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MADRIGAL SUPRACONSENSUAL (1/4) [7792]

Si for para “lacrar”, então eu “lacro”! O sexo não é sancto nem é sacro! Si pecco, assumo: odeio o simulacro!

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Sim, sempre questionado sou accerca dum pacto que se quer “consensual” no sadomasochismo. Que “seguro” e “adulto” o tal “accordo” ser precisa, e porra e tal... Caralho! Mas que raio de jogo ou de brinquedo acham que estão fingindo performar? Vão se foder!

“Seguro” contra que? Contra algum “crime”? É nojo da sujeira, algum resguardo da lingua contra as coisas mais immundas? “Adulto” por que, si era eu um menino emquanto me curravam os da minha edade? Isso é que guardo e que me fez masoca, que podolatra me faz!

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Agora vão querer que masochista eu seja como o auctor da linda Wanda, que “suprasensual” qualificava seu acto de humildade ante a “belleza”? Ah, fodam-se! De Sade é que sou fan e quero que a tal ethica, ou esthetica, se foda! Sade exalta a feia, a suja, a crua, a cruel cara de quem tem poder de dominar! Escravo não excolhe seu algoz! Por isso é bom vendal-o, até cegal-o, pois assim mais facil um abuso é commettido! Ao menos na punheta assim eu gozo, sabendo que veridico foi tudo!

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Ao sadico é melhor que o servo perca de facto a visão, vendas sendo, em tal hypothese, sem uso! Quando atturo alguem que assim me zoa, sou, à guisa de misero Sansão, fodido e caio do fragil philisteu, facil, na mão! Assim vejo do sadico o prazer!

Que graça tem um acto que reprime qualquer delirio orgastico do bardo?

Que graça teem na lingua as limpas bundas?

Sem merda alli grudada, fescennino poema nem exsiste! Me expezinha alguem sem violencia? Alguem cortez espera seja a bota dum rapaz?

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“Politico” e “correcto”, quem insista na porra desse “pacto”, pense! Expanda limites, seja escravo ou seja escrava, assuma-se indefeso ou indefesa! Um cego será sempre aquella van figura, sempre fragil e pathetica, tal como si menino fora, cuja cegueira servirá de sarro a alguem! Por isso o masochismo em mim é tão intrinseco e me empresta a verve, o dom poetico, que humano faz de mim no corpo, mas a mente não duvido que seja demoniaca! Não poso nem brinco de escravinho: não me illudo!

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