A Reflexão e a Prática no Ensino - Volume 9 - Artes

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Conteúdo

1. DESENHO DESÍGNIO: DEVANEIOS DE TOQUES E OLHARES, POEMAS DA VISÃO E DO TATO..................................................................................................................19 1.1 O DESENHO ESSENCIAL.......................................................................................20 DESENHO DO MUNDO........................................................................................22 1.2 PARA FINALIZAR.................................................................................................30 1.3 SUGESTÕES DE LEITURA......................................................................................30 1.4 SITES SUGERIDOS................................................................................................31 1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................31 2. POEMAS DA MÃO QUE AMASSA...........................................................................33 2.1 PARA FINALIZAR.................................................................................................42 2.2 SUGESTÕES DE LEITURA......................................................................................42 2.3 SITES SUGERIDOS................................................................................................44 2.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................44


3. A LEITURA DA OBRA DE ARTE: AS POSSIBILIDADES DA XILOGRAVURA...............45 3.1 SOBRE A ARTE NA ESCOLA..................................................................................45 3.2 CONTEXTUALIZANDO A HISTÓRIA DA XILOGRAVURA.........................................46 3.3 A LEITURA DA OBRA DE ARTE: POR QUE ISSO É IMPORTANTE?..........................49 3.4 SUGESTÕES PARA PRÁTICA EM SALA DE AULA – LEITURA DA OBRA DE ARTE...51 3.5 AVALIAÇÃO..........................................................................................................58 3.6 PARA FINALIZAR.................................................................................................58 3.7 SUGESTÕES DE LEITURA......................................................................................59 3.8 SITES SUGERIDOS................................................................................................59 3.9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................60 4. REPERTÓRIO DA DANÇA PARA UMA DANÇA SEM REPERTÓRIO: IDEIAS PARA UMA ESCOLA DANÇANTE..........................................................................................61 4.1 ALGUMAS NOÇÕES IMPORTANTES......................................................................64 DANÇA...............................................................................................................64 CONSCIÊNCIA CORPORAL E EXPRESSÃO CORPORAL.........................................65 4.2 ALGUMAS TEORIZAÇÕES SOBRE O MOVIMENTO CORPORAL E A DANÇA............66 GERDA ALEXANDER: EUTONIA...........................................................................70 STEVE PAXTON E OUTROS: CONTATO–IMPROVISAÇÃO.....................................71 KLAUSS VIANNA: A DANÇA COMO VIDA, PORQUE VIDA É MOVIMENTO............72 IVALDO BERTAZZO.............................................................................................72 ISABEL MARQUES..............................................................................................73 4.3 ESTILOS, MODALIDADES OU CÓDIGOS................................................................74 4.4 RECURSOS MATERIAIS........................................................................................75 4.5 ORGANIZANDO O TRABALHO..............................................................................75 4.6 PARA FINALIZAR.................................................................................................77 4.7 SUGESTÕES DE LEITURA......................................................................................77 4.8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................78


5. FOTOGRAFIA NA SALA DE AULA: CRIAÇÃO E INTEGRAÇÃO..................................82 5.1 INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA........................................................83 5.2 INTRODUÇÃO ÀS TÉCNICAS BÁSICAS DA LINGUAGEM FOTOGRÁFICA................84 COMPOSIÇÃO.....................................................................................................85 ATITUDE E EXPERIMENTAÇÃO DO OLHAR..........................................................86 A PESQUISA FOTOGRÁFICA COMO INVESTIGAÇÃO: FOTÓGRAFOS E ARTISTAS QUE UTILIZAM A FOTOGRAFIA COMO MEIO REFLEXIVO....................................86 5.3 COMO TRABALHAR COM PEQUENAS HISTÓRIAS................................................87 5.4 AVALIAÇÃO..........................................................................................................88 5.5 PARA FINALIZAR ................................................................................................89 5.6 SUGESTÕES DE LEITURA......................................................................................89 5.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................89 6. VÍDEO E OS CAMINHOS DO OLHAR.......................................................................91 6.1 SUGESTÃO DE TRABALHO: VER E CONHECER......................................................93 6.2 AVALIAÇÃO..........................................................................................................97 6.3 PARA FINALIZAR.................................................................................................97 6.4 SUGESTÕES DE LEITURA......................................................................................98 6.5 SITES SUGERIDOS ...............................................................................................98 6.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................98 6.7 SITES PESQUISADOS...........................................................................................98 7. LIP DUB: VIDEOCLIPE COLABORATIVO NA INTERNET............................................101 7.1 VIDEOARTE, CULTURA VISUAL E INTERNET.........................................................102 7.2 TRANSFORMANDO A ESCOLA EM SET DE FILMAGEM..........................................104 7.3 PARA FINALIZAR.................................................................................................106 7.4 SUGESTÕES DE LEITURA......................................................................................106 7.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................107


8. O BLOG COMO PORTFÓLIO NA AULA DE ARTE...........................................................109 8.1 A EVOLUÇÃO DOS BLOGS.........................................................................................110 8.2 O FORMATO BÁSICO DO BLOG..................................................................................111 8.3 OS EDUBLOGS...........................................................................................................111 8.4 O USO DO BLOG COMO PORTFÓLIO NA AULA DE ARTE............................................113 8.5 PORTFÓLIO E EDUCAÇÃO.........................................................................................113 8.6 UMA EXPERIÊNCIA...................................................................................................115 8.7 UTILIZANDO O BLOG COMO PORTFÓLIO NA AULA DE ARTE.....................................117 8.8 OUTRAS POSSIBILIDADES DE USOS DO BLOG NA SALA DE AULA............................118 8.9 PARA FINALIZAR......................................................................................................119 8.10 SUGESTÕES DE LEITURA, PESQUISA E VISITA........................................................120 8.11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................121 9. A CAMINHO DE UMA CULTURA DE SUSTENTABILIDADE COM A ARTE-EDUCAÇÃO....123 9.1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: TRANSFORMADORA E EMANCIPATÓRIA........................127 9.2 PROPOSTAS DE AÇÃO PARA O ARTE-EDUCADOR.....................................................130 9.3 TRABALHANDO O TEMA DO MEIO AMBIENTE NUMA OFICINA OU AULA DE ARTES....131 9.4 PARA FINALIZAR......................................................................................................133 9.5 SUGESTÕES DE LEITURA...........................................................................................133 9.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................134 9.7 SITES CONSULTADOS................................................................................................135 10. MUSEUS E EXPOSIÇÕES DE ARTE: POSSIBILIDADES DE EXPERIÊNCIA ESTÉTICA E EDUCAÇÃO..................................................................................................137 10.1 ALGUNS ASPECTOS DA EDUCAÇÃO EM MUSEUS....................................................141 10.2 FUNDAMENTOS PARA O PREPARO E DESENVOLVIMENTO DE UMA VISITA COM ALUNOS ÀS EXPOSIÇÕES.......................................................................................143 10.3 VISITANDO UMA EXPOSIÇÃO COM OS ALUNOS...........................................................145 10.4 PARA FINALIZAR..........................................................................................................146 10.5 SUGESTÕES DE LEITURA...............................................................................................147 10.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................148


1 Desenho e desígnio: devaneios de toques e olhares, poemas da visão e do tato Margarete Barbosa Nicolosi Soares

Figura 1.1 – Ao desenhar a criança faz escolhas, toma decisões, projeta ideias, pensamentos e sentimentos.

O trabalho educativo pela arte fundamenta-se nos pressupostos teóricos da Abordagem Triangular do Ensino da Arte proposta pela Profa. Dra. Ana Mae Barbosa, que funciona como bússola, guiando o ensino e aprendizagem da arte, como campo de conhecimento por meio do fazer e apreciar obras de arte, bem como imagens em geral, e da contextualização. Fazer: envolve procedimentos, técnicas artísticas e tecnológicas para desenhar, pintar, modelar, esculpir, pintar, fotografar, filmar, editar, etc. Apreciar (crítica e estética): leitura do fazer dos alunos, dos fazeres de artistas populares, eruditos e do mundo.

Abordagem Triangular do Ensino da Arte: metodologia que foi elaborada pela Profª Ana Mae Barbosa a partir do estudo de três abordagens epistemológicas: as “Esculeas AL Aire Libre”, mexicanas; o “Critical Studies”, inglês e o “Discipline Based Art Education (DBAE)”, americano. A proposta foi testada no Museu de Arte Contemporânea da USP entre 1987 e 1993, no Projeto Arte da Escola, entre 1989 e 1996 (RIZZI, 2008).


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A reflexão e a prática do ensino

pansivos, outros preferem espaços menores, têm um traço mais intimista, enfim, é importante respeitar a opinião do aluno e possibilitar a escolha e a decisão. Paulatinamente pode-se apresentar o grafite, o giz de cera, o giz pastel seco e o oleoso, o lápis de cor, o carvão ou outros recursos. Porém, caso não haja material adequado, o trabalho pode ser adaptado ao material que o aluno tiver. O importante é captar o olhar, transmitir o pensamento, a ideia e o sentimento. Podem ser usados desde caneta, giz, carvão ou um pedaço de tijolo e o desenho ocorrer no chão, no painel ou no muro, até linhas e agulhas e bordar e/ou costurar em tecido.

Figura 1.3 – A paixão e o olhar são essenciais, já os materiais podemos adaptar.

Se convidarmos os alunos para um passeio pela escola, eles poderão desenhar a quadra de esportes – esteja, ou não, ocorrendo um jogo – a fachada da escola, a cantina, o pátio interno, o entorno, a paisagem e até o jardim, que algumas escolas ainda têm, ou mesmo desenhar a paisagem que veem pela janela. Sugestões de perguntas: – Que horas são? – Qual é o formato do sol? E a cor? – Onde encontro sombras? – Quais são as cores desse ambiente? – E as linhas?


2 Poemas da mão que amassa Margarete Barbosa Nicolosi Soares

Figura 2.1 – Vestígios do Ser Humano Ser, de Margarete B. N. Soares.

No começo, um pedacinho de barro tomou vida e caminhou descobrindo o mundo. A origem da vida é uma surpresa. As qualidades plásticas da argila, desde tempos remotos, atraem crianças e adultos de todas as civilizações. A argila em relação a outros materiais não nos impõe nenhuma restrição às figuras que podemos fazer com ela. É uma massa maleável e permite, pela pressão das mãos, com ou sem ferramentas, a criação de infinitas formas fiéis ao gesto e passíveis de transformações pela ação do fogo, que as solidifica em pedras. Enquanto a mão modela a massa, o sonhador é modelado por ela. Toda ação externa reflete um ser–estar interno que retorna para ele. A criança que modela o pato ou o pote modela a si mesma e cria a vida, a sua vida.


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Série

A reflexão e a prática do ensino

iv. Técnicas de pintura na peça biscoitada e peça crua com engobe. Técnicas de pintura com esmalte cerâmico brilhante na peça biscoitada, caso queime o trabalho no forno. Nota: Os exercícios são sugestões, não são impostos quando o aluno já apresenta o desejo de realizar algum trabalho. ATENÇÃO Se houver um ateliê adequado, este deverá conter uma pia com encanamento próprio ou cubas para depósito de resíduos de argila. Se não houver essa pia, o professor poderá disponibilizar baldes ou bacias com água para que os alunos possam lavar as mãos e as ferramentas e, depois, jogar a água fora. Não se devem usar pias comuns, pois a argila endurece e entope os encanamentos, trazendo sérios problemas. Nota: O procedimento de colagem é indicado, principalmente, para queima no forno, evitando que a peça rache ou quebre. Se a peça não vai ao forno, a possibilidade de quebrar é menor. Nesse caso, recomenda-se apenas que se aperte bem uma parte na outra.

Práxis: Modelar com placas, em bloco, ou como o estudante desejar, para criar intimidade com o material. Realizar exercícios para exercer práticas diversas como a modelagem com os olhos fechados, a modelagem de observação e com texturas. Módulo 1: Combinar inicialmente com os alunos os critérios de avaliação. A sugestão é que se crie um portfólio individual no qual cada aluno registre o que aprendeu em cada aula, com comentários, desenhos e o que achar importante. Para que os alunos se familiarizem com a argila, poderão pegá-la, amassá-la, fazer bolinhas e potinhos na palma da mão, pressionando o polegar. Depois poderão enrolar um pedaço pequeno de argila com a mão, pressionando e rolando sobre a mesa (forrada com lona, algodão, papel ou outro tecido). Eles poderão criar uma espiral com o rolinho, fazer sulcos (riscos) em cima com uma estaca (garfo ou palito) e alisar, unindo uma parte do rolinho à outra. Ensinar o aluno a costurar as massas: fazer ranhuras, sulcos ou riscos sobre a massa (com estacas, palito ou garfo) e, depois, alisar, unindo uma parte a outra. Pode-se fazer cola com barbotina. Esta deve ser colocada depois de feita a costura para ajudar a colar.

BARBOTINA: o mesmo que argila liquida. Para obtê-la, deixe restos de argila seca de molho na água, acrescente duas gotas de silicato e mexa homogeneamente, formando uma massa semilíquida.

Figura 2.2 – Os alunos poderão criar uma espiral com o rolinho, fazer sulcos (riscos) em cima com uma estaca (garfo ou palito) e alisar.


3 A leitura da obra de arte: as possibilidades da xilogravura Maria Cristina Blanco

As três ações básicas segundo a autora necessárias para o ensino da arte correspondem a: leitura da obra de arte, que diz respeito à participação ativa do educando, ou seja, ele não pode ser considerado um simples depositário de informação. A interpretação da obra de arte deve incluir o observador no processo de percepção da obra ou objeto estudado. A contextualização

3.1 SOBRE A ARTE NA ESCOLA O ensino da arte na escola possibilita aos jovens a desenvoltura das habilidades que podem redirecionar a educação pela arte, por meio da educação dos sentidos. Aprender arte na escola permite ao aluno partilhar as experiências de saber estético com os colegas, com o professor de artes e com a sociedade. A aula de arte pode colaborar não somente para a compreensão interdisciplinar na escola, mas também para a compreensão do mundo. A Proposta Triangular do Ensino da Arte, elaborada pela professora Ana Mae T. B. Barbosa, nos abre caminhos para que

atua no campo da História da Arte, e outras áreas do conhecimento são incluídas no processo de desvelar o contexto da obra. Nesta etapa a interdisciplinaridade deve ser incluída no processo de ensino-aprendizagem. A produção é determinada pela ação do domínio artístico, ou seja, a prática artística. Nesse caso, pode considerarse tanto o trabalho de ateliê como outro trabalho prático de natureza diversa como, por exemplo, uma atuação teatral ou apresentação musical.


Capítulo 3 A leitura da obra de arte: as possibilidades da xilogravura

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Módulo 3: Proporcionar uma experiência prática para os estudantes perceberem as diferenças (Figuras 3.7 e 3.8). Materiais oferecidos: madeira e goivas.

Nota: Para jovens estudantes, recomenda-se um tipo de madeira de fácil manipulação para o entalhe; em outras palavras, uma madeira “mole”.

O professor deve estar atento aos tipos de madeiras que são próprios da região onde ele leciona. E até mesmo podem-se aproveitar madeiras de caixas de frutas, legumes, tacos velhos e retalhos.

ATENÇÃO

Figura 3.7 – Cortando a madeira a favor do fio. Fonte: foto de Gildete Gomes Ferreira.

Figura 3.8 – Cortando a madeira contra do fio. Fonte: foto de Gildete Gomes Ferreira.

– Agora vamos observar o que foi impresso nesta xilogravura. Esta é a imagem de um galho, não é mesmo? Qual o aspecto deste galho? Esta árvore está repleta de folhas ou possui uma quantidade pequena? Como está este galho? – Este galho foi desenhado quando a artista observava esta árvore, no outono. – Vocês gostam do outono?

recomenda-se que o professor verifique a destreza manual dos estudantes para o uso das goivas, pois nota-se que, em certas idades, as crianças ainda não possuem a habilidade adequada para a manipulação desses instrumentos.

Nota: A técnica de xilogravura ao fio consiste no entalhe feito no mesmo sentido do fio da madeira.


4 Repertório da dança para uma dança sem repertório: ideias para uma escola dançante Ana Helena Rizzi Cintra

Este é um texto dedicado àqueles professores que querem fazer a dança acontecer na escola. Portanto, um texto para docentes interessados em promover a construção de um trabalho coletivo com os alunos e a comunidade escolar, de modo que se apropriem dessa linguagem artística como uma das várias formas de expressar e comunicar conteúdos diversos, significativos em seu contexto. A dança está presente no cotidiano. Podemos percebê-la e reconhecê-la no mundo ao nosso redor, nas experiências vividas. Porém, quando pensamos a dança na escola, nos parece que está distante. Uma das razões pelas quais isso ocorre é o fato de que a


Capítulo 4 Repertório da dança para uma dança sem repertório: ideias para uma escola dançante

Plano vertical, ou porta

Plano sagital, ou roda Plano horizontal, ou mesa

Centro

Figura 4.3 – Ilustração de Ana Helena Rizzi Cintra – arquivo pessoal.

Fluência é o fluxo (liberado ou controlado) da energia do movimento. O equilíbrio entre a liberação e o controle determina a fluência. A fluência conjuga peso, tempo e espaço. O fluxo contido demonstra absoluto controle do movimento. O fluxo liberado, por sua vez, é aquele que não conseguimos interromper porque não temos nenhum controle sobre ele, como um desmaio. Pensar esses quatro elementos pode ajudar o professor a perceber as possibilidades proporcionadas pelo corpo como ferramenta expressiva em seu contexto. Eis um exemplo, que pode ser extrapolado em nível de complexidade e abstração, mas que deverá servir ao propósito de entendermos o uso desses elementos. Por uma razão significativa qualquer, os alunos querem criar uma cena ou coreografia em que representarão formigas trabalhando. Qual será o nível dominante dos movimentos que elaborarão? E a velocidade? Por quê? Se imaginarmos formigas esforçadas e cansadas, podemos pensá-las nos níveis médio e baixo, em fluência controlada e ritmo regular contínuo. Se carregarem folhas sobre a cabeça, utilizam o plano sagital (o da roda), assim por diante. Portanto,

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5 Fotografia na sala de aula: criação e integração Dália Rosenthal

A questão da fotografia no processo de ensino e aprendizagem é um tema atual, e é importante que seja explorado. Ao lidar diretamente com a criação de imagens que partem do ambiente direto (relacionado às experiências vivenciais do aluno), esta linguagem pode ser vista como um meio poderoso para a construção de um olhar sensível, que confere um novo significado à relação do sujeito com o mundo. Pelas lentes de uma câmera podemos observar o cotidiano com certo distanciamento, o que propicia a atividade reflexiva. Além disso, a questão da imagem como núcleo de informação é uma realidade presente na rotina de nossos jovens, o que demanda uma necessidade cada vez maior de uma alfabetização visual mais vivencial.

Fotografia: termo que tem origem nas palavras: foto, do grego photós, que significa luz, e grafia, do grego graphé, que significa escrita. Fotografia, portanto, significa “escrever ou desenhar com luz”. A fotografia pode ser obtida por dois processos: O analógico, em que a luz reage com elementos químicos no negativo (queima); e o digital, em que a luz é transformada em impulsos elétricos, que são convertidos em linguagem digital, que por sua vez são convertidos em pixels.


6 Vídeo e os caminhos do olhar Dália Rosenthal

Assim como a fotografia, também o vídeo pode ser utilizado em sala de aula visando à construção visual com imagens como um exercício de descobertas individuais e coletivas. Uma dinâmica de trabalho com imagens em movimento – como é o caso do vídeo – pode proporcionar um processo que atue ao mesmo tempo de ambas as formas. É possível ensinar a linguagem básica do audiovisual, trabalhar conhecimentos históricos, investigar autores, assim como praticar o descobrir pessoal e a criação em grupo, em uma mesma proposta.

Vídeo: do latim “Eu vejo”, é um termo que designa “Tecnologia de processamento de sinais eletrônicos analógicos ou digitais para capturar, armazenar, transmitir ou apresentar imagens em movimento. A aplicação principal da tecnologia de vídeo resultou na televisão, com todas as suas inúmeras utilizações, seja em entretenimento, educação, engenharia, ciência, indústria, segurança, defesa e artes visuais. O termo vídeo ganhou com o tempo uma grande abrangência. Chama-se também de vídeo uma gravação de imagens em movimento, uma animação composta por fotos sequenciais que resultam em uma imagem animada, e principalmente as diversas formas para se gravar imagens em fitas (analógicas ou digitais) ou outras mídias. Essas formas de gravação e armazenamento de imagens se corporificam por meio de diferentes formatos e mídias com características de codificação próprias.” Fonte: VejaVídeo. Disponível em: <http://vejavideo. wordpress.com/2008/06/05/o-quee-video>. Acesso em: 20 jul. 2011.


7 Lip Dub: videoclipe colaborativo na Internet Jurema Luzia de Freitas Sampaio e José Minerini Neto

Nota: Ao digitar www na internet aciona-se a World Wide Web: Rede de Alcance Mundial. Com delimitações questionáveis, a web 2.0 enfatiza a troca de informações e colaborações entre interatores

Responda rápido: Tem Orkut ou Facebook? Faz ou responde perguntas no Formspring? Já abriu um canal no Youtube? Assinala “curtiu”, “não curtiu” ou comenta notícias na Internet? Tem blog? Twitta sempre, de vez em quando, quase nunca ou nunca? Sabe o que é #hashtag? Você já fez estas perguntas a seus alunos? Referem-se às redes sociais que dominam a web 2.0 e que agora se comportam como nuvens na versão 3.0. O conceito de computação em nuvem (cloud computing) baseia-se no uso de memórias e meios para armazenamento de dados em computadores e servidores que estão interligados pela Internet, seguindo o princípio da computação em grade (grid computing).

(usuários conectados à Internet), de modo diferente da primeira versão na qual a informação é fechada, sendo possível apenas a navegação. A versão 3.0 dispensa o armazenamento de dados em placas de memória na CPU. Torna acessíveis conteúdos e softwares na própria Internet que poderão ser acessados em qualquer lugar, computador ou mídia móvel (telefones celulares, palm tops e tablets). Daí ser denominada computação em nuvem pois está no espaço – nesse caso, virtual – tal qual uma nuvem.


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Série

A reflexão e a prática do ensino

René Descartes: (La Haye, 1596 – Estocolmo,1650), matemático e filósofo francês, é precursor do pensamento racional moderno que se estabelece na lógica, daí ter escrito “Penso, logo existo”. Frase originalmente publicada em 1637 no livro Discurso do método, continua presente na estrutura de muitos trabalhos científicos. Nota: A produção artística que se utiliza do vídeo como meio e suporte pode se configurar não só como videoarte, mas também como vídeo instalação, vídeo performance, vídeo interativo, video mapping etc. Pesquise junto a seus alunos e conheça muito mais. Assista a uma das versões de Anémic cinéma em: <http:// www.youtube.com/watch? v=dXINTf8kXCc&feature=rel ated >. O Ballet mécanique está disponível em: <http://www. youtube.com/watch?v=H_9p 1Ys&feature=related>. Vídeos de Paik podem ser vistos em: <http://www. youtube.com/watch?v=kednc d2LF8A&feature=fvwrel>. Confira um vídeo de Letícia Parente em: <http:// www.youtube.com/ watch?v=atO9tsBUjVM>. Lembre-se sempre de verificar a indicação etária de qualquer conteúdo que pretenda exibir em suas aulas.

Trata-se de um modelo computacional remoto, porém poderoso, entendido aqui como capacidade de alcançar altas taxas de processamento de informações ao dividir tarefas entre diversas máquinas em redes locais ou de longa distância, como a Internet. São redes que formam uma grande máquina virtual, na qual processamentos podem ser executados no momento em que os computadores não estão em uso, o que evita desperdício de potencialidades e amplia a capacidade de informações processadas em tempo real. Descartes que nos desculpe, mas, atualizando sua célebre frase “Penso, logo existo”, estamos mais para “Penso, logo posto”. É fato que a participação nas redes sociais é enorme e poderá ser muito interessante compartilhar pela Internet atividades realizadas nas aulas de artes. 7.1 VIDEOARTE, CULTURA VISUAL E INTERNET Há décadas, a produção audiovisual está presente no cotidiano e na cultura de massa e muito já se debateu sobre sua inclusão na educação formal. Inserida nos debates entre arte/educadores sob a alcunha cultura visual, as críticas são severas. Afinal, por que usar as aulas de artes e a escola para repetir conteúdo veiculado nos meios de comunicação em massa? No início do calendário escolar nós, professores, temos um período para discutir e planejar atividades. Como isso ocorre nas escolas em que você ensina? O que é determinado? Propostas, atividades ou objetivos de aprendizagem são norteadores dos planejamentos? A realização de um videoclipe poderia se inserir em seus intentos pedagógicos? Se um projeto audiovisual se justificar nos parâmetros do ensino da arte de modo que agregue vivências e conhecimentos na formação estética dos estudantes, torna-se pertinente sua realização. Experiências audiovisuais são realizadas desde as vanguardas modernistas. Anémic cinéma (1920-26), de Marcel Duchamp, e Ballet mécanique (1924), de Fernand Léger, são exemplos muito interessantes. Na arte contemporânea Nan June Paik e Wolf Vostell são precursores do vídeo na arte, assim como Anna Bella Geiger, Sônia Andrade, Ivens Machado, Regina Silveira e Letícia Parente estão entre os primeiros realizadores de videoarte no Brasil. Há trinta anos a MTV entrou no ar e contribuiu com o debate sobre vídeos como arte.


8 O blog como portfólio na aula de Arte Cíntia Yuri Nishida

Blogar permite que pensemos em voz alta juntos. (ROSENBERG, 2009, p. 327) As novas tecnologias oferecem potencialidades que podem ser utilizadas na escola como ferramentas pedagógicas que incluem, nesse novo universo de descobertas de conhecimento, uma esfera que vai muito além do âmbito escolar. Os blogs evoluíram de diário pessoal a suporte de variados formatos de registros visuais, oferecendo assim, ao professor de arte, uma grande diversidade de possibilidades de uso desse recurso tecnológico com alunos, professores, escolas e tantos outros indivíduos interessados em arte/educação.


Capítulo 8 O blog como portfólio na aula de Arte

Pessoas podem encarar a Internet, pela primeira vez, como algo que estamos construindo juntos. Não somos mais apenas receptores de especialistas em tecnologia da informação. Agora podemos ser também criadores de conteúdo. 8.2 O FORMATO BÁSICO DO BLOG O blog foi concebido como uma forma de diário e, assim como seu predecessor físico, possui uma estrutura temporal. Cada dia escrito é uma postagem (há a possibilidade de escrever mais de uma postagem por dia, claro). As postagens mais recentes ganham lugar mais alto, enquanto as mais antigas passam para as páginas anteriores. Assim, o blog ganha também uma característica de registro. Além do registro, o blog também pode receber comentários a cada postagem. O autor então é avaliado pelos leitores/visitantes do blog e tem conhecimento da opinião de outras pessoas, ganhando assim certa interatividade com o público.

Figura 8.1 – Estrutura básica do blog.

8.3 OS EDUBLOGS O blog, primeira forma de mídia social a ser adotada mundialmente (ROSENBERG, 2009), pode ser usado de diversas formas na educação para orientar o aluno a utilizar melhor os recursos de um ambiente que já faz parte de sua vida. Assim, podemos estabelecer uma relação mais efetiva com o estudante. Ao complementar a educação com recursos tecnológicos, os alunos deixam de ser meros consumidores desse meio e passam a refletir, interagir e organizar toda a informação que recebem.

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9 A caminho de uma cultura de sustentabilidade com a Arte-Educação Ana Cristina Chagas dos Anjos

A arte contribui para a educação do homem (e da mulher) precisamente com aquilo que outros campos de estudos não podem contribuir. Elliot Eisner (1972) [Arte é o] único meio de o homem (e de a mulher) comunicar, relacionar sua individualidade com o genérico do espírito humano, ou melhor, o meio único de integrar sua experiência isolada e particular com a experiência da humanidade. Ernst Fischer (1959) O meio ambiente foi e tem sido muito modificado por nós nos últimos anos e tem assistido a padrões insustentáveis de produção e de desenvolvimento humano. Compreender a ação humana nesse processo passa a ser fundamental para o repensar das ações do homem sobre o ambiente, com base no entendimento das inter-relações e interdependência da vida no planeta. As análises que abordam os seres humanos em sociedade, assim como suas formas de ver, viver, intervir e se relacionar com o ambiente empreendidas pela Educação Ambiental, podem compor também os conteúdos trabalhados pela Arte-Educação.


10 Museus e exposições de arte:

possibilidades de experiência estética e educação Maria Christina de Souza Lima Rizzi

A arte tem enorme importância na mediação entre os seres humanos e o mundo apontando um papel de destaque para a arte/educação: ser mediação entre a arte e o público. O lugar experimental desta mediação é o museu. Pensamos nos museus como laboratórios de arte. Museus são laboratórios de conhecimento de arte como os laboratórios de química o são para a aprendizagem da química. Compete aos educadores que levam seus alunos aos museus estender em oficinas, ateliês e salas de aula o que foi visto e apreendido no museu (BARBOSA, 2009, p. 13). Encontramos nos museus de arte, nos centros culturais e nas mostras temporárias ou cíclicas (como as bienais de arte) a oportunidade de ver obras de arte, em seus originais, articuladas em narrativas nas exposições. Partimos nossa construção dos conceitos que envolvem a arte-educação em exposições considerando as definições de museu segundo o Conselho Internacional de Museus (ICOM): Em 1974: (...) estabelecimento permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberto ao público, que coleciona, conserva, pesquisa, comunica e exibe, para o estudo, a educação e o entretenimento, a evidência material do homem e seu meio ambiente.

Nota: Extraído do site da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais. Disponível em: <http://www. cultura.mg.gov.br/?task=inter na&sec=3&con=368>. Acesso em: 7 set. 2011.


Capítulo10 Museus e exposições de arte: possibilidades de experiência estética e educação

10.1 ALGUNS ASPECTOS DA EDUCAÇÃO EM MUSEUS É importante que conheçamos um pouco da forma de articulação dos trabalhos desenvolvidos pelas equipes em um museu. O trabalho em um museu é sempre desenvolvido por equipes que se inter-relacionam trabalhando de forma multidisciplinar no cotidiano museológico e de forma interdisciplinar quando se refere a conceber, desenvolver, produzir, abrir e manter exposições e projetos educativos.

Público Curadoria Educativa Curadoria Artística

Curadoria Geral

Figura10.1 – O grande objetivo do trabalho desenvolvido pelos museus, por meio de suas equipes multidisciplinares, é oferecer, ao público, o conhecimento construído a partir do estudo de suas coleções, ou seja, à sociedade à qual pertence e que o sustenta.

A Curadoria Geral de um museu é a instância que tem sob sua responsabilidade a guarda, a conservação e a pesquisa das coleções que compõem o acervo da instituição. A Curadoria Artística, em se tratando de um museu de arte, trabalha com as equipes do museu, concebendo, produzindo e montando as exposições de arte. A Curadoria Educativa, em um museu, responsabiliza-se pelo conceito do trabalho a ser desenvolvido em termos pedagógicos, pela elaboração das ações educativas, pela criação, produção, desenvolvimento e avaliação das estratégias educativas (ou de mediação cultural). A Curadoria Educativa refere-se ao todo do processo e seu resultado é a elaboração do Projeto Educativo a ser desenvolvido.

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