texto Beth Cardoso ilustração Luis Negreiros
Depois de 49 longos dias e noites dentro do ovo, Tarcirurga esperava pelo quentinho do sol que a ajudaria arrebentar a casca, abrindo caminho pelo mundo rumo ao mar.
Não que estar no ovo fosse ruim, mas era monótono e solitário. Vez ou outra Tarcirurga trocava algumas palavrinhas com as tartaruguinhas dos ovos ao lado do seu, mas o escuro de dentro do ovo e o som do mar, vindo debaixo da areia, davam uma bobeira, um sono; e ela passava quase todo o tempo dormindo.
Cada vez que acordava, o ovo estava menor e ela maior, sem espaço para espreguiçar as nadadeiras ou coçar seu longo pescoço. O creme de gelatina que revestia seu casulo era fofo e quente, um perfeito colchão natural que também servia de alimento. De mordidinha em mordidinha, Tarcirurga roía as paredes de gelatina e esperava pela hora de sair dali de dentro. Pensava que agora era ela dentro do ovo, depois o ovo dentro dela.
Na longa última noite-ovo, Tarcirurga mais uma vez sonhava acordada. Pensava que quando chegasse ao mar ela iria nadar calmamente. Testar suas nadadeiras. Saborear um lindo pé de algas, bem à moda das tartarugas marinhas: sem pressa. Em seu sonho, ela cresce rapidinho. Passa de centímetros para metro e com toda sua força e sabedoria ganha águas estrangeiras, areias de outros portos, novas amizades... quem sabe até um amor. Suspirava apaixonada pelo mar.
E quando chegasse o momento, retornaria para a praia de origem, depositaria sua ninhada e voltaria para as águas do mar.
Sobre a obra e a autora
Faz tempo que estou brincando com a Tarcirurga. Ela me acompanha desde 1995. Ou sou eu que a acompanho? Já nem sei mais...
A primeira versão dessa história escrevi para ser contada para crianças portadoras de doenças graves, terminais. Os contadores que levaram a primeira versão da Tarcirurga (e tantas outras histórias) para esses pequenos leitores foram os Narradores de Passagem, da ONG com o mesmo nome, que atuou durante anos nos hospitais de São Paulo. Depois de ouvir a aventura de Tarcirurga, as crianças enfermas recuperavam a esperança, riam e sentiam-se melhor.
Tarcirurga sempre foi assim: uma mensagem de amizade e vida que contagia por sua alegria e esperança, mesmo quando tudo parece perdido. Por isso, este é um livro para crianças de todas as idades. Afinal, quem não sente medo de vez em quando e precisa de um bom amigo para ajudar em um momento difícil? Crescer é uma grande e bela aventura, melhor quando temos companhia. Por isso, essa fábula é especialmente dedicada para a leitura compartilhada, aquela feita em dupla ou grupo. Você com seus irmãos, pais, avôs, amigos e professores. Ler para alguém ou ouvir alguém que lê para você é um dos mais doces gestos de carinho que se tem notícia – experimente, ofereça. Vai ser muito divertido!
Sou escritora e leitora apaixonada por bons livros, professora doutora da PUC-SP, lecionando e pesquisando sobre Literatura Infantil e Juvenil e Teoria do Romance. E mãe da linda Isabel, de cinco anos.
Comecei a ler cedo, tinha entre três e quatro anos. Foi minha mãe quem me ensinou. Gostei da brincadeira com as letras e nunca mais parei de ler. Acredito que a leitura é libertadora, pois com ela é possível aprender, sonhar e transformar nosso mundo, que no final das contas é o mundo de todos nós.
Tenho livros e textos publicados para adultos, um livro para crianças, Todo mundo é misturado, mas a história da Tarcirurga foi o primeiro livro infantil que escrevi. Agora ela ganhou o mundo para navegar no mar sem fim da vida e foi parar em suas mãos.
Tenho muito carinho por essa personagem, pois ela tem o poder de levar esperança e alegria para quem aceita o convite de embarcar na sua aventura de viver.
Se você embarcou nessa viagem sabe do que estou falando, não é mesmo?!
Beth Cardoso
Copyright © 2020
Beth Cardoso (texto)
Luis Negreiros (ilustração)
Direção Editorial Aloma Carvalho
Assistente Editorial Jessica Spilla Revisão
Maria Gabriela Alzueta Diagramação
Daniela Fujiwara
Pós-diagramação
Soma – palavra e forma
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) CARDOSO, B. Tarcirurga, Bartolomeu e Pluminha no mar sem fim. / Beth Cardoso (texto); Luis Negreiros (ilustração). 1ª edição. São Paulo: Bamboozinho, 2020.
48 p. : ilustrado
20,3 x 25,4 cm
ISBN 978-85-93655-08-1 CDD 028.5
1. Literatura infantojuvenil brasileira. 2. Ficção infantojuvenil brasileira. 3. Educação Infantil. 4. Ensino Fundamental. I. Cardoso, Beth. II. Negreiros, Luis. III. Título.
Índices para catálogo sistemático:
1. Literatura infantojuvenil: livro ilustrado – 028.5
2. Ficção – 028.5
NOSSA MISSÃO
Publicar livros de qualidade que permaneçam na mente dos nossos leitores como fonte preciosa de conhecimento e de entretenimento.
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Tarcirurga não vê a hora que a casca do seu ovo quebre. Como uma legítima tartaruga marinha, ela quer correr logo para o mar: sonha em conhecer águas estrangeiras, fazer muitas amizades e até encontrar um amor...
Quando finalmente chega o dia, ela não se intimida e sai determinada do ovo, atravessa paredes de areia, foge das gaivotas e mergulha de cabeça nesse imenso mar sem fim!
Será que vai ser tudo do jeitinho que ela sonhou?
ISBN 978-85-93655-08-1
9 788593 65508 1