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PAIXÃO PELO ARTESANATO

Fundadora do Museu A CASA do Objeto Brasileiro, Renata Mellão incentiva e valoriza o fazer manual pelo País

©FOTO DIVULGAÇÃO

FFormada em Economia, Renata Mellão é referência quando se trata de artesanato no Brasil. Artista por vocação, criou um centro de identidade brasileira, com arte, música e gastronomia, em um dos seus imóveis. E foi assim que nasceu o Museu A CASA do Objeto Brasileiro, em 1997. Com sede primeiramente nos Jardins, e depois em Pinheiros, a instituição cultural ganhou prédio próprio na Avenida Pedroso de Morais, com projeto de Luiz Fernando Rocco. Em um terreno restrito e inclinado, o arquiteto planejou uma construção de linhas arrojadas cercada por uma praça com árvores e plantas.

Valorizar o desenvolvimento da produção artesanal e do design é uma missão que Renata desempenha com paixão. São muitas as oficinas e viagens feitas com sua equipe, muitas vezes bancadas com recursos próprios, para aprimorar técnicas e desenvolver coleções que possam despertar interesse de renomadas lojas pelo País.

Na Ilha do Ferro, comunidade do município alagoano de Pão de Açúcar, às margens do Rio São Francisco, Renata reformou, com a estilista Paula Ferber, a sede da Associação Art-Ilha,

© FOTOS DANIEL DULCCI / DIVULGAÇÃO

Renata Mellão, apaixonada por artesanato brasileiro, viaja pelo País com sua equipe para fazer oficinas e pesquisas cuja produção do bordado “boa-noite” é exclusiva no Brasil. A iniciativa trouxe mais artesãs para a associação, que, com oficinas coordenadas pelo designer e curador Renato Imbroisi, idealizaram uma linha de mesa, almofadas e cortinas – todas de cores diversas e desenhos inspirados na paisagem local.

“As novas coleções incrementaram as vendas, tornaram a técnica desse bordado tradicional mais reconhecida e valorizada, e melhorou a autoestima e a sustentabilidade financeira das artesãs”, conta a diretora do museu.

Esses projetos, feitos em diferentes estados, além de oferecer novas oportunidades de trabalho, costumam também gerar exposições na sede do museu, como foi o caso de A CASA AMA Carnaúba.

Em 2017, a AMA, empresa social da Ambev, contratou a instituição para realizar um projeto de revitalização e inovação do trançado da palha de carnaúba no município de Jaguaruana, no sertão do Ceará. Até então, os artigos, feitos por eles, se restringiam a peças do dia a dia, como chapéus, vassouras e esteiras.

A equipe do A CASA, coordenada mais uma vez por Renata e Imbroisi, propôs exercícios para diferentes grupos. O processo não foi fácil, pois muitos deles tinham parado de trançar havia anos. As oficinas provocaram desafios, trazendo cores, novos trançados e grafismos a bolsas, cestos, esteiras, mesas, pufes, bancos, redes e luminárias, vendidos posteriormente tanto na loja do museu como em outras pelo Brasil.

Em 2019, foi a vez de A CASA se aproximar do ACNUR – o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Juntos, iniciaram um projeto com os indígenas venezuelanos da etnia warao, que chegaram ao norte do Brasil impulsionados pela difícil situação econômica e política enfrentada naquele país. “No mundo de hoje, onde uma parcela da população se encontra em trânsito, incentivar a produção artesanal é um meio eficiente de espelhar a identidade e permitir que se viva dignamente”, afirma Renata.

Para a realização das primeiras oficinas em Boa Vista, A CASA convidou o designer Sérgio Matos. Partindo da técnica tradicional dos warao, desenvolveu-se cestos, vasos e luminárias com a fibra da palmeira de buriti, considerada uma “mãe” para eles. Todo o processo resultou na compra da coleção pelo museu e em uma exposição, cujo acervo foi vendido já na noite da inauguração.

Renata é também a idealizadora do Prêmio Objeto Brasileiro que se encontra em sua 8ª edição. Dividida em três categorias – Autoral, Coletiva e Socioambiental –, a premiação bienal selecionou, neste ano, 22 objetos de diversas regiões do Brasil, eleitos por um júri de peso: os designers Paulo Alves e Rodrigo Ambrosio, e a antropóloga Sonia Carbonell. O conjunto, com obras vencedoras e menções honrosas, está exposto na sede do A CASA, em Pinheiros, destacando o melhor da produção artesanal e do design contemporâneo do nosso País. “Esse é um movimento que mobiliza o setor artesanal, incentiva a troca de saberes e nos permite conhecer projetos inovadores e carregados de brasilidade”, conclui a economista dedicada ao artesanato.

O Museu A CASA tem valorizado o desenvolvimento da produção artesanal e do design brasileiro desde sua fundação, em 1997

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