Metodologia CientĂfica
Metodologia CientĂfica D.ra Ada Magaly Matias Brasileiro
Diretora Geral Débora Guerra Direção Acadêmica Gustavo Hoffmann Vice-direção Acadêmica Samira Maria Araújo Coordenação EaD Neuza Belo
BRASILEIRO, Ada Magaly Matias. Metodologia Científica. 1ª ed. Belo Horizonte; Easy To Learn – Cursos de Graduação. 161p. Bibliografia 1. Português 2. Metodologia 3.Título.
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Sumário
Ementa....................................................................................................................... 7 Currículo Resumido do Professor.............................................................................. 9 Bibliografia Utilizada.................................................................................................. 11
UNIDADE I O conhecimento e a construção científica................................................................. 13 Módulo 01 A construção do conhecimento................................................................................. 15 Módulo 02 Os vários tipos de conhecimento.............................................................................. 16 Módulo 03 O conhecimento científico e suas características...................................................... 22 Módulo 04 As ações processuais da construção científica........................................................... 29 Resumo da Unidade............................................................................................ 34 Exercícios de Aprendizagem............................................................................... 35
UNIDADE II As fases de construção do conhecimento científico.................................................. 41 Módulo 1 Fichamento e resumo................................................................................................. 43 Módulo 02 A leitura de textos técnicos....................................................................................... 50 Módulo 03 Primeira fase do trabalho: planejamento................................................................... 59 Módulo 04 A importância da disciplina de metodologia científica no desenvolvimento de produções acadêmicas de qualidade no nível superior............................................. 64 Resumo da Unidade ........................................................................................... 75 Exercícios de Aprendizagem............................................................................... 76
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Metodologia Científica
Sumário
UNIDADE III Confeccionando o trabalho científico........................................................................ 91 Módulo 01 Segunda fase do trabalho: a pesquisa....................................................................... 93 Módulo 02 A abordagem adequada à pesquisa.......................................................................... 97 Módulo 3 Terceira fase do trabalho: o relato............................................................................. 101 Módulo 04 A apresentação gráfica do texto segundo a ABNT................................................... 109 Resumo da Unidade............................................................................................ 118 Exercícios de Aprendizagem............................................................................... 119
UNIDADE IV Regras do trabalho científico..................................................................................... 123 Módulo 01 Organização estrutural do texto................................................................................ 125 Módulo 02 Revisões bibliográficas rigorosas............................................................................... 129 Módulo 03 As normas da ABNT associadas ao diálogo teórico.................................................. 133 Módulo 04 A formalização das citações....................................................................................... 136 A pseudociência nas universidades brasileiras.......................................................... 143 Resumo da Unidade............................................................................................ 153 Exercícios de Aprendizagem............................................................................... 154
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Ementa
A construção do conhecimento e o conhecimento científico. O método científico. As ações processuais da construção científica. As fases de construção do conhecimento científico: o planejamento e suas configurações; a pesquisa – tipos e procedimentos; a redação da pesquisa científica e as normas da ABNT; a submissão da pesquisa à comunidade acadêmica.
7
Currículo Resumido do Professor
Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela PUC Minas e mestra em Língua Portuguesa pela mesma instituição; especialista em Língua Portuguesa, Didática e Tecnologia do Ensino Superior e Linguística; graduada em Letras (Português, Inglês e Literaturas). Atualmente é professora assistente da Faculdade Pitágoras e atua nas pós-graduações do UNIBH e da Faculdade Milton Campos. Dedica-se às áreas de Metodologia Científica e Linguagem, com ênfase em Língua Portuguesa, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de produção de texto, linguística textual, discurso docente, interacionismo, metodologia e pesquisa científica. Produz material didático, no âmbito desses temas, para o Ensino a Distância.
9
Bibliografia Utilizada
Bibliografia Básica: MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia cientifica. 7.ed. São Paulo: Altas, 2010. DEMO, Pedro. Metodologia para quem quer aprender. São Paulo, SP: Atlas, 2008. 131 p. BARBOSA, Derly. Manual de pesquisa: metodologia de estudos e elaboração de monografia. 2. ed. São Paulo (SP): Expressão e arte, 2012. 103 p.
Bibliografia Complementar: FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. MALHEIROS, Bruno Taranto. Metodologia da pesquisa em Educação. Rio de Janeiro: Grupo GEM, 2011. AZEVEDO, Claudia Rosa; NOHARA, Jouliana Jordan. Como fazer monografias: TCC, dissertações e teses. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2013. DE SORDI, José Osvaldo. Elaboração de pesquisa científica. São Paulo: Saraiva, 2013. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7.Ed. São Paulo: Atlas, 2010.
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UNIDADE I O conhecimento e a construção científica
UNIDADE 1
13
MÓDULO 01
A construção do conhecimento
Como resultados desses esforços, cons-
Iniciaremos o tema, considerando dois
recorrentes: o conhecimento empírico, o
pressupostos: o primeiro é que a igno-
religioso, o filosófico e o científico.
tituem-se inúmeros conhecimentos dos quais exploraremos quatro tipos mais
rância impede o avanço das pessoas e as mantém prisioneiras das circunstâncias nas quais se encontram, assim, o conhecimento existe para libertar tais indivíduos e permitir que eles atuem, modificando a sua realidade em benefício individual e social; o segundo pressuposto é que tais conhecimentos advêm de inúmeras fontes e formas de aquisição, sendo que cada uma delas têm seu lugar e importância. Logo na primeira infância, inicia-se a construção do conhecimento, quando a criança imita gestos, expressões e palavras dos adultos, começando a tomar consciência do mundo que a cerca. Na medida em que vai se desenvolvendo, ela entra em contato com os mais diversos espaços, deparando-se com desafios e
possibilidades
de
aprendizagem,
aguçados pelos questionamentos que faz, pelos programas a que assiste na TV, pelas observações rotineiras, pela interação cotidiana com o outro, pelas leituras que realiza, pela fé que alimenta, pela cultura do grupo social do qual faz parte, pelas variadas buscas.
UNIDADE 1
15
Metodologia Científica
MÓDULO 02
Os vários tipos de conhecimento
• Reflexivo – já que provoca o sujeito aprendiz a refletir sobre sua eficácia ou não, como nos casos de uma receita de remédio caseiro ou de
O conhecimento empírico
um ditado popular;
O conhecimento empírico é aquele
• Verificável – por ser um conhe-
que se constitui por acaso, em sua vida
cimento cujo principal pilar é a
cotidiana, na relação do homem com o
experiência, é possível fazer os testes
mundo que o cerca, por meio das expe-
práticos e verificar o que funciona e o
riências vividas, das práticas baseadas no
que não funciona;
senso comum, das culturas constitutivas de sua comunidade.
• Falível – pois não se prende a leis
Afirmamos, então, que o folclore e tudo
pode curar as queixas de uma pessoa
universais. Assim, um chá de boldo e não surtir efeito em outra;
o que conhecemos sobre ele (lendas, crendices, festas...), os ditados populares,
• Inexato – por não ser sistemático
os remédios caseiros, as comidas da vovó
e nem metodológico, os resultados
e tantas outras coisas que fazem parte
de um conhecimento empírico não
do nosso fazer cotidiano representam os
se comprometem com a exatidão, a
inúmeros conhecimentos que temos do
precisão. Uma lenda folclórica, por
mundo, os quais, para serem construídos,
exemplo, pode ser passada por gera-
não precisaram de estudos acadêmicos.
ções e gerações e modificada a cada vez que for relatada.
Segundo o pesquisador, sociólogo e pedagogo Ander-Egg (1978, p. 13-14), esse conhecimento é: • Assistemático
As –
por
ocorrer
espontaneamente, a qualquer momento, de qualquer modo; • Valorativo – pois perpassa o juízo de valor daquele que concebe (ou não) o conhecimento;
16
características
apontadas
por
Ander-Egg (1978), entretanto, não fazem deste um conhecimento dispensável, pois ele exerce, com muita propriedade, o seu papel na vida humana. Por exemplo, ao dirigir meu carro, mesmo não entendendo de mecânica, sou capaz de perceber quando algo vai errado,
UNIDADE 1
seja pelo barulho, pelo cheiro, pelo
indivíduos inspirados que apresentam
desempenho etc. O mesmo acontece
respostas
com o trabalho de uma parteira que,
humana.
aos
mistérios
da
mente
baseada em sua prática, é capaz de realizar um parto complicado, ou com
A fé pode ser entendida como o
as lendas e causos de assombração,
fundamento dos fatos que não se
funcionando como elemento de coerção
esperam e a prova dos acontecimentos
para uma comunidade.
que não se veem e nem se explicam. Apoia-se em doutrinas que contenham proposições
Fique atento! É importante destacar que, muitas vezes, o conhecimento
sagradas,
manifestação
divina e é transmitida por alguém, ao longo da história, ou por meio de escritos sagrados.
empírico alimenta o conhecimento científico, provocando-o a pesquisar os fundamentos de crendices, mitos e ações culturais. É o que ocorre, por exemplo, com os conhecimentos da cultura indígena.
Nos dias de hoje, diferentemente do passado histórico, a ciência não se permite ser subjugada a influências de doutrinas da fé: e é a própria Teologia que está procurando rever seus dogmas
Assim, o homem, ciente de suas ações
e reformulá-los para não se opor à
e do seu contexto, apropria-se de expe-
mentalidade
riências próprias e alheias, acumuladas
contemporâneo.
no decorrer do tempo, para explicar
principais são:
o porquê das coisas e solucionar seus problemas.
Por
suas
características
próprias, tal perspectiva de conhecimento é altamente marcada pelo imaginário social, pelas superstições e, às vezes, pelo preconceito.
científica Suas
do
homem
características
• Valoração – cada sujeito atribui um valor particular aos fundamentos da sua fé; • Inspiração – os dogmas e os mistérios de cada religião são objetos e motivos que inspiram e fortalecem
O conhecimento religioso
seus seguidores; • Infalibilidade – sendo a fé o
Trata-se de um tipo de conhecimento
sustentáculo do conhecimento reli-
adquirido a partir da aceitação de
gioso, todo fato ocorre em virtude
dogmas da fé teológica, sendo resultado
da onipotência, onipresença e onis-
da revelação da divindade, por meio de
ciência de um ser espiritual superior.
UNIDADE 1
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Metodologia Científica
Assim posto, pode o ocorrido estar em desacordo com os interesses do sujeito comum, mas nem por isso significa uma falha, antes, o desconhecimento dos planos divinos para os seres humanos;
O conhecimento filosófico É o conhecimento que busca a origem dos problemas, relacionando-os a outros aspectos da vida humana. Baseia-se unicamente na razão para questionar os problemas humanos, buscando a resposta em sua origem e no discernimento entre
• Indiscutibilidade – esta caracte-
o certo e errado, utilizando todo o rigor
rística se justifica pelo fato de que fé
da lógica e do raciocínio.
não é assunto para discussão, uma vez que se trata de uma escolha da ordem
O questionamento, pilar do conhecimento
espiritual que não carece de provas e,
filosófico, funciona como o instrumento
consequentemente, dispensa argu-
para decifrar elementos imperceptíveis
mentações contrárias e verificações;
aos sentidos, sendo uma busca que parte do material para o universal.
• Sistematização – a sistematização do conhecimento religioso é atribuída
Seu objeto de análise são ideias, relações
aos dogmas de cada religião. A missa
conceituais, exigências lógicas passíveis
é um evento ritualizado que exempli-
de observação. Algumas das principais
fica tal característica.
questões que hoje ocupam o trabalho dos filósofos estão relacionadas à relação máquina X homem; à clonagem humana;
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UNIDADE 1
ao mundo da tecnologia; aos problemas
modalidade de conhecimento evolui de
ambientais; à miséria etc. Esse tipo de
forma lenta e gradual, de um sistema
conhecimento se caracteriza por ser:
de proposições rigorosamente demons-
• Racional – é a razão, não os fatores emocionais, que orienta o conhecimento filosófico; • Valorativo
–
mesmo
tradas e imutáveis da visão tradicionalista de ciência, para um processo contínuo de construção, em que não existe o pronto e o definitivo, que é a perspectiva da
sendo
racional, as escolhas das premissas que orientarão o raciocínio na busca das respostas passam pelo juízo de
pesquisa científica atual. Foram pesquisadores como Copérnico, Bacon, Galileu e Descartes que, no século
valor do sujeito;
XVI, deram força ao conceito de ciência,
• Sistemático – o conhecimento
longo dos tempos.
o qual foi ficando menos positivista ao
filosófico centra-se em raciocínios lógico-formais, os quais possuem
Várias concepções e uma só ciência?
estruturas estabelecidas; Ciência é uma sistematização de conhe-
• Não verificável – por estar vincu-
cimentos, um conjunto de proposições lo-
lado ao pensamento, o conhecimento
gicamente correlacionadas sobre o com-
filosófico não se aplica na prática; • Infalível – exatamente pelo fato de não poder ser testado, as respostas que passam por um raciocínio lógico-
portamento de certos fenômenos que se deseja estudar. Um conjunto de atitudes e atividades racionais dirigidas ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação. Fonte: Trujillo-Ferrari (1974).
formal perfeito têm, como resultado, uma verdade; • Exato – o resultado de um raciocínio lógico deve ser objetivo, exato.
Ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza. Fonte: Ender-Egg (1978).
O conhecimento científico O conhecimento científico resulta de in-
O conhecimento científico ultrapassa a visão empírica, preocupando-se não só
vestigação metódica e sistemática da realidade. Ele transcende os fatos e os fenômenos em si mesmos, analisa-os para
com os efeitos, mas, principalmente, com
descobrir suas causas e concluir as leis
as causas e as leis que os motivaram. Tal
gerais que os regem. Fonte: Galliano (1986).
UNIDADE 1
19
Metodologia Científica
Ciência é um conjunto de descrições, in-
seus estudos nos fatos, dividindo-se em
terpretações, teorias, leis, modelos etc.,
naturais e sociais. Referem-se a fatos que
visando ao conhecimento de uma parcela da realidade, em contínua ampliação e renovação, que resulta da aplicação
supostamente ocorrem no mundo e, em consequência, recorrem às observações
deliberada de uma metodologia especial
e às experimentações para comprovar
(metodologia científica). Fonte: Newton
ou refutar suas hipóteses (LAKATOS;
Freire-Maia (1990).
MARCONI, 2000).
Analisando os conceitos, é possível
Longe
de
pretender
buscar
esse
perceber a metodologia de pesquisa
consenso, o fato é que o papel do
como um ponto de acordo entre os
conhecimento científico é entender a
autores. Por outro lado, percebe-se a
natureza e o universo em que vivemos
evolução do conceito de uma perspectiva
por meio de elementos conhecidos,
de verificação lógica, racional e universal,
concretos e objetivos. Eis algumas de
para uma ótica da interpretação de uma
suas características:
realidade tomada como amostra. • Finalidade – procura descobrir as Nota-se, também, que ciência não é um
características comuns dos fenômenos
conceito fácil de ser construído. A esse
da mesma espécie e as condições
respeito, Marconi e Lakatos (2000) dizem
e regularidades da sua ocorrência
que não há um consenso na apresentação
(causalidade);
da classificação das ciências. O que é ciência para alguns estudiosos, ainda
• Sistematização
–
permanece como ramo de estudo para
sistema de referências, teorias, hipó-
outros e vice-versa. Para as autoras, a
teses explicativas e define as fontes
ciência é classificada em dois grupos: as
de informação;
adota
um
formais e as factuais. • Verificação – procura testar a As ciências formais dizem respeito ao
consistência empírica de uma teoria,
estudo das ideias, dividindo-se em lógica
hipótese ou afirmação;
e matemática, não tendo relação com algo encontrado na realidade, e não
• Explicação
–
podendo, por isso, valer-se dos contatos
“porquês” das relações entre os fenô-
com essa realidade para convalidar
menos estudados;
apresenta
os
suas fórmulas. Assim, utiliza a lógica
20
para demonstrar rigorosamente seus
• Acumulação
–
teoremas. Já as ciências factuais investem
contínuo
meio
por
enriquecimento de
novos
UNIDADE 1
conhecimentos. Tal acumulação é
sobre a consistência do objeto em
feita de forma seletiva;
estudo, quanto sobre as características de verificação e de explicação dos ditos
• Falibilidade – o conhecimento
fenômenos1. De todo modo, o conheci-
científico é assumido como falível,
mento científico pode ser considerado
mas também como progressivo;
uma atividade intelectual e intencional, cuja finalidade é suprir as necessidades
• Objetividade – em ciência, a obje-
humanas.
tividade se refere a três acepções: à pessoa do discurso, ao objeto da
Mesmo estudando separadamente os
pesquisa e ao foco textual.
quatro tipos de conhecimento, não podemos dizer que eles ocorrem de
A despeito de todas essas características,
modo isolado. Ao contrário, na ação do
uma epistemológica vem sendo lançada
pesquisador, ele percorre as diversas
como polêmica: como distinguir o que
áreas do conhecimento, até chegar às
é do que não é ciência? Atualmente,
respostas que se buscam.
cursos de Astrologia, Terapias Naturais, Florais de Bach, entre outros, têm sido ofertados em graduações e pós-graduações, deixando o questionamento tanto
1 Leia, a esse respeito, o artigo “As pseudociências nas universidades brasileiras”, nos anexos deste.
Para saber mais: Assista ao filme “Luz, trevas e o método científico”, produzido pelo Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ. Disponível em: http://goo.gl/KEJVbq O filme, dividido em 7 partes, trata da história da ciência desde o começo do universo. História que anda paralela à dinâmica do mundo, influenciando e sendo influenciada pelas vontades do homem. O filme tem abordagem humanista, com narração do professor Leopoldo de Meis sobre benesses e tragédias que a ciência pode trazer. Caso não queira assistir a todas as partes, a primeira já traz muitas informações importantes!
Assista à videoaula com este conteúdo.
UNIDADE 1
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Metodologia Científica
MÓDULO 03
O conhecimento científico e suas características
intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento. Lakatos e Marconi (2000) relatam que a preocupação em descobrir e explicar a natureza existe desde os primórdios da humanidade.
Como foi abordado na discussão conceitual sobre ciência, uma das principais
Método científico é o modo como o
características do conhecimento científico
pesquisador faz a trajetória de pesquisa,
é o fato de ele ser sistematizado, o que,
traçando um caminho que dê consistência
necessariamente, carece de um sistema,
e credibilidade a seu estudo.
um método que auxilie e sustente o trabalho de pesquisa. Vejamos, então, a relação que há entre método e conhe-
Curiosidade:
cimento científico. Etimologicamente,
Cada ramo de conhecimento
“meta” significa ao longo de; e “odos”
científico tem conceitos e re-
significa caminho, via. Desses dois radicais, resulta que método é “caminho ao longo do qual...”. Aprofundemos um
gras que o sustentam e que devem ser considerados pelo estudante na fase das definições metodológicas.
pouco mais nesse conceito. Portanto, em se tratando de ciência, não deveríamos falar de método, mas sim de Método Científico
métodos, pois cada pesquisa demanda um caminho diferente, que vai sendo
Para que um conhecimento possa ser
delineado em função das exigências
considerado científico, faz-se necessário
do objeto de pesquisa. Os caminhos
identificar as operações mentais e as
foram, anteriormente, construídos em
técnicas que permitam a sua verificação,
outros estudos e se transformaram
ou seja, determinar o caminho que
em um conjunto de teorias, das quais
possibilite chegar ao conhecimento com
se selecionarão as mais adequadas
status de fato científico.
a cada estudo. Tais teorias devem possibilitar as melhores condições para
22
Assim, Gil (1999) define método científico
que o pesquisador possa, em situações
como um conjunto de procedimentos
idênticas, repetir os resultados esperados.
UNIDADE 1
É, por fim, o método que define e
conjunto de normas e procedimentos
diferencia o conhecimento da ciência de
padronizados para levar uma investigação
outros tipos de conhecimentos.
ao seu objetivo: um resultado confiável e convincente.
Metodologia Científica
A explicação anterior justifica a necessidade do estudo de metodologia cientí-
Com
origem
no
pensamento
de
fica, uma vez que o pesquisador precisa
Descartes (1596-1659), em “O discurso
conhecer
do método”, a metodologia científica
metodológicas, ou seja, os diversos cami-
refere-se
nhos existentes em seu campo científico,
ao
estudo
dos
métodos
empregados em cada área científica
as
diversas
possibilidades
para saber traçar o da sua pesquisa.
específica e a essência dos passos comuns a todos estes métodos, ou seja,
Assim, para se definir os aspectos
do método da ciência, em sua forma
metodológicos gerais de uma pesquisa,
geral, que se supõe universal. Embora
é necessário caracterizá-la, essencial-
os procedimentos variem de uma área
mente, quanto aos fins, aos meios,
da ciência para outra, consegue-se
à abordagem, bem como definir o
determinar
que
universo, a amostra representada e os
diferenciam o método científico de
sujeitos envolvidos, se for o caso. Ainda
outros métodos encontrados em áreas
faz parte da metodologia científica, a
não científicas. Trata-se, portanto, do
escolha dos instrumentos de pesquisa,
UNIDADE 1
certos
elementos
23
Metodologia Científica
as estratégias de organização e análise
contudo, essas qualidades são preju-
dos dados e os esclarecimentos sobre
dicadas pela necessidade de uso de
a conduta ética com o estudo, os quais
termos técnicos, por uma característica
garantirão a cientificidade do trabalho.
específica do objeto de pesquisa, pelo uso de coloquialismos ou, até mesmo,
Além disso, é esse estudo que vai orientar
pelo estilo de quem escreve.
o estudante sobre a estrutura do texto a ser desenvolvido, o que pode e o que não pode
É importante, então, que o estudante
ser feito, as normas de formatação, dentre
se desafie, desde cedo, ao desenvol-
outros aspectos que fortalecem o pesqui-
vimento da expressão acadêmica, a
sador, possibilitando-lhe mais segurança
fim de alcançar o seu objetivo, sem ser
para o desenvolvimento das pesquisas
enfadonho. Para isso, ele deve evitar
que desenvolverá ao longo do curso de
algumas armadilhas discursivas e buscar
graduação e os de formação posterior.
as características próprias do domínio acadêmico-científico.
Características do texto científico O domínio discursivo acadêmico-científico
Qualidades do texto acadêmicocientífico
visa à construção e à divulgação do conhecimento. Para isso, ele é constituído por uma
Para atender aos pressupostos da etimo-
linguagem técnico-científica apropriada,
logia, o texto acadêmico-científico deve
diferindo da utilizada em outros tipos de
se adequar à norma culta da língua, em
discurso, como o literário, o jornalístico ou
uma variante técnica própria do campo
o publicitário, nos quais se pode repetir,
científico específico, além de apresentar
exagerar ou subnarrar fatos.
algumas qualidades. Dentre elas:
Na linguagem científica, nada deve ficar
A. Objetividade
implícito ou deixado à imaginação do leitor, pois o autor deverá persuadi-lo à
Em ciência, a objetividade se refere a
custa de fatos e dados, lançando mão
três acepções: à pessoa do discurso, ao
das tipologias descritivas, narrativas e
objeto da pesquisa e ao foco textual.
dissertativas. Objetividade associada à pessoa do O texto acadêmico-científico deve ser
discurso – esse é um ponto que tem
comprometido
provocado
com
a
objetividade,
a eficácia e a exatidão. Muitas vezes,
24
divergências
no
mundo
acadêmico. Alguns defendem o uso
UNIDADE 1
da terceira pessoa como recurso de
discursivo, em certas ocasiões, apre-
neutralidade, deixando o foco para o
sentam os vícios de linguagem do autor,
objeto da pesquisa. Outra ala, cada vez
afetando sua credibilidade.
maior de pesquisadores, considera que a inclusão do pesquisador no texto, com
C. Precisão e clareza
o uso da primeira pessoa, confere maior credibilidade à pesquisa, especialmente,
Características
relacionadas
ao
foco
no caso das pesquisas qualitativas.
textual. Para alcançá-las, o autor deve:
O objeto da pesquisa – o escopo de
• apresentar as ideias de modo
toda pesquisa traz o objeto o qual será
claro, coerente e objetivo, confe-
investigado, ou seja, é o tema, o assunto
rindo-lhes a devida ênfase;
ou o fenômeno que será estudado. Ao mencioná-lo, o autor deve buscar
• usar
um
vocabulário
preciso,
a imparcialidade, evitando expressar
evitando as linguagens rebuscadas e
opiniões ou juízos particulares.
prolixas;
A objetividade no foco textual – essa
• buscar a unidade do texto, cons-
característica diz respeito à concisão e
truindo uma organização lógica;
visa ao tratamento do tema de maneira simples, direta e enfática, obedecendo
• evitar comentários irrelevantes,
a uma sequência lógica e evitando o
acúmulo de ideias e redundâncias,
desvio do assunto para considerações
perseguindo a síntese;
irrelevantes. (BRASILEIRO, 2013). • usar B. Uso da variante culta da língua
a
nomenclatura
técnica
aceita no meio científico, buscando a simplicidade;
Trata-se da correta utilização das normas gramaticais. O texto científico é formal
• evitar períodos breves demais,
e se vale da linguagem culta, não
pois prejudicam a exposição do
sendo permitido o uso de gírias, termos
assunto,
vulgares, clichês, expressões coloquiais
demais, pois tornam o texto pouco
e estrangeirismos, a menos que sejam
claro e cansativo;
assim
como
os
longos
realmente necessários. Nesses casos, as aspas devem ser usadas. O uso
• evitar ambiguidades, buscar a
desses recursos é considerado indevido,
exatidão sem correr o risco de gerar
pois além de revelar posicionamento
dúvidas, formulando proposições inequívocas;
UNIDADE 1
25
Metodologia Científica
• evitar termos e expressões que
aproximadamente, antigamente, em
não indiquem claramente propor-
breve, em algum lugar, em outro
ções e quantidades (médio, grande,
lugar, adequado, inadequado, nunca,
bastante, muito, pouco, mais, menos,
sempre, raramente, às vezes, melhor,
nenhum, alguns, vários, quase todos,
provavelmente, possivelmente, talvez,
nem todos, muitos deles, a maioria,
algum, pouco, vários, tudo, nada e
metade e outros termos ou expressões
outros termos similares.
similares), procurando substituí-los pela indicação precisa em números
Ex.: Em lugar de: Esse dado é importan-
ou porcentagem, ou optando por
tíssimo para a origem da história alemã.
associá-las a esses dados. Prefira: Esse dado indica fatores sobre a O
texto
científico
sofre
críticas
origem da história alemã.
relacionadas à dificuldade de leitura. E. Coesão e coerência • Para evitá-las, releia o seu texto com senso crítico. Verifique se a
A coesão se refere à boa articulação
linguagem não está empolada demais,
entre as partes do texto, estando
com muitos termos técnicos, ou,
relacionada à sua organização tópica.
talvez, empobrecida demais. Persiga
A coerência refere-se à lógica, à consis-
a simplicidade, a clareza e a síntese!
tência e à não contradição do dito. Está, portanto, vinculada à progressão na
D. Imparcialidade
exposição das ideias, de modo a facilitar a interpretação de texto. O objetivo
O autor não deve fazer prevalecer
inicial deve ser mantido ao longo de seu
seu ponto de vista, sua opinião e
desenvolvimento, sendo que a expla-
seus preconceitos. Ao mesmo tempo,
nação deve se apoiar em dados e provas,
deve evitar ideias preconcebidas, não
e não em opiniões que não possam ser
subestimando e nem superestimando a
confirmadas.
importância das ideias em debate. Atenção para os termos que marcam posicionamentos: Adjetivos,
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advérbios,
locuções
Expressões latinas usadas no texto acadêmico-científico
e
Em textos técnicos e científicos, é comum
pronomes que indiquem tempo, modo
o uso de expressões latinas, cuja função
ou lugar de forma imprecisa, tais como:
é imprimir maior exatidão informacional.
UNIDADE 1
No entanto, havendo o termo correspondente em português, pode-se optar por um ou pelo outro: Tabela 1: Expressões latinas a serviço do discurso acadêmico
Expressão Apud
Cf.
Significado e uso Significa citado por, conforme, segundo. Na citação de citação, é utilizada para informar que o que foi transcrito de uma obra de um determinado autor, na verdade, pertence a outro. Significa confira, confronte: usa-se na citação indireta, síntese retirado de fonte consultada sem alteração das ideias do autor. A indicação da página é opcional. Ex.: (Cf. GIL, 1997) Cf. supra; infra = confira-se acima; confira-se abaixo. Usado quando se quer remeter o leitor a outras partes do texto – antes ou depois. O termo vem seguido do número da página. Ex.: Cf. infra, p. 16.
Corpus
Significa conjunto de dados – quando se tem mais de um conjunto de dados, usa-se o plural corpora.
Et alii (et al.)
Significa “e outros”. Utilizado quando a obra foi produzida por mais de três autores. Menciona-se o nome do primeiro, seguido da expressão et alii ou et al. Ex.: França et al.
Et seq. (et sequentia)
Significa “e seguintes”. Usado para indicar a primeira página de uma sequência maior utilizada para citar. Ex.: (SOUZA, 2012, p. 23 et seq.)
Ibidem ou Ibid.
Usado quando repete o autor e a obra, mas as páginas são diferentes. Ex.: Se na nota anterior, você citou (SOUZA, 2012, p.45), na próxima citação, você usa (Ibid, p. 50).
Idem (id.)
Significa mesmo autor, mesma obra, mesma página.
In
Significa “em”, “dentro de”.
Ipsis litteris
Significa “pelas mesmas palavras”, “textualmente”. Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou sic.
Ipsis verbis
Significa “pelas mesmas palavras”, “textualmente”. Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou sic.
Loc.cit.
Significa “loco citato”, no lugar citado.
Opus citatum ou op. cit.
Significa obra citada. Usado quando a obra já foi mencionada no texto, mas não é exatamente a anterior. Ex.: SOUZA (op.cit. p. 70).
UNIDADE 1
27
Metodologia Científica
Expressão
Significado e uso
Passim
Significa “aqui e ali” = Usado quando uma citação livre é retirada de diversas páginas determinadas. Ex.: SOUZA (2012, p. 85-89, passim). Ex.: RIBEIRO, 1997, passim.
Sic
Significa “assim”. Emprega-se em citações cuja expressão cause estranheza ao leitor. É um modo de confirmar o que estava escrito no texto original. Ex.: Todos os homens da face da terra sabe muito disso (sic). Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou ipsis verbis.
Supra
Significa “acima”, referindo-se a nota imediatamente anterior.
Como você viu, nesta seção, focalizamo-nos nos tipos de conhecimento existentes, dando ênfase ao conhecimento científico e na relação entre este e a Metodologia Científica. No próximo capítulo, abordaremos a pesquisa bibliográfica e alguns aspectos relacionados à qualidade e à organização dos estudos no âmbito acadêmico.
Para saber mais: Leia: LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2001. Cap. 3.
28
UNIDADE 1
MÓDULO 04
As ações processuais da construção científica
e com a formação profissional. Para cumprir essas tarefas, o estudante precisa aprender a estudar, selecionando fontes confiáveis, promovendo o diálogo com os teóricos, buscando aplicar e questionar
Um investimento inicial a ser feito
suas teorias, o que é algo desafiador.
pelos alunos no Ensino Superior é o de conhecer o funcionamento desse mundo
Minayo, vendo por um prisma mais
de contratos e protocolos próprios,
filosófico, considera a pesquisa como:
sendo, no caso acadêmico, bastante formais. Entender quais são e como são facilita a vida do estudante, podendo tornar suas ações mais efetivas, menos conflituosas, mais estratégicas, além de reduzir a ansiedade. Algumas
informações
convencionais
...atividade básica da ciência na sua indagação e construção da realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação. (MINAYO, 2010, p.23)
próprias do mundo acadêmico giram em torno da linguagem como forma de
A pesquisa é uma atividade cotidiana,
ação e processo social. É por meio da
uma atitude, um questionamento siste-
linguagem que entendemos o mundo,
mático crítico e criativo, ou o diálogo
que construímos e revelamos papéis e
crítico permanente com a realidade em
identidades sociais. Assim, a tradição
sentido teórico e prático. Para Gil (1999),
universitária também é revelada por
a pesquisa tem um caráter pragmático,
meio dos textos, trabalhos, pesquisas
sendo um processo formal e sistemático
etc. produzidos pelos alunos.
de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas, tanto
A elaboração da pesquisa acadêmica e a pesquisa eletrônica
os apontados pelos professores quanto
Os dois principais compromissos do
A princípio, é necessário abandonar
Ensino Superior são com a pesquisa
certas práticas de pesquisas escolares
UNIDADE 1
os levantados pelos próprios alunos.
29
Metodologia Científica
baseadas em plágio, ou seja, a cópia (de
jornalístico, por exemplo, podem
longos trechos ou de textos completos)
servir de argumento ou dado, mas
sem referência à autoria, bem como na
não têm força como ciência;
busca de fontes sem critérios de seleção. E. privilegiar os periódicos impressos Para sanar o primeiro problema, o plágio,
ou
é fundamental que o estudante tenha um
saber sobre sua credibilidade.
objetivo ao pesquisar, exercite a redação
(BRASILEIRO, 2013).
eletrônicos
e
procurar
própria e pratique o recurso das citações para inserir fragmentos textuais de
Ciente desses fatores, o estudante
terceiros. Isso trará a voz do pesquisador
estará preparado para elaborar uma
para o texto, num diálogo honesto com
pesquisa mais criteriosa e nela imprimir
os autores pesquisados.
credibilidade e consistência.
Para sanar o segundo problema, relativo aos critérios de seleção das fontes de
A pesquisa eletrônica
pesquisa, o graduando deve: Normalmente, o primeiro impulso de autores
pesquisa de um estudante, ao receber
tenham vínculo com alguma insti-
uma proposta de trabalho acadêmico, é
tuição de pesquisa ou de Ensino
a busca nas fontes eletrônicas. Para que
Superior, presumindo-se que eles
a pesquisa tenha a qualidade esperada, é
tenham passado por avaliação e
preciso prezar pelos critérios de seleção:
A. escolher
textos
cujos
validação; A. autoridade – diz respeito à repuB. ler os resumos relativos aos textos
tação dos autores pesquisados
escolhidos, para selecionar os
e das instituições às quais se
que, de fato, interessam;
vinculam;
C. evitar consultas em enciclopédias
B. atualidade – o pesquisador deve
eletrônicas livres, já que qualquer
avaliar a obsolescência ou não da
usuário pode inserir informações,
informação;
sem critérios avaliativos; C. cobertura/conteúdo – verificar D. evitar fontes não comprometidas
30
se o tema foi tratado com a
com o conhecimento científico.
profundidade
necessária
Informações de revistas de cunho
documento consultado;
ao
UNIDADE 1
D. objetividade
–
verificar
se
todos os lados do assunto são
Metodologia AND Ensino AND Matemática;
apresentados de maneira justa, sem favoritismos, preconceitos ou julgamentos tendenciosos;
C. coloque uma frase entre aspas para procurar a frase completa em um texto. Ex.: “metodologia
E. precisão – analisar se a informação
do ensino da Matemática”;
disponível é verdadeira, oficial, autorizada, reconhecida e validada institucionalmente;
D. utilize opções de pesquisa para filtrar resultados por país ou língua. Por exemplo, Brasil ou Portugal,
F. acesso – verificar se a página
ou então escolher artigos em
da internet é estável ou está
português,
frequentemente
da sua origem física;
ocupada
para
independentemente
acesso ou fora do ar, se é paga ou gratuita;
E. use o operador “+” para adicionar uma palavra na busca e o “-” para
G. aparência – avaliar se o texto foi
excluir palavras;
revisado e se é bem estruturado. F. pelo domínio dos sites devolvidos, Além desses critérios, é possível apontar
consegue-se saber de que país é
alguns
acadêmica
que o artigo é originário. Se for um
confiáveis. São eles: os sites de instituições
site que acabe em “.pt”, significa
de pesquisa e de Ensino Superior e os
que é um domínio de Portugal,
de divulgação científica, como: Google
se for do tipo ‘.com.br’ é um
Acadêmico, Scielo, Anped, Medline,
domínio brasileiro. No entanto,
Embase, Lilacs, Cochrane Controlled
exclua domínios genéricos que
Trials Database, SciSearch e outros.
não identificam o país de origem.
sites
de
busca
Ex.: os ‘.com’ ou ‘.info’; Aqui ficam algumas formas/dicas para realizar suas pesquisas eletrônicas:
G. use operadores ‘booleanos’ como o ‘e’ e ‘ou’ para forçar pesquisas
A. inicie a busca com uma palavra-
de certas palavras.
chave. Ex.: “Ensino”; B. insira mais palavras-chave, caso obtenha muitos resultados. Ex.:
UNIDADE 1
31
Metodologia Científica
Tabela 2: Expressões booleanas para busca na internet
EXPRESSÃO AND
OR
AND NOT
NEAR
USO Para pesquisas avançadas, digite-o na caixa booleana de forma livre. Aula AND Português encontra documentos tanto com a palavra aula quanto com a palavra Português. Encontra documentos contendo pelo menos uma das palavras ou frases especificadas. Aula OR Português encontra os documentos contendo ou aula ou português. Os documentos encontrados podem conter ambos os termos, mas não necessariamente. Exclui documentos contendo a palavra ou frase especificada. Aula AND NOT Português encontra documentos com aula, mas não contendo português. NOT precisa ser usado com um outro operador, como E. O AltaVista não aceita ‘aula NOT Português’; no lugar, especifique aula AND NOT Português. Localize documentos contendo tanto as palavras quanto as frases especificadas com 10 palavras entre uma e outra. Aula NEAR Português encontraria documentos com aula português, mas provavelmente nenhum outro tipo de português.
*
O asterisco é um curinga; quaisquer letras podem tomar o lugar do asterisco Bass* Bass encontraria os documentos com bass, basset e bassinet. Você precisa digitar pelo menos três letras antes.
()
Use parênteses para agrupar frases booleanas complexas. Por exemplo, (aula AND português) AND (leitura OR produção) localiza documentos com as quatro palavras cruzadas.
Localiza páginas com imagens tendo um nome de arquivo image:filename específico. Use image:praias para localizar páginas com imagens chamadas praias. link:URLtext
text:text
title:text
url:text
Localiza páginas com um link para uma página com um texto do URL especificado. Use link:www.myway.com para localizar todas as páginas que fazem link com myway.com. Localiza páginas que contêm o texto especificado em qualquer parte da página, com exceção de uma tag de imagem, link ou URL. A pesquisa text:graduação localizaria todas as páginas com o termo graduação nelas. Localiza páginas que contêm a palavra ou frase especificadas no título da página (que aparece na barra do título da maioria dos navegadores). A pesquisa title:crepúsculo localizaria páginas com crepúsculo no título. Localiza páginas com uma palavra ou frase específicas no URL. Use url:jardim para localizar todas as páginas em todos os servidores que têm a palavra jardim em algum lugar no nome do host, na via ou no nome do arquivo. Fonte: <http://www2.assis.unesp.br/egalhard/PesqInt1.htm>
32
UNIDADE 1
Feita a pesquisa bibliográfica, é hora de organizar o material. Você pode fazer essa tarefa utilizando, por exemplo, o fichamento, que é um modo bastante eficaz para organizar as informações lidas. Vamos a ele, então.
Para saber mais: Leia: BRASILEIRO, Ada Magaly Matias. Manual de produção de textos acadêmicos e científicos. São Paulo, Atlas, 2013. Cap. 4.6; 4.20.
Assista à videoaula com este conteúdo.
UNIDADE 1
33
Metodologia Científica
RESUMO DA UNIDADE
Esta unidade está dividida em quatro capítulos. No primeiro, tratamos dos tipos de conhecimento mais comuns em nosso cotidiano. São eles: o empírico (ou de senso comum), o filosófico, o religioso e o conhecimento científico. No segundo capítulo, conceituamos método científico, explicando o que é metodologia científica e a necessidade dessa
concepção
ao
se
pretender
produzir ciência. Discutimos, ainda, o que é e o que não é conhecimento científico, bem como as características de um texto científico: objetividade, clareza, precisão, coesão,
coerência
Trouxemos,
e
também,
imparcialidade. alguns
termos
técnicos recorrentes no texto científico. No Capítulo 3 desta Unidade 1, abordamos as ações processuais da construção científica, tais como a qualidade da pesquisa bibliográfica, a realização de uma pesquisa eletrônica. Além disso, apresentamos, no capítulo 4, os dois principais modos de organização de documentos de pesquisa: os fichamentos de leitura e o resumo. Vamos ao estudo, então!
34
UNIDADE 1
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
1. João Marcos iniciou o seu curso superior em Administração de Empresas. Logo nos primeiros dias de aula, o professor solicitou à turma uma pesquisa bibliográfica sobre as Teorias da Administração. Empolgado com a tarefa, João digitou www.wikipedia. org e, de lá, fez uma cópia, sem mencionar a fonte, assim como ele sempre fez no Ensino Médio. Considerando os critérios de pesquisa aqui estudados, é correto afirmar: a) O site pesquisado por João está vinculado a instituições de pesquisa e de Ensino Superior. b) O trabalho de João será validado pelo professor, pois ele segue os preceitos acadêmicos de uma pesquisa bibliográfica. c) João realizou um plágio, já que apresentou um texto de terceiros como se fosse da sua autoria. d) As enciclopédias eletrônicas são fontes confiáveis de pesquisa acadêmica.
2. Todas as manchetes abaixo relacionadas estão divulgando ou sustentando o conhecimento científico. EXCETO: a) Cursos de inglês de graça na internet. b) Abertas VII Jornadas Científicas e Pedagógicas do ISCED. c) Estudantes de Itapecerica visitam laboratório industrial da cidade. d) Universidade investe 5% do seu faturamento em núcleo de pesquisa.
UNIDADE 1
35
Metodologia Científica
3. Da charge a seguir, intitulada “Começam as aulas na universidade da floresta”, NÃO se pode deduzir que:
a) os representantes da ciência se interessam pelo conhecimento empírico; b) o conhecimento empírico dialoga com o conhecimento científico, na medida em que ele pode provocar pesquisas comprobatórias; c) a universidade da floresta é uma metáfora usada para valorizar os conhecimentos empíricos ali existentes; d) o autor mostra a desvalorização do conhecimento empírico.
4. Sobre as características do texto científico, NÃO é possível afirmar que: a) Coerência – é a lógica do texto alcançada, por exemplo, com a ausência de contradição. b) Objetividade – é o tratamento dado ao texto que implica em simplicidade e ordenação de ideias sem desvio do tema abordado. c) Imparcialidade – é a construção de um texto isento de ideias preconcebidas, opiniões e conceitos de valor. d) Coesão – é a articulação entre as partes do texto, buscando clareza e coerência. e) Precisão – é a necessidade de se escrever bem.
36
UNIDADE 1
5. Do ponto de vista científico, pode-se afirmar sobre método que: I. É o modo como o pesquisador traça os caminhos para sua pesquisa. II. É o que atribui credibilidade e consistência ao fato científico. III. É o ramo da Filosofia que sistematiza os conhecimentos. IV. É o artifício por meio do qual outro pesquisador pode repetir os mesmos resultados alcançados em uma experiência. V. São procedimentos que informam, dentre outras coisas, os fins, os meios, a abordagem e os instrumentos da pesquisa. a) Os itens I, II, IV e V são verdadeiros. b) Os itens I, III, IV e V são verdadeiros. c) Todas as opções são verdadeiras. d) Todas as opção são falsas.
6. “A verdadeira eloquência consiste em dizer tudo o que é preciso e em dizer apenas o que é preciso”. Essa frase de La Rochefoucauld explica, respectivamente, as seguintes qualidades de um texto acadêmico-científico: a) Coerência e coesão. b) Imparcialidade e objetividade. c) Consistência e objetividade. d) Subjetividade e objetividade.
UNIDADE 1
37
Metodologia Científica
Leia o texto abaixo para responder às questões 7, 8 e 9.
A CAUSA DA CHUVA - Millôr Fernandes
Não chovia há muitos e muitos meses, de modo que os animais ficaram inquietos. Uns diziam que ia chover logo, outros diziam que ainda ia demorar. Mas não chegavam a uma conclusão.
- Chove só quando a água cai do telhado do meu galinheiro – esclareceu a
galinha.
- Ora, que bobagem! – disse o sapo de dentro da lagoa. Chove quando a água
da lagoa começa a borbulhar suas gotinhas.
- Como assim? – disse a lebre – Está visto que só chove quando as folhas das
árvores começam a deixar cair as gotas d’água que tem dentro. Nesse momento, começou a chover.
- Viram? – gritou a galinha. – O telhado do meu galinheiro está pingando. Isso é
chuva!
- Ora, não vê que a chuva é a água da lagoa borbulhando? – disse o sapo.
- Mas, como assim? – tornou a lebre. – Parecem cegos! Não veem que a água cai
das folhas das árvores? Moral : Todas as opiniões estão erradas.
38
UNIDADE 1
7. Considerando os critérios básicos e os passos do método científico, pode-se dizer que, no texto, as causas da chuva ali apontadas convergem para um saber: a) científico, na medida em que se apresenta a causa da chuva, sob diversas perspectivas teóricas; b) filosófico, pois tem por origem a capacidade de reflexão do homem e por instrumento exclusivo o raciocínio; c) pseudocientífico, por partir de dogmas e não de observações sistemáticas; d) empírico, por fundamentar-se apenas em opiniões que consideram somente a perspectiva pela qual o problema é visto. e) uma conjugação de todos os tipos de conhecimento.
8. O humor presente na fábula pode ser associado a alguns aspectos acerca das características da ciência. Assim, são características da ciência, EXCETO: a) o estabelecimento de um objeto de estudo definido; b) o fato de fundamentar-se em opiniões particulares para construir conhecimentos gerais e universais; c) a utilização do método para permitir a reprodutividade dos resultados; d) a possibilidade de que as suas afirmações possam ser revistas; e) a necessidade de comprovar os resultados.
UNIDADE 1
39
Metodologia Científica
9. O texto em análise serve bem para ilustrar alguns dos erros comuns ao se fazer ciência, EXCETO: a) tomar a definição de um fenômeno com se fosse uma de suas causas; b) tomar consequência como causa e vice-versa; c) generalizar excessivamente sem verificar o caráter universal das proposições; d) fazer análises pouco profundas e precipitar nas conclusões. e) estabelecer fontes que instaurem credibilidade na pesquisa.
10. Para se fazer um trabalho científico, o acadêmico precisa compreender ______________________________, já que ele terá de decidir sobre os diversos _______________________ para a condução do seu trabalho. Assim, a __________ ______________________ irá auxiliá-lo a promover _______________________ à sua pesquisa, além de orientá-lo na estrutura textual e normas da _________. A opção que completa as lacunas do fragmento anterior é: a) ABNT, caminhos, método científico, Metodologia Científica, consistência e cientificidade. b) método científico, caminhos, Metodologia Científica, consistência e cientificidade, ABNT. c) caminhos, Metodologia Científica, consistência e cientificidade, método científico, ABNT. d) Metodologia Científica, método científico, caminhos, consistência e cientificidade, ABNT. e) consistência e cientificidade, método científico, caminhos, Metodologia Científica, ABNT.
40
UNIDADE 1
UNIDADE II As fases de construção do conhecimento científico
UNIDADE 2
41
MÓDULO 1
Fichamento e resumo
de papel cartão, hoje, contudo, elas podem ser feitas em qualquer programa
Fichamento: o que é e como se faz?
de dados de um computador.
No processo de construção de um
Quanto à função, elas podem ser
trabalho acadêmico, seja ele simples ou
classificadas como catalográficas ou de
complexo, o pesquisador realiza inúmeras
leitura.
leituras que, se não forem organizadas sistematicamente, podem se perder e
• Ficha catalográfica: utilizada em
acabar por não cumprirem o objetivo a
catalogações de bibliotecas e serve
elas referente, que é o de contribuir para
para identificar autor e localizar
a resposta colocada para a pesquisa.
assunto e título. Normalmente, é feita por um bibliotecário.
Em virtude disso, é necessário buscar estratégias de organização do material,
• Ficha de leitura: resulta da leitura
que podem ser, por exemplo, por meio
de um livro ou texto, facilitando a
de fichamentos e resumos.
execução de trabalhos acadêmicos e a assimilação de conteúdos estudados.
É uma das formas de documentação do pesquisador. Os registros fichados
O fichamento de leitura é o que nos
permitem consulta posterior do autor,
interessa para efeito da documentação a
sempre que ele precisar escrever sobre o
que nos referimos.
tema. Pode ser considerado como fonte para o fichamento tudo aquilo que o autor julgar importante: seminários, grupos de
Tipos de fichamento de leitura
discussão, conferências, artigos, livros e até anotações de aula.
Dependendo do objetivo, o pesquisador pode fichar as suas leituras de três modos
Para alcançar o seu objetivo de acesso
diferentes: registrando citações, resu-
rápido aos dados fichados, o autor deve
mindo as informações ou analisando-as.
ser criterioso ao seccionar as informações, para que elas não se percam. Antes, tais
• Fichamento de citação – é a
registros eram feitos em fichas pautadas
transcrição textual, a reprodução fiel
UNIDADE 2
43
Metodologia Científica
das frases que se pretende usar na redação do trabalho. Registram-se as passagens que poderão ser utilizadas, posteriormente, diretas.
É
como
citações
importante
registrar
o número das páginas de cada fragmento selecionado, para facilitar o trabalho da redação.
geral”, “tema específico”. Esses temas podem estar vinculados, por exemplo, ao sumário do seu trabalho. Se isso ocorrer, a respectiva numeração do tópico do sumário deve ser informada; B. abaixo, registre o tipo de fichamento que está fazendo (de citação, de resumo ou analítico);
• Fichamento de conteúdo ou de resumo – é a síntese das ideias do texto lido. É o registro de um resumo
C. em seguida, informe a referência bibliográfica da obra fichada.
informativo de uma obra ou parte dela, em que o aluno escreve com
Parte textual:
suas palavras aquilo que leu. Esse tipo de fichamento alimentará as citações
A. o corpo do fichamento dependerá
indiretas na redação final do trabalho.
do objetivo do trabalho que será feito pelo pesquisador. Caso o
• Ficha analítica ou de comentário
pesquisador opte pelo fichamento
– é a descrição com comentários dos
de citação, ele deve transcrever
tópicos abordados em uma obra ou
o trecho, colocar entre aspas e
parte dela, cuja elaboração demanda
registrar o número da página no
do autor maior domínio do assunto.
final da citação. No fichamento
Pelo fato de o autor descrever e
de resumo, o autor sintetiza a(s)
analisar as informações encontradas
passagem(ns) que lhe interessa(m)
na leitura, esse tipo de fichamento
e registra tal síntese. Por fim,
facilita e enriquece a redação final de
no fichamento analítico, ele faz
um trabalho acadêmico, pois já traz a
comentários sobre o que leu,
voz do pesquisador em diálogo com
posicionando-se em relação ao
os autores citados.
dito e tentando dialogar com o autor, concordando, discordando, acrescentando etc.
Estrutura de um fichamento Parte pós-textual: caso o fichamento seja Parte pré-textual: A. no alto da página, registre o cabeçalho, composto de “tema
44
feito por solicitação de um professor, como atividade avaliativa, registre o seu nome e suas credenciais no rodapé da ficha.
UNIDADE 2
Exemplos de fichamentos Exemplo 1 – Fichamento de citação Interacionismo
A interação em sala de aula
2.4
Fichamento de citação CASTANHEIRA, Maria Lúcia. Aprendizagem contextualizada: discurso e inclusão na sala de aula. 2. ed. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2010. 191 p. “Ao examinar a linguagem nessas duas perspectivas, o pesquisador examina como as demandas e expectativas, papéis e relacionamentos, direitos e obrigações em relação à participação nas atividades da sala de aula são reconstruídos e renegociados à medida que professor e alunos interagem ao longo do tempo.” (p. 48) “À medida que participantes de uma turma interagem, ao longo do tempo, eles passam a agir como uma cultura, no sentido de que criam princípios para a ação, estruturas culturais e conhecimento comum que orientam a participação no grupo.” (p. 52) Elaborado por: Nome do aluno. Disciplina: Nome da disciplina/curso/instituição. Ano.
Exemplo 2 – Fichamento de conteúdo (ou de resumo) Interacionismo
A interação em sala de aula
Aprendizagem contextualizada
2.4.2
Fichamento de conteúdo (ou resumo) CASTANHEIRA, Maria Lúcia. Aprendizagem contextualizada: discurso e inclusão na sala de aula. 2. ed. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2010. 191 p. O livro Aprendizagem Contextualizada, de Castanheiro (2010), é fruto de uma pesquisa desenvolvida em uma turma de 5ª série bilíngue de uma escola pública da cidade de Santa Bárbara, na Califórnia (EUA). Nos seis capítulos do livro, a autora compartilha com seu leitor uma visão da sala de aula como cultura, em uma investigação cujo objetivo é verificar como um professor age para possibilitar o acesso a práticas científicas e de letramento que costumam ser privilégio de alunos oriundos de grupos social e economicamente favorecidos. A autora esclarece e divulga exemplos favorecedores da aprendizagem e da inclusão de alunos com perfis diferentes. Para dissecar tal exemplo, ela lançou mão de teorias complementares (Antropologia Cognitiva, Sociolinguística Interacional e Análise Crítica do Discurso) e examinou as consequências epistemológicas da adoção de diferentes ângulos analíticos, definidos a partir de uma abordagem teóricometodológica particular. Especificamente, ela descreveu como a vida em sala de aula é discursivamente construída pelos membros por meio de suas interações. No primeiro capítulo, [...] Elaborado por: Nome do aluno. Disciplina: Nome da disciplina/curso/instituição. Ano.
UNIDADE 2
45
Metodologia Científica
Exemplo 3 – Fichamento analítico (ou de comentário) Interacionismo
Unidade de Sequência Interacional
2.5
Fichamento analítico CASTANHEIRA, Maria Lúcia. Aprendizagem contextualizada: discurso e inclusão na sala de aula. 2. ed. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2010. 191 p. Não sendo linguista, nem socióloga, a educadora transitou por teorias dessas áreas com leveza e simplicidade, revelando a sala de aula como um (con)texto discursivamente construído pelos participantes da interação e tomando as pessoas como ambientes umas para as outras. Desse modo, entendeu o contexto como algo que sempre muda, e a linguagem como elemento constitutivo da interação, cujos participantes são sócio historicamente construídos. Tecnicamente, utilizou a unidade de sequência interacional (GREEN, 1983), para analisar os tópicos conversacionais e mapear os eventos interacionais observados. A contribuição da pesquisa de Castanheira é inegável, especialmente, por mostrar a aprendizagem a partir de uma perspectiva contextual, construída por meio da linguagem e de práticas discursivas Elaborado por: Nome do aluno. Disciplina: Nome da disciplina/curso/instituição. Ano.
No caso de o aluno fazer o fichamento
Aluno:
no computador, para ser entregue como atividade avaliativa, ele deve usar papel
Tema Geral:
branco A4, espaçamento 1,5, fonte: Arial ou Verdana 12, paginação: superior à
Tema específico:
direita – a partir da página 2, margens superior e esquerda: 3cm e inferior e
Tipo de Fichamento:
direita: 2cm. Impressão em face única. Deve, também, usar um cabeçalho com
Referência:
as seguintes informações: Esse Instituição:
é
um
dos
gêneros
textuais
acadêmicos mais antigos, cujos modos de elaboração têm sido alterados em
Curso:
função dos recursos tecnológicos, mas cuja utilização tem sido cada vez mais
Disciplina:
demandada pelos pesquisadores. Seja em ficha, em cadernos ou em programas
Professor:
de computador, o fichamento é uma forma de registro de inegável utilidade.
46
UNIDADE 2
Resumo: o que é e como se faz?
a descrição da estrutura de uma obra
“É a apresentação concisa dos pontos
por meio de tópicos. Apresenta-se
relevantes de um texto” (NBR 6028,
em forma de um sumário com títulos,
2003, p. 1). Com essa atividade, o
subtítulos; tópicos e subtópicos de
aluno desenvolve as habilidades de
um artigo, capítulo, livro etc. Tem o
leitura e produção objetivas, seleção
objetivo de proporcionar uma visão
de informações, síntese e respeito à
geral da organização do texto a ser
propriedade intelectual, uma vez que
resumido. Pode, também, informar
a ideia original deve ser preservada e
brevemente o conteúdo de cada
referenciada.
tópico, sem dispensar o leitor do resumo de consultar o texto fonte.
As orientações da norma da ABNT estão restritas ao resumo de textos
• resumo informativo ou analítico:
científicos, não abordando, por exemplo,
é a informação do conteúdo da obra,
a síntese de romances, obras técnicas
por meio de parágrafos dissertativo-
ou capítulos de livro. Entretanto, todas
expositivos ou narrativos, escritos em
essas
terceira pessoa do singular e verbos
modalidades
de
resumo
são
muito solicitadas no meio escolar, sendo
na voz ativa.
também efetivos modos de se construir uma documentação pessoal para fins de
Se o texto for técnico ou científico,
estudos.
apresente o tema, os objetivos, a justificativa, os métodos, os resultados
Para alcançar o objetivo de sintetizar, o
e as conclusões a que se chegou
leitor deve fazer uma leitura analítica,
com a pesquisa. Caso seja um texto
destacando
e
narrativo, situe o leitor com relação aos
voltando ao texto quantas vezes forem
elementos do texto, identificando: o
necessárias.
fato, os personagens principais, o lugar
as
ideias
principais
e o tempo. Para sintetizar o enredo, mencione os seguintes pontos estruturais: Tipos de resumo
a apresentação, o fato complicador, a complicação, o ápice da narrativa, o
São três os tipos de resumo: descritivo,
desfecho e a coda2 . No caso de textos
informativo e crítico. Além disso, há o
dissertativo-argumentativos, reconstrua
resumo homotópico, utilizado na parte
a ideia central ou tese defendida pelo
pré-textual dos textos científicos. • resumo descritivo ou indicativo: é
UNIDADE 2
2 Coda é a mensagem que pode ser extraída da narrativa. Nas fábulas, ela é conhecida como moral da história.
47
Metodologia Científica
autor do texto, apresente os principais argumentos
utilizados
e
as
Parte textual:
ideias
conclusivas.
A. se
o
resumo
for
descritivo,
organiza-se o texto em tópicos, • resumo crítico: é o tipo de resumo
descrevendo, caso solicitado, os
que, além de expor o conteúdo
itens e partes que compõem a
da obra, inclui uma avaliação dela,
obra, podendo corresponder a
utilizando-se, também, da dissertação
uma espécie de sumário;
argumentativa. O autor do resumo avalia,
portanto,
a
estrutura,
a
B. se o resumo for informativo, faz-se
metodologia utilizada, a relevância
uma abertura, apresentando ao
do assunto, a linguagem utilizada, o
leitor o texto que será lido, espe-
alcance ou não dos objetivos.
cialmente, o título, a autoria e os objetivos. A partir daí, registramse as ideias essenciais da obra. É
Estrutura do resumo
essencial a fidelidade às ideias do autor, cabendo, inclusive, citações
Parte pré-textual:
livres ou textuais;
A. o cabeçalho: no alto da página,
C. no resumo crítico também é feita
registra-se a referência completa
uma introdução, a fim de contex-
da obra resumida, seguindo as
tualizar o leitor sobre a obra que
normas da ABNT;
será resumida (título, autoria, objetivos...). Na sequência, avaliam-se
B. o título: centralizado, em caixa alta,
os aspectos acima mencionados,
fonte 14 e em negrito, escreve-se
destacando-se a importância da
a palavra RESUMO seguida do
obra, o estilo do autor, a estrutura, a
tipo de resumo que será feito. Ex.:
linguagem e a organização do texto.
Resumo Informativo; Parte pós-textual: C. o nome do autor do resumo: é
48
escrito em itálico com fonte 10
Normalmente, não existe. Mas, no caso
na margem direita da folha e com
do resumo crítico, se o autor do resumo
remissiva ao rodapé, a fim de
fizer alguma consulta para realizar a
esclarecer as credenciais do autor
análise, ela deve ser registrada como
do resumo (formação e vínculo
citação no corpo do texto e na lista de
institucional).
referências.
UNIDADE 2
Dicas para elaboração de um resumo
fidelidade e objetividade possível;
A. Leia todo o texto-fonte, a fim de identificar a sua estrutura geral,
E. procure
lembrar
o
leitor
da
ou seja, a forma como ele foi orga-
propriedade intelectual das ideias
nizado e suas partes ordenadas.
ali constantes. Ex.: Tal fenômeno,
Observe bem, pois há textos mal
segundo o autor, é recorrente na
estruturados que dificultam a
Língua Portuguesa;
organização de um resumo; F. registre uma ideia por parágrafo, B. sublinhe
as
palavras-chave,
para construir a ideia central e
colocando, no início dele, a informação mais importante;
o objetivo do autor com aquela produção;
G. percorra os índices dos capítulos, seções ou obras a serem resu-
C. identifique as partes principais
midas. Os títulos e subtítulos
que compõem o desenvolvimento
fornecem a organização tópica do
do texto;
texto e, portanto, indiciam as suas proposições elementares.
D. procure registrar as ideias que sustentam o texto, com a maior
Para saber mais: Leia: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724 - Informação e documentação: princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, 2011.
UNIDADE 2
49
Metodologia Científica
MÓDULO 02
A leitura de textos técnicos
São
considerados
aqueles
que
textos
circulam
técnicos
nos
meios
profissionais, acadêmicos, científicos e jurídicos. Trata-se de uma leitura mais
Nos ambientes acadêmico e profissional,
lenta, que exige maior concentração,
são muitos os textos que chegam
principalmente, no que se refere aos
até nós, para que deles possamos
termos técnicos.
extrair
informações
essenciais,
úteis
para nossa produtividade intelectual
Por se tratar de leituras com objetivos
e
Tais
definidos, para lê-los, é necessário ter
textos, que possuem teor extremamente
alguns parâmetros. Um deles é perseguir
denotativo, diferem daqueles de outras
as respostas para algumas perguntinhas
ordens do discurso, como os literários, os
básicas. No texto acadêmico, que é o
pessoais, os religiosos ou os publicitários.
nosso foco nesta disciplina, as perguntas
procedimentos
operacionais.
são: Refiro-me, aqui, aos textos do mundo acadêmico como artigos, monografias,
O quê? (Que texto é esse? De quem é?
ensaios, teses; bem como aos textos
Qual é o assunto?)
do mundo profissional como instruções normativas, ofícios, contratos e outros,
Por quê? (Quais motivos justificam a sua
os quais demandam do sujeito uma
leitura e a própria existência do texto?)
leitura considerada técnica. Essa leitura tem como principal objetivo destacar os
Para quê? (Quais são os objetivos a
pontos considerados mais importantes
serem alcançados pelo autor do texto e
para serem, posteriormente, utilizados
por você?)
pelo leitor. Trata-se, portanto, de uma leitura produtiva.
Como? (Que métodos foram utilizados pelo autor para alcançar o objetivo?
Curiosidade: Para facilitar a busca de material sobre um tema, utilize o recurso de localizar palavras, dentro de um artigo selecionado. Use “ctrl +l” ou “ctrl + f” e, depois, registre o termo desejado.
50
UNIDADE 2
De que forma ele organizou o texto?
V. procure os principais conceitos
(Que referenciais teóricos foram usados?)
utilizados pelo autor e destaque-os;
Quais são os resultados? (A que resultado
VI. explore os dados apresentados
o autor do texto chegou? E você concluiu
pelo autor e destaque aqueles
o quê?)
que forem do seu interesse; VII. busque, na conclusão, se o autor
Passos para a realização de uma leitura técnica
cumpriu com o objetivo proposto e se ele conseguiu confirmar a proposta do título do texto;
Antes de começar a leitura, propriamente dita, faça uma pré-leitura, que é uma exploração geral da estrutura do texto
VIII. avalie se as referências estão fiéis às fontes citadas no texto;
a ser lido: observe o seu tamanho, sua estrutura tópica, os recursos gráficos
IX. verifique se as palavras-chave
utilizados, os referenciais teóricos e se há
utilizadas pelo autor foram corres-
alguma informação sobre o autor. Isso lhe
pondentes ao teor do texto.
fornecerá pistas sobre o posicionamento de quem está falando no texto. Em seguida: I. leia o título e concentre-se na construção do seu sentido;
Regras para sublinhar No decorrer de toda a leitura, vá sublinhando aquilo que for do seu interesse, aquilo que estiver condizente
II. leia o resumo, identificando, prin-
com o seu objetivo de leitor. A habilidade
cipalmente, o objetivo proposto
de sublinhar, embora seja cansativa
pelo autor;
no início, servirá de ferramenta para o estudante durante toda a sua vida
III. rastreie, na introdução, os demais
acadêmica e profissional. Por isso, vale a
objetivos (para quê), a justificativa
pena investir um pouco de esforço nessa
do autor (por quê?), a menção ao
tarefa, seguindo as recomendações:
método utilizado (como?); I. sublinhe apenas as ideias principais IV. atente-se aos destaques dados
e os detalhes importantes;
pelo autor (negritos, sublinhados, itálicos), pois eles têm razão de ser;
UNIDADE 2
II. não sublinhe por ocasião da
51
Metodologia Científica
primeira leitura, caso seja leitor técnico iniciante;
III. percorrer, especialmente, as palavras sublinhadas e as anotações à margem do texto;
III. reconstitua o parágrafo a partir das palavras sublinhadas;
IV. usar aspas e fazer referência completa à fonte, no caso de
IV. sublinhe
com
dois
traços
as
transcrição
textual,
sobretudo,
palavras-chave e com um único
quando as passagens enriquecem
traço os pormenores importantes;
o seu objetivo;
V. assinale com um traço vertical, à
V. dar um caráter personalizado ao
margem do texto, as passagens
resumo, na forma de associar as
mais significativas;
ideias e até se inserir no texto com ponderações pessoais (se for
VI. assinale
com
interrogação
um
ponto
ideias
de
permitido um resumo crítico!).
não
compreendidas ou de discordância
DICA: Para uma leitura técnica produtiva,
em relação ao texto;
utilize as estratégias de sublinhar, definir a ideia central do texto, resumir e elabo-
VII. marque o texto, preferencialmente,
rar esquemas! Bom trabalho!
com o lápis, mas podem também ser utilizadas canetas marca-texto ou canetas coloridas.
Complemento à seção: uma comparação entre o bom e o mau leitor No livro denominado “Aprendendo a
Regras para resumir
aprender”, Bastos e Keller (2004) dedicam uma seção para identificar características
Tendo o texto sublinhado, será muito
de um bom leitor e de um mau leitor.
mais fácil construir o resumo para
Tais características, apresentadas em
posteriores utilizações das informações
um quadro comparativo, são úteis para
contidas nele. Para isso, você deve:
o leitor fazer uma autoavaliação do nível de leitura em que se encontra e buscar
I. ler o texto mais de uma vez, sublinhando-o e fazendo breves
aperfeiçoar essa habilidade essencial para seu êxito acadêmico e profissional.
anotações à margem; Analise as observações dos autores e II. ser breve e compreensível;
52
faça, agora, sua autoavaliação!
UNIDADE 2
O bom leitor
Ajusta a velocidade da leitura com o assunto que lê. Se lê uma novela, é rápido; se livro científico para guardar
O bom leitor lê rapidamente e entende
detalhes, lê mais devagar.
bem o que lê. Tem os seguintes hábitos: Avalia o que lê. Lê com objetivo determinado. Pergunta-se
frequentemente:
que
Ex.: aprender certo assunto, repassar
sentido tem isso para mim? Está o autor
detalhes, responder a questões.
qualificado
para
escrever
sobre
tal
assunto? Está ele apresentando apenas Lê unidades de pensamento.
um ponto de vista do problema? Qual é a ideia principal deste trecho? Quais seus
Abarca, num relance, o sentido de um
fundamentos?
grupo de palavras. Relata rapidamente as ideias encontradas numa frase ou num
Possui bom vocabulário.
parágrafo. Sabe o que muitas palavras significam. É Tem vários padrões de velocidade.
capaz de perceber o sentido das palavras novas pelo contexto.
UNIDADE 2
53
Metodologia Científica
Sabe
usar
dicionários
e
o
faz
Tem interesse em fazer assinaturas de
frequentemente para esclarecer certos
periódicos científicos. Formado, continua
termos, no momento oportuno.
alimentando sua biblioteca e não se restringe à aquisição dos chamados
Tem habilidades para conhecer o valor
“compêndios”. Tem o hábito de ir direto
do livro.
às fontes; de ir além dos livros de texto.
Sabe que a primeira coisa a fazer quando
O mal leitor
se toma um livro é indagar de que trata, através do título, dos subtítulos encontrados na página de rosto e não apenas na capa. Em seguida lê os títulos
O mau leitor lê vagarosamente e
do autor. Edição do livro. Índice. “Orelha
entende mal o que lê. Tem os seguintes
do livro”. Prefácio. Bibliografia citada.
hábitos:
Só depois é que se vê em condições de decidir pela conveniência ou não da
Lê sem finalidade. Raramente sabe por
leitura. Sabe selecionar o que lê. Sabe
que lê. Lê palavra por palavra.
quando consultar e quando ler. Pega o sentido da palavra isoladamente. Sabe quando deve ler um livro até
Esforça-se para juntar os termos para
o fim, quando interromper a leitura
poder entender a frase. Frequentemente
definitivamente
tem de reler as palavras.
ou
periodicamente.
Sabe quando e como retomar a leitura, sem perda de tempo e da continuidade.
Só tem um ritmo de leitura.
Discute frequentemente o que lê com os
Seja qual for o assunto, lê sempre
colegas.
vagarosamentente.
Sabe
distinguir
entre
impressões
Acredita em tudo o que lê.
subjetivas e valor objetivo durante as discussões.
Para ele tudo o que é impresso é verdadeiro. Raramente confronta o que lê
Adquire livros com frequência e cuida
com suas próprias experiências ou com
de ter sua biblioteca particular. Quando
outras fontes. Nunca julga criticamente o
é estudante, procura os livros de texto
escritor ou seu ponto de vista.
indispensáveis e se esforça em possuir os chamados clássicos e fundamentais.
54
Possui vocabulário limitado.
UNIDADE 2
Sabe o sentido de poucas palavras. Nunca
dos preconceitos.
relê uma frase para pegar o sentido de uma palavra difícil ou nova.
Não possui biblioteca particular. Às vezes, é capaz de adquirir “metros de livro” para
Raramente
consulta
o
dicionário.
decorar a casa. É frequentemente levado
Quando o faz, atrapalha-se em achar a
a adquirir livros secundários em vez dos
palavra. Tem dificuldades em entender a
fundamentais. Quando estudante, só lê
definição.
e adquire compêndios de aula. Formado, não sabe o que representa o hábito das
Não possui nenhum critério técnico para
“boas aquisições” de livro.
conhecer o valor do livro. Nunca ou raramente lê a página de rosto do livro, o índice, o prefácio, a bibliografia etc. antes de iniciar a leitura. Começa a ler a partir do primeiro capítulo. É comum até ignorar o autor, mesmo depois de terminada a leitura. Jamais seria capaz de decidir entre leitura e simples consulta. Não consegue selecionar o que vai ler. Deixa-se sugestionar pelo aspecto material do livro. Não sabe decidir se é conveniente ou não interromper uma leitura. Ou lê todo o livro ou o interrompe sem critério objetivo, apenas por questões subjetivas. Raramente discute com colegas o que lê. Quando
o
impressões
faz,
deixa-se
subjetivas
e
levar
por
emocionais
para defender um ponto de vista. Seus argumentos, geralmente, derivam da autoridade do autor, da moda, dos lugares-comuns, das tiradas eloquentes,
UNIDADE 2
55
Metodologia Científica
Terminologias definidas pela ABNT Para preservar a unidade de sentidos, a
de um documento. Pode ser numerado ou não;
Associação Brasileira de Normas Técnicas
8. citação: menção de uma infor-
(ABNT) estabelece as definições de
mação extraída de outra fonte;
termos recorrentes no mundo acadêmico. Como você, cedo ou tarde, precisará de uma delas, eis a relação de algumas mais recorrentes, em ordem alfabética: 1. abreviatura:
representação
de
uma palavra por meio de alguma(s) de suas sílabas ou letras; 2. anexo: texto ou documento não elaborado pelo autor, que serve de fundamentação, comprovação e ilustração;
ou indireta de um texto a cujo original não se teve acesso; 10. citação
direta:
transcrição
textual de parte da obra do autor consultado; 11. citação indireta: texto baseado na obra do autor consultado; 12. documento:
qualquer
suporte
que contenha informação regis-
3. apêndice: texto ou documento elaborado pelo autor, que serve de fundamentação, comprovação e ilustração; 4. autor(es):
9. citação de citação: citação direta
pessoa(s)
física(s)
responsável(eis) pela criação do conteúdo intelectual ou artístico de um documento; 5. autor(es) entidade(s): instituição, organização, empresas, comitê, comissão, entre outros, responsável por publicação em que não se distingue autoria pessoal; 6. capa: proteção externa do trabalho e sobre a qual se imprimem as informações indispensáveis à sua identificação;
trada que possa servir de consulta para estudo ou prova. Podem ser impressos, manuscritos, audiovisuais, sonoros, imagens e outros; 13. edição:
todos
os
exemplares
reproduzidos a partir de um original ou matriz; 14. editora: casa publicadora responsável pela produção editorial; 15. elementos
pós-textuais:
elementos que complementam o trabalho; 16. elementos
pré-textuais:
elementos que antecedem o texto com informações que ajudam na identificação e utilização do trabalho;
7. capítulo, seção ou parte: divisão
56
UNIDADE 2
17. elementos textuais: parte do trabalho em que é exposta a matéria; 18. escopo: refere-se à delimitação do tema;
incluídos no texto; 26. palavra-chave: palavra representativa do conteúdo do documento, escolhida, preferencialmente, em vocabulário controlado;
19. índice: lista de palavras ou frases,
27. publicação periódica: publicação
ordenadas segundo determinado
em qualquer tipo de suporte
critério, que localiza e remete para
editada em unidades físicas suces-
as informações contidas no texto;
sivas, com designações numéricas
20. informante: pessoa ou instituição utilizada como fonte dos dados colhidos; 21. lista: enumeração de elementos selecionados do texto, tais como datas, ilustrações ou exemplos, na ordem de sua ocorrência; 22. monografia: documento constituído de uma só parte ou de um número preestabelecido de partes que se complementam; 23. notas de referência: notas que indicam fontes consultadas ou remetem a outras partes da obra em que o assunto foi abordado; 24. notas de rodapé: indicações, observações ou aditamentos ao texto feitos pelo autor, tradutor ou editor, podendo também aparecer na margem esquerda ou direita da mancha gráfica; 25. notas explicativas: notas usadas para comentários, esclarecimentos ou explanações, que possam ser
UNIDADE 2
e/ou cronológicas e destinada a ser continuada indefinidamente. 28. referência: conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua identificação individual; 29. resumo:
apresentação
concisa
dos pontos relevantes de um documento; 30. resumo crítico: resumo redigido por
especialistas
com
análise
crítica de um documento. Também chamado de resenha. Quando analisa apenas uma determinada edição entre várias, denomina-se recensão; 31. resumo indicativo: indica apenas os pontos principais do documento, não apresentando dados qualitativos
ou
quantitativos.
De modo geral, não dispensa a consulta ao original; 32. resumo informativo: informa ao leitor finalidades, metodologia,
57
Metodologia Científica
resultados
do
35. sumário: enumeração das divi-
documento, de tal forma que
sões, seções e outras partes de
esse possa, inclusive, dispensar a
uma publicação, na mesma ordem
consulta ao original;
e grafia em que a matéria nele se
33. título:
e
palavra,
conclusões
expressão
ou
frase que designa o assunto ou o conteúdo de um documento; 34. subtítulo:
informações
apre-
sentadas em seguida ao título,
sucede; 36. suplemento: documento que se adiciona a outro para ampliá-lo ou aperfeiçoá-lo de acordo com o conteúdo do documento.
visando esclarecê-lo ou comentá-lo de acordo com o conteúdo do documento;
Para saber mais: Leia: BASTOS, C., KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. 18. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.Caps. II – “Facilitando o estudo” e III – “Formando o hábito de estudo”.
Assista à videoaula com este conteúdo.
58
UNIDADE 2
MÓDULO 03
Primeira fase do trabalho: planejamento
conter os seguintes itens: introdução ao tema, delimitação, justificativa, objetivos, hipótese, metodologia, base teórica, recursos, cronograma e referências.
O Projeto de Pesquisa Introdução ao tema O planejamento é essencial para qualquer atividade. Quando essa atividade é a
Normalmente, trata-se de um texto
pesquisa acadêmico-científica, essa tarefa
dissertativo-expositivo sobre o assunto
se torna imprescindível. O planejamento
a ser desenvolvido. Seu objetivo é
é
processo
esclarecer o tema e contextualizar o
sistematizado mediante o qual se pode
leitor nos âmbitos científico e social. O
conferir maior eficiência à investigação
texto deve ter uma estrutura afunilada,
para em determinado prazo alcançar o
partindo do tema mais amplo para o
conjunto de metas estabelecidas.” (GIL,
mais específico, até advir à delimitação
2010, p. 3).
da pesquisa.
concebido
como
“o
O projeto de pesquisa é o documento que esclarece as ações futuras do pesquisador
Delimitação do tema
e deve fornecer ao leitor as orientações básicas sobre o que será pesquisado,
É o foco do trabalho, também chamado
como, por quê, para quê, em que tempo,
de problema ou escopo da pesquisa.
quanto custará, em quais conceitos se
É o recorte do assunto, especificando
baseará. Visa, portanto, à descrição do
exatamente qual é a proposta de estudo
caminho, bem como os passos que serão
do pesquisador. Uma boa maneira para
percorridos pelo pesquisador na fase
delimitar a pesquisa é situá-la em um
construtiva do trabalho científico.
ramo específico da ciência, no tempo e/ ou no espaço. Para delimitar o seu tema,
Resguardadas
as
orientações
gerais
pense em:
da ABNT, cada instituição tem sua padronização para se elaborar o projeto de
• uma situação que precisa ser
pesquisa, mas uma estrutura básica deve
mudada ou melhor compreendida;
UNIDADE 2
59
Metodologia Científica
• uma não resolvida; • condições
que
precisam
ser
Fique atento!
melhoradas;
Lembre-se de que é a deli-
• dificuldades que precisam ser eliminadas;
mitação que direcionará suas decisões, portanto invista nela! Elabore uma frase interrogativa, quando o seu
• uma abordagem teórica a ser enfocada.
foco for um problema original (exemplos A e B); e uma frase afirmativa, quando se tratar de uma pesquisa de revisão bibliográfica (exemplos C e D).
Uma boa delimitação deve ser claramente expressa, ser objetiva e observar a
Justificativa
viabilidade no tempo, no espaço e no contexto.
É um texto dissertativo-argumentativo que responde à pergunta “Por quê?”.
Alguns exemplos de delimitações ou
Nele, o pesquisador deve convencer
perguntas científicas:
a comunidade acadêmico-científica da relevância da sua proposta. Os argu-
A. De que modo os recursos tecno-
mentos a serem apresentados deverão
lógicos podem ser usados como
estar relacionados a motivos pessoais,
ferramenta
profissionais, científicos, sociais e/ou
didático-pedagógica
no cotidiano acadêmico de insti-
acadêmicos.
tuições de Educação Infantil? B. As ferramentas oferecidas em
Objetivos
marketing de serviços podem ser utilizadas na captação de alunos
Este tópico responde à pergunta “Para
para
quê?”, isto é, para que servirá a sua
a
Instituição
de
Ensino
Superior X?
pesquisa? Onde você pretende chegar? O que deseja mostrar, demonstrar?
C. Um estudo sobre fatores conside-
Utilize frases curtas iniciadas com verbos
rados na formação do preço das
no infinitivo. O objetivo geral deve estar
mensalidades escolares.
diretamente relacionado à pergunta, explicitando, por meio do verbo, o que
D. Uma abordagem sobre a teoria
se deseja alcançar. Exemplo:
sistêmica aplicada à Administração no final no século XX.
60
• Verificar
se
a
característica
UNIDADE 2
empreendedora de um gestor reflete
virtude da sua coragem e criatividade.
em projetos bem sucedidos do ponto de vista empresarial; Metodologia • averiguar o tipo de formação, as habilidades e as competências
É o momento de o pesquisador traçar
inerentes
o caminho que irá percorrer e tomar
a
um
administrador
empreendedor.
algumas decisões sobre procedimentos, técnicas pesquisa.
Hipótese
serem Neste
desenvolvidas texto,
ele
na
deve
responder às seguintes perguntas:
Nos casos em que a delimitação da pesquisa aponta para um problema, o
a
pesquisador
deve
construir
uma
hipótese, ou seja, uma suposta resposta para sua pergunta. É uma proposição baseada no conhecimento empírico e que será aceita ou rejeitada somente depois de ser devidamente testada. Na proposição, utilizamos expressões indicativas de conjectura.
A. Que tipo de raciocínio lógico utilizará? B. Quais os fins e os meios da pesquisa? C. Que abordagem utilizará – quantitativa ou qualitativa? D. Quais serão seu universo, amostra e sujeitos? E. Serão necessários quais instru-
Exemplo:
mentos de pesquisa (questionário; entrevista; estudo de caso...)?
Para a pergunta: F. Como será feita a coleta de dados? O gestor de projetos com tendência empreendedora melhores
consegue
resultados
alcançar
em
seus
empreendimentos? Poderíamos lançar como hipótese: Julga-se que o gestor de projetos com tendência
empreendedora
consegue
alcançar resultados mais positivos, em
UNIDADE 2
G. Como o pesquisador procederá para certificar-se do aspecto ético da pesquisa? Atenção: dedique-se ao esclarecimento dos fundamentos metodológicos, pois essas informações são essenciais para a credibilidade científica da sua pesquisa.
Cronograma Sem elas, o seu trabalho é caracterizado apenas como técnico!
61
Metodologia Científica
X
Mês 1
Mês 2
Mês 3
Mês 4
Mês 5
Elaboração do projeto Definição do professor orientador Envio do projeto ao orientador Levantamento bibliográfico, leituras e fichamentos Recebimento do projeto corrigido pelo orientador Envio da 1ª versão do artigo (referencial teórico e metodologia) Recebimento da 1ª versão corrigida pelo orientador Pesquisa de campo Análise dos dados Envio da segunda versão do artigo, incluindo a análise de dados, introdução e considerações finais Recebimento da 2ª versão corrigida pelo orientador Envio da 3ª versão do artigo Recebimento da 3ª versão corrigida pelo orientador Revisão geral Entrega do TCC para avaliação final Apresentação
62
UNIDADE 2
É o planejamento da pesquisa. Deve ser feito na forma de quadro, conforme apresentado anteriormente. Lembre-se de que a pesquisa bibliográfica deve ocorrer durante todo o processo.
Referências É a relação, em ordem alfabética, dos principais autores que já trataram do assunto e que fundamentam o estudo em questão. Serve para demonstrar que o aluno teve contato com os conceitos e teorias básicas sobre o tema e está preparado para discuti-lo. Devem ser apresentadas segundo as normas da ABNT.
Para saber mais: Leia: BRASILEIRO, Ada Magaly Matias. Manual de produção de textos acadêmicos e científicos. São Paulo: Atlas, 2013. p. 130-137.
Assista à videoaula com este conteúdo.
UNIDADE 2
63
Metodologia Científica
MÓDULO 04
A importância da disciplina de metodologia científica no desenvolvimento de produções acadêmicas de qualidade no nível superior THE IMPORTANCE OF THE DISCIPLINE SCIENTIFIC METHODOLOGY IN THE DEVELOPMENT OF ACADEMIC QUALITY PRODUCTS IN HIGHER EDUCATION Rosane Tolentino Maia3
Resumo: Este trabalho aborda a impor-
Abstract: This paper discusses the
tância da disciplina de Metodologia
importance of the discipline of scien-
Científica como ferramenta fundamental
tific methodology as a fundamental
na iniciação científica e no desenvolvi-
tool in undergraduate research and
mento de produções científicas pelos
development of scientific productions
alunos que ingressam nas universidades
by students entering universities and
e ao longo do curso são estimulados a
throughout the course are encouraged
desenvolver trabalhos científicos como
to develop scientific papers as part of
parte dos requisitos de avaliação. O
the assessment requirements. The case
Estudo de Caso teve como objeto de
study has as object of research students
pesquisa os alunos do segundo e sexto
in the second and sixth semesters of the
semestres do Curso de Enfermagem das
Faculdades Integradas dos Tapajós.
Faculdades Integradas do Tapajós. Key-words:
Scientific
Palavras-chave: Metodologia Científica.
Scientific
Initiation.
Iniciação
Productions.
Científica.
Produções
Methodology. Academic
Acadêmicas.
3 Especialista em Docência do Ensino Superior, graduada em Processamento de dados pela Universidade Federal do Pará e docente das Faculdades Integradas do Tapajós.
64
UNIDADE 2
1 Introdução
indiretas, bem como sobre o propósito
Nos últimos anos, tem se evidenciado
de incluí-las no corpo do próprio texto.
um consenso na comunidade acadêmica brasileira de que instituições de ensino
Essas dificuldades podem justificar a
universitário devem aliar às práticas
causa de uma grande ansiedade nos
de ensino tradicional, elementos que
alunos de graduação, na medida em que
promovam
do
as exigências mudam em profundidade,
pensamento crítico e reflexivo dos alunos,
a forma usual da escrita, incorporando
permitindo, através de uma visão real do
diversos elementos, até então desco-
mundo, detectar os problemas que o
nhecidos, podendo, no limite, levar ao
assolam e, ao mesmo tempo, dotá-los
desânimo e, até mesmo, a desistência
de ferramentas capazes de promover
do curso. Diante do exposto é de suma
medidas que ajudem solucioná-los.
importância questionar: de que forma
o
desenvolvimento
a disciplina de Metodologia Científica Este trabalho aborda a importância da
pode ajudar os alunos de nível superior
Metodologia Científica como ferramenta
a superar as suas dificuldades na hora de
fundamental no desenvolvimento de
elaborar uma produção científica?
produções científicas pelos alunos que ingressam nas universidades as quais,
A preparação, a redação e a apresen-
ao longo do curso são estimulados a
tação de trabalhos científicos envolvem
desenvolver trabalhos científicos como
um grande número de questões de
parte dos requisitos de avaliação.
natureza técnica e estética, dentre as quais, pode-se destacar a disciplina, a
Verifica-se que os alunos se veem diante
criatividade na seleção da bibliografia,
de muitas dificuldades para cumprir
a leitura de forma organizada, a ousadia
essas exigências, provavelmente, em
e o rigor na abordagem do assunto,
decorrência de uma formação deficiente
além da obediência a certas normas de
na formação básica. Por vezes, verifica-se
redação e apresentação do texto final. A
que alunos cursando o último ano dos
Metodologia Científica aborda as princi-
cursos de graduação, desconhecem as
pais regras da produção científica para
mais elementares normas envolvidas na
alunos dos cursos de graduação, forne-
elaboração de textos científicos, tais como:
cendo uma melhor compreensão sobre a
desenvolvimento e estrutura do trabalho,
sua natureza e objetivos, podendo auxi-
padrões de redação, procedimentos para
liar para melhorar a produtividade dos
elaborarem
alunos e a qualidade das suas produções.
pesquisas
bibliográficas,
seleção e organização da leitura das obras, construção de citações diretas e
UNIDADE 2
A relevância desta pesquisa se justifica,
65
Metodologia Científica
tendo em vista a pouca importância que
A evolução da ciência se deu com a
é dada pela maioria dos pesquisadores
evolução da inteligência humana, que
em formação aos detalhes da confecção
passou do medo do desconhecido ao
de um documento metodologicamente
misticismo, numa tentativa de explicar
adequado. A necessidade do estudo
os fenômenos através do pensamento
em pode ser considerada, na medida
mágico, das crenças e das superstições.
em que ele irá abordar a importância
Finalmente, evoluiu para a busca de
da disciplina de Metodologia Científica,
respostas através de caminhos que
como desenvolvimento técnico, ideoló-
pudessem
gico e científico do aluno de nível supe-
forma, nasceu a ciência metódica, que
rior melhorando a sua produtividade e a
procurou sempre a aproximação com a
qualidade das suas produções.
lógica.
Objetiva-se com este estudo, comprovar
O ser humano é o único animal na
que a disciplina Metodologia Científica
natureza com capacidade de pensar.
é prática e apresenta instrumentos
Esta característica permite aos seres
necessários para a realização de trabalho
humanos a capacidade de refletir sobre
de pesquisa, buscando a construção do
o significado de suas próprias experiên-
conhecimento dos acadêmicos de forma
cias. Assim sendo, é capaz de promover
a lhes favorecer com uma leitura e escrita
novas descobertas e de transmiti-las a
mais eficientes, através da pesquisa e
seus descendentes. O desenvolvimento
redação com embasamento científico
do conhecimento humano está intrinse-
elaborados segundo normas científicas
camente ligado à sua característica de
vigentes. Através da análise dos principais
viver em grupo, ou seja, o saber de um
conceitos que compõem a disciplina de
indivíduo é transmitido a outro, que, por
Metodologia Científica e posterior relação
sua vez, aproveita-se deste saber para
dos mesmos na produção e apresentação
somar outro. Assim evolui a ciência.
ser
comprovados.
Desta
de trabalhos científicos, buscou-se traçar uma analogia entre o saber científico e sua influência no desenvolvimento da
2.1 Método e ciência
reflexão, da compreensão, da capacidade de interpretação e argumentação dos
Segundo Oliveira (1999), a Ciência num
acadêmicos dos cursos de graduação.
determinado período da história acabou sendo mitificada, principalmente a partir do séc. XVIII, e hoje ela é entendida como
2 Referencial teórico
sendo qualquer assunto que possa ser estudado pelo homem, pela utilização
66
UNIDADE 2
do Método Científico e de outras regras
positiva deve se preocupar com o que é
especiais de pensamento.
e não com o que se pensa que deve ser.
O autor destaca ainda que a Metodologia
Severino (2000) define Metodologia
estuda
como:
os
meios
ou
métodos
de
investigação do pensamento concreto e do pensamento verdadeiro, e procura estabelecer a diferença entre o que é verdadeiro e o que não é, entre o que é real e o que é ficção. Assim, o aprofundamento em um conjunto de processos de estudos, de pesquisa e de reflexão, passa a exigir do estudante uma nova postura de atividade didática mais crítica e rigorosa. Para Gil (2002, p.17), o desenvolvimento
um instrumental extremamente útil e seguro para a gestação de uma postura amadurecida frente aos problemas científicos, políticos e filosóficos que nossa educação universitária enfrenta. [...] São instrumentos operacionais, sejam eles técnicos ou lógicos, mediante os quais os estudantes podem conseguir maior aprofundamento na ciência, nas artes ou na filosofia, o que, afinal, é o objetivo intrínseco do ensino e da aprendizagem universitária (SEVERINO, 2000, p.18).
de produções científicas só se dá de maneira efetiva “mediante o concurso dos
No mundo acadêmico, fazer ciência é
conhecimentos disponíveis e a utilização
importante para todos porque é por meio
cuidadosa de métodos, técnicas e outros
dela que se descobre e se inventa, e o
procedimentos científicos”. O método
método representa, portanto, uma forma
científico visa descobrir a realidade dos
de pensar para se chegar à natureza de
fatos que, uma vez descobertos, devem
um determinado problema, quer seja
guiar o uso do método. Os autores
para estudá-lo, quer seja para explicá-lo.
Cervo e Bervian (1983, p.125) destacam que “o método não é apenas um meio de acesso: só a inteligência e a reflexão descobrem o que os fatos realmente são.” O método científico percorre os
2.2 Iniciação científica: dificuldades de implementação da pesquisa nas universidades
caminhos da dúvida sistemática, que
A iniciação científica caracteriza-se como
não pode ser confundida com a dúvida
instrumento de apoio teórico e meto-
universal dos céticos.
dológico à realização de um projeto de pesquisa e constitui um canal adequado
Mesmo no caso das ciências sociais,
de auxílio para a formação de uma nova
o método deve ser positivo e não
mentalidade no aluno, que de simples
normativo. Em outras palavras, a pesquisa
repetidores, passam a criadores de novas
UNIDADE 2
67
Metodologia Científica
atitudes e comportamento, através da
desenvolvem nele o raciocínio, o senso
construção do próprio conhecimento.
crítico e o conhecimento de base.
A situação atual do ensino médio
Obras literárias importantes são resu-
encerra várias e complexas questões
midas de forma pobre e descaracteri-
como: aspectos estruturais que ainda
zadas, em poucos parágrafos. As apostilas
não foram resolvidos e a precariedade
são confeccionadas sem estudos prévios,
desse ensino público no Brasil. O
ao contrário do que ocorre com os
cenário educacional, em que convivem
livros, que demandam anos de pesquisa
velhos e novos problemas, aponta para
por profissionais, especialistas, intelec-
a expansão do ensino médio com baixa
tuais, escritores e cientistas, contendo
qualidade, para a privatização da sua
ilustrações detalhadas e informações
gestão e, simultaneamente, exibe um
completas. Já sem cultura básica, nossos
forte componente de exclusão. A reforma
jovens também não são estimulados à
político-educacional do ensino médio,
leitura dos jornais e revistas, que também
em curso, vem afetando sensivelmente,
se constituem em fonte imprescindível
o trabalho do professor e a dinâmica
de informação e formação.
institucional da escola e, em muito menor grau, a realidade educacional do
Os estudantes sabem manipular com
aluno. Tal fato refletirá na sua atuação
habilidade os microcomputadores em
enquanto discente de uma instituição de
suas casas, e, de forma crescente, também
nível superior.
nas escolas, públicas ou privadas, mas são incapazes de interpretar um texto
Em
recente
pesquisa
do
Sistema
de teor mais rebuscado. Não conseguem
Nacional de Avaliação da Educação
redigir um texto com princípio, meio
Básica (SAEB), foi divulgado que apenas
e fim, estilo, forma e linguagem e, por
um por cento dos alunos brasileiros da
conta dos modismos atentam contra
terceira série do ensino médio (ou seja,
o idioma, com seu pobre vocabulário.
os que se preparam para ingressar na
Apesar do acesso dos jovens a todos
universidade) tem domínio adequado do
os canais da era da informação, eles,
idioma Português. Observa-se no país
verdadeiramente, não têm informação.
uma perigosa desvalorização da cultura
Segundo Balbachevsky (1999),
básica, da erudição e do conhecimento. A grande maioria dos cursos de ensino médio e os cursos preparatórios para os
vestibulares
preparam
o
aluno
apenas para realizar a prova, mas não
68
[...] ainda que viável, a formação oferecida por estabelecimentos especializados no ensino, mesmo quando bem sucedida, vem sendo submetida a críticas importantes nos anos recentes.
UNIDADE 2
Boa parte dessas críticas centra-se no fato de que o ensino, dissociado da atividade de pesquisa, deixa uma lacuna na formação do aluno numa das dimensões mais fundamentais para o seu sucesso futuro: qual seja a sua preparação para solucionar criativamente problemas, isto é, sua capacidade de reunir, selecionar e analisar dados relevantes para a solução de uma situação não usual.[...] (BALBACHEVSKY, 1999).
eficientemente, cada universidade faz parte de uma bem definida infraestrutura tecnológica e científica e que não há razões especiais para se preocupar com a autonomia de cada universidade que [...] em momentos de crise, deve descobrir qual a melhor maneira de se lançar na aventura de encontrar novos caminhos para si e, como instituição pensante, para o conjunto da sociedade.
A iniciação científica é um dever da instituição e não deve representar uma atividade eventual ou esporádica. A atividade
3 Metodologia
de pesquisa universitária, especialmente a pesquisa básica, sempre exigiu um
Utilizou-se o método indutivo como
conjunto de condições que estão fora
forma ordenada do raciocínio, uma
do alcance da realidade da maior parte
vez que passamos da análise de dados
dos estabelecimentos de ensino superior
particulares e caminhamos para noções
privados no Brasil. No setor público,
gerais conforme descrito a seguir. Após
a pesquisa universitária só institucio-
a leitura textual, com o objetivo de
nalizou-se a partir do final da década de
formar uma visão geral da obra, uma
sessenta, em função da implementação
segunda leitura foi feita com o objetivo
da reforma de 1968. As várias propostas
de aprofundamento e codificação dos
demandavam mudanças estruturais para
principais conteúdos. Os textos foram
o ensino superior brasileiro, objetivando
então codificados, resumidos, analisados
modernizar e democratizar o sistema.
e comentados de acordo com os diversos autores pesquisados, visando
Buarque (1994) destaca que a universidade
fundamentar as respostas fornecidas à
tem
gerar
de pesquisa. Após a redação da primeira
saber de nível superior para viabilizar
versão do texto, foram feitas revisões
o funcionamento da sociedade. Esse
em duas etapas para o aperfeiçoamento
papel manifesta-se de forma diferente,
da abordagem e verificação da correta
conforme o tipo de sociedade que se
incorporação dos aspectos formais.
um
papel
permanente:
deseja. [...] no Brasil, a universidade não dispõe de um projeto, nem de prioridades
Na segunda fase, foi realizado um
definidas pela sociedade [...]. Conclui
estudo de campo onde foram feitas
dizendo que quando o sistema funciona
entrevistas estruturadas com perguntas
UNIDADE 2
69
Metodologia Científica
direcionadas
à
temática
proposta,
sobre as principais produções acadêmicas
a fim de se traçar um perfil do nível
exigidas nos cursos de graduação e
de conhecimento dos alunos antes e
sobre a qualidade da produção desses
depois deles se familiarizarem com os
trabalhos antes e depois de conhecerem
métodos científicos. Os conteúdos foram
as regras metodológicas científicas.
analisados sob um enfoque empíricoanalítico e uma abordagem quantitativa,
Optou-se por este tipo de instrumento
uma vez que a pesquisa aponta para o
porque através dele, minimizam-se as
conceito de causa ou para uma relação
distorções das respostas registradas
causal quando busca comprovar que a
na medida em que o pesquisador está
metodologia científica pode ajudar na
ausente e não exerce influência direta
superação das dificuldades na produção
sobre o respondente, além de permitir
acadêmica no nível superior.
que os dados sejam disponibilizados para análise em um período relativamente
Foram selecionados sessenta alunos do
curto. Os questionários foram distribuídos
Curso de Enfermagem das Faculdades
nas turmas e recolhidos após sete dias
Integradas do Tapajós, subdivididos em
para a análise posterior.
quatro grupos de 15 alunos compondo o segundo (duas turmas) e o sexto (duas turmas) semestres. A disciplina de Metodologia Científica é ministrada
4 Apresentação e discussão dos dados
em duas horas semanais, no primeiro período do curso. Já no quinto período é
Dos sessenta instrumentos de pesquisa,
ministrada a disciplina de Metodologia da
foram devolvidos 48, a partir dos quais
Pesquisa, onde efetivamente, os alunos
foram feitas as análises conforme se
passam a implementar um Projeto de
segue:
Pesquisa. Daí a preferência pelos semestres citados, uma vez que o os alunos do
Com relação ao nível de conhecimento
segundo semestre tiveram um contato
em relação aos objetivos da disciplina
recente com a disciplina e os alunos do
de Metodologia Científica ao ingressar
sexto período já tiveram a oportunidade
na graduação, 42 (87,5%) responderam
de colocar em prática as ferramentas
que não tinham nenhum conhecimento
metodológicas ao longo do curso.
e 6 (12,5%) responderam que tinham um nível regular de conhecimento.
Foram utilizados sessenta questionários
70
estruturados, com perguntas fechadas
Com relação ao nível de conhecimento
sobre o nível de conhecimento dos alunos
sobre os objetivos da disciplina de
UNIDADE 2
Metodologia
Científica,
2
(4,2%)
De acordo com os dados, fica evidente
responderam que não tinham nenhum
a
conhecimento, 14 (33,3%) responderam
inserção da disciplina de Metodologia
que
de
Científica na matriz curricular do ensino
conhecimento, 30 (62,3%) responderam
médio, uma vez que, promovida a sua
que tinham um nível bom de conhecimento
integração com as demais disciplinas,
e 2 (4,2%) responderam que tinham um
viabilizaria o que deveria ser o objetivo
nível excelente de conhecimento.
de todas as instituições de ensino:
tinham
um
nível
regular
necessidade
estimular
a
de
se
repensar
construção
criativa
na
de
Quanto ao nível de conhecimento das
conhecimento pelo aluno. Lima (2004)
regras, ferramentas e métodos usados
deixa bem clara essa ideia ao declarar
na produção de trabalhos científicos
que: a pedagogia de ensino fundada na
ao ingressar na graduação, 45 (93,7%)
reprodução indefinida de conhecimentos
responderam que não tinham nenhum
acumulados, que prevalece no ensino
conhecimento e 3 (6,3%) responderam
fundamental e médio, frequentemente
que
não capacita técnica, conceptual, teórica e
tinham
um
nível
regular
de
conhecimento.
metodologicamente jovens universitários para construir um pensamento crítico e
Como
consequência
desse
desco-
reflexivo mais elaborado (LIMA, (2004).
nhecimento, surge no acadêmico um sentimento de resistência em relação
Com relação ao nível de conhecimento
à maioria das atividades propostas na
das
educação superior que exijam deles um
ao ingressar na graduação, foi obtido
nível maior de comprometimento, disci-
o seguinte resultado: 44 (91,6%) não
plina, esforço e organização, justificando
tinham nenhum conhecimento e 4 (8,4%)
as dificuldades enfrentadas pelo docente
tinham um conhecimento regular sobre
ao ministrar a disciplina.
como elaborar um fichamento; 34 (70,8%)
principais
produções
científicas
não tinham nenhum conhecimento, 14 Quanto ao nível de conhecimento das
(29,2%) tinham um nível de conhecimento
regras, ferramentas e métodos usados
regular de como elaborar um resumo;
na produção de trabalhos científicos,
42
apenas
que
conhecimento e 6 (12,5%) tinham um
não tinham nenhum conhecimento, 38
nível de conhecimento regular sobre
(79,2%) responderam que têm um nível
como elaborar uma resenha; 45 (93,7%)
regular de conhecimento e 8 (16,6%)
não tinham nenhum conhecimento e 3
responderam que têm um nível bom de
(6,25%) tinham um nível de conhecimento
conhecimento.
regular sobre como elaborar um projeto
UNIDADE 2
2
(4,2%)
responderam
(87,5%)
não
tinham
nenhum
71
Metodologia Científica
de pesquisa; 46 (95,8%) não tinham
Quando questionados se a disciplina
nenhum conhecimento e 2 (4,2%) tinham
de Metodologia Científica ajudou a
um nível de conhecimento regular sobre
melhorar o nível de suas produções
como elaborar um artigo científico.
acadêmicas
ao
longo
do
semestre
foram obtidas as seguintes respostas: 2 Quanto ao nível atual de conhecimento
(4,2%) responderam que não, 38 (79,2%)
das principais produções científicas foi
responderam que sim e 8 (16,6%)
obtido o seguinte resultado: 2 (4,2%) não
responderam que em alguns casos a
tinham nenhum conhecimento, 31 (64,6%)
disciplina os ajudou a melhorar o nível de
tinham um conhecimento regular e 15
suas produções.
(31,2%) tinham um conhecimento bom de como elaborar um fichamento; 2 (4,2%)
Considerando as dificuldades enfren-
não tinham nenhum conhecimento, 31
tadas pelo jovem que ingressa no nível
(64,6%) tinham um nível de conhecimento
superior, a metodologia científica surge
regular e 15 (31,2%) tinham um nível bom
como instrumento de apoio técnico,
de conhecimento sobre como elaborar
teórico e metodológico para as produ-
um resumo; 2 (4,2%) não tinham nenhum
ções que serão desenvolvidas ao longo
conhecimento, 39 (81,2%) tinham um
do seu curso, pois dá ao aluno diretrizes e
conhecimento regular e 7 (14,6%) tinham
caminhos mais simplificados e seguros e
um conhecimento bom de como elaborar
fornece a eles os instrumentos e técnicas
uma resenha; 2 (4,2%) não tinham nenhum
operacionais mais indicados para a
conhecimento, 43 (89,6%) tinham um
produção do conhecimento.
nível de conhecimento regular e 3 (6,2%) tinham um nível bom de conhecimento sobre como elaborar um projeto de
5 Considerações finais
pesquisa; 2 (4,2%) não tinham nenhum conhecimento e 46 (95,8%) tinham um
A presença de tantas regras, detalhes,
nível de conhecimento regular sobre
indicações rígidas para digitação e
como elaborar um artigo científico. O
formatação do texto, que parecem
número ainda elevado de nível regular de
cercear a liberdade do aluno em pensar
conhecimento pode ser justificado pela
e escrever sem nenhuma exigência
carga horária de duas horas semanais
metodológica, faz com que o estudo de
da disciplina, que, sem dúvida, não é
Metodologia Científica nas instituições
suficiente para se trabalhar conceitos
de ensino superior, raramente, seja bem
teóricos e se fazer uma jornada prática
aceito pelos alunos.
intensiva de produção. A metodologia científica, objetiva mais
72
UNIDADE 2
do que levar o aluno, simplesmente,
portanto, a inserção do estudante no
a
mundo acadêmico-científico desenvol-
um
elaborar
projetos,
trabalho
a
desenvolver
monográfico
ou
um
vendo nele hábitos que o acompanharão
artigo científico como requisito final e
por toda a sua vida, como o gosto pela
conclusivo de um curso acadêmico. Ela
leitura e o espírito crítico maduro e
almeja levar o aluno a comunicar-se de
responsável. A disciplina de Metodologia
forma correta, inteligível, demonstrando
Científica ajuda os alunos na experiência
um pensamento estruturado, plausível
de sentirem-se cidadãos, livres e respon-
e convincente, através de regras que
sáveis e os auxilia a administrar suas
facilitam e estimulam à prática da leitura,
emoções, a exercitar o bom senso e a
da análise e interpretação de textos
enfrentar desafios na conquista de suas
e, consequentemente, a formação de
metas.
juízo de valor, crítica ou apreciação com argumentação válida e coerente. 6 Referências O método, quando incorporado a uma forma de trabalho ou pensamento,
BALBACHEVSKY, E. A profissão acadê-
leva o indivíduo a adquirir hábitos e
mica no Brasil: as múltiplas facetas de
posturas diante de si mesmo, do outro
nosso sistema de ensino superior. São
e do mundo, que só têm a beneficiar a
Paulo: Editora Funadesp, 1999.
sua vida tanto profissional quanto social, afetiva, econômica e cultural.
BUARQUE, C. A aventura da universidade. São Paulo: Editora da UNESP; Rio
Com base em métodos adequados e
de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
técnicas apropriadas, o estudante terá condições, a partir da conscientização
CERVO, A.; BREVIAN, P.A. A metodo-
de um problema, de buscar respostas
logia científica. São Paulo: McGraw-Hill,
ou soluções para o mesmo. A atividade
1983.
científica é, acima de tudo, o resultado de uma atitude do ser humano diante do
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar
mundo que o cerca, do qual ele mesmo
projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo:
é parte integrante, para entendê-lo,
Atlas, 2002.
reconstruí-lo
e,
consequentemente,
torná-lo inteligível.
LIMA, L. C. Cidadania e educação: adaptação ao mercado competitivo ou
As regras e passos metodológicos que
participação na democratização. São
são ensinados na universidade visam,
Paulo: Porto, 2004.
UNIDADE 2
73
Metodologia Científica
OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia
científica.
São
Paulo:
Pioneira, 1997. SEVERINO,
Antônio
Joaquim.
Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000
Para saber mais: Leia: GIL, A. C. Como elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2009.
Assista à videoaula com este conteúdo.
74
UNIDADE 2
RESUMO DA UNIDADE
Na busca pela produção de uma pesquisa de qualidade, o estudante deve passar por quatro fases. São elas: planejamento (fase de elaboração do projeto), execução (fase da elaboração das pesquisas propriamente ditas), relato (fase da redação do processo e do resultado) e submissão (fase da avaliação do trabalho pela comunidade acadêmicocientífica). Vamos nos dedicar a explicitar cada uma delas.
Figura 1: Fases do trabalho científico
PLANEJAMENTO
CONSTRUÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO
EXECUÇÃO
RELATO
SUBMISSÃO
UNIDADE 2
75
Metodologia Científica
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
1. “O que devo explicitar na justificativa de um projeto de pesquisa?” Marque a alternativa que responde à questão acima. a) A previsão do tempo que será gasto na realização do trabalho de acordo com as atividades a serem cumpridas. b) A importância do tema a ser estudado, ou justificar a necessidade imperiosa de se levar a efeito tal empreendimento. c) Toda a ação desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa ‘de forma minuciosa, detalhada e rigorosa. d) O que o pesquisador quer atingir com a realização do trabalho de pesquisa.
2. Abaixo estão listadas as fases do trabalho científico com uma ação respectiva do pesquisador. Indique qual das opções NÃO estabelece uma relação correta. a) Fase de Relatório = > o pesquisador registra textualmente a sua pesquisa. b) Fase do Projeto => o pesquisador define o problema da sua pesquisa. c) Fase de Pesquisa = > o pesquisador define seus objetivos e métodos. d) Fase de Apresentação => o pesquisador socializa o seu trabalho com a comunidade científica a que pertence.
76
UNIDADE 2
Leia o resumo homotópico a seguir e responda às questões 3 e 4: FORMAÇÃO DE GESTORES ESCOLARES: A ATUALIDADE DE JOSÉ QUERINO RIBEIRO - Vitor Henrique Paro
RESUMO A pretexto da comemoração dos cem anos de nascimento de José Querino Ribeiro, procura-se recuperar pontos relevantes da obra desse importantíssimo autor dos estudos sobre administração escolar, no Brasil, incidindo sobre suposto paradoxo aí presente e destacando duas alternativas para a formação de dirigentes escolares: uma formação “técnica” específica, calcada nos princípios e métodos da empresa capitalista, com apelo “gerencial” e privilegiando as formas de controle do trabalho alheio, ou uma formação fundamentada no pedagógico e nas potencialidades da educação como prática democrática. Fonte: Educ. Soc. 30(107): 453-467, ND. 2009 Aug.
3. Pelas informações nele colhidas, é possível deduzir que se trata de uma proposta: a) para elaboração de artigo original, haja vista que o autor pretende responder a uma pergunta científica; b) para artigo original, considerando que o autor destacou duas alternativas para a formação de dirigentes escolares; c) para artigo de revisão, pois o autor analisa uma temática com base em referência bibliográfica; d) para artigo de revisão, pelo fato de o autor rever uma problemática.
UNIDADE 2
77
Metodologia Científica
4. Utilizando o mesmo resumo, marque dentre as opções abaixo aquela que NÃO encontra respaldo no texto. a) A justificativa para a pesquisa foi a comemoração dos cem anos de nascimento de José Querino Ribeiro. b) O tema da pesquisa é administração escolar. c) A delimitação do tema pode ser expresa na frase: “Uma abordagem sobre administração escolar, no Brasil, sob a perspectiva dos estudos de José Querino Ribeiro”. d) A hipótese se baseia em duas alternativas para a formação de dirigentes escolares: a técnica e a gerencial.
78
UNIDADE 2
5. Veja abaixo os tipos de pesquisa abordados quanto aos fins e relacione-os com suas respectivas definições. 1 - Pesquisa Exploratória 2 - Pesquisa Descritiva 3 - Pesquisa Explicativa 4 - Pesquisa Metodológica 5 - Pesquisa Aplicada 6 - Pesquisa Intervencionista ( ) Diante de um problema, o pesquisador tem a possibilidade e o compromisso de intervir na realidade para resolução desse. ( ) É, na maioria das vezes, realizada sobre um problema de pesquisa que geralmente tem pouco estudo anterior a seu respeito. ( ) Trabalha com a caracterização de fenômenos, instituições, sujeitos, pois o seu objetivo é fazer a exposição desses. ( ) Trata-se de uma pesquisa prática que utiliza meio experimental. ( ) Tem o intuito de explicar, esclarecer, justificar um fenômeno. (
) Objetiva apresentar caminhos, formas de fazer ou proceder em determinada
situação. A ordem da resposta correta é: a) 5 – 1 – 2 – 6 – 3 – 4;
c) 5 – 1 – 2– 6– 4 – 3;
b) 6 – 1 – 2 – 5 – 3 – 4;
d) 6 – 1 – 2 – 5 – 4 – 3.
UNIDADE 2
79
Metodologia Científica
6. As opções abaixo relacionam um objetivo de pesquisa a um instrumento de coleta de dados. Assinale a opção em que a relação NÃO funcionará. a) Objetivo do pesquisador: verificar a efetividade da Tectonologia da Informação aplicada ao transporte rodoviário de cargas. Instrumento de coleta: estudo de caso a uma empresa do ramo que utiliza a Tecnologia da Informação. b) Objetivo do pesquisador: analisar como o aluno de EAD da Faculdade X procede na realização da leitura de hipertexto no portal do seu curso. Instrumento de coleta: questionário semiestruturado a alunos de EAD. c) Objetivo do pesquisador: levantar causas, consequências, custos e benefícios da adoção de um programa de socialização de novos funcionários para as organizações. Instrumento de coleta: entrevista a administradores de RH. d) Objetivo do pesquisador: verificar a expansão de instituições de ensino superior em Minas Gerais. Instrumento de coleta: entrevista a pais de alunos do Ensino Superior.
80
UNIDADE 2
Leia o texto a seguir, um clássico no estudo de Metodologia Científica: INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA: INVENÇÃO E VERIFICAÇÃO - UM CASO HISTÓRICO COMO EXEMPLO Como simples ilustração de alguns aspectos importantes da investigação científica, vamos considerar o trabalho sobre a febre puerperal4, realizado pelo médico húngaro Iguaz Semmelweis, no Hospital Geral de Viena, de 1844 a 1848. Grande número de mulheres internadas no Primeiro Serviço da Maternidade do Hospital contraía, após o parto, uma doença séria e, muitas vezes, fatal, conhecida como febre puerperal. Em 1844, das 3.157 mães hospitalizadas nesse Serviço, 260 (ou seja, 8,2%) morreram da doença; em 1845, a percentagem era de 6,8%; e em 1846, de 11,4%. Essas cifras se tornavam ainda mais alarmantes quando confrontadas com as dos casos de morte pela doença no Segundo Serviço de Maternidade do mesmo hospital, que abrigava quase tantas mulheres como o primeiro: 2,3, 2 e 2,7% para os mesmos anos. Atormentado pelo terrível problema, Semmelweis esforçou-se por resolvê-lo, seguindo um caminho que ele mesmo veio a descrever mais tarde em livro que escreveu sobre a causa e a prevenção da febre puerperal. Começou considerando várias explicações então em voga; algumas, ele rejeitou logo por serem incompatíveis com fatos bem estabelecidos; outras, passou a submeter a verificações específicas. Uma ideia amplamente aceita na época atribuía as devastações da febre puerperal a “influências epidêmicas”, vagamente descritas como mudanças “cósmico-telúrico-atmosféricas”, espalhando-se sobre bairros inteiros e causando a febre nas mulheres internadas. Mas, raciocina Semmelweis, como poderiam tais influências afetar o Primeiro Serviço durante anos e poupar o Segundo? E como poderia reconciliar-se essa ideia com o fato de estar a febre grassando no hospital, sem que praticamente ocorresse outro caso na cidade de Viena ou em seus arredores? Uma epidemia genuína, como o é a cólera, não poderia ser tão seletiva. Finalmente, Semmelweis nota que algumas das mulheres admitidas no Primeiro Serviço, residindo longe do hospital, vencidas pelo trabalho de parto ainda em caminho, tinham dado à luz em plena rua; pois, a despeito dessas condições desfavoráveis, a taxa de morte por febre puerperal entre esses casos 4 A narrativa do trabalho de Semmelweis e das dificuldades por ele encontradas constitui uma página fascinante da história da Medicina.
UNIDADE 2
81
Metodologia Científica
de “parto de rua” era menor que a média do Primeiro Serviço. Segundo outra opinião, a causa da mortalidade do primeiro Serviço era o excesso de gente. Mas Semmelweis observa que esse excesso era ainda maior no Segundo Serviço, o que em parte se explicava como resultado dos esforços desesperados das pacientes para evitar o Primeiro Serviço já mal afamado. Ele rejeita também duas conjeturas semelhantes então correntes, observando que não havia diferença entre os dois Serviços quanto à dieta e o cuidado geral com as pacientes. Em 1846, uma comissão nomeada para investigar o assunto atribuía a predominância da doença no Primeiro Serviço a danos causados pelo exame grosseiro feito pelos estudantes de Medicina, que recebiam seu treino em obstetrícia apenas no Primeiro Serviço. Semmelweis observa, refutando essa opinião, que: a) os danos resultantes naturalmente do processo de parto são muito mais extensos que os que poderiam ser causados por um exame grosseiro; b) as parteiras recebiam seu treino no Segundo Serviço, examinavam suas pacientes quase do mesmo modo, mas sem os mesmos efeitos nocivos; c) quando, em consequência do relatório da comissão, o número dos estudantes de Medicina ficou diminuído à metade e os exames das mulheres foram reduzidos ao mínimo, a mortalidade, depois de breve declínio, elevou-se a níveis ainda mais altos do que antes. Várias explicações psicológicas tinham sido tentadas. Uma delas lembrava que o Primeiro Serviço estava disposto de tal modo que um padre, levando o último sacramento a uma moribunda, tinha que passar por cinco enfermarias antes de alcançar o quarto da doente: o aparecimento do padre, precedido por um auxiliar soando uma campainha, produzia um efeito aterrador e debilitante nas pacientes dessas enfermarias e as transformavam em vítimas prováveis da febre. No Segundo Serviço não havia esse fator prejudicial porque o padre tinha acesso direto ao quarto da doente. Para verificar esta conjetura, Semmelweis convenceu ao padre de tomar outro caminho e de não soar a campainha, chegando ao quarto da doente silenciosamente e sem ser observado. Mas a mortalidade no Primeiro Serviço não diminuiu. Observaram, ainda, a Semmelweis, que no Primeiro Serviço as mulheres no parto ficavam deitadas de costas e no Segundo, de lado. Mesmo achando a ideia inverossímil, decidiu, “como um náufrago se agarra a uma palha”, verificar se a diferença de posição era significante. Introduzindo o uso da posição lateral no Primeiro Serviço, a mortalidade não se alterou.
82
UNIDADE 2
Finalmente, no começo de 1847, um acidente deu a Semmelweis a chave decisiva para a solução do problema. Um seu colega, Kolletschka, feriu-se no dedo com o bisturi de um estudante que realizava uma autópsia e morreu depois de uma agonia em que se revelaram os mesmos sintomas observados nas vítimas da febre puerperal. Apesar de nessa época não estar ainda reconhecido o papel desempenhado nas infecções pelos microrganismos, Semmelweis compreendeu que “a matéria cadavérica”, introduzida na corrente sanguínea de Kolletschka pelo bisturi, é que causara a doença fatal do seu colega. As semelhanças entre o curso da doença de Kolletschka e a das mulheres em sua clínica levaram Semmelweis à conclusão de que suas pacientes morreram da mesma espécie de envenenamento do sangue: ele, seus colegas e os estudantes tinham sido os veículos do material infeccioso, pois vinham às enfermarias logo após realizarem dissecações na sala de autópsia e examinavam as mulheres em trabalho de parto depois de lavarem as mãos apenas superficialmente, muitas vezes retendo o cheiro nauseante. Novamente, Semmelweis submeteu sua ideia a um teste. Raciocinou que, se estivesse certo, então a febre puerperal poderia ser prevenida pela destruição química do material infeccioso aderido às mãos. Ordenou então que todos os estudantes lavassem suas mãos numa solução de cal clorada antes de procederem a qualquer exame. A mortalidade pela febre logo começou a decrescer, caindo em 1848 a 1,27% no Primeiro Serviço, enquanto que no Segundo era de 1,33. Justificando ainda mais sua ideia ou sua hipótese, Semmelweis observou que ela explicava o fato de ser a mortalidade do Segundo Serviço mais baixa: lá as pacientes eram socorridas por parteiras, cujo treino não incluía instrução anatômica por dissecação de cadáveres. E a hipótese também explicava a menor mortalidade entre os casos de “partos de rua”: as mulheres que já chegavam trazendo seus bebês ao colo raramente eram examinadas após a admissão e tinham assim melhor sorte de escapar à infecção. Finalmente, a hipótese explicava o fato de só serem vítimas de febre os recém-nascidos cujas mães tinham contraído a doença durante o trabalho de parto, pois então a infecção podia ser transmitida à criança antes do nascimento, através da corrente sanguínea comum à mãe e ao filho, o que era impossível quando a mãe permanecia sadia.
UNIDADE 2
83
Metodologia Científica
Ulteriores experiências clínicas levaram Semmelweis em pouco tempo a alargar sua hipótese. Numa ocasião, por exemplo, ele e seus colaboradores, após desinfetarem cuidadosamente as mãos, examinaram primeiro uma mulher em trabalho de parto que sofria de câncer cervical purulento; passaram em seguida a examinar doze outras mulheres na mesma sala, limitando-se a lavar as mãos sem repetir a desinfecção. Onze das doze pacientes morreram de febre puerperal. Semmelweis concluiu que essa febre podia ser causada não somente por material cadavérico, mas também por “matéria pútrida retirada de um organismo vivo”. Extraído de: Filosofia da Ciência Natural. Carl G. Hempel.
7. A pesquisa de Semmelweis adotou uma abordagem: a) qualitativa, já que as análises feitas por ele consideravam variáveis de observação visuais; b) quantitativa, pois as análises feitas por ele levantavam índices/informações numéricas; c) qualiquantitativa, porque, em suas análises, o médico fazia análises comparativas considerando as variáveis observadas e os índices a que se referiam; d) iniciou como qualitativa e concluiu como quantitativa.
8. Para geração dos dados do estudo, Semmelweis utilizou principalmente? a) O questionário semiestruturado. b) A análise do discurso. c) A análise de conteúdo. d) A observação sistemática.
84
UNIDADE 2
A Fábula dos Porcos Assados Certa vez, aconteceu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos, que foram assados pelo fogo. Os homens, acostumados a comer carne crua, experimentaram e acharam deliciosa a carne assada. A partir daí, toda vez que queriam comer porco assado, incendiavam um bosque... até que descobriram um novo método. Mas o que quero contar é o que aconteceu quando tentaram mudar o SISTEMA para implantar um novo. Fazia tempo que as coisas não iam lá muito bem. Às vezes, os animais ficavam queimados demais ou parcialmente crus. O processo preocupava muito a todos porque, se o sistema falhava, as perdas ocasionadas eram muito grandes – milhões eram os que se alimentavam de carne assada e também milhões os que se ocupavam com a tarefa de assá-la. Portanto, o sistema simplesmente não podia falhar. Mas, curiosamente, quanto mais crescia a escala do processo, tanto mais parecia falhar e tanto maiores eram as perdas causadas. Em razão das inúmeras deficiências, aumentavam as queixas. Já era um clamor geral a necessidade de reformar profundamente o sistema. Congressos, seminários, conferências passaram a ser realizados anualmente, para buscar uma solução. Mas parece que não acertavam o melhoramento do mecanismo. Assim, no ano seguinte, repetiam-se os congressos, seminários, conferências. As causas do fracasso do sistema, segundo os especialistas, eram atribuídas à indisciplina dos porcos, que não permaneciam onde deveriam, ou à inconstante natureza do fogo, tão difícil de controlar, ou ainda às árvores, excessivamente verdes, ou à umidade da terra, ou ao serviço de informações meteorológicas, que não acertava o lugar, o momento e a quantidade das chuvas... As causas eram, como se vê, difíceis de determinar – na verdade, o sistema para assar porcos era muito complexo. Fora montada uma grande estrutura: maquinário diversificado; indivíduos dedicados exclusivamente a acender o fogo - incendiadores que eram também especializados (incendiadores da Zona Norte, da Zona Oeste etc.; incendiadores noturnos e diurnos – com especialização em matutino e vespertino – incendiador de verão, de inverno etc.). Havia especialista também em ventos – os anemotécnicos. Havia um Diretor Geral de Assamento e Alimentação Assada, um Diretor de Técnicas Ígneas (com seu Conselho Geral de Assessores), um Administrador Geral de Reflorestamento, uma Comissão de Treinamento Profissional em Porcologia, um Instituto Superior de Cultura e Técnicas Alimentícias (ISCUTA) e o Bureau Orientador
UNIDADE 2
85
Metodologia Científica
de Reforma Igneooperativas. Havia sido projetada e encontrava-se em plena atividade a formação de bosques e selvas, de acordo com as mais recentes técnicas de implantação – utilizando-se regiões de baixa umidade e onde os ventos não soprariam mais que três horas seguidas. Eram milhões de pessoas trabalhando na preparação dos bosques, que logo seriam incendiados. Havia especialistas estrangeiros estudando a importação das melhores árvores e sementes, fogo mais potente etc. Havia grandes instalações para manter os porcos antes do incêndio, além de mecanismos para deixá-los sair apenas no momento oportuno. Foram formados professores especializados na construção dessas instalações. Pesquisadores trabalhavam para as universidades, para que os professores fossem especializados na construção das instalações para porcos; fundações apoiavam os pesquisadores que trabalhavam para as universidades que preparavam os professores especializados na construção das instalações para porcos etc. As soluções que os congressos sugeriam eram, por exemplo, aplicar triangularmente o fogo depois de atingida determinada velocidade do vento; soltar os porcos 15 minutos antes que o incêndio médio da floresta atingisse 47 graus; posicionar ventiladoresgigantes em direção oposta à do vento, de forma a direcionar o fogo etc. Não é preciso dizer que os poucos especialistas não estavam de acordo entre si e que cada um embasava suas ideias em dados e pesquisas específicos. Um dia, um incendiador categoria AB/SODM-VCH (ou seja, um acendedor de bosques, especializado em sudoeste diurno, matutino, com bacharelado em verão chuvoso), chamado João Bom-Senso, resolveu dizer que o problema era muito fácil de ser resolvido. Bastava, primeiramente, matar o porco escolhido, limpando e cortando adequadamente o animal, colocando-o, então, sobre uma armação metálica sobre brasas, até que o efeito do calor - e não as chamas - assasse a carne. Tendo sido informado sobre as ideias do funcionário, o Diretor Geral de Assamento mandou chamá-lo ao seu gabinete e, depois de ouvi-lo pacientemente, disse-lhe:
– Tudo o que o senhor disse está muito bem, mas não funciona na prática. O
que o senhor faria, por exemplo, com os anemotécnicos, caso viéssemos a aplicar a
86
UNIDADE 2
sua teoria? Onde seria empregado todo o conhecimento dos acendedores de diversas especialidades?
– Não sei – disse João.
– E os especialistas em sementes? Em árvores importadas? E os desenhistas de
instalações para porcos, com suas máquinas purificadoras automáticas de ar?
– Não sei.
– E os anemotécnicos, que levaram anos especializando-se no exterior, e cuja
formação custou tanto dinheiro ao país? Vou mandá-los limpar porquinhos? E os conferencistas e estudiosos, que ano após ano têm trabalhado no Programa de Reforma e Melhoramentos? Que faço com eles, se a sua solução resolver tudo? Heim?
– Não sei – repetiu João, encabulado.
– O senhor percebe agora que a sua ideia não vem ao encontro daquilo de que
necessitamos? O senhor não vê que, se tudo fosse tão simples, nossos especialistas já teriam encontrado a solução há muito tempo? O senhor, com certeza, compreende que eu não posso simplesmente convocar os anemotécnicos e dizer-lhes que tudo se resume a utilizar brasinhas, sem chamas! O que o senhor espera que eu faça com os quilômetros e quilômetros de bosques já preparados, cujas árvores não dão frutos e nem têm folhas para dar sombra? Vamos, diga-me.
– Não sei não, senhor.
– Diga-me, nossos três engenheiros em Porcopirotecnia, o senhor não considera
que sejam personalidades científicas do mais extraordinário valor?
– Sim, parece que sim.
– Pois, então. O simples fato de possuirmos valiosos engenheiros em
Porcopirotecnia indica que nosso sistema é muito bom. O que eu faria com indivíduos tão importantes para o país?
– Não sei.
UNIDADE 2
87
Metodologia Científica
– Viu? O senhor tem que trazer soluções para certos problemas específicos –
por exemplo, como melhorar as anemotécnicas atualmente utilizadas, como obter mais rapidamente acendedores de Oeste (nossa maior carência), como construir instalações para porcos com mais de sete andares. Temos que melhorar o sistema, e não transformá-lo radicalmente, o senhor, entende? Ao senhor, falta-lhe sensatez!
– Realmente, eu estou perplexo! – respondeu João.
– Bem, agora que o senhor conhece as dimensões do problema, não saia dizendo
por aí que pode resolver tudo. O problema é bem mais sério e complexo do que o senhor imagina. Agora, entre nós, devo recomendar-lhe que não insista nessa sua ideia. Isso poderia trazer problemas para o senhor no seu cargo. Não por mim, o senhor entende? Eu falo isso para o seu próprio bem, porque eu o compreendo, entendo perfeitamente o seu posicionamento, mas o senhor sabe que pode encontrar outro superior menos compreensivo, não é mesmo? João Bom-Senso, coitado, não falou mais um “A”. Sem despedir-se, meio atordoado, meio assustado com a sua sensação de estar caminhando de cabeça para baixo, saiu de fininho e ninguém nunca mais o viu. Por isso é que até hoje se diz, quando há reuniões de Reforma e Melhoramentos, que falta o Bom-Senso.
88
UNIDADE 2
9. Com base no texto em foco, o problema que origina o texto é: a) de tipo de pesquisa, pois não foram aplicados todos os instrumentos necessários à investigação; b) de sistema, já que os profissionais não analisam o fenômeno como um todo, mas as partes isoladamente; c) de método, uma vez que o assamento dos porcos não segue o padrão proposto pelos pesquisadores; d) de referência teórica, pois não houve fundamentação científica por parte dos engenheiros em Porcologia;
10. Ao responder a João Bom-Senso, o Diretor Geral de Assamentos apresentou alguns argumentos que, mesmo mudando o foco do problema, calaram João Bom-Senso. O Diretor apresentou como problema: a) o sistema, pois não via como redistribuir os profissionais em novas áreas de atuação; b) o método, pois contestou veementemente a funcionalidade da proposta feita por João Bom-Senso; c) a referência teórica, já que a prática até então desenvolvida era muito bem articulada teoricamente; d) o tipo de pesquisa, pois não lhe foi apresentado nenhum levantamento de dados; e) os instrumentos de pesquisa, pois os apresentados por João Bom-Senso não trariam o resultado anunciado por ele.
UNIDADE 2
89
UNIDADE III Confeccionando o trabalho cientĂfico
UNIDADE 3
91
MÓDULO 01
Segunda fase do trabalho: a pesquisa
ou dedutivo. A indução ocorre quando o pesquisador parte de estudos específicos, individuais, parciais, a fim de chegar a uma generalização. A dedução é o raciocínio oposto: ele parte de uma
Tipos e Procedimentos
generalização para verificar um caso, um aspecto ou um problema particular.
Este é o momento do trabalho em que o pesquisador deve deixar claro aos
Exemplo de indução: quando deter-
leitores qual o caminho percorrido para
minada empresa deseja sistematizar
o desenvolvimento da sua pesquisa. Para
um processo que é realizado por várias
realizar a pesquisa, que, de fato, envolve
pessoas e segmentos. O procedimento,
tipos e procedimentos diferentes, é
então, é verificar os diferentes modos
necessário caracterizá-la quanto aos fins,
como esse processo é realizado dentro
aos meios, à abordagem, baseando-se
da organização e fora dela, testar situa-
em alguns critérios fundamentais que irão
ções, até chegar a uma sistematização
conduzir todo o processo de investigação
que atenda a todos.
científica, bem como definir o universo, a Exemplo de dedução: é o caso de um
amostra e os sujeitos da pesquisa.
auditor quando vai vistoriar uma empresa. Tais fundamentos são descritos por
Ele já possui as regras, portanto, o seu
Gil (2006), Marconi e Lakatos (2002),
procedimento é verificar se o caso
Vergara (2005) e Brasileiro (2013), os
específico daquela empresa segue as tais
quais também alertam para os aspectos
regras estabelecidas.
éticos que envolvem os procedimentos metodológicos. São essas informações Identificando os fins da pesquisa
que estão destacadas neste capítulo.
Podemos identificar uma pesquisa como: Definindo o Raciocínio Lógico
exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada e intervencionista.
Basicamente,
o
raciocínio
em
um
trabalho de pesquisa pode ser indutivo
UNIDADE 3
Pesquisa exploratória – realizada onde
93
Metodologia Científica
há do
pouco
conhecimento
assunto
comunidade
proposto, científica
acumulado
bibliográfica, pesquisa de campo, de
tanto
pela
laboratório, documental, experimental,
quanto
pelo
pesquisa-ação, estudo de caso e outros.
próprio pesquisador. Pesquisa bibliográfica – estudo desenPesquisa descritiva – é considerada uma
volvido com base no levantamento de
pesquisa de exposição de um fenômeno
todo material publicado de um determi-
ou uma determinada população. Não
nado assunto em livros, revistas, jornais,
tem a pretensão de explicar, mas sim de
redes eletrônicas. Seu objetivo é servir de
descrever os acontecimentos.
instrumento para outras pesquisas, mas também pode esgotar-se em si mesma.
Pesquisa explicativa – tem como objetivo
Além de ser o primeiro passo de toda
explicar a ocorrência de um fenômeno,
e qualquer pesquisa ela também pode
esclarecer e justificar os fatores que
representar a própria pesquisa.
interferem em seu resultado. Pesquisa de campo – é uma investigação Pesquisa
metodológica
estuda
realizada in loco. Através de aplicação
captação
de questionários, entrevistas, testes,
e manipulação da realidade para a
observações na tentativa de explicar um
construção de uma espécie de manual
fenômeno ocorrido. Objetivo: coleta de
de procedimentos.
dados.
Pesquisa aplicada – tem como finalidade
Pesquisa de laboratório – são simu-
prática a proposta de resolução de um
lações, testes, experimentos para se
problema concreto já existente.
chegar a possíveis respostas para um
os
caminhos,
formas
de
–
problema em questão. Pesquisa intervencionista – tem como objetivo interpor e interferir na realidade
Pesquisa documental – é um estudo
estudada com intuito de modificá-la.
realizado em documentos armazenados
Caracteriza-se pelo compromisso em
em órgãos públicos com informações,
resolver um problema identificado.
fotos, registros, anais, circulares, balancetes etc., de cunho histórico. Tem como objetivo um levantamento histórico de
94
Estabelecendo os meios de investigação da pesquisa
um dado assunto, de uma pessoa impor-
Podemos identificar uma pesquisa como:
Pesquisa experimental – são simulações,
tante etc.
UNIDADE 3
testes,
experimentos
em
que
se
da pesquisa estão envolvidos de modo
manipulam e testam possíveis respostas
cooperativo ou participativo. Implica no
para uma questão já referenciada em
contato direto com o campo de estudo,
pesquisa de laboratório.
envolvendo o reconhecimento físico do local, a consulta a documentos diversos
Estudo de caso – É um estudo profundo
e
e detalhado de um determinado caso
das categorias sociais envolvidas na
que exemplifique o assunto abordado.
pesquisa. Assim, delimita-se universo
Pode ser ou não realizado no campo;
da pesquisa e recomenda-se a seleção
a
discussão
com
representantes
de uma amostra mais qualitativa do que Levantamento (survey) – é um tipo
quantitativa (GIL, 2006). Esse meio de
de pesquisa de campo baseado em
pesquisa conjuga com a finalidade da
pesquisas
pesquisa intervencionista;
quantitativas
(BABBIE,
1999). Nela, o pesquisador interroga diretamente os sujeitos identificados
Pesquisa
na pesquisa e, a partir dos dados
que
ocorre
coletados
do
investigador
estatisticamente,
procede
participante quando
– há
com
pesquisa integração
a
situação
à análise quantitativa, para chegar a
investigada, fazendo, de algum modo,
generalizações;
parte do grupo. A intenção é adquirir conhecimentos
geográficos,
sociais,
Pesquisa ex-post facto – significa “a
culturais,
partir do fato passado”. É o tipo de
educacionais, linguísticos, interacionais
pesquisa proposta quando o fenômeno
etc. do universo estudado. A vantagem
em estudo já ocorreu sem a interferência
desse tipo de pesquisa é que ele
do pesquisador, cabendo a ele verificar
permite a observação das ações em
o processo ocorrido, sem, contudo,
profundidade, no próprio momento em
ter controle sobre as variáveis (GIL,
que ocorrem (DENCKER, 2000). E uma
2006). Um exemplo dessa pesquisa
barreira é a dificuldade de o pesquisador
seria a observação do processo de
trabalhar com neutralidade, devido a seu
desertificação ocorrido em uma região,
alto grau de envolvimento com o objeto
após um desastre ambiental;
e os sujeitos da pesquisa;
Pesquisa-ação – é uma pesquisa que
Pesquisa etnográfica – originada das
demanda a intervenção do pesquisador
pesquisas em ciências sociais, a pesquisa
em uma realidade social, buscando a
etnográfica baseia-se na inserção do
resolução de um problema coletivo.
pesquisador no ambiente pesquisado,
Nela, os pesquisadores e os sujeitos
permanecendo nele o tempo suficiente
UNIDADE 3
demográficos,
econômicos,
95
Metodologia Científica
para
conhecer
os
sujeitos
com
profundidade, seus costumes, problemas, cultura etc. Conhecendo-o, tem melhor condição de entender o dado observado. Minayo
e
Gomes
(2010)
destacam
cinco características de uma pesquisa etnográfica: é histórica, possui consciência histórica por parte dos sujeitos; existe uma identidade entre sujeito e objeto; é intrínseca e extrinsecamente ideológica; é essencialmente qualitativa.
Para saber mais: Leia: LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2001.
96
UNIDADE 3
MÓDULO 02
A abordagem adequada à pesquisa
Entrevista não dirigida – é feita com perguntas abertas e parte do princípio de que o informante é capaz de se exprimir com clareza. O entrevistador deve se
Definir a abordagem da pesquisa é dizer
manter apenas escutando, anotando e
se o olhar do pesquisador sobre os dados
interagindo com breves perguntas.
será de ordem quantitativa, qualitativa ou qualiquantitativa.
Análise de conteúdo – tem como objetivo analisar o documento. Pode ser feita uma classificação do texto, uma análise
A Pesquisa Qualitativa
semiótica ou uma análise informacional. Ex.: análise de um software educacional.
É o tipo de pesquisa que trabalha com dois tipos de dados:
Estudo de caso – parte de uma lógica dedutiva em que o caso é tomado como
verbais – coletados em entrevistas,
unidade significativa do todo. É usado
narrativas ou documentos;
como ferramenta de pesquisas descritivas, para a compreensão de determinada
visuais – colhidos através da observação.
situação, para a interpretação de fatos etc.
Esse
instrumento
consiste
em
verificar uma situação real sobre um Instrumentos de pesquisa utilizados na abordagem qualitativa
indivíduo, grupo, empresa, comunidade, no intuito de se realizar uma análise ou propostas de alternativas de solução
Observação participante – é obtida por
para o problema em foco.
meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado. Procura
Grupo de foco (ou focus group) – trata-se
compreender o sentido que os atores
de um conjunto restrito de pessoas
atribuem aos fatos. É quando, por
que possuem conhecimentos e papéis
exemplo, um enfermeiro passa a ser
inerentes ao tema a ser pesquisado e que
pesquisador da sua própria prática
se propõem a participar de uma discussão
cotidiana.
sobre tal assunto. O pesquisador conduz a reunião, tendo como guia um roteiro
UNIDADE 3
97
Metodologia Científica
de questões. Normalmente, o encontro
trabalho científico.
é gravado. A Pesquisa Qualiquantitativa A Pesquisa Quantitativa Ocorre quando o pesquisador utiliza Os dados são expressos através de
tanto
medidas numéricas. Para Marconi e
quantitativos. Para isso, ele pode usar de
Lakatos (2002), as descobertas devem
questionários, relatórios etc.
ser
analisadas
cuidadosamente,
dados
qualitativos
quanto
não
cabendo juízo de valor, mas deixando que os números levem à solução de respostas reais.
Instrumentos de pesquisa utilizados na abordagem qualiquantitativa
Questionário Os instrumentos de pesquisa utilizados na abordagem quantitativa
semiestruturado
–
diferencia-se do questionário estruturado por apresentar questões fechadas mescladas com abertas. O uso de
Observação sistemática – nessa técnica,
questionário requer algumas condições:
o observador, munido de uma listagem de
o pesquisador deve saber exatamente o
comportamentos, registra a ocorrência
que procura, o objetivo de cada questão;
dos mesmos durante um período de
o informante deve compreender perfei-
tempo. É aconselhável que o observador
tamente as questões, portanto, cuidado
mantenha-se imperceptível. Para evitar
com o repertório do informante; o ques-
interferências,
tionário deve seguir uma estrutura lógica,
é
comum
se
utilizar
câmeras na observação sistemática.
deve ser progressivo (do mais simples ao mais complexo), conter uma questão por
Questionário estruturado ou entrevista
vez e ter linguagem clara.
dirigida – é um método diferente do questionário, em que o informante apenas
Antes de aplicar um instrumento de
escolhe uma entre várias possibilidades
pesquisa, especialmente, um questio-
de respostas.
nário, é sempre aconselhável testá-lo para verificar se não é necessário fazer
Obs.: um trabalho acadêmico pode
alterações nas questões. É o chamado
comportar mais de um tipo de pesquisa,
pré-teste.
basta o pesquisador identificar e destacar o tipo de pesquisa que irá direcionar seu
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UNIDADE 3
Tabela 3: Síntese de procedimentos metodológicos
Procedimento
Tipos de pesquisa
Raciocínio lógico
Indutivo e dedutivo
Finalidades
Exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada e intervencionista.
Meios de investigação
Bibliográfico, campo, laboratório, documental, experimental, ação, estudo de caso, participante, ex-post facto, levantamento e etnográfica.
Abordagem
Qualitativa, quantitativa e qualiquantitativa.
Instrumentos de pesquisa
Qualitativos: roteiro de observação participante, entrevista não-dirigida e semiestruturada, análise de conteúdo, estudo de caso, grupo de foco, análise do discurso e formulário. Quantitativos: observação sistemática, questionário estruturado, entrevista dirigida. Qualiquantitativo: entrevista semiestruturada.
Amostras
Probabilísticas: aleatória simples, estratificada e por conglomerados. Não-probabilística: acessibilidade e tipicidade.
Identificando o universo, a amostra e os sujeitos da pesquisa
A. Amostra probabilística: baseada em procedimentos estatísticos.
Além dos já apresentados, outros proce-
Destacam-se:
dimentos metodológicos devem ser esclarecidos pelo pesquisador. Dentre
Aleatória simples: atribui-se a cada
eles, destacamos o universo, a amostra e
elemento da população um número e
os sujeitos da pesquisa.
depois faz-se a seleção aleatoriamente, casualmente.
O universo é a definição do conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas,
Estratificada: seleciona uma amostra de
público etc.) que serão objeto de estudo.
cada grupo da população, por exemplo,
É a população sujeita à investigação.
em termos de sexo, idade, profissão e outras variáveis.
A amostra de estudo é a parte que representa o universo (todo o conjunto a ser
Por conglomerados: seleciona conglo-
evidenciado). Segundo Vergara (2005),
merados,
há dois tipos de amostras: a probabilís-
empresas, edifícios, famílias, quarteirões,
tica e a não-probabilística.
universidades e outros elementos.
UNIDADE 3
entendidos
esses
como
99
Metodologia Científica
B. Amostra
não-probabilística:
baseada em procedimentos subjetivos, qualitativos. É escolhida por: Acessibilidade: longe de qualquer procedimento estatístico, seleciona elementos pela facilidade de acesso a eles; Tipicidade: constituída pela seleção de elementos que o pesquisador considere representativos da população-alvo, o que requer profundo conhecimento dessa
se referindo às atitudes de bom senso do pesquisador, as quais devem: • trazer um mínimo de contribuição à comunidade; • resguardar os seres (humanos ou não) e a instituição; • prezar pelos direitos autorais; • apresentar informações fidedignas;
população.
• analisar os riscos e benefícios;
Os sujeitos são as pessoas que forne-
• submeter-se ao comitê de ética e
cerão os dados, as informações de que
pesquisa;
se necessita. Às vezes, confundem-se com “universo e amostra”, quando estes também são pessoas.
• providenciar documentação legal (termos de consentimento), quando necessário.
Outro aspecto a se considerar seriamente é o tratamento ético destinado à pesquisa,
Concluímos, aqui, a segunda fase do
aos sujeitos e aos dados. O pesquisador
trabalho de pesquisa acadêmico-cientí-
não pode fugir ao compromisso ético com
fica. A seguir, passaremos à terceira fase
o leitor e com a comunidade científica,
do processo, destinada a esclarecer os
disso depende a confiança na integridade
procedimentos de redação do texto: o
da pesquisa. Quando se fala em ética, está
artigo científico.
Assista à videoaula com este conteúdo.
100
UNIDADE 3
MÓDULO 3
Terceira fase do trabalho: o relato A composição estrutural dos trabalhos acadêmicos A estrutura de trabalhos acadêmicos compreende: parte externa e parte interna. Parte Externa
Elementos
Uso
Capa
Obrigatório
Lombada
Opcional
Pré-Textuais
Interna
Textuais
Pós-Textuais
Folha de rosto
Obrigatório
Errata
Opcional
Folha de aprovação
Obrigatório
Dedicatória
Opcional
Agradecimentos
Opcional
Epígrafe
Opcional
Resumo na língua vernácula
Obrigatório
Resumo em língua estrangeira
Obrigatório
Lista de ilustrações
Obrigatório, se houver ilustrações
Lista de tabelas
Obrigatório, se houver tabelas
Lista de abreviaturas e siglas
Obrigatório, se houver abreviaturas e siglas
Lista de símbolos
Obrigatório, se houver símbolos
Sumário
Obrigatório
Introdução
Obrigatório
Desenvolvimento
Obrigatório
Considerações finais
Obrigatório
Referências
Obrigatório
Glossário
Opcional
Apêndice
Opcional
Anexo
Opcional
Índice
Opcional
Tabela 4: Esquema de um trabalho acadêmico Fonte: ABNT/NBR 14724, 2011 UNIDADE 3
101
Metodologia Científica
A parte externa É composta pela capa (elemento obri-
NOME DA INSTITUIÇÃO
gatório) e pela lombada (elemento
NOME DO AUTOR
opcional) e registrados conforme abaixo.
Capa
TÍTULO: subtítulo (se houver)
As informações são apresentadas em fonte 12, na seguinte ordem: A. nome da instituição (opcional); B. nome do autor; Local Ano
C. título: deve ser claro e preciso, identificando o seu conteúdo e possibilitando a indexação e recuperação da informação;
Figura 2: Modelo de capa
NOTA - no caso de cidades homônimas, recomenda-se o acréscimo da sigla da
D. subtítulo: se houver, deve ser
unidade da federação.
precedido de dois pontos, evidenciando a sua subordinação ao título; E. número do volume: se houver mais de um, deve constar em cada
Lombada Apresentada conforme a ABNT NBR 12225, de 2004.
capa a especificação do respectivo volume;
O nome do autor é impresso no mesmo sentido da lombada. Se houver mais de
F. local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado;
um autor, os nomes devem ser impressos um abaixo do outro nas lombadas horizontais e separados por sinais de
G. ano de depósito (da entrega).
pontuação, espaços ou sinais gráficos nas lombadas descendentes, abreviando-se ou omitindo-se o(s) prenome(s), quando necessário, no caso de autores pessoais.
102
UNIDADE 3
O título deve ser impresso no mesmo sentido do(s) nome(s) do(s) autor(es),
Elementos pré-textuais A. Folha de rosto (anverso ou frente)
abreviado, quando necessário. Os elementos devem ser apresentados Título de lombada impresso horizontalmente quando o documento está em posição vertical.
na seguinte ordem: • nome do autor; • título;
Título de lombada impresso longitudinalmente e legível do alto para o pé
• subtítulo, se houver;
da lombada, o que possibilita a leitura,
• número do volume. Se houver
quando o documento está com a face
mais de um, deve constar em cada
dianteira voltada para cima.
folha de rosto a especificação do respectivo volume; • natureza: tipo do trabalho (tese,
Parte interna
dissertação, trabalho de conclusão de É composta pelas partes pré-textuais,
curso e outros) e objetivo para apro-
textuais e pós-textuais, apresentadas
vação em disciplina, grau pretendido
conforme a ordem na figura 3.
e outros; nome da instituição a que é submetido; área de concentração;
NOME DO AUTOR Todas as fontes tamanho 12
• nome do orientador e, se houver, do coorientador;
TÍTULO: subtítulo (se houver) Monografia apresentada como requisito de conclusão de Curso de XXXXX da faculdade XXXXXX, de nome da cidade (XX) para obtenção do título de XXX. Orientador: Prof. Dr. XXXX
Natureza do trabalho: espaço
• local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado; • ano de depósito (da entrega).
Folha de rosto (verso) Deve conter os dados de catalogação
Local Ano
na publicação, conforme o Código de Catalogação Anglo-Americano vigente.
Figura 3: Modelo do anverso da folha de rosto
UNIDADE 3
103
Metodologia Científica
Figura 4: Exemplo de Ficha catalográfica
Errata
(se houver), natureza (tipo do trabalho, objetivo, nome da instituição a que é
Deve ser inserida logo após a folha
submetido, área de concentração), data
de rosto, constituída pela referência
de aprovação, nome, titulação e assinatura
do trabalho e pelo texto da errata.
dos componentes da banca examinadora
Apresentada
ou
e instituições a que pertencem. A data de
encartado, acrescida ao trabalho depois
aprovação e as assinaturas dos membros
de impresso. Exemplo:
componentes da banca examinadora
em
papel
avulso
devem ser colocadas após a aprovação ERRATA
do trabalho.
BRASILEIRO, A. M. M. A emoção na sala
NOME DO ALUNO
de aula: impactos na interação professor/
TÍTULO DO TRABALHO
aluno/objeto de ensino. Ada Magaly Matias Brasileiro. Belo Horizonte, 2012. 277f. Folha
Linha Onde se lê
53
22
Dispositivo
Leia-se Disposição
Folha de aprovação Deve ser inserida após a folha de rosto, constituída pelo nome do autor do
Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Xxxxxxx Xxxxxx do Programa de PósGraduação em Xxxxxxxx Xxxxxx da Nome da Instituição, na Linha de Pesquisa Xxxxxxxx Xxxxxx, que foi avaliada e aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores, em: ___/___/___.
__________________________________ Prof. Dr. Fulano de Tal - Orientador __________________________________ Prof. Dr. Fulano de Tal – Instituição __________________________________ Prof.ª Dr.ª Fulana de Tal – Instituição __________________________________ Prof.ª Dr.ª Fulana de Tal – Instituição __________________________________ Prof.ª Dr.ª Fulana de Tal – Instituição
trabalho, título do trabalho e subtítulo Figura 5: Exemplo de folha de aprovação
104
UNIDADE 3
Dedicatória
Elaborada de acordo com a ordem
Deve ser inserida após a folha de
apresentada no texto, com cada item
aprovação. Aceita-se layout do autor.
designado por seu nome específico, travessão, título e respectivo número
Agradecimentos
da folha ou página. Quando necessário,
Devem ser inseridos após a dedicatória.
para cada tipo de ilustração (desenhos,
recomenda-se a elaboração de lista própria esquemas,
fluxogramas,
fotografias,
gráficos, mapas, organogramas, plantas,
Epígrafe
quadros, retratos e outras).
Elaborada conforme as regras de citação. Podem também constar epígrafes nas
Exemplo:
folhas ou páginas de abertura das seções primárias.
LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Inventário de emoções
46
Resumo na língua vernácula Elaborado conforme a ABNT NBR 6028. Deve informar o tema, os objetivos, as justificativas, o método, os resultados e a
Lista de tabelas
conclusão. A extensão deve ser de 100 a
Elaborada de acordo com a ordem
250 palavras para artigos e monografias
apresentada na obra, com cada item
e de 150 a 500 palavras para dissertações
designado por seu nome específico,
e teses. Após o resumo, segue-se a lista
acompanhado do respectivo número da
de até cinco palavras-chave, separadas
página ou folha. Exemplo:
e finalizadas por ponto e iniciadas por letras maiúsculas.
LISTA DE TABELAS
Resumo em língua estrangeira
Tabela 1 – Intervenções didático-discursivas incentivadoras da Turma 613 128 Tabela 2 – Intervenções didático-discursivas disciplinadoras da Turma 613 131
Segue as mesmas regras do resumo na
língua
vernácula.
Normalmente,
escolhe-se a língua que mais difunde o tema em estudo.
Lista de abreviaturas e siglas Consiste na relação alfabética das abreviaturas e siglas utilizadas no relatório,
Lista de ilustrações
UNIDADE 3
seguidas das palavras ou expressões correspondentes grafadas por extenso.
105
Metodologia Científica
Recomenda-se a elaboração de lista
A ordem dos elementos do sumário deve
própria para cada tipo. Exemplo:
ser conforme os indicativos das seções que compõem o sumário e devem ser alinhados à esquerda.
LISTA DE ABREVIATURAS Fil. - Filosofia IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
Lista de símbolos
Os títulos e os subtítulos, se houver, sucedem os indicativos das seções. Recomenda-se que sejam alinhados pela margem do título do indicativo mais extenso. O(s) nome(s) do(s) autor(es), se houver, sucede(m) os títulos e os subtítulos.
Elaborada de acordo com a ordem apresentada no texto, com o devido
A paginação deve ser apresentada sob
significado. Exemplo:
uma das formas: número da primeira página (exemplo: 27); números das
LISTA DE SÍMBOLOS § - Parágrafo ® - Marca registrada ∞ - Infinito
Sumário Elaborado conforme a ABNT NBR 6027. A palavra sumário deve ser centralizada e com a mesma tipologia da fonte utilizada para as seções primárias. A subordinação dos itens do sumário deve ser destacada pela apresentação
páginas inicial e final, separadas por hífen (exemplo: 91-143); ou números das páginas em que se distribui o texto (exemplo: 27, 35, 64 ou 27-30, 35-38, 64-70). Exemplo: SUMÁRIO 1 Introdução
12
2 Referencial teórico
14
2.1 A educação para todos
15
Elementos textuais
tipográfica utilizada no texto. A NBR 14724, de 2011, orienta que o texto
106
Os elementos pré-textuais não devem
é composto de uma parte introdutória, o
constar no sumário.
desenvolvimento e uma parte conclusiva,
UNIDADE 3
sendo que a nomenclatura dos títulos
propostos, a hipótese levantada, as
fica a critério do autor.
justificativas e o método utilizado. É o espaço, também, para as recomendações
Fique atento! A introdução deve apresentar: o tema de modo contextualizado; os objetivos do trabalho; as razões/justificativas de sua elaboração;
cabíveis ao encaminhamento da questão. Elementos pós-textuais A ordem dos elementos pós-textuais
a hipótese da pesquisa, se houver; uma
deve
ser
apresentada
menção ao método utilizado. Em traba-
sequência abaixo.
conforme
a
lhos maiores, cabe o anúncio do modo de organização textual.
O conteúdo da introdução A introdução de um trabalho acadêmicocientífico serve para situar o leitor quanto ao que está sendo pesquisado, por quê,
Referências Elaboradas conforme a ABNT NBR 6023. Glossário Elaborado em ordem alfabética.
para quê e como. Exemplo: O conteúdo do desenvolvimento
Deslocamento: peso da água deslo-
Tem o objetivo de detalhar a pesquisa
cada por um navio flutuando em águas
ou estudo realizado. Normalmente, é
tranquilas.
constituído por mais de um capítulo ou parte que se ocupa de: apresentar o
Sustentabilidade: um conceito sistêmico,
referencial teórico que sustentará o debate
relacionado com a continuidade dos
posterior; detalhar a metodologia da
aspectos econômicos, sociais, culturais e
pesquisa, conferindo-lhe cientificidade;
ambientais da sociedade humana.
apresentar os dados coletados, quando for o caso, realizando as devidas análises.
Apêndice
O conteúdo da conclusão
Deve
Na conclusão, o pesquisador tem o
maiúsculas consecutivas, travessão e
compromisso de apresentar os resul-
pelo respectivo título. Utilizam-se letras
tados do estudo, avaliando os objetivos
maiúsculas dobradas, na identificação
UNIDADE 3
ser
APÊNDICE,
precedido identificado
da por
palavra letras
107
Metodologia Científica
dos apêndices, quando esgotadas as
consecutivas, travessão e pelo respec-
letras do alfabeto.
tivo título. Utilizam-se letras maiúsculas dobradas na identificação dos anexos
Exemplo:
quando esgotadas as letras do alfabeto.
APÊNDICE A – TERMO DE CONSEN-
Exemplo:
TIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ANEXO A – NORMAS INTERNAS DA ESCOLA INVESTIGADA
Anexo Deve ser precedido da palavra ANEXO, identificado
por
letras
maiúsculas
Índice Elaborado conforme a ABNT NBR 6034.
Para saber mais: Leia: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724 - Informação e documentação: princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, 2011.
108
UNIDADE 3
MÓDULO 04
A apresentação gráfica do texto segundo a ABNT
de
rodapé,
paginação,
dados
internacionais de catalogação na publicação, legendas e fontes das ilustrações e das tabelas, devem ser em tamanho menor e uniforme.
A apresentação de trabalhos acadêmicos deve
ser
elaborada
conforme
as
orientações seguintes.
C. Os elementos pré-textuais: devem iniciar no anverso da folha, com exceção dos dados internacionais de
Apresentação gráfica do texto
catalogação
na
publicação
que devem vir no verso da folha de rosto. Recomenda-se que os
A. Papel e impressão: os textos
elementos textuais e pós-textuais
devem ser digitados em cor preta,
sejam digitados ou datilografados
no papel branco ou reciclado, no
no anverso e verso das folhas.
formato A4 (21 cm × 29,7 cm), podendo
utilizar
outras
cores
somente para as ilustrações.
D. As margens: devem ser para o anverso, esquerda e superior de 3 cm e direita e inferior de 2 cm; para
B. Fonte: tamanho 12 para todo o trabalho, inclusive capa. As cita-
o verso, direita e superior de 3 cm e esquerda e inferior de 2 cm.
ções com mais de três linhas, notas
Margens páginas ímpares: Superior e esquerda: 3 cm. Inferior e direita: 2 cm. Nº página: canto sup. direito
UNIDADE 3
Margens páginas pares: Superior e direita: 3 cm. Inferior e esquerda: 2 cm. Nº página: canto sup. esquerdo.
109
Metodologia Científica
Espaçamentos
filete de 5cm, a partir da margem
A. O texto: deve ser digitado com
esquerda. Devem ser alinhadas, a
espaçamento 1,5 entre as linhas,
partir da segunda linha da mesma
com exceção das citações de mais
nota, abaixo da primeira letra
de três linhas, notas de rodapé,
da primeira palavra, de forma a
referências, legendas das ilustra-
destacar o expoente, sem espaço
ções e das tabelas, natureza (tipo
entre elas e com fonte menor.
do trabalho, objetivo, nome da instituição a que é submetido e
F. O indicativo numérico: o alga-
área de concentração), que devem
rismo arábico precede o título de
ser digitadas ou datilografadas
uma seção. É alinhado à esquerda
em espaço simples (1,0).
e separado por um espaço de caractere.
B. O parágrafo: a nova norma não especifica o recuo do parágrafo.
G. Os títulos das seções primárias:
Sugere-se 1,25 cm, sem espaço
devem começar em página ímpar
entre os parágrafos.
(anverso), na parte superior da mancha gráfica, e serem sepa-
C. As
referências:
ao
final
do
trabalho, devem ser apresentadas
rados do texto que os sucede por um espaço entre as linhas de 1,5.
em ordem alfabética e separadas entre si por um espaço simples em branco.
H. Os títulos das subseções: devem ser separados do texto que os precede e que os sucede por um
D. Na folha de rosto e na folha de
espaço entre as linhas de 1,5.
aprovação: o tipo do trabalho, o
110
objetivo, o nome da instituição
I. Os títulos que ocupam mais de
e a área de concentração devem
uma linha: devem ser, a partir da
ser alinhados do meio da mancha
segunda linha, alinhados abaixo da
gráfica para a margem direita (um
primeira letra da primeira palavra
recuo entre 7 e 8 cm).
do título.
E. As notas de rodapé: devem
J. Os títulos sem indicativo numé-
ser digitadas ou datilografadas
rico: agradecimentos, errata, lista
dentro
ficando
de ilustrações, lista de abrevia-
separadas do texto por um espaço
turas e siglas, lista de símbolos,
simples entre as linhas e por
resumos,
das
margens,
sumário,
referências,
UNIDADE 3
partir da folha de rosto, devem
glossário, apêndice(s), anexo(s) e
ser contadas sequencialmente,
índice(s) devem ser centralizados.
considerando somente o anverso.
Curiosidade:
C. Numeração: deve figurar, a partir
Veja abaixo como fica a
da primeira folha da parte textual,
apresentação de títulos que ocupam mais de uma linha:
em algarismos arábicos, no canto
Os tipos de pesquisa e seus
superior direito da folha, a 2 cm da
instrumentos plurimetododológicos: a ge-
borda superior, ficando o último
ração de dados sob vários ângulos
algarismo a 2 cm da borda direita da folha.
Paginação D. Trabalho digitado em anverso e
A. Folhas ou páginas pré-textuais:
verso: a numeração das páginas
devem ser contadas, mas não
deve ser colocada no anverso da
numeradas. B. Trabalhos
folha, no canto superior direito; digitados
e no verso, no canto superior
somente
esquerdo.
no anverso: todas as folhas, a
Figura 6: Sistema de enumeração do trabalho acadêmico 15
Apêndice Anexos
14
Referências
13
3 Conclusão
12
2 Desenvolvimento 11 1 Introdução
10
Sumário Lista de Símbolos Lista de Ilustrações Abstract Resumo Epígrafe
Contadas e numeradas
Agradecimentos
Contadas mas não enumerada Não contada na enumeração
Dedicatória Errata Folha de rosto Capa
Fonte: NBR 14724, 2011.
UNIDADE 3
111
Metodologia Científica
E. Trabalho constituído de mais de
é permitido o uso de uma entre-
um volume: deve ser mantida uma
linha maior que comporte seus
única sequência de numeração
elementos (expoentes, índices,
das folhas ou páginas, do primeiro
entre outros). Exemplo:
ao último volume. F. Apêndice e anexo: as suas folhas ou páginas devem ser numeradas de
maneira
contínua
e
sua
paginação deve dar seguimento à do texto principal.
Destaques do texto
D. Ilustrações: qualquer que seja o tipo de ilustração, sua identifi-
A. Citações5
longas: devem ser
cação aparece na parte superior,
recuadas em 4 cm da margem
precedida da palavra designativa
esquerda, espaço simples, texto
(desenho, esquema, fluxograma,
justificado, sem parágrafo, sem
fotografia, gráfico, mapa, orga-
aspas e um espaço de simples
nograma, planta, quadro, retrato,
antes e depois da citação.
figura, imagem, entre outros), seguida de seu número de ordem
B. Siglas: quando mencionadas pela
de ocorrência no texto, em alga-
primeira vez no texto, devem
rismos arábicos, travessão e do
ser indicadas entre parênteses,
respectivo título. Após a ilustração,
precedidas do nome completo.
na parte inferior, indicam-se a
Exemplo: Associação Brasileira de
fonte consultada (elemento obri-
Normas Técnicas (ABNT).
gatório, mesmo que seja produção do próprio autor), legenda, notas
C. Equações e fórmulas: para facilitar
e outras informações necessárias
a leitura, devem ser destacadas no
à sua compreensão (se houver).
texto e, se necessário, numeradas
A ilustração deve ser citada no
com algarismos arábicos entre
texto e inserida o mais próximo
parênteses, alinhados à direita.
possível do trecho a que se refere.
Na sequência normal do texto,
Exemplo:
5 Ver orientações sobre citação na Seção 3.4 deste livro.
112
UNIDADE 3
Figura 7: Tópica do desânimo desencadeado pelo tédio
• sua identificação sempre é no topo, em letra tamanho 10 ou 116; o título é
VOZ ARRASTADA, COM RITMO E TOM UNÍSSONOS, AÇÕES REPETIDAS e TÉDIO
precedido pela palavra “Tabela”, sem negrito, seguido do seu número de ordem, em algarismos arábicos; • a fonte deve situar-se logo abaixo
SONO
DESÂNIMO
da tabela e indicar a obra consultada (elemento obrigatório, mesmo que elaborado do próprio autor), em letra tamanho 10 ou 11;
DESINTERESSE • quando a tabela ficar dividida em mais de uma página, devem-se usar E. Tabelas: as tabelas apresentam,
os termos: continua, para a primeira
informações
página; continuação, para as demais
estatistica-
páginas; e conclusão, para a última
mente e devem ser citadas no
página, na sequência da tabela,
texto, inseridas o mais próximo
sendo que o cabeçalho deve constar
possível do trecho a que se referem
em todas as páginas, sempre no topo.
e
Exemplo:
principalmente, numéricas,
tratadas
padronizadas
conforme
as
Normas de Apresentação Tabular do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1993):
6 Trata-se de uma padronização de cada instituição.
Tabela 6: Intervenções didático-discursivas incentivadoras da Turma X.
Intervenção
Professor
Aluno
Aproximar dos alunos com afetividade
85%
15%
Ser bem-humorado
71%
11%
Elogiar
57%
94%
Valorizar perguntas interessantes
57%
0
Trabalhar atividades lúdicas
57%
67%
Pedir para o aluno resolver questões no quadro
57%
25%
Falar sobre assuntos do cotidiano/aplicação prática do assunto
43%
40%
Cumprimentar e despedir com alegria e vitalidade
43%
11%
Fazer aula em ambiente diferente
43%
50%
Dar ponto extra
43%
70%
UNIDADE 3
113
Metodologia Científica
Intervenção
Professor
Aluno
Justificar o estudo
28%
40%
Estimular com questões desafiadoras
28%
25%
Dinamizar a aula/fazer grupos de estudo
28%
55%
Fazer esquemas e resumos
14%
4%
Contar piadas
0%
0%
F. Resumo: digitar em espaço simples
fim de expor, com clareza, a sequência e
e parágrafo único. Em teses,
a importância do tema e permitir a rápida
dissertações, TCCs e relatórios,
localização de cada parte. A numeração
deve conter entre 150 e 500
progressiva deve ser utilizada para
palavras, nos demais trabalhos, de
evidenciar a sistematização do conteúdo
100 a 250. Deve ser inserido antes
do trabalho em seções. Destacam-se
do sumário, deixando um espaço
gradativamente os títulos das seções,
entrelinhas de 1,5 entre o resumo
utilizando-se os recursos de negrito,
e as palavras-chave.
itálico ou sublinhado e outros, no sumário e, de forma idêntica, no texto.
G. Palavras-chave: devem aparecer logo abaixo do resumo, separadas
Conforme ABNT (2012, p. 1-2), define-se
entre si, por ponto e finalizadas,
por:
também, por ponto. Sugerem-se entre três e cinco palavras-chave.
A. alínea: cada uma das subdivisões de uma seção do documento;
H. Falas
de
entrevistas/relatos:
sugere-se recuo de parágrafo de 2 cm da margem esquerda;
B. subalínea: subdivisão de uma alínea;
devem ser digitadas em itálico e com 1 espaço entrelinhas simples;
C. indicativo de seção: número ou
antes e depois das falas; devem
grupo numérico que antecede
aparecer entre “aspas”.
cada seção do documento; D. seção: parte em que se divide
Numeração progressiva
o texto de um documento, que contém as matérias consideradas
Elaborada
conforme
a
ABNT
NBR
6024. Estabelece as seções/capítulos e
afins na exposição ordenada de assunto;
subdivisões/subcapítulos do trabalho, a
114
UNIDADE 3
E. seção primária: principal divisão do texto de um documento; F. seção
secundária,
quaternária,
quinária:
terciária,
A. todas as seções devem conter um texto relacionado a elas; B. errata,
agradecimentos,
listas
divisão
de ilustrações, lista de tabelas,
do texto de uma seção primária,
lista de abreviaturas e siglas, lista
secundária, terciária, quaternária,
de símbolos, resumo, sumário,
respectivamente.
referências, glossário, apêndice, anexo
Quanto às seções e subdivisões do
e
índice
devem
ser
centralizados e NÃO numerados;
trabalho, devem ser elaboradas conforme a ABNT NBR 6024/2012. A formatação
C. títulos que ocupem mais de uma
diferente colabora para a exposição
linha, devem ser, a partir da
clara da sequência e para a rápida
segunda linha, alinhados abaixo
localização de cada parte. Destacam-se
da primeira letra da primeira
gradativamente os títulos das seções,
palavra do título;
utilizando-se os recursos de negrito, itálico ou sublinhado e outros, no sumário
D. as alíneas devem ser ordenadas
e, de forma idêntica, no texto. Como a
por letras minúsculas seguidas de
seguir:
parênteses; a frase começa com letra minúscula e termina com
Além disso, fica definido na norma que:
ponto e vírgula, exceto a última,
1 SEÇÃO PRIMÁRIA – principal divisão do texto. Todo título com letra maiúscula e negrito. 1.1 SEÇÃO SECUNDÁRIA – divisão secundária do texto. Todo o subtítulo com letra maiúscula e sem negrito. 1.1.1 Seção terciária – divisão terciária de um texto. Apenas a inicial da primeira palavra com letra maiúscula e em itálico. 1.1.1.1 Seção quaternária – divisão quaternária de um texto. Apenas a inicial da primeira palavra em maiúsculo e sublinhado. 1.1.1.1.1 Seção quinária – a divisão quinária de um texto deve ser evitada, mas caso seja necessária, apenas a inicial da primeira palavra com letra maiúscula.
UNIDADE 3
115
Metodologia Científica
que termina com ponto; a frase
subalínea. Exemplo:
que anuncia as alíneas termina com dois pontos; as letras indicativas
De acordo com Lima (2010), a
são reentradas em relação à
gramática é dividida em:
margem esquerda. Exemplo: De acordo com Lima (2010), a gramática é dividida em:
a) fonologia; b) morfologia:
- processos de formação de
a) fonologia;
palavras;
b) morfologia;
c) sintaxe;
c) sintaxe;
d) semântica;
d) semântica;
e) estilística.
e) estilística.
E. as subalíneas são introduzidas por
- classes de palavras.
Formatação de ilustrações
travessão, seguido de espaço, letra minúscula e devem terminar
Figuras, quadros, gráficos e tabelas
em ponto e vírgula, exceto a
devem ser identificados com a fonte 10,
última subalínea, que termina em
o mais próximo possível da ilustração.
ponto final; deve apresentar recuo
Na parte superior, informa-se o tipo da
em relação à alínea; a segunda
ilustração, número e nome. Na parte
e as seguintes linhas do texto
inferior, informa-se a fonte de pesquisa.
da subalínea começam sob a
A ilustração deve ser citada no corpo do
primeira letra do texto da própria
texto, conforme Figura 8.
Figura 8: Exemplo de figura
116
UNIDADE 3
No artigo, os títulos são sequenciais na própria página e possuem, em média, 15 páginas.
A Tabela 5 apresenta o formato indicado para as tabelas. É importante lembrar que as tabelas devem estar separadas do corpo do texto por uma linha em branco, conforme exemplificado a seguir. Além disso, as margens laterais são abertas. Tabela 5: Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa
Item
Quantidade
Percentual
Teoria social
22
7,9%
Método
34
12,3%
Questão
54
19,5%
Raciocínio
124
44,8%
Método de amostragem
33
11,9%
Força
10
3,6%
Fonte: Adaptado de Mays apud Greenhalg (1997)
Assista à videoaula com este conteúdo.
UNIDADE 3
117
Metodologia Científica
RESUMO DA UNIDADE
Nesta unidade, vimos a normalização estabelecida
pela
ABNT
para
a
elaboração de trabalhos acadêmicos, no que diz respeito a seus elementos estruturais, apresentação e formatação. Para essa tarefa, toda esta unidade foi baseada diretamente, na NBR 14724, de 2011 – princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos – e em todas as demais referendadas nessa norma.
118
UNIDADE 3
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
1. Ao responder a João Bom-Senso, o Diretor Geral de Assamentos apresentou alguns argumentos que, mesmo mudando o foco do problema, calaram João Bom-Senso. O Diretor apresentou como problema: a) o sistema, pois não via como redistribuir os profissionais em novas áreas de atuação; b) o método, pois contestou veementemente a funcionalidade da proposta feita por João Bom-Senso; c) a referência teórica, já que a prática até então desenvolvida era muito bem articulada teoricamente; d) o tipo de pesquisa, pois não lhe foi apresentado nenhum levantamento de dados.
2. A respeito da apresentação gráfica do texto acadêmico, marque a única opção incorreta. a) A numeração progressiva serve para destacar gradativamente as seções e subseções, usando recursos como negrito, caixa alta, itálico e sublinhado. b) A paginação de trabalhos impressos em ambos os lados da folha deve ser colocada sempre no canto superior direito. c) As imagens devem ser identificadas na parte superior com tipo da imagem, número e nome; e, na parte inferior, com a fonte de onde foi extraída. d) As margens devem ser para o anverso, esquerda e superior de 3 cm e direita e inferior de 2 cm; e, para o verso, direita e superior de 3 cm e esquerda e inferior de 2 cm.
UNIDADE 3
119
Metodologia Científica
3. Observando os tipos de citações utilizados no fragmento a seguir, podemos dizer que: Segundo Souza e Saccol (2003, p.19), “ERPs são sistemas da informação adquiridos na forma de pacotes comerciais de software que permitem a integração de dados dos sistemas de informação transacionais e dos processos de negócios ao longo de uma organização”. Os sistemas ERPs surgiram na década de 60, quando o foco era a utilização do programa em áreas sem interligação, tais como: Folha de Pagamentos, Contabilidade, Contas a Receber, Faturamento, Vendas e Controle de Estoques. No ápice da vida útil do software, observou-se que além do custo elevado, o sistema não oferecia agilidade nas informações e limitava a capacidade de transações. Colangelo Filho justifica a adoção da ERP, argumentando que: No plano estratégico, é fácil dizer que a Produção só deve fazer o que o setor de Vendas vendeu e que o Suprimentos só deve comprar o que é imediatamente necessário para a Produção. Entretanto, é difícil sincronizar essas funções quando os sistemas que as suportam são isolados. (...) O problema com os sistemas não integrados é que é difícil coordenar as atividades de diferentes áreas da organização e muitas tarefas acabam sendo redundantes. (COLANGELO FILHO, 2001, p. 17). Mas os sistemas MRP deixaram de atender apenas as necessidades de informação referentes ao cálculo da necessidade de materiais, para atender às necessidades de informação para a tomada de decisão gerencial sobre outros recursos de manufatura. 1 - Há uma citação indireta e uma direta. 2 - Há uma citação de citação. 3 - Há duas citações diretas. 4 - Há uma citação direta longa e uma citação direta curta. a) Estão corretos os itens 3 e 4. b) Está correto apenas o item 3. c) Todos os itens estão corretos. d) Não há nenhuma opção correta.
120
UNIDADE 3
4. As citações a seguir apresentadas, embora bem articuladas ao texto, possuem uma falha em sua formalização que enfraquece o argumento de autoridade. Identifique-a. Segundo Souza e Saccol, “ERPs são sistemas da informação adquiridos na forma de pacotes comerciais de software que permitem a integração de dados dos sistemas de informação transacionais e dos processos de negócios ao longo de uma organização”. Os sistemas ERPs surgiram na década de 60, quando o foco era a utilização do programa em áreas sem interligação, tais como: Folha de Pagamentos, Contabilidade, Contas a Receber, Faturamento, Vendas e Controle de Estoques. No ápice da vida útil do software, observou-se que além do custo elevado, o sistema não oferecia agilidade nas informações e limitava a capacidade de transações. Colangelo Filho justifica a adoção da ERP, argumentando que: No plano estratégico, é fácil dizer que a Produção só deve fazer o que o setor de Vendas vendeu e que o Suprimentos só deve comprar o que é imediatamente necessário para a Produção. Entretanto, é difícil sincronizar essas funções quando os sistemas que as suportam são isolados. (...) O problema com os sistemas não integrados é que é difícil coordenar as atividades de diferentes áreas da organização e muitas tarefas acabam sendo redundantes. (COLANGELO FILHO)
Mas os sistemas MRP deixaram de atender apenas as necessidades de informação referentes ao cálculo da necessidade de materiais, para atender às necessidades de informação para a tomada de decisão gerencial sobre outros recursos de manufatura. a) Registro do nome do autor consultado antes e depois da citação. b) Identificação incompleta do texto consultado. c) Mistura de citações longas e curtas. d) Ausência de citação indireta.
UNIDADE 3
121
Metodologia Científica
5. Avalie as constatações abaixo, relacionadas à pesquisa em análise: O problema da pesquisa de Semmelweis pode ser traduzido pela pergunta: Qual a causa da febre puerperal responsável pelo alto índice de mortes no Primeiro Serviço de Maternidade do Hospital Geral de Viena? O resultado da investigação de Semmelweis pode ser assim resumido: a febre puerperal que provocava a morte entre as mulheres internadas no Primeiro Serviço de Maternidade do Hospital Geral de Viena era causada por infecção por microrganismos encontrados em material cadavérico em matéria pútrida retirada de organismos vivos. A hipótese que deu origem ao resultado da pesquisa surgiu de uma situação acidental e somente foi considerada porque o pesquisador estava atento ao fenômeno e aos dados. a. As afirmações I e II estão corretas. b. Apenas a afirmação I está correta. c. A afirmação I e III estão corretas. d. As afirmações I, II e III estão corretas.
122
UNIDADE 3
UNIDADE IV Regras do trabalho cientĂfico
UNIDADE 4
123
MÓDULO 01
Organização estrutural do texto
desenvolvimento e conclusão. Contudo, essas três partes podem ser seccionadas de acordo com a natureza do trabalho. Um dos aspectos mais definidores da
Chega-se, então, à terceira fase do
estrutura textual da pesquisa é o fato
trabalho científico, a sua redação. Como
de ela ser de revisão ou original, sendo
trabalho de conclusão de um curso,
que a primeira se restringe às pesquisas
são vários os gêneros textuais que
de publicações diversas (livros, artigos
servem para esse fim. Nas graduações,
convencionais eletrônicos etc.); e a
são elaborados, mais frequentemente,
segunda, além da pesquisa bibliográfica,
monografias
nas
o autor faz pesquisas com dados.
pós-graduações, artigos e papers; no
Essas diferenças de conteúdo levam a
Mestrado, dissertações; e no Doutorado,
estruturas também diferentes.
e
relatórios;
teses. Seja ele qual for, embora altere em tamanho e profundidade, a organização textual não representa muita diferença entre um e outro.
Organização textual de uma pesquisa original
Essa modalidade de texto, cuja finalidade A organização textual de uma pesquisa acadêmica
é responder a uma questão que demanda dados originais, coletados por meio de entrevistas, documentos etc., é assim
A
organização
textual
de
uma
organizada:
pesquisa é estruturada em: introdução,
UNIDADE 4
125
Metodologia Científica
Estrutura textual proposta para uma Pesquisa Original:
PARTE TEXTUAL
1 INTRODUÇÃO
Nesta parte do texto, o autor apresenta o tema de modo contextualizado, a delimitação em forma de pergunta, os objetivos, a justificativa e faz uma menção ao método científico.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Momento em que o autor apresenta as pesquisas anteriores sobre o tema, por meio de monografias, artigos, dissertações, teses, livros etc. É a busca da cientificidade da pesquisa, embasando-a em fatos e dados verídicos e/ou já comprovados cientificamente, por meio do diálogo teórico. É o principal momento das citações.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
Nessa seção, o pesquisador prova à comunidade científica que a pesquisa zela pelas características básicas da ciência, descrevendo, detalhadamente, os passos que foram seguidos e o tratamento destinado aos dados. Especificamente, deve falar sobre os fins e os meios da pesquisa, a abordagem e as ferramentas de coletas, o universo e a amostra do objeto de pesquisa, os sujeitos, o tratamento dado às informações etc.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS (obs.: se o trabalho for um estudo de caso, esta seção poderá receber esse título: ESTUDO DE CASO)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
126
CONTEÚDO
Nessa parte do artigo, o autor apresenta e analisa as informações colhidas no campo, atentando-se para perceber o significado dos dados qualitativos e quantitativos. É o momento das relações e das buscas de significados. Na apresentação visual dos dados, podem ser usados gráficos, tabelas etc., como recursos de leitura. É a última parte textual do artigo em que se apresentam as principais descobertas e conclusões, sugestões, recomendações para encaminhamento do problema estudado. Deve-se ter em mente o problema levantado, a hipótese que foi testada com a pesquisa e os objetivos previstos. Deverá, sobretudo, sintetizar e avaliar a importância dos dados obtidos ou dos estudos feitos, as consequências desses dados ou estudos para a área da ciência ou para os estudos acadêmicos, fazendo uma apreciação crítica e até pessoal.
UNIDADE 4
Organização textual de uma pesquisa
Há as revisões de narrativas convencionais
de revisão
e as de métodos mais rigorosos. Devido a isso, pode-se trabalhar com mais de um
Antes de apresentarmos uma proposta de
esquema de estrutura textual.
organização estrutural de uma pesquisa de revisão, é necessário lembrar que há
Conheçamos,
inicialmente,
várias formas de se realizar tal pesquisa.
dessas mencionadas revisões:
algumas
REVISÕES DE NARRATIVAS CONVENCIONAIS MODALIDADE
CARACTERÍSTICA
Determinação do “estado da arte”
Procura mostrar através da literatura já publicada o que já se sabe sobre o tema, quais as lacunas e os principais entraves teóricos ou metodológicos.
Revisão teórica
O problema de pesquisa é inserido em um quadro de referência teórica para explicá-lo. Geralmente, acontece quando o problema em estudo é gerado ou explicado por uma ou várias teorias.
Revisão empírica
Procura explicar como o problema vem sendo pesquisado do ponto de vista metodológico, procurando responder: quais os procedimentos normalmente empregados no estudo desse problema? Que fatores vêm afetando os resultados? Que propostas têm sido feitas para explicá-los ou controlá-los? Que procedimentos vêm sendo empregados para analisar os resultados? Há relatos de manutenção e generalização dos resultados obtidos? Do que elas dependem?
Revisão histórica
Busca recuperar a evolução de um conceito, tema, abordagem ou outros aspectos, fazendo a inserção dessa evolução dentro de um quadro teórico de referência que explique os fatores determinantes e as implicações das mudanças.
Fique atento! Como se trata de várias modalidades, dificultando uma estrutura fixa, o pesquisador deve organizar o texto de acordo com os propósitos da pesquisa, mas uma sugestão pode ser:
UNIDADE 4
127
Metodologia Científica
Estrutura Textual Proposta para uma Pesquisa De Revisão Convencional: PARTE TEXTUAL
CONTEÚDO
1 INTRODUÇÃO
Nesta parte do texto, o autor apresenta o tema de modo contextualizado, a delimitação, os objetivos, a justificativa e as especificações metodológicas.
2 DESENVOLVIMENTO
Essa parte do texto é dividida em seções definidas pelo autor com títulos e subtítulos de acordo com as abordagens do assunto.
Nessa parte do artigo, o autor apresenta e 3 DISCUSSÃO, SÍNTESE OU COMPARAÇÃO DAS PESQUISAS analisa as informações colhidas nas pesquisas bibliográficas. REALIZADAS
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
128
Nessa última parte, apresentam-se as principais conclusões e recomendações para encaminhamento do problema estudado. Deve-se ter em mente a delimitação e os objetivos previstos. Deverá sintetizar e avaliar a importância dos dados obtidos ou dos estudos feitos e a consequência deles para a ciência ou para os estudos acadêmicos, fazendo uma apreciação crítica e até pessoal.
UNIDADE 4
MÓDULO 02
Revisões bibliográficas rigorosas
Curiosidade: Uma revisão teórica pode ser organizada, considerando cada uma das teo-
No desenvolvimento de uma revisão convencional,
o
autor
organiza
rias em voga.
os
tópicos respeitando o tipo de revisão
Passemos,
que escolher.
rigorosas.
Uma
revisão
convencional
agora,
às
revisões
mais
histórica,
por exemplo, pode ser organizada de maneira cronológica.
REVISÕES BIBLIOGRÁFICAS RIGOROSAS MODALIDADE
CARACTERÍSTICA • análise quantitativa extraída de dados primários; • combina as evidências de múltiplos estudos primários a partir do emprego de instrumentos estatísticos, a fim de aumentar a objetividade e a validade dos achados;
1 A meta-análise
• os objetivos e as hipóteses dos estudos devem ser muito similares, se não idênticos; • nessa abordagem, cada estudo é sintetizado, codificado e inserido em um banco de dados quantitativo. (LUIZ, 2002).
2 A revisão sistemática ou meta-análise qualitativa
UNIDADE 4
• É uma síntese rigorosa de todas as pesquisas relacionadas a uma específica, enfocando primordialmente estudos experimentais; • segue um método rigoroso de busca e seleção de pesquisas, avaliação de relevância e validade dos estudos encontrados, coleta, síntese e interpretação dos dados oriundos de pesquisa. (ROTHER, 2007).
129
Metodologia Científica
REVISÕES BIBLIOGRÁFICAS RIGOROSAS MODALIDADE
CARACTERÍSTICA • É a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, pois permite a inclusão de estudos experimentais e não-experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado;
3 A revisão integrativa
• pode combinar dados bibliográficos teóricos e empíricos, além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular; • seu objetivo é gerar um panorama de conceitos complexos, teorias ou problemas de saúde relevantes para a enfermagem (MENDES; CAMPOS; GALVÃO, 2008).
Diante também da diversidade de tipos de revisão bibliográfica com métodos mais rigorosos, apresentamos, a seguir, uma sugestão de organização textual. Estrutura Textual Proposta para um Artigo Original: PARTE TEXTUAL 1 INTRODUÇÃO
Nesta parte do texto, o autor apresenta o tema de modo contextualizado, a delimitação em forma de pergunta, os objetivos, a justificativa e o modo como o artigo foi textualmente organizado.
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
Apresenta todos os procedimentos metodológicos da pesquisa, especialmente, os critérios de localização, seleção e análise do material de pesquisa, informando sobre os instrumentos de exploração utilizados.
3 REVISÃO QUANTITATIVA, QUALITATIVA OU SISTEMÁTICA
Tópico dividido em seções definidas pelo autor com títulos e subtítulos de acordo com as categorias analisadas.
(dependendo da revisão que estiver sendo feita)
4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
130
CONTEÚDO
Na apresentação visual dos dados, pode usar gráficos, tabelas etc., como recurso de leitura. Nessa parte do artigo, o autor apresenta e analisa as informações colhidas com os dados secundários, atentando-se para perceber o significado dos dados qualitativos e quantitativos. É o momento das relações e das buscas de significados.
UNIDADE 4
PARTE TEXTUAL
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONTEÚDO É a última parte textual do artigo, em que se apresentam as principais deduções e recomendações para encaminhamento do tema estudado. Deverá, sobretudo, sintetizar e avaliar a importância dos dados obtidos ou dos estudos feitos, as consequências desses dados ou estudos para a área da ciência ou para os estudos acadêmicos, fazendo uma apreciação crítica e até pessoal.
Ciente de que uma das dificuldades maiores dos pesquisadores é com a estruturação do texto, esperamos que essas sugestões possam auxiliá-los nessa tarefa. Elementos Estruturais e Formatação de um Artigo: Parte do texto: Título do trabalho
Nome(s) do(s) autor(es)
Especificações: Centralizado, negrito, caixa alta, fonte 12. Fonte utilizada no artigo: Times New Roman. Iniciais maiúsculas, alinhado à direita, fonte 10. Saltar um espaço simples. Aqui, é incluído o nome do orientador. Título: caixa alta, centralizado, negrito, fonte 12. Saltar um espaço simples.
Resumo na língua vernácula e na estrangeira
Texto: margens justificadas, fonte 12, entrelinha simples. Saltar um espaço simples. Palavras-chave: iniciais maiúsculas, fonte 12, separadas e finalizadas por ponto.
Títulos
Fonte 12, negrito, caixa alta. Saltar um espaço simples entre os títulos e o texto.
Subtítulos
Altera-se o formato, em cada nível de título, conforme orientação abaixo. Direta curta: entre aspas, mesma fonte do texto, informar fonte completa (AUTOR, ano, p.).
Citações
Direta longa: separado do texto por um espaço simples (antes e depois), recuo de 4 cm, fonte 10, entrelinha 1. Informar fonte completa (AUTOR, ano, p.) Indireta: no corpo do texto, normalmente. Informar fonte antes ou depois da citação (AUTOR, ano).
UNIDADE 4
131
Metodologia Científica
Parte do texto:
Especificações:
Ilustrações
Identificar, parte superior, com o tipo de ilustração, o número e o nome. Na parte inferior, informar a fonte (AUTOR, ano, p.)
O corpo do texto
Fonte 12, entrelinha 1.5, margens justificadas. Saltar um espaço simples entre os parágrafos ou dar um recuo de 2 cm.
Margens
Margens Superior (3cm), esquerda (3cm), inferior (2cm) e direita (2cm). Título: caixa alta, centralizado, negrito, fonte 12. Saltar um espaço simples.
Referências
Referências: entrelinha 1, fonte 12, conforme a NBR 6023/2002. Caixa alta, centralizado, negrito, fonte 12. Saltar um espaço simples entre cada referência.
Nota de rodapé
Fonte 10, entrelinha 1, da 2ª linha em diante alinhar à 1ª linha.
Para saber mais: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10719: Informação e documentação: relatório técnico e/ou científico. Rio de Janeiro, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: Informação e documentação: princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, 2011. LUIZ, A. J. B. Meta-análise: definição, aplicações e sinergia com dados espaciais. Cadernos de Ciência & Tecnologia, v. 19, nº 3, p. 407-428, 2002. MENDES, Karina; CAMPOS, Renata Silveira; GALVÃO, Cristina Maria. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm. Florianópolis: 17(4): 75864, out./dez. 2008.
Assista à videoaula com este conteúdo.
132
UNIDADE 4
MÓDULO 03
As normas da ABNT associadas ao diálogo teórico
com naturalidade e técnica. O nome do autor do texto consultado pode aparecer antes ou depois da citação, dentro do parêntese (em caixa alta) ou fora dele (sem caixa alta). Em todos os
As Citações
casos, a ideia deve ganhar relevância argumentativa para a qual foi utilizada.
Além das regras de apresentação e formatação, a ABNT padroniza alguns
Existem três tipos de citação: a direta, a
recursos relacionados ao diálogo com
indireta e a citação de citação.
os teóricos, como a citação, a nota de rodapé e as referências. As citações diretas ou textuais Citação: Um Recurso de Diálogo com os Teóricos
Consistem na transcrição literal das palavras do texto consultado. Devem informar o sobrenome do autor, data de
A citação consiste em um recurso técnico
publicação entre parênteses e o número
de construção de diálogo com outros
da página. Essa citação remete para
estudiosos, no qual o pesquisador faz
referência completa, que figura no final
menção, no corpo do texto, de uma
do trabalho. As citações diretas podem
informação extraída de outra fonte
ser curtas ou longas.
(ABNT/NBR 10520, 2002). As citações podem
ser
indicadas
pelo
sistema
numérico (com inserção de numeração única
e
consecutiva
para
todo
Citação direta curta
o
documento) ou pelo sistema autor-data
É a transcrição literal de um trecho com
(com a inserção do sobrenome do autor
até três linhas de extensão. Nesse caso, a
ou instituição responsável, seguido da
citação deve aparecer entre aspas duplas,
data de publicação do documento).
com indicação do(s) autor(es), da(s) página(s) e referência à obra consultada.
As citações devem fluir normalmente no texto, tecidas à voz do autor do texto
UNIDADE 4
Exemplo:
133
Metodologia Científica
Sobre esse assunto, França (2007, p. 107) lembra que “A fonte de onde foi extraída a informação deve ser citada obrigatoriamente, respeitando-se dessa forma os direitos autorais”
aspas ou destacada tipograficamente, exatamente como consta do original, acompanhada de informações sobre a fonte (em respeito à Lei 5.988 de 14 de dez. 1973 que regulamenta os direitos autorais). (FRANÇA, 2007, p.108 grifos do autor)
Ou: As citações indiretas ou livres Sobre esse assunto, França lembra que “A fonte de onde foi extraída a informação
Quando o pesquisador se fundamenta
deve
obrigatoriamente,
na ideia do texto original e dela faz uma
respeitando-se dessa forma os direitos
paráfrase, ou seja, registra a ideia com
autorais.” (2005, p. 107).
suas palavras. Nesse caso, não são usadas
ser
citada
as aspas para indicar a citação, mas, Ou ainda:
obrigatoriamente, devem ser informados o nome do autor e a data, separados por
Sobre esse assunto, França lembra que “A
vírgula.
fonte de onde foi extraída a informação deve
ser
citada
obrigatoriamente,
Observação!
respeitando-se dessa forma os direitos autorais.” (FRANÇA, 2007, p. 107).
Em citação indireta, não é obrigatório informar o número da página, mas por de padrão, caso o acadêmico opte pelo uso,
Citação direta longa É a transcrição literal de um trecho com
deve fazê-lo em todas as citações.
A citação de citação
extensão superior a três linhas. Nesse
Expressão usada para estruturar citações
caso, a citação aparece com um recuo de
diretas ou indiretas que estão sendo
4 cm, espaçamento entrelinha simples,
usadas pelo autor da fonte consultada
fonte da letra tamanho 10, separado do
diretamente.
texto principal com um espaço simples
apresentadas no texto, pelo sobrenome
antes e depois.
do autor, seguido de apud (citado por)
Essas
expressões
são
e o sobrenome do autor consultado Exemplo: Uma transcrição literal de todos os outros autores. É reproduzida entre
134
diretamente. Exemplo:
UNIDADE 4
Marinho7 (apud MARCONI e LAKATOS, 2002)
apresenta
a
formulação
do
problema como uma fase de pesquisa que, sendo bem delimitado, simplifica e facilita a maneira de conduzir a investigação, tendo em vista que o objetivo da pesquisa é esclarecer os caminhos e as etapas por meio dos quais essa realidade se construiu. (5) MARINHO, Pedro. A pesquisa em ciências humanas. Petrópolis: Vozes, 1980. (Esta nota de rodapé explica que o leitor não leu o Marinho diretamente, mas por meio de Marconi e Lakatos. Essa referência não precisa constar da lista ao final do trabalho.)
Para saber mais: Leia: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: Informação e documentação: citações em documentos. Rio de Janeiro, 2002.
7 MARINHO, Pedro. A pesquisa ciências humanas. Petrópolis: Vozes, 1980.
UNIDADE 4
em
135
Metodologia Científica
MÓDULO 04
A formalização das citações
redação do texto original; D. [...] – significa que houve omissão
As citações devem fluir normalmente no
de
texto, tecidas à voz do autor do texto com
suspensão;
uma
parte
de
citação,
naturalidade e técnica. Como se viu nos exemplos anteriores, o nome do autor
E. [!] – espanto e destaque em
do texto pode aparecer antes ou depois
citação, logo após o que se
da citação, dentro dos parênteses (em
pretende enfatizar;
caixa alta) ou fora dele (sem caixa alta). Em todos os casos, a ideia deve ganhar
F. [pois] – indicar acréscimo da
relevância argumentativa para a qual
palavra ou comentário no interior
foi utilizada. Em função disso, seguem
dos colchetes;
algumas orientações para ajudá-lo na G. [sem grifo no original] –para
construção desse diálogo.
destacar alguma coisa, quando o grifo não estava presente no texto Sinais utilizados nas citações
original;
Os sinais gráficos de maior recorrência no texto acadêmico-científico são:
H. (grifo nosso) – para indicar que o pesquisador alterou o texto original com o grifo;
A. [sic] – palavra latina que significa “assim”, “deste modo”, chama
Além dos sinais, são usados outros
atenção, em geral com ironia, para
recursos para a formalização das cita-
uma incorreção;
ções, os quais, muitas vezes, são fontes de dúvidas:
B. ‘Aspas simples’ – parte do texto já estava entre aspas, daí porque foram
substituídas
por
aspas
simples;
I. citações
de
depoimento
ou
entrevista – as falas são apresentadas no texto seguindo-se as orientações para “Citação direta
C. [?] – indica dúvida com relação à
136
ou textual” e obedecendo-se a
UNIDADE 4
regra para transcrições com mais
(2011, p. 28).
de três linhas. L. citação de vários autores à mesma J. citação com dois ou três autores
ideia – mencione os autores,
– pode-se entrar com os nomes no
obedecendo à ordem alfabética
interior do parágrafo ou fora dele,
dos sobrenomes dos autores.
dentro dos parênteses. Exemplo: Exemplos : 8
Essa mesma ideia acerca da linguagem De acordo com as orientações de Silva
é compartilhada por Pereira (2011), Silva
e Souza (2012), o sujeito se constitui na
(2012) e Souza (2010).
linguagem. (citação indireta) M. citação de autores com mesmo sobrenome – acrescentam-se as
Ou:
iniciais do nome do autor: Souza, O sujeito se constitui na linguagem
M. L. (2009) e Souza, M. S. (2012);
(SILVA; SOUZA, 2012). (citação indireta) N. citação de um mesmo autor com Silva e Souza defendem que “é na
datas de publicações diferentes
linguagem que o sujeito se constitui”
– informam-se as datas em ordem
(2012, p. 53). (citação direta)
cronológica:
Ou:
Os estudos por Leite (1993, 1995 e 2005) são popularmente interpretados,
“É na linguagem que o sujeito se
baseando-se em símbolos;
constitui” (SILVA; SOUZA, 2012, p. 53). O. citação de um mesmo autor com
(citação direta)
mesmas datas de publicação – K. citação com mais de três autores
acrescenta-se uma letra minúscula
– indica apenas o primeiro nome
após o ano – Leite(2012a, 2012b);
seguido da expressão et al. P. citação cujo autor é uma enticonceituam
dade coletiva – faz-se a entrada
linguagem como uma forma de interação
pelo nome da entidade – para a
Exemplo:
Pereira
et
al
Associação Brasileira de Normas 8 A partir deste ponto, os exemplos desta seção são fictícios.
UNIDADE 4
Técnicas (ABNT) “qualquer que
137
Metodologia Científica
seja o método adotado, deve
– cita-se primeiro a data original, sepa-
ser
rada por barra da data da edição consul-
seguido
consistentemente
ao longo de todo o trabalho,
tada. Exemplo: Freud (1898/1976);
permitindo sua correlação na lista de referências ou em nota de
S. citação de trabalhos em vias de publicação – informa-se, dentro
rodapé” (2002, p. 3);
dos parênteses, a expressão (em Q. citação de obras sem indicação
fase de elaboração). Com isso,
de autoria ou responsabilidade
faz-se justiça ao autor e confere
– faz-se a entrada pelaprimeira
credibilidade ao autor do texto;
palavra do título seguida de reticências, seguida da data de publicação;
T. citações
de
jurisprudência
-
deverão ser feitas com a mesma formatação das citações diretas,
Exemplo:
com mais de três linhas. Ao final, deverá ser indicado, entre
“Várias donas de casa têm se dedicado
parênteses, três elementos: sigla
a cursos de economia doméstica” (A
do tribunal, ano da publicação
ECONOMIA..., 2003, p. 32);
do acórdão e página do Diário da Justiça. Os demais elementos
R. citação (aula,
de
canais
informais
constarão apenas na lista das refe-
conferência,
palestras
rências, no final do trabalho.
etc.) – indicar, entre parênteses, a expressão “informação verbal”,
Exemplo:
mencionando-se os dados disponíveis, em nota de rodapé; Exemplo: Existe uma versão atualizada das normas para apresentação de citações no texto
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. CABIMENTO. É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública. Recurso Especial provido (STJ, 2003, p. 221).
e notas de rodapé (Informação verbal) que poderá auxiliar o autor na redação
Se tiver vários precedentes do mesmo
de documentos técnicos científicos. No
órgão judiciário, publicados no mesmo
rodapé da página, explica-se a fonte;
ano, deve-se acrescentar uma letrinha após o ano de publicação. Exemplos:
s) citação de obras antigas e reeditadas
138
(STJ, 2003a, p.245) (STJ, 2003b, p.132).
UNIDADE 4
U. citações de normas jurídicas –
Notas de referência – usadas no caso de
poderão ser feitas na modalidade
citação de citação. Nessa circunstância, o
direta
ou
autor deve consultar, nas referências do
indireta. Quando se tratar da
texto lido, a informação de que precisa e
citação
inseri-la apenas na nota de rodapé.
(preferencialmente) literal,
deverão
ser
precedidas da expressão in verbis. As notas são digitadas no final da página, O art. 5º da Constituição da República
com fonte da letra 10 e entrelinha
dispõe, in verbis:
simples, sendo separadas do texto por um filete de 5 cm. A partir da segunda
Art. 5. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, e à propriedade, nos termos seguintes:
linha, a nota deve ser alinhada à primeira.
(BRASIL, 1988).
muitas quebras, o que dificulta a leitura.
Recomenda-se o bom senso no uso das notas de rodapé, tanto no que se refere à quantidade, quanto ao tamanho das notas. Isso evitará que o texto fique com
As Normas da ABNT Associadas ao Formalização das Referências
Referências Bibliográficas e de Documentos Eletrônicos – Apresentação Formal – Nbr 6023/2002
Nota de Rodapé
Ao longo dos seus estudos, o pesquisador
Diálogo Teórico: As Notas de Rodapé e a
faz inúmeras leituras para a realização São algumas informações complemen-
do seu trabalho. Essas leituras devem
tares, cujo teor não deve ser inserido no
figurar em algum lugar, demonstrando
interior do texto, sob o risco de perder a
para o futuro leitor quais foram as fontes
sequência lógica da leitura. Existem dois
e os fundamentos teóricos, legais e
tipos de notas de rodapé: as explicativas
metodológicos que fundamentaram o
e as de referência.
pensamento daquele autor. Para facilitar o seu trabalho, segue uma lista de
Notas explicativas – trazem esclareci-
modelos de referências bibliográficas e
mento, tradução ou informações comple-
eletrônicas.
mentares sobre algum termo trabalhado no texto principal.
Alguns
modelos
de
referências
bibliográficas e eletrônicas - Livros
UNIDADE 4
139
Metodologia Científica
considerados em um todo (formato
Título: subtítulo. Edição. Local: Editora,
convencional)
data. Capítulo, páginas inicial-final.
SOBRENOME DO AUTOR, Prenome.
BATISTA
Título em itálico: subtítulo se houver.
deveres do consumidor. In: PASSOS,
Edição. Local (cidade): Editora, data.
Antônio (Coord.). Curso de direito do
Número de páginas do livro.
consumidor. 11 .ed. São Paulo: Nobel,
JUNIOR,
João.
Direitos
e
1995. cap. 4 , p. 242-278. ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 20. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
Monografias, dissertações e teses (formato convencional)
Livros considerados no todo (formato eletrônico)
SOBRENOME DO AUTOR, Prenome. Título em itálico: subtítulo. Ano de apresentação. Número de páginas. Tipo
SOBRENOME DO AUTOR, Prenome.
do documento (monografia, dissertação,
Título em itálico: subtítulo. Edição.
tese), o grau, a vinculação acadêmica,
Local (cidade). Descrição física do meio
local e a data da defesa.
eletrônico (disquete, CD-ROM etc.) ou disponível em: <endereço eletrônico>.
FONTANA, Sergio. Guia de obras de
Acesso em: dia, mês e ano.
metodologia científica. 1999. 135 f. Monografia (Graduação) – Curso de
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência:
Biblioteconomia
introdução ao jogo e suas regras. 20. ed.
Universidade Federal de Santa Catarina,
São Paulo: Brasiliense, 1994. Disponível
Florianópolis, 2004.
em:
e
Documentação
–
<www.docente.ifrn.edu.br/
albinonunes/...da-ciencia/livro-filosofiada-ciencia/>. Acesso em: 7 set. 2013.
Monografias, dissertações e teses (formato eletrônico)
Capítulos de livros (com autoria diferente)
FONTANA, Sergio. Guia de obras de metodologia científica. 2004. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação)
SOBRENOME
140
DO
AUTOR
DO
–
Faculdade
de
Biblioteconomia
e
CAPÍTULO, Prenome. Título do capítulo.
Documentação, Universidade Federal de
In: SOBRENOME DO AUTOR, Prenome.
Santa Catarina, Florianópolis. CD-ROM.
UNIDADE 4
Legislação (formato convencional)
JURISDIÇÃO (Nome do país, estado
JURISDIÇÃO (Nome do país, estado ou
ou
município) ou NOME DA ENTIDADE
competente. Título (natureza da decisão
(no caso de normas). Título, numeração
ou ementa) e número. Partes envolvidas
e data (dia, mês e ano). Elementos
(se houver). Relator. Local, data (dia,
complementares
para
mês e ano). Dados da publicação que
identificação
documentos
dos
melhor (se
município)
e
Órgão
judiciário
transcreveu o documento.
necessário). Dados da publicação que transcreveu o documento.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição
Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico,
da República Federativa do Brasil, 1988.
1988. 292 p.
Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988. 292 p. Jurisprudência (formato eletrônico) Legislação (formato eletrônico)
JURISDIÇÃO (Nome do país, estado ou município) e Órgão judiciário competente.
JURISDIÇÃO (Nome do país, estado ou
Título (natureza da decisão ou ementa) e
município) ou NOME DA ENTIDADE
número. Partes envolvidas (se houver).
(no caso de normas). Título, numeração
Relator. Local, data (dia, mês e ano).
e data (dia, mês e ano). Dados da
Dados da publicação que transcreveu
publicação que transcreveu o documento.
o documento. Descrição física do meio
Descrição física do meio eletrônico
eletrônico (CD-ROM, disquete, etc.) ou
(CD-ROM, disquete, etc.) ou disponível
Disponível em:<endereço eletrônico>.
em:<endereço eletrônico>. Acesso em:
Acesso em: dia mês e ano (para os
dia, mês e ano (para documentos online)
documentos online).
BRASIL. Congresso Nacional. Lei n. 10.121
SÃO PAULO (Estado). Tribunal de Alçada
de 23 de agosto de 2001. Cria processo
Civil. Nula é a ação de cobrança dirigida
de compras de...Diário Oficial da União.
contra quem, como mandatário, emitiu
Brasília, DF, 24 de agosto de 2001. Seção
cheque. Ação rescisória n. 186.609.
1. Disponível em: <http:www.in.gov.br>.
Marcos Pires Alvim. São Paulo, v.463,
Acesso em: 27 dez. 2012.
p. 158-159, maio 1974. Disponível em: <http:/www.rt.com.br/júris/júris/.htm>. Acesso em 23 dez. 2012.
Jurisprudência (formato convencional)
UNIDADE 4
141
Metodologia Científica
Vários outros documentos têm a estrutura normalizada pela ABNT/NBR 6023/2002. Caso seja necessário informá-los em sua pesquisa, é recomendável consultar a norma.
Para saber mais: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023:Informação e documentação: referências. Rio de Janeiro, 2002.
Assista à videoaula com este conteúdo.
142
UNIDADE 4
A pseudociência nas universidades brasileiras Widson Porto Reis1
1 Introdução
cada dia surgem na imprensa notícias de novos cursos de extensão, pós-graduação
A
pseudociência
chegou
à
última
e até mesmo graduação, pesquisas
fronteira do pensamento crítico. Depois
científicas,
palestras
que os mapas astrológicos se espalharam
promovendo
pelas revistas femininas e o feng-shui e
universidade privada já é terra arrasada
a radiestesia fincaram pé nas revistas de
há tempos. Com um estrito compromisso
decoração; depois que a homeopatia
com o lucro, a universidade particular
tornou-se prática médica reconhecida e
oferece ao cliente o que ele quiser.
as
e
seminários
pseudociências.
A
a memória da água virou citação comum nas revistas de ciência; depois que as
Assim,
podem-se
correntes de e-mail convenceram os
de pós-graduação e de extensão em
legisladores de um estado brasileiro que
praticamente qualquer pseudociência
o uso de celulares deveria ser proibido
que se imagine: “Astrologia Clínica”
nos postos de gasolina e enquanto o
na respeitada Pontifícia Universidade
criacionismo se avizinha das aulas de
Católica (PUC) de São Paulo e “Astrologia
ciência das escolas públicas de outro
Aplicada na Gestão de Pessoas” na
estado... agora a pseudociência e o
UBC; “Terapias Naturais e Holísticas”
pensamento mágico travestido de ciência
na
chegaram à universidade.
“Feng-Shui”
Universidade na
encontrar
Castelo Universidade
cursos
Branco; Veiga
de Almeida; “I-Ching” na Faculdade Cândido Mendes; “Florais de Bach” na 2 O problema
Faculdade Helio Afonso (FACHA) e na Estácio de Sá (UNESA); Reflexologia na
O fato não é realmente novo, mas nunca
UNISUL... só para citar uma minúscula
antes se viu tantas atividades vindas de
fração dos cursos oferecidos. Mas é
dentro da universidade destinadas a
quando a pseudociência passa a ser
difundir e legitimar a pseudociência. A
difundida com o dinheiro público que
1 Widson Porto Reis é Engenheiro Metalúrgico, mestre em Ciências dos Materiais e ex-professor do Instituto Militar de Engenharia
UNIDADE 4
143
Metodologia Científica
a situação se agrava. A Universidade
Depois de ganhar os cursos de extensão,
Federal de Pernambuco (UFPE), por
a pseudociência chegou à graduação.
exemplo, ministra regularmente cursos
Já se espalham pelo país os cursos
de extensão em Reiki – técnica oriental
superiores em naturologia. A princípio
de cura com as mãos – Aromaterapia
a proposta parece inatacável. Afinal,
e Mandalas. Os cursos são oferecidos
seria muito bem vindo um profissional
pelo CCSA, Centro de Ciências Sociais
que pudesse reescrever tratamentos
Aplicadas. Já a Universidade Federal do
naturais
Rio de Janeiro (UFRJ), certamente uma
separando-os de inócuos, e às vezes
das mais conceituadas universidades do
perigosos, curandeirismos. Mas como
país, é a instituição pública brasileira com
todo cético escaldado sabe, o rótulo
a maior oferta de cursos de extensão para
de Terapias naturais geralmente é uma
a formação de profissionais esotéricos:
fachada para as velhas esotéricas técnicas
“Terapia Floral”, “Fisiologia Chinesa
“milenares”.
reconhecidamente
eficazes,
e Práticas Energéticas”, “Astrologia, Corpo e Saúde”, “Cromoterapia” e
Realmente, uma análise mais cuidadosa
especialmente o “Ecologia da Mente”,
do programa desses cursos revela o
guarda-chuva místico sob o qual se
que se espera: radiestesia, florais de
abrigam Radiestesia, I-Ching, Feng-Shui
Bach, cromoterapia e reflexoterapia são
e Tarô.
algumas das disciplinas que um bom naturólogo terá em seu currículo. Além
Para ser honesto, nenhum dos cursos
das terapias naturais e artes divinatórias,
citados causaria estranheza no triste
também
cenário atual não fosse o fato de estarem
espaço na universidade, o que não
catalogados
“Ciências
seria problema nenhum desde que a
da Saúde” e serem oferecidos pela
ocupação não se desse no território das
Divisão de Ensino, Pesquisa e Extensão
ciências. Uma destas iniciativas está na
do Hospital Escola São Francisco de
Universidade Federal do Rio Grande do
Assis. De fato, um dos projetos em
Sul, UFRGS, que criou em 2001 o NIETE
andamento neste hospital universitário
- Núcleo Interdisciplinar de Estudos
é a implantação destas técnicas no
Transdisciplinares Sobre Espiritualidade,
tratamento dos pacientes, buscando
atualmente coordenado pela a professora
a “redução de custos hospitalares e
Malvina do Amaral Dorneles.
na
área
de
a
religião
vem
ganhando
melhoria da qualidade de vida e saúde (...)
144
aprofundando
e
construindo
o
Uma das atividades recentes do NIETE
conhecimento das terapias naturais numa
foi estabelecer uma parceria com a
perspectiva multidisciplinar”.
Sociedade Brasileira de Apometria para
UNIDADE 4
a formação de um grupo de estudos em
No estudo, um terço do grupo de ratos
apometria (GEPEA), a fim de “contribuir
recebia
para a promoção da saúde da população
de mãos, outro terço tinha uma luva
de nossa comunidade (...) inserindo-se
colocada sobre as gaiolas (para simular
nas
da
a impostação) e o restante não recebia
Organização Mundial da Saúde”. Bem,
nenhum tipo de tratamento. Ao final
para quem não conhece, a apometria é
do
uma técnica espírita, controversa mesmo
um aumento do número de linfócitos
entre os adeptos desta religião, que
e monócitos dos ratos submetidos
consiste em aplicar “pulsos magnéticos
ao tratamento. O trabalho já seria
concentrados e progressivos no corpo
controverso o bastante sem a afirmação
astral do paciente”. Cursos de apometria
non sense com que foi divulgado
incluem
desobssessão
por Monezzi na imprensa: “O corpo
(exorcismo) e defesa contra vampirismo e
humano é um emissor de energias
espíritos parasitas. Outro filhote do NIETE
que ainda não foram qualificadas, mas
é o Grupo Psi-Alfa-Ômega, coordenado
exames
pelo professor da UFGRS, Cícero Marcos
e eletroencefalograma mostram que
Teixeira. Um das principais linhas de
existem”. O estudo de Monezzi, mesmo
pesquisa do grupo é a Transcomunicação
sem ter sido replicado por nenhum outro
Instrumental (TI), a arte de receber
pesquisador, é utilizado pelo Gente Com
mensagens do além através de ondas
Saúde, Grupo de Meditação e Técnicas
de rádio ou televisão. Quem pratica, jura
Complementares em Saúde, da UNIFESP,
que pode captar mensagens dos mortos
na promoção do curso de extensão do
nos ruídos de velhos rádios valvulados
Centro de Aperfeiçoamento em Saúde:
ou ver espíritos em difusas imagens de
“Gerenciamento das doenças através do
televisão; um update do velho mito das
REIKI/impostação das mãos”, do qual,
mensagens subliminares em discos de
aliás, Monezzi é professor.
discussões
contemporâneas
técnicas
de
tratamento
experimento,
como
o
por
impostação
Monezzi
detectou
eletrocardiograma
rock. “Queremos contribuir em termos acadêmicos para a compreensão do ser humano, uma vez que ele não vive
3 O caso UNB
somente no plano físico”, diz Cícero, que também é autor do livro “Internautas do
Neste quadro, a Universidade de Brasília
Além”. Já na UNIFESP, o biólogo Ricardo
certamente representa o caso mais grave.
Monezzi
dissertação
Esta prestigiada instituição, sediada na
de mestrado: “Avaliação de efeitos
capital do País, criou em 1989 o Núcleo
da prática do Reiki sobre o sistema
de Estudos de Fenômenos Paranormais
imunológico de camundongos machos”.
(NEFP), ligado ao CEAM - Centro de
UNIDADE 4
defendeu
sua
145
Metodologia Científica
Estudos Avançados Multidisciplinares. O
que assim mesmo divulgou o trabalho nos
que parecia uma interessante iniciativa
maiores meios de comunicação do país.
acabou se revelando um verdadeiro
O astrólogo Francisco Seabra, também
cavalo de troia, com o qual astrólogos,
membro do NEFP, chegou a declarar à
radiestesistas,
médiuns,
revista ISTOÉ, segunda maior revista
entortadores de colheres e outros tantos
de notícias do país: “A universidade
vêm invadindo a academia, utilizando-a
faz uma revolução ao reconhecer que
para difundir suas crenças pessoais. O
a astrologia é uma ciência”. A bisonha
coordenador do NEFP é o engenheiro
afirmação só revela o desconhecimento
civil e astrólogo, Paulo Celso dos Reis
de Seabra sobre o que é ciência. Um dos
Gomes. Paulo Celso é autor do trabalho
objetivos confessos do NEFP é trabalhar
“Verificação dos efeitos das posições
para a “sistematização da Astrologia e
dos astros na eclíptica com respeito à
sua inclusão no rol das ciências oficiais”.
formação do homem e seu cotidiano”.
Neste esforço já se encontra em sua
ufólogos,
quarta edição o Curso de Astrologia para Na pesquisa, os astrólogos (os próprios
Pesquisadores, promovido pela UnB e
autores) confeccionaram o mapa astral
coordenado por Hiroshi Masuda, outro
de 100 voluntários conhecendo apenas
membro do NEFP.
as datas e locais de nascimento de cada um. Depois de receber seu perfil
O curso tem uma missão bem definida:
astrológico, os voluntários preencheram
“formar astrólogos pesquisadores que
um
pontuaram,
venham a comprovar, de forma racional,
numa escala de 1 a 5, o grau de
os fundamentos da astrologia”. Firme
acerto ou relevância de cada uma das
em sua missão, recentemente, o NEFP
características levantadas. Somente 40
conseguiu aprovar a realização do “1º
dos 100questionários foram analisados;
Encontro
destes, os pesquisadores verificaram o
ocorrido em agosto deste ano. O tema
impressionante índice de 95% de acertos.
central do encontro foi a capciosa
É evidente que a única coisa que o estudo
pergunta “Até que ponto a astrologia
de Paulo Celso mediu foi a capacidade
deve ser entendida como ciência?”.
que as pessoas têm de se identificar com
Francisco Seabra declarou a imprensa
perfis vagos, especialmente os positivos
meses antes: “Vamos debater pesquisas
e lisonjeiros, sobre si mesmas – o velho
que têm contribuído para aproximar
conhecido Efeito Forer.
o conceito astrológico do conceito
questionário
onde
Nacional
de
Astrologia”,
científico”. Esta falha grosseira de metodologia, contudo, não ficou no caminho do NEFP,
146
Como se vê, a rigor não teria sido
UNIDADE 4
um debate muito amplo... O vice
senso crítico que seus professores.
coordenador do NEFP é físico PhD Álvaro Luis Tronconi. Pródigo em alegações
Como seria de se esperar, também este
que desafiam o bom senso, Tronconi
pequeno obstáculo de credibilidade não
já entregou à imprensa pérolas como:
ficou no caminho do NEFP, que manteve
“Queremos saber por que a força do
agendado
pensamento desorganiza a configuração
o
dos átomos dos metais e se ela pode ser
ministraria na universidade. (O valor de
identificada e calculada como se faz com
aproximadamente 100 dólares que o
a energia elétrica, que não conhecemos
interessado deveria desembolsar pelo
por inteiro, mas todos acreditam que
curso pode ser visto como um grande
existe e a usam”, e “Se podemos melhorar
investimento, já que aumentar a sorte
nossa
podemos
em bingos e loterias é uma das artes que
dominar a bioenergia e usá-la para
Amorim ensina em seus cursos.) A relação
nos teletransportar ou curar doenças”.
de Luiz Carlos Amorim com o NEFP vem
O objeto de estudo de Tronconi é o
de longa data. O ex-coordenador do
famoso paranormal brasileiro Luiz Carlos
Núcleo, o psicólogo Joston Miguel Silva,
Amorim que, assim como o paranormal
estudou durante oito anos 13 pessoas
ícone dos anos 70, Uri Geller, exercita
que diziam possuir alguma habilidade
seus poderes em talheres e ganha a
paranormal, entre eles Amorim e Thomas
vida como oráculo de políticos, atores
Green
e qualquer um que possa pagar seus
brasileiro badalado entre os famosos.
gordos cachês. Na verdade, Tronconi e os
Dos 13, o pesquisador da UnB confirmou
demais pesquisadores do NEFP parecem
as habilidades de cinco. Outros cinco
considerar as habilidades paranormais de
tiveram
Amorim suficientemente demonstradas,
comprovados esobre os três restantes
já que o convidaram em2003 a apresentar
não houve nenhuma conclusão. A técnica
seus poderes durante uma palestra na
de Joston para validar os paranormais? A
UnB. Segundo a assessoria de imprensa
kirliangrafia, em que se usa uma Máquina
da UnB, a demonstração foi um fiasco. A
Kirlian para fotografar a aura do sujeito. O
plateia, constituída em sua maioria pelos
interesse do vice-coordenador do NEFP,
estudantes da universidade, compareceu
pelo estudo da paranormalidade nasceu
decidida a desmascarar o paranormal e
de uma marcante experiência pessoal.
conseguiram fazê-lo perder a compostura
Tronconi atribui a cura de uma hérnia-
(e aparentemente os poderes) em mais
de-disco ao poder mental da enfermeira
de uma ocasião - um interessante caso
que o tratou utilizando passes de mão.
em que os alunos demonstraram mais
Arrebatado pela experiência, Tronconi
oratória,
UNIDADE 4
também
Eu
o
curso
Paranormal”
Morton,
seus
“Despertando que
outro
poderes
Amorim
paranormal
parcialmente
147
Metodologia Científica
hoje é coordenador e professor do curso
quadro atual preocupante é que o
de extensão “Ensaios Parapsíquicos”,
que se está fazendo em grande parte
promovido
programa
dentro da universidade não é Somente
do curso é um pout pouri esotérico
pseudociência, é ciência ruim; ciência
envolvendo viagem astral, regressão a
ruim em nome da legitimização da
vidas passadas, kirliangrafia, chacras,
pseudociência. Os astrólogos, ufólogos,
interpretação de sonhos, retrocognição e
terapeutas alternativos e religiosos que
outros assuntos que nos fazem imaginar
vêm utilizando o nome da universidade
como são as aulas de física que Tronconi
em suas pesquisas não estão em busca da
leciona na universidade.
verdade, mas apenas da validação, custe
pela
UnB.
O
o que custar, de suas crenças pessoais. Estes pesquisadores invertem o caminho 4 Onde está o limite?
que devem trilhar as novas ideias e levam suas controversas pesquisas aos meios
Criticar qualquer tipo de pesquisa na
de comunicação leigos antes de fazê-las
universidade é caminhar em uma linha
chegar aos periódicos científicos, onde
muito tênue.Uma escorregadela e se
poderiam ser avaliados por seus pares.
atravessa para o lado do preconceito e do patrulhamento da liberdade acadêmica.
Na verdade, bem poucos destes trabalhos
Por isso é importante responder muito
chegam a ver a luz de uma revista
claramente: por que a presença da
peer-review. Trabalhos com resultados
pseudociência na universidade é tão
extraordinários,
nociva? Como ponto de partida é preciso
fossem obrigariam a ciência a rever
deixar claro que nenhum tema jamais deve
seus conceitos mais básicos e introduzir
ser considerado tabu na universidade.
novas entidades, forças e “energias”,
Muito pelo contrário. As pesquisas
são divulgados entusiasticamente sem
acadêmicas sobre as pseudociências são
a devida análise crítica dos resultados e
o necessário ferramental para o cético
sem que as potenciais fontes de erros
que promove a razão e o pensamento
sejam apontadas. Citações bibliográficas
crítico. Afinal não se deve esperar que
são seletivas e simplesmente ignoram
as alegações da astrologia e outras
toda a massa de dados, geralmente
artes divinatórias, de diversas terapias
abundante nestes casos, que se opõem
alternativas e de inúmeros fenômenos
à visão dos autores. Acima de tudo
paranormais sejam descartadas somente
não há replicação dos trabalhos; um
por desafiar o senso comum.
único resultado favorável é considerado
que
se
verdadeiros
suficiente para confirmar as hipóteses Pesquisar é preciso. O que torna o
148
do ansioso autor – muito pouco para
UNIDADE 4
quem está dirigindo na contramão do
que tudo seja dito em nome da ciência
conhecimento estabelecido.
e esperar que as evidências falem por si mesmas, decididamente não funciona
O
que
estes
pesquisadores
estão
em um país onde grassa a ignorância
fazendo é o que Richard Feynman
científica e onde a mídia, vilã e vítima,
chamava de “ciência de culto a carga”:
notícia apenas a parte sensacional da
algo que usa a linguagem científica, que
notícia. Além disso, mesmo o mais
segue os preceitos básicos do método
ferrenho defensor da liberdade irrestrita
científico e que até mesmo parece
de expressão concordará com o cético
ciência – pelo menos tanto quanto um
mais radical que há uma linha em algum
boneco parece um homem – mas no
lugar entre, por exemplo, a quiromancia
qual falta um elemento fundamental:
e a acupuntura. Onde está a linha
integridade científica. Mas a universidade
descobre-se checando-se as evidências
também contribui para a legitimação do
e não emprestando o púlpito à primeira
pensamento mágico quando serve de
cigana interessada. E evidentemente
fórum para debate com a pseudociência.
ninguém está mais apto a investigar
Tome-se como exemplo a recente palestra
evidências do que a universidade.
sobre “criacionismo científico” (uma contradição a partir do título) ocorrida na
Por fim, é preciso lembrar que a crença
Universidade Federal do Estado de São
em certas pseudociências traz um ônus
Paulo (UNIFESP) sob (tímidos) protestos
para a sociedade. Este ônus pode não ser
da comunidade científica. Sabe-se que
óbvio enquanto a astrologia fica restrita
para o criacionismo não interessa o
aos inocentes horóscopos das páginas
resultado do debate, mas apenas ser
dos jornais e o feng-shui às revistas
debatido; o simples fato de ocupar o
de decoração. Mas e quando mapas
palanque em uma grande universidade e
astrológicos estiverem sendo usados em
ser ouvido pela elite intelectual do país
entrevistas de emprego ou nas salas dos
já empresta ao movimento criacionista
tribunais? Alguém gostaria de perder
a imagem de cientificismo que ele tanto
um emprego ou uma causa judicial por
busca para se colocar como alternativa
causa da hora em que foi retirado da
ao ensino da evolução.
barriga de sua mãe? E quando pêndulos estiverem auxiliando os diagnósticos
Novamente, não se trata de impor
médicos e a imposição de mãos for
nenhum tipo de censura ou de “inquisição
prática comum nos hospitais públicos,
sem
rapidamente
no lugar dos tratamentos convencionais?
consideram
E quando tudo isso estiver acontecendo
censurados ou perseguidos. Mas permitir
porque a universidade deu a astrólogos
fogueiras”-
protestam
UNIDADE 4
os
como que
se
149
Metodologia Científica
e radiestesistas a mesma credibilidade
de divulgação.
profissional de engenheiros e médicos? Quanto tempo ainda temos até que
Dizer que as revistas de ciência no Brasil
cirurgias
devidamente
são tolerantes com as pseudociências é
abalizadas pelas pesquisas “científicas”
dizer pouco. Dizer muito seria chamar
da academia, sejam cobertas pelos
de “revistas de ciência”, revistas que já
planos de saúde? É bom lembrar que no
produziram suplementos especiais sobre
Brasil, a homeopatia já chegou lá.
astrologia e feng-shui. Sobre este tema
espirituais,
Allan Novaes em seu artigo “Ciência em crise, jornalismo em queda?” mostra que, 5 A causa
de 2000 a 2004, 75% das capas da revista Superinteressante, maior revista de seu
O Brasil tem um quadro desanimador
gênero no Brasil, foram sobre ciências
no que diz respeito ao combate à
sociais ou humanas e 42% foram de temas
pseudociência. O movimento cético
religiosos, místicos ou pseudocientíficos.
no país é um fenômeno relativamente
Aqui, a crise do jornalismo científico se
recente, 100% amador e que não surgiu
confunde a tal ponto com a da infiltração
dentro da universidade e sim na internet
da pseudociência nas universidades que
em torno de grupos de discussão e uns
fica difícil distinguir causa e efeito. Há
poucos sites. Sendo um grupo formado
outros motivos por que pseudociências
em sua maioria por jovens ainda sem
e misticismos encontraram um terreno
credenciais científicas, o Movimento
fértil nas universidades. O Brasil é um
Cético Brasileiro, se podemos chamá-lo
país que respira religiosidade, e onde
assim, sofre por falta de credibilidade,
existe uma mistura, talvez única no
o que até agora tem lhe permitido
mundo, de religiões, cultos e seitas.
atingir apenas de raspão a mídia. Já
Projetos
a comunidade científica nacional está
como os que a UnB, UFRJ e UFRGS
muito mais ocupada em concorrer pelos
vêm realizando são populares porque
minguados recursos oficiais e lutar contra
mostram uma aproximação entre ciência
as dificuldades diárias de infraestrutura,
e espiritualidade que muitos acreditam
sucateamento de laboratórios, cargas
ser saudável.
de
pesquisa
e
extensão
horárias excessivas e toda a sorte
150
de problemas, do que em combater
A ideia de que a ciência deveria dar
voluntariamente
da
as mãos à religião em uma espécie
pseudociência em seu quintal. Mas não
de “retorno às origens”, e que deste
faltam apenas as pessoas para combater
casamento forçado entre o materialismo
o pensamento mágico, faltam os meios
e o espiritualismo nasceria o melhor
a
penetração
UNIDADE 4
dos dois mundos é muito promovida
intolerância criticar qualquer saber, por
pelas
bastante
mais primitivo e desligado da realidade
apreciada pelo público leigo. Condenar
que seja. Francamente impulsionado
esta promiscuidade científico-místico-
pelas ciências humanas e sociais, esse
religiosa, modernamente camuflada por
relativismo paralisante não reconhece
palavras como “interdisciplinaridade” e
como
“multidisciplinaridade”, tem soado cada
científico (o que rigorosamente falando
vez mais politicamente incorreto, e os
não é mesmo), mas tampouco descarta
cientistas não raro o evitam. Some-se a
nenhuma alegação extraordinária; tudo
este quadro a natureza do povo brasileiro,
pode ser, como pode não ser. Se a
hábil em conciliar o inconciliável – por
ciência ainda não comprovou a eficácia
exemplo,
religioso
daquela “técnica milenar”, o problema é
que mescla os cultos africanos com o
da ciência; dê-lhe mais alguns milênios e
cristianismo – e sua aversão a qualquer
ela chegará lá.
ciências
no
humanas
e
sincretismo
final
nenhum
conhecimento
tipo de confronto que possa ser levemente confundido com intolerância religiosa. O que nos leva a maior de todas as causas
6 Conclusão (temporária)
para disseminação da pseudociência nas universidades: o Relativismo.
Não se propõe com este trabalho nenhum tipo de censura à produção
O Relativismo é a ideia de que todos
universitária, mesmo em se tratando de
os saberes são apenas de opinião,
fenômenos supostamente paranormais,
fruto do seu contexto histórico e social.
místicos ou esotéricos; pelo contrário
O relativista acredita que todos os
este trabalho propõe o acirramento da
pontos de vista são igualmente válidos
discussão sobre estes fenômenos, mas
e vê a ciência apenas como mais uma
definindo o escopo e o valor da Ciência,
maneira e representar o mundo, em
que parece ter se esmaecido em algum
pé de igualdade com a não ciência. A
lugar do passado. Acima de tudo este
verdade científica, nesta onda relativista,
trabalho propõe o estabelecimento de
é vista apenas como um produto social,
políticas vindas de dentro dos comitês
uma
da
universitários, que restrinjam o impacto
maioria. Desta maneira as teorias mais
de pesquisas levianas, sejam elas naquilo
exóticas
que hoje se considera pseudociência ou
democrática, tornam-se
de
consenso
irrepreensíveis
e
passam a ser escudadas por bordões
não.
como: “Você tem a sua opinião, eu tenho a minha” ou “tudo é relativo”.
Este trabalho propõe que núcleos de
Novamente torna-se uma imperdoável
pesquisa de borda, como o NEFP e o
UNIDADE 4
151
Metodologia Científica
NIETE, sejam julgados periodicamente por sua produção científica, publicada em revistas indexadas e que isso determine seu subsidiamento pela universidade pública; isto sempre foi sinônimo de pesquisa de qualidade em qualquer área e a pesquisa em fenômenos paranormais não deve ser exceção. E, finalmente, este trabalho sugere que cursos de extensão e pós graduação em terapias médicas alternativas promovidas pelas ciências da saúde, sejam julgados e aprovados por comitês multidisciplinares (similares
aos
comitês
de
ética,
normalmente requeridos para aprovar estudos que trabalham com populações) que possam atestar a cientificidade e segurança das técnicas ensinadas. No mínimo, isso servirá para mover estas terapias alternativas para fora do escopo da ciência.
Fonte: REIS, Widson Porto. A Pseudociência nas Universidades Brasileiras. In: Primeira Conferência
Iberoamericana
sobre
Pensamento Crítico da revista Pensar, 2005. Argentina. Disponível em: <http:// w w w. s c r i b d . c o m / d o c / 2 3 4 5 5 6 7 / A pseudociencia-nas-universidades>. Acesso em: 06 set. 2013.
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UNIDADE 4
RESUMO DA UNIDADE
Nesta unidade discutimos primeiramente como deve ser a organização estrutural do texto, na sequência a necessidade de se efetuar revisões bibliográficas de forma rigorosa. Em continuidade apresentamos as normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas e sua padronização ao diálogo teórico. E por fim e não menos importante vimos que a citações devem fluir de forma harmoniosa, para isto verificamos como é feita a formalização das citações.
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Metodologia Científica
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
1. A respeito dos tipos de artigo de revisão, aponte a opção correta: a) Há revisões de maior e de menor rigor metodológico, sendo que a integrativa se destaca como uma narrativa convencional. b) Na revisão de “estado da arte”, o pesquisador pretende apontar o ponto em que se encontra determinado estudo dos pontos de vista teórico e metodológico. c) Na revisão empírica, o pesquisador procura explicar o problema inserido em um quadro teórico rigoroso. d) A revisão sistemática, por seguir o rigor metodológico, deve se pautar em dados primários.
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2. Ao analisar o conteúdo do início da introdução de um artigo, apresentado no quadro abaixo, podemos notar um aspecto negativo na seção. Aponte-o: 1 INTRODUÇÃO Este trabalho nasceu de inquietações a respeito de como se pode avançar na análise das interações face a face. Na perspectiva do ISD, elas são entendidas como pertencentes ao tipo de discurso: Discurso Interativo. Dentro das práticas linguageiras do gênero a que pertencem, podem ser analisadas como textos, considerando a proposta da arquitetura textual (BRONCKART, 1999). Entretanto, situações de análise do trabalho real me mostraram que essa análise talvez não baste para justificar diferenças entre interações. O objetivo principal do estudo que atualmente desenvolvo, por meio do projeto “Diversidade Social e Identidade do Português Brasileiro nas Interações de Sala de Aula de Língua Portuguesa”, é explicitar as estratégias discursivas que o professor mobiliza para construir uma ação que possa ser interpretada pelos alunos e que seja favorável para a aprendizagem pretendida. Nesse contexto, na regulação entre o macro (as situações do agir docente no cenário de sala de aula, particularmente quando o professor se coloca no papel de mediador/facilitador) e o micro (de que variedade de língua, padrão ou não padrão, se vale esse docente nessa situação de agir), venho trabalhando com o referencial teórico do ISD. Nesta pesquisa, uma das conclusões chegadas diz respeito à forma como se constitui o profissionalismmo de duas professoras, MH e K, ambas docentes de Língua Portuguesa de 5ª séries do Ensino Fundamental. a) o autor traz, no primeiro parágrafo, um panorama geral da pesquisa e apresenta suas justificativas. b) O autor informa, logo no início do trabalho, as fundamentações teóricas que a sustentam. c) O objetivo geral do artigo é associado a uma inquietação maior do pesquisador. d) A autora adianta uma conclusão da sua pesquisa.
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Metodologia Científica
3. Sabendo que a estrutura de um artigo científico é constituída de três partes, identifique os elementos a seguir, colocando (1) para os pré-textuais, (2) para os textuais e (3) para os pós-textuais: ( ) referências e glossários ( ) título e credenciais do autor ( ) resumo e palavras-chave ( ) Considerações finais ( ) apêndices e anexos A ordem CORRETA da enumeração é: a. 2 – 1 – 2 – 3 – 1 b. 2 – 1 – 1 – 3 – 1 c. 3 – 1 – 1 – 2 – 3 d. 3 – 1 – 3 – 2 – 3
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4. Após lido o artigo científico “A importância da disciplina de Metodologia Científica no desenvolvimento de produções acadêmicas de qualidade no nível superior”, de Rosane Tolentino Maia, assinale a opção cujas palavras completam coerente e corretamente as frases a seguir. I) O assunto abordado no artigo é ............................................ II) Uma justificativa para a necessidade do estudo é uma deficiência encontrada na ..... ....................................... dos alunos na Educação Básica. III) Ao abordar as principais regras da produção científica, a Metodologia Científica pretende contribuir para uma melhor compreensão sobre a sua natureza e objetivos, podendo auxiliar na melhoria da ............................................ dos alunos de Ensino Superior. IV) No estudo apresentado no artigo, a autora objetivou provar que a disciplina Metodologia Científica é iminentemente ............................................ e apresenta os ............................................ necessários para a realização de trabalho de pesquisa, buscando a construção do conhecimento dos acadêmico-científicos, segundo as normas científicas vigentes. a. metodologia científica; formação; produtividade acadêmica; prática; instrumentos. b. metodologia científica; formação; produtividade acadêmica; instrumentos; prática. c. produtividade acadêmica; metodologia científica; formação; prática; instrumentos. d. metodologia científica; produtividade acadêmica; prática; instrumentos; formação. e. produtividade acadêmica; formação; metodologia científica; prática; instrumentos.
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Metodologia Científica
5. Todos os elementos abaixo compuseram a pesquisa em análise, exceto: a. o questionário estruturado b. o raciocínio indutivo c. uma amostra não-probabilística d. o estudo bibliográfico e. os sujeitos representativos do universo
6. O questionamento feito por Widson Porto Reis, ao escrever o paper “A pseudociência nas universidades brasileiras”, deve-se ao fato de esse tipo de pesquisa ferir características da produção científica. Marque o par em que ambas as características, segundo o autor, são desconsideradas pela “pseudociência”. a. clareza e coesão b. coesão e coerência c. Objetividade e precisão d. uso da norma culta e objetividade e. imparcialidade e uso da norma culta
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7. Após lido o artigo científico “A importância da disciplina de Metodologia Científica no desenvolvimento de produções acadêmicas de qualidade no nível superior”, de Rosane Tolentino Maia, assinale a opção cujas palavras completam coerente e corretamente as frases a seguir. I) O assunto abordado no artigo é ............................................ II) Uma justificativa para a necessidade do estudo é uma deficiência encontrada na ..... ....................................... dos alunos na Educação Básica. III) Ao abordar as principais regras da produção científica, a Metodologia Científica pretende contribuir para uma melhor compreensão sobre a sua natureza e objetivos, podendo auxiliar na melhoria da ............................................ dos alunos de Ensino Superior. IV)
No estudo apresentado no artigo, a autora objetivou provar que a disciplina
Metodologia Científica é iminentemente ............................................ e apresenta os ............................................ necessários para a realização de trabalho de pesquisa, buscando a construção do conhecimento dos acadêmico-científicos, segundo as normas científicas vigentes. a. metodologia científica; formação; produtividade acadêmica; prática; instrumentos. b. metodologia científica; formação; produtividade acadêmica; instrumentos; prática. c. produtividade acadêmica; metodologia científica; formação; prática; instrumentos. d. metodologia científica; produtividade acadêmica; prática; instrumentos; formação. e. produtividade acadêmica; formação; metodologia científica; prática; instrumentos.
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8. Questão 8 – Todos os elementos abaixo compuseram a pesquisa em análise, exceto: a. o questionário estruturado b. o raciocínio indutivo c. uma amostra não-probabilística d. o estudo bibliográfico e. os sujeitos representativos do universo
9. Sobre a submissão da pesquisa à comunidade acadêmica, NÃO é possível afirmar que: a. é uma fase que constitui o trabalho científico tanto quanto as anteriores. b. tal submissão pode acontecer em um evento científico da área a qualquer momento da pesquisa. c. qualquer que seja a modalidade de submissão, o objetivo desta fase é que o texto seja lido e avaliado por representantes epistemológicos da ciência em pauta. d. as bancas são compostas por pessoas com formação na área ou em Metodologia Científica que têm a tarefa de validar ou não o conhecimento construído. e. sem a validação da comunidade acadêmica, o texto não pode ser divulgado como científico.
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10. Questão 10 - Marque a única alternativa que se trata de uma ação desnecessária para que a formalização da referência abaixo fique totalmente correta: SOARES, Marden. SOBRINHO, Aberlado D. M. Microfinanças: O Papel do Banco Central do Brasil a importância do cooperativismo de credito. 1ª ed. Brasília. BCB, 2007. 170 p. a. Substituir o ponto que separa os dois autores por ponto-e-vírgula. b. Excluir o itálico do subtítulo, já que apenas o título é destacado. c. Excluir a informação “1ª ed.”, pois esse dado aparece apenas a partir da 2ª edição. d. Excluir o número de páginas do livro, uma vez que a ABNT proíbe essa prática. e. Excluir o negrito do nome da cidade.
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