Tabela 3: Síntese de procedimentos metodológicos

Procedimento

Tipos de pesquisa

Raciocínio lógico

Indutivo e dedutivo

Finalidades

Exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada e intervencionista.

Meios de investigação

Bibliográfico, campo, laboratório, documental, experimental, ação, estudo de caso, participante, ex-post facto, levantamento e etnográfica.

Abordagem

Qualitativa, quantitativa e qualiquantitativa.

Instrumentos de pesquisa

Qualitativos: roteiro de observação participante, entrevista não-dirigida e semiestruturada, análise de conteúdo, estudo de caso, grupo de foco, análise do discurso e formulário. Quantitativos: observação sistemática, questionário estruturado, entrevista dirigida. Qualiquantitativo: entrevista semiestruturada.

Amostras

Probabilísticas: aleatória simples, estratificada e por conglomerados. Não-probabilística: acessibilidade e tipicidade.

Identificando o universo, a amostra e os sujeitos da pesquisa

A. Amostra probabilística: baseada em procedimentos estatísticos.

Além dos já apresentados, outros proce-

Destacam-se:

dimentos metodológicos devem ser esclarecidos pelo pesquisador. Dentre

Aleatória simples: atribui-se a cada

eles, destacamos o universo, a amostra e

elemento da população um número e

os sujeitos da pesquisa.

depois faz-se a seleção aleatoriamente, casualmente.

O universo é a definição do conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas,

Estratificada: seleciona uma amostra de

público etc.) que serão objeto de estudo.

cada grupo da população, por exemplo,

É a população sujeita à investigação.

em termos de sexo, idade, profissão e outras variáveis.

A amostra de estudo é a parte que representa o universo (todo o conjunto a ser

Por conglomerados: seleciona conglo-

evidenciado). Segundo Vergara (2005),

merados,

há dois tipos de amostras: a probabilís-

empresas, edifícios, famílias, quarteirões,

tica e a não-probabilística.

universidades e outros elementos.

UNIDADE 3

entendidos

esses

como

99


Metodologia Científica

B. Amostra

não-probabilística:

baseada em procedimentos subjetivos, qualitativos. É escolhida por: Acessibilidade: longe de qualquer procedimento estatístico, seleciona elementos pela facilidade de acesso a eles; Tipicidade: constituída pela seleção de elementos que o pesquisador considere representativos da população-alvo, o que requer profundo conhecimento dessa

se referindo às atitudes de bom senso do pesquisador, as quais devem: • trazer um mínimo de contribuição à comunidade; • resguardar os seres (humanos ou não) e a instituição; • prezar pelos direitos autorais; • apresentar informações fidedignas;

população.

• analisar os riscos e benefícios;

Os sujeitos são as pessoas que forne-

• submeter-se ao comitê de ética e

cerão os dados, as informações de que

pesquisa;

se necessita. Às vezes, confundem-se com “universo e amostra”, quando estes também são pessoas.

• providenciar documentação legal (termos de consentimento), quando necessário.

Outro aspecto a se considerar seriamente é o tratamento ético destinado à pesquisa,

Concluímos, aqui, a segunda fase do

aos sujeitos e aos dados. O pesquisador

trabalho de pesquisa acadêmico-cientí-

não pode fugir ao compromisso ético com

fica. A seguir, passaremos à terceira fase

o leitor e com a comunidade científica,

do processo, destinada a esclarecer os

disso depende a confiança na integridade

procedimentos de redação do texto: o

da pesquisa. Quando se fala em ética, está

artigo científico.

Assista à videoaula com este conteúdo.

100

UNIDADE 3


MÓDULO 3

Terceira fase do trabalho: o relato A composição estrutural dos trabalhos acadêmicos A estrutura de trabalhos acadêmicos compreende: parte externa e parte interna. Parte Externa

Elementos

Uso

Capa

Obrigatório

Lombada

Opcional

Pré-Textuais

Interna

Textuais

Pós-Textuais

Folha de rosto

Obrigatório

Errata

Opcional

Folha de aprovação

Obrigatório

Dedicatória

Opcional

Agradecimentos

Opcional

Epígrafe

Opcional

Resumo na língua vernácula

Obrigatório

Resumo em língua estrangeira

Obrigatório

Lista de ilustrações

Obrigatório, se houver ilustrações

Lista de tabelas

Obrigatório, se houver tabelas

Lista de abreviaturas e siglas

Obrigatório, se houver abreviaturas e siglas

Lista de símbolos

Obrigatório, se houver símbolos

Sumário

Obrigatório

Introdução

Obrigatório

Desenvolvimento

Obrigatório

Considerações finais

Obrigatório

Referências

Obrigatório

Glossário

Opcional

Apêndice

Opcional

Anexo

Opcional

Índice

Opcional

Tabela 4: Esquema de um trabalho acadêmico Fonte: ABNT/NBR 14724, 2011 UNIDADE 3

101


Metodologia Científica

A parte externa É composta pela capa (elemento obri-

NOME DA INSTITUIÇÃO

gatório) e pela lombada (elemento

NOME DO AUTOR

opcional) e registrados conforme abaixo.

Capa

TÍTULO: subtítulo (se houver)

As informações são apresentadas em fonte 12, na seguinte ordem: A. nome da instituição (opcional); B. nome do autor; Local Ano

C. título: deve ser claro e preciso, identificando o seu conteúdo e possibilitando a indexação e recuperação da informação;

Figura 2: Modelo de capa

NOTA - no caso de cidades homônimas, recomenda-se o acréscimo da sigla da

D. subtítulo: se houver, deve ser

unidade da federação.

precedido de dois pontos, evidenciando a sua subordinação ao título; E. número do volume: se houver mais de um, deve constar em cada

Lombada Apresentada conforme a ABNT NBR 12225, de 2004.

capa a especificação do respectivo volume;

O nome do autor é impresso no mesmo sentido da lombada. Se houver mais de

F. local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado;

um autor, os nomes devem ser impressos um abaixo do outro nas lombadas horizontais e separados por sinais de

G. ano de depósito (da entrega).

pontuação, espaços ou sinais gráficos nas lombadas descendentes, abreviando-se ou omitindo-se o(s) prenome(s), quando necessário, no caso de autores pessoais.

102

UNIDADE 3


O título deve ser impresso no mesmo sentido do(s) nome(s) do(s) autor(es),

Elementos pré-textuais A. Folha de rosto (anverso ou frente)

abreviado, quando necessário. Os elementos devem ser apresentados Título de lombada impresso horizontalmente quando o documento está em posição vertical.

na seguinte ordem: • nome do autor; • título;

Título de lombada impresso longitudinalmente e legível do alto para o pé

• subtítulo, se houver;

da lombada, o que possibilita a leitura,

• número do volume. Se houver

quando o documento está com a face

mais de um, deve constar em cada

dianteira voltada para cima.

folha de rosto a especificação do respectivo volume; • natureza: tipo do trabalho (tese,

Parte interna

dissertação, trabalho de conclusão de É composta pelas partes pré-textuais,

curso e outros) e objetivo para apro-

textuais e pós-textuais, apresentadas

vação em disciplina, grau pretendido

conforme a ordem na figura 3.

e outros; nome da instituição a que é submetido; área de concentração;

NOME DO AUTOR Todas as fontes tamanho 12

• nome do orientador e, se houver, do coorientador;

TÍTULO: subtítulo (se houver) Monografia apresentada como requisito de conclusão de Curso de XXXXX da faculdade XXXXXX, de nome da cidade (XX) para obtenção do título de XXX. Orientador: Prof. Dr. XXXX

Natureza do trabalho: espaço

• local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado; • ano de depósito (da entrega).

Folha de rosto (verso) Deve conter os dados de catalogação

Local Ano

na publicação, conforme o Código de Catalogação Anglo-Americano vigente.

Figura 3: Modelo do anverso da folha de rosto

UNIDADE 3

103


Metodologia Científica

Figura 4: Exemplo de Ficha catalográfica

Errata

(se houver), natureza (tipo do trabalho, objetivo, nome da instituição a que é

Deve ser inserida logo após a folha

submetido, área de concentração), data

de rosto, constituída pela referência

de aprovação, nome, titulação e assinatura

do trabalho e pelo texto da errata.

dos componentes da banca examinadora

Apresentada

ou

e instituições a que pertencem. A data de

encartado, acrescida ao trabalho depois

aprovação e as assinaturas dos membros

de impresso. Exemplo:

componentes da banca examinadora

em

papel

avulso

devem ser colocadas após a aprovação ERRATA

do trabalho.

BRASILEIRO, A. M. M. A emoção na sala

NOME DO ALUNO

de aula: impactos na interação professor/

TÍTULO DO TRABALHO

aluno/objeto de ensino. Ada Magaly Matias Brasileiro. Belo Horizonte, 2012. 277f. Folha

Linha Onde se lê

53

22

Dispositivo

Leia-se Disposição

Folha de aprovação Deve ser inserida após a folha de rosto, constituída pelo nome do autor do

Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Xxxxxxx Xxxxxx do Programa de PósGraduação em Xxxxxxxx Xxxxxx da Nome da Instituição, na Linha de Pesquisa Xxxxxxxx Xxxxxx, que foi avaliada e aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores, em: ___/___/___.

__________________________________ Prof. Dr. Fulano de Tal - Orientador __________________________________ Prof. Dr. Fulano de Tal – Instituição __________________________________ Prof.ª Dr.ª Fulana de Tal – Instituição __________________________________ Prof.ª Dr.ª Fulana de Tal – Instituição __________________________________ Prof.ª Dr.ª Fulana de Tal – Instituição

trabalho, título do trabalho e subtítulo Figura 5: Exemplo de folha de aprovação

104

UNIDADE 3


Dedicatória

Elaborada de acordo com a ordem

Deve ser inserida após a folha de

apresentada no texto, com cada item

aprovação. Aceita-se layout do autor.

designado por seu nome específico, travessão, título e respectivo número

Agradecimentos

da folha ou página. Quando necessário,

Devem ser inseridos após a dedicatória.

para cada tipo de ilustração (desenhos,

recomenda-se a elaboração de lista própria esquemas,

fluxogramas,

fotografias,

gráficos, mapas, organogramas, plantas,

Epígrafe

quadros, retratos e outras).

Elaborada conforme as regras de citação. Podem também constar epígrafes nas

Exemplo:

folhas ou páginas de abertura das seções primárias.

LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Inventário de emoções

46

Resumo na língua vernácula Elaborado conforme a ABNT NBR 6028. Deve informar o tema, os objetivos, as justificativas, o método, os resultados e a

Lista de tabelas

conclusão. A extensão deve ser de 100 a

Elaborada de acordo com a ordem

250 palavras para artigos e monografias

apresentada na obra, com cada item

e de 150 a 500 palavras para dissertações

designado por seu nome específico,

e teses. Após o resumo, segue-se a lista

acompanhado do respectivo número da

de até cinco palavras-chave, separadas

página ou folha. Exemplo:

e finalizadas por ponto e iniciadas por letras maiúsculas.

LISTA DE TABELAS

Resumo em língua estrangeira

Tabela 1 – Intervenções didático-discursivas incentivadoras da Turma 613 128 Tabela 2 – Intervenções didático-discursivas disciplinadoras da Turma 613 131

Segue as mesmas regras do resumo na

língua

vernácula.

Normalmente,

escolhe-se a língua que mais difunde o tema em estudo.

Lista de abreviaturas e siglas Consiste na relação alfabética das abreviaturas e siglas utilizadas no relatório,

Lista de ilustrações

UNIDADE 3

seguidas das palavras ou expressões correspondentes grafadas por extenso.

105


Metodologia Científica

Recomenda-se a elaboração de lista

A ordem dos elementos do sumário deve

própria para cada tipo. Exemplo:

ser conforme os indicativos das seções que compõem o sumário e devem ser alinhados à esquerda.

LISTA DE ABREVIATURAS Fil. - Filosofia IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

Lista de símbolos

Os títulos e os subtítulos, se houver, sucedem os indicativos das seções. Recomenda-se que sejam alinhados pela margem do título do indicativo mais extenso. O(s) nome(s) do(s) autor(es), se houver, sucede(m) os títulos e os subtítulos.

Elaborada de acordo com a ordem apresentada no texto, com o devido

A paginação deve ser apresentada sob

significado. Exemplo:

uma das formas: número da primeira página (exemplo: 27); números das

LISTA DE SÍMBOLOS § - Parágrafo ® - Marca registrada ∞ - Infinito

Sumário Elaborado conforme a ABNT NBR 6027. A palavra sumário deve ser centralizada e com a mesma tipologia da fonte utilizada para as seções primárias. A subordinação dos itens do sumário deve ser destacada pela apresentação

páginas inicial e final, separadas por hífen (exemplo: 91-143); ou números das páginas em que se distribui o texto (exemplo: 27, 35, 64 ou 27-30, 35-38, 64-70). Exemplo: SUMÁRIO 1 Introdução

12

2 Referencial teórico

14

2.1 A educação para todos

15

Elementos textuais

tipográfica utilizada no texto. A NBR 14724, de 2011, orienta que o texto

106

Os elementos pré-textuais não devem

é composto de uma parte introdutória, o

constar no sumário.

desenvolvimento e uma parte conclusiva,

UNIDADE 3


sendo que a nomenclatura dos títulos

propostos, a hipótese levantada, as

fica a critério do autor.

justificativas e o método utilizado. É o espaço, também, para as recomendações

Fique atento! A introdução deve apresentar: o tema de modo contextualizado; os objetivos do trabalho; as razões/justificativas de sua elaboração;

cabíveis ao encaminhamento da questão. Elementos pós-textuais A ordem dos elementos pós-textuais

a hipótese da pesquisa, se houver; uma

deve

ser

apresentada

menção ao método utilizado. Em traba-

sequência abaixo.

conforme

a

lhos maiores, cabe o anúncio do modo de organização textual.

O conteúdo da introdução A introdução de um trabalho acadêmicocientífico serve para situar o leitor quanto ao que está sendo pesquisado, por quê,

Referências Elaboradas conforme a ABNT NBR 6023. Glossário Elaborado em ordem alfabética.

para quê e como. Exemplo: O conteúdo do desenvolvimento

Deslocamento: peso da água deslo-

Tem o objetivo de detalhar a pesquisa

cada por um navio flutuando em águas

ou estudo realizado. Normalmente, é

tranquilas.

constituído por mais de um capítulo ou parte que se ocupa de: apresentar o

Sustentabilidade: um conceito sistêmico,

referencial teórico que sustentará o debate

relacionado com a continuidade dos

posterior; detalhar a metodologia da

aspectos econômicos, sociais, culturais e

pesquisa, conferindo-lhe cientificidade;

ambientais da sociedade humana.

apresentar os dados coletados, quando for o caso, realizando as devidas análises.

Apêndice

O conteúdo da conclusão

Deve

Na conclusão, o pesquisador tem o

maiúsculas consecutivas, travessão e

compromisso de apresentar os resul-

pelo respectivo título. Utilizam-se letras

tados do estudo, avaliando os objetivos

maiúsculas dobradas, na identificação

UNIDADE 3

ser

APÊNDICE,

precedido identificado

da por

palavra letras

107


Metodologia Científica

dos apêndices, quando esgotadas as

consecutivas, travessão e pelo respec-

letras do alfabeto.

tivo título. Utilizam-se letras maiúsculas dobradas na identificação dos anexos

Exemplo:

quando esgotadas as letras do alfabeto.

APÊNDICE A – TERMO DE CONSEN-

Exemplo:

TIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ANEXO A – NORMAS INTERNAS DA ESCOLA INVESTIGADA

Anexo Deve ser precedido da palavra ANEXO, identificado

por

letras

maiúsculas

Índice Elaborado conforme a ABNT NBR 6034.

Para saber mais: Leia: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724 - Informação e documentação: princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, 2011.

108

UNIDADE 3


MÓDULO 04

A apresentação gráfica do texto segundo a ABNT

de

rodapé,

paginação,

dados

internacionais de catalogação na publicação, legendas e fontes das ilustrações e das tabelas, devem ser em tamanho menor e uniforme.

A apresentação de trabalhos acadêmicos deve

ser

elaborada

conforme

as

orientações seguintes.

C. Os elementos pré-textuais: devem iniciar no anverso da folha, com exceção dos dados internacionais de

Apresentação gráfica do texto

catalogação

na

publicação

que devem vir no verso da folha de rosto. Recomenda-se que os

A. Papel e impressão: os textos

elementos textuais e pós-textuais

devem ser digitados em cor preta,

sejam digitados ou datilografados

no papel branco ou reciclado, no

no anverso e verso das folhas.

formato A4 (21 cm × 29,7 cm), podendo

utilizar

outras

cores

somente para as ilustrações.

D. As margens: devem ser para o anverso, esquerda e superior de 3 cm e direita e inferior de 2 cm; para

B. Fonte: tamanho 12 para todo o trabalho, inclusive capa. As cita-

o verso, direita e superior de 3 cm e esquerda e inferior de 2 cm.

ções com mais de três linhas, notas

Margens páginas ímpares: Superior e esquerda: 3 cm. Inferior e direita: 2 cm. Nº página: canto sup. direito

UNIDADE 3

Margens páginas pares: Superior e direita: 3 cm. Inferior e esquerda: 2 cm. Nº página: canto sup. esquerdo.

109


Metodologia Científica

Espaçamentos

filete de 5cm, a partir da margem

A. O texto: deve ser digitado com

esquerda. Devem ser alinhadas, a

espaçamento 1,5 entre as linhas,

partir da segunda linha da mesma

com exceção das citações de mais

nota, abaixo da primeira letra

de três linhas, notas de rodapé,

da primeira palavra, de forma a

referências, legendas das ilustra-

destacar o expoente, sem espaço

ções e das tabelas, natureza (tipo

entre elas e com fonte menor.

do trabalho, objetivo, nome da instituição a que é submetido e

F. O indicativo numérico: o alga-

área de concentração), que devem

rismo arábico precede o título de

ser digitadas ou datilografadas

uma seção. É alinhado à esquerda

em espaço simples (1,0).

e separado por um espaço de caractere.

B. O parágrafo: a nova norma não especifica o recuo do parágrafo.

G. Os títulos das seções primárias:

Sugere-se 1,25 cm, sem espaço

devem começar em página ímpar

entre os parágrafos.

(anverso), na parte superior da mancha gráfica, e serem sepa-

C. As

referências:

ao

final

do

trabalho, devem ser apresentadas

rados do texto que os sucede por um espaço entre as linhas de 1,5.

em ordem alfabética e separadas entre si por um espaço simples em branco.

H. Os títulos das subseções: devem ser separados do texto que os precede e que os sucede por um

D. Na folha de rosto e na folha de

espaço entre as linhas de 1,5.

aprovação: o tipo do trabalho, o

110

objetivo, o nome da instituição

I. Os títulos que ocupam mais de

e a área de concentração devem

uma linha: devem ser, a partir da

ser alinhados do meio da mancha

segunda linha, alinhados abaixo da

gráfica para a margem direita (um

primeira letra da primeira palavra

recuo entre 7 e 8 cm).

do título.

E. As notas de rodapé: devem

J. Os títulos sem indicativo numé-

ser digitadas ou datilografadas

rico: agradecimentos, errata, lista

dentro

ficando

de ilustrações, lista de abrevia-

separadas do texto por um espaço

turas e siglas, lista de símbolos,

simples entre as linhas e por

resumos,

das

margens,

sumário,

referências,

UNIDADE 3


partir da folha de rosto, devem

glossário, apêndice(s), anexo(s) e

ser contadas sequencialmente,

índice(s) devem ser centralizados.

considerando somente o anverso.

Curiosidade:

C. Numeração: deve figurar, a partir

Veja abaixo como fica a

da primeira folha da parte textual,

apresentação de títulos que ocupam mais de uma linha:

em algarismos arábicos, no canto

Os tipos de pesquisa e seus

superior direito da folha, a 2 cm da

instrumentos plurimetododológicos: a ge-

borda superior, ficando o último

ração de dados sob vários ângulos

algarismo a 2 cm da borda direita da folha.

Paginação D. Trabalho digitado em anverso e

A. Folhas ou páginas pré-textuais:

verso: a numeração das páginas

devem ser contadas, mas não

deve ser colocada no anverso da

numeradas. B. Trabalhos

folha, no canto superior direito; digitados

e no verso, no canto superior

somente

esquerdo.

no anverso: todas as folhas, a

Figura 6: Sistema de enumeração do trabalho acadêmico 15

Apêndice Anexos

14

Referências

13

3 Conclusão

12

2 Desenvolvimento 11 1 Introdução

10

Sumário Lista de Símbolos Lista de Ilustrações Abstract Resumo Epígrafe

Contadas e numeradas

Agradecimentos

Contadas mas não enumerada Não contada na enumeração

Dedicatória Errata Folha de rosto Capa

Fonte: NBR 14724, 2011.

UNIDADE 3

111


Metodologia Científica

E. Trabalho constituído de mais de

é permitido o uso de uma entre-

um volume: deve ser mantida uma

linha maior que comporte seus

única sequência de numeração

elementos (expoentes, índices,

das folhas ou páginas, do primeiro

entre outros). Exemplo:

ao último volume. F. Apêndice e anexo: as suas folhas ou páginas devem ser numeradas de

maneira

contínua

e

sua

paginação deve dar seguimento à do texto principal.

Destaques do texto

D. Ilustrações: qualquer que seja o tipo de ilustração, sua identifi-

A. Citações5

longas: devem ser

cação aparece na parte superior,

recuadas em 4 cm da margem

precedida da palavra designativa

esquerda, espaço simples, texto

(desenho, esquema, fluxograma,

justificado, sem parágrafo, sem

fotografia, gráfico, mapa, orga-

aspas e um espaço de simples

nograma, planta, quadro, retrato,

antes e depois da citação.

figura, imagem, entre outros), seguida de seu número de ordem

B. Siglas: quando mencionadas pela

de ocorrência no texto, em alga-

primeira vez no texto, devem

rismos arábicos, travessão e do

ser indicadas entre parênteses,

respectivo título. Após a ilustração,

precedidas do nome completo.

na parte inferior, indicam-se a

Exemplo: Associação Brasileira de

fonte consultada (elemento obri-

Normas Técnicas (ABNT).

gatório, mesmo que seja produção do próprio autor), legenda, notas

C. Equações e fórmulas: para facilitar

e outras informações necessárias

a leitura, devem ser destacadas no

à sua compreensão (se houver).

texto e, se necessário, numeradas

A ilustração deve ser citada no

com algarismos arábicos entre

texto e inserida o mais próximo

parênteses, alinhados à direita.

possível do trecho a que se refere.

Na sequência normal do texto,

Exemplo:

5 Ver orientações sobre citação na Seção 3.4 deste livro.

112

UNIDADE 3


Figura 7: Tópica do desânimo desencadeado pelo tédio

• sua identificação sempre é no topo, em letra tamanho 10 ou 116; o título é

VOZ ARRASTADA, COM RITMO E TOM UNÍSSONOS, AÇÕES REPETIDAS e TÉDIO

precedido pela palavra “Tabela”, sem negrito, seguido do seu número de ordem, em algarismos arábicos; • a fonte deve situar-se logo abaixo

SONO

DESÂNIMO

da tabela e indicar a obra consultada (elemento obrigatório, mesmo que elaborado do próprio autor), em letra tamanho 10 ou 11;

DESINTERESSE • quando a tabela ficar dividida em mais de uma página, devem-se usar E. Tabelas: as tabelas apresentam,

os termos: continua, para a primeira

informações

página; continuação, para as demais

estatistica-

páginas; e conclusão, para a última

mente e devem ser citadas no

página, na sequência da tabela,

texto, inseridas o mais próximo

sendo que o cabeçalho deve constar

possível do trecho a que se referem

em todas as páginas, sempre no topo.

e

Exemplo:

principalmente, numéricas,

tratadas

padronizadas

conforme

as

Normas de Apresentação Tabular do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1993):

6 Trata-se de uma padronização de cada instituição.

Tabela 6: Intervenções didático-discursivas incentivadoras da Turma X.

Intervenção

Professor

Aluno

Aproximar dos alunos com afetividade

85%

15%

Ser bem-humorado

71%

11%

Elogiar

57%

94%

Valorizar perguntas interessantes

57%

0

Trabalhar atividades lúdicas

57%

67%

Pedir para o aluno resolver questões no quadro

57%

25%

Falar sobre assuntos do cotidiano/aplicação prática do assunto

43%

40%

Cumprimentar e despedir com alegria e vitalidade

43%

11%

Fazer aula em ambiente diferente

43%

50%

Dar ponto extra

43%

70%

UNIDADE 3

113


Metodologia Científica

Intervenção

Professor

Aluno

Justificar o estudo

28%

40%

Estimular com questões desafiadoras

28%

25%

Dinamizar a aula/fazer grupos de estudo

28%

55%

Fazer esquemas e resumos

14%

4%

Contar piadas

0%

0%

F. Resumo: digitar em espaço simples

fim de expor, com clareza, a sequência e

e parágrafo único. Em teses,

a importância do tema e permitir a rápida

dissertações, TCCs e relatórios,

localização de cada parte. A numeração

deve conter entre 150 e 500

progressiva deve ser utilizada para

palavras, nos demais trabalhos, de

evidenciar a sistematização do conteúdo

100 a 250. Deve ser inserido antes

do trabalho em seções. Destacam-se

do sumário, deixando um espaço

gradativamente os títulos das seções,

entrelinhas de 1,5 entre o resumo

utilizando-se os recursos de negrito,

e as palavras-chave.

itálico ou sublinhado e outros, no sumário e, de forma idêntica, no texto.

G. Palavras-chave: devem aparecer logo abaixo do resumo, separadas

Conforme ABNT (2012, p. 1-2), define-se

entre si, por ponto e finalizadas,

por:

também, por ponto. Sugerem-se entre três e cinco palavras-chave.

A. alínea: cada uma das subdivisões de uma seção do documento;

H. Falas

de

entrevistas/relatos:

sugere-se recuo de parágrafo de 2 cm da margem esquerda;

B. subalínea: subdivisão de uma alínea;

devem ser digitadas em itálico e com 1 espaço entrelinhas simples;

C. indicativo de seção: número ou

antes e depois das falas; devem

grupo numérico que antecede

aparecer entre “aspas”.

cada seção do documento; D. seção: parte em que se divide

Numeração progressiva

o texto de um documento, que contém as matérias consideradas

Elaborada

conforme

a

ABNT

NBR

6024. Estabelece as seções/capítulos e

afins na exposição ordenada de assunto;

subdivisões/subcapítulos do trabalho, a

114

UNIDADE 3


E. seção primária: principal divisão do texto de um documento; F. seção

secundária,

quaternária,

quinária:

terciária,

A. todas as seções devem conter um texto relacionado a elas; B. errata,

agradecimentos,

listas

divisão

de ilustrações, lista de tabelas,

do texto de uma seção primária,

lista de abreviaturas e siglas, lista

secundária, terciária, quaternária,

de símbolos, resumo, sumário,

respectivamente.

referências, glossário, apêndice, anexo

Quanto às seções e subdivisões do

e

índice

devem

ser

centralizados e NÃO numerados;

trabalho, devem ser elaboradas conforme a ABNT NBR 6024/2012. A formatação

C. títulos que ocupem mais de uma

diferente colabora para a exposição

linha, devem ser, a partir da

clara da sequência e para a rápida

segunda linha, alinhados abaixo

localização de cada parte. Destacam-se

da primeira letra da primeira

gradativamente os títulos das seções,

palavra do título;

utilizando-se os recursos de negrito, itálico ou sublinhado e outros, no sumário

D. as alíneas devem ser ordenadas

e, de forma idêntica, no texto. Como a

por letras minúsculas seguidas de

seguir:

parênteses; a frase começa com letra minúscula e termina com

Além disso, fica definido na norma que:

ponto e vírgula, exceto a última,

1 SEÇÃO PRIMÁRIA – principal divisão do texto. Todo título com letra maiúscula e negrito. 1.1 SEÇÃO SECUNDÁRIA – divisão secundária do texto. Todo o subtítulo com letra maiúscula e sem negrito. 1.1.1 Seção terciária – divisão terciária de um texto. Apenas a inicial da primeira palavra com letra maiúscula e em itálico. 1.1.1.1 Seção quaternária – divisão quaternária de um texto. Apenas a inicial da primeira palavra em maiúsculo e sublinhado. 1.1.1.1.1 Seção quinária – a divisão quinária de um texto deve ser evitada, mas caso seja necessária, apenas a inicial da primeira palavra com letra maiúscula.

UNIDADE 3

115


Metodologia Científica

que termina com ponto; a frase

subalínea. Exemplo:

que anuncia as alíneas termina com dois pontos; as letras indicativas

De acordo com Lima (2010), a

são reentradas em relação à

gramática é dividida em:

margem esquerda. Exemplo: De acordo com Lima (2010), a gramática é dividida em:

a) fonologia; b) morfologia:

- processos de formação de

a) fonologia;

palavras;

b) morfologia;

c) sintaxe;

c) sintaxe;

d) semântica;

d) semântica;

e) estilística.

e) estilística.

E. as subalíneas são introduzidas por

- classes de palavras.

Formatação de ilustrações

travessão, seguido de espaço, letra minúscula e devem terminar

Figuras, quadros, gráficos e tabelas

em ponto e vírgula, exceto a

devem ser identificados com a fonte 10,

última subalínea, que termina em

o mais próximo possível da ilustração.

ponto final; deve apresentar recuo

Na parte superior, informa-se o tipo da

em relação à alínea; a segunda

ilustração, número e nome. Na parte

e as seguintes linhas do texto

inferior, informa-se a fonte de pesquisa.

da subalínea começam sob a

A ilustração deve ser citada no corpo do

primeira letra do texto da própria

texto, conforme Figura 8.

Figura 8: Exemplo de figura

116

UNIDADE 3


No artigo, os títulos são sequenciais na própria página e possuem, em média, 15 páginas.

A Tabela 5 apresenta o formato indicado para as tabelas. É importante lembrar que as tabelas devem estar separadas do corpo do texto por uma linha em branco, conforme exemplificado a seguir. Além disso, as margens laterais são abertas. Tabela 5: Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa

Item

Quantidade

Percentual

Teoria social

22

7,9%

Método

34

12,3%

Questão

54

19,5%

Raciocínio

124

44,8%

Método de amostragem

33

11,9%

Força

10

3,6%

Fonte: Adaptado de Mays apud Greenhalg (1997)

Assista à videoaula com este conteúdo.

UNIDADE 3

117


Metodologia Científica

RESUMO DA UNIDADE

Nesta unidade, vimos a normalização estabelecida

pela

ABNT

para

a

elaboração de trabalhos acadêmicos, no que diz respeito a seus elementos estruturais, apresentação e formatação. Para essa tarefa, toda esta unidade foi baseada diretamente, na NBR 14724, de 2011 – princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos – e em todas as demais referendadas nessa norma.

118

UNIDADE 3


EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

1. Ao responder a João Bom-Senso, o Diretor Geral de Assamentos apresentou alguns argumentos que, mesmo mudando o foco do problema, calaram João Bom-Senso. O Diretor apresentou como problema: a) o sistema, pois não via como redistribuir os profissionais em novas áreas de atuação; b) o método, pois contestou veementemente a funcionalidade da proposta feita por João Bom-Senso; c) a referência teórica, já que a prática até então desenvolvida era muito bem articulada teoricamente; d) o tipo de pesquisa, pois não lhe foi apresentado nenhum levantamento de dados.

2. A respeito da apresentação gráfica do texto acadêmico, marque a única opção incorreta. a) A numeração progressiva serve para destacar gradativamente as seções e subseções, usando recursos como negrito, caixa alta, itálico e sublinhado. b) A paginação de trabalhos impressos em ambos os lados da folha deve ser colocada sempre no canto superior direito. c) As imagens devem ser identificadas na parte superior com tipo da imagem, número e nome; e, na parte inferior, com a fonte de onde foi extraída. d) As margens devem ser para o anverso, esquerda e superior de 3 cm e direita e inferior de 2 cm; e, para o verso, direita e superior de 3 cm e esquerda e inferior de 2 cm.

UNIDADE 3

119


Metodologia Científica

3. Observando os tipos de citações utilizados no fragmento a seguir, podemos dizer que: Segundo Souza e Saccol (2003, p.19), “ERPs são sistemas da informação adquiridos na forma de pacotes comerciais de software que permitem a integração de dados dos sistemas de informação transacionais e dos processos de negócios ao longo de uma organização”. Os sistemas ERPs surgiram na década de 60, quando o foco era a utilização do programa em áreas sem interligação, tais como: Folha de Pagamentos, Contabilidade, Contas a Receber, Faturamento, Vendas e Controle de Estoques. No ápice da vida útil do software, observou-se que além do custo elevado, o sistema não oferecia agilidade nas informações e limitava a capacidade de transações. Colangelo Filho justifica a adoção da ERP, argumentando que: No plano estratégico, é fácil dizer que a Produção só deve fazer o que o setor de Vendas vendeu e que o Suprimentos só deve comprar o que é imediatamente necessário para a Produção. Entretanto, é difícil sincronizar essas funções quando os sistemas que as suportam são isolados. (...) O problema com os sistemas não integrados é que é difícil coordenar as atividades de diferentes áreas da organização e muitas tarefas acabam sendo redundantes. (COLANGELO FILHO, 2001, p. 17). Mas os sistemas MRP deixaram de atender apenas as necessidades de informação referentes ao cálculo da necessidade de materiais, para atender às necessidades de informação para a tomada de decisão gerencial sobre outros recursos de manufatura. 1 - Há uma citação indireta e uma direta. 2 - Há uma citação de citação. 3 - Há duas citações diretas. 4 - Há uma citação direta longa e uma citação direta curta. a) Estão corretos os itens 3 e 4. b) Está correto apenas o item 3. c) Todos os itens estão corretos. d) Não há nenhuma opção correta.

120

UNIDADE 3


4. As citações a seguir apresentadas, embora bem articuladas ao texto, possuem uma falha em sua formalização que enfraquece o argumento de autoridade. Identifique-a. Segundo Souza e Saccol, “ERPs são sistemas da informação adquiridos na forma de pacotes comerciais de software que permitem a integração de dados dos sistemas de informação transacionais e dos processos de negócios ao longo de uma organização”. Os sistemas ERPs surgiram na década de 60, quando o foco era a utilização do programa em áreas sem interligação, tais como: Folha de Pagamentos, Contabilidade, Contas a Receber, Faturamento, Vendas e Controle de Estoques. No ápice da vida útil do software, observou-se que além do custo elevado, o sistema não oferecia agilidade nas informações e limitava a capacidade de transações. Colangelo Filho justifica a adoção da ERP, argumentando que: No plano estratégico, é fácil dizer que a Produção só deve fazer o que o setor de Vendas vendeu e que o Suprimentos só deve comprar o que é imediatamente necessário para a Produção. Entretanto, é difícil sincronizar essas funções quando os sistemas que as suportam são isolados. (...) O problema com os sistemas não integrados é que é difícil coordenar as atividades de diferentes áreas da organização e muitas tarefas acabam sendo redundantes. (COLANGELO FILHO)

Mas os sistemas MRP deixaram de atender apenas as necessidades de informação referentes ao cálculo da necessidade de materiais, para atender às necessidades de informação para a tomada de decisão gerencial sobre outros recursos de manufatura. a) Registro do nome do autor consultado antes e depois da citação. b) Identificação incompleta do texto consultado. c) Mistura de citações longas e curtas. d) Ausência de citação indireta.

UNIDADE 3

121


Metodologia Científica

5. Avalie as constatações abaixo, relacionadas à pesquisa em análise: O problema da pesquisa de Semmelweis pode ser traduzido pela pergunta: Qual a causa da febre puerperal responsável pelo alto índice de mortes no Primeiro Serviço de Maternidade do Hospital Geral de Viena? O resultado da investigação de Semmelweis pode ser assim resumido: a febre puerperal que provocava a morte entre as mulheres internadas no Primeiro Serviço de Maternidade do Hospital Geral de Viena era causada por infecção por microrganismos encontrados em material cadavérico em matéria pútrida retirada de organismos vivos. A hipótese que deu origem ao resultado da pesquisa surgiu de uma situação acidental e somente foi considerada porque o pesquisador estava atento ao fenômeno e aos dados. a. As afirmações I e II estão corretas. b. Apenas a afirmação I está correta. c. A afirmação I e III estão corretas. d. As afirmações I, II e III estão corretas.

122

UNIDADE 3


UNIDADE IV Regras do trabalho cientĂ­fico

UNIDADE 4

123



MÓDULO 01

Organização estrutural do texto

desenvolvimento e conclusão. Contudo, essas três partes podem ser seccionadas de acordo com a natureza do trabalho. Um dos aspectos mais definidores da

Chega-se, então, à terceira fase do

estrutura textual da pesquisa é o fato

trabalho científico, a sua redação. Como

de ela ser de revisão ou original, sendo

trabalho de conclusão de um curso,

que a primeira se restringe às pesquisas

são vários os gêneros textuais que

de publicações diversas (livros, artigos

servem para esse fim. Nas graduações,

convencionais eletrônicos etc.); e a

são elaborados, mais frequentemente,

segunda, além da pesquisa bibliográfica,

monografias

nas

o autor faz pesquisas com dados.

pós-graduações, artigos e papers; no

Essas diferenças de conteúdo levam a

Mestrado, dissertações; e no Doutorado,

estruturas também diferentes.

e

relatórios;

teses. Seja ele qual for, embora altere em tamanho e profundidade, a organização textual não representa muita diferença entre um e outro.

Organização textual de uma pesquisa original

Essa modalidade de texto, cuja finalidade A organização textual de uma pesquisa acadêmica

é responder a uma questão que demanda dados originais, coletados por meio de entrevistas, documentos etc., é assim

A

organização

textual

de

uma

organizada:

pesquisa é estruturada em: introdução,

UNIDADE 4

125


Metodologia Científica

Estrutura textual proposta para uma Pesquisa Original:

PARTE TEXTUAL

1 INTRODUÇÃO

Nesta parte do texto, o autor apresenta o tema de modo contextualizado, a delimitação em forma de pergunta, os objetivos, a justificativa e faz uma menção ao método científico.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Momento em que o autor apresenta as pesquisas anteriores sobre o tema, por meio de monografias, artigos, dissertações, teses, livros etc. É a busca da cientificidade da pesquisa, embasando-a em fatos e dados verídicos e/ou já comprovados cientificamente, por meio do diálogo teórico. É o principal momento das citações.

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Nessa seção, o pesquisador prova à comunidade científica que a pesquisa zela pelas características básicas da ciência, descrevendo, detalhadamente, os passos que foram seguidos e o tratamento destinado aos dados. Especificamente, deve falar sobre os fins e os meios da pesquisa, a abordagem e as ferramentas de coletas, o universo e a amostra do objeto de pesquisa, os sujeitos, o tratamento dado às informações etc.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS (obs.: se o trabalho for um estudo de caso, esta seção poderá receber esse título: ESTUDO DE CASO)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

126

CONTEÚDO

Nessa parte do artigo, o autor apresenta e analisa as informações colhidas no campo, atentando-se para perceber o significado dos dados qualitativos e quantitativos. É o momento das relações e das buscas de significados. Na apresentação visual dos dados, podem ser usados gráficos, tabelas etc., como recursos de leitura. É a última parte textual do artigo em que se apresentam as principais descobertas e conclusões, sugestões, recomendações para encaminhamento do problema estudado. Deve-se ter em mente o problema levantado, a hipótese que foi testada com a pesquisa e os objetivos previstos. Deverá, sobretudo, sintetizar e avaliar a importância dos dados obtidos ou dos estudos feitos, as consequências desses dados ou estudos para a área da ciência ou para os estudos acadêmicos, fazendo uma apreciação crítica e até pessoal.

UNIDADE 4


Organização textual de uma pesquisa

Há as revisões de narrativas convencionais

de revisão

e as de métodos mais rigorosos. Devido a isso, pode-se trabalhar com mais de um

Antes de apresentarmos uma proposta de

esquema de estrutura textual.

organização estrutural de uma pesquisa de revisão, é necessário lembrar que há

Conheçamos,

inicialmente,

várias formas de se realizar tal pesquisa.

dessas mencionadas revisões:

algumas

REVISÕES DE NARRATIVAS CONVENCIONAIS MODALIDADE

CARACTERÍSTICA

Determinação do “estado da arte”

Procura mostrar através da literatura já publicada o que já se sabe sobre o tema, quais as lacunas e os principais entraves teóricos ou metodológicos.

Revisão teórica

O problema de pesquisa é inserido em um quadro de referência teórica para explicá-lo. Geralmente, acontece quando o problema em estudo é gerado ou explicado por uma ou várias teorias.

Revisão empírica

Procura explicar como o problema vem sendo pesquisado do ponto de vista metodológico, procurando responder: quais os procedimentos normalmente empregados no estudo desse problema? Que fatores vêm afetando os resultados? Que propostas têm sido feitas para explicá-los ou controlá-los? Que procedimentos vêm sendo empregados para analisar os resultados? Há relatos de manutenção e generalização dos resultados obtidos? Do que elas dependem?

Revisão histórica

Busca recuperar a evolução de um conceito, tema, abordagem ou outros aspectos, fazendo a inserção dessa evolução dentro de um quadro teórico de referência que explique os fatores determinantes e as implicações das mudanças.

Fique atento! Como se trata de várias modalidades, dificultando uma estrutura fixa, o pesquisador deve organizar o texto de acordo com os propósitos da pesquisa, mas uma sugestão pode ser:

UNIDADE 4

127


Metodologia Científica

Estrutura Textual Proposta para uma Pesquisa De Revisão Convencional: PARTE TEXTUAL

CONTEÚDO

1 INTRODUÇÃO

Nesta parte do texto, o autor apresenta o tema de modo contextualizado, a delimitação, os objetivos, a justificativa e as especificações metodológicas.

2 DESENVOLVIMENTO

Essa parte do texto é dividida em seções definidas pelo autor com títulos e subtítulos de acordo com as abordagens do assunto.

Nessa parte do artigo, o autor apresenta e 3 DISCUSSÃO, SÍNTESE OU COMPARAÇÃO DAS PESQUISAS analisa as informações colhidas nas pesquisas bibliográficas. REALIZADAS

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

128

Nessa última parte, apresentam-se as principais conclusões e recomendações para encaminhamento do problema estudado. Deve-se ter em mente a delimitação e os objetivos previstos. Deverá sintetizar e avaliar a importância dos dados obtidos ou dos estudos feitos e a consequência deles para a ciência ou para os estudos acadêmicos, fazendo uma apreciação crítica e até pessoal.

UNIDADE 4


MÓDULO 02

Revisões bibliográficas rigorosas

Curiosidade: Uma revisão teórica pode ser organizada, considerando cada uma das teo-

No desenvolvimento de uma revisão convencional,

o

autor

organiza

rias em voga.

os

tópicos respeitando o tipo de revisão

Passemos,

que escolher.

rigorosas.

Uma

revisão

convencional

agora,

às

revisões

mais

histórica,

por exemplo, pode ser organizada de maneira cronológica.

REVISÕES BIBLIOGRÁFICAS RIGOROSAS MODALIDADE

CARACTERÍSTICA • análise quantitativa extraída de dados primários; • combina as evidências de múltiplos estudos primários a partir do emprego de instrumentos estatísticos, a fim de aumentar a objetividade e a validade dos achados;

1 A meta-análise

• os objetivos e as hipóteses dos estudos devem ser muito similares, se não idênticos; • nessa abordagem, cada estudo é sintetizado, codificado e inserido em um banco de dados quantitativo. (LUIZ, 2002).

2 A revisão sistemática ou meta-análise qualitativa

UNIDADE 4

• É uma síntese rigorosa de todas as pesquisas relacionadas a uma específica, enfocando primordialmente estudos experimentais; • segue um método rigoroso de busca e seleção de pesquisas, avaliação de relevância e validade dos estudos encontrados, coleta, síntese e interpretação dos dados oriundos de pesquisa. (ROTHER, 2007).

129


Metodologia Científica

REVISÕES BIBLIOGRÁFICAS RIGOROSAS MODALIDADE

CARACTERÍSTICA • É a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, pois permite a inclusão de estudos experimentais e não-experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado;

3 A revisão integrativa

• pode combinar dados bibliográficos teóricos e empíricos, além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular; • seu objetivo é gerar um panorama de conceitos complexos, teorias ou problemas de saúde relevantes para a enfermagem (MENDES; CAMPOS; GALVÃO, 2008).

Diante também da diversidade de tipos de revisão bibliográfica com métodos mais rigorosos, apresentamos, a seguir, uma sugestão de organização textual. Estrutura Textual Proposta para um Artigo Original: PARTE TEXTUAL 1 INTRODUÇÃO

Nesta parte do texto, o autor apresenta o tema de modo contextualizado, a delimitação em forma de pergunta, os objetivos, a justificativa e o modo como o artigo foi textualmente organizado.

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

Apresenta todos os procedimentos metodológicos da pesquisa, especialmente, os critérios de localização, seleção e análise do material de pesquisa, informando sobre os instrumentos de exploração utilizados.

3 REVISÃO QUANTITATIVA, QUALITATIVA OU SISTEMÁTICA

Tópico dividido em seções definidas pelo autor com títulos e subtítulos de acordo com as categorias analisadas.

(dependendo da revisão que estiver sendo feita)

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

130

CONTEÚDO

Na apresentação visual dos dados, pode usar gráficos, tabelas etc., como recurso de leitura. Nessa parte do artigo, o autor apresenta e analisa as informações colhidas com os dados secundários, atentando-se para perceber o significado dos dados qualitativos e quantitativos. É o momento das relações e das buscas de significados.

UNIDADE 4


PARTE TEXTUAL

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

CONTEÚDO É a última parte textual do artigo, em que se apresentam as principais deduções e recomendações para encaminhamento do tema estudado. Deverá, sobretudo, sintetizar e avaliar a importância dos dados obtidos ou dos estudos feitos, as consequências desses dados ou estudos para a área da ciência ou para os estudos acadêmicos, fazendo uma apreciação crítica e até pessoal.

Ciente de que uma das dificuldades maiores dos pesquisadores é com a estruturação do texto, esperamos que essas sugestões possam auxiliá-los nessa tarefa. Elementos Estruturais e Formatação de um Artigo: Parte do texto: Título do trabalho

Nome(s) do(s) autor(es)

Especificações: Centralizado, negrito, caixa alta, fonte 12. Fonte utilizada no artigo: Times New Roman. Iniciais maiúsculas, alinhado à direita, fonte 10. Saltar um espaço simples. Aqui, é incluído o nome do orientador. Título: caixa alta, centralizado, negrito, fonte 12. Saltar um espaço simples.

Resumo na língua vernácula e na estrangeira

Texto: margens justificadas, fonte 12, entrelinha simples. Saltar um espaço simples. Palavras-chave: iniciais maiúsculas, fonte 12, separadas e finalizadas por ponto.

Títulos

Fonte 12, negrito, caixa alta. Saltar um espaço simples entre os títulos e o texto.

Subtítulos

Altera-se o formato, em cada nível de título, conforme orientação abaixo. Direta curta: entre aspas, mesma fonte do texto, informar fonte completa (AUTOR, ano, p.).

Citações

Direta longa: separado do texto por um espaço simples (antes e depois), recuo de 4 cm, fonte 10, entrelinha 1. Informar fonte completa (AUTOR, ano, p.) Indireta: no corpo do texto, normalmente. Informar fonte antes ou depois da citação (AUTOR, ano).

UNIDADE 4

131


Metodologia Científica

Parte do texto:

Especificações:

Ilustrações

Identificar, parte superior, com o tipo de ilustração, o número e o nome. Na parte inferior, informar a fonte (AUTOR, ano, p.)

O corpo do texto

Fonte 12, entrelinha 1.5, margens justificadas. Saltar um espaço simples entre os parágrafos ou dar um recuo de 2 cm.

Margens

Margens Superior (3cm), esquerda (3cm), inferior (2cm) e direita (2cm). Título: caixa alta, centralizado, negrito, fonte 12. Saltar um espaço simples.

Referências

Referências: entrelinha 1, fonte 12, conforme a NBR 6023/2002. Caixa alta, centralizado, negrito, fonte 12. Saltar um espaço simples entre cada referência.

Nota de rodapé

Fonte 10, entrelinha 1, da 2ª linha em diante alinhar à 1ª linha.

Para saber mais: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10719: Informação e documentação: relatório técnico e/ou científico. Rio de Janeiro, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: Informação e documentação: princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, 2011. LUIZ, A. J. B. Meta-análise: definição, aplicações e sinergia com dados espaciais. Cadernos de Ciência & Tecnologia, v. 19, nº 3, p. 407-428, 2002. MENDES, Karina; CAMPOS, Renata Silveira; GALVÃO, Cristina Maria. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm. Florianópolis: 17(4): 75864, out./dez. 2008.

Assista à videoaula com este conteúdo.

132

UNIDADE 4


MÓDULO 03

As normas da ABNT associadas ao diálogo teórico

com naturalidade e técnica. O nome do autor do texto consultado pode aparecer antes ou depois da citação, dentro do parêntese (em caixa alta) ou fora dele (sem caixa alta). Em todos os

As Citações

casos, a ideia deve ganhar relevância argumentativa para a qual foi utilizada.

Além das regras de apresentação e formatação, a ABNT padroniza alguns

Existem três tipos de citação: a direta, a

recursos relacionados ao diálogo com

indireta e a citação de citação.

os teóricos, como a citação, a nota de rodapé e as referências. As citações diretas ou textuais Citação: Um Recurso de Diálogo com os Teóricos

Consistem na transcrição literal das palavras do texto consultado. Devem informar o sobrenome do autor, data de

A citação consiste em um recurso técnico

publicação entre parênteses e o número

de construção de diálogo com outros

da página. Essa citação remete para

estudiosos, no qual o pesquisador faz

referência completa, que figura no final

menção, no corpo do texto, de uma

do trabalho. As citações diretas podem

informação extraída de outra fonte

ser curtas ou longas.

(ABNT/NBR 10520, 2002). As citações podem

ser

indicadas

pelo

sistema

numérico (com inserção de numeração única

e

consecutiva

para

todo

Citação direta curta

o

documento) ou pelo sistema autor-data

É a transcrição literal de um trecho com

(com a inserção do sobrenome do autor

até três linhas de extensão. Nesse caso, a

ou instituição responsável, seguido da

citação deve aparecer entre aspas duplas,

data de publicação do documento).

com indicação do(s) autor(es), da(s) página(s) e referência à obra consultada.

As citações devem fluir normalmente no texto, tecidas à voz do autor do texto

UNIDADE 4

Exemplo:

133


Metodologia Científica

Sobre esse assunto, França (2007, p. 107) lembra que “A fonte de onde foi extraída a informação deve ser citada obrigatoriamente, respeitando-se dessa forma os direitos autorais”

aspas ou destacada tipograficamente, exatamente como consta do original, acompanhada de informações sobre a fonte (em respeito à Lei 5.988 de 14 de dez. 1973 que regulamenta os direitos autorais). (FRANÇA, 2007, p.108 grifos do autor)

Ou: As citações indiretas ou livres Sobre esse assunto, França lembra que “A fonte de onde foi extraída a informação

Quando o pesquisador se fundamenta

deve

obrigatoriamente,

na ideia do texto original e dela faz uma

respeitando-se dessa forma os direitos

paráfrase, ou seja, registra a ideia com

autorais.” (2005, p. 107).

suas palavras. Nesse caso, não são usadas

ser

citada

as aspas para indicar a citação, mas, Ou ainda:

obrigatoriamente, devem ser informados o nome do autor e a data, separados por

Sobre esse assunto, França lembra que “A

vírgula.

fonte de onde foi extraída a informação deve

ser

citada

obrigatoriamente,

Observação!

respeitando-se dessa forma os direitos autorais.” (FRANÇA, 2007, p. 107).

Em citação indireta, não é obrigatório informar o número da página, mas por de padrão, caso o acadêmico opte pelo uso,

Citação direta longa É a transcrição literal de um trecho com

deve fazê-lo em todas as citações.

A citação de citação

extensão superior a três linhas. Nesse

Expressão usada para estruturar citações

caso, a citação aparece com um recuo de

diretas ou indiretas que estão sendo

4 cm, espaçamento entrelinha simples,

usadas pelo autor da fonte consultada

fonte da letra tamanho 10, separado do

diretamente.

texto principal com um espaço simples

apresentadas no texto, pelo sobrenome

antes e depois.

do autor, seguido de apud (citado por)

Essas

expressões

são

e o sobrenome do autor consultado Exemplo: Uma transcrição literal de todos os outros autores. É reproduzida entre

134

diretamente. Exemplo:

UNIDADE 4


Marinho7 (apud MARCONI e LAKATOS, 2002)

apresenta

a

formulação

do

problema como uma fase de pesquisa que, sendo bem delimitado, simplifica e facilita a maneira de conduzir a investigação, tendo em vista que o objetivo da pesquisa é esclarecer os caminhos e as etapas por meio dos quais essa realidade se construiu. (5) MARINHO, Pedro. A pesquisa em ciências humanas. Petrópolis: Vozes, 1980. (Esta nota de rodapé explica que o leitor não leu o Marinho diretamente, mas por meio de Marconi e Lakatos. Essa referência não precisa constar da lista ao final do trabalho.)

Para saber mais: Leia: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: Informação e documentação: citações em documentos. Rio de Janeiro, 2002.

7 MARINHO, Pedro. A pesquisa ciências humanas. Petrópolis: Vozes, 1980.

UNIDADE 4

em

135


Metodologia Científica

MÓDULO 04

A formalização das citações

redação do texto original; D. [...] – significa que houve omissão

As citações devem fluir normalmente no

de

texto, tecidas à voz do autor do texto com

suspensão;

uma

parte

de

citação,

naturalidade e técnica. Como se viu nos exemplos anteriores, o nome do autor

E. [!] – espanto e destaque em

do texto pode aparecer antes ou depois

citação, logo após o que se

da citação, dentro dos parênteses (em

pretende enfatizar;

caixa alta) ou fora dele (sem caixa alta). Em todos os casos, a ideia deve ganhar

F. [pois] – indicar acréscimo da

relevância argumentativa para a qual

palavra ou comentário no interior

foi utilizada. Em função disso, seguem

dos colchetes;

algumas orientações para ajudá-lo na G. [sem grifo no original] –para

construção desse diálogo.

destacar alguma coisa, quando o grifo não estava presente no texto Sinais utilizados nas citações

original;

Os sinais gráficos de maior recorrência no texto acadêmico-científico são:

H. (grifo nosso) – para indicar que o pesquisador alterou o texto original com o grifo;

A. [sic] – palavra latina que significa “assim”, “deste modo”, chama

Além dos sinais, são usados outros

atenção, em geral com ironia, para

recursos para a formalização das cita-

uma incorreção;

ções, os quais, muitas vezes, são fontes de dúvidas:

B. ‘Aspas simples’ – parte do texto já estava entre aspas, daí porque foram

substituídas

por

aspas

simples;

I. citações

de

depoimento

ou

entrevista – as falas são apresentadas no texto seguindo-se as orientações para “Citação direta

C. [?] – indica dúvida com relação à

136

ou textual” e obedecendo-se a

UNIDADE 4


regra para transcrições com mais

(2011, p. 28).

de três linhas. L. citação de vários autores à mesma J. citação com dois ou três autores

ideia – mencione os autores,

– pode-se entrar com os nomes no

obedecendo à ordem alfabética

interior do parágrafo ou fora dele,

dos sobrenomes dos autores.

dentro dos parênteses. Exemplo: Exemplos : 8

Essa mesma ideia acerca da linguagem De acordo com as orientações de Silva

é compartilhada por Pereira (2011), Silva

e Souza (2012), o sujeito se constitui na

(2012) e Souza (2010).

linguagem. (citação indireta) M. citação de autores com mesmo sobrenome – acrescentam-se as

Ou:

iniciais do nome do autor: Souza, O sujeito se constitui na linguagem

M. L. (2009) e Souza, M. S. (2012);

(SILVA; SOUZA, 2012). (citação indireta) N. citação de um mesmo autor com Silva e Souza defendem que “é na

datas de publicações diferentes

linguagem que o sujeito se constitui”

– informam-se as datas em ordem

(2012, p. 53). (citação direta)

cronológica:

Ou:

Os estudos por Leite (1993, 1995 e 2005) são popularmente interpretados,

“É na linguagem que o sujeito se

baseando-se em símbolos;

constitui” (SILVA; SOUZA, 2012, p. 53). O. citação de um mesmo autor com

(citação direta)

mesmas datas de publicação – K. citação com mais de três autores

acrescenta-se uma letra minúscula

– indica apenas o primeiro nome

após o ano – Leite(2012a, 2012b);

seguido da expressão et al. P. citação cujo autor é uma enticonceituam

dade coletiva – faz-se a entrada

linguagem como uma forma de interação

pelo nome da entidade – para a

Exemplo:

Pereira

et

al

Associação Brasileira de Normas 8 A partir deste ponto, os exemplos desta seção são fictícios.

UNIDADE 4

Técnicas (ABNT) “qualquer que

137


Metodologia Científica

seja o método adotado, deve

– cita-se primeiro a data original, sepa-

ser

rada por barra da data da edição consul-

seguido

consistentemente

ao longo de todo o trabalho,

tada. Exemplo: Freud (1898/1976);

permitindo sua correlação na lista de referências ou em nota de

S. citação de trabalhos em vias de publicação – informa-se, dentro

rodapé” (2002, p. 3);

dos parênteses, a expressão (em Q. citação de obras sem indicação

fase de elaboração). Com isso,

de autoria ou responsabilidade

faz-se justiça ao autor e confere

– faz-se a entrada pelaprimeira

credibilidade ao autor do texto;

palavra do título seguida de reticências, seguida da data de publicação;

T. citações

de

jurisprudência

-

deverão ser feitas com a mesma formatação das citações diretas,

Exemplo:

com mais de três linhas. Ao final, deverá ser indicado, entre

“Várias donas de casa têm se dedicado

parênteses, três elementos: sigla

a cursos de economia doméstica” (A

do tribunal, ano da publicação

ECONOMIA..., 2003, p. 32);

do acórdão e página do Diário da Justiça. Os demais elementos

R. citação (aula,

de

canais

informais

constarão apenas na lista das refe-

conferência,

palestras

rências, no final do trabalho.

etc.) – indicar, entre parênteses, a expressão “informação verbal”,

Exemplo:

mencionando-se os dados disponíveis, em nota de rodapé; Exemplo: Existe uma versão atualizada das normas para apresentação de citações no texto

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. CABIMENTO. É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública. Recurso Especial provido (STJ, 2003, p. 221).

e notas de rodapé (Informação verbal) que poderá auxiliar o autor na redação

Se tiver vários precedentes do mesmo

de documentos técnicos científicos. No

órgão judiciário, publicados no mesmo

rodapé da página, explica-se a fonte;

ano, deve-se acrescentar uma letrinha após o ano de publicação. Exemplos:

s) citação de obras antigas e reeditadas

138

(STJ, 2003a, p.245) (STJ, 2003b, p.132).

UNIDADE 4


U. citações de normas jurídicas –

Notas de referência – usadas no caso de

poderão ser feitas na modalidade

citação de citação. Nessa circunstância, o

direta

ou

autor deve consultar, nas referências do

indireta. Quando se tratar da

texto lido, a informação de que precisa e

citação

inseri-la apenas na nota de rodapé.

(preferencialmente) literal,

deverão

ser

precedidas da expressão in verbis. As notas são digitadas no final da página, O art. 5º da Constituição da República

com fonte da letra 10 e entrelinha

dispõe, in verbis:

simples, sendo separadas do texto por um filete de 5 cm. A partir da segunda

Art. 5. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, e à propriedade, nos termos seguintes:

linha, a nota deve ser alinhada à primeira.

(BRASIL, 1988).

muitas quebras, o que dificulta a leitura.

Recomenda-se o bom senso no uso das notas de rodapé, tanto no que se refere à quantidade, quanto ao tamanho das notas. Isso evitará que o texto fique com

As Normas da ABNT Associadas ao Formalização das Referências

Referências Bibliográficas e de Documentos Eletrônicos – Apresentação Formal – Nbr 6023/2002

Nota de Rodapé

Ao longo dos seus estudos, o pesquisador

Diálogo Teórico: As Notas de Rodapé e a

faz inúmeras leituras para a realização São algumas informações complemen-

do seu trabalho. Essas leituras devem

tares, cujo teor não deve ser inserido no

figurar em algum lugar, demonstrando

interior do texto, sob o risco de perder a

para o futuro leitor quais foram as fontes

sequência lógica da leitura. Existem dois

e os fundamentos teóricos, legais e

tipos de notas de rodapé: as explicativas

metodológicos que fundamentaram o

e as de referência.

pensamento daquele autor. Para facilitar o seu trabalho, segue uma lista de

Notas explicativas – trazem esclareci-

modelos de referências bibliográficas e

mento, tradução ou informações comple-

eletrônicas.

mentares sobre algum termo trabalhado no texto principal.

Alguns

modelos

de

referências

bibliográficas e eletrônicas - Livros

UNIDADE 4

139


Metodologia Científica

considerados em um todo (formato

Título: subtítulo. Edição. Local: Editora,

convencional)

data. Capítulo, páginas inicial-final.

SOBRENOME DO AUTOR, Prenome.

BATISTA

Título em itálico: subtítulo se houver.

deveres do consumidor. In: PASSOS,

Edição. Local (cidade): Editora, data.

Antônio (Coord.). Curso de direito do

Número de páginas do livro.

consumidor. 11 .ed. São Paulo: Nobel,

JUNIOR,

João.

Direitos

e

1995. cap. 4 , p. 242-278. ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 20. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

Monografias, dissertações e teses (formato convencional)

Livros considerados no todo (formato eletrônico)

SOBRENOME DO AUTOR, Prenome. Título em itálico: subtítulo. Ano de apresentação. Número de páginas. Tipo

SOBRENOME DO AUTOR, Prenome.

do documento (monografia, dissertação,

Título em itálico: subtítulo. Edição.

tese), o grau, a vinculação acadêmica,

Local (cidade). Descrição física do meio

local e a data da defesa.

eletrônico (disquete, CD-ROM etc.) ou disponível em: <endereço eletrônico>.

FONTANA, Sergio. Guia de obras de

Acesso em: dia, mês e ano.

metodologia científica. 1999. 135 f. Monografia (Graduação) – Curso de

ALVES, Rubem. Filosofia da ciência:

Biblioteconomia

introdução ao jogo e suas regras. 20. ed.

Universidade Federal de Santa Catarina,

São Paulo: Brasiliense, 1994. Disponível

Florianópolis, 2004.

em:

e

Documentação

<www.docente.ifrn.edu.br/

albinonunes/...da-ciencia/livro-filosofiada-ciencia/>. Acesso em: 7 set. 2013.

Monografias, dissertações e teses (formato eletrônico)

Capítulos de livros (com autoria diferente)

FONTANA, Sergio. Guia de obras de metodologia científica. 2004. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação)

SOBRENOME

140

DO

AUTOR

DO

Faculdade

de

Biblioteconomia

e

CAPÍTULO, Prenome. Título do capítulo.

Documentação, Universidade Federal de

In: SOBRENOME DO AUTOR, Prenome.

Santa Catarina, Florianópolis. CD-ROM.

UNIDADE 4


Legislação (formato convencional)

JURISDIÇÃO (Nome do país, estado

JURISDIÇÃO (Nome do país, estado ou

ou

município) ou NOME DA ENTIDADE

competente. Título (natureza da decisão

(no caso de normas). Título, numeração

ou ementa) e número. Partes envolvidas

e data (dia, mês e ano). Elementos

(se houver). Relator. Local, data (dia,

complementares

para

mês e ano). Dados da publicação que

identificação

documentos

dos

melhor (se

município)

e

Órgão

judiciário

transcreveu o documento.

necessário). Dados da publicação que transcreveu o documento.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição

Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico,

da República Federativa do Brasil, 1988.

1988. 292 p.

Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988. 292 p. Jurisprudência (formato eletrônico) Legislação (formato eletrônico)

JURISDIÇÃO (Nome do país, estado ou município) e Órgão judiciário competente.

JURISDIÇÃO (Nome do país, estado ou

Título (natureza da decisão ou ementa) e

município) ou NOME DA ENTIDADE

número. Partes envolvidas (se houver).

(no caso de normas). Título, numeração

Relator. Local, data (dia, mês e ano).

e data (dia, mês e ano). Dados da

Dados da publicação que transcreveu

publicação que transcreveu o documento.

o documento. Descrição física do meio

Descrição física do meio eletrônico

eletrônico (CD-ROM, disquete, etc.) ou

(CD-ROM, disquete, etc.) ou disponível

Disponível em:<endereço eletrônico>.

em:<endereço eletrônico>. Acesso em:

Acesso em: dia mês e ano (para os

dia, mês e ano (para documentos online)

documentos online).

BRASIL. Congresso Nacional. Lei n. 10.121

SÃO PAULO (Estado). Tribunal de Alçada

de 23 de agosto de 2001. Cria processo

Civil. Nula é a ação de cobrança dirigida

de compras de...Diário Oficial da União.

contra quem, como mandatário, emitiu

Brasília, DF, 24 de agosto de 2001. Seção

cheque. Ação rescisória n. 186.609.

1. Disponível em: <http:www.in.gov.br>.

Marcos Pires Alvim. São Paulo, v.463,

Acesso em: 27 dez. 2012.

p. 158-159, maio 1974. Disponível em: <http:/www.rt.com.br/júris/júris/.htm>. Acesso em 23 dez. 2012.

Jurisprudência (formato convencional)

UNIDADE 4

141


Metodologia Científica

Vários outros documentos têm a estrutura normalizada pela ABNT/NBR 6023/2002. Caso seja necessário informá-los em sua pesquisa, é recomendável consultar a norma.

Para saber mais: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023:Informação e documentação: referências. Rio de Janeiro, 2002.

Assista à videoaula com este conteúdo.

142

UNIDADE 4


A pseudociência nas universidades brasileiras Widson Porto Reis1

1 Introdução

cada dia surgem na imprensa notícias de novos cursos de extensão, pós-graduação

A

pseudociência

chegou

à

última

e até mesmo graduação, pesquisas

fronteira do pensamento crítico. Depois

científicas,

palestras

que os mapas astrológicos se espalharam

promovendo

pelas revistas femininas e o feng-shui e

universidade privada já é terra arrasada

a radiestesia fincaram pé nas revistas de

há tempos. Com um estrito compromisso

decoração; depois que a homeopatia

com o lucro, a universidade particular

tornou-se prática médica reconhecida e

oferece ao cliente o que ele quiser.

as

e

seminários

pseudociências.

A

a memória da água virou citação comum nas revistas de ciência; depois que as

Assim,

podem-se

correntes de e-mail convenceram os

de pós-graduação e de extensão em

legisladores de um estado brasileiro que

praticamente qualquer pseudociência

o uso de celulares deveria ser proibido

que se imagine: “Astrologia Clínica”

nos postos de gasolina e enquanto o

na respeitada Pontifícia Universidade

criacionismo se avizinha das aulas de

Católica (PUC) de São Paulo e “Astrologia

ciência das escolas públicas de outro

Aplicada na Gestão de Pessoas” na

estado... agora a pseudociência e o

UBC; “Terapias Naturais e Holísticas”

pensamento mágico travestido de ciência

na

chegaram à universidade.

“Feng-Shui”

Universidade na

encontrar

Castelo Universidade

cursos

Branco; Veiga

de Almeida; “I-Ching” na Faculdade Cândido Mendes; “Florais de Bach” na 2 O problema

Faculdade Helio Afonso (FACHA) e na Estácio de Sá (UNESA); Reflexologia na

O fato não é realmente novo, mas nunca

UNISUL... só para citar uma minúscula

antes se viu tantas atividades vindas de

fração dos cursos oferecidos. Mas é

dentro da universidade destinadas a

quando a pseudociência passa a ser

difundir e legitimar a pseudociência. A

difundida com o dinheiro público que

1 Widson Porto Reis é Engenheiro Metalúrgico, mestre em Ciências dos Materiais e ex-professor do Instituto Militar de Engenharia

UNIDADE 4

143


Metodologia Científica

a situação se agrava. A Universidade

Depois de ganhar os cursos de extensão,

Federal de Pernambuco (UFPE), por

a pseudociência chegou à graduação.

exemplo, ministra regularmente cursos

Já se espalham pelo país os cursos

de extensão em Reiki – técnica oriental

superiores em naturologia. A princípio

de cura com as mãos – Aromaterapia

a proposta parece inatacável. Afinal,

e Mandalas. Os cursos são oferecidos

seria muito bem vindo um profissional

pelo CCSA, Centro de Ciências Sociais

que pudesse reescrever tratamentos

Aplicadas. Já a Universidade Federal do

naturais

Rio de Janeiro (UFRJ), certamente uma

separando-os de inócuos, e às vezes

das mais conceituadas universidades do

perigosos, curandeirismos. Mas como

país, é a instituição pública brasileira com

todo cético escaldado sabe, o rótulo

a maior oferta de cursos de extensão para

de Terapias naturais geralmente é uma

a formação de profissionais esotéricos:

fachada para as velhas esotéricas técnicas

“Terapia Floral”, “Fisiologia Chinesa

“milenares”.

reconhecidamente

eficazes,

e Práticas Energéticas”, “Astrologia, Corpo e Saúde”, “Cromoterapia” e

Realmente, uma análise mais cuidadosa

especialmente o “Ecologia da Mente”,

do programa desses cursos revela o

guarda-chuva místico sob o qual se

que se espera: radiestesia, florais de

abrigam Radiestesia, I-Ching, Feng-Shui

Bach, cromoterapia e reflexoterapia são

e Tarô.

algumas das disciplinas que um bom naturólogo terá em seu currículo. Além

Para ser honesto, nenhum dos cursos

das terapias naturais e artes divinatórias,

citados causaria estranheza no triste

também

cenário atual não fosse o fato de estarem

espaço na universidade, o que não

catalogados

“Ciências

seria problema nenhum desde que a

da Saúde” e serem oferecidos pela

ocupação não se desse no território das

Divisão de Ensino, Pesquisa e Extensão

ciências. Uma destas iniciativas está na

do Hospital Escola São Francisco de

Universidade Federal do Rio Grande do

Assis. De fato, um dos projetos em

Sul, UFRGS, que criou em 2001 o NIETE

andamento neste hospital universitário

- Núcleo Interdisciplinar de Estudos

é a implantação destas técnicas no

Transdisciplinares Sobre Espiritualidade,

tratamento dos pacientes, buscando

atualmente coordenado pela a professora

a “redução de custos hospitalares e

Malvina do Amaral Dorneles.

na

área

de

a

religião

vem

ganhando

melhoria da qualidade de vida e saúde (...)

144

aprofundando

e

construindo

o

Uma das atividades recentes do NIETE

conhecimento das terapias naturais numa

foi estabelecer uma parceria com a

perspectiva multidisciplinar”.

Sociedade Brasileira de Apometria para

UNIDADE 4


a formação de um grupo de estudos em

No estudo, um terço do grupo de ratos

apometria (GEPEA), a fim de “contribuir

recebia

para a promoção da saúde da população

de mãos, outro terço tinha uma luva

de nossa comunidade (...) inserindo-se

colocada sobre as gaiolas (para simular

nas

da

a impostação) e o restante não recebia

Organização Mundial da Saúde”. Bem,

nenhum tipo de tratamento. Ao final

para quem não conhece, a apometria é

do

uma técnica espírita, controversa mesmo

um aumento do número de linfócitos

entre os adeptos desta religião, que

e monócitos dos ratos submetidos

consiste em aplicar “pulsos magnéticos

ao tratamento. O trabalho já seria

concentrados e progressivos no corpo

controverso o bastante sem a afirmação

astral do paciente”. Cursos de apometria

non sense com que foi divulgado

incluem

desobssessão

por Monezzi na imprensa: “O corpo

(exorcismo) e defesa contra vampirismo e

humano é um emissor de energias

espíritos parasitas. Outro filhote do NIETE

que ainda não foram qualificadas, mas

é o Grupo Psi-Alfa-Ômega, coordenado

exames

pelo professor da UFGRS, Cícero Marcos

e eletroencefalograma mostram que

Teixeira. Um das principais linhas de

existem”. O estudo de Monezzi, mesmo

pesquisa do grupo é a Transcomunicação

sem ter sido replicado por nenhum outro

Instrumental (TI), a arte de receber

pesquisador, é utilizado pelo Gente Com

mensagens do além através de ondas

Saúde, Grupo de Meditação e Técnicas

de rádio ou televisão. Quem pratica, jura

Complementares em Saúde, da UNIFESP,

que pode captar mensagens dos mortos

na promoção do curso de extensão do

nos ruídos de velhos rádios valvulados

Centro de Aperfeiçoamento em Saúde:

ou ver espíritos em difusas imagens de

“Gerenciamento das doenças através do

televisão; um update do velho mito das

REIKI/impostação das mãos”, do qual,

mensagens subliminares em discos de

aliás, Monezzi é professor.

discussões

contemporâneas

técnicas

de

tratamento

experimento,

como

o

por

impostação

Monezzi

detectou

eletrocardiograma

rock. “Queremos contribuir em termos acadêmicos para a compreensão do ser humano, uma vez que ele não vive

3 O caso UNB

somente no plano físico”, diz Cícero, que também é autor do livro “Internautas do

Neste quadro, a Universidade de Brasília

Além”. Já na UNIFESP, o biólogo Ricardo

certamente representa o caso mais grave.

Monezzi

dissertação

Esta prestigiada instituição, sediada na

de mestrado: “Avaliação de efeitos

capital do País, criou em 1989 o Núcleo

da prática do Reiki sobre o sistema

de Estudos de Fenômenos Paranormais

imunológico de camundongos machos”.

(NEFP), ligado ao CEAM - Centro de

UNIDADE 4

defendeu

sua

145


Metodologia Científica

Estudos Avançados Multidisciplinares. O

que assim mesmo divulgou o trabalho nos

que parecia uma interessante iniciativa

maiores meios de comunicação do país.

acabou se revelando um verdadeiro

O astrólogo Francisco Seabra, também

cavalo de troia, com o qual astrólogos,

membro do NEFP, chegou a declarar à

radiestesistas,

médiuns,

revista ISTOÉ, segunda maior revista

entortadores de colheres e outros tantos

de notícias do país: “A universidade

vêm invadindo a academia, utilizando-a

faz uma revolução ao reconhecer que

para difundir suas crenças pessoais. O

a astrologia é uma ciência”. A bisonha

coordenador do NEFP é o engenheiro

afirmação só revela o desconhecimento

civil e astrólogo, Paulo Celso dos Reis

de Seabra sobre o que é ciência. Um dos

Gomes. Paulo Celso é autor do trabalho

objetivos confessos do NEFP é trabalhar

“Verificação dos efeitos das posições

para a “sistematização da Astrologia e

dos astros na eclíptica com respeito à

sua inclusão no rol das ciências oficiais”.

formação do homem e seu cotidiano”.

Neste esforço já se encontra em sua

ufólogos,

quarta edição o Curso de Astrologia para Na pesquisa, os astrólogos (os próprios

Pesquisadores, promovido pela UnB e

autores) confeccionaram o mapa astral

coordenado por Hiroshi Masuda, outro

de 100 voluntários conhecendo apenas

membro do NEFP.

as datas e locais de nascimento de cada um. Depois de receber seu perfil

O curso tem uma missão bem definida:

astrológico, os voluntários preencheram

“formar astrólogos pesquisadores que

um

pontuaram,

venham a comprovar, de forma racional,

numa escala de 1 a 5, o grau de

os fundamentos da astrologia”. Firme

acerto ou relevância de cada uma das

em sua missão, recentemente, o NEFP

características levantadas. Somente 40

conseguiu aprovar a realização do “1º

dos 100questionários foram analisados;

Encontro

destes, os pesquisadores verificaram o

ocorrido em agosto deste ano. O tema

impressionante índice de 95% de acertos.

central do encontro foi a capciosa

É evidente que a única coisa que o estudo

pergunta “Até que ponto a astrologia

de Paulo Celso mediu foi a capacidade

deve ser entendida como ciência?”.

que as pessoas têm de se identificar com

Francisco Seabra declarou a imprensa

perfis vagos, especialmente os positivos

meses antes: “Vamos debater pesquisas

e lisonjeiros, sobre si mesmas – o velho

que têm contribuído para aproximar

conhecido Efeito Forer.

o conceito astrológico do conceito

questionário

onde

Nacional

de

Astrologia”,

científico”. Esta falha grosseira de metodologia, contudo, não ficou no caminho do NEFP,

146

Como se vê, a rigor não teria sido

UNIDADE 4


um debate muito amplo... O vice

senso crítico que seus professores.

coordenador do NEFP é físico PhD Álvaro Luis Tronconi. Pródigo em alegações

Como seria de se esperar, também este

que desafiam o bom senso, Tronconi

pequeno obstáculo de credibilidade não

já entregou à imprensa pérolas como:

ficou no caminho do NEFP, que manteve

“Queremos saber por que a força do

agendado

pensamento desorganiza a configuração

o

dos átomos dos metais e se ela pode ser

ministraria na universidade. (O valor de

identificada e calculada como se faz com

aproximadamente 100 dólares que o

a energia elétrica, que não conhecemos

interessado deveria desembolsar pelo

por inteiro, mas todos acreditam que

curso pode ser visto como um grande

existe e a usam”, e “Se podemos melhorar

investimento, já que aumentar a sorte

nossa

podemos

em bingos e loterias é uma das artes que

dominar a bioenergia e usá-la para

Amorim ensina em seus cursos.) A relação

nos teletransportar ou curar doenças”.

de Luiz Carlos Amorim com o NEFP vem

O objeto de estudo de Tronconi é o

de longa data. O ex-coordenador do

famoso paranormal brasileiro Luiz Carlos

Núcleo, o psicólogo Joston Miguel Silva,

Amorim que, assim como o paranormal

estudou durante oito anos 13 pessoas

ícone dos anos 70, Uri Geller, exercita

que diziam possuir alguma habilidade

seus poderes em talheres e ganha a

paranormal, entre eles Amorim e Thomas

vida como oráculo de políticos, atores

Green

e qualquer um que possa pagar seus

brasileiro badalado entre os famosos.

gordos cachês. Na verdade, Tronconi e os

Dos 13, o pesquisador da UnB confirmou

demais pesquisadores do NEFP parecem

as habilidades de cinco. Outros cinco

considerar as habilidades paranormais de

tiveram

Amorim suficientemente demonstradas,

comprovados esobre os três restantes

já que o convidaram em2003 a apresentar

não houve nenhuma conclusão. A técnica

seus poderes durante uma palestra na

de Joston para validar os paranormais? A

UnB. Segundo a assessoria de imprensa

kirliangrafia, em que se usa uma Máquina

da UnB, a demonstração foi um fiasco. A

Kirlian para fotografar a aura do sujeito. O

plateia, constituída em sua maioria pelos

interesse do vice-coordenador do NEFP,

estudantes da universidade, compareceu

pelo estudo da paranormalidade nasceu

decidida a desmascarar o paranormal e

de uma marcante experiência pessoal.

conseguiram fazê-lo perder a compostura

Tronconi atribui a cura de uma hérnia-

(e aparentemente os poderes) em mais

de-disco ao poder mental da enfermeira

de uma ocasião - um interessante caso

que o tratou utilizando passes de mão.

em que os alunos demonstraram mais

Arrebatado pela experiência, Tronconi

oratória,

UNIDADE 4

também

Eu

o

curso

Paranormal”

Morton,

seus

“Despertando que

outro

poderes

Amorim

paranormal

parcialmente

147


Metodologia Científica

hoje é coordenador e professor do curso

quadro atual preocupante é que o

de extensão “Ensaios Parapsíquicos”,

que se está fazendo em grande parte

promovido

programa

dentro da universidade não é Somente

do curso é um pout pouri esotérico

pseudociência, é ciência ruim; ciência

envolvendo viagem astral, regressão a

ruim em nome da legitimização da

vidas passadas, kirliangrafia, chacras,

pseudociência. Os astrólogos, ufólogos,

interpretação de sonhos, retrocognição e

terapeutas alternativos e religiosos que

outros assuntos que nos fazem imaginar

vêm utilizando o nome da universidade

como são as aulas de física que Tronconi

em suas pesquisas não estão em busca da

leciona na universidade.

verdade, mas apenas da validação, custe

pela

UnB.

O

o que custar, de suas crenças pessoais. Estes pesquisadores invertem o caminho 4 Onde está o limite?

que devem trilhar as novas ideias e levam suas controversas pesquisas aos meios

Criticar qualquer tipo de pesquisa na

de comunicação leigos antes de fazê-las

universidade é caminhar em uma linha

chegar aos periódicos científicos, onde

muito tênue.Uma escorregadela e se

poderiam ser avaliados por seus pares.

atravessa para o lado do preconceito e do patrulhamento da liberdade acadêmica.

Na verdade, bem poucos destes trabalhos

Por isso é importante responder muito

chegam a ver a luz de uma revista

claramente: por que a presença da

peer-review. Trabalhos com resultados

pseudociência na universidade é tão

extraordinários,

nociva? Como ponto de partida é preciso

fossem obrigariam a ciência a rever

deixar claro que nenhum tema jamais deve

seus conceitos mais básicos e introduzir

ser considerado tabu na universidade.

novas entidades, forças e “energias”,

Muito pelo contrário. As pesquisas

são divulgados entusiasticamente sem

acadêmicas sobre as pseudociências são

a devida análise crítica dos resultados e

o necessário ferramental para o cético

sem que as potenciais fontes de erros

que promove a razão e o pensamento

sejam apontadas. Citações bibliográficas

crítico. Afinal não se deve esperar que

são seletivas e simplesmente ignoram

as alegações da astrologia e outras

toda a massa de dados, geralmente

artes divinatórias, de diversas terapias

abundante nestes casos, que se opõem

alternativas e de inúmeros fenômenos

à visão dos autores. Acima de tudo

paranormais sejam descartadas somente

não há replicação dos trabalhos; um

por desafiar o senso comum.

único resultado favorável é considerado

que

se

verdadeiros

suficiente para confirmar as hipóteses Pesquisar é preciso. O que torna o

148

do ansioso autor – muito pouco para

UNIDADE 4


quem está dirigindo na contramão do

que tudo seja dito em nome da ciência

conhecimento estabelecido.

e esperar que as evidências falem por si mesmas, decididamente não funciona

O

que

estes

pesquisadores

estão

em um país onde grassa a ignorância

fazendo é o que Richard Feynman

científica e onde a mídia, vilã e vítima,

chamava de “ciência de culto a carga”:

notícia apenas a parte sensacional da

algo que usa a linguagem científica, que

notícia. Além disso, mesmo o mais

segue os preceitos básicos do método

ferrenho defensor da liberdade irrestrita

científico e que até mesmo parece

de expressão concordará com o cético

ciência – pelo menos tanto quanto um

mais radical que há uma linha em algum

boneco parece um homem – mas no

lugar entre, por exemplo, a quiromancia

qual falta um elemento fundamental:

e a acupuntura. Onde está a linha

integridade científica. Mas a universidade

descobre-se checando-se as evidências

também contribui para a legitimação do

e não emprestando o púlpito à primeira

pensamento mágico quando serve de

cigana interessada. E evidentemente

fórum para debate com a pseudociência.

ninguém está mais apto a investigar

Tome-se como exemplo a recente palestra

evidências do que a universidade.

sobre “criacionismo científico” (uma contradição a partir do título) ocorrida na

Por fim, é preciso lembrar que a crença

Universidade Federal do Estado de São

em certas pseudociências traz um ônus

Paulo (UNIFESP) sob (tímidos) protestos

para a sociedade. Este ônus pode não ser

da comunidade científica. Sabe-se que

óbvio enquanto a astrologia fica restrita

para o criacionismo não interessa o

aos inocentes horóscopos das páginas

resultado do debate, mas apenas ser

dos jornais e o feng-shui às revistas

debatido; o simples fato de ocupar o

de decoração. Mas e quando mapas

palanque em uma grande universidade e

astrológicos estiverem sendo usados em

ser ouvido pela elite intelectual do país

entrevistas de emprego ou nas salas dos

já empresta ao movimento criacionista

tribunais? Alguém gostaria de perder

a imagem de cientificismo que ele tanto

um emprego ou uma causa judicial por

busca para se colocar como alternativa

causa da hora em que foi retirado da

ao ensino da evolução.

barriga de sua mãe? E quando pêndulos estiverem auxiliando os diagnósticos

Novamente, não se trata de impor

médicos e a imposição de mãos for

nenhum tipo de censura ou de “inquisição

prática comum nos hospitais públicos,

sem

rapidamente

no lugar dos tratamentos convencionais?

consideram

E quando tudo isso estiver acontecendo

censurados ou perseguidos. Mas permitir

porque a universidade deu a astrólogos

fogueiras”-

protestam

UNIDADE 4

os

como que

se

149


Metodologia Científica

e radiestesistas a mesma credibilidade

de divulgação.

profissional de engenheiros e médicos? Quanto tempo ainda temos até que

Dizer que as revistas de ciência no Brasil

cirurgias

devidamente

são tolerantes com as pseudociências é

abalizadas pelas pesquisas “científicas”

dizer pouco. Dizer muito seria chamar

da academia, sejam cobertas pelos

de “revistas de ciência”, revistas que já

planos de saúde? É bom lembrar que no

produziram suplementos especiais sobre

Brasil, a homeopatia já chegou lá.

astrologia e feng-shui. Sobre este tema

espirituais,

Allan Novaes em seu artigo “Ciência em crise, jornalismo em queda?” mostra que, 5 A causa

de 2000 a 2004, 75% das capas da revista Superinteressante, maior revista de seu

O Brasil tem um quadro desanimador

gênero no Brasil, foram sobre ciências

no que diz respeito ao combate à

sociais ou humanas e 42% foram de temas

pseudociência. O movimento cético

religiosos, místicos ou pseudocientíficos.

no país é um fenômeno relativamente

Aqui, a crise do jornalismo científico se

recente, 100% amador e que não surgiu

confunde a tal ponto com a da infiltração

dentro da universidade e sim na internet

da pseudociência nas universidades que

em torno de grupos de discussão e uns

fica difícil distinguir causa e efeito. Há

poucos sites. Sendo um grupo formado

outros motivos por que pseudociências

em sua maioria por jovens ainda sem

e misticismos encontraram um terreno

credenciais científicas, o Movimento

fértil nas universidades. O Brasil é um

Cético Brasileiro, se podemos chamá-lo

país que respira religiosidade, e onde

assim, sofre por falta de credibilidade,

existe uma mistura, talvez única no

o que até agora tem lhe permitido

mundo, de religiões, cultos e seitas.

atingir apenas de raspão a mídia. Já

Projetos

a comunidade científica nacional está

como os que a UnB, UFRJ e UFRGS

muito mais ocupada em concorrer pelos

vêm realizando são populares porque

minguados recursos oficiais e lutar contra

mostram uma aproximação entre ciência

as dificuldades diárias de infraestrutura,

e espiritualidade que muitos acreditam

sucateamento de laboratórios, cargas

ser saudável.

de

pesquisa

e

extensão

horárias excessivas e toda a sorte

150

de problemas, do que em combater

A ideia de que a ciência deveria dar

voluntariamente

da

as mãos à religião em uma espécie

pseudociência em seu quintal. Mas não

de “retorno às origens”, e que deste

faltam apenas as pessoas para combater

casamento forçado entre o materialismo

o pensamento mágico, faltam os meios

e o espiritualismo nasceria o melhor

a

penetração

UNIDADE 4


dos dois mundos é muito promovida

intolerância criticar qualquer saber, por

pelas

bastante

mais primitivo e desligado da realidade

apreciada pelo público leigo. Condenar

que seja. Francamente impulsionado

esta promiscuidade científico-místico-

pelas ciências humanas e sociais, esse

religiosa, modernamente camuflada por

relativismo paralisante não reconhece

palavras como “interdisciplinaridade” e

como

“multidisciplinaridade”, tem soado cada

científico (o que rigorosamente falando

vez mais politicamente incorreto, e os

não é mesmo), mas tampouco descarta

cientistas não raro o evitam. Some-se a

nenhuma alegação extraordinária; tudo

este quadro a natureza do povo brasileiro,

pode ser, como pode não ser. Se a

hábil em conciliar o inconciliável – por

ciência ainda não comprovou a eficácia

exemplo,

religioso

daquela “técnica milenar”, o problema é

que mescla os cultos africanos com o

da ciência; dê-lhe mais alguns milênios e

cristianismo – e sua aversão a qualquer

ela chegará lá.

ciências

no

humanas

e

sincretismo

final

nenhum

conhecimento

tipo de confronto que possa ser levemente confundido com intolerância religiosa. O que nos leva a maior de todas as causas

6 Conclusão (temporária)

para disseminação da pseudociência nas universidades: o Relativismo.

Não se propõe com este trabalho nenhum tipo de censura à produção

O Relativismo é a ideia de que todos

universitária, mesmo em se tratando de

os saberes são apenas de opinião,

fenômenos supostamente paranormais,

fruto do seu contexto histórico e social.

místicos ou esotéricos; pelo contrário

O relativista acredita que todos os

este trabalho propõe o acirramento da

pontos de vista são igualmente válidos

discussão sobre estes fenômenos, mas

e vê a ciência apenas como mais uma

definindo o escopo e o valor da Ciência,

maneira e representar o mundo, em

que parece ter se esmaecido em algum

pé de igualdade com a não ciência. A

lugar do passado. Acima de tudo este

verdade científica, nesta onda relativista,

trabalho propõe o estabelecimento de

é vista apenas como um produto social,

políticas vindas de dentro dos comitês

uma

da

universitários, que restrinjam o impacto

maioria. Desta maneira as teorias mais

de pesquisas levianas, sejam elas naquilo

exóticas

que hoje se considera pseudociência ou

democrática, tornam-se

de

consenso

irrepreensíveis

e

passam a ser escudadas por bordões

não.

como: “Você tem a sua opinião, eu tenho a minha” ou “tudo é relativo”.

Este trabalho propõe que núcleos de

Novamente torna-se uma imperdoável

pesquisa de borda, como o NEFP e o

UNIDADE 4

151


Metodologia Científica

NIETE, sejam julgados periodicamente por sua produção científica, publicada em revistas indexadas e que isso determine seu subsidiamento pela universidade pública; isto sempre foi sinônimo de pesquisa de qualidade em qualquer área e a pesquisa em fenômenos paranormais não deve ser exceção. E, finalmente, este trabalho sugere que cursos de extensão e pós graduação em terapias médicas alternativas promovidas pelas ciências da saúde, sejam julgados e aprovados por comitês multidisciplinares (similares

aos

comitês

de

ética,

normalmente requeridos para aprovar estudos que trabalham com populações) que possam atestar a cientificidade e segurança das técnicas ensinadas. No mínimo, isso servirá para mover estas terapias alternativas para fora do escopo da ciência.

Fonte: REIS, Widson Porto. A Pseudociência nas Universidades Brasileiras. In: Primeira Conferência

Iberoamericana

sobre

Pensamento Crítico da revista Pensar, 2005. Argentina. Disponível em: <http:// w w w. s c r i b d . c o m / d o c / 2 3 4 5 5 6 7 / A pseudociencia-nas-universidades>. Acesso em: 06 set. 2013.

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RESUMO DA UNIDADE

Nesta unidade discutimos primeiramente como deve ser a organização estrutural do texto, na sequência a necessidade de se efetuar revisões bibliográficas de forma rigorosa. Em continuidade apresentamos as normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas e sua padronização ao diálogo teórico. E por fim e não menos importante vimos que a citações devem fluir de forma harmoniosa, para isto verificamos como é feita a formalização das citações.

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Metodologia Científica

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

1. A respeito dos tipos de artigo de revisão, aponte a opção correta: a) Há revisões de maior e de menor rigor metodológico, sendo que a integrativa se destaca como uma narrativa convencional. b) Na revisão de “estado da arte”, o pesquisador pretende apontar o ponto em que se encontra determinado estudo dos pontos de vista teórico e metodológico. c) Na revisão empírica, o pesquisador procura explicar o problema inserido em um quadro teórico rigoroso. d) A revisão sistemática, por seguir o rigor metodológico, deve se pautar em dados primários.

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2. Ao analisar o conteúdo do início da introdução de um artigo, apresentado no quadro abaixo, podemos notar um aspecto negativo na seção. Aponte-o: 1 INTRODUÇÃO Este trabalho nasceu de inquietações a respeito de como se pode avançar na análise das interações face a face. Na perspectiva do ISD, elas são entendidas como pertencentes ao tipo de discurso: Discurso Interativo. Dentro das práticas linguageiras do gênero a que pertencem, podem ser analisadas como textos, considerando a proposta da arquitetura textual (BRONCKART, 1999). Entretanto, situações de análise do trabalho real me mostraram que essa análise talvez não baste para justificar diferenças entre interações. O objetivo principal do estudo que atualmente desenvolvo, por meio do projeto “Diversidade Social e Identidade do Português Brasileiro nas Interações de Sala de Aula de Língua Portuguesa”, é explicitar as estratégias discursivas que o professor mobiliza para construir uma ação que possa ser interpretada pelos alunos e que seja favorável para a aprendizagem pretendida. Nesse contexto, na regulação entre o macro (as situações do agir docente no cenário de sala de aula, particularmente quando o professor se coloca no papel de mediador/facilitador) e o micro (de que variedade de língua, padrão ou não padrão, se vale esse docente nessa situação de agir), venho trabalhando com o referencial teórico do ISD. Nesta pesquisa, uma das conclusões chegadas diz respeito à forma como se constitui o profissionalismmo de duas professoras, MH e K, ambas docentes de Língua Portuguesa de 5ª séries do Ensino Fundamental. a) o autor traz, no primeiro parágrafo, um panorama geral da pesquisa e apresenta suas justificativas. b) O autor informa, logo no início do trabalho, as fundamentações teóricas que a sustentam. c) O objetivo geral do artigo é associado a uma inquietação maior do pesquisador. d) A autora adianta uma conclusão da sua pesquisa.

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3. Sabendo que a estrutura de um artigo científico é constituída de três partes, identifique os elementos a seguir, colocando (1) para os pré-textuais, (2) para os textuais e (3) para os pós-textuais: ( ) referências e glossários ( ) título e credenciais do autor ( ) resumo e palavras-chave ( ) Considerações finais ( ) apêndices e anexos A ordem CORRETA da enumeração é: a. 2 – 1 – 2 – 3 – 1 b. 2 – 1 – 1 – 3 – 1 c. 3 – 1 – 1 – 2 – 3 d. 3 – 1 – 3 – 2 – 3

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4. Após lido o artigo científico “A importância da disciplina de Metodologia Científica no desenvolvimento de produções acadêmicas de qualidade no nível superior”, de Rosane Tolentino Maia, assinale a opção cujas palavras completam coerente e corretamente as frases a seguir. I) O assunto abordado no artigo é ............................................ II) Uma justificativa para a necessidade do estudo é uma deficiência encontrada na ..... ....................................... dos alunos na Educação Básica. III) Ao abordar as principais regras da produção científica, a Metodologia Científica pretende contribuir para uma melhor compreensão sobre a sua natureza e objetivos, podendo auxiliar na melhoria da ............................................ dos alunos de Ensino Superior. IV) No estudo apresentado no artigo, a autora objetivou provar que a disciplina Metodologia Científica é iminentemente ............................................ e apresenta os ............................................ necessários para a realização de trabalho de pesquisa, buscando a construção do conhecimento dos acadêmico-científicos, segundo as normas científicas vigentes. a. metodologia científica; formação; produtividade acadêmica; prática; instrumentos. b. metodologia científica; formação; produtividade acadêmica; instrumentos; prática. c. produtividade acadêmica; metodologia científica; formação; prática; instrumentos. d. metodologia científica; produtividade acadêmica; prática; instrumentos; formação. e. produtividade acadêmica; formação; metodologia científica; prática; instrumentos.

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Metodologia Científica

5. Todos os elementos abaixo compuseram a pesquisa em análise, exceto: a. o questionário estruturado b. o raciocínio indutivo c. uma amostra não-probabilística d. o estudo bibliográfico e. os sujeitos representativos do universo

6. O questionamento feito por Widson Porto Reis, ao escrever o paper “A pseudociência nas universidades brasileiras”, deve-se ao fato de esse tipo de pesquisa ferir características da produção científica. Marque o par em que ambas as características, segundo o autor, são desconsideradas pela “pseudociência”. a. clareza e coesão b. coesão e coerência c. Objetividade e precisão d. uso da norma culta e objetividade e. imparcialidade e uso da norma culta

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7. Após lido o artigo científico “A importância da disciplina de Metodologia Científica no desenvolvimento de produções acadêmicas de qualidade no nível superior”, de Rosane Tolentino Maia, assinale a opção cujas palavras completam coerente e corretamente as frases a seguir. I) O assunto abordado no artigo é ............................................ II) Uma justificativa para a necessidade do estudo é uma deficiência encontrada na ..... ....................................... dos alunos na Educação Básica. III) Ao abordar as principais regras da produção científica, a Metodologia Científica pretende contribuir para uma melhor compreensão sobre a sua natureza e objetivos, podendo auxiliar na melhoria da ............................................ dos alunos de Ensino Superior. IV)

No estudo apresentado no artigo, a autora objetivou provar que a disciplina

Metodologia Científica é iminentemente ............................................ e apresenta os ............................................ necessários para a realização de trabalho de pesquisa, buscando a construção do conhecimento dos acadêmico-científicos, segundo as normas científicas vigentes. a. metodologia científica; formação; produtividade acadêmica; prática; instrumentos. b. metodologia científica; formação; produtividade acadêmica; instrumentos; prática. c. produtividade acadêmica; metodologia científica; formação; prática; instrumentos. d. metodologia científica; produtividade acadêmica; prática; instrumentos; formação. e. produtividade acadêmica; formação; metodologia científica; prática; instrumentos.

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8. Questão 8 – Todos os elementos abaixo compuseram a pesquisa em análise, exceto: a. o questionário estruturado b. o raciocínio indutivo c. uma amostra não-probabilística d. o estudo bibliográfico e. os sujeitos representativos do universo

9. Sobre a submissão da pesquisa à comunidade acadêmica, NÃO é possível afirmar que: a. é uma fase que constitui o trabalho científico tanto quanto as anteriores. b. tal submissão pode acontecer em um evento científico da área a qualquer momento da pesquisa. c. qualquer que seja a modalidade de submissão, o objetivo desta fase é que o texto seja lido e avaliado por representantes epistemológicos da ciência em pauta. d. as bancas são compostas por pessoas com formação na área ou em Metodologia Científica que têm a tarefa de validar ou não o conhecimento construído. e. sem a validação da comunidade acadêmica, o texto não pode ser divulgado como científico.

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10. Questão 10 - Marque a única alternativa que se trata de uma ação desnecessária para que a formalização da referência abaixo fique totalmente correta: SOARES, Marden. SOBRINHO, Aberlado D. M. Microfinanças: O Papel do Banco Central do Brasil a importância do cooperativismo de credito. 1ª ed. Brasília. BCB, 2007. 170 p. a. Substituir o ponto que separa os dois autores por ponto-e-vírgula. b. Excluir o itálico do subtítulo, já que apenas o título é destacado. c. Excluir a informação “1ª ed.”, pois esse dado aparece apenas a partir da 2ª edição. d. Excluir o número de páginas do livro, uma vez que a ABNT proíbe essa prática. e. Excluir o negrito do nome da cidade.

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