Interações: diálogos entre o fazer e o olhar na arte

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Interações: diálogos entre o fazer e o olhar na arte Celina Gusmão Josca Ailine Baroukh (Coordenadora) Maria Cristina Carapeto Lavrador Alves (Org)

Lançamento 2012 ISBN: 9788521206774 Formato: 17x24 cm Páginas: 280



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Sumário

c o l e ç ã o

InterAções Celina Gusmão

Interações: diálogos entre o fazer e o olhar na Arte Josca Ailine Baroukh COORDENADORA Maria Cristina Carapeto Lavrador Alves ORGANIZADORA

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Sumário

Sumário

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Vamos conversar sobre Arte? ................................ 17

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A Arte está presente no cotidiano ou o cotidiano está presente na Arte?........................... 25

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Movimentos de vanguarda artística do século XX.................................................................... 29

3.1 Impressionismo................................................... 29

3.2 Pós-impressionismo............................................ 31

3.3 Simbolismo.......................................................... 36

3.4 Expressionismo................................................... 38

3.5 Fovismo............................................................... 43

3.6 Cubismo............................................................... 44

3.7 Futurismo............................................................ 50

3.8 A Abstração e a Vanguarda Russa...................... 51

3.9 Vanguarda Russa................................................. 53

3.10 Dadaísmo............................................................. 56

3.11 Surrealismo.......................................................... 58

3.12 O Modernismo no Brasil – A Semana de 22 ....... 63

3.13 Mais artes............................................................. 68

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Interações: diálogos entre o fazer e o olhar na Arte

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Somos brasileiros? Arte Popular Brasileira – presença viva no cotidiano...................................... 81

4.1 O papel da Arte no desenvolvimento cultural ... 82

4.2 As influências das diferentes culturas na formação da nossa identidade............................. 87

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O olhar, a leitura, a fruição, a análise de obras.. 103

6

A função da Arte....................................................... 107

7

Modalidades artísticas............................................. 111

7.1 Linguagem bidimensional: desenho, pintura, colagem, gravura (técnicas de impressão)......... 111

8

Vamos desenhar?....................................................... 131

8.1 O exercício de observação.................................. 131

8.2 O exercício de memória...................................... 135

9

A pintura – Que beleza é esta?............................... 151

9.1 A cor, a forma, a composição, a pintura............. 151

9.2 As paisagens brasileiras e a pintura.................... 160

9.3 Colagem .............................................................. 169

10 A gravura e os processos de impressão................ 177

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10.1 Monotipia............................................................. 177

10.2 A xilografia .......................................................... 179

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Sumário

10.3 Gravura em metal................................................ 182

10.4 Gravura na pedra................................................. 182

10.5 Serigrafia.............................................................. 183

10.6 Carimbo............................................................... 183

11 A linguagem tridimensional – As coisas, os objetos, as esculturas, as instalações, o espaço....................................................................... 189

11.1 A escultura como manifestação artística ........... 191

11.2 O Barroco no Brasil – marco importante na história da arte brasileira............................... 198

11.3 Arte Moderna....................................................... 202

11.4 Neovanguardas brasileiras.................................. 210

12 O que define uma obra de Arte Contemporânea?....................................................... 215

12.1 E o que são as instalações?................................. 218

12.2 Land Art e arte pública...................................... 220

12.3 A escultura e os objetos utilitários (ou artefatos) na produção de Arte Popular Brasileira.............................................................. 223

13 O que separa arte popular de artesanato?.......... 225 13.1 A cerâmica na arte popular e na produção artesanal.............................................................. 227

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13.2 Cerâmica utilitária............................................... 237

13.3 As esculturas e os objetos de madeira................ 239

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Interações: diálogos entre o fazer e o olhar na Arte

13.4 Assemblages, brinquedos e engenhocas............ 243

13.5 Esculpir, modelar, construir................................ 247

13.6 Criação de uma instalação ou intervenção no espaço público ............................................... 273

14 Compartilho um relato............................................. 275

Referências bibliográficas................................................ 279

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Vamos conversar sobre Arte?

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Vamos conversar sobre Arte?

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ara sermos professores de Arte precisamos estudar várias disciplinas na faculdade. Então, cheios de expectativas, adentramos a sala de aula e encontramos crianças curiosas, ávidas por conhecimentos. Mas, do que mesmo devemos tratar? É possível ensinar Arte? É possível aprender arte? Que aspectos ou que conteúdos podem ser abordados? E quais as expectativas, os objetivos que temos como norte? Para início de conversa, é importante entender o que hoje chamamos de arte. Será que na Antiguidade, na Idade Média, na Modernidade e nos dias de hoje a definição se mantém? Ou será que, por sermos seres gregários e culturais, os sentidos e significados das palavras vão se modificando, forjando-se no tempo e no espaço histórico? Se estamos em sala de aula nos dias de hoje, de que definição de arte vamos tratar? Iniciamos com Boff (2000), que nos diz que:

todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem

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Movimentos de vanguarda artística do século XX

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Movimentos de vanguarda artística do século XX

3.1 Impressionismo

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Impressionismo foi um importante movimento artístico que surgiu na França, no final do século XIX, cuja concepção de arte estava ligada ao olhar. Apesar de não ser considerado um movimento de vanguarda por alguns teóricos, foi uma das primeiras manifestações artísticas a romper com as normas impostas pelas academias de arte (escolha de temas históricos, luz e sombra claro/escuro, contornos precisos, pinceladas imperceptíveis a olho nu). Foi um movimento renovador e de ruptura importante para a História da Arte por trazer novas questões para a pintura, propondo uma nova maneira de pintar. Os impressionistas passaram a se ocupar de temas do cotidiano, do dinamismo que a modernidade da época apontava, com preferência pela paisagem e a rapidez como a natureza se transforma, na intenção de capturar o momento. O registro da natureza se dava por meio de sensações visuais imediatas. Na definição de Giulio Carlo Argan (1912), impressão é o movimento do exterior para o interior: é realidade (objeto) que se imprime na consciência (sujeito). Os artistas saíram dos ateliês e dos estúdios para pintar ao ar livre na busca do estudo e da percepção da luz, no desejo de captar os efeitos da luz e da cor sobre as coisas, sobre a paisagem. E isso se tornou possível graças à produção de tintas em bisnagas

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Interações: diálogos entre o fazer e o olhar na Arte

3.4 Expressionismo O termo Expressionismo surgiu de uma tendência da Arte Moderna centralizada na Alemanha, por volta de 1905. O Expressionismo Alemão não se restringiu apenas às artes visuais. Teve desdobramentos na poesia, no teatro e no cinema. Giulio Carlo Argan (1992) define expressão como “movimento do interior para o exterior: é o sujeito que por si imprime o objeto”.

Erich Heckel. Nú deitado diante do espelho, 1910.

Contrário ao Impressionismo, que se ocupava apenas das questões do olhar e da luz, o pintor expressionista ocupava-se de outras questões como o caráter de crítica social da Arte. O artista expressa emoções, sentimentos, sensações, tais como indignação e angústia diante das questões do mundo moderno, por meio de cores fortes e contrastantes, figuras distorcidas, pinceladas vigorosas e simplificação das formas, rejeitando a verossimi-

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O olhar, a leitura, a fruição, a análise de obras

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O olhar, a leitura, a fruição, a análise de obras

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omo viver uma experiência estética? Ou, o que seria uma experiência estética?

Para falarmos de arte é necessário falarmos do olhar, de estética e de poética. Definir estética não é uma tarefa fácil pelos seus múltiplos significados e pela extensão do termo. O termo surgiu na Grécia Antiga para designar as teorias do belo e da arte. Para muitos autores, a estética é uma disciplina ligada à Filosofia por se aproximar mais de uma reflexão filosófica, de um pensamento e por ter a experiência estética um caráter especulativo e não empírico, como na experiência científica.

[...] a estética tem como consciência e reflexão o universo que chega a nós pelos sentidos, sentimentos, linguagem afetiva, o que chega pelo mundo histórico, pessoal e radical, em termos de vida [...] (MEIRA, 2003)

Para Pareyson (1997), estética

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Modalidades artísticas

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Modalidades artísticas

7.1 A Linguagem bidimensional: desenho, pintura, colagem, gravura (técnicas de impressão)

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o que se refere à linguagem bidimensional, as modalidades artísticas consideradas convencionais (ou tradicionais), são: o desenho, a pintura e a gravura. São as imagens reproduzidas no plano, sendo o papel o suporte para o desenho, a colagem e a gravura; para a pintura, a tela. São materiais convencionais utilizados no desenho: o grafite, o carvão, o lápis de cor, o pastel seco, o pastel oleoso, o bico de pena e a caneta. Na pintura, os materiais mais convencionais são as tintas a óleo ou acrílicas, os pincéis e as espátulas. A aquarela e o guache são também tipos de tintas utilizadas e consideradas como materiais de desenho, quando o suporte é o papel, ou consideradas como pintura, quando possuem características mais próximas às dos materiais de pintura. Nas gravuras, temos as matrizes em madeira ou linóleo, em placas de metal, em pedra, em telas de nylon ou seda e tintas próprias para impressão no papel. A partir do século XX, os artistas ampliaram suas experimentações tanto em relação às temáticas quanto em relação às modalidades convencionais e ao uso dos instrumentos e suportes. Eles romperam com as normas preestabelecidas e as convenções, foram além nas suas investigações, inovaram a linguagem artística, introduziram e renovaram novas modalidades, como vimos nos capítulos anteriores.

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Vamos desenhar?

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Vamos desenhar?

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este capítulo, apresentamos várias sugestões de trabalho com o desenho e que podem servir de inspiração para animar outras possibilidades. Lembre-se que tratar esses momentos como fonte de prazer, ludicidade e descoberta é fundamental para o desenvolvimento do aluno, e porque não dizer do professor artista que existe em você! O exercício trará descontração, olhar apurado, observação aguçada, troca entre os pares e o desenvolvimento da camaradagem entre os participantes. Aqui temos algumas sugestões, e, depois da realização com os alunos, com certeza você fará outras modificações e terá mais opções de trabalho. E aí, vamos desenhar?

8.1 O exercício de observação Algumas sugestões de atividades para os desenhos de observação. QUEM? A ideia de identidade • Autorretrato: desenho de observação do rosto com uso de espelho (como lição de casa ou na escola, se houver recurso). Pode ser utilizado o caderno de desenhos. O desenho pode ser um esboço de um futuro trabalho em pintura, ou modelagem.

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A pintura – Que beleza é essa?

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A pintura – Que beleza é esta?

9.1 A cor, a forma, a composição, a pintura A pintura é a mais bela de todas as artes. Nela, as sensações são condensadas: contemplando-a, todos podem criar uma história ao sabor de sua imaginação e – com um simples olhar – ter a alma invadida pelas mais profundas lembranças; sem esforço da memória, tudo é lembrado num instante. Como a música, a pintura age sobre a alma por intermédio dos sentidos: cores harmoniosas correspondem à harmonia dos sons... Chipp, 1996 Sinto por meio da cor, de modo que é sempre por meio dela que organizo minha tela. (...) A pintura é uma exploração incessante e a mais desconcertante das aventuras.... Não existem regras a ser estabelecidas, e menos ainda receitas práticas; caso contrário, seria uma arte industrial... Matisse, 2007

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pintura é uma das mais tradicionais modalidades artísticas e uma das mais admiradas e cobiçadas, até os dias de hoje. A história da pintura, assim como a do desenho, tem a sua origem nos povos primitivos, quando o homem registrava nas paredes das cavernas cenas de caça, animais e rituais, colorindo as imagens desenhadas nas superfícies das rochas com o pó da terra, ossos queimados, minérios em pó, misturados em água ou óleo e espalhados com folhas. Os povos da antiguidade utilizavam instrumentos que se assemelhavam aos pincéis para registrar com

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Interações: diálogos entre o fazer e o olhar na Arte

9.2 As paisagens brasileiras e a pintura Assim como no desenho, na pintura expressamos ideias, pensamentos, sentimentos, percepções e emoções por meio de cenas do cotidiano, do nosso dia a dia, das pessoas, das coisas e dos lugares onde o cotidiano acontece, elementos que constituem nossa identidade. Podemos também inventar personagens, formas, cores e lugares desconhecidos, imaginados. Desde o início da história da arte brasileira, muitos pintores importantes procuraram mostrar a riqueza e a diversidade das nossas paisagens em suas pinturas, adotando este gênero como forma de expressão. Nas primeiras expedições científicas no Brasil, artistas europeus foram contratados para retratar nossas paisagens, nossa fauna e nossa flora.

Johan Moritz Rugendas. Rio Panahyba, 1820.

A pintura de paisagens seguiu uma longa trajetória no Brasil. Desde as mais acadêmicas e tradicionais, dos séculos XVIII, XIX, seguido pelas novas formas de pintura introduzidas no Modernis-

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A linguagem tridimensional - As coisas, os objetos, as esculturas, as instalações, o espaço

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A linguagem tridimensional – As coisas, os objetos, as esculturas, as instalações, o espaço As coisas têm Peso, massa, volume Tamanho, tempo Forma, cor Posição Textura, duração Densidade Cheiro Valor Consistência Profundidade, contorno Temperatura, função Aparência Preço, destino, idade Sentido As coisas não têm paz Arnaldo Antunes

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as artes visuais, a linguagem tridimensional é aquela onde as formas criadas e representadas pelo artista ocupam um lugar no espaço e possuem três dimensões: altura, largura e profundidade (comprimento), portanto possuem volume, corpo. Vimos no capítulo anterior que na linguagem bidimensional as formas são representadas no plano por meio de desenhos, colagens ou pinturas no papel, na tela, na parede ou em qualquer outro plano, e que podemos inclusive representar as formas tridimensionais no plano bidimensional por meio das articulações das linhas e das formas que elas criam, por meio da perspectiva, que nos dá a noção de profundidade na imagem.

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Interações: diálogos entre o fazer e o olhar na Arte

11.3 Arte Moderna A Arte Moderna da primeira metade do século XX traz importantes inovações para a linguagem tridimensional. Vimos que os movimentos de vanguarda propunham uma nova forma de pensar e de fazer arte. A escultura, como outras modalidades expressivas, passa por importantes transformações. No anseio pelo novo, os artistas passam a buscar novas formas de realizar e construir formas tridimensionais. Investigam e exploram novos usos e recursos dos materiais convencionais e introduzem também materiais não convencionas em suas obras. A busca pela simplificação, pela abstração, se evidencia nas obras de escultores como Brancusi, Henry Moore, e os construtivistas Gabo, Pevsner e Tatlin, que utilizavam materiais não convencionais em suas construções de formas como chapas de ferro, parafusos, vidro, cordas e cabos. Outros escultores como o italiano Boccioni procuraram dar a sensação de velocidade e movimento a suas formas estáticas.

Henry Moore. Figura reclinada, 1938.

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O que define uma obra de Arte Contemporânea?

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O que define uma obra de Arte Contemporânea?

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odemos dizer que toda a produção artística realizada nos tempos atuais (ou nos dias de hoje) é Arte Contemporânea? Existe diferença entre Arte Moderna e Arte Contemporânea? Por que as produções artísticas contemporâneas nos causam tanto estranhamento?

O universo, ou o território, da chamada Arte Contemporânea é aparentemente complexo e muito difícil de entender e assimilar. Um território cujos limites ou contornos não são muito claros. Para poder “transitar” neste universo devemos nos desprender dos conceitos e “pré-conceitos” que temos sobre arte. É muito comum, quando nos deparamos com obras contemporâneas, perguntarmos: “mas, o que isto quer dizer? Isto é Arte? O que isto significa? O que o artista está querendo dizer com isto?” Ou fazer afirmações do tipo: “isto não é arte!” ou “Isto, até eu faço!”. Estas questões surgem porque, ao nos depararmos com uma obra contemporânea, estamos mais preocupados em tentar compreendê-la, decifrá-la e dar-lhe um sentido. Estamos o tempo todo preocupados com o que o artista quis dizer, com o significado da obra e quando isto não ocorre, nos sentimos impotentes, incapazes de compreender e acabamos muitas vezes nos distanciando da produção contemporânea. É mais confortável quando podemos dar nomes àquilo que estamos vendo, quando compreendemos e entendemos de imediato aquilo que está na nossa frente, quando podemos “contar a historinha”. O que eu não entendo, não faz sentido!

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Interações: diálogos entre o fazer e o olhar na Arte

12.2 Land Art e arte pública Nos anos 1960 e 1970, muitos artistas passaram a explorar o próprio espaço físico como suporte de suas intervenções artísticas, abandonando o objeto artístico na busca de ambientes que despertassem algum tipo de inquietação e uma vontade de estabelecer uma relação com o espaço: deserto, lago, planalto, planície, rio, mar, praia, campos. A chamada Land Art, na qual o artista opera sobre a própria paisagem. Nos Estados Unidos, o artista Christo (1935) criou projetos para empacotar vales no Colorado, empacotou árvores e rochedos, espalhou guarda-chuvas por um campo, contornou ilhas com placas de madeira flutuantes, transformando a paisagem por meio das suas intervenções artísticas. Andy Goldsworthy também realizou uma série de intervenções em paisagens, utilizando somente os elementos da natureza, próprios do local.

Christo Jeanne-Claude. Ilhas contornadas, 1980

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O que separa arte popular de artesanato?

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O que separa arte popular de artesanato?

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ara Jaques Van de Beuque (1922-2000), francês radicado no Brasil desde 1946 e criador da Casa do Pontal – Museu de Arte Popular Brasileira, no Rio de Janeiro,

a diferença que existe entre arte popular e artesanato ou, para ser mais preciso, entre as peças produzidas dentro das duas categorias, seria a seguinte: o objeto da arte popular uma vez acabado, já exerceu sua função. Ele é fruto da expressão artística, existe para ser visto, enquanto o produto de artesanato começa a cumprir seu papel depois de pronto. Esse é um objeto de uso. Só existe para ser utilizado. (BEUQUE, 2000)

Desde os tempos da pré-história, o homem utiliza os elementos da natureza como barro, pedra, osso, madeira, fibras das plantas para confeccionar seus utensílios, seus objetos de uso. Objetos manufaturados, produzidos artesanalmente, que têm uma função na vida cotidiana. Porém, o homem não se limitou apenas à confecção dos objetos utilitários, preocupando-se apenas com sua funcionalidade. Pela sua capacidade observadora e criadora, o homem também criou e registrou formas e imagens de cenas reais ou imaginárias,

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Compartilho um relato

Compartilho um relato

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omo professora de Artes há aproximadamente 30 anos, tive a oportunidade de viver experiências inesquecíveis e, entre todas as que vivi, esta foi uma das mais significativas e enriquecedoras. Na escola onde leciono, os professores de artes do Ensino Fundamental I acompanham o mesmo grupo de alunos por três anos, o que possibilita o desenvolvimento de projetos que podem ter desdobramentos e continuidade nos anos seguintes. Esta experiência iniciou com os alunos que estavam no 3º ano, a partir de uma discussão sobre o que era uma forma figurativa e o que era uma forma abstrata, que foi desencadeada pela minha observação de que, nas atividades de desenho ou pintura, quando não conseguiam definir ou falar sobre o que produziam diziam: fiz um “abstrato”. Resolvi então aprofundar esta questão com eles, a partir de apreciações dos trabalhos dos grupos. Em um primeiro momento, perguntei-lhes como definiam o que é uma coisa abstrata. Os alunos levantaram hipóteses, deram suas opiniões e colocaram suas ideias em frases geniais do tipo:

“Todas as coisas já foram abstratas um dia, antes de ser inventado.”

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