A Bailar in a.
Era inicio de manhã, uma manhã meio fria que despontava no horizonte. Ela vagava pelo meio fio, presa em seus pensamentos talvez. Era visível a angustia na sua postura. Trazia consigo os ombros meio encurvados, daquele tipo que carrega o mundo nas costas. Talvez carregasse. Para quem observa de longe não dá para ver a idade, nem mesmo a maquiagem borrada de alguém que chorou. Choro às vezes é bom, ajuda a lavar antigas mágoas. Mas que mágoas pode ter uma fada? Sim acho que era bela, por que tudo o que é tocado pela música é belo, e se com ela se faz dança então é mágica... E eu continuava vendo-a do meu ponto seguro de observação, cabeça baixa, o olhar seguindo calmo cada passo inseguro dado. Um suspiro talvez. A gente percebe quando a dor tem forma, por que é carregada no semblante. No final do meio fio, ela para. A rua se divide numa movimentada encruzilhada, são carros passando velozes, não vislumbram a pessoa, apenas o vulto. Eu também vejo o mesmo vulto tomar forma e voar... E no chão, apenas o pouso silencioso das asas de uma fada com as sapatilhas de bailarina.
Éb an o Mar q ue s