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UMA SUBCULTURA ULTRAVIOLENTA (1/6) [3053/3058]

(1)

A Turma da Lazinha era uma gangue temivel! Valentão, jamais sozinho, é aquelle que, ao lynchar algum vizinho, revida um exbarrão com surra e sangue. Mas mesmo que nenhum delles se zangue, o gruppo aggride: appós cachaça e vinho barato, si um novato entrar no ninho, irá virar mais puta que as do Mangue. Obrigam-no a fazer-se de cinzeiro debaixo de porrada: o cara appara as cinzas com a bocca o tempo inteiro. Depois, lingua queimada, lambe, para geral risada, o tennis do primeiro que o chuta, e o tennis nunca se lavara.

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Appós lamber pisantes, a linguona ferida se refaz banhada em pinga. Então, sob os tapões de quem o xinga de bicha, sua bocca vira conna. Terá que levar rolla, egual na zona a puta, sem chiar nem da catinga. Mas este tem consolo, pois se vinga de tudo que o degrada e que o lesiona. Ja findo o seu baptismo, elle é chamado de mano e de collega, mas terá ainda que provar seu lado sado. Sahindo para a rua, noite ja, a turma levará o recemchegado aonde a juventude toda está.

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Terá que descomptar, o tal calouro, a curra que soffreu, e esse é seu teste de fogo: motivado, o cara investe, na rua, contra todos, feito um touro. Aggride quem passar, e eu não agouro tal sorte nem a ti, que me fizeste desfeita! Quem na frente desse peste se mette, vae lembrar que levou couro. Os outros ficam vendo a scena e rindo, mas, caso o novo membro em desvantagem esteja, elles soccorrem o bemvindo. Coitado do passante! Os jovens agem com toda a crueldade, achando lindo jorrar o sangue em morte tão selvagem.

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Qualquer leitor bidu sei que adivinha quem hoje se tornou o tal novato que um dia lambeu sola de sapato: lidera agora a Turma da Lazinha. Tambem sei que o leitor dirá que à minha memoria não excappa aquelle exacto momento em que o chefão põe seu pé chato na cara duma typica bichinha. Jamais um veadinho chega a membro da gangue, nem pretende, mas trabalha no bar onde vi tudo o que aqui lembro. Estava, então, o lider de sandalia naquelle calorão, pleno dezembro, e em publico o pisou! Jamais me falha!

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Perguntam-me si eu era aquelle gay. Respondo que talvez, mas, precavido, não chego a dar certeza, pois duvido até da minha sombra e do que sei. Porem que accontesceu o que contei é certo: a bicha tinha-lhe servido bebida não pedida e, si um bandido se zanga, faz valer a sua lei. Voou garrafa e coppo para um lado, e a bicha noutro cantho se extatella, jogada pelo ponctapé bem dado. Descalço da hawaiiana, o pé que nella pisou fede suor, mas foi beijado na marra... Lenda ou vera, a scena é bella!

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Contaram-me que a bicha, na verdade, mais era que somente garçonette: não falta quem, maldoso, ja interprete o caso como... um caso, na cidade.

Não ha, cabe dizer, quem mais se aggrade contando a todo mundo que se mette a besta com o lider e boquette lhe faz, que o proprio gay, na intimidade. Lendaria ou procedente, tal versão limito-me em poema a registrar, sabendo como os gays gabolas são. O facto é que quem entra nesse bar procura com os olhos onde estão os dois, antes de à mesa achar logar...

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