O Processo Criativo

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cem ou impedem esse processo? Os grupos anseiam pelo aparecimento de gênios criativos. Ao mesmo tempo, os percebem como ameaças ao establishment e como fomentadores de des-ordem. Como funcionam essas relações entre indivíduos criativos e as sociedades em que vivem? Haveria relação entre genialidade e loucura? Este livro traz uma nova concepção para a função das artes e das ciências (e da Psicanálise), valendo-se das ideias de Freud, Klein, Segal e sobretudo Bion, expandidas pela visão e pelas contribuições do autor, revelando a importância da relação entre experiência emocional e capacidade para pensar e criar. É de interesse tanto para psicanalistas, psiquiatras e psicólogos quanto para artistas, escritores, músicos, sociólogos, filósofos e cientistas em geral. PSICANÁLISE

3. Ideias que se aproximam

Transformação e ruptura

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e as teorias científicas? Que condições mentais favore-

Introdução

2. Os conceitos na mitologia, na literatura e nas ciências

4. Cristo, Isaac Luria, Freud, Klein e Bion

5. Reflexões finais: inconclusão

PSICANÁLISE

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O que é o processo criativo? Como surgem as obras de arte

1.

O Processo Criativo

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É psicólogo formado pela USP, psicanalista, membro efetivo e analista didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), membro da Federação de Psicanálise da América Latina (FEPAL) e full member da International Psychoanalytical Association (IPA), mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP, doutor em Psicologia Social e professor livre-docente em Psicologia Clínica pela USP. Trabalha em seu consultório particular desde 1985 e como docente e supervisor em cursos de especialização e pós-graduação. É também supervisor de atendimentos do Centro de Estudos e Atendimento Relativos ao Abuso Sexual do Instituto Oscar Freire (CEARAS). Tem artigos publicados em diversos livros e periódicos científicos no Brasil e no exterior. É, ainda, artista plástico, pintor e desenhista. Seus trabalhos podem ser vistos no site www.claudiocastelo.com.

Conteúdo

Castelo Filho

Claudio Castelo Filho

Claudio Castelo Filho

O Processo Criativo Transformação e ruptura

6. Uma transformação literária do tema

7.

Referências bibliográficas


O PROCESSO CRIATIVO

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Conteúdo

Prefácio

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1. Introdução

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2. Os conceitos

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2.1 Definição dos conceitos

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2.2 A psicanálise e o (conflito com o) establishment

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2.3 O analista como autoridade

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2.4 Narcisismo e social-ismo/Ética e moral

137

2.5 O gênio; continente e contido; transformações em O e em K

164

2.6 Desenvolvimento dos conceitos nas relações do gênio/místico com ele mesmo e com os membros de seu grupo 170 3. Ideias que se aproximam na mitologia, na literatura e nas ciências

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3.1 Vernant e a Teogonia. Establishment x renovação. Expansão x enrijecimento 227

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conteúdo

3.2 Prometeu

234

3.3 Prometeu acorrentado e o espírito livre

236

3.4 A obra de arte e Hannah Arendt

243

3.5 Shakespeare e a linguagem de êxito

248

3.6 Martins e o demônio na fábrica

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3.7 Algumas evoluções a partir da (re)leitura de As bacantes, de Eurípedes, e de Édipo Rei e Antígona, de Sófocles 257 3.8 Evolução da apreensão do complexo de Édipo a partir da obra de Bion 4. Cristo, Isaac Luria, Freud, Klein e Bion

268 273

4.1 Isaac Ben Solomon Luria

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4.2 Freud, Klein, Bion

280

5. Reflexões finais: inconclusão

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6. Uma transformação literária do tema

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6.1 O Casulo

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Referências bibliográficas

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1. Introdução

Este trabalho diz respeito ao relacionamento entre o grupo e seus membros, mais especificamente, às peculiaridades que caracterizam certos indivíduos que dele fazem parte. A riqueza de um grupo se deve àquilo que cada membro pode acrescentar e enriquecer de acordo com o que lhe é característico e único. Enquanto os grupos anseiam por um enriquecimento dessa natureza, também se comportam, paradoxalmente, na direção de anular e até mesmo aniquilar tudo o que possa ser diferente, procurando a homogeneização. Isso se torna ainda mais crítico ou conflitante quando o membro do grupo é excepcionalmente dotado. Destaco nesta obra as relações que se estabelecem entre indivíduos criativos, percebidos seja como gênios, seja como místicos, e os grupos de que são membros. Como permanecer sendo o que se é no grupo? Discuto a questão da continência das ideias geniais no indivíduo excepcional (gênio/místico), da continência do gênio e das ideias que ele veicula no grupo em que se insere, da continência do indivíduo genial relativa ao posicionamento do grupo a

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Finalmente, um capítulo de reflexões finais a partir da investigação sobre o apresentado. Minha pretensão é trazer algo para, quem sabe, ajudar um pouco na evolução do pensamento e das ideias. Como última formulação, acrescento uma ficção que desenvolvi a partir da releitura de O processo, de Franz Kafka, que me surgiu de modo inesperado enquanto escrevia este trabalho, à maneira referida por Sam Shepard em que me senti como um estenógrafo do que me apareceu como um todo pronto e que está relacionado ao conflito entre o narcisismo e o social-ismo.

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2. Os conceitos

Neste capítulo há uma revisão dos conceitos de que me valho, tendo em vista ficar clara a articulação que faço com eles para desenvolver meu trabalho. Apresento-os para que se possa apreciar a maneira como os apreendo na minha experiência pessoal de maneira que fique sem muitos pontos obscuros a trama teórica sobre a qual me baseio. Considero que o conhecimento de como articulo esses conceitos é essencial para a compreensão deste trabalho.

2.1 Definição dos conceitos 2.1.1 Narcisismo e social-ismo Cito Bion para esclarecer os polos por ele propostos. Mas parece-me que as dificuldades são causadas por se fazer uma divisão entre instintos do ego por um lado, e instintos sexuais por outro. Uma divisão mais frutífera é

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3. Ideias que se aproximam na mitologia, na literatura e nas ciências1

Em Conjecturas e refutações, Karl Popper escreve (POPPER, 1963, p. 154): [...] as teorias científicas não resultam da observação: são, de modo geral, produtos de nossa capacidade de formular mitos, e de testes. Os testes se apoiam em parte na observação, daí a importância que esta tem; mas sua função não é produzir novas teorias: têm um papel a desempenhar na crítica e na rejeição de teorias – desafia-nos a produzir novos mitos, novas teorias que podem resistir a testes baseados na observação. Só compreenderemos a importância da tradição para a ciência se entendermos isso.

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Deve ficar claro que não tenho qualquer pretensão de fazer um tratado sobre mitos ou sobre a Tragédia Grega. Valho-me deles como modelos, da mesma maneira que considero que Freud fez com o mito de Édipo e outras tantas citações literárias (especialmente com Goethe e Shakespeare).

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ideias que se aproximam na mitologia...

cher com os sentidos advindos da experiência. Sem o continente da preconcepção os sentidos providos pela experiência se perdem, não encontram receptor. A preconcepção inata do Édipo pode ser ela própria atacada por questões constitucionais ou situacionais. Ao ser fragmentada ou mesmo pulverizada, o indivíduo que vive esse drama não mais dispõe da preconcepção edípica e, ao defrontar-se com a situação edípica, não dispõe da preconcepção ou apenas dos fragmentos dela. Como decorrência, não consegue formar a concepção e muito menos o conceito da situação edípica, ou seja, o complexo de Édipo não se configura. Tendo isso em vista, toda e qualquer abordagem analítica que tente tratar da situação edípica em pessoas que tiveram a preconcepção edípica não configurada ou destroçada, e, portanto, só dispõem dos fragmentos dela, é inócua e sem sentido. É preciso que se reconheça essa diferença de modo a se abordarem as situações referentes a estados em que as preconcepções foram destroçadas ou não se configuraram para que possam ser refeitas ou configuradas de maneira a que a situação edípica possa, por sua vez, estabelecer-se. Não tem sentido interpretar algo na linha do complexo de Édipo quando a própria situação edípica ou o contexto para que ela possa ocorrer ainda não se configuraram. Em situações dessa natureza não há complexo de Édipo reprimido a ser interpretado: a situação edípica propriamente ainda está para se constituir.

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4. Cristo, Isaac Luria, Freud, Klein e Bion

4.1 Isaac Ben Solomon Luria1 O rabino Isaac Luria revolucionou o estudo do misticismo judaico com a Cabala2 (literalmente, tradição revelada). Também chamado de Isaac Ashkenazi, atraiu um grande número de seguidores que lhe atribuíram a denominação de O Leão, ou “HaAri”, o que corresponde às iniciais de “haeloki Rabbi Yitzhak” – o divino Rabi Yitzhak.

1

2

Entre as minhas fontes de informação, estão a Encyclopaedia Britannica e diversos sites na internet (entre eles está a Jews Virtual Library e o Dictionnaire du Judaïsme de Alan Unterman: La sagesse des mystiques juifs). Deve ficar claro que minha abordagem e conhecimentos sobre Luria e a Cabala são superficiais e simplistas e têm como finalidade apenas dar uma ideia de quem ele foi. O cerne do meu interesse é a relação que se estabeleceu entre o establishment e o místico Luria e o contraste com a situação do Cristo.

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5. Reflexões finais: inconclusão

Gaston Bachelard,1 em La Formation de l’Esprit Scientifique, apresenta ideias quanto ao problema de apego ao que está estabelecido, ao enrijecimento das mentes inquisidoras, chegando a citar como paradigma desse tipo de funcionamento uma boutade de um epistemólogo que diz que “os grandes homens são úteis à ciência na primeira metade de suas vidas, perniciosos na segunda metade”. Menciona que “chega o tempo em que o espírito gosta mais do que confirma seu saber do que daquilo que o contradiz, ou gosta mais das respostas do que das perguntas. Então, o instinto conservador domina e o crescimento espiritual acaba”. Bachelard considera que mais importante do que obter respostas é encontrar as perguntas certas. Apresenta uma gradação na evolução do pensamento, indo do mais concreto para a maior abstração. Considera que empirismo pueril e apego ao sensual/sensorial produzem teorias precárias e enganosas. Para se perceber aquilo que é essencial, é necessário despregar-se daquilo que está aparente e diretamente visível para 1

BACHELARD, G. (1938). La Formation de l’Esprit Scientifique. Paris: Librairie Philosophique J. Vrin, 1999.

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incapaz de posterior desenvolvimento; algumas espécies muito diferentes devem ser requisitadas para prosseguir do ponto em que o animal humano alcançou, à maneira que os saurianos foram substituídos pelos mamíferos. Não importa quão fracos os embriônicos mamíferos tenham sido, foram, todavia, superiores aos saurianos. Estamos perto dessa situação? Os problemas trazidos com as possibilidades de seleção genética já nos levaram a esse ponto? Os próprios humanos estarão (já) produzindo ou gerando a pós-humanidade? Deixo essa e tantas outras questões em aberto para que outros possam trazer suas contribuições.

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6. Uma transformação literária do tema

Ao iniciar este trabalho, quando cursava um dos créditos para o doutorado, precisei escrever um trabalho sobre o livro O processo, de Franz Kafka.1 Estava considerando escrever um trabalho teórico. O que sucedeu foi algo, para mim, surpreendente no que diz respeito a escrever. Pela primeira vez, surgiu-me de modo completo, por inteiro, do começo até o fim e de um só jorro, uma ficção, um conto que considero totalmente relacionado ao tema desenvolvido aqui. É uma transformação em literatura. Surgiu sem que eu fizesse qualquer esforço para concebê-lo, ou me aplicasse em encontrar um modo literário de me exprimir. Simplesmente ocorreu-me já pronto. Assumo a ousadia de publicá-lo aqui, considerando ser o que se apresentou como outra maneira de discorrer sobre o mesmo assunto.

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KAFKA, F. O processo. São Paulo: Hemus, s.d.

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uma transformação literária do tema

festinha. A amiga de F., aquela primeira a votar “culpado”, com olhos azul-violeta e cabelos presos em rabo de cavalo, vem se despedir dele e aponta para um objeto na sala, que F. não consegue distinguir direito e nem se lembrar do que se trata. Sua conhecida lembra-o de entregar o objeto para sua mãe no dia seguinte. F. fica meio perplexo e se indagando se a amiga se dava conta de que no dia seguinte ele estaria executado e, consequentemente, impossibilitado de entregar o que quer que fosse a qualquer pessoa. Indaga-se se a conhecida tinha ciência daquilo que tinha votado ou se ela estava apenas testando-o para verificar o que ele responderia de modo a saber e comunicar ao “sistema” se ele iria ou não cumprir a sina que lhe estava destinada. F. responde com uma evasiva. Após a saída da colega, é chegada a hora do fim. F. começa a revoltar-se e pensar que era muito novo para acabar. Sentia-se com apenas 22 anos. Como iria desaparecer assim. E todo o resto que teria para viver e experimentar. Fica se imaginando consumido pelo fogo e começa a desesperar. Pensa em não cumprir sua sentença e prosseguir sua vida a despeito do julgamento alheio. Nesse momento, aproxima-se um colega de profissão mais velho e bem mais experiente. Alguém bem conceituado em sua área de trabalho, sem, contudo, deixar de ser uma pessoa polêmica. É um homem calvo, com origens no norte da Europa e no Oriente Médio, com mais de 70 anos. Aquele senhor procura, insistentemente, convencer F. a se deixar cremar vivo, pois este último, segundo ele, não suportaria a vida que lhe estaria reservada se não cumprisse aquilo que o agrupamento lhe havia reservado. Seria uma vida de exclusão e rejeição: as dores seriam inomináveis. Era melhor que se submetesse à vontade superior que se lhe impunha. F. não sabe o que fazer. Aflito, fica a pensar na sua decisão...

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Referências bibliográficas

ANZIEU, D. (1996). Beckett et Bion. Créer-Détruire. Paris: Dunod, 1996. ARENDT, H. A crise na cultura: sua importância social e política. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 2000. ASSIS, M. (1896). O Espelho. Contos Escolhidos. São Paulo: O Estado de S. Paulo e Klick Editora, s.d. ASSUMPÇÃO FERNANDES, M. I. (2001). Negatividade e grupo. Artigo apresentado no XI Encontro Nacional da ABRAPSO, Psicologia Social e Transformação da Realidade Brasileira, Florianópolis, 2001. BACHELARD, G. (1938). La Formation de l’Esprit Scientifique. Paris: Librairie Philosophique J. Vrin, 1999. BÉGOIN, J. Liberté et Tyranie. W. R. Bion, une théorie pour l’avenir. Paris: Éditions Métailié, 1991.

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O Processo Criativo Cláudio Castelo Filho ISBN: 9788521209775 Páginas: 332 Formato: 14 x 21 cm Ano de Publicação: 2015 Peso: 0.375 kg


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