Capítulo 1
ONDE TUDO COMEÇOU
Não se espera que um programa como The Big Bang Theory seja um sucesso aceito pela maioria do público. Isso não acontece com uma série em que os dois personagens principais são um físico teórico e um físico experimental. Ou com episódios que envolvem a Aproximação de Born-Oppenheimer ou o Gato de Schrödinger. Ou quando existe um foco em quadros brancos e teoremas. Isso simplesmente não acontece. E provavelmente não teria ido além de uma simples ideia, não fosse pelo poder e pelo respeito que acompanhavam o criador, Chuck Lorre, em 2006, quando ele – acompanhado de Bill Prady – foi à CBS com uma ideia para uma série nova baseada nesse conceito. Em quase qualquer outra situação, o conceito nem passaria pela porta; mesmo que passasse, seria recebido com um “Obrigado, entraremos em contato”. Mas Lorre tinha um plano – mesmo que arriscado. E, para entender como ele se concretizou, é necessário voltar às obsessões de infância, aos tempos de programação de computador e a um determinado executivo de televisão, chamado Peter Roth.
Chuck Lorre: Na minha infância, eu devorava tudo relacionado à DC Comics. Depois, a Marvel chegou e elevou o gênero como um todo. Tudo mudou quando eu li As crônicas marcianas, de Ray Bradbury, quando era criança. Aquilo mudou minha vida. Eu fiquei obcecado, queria devorar todos os livros, de todos os autores de ficção científica que passassem pelo meu caminho. E isso me levou a Robert A. Heinlein, Isaac Asimov, e Duna, de Frank Herbert, que me levou a Roger Zelazny. Eu era muito fã de Star Trek nos anos 1960, tanto que, quando o programa foi cancelado após três temporadas – o mesmo ano em que The Smothers Brothers foi cancelado – eu disse: “A televisão acabou. Não quero mais ver televisão! Qualquer meio de comunicação que cancele Star Trek e Smothers Brothers não vale o meu tempo!”. Eu reclamava para qualquer pessoa que me ouvisse que a televisão era um meio de comunicação idiota, e que não deveríamos perder tempo com