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FEMININO&MASCULINO PAT R Í C I A E S P Í R I TO S A N TO
SEXUALIDADE
Só quem convive com pessoas com problemas é capaz de compreender o quantoelas têm para nos ensinar
>>p a t r i c i a e s a n t o @ u a i . c o m . b r
Onde está o limite?
P
eço-lhes permissão para continuar falando, a exemplo da semana passada, sobre lições de vida. Não sei se elas têm surgido à minha frente com frequência maior ou se fui eu quem ficou mais aberta a percebê-las. Mas gostaria de contar uma experiência vivida, bem recentemente, durante uma trilha de bike ao redor de Rio Acima, na Grande BH. Estávamos, bem cedinho, na porta de uma padaria fazendo um lanche rápido e reforçado, pois, em nossos planos, iríamos andar 45 quilômetros sem passar por uma única venda onde pudéssemos nos reabastecer. Como acontece com frequência nas praças do interior, apareceu um cachorro para nos rodear com aquela cara de pedinte, característica de quem vive da migalha alheia. Montamos nas bikes, partimos e lá veio ele atrás. Normalmente, os que começam a nos seguir desistem, em pouco tempo porque concluem que aquele passeio não lhes será vantajoso. A cada subida ele nos atingia, mas a cada descida concluíamos que ele decidira voltar. Estávamos errados. Quando já tínhamos andado 10 quilômetros, lá estava ele junto de nós na única bica de água do caminho. Foi quando perce-
bemos que teríamos companhia até o final. Passamos então a trata-lo de “tiu”. Ele se tornou nosso fiel escudeiro. Quando ficava para trás, preocupados, parávamos para esperá-lo, o que nunca se prolongava muito. Chegava abanando o rabo, mostrando ânimo para prosseguir campo adentro. Olhávamos para ele e não cansávamos de nos perguntar: como ele consegue?. O fato é que “tiu” tem porte médio e apenas três patas. Para se adaptar, ele conseguiu centrar a única pata traseira de forma que, dependendo do ângulo com o qual se olha, não dá para perceber sua deficiência. Ele percorreu os 45 quilômetros junto de nós, sendo que apenas no final, uma descida longa, o perdemos de vista. Esperamos, não esperámos? Ficou a dúvida, até que decidimos esquecê-lo, pois ali era seu território e nenhum de nós poderia levá-lo para casa. Antes de acomodar as bikes nos carros, paramos para uma empada, quando nos aparece ele feliz e saltitante. Meu Deus! Ele chegou apenas 15 minutos depois da gente, apesar de toda a sua limitação. Lembrei-me da fala de uma amiga referente às deficiências. “Só quem convive com pessoas com problemas é capaz de compreender o quan-
to elas têm para nos ensinar.” Poucos dias depois, outra amiga lamentava o fato de que seu filho acabara de passar por uma experiência infeliz. O rapaz, ao se inscrever para os vestibulares da Faculdade de Medicina de Barbacena e da PUC Minas, precisou se identificar como deficiente mental, pois essa foi a única alternativa encontrada no formulário de inscrição. Ele fora diagnosticado com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade – TDAH –, e por isso tem uma hora a mais que os demais candidatos para realizar os exames. O fato deve ser analisado por dois prismas, a princípio antagônicos. É a imagem totalmente incapacitante, depreciativa e desrespeitosa com a qual vemos os deficientes mentais que levam pessoas com qualquer tipo de déficit a se sentirem humilhadas se assim são classificadas. Por outro lado, as instituições não estão preparadas para lidar com questões que dizem respeito a qualquer desvio da rota da normalidade. Infelizmente, ainda vivemos o tempo em que os rótulos definem pessoas, independentemente daquilo que elas têm a oferecer. Onde está o limite?
Neuroses de sangue Em Inseparáveis, Alessandro Piperno representa os Pontecorvo – já protagonistas de Perseguição - e com eles encerra o díptico O fogo amigo das lembranças com um obra totalmente autônoma, que, ao mesmo tempo, desata todos os nós do primeiro livro. Uma obra brilhante, irônica e emocionante. Editado pela Bertrand Brasil, Inseparáveis traz a história dos irmãos Filippo e Samuel Pontecorvo. Como diz o próprio nome da obra, irmãos, embora de personalidades opostas - que nunca se distanciaram. Filippo se mostra indolente, em contraposição à determinação de Samuel, sempre brilhante nos estudos e no trabalho. Tudo muda, contudo, quando o primeiro se torna famoso da noite para o dia. Na verdade, Filippo se torna mais do que apenas famoso: sua charge de denúncia sobre a infância violada, aclamada por crítica e público depois de uma triunfal passagem por Cannes, o transforma em ícone da noite para o dia. O segundo começa seus dias de crise entre um investimento de risco e um impasse sentimental catastrófico. Na véspera do casamento, ele perde a cabeça por Ludovica, uma mulher introvertida e elegante. E, desta vez, nem mesmo a inabalável e protetora mãe conseguirá evitar que os filhos enfrentem essa situação. Rachel é a mame que os protege desde que os pôs no mundo e quem irá defender até o último
INSEPARÁVEIS Autor: Alessandro Piperno Tradução: Marcello Lino Editora: Bertrand Brasil 416 páginas R$ 60 momento o impronunciável segredo que diz respeito a todos eles.
PASSADO A LIMPO Piperno produziu um romance melancólico, opressivo à sua própria maneira, que acompanha a evolução de uma família que pesa o trauma de um pai acusado de pedofilia. O autor é hábil ao descrevê-la como um lugar aparentemente seguro, mas, na verdade, sempre esteve a ponto de ruir. Alessandro Piperno nasceu em 1972, em Roma, onde mora. Em 2005, publicou, pela Mondadori, seu primeiro romance, Con le peggiori intenzioni, que vendeu mais de 200 mil exemplares
INTEGRAL
Terapias da saúde
❚ LIVRO
MÍRIAN PINHEIRO
VIDA
e ganhou o Prêmio Campiello como romance de estreia. Perseguição, seu primeiro livro no Brasil, foi finalista dos prêmios franceses Médicis e Femina, e conquistou o prêmio de melhor livro estrangeiro na França. Iniciou o díptico O fogo amigo das lembranças, que se completa com Inseparáveis, vencedor do Prêmio Strega 2012. Entre o passado e o presente – com flashbacks, memórias e suspeitas –, Piperno oferece ao leitor outra perspectiva sobre a história obscura de Leo Pontecorvo, protagonista de Perseguição. Desta vez, a voz está com os outros três membros da família, meros espectadores na obra anterior. “Filippo era vítima de uma ansiedade isolacionista que podia vagamente lembrar aquela que, muitos anos antes, havia impelido Leo, seu pai, exposto a uma fama decididamente mais infame do que a do filho, a se esconder no porão de casa, privando o mundo da sua presença pelo resto da sua vida. Evidentemente, os homens Pontecorvo têm uma queda por certas reclusões teatrais autoimpostas! Mas por que complicar tanto as coisas? Do que era necessário fugir? Que sentido fazia nivelar o que, mais de duas décadas antes, havia destruído a respeitabilidade do professor Pontecorvo (uma acusação de assédio sexual em relação a uma garota de 12 anos) com o que estava acontecendo com ele: um sucesso inesperado que traria di-
nheiro, mulheres e autoestima (nessa ordem)? Não fazia o menor sentido. Filippo era o primeiro a saber. Assim como também sabia que aquela comédia era dirigida, antes de mais nada, a uma autoconsciência melodramática e, só em um segundo momento, ao seu público. Como agora ele tinha um público, Filippo ficava feliz em interpretar o drama do artista desinteressado que considera a glória um aborrecimento. Numa licença poética, o autor se dirige diretamente ao leitor numa tentativa de retirar as máscaras que encobrem seus personagens e aproveita também para se mostrar. Ao revelar a própria identidade, Samuel Pontecorvo diz: “Mas o que posso fazer? Está na hora de tirar a máscara, de aposentar a paródia deste narrador onisciente. É tempo de dizer o que talvez alguns de vocês já tenham intuído…. Consola-me saber que não tive recato algum ao escrever tudo o que eu sabia de mim mesmo; o problema é que tive de inventar tudo o que eu não sabia dos outros…. E, graças a Deus, Filippo – ou melhor, o único indivíduo que poderia refutar as minhas insinuações – não tem interesse algum em remexer no passado”, desabafa. Para ele, Filippo considera as lembranças o que elas são de fato: mercadoria vagabunda e supervalorizada. Coisa de gente rancorosa. Só os ressentidos nunca esquecem. O que o induz a julgar que não existe lá muita diferença entre esquecimento e misericórdia.
Você sabe o que é terapia por meio dos smoothies? Trata-se da ingestão de uma mistura de duas frutas, legumes e verduras, batidos com gelo e iogurte desnatado. Pode-se, ainda, substituir o derivado de leite por proteinatos e suplementos como albumina, garcínia cambogia, goma guar e outros. Se tais ingredientes também são desconhecidos pelo leitor que deseja mudar hábitos a fim de uma melhor qualidade de vida , boa ideia é a leitura do livro Joias raras da saúde (Heloisa Bernardes, Editora Planeta, 176 páginas, R$ 24,90). Também autora de O que a dieta ortomolecular pode fazer por você e Chique é ser saudável, no novo livro Heloísa descreve conceitos, receitas e benefícios de sete terapias que tiveram origem na cultura oriental e que prometem transformar o estilo de vida do praticante: terapia do equilíbrio do pH, do índice glicêmiSou uma perseguidora co, tibetana, indiana/ayurdos métodos védica, candelles (ou velas preventivos e da quentes italiapromoção da saúde. nas), smoothies e oligoterapia. “Muitas vezes ouvimos falar dessas e de outras interessantes terapias, mas é difícil encontrar um guia com informações claras e detalhadas reunindo mais de uma delas. Meu objetivo foi apresentá-las e convidar o leitor à prática”, justifica Heloísa. Formada em bioquímica, com especialidades em naturoterapia e terapias ortomolecular e oligoterapia, a autora se caracteriza como “uma perseguidora dos métodos preventivos e da promoção da saúde, considerando o indivíduo como um todo”. A partir da máxima “antes prevenir do que remediar”, a especialista lembra que, diferentemente da medicina convencional, em que geralmente os sintomas evidentes são tratados, os orientais tratam as pessoas de forma holística e preventiva, sem que os sintomas tenham tamanha relevância. “A partir do guia que também traz questionários de autoconhecimento e receitas de cardápios específicos, Heloísia pretende inspirar os leitores e fazer com que a publicação torne-se um guia de referência para a tomada de hábitos mais saudáveis. “Conhecendo mais sobre si mesmo e sobre o que o seu corpo tem a dizer será possível descobrir que mudar de vida não é tão complicado assim”, garante.
CONTATOS SELF-HEALING – Hoje, das 9h às 17h, a Tonus Fisioterapia Preventiva e Reabilitação promove o workshop “Amplie sua visão. Amplie seu mundo”. O programa é baseado no método Self-healing autocura, sistema holístico de reabilitação visual e corporal, que combina técnicas de massagem, respiração, visualização e movimento para ativar o poder latente que nosso organismo tem de autocura. Local: Rua Cristina, 1.160, Santo Antônio. Informações: (31) 8867-4077,3378-7421 e alja.lamas@gmail.com. FERIADO – No dia 18 sexta-feira da Paixão, das 13h às 18h, a Clínica Ponto de Equilíbrio convida para um programa especial que inclui camiPATHWORK nhadas, banhos espirituais, orações, meditações e outros. Maria José Dias Local: Avenida do Contorno, coordena grupo de 4.614/10º andar, Funcionáestudos de pathwork, rios. Informações: (31) 3223metodologia de 8340,3225-4222 e www.ponautoconhecimento e toequilibrio.com.br. autotransformação. Os encontros SEMANA SANTA – De 19 à 21 incluem exercícios, desta mês, o Espaço desperpráticas e aplicação tando a Consciência e o Núdos conceitos e cleo Surya promovem o retiro ferramentas da holístico “Despertando o ser”. metodologia à No programa, vivências com realidade cotidiana. os quatro elementos da naLocal: Rua tureza, oficina dos sentidos e Brumadinho, emoções, reflexologia, auri275/304, Prado. culoterapia, exercícios orienInformações: tais lian gong, entre outras (31) 3344-5640. práticas. Alimentação baseada em produtos da estação e hospedagem incluídas. Local: Jaboticatubas, no caminho para a Serra do Cipó. Informações: (31) 3391-0283, 9124-3426, 9229-9933 , 2557-6386 e 9613-2217. IOGA – Dia19, a partir das 10h30, o Instituto EntreSer convida para a palestra Ioga: liberdade e autorrealização. No programa, o conjunto de técnicas orientais para além das práticas corporais. Segundo os organizadores, haverá ênfase na filosofia profunda que nos ensina a reconectarmos corpo, mente e alma, propiciando o reencontro e a união consigo mesmo. Informações: (31)9106-6510 e marcus.yog@gmail.com. PALESTRA – Ainda dia19, das 16h às 18h, o Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia (IIPC) promove palestra pública gratuita com o tema “Superpopulação e evolução do planeta”. No programa, estudo dos seguintes tópicos: população humana e parapopulação; teoria da fartura de energias conscienciais; assistencialidade e oportunidades evolutivas. Local: Rua Padre Marinho, 455/7º andar, Bairro Santa Efigênia. Informações: (31) 3222-0056 ou www.iipc.org.br.