Vinicius Campos Conta Grimm

Ojovem ator e escritor Vinicius Campos, apaixonado pelas clássicas histórias que leu e ouviu quando era menino, acordou num belo dia muito inspirado (como nos contos de fadas) e resolveu recontá-las para as crianças. Reuniu oito histórias dos grandiosos irmãos Grimm e, com muita leveza e humor, conta para os pequenos leitores, sem censura ou lenga-lenga, as aventuras dos corajosos, astutos e inesquecíveis personagens. As criativas e coloridas ilustrações de Ágatha Kretli, com imensa riqueza de detalhes, completam o livro e oclima para cada história.

ISBN 978-85-06-07028-4

VINICIUS CAMPOS CONTA GRIMM

Ilustrações de ÁGATHA KRETLI

RAPUNZEL

Era uma vez um barrigão que anunciava a chegada de um bebê. O problema é que a dona do barrigão sentia um incontrolável desejo de comer as alfaces rapunzel da horta de sua vizinha, uma poderosa bruxa. Sem conseguir realizar seu desejo, a mulher ficava cada vez mais triste.

Apesar de saber que a bruxa odiava que entrassem em sua horta, mas com medo de que seu filho nascesse com cara de alface e sua esposa caísse em depressão, o marido pulou o muro e roubou alguns pés.

– Hum, delícia! Quero mais – disse a mulher assim que terminou de comer todos eles. O marido apaixonado foi buscar mais, mas a bruxa o pegou no flagra.

– Como ousas roubar meus pés de alface rapunzel? – disse ela, com voz de bruxa.

– É que minha mulher está grávida e sente um desejo imenso de comê-los.

– Pode levar quantos quiser, queridinho, mas com uma condição: ao nascer, a criança será minha –e riu uma risada de bruxa.

Assustado, ele prometeu tudo o que a feiticeira pediu. Quando a filha nasceu, sentindo uma tristeza enorme, mas sem alternativa, entregou-a à vizinha, que lhe deu o nome de Rapunzel.

A menina era linda e crescia saudável e feliz. Quando Rapunzel completou 12 anos, a bruxa a trancou numa torre sem porta, no meio da floresta. Quando queria entrar, gritava com voz de velhinha:

– Rapunzel, Rapunzel, solte suas tranças.

E então a garota enrolava suas enormes madeixas num dos ganchos da janela e as jogava até lá embaixo. A velha se pendurava nelas e subia.

Foram anos e anos assim. Até que, numa tarde, enquanto a jovem cantava, um príncipe que passava por ali ouviu a doce voz que vinha lá do alto e ficou encantado com ela.

Ele voltou várias vezes para escutá-la e um dia viu a velha pedindo a Rapunzel que jogasse suas tranças e subindo por elas.

“Plim”, teve uma ideia.

– Rapunzel, Rapunzel, solte suas tranças – gritou, imitando a voz da bruxa.

As madeixas loiras caíram, e ele subiu. Rapunzel se assustou. Nunca tinha visto um rapaz.

– Calma, sou só um príncipe apaixonado pelo seu canto – disse, com voz de galã.

Havia tanto amor em seus olhos que ela aceitou seu pedido de casamento. Estava convencida de que teria uma vida melhor do que trancada naquela torre.

Combinaram de fugir, mas Rapunzel, linguaruda, deixou escapar o plano, e a bruxa ficou uma fera. Cortou suas tranças e levou a garota para o deserto.

– Rapunzel, Rapunzel, solte suas tranças – gritou o príncipe.

As madeixas loiras caíram lá embaixo como sempre, mas, quando ele subiu, viu a bruxa com uma verruga no nariz e levou um susto!

– Há! Há! Há! Veio buscar a amada? Nunca mais a verás!

Com medo, o jovem pulou da torre, machucando-se todo. Apesar das feridas, conseguiu escapar. Perambulou anos e anos pensando em seu grande amor e acabou indo parar no meio do deserto.

– Que voz mais doce! – disse, ao escutar um canto suave.

Encantado e cheio de esperanças, seguiu o som e encontrou Rapunzel, que, ao vê-lo, chorou de alegria. Apaixonados, foram ao reino do príncipe, se casaram e viveram felizes por muitos e muitos anos.