Capa_Wahba_medico e o paciente_P5.pdf 1 05/02/2021 09:04:38
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A gratidão de ambas as partes é crucialmente posta à prova quando a impotência frustra dolorosamente e não se efetiva uma cura, uma melhora. Subliminarmente, uma parceria baseada em ficções: a do médico todo-poderoso e a do paciente exemplar que incorpora a intervenção infalível. O paciente, quando desesperançado, se entrega à ilusão; o médico, perplexo, não consegue alcançá-lo com a razão. Eis que surge a relação de confiança, de respeito, muitas vezes de amizade; caberá nela o amor? PSICANÁLISE
PSICANÁLISE
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A relação do médico com o paciente insere-se na trama da sobrevivência. O paciente vê no médico a salvação, impregnando-o de uma aura de divindade. No fracasso, esse ser superior é transvestido de cores demoníacas. Já o médico, além da responsabilidade perante seus semelhantes, sofre as pressões da exaustão e da culpa pela falibilidade. Não se admira que lance mão de reações protetoras, exibindo às vezes distância e frieza.
Médico e paciente
É psicanalista junguiana, psicóloga e professora doutora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Obteve pós-doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). É membro da Academia Paulista de Psicologia e Diretora de Psicologia da Associação Ser em Cena – Teatro de Afásicos.
Wahba
Liliana Liviano Wahba
Liliana Liviano Wahba
Médico e paciente É proibido amar
“O médico e o paciente contam uma história, suas histórias, que desde os primórdios da humanidade descrevem aquilo que nos iguala às demais espécies, o adoecimento e a morte, e aquilo de que somos capazes, criar cuidadores que se dedicam a compreender o fenômeno da natureza e sua ação na doença e no restabelecimento. . . . Uma história de amor, dedicação, recepção e gratidão. Um é grato porque recebeu o dom, esforçou-se para aprimorá-lo e o utiliza para salvar vidas . . .; o outro é grato por receber ajuda e amparo, obter respostas ao desespero de um organismo desconhecido e perturbador que o ameaça, inexoravelmente, sem recurso, sem saída. Deveria ser uma história plena e límpida, mas o percurso do humano se dá nas liminaridades, e não poderia deixar de ser assim nesta crucial e lancinante aventura nos confins da vida e da morte.”