As joias de Manhattan - Primeiro capítulo

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As Joias de Manhattan

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Da Autora:

Uma Cama para TrĂŞs A Terra Tremeu?

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Carmen Reid

As Joias de Manhattan É possível roubar a vida perfeita?

Tradução Maura Paoletti

Rio de Janeiro | 2012

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Capítulo Um

— Então, estou no parque, correndo, quando aparece um cara que saca uma arma e pede o meu relógio. — Betty, que horror! Ficou com medo? — Não, Lauren, fiquei humilhada.Tinha deixado meu Cartier em casa. Diálogo entre a sra. Henry St. Claire-Trevellian e a sra. Emery Hewitt III almoçando no Upper East Side

h, olhe esta vitrine, que gracinha! Amber, entupida de espírito natalino e macarrão com frango, voltava para casa com a irmã, caminhando pela rua 17, lado oeste. Todas as vitrines desta rua e de toda a Manhattan estavam decoradas com luzes brilhantes, neve falsa e anjos. Parou na frente da Bijoux Rox para admirar a nova vitrine. Minúsculas marionetes de assaltantes mascarados, com suéteres listrados e sacos nas costas, desciam das alturas, pendurados em cordas, sobre tesouros cravejados de diamantes, colares de pérolas gorduchas e relógios de ouro e pedras preciosas mais abaixo. O fundo de veludo fora pulverizado com uma leve camada de neve falsa e tudo piscava e cintilava sedutoramente sob luzes de contos de fadas.

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— Oh, isso é tão bonito! — exclamou Sapphire, parando ao lado de sua irmã mais velha. — Temos que entrar, vamos lá, só para dar uma olhada. Está tudo tão natalino lá dentro. Amber balançou a cabeça. — Não. Estamos quase em casa e aposto que tudo vai custar em torno de mil dólares. Não estou com vontade de comprar joias no momento e, falando nisso, achei que você preferia peças vintage. — Prefiro, mas só queria dar uma olhadinha — argumentou Sapphire usando seu melhor sorriso derrete-corações. Amber começou a amolecer. — Ó, meu Deus... você não está novamente sonhando com noivados, diamantes e casamentos, não é? — Não! — insistiu Sapphire, mas Amber não acreditou muito nela. Sapphire agarrou seu braço e puxou-a pela porta.

— Olá, bem-vindas à minha loja, meu nome é Ori. — O proprietário cumprimentou com um sorriso e uma breve reverência. — Estou à sua disposição. Era um homem rechonchudo, de aparência alegre, quase completamente calvo, vestindo uma camisa listrada e elegantes calças cinza cujos botões pareciam estar um pouco apertados. — Fiquem à vontade, olhem tudo. Se encontrarem algo que desejam experimentar é só dizer! — Olá, é muita gentileza sua — respondeu Amber. — Fiquem à vontade e olhem tudo com calma. Imagino que vocês sejam irmãs, e sabem por que digo isso? As duas são altas, lindas e sua pulseira combina com os brincos dela. Sou esperto, não? — Está certo — respondeu Sapphire, sorrindo. Amber viu Ori dar uma olhada rápida no relógio e depois no pacote em cima do balcão. Cheirava aos knish, aqueles bolinhos assados de origem judaica recheados com batata ou cebola, vendidos na delicatéssen da esquina, e o papel já estava mostrando marcas de óleo.

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Faltavam dois minutos para as nove horas da noite, era hora de encerramento, mas era óbvio que ele queria ser um bom vendedor. — Se gostarem de algo, por favor, digam e experimentem. O Natal está chegando — insistiu Ori. — Só vou fechar as grades pantográficas, Ok? Ao toque de um botão, as portas metálicas começaram a deslizar sobre a vitrine da frente. — Oh, veja aquele maravilhoso pingente... — começou a dizer Sapphire, mas suas palavras foram abafadas pelo barulho de uma motocicleta. As irmãs viraram-se e viram uma motocicleta subir na calçada em frente à joalheria. O motociclista desceu e marchou para dentro da loja, escancarando a porta fechada. — Ei! — rosnou Ori. — Esta porta custa quatro mil dólares. Você está no lugar errado. O escritório de advocacia fica na porta ao lado, no andar de cima. Mas, então, outra motocicleta subiu na calçada e outro homem invadiu o local, também vestido em couro dos pés à cabeça, com um capacete preto. O visor escuro estava abaixado. Amber deu um passo protetor na direção da irmã mais nova. Reconhecera imediatamente que aqueles não eram dois motoboys chegando ao endereço errado. Esses caras queriam algo. O primeiro motoqueiro sacou um revólver preto. Amber engasgou e sentiu os joelhos fraquejarem. — Vá com calma — conseguiu dizer Ori, enquanto levantava as mãos e se afastava do homem. — No chão! — O motoqueiro acenou com a arma na direção das irmãs. Amber e Sapphire despencaram no chão como pedras. O segundo motoqueiro pegou um martelo de dentro da jaqueta e andou direto na direção de Ori, que se encolheu contra a parede. Com um golpe violento, o motoqueiro bateu com o martelo no vidro do balcão na frente de Ori. O primeiro golpe somente rachou a superfície temperada, mas o segundo golpe quebrou o vidro. Braceletes As Joias de Manhattan

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de ouro, pulseiras e anéis de diamante foram recolhidos aos punhados e jogados em uma mochila preta. O motoqueiro passou para a vitrine seguinte enquanto o segundo homem roubava o outro lado da loja. O rosto de Amber estava firmemente pressionado contra o piso enquanto cacos de vidro, anéis, pulseiras e joias caíam ao seu redor. Havia visto a arma, sabia que era um assalto à mão armada, e agora tudo em que podia pensar era se ela e Sapphire seriam baleadas. Ouviu um gemido baixo de medo e percebeu, como se estivesse fora do seu corpo, que havia sido ela. Apertou bem os lábios, mas não fechou os olhos. Viu Ori, de pé contra a parede, assistindo à sua linda loja ser sa­ queada. Viu a parte traseira da bela cabeleira loira de Sapphire bem à sua frente. Seus ombros moviam-se rapidamente para cima e para baixo; talvez estivesse sem ar ou chorando silenciosamente. Amber estendeu o braço para tocar as costas da irmã de modo reconfortante. Depois se concentrou no motoqueiro armado. O pensamento de que ele poderia atirar em qualquer um deles a deixou petrificada. Todas as vitrines que recobriam as paredes estavam destruídas e vazias, e agora o homem armado voltara-se para Ori enquanto o outro se encaminhava para a porta. — Não, não — suplicou Ori quando a arma foi erguida —, você pegou o que queria. Vá embora. Um celular começou a tocar. Amber levou um momento para reconhecer que o toque vinha do celular de Sapphire. O homem girou, inclinou-se e apertou o cano do revólver na bochecha de Sapphire. — Não! — gritou Amber. E atreveu-se a erguer a cabeça e colocar o braço ao redor da cintura da irmã. — Não vamos criar problemas — prometeu. A arma continuou colada na cabeça de sua irmã.

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— Não atire — suplicou Amber —, por favor, não atire em minha irmã. Agora Sapphire começou a falar, em um gemido apavorado: — Por favor, moço, não nos mate. Somos legais. Somos boas pessoas. Nem somos de Nova York, somos do Texas. Amber sabia que tinha que pegar o cano da arma, para que, se disparasse, não estivesse apontando para a cabeça de Sapphire. Não havia outra opção. — Barton! Deixa para lá. Vamos embora! — disse o motoqueiro à porta, apressado. Ori inclinou-se no balcão para se apoiar. — Meu coração... Como salgadinhos gordurosos demais — advertiu ele. Mas o motoqueiro levantou sua arma.

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