Entrevista
com Gerson Lima
“Ferramentas indispensáveis” Para o publisher Gerson Lima, obras clássicas são essenciais à Igreja do século 21 Que obras merecem ser chamadas de clássicas, em sua opinião? Há obras que não podem faltar na biblioteca de qualquer leitor: A história dos hebreus, de Flávio Josefo (CPAD); O livro dos mártires, de John Fox, e O peregrino, de John Bunyan (Mundo Cristão); Cristianismo puro e simples, de C.S. Lewis (Martins Fontes); Confissões, de Santo Agostinho (Paulus), O Sermão do Monte, de Martin Lloyd-Jones (Fiel); A morte da razão, de Francis Schaeffer (ABU), e vários outros. Entre os escritores nacionais, posso destacar As duas naturezas do Redentor, de Heber Carlos de Campos. Mas também recomendo algumas obras de Augustus Nicodemus Lopes e Hernandes Dias Lopes, que, creio, logo se tornarão clássicos.
Do que ainda não saiu em português, o que a Editora dos Clássicos pretende publicar? Ainda falta muita coisa boa. Temos o CRISTIANISMO HOJE – Apesar da alvo de publicar as obras de G.Campbell relevância das obras clássicas, comMorgan, considerado mundialmente o provada pela história, os catálogos príncipe dos expositores da Bíblia. Suas e livrarias não têm tanto espaço obras são consideradas por muitos o que para elas. Qual é o efeito disso? há de melhor na categoria expositiva GERSON LIMA – Temos uma geração Gerson Lima, da Editora dos Clássicos: “A Igreja deveria ser uma oficina de pensadores” e de espiritualidade, mas não há nada cristã superficial e pragmática como dele em português. E seguiremos publiresultado do que a liderança está colocando os clássicos de T.Austin-Sparks. Segundo Christian Chen, Sparks cando na mesa como alimento. O momento é muito delicado, e Tozer são considerados os maiores profetas do século 20. pois o ramo editorial transformou-se num negócio e deixou de lado sua missão e compromisso com Deus. Publica-se o O que fazer para despertar o interesse de editores, leitores que se vende, e não o que promove a glória de Deus. Como e formadores de opinião cristãos para a importância dos disse A.W. Tozer, temos que decidir o que não ler. Há muita clássicos? areia e pouco ouro. Em primeiro lugar, é preciso entender essa importância. Os clássicos, como voz profética, são luz na escuridão da apostasia do cristiaAté o termo “clássico” sofreu uma redução de sentido, nismo secularizado, apontando o rumo da vontade de Deus para passando a designar, muitas vezes, bestsellers... seu povo. Também são excelentes ferramentas apologéticas, pois Realmente. O termo hoje sofre uma banalização por causa de reavivam nossa comunhão com Deus, fincam nossos pés na Palavra certas estratégias duvidosas de propaganda. Mas os clássicos e nos inspiram a uma vida santa de pregação. A Igreja deveria ser cristãos são obras geradas pelo encargo do Espírito Santo, por uma oficina de pensadores, constituídos pela Palavra e treinados meio de homens que foram forjados na escola de Cristo. São para os múltiplos serviços cristãos. Nesse caminho, os clássicos são obras aprovadas pelo tempo, que mudam o curso da história ferramentas indispensáveis. 8 e, sempre que são lidas, colocam-nos em contato com o céu.
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CRISTIANISMO HOJE
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Junho / Julho
2012
D I V U L G A Ç Ã O
E
m tempos de livros cristãos utilitários e com tantos lançamentos voltados a uma teologia superficial, muita gente aspira pelo retorno à solidez literária do passado. “Os clássicos mudam nossa mente e geram frutos para a eternidade”, diz um desses entusiastas, Gerson Lima – não por acaso, publisher da Editora dos Clássicos. Apaixonado por esse tipo de obra desde 1988, quando se viu sufocado pelas exigências do seminário teológico e faminto por conteúdos mais profundos acerca da Palavra de Deus, Lima é criterioso no que publica. “Buscamos sempre a direção divina para nosso trabalho”, garante. Segundo ele, não falta espaço para os clássicos – “O que falta é investimento das igrejas e lideranças”, aponta.