Tecnologia e Defesa - 2009

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EDITORIAL Verdades e...verdades Uma questão que vem sacudindo o País ultimamente – ao menos em termos de mídia e desdobramentos, já que há anos ela vem prometendo explodir com toda a força – é aquela referente à reserva indígena Raposa do Sol, no Estado de Roraima, criada no governo Fernando Henrique Cardoso e homologada pelo atual presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva. Aliás, mais que isso ainda, deixa claro as ambigüidades com que temas altamente relevantes para o interesse nacional têm sido tratados e alguns posicionamentos, em nosso entendimento, vêm criando situações completamente descabidas e desnecessárias a um País que se pretende – e que todos desejamos – seja mais justo e harmônico. Por isso, antes de continuarmos este editorial, queremos deixar claro que em absoluto podemos concordar com políticas que, ao invés de combater, acabam perpetuando segregações entre nós, brasileiros. Dessa forma, somos contra termos como “índios e não-índios”, por exemplo, do mesmo modo que entendemos que medidas destinadas a reservar quotas de vagas no ensino superior em função da raça dos candidatos em nada acrescentam para eliminar abomináveis discriminações. Somos, antes de mais nada, todos brasileiros! Foi para isso que aqueles que vieram antes de nós, há muitas gerações, lutaram e derramaram seu sangue – brancos, negros, mulatos e índios, legando-nos esta nação fantástica e muitas vezes tão equivocadamente cuidada, infelizmente. Mas, voltando ao problema da Raposa do Sol, o que estamos assistindo lembra, em muito, os episódios referentes à demarcação da reserva destinada aos Ianomâmis, lá perto. Uma imensidão de terras (1,747 milhão de hectares no caso da Raposa do Sol), sabidamente muito ricas, dentre outras coisas, em minérios – alguns do mais alto valor estratégico como o urânio – em faixa contínua e na fronteira, portanto, do interesse maior da segurança nacional, destinadas, com uma série de prerrogativas, a poucos milhares de brasileiros índios. Para isso, os brasileiros não índios que lá estão há muitos anos, trabalhando, produzindo e pagando impostos, precisam ser retirados, o que pode degenerar em graves conflitos. Ora, não podemos aceitar que algum brasileiro não índio, não reconheça o direito e a importância desses nossos irmãos ancestrais (os primeiros de nós) a terem preservados os seus costumes e a suas culturas, embora não possamos esquecer que existem vários líderes dessas comunidades de brasileiros índios que usam relógios importados, acessam a Internet e circulam em caminhonetes cujo preço de aquisição está muito além do alcance da maioria dos brasileiros não

índios. Porém, é preciso bom senso e melhor noção da realidade já que, ambos, brasileiros índios e não índios cumprem um papel fundamental de vivificação das fronteiras. É necessário, principalmente, se fazer presente junto a eles – entenda-se aqui o Estado - ao menos para contrabalançar as milhares de Organizações Não Governamentais (ONGs) que por lá proliferam, a maioria com objetivos que não correspondem à manutenção da soberania nacional e que acabam influenciando a política indigenista do Brasil. E, em se tratando de Amazônia, certamente com propósitos humanitários encobrindo outros, mais reais. Isso é algo que não está apenas na mente dos chamados “nacionalistas extremados” dotados de um espírito xenófobo. O grande sertanista Orlando Villas Boas, falecido em 2002, e que deixou um legado notável sob todos os aspectos, particularmente em termos de integração – tal qual Candido Mariano Rondon – já advertia para fatos no mínimo estranhos que aconteciam no extremo norte do Brasil, como as viagens para os Estados Unidos de chefes ianomâmis brasileiros e venezuelanos, que de lá voltavam falando inglês e imbuídos de idéias sobre autodeterminação. Aliás, em se falando em ONGs, não é de se estranhar o número delas na Amazônia, muito maior em relação a outros lugares do mundo assolados por doenças, guerras, fome e etc? Para não irmos tão longe, quantas ONGs atuam no nordeste brasileiro, no chamado polígono da seca? O momento, pois, é de muita cautela e muita análise, também em virtude de alguns fatos como aquele de o Brasil ter assinado, em setembro de 2007, a Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas, que favorece a autonomia dos territórios desses povos, restringindo, inclusive, a movimentação das Forças Armadas em tais áreas. Isso, em nossa visão, justifica plenamente as palavras do comandante militar da Amazônia, general-de-exército Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ao manifestar suas preocupações com a demarcação das reservas em faixas contínuas e fronteiriças, seguindo o raciocino de outros ilustres militares que o antecederam na função e que vivenciaram “in loco” a verdadeira face de toda a problemática. Lamentavelmente, a sinceridade simples e direta do general Heleno acabou por causar aborrecimentos, o que temos a certeza não foi a intenção do oficial que falou em seu próprio nome, com o conhecimento de seu comandante e em um evento específico.


tecnologia

Sistema inovador garante rapidez no carregamento, facilidade na limpeza e elimina fragilidade comum em outros carregadores pรกg. 6 - Tecnologia e Defesa - 2009


Num evento como a recente LAAD 2009, a tendência de muitos visitantes é dar atenção a grandes estandes e a produtos de maior visibilidade, como jatos de combate, navios de guerra ou blindados. Uma atenção mais cuidadosa a detalhes, todavia, acaba revelando interessantes novidades. No relativamente discreto estande da firma estadunidense Cammenga (http:// www.cammenga.com/), Tecnologia & Defesa encontrou diversos bons produtos ligados ao ramo de acessórios táticos (mochilas comuns e de hidratação, coletes e bússolas, por exemplo), com a atenção sendo atraída, em especial, por seu inovador EasyMag EM-3-556. Trata-se de um carregador de 30 tiros com interface do padrão STANAG 4179, da OTAN, ou seja, compatível com armas da família M16/AR-15, calibre 5,56 x 45 mm. Como os normalmente encontrados carregadores deste tipo são feitos de uma liga de alumínio, não são raras as queixas relativas à sua relativa fragilidade, problema que se reflete em ocasionais falhas no funcionamento da arma caso ocorram danos no mesmo, especialmente, na região dos lábios. No EasyMag este problema é resolvido pelo uso de chapa de aço 1050, de alta-resistência, em suas estrutura, mesa (elevador) e base, todas elas com duas camadas de um revestimento sintético antifricção e anticorrosivo, mais uma mola de cromo-silicone. Esses detalhes asseguram um ótimo e duradouro desempenho das ações de alimentação da arma.

Carregador STANAG. Prático e seguro.

Mais interessante ainda é que o cardade de limpeza. regador dispensa o uso dos habituais acessórios de municiamento. A Mais sobre STANAG parede anteMais interessante STANAG da rior do EasyOTAN é a abreMag pode ainda é que o viatura de Norser deslizada malização acordo, carregador dispensa para baixo, que instituíram comprimo uso dos habituais processos, proindo a mola cedimentos, teracessórios de e baixando-a, mos e condições permitindo municiamento. para o militar seu rápido e comum ou de fácil muniprocedimentos técnicos ou equipaciamento com cartuchos avulsos mentos entre os países membros da ou com os tradicionais pentes de aliança. Cada Estado ratifica uma municiamento (stripper clips). OTAN STANAG e implementa-lo Depois de cheio, uma rápida pandentro de seus próprios militares. O cada em sua base fecha a unidade, objectivo é proporcionar aos operadeixado-a pronta para uso imecionais comuns e os procedimentos diato. O sistema de rápida abertura administrativos e de logística, um do carregador proporciona outra padrão internacional. vantagem adicional: extrema facili-


internacional

Como noticiado por T&D há alguns meses, os F-5 E/F Tigre III do Grupo Nº 7 da Força Aérea do Chile (FACh) soferão baixa esse ano. pág. 8 - Tecnologia e Defesa - 2009


naves já tenham sido entregues em setembro de 2010.

Com essa compra, a FACh vai operar 34 F-16 MLU, considerando que dois do primeiro lote foram desmontados, além de 10 O 18 novos exemplares se somam F-16C/D Block 50. A nova compra a outros 18 F-16 MLU, adquirida Holanda dos em 2005 junta-se a feita Os 18 novos por US$ 185 em agosto de milhões, para exemplares se 2008, quando substituir os a Força Aérea somam a Mirage M-5M do Chile Elkan do Grupo outros 18 F-16 MLU, firmou um Nº 8, baseado contrato para adquiridos em em Antofagasta. aquisição de 2005 por US$ 12 aeronaves Com essa EMB-314 185Milhões nova compra, Super Tucano, a Holanda converte-se em um da Embraer. O pacote Super provedor estratégico para as Forças Tucano inclui um sistema de treinaArmadas Chilenas, levando em mento e apoio denomidado TOSS consideração que a Marinha do país (Training and Operation Support já tinha adquirido quatro fragaSystem), composto por uma estação tas (2 L e 2 M) no denomidado de planejamento de missões (MPS), Projeto Ponte II, e o Exército mais uma estação de debriefing (MDS) e de 200 blindados MBT Leopard IV um simulador de voo. no final dos anos 90.

Em um reunião da Comissão de Defesa da Câmara dos Deputados, o novo ministro da Defesa chileno, Francisco Vidal, anunciou o térmio das negociações com a Holando para a compra de 18 aviões F-16 MLU por um total de US$ 270 milhões. O contrato deveria ser firmado a curto prazo, já que a chegada dos primeiros exemplares está prevista para dezembro de 2009 e espera-se que todas as aero-

Resta agora saber qual será a base operacional do novo Grupo Nº 7, que atualmente opera com seus F-5 em Antofagasta. Como já é sabido, a esperada baixa dos Mirage M-50 CN Pantera do Grupo Nº 4 em Punta Arenas deixou essa zona do Chile sem aeronaves de combate. Em paralelo, a ampliação da Base Aérea de Quintero, a poucos km de Valparaíso e a extensão da pista atual para uma de 2400 metros também permite que o Grupo opere na zona central do Chile, exercendo um papel importante na defesa aérea da capital e do ponto principal do país.

Mais sobre F-16 MLU O F-16 MLU, muito embora seja uma aeronave exteriormente semelhante ao F-16 OCU, sofreu alterações, tanto a nível estrutural (reforço de estruturas) como a nível de sistemas e equipamentos (dotação de novos e mais actuais meios), que o colocam a par com os melhores aviões de caça do mundo.


Motor: ............. Pratt-Whitney F100-PW-220E Potência máxima: . ........................... 23.830 lbf Envergadura: . ...........................................9,45 m Comprimento: ....................................... 15,03 m Altura: ..........................................................5,09 m Velocidade máxima: ......................MACH 2.05 Raio de acção: . ..............3.800 Km (2100 MN) Tecto de serviço: ................................50.000 fts Peso vazio: .............................................7.390 Kg Peso máx. descolagem: . ................ 16.057 Kg Tripulação: .......................................1 tripulante Combustivel: ....................7160 lbs + 6730 lbs Canhão: .Vulcan M61-A1 de 20 mm interno Estações asas: ................................... 8 estações pág. 10 - Tecnologia e Defesa - 2009


Outras Características As aeronaves MLU têm sido sujeitas a constantes actualizações. Destas fazem parte modificações que permitem operar as aeronaves em qualquer cenário de combate, policiamento aéreo ou operação de implementação ou manutenção de paz, das quais de destacam o novo computador de voo, mais desenvolvido que centraliza toda a informação e a consequente actualização do software de combate; redesenho do cockpit e do interface piloto-máquina; radar com melhores capacidades, quer no emprego ar-ar, quer em ar-solo; identificador electrónico de aeronaves; incorporação de GPS; incorporação de Data Modem e de Link16; incorporação de capacidade de comunicação criptográfica; capacidade de utilização de Night Vision Goggles (NVG) e de Helmet Mounted Sight; incorporação de sistemas de auto-protecção integrados.

Blocks 1/5/10 - Possuem poucas diferenças entre si e a maioria das aeronaves Blocks 1 e 5 foram atualizadas para o padrão Block 10.

Variantes

F-16 C/D

Os modelos do F-16 são designados por uma seqüência numérica de blocos. Cada bloco representa mudanças significativas nas capacidades da aeronave. O objetivo seria manter a padronização entre as aeronaves de um mesmo bloco e implementar estas mudanças em aeronaves já entregues, atualizando-as para o novo padrão. Este é o principal fator que possibilita que o F-16 mantenha-se combativo por tanto tempo, apesar da rápida evolução tecnológica.

A célula da aeronave foi alterada significativamente, houve um aumento do peso vazio de 7.390kg para 8.272kg.

F-16 A/B

Novo painel - Tecnologia de ponta.

F-16 E/F Block 60 - Baseado no F-16C/D, possui tanques conformais, turbina General Electric F110-132 com 144 kN, radar Northrop Grumman AN/APG-80 AESA, pode disparar todas as armas do Block 50/52 e ainda o AIM-132 ASRAAM e o AGM-84E SLAM.

Inicialmente equipado com o radar Westinghouse AN/ APG-66 Pulse-doppler e a turbina Pratt & Whitney F100-PW-200 com 106 kN de potência.

1972 É criado o primeiro protótipo do que viria a ser o F-16

1974 O protótipo faz seu primeiro vôo

1975 É iniciada a produção do F-16 para as forças armadas dos EUA

1979 O F-16 entra em serviço oficialmente

2010 Data tida como provável aposentadoria do F-16.


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