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Do Autor:
Séries ramsés O Filho da Luz (Vol. 1) O Templo de Milhões de Anos (Vol. 2) A Batalha de Kadesh (Vol. 3) A Dama de Abu-Simbel (Vol. 4) Sob a Acácia do Ocidente (Vol. 5) A pedra da luz Nefer, o Silencioso (Vol. 1) A Mulher Sábia (Vol. 2) Paneb, o Ardoroso (Vol. 3) O Lugar da Verdade (Vol. 4) A RAINHA LIBERDADE O Império das Trevas (Vol. 1) A Guerra das Coroas (Vol. 2) A Espada Flamejante (Vol. 3) M o z a rt O Grande Mago (Vol. 1) O Filho da Luz (Vol. 2) O Irmão do Fogo (Vol. 3) O Amado de Ísis (Vol. 4)
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As Egípcias A Rainha Sol A Sabedoria Viva do Antigo Egito Mundo Mágico do Antigo Egito Nefertiti e Akhenaton O Egito dos Grandes Faraós Filae – O Último Templo Pagão Tutancâmon – O Último Segredo
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CHRISTIAN JACQ
TUTANCÂMON O ÚLTIMO SEGREDO
Tradução Maria Alice Araripe de Sampaio Doria
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uer saber quem você é realmente? Esteja no Cairo dentro de quinze dias, em 28 de abril de 1951. Encontro na igreja de São Sérgio, às 20 horas. Nós o contataremos. Assim, terá oportunidade de saber. Se não, continuará para sempre um desconhecido para si mesmo. E a sua vida não terá sido mais do que uma ilusão e uma enganação. Relendo pela décima vez essa incrível mensagem, Mark Wilder esbarrou num transeunte. Confuso, pediu desculpas, ergueu a cabeça e viu o obelisco erigido no Central Park em 1881. Ele havia sido batizado de “agulha de Cleópatra”, mas, na realidade, era obra de um dos maiores faraós do Antigo Egito, Tutmés III. Protegido pelo
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deus dos sábios, Toth, esse monarca reinara por um longo tempo1 e havia escrito o Livro da Câmara Oculta, destinado a fazer reviver a alma real no seio da luz. Andando sem destino, Mark Wilder não esperava encontrar a pedra ereta que furava as nuvens e atraía as forças positivas. Os hieróglifos gravados no obelisco evocavam a festa da regeneração de Tutmés III e a sua capacidade em transmitir magicamente a energia celeste à espécie humana. Era um universo muito afastado da agitação nova-iorquina e do mundo feroz dos advogados empresariais, do qual Mark Wilder era um dos mais brilhantes representantes. Tão brilhante que lhe haviam prometido uma bela carreira política que o levaria, no mínimo, ao cargo de senador. Notado pelos homens influentes do círculo presidencial, havia unanimidade a respeito da sua pessoa. Símbolo perfeito do milagre americano, ele possuía as qualidades exigidas para ocupar altos postos a serviço da pátria. Porém, Mark queria tomar fôlego. Aos quarenta e dois anos, estava em plena forma, corria a maratona e era páreo para excelentes jogadores de tênis. Possuidor de uma bela fortuna, era celibatário convicto. Como não tinha mais nada a provar na sua profissão, na qual os sucessos se acumulavam, decidira tirar um ano sabático e dar a volta ao mundo para lavar a alma, conhecer outros países e outras culturas. O seu braço direito, Dutsy Malone, poderia encarregar-se do escritório e administrar os processos em andamento. Em caso de urgência, conseguiria facilmente entrar em contato com o patrão.
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De 1504 a 1450 a.C.
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Num dia em que consultava o seu programa de viagem, Mark havia recebido essa carta surpreendente enviada do Cairo. Parecia uma brincadeira idiota! Um mês antes, quando enfrentara e vencera um adversário tenaz, ele a teria jogado no lixo. Contudo, na véspera da partida, ele se questionava. O instinto de caçador punha-o de sobreaviso contra uma reação muito racional. Atravessando o Central Park com grandes passadas, Mark voltou ao seu luxuoso escritório em Manhattan. Andar muitas vezes lhe permitira encontrar soluções para problemas complexos e ele fazia questão de evitar ao máximo o carro e os elevadores. Os três primeiros meses do ano de 1951 haviam sido marcados por vitórias retumbantes do seu escritório, considerado um dos mais performáticos de Nova York. Os melhores profissionais competiam para fazer parte da sua equipe, mas era preciso passar pelo obstáculo chamado Dutsy Malone, dono de uma intuição infalível. Dutsy era o confidente de Mark e o seu único e verdadeiro amigo. Ele não tinha inveja do chefe, satisfazia-se plenamente com o seu papel de assessor, vivia feliz com a família, uma felicidade rara, graças a uma esposa alegre e duas maravilhosas meninas. — Ah! Ei-lo de volta! — exclamou Dutsy, soltando uma baforada do charuto cubano. — Antes de sumir, precisa me dar a sua opinião sobre três enormes processos. Em seguida, cuidarei da administração. E como o seu ano de descanso não irá além de três semanas, em breve a vida retomará o seu curso normal. Estou exagerando ao dizer três semanas... Depois de quinze dias de hotéis, praias, mulheres tão bonitas quanto idiotas e passeios com guias aborrecidos até a morte, você pegará o primeiro avião para Nova York! Seguro do seu prognóstico, Dutsy Malone estalou os suspensórios de flores ao contemplar aquele homem de um dinamismo tran-
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quilo, testa larga, olhos castanhos e aparência esportiva por quem sempre sentira uma grande admiração. — O que acha desta carta? — perguntou Mark, mostrando-lhe o documento. Dutsy engasgou. — Puro delírio! Você não vai dar a menor importância às divagações de um alienado, vai? E nem está assinada! — Eu não conheço o Egito. Uma primeira escala bem atraente. — Mas eu conheço: um verdadeiro barril de pólvora! Você se esqueceu da guerra de 1948? Os israelenses arrasaram com os egípcios e no Cairo houve sérios distúrbios. Perdemos as contas dos atentados cometidos contra lojas ocidentais, grandes magazines, cinemas, escritórios das sociedades inglesas e francesas e, é claro, estabelecimentos judeus. Bombas explodiram no bairro judeu e causaram dezenas de vítimas. — A guerra terminou, Dutsy. — Não se iluda! Desde que as potências ocidentais reconheceram o Estado de Israel, a situação é extremamente tensa. O Egito não firmou a paz, e sim assinou um armistício que pode ser rompido a qualquer momento. — O rei Faruk1 não é considerado um conquistador sanguinário — objetou Mark Wilder. — Ele é maluco e paciente. No verão de 1948, arrestou inúmeros bens pertencentes a ocidentais. Os que estavam fora do Egito tiveram mais sorte, os outros foram presos. Muitos residentes, que
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Sobre Faruk, consultar J. Bernard-Derosne, Farouk, la déchéance d’un roi, Paris, 1953; A. Sabet, Farouk, un roi trahi, Paris, 1990, e G. Sinoué, Le Colonel et l’Enfantroi, Paris, 2006.
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viviam há muito tempo no país, foram espoliados. E os soldados de Faruk, auxiliados pela polícia política, não hesitaram em cometer assassinatos e matar militares franceses. Só os ingleses conseguem enfrentá-lo. Mas ele quer expulsá-los, recuperar o canal de Suez e se afirmar como chefe espiritual e temporal do Oriente Médio. Mark sorriu. — Segundo as revistas, ele passa a maior parte do tempo jogando quantias incríveis nos cassinos de Alexandria, Monte Carlo e Deauville. Dutsy Malone mastigou o charuto. — Concordo, esse barrigudo é um maldito jogador! Dizem que ele chega a perder cinquenta mil dólares numa única noite. Mas também é verdade que se trata de um sujeito perigoso que elimina todos os oponentes. — Esse não é o meu caso — observou o advogado. — Um simples turista não é uma ameaça ao trono. — Não vá para lá, Mark. É perda de tempo. Vá relaxar alguns dias no Caribe e volte logo. — Saber quem eu sou realmente... É tentador. — Santo Deus! Você? Cair numa armadilha dessas? — Às vezes a vida é estranha, Dutsy. Será que ela não está me oferecendo uma oportunidade de desvendar um mistério? Malone deu um soco na própria testa. — Além de tudo, lá vem ele com metafísica! Vá se divertir no Cairo, veja as pirâmides e a sua igreja de São Sérgio, cumprimente a Esfinge por mim e volte. Temos muito trabalho por aqui.
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