2000
anos de Cristianismo Carismรกtico
2000
anos de Cristianismo Carismรกtico E DDIE H YAT T
Diretora Executiva: Luciana Avelino Cunha Diretor Editorial: Renato Cunha Tradução: Rafael Resende
Direitos de imagens: Manuscrito: FJ Brechtel, Bamberg State Library Joseph Badger: Henry Augustus Loop, Princeton University Art Museum George Whitefield: Harvard University
Revisão: Eliana Moura Copidesque: Renato Cunha
Portrait Collection Charles Finney: Christian History vol. VII, n. 4, issue 20
Capa e diagramação: Marina Avila Impressão: Unigráfica
Pandita Ramabai: J. B. Rodgers printing Dwight. L. Moody: Barron Fredricks, NYC. D11791 U.S. Copyright Office
1ª edição: 2018
John Wesley: Whitemay, Istockphoto
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Ficha Catalográfica elaborada pela bibliotecária Maria Jucilene Silva dos Santos CRB-15/722
H992d Hyatt, Eddie L. 2000 Anos de Cristianismo Carismático : um olhar do século 21 na história da igreja a partir de uma perspectiva carismático-pentecostal / Eddie L. Hyatt ; tradução de Rafael Resende ; revisão de Eliana Moura. – Natal, RN : Carisma, 2018. 260 p. ; 16x23cm. ISBN 978-85-92734-07-7 1. Dons do Espírito Santo - História. 2. Cristianismo carismático - História. 3. Pentecostalismo. I Resende, Rafael, trad. II. Moura, Eliana, rev. III. Título. CDU 234-15(091)
editoracarisma.com.br | sac@editoracarisma.com.br Copyright © 2018 em língua portuguesa para Editora Carisma. Direito exclusivo de distribuição em todo mundo (worldwide). Originalmente publicado em inglês pela Charisma House, Charisma Media/Charisma House Book Group, 600 Rinehart Road, Lake Mary, Florida 32746 sob o título “2000 Years of Charismatic Christianity” Copyright © 2002 by Eddie L. Hyatt. Todos os Direitos Reservados.
Sumário Reconhecimentos
12
Prólogo
13
Prefácio
15
Introdução
17
Recuperando a história do cristianismo carismático Qual é a diferença? Crescimento fenomenal 2 GHVDR GD OHJLWLPLGDGH KLVWµULFD O caminho para a recuperação histórica
17 18 19 20 21
Capítulo 1 $ LJUHMD DSRVWµOLFD &DUJRV RX IXQ©·HV" Obras maiores ou menores?
26 27 28
Capítulo 2 $ LJUHMD DQWHQLFHQD Irineu de Lyon Tertuliano 2U¯JHQHV Novaciano Cipriano 2XWURV UHODWRV GD LJUHMD SULPLWLYD Conclusão
32 33 34 36 38 40 42 42
Capítulo 3 O declínio dos dons espirituais e a primeira Renovação Carismática O institucionalismo e os bispos Montano Montanismo: heresia ou cristianismo bíblico? 2V WRTXHV QDLV
43 43 46 49 51
Capítulo 4 2 ,PSDFWR GD FRQYHUV¥R GH &RQVWDQWLQR QR DVSHFWR FDULVP£WLFR GD ,JUHMD )XV¥R HQWUH (VWDGR H ,JUHMD $ UHOLJL¥R H[FOXVLYD GR (VWDGR
56 56 57
Adoção do modelo político romano 6XUJLPHQWR GDV EDWDOKDV GRXWULQDLV
58 59
Capítulo 5 0RQDVWLFLVPR R VXUJLPHQWR GH RXWUR 0RYLPHQWR &DULVP£WLFR Antão Pacômio Atanásio Hilarião Ambrósio Jerônimo $JRVWLQKR Bento de Núrsia *UHJµULR 0DJQR Conclusão
61 62 63 64 65 66 67 68 70 71 73
Capítulo 6 'HVHQYROYLPHQWR LQWHUQR GR PRQDVWLFLVPR H D LJUHMD LQVWLWXFLRQDO ([WUHPLVPRV PRQ£VWLFRV H PLVWLFLVPR 2V PLODJUHV H D H[SDQV¥R PLVVLRQ£ULD Santos ou feiticeiros? O Misticismo medieval era um modelo de espiritualidade?
76 78 80 81 81
Capítulo 7 A renovação monástica Bernardo de Claraval +LOGHJDUGD GH %LQJHQ 'RPLQJRV GH *XVP¥R Francisco de Assis Vicente de Ferrier Mais evidências
83 84 85 86 87 88 88
Capítulo 8 Os cátaros O consolamentum +HUHJHV RX KHUµLV GD I«"
90 91 92
Capítulo 9 Os valdenses Pedro Valdo 5HMHL©¥R H SHUVHJXL©¥R Cristianismo neotestamentário Cura divina
94 94 95 95 96
,JXDOGDGH QR PLQLVW«ULR Conclusão
96 97
Capítulo 10 Martinho Lutero e a Reforma /XWHUR H RV PLODJUHV Lutero e a autoridade Lutero e o dom profético Lutero e a cura divina Johannes Brenz Lutero e o cessacionismo Bem-vindo, Espírito Santo!
100 101 101 102 102 103 103 104
Capítulo 11 Os anabatistas Os tais “reformadores radicais” O batismo do crente A iluminação das Escrituras A profecia como ministério de todos os crentes ([DJHURV FDULVP£WLFRV H SURI«WLFRV 3LOJUDP 0DUSHFN Menno Simmons 2 OHJDGR DQDEDWLVWD
106 106 108 108 109 110 112 114 115
Capítulo 12 Os profetas franceses Uma unção profética )DODQGR HP O¯QJXDV Os camisards
116 117 117 118
Capítulo 13 *HRUJH )R[ H RV TXDNHUV *HRUJH )R[ $ EDWDOKD HQWUH RV V¯PERORV H[WHUQRV H D OX] LQWHULRU 3HUVHJXL©¥R Os fenômenos carismáticos Conclusão
119 120 120 121 121 123
Capítulo 14 O avivamento moraviano Conde Zinzendorf Em fervente oração Um derramamento
125 126 126 126
CapÃtulo 15 O avivamento metodista )HQ¶PHQRV HVSLULWXDLV H[WUDRUGLQ£ULRV Acusado de entusiasmo )DODQGR HP O¯QJXDV 8PD VHJXQGD REUD GD JUD©D John Fletcher
132 133 135 135 137 138
CapÃtulo 16 2 JUDQGH GHVSHUWDPHQWR
Jonathan Edwards *HRUJH :KLWH௕HOG
140 140 142
CapÃtulo 17 2 VHJXQGR *UDQGH 'HVSHUWDPHQWR
O avivamento na Costa Leste 2 DYLYDPHQWR HP .HQWXFN\ %DUWRQ 6WRQH H R DYLYDPHQWR GH &DQH 5LGJH Conclusão
146 147 147 149 151
CapÃtulo 18 (GZDUG ,UYLQJ H D LJUHMD FDWµOLFD DSRVWµOLFD O dom do EspÃrito Santo Um surto carismático na Escócia Eventos em Londres O sinal permanente Conclusão
152 152 153 155 156 158
CapÃtulo 19 2V SUHFXUVRUHV GR 0RYLPHQWR 3HQWHFRVWDO &DULVP£WLFR QR V«FXOR Pheobe Palmer Charles Finney A. J. Gordon 'ZLJKW / 0RRG\ Reuben A. Torrey /¯QJXDV H OLQJXDJHP SHQWHFRVWDO
159 160 161 164 166 167 168
CapÃtulo 20 &KDUOHV 3DUKDP H D (VFROD %¯EOLFD %HWKHO %HWKHO %LEOH &ROOHJH
A busca (VFROD %¯EOLFD %HWKHO HP 7RSHND .DQVDV O derramamento
172 172 173 174
A Importância da Escola Bíblica Bethel Parham era racista?
176 177
Capítulo 21 :LOOLDP 6H\PRXU H R $YLYDPHQWR GD 5XD $]X]D 2 FKDPDGR SDUD /RV $QJHOHV Oração O Espírito Santo e a liderança O caráter inter-racial Um fenômeno mundial
180 181 182 183 185 185
Capítulo 22 Parham e o avivamento de City Zion Os problemas em Zion City “Até que o Reino venha” $ FRQH[¥R GD FXUD GLYLQD 6HJDGRUHV HPSXUUDGRV ¢ FROKHLWD 0DULH %XUJHVV %URZQ F. F. Bosworth -RKQ * /DNH Conclusão
187 187 188 189 190 192 193 194 194
Capítulo 23 $ PHQVDJHP VH HVSDOKD SHOR PXQGR Índia América do Sul Europa China Proliferação
196 196 199 201 202 204
Capítulo 24 Desenvolvimentos posteriores no Pentecostalismo O pacto da última chuva A tendência ao denominacionalismo
208 208 210
Capítulo 25 O Avivamento de Cura Oral Roberts A voz da cura T. L. e Daisy Osborn Conclusão
212 214 214 215 216
Capítulo 26 $ VHJXQGD FKXYD GH DYLYDPHQWR O derramamento na Faculdade Bíblica de Sharon A importância de Sharon Crescimento e oposição
217 217 218 219
Capítulo 27 O Movimento Carismático Dennis Bennet e a renovação protestante O Movimento Carismático Católico Ecumenismo e cismas O problema da autoridade
221 221 223 225 225
Capítulo 28 A Terceira Onda -RKQ :LPEHU H D YLQKD Diferenças doutrinais
228 228 229
Capítulo 29 A última década do século XX A bênção de Toronto 'LYLV·HV GHYLGR ¢V PDQLIHVWD©·HV O avivamento de Pensacola 'LYLV·HV HP 3HQVDFROD O vaivém do avivamento 2 SUREOHPD GDV PDQLIHVWD©·HV 7HQG¬QFLDV QDV LQVWLWXL©·HV 2 PRYLPHQWR GH FRQYHUJ¬QFLD $V QRYDV LJUHMDV DSRVWµOLFDV $ YDQJXDUGD GD ,JUHMD KRMH Conclusão: Batalhando pela fé Na periferia? 2V JXDUGL¥HV GD YHUGDGH
Referências
232 233 233 234 236 237 238 239 239 240 242 244 244 245 246
Reconhecimentos 4XDOTXHU SHVVRD TXH M£ WHQKD HVFULWR XP OLYUR HQWHQGH R TXDQWR HOH « XP HVIRU©R P¼WXR H HVWH OLYUR QÂ¥R « H[FH©¥R (P SULPHLUR OXJDU VH DV SHVVRDV H RV PRYLPHQWRV VREUH RV TXDLV HX WHQKR HVFULWR QÂ¥R WLYHVVHP VHJXLGR FRUDMRVDPHQWH D 'HXV QÂ¥R haveria fundamento nem motivo para escrever. Em uma escala mais pessoal, se muitas pessoas não tivessem cooperado de uma maneira ou outra, este livro continuaria a ser um sonho esquivo. 4XHUR DJUDGHFHU DR 'U %HQMDPLP &UDQGDOO SUHVLGHQWH GR =LRQ %LEOH ,QVWLWXWH HP %DUULQJWRQ 5KRGH ,VODQG TXH RUJDQL]RX PLQKD DJHQGD GXUDQWH RV DQRV HVFRODUHV GH D SDUD TXH PH IRVVH SRVV¯YHO GHGLFDU TXDWUR GLDV SRU VHPDQD ¢ SHVTXLVD H ¢ HVFULWD (X WDPE«P TXHUR UHFRQKHFHU D IDOHFLGD (VWKHU 5ROOLQV TXH DRV DQRV IH] D UHYLVÂ¥R GD SULPHLUD HGL©¥R que foi a base desta. 6RX PXLWR JUDWR ¢ PLQKD HVSRVD 'U 6XVDQ +\DWW TXH me foi um impulso constante. Ela contribuiu ao mesmo tempo com suas habilidades editoriais e com sua perÃcia astuta nas £UHDV KLVWµULFD H WHROµJLFD
[ 12 ]
E D D I E H YAT T
3U¾ORJR (GGLH H 6XVDQ +\DWW V¼R GRLV GRV PHOKRUHV HVWXGDQWHV TXH HX M£ WLYH 2 DSHJR TXH WLQKDP ¢ WHRORJLD H ¢ KLVW¾ULD SHQWHFRVWDO H carismåtica era enorme ainda antes de começarem a frequentar PLQKDV DXODV QD 8QLYHUVLGDGH 2UDO 5REHUWV HP 'HVGH aquele tempo eles cresceram mais e mais na maestria e no entendimento do assunto. O livro 2.000 anos de cristianismo carismåtico Ê o trabalho PDLV LPSRUWDQWH GH +\DWW DW KRMH ‹ XPD H[FHOHQWH SHVTXLVD GD KLVW¾ULD FDULVP£WLFD H GD QDWXUH]D GD ,JUHMD 6XD DERUGDJHP GDV RULJHQV H GR GHVWLQR GD 7HRULD &HVVDFLRQLVWD  PXLWR UHTXLVLWDGD e apresentada de maneira convincente. Este livro Ê realmente, FRPR GL] R W¯WXOR ּXP ROKDU GR VFXOR ;;, ¢ KLVW¾ULD GD ,JUHMD D SDUWLU GH XPD SHUVSHFWLYD FDULVP£WLFR SHQWHFRVWDO֌ $V VHŠ¡HV VREUH &KDUOHV )R[ 3DUKDP R IRUPXODGRU GD 7HRORJLD 3HQWHFRVWDO H R SDSHO FUXFLDO TXH WLYHUDP RV VHJXLGRUHV GH $OH[DQGHU 'RZLH TXH GHL[RX =LRQ &LW\ SDUD IXQGDU PRYLPHQWRV SHQWHFRVWDLV relevantes por todo o mundo, são de particular interesse e valor. A obra de Hyatt Ê mais uma na corrente de trabalhos DFDGPLFRV TXH HVW¼R FUDYDQGR FDGD YH] PDLV SUHJRV QR FDL[¼R GD 7HRULD GH % % :DU௕HOG VHJXQGR D TXDO VLQDLV PLUDFXORVRV
2 0 0 0 A N O S D E C R I S T I A N I S M O C A R I S M Ă T I C O
[ 13 ]
SURG¯JLRV H PDUDYLOKDV FHVVDUDP DSµV R P GD (UD $SRVWµOLFD Este livro, ao mesmo tempo em que traz as pesquisas mais recentes sobre o assunto, apresenta-as de uma maneira popular, acessível a qualquer leitor. Eu recomendo este livro para todos aqueles que querem se aprofundar no entendimento dos movimentos pentecostais e carismáticos que eclodiram no século XX até se tornarem a maior família de cristãos no mundo.
Vynson Synan Deão da School of Divinity Regent University Virginia Beach, Virginia
[ 14 ]
E D D I E H YAT T
PrefĂĄcio A inspiração para este livro veio das minhas raĂzes no pentecostalismo clĂĄssico e do meu amor por histĂłria. Tive ainda mais motivação quando reconheci a ausĂŞncia de informação GLVSRQÂŻYHO VREUH FULVWÂĽRV FDULVPÂŁWLFRV QD KLVWÂľULD GD ,JUHMD 3DUD D PLQKD VXUSUHVD PHX SULPHLUR FXUVR GH KLVWÂľULD GD ,JUHMD QXPD HVFROD SHQWHFRVWDO EÂŻEOLFD SDUHFLD LQYHVWLJDU D KLVWÂľULD GDV LJUHMDV FDWÂľOLFD H UHIRUPDGD 3HVVRDV H WHPDV SHQWHFRVWDLV FDULVPÂŁWLFRV QÂĽR VÂĽR DERUGDGRV DWÂŤ D FKHJDGD GR VÂŤFXOR ;; 6HUÂŁ TXH R (VSÂŻULWR 6DQWR HVWHYH PHVPR DXVHQWH GXUDQWH VÂŤFXORV QD KLVWÂľULD GD ,JUHMD" Por ter começado uma pesquisa sĂŠria, eu descobri que a dimensĂŁo carismĂĄtica da atividade do EspĂrito nĂŁo se ausentara GR SDVVDGR GD ,JUHMD (P YH] GLVVR SUHYDOHFLD XP YLÂŤV FRQWUD RV GRQV FDULVPÂŁWLFRV TXH PXLWDV YH]HV HUD LQ௖XHQFLDGR SRU KLVWRULDGRUHV PRGHUQRV IRVVH SDUD LJQRUDU RV GRQV GR (VSÂŻrito Santo ou para falar deles de maneira detrativa. Depois eu descobri que os pentecostais e carismĂĄticos, pela falta de pesTXLVDV DFDGÂŹPLFDV PXLWDV YH]HV DFHLWDYDP DV GHWHUPLQDŠ¡HV de historiadores nĂŁo carismĂĄticos. Enquanto minha pesquisa continuava, encontrei o SHUPDQHQWH FRQ௖LWR HQWUH D HVSRQWDQHLGDGH GR (VSÂŻULWR H DV
2 0 0 0 A N O S D E C R I S T I A N I S M O C A R I S M Ă T I C O
[ 15 ]
U¯JLGDV HVWUXWXUDV GD LQVWLWXL©¥R ,VVR JHUDOPHQWH UHVXOWRX QD LJUHMD LQVWLWXFLRQDO DFXVDQGR GH KHUHJHV WRGRV DTXHOHV TXH defenderam a liberdade do EspÃrito, suprimindo e destruindo seus escritos. Obviamente, tal atitude contribuiu para a ausência de dados sobre a ação do EspÃrito Santo na história. 1HVWH OLYUR HX SUHHQFKR DOJXPDV ODFXQDV UHODWDQGR pessoas e movimentos pentecostais/carismáticos. Este estudo QÂ¥R « QHP H[DXVWLYR QHP FU¯WLFR 6HX REMHWLYR « PRVWUDU TXH SHQWHFRVWDLV H FDULVP£WLFRV W¬P UHDOPHQWH XPD KLVWµULD OHJ¯WLPD (OH WDPE«P VXJHUH TXH HP YH] GH HVWDU QD SHULIHULD GR FULVWLDQLVPR RUWRGR[R R FULVWLDQLVPR SHQWHFRVWDO FDULVP£WLFR HVW£ QR ¤PDJR GR FULVWLDQLVPR E¯EOLFR H KLVWµULFR
[ 16 ]
E D D I E H YAT T
Introdução R E C U PE R A N D O A H I S TĂ“ R I A D O C R I S TI A N I S M O CA R I S M Ă TI C O O cristianismo carismĂĄtico nĂŁo ĂŠ um fenĂ´meno que pertence unicamente ao sĂŠculo XX. Ele tem sido uma constante desde que -HVXV FDPLQKRX SHOD WHUUD KÂŁ PLO DQRV &RQWXGR QR VÂŤFXOR ;; H FRQWLQXDQGR SHOR ;;, KRXYH XPD WUHPHQGD H[SORVÂĽR do cristianismo carismĂĄtico. Começando com o Movimento 3HQWHFRVWDO HP H UHYLJRUDGR SHOR 0RYLPHQWR &DULVPÂŁWLFR LQLFLDGR HP FRP VXD 7HUFHLUD 2QGD HP HVVD H[SORVÂĽR GR 0RYLPHQWR JDQKRX LPSXOVR H SHUPHRX WRGRV RV setores da vida cristĂŁ. Desde o primeiro sĂŠculo nĂŁo havia tal ĂŞnfase no EspĂrito Santo e seus dons. 6HUÂŁ HVVD H[SUHVVÂĽR GH HVSLULWXDOLGDGH VLPSOHVPHQWH KHUHVLD H IDQDWLVPR FRPR DOJXQV DFXVDP" ‹ DSHQDV XPD H[SUHVVÂĽR PDUJLQDO GR YHUGDGHLUR FULVWLDQLVPR FRPR DOJXQV VXJHUHP" 2X ÂŤ QD YHUGDGH XPD UHVWDXUDŠ¼R GR YHUGDGHLUR cristianismo bĂblico? 4XHVW¡HV OHJÂŻWLPDV WÂŹP VLGR OHYDQWDGDV DFHUFD GD KLVtoricidade dessa forma dinâmica de cristianismo. SerĂĄ que HOH DSDUHFHX VXELWDPHQWH QHVWH VÂŤFXOR VHP QHQKXPD OLJDŠ¼R
2 0 0 0 A N O S D E C R I S T I A N I S M O C A R I S M Ă T I C O
[ 17 ]
KLVWµULFD FRP R SULPHLUR V«FXOR GD ,JUHMD FRPR DOJXQV D௕UPDP" Ou ele tem precedentes históricos? E por que ele é chamado de carismático? A palavra carismático « XPD YDULD©¥R GD SDODYUD JUHJD charisma, termo neotestamentário para dom espiritual. Charisma, ou sua forma plural charismata « D SDODYUD TXH 3DXOR XVD HP &RU¯QWLRV TXDQGR IDOD VREUH RV GRQV GR (VS¯ULWR 6DQWR FRPR IDODU HP O¯QJXDV GRQV GH FXUD PLODJUHV H SURIHFLDV 3RU HVVH PRWLYR TXDOTXHU JUXSR LJUHMD RX PRYLPHQWR TXH DGRWH essa dimensão dinâmica do EspÃrito Santo e seus dons pode ser chamado de carismático. Embora eles possam ser conhecidos KLVWRULFDPHQWH FRPR TXDNHUV PHWRGLVWDV RX SHQWHFRVWDLV VXD tendência para o dinamismo do EspÃrito Santo e seus dons TXDOL௕FD RV FRPR FDULVP£WLFRV 3HOR PHVPR PRWLYR D LJUHMD do primeiro século também pode ser chamada de carismática.
Q UA L É A D I F E R E N ÇA? (VVD SHUJXQWD M£ IRL IHLWD Y£ULDV YH]HV 4XDO « D GLIHUHQ©D HQWUH os pentecostais modernos e os carismáticos? Talvez a principal GLVWLQ©¥R VHMD DV RULJHQV KLVWµULFDV GLIHUHQWHV GRV GRLV PRYLPHQWRV 2 0RYLPHQWR 3HQWHFRVWDO FRPH©RX HP QD (VFROD %¯EOLFD %HWHO HP 7RSHND .DQVDV /£ KRXYH XP GHUUDPDPHQWR do EspÃrito Santo e a doutrina pentecostal clássica da evidência bÃblica do batismo com o EspÃrito Santo foi formulada e posta em prática. O começo do Movimento Carismático moderno, por VXD YH] « JHUDOPHQWH LGHQWL௕FDGR FRP R SURQXQFLDPHQWR GH 'HQQLV %HQQHW UHLWRU GD ,JUHMD (SLVFRSDO GH 6Â¥R 0DUFRV QD &DOLIµUQLD HP HOH GLVVH WHU VLGR EDWL]DGR FRP R (VS¯ULWR 6DQWR H IDODGR HP O¯QJXDV Outra importante distinção é o fato de que o MoviPHQWR 3HQWHFRVWDO IRL UHMHLWDGR SHODV LJUHMDV GD «SRFD H GHVGH
[ 18 ]
E D D I E H YAT T
HQWÂĽR GHQRPLQDŠ¡HV SHQWHFRVWDLV VH IRUPDUDP FRP PDLV GH PLOK¡HV GH PHPEURV . Por outro lado, o Movimento &DULVPÂŁWLFR DOFDQŠRX XP DOWR JUDX GH DFHLWDŠ¼R QDV LJUHMDV tradicionais, onde era tratado como um renovo espiritual. Mas, apesar dessa aceitação, que muitas vezes era morna, milhares de GHQRPLQDŠ¡HV FDULVPÂŁWLFDV VH IRUPDUDP GHVGH D GÂŤFDGD GH . A Terceira Onda3, ou Movimento NeocarismĂĄtico, tambĂŠm SURGX]LX PLOKDUHV GH GHQRPLQDŠ¡HV PRVWUDQGR XP ÂŻPSHWR crescente e o poder de cada onda espiritual. Apesar das diferenças de cada “ondaâ€?, o estatĂstico David %DUUHW QRWD TXH KÂŁ XPD ÖĽXQLGDGH VXEMDFHQWHÖŚ TXH SHUPHLD WRGR o movimento do sĂŠculo XX. Por esse motivo, ele cunhou a H[SUHVVÂĽR ÖĽSHQWHFRVWDO FDULVPÂŁWLFRÖŚ SDUD VH UHIHULU ¢ REUD GR EspĂrito Santo por toda a terra. Ele vĂŞ os movimentos Pentecostal, CarismĂĄtico e Terceira Onda como “um sĂł movimento harmĂ´nicoâ€? para o qual um vasto nĂşmero de todos os tipos de indivĂduos e comunidades tĂŞm sido atraĂdos.
C R E S C I M E NTO F E N O M E N A L 6XUSUHHQGHQWHPHQWH KÂŁ DSHQDV DQRV QHQKXPD FRQJUHJDŠ¼R SHQWHFRVWDO FDULVPÂŁWLFD Ö? FRPR HQWHQGHPRV D SDODYUD DWXDOPHQWH Ö? H[LVWLD +RMH XP VÂŤFXOR GHSRLV LJUHMDV H GHQRPLQDŠ¡HV FDULVPÂŁWLFDV H SHQWHFRVWDLV VH QRWDELOL]DP QR FHQÂŁULR UHOLJLRVR H FRQVWLWXHP R VHJPHQWR PDLV GLQ¤PLFR H FUHVFHQWH da cristandade. Esse crescimento impressionante foi mostrado por uma SHVTXLVD GH GD *DOOXS SXEOLFDGD QD Christianity Today. A SHVTXLVD PRVWURX TXH GH WRGD D SRSXODŠ¼R DPHULFDQD FHUFD GH PLOK¡HV GH SHVVRDV LGHQWL௕FDUDP VH FRPR SHQWHFRVWDLV ou carismĂĄticos. Numa pesquisa mais recente da Newsweek, HP GRV FULVWÂĽRV HQWUHYLVWDGRV GLVVHUDP TXH ÖĽH[SHrimentaram o poder do EspĂrito Santoâ€?. Dentre os protestantes HYDQJÂŤOLFRV HVWH QÂźPHUR VREH SDUD . Esse crescimento
2 0 0 0 A N O S D E C R I S T I A N I S M O C A R I S M Ă T I C O
[ 19 ]
1. Stanley M. Burgess & Gary B. McGee. Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements. Grand Rapids, MI: Zondervan, 1988, p. 811. 2. Ibid. Foi chamado de “Terceira Ondaâ€? pelo teĂłlogo C. Peter Wagner por ter vindo apĂłs os movimentos do princĂpio do sĂŠculo e dos anos de 1960 [N. T.]. 3. Ibid., p. 810. 4. Vinson Synan (ed.). The century of the Holy Spirit. Nashville, TN: Thomas Nelson, 2001, p. 371. publicado no Brasil pela Editora Vida com o tĂtulo O sĂŠculo do EspĂrito Santo, 2011.
fenomenal ĂŠ um dos principais motivos SHORV TXDLV R IDPRVR WHÂľORJR +DUYH\ &R[ GH +DUYDUG GLVSÂśV VH D GL]HU TXH “o pentecostalismo estĂĄ reformulando a UHOLJLÂĽR QR VÂŤFXOR ;;,ÖŚ .
O D E S A F I O DA LE G ITI M I DA D E H I S TĂ“ R I CA
5. Essas palavras aparecem no subtĂtulo do livro de Cox, Fire from heaven: the rise of Pentecostal spirituality and the reshaping of religion in the twenty-first century (Fogo do cĂŠu: o surgimento da espiritualidade Pentecostal e a reformulação da religiĂŁo no sĂŠculo XXI). Reading, MA; Nova York: AddisonWesley, 1995.
6. “Roundtableâ€?. Pentecostal Evangel, n. 4220. August. 13, 1995, 8. George O. Wood, um presbĂtero das assembleias de Deus, reconhece essa primitiva abordagem restauracionista dos pentecostais. Ele diz: “[...] nĂłs estamos dispostos a saltar, se pudermos, 19 sĂŠculos de histĂłria cristĂŁ e dizer, ‘enquanto agradecemos a Deus pelo que foi cumprido por ele na histĂłria, que nosso objetivo nĂŁo ĂŠ nos adequarmos ao padrĂŁo da tradição eclesiĂĄstica. NĂłs simplesmente queremos voltar ao livro de Atos, redescobrir o que a igreja primitiva tinha e alcançar isso, para que possamos ser instrumentos de Deus em nossa geração’â€?.
[ 20 ]
E D D I E H YAT T
8PD FU¯WLFD JHUDOPHQWH GLULJLGD DRV pentecostais e carismåticos modernos Ê a de que eles não têm tradição nem KLVW¾ULD 2 DUJXPHQWR  PDLV RX PHQRV R VHJXLQWH D ,JUHMD H[LVWH K£ PLO DQRV mas os pentecostais e carismåticos só estão D¯ K£ PHQRV GH DQRV (VVD DOHJDGD falta de história parece indicar que o PRYLPHQWR  QD PHOKRU GDV RSŠ¡HV SHULIULFR DR FULVWLDQLVPR RUWRGR[R (VVH GHVD௕R GD OHJLWLPLGDGH KLVW¾rica Ê respondido habitualmente de duas maneiras. Pentecostais clåssicos escolheram D DERUGDJHP UHVWDXUDFLRQLVWD HP TXH JHUDOPHQWH YHHP D VL PHVPRV FRPR UHVWDXUDGRUHV GD SXUH]D H GR SRGHU GD LJUHMD apostólica do primeiro sÊculo. Desde essa SHUVSHFWLYD RV VFXORV LQWHUPHGL£ULRV são tidos como anos de corrupção e fracasso espiritual . Mais recentemente, DOJXQV SHQWHFRVWDLV H FDULVP£WLFRV Q¼R estão se conformando com esse salto de VFXORV VREUH D KLVW¾ULD GD ,JUHMD H WP HVFROKLGR XPD DERUGDJHP WUDGLFLRQDOLVWD
(OHV SURFXUDP SUHHQFKHU R Y£FXR KLVW¾ULFR FULDQGR FDUJRV H departamentos eclesiåsticos e tradicionais na estrutura de suas LJUHMDV LQVWDXUDQGR OLWXUJLDV WUDGLFLRQDLV HP VHXV FXOWRV . Tais medidas são motivadas em parte por tentativas de estabelecer uma continuidade com o passado por meio da imitação das LJUHMDV PDLV WUDGLFLRQDLV H LQVWLWXFLRQDLV 1HP D DERUGDJHP UHVWDXUDFLRQLVWD QHP D WUDGLFLRQDOLVWD SRGHP UHVSRQGHU DGHTXDGDPHQWH ¢ TXHVW¼R KLVW¾ULFD 2 IDWR  TXH RV SHQWHFRVWDLV H FDULVP£WLFRV WP XPD KLVW¾ULD OHJ¯WLPD ‹ XPD KLVW¾ULD HQFRQWUDGD QRV Y£ULRV PRYLPHQWRV GH DYLYDPHQWR H UHQRYR TXH VHPSUH VXUJLUDP QD YLGD GD ,JUHMD 3RU WHUHP VLGR IUHTXHQWHPHQWH FRQGHQDGRV H PDUJLQDOL]DGRV SHOD LJUHMD LQVWLWXFLRQDO VXD KLVW¾ULD WHP VLGR RFXOWDGD RX PDO interpretada. Essa Ê, portanto, uma história que precisa ser descoberta e plenamente recuperada.
O CA M I N H O PA R A A R E C U PE R AĂ‡ĂƒO H I S TĂ“ R I CA Este volume traz ao mesmo tempo vĂĄrios elementos recuperados por meio de pesquisas acadĂŞmicas e histĂłricas. Ele narra a vida GH PRYLPHQWRV H SHVVRDV FRUDMRVDV GHVGH R 'LD GR 3HQWHFRVWHV atĂŠ o sĂŠculo XXI. 7RGDYLD HVWH HVWXGR GH QHQKXPD PDQHLUD ÂŤ H[DXVWLYR no entanto, seus benefĂcios sĂŁo incontĂĄveis. Com a permissĂŁo do leitor, ele pode informar o pesquisador mais sĂŠrio sobre a atividade dinâmica do EspĂrito Santo por meio da histĂłria GD ,JUHMD $OÂŤP GLVVR SRGH LQVWUXLU DTXHOHV TXH TXHLUDP aprender com o passado. Ele pode tambĂŠm inspirar outras pesquisas e promover a consciĂŞncia e o entendimento futuro GD ULFD KLVWÂľULD TXH SHUWHQFH OHJLWLPDPHQWH D FDGD FUHQWH pentecostal e carismĂĄtico. 3RU ௕P RV GDGRV GHVWH OLYUR FRQ௕UPDP TXH RV SHQWHFRVWDLV
2 0 0 0 A N O S D E C R I S T I A N I S M O C A R I S M Ă T I C O
[ 21 ]
7. Paul Thigpen. Ancient altars, Pentecostal fire. Ministries Today. November/December, 1992, pp. 43-51.
H FDULVP£WLFRV UHDOPHQWH W¬P XPD KLVWµULD OHJ¯WLPD H HPRFLRnante. Seu elo com o passado não é apenas institucional. Mais que isso, eles têm a mesma fé bÃblica, que continua a demonstrar R SRGHU HVSLULWXDO GD LJUHMD DSRVWµOLFD GR SULPHLUR V«FXOR &RP efeito, o fato de que o avivamento pentecostal e carismático deste V«FXOR VHMD FULVWLDQLVPR RUWRGR[R « FRQ௕UPDGR QÂ¥R VRPHQWH SHOR SUµSULR 1RYR 7HVWDPHQWR PDV WDPE«P SHOD H[LVW¬QFLD GH PLO DQRV GH FULVWLDQLVPR FDULVP£WLFR
[ 22 ]
E D D I E H YAT T
PARTE 1
A igreja primitiva – 100 d.C.
&DSÂŻWXOR A I G R E JA A P O S TĂ“ LI CA
8. Gordon Fee. The first Epistle to the Corinthians. Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1988, p. 607.
$ LJUHMD GR SULPHLUR VÂŤFXOR HUD XPD LJUHMD FDULVPÂŁWLFD /XFDV TXH JUDYRX VXD KLVWÂľULD QR OLYUR GH $WRV LQFOXLX QHOH ௕HOPHQWH a abundância de fenĂ´menos sobrenaturais que retrataram sua YLGD H VHX PLQLVWÂŤULR /ÂŻQJXDV SURIHFLDV FXUDV H PLODJUHV Ö? H WRGRV RV RXWURV FDULVPDV Ö? HUDP FRPXQV H DWÂŤ PHVPR WLGRV FRPR QRUPD $W (VVD HUD D DWLYLGDGH GLQ¤PLFD GR (VSÂŻULWR 6DQWR TXH DJLD PDLV QD YLGD SHVVRDO H LQGLYLGXDO GRV FUHQWHV H QD YLGD FRUSRUDWLYD GD LJUHMD TXH QD VXD HVWUXWXUD institucional, provendo assim a base para sua vida, sua comunidade e sua missĂŁo. De acordo com Gordon Fee, Paulo viu o EspĂrito como “a chave para tudo na vida cristĂŁâ€? . (QTXDQWR RV FUHQWHV OHYDYDP R HYDQJHOKR GH -HUXVDOÂŤP SDUD R PXQGR JUHFR URPDQR HVVD FDUDFWHUÂŻVWLFD FDULVPÂŁWLFD FRQWLQXDYD D VHU D QRUPD SDUD DV QRYDV LJUHMDV TXH VXUJLDP SRU meio de seus ministĂŠrios. Isso estĂĄ Ăłbvio no livro de Atos tanto quanto nas epĂstolas de Paulo, nas quais ele fala livremente de PLODJUHV H GRQV HVSLULWXDLV )HH GHFODURX TXH 3DXOR ÖĽSURFODPRX SOHQDPHQWHÖŚ R HYDQJHOKR DRV JHQWLRV ÖĽSHOR SRGHU GRV VLQDLV
[ 26 ]
E D D I E H YAT T
H SURGÂŻJLRV QD YLUWXGH GR (VSÂŻULWR GH 'HXVÖŚ 5P $V FDUWDV DRV &RUÂŻQWLRV SDUWLFXODUPHQWH PRVWUDP TXH DV LJUHMDV FRQJUHJDGDV FRQ௕DYDP PDLV QD HVSRQWDQHLGDGH GR (VSÂŻULWR TXH QD DXWRULGDGH R௕FLDO SDUD JXLDU VXDV YLGDV H GLUHFLRQDU seus encontros. Esses fatos levaram Hans von Campenhausen a descrever TXH D YLVÂĽR TXH D LJUHMD SULPLWLYD WLQKD GD FRPXQLGDGH FULVWÂĽ era a de “uma comunidade que se desenvolvia por meio da interação de seus dons espirituais e ministĂŠrios, sem o benefĂcio GH XPD DXWRULGDGH R௕FLDO RX DQFLÂĽRV UHVSRQVÂŁYHLVÖŚ 2 WHÂľORJR FDWÂľOLFR +DQV .XQJ FRQFRUGD VXJHULQGR TXH D LJUHMD GH &RULQWR “nĂŁo conhecia bispos, nem presbĂteros, nem qualquer tipo de ordenação, mas somente os dons livres e espontâneos . EntĂŁo ele aponta que, de acordo com Paulo, Deus lhes provia tudo que era necessĂĄrio . Rudolph Bultmann concorda e insiste HP GL]HU TXH QD LJUHMD GR 1RYR 7HVWDPHQWR ÖĽDV SHVVRDV FRP mais autoridade eram aquelas investidas de dons espirituaisâ€? . No seu livro Jesus e o EspĂrito, James D. G. Dunn demonstra TXH DV LJUHMDV FULVWÂĽV PDLV SULPLWLYDV EXVFDYDP PDLV D SUHVHQŠD imediata do EspĂrito Santo para sua vida e sua comunidade que D HVWUXWXUD RUJDQL]DFLRQDO H D IRUPDOLGDGH (OH WDPEÂŤP DSRQWD TXH D QÂĽR VHU HP )LOLSHQVHV 3DXOR QXQFD VH GLULJH D XP lĂder dentro de uma comunidadeâ€? . A implicação ĂŠ clara para Dunn: “Se uma liderança fosse necessĂĄria, Paulo presumia que o EspĂrito carismĂĄtico lhe indicaria um nomeâ€? .
CA RG O S O U F U N Ç Õ E S? $V HS¯VWRODV SDVWRUDLV TXH V¼R GR SHU¯RGR ௕QDO GD YLGD GH 3DXOR SDUHFHP UHYHODU XPD HVWUXWXUD PDLV IRUPDO GD YLGD GD LJUHMD 2 termo presbuteros DQFL¼R  HQW¼R XVDGR SHOD SULPHLUD YH] SRU 3DXOR H UHIHUH VH ¢V TXDOLGDGHV H[LJLGDV ¢TXHOHV TXH TXHLUDP servir como episkopoi ELVSR RX diakonoi GL£FRQRV $GROSK
2 0 0 0 A N O S D E C R I S T I A N I S M O C A R I S M Ă T I C O
[ 27 ]
9. Hans von Campenhausen, Ecclesiastical authority and spiritual power in the churches of the first three centuries. Stanford, CA: Stanford University, 1969, p. 58. 10. Hans Kung (ed.). “What is the essence of apostolic succession?� Apostolic Succession: rethinking a barrier to unity. Nova York: Paulist Press, 1968, p. 35. 11. Idem 12. Rudolph Bultmann. New Testament Theology. 2 vols. Nova York: Charles Scribner, 1965, pp. 2, 97. 13. James D. G. Dunn. Jesus and the Spirit. Philadelphia, PA: Westminster, 1975, p. 291. 14. Ibid., p. 285
+DUQDFN VXJHUH TXH aqueles presbuteros, ou anciãos, possam VLJQL௕FDU PHVPR RV mais velhos, em oposição aos jovens. John .QR[ FRUURERUD GL]HQGR TXH ּQ¼R HVWDPRV OLGDQGR FRP FDUJRV IRUPDLV PDV FRP IXQŠ¡HV SDUD DV TXDLV DV SHVVRDV HVWDYDP dotadas tanto quanto estariam para as profecias ou as curas� . .XQJ FRQFRUGD H GL] TXH D HVFROKD GRV DQFL¼RV ּQ¼R SRGH VHU vista como o começo de um sistema de administração clerical�. (OH PRVWUD TXH R VXUJLPHQWR GH DQFL¼RV H ELVSRV GHYH VHU HQWHQGLGR QR FRQWH[WR GD ּHVWUXWXUD YLVFHUDOPHQWH FDULVP£WLFD GD LJUHMD֌ .
O B R AS M A I O R E S O U M E N O R E S?
15. John Knox. “The ministry in the primitive church�. In: The ministry in historical perspective. Richard H. Niebuhr & Daniel D. Williams (ed.). Nova York: Harper and Row, 1956, p. 10. 16. Hans Kung. The Church. Garden City, NY: Image Books, 1976, p. 249. 17. Dunn. Jesus and the Spirit, p. 92.
$ ÂŹQIDVH GD LJUHMD SULPLWLYD QRV charismata nĂŁo deve surpreender, uma vez que Jesus ensinou seus discĂpulos a esperar o poder e o dinamismo do EspĂrito em suas vidas e ministĂŠrios. Em certa ocasiĂŁo, ele os alertou que, quando o EspĂrito viesse, VHULD SHUPLWLGR TXH ௕]HVVHP DV PHVPDV REUDV TXH HOH ID]LD H REUDV DLQGD PDLRUHV -R $ H[SHFWDWLYD TXH D LJUHMD tinha de um ministĂŠrio sobrenatural era, portanto, proveniente da vida e dos ensinamentos do prĂłprio Jesus. Dunn diz que, ÖĽSRU VHU HOH -HVXV XP FDULVPÂŁWLFR DVVLP HUDP PXLWRV VHQÂĽR todos os crentesâ€? . Mas o que aconteceu apĂłs o primeiro sĂŠculo com a morte dos apĂłstolos? Os dons carismĂĄticos/pentecostais cessaram subitamente? Os dons de revelação foram substituĂdos pela formação do cânon neotestamentĂĄrio da Escritura? O FDUÂŁWHU VREUHQDWXUDO GD LJUHMD IRL GLVVROYLGR DSÂľV R ௕P GD (UD ApostĂłlica do primeiro sĂŠculo? Em retrospectiva, pode ser constatada a diminuição do FDUÂŁWHU FDULVPÂŁWLFR GD LJUHMD H R VXUJLPHQWR GH XPD HVWUXWXUD RUJDQL]DFLRQDO $LQGD DVVLP RV GRQV HVSLULWXDLV FRQWLQXDUDP D VHU SDUWH YLWDO GD LJUHMD DSÂľV R SULPHLUR VÂŤFXOR (VFULWRV
[ 28 ]
E D D I E H YAT T
SÂľV DSRVWÂľOLFRV QÂĽR UHYHODP QHP R FRQKHFLPHQWR QHP D H[pectativa de sua cessação em nenhum momento. Aqueles que VXFHGHUDP RV DSÂľVWRORV FRPR OÂŻGHUHV QD LJUHMD GHL[DUDP HP vez disso, um testemunho evidente da operação contĂnua dos dons espirituais e de seu poder durante esse tempo.
2 0 0 0 A N O S D E C R I S T I A N I S M O C A R I S M Ă T I C O
[ 29 ]