As salinas tradicionais da Ria de Aveiro são estruturas centenárias construídas e mantidas pelo Homem, que pratica a salicultura desde tempos remotos. Estas estruturas foram construídas em áreas de sapal, plataformas de sedimentos onde se instala densa cobertura de uma vegetação muito particular, submersa durante a maré-alta e que fica a descoberto na maré-baixa. A vegetação é designada de halófita, dado que é uma vegetação resistente salinidade. O sapal está entre as zonas mais produtivas da biosfera no que respeita à produção de matéria viva ou biomassa. Os nutrientes são transportados pelo movimento constante de fluxo e refluxo das marés, pelos sedimentos, provenientes da zona continental, pelos seres vivos que se fixam no sapal e ali se decompõem.
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FLORA Biodiversidade Flora das salinas
A flora das salinas A flora que predomina nas salinas é a flora característica do sapal em que podemos destacar a gramata (Sarcocornia perennis); a salicórnia (Salicornia ramosissima); a gramata – branca (Halimione portulacoides) e a morraça (Spartina maritima). Em menor quantidade, mas igualmente caraterísticas deste habitat, são o malmequer-do-sapal (Aster tripolium subsp. pannonicus), a espergulária (Spergularia marina), a erva-do-brejo (Triglochin maritima), a campana-da-praia (Inula crithmoides), Cótula (Cotula coronopifolia), o valverde-dos-sapais (Suaeda vera) e o limónio (Limonium vulgare). Nas orlas mais afastadas do sapal, surgem extensões de junco-das-esteiras (Juncus maritimus). O aumento da proporção de água doce favorece o aparecimento de espécies higrófitas, nomeadamente de caniço (Phragmites australis). O povoamento puro desta espécie é denominado caniçal e nesta formação florística existem condições favoráveis de abrigo e nidificação de diversas espécies aquáticas, sobretudo aves.
Os diques e taludes das salinas são colonizados por vegetação típica do sapal e assim sendo, podemos observar todas as espécies anteriormente referidas para este ecossistema. Além destas espécies caraterísticas é frequente encontrar entre outras, a tamargueira (Tamarix africana), como vegetação arbustiva a bordejar as salinas. As plantas halófitas na alimentação Algumas das plantas halófitas existentes no sapal, como a Salicornia ramosissima e a Sarcocornia perennis, mas sobretudo a Salicornia que é cada vez mais utilizada na alimentação humana. Conhecida vulgarmente como erva-das-saladas, é uma planta rica em proteínas e vitaminas, possuindo um baixo teor calórico. Pode ser consumida crua, picada e misturada em saladas, substituindo o sal como tempero. Como alimento as suas potencialidades não ficam por aqui e cada vez mais a cozinha gourmet utiliza a salicórnia, principalmente como um substituto salgado, mas também pela sua textura e aparência, sendo muito apreciada para especialidades criativas de grande requinte.