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Renato Mezan Renato Mezan nasceu em 1950. Doutorou-se em filosofia e veio a se tornar psicanalista. É professor titular da PUC de São Paulo, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e de instituições nacionais e internacionais de pesquisa na sua especialidade. Dos seus livros, a Blucher publicou Freud, pensador da cultura, Sociedade, cultura, psicanálise e O tronco e os ramos, laureado com o prêmio Jabuti na categoria Psicologia e Psicanálise.
INTERFACES DA PSICANÁLISE
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Renato Mezan explora diversos tópicos dessas três dimensões. Sem perder de vista a complexidade dos problemas aqui debatidos, evita o linguajar obscuro que por vezes serve de biombo para o dogmatismo e para a ausência da reflexão. Seus trabalhos dirigem-se aos estudantes e aos profissionais da área psi, mas também a leitores que, de seus ângulos respectivos, tenham interesse em se familiarizar com os meandros de uma das mais fascinantes aventuras do espírito moderno.
Renato Mezan
Ela se desdobra em três vertentes: a história das ideias psicanalíticas, os vínculos que unem a disciplina freudiana ao seu entorno cultural e científico, e as implicações da sua inserção em programas universitários no Brasil.
Renato Mezan
INTERFACES DA PSICANÁLISE
2ª edição
“Splendid isolation”: assim os estadistas ingleses definiam a situação da Grã-Bretanha quando, em meados do século XIX, ela vivia o apogeu do seu poder. Aludiam desse modo à sua insularidade e ao fato de que o país evitava tomar partido nos assuntos do “continente”. Freud usou essa metáfora — ironicamente, aliás — para se referir à época em que, à exceção de Fliess, não dispunha de ninguém com quem compartilhar suas descobertas, e avançava sozinho pelas trilhas que conduziriam à invenção da psicanálise. Mas nem a Inglaterra era assim tão isolada — afinal, dominava os mares, e em seu império o Sol jamais se punha — nem a psicanálise pôde manter-se muito tempo na sua suposta torre de marfim. Os primeiros psicanalistas trataram de divulgar a “jovem ciência” em revistas e livros, participando ruidosamente de congressos médicos nos quais debatiam com psiquiatras e neurologistas; aos poucos, as ideias de Freud se tornaram conhecidas, a ponto de marcar tão profundamente o imaginário e a cultura do século XX quanto o marxismo ou a obra de Darwin. A evidência é que desde sua primeira infância a psicanálise se encontra em contato com outras disciplinas e com o socius em geral, produzindo e sofrendo influências. Cento e poucos anos depois, qual é o balanço dessas trocas? Esta é a questão que percorre os ensaios aqui reunidos.