Editorial
Colégio Campos Salles Nas últimas décadas, a Educação passou por diversas modificações no mundo todo. Surgiram muitos estudiosos do tema, teorias revolucionárias, métodos promissores, novas abordagens. Diante das necessidades educacionais de cada tempo, o homem buscou soluções retomando continuamente as ideias dos pensadores clássicos, adaptando comportamentos, e, sobretudo, implementando ações. ...E tudo o que o homem fez foi belo... Mas “... ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência ...se não tivesse amor, eu não seria nada”. * Não se educa sem amor, sem ideal. Nós, que herdamos essas convicções de um homem simples, que vamos conhecer nas próximas páginas, mantemos fortes as raízes deste desbravador, e, assim, oferecemos as bases sólidas de uma Educação para o futuro, com métodos, técnicas, tecnologia, pessoal especializado e essencialmente com muito amor.
Comemore conosco os 90 anos do Colégio Campos Salles ! *(Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 13, versículo 2)
Expediente Presidente: Urbano Carlos do Carmo Curado
Coordenador Pedagógico: Marcos Roberto Russi
Vice-presidente: Carlos Augusto do Carmo Curado
Orientadores Educacionais: Maria Tereza Franchini Civalli Sueli Gargano Maria de Fátima Eva Alves Edléia Ribas Barbosa
Diretora: Cristina Isabel Curado de Souza Assistentes de Direção: Lygia Nieto Mendes de Almeida Marly dos Santos Fernandes Arlete Bruscagin Andrade Marcos Motta
Jornalista Responsável: Maria Aparecida Nóbile MTB: 11 665 Capa: Flávio Antonio Saccardo
Produção: Editora Eco Vox Comunicação Tel: (11) 3871-9292 www.editoraecovox.com.br Artes: Carine Amaro Diagramação e Projeto Gráfico: Tel: (11) 3445-6975 www.assessoriatandera.com.br 3
Lapa, uma gruta... um novo povoado A primeira notícia sobre a região é de 1561 quando os jesuítas receberam uma sesmaria junto ao rio Emboaçava - topônimo de origem tupi-guarani que significa “lugar por onde se passa” - que seria a denominação desta extensão territorial durante três séculos. No século XVIII, uma propriedade se destacava entre os sítios e fazendas dispersos: a Fazendinha da Lapa, que recebera este nome em razão de uma gruta construída por um morador português com a finalidade de proteger sua imagem de Nossa Senhora. Assim, toda a região passou a ser chamada de Lapa, tornou-se famosa rota dos bandeirantes, e foi adotada por um desbravador, o professor Augusto Guzzo, cuja obra se acha registrada na história da Educação brasileira.
Professor Augusto Guzzo o desbravador
4
... E a semente é lançada Lapa, 1924... ...um bairro de imigrantes ingleses, croatas, lituanos, poloneses, russos, húngaros e italianos, que, atraídos pelas indústrias que começavam a se instalar na região, a ele acorriam vivendo em pequenas propriedades rurais. Desde a instalação das oficinas da Estrada de Ferro São Paulo Railway e da implantação de indústrias de ponta à época - a Vidraria Santa Marina e os frigoríficos Armour, Bordon, Swift e Wilson - que se beneficiaram da proximidade com os rios Tietê e Emboaçava, atual Pinheiros, a Lapa começou a despontar como um dos mais promissores bairros paulistanos. Nas ruas de terra, as crianças brincavam livremente sem sequer imaginar que um jovem de apenas 19 anos as contemplava e se preocupava com seu futuro. O jovem, descendente de italianos, nascido em 20 de dezembro de 1905 no município de São Carlos do Pinhal, no estado de São Paulo, já era a esta altura um professor e embalava sua vida pelo ideal de educar. Um amor sem medidas pelo conhecimento e uma força incomensurável para vencer desafios. Augusto Guzzo era este jovem cujas ideias viajavam quilômetros, enquanto seus pés se mantinham sempre no chão. Preocupado com o futuro daquelas crianças que não tinham escola nas proximidades, em 2 de fevereiro de 1924 abriu as portas de sua própria casa, na rua Doze de Outubro, 94, para instalar a Escola de Comércio “Campos Salles”.
Disciplinas em 1924
Rua Doze de Outubro, 94 primeiro prédio do Campos Salles
5
Um sonho a dois Augusto era um sonhador, mas não sonhava sozinho: a esposa, Disiolina, carinhosamente chamada de Adelina, dividia seus afazeres domésticos com a manutenção da escola. Sempre solícita e comprometida com o empreendimento que o marido iniciava, arrumava as carteiras, conservava a limpeza e atendia os que buscavam informações. Assim, a escola foi crescendo e veio a necessidade de um espaço físico maior para abrigar os alunos, obrigando a mudança de endereço: rua Clemente Álvares, 121.
O casal Adelina e Augusto em 1967
Prédio da Escola de Comércio Campos Salles na rua Clemente Álvares
Diretoria - prédio da rua Clemente Álvares
6
A escola de datilografia Era a época da modernização dos escritórios e um fenômeno revolucionário tinha acabado de chegar dos Estados Unidos: a máquina de escrever! Coube à Escola de Comércio “Campos Salles” o pioneirismo de instalar na zona oeste da cidade o primeiro Curso de Datilografia. O novo curso era o orgulho dos lapeanos, pois abria as portas para o mercado de trabalho. Pouco a pouco centenas de jovens ostentavam seus diplomas de Datilografia e iam sendo absorvidos nos escritórios das empresas da região.
Sala do curso d e Datilo grafia
A oficialização
ção de e autoriza d to n e m Docu 8 ento - 192 m a n io c n fu
Em 1927 a escola formava sua primeira turma do curso Propedêutico que dava direito a prosseguir estudos em direção aos cursos de Guarda Livros ou de Perito Contador. Um ano mais tarde a primeira grande vitória: a Escola de Comércio “Campos Salles” recebia a autorização para funcionamento, expedida pela Diretoria Geral de Instrução Pública do Estado de São Paulo.
7
As crianças A preocupação com a educação básica levou à implantação do curso Primário e do Jardim da Infância. As meninas com seus laços de fitas nos cabelos. Garotos orgulhosos por ostentarem suas canetas-tinteiro... Ah!...aquelas crianças aprendendo as primeiras letras...
Comemoração de 7 de setembro de 1938
8
Formandos de 1939
Enfrentando os desafios Tempos difíceis! Em 1942, em plena efervescência da II Guerra Mundial, acompanhando as necessidades de formação profissional de cada momento histórico, foi implantado o curso Ginasial. As instalações da rua Clemente Álvares já não eram suficientes para comportar os novos alunos. Uma chácara na Rua Doze de Outubro, 357, chamou a atenção dos dirigentes da Instituição e nela foi instalada a sede do Colégio e da Associação Cívica “Campos Salles”, com seus Departamentos de Educação Física, Moral e Social. No dia 17 de agosto de 1942, os moradores do bairro orgulhosamente festejaram mais uma conquista: os novos cursos e as novas instalações da escola.
Novo prédio da rua Doze de Outubro, 357 Convite para inauguração da nova sede - 1942
9
25 anos de uma sublime missão “O que urge fazer é facilitar o ensino através de escolas nos bairros, que evitem o deslocamento dos jovens estudantes. Ninguém está exercendo com maior eficiência e patriotismo, embora silenciosamente, essa nobre e sublime missão, que a Escola “Campos Salles”, no bairro da Lapa. Há 25 anos surgiu esse estabelecimento de ensino particular, suprindo falha que há muito se fazia sentir no populoso bairro”. Este é um trecho do artigo publicado no jornal “A Gazeta” do dia 5 de setembro de 1949. O então Ginásio e Escola Técnica de Comércio “Campos Salles”, festejava o seu Jubileu de Prata com muitos eventos durante toda a Semana da Pátria daquele ano. Na incansável vocação de educadores, como poderia a família Guzzo festejar sem estar arduamente envolvida no trabalho? Em plena festa, um pequeno detalhe: os convidados utilizaram uma entrada provisória pelo terreno da rua Anastácio, atual Nossa Senhora da Lapa, que havia sido adquirido para ampliação do prédio. Corpo Docente em 1949, ano do Jubileu de Prata
A população local convocada para o desfile comemorativo ao Jubileu de Prata da escola Fachada em 1949
O busto do patrono, Campos Salles, no saguão de entrada em 1949: “Aqui se aprende a conhecer, amar e defender o Brasil”. 10
Normalistas do “Campos Salles” no desfile comemorativo ao 40 Centenário da Fundação de São Paulo: 1954
Nossas lindas normalistas em 1952
Vestidas de azul e branco... ... com seus rostinhos encantadores, conforme saudava o cancioneiro popular, as normalistas caminhavam pelas ruas da cidade onde circulavam os bondes. Estávamos precisamente em 1952, quando foram implantados os cursos Colegial e a Escola Normal Livre “Campos Salles”. Década de grandes mudanças, início dos chamados “anos dourados”. Com o fim da II Guerra deu-se a bipolarização do mundo. De um lado a então União Soviética. De outro, os Estados Unidos. Inauguravam-se as transmissões televisivas no país e o governo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek propiciava uma intensa discussão cultural e a introdução de bens de consumo que modernizavam a vida dos brasileiros. O país era o retrato do American Way of Life no Terceiro Mundo. Neste contexto, nossas normalistas eram as vivas representantes de mais um passo dado em direção a uma educação democrática.
11
Consolidação A Escola Técnica de Comércio e Ginásio “Campos Salles” se consolidavam com a implantação de novos cursos. Os espaços físicos se ampliavam. As salas de aulas ganhavam novos equipamentos. Os laboratórios eram modernizados, as instalações reformadas para atender a demanda. Os alunos da década de 60 praticavam suas atividades físicas em meio às obras de ampliação. Consolidação de uma Instituição que crescia como referência em ensino de qualidade. Escola pioneira em diversos segmentos, em 1969 escreveu mais um capítulo na história da educação. Com o propósito de oferecer lazer para seus alunos, a então diretora do curso primário, professora Jacyra Guzzo, resolveu levá-los uma vez por semana para passarem o dia numa chácara de propriedade da Instituição, localizada na Freguesia do Ó. Transporte escolar à porta do Colégio, na Lapa, os alunos eram cuidadosamente embarcados e, acompanhados pelos professores, passavam a tarde desfrutando do contato íntimo com a natureza: plantas, animais domésticos, terra para pisar e tocar. A iniciativa foi coroada de êxito e deu origem a Unidade II – Chácara, que se tornaria referência nesta modalidade de educação em ambiente ecológico.
Alunos do curso Primário - década de 70 Sala do curso de Datilografia - 1961
Laboratório - 1961
12
Hora do lanche na Unidade II - década de 70
Sonho sem limites Originária desta evolução histórico-cultural, em 1971 um novo sonho se materializou: nasceu a Faculdade de Educação, com o curso de Pedagogia. A Associação Educativa “Campos Salles” passou a manter, administrar e incentivar a educação superior e, ainda na década de 70, foram criados nova faculdade e novos cursos, sempre considerando a necessidade social da região, grandemente vocacionada para o setor de serviços. Assim, a Instituição se transforma num verdadeiro complexo educacional e tem muitos motivos para festejar o Jubileu de Ouro da fundação de sua primeira célula. Em 1974, a comunidade acadêmica e os moradores da Lapa celebram os 50 anos do “Campos Salles”. A Faculdade, um sonho a mais...
O casal Adelina e Augusto no Jubileu de Ouro - 1974
Festividades do Jubileu de Ouro - outubro de 1974
13
Dois filhos Professor Mário e Professora Jacyra... ...que cresceram em meio aos alunos, respirando, desde cedo, os ares da escola. Filhos do casal Augusto e Adelina, descobriram-se educadores, prepararam-se e partilharam o mesmo caminho, a mesma missão. Mário Olavo Guzzo foi aquele professor que todos gostariam de ter: alegre, incentivador, amante dos esportes, amigo. Faleceu em 1987 deixando muitos planos. Jacyra Guzzo do Carmo Curado redobrou forças, amparando os pais, flagrando-se forte, como filha de fortes. A presença do patriarca Augusto foi constante até praticamente os seus últimos dias. Ele partiu em 5 de setembro de 1998, mas seu dinamismo se perpetuou por intermédio da filha, dos netos Carlos Augusto, Urbano Carlos e Cristina Isabel que herdaram o mesmo amor à educação. ...e Jacyra, a incansável, lutou bravamente sem se deixar abater. Com sua fé inabalável em Deus, combateu o bom combate até o dia 28 de junho de 2008, quando nos deixou em plena festa, dentro da escola que tanto amava, em meio aos alunos, todos um pouco seus filhos também, pois que foi “mãe” de muitas gerações que no “Campos Salles” aprenderam não somente a ler e contar, mas receberam grandes lições de ética, civismo, respeito.
A família Guzzo. Da esquerda para a direita, Adelina, Augusto, Jacyra e Mário
14
O Tiro de Guerra: orgulho dos lapeanos em 1936
Desfiles Cívicos. Marchando pela Pátria - 1949
Orgulho de empunhar o pavilhão nacional.... e de fazer parte do pelotão de ciclistas
Hasteamento das bandeiras: momento cívico - 2003
Cidadania, civismo, participação Preparar nossos jovens para exercer a cidadania, sustentados por um corpo de valores e virtudes aceitáveis universalmente, como a justiça, a verdade, a coragem e a liberdade, foi, também, um dos ideais abraçados pelo fundador do Colégio. Em 1929, uma verdadeira atração para os moradores das chácaras das ruas Clemente Álvares e Doze de Outubro eram as manobras do Tiro de Guerra E.I.M. 81 implantado no “Campos Salles”. A Escola de Instrução Militar formou jovens atiradores comprometidos com o dever cívico de defender a Pátria. Orgulho da comunidade lapeana, nossos atiradores serviram na Revolução Constitucionalista de 32 e continuaram sendo admirados até 1938 quando foi iniciada a II Guerra Mundial. Na década de 40, grandes exemplos de respeito e amor ao país eram dados durante a festividade nacionalista mais importante: a Semana da Pátria. Os desfiles cívicos eram verdadeiros acontecimentos que envolviam as instituições de ensino em preparativos que chegavam a durar meses. A participação do Colégio foi sempre marcante. Nas comemorações do Jubileu de Prata da escola, em 1949, os pelotões do “Campos Salles” desfilaram pelas ruas do bairro com nobreza, disciplina e altivez. 15
Atividades extracurriculares E quando as escolas começaram a complementar e enriquecer a vivência acadêmica com as atividades extracurriculares, o “Campos Salles” já se orgulhava de seus projetos: dança, música, culinária, feiras culturais, oficinas, games, mostras de cinema, teatro, coletâneas de textos, reportagens científicas, comemorações.
Feira de Ciências em 1964
Mostras Culturais Temáticas “Esta menina tão pequenina quer ser bailarina”...Em 1983 e em 2010
Mostra Cultural: os caras-pintadas, revivendo momentos marcantes da História do Brasil
Aula de culinária na Unidade II
Festa de lançamento do livro temático dos alunos do 20 ano do Ensino Fundamental da Unidade II
Degustando os pratos preparados na cozinha experimental da Chácara
16
Noite de autógrafos do Projeto Entrelinhas: coletânea de textos temáticos escritos por alunos dos ensinos Fundamental e Médio - Unidade I
Oficina de Química: compreendendo os fenômenos naturais na prática
“Oscar”: produção de vídeos na língua inglesa
Festival de Ginástica reúne anualmente os alunos da Unidade II em apresentações temáticas
Incentivando o gosto pela música e poesia, o Sarau Líteromusical revela talentos desde 2001
Oficinas temáticas “CS Repórter” movimenta os alunos do Ensino Médio da Unidade I para a produção de vídeos científicos
Datas comemorativas
Partilha: um dos valores trabalhados no Café da Amizade
“O Intervalo é um show” programa de atividades durante o intervalo das aulas na Unidade I
Acantonamento estimula os pequenos alunos a vencerem medos com atividades recreativas, esportivas e culturais
17
Nossa Galeria de Troféus: orgulho da comunidade “Campos Salles”
Vida saudável
A história do Colégio, marcada por tantos feitos na área da educação, é também a história de uma Instituição que acredita que o esporte é uma fonte inesgotável de aprendizado, pois permite a compreensão do homem como ser total, corpo e mente, voltados para um mesmo objetivo: mais qualidade de vida. Na década de 50, foi iniciada a consolidação no campo esportivo com uma trajetória de vitórias que não mais foi interrompida.
Equipe de voleibol masculino - 1950
Equipe de voleibol feminino - 1950
Apresentação do voleibol feminino no pátio da escola - 1950
Nas aulas de Educação Física, muita disciplina visando à formação de atletas
18
Campeões de judô. À esquerda, prof. Mário, o grande incentivador do esporte. À direita, prof. Augusto Guzzo - 1959
Equipe de futebol - 1963
Incentivando seus atletas, o Colégio revelou talentos individuais que ganharam projeção em seleções paulistas e brasileiras de diversas modalidades, recebeu inúmeros troféus e medalhas em competições promovidas por empresas, escolas, universidades e federações esportivas e já representou o Brasil em eventos internacionais. Numa das maiores competições intercolegiais já realizadas no Brasil, a Copa Dan’Up, lançada em 1985, as equipes do Colégio sempre estiveram nos pódios, pontuando em várias modalidades. Nossas equipes de voleibol masculino e feminino sagraram-se campeãs estaduais e nacionais em diversas competições, como as Olimpíadas Escolares Brasileiras, atuais Jogos Escolares da Juventude, nos quais o “Campos Salles” foi vice-campeão em 2013.
Campeões da Copa Dan’Up - 1998
Nossos atletas na 11a Maratona Pão de Açúcar de Revezamento - 2003
Formando alunos-atletas, a Instituição tem o orgulho de ostentar em sua galeria de troféus mais de 300 peças que materializam um ideal: o de proporcionar o desenvolvimento físico-motor de nossos jovens, estimulando a socialização, elevando a autoestima e reforçando elos de amizade.
Voleibol masculino: mais uma conquista nos Jogos Escolares Brasileiros - 2008
Vôlei masculino, categoria infantil, pentacampeão dos Jogos Escolares do Estado de São Paulo - JEESP - 2011 Em 2011, vitória também da equipe feminina nos JEESP
19
Formação integral Fazer da criança um adulto de princípios. Se a educação para a vida começa em casa, é na escola que ela se consolida, quando o aluno passa a vivenciar as primeiras experiências do que será sua vida social. Dessa forma, o “Campos Salles”, desde sua fundação, preocupou-se com a formação integral de seu corpo discente. Adotando estratégias educacionais que, além do conteúdo curricular privilegiavam também as artes, as atividades culturais, a prática esportiva, a valorização de princípios éticos e religiosos, a Instituição antecipava as transformações que viriam a ocorrer, décadas depois, no processo de ensino-aprendizagem.
Preparação para a Primeira Eucaristia: agregando valores cristãos desde 1944
Em 1983 missa campal nas dependências da Chácara
20
Participação do Coral Infantil na festa de Natal - 2003
Nossos alunos na missa realizada na Igreja Nossa Senhora da Lapa - 2012
Orfeão: a música desenvolvendo a criatividade e a sensibilidade - 1965
Coral sob a regência do Maestro Roberto Zeidler - 1970
Estudos do meio Capacitando os alunos para a observação, a pesquisa, a discussão, favorecendo o relacionamento social e a formação do espírito crítico, coube ao “Campos Salles”, mais uma vez, o pioneirismo na promoção de atividades extracurriculares, acampamentos e estudos do meio. Estes começaram a se popularizar na década de 70, mas, em 1960, a Instituição já promovia saídas culturais com o objetivo de levar o educando a uma imersão orientada em espaços geográficos previamente escolhidos. Centenas de crianças e jovens lançaram seu olhar investigativo sobre cidades, reservas ecológicas, museus, parques, complementando o processo de ensino-aprendizagem.
Estudo do Meio em 1960: pioneirismo
Acampamento Nosso Recanto: socialização, conhecimento e muita diversão
Nas Cavernas do Petar lições de preservação
Companhia dos Bichos - 2009
Acampamento Paiol Grande: temporadas memoráveis
Jardim Botânico de São Paulo - 2013
Da horta à mesa: conhecendo a produção de hortaliças na fazenda
21
Responsabilidade social Despertar a juventude para a participação consciente e responsável na sociedade, engajando os estudantes e seus familiares em campanhas e trabalhos voluntários, sempre foi uma das preocupações da Instituição. Em tempos conturbados da História, a participação dos alunos foi marcante. Na Revolução Constitucionalista de 32 e na II Guerra Mundial, incentivava-se a coleta de donativos para os soldados e escreviam-se cartas para os expedicionários. Nestas ações, o incentivo de uma figura notável na história da Instituição: Donana – Ana Clotilde Cravinhos de Paula e Silva – a inesquecível alfabetizadora que deixou seu legado no bairro da Lapa. Na década de 70, as campanhas de arrecadação de agasalhos movimentavam a escola nos meses de inverno rigoroso e eram lições práticas de cidadania. Um dos maiores ícones dessas mobilizações foi o entusiasmado professor Henrique Gamba, que ingressou na Instituição em 1945 para dar aulas de Geografia e nunca mais saiu, até seu desaparecimento em 2001. Quando o debate sobre o meio-ambiente e a necessidade de preservação começava a despontar, a Instituição já se lançava e, em 1999, em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, distribuiu 7 mil mudas de árvores para os alunos e comunidade em geral. Exemplares cuidadosamente embalados em tubos personalizados com a mensagem: “A vida está em nossas mãos...vamos plantar o futuro!” Assim, o Colégio antecipava um conceito que surgiria anos mais tarde: o de educar com responsabilidade social, ou seja, além de transmitir conteúdo, cumprir sua função social, incluindo no escopo da comunidade acadêmica a adesão a valores éticos e à prestação de serviços.
Em 1971, uma das maiores mobilizações do Colégio: a Campanha do Agasalho arrecadou toneladas de cobertores
Donana
Mudas de pau-brasil e ipê distribuídas em 1999 - a contribuição da escola para tornar a cidade mais verde
22
Professor Gamba
A missão O semeador Essa imagem acolhida pelo Professor Augusto Guzzo, em 1924, Daquele que semeia... Cuida da plantinha... Vê que frutifica... Colhe multiplicado “in centuplum” ... E distribui generosamente, Tem a virtude de firmar A Missão do “Campos Salles”, Compromissada com o desenvolvimento sóciocultural Da nossa sociedade. “Exiit, qui seminat, seminare.” “Eis que o semeador saiu a semear”.
(Evangelho de Mateus, capítulo 13, versículo 3)
23
... Seriedade e dedicação: a semente frutificou Nove décadas propagando o conhecimento, buscando soluções flexíveis para o progresso, promovendo a qualidade de vida das pessoas: a pequena semente frutificou. Uma Instituição que cresceu e continua em expansão, garantindo a excelência de seus cursos, aberta ao diálogo com a comunidade e às constantes mudanças que caracterizam o mundo moderno. Na continuidade do trabalho, as gerações que abraçaram o empreendimento mantêm o compromisso de construir uma sociedade justa e fraterna em que todos vivam dignamente e tenham acesso ao saber. Com a mesma dedicação e seriedade do patriarca, a atual direção do Colégio “Campos Salles” empenha-se na formação de gerações responsáveis que contribuirão para garantir um país viável e soberano. Colégio e Faculdades “Campos Salles”: referências em educação de qualidade
Vidas a serviço da educação. Urbano Carlos do Carmo Curado, à direita, presidente do Colégio. À esquerda, Carlos Augusto do Carmo Curado, vice-presidente
Chácara: pioneirismo na implantação de uma unidade escolar ecológica
24
... Nosso hino
Coral interpreta o Hino do Colégio “Campos Salles” nas comemorações do Jubileu de Girassol da Instituição - 2009
De uma ideia nasceu altaneira. Esta escola que é o centro de luz. Tendo à frente, a levar por bandeira A cultura a jorrar sempre a flux.
REFRÃO Salve, “Campos Salles”, salve, Acendrado cadinho de amor; Que a batalha nos torna suave, Nesse ninho de intenso labor.
Sempre ordeiros cantemos, ufanos, Rumo à luz, ao saber, à vitória; “Campos Salles” será, lapeanos, O baluarte da fé, rumo à glória.
Nossa Escola será nossa vida A falar-nos nos tempos além; Nossos mestres, a luz refletida, Luz ideal do sublime e do bem.
Quando, um dia, da vida na luta Se fizer mais aceso o labor Sua imagem será, resoluta, O incentivo, a firmeza, o calor. Letra: Prof. Edgard Pimentel Rezende Música: Maria Irma Rinaldi Sydow
25
Tributo à professora Jacyra
Altiva e generosa, Altruísta e autêntica, enérgica e complacente, severa e profundamente sensível... Como educadora, deixou-nos o legado de infinitas lições. Ensinou e ensinou a ensinar na rica trajetória de professora normalista e pedagoga, de administradora e presidente das mantenedoras. Buscou meios, criou metodologias, enriqueceu as coisas simples e descomplicou as mais complexas. Amou a Educação e sua vida a ela dedicou como missão primeira, repassando-nos o amor, a garra, a criatividade ... Desafiava-nos à perfeição e criávamos sob sua batuta. Reinventava e harmonizava o impossível demonstrando-nos suas composições educacionais. Desenhava espaços com linhas simples que se transformavam em obras de arte... Infinitamente religiosa e devotada à família, fez de sua trajetória uma oração e, por tudo isso, ao deixar-nos, com certeza acordou nos braços de Deus. Tributo à Professora Jacyra Guzzo do Carmo Curado Diretora-presidente do Colégio e da Associação Educativa “Campos Salles” falecida em 28 de junho de 2008. (por Neusa Eronide Anselmo)
26
Professora Jacyra Guzzo, em 1949 e em 1998