O autismo como estrutura subjetiva

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Souza

O que a autora oferece à leitura é fruto de seu intenso esforço em registrar o que sua prática com crianças, efetivamente clínica, lhe transmitiu. Assinala-se que ela não trata das crianças conformadas aos ideais sociais, mas, justamente, aquelas que desde a primeira infância se contrapõem a padrões de normalidade perseguidos pelo discurso vigente. Cirlana propõe considerar algumas apresentações pelas quais a linguagem pode incidir numa modalidade de corpo, conjugando-se na estruturação de um sujeito qualquer, focalizando formas surpreendentes. Assim, a autora se dedica a destacar, nos autistas, os efeitos paradoxais incomensuráveis que tangenciam certas operações de linguagem que se redobram sobre ela mesma para negá-la, assim, perpetuando-a. A densa trajetória aqui tramada fisga o leitor, exigindo interesse e esforço, posto que convoca o clínico a transitar por uma constelação tensionada por conceitos pouco tratados que resistem à biunivocidade e ao mero encobrimento. É o que acirra o necessário debate sobre o furo da linguagem que, num só tempo, mantém-se incluído e em exterioridade a ela.

Angela Maria Resende Vorcaro PSICANÁLISE

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O autismo como estrutura subjetiva

Psicanalista e membro da Haeresis Associação de Psicanálise (Uberlândia-MG) com formação acadêmica em Psicologia e Letras, e doutora em Estudos Linguísticos pelo Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais. Fez Residência Pós-Doutoral no Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Realizou pesquisas em torno do tema linguagem e constituição do sujeito, autismo e clínica com crianças. Atua na clínica pública e privada com crianças, adolescentes e adultos. Participa, organiza e realiza grupos de estudos, cursos e supervisão a partir da psicanálise.

Cirlana Rodrigues de Souza PSICANÁLISE

Cirlana Rodrigues de Souza

O autismo como estrutura subjetiva Estudo sobre a experiência do autista na linguagem e com a palavra

Jacques Lacan referia-se à prática do inconsciente como uma experiência de permanente reconstituição do enigma referido ao sujeito e convocava analistas a apresentarem suas razões, implicados no discurso analítico. Neste livro, Cirlana Rodrigues de Souza responde a essa convocação partilhando de uma hipótese que, como analistas, não podemos recuar: há ser falante e o autismo, como estrutura, escreve alguns modos de seu acontecimento. Assim, como autistas falam com seus corpos e as manifestações de linguagem? Se o autismo coloca em xeque os saberes construídos a partir da clínica psicanalítica, a autora não recua diante desse impasse e circunscreve os não-saberes, passo a passo, retomando a razão lógica do inconsciente estruturado como uma linguagem. Seu texto promove um reviramento dos corpos de analistas para que possam reconhecer um autista como ser falante, na transferência. Aline Accioly

24/08/2023 18:30


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