Coleção 10 V - Livro 6 - Geografia - Professor

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Luiz Gustavo Silveira Rodrigo Barsi


FRENTE

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GEOGRAFIA Por falar nisso Um bairro que tem a cara do jovem japonês. Shibuya, em Tóquio, é um lugar que está em transformação. Sempre cheio de novidades, o local virou ponto turístico por apresentar o maior cruzamento do mundo. É um daqueles lugares que parecem representar bem uma cidade à primeira vista, mas pode enganar. Se o japonês é zhen - calmo, aqui não tem lugar para isso. Se o Japão tem uma grande população idosa, em Shibuya não parece. O que vemos é uma grande quantidade de jovens que se encontram frequentemente nessas ruas. Assim é Shibuya, um bairro que nos desafia e nos estimula a descobrir a capital japonesa. De noite, é um cartão perfeito de Tóquio, com luzes, brilho e muita animação. Mas é de dia que enxergamos melhor o que faz esse lugar ser tão procurado por turistas e moradores. O centro do bairro é simplesmente o maior cruzamento do mundo. Um encontro de várias ruas, com trânsito pesado de carros e de gente. Impossível não ficar hipnotizado com uma multidão de pessoas que não se esbarra ao atravessar as pistas. É muita gente de um lado para o outro, para lá e para cá; mas ninguém se perde. Shibuya tem um ponto de encontro famoso: uma estátua dedicada a um cachorro, o hachico. A história desse cão virou filme de Hollywood (Sempre ao seu lado, 2009. Com Richard Gere). E foi real. Passear por Shibuya é andar por ruas estreitas e irregulares com um comércio variado. Mas existe espaço para a tradição. Há, também, lojas que vendem lembranças típicas japonesas. É o passado recebendo o futuro. O bairro transforma-se a cada dia com seus guindastes gigantescos e obras em vários pontos. O desafio maior será manter a tradição desse lugar que está em constante processo de crescimento e urbanização. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas

A01 A02 A03 A04

O mundo cada vez mais urbanizado.............................................446 O espaço geográfico urbano.........................................................453 O meio urbanizado e seus problemas ambientais .......................468 Urbanização no Brasil ...................................................................479


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GEOGRAFIA

MÓDULO A01

ASSUNTOS ABORDADOS n O mundo cada vez mais urbanizado n A produção e a reprodução do espaço urbano n Conceitos de urbano e rural

O MUNDO CADA VEZ MAIS URBANIZADO A produção e a reprodução do espaço urbano No período da Baixa idade Média, em plena queda do Feudalismo, a Europa já se encontrava com uma rede de cidades interligadas por rotas comerciais. Nessas cidades, nasceu e desenvolveu o capitalismo comercial, ou seja, a cidade já era o espaço geográfico da acumulação e reprodução capitalista. Essa reprodução e acumulação engendradas pelo desenvolvimento do capitalismo comercial (século XIV ao século XVIII) geraram uma estrutura financeira denominada por Karl Marx como acúmulo primitivo do capital, que foi a base financiadora da Revolução Industrial (século XVIII). A nova forma de reproduzir o capital, por meio de fábricas, impulsionou grandes mudanças nas cidades para suprir suas necessidades produtivas. Os investimentos em infraestruturas transformaram as redes de transportes e de comunicação em sistemas mais eficientes que levaram a um aumento do consumo e, consequentemente, ao maior acúmulo de capital por parte das empresas que estavam sob poder das elites. A Revolução Industrial do século XVIII não se limitou apenas a produzir uma nova forma de produção de mercadorias e acúmulo de riquezas, como também provocou uma reprodução espacial nas cidades.

Figura 01 - Londres, a área pobre da cidade no séc. XVIII.

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Contudo, essas cidades não possuíam sistema de abastecimento de água e nem tratamento de esgoto. Os dejetos eram jogados diretamente nas ruas. Tais práticas acarretaram uma série de problemas de saúde, como cólera e varíola, que atingiam toda a população, inclusive os mais ricos. Essa situação só começa a ser amenizada com a implantação do saneamento básico, principalmente na segunda metade do século XIX.

Fonte: Wikimedia commons

Já no século XIX, o desenvolvimento industrial foi fundamental para o crescimento das cidades que passaram a ser, também, centros financeiros e de grandes bancos.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Com a melhora da saúde urbana, os índices de mortalidade começam a declinar e as taxas de natalidade mantêm-se elevadas. O alto crescimento vegetativo, somado a grandes processos de êxodo rural, fazem com que essas cidades industriais passem a ter elevado crescimento populacional. Os primeiros países do mundo a se industrializarem (Europa e América do Norte), durante a passagem do século XIX para o século XX, e durante este último século, vão desenvolvendo cada vez mais suas economias e, consequentemente, investindo de forma crescente em estruturas urbanas de qualidade, com vistas à melhoria das questões socioambientais e econômicas de seus povos.

#Conceito Êxodo rural: deslocamento de população das zonas rurais para as zonas urbanas. De modo geral, esse tipo de migração ocorre pelas péssimas condições de vida no campo e a grande concentração fundiária.

Nos países em desenvolvimento, com industrializações tardias, o ritmo de urbanização foi muito mais acelerado, comparados aos países desenvolvidos, e eles não tiveram os mesmos investimentos socioambientais e econômicos, provocando sérios problemas sociais. Mesmo com cidades industrializadas com mais de um milhão de habitantes em pleno século XX, somente na primeira década do século XXI, o mundo conhece uma população predominantemente urbana.

SAIBA MAIS

Figura 02 - Mundo: população urbana e rural (1959 a 2050)

O americano Steven Johnson transformou um episódio da história na obra O Mapa Fantasma, que narra a luta de dois homens contra a cólera.

Em 2007, o mundo passa a ter, nas cidades, o número de habitantes superior ao número de pessoas que viviam no campo. Assim, a população mundial caminha rapidamente para um futuro cada vez mais urbanizado. Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de dois terços do crescimento populacional mundial ocorrerão em cidades, principalmente naquelas dos países em desenvolvimento.

Quando falamos que uma cidade, região ou país são urbanizados, estamos nos referindo à quantidade absoluta de habitantes residentes em cidades sendo superior ao número de pessoas no campo, consequência principal do êxodo rural. Para isso, fazemos uma análise na taxa de urbanização, que se refere à porcentagem da população urbana em relação à população total. Os critérios para as definições de urbano e rural variam conforme as normas de cada país. Em alguns países, o número de habitantes é o mais relevante; em outros, acrescentam-se as condições de infraestrutura e economia, principalmente nos setores secundário e terciário. No Brasil, essas definições são determinadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Analisando as tendências da urbanização mundial Na década de 1950, a distribuição populacional mundial apresentava-se com 70% em assentamentos rurais. A grande maioria dessa população era proveniente dos países que não eram industrializados ou, no máximo, em fase inicial de industrialização.

O livro conta a saga de um médico e cientista, John Snow, e um padre, Henry Whitehead, no combate a uma epidemia de cólera na recém-industrializada Londres, de 1854. A principal arma nesse combate foi a cartografia feita por Snow para identificar as fontes de água contaminadas.

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A01  O mundo cada vez mais urbanizado

Conceitos de urbano e rural


Geografia

As nações que haviam concluído a Segunda Revolução Industrial e desfrutavam de um crescimento econômico acelerado, já possuíam uma população urbana maior que a rural, sendo classificados como países urbanizados. Em 2007, pela primeira vez na história, a população urbana mundial excedeu a população rural mundial e, desde então, o crescimento urbano não parou.

Estudos da ONU preveem que em 2050 os assentamentos urbanos chegarão a 66% do total. O mundo todo terá um aumento na urbanização, mas os principais atores desse fenômeno populacional urbano serão os países que ainda lutam por um desenvolvimento socioeconômico, membros da América Latina, Caribe, África e Ásia. O nível de urbanização global, em 2014, apresentou-se em 54%. Deste último apontamento para os dias atuais, podemos analisar que os níveis de assentamentos urbanos entre as regiões mundiais são muito variáveis, devido aos seus diferenciados desenvolvimentos socioeconômicos, conforme demonstrado no gráfico acima.

A01  O mundo cada vez mais urbanizado

A Europa, que apresentou aproximadamente 73,4% de população urbana, possui uma expectativa para 2050 por volta de 81,7%. África e Ásia, que ainda apresentavam características de assentamentos rurais, possuem perspectivas de alcançarem 57,2% e 65,3%, respectivamente. A América Latina, em todo o período exposto no gráfico acima, apresentou superioridade nos regimes de urbanização, em comparação com os demais países em desenvolvimento constituintes da África e da Ásia. E conforme análise da projeção da ONU, essa supremacia se confirmará em 2050, quando esses países americanos poderão chegar a uma urbanização aproximada de 86,7%. A América do Norte e a Oceania, que nesse contexto, sempre apresentaram elevadas porcentagens de urbanização, apontam uma perspectiva de atingirem 88,6% e 74,6%, respectivamente. Em 2014, o mundo apresentava 59 países com índice de urbanização de 80% ou mais. Entre eles, podemos destacar os Países Baixos (90%), Argentina (92%), Japão (93%) e Bélgica com (98%). Em 2050, estima-se que a quantidade de países nessas condições urbanísticas chegue a 89%. Ainda com base nas informações da ONU, faremos uma breve interpretação dos diferentes níveis de urbanização dos países. Mas antes, vale a pena lembrar que não existe uma padronização global para conceituar uma cidade urbanizada; cada país determinou a sua.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias

Os países africanos e asiáticos apresentam maiores taxas médias anuais de variação de porcentagem urbana, compatíveis com seus processos socioeconômicos. Se as perspectivas forem concretizadas, até 2050 os países em desenvolvimento desses continentes apresentarão os maiores índices de crescimento urbano do mundo. Com base nos estudos feitos para a projeção referida, destacamos China, Índia e Paquistão (Ásia), além de Nigéria e Etiópia (África). A América Latina e o Caribe apresentam os maiores percentuais urbanos no mundo em desenvolvimento, motivo pelo qual a expectativa é de uma pequena queda, seguida de uma estabilidade desse fenômeno urbano. As outras regiões com características econômicas mais avançadas (América do Norte, Europa e Oceania) possuem uma tendência de estabilidade em suas baixas taxas de urbanização atual. Em geral, os ritmos dos processos de urbanização apresentam uma redução em sua porcentagem à medida em que a população se torna cada vez mais urbanizada. População rural Já a população rural, desde 1950, obteve um crescimento lento, apresentando uma população absoluta, em 2014, de aproximadamente 3,4 bilhões de pessoas. Essa dinâmica populacional tem como principal causa o crescimento vegetativo, uma vez que cerca de 90% dessa concentração é constituinte dos continentes africanos e asiáticos. Países com maior população absoluta rural do mundo País

Continente

População rural (milhões de habitantes)

Análise

Índia

Ásia

857

A Índia e a China, em 2014, representavam 45% da população rural do mundo

China

Ásia

635

Bangladesh

Ásia

100

Indonésia

Ásia

100

Paquistão

Ásia

100

Nigéria

África

95

Etiópia

África

78

Bangladesh, por possuir uma extensão territorial reduzida, possui uma das maiores populações relativas do mundo Nigéria e Etiópia possuem as maiores populações absolutas da África.

#Conceito População absoluta: população total de uma localidade, cidade, região ou país. População relativa: número total de habitantes (população absoluta) de uma determinada área, cidade, região ou país, dividido pela área ocupada. Fórmula: hab/km2.

Fonte: WORLD Urbanization Prospects: The 2014 Revision. United Nations, 2014. P.12.

01. (Enem MEC) Mas era sobretudo a lã que os compradores, vindos da Flandres ou da Itália, procuravam por toda a parte. Para satisfazê-los, as raças foram melhoradas através do aumento progressivo das suas dimensões. Esse crescimento prosseguiu durante todo o século XIII, as abadias da Ordem de Cister, onde eram utilizados os métodos mais racionais de criação de gado, desempenharam certamente um papel determinante nesse aperfeiçoamento. DUBY. G. Economia rural e vida no campo no Ocidente medieval. Lisboa: Estampa, 1987 (adaptado).

O texto aponta para a relação entre aperfeiçoamento da atividade pastoril e avanço técnico na Europa ocidental feudal, que resultou do(a) a) crescimento do trabalho escravo. b) desenvolvimento da vida urbana. c) padronização dos impostos locais. d) uniformização do processo produtivo. e) desconcentração da estrutura fundiária.

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A01  O mundo cada vez mais urbanizado

Exercícios de Fixação


Geografia

02. (Fuvest SP)

35 30 25 20 15

Tóquio 37,7 Cidade do méxico 23,3 Seul 22,7 Nova York 22,2 Mumbai 21,9 São paulo 20,9 Manil 19,9 Bangcoc 18,9 Délhi 18,9 Jacarta 18,6 Xangai 18,6 Los Angeles 17,8 Los Angeles 17,8 Osaka-Kobe-Kyoto 16,5 Cairo 16,4 Calcutá 15,6 Moscou 14,8 Istambul 14,3 Buenos Aires 14,2 Dacca 13,2 Karachi 13,2

Em milhões de habitantes

As 20 aglomerações urbanas mas populosas do mundo

d) o aumento na taxa de urbanização de um país ocorre atrelada à mudança em seu nível de renda. e) as taxas de urbanização entre países com mesma renda apresentam baixa variação. 04. (FGV SP) A questão está relacionada ao mapa apresentado a seguir.

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Sobre as 20 aglomerações urbanas mais populosas do mundo, conforme gráfico ao lado, é correto afirmar que a) a maioria delas encontra na Ásia e, dentre estas, predominam as localizadas em países com economias desenvolvidas ou em desenvolvimento. b) mais de 50% delas encontram-se em países desenvolvidos, com alto PIB e alta distribuição de renda. c) 50% delas estão localizadas na América Latina, em países subdesenvolvidos e pouco industrializados. d) 25% delas estão em países da Europa Oriental, em que há boa distribuição de renda e serviços públicos essenciais gratuitos. e) o segundo maior número dessas aglomerações encontra-se em países da África, as quais caracterizam por baixo IDH. 03. (Unesp SP)

A leitura do mapa e os conhecimentos sobre a urbanização mundial permitem afirmar que a) nos países do Sul, o crescimento urbano assumiu um caráter explosivo, em especial no continente africano. b) na América Latina, existem países com fraca urbanização devido à permanência de economias agroexportadoras. c) os países do Norte apresentam menores taxas de urbanização devido ao fenômeno da desmetropolização. d) as áreas com crescimento urbano acima de 3% estão associadas ao surgimento de áreas industriais. e) nos países pobres da África e da Ásia, a rápida urbanização está associada à modernização do campo. 05. (Enem MEC) Embora haja dados comuns que dão unidade ao fenômeno da urbanização na África, na Ásia e na América Latina, os impactos são distintos em cada continente e mesmo dentro de cada país, ainda que as modernizações se deem com o mesmo conjunto de inovações.

A01  O mundo cada vez mais urbanizado

ELIAS, D. Fim do século e urbanização no Brasil. Revista Ciência Geográfica, ano IV, n. 11, set./dez. 1988.

Avaliando o gráfico e considerando os conhecimentos acerca do espaço urbano no mundo contemporâneo, é correto afirmar que a) o nível de urbanização tende a se estabilizar com o aumento da renda. b) o desenvolvimento econômico não constitui uma condição necessária para a urbanização. c) os países com pequena população tendem a se localizar entre aqueles com baixa urbanização. 450

O texto aponta para a complexidade da urbanização nos diferentes contextos socioespaciais. Comparando a organização socioeconômica das regiões citadas, a unidade desse fenômeno é perceptível no aspecto a) espacial, em função do sistema integrado que envolve as cidades locais e globais. b) cultural, em função da semelhança histórica e da condição de modernização econômica e política. c) demográfico, em função da localização das maiores aglomerações urbanas e continuidade do fluxo campo-cidade. d) territorial, em função da estrutura de organização e planejamento das cidades que atravessam as fronteiras nacionais. e) econômico, em função da revolução agrícola que transformou o campo e a cidade e contribui para a fixação do homem ao lugar.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios Complementares

02. (Puc RS) Nas economias modernas, o mundo rural é amplamente conectado ao mundo urbano. Critérios para distinguir o urbano do rural precisam ser definidos, nos diferentes países, por normatizações e legislações específicas. Contemplando essa complexidade, afirma-se: I. No Brasil, são consideradas áreas urbanas as sedes dos municípios ou distritos municipais, independentemente do número de habitantes. II. Em 2010, pela primeira vez na história, o número de pessoas vivendo em áreas rurais foi igual ao número de pessoas que vivem em áreas urbanas no Planeta. III. O crescimento e o processo de ocupação e organização das cidades são resultados do fenômeno conhecido por êxodo rural, ou seja, da migração urbano-rural. IV. Muitos países desenvolvidos adotam critérios funcionais para separar o urbano do rural, só definindo como cidades as áreas que possuem infraestrutura e equipamentos coletivos – escolas, postos de saúde, agências bancárias etc.

Estão corretas apenas as afirmativas a) I e II. b) I e IV. c) II e III. d) III e IV. e) II, III e IV. 03. (FGV SP) A urbanização - o aumento da parcela urbana na população total - é inevitável e pode ser positiva. A atual concentração da pobreza, o crescimento das favelas e a ruptura social nas cidades compõem, de fato, um quadro ameaçador. Contudo, nenhum país na era industrial conseguiu atingir um crescimento econômico significativo sem a urbanização. As cidades concentram a pobreza, mas também representam a melhor oportunidade de se escapar dela. Situação da População Mundial 2007: desencadeando o potencial de crescimento urbano. Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), 2007, pág. 1.

Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação coerente com os argumentos do texto: a) No mundo contemporâneo, os governos devem substituir políticas públicas voltadas ao meio rural por políticas destinadas ao meio urbano. b) A urbanização só terá efeitos positivos nas economias mais pobres se for controlada pelos governos, por meio de políticas de restrição ao êxodo rural. c) A concentração populacional em grandes cidades é uma das principais causas da disseminação da pobreza nas sociedades contemporâneas. d) Nos países mais pobres, o processo de urbanização é responsável pelo aprofundamento do ciclo vicioso da exclusão econômica e social. e) Os benefícios da urbanização não são automáticos, pois há necessidade da contribuição das políticas públicas para que eles se realizem. 04. Leia a notícia a seguir. A arborização urbana contribui para a melhoria do microclima, favorece a infiltração de água no solo, embeleza a cidade, além de inúmeras outras vantagens. Ciente disso, o prefeito do município de Sonho Dourado aprovou um projeto de lei que incentiva a população a plantar árvores na cidade. Cleiton, após ler essa mesma notícia, ficou na dúvida sobre a diferença, no Brasil, entre município e cidade e resolveu pesquisar a respeito, constatando que a) cidade engloba as zonas urbana e rural de um município. b) cidade corresponde exclusivamente à zona rural de um município.

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A01  O mundo cada vez mais urbanizado

01. (UEM PR) Sobre distribuição e dinâmica da população, assinale o que estiver correto. 01. As cidades são áreas onde concentram os maiores contingentes populacionais, característica dos países ou das regiões que se industrializaram e mecanizaram as atividades agrícolas. 02. O crescimento rápido e desordenado das cidades, nos países considerados subdesenvolvidos, provocado pelos deslocamentos populacionais, não é acompanhado no mesmo ritmo pela melhoria da infraestrutura. Por isso, esses espaços são deficientes em redes de água tratada, escolas, habitação etc. 04. A reforma agrária foi a solução encontrada pelos países desenvolvidos para, ao mesmo tempo, modernizarem a agricultura, deslocarem as populações dos espaços urbanos para os espaços rurais e acabarem com os problemas ambientais da zona rural. 08. As atividades agrícolas, ao se modernizarem com a incorporação de avançados recursos tecnológicos, passam a empregar baixa quantidade de mão de obra e contribuem para a expulsão de trabalhadores que se deslocam para os espaços urbanos. 16. Ao proteger árvores que são símbolos de sobrevivência dos povos da floresta, caso do guaraná e das castanheiras, o novo Código Florestal do Brasil conseguiu acabar com os impactos ambientais e com o esvaziamento populacional das áreas de fronteira, como o Centro-Oeste e a região Amazônica.


Geografia

c) município corresponde exclusivamente à zona rural de uma cidade. d) cidade corresponde exclusivamente à área urbana de um município. e) município corresponde exclusivamente à zona urbana de uma cidade. 05. (UERN) Analise as seguintes afirmativas.

I.

São comuns nas grandes cidades as paisagens que mostram lado a lado o moderno e o tradicional, o excessivamente luxuoso e o paupérrimo, bairros ricos ao lado de imensas favelas. II. A imagem constitui resultado do desnível entre urbanização e a oferta de novos empregos urbanos. Assinale a alternativa correta. a) As duas afirmativas são falsas. b) A primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira. c) As duas afirmativas são verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira. d) As duas afirmativas são verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.

A01  O mundo cada vez mais urbanizado

06. (UEPB) Mumbai é o principal centro financeiro e de entretenimentos e a maior cidade da Índia, com mais de 14 milhões de habitantes e uma região metropolitana que ultrapassa 22 milhões de pessoas. As fotos abaixo mostram respectivamente o principal centro econômico da cidade, Nariman Point, e a favela de Dharavi, que é a maior da Ásia.

Tais paisagens exemplificam que I. a ocupação desordenada do solo urbano ocorre em todas as grandes cidades dos países subdesenvolvidos, nas quais a segregação espacial se expressa na conivência entre espaços luxuosos que contrastam com a miséria das favelas. 452

II.

as segregações espaciais e sociais ocorrem simultaneamente na urbanização do terceiro mundo e se materializam na cidade formal dotada de toda infraestrutura e na cidade informal dos subúrbios pobres e destituídos de serviços e equipamentos urbanos. III. o crescimento dos grandes centros urbanos nos países de economia emergente está condicionado à melhoria da qualidade de vida, pois a metrópole oferece aos seus habitantes maior acesso ao emprego, à saúde, à educação, ao consumo, à cultura, à tecnologia, ao lazer etc. IV. a especulação imobiliária torna o solo urbano uma mercadoria cara e inacessível à maioria da população, que tem como única solução de moradia a construção precária em locais inadequados e de risco, que não presta para a população de maior poder econômico. Estão corretas apenas as alternativas a) II, III e IV. b) I e IV. c) II e III. d) I, II e IV. e) I, II e III. 07. (Udesc SC) As primeiras cidades, como Ur e Babilônia, surgiram na Mesopotâmia, nos vales dos rios Tigre e Eufrates, no atual Iraque. Acredita-se que, por volta de 2500 a.C., Ur chegou a ter 50 mil habitantes e Babilônia 80 mil. Sobre o aparecimento e crescimento das cidades, é correto afirmar que I. as cidades surgiram no momento em que algumas sociedades passaram a ter condições de produzir alimentos suficientes para garantir a subsistência dos agricultores e abastecer moradores urbanos que, assim, puderam dedicar-se a outras atividades. II. no desenvolvimento histórico das cidades, elas passaram a ser o lugar por excelência do comércio, do artesanato e, principalmente, passaram a ser o lugar do poder. III. depois que a humanidade criou as cidades, elas nunca mais pararam de crescer, sobretudo as cidades ocidentais que, durante a Idade Média, se reproduziram como nunca. IV. as principais cidades da Antiguidade eram aquelas com um papel político importante. O próprio termo “capital” é derivado do latim caput, que significa “cabeça”. V. renascimento urbano é o termo usado para explicar o enorme crescimento das cidades, ocorrido na era Contemporânea; tal era foi marcada pela metropolização das capitais no mundo inteiro. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras. b) Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras. c) Somente as afirmativas II e V são verdadeiras. d) Somente a afirmativa I é verdadeira. e) Todas as afirmativas são verdadeiras.


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GEOGRAFIA

MÓDULO A02

O ESPAÇO GEOGRÁFICO URBANO

ASSUNTOS ABORDADOS

As transformações do espaço geográfico urbano

n O espaço geográfico urbano

Urbanismo Um dos mais importantes fenômenos socioeconômicos da Revolução Industrial foi a urbanização. Na segunda metade do século XIX, a industrialização europeia já estava consolidada, mas como todos os segmentos do capitalismo, apresentaram (e apresentam) contradições, que foram fundamentadas na relação da industrialização com a urbanização. O grande crescimento econômico produzido por essa nova fase do capitalismo não concedeu melhorias sociais para grande parte da sociedade urbana, pois as condições de vida desses proletariados eram precárias. Viviam em moradias insalubres, agrupados, sem serviço de coleta de lixo e saneamento básico.

n As transformações do espaço geográfico urbano n Urbanismo no contexto da globalização n As diferentes urbanizações n As diferentes urbanizações no mundo em desenvolvimento n As redes urbanas e suas hierarquias n As cidades no mundo globalizado

O desenvolvimento econômico, baseado somente na exploração da mão de obra barata e nas forças do mercado, não apresentava condição mínima para surtir uma modificação para a melhoria de vida dessa parte da sociedade europeia do século XIX. Foi nesse contexto que o capitalismo industrial provocou insatisfações das camadas sociais menos privilegiadas. Esses descontentamentos foram manifestados pelas revoltas populares. Por isso, o Estado buscou soluções para tentar remediar esses problemas sociais e o planejamento urbano foi um deles. A realidade caótica de cidades como Paris e Londres eram equivalentes; ambas apresentavam problemas como a falta de saneamento básico e de espaços públicos, uma vez que suas ruas eram estreitas e sujas, apresentando grande desorganização do espaço geográfico. Os processos de mudanças físicas das cidades industrializadas deram origem ao urbanismo. Em Paris, o prefeito Barão de Haussmann (1809-1891) proporcionou uma remodelação da cidade com características estéticas e funcionais. Criou os bulevares (grandes avenidas arborizadas), largas calçadas e espaços públicos de convivência. No entanto, esse novo modelo de cidade também tinha uma função estratégica escusa, a de conter possíveis revoltas populares, já que o novo sistema viário facilitava o deslocamento das guardas parisienses e dificultava a formação de barricadas pela população revoltosa.

Figura 01 - Urbanismo parisiense com seus bulevares.

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Geografia

Fonte: Shutterstock.com

No Reino Unido, o destaque fica para o urbanista Ebenezer Howard, com um projeto de nova ordenação da cidade, que ele mesmo definiu como Cidade-Jardim. A proposta foi de estabelecer as residências em zonas rurais e conectá-las em grandes núcleos urbanos, mediante ferrovias. As zonas residenciais eram fragmentadas, com casas sendo separadas por zonas verdes; havia avenidas circulares que as rodeavam, onde ficavam os serviços (escolas, lojas e unidades de saúde) e edifícios empresariais. O modelo britânico, que também foi adotado pelos Estados Unidos, criou o conceito de cidades suburbanas (os subúrbios).

Fonte: Wikimedia commons

Figura 02 - Urbanismo londrino: subúrbio

O papel do urbanismo no século XX A primeira metade do século XX presenciou uma grande revolução no urbanismo e na arquitetura, denominada funcionalismo (ou racionalismo). A segunda Revolução Industrial, por meio de suas novas tecnologias, introduziu nas produções fabris o ferro, o aço, o alumínio, o concreto armado e o vidro em grande escala. Os elevados prédios (arranha-céus) promoveram a verticalização da cidade e condicionaram o adensamento populacional, em especial nas grandes cidades.

A02  O espaço geográfico urbano

Figura 03 - Arquiteto e urbanista Le Corbusier - “Cada coisa ocupa o seu lugar, bem alinhada em ordem e hierarquia.”

A maior relevância desse novo movimento urbano foi o arquiteto/urbanista Le Corbusier que defendia uma organização racional da cidade. Nessa concepção, o espaço geográfico urbano sofreria um zoneamento, conforme suas necessidades. Isso resultou na criação dos espaços residenciais, empresariais, comerciais e serviços, que seriam interligados por grandes vias de circulação. O urbanista destacava que o modelo funcionalista tinha como objetivo satisfazer as necessidades primordiais da sociedade: moradia saudável, organização dos locais de trabalho, boa recreação e rede de circulação eficiente.

Figura 04 - Imagem aérea da cidade de Brasília. Planejamento do urbanista Costa e Silva.

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No Brasil, a cidade de Brasília é o maior exemplo da influência do urbanismo funcionalista. Criada na década de 1950 por Lúcio Costa (projetista urbanista) e Oscar Niemeyer (projetista arquitetônico), a capital do Brasil transformou-se em um símbolo mundial do urbanismo funcionalista e da arquitetura moderna.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Fonte: Bart Sadowski / Shutterstock.com

Urbanismo no contexto da globalização Com a globalização, as cidades, em especial as maiores, passam a ter uma transformação em suas funções socioeconômicas. Se antes serviam como suporte da industrialização, hoje sofrem uma reprodução espacial para atender às necessidades do setor terciário. A globalização hierarquizou as cidades pelo mundo. As maiores cidades dos países desenvolvidos e em desenvolvimento passam a ter uma elevada demanda de serviços que atendem aos interesses do comando econômico global. Nessas cidades, encontramos as gestões das grandes corporações internacionais, do sistema financeiro mundial, de políticas globais e de desenvolvimentos tecnológicos. Dessa forma, tais cidades reforçam seu papel de comando político e econômico nacional, regional e, em alguns casos, até mundial.

As diferentes urbanizações Cidades urbanizadas em países desenvolvidos Os países desenvolvidos apresentam uma população urbana, em média, com 80% de seus habitantes. Em muitos desses países, verifica-se uma estabilidade na relação da população urbana com sua população absoluta.

Figura 05 - Os indicadores econômicos da Bolsa de Nova York influenciam todo o sistema financeiro global.

O rápido crescimento da população urbana, entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, desencadeou uma série de problemas sociourbanos. Em função da proximidade do trabalho, as regiões centrais dessas cidades detinham as maiores densidades populacionais. Taxa de urbanização em alguns países desenvolvidos (meados de 2014) País

População urbana (em %)

Alemanha

78,8

Espanha

79,5

Estados Unidos

81,2

Reino Unido

82,8

Japão

93,5

Tabela 01 - Taxa de urbanização em alguns países desenvolvidos (meados de 2014) Fonte: ONU. Word urbanization prospects: the 2014 revision. Nova York: ONU, 2014. P.2e3.

A02  O espaço geográfico urbano

Conforme a economia se desenvolvia, a urbanização crescia concomitantemente, gerando maiores problemas estruturais das cidades. No final do século XIX, a reestruturação urbana faz surgir os subúrbios. A população com maior poder aquisitivo passa por uma suburbanização, distanciando-se dos grandes aglomerados populacionais e industriais, e ainda de problemas sociais e ambientais dos centros urbanizados. Por meio de investimentos urbanísticos e sociais, as cidades dos países ricos, gradativamente, ampliaram suas manchas urbanas e desenvolveram suas funções socioeconômicas. Essas organizadas manchas urbanas deram uma nova vida para as novas grandes cidades, que passaram a ser classificadas como Metrópoles. Passaram também a absorver as atividades de mais alto poder decisório da economia e política do país de que são membros e, dependendo de seu poder de influência, podem abranger um continente ou até mesmo a esfera global.

455


Geografia

As políticas econômicas descentralizadoras dos países desenvolvidos provocaram a formação de várias Metrópoles (com diferentes escalas), em que juntas comandam todo o sistema socioeconômico do país. Isso demonstra que suas redes urbanas são menos concentradas e possuem maior distribuição populacional e de riqueza pela nação. Mesmo com toda essa estrutura, encontramos elevadas densidades demográficas em algumas de suas cidades. Essas aglomerações urbanas, mesmo sendo de países desenvolvidos, associadas às crises econômicas, acentuam ainda mais suas diferenças socioespaciais, como desemprego, queda de renda, falta de moradia, diminuição das assistências sociais, violência, conflitos étnicos e problemas ambientais. Cidades urbanizadas em países em desenvolvimento Com a chegada da industrialização nos países em desenvolvimento, as cidades que acolheram essa avalanche de empregos do segundo setor econômico passaram a ter as melhores possibilidades de trabalho. Portanto, apresentavam melhores expectativas quanto às condições de vida. Ao adicionar esse fenômeno social e econômico da chegada das indústrias às cidades, ao desenvolvimento tecnológico nas zonas rurais e às concentrações fundiárias, esses países passaram a receber volumoso número de migrantes rurais (êxodo rural), implicando uma urbanização muito acelerada e descontrolada.

#Conceito Cortiço: moradia que serve como habitação coletiva para a população mais empobrecida. Possui poucos cômodos. Favelização: fenômeno urbano que provoca uma segregação espacial materializada na criação ou expansão de uma favela. É consequência do aumento da pobreza em uma cidade.

Fonte: Wikimedia commons

Por falta de planejamento, as cidades foram se urbanizando sem a contrapartida de serviços sociais e estruturais mínimos, como condições dignas de moradia, escola, saúde, transporte, emprego, segurança e infraestrutura urbana. Assim, os menos favorecidos vão se aglomerando nas periferias, onde as condições de sobrevivência são lastimáveis, principalmente quando em contraste com áreas das urbes mais valorizadas economicamente. Os terrenos periféricos ocupados com propósitos de moradia, na grande maioria das vezes, são ocupações irregulares, e nas regiões mais centrais, é frequente o aparecimento de cortiços. Somado a isso, o abandono dos poderes públicos e o crescimento desordenado de áreas desocupadas ou consideradas de risco, por pessoas que não têm onde morar, provocam um agravamento social urbano, materializado pela favelização das cidades. As favelas e os bairros mais distantes e desfavorecidos, com baixa qualidade de vida, formam um contraponto com as áreas mais enriquecidas e estruturadas (com os mesmos padrões estadunidense e europeu). Além disso, apresentam excelente qualidade de vida, resultando em um fenômeno sociourbano denominado segregação espacial.

A02  O espaço geográfico urbano

A menor parcela da população, que apresenta melhores poderes aquisitivos, socializa-se em frações da cidade que os menos favorecidos não conseguem compartilhar, como clubes, shoppings elitizados, condomínios residenciais, teatros, cinemas, entre outros. A condição socioeconômica determina quem tem mais ou menos direitos à cidade. A falta de uma consciência coletiva ambiental da maior parte da população gera constantes agressões ao meio ambiente. Como exemplo, têm-se os avanços de moradias em áreas de mananciais, poluição atmosférica e de rios, lixos espalhados pelas ruas das cidades e especulação imobiliária de alto padrão feitas de forma irregular em áreas de preservação ambiental.

Figura 06 - Imagem da favela de Paraisópolis em contraste com prédios de alto padrão no bairro de classe alta, Morumbi, em São Paulo – SP.

456

Nos países pobres, as políticas econômicas são centralizadoras. Existem grandes diferenças sociais em suas extensões territoriais. Pode-se encontrar um polo regional com elevada pobreza e um outro polo com intensa atividade econômica e poder de decisão.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Uma das consequências dessa política econômica é possuir uma estrutura urbana com poucas metrópoles ou até mesmo com apenas uma metrópole, que irá comandar as decisões políticas e econômicas do país. Como a definição de classificar uma cidade como metrópole é de responsabilidade de cada um deles, podemos encontrar uma nação em condições de subdesenvolvimento que apresente várias metrópoles, mas sempre com maior centralização de decisão em uma delas. No Brasil, por exemplo, encontramos polos regionais com suas metrópoles, mas é a metrópole paulistana que possui o maior desenvolvimento urbano e poder decisório do País.

SAIBA MAIS ONU: 3 BILHÕES DE PESSOAS VIVERÃO EM FAVELAS EM 2050 SE O MUNDO NÃO ENFRENTAR A RÁPIDA URBANIZAÇÃO Sem novas ideias para abordar a rápida urbanização, o número de pessoas que vivem em favelas que não têm acesso à infraestrutura básica e serviços como saneamento, eletricidade e cuidados de saúde, pode subir de um bilhão para três bilhões até 2050, segundo informações da Organização das Nações Unidas. Esse despertador é um dos vários sinos de alarme que surgiu no Relatório Econômico e Social da ONU 2013, lançado em Genebra, que concentra nesse ano, no desenvolvimento sustentável e nos desafios que enfrentam suas dimensões econômicas, sociais e ambientais. De acordo com a pesquisa, a visão de promover o bem-estar econômico e social, sem perder de vista a proteção ao meio ambiente, não foi alcançada. Isso devido ao aumento da desigualdade, das lacunas e das insuficiências nas parcerias de desenvolvimento, crescimento rápido da população, mudanças climáticas e degradação ambiental. “As crescentes desigualdades, as crises de alimentos, combustível e financeiras e a violação dos limites planetários deixaram claro que a simples continuação das estratégias atuais não basta para alcançar o desenvolvimento sustentável após 2015”, apresenta o relatório. O projeto também observa que os esforços atuais são insuficientes para cumprir os objetivos antipobreza conhecidos como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Fonte: UN News Center. Disponível em http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsID=45321&Cr=sustainable#.Wm8NvainHIX. Acesso em 29.jan.2018. Texto adaptado

As diferentes urbanizações no mundo em desenvolvimento As nações em constante progresso apresentam diferenças estruturais em seus processos de urbanização. Para compreender essas disparidades, é preciso, em primeiro lugar, estudar uma classificação existente dentro desse conjunto de países. Analisemos o quadro a seguir. Classificação industrial dos países em desenvolvimento 1. Industrializados- EMERGENTES

2. Industrializados

3. Em processo de industrialização

4. Não industrializados

São países com elevados padrões e diversidades de industrialização. Obtiveram crescimentos econômicos superiores aos outros países em desenvolvimento. São exportadores de produtos industrializados. (Ex.: BRICS.)

Possuem uma diversidade de industrialização e menor volume de exportações de produtos industrializados. (Ex.: Argentina e México.)

O parque industrial desses países ainda está em fase de composição. Não apresentam quantidade e diversidade suficientes para serem classificados como industrializados. (Ex.: Colômbia, Tailândia e Malásia.)

Não apresentam uma considerada participação industrial na formação de seu PIB. Possuem uma quantidade de indústrias ínfima ou inexistente. (Ex.: Bolívia, Paquistão e países subsaarianos.)

Tabela 02 - Classificação industrial dos países em desenvolvimento

Os países que buscam o desenvolvimento e que estão em fase de industrialização seguem o mesmo modelo de urbanização desordenado e sem planejamento. Além disso, apresentam elevadas taxas de urbanização. A diferença na fundamentação da urbanização dos países não industrializados é a proeminente pobreza encontrada no campo. Nessas precárias condições, a população campesina é forçada a migrar para as cidades em busca de sobrevivência. Em algumas circunstâncias, encontram-se migrações de retorno para o campo, pois a ilusão de melhoria de vida nas áreas urbanas é desfeita com a realidade da miséria. Mesmo com esses retornos, a densidade demográfica urbana de parte desses países é elevada. 457

A02  O espaço geográfico urbano

Países em desenvolvimento


Geografia

Taxa de urbanização em alguns países em desenvolvimento (meados de 2014) País

População urbana (em %)

Paquistão

38,6

Angola

44,0

China

47,6

Bolívia

73,8

México

84,3

Argentina

93,2

Tabela 03 - Taxa de urbanização em alguns países em desenvolvimento. Fonte: ONU. Word urbanization prospects: the 2014 revision. Nova York: ONU, 2014. P.2e3

As megacidades Um outro fenômeno urbano provocado pelo acelerado processo de urbanização é a formação das megacidades. De acordo com a ONU, toda cidade que possui dez milhões de habitantes, ou mais, é considerada uma megacidade. Por possuir uma aglomeração populacional muito elevada, que chega a ser superior a muitos países, é necessário que se tenha uma composição de ações políticas e administrativas muito complexas e eficientes para alcançar uma boa gestão urbana. Esse tipo de cidade é encontrado tanto nos países desenvolvidos, como naqueles em desenvolvimento. Elas possuem centros econômicos, e os mais avançados apresentam forças influenciadoras nas decisões de várias esferas do sistema comercial, financeiro e político mundial. Por outro lado, conforme a realidade econômica de cada megacidade, podemos encontrar grandes desigualdades sociais, fruto das preeminentes concentrações de riquezas. Outro ponto importante é que seu poder de atração imigratório faz com que sua constituição populacional apresente pessoas de diversas localidades do mundo, promovendo assim uma diversidade cultural. As megacidades dos países em desenvolvimento, além do grande contingente humano, apresentam todas as deficiências sociais, econômicas, espaciais e ambientais em elevadas grandezas. Sendo assim, na perspectiva operacional e funcional, aquelas subdesenvolvidas apresentam demasiadas semelhanças. Comumente, para tentar amenizar seus problemas elementares, essas megacidades devem incluir em suas políticas públicas, investimentos em educação, habitações populares, processos de reurbanização das favelas, manutenção ambiental, segurança, espaços públicos comunitários, transportes coletivos, saneamento básico, entre outros. OCEANO GLACIAL ÁRTICO Círculo Polar Ár co Moscou Londres Istambul

Nova York Los Angeles

Cairo

Daca Calcutá Bombaim

Cidade do México

OCEANO ATLÂNTICO

Equador OCEANO PACÍFICO Trópico de Capricórnio

Rio de Janeiro São Paulo Buenos Aires

Lagos

Meridiano de Greenwich

A02  O espaço geográfico urbano

Trópico de Câncer

Círculo Polar Ár co OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

Figura 07 - As principais megacidades do mundo (2015).

458

Pequim Nova Delhi

Osaka

Tóquio

Karachi

OCEANO ÍNDICO

Manila

OCEANO PACÍFICO

Nas megacidades desenvolvidas, também encontramos problemas sociourbanos, mas em dimensões menores, resultado de maiores investimentos sociais e estruturais de seus países. Nessas aglomerações urbanas enriquecidas, nos momentos de crises econômicas internacionais, suas populações “sofrem” com quedas nos padrões sociais. Essa queda faz com que certos fenômenos comportamentais se acentuem, tais como xenofobia, preconceito e intolerância aos imigrantes que compõem a sociedade.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Tendências das megacidades Em geral, a dinâmica do aumento da quantidade de megacidades, neste século, apresenta-se muito acelerada. Elas abarcam a maior área urbana habitada do mundo. Na tabela a seguir, as Nações Unidas apresentam um estudo comparativo do aumento na quantidade de megacidades entre 1990 e 2014, e uma estimativa para 2030. Em cada ano, são apresentadas três colunas: na primeira, observamos a quantidade de megacidades que existia (ou pode existir, no caso de 2030), na segunda é indicada a somatória populacional desses centros urbanos e, por último, na terceira, apresenta-se a porcentagem da relação da somatória das megacidades apontadas com a população mundial. Portanto, em 1990, o mundo apresentava 10 megacidades, que abrigavam 153 milhões de habitantes, correspondente a 7% de toda população mundial. Crescimento das Megacidades - ONU 1990

2014

2030 (previsto)

Quantidade de megacidades

Número de habitantes nas megacidades (em milhões)

% em referência à população mundial

Quantidade de megacidades

Número de habitantes nas megacidades (em milhões)

% em referência à população mundial

Quantidade de megacidades

Número de habitantes nas megacidades (em milhões)

% em referência à população mundial

10

153

7

28

453

12

41

747

9

Fonte: ONU. Word urbanization prospects: the 2014 revision. Nova York: ONU, 2014. p.13. Adaptado.

O ritmo de crescimento das megacidades transcorre, em sua maioria, nos países em desenvolvimento e emergentes. Naqueles desenvolvidos, seus crescimentos estão mais cadenciados, em direção a uma estabilidade em seus processos de urbanização. A cidade de Tóquio é a maior megacidade de todos os tempos. Entre 1990 e 2014, ela atingiu um crescimento populacional de mais de cinco milhões de habitantes. Segundo a ONU, em 2030 a capital japonesa manterá em primeiro lugar, mas ostentando seu primeiro declínio no crescimento populacional, que acarretará no início da sua estabilidade demográfica. Outro fenômeno urbanístico relevante é o ininterrupto crescimento populacional de Nova Délhi. Em 1990, a capital indiana era classificada como a 12ª maior megacidade do mundo; em 2014, ela alcançou a 2ª colocação, perdendo somente para o Japão. Conforme projeções da ONU, em 2030, ela se manterá entre as duas maiores megacidades do mundo. Classificação das maiores aglomerações urbanas do mundo – Julho 2014 Habitantes (em milhares)

Classificação

2014

2030

1990

2014

2030

Variação da taxa média anual (%) 2010-2015

Japão

32 530

37 833

37 190

1

1

1

0,6

Nova Délhi

Índia

9 726

24 953

36 060

12

2

2

3,2

Xangai

China

7 823

22 991

30 751

20

3

3

3,4

Cidade do México

México

15 642

20 843

23 865

4

4

10

0,8

São Paulo

Brasil

14 776

20 831

23 444

5

5

11

1,4

Mumbai

Índia

12 436

20 741

27 797

6

6

4

1,6

Osaka

Japão

18 839

20 123

19 976

2

7

13

0,8

Pequim

China

6 788

19 520

27 706

23

8

5

4,6

Nova York

E.U.A.

16 086

18 591

19 885

3

9

14

0,2

Cairo

Egito

9 892

18 419

24 502

11

10

8

2,1

País

Tóquio

A02  O espaço geográfico urbano

1990

Cidade

Fonte: ONU. Word urbanization prospects: the 2014 revision. Nova York: ONU, 2014. P.26.

459


Geografia

A China possui seis megacidades, duas delas estão mencionadas no quadro acima (Xangai e Pequim). Além disso, possui dez grandes cidades (entre 5 e 10 milhões de habitantes), e a expectativa é de que até 2030 o país acrescentará mais uma megacidade e mais seis grandes cidades em seu território. Isso demonstra claramente que o processo de urbanização chinês ainda possui uma performance muito elevada e, consequentemente, apresenta um expressivo distanciamento para iniciar sua estabilidade urbanística. A Índia, atualmente, possui quatro grandes cidades (Ahmadabad, Bangalore, Chennai e Hyderabad) que, segundo estudos da ONU, ostentam eminentes taxas de crescimento populacional que darão origem a novas megacidades para o país índico. Classificação por tamanho das cidades – ONU Zona urbana

Habitantes

Megacidades

10 milhões ou +

Cidades grandes

5 a 10 milhões

Cidades médias

1 a 5 milhões

Cidades

500 000 a 1 milhão

Fonte: ONU. Word urbanization prospects: the 2014 revision. Nova York: ONU, 2014. P.16.

Cairo, Kinshasa e Lagos são as únicas megacidades africanas. A probabilidade indica que Dar es Salaam (Tanzânia), Joanesburgo (África do Sul) e Luanda (Angola), até 2030, superem a marca dos dez milhões de habitantes. A quantidade das grandes cidades também deverá aumentar, dos atuais 3 para 12, no mesmo período apresentado anteriormente.

SAIBA MAIS

Fonte: Wikimedia commons

A02  O espaço geográfico urbano

Em seus estudos, Milton Santos reclassificou a terceira Revolução Industrial como Revolução Técnico-científica informacional. Segundo ele, o desenvolvimento técnico-científico uniu a pesquisa científica com o sistema de produção, garantindo assim a evolução da rede material da globalização. Em suas articulações, defendeu a ideia de que o mundo está passando por uma transição de sociedade industrial para sociedade da informação, de forma desumanizada.

Milton Santos (1926-2001).

460

Nesse mesmo contexto, na América Latina, em 2030, as capitais da Colômbia (Bogotá) e Peru (Lima) se somarão a Buenos Aires, Cidade do México, Rio de Janeiro e São Paulo, para formarem o novo grupo de megacidades latinas. Em Nova York, é nítida a transição ocorrida para a estabilidade de sua urbanização. Entre 1990 e 2014, essa megacidade retratou um declínio em sua classificação, de 3º colocado para 9º. Sua expectativa para 2030, conforme apontam as pesquisas, é perder mais cinco posições e atingir o 14º lugar no ranking das megacidades mundiais.

As redes urbanas e suas hierarquias Diante do desenvolvimento econômico, a cidade passou a ter maior relevância para o sistema capitalista. É nesse espaço geográfico que as decisões políticas, econômicas e sociais são tomadas e podem influenciar outras cidades em diferentes escalas globais. Suas influências podem girar em torno de um pregão da bolsa de valores ou de uma deliberação governamental.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Curi ba

Entretanto, é nas cidades que encontramos, também, os movimentos sociais, culturais, reivindicatórios e ideológicos. A intensidade dessas influências acrescidas à divisão internacional do trabalho, resultou em uma classificação capitalista dos centros urbanos. A cidade passou a se sobrepor às áreas rurais e transformou-se em um centro atrativo das atividades socioeconômicas.

Joinville São Miguel do Oeste

Caçador

Xanxerê

Videira Joaçaba

Chapecó Frederico Westphalen

Concórdia

Blumenau Rio do Sul

Erechim

Florianópolis Lages

Santa Rosa Carazinho

Ijuí

Santo Ângelo

Passo Fundo Tubarão

Cruz Alta

Criciúma Araranguá

Bento Gonçalves

Essas cidades, distribuídas pelo território, passam a se articular, formando uma rede urbana, conforme os avanços científicos, tecnológicos e informacionais vão se intensificando. O conjunto de cidades de uma determinada rede urbana passa a ter maior integração, pois as distâncias entre seus espaços geográficos vão se “encurtando”. E esse fenômeno urbano, por ser fruto das necessidades de um mundo capitalista, não é limitado apenas a um espaço de um determinado país ou região, mas propagado globalmente.

Itajaí

Brusque

Lajeado Santa Cruz do Sul

Santa Maria

Caxias do Sul Novo Hamburgo - São Leopoldo

Uruguaiana

Porto Alegre

Bagé

Estrutura da rede Vinculo direto ao centro principal Vinculo a centros secundários

Pelotas - Rio Grande

Hierarquia dos centros urbanos Capital Subregional A Metrópole Capital Subregional B Capital Regional A Centro de Zona A Capital Regional B Centro de Zona B Capital Regional C Centro Local

OCEANO ATLÂNTICO

A rede urbana vai ocasionar uma hierarquização entre suas cidades. Entre elas, uma adquire certa complexidade de atividades Figura 08 - Rede urbana, área de influência da Metrópole Porto Alegre. e decisões, provocando uma relação de liderança e dependência no conjunto das cidades. Sua dinâmica de crescimento é muito mais acelerada que das demais, podendo alcançar o processo de metropolização, configurando-se como polo de atribuições vitais para os segmentos econômicos, sociais, culturais e de serviços, em Metropolização: derivado da palauma dimensão que pode ser nacional, regional ou global. vra Metrópole, que é a junção de

#Conceito

duas palavras gregas: mater, mãe, e pólis, cidade.

Hierarquia urbana A rede urbana dos países em desenvolvimento, efetivamente, é um prolongamento dos países desenvolvidos. Nova York, Londres e Tóquio, possuem grandes centros financeiros, matrizes de corporações transnacionais, fluxos de mercadorias, propagação de costumes, ideias e valores, indo muito além de suas influências nacionais, apresentando assim uma rede urbana mais complexa. Na composição dessas redes, em função dos serviços que cada uma das cidades oferece, encontramos uma escala de decisões e influências que uma possui sobre a outra, ou seja, estamos falando da hierarquia urbana. Os urbanistas desenvolveram vários estudos e hoje o Brasil possui uma variedade de tipos de hierarquias urbanas. A seguir, vamos analisar a tabela que apresenta cinco grupos urbanos. Hierarquia urbana ou

Possui o poder de influenciar nas decisões do seu país e de todo o mundo (ex.: Nova York e Londres).

Metrópole nacional

Seu poder de influência se limita ao seu país de origem. Em muitos casos, é a própria capital do Estado.

Metrópole regional

Apresenta maior oferta de serviços especializados. Possui um raio de ação que ultrapassa os limites do estado do qual faz parte.

Capital regional

Serve como cidade-núcleo de diversos centros regionais de menor porte. Não extrapola os limites de seu estado.

Centro regional

Apresenta influência em cidades menores e vilas. Sua ação é deliberada pela influência de outros centros regionais.

A02  O espaço geográfico urbano

Metrópole global cidade mundial

Tabela 07 - Hierarquia urbana

461


Geografia

SAIBA MAIS Com a tecnologia da informação, as cidades-membros de uma rede urbana passaram a ter maior correlação, independentemente de sua posição hierárquica. No esquema clássico, cada cidade era limitada a se relacionar com as cidades vizinhas diretas. No esquema atual, a interação direta entre os membros da rede urbana demonstra a eficiência da rede imaterial da globalização (tecnologias de comunicação).

A inter-relação das cidades dentro de uma rede urbana.

As cidades no mundo globalizado Metropolização É um fenômeno que ocorre quando em determinada rede urbana uma das cidades integrantes passa a configurar-se como um centro de funções elementares para os segmentos socioeconômicos, culturais e de serviços, que pode alcançar um predomínio regional, nacional ou global. Em seu processo de metropolização, o espaço geográfico passa a ser reproduzido para atender suas novas finalidades. As indústrias vão sendo transferidas para outras localidades fora da cidade e abrem espaço para uma reestruturação espacial com elevada infraestrutura. Somado a isso, ocorrem grandes investimentos em transportes e tecnologias informacionais. Encontramos sistemas de transportes interligados como ferrovias, linhas de metrô, rodovias, vias marítimas e fluviais, além de entroncamentos aéreos. A cidade passa a ser o centro de uma rede de informações com grande eficiência. Com essas novas estruturas, o setor terciário passa a ser uma das principais características da cidade. As sedes de grandes empresas, de sistemas financeiros, comerciais, bancários e profissionais liberais vão intensificando cada vez mais suas atividades neste novo espaço urbano.

A02  O espaço geográfico urbano

Fonte: Wikimedia commons

Concomitantemente, os problemas sociais intensificam-se, pois a metrópole passa a ter uma grande aglomeração humana. Uma quantidade de pessoas mais elevada que a capacidade da cidade de suprir suas necessidades sociais e econômicas. As áreas mais centrais e antigas passam a sofrer uma gentrificação, pois há uma implementação de revitalização urbana em seu espaço geográfico e, consequentemente, a valorização imobiliária dessa área fica muito onerosa para as classes menos favorecidas. Expulsos de tais áreas, eles buscam as periferias da cidade, salientando cada vez mais as segregações espaciais e podendo proporcionar uma macrocefalia urbana.

Figura 09 - A conurbação na Metrópole de São Paulo. Observe na imagem de satélite, que os elementos urbanos (em azul) da cidade se entrelaçam com várias cidades em seu entorno.

462

Os antigos operários fabris, na maioria das vezes, não conseguem mais uma recolocação no mercado de trabalho, pois a cidade agora apresenta características que não se encaixam ao perfil desses trabalhadores.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Esse contexto, a mancha urbana vai se expandindo pelo seu município até chegar ao ponto de ocorrer uma junção física com uma ou mais cidades, engendrando um fenômeno urbano intitulado de conurbação. Isso significa a união de duas ou mais cidades, formando uma área urbana contínua, mas mantendo suas autonomias político-administrativas. Megalópoles Megalópole é um fenômeno urbano em que um aglomerado de duas ou mais regiões metropolitanas estão interligadas por meio de processos de conurbação. As relações entre essas metrópoles são intermediadas por grandes estruturas de transporte e fluxos de informações, mercadorias, pessoas e serviços.

135° L MAR DO JAPÃO Ilha Honsh Kawasaki

35° N

Yokohama Nagoya Kyoto Kobe Hiroshima

Okayama

Shimonoseki Kitakiushu Fukuoka

Osaka

Tóquio Chiba

Toyota Yokkaichi

Hamamatsu

Takamatsu Ilha Shikoku

Nagasaki Ilha Kiushu

OCEANO PACÍFICO

Figura 10 - Megalópole japonesa.

Figura 11 - Megalópole San-San – Estados Unidos

Principais megalópoles do mundo Nome da Megalópole/ País

Metrópoles-membros

População/ aproximadamente

Japonesa/Japão

Tóquio a Nagasaki

100 milhões de hab.

Boswash/E.U.A

Washington a Boston

50 milhões de hab.

Chipitts/E.U.A

Chicago a Pittsburgh

50 milhões de hab.

San-San/E.U.A

San Francisco a San Diego

40 milhões de hab.

Renana/Países Baixos e Alemanha

Amsterdã (Países Baixos) a Stuttgart (Alemanha)

35 milhões de hab.

A02  O espaço geográfico urbano

Cidades globais No contexto da globalização, algumas cidades conquistaram maiores relevâncias. Assim, elas intensificaram seus poderes de determinarem as diretrizes econômicas, sociais, culturais e políticas pelo mundo. Passaram a sediar grandes potências empresariais de elevadas tecnologias (escritórios administrativos de comando) e as principais bolsas de valores. São os principais nós de comando capitalista na rede internacional da globalização. A maioria dessas cidades está concentrada em países desenvolvidos. Nos países em desenvolvimento, mesmo tendo o status de cidades globais, elas possuem menor relevância em comparação com as cidades mais ricas.

463


Geografia

As cidades com maior poder de decisão no mundo foram classificadas pela Globalizationand World Cities (GaWC) em três grupos, com seus respectivos subgrupos. Londres e Nova York são as que têm maior poder de influência na rede de cidades globais. Classificação de parte das cidades globais, segundo a GaWC (2016) Grupo

As principais cidades-membros

Alpha ++

Londres e Nova York

Alpha +

Hong Kong, Paris, Cingapura, Shangai, Tóquio, Beijing (Pequim) e Dubai.

Alpha

Sydney, São Paulo, Cidade do México, Milan, Chicago, Moscou e Frankfurt.

Alpha -

Dublin, Nova Delhi, Washington, San Francisco, Buenos Aires e Barcelona.

Beta +

Munich, Atlanta, Budapest, Copenhagen, Düsseldorf, Kiev e Roma.

Beta

Doha, Montevideo, Philadelphia, Berlin, Vancouver, Beirute e Sofia.

Beta -

Minneapolis, Quito, Kuwait (cidade), Panamá (cidade), Seattle e Manchester.

Gama +

Guayaquil, Porto, Colombo, Detroit, Osaka, San Jose (E.U.A), São Petersburgo.

Gama

Phoenix, Guadalajara, Tbilisi, Ankara, Minsk, Luanda, Dalian, Austin.

Gama -

Bristol, Dakar, Belfast, Bristol, Orlando, Bilbao, Strasbourg, Baltimore e Maputo. http://www.lboro.ac.uk/gawc/world2016t.html. Acesso em 02.fev.2018.

As cidades tecnopolos A Revolução técnico-científica, iniciada no século XX, foi o início de uma das pilastras da estruturação da globalização. Chamada pelo geógrafo Milton Santos de “Revolução Técnico-científico-informacional”, desencadeou uma junção do conhecimento científico com a reprodução do capital. Essa constante evolução tecnológica passa a ser o epicentro das relações econômicas. As cidades tecnopolos são resultados de uma organização espacial focada em tal evolução. Totalmente estruturadas, com elevados níveis de infraestrutura, apresentam uma relação íntima e ativa entre centros universitários de pesquisas avançadas com empresas de alta tecnologia, principalmente nas áreas de telecomunicações, informática e biotecnologia. OCEANO GLACIAL ÁRTICO Círculo Polar Ár co Cambridge Paris Axe Sud Munique

Boston

Tsukuba Taedok Kansai

Vale do Silício

Manila

OCEANO ATLÂNTICO Equador OCEANO PACÍFICO Trópico de Capricórnio

Círculo Polar Ár co OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

Figura 12 - Os principais tecnopolos mundiais.

464

Meridiano de Greenwich

A02  O espaço geográfico urbano

Trópico de Câncer

OCEANO ÍNDICO

OCEANO PACÍFICO

Um dos mais antigos e produtivos tecnopolos do mundo encontra-se em Boston, cidade que sedia as universidades de Harvard e MIT (Massachusetts Institute of Technology). Nesse cenário, encontramos as relações dessas universidades com empresas de produção tecnológicas e indústrias bélicas. Os poucos tecnopolos existentes em países em desenvolvimento, como o Brasil (São José dos Campos, Campinas e São Carlos), possuem níveis equivalentes à importância que seus governantes imprimem sobre a valorização do conhecimento, ou seja, muito baixo.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios de Fixação

Segundo análise qualitativa, as aglomerações urbanas apontadas no mapa exercem influência sobre outras, em diferentes intensidades, em várias partes do planeta. Essas aglomerações são classificadas como a) globais. b) tecnopolos. c) megalópoles. d) megacidades. 02. (IF RS) “Aglomeração urbana inchada, fenômeno típico dos países subdesenvolvidos. Não oferece adequadas condições de vida aos seus moradores no tocante a serviços básicos e de infraestrutura, como saúde, educação, saneamento, iluminação, emprego [...]”. TAMDJIAN, James Onnig & MENDES, Ivan Lazzari. Geografia Geral e do Brasil: Estudos para a compreensão do espaço. São Paulo: FTD, 2004. p. 37.

As características apresentadas definem o que se conhece por a) município. b) conurbação. c) área metropolitana. d) macrocefalia urbana. 03. (UECE) As megalópoles são as formas urbanas mais originais e mais específicas entre aquelas que geram o processo de metropolização. Considerando-se as muitas interpretações desse conceito, é correto afirmar que a) megalópoles correspondem a vastas regiões, de forma geralmente dispersa, sobre várias centenas de quilômetros, caracterizadas por uma urbanização intensa, mas não necessariamente contínua, que são articuladas por uma densa rede de metrópoles próximas umas das outras. b) a originalidade geográfica das megalópoles está no fato de serem hierarquias urbanas, cujo comando é exercido por uma metrópole a subordinar cidades médias e pequenas. c) se entende por megalópole, um processo de urbanização predatório, que amplia diferenças econômicas entre certas zonas urbanas e rurais, cria bolsões de pobreza nos grandes centros urbanos e generaliza problemas de saúde pública, marginalidade, desemprego e carência de serviços.

d) megalópole é o grande centro urbano/metropolitano que comanda uma economia internacional e materializa, na paisagem, suntuosos eixos de prosperidade imobiliária e centralidade financeiro-empresarial. 04. (Fac. Albert Einstein SP) “Na atual fase da economia global, é precisamente a combinação da dispersão global das atividades econômicas e da integração global, mediante uma concentração contínua do controle econômico e da propriedade, que tem contribuído para o papel estratégico desempenhado por certas grandes cidades, que denomino cidades globais.” SASSEN, Saskia. As cidades na economia mundial. São Paulo: Studio Nobel, 1998, p.16-17

Partindo do texto acima, assinale a alternativa que caracteriza corretamente cidades globais: a) estruturam-se como aglomerados urbanos e econômicos, sendo centros vitais da dinâmica capitalista atual e estão localizadas apenas em países desenvolvidos. b) definem-se como cidades de comando da economia mundial por se destacarem como centros financeiros e bancários e como polos de pesquisa em ciência e tecnologia. c) definem-se como megacidades, pois é o total populacional o responsável por sua capacidade de polarizar a economia em vários aspectos como no caso de Mumbai. d) organizam-se a partir de uma rede de serviços que as interligam pelo planeta. Também têm como característica serem consideradas centros sub-regionais de polarização urbana. 05. (UEFS BA) Os conhecimentos acerca da urbanização mundial permitem afirmar que: a) os agentes imobiliários contém a segregação espacial e promovem a função social includente da terra. b) a América Central continental apresenta fraca urbanização, em razão da permanência de economias agroexportadoras e de governos ditatoriais. c) as cidades globais estão inseridas em todos os continentes e é o critério quantitativo que as define, de modo que o número de habitantes nessa categoria hierárquica é igual ou superior a dez milhões. d) a oferta de moradias resultante das políticas governamentais brasileiras foi capaz de, praticamente, eliminar o déficit habitacional e estabelecer um equilíbrio entre a oferta e a demanda nesse setor. e) a formação de megacidades em países subdesenvolvidos está vinculada, dentre outros fatores, à concentração fundiária no campo e à atração por empregos, saúde e educação urbanos.

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A02  O espaço geográfico urbano

01. (Uerj RJ)


Geografia

Exercícios Complementares 01. (Fatec SP) A cartografia temática trata da representação de temas específicos, como geologia, geomorfologia, pedologia, uso e ocupação do solo de um determinado espaço geográfico. O mapa de uso e ocupação do solo é elaborado a partir da interpretação de imagens de satélites e fotografias aéreas, e é amplamente empregado no planejamento a) agrícola, pois nesse mapa está indicada a profundidade do solo, fator determinante para a definição de áreas prioritárias para conservação ambiental. b) agrícola, pois nesse mapa estão indicadas as áreas mais férteis para o desenvolvimento de determinadas culturas. c) agrícola, pois nesse mapa estão definidos os tamanhos dos lotes e o índice pluviométrico da área cartografada. d) urbano, pois nesse mapa estão presentes informações que podem ser utilizadas no direcionamento da expansão das cidades. e) urbano, pois nesse mapa estão localizadas e detalhadas as informações sobre os equipamentos urbanos existentes no subsolo de uma determinada área.

c) intensifica ainda mais as desigualdades sociais, pois torna as áreas centrais espaço exclusivo de grandes empreendimentos comerciais. d) minimiza os problemas urbanos decorrentes da exclusão social, pois reacomoda as classes sociais menos favorecidas a espaços urbanos mais adequados. e) ignora o abismo existente entre as classes sociais no país ao privilegiar os agentes urbanos em detrimento de uma parcela significativa da população que vive em áreas rurais. 03. (Uerj RJ) Nas imagens, estão representadas a malha urbana da cidade de Toledo, com suas ruas estreitas de origem medieval, e a de um bairro de Los Angeles, cidade estadunidense que se expandiu principalmente após a Segunda Guerra Mundial.

02. (Puc PR) O fenômeno fundamentalmente urbano, conhecido como gentrificação, consiste em uma série de melhorias físicas ou materiais e mudanças imateriais econômicas, sociais e culturais que ocorrem em alguns centros urbanos antigos, os quais experimentam uma apreciável elevação de seu status. Caracteriza-se normalmente pela ocupação dos centros das cidades por uma parte da classe média, de elevada remuneração, que desloca os habitantes da classe baixa, de menor remuneração, que viviam no centro urbano. O deslocamento vem acompanhado de investimentos e melhorias tanto nas moradias quanto em toda área afetada, tais como comércio, equipamentos e serviços. Isto implica, portanto, mudanças no mercado de solo e habitacional. Em conjunto, o fenômeno proporciona uma maior estima das áreas renovadas e, inclusive, uma recuperação do valor simbólico dos centros urbanos. De fato, tal como tem assinalado J. Van Weesep, atualmente considera-se a gentrificação como expressão espacial de uma profunda mudança social. A02  O espaço geográfico urbano

Fonte: Maria Alba Sargatal Bataller. Revista Continentes (UFRRJ), ano 1, n. 1, 2012.

Ao se analisar o texto, constata-se que o processo de gentrificação a) torna-se antagônico, pois ao mesmo tempo que incorpora novos elementos sociais a um espaço degradado, expulsa outros elementos. b) resgata áreas degradadas, democratizando-as e incorporando-as ao restante da cidade.

466

A diferença entre as duas malhas urbanas é explicada pela relação entre dois fatores que contribuíram para a organização desses espaços, embora em épocas bastante distintas. Esses fatores estão apontados em: a) concentração financeira – processo de verticalização b) atividade econômica – especialização funcional c) nível técnico – padrões de circulação d) perfil de renda – segregação social


Ciências Humanas e suas Tecnologias

05. (Puc SP) Leia este trecho de entrevista para responder à questão: “Nada pode justificar os atentados, mas temos que entender por que esses franceses se tornaram terroristas, para não deixar outros de nossos filhos caírem nessa barbaridade. Estamos colocando R$ 1,5 trilhão na segurança antiterrorista, que é necessária, mas deveríamos investir também nos guetos, que abrigam quase só imigrantes e filhos de imigrantes nascidos na França. Há guetos com quatro mil apartamentos, onde se vive em condições horríveis. Essas construções foram um erro e temos que assumir isso.” (Revista BRASILEIROS. Uma consulesa além dos brioches. São Paulo: Brasileiros Editora, nº 91, fevereiro/2015. p. 38)

A consulesa também se refere e dá grande importância à questão dos guetos como componente dessa situação na França. Sobre isso pode-se dizer que a) guetos são realidades urbanas que expressam o mais elevado grau de segregação urbana, fenômeno geográfico com potencial de desagregação social.

b) guetos são realidades urbanas inevitáveis e, muitas vezes, benéficas, pois neles os iguais se encontram e se protegem das populações que lhes são hostis nas cidades. c) guetos são realidades cada vez mais incomuns nas cidades do mundo, mas alguns ainda sobrevivem, especialmente onde há imigração estrangeira. d) guetos ocorrem em cidades que concentram populações com muitas diferenças culturais. Outros fatores, como o econômico, estimulam pouco o seu surgimento. 06. (Unicamp SP) O processo contemporâneo de metropolização do espaço e a grande metamorfose que vem ocorrendo em algumas metrópoles têm significado mudanças territoriais expressivas. Há intensificação e multiplicidade de fluxos de pessoas, mercadorias e informações, bem como crescimento do número de cidades conurbadas, onde não se distingue muito bem, na continuidade da imensa área construída, o limite municipal de cada uma delas. Tanto em São Paulo, por exemplo, como na Cidade do México, em Buenos Aires ou em Santiago, vamos encontrar a manifestação desse momento mais avançado da urbanização. (Adaptado de Sandra Lencioni. A metamorfose de São Paulo: o anúncio de um novo mundo de aglomerações difusas. Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba, n.120, p. 133-148,jan./jun., 2011.)

Tendo em vista a metrópole contemporânea, é correto afirmar que se trata de uma a) única aglomeração, mas dispersa e fragmentada, onde fluxos imateriais regem um conjunto diferenciado de lugares. b) única aglomeração, pois é compacta e coesa, onde fluxos imateriais regem um conjunto diferenciado de lugares. c) metrópole compacta e coesa, organizada exclusivamente por uma estrutura hierárquica de fluxos imateriais. d) metrópole dispersa e fragmentada, organizada exclusivamente por uma estrutura hierárquica de fluxos materiais. 07. (UFU MG) Uma definição de favela não deve ser construída em torno do que ela não possui em relação ao modelo dominante da cidade. Pelo contrário, as favelas devem ser reconhecidas em suas especificidades socioterritorial e servirem de referência para a elaboração de políticas apropriadas a estes territórios. Disponível em: <http://www. O que é favela, afinal? / organizador: Jailson de Souza e Silva. – Rio de Janeiro: Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, 2009. > Acesso em: 18 de jan. 2016.

O território apresentado é caracterizado, em parte ou em sua totalidade, pelas seguintes referências, EXCETO: a) ocupação marcada pela alta densidade de habitações com grau de soberania do Estado superior à média do conjunto da cidade. b) forte estigmatização socioespacial, especialmente inferida por moradores de outras partes da cidade. c) edificações predominantes caracterizadas pela autoconstrução que não se ordena pelos parâmetros definidos pelo Estado. d) insuficiência histórica de investimentos do Estado e do mercado formal, principalmente imobiliário, financeiro e de serviços. 467

A02  O espaço geográfico urbano

04. (UEM PR) Estima-se que mais de 54% da população mundial, atualmente, vivam em áreas urbanas. Sobre o espaço urbano e sobre o processo de urbanização, assinale o que for correto. 01. A macrocefalia ocorre quando uma cidade se expande horizontalmente, em função de uma grande concentração de atividades econômicas como serviços financeiros, de gestão e comércio, atraindo a população pobre para a periferia. 02. Nos EUA, até a década de 1990, as pessoas pobres concentravam-se em bairros do centro das cidades, como ocorreu em Chicago e Nova York. Com a implantação de projetos e de empreendimentos imobiliários de revitalização, os moradores de baixa renda tiveram que se deslocar para os subúrbios mais afastados. 04. As habitações informais situam-se em zonas degradadas, como vertentes de morros (sujeitas a deslizamentos de terra), mangues ou áreas suscetíveis a enchentes. Tais zonas não contam normalmente com serviços de saneamento básico ou iluminação pública. Isto ocorre porque o solo urbano torna-se uma mercadoria disputada por diferentes agentes sociais e econômicos que se apropriam das melhores áreas. 08. A violência urbana está provocando a criação de espaços fechados, isolados, que funcionam como fortalezas em meio ao caos urbano. No Brasil, os condomínios fechados – alguns com dimensão de pequena cidade – abrigam famílias com alto poder aquisitivo, e se espalham pelas áreas urbanas. 16. O espaço urbano é amplamente dominado por agentes hegemônicos (incorporadoras, imobiliárias, Estado) que impõem investimentos direcionados para seus interesses, negligenciando investimentos sociais e excluindo os pobres. No processo de segregação espacial, torna-se uma mercadoria disputada por diferentes agentes sociais e econômicos, que utilizam estratégias para valorizar áreas de interesse.


FRENTE

A

GEOGRAFIA

MÓDULO A03

ASSUNTOS ABORDADOS n Os problemas socioambientais

urbanos

n Consumindo o espaço urbano n A poluição atmosférica urbana n Lixo urbano n Ocupações em encostas n As águas urbanas contaminadas

OS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS URBANOS Consumindo o espaço urbano Os espaços urbanos, principalmente das grandes cidades, são incessantemente transformados. Muitos deles já sofreram modificações quase que completas nas características originais de seus sítios, onde assentam-se suas manchas urbanas. Para se ter ideia, os percursos dos rios são alterados ou canalizados. As grandes áreas de vegetação nativa são substituídas por pequenos espaços com segunda natureza, como as praças, por exemplo. As áreas com declive são tomadas por submoradias, ou até mesmo por moradias de alto padrão. As ruas e avenidas, que em algumas das cidades correspondem a 50% das áreas de solos cobertos pelo espaço geográfico, em conjunto com as demais construções, impermeabilizam a maior porcentagem da superfície urbana. A maioria das cidades apresenta altos índices de poluição na atmosfera, na água e nos solos. Esses poluentes alteram constantemente o ambiente urbano do qual a sociedade faz parte. Por sua vez, essa sociedade tem o consumo como intermediário das relações sociais, sendo assim, o espaço geográfico é o resultado dessas relações. Além disso, o espaço urbano, direta ou indiretamente, é o maior consumidor de recursos naturais da Terra e, consequentemente, produz um elevado volume de lixo doméstico, hospitalar e industrial. Nesse contexto, a cidade passa a ser “consumida” por ser limitada a ser um suporte de produção capitalista, de consumo e de depósito de dejetos sociais.

A poluição atmosférica urbana Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 90% da população que vive em áreas urbanas convive com a qualidade do ar abaixo dos limites mínimos estabelecidos pela entidade. Isso ocorre devido à falta de planejamentos governamentais e de consciência da sociedade como um todo. O estudo da estrutura geográfica é muito importante para se planejar a formação de uma cidade, bem como sua industrialização e urbanização.

Figura 01 - Um mês antes do início das olimpíadas de Pequim em 2008, o governo chinês mandou desativar todas as indústrias da cidade para que o ar ficasse menos poluído durante as competições. Mas muitas delegações dos países participantes ainda reclamaram das más condições atmosféricas.

468

A cidade do México, intensamente industrializada e urbanizada, localiza-se em uma região depressiva, com formações montanhosas em seu entorno. A concentração de poluentes não consegue se dispersar. Na década de 1970, Cubatão, situada na região litorânea de São Paulo, foi considerada a cidade mais poluída do mundo. A alta concentração industrial não foi a única responsável, mas a escolha de seu local geográfico também foi um contribuinte. A cidade encontra-se de forma adjacente à Serra do Mar, formando um verdadeiro paredão que dificulta a dispersão dos gases poluentes. Em Pequim, capital chinesa, devido ao elevadíssimo nível de poluição atmosférica, somado a períodos úmidos, ocorre um fenômeno conhecido como Smog, dificultando a respiração e a visibilidade. Assim, as duas cidades passaram a ter problemas econômicos devido aos excessos de poluentes na atmosfera, na água e no solo. E para reverter a situação, implementaram políticas de controle, a fim de reduzir a poluição. Contudo, essas medidas foram tomadas para amenizar os problemas econômicos e não exatamente por questões ambientais e humanitárias.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Inversão térmica A inversão térmica é um fenômeno atmosférico que ocorre naturalmente. Isso acontece quando a camada de ar quente mais próxima da superfície terrestre se sobrepõe ao ar frio que estava na camada superior. Nesse momento, há uma inversão; o ar quente fica acima do ar frio. O ar frio é mais denso e fica mais concentrado na parte da atmosfera adjacente à superfície terrestre. Durante o inverno, esse fenômeno é mais intenso, pois o ar mais frio fica mais denso, impedindo a dispersão dos gases nas camadas mais próximas do solo. Quando os gases poluentes são parte integrante da atmosfera das cidades, a concentração desses fica mais elevada. Durante o perío- Figura 02 - Representação do fenômeno atmosférico Inversão térmica. do noturno, as indústrias e os veículos não param de funcionar nas áreas urbanas e, com a inversão térmica, o ar frio não deixa esses poluentes dispersarem, provocando enormes problemas respiratórios para a população. Essa situação só é alterada com o aquecimento do ar (ou seja, na presença do sol) ou com a chegada de massa de ar que tem a capacidade de dispersar a concentração dos gases nocivos. Chuva ácida Um vulcão, quando entra em erupção, libera uma mistura de diferentes gases com predominância de vapor de água e dióxido de carbono. Entretanto, podemos encontrar conjuntamente dióxido de nitrogênio (NO2), dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), sulfeto de hidrogênio (H2S), cloreto de hidrogênio (HCl), entre outros. Essas moléculas, em contato com a água da camada atmosférica, promovem reações químicas, produzindo substâncias ácidas. Por consequência, a água fica com o pH baixo (podendo chegar a 3), tornando-se uma solução ácida. No entanto, como a emissão dos gases pelos vulcões não é algo constante, e nem todos eles entram em erupção ao mesmo tempo, a natureza consegue reequilibrar o sistema atmosférico. 2 NO2(g) + H2O(l) → HNO2(aq) + HNO3(aq) SO2(g) + H2O(l) → H2SO3(aq)

A03  Os problemas socioambientais urbanos

Fotoxidação

Figura 03 - Esquema da formação da chuva ácida.

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Geografia

Nas cidades mais industrializadas, com maiores concentrações de veículos, ocorrem chuvas ácidas por meio de ações antrópicas. Essas chuvas contaminam córregos, rios e solos, comprometem as vegetações, afetam a fauna e provocam erosões em monumentos. Nos seres humanos, a chuva ácida pode provocar problemas dermatológicos, respiratórios e oculares. Ilhas de calor Figura 04 - Chuva ácida pelo mundo.

Como já vimos, o ambiente urbano, constantemente, sofre grandes alterações, e entre elas encontram-se as diferenças climáticas. Ao compararmos, no mesmo instante, a situação climática do centro de uma cidade com uma localidade vizinha, com menor concentração de materiais urbanos e mais corpos vegetativos, verificamos que a temperatura da área urbana é mais quente. A urbanização proporciona alterações nos fenômenos climáticos da cidade, como elevações na temperatura média e aumento pluviométrico. O aumento da pluviosidade está relacionado diretamente à poluição atmosférica. O elevado volume de partículas no ar contribui para a condensação da água e, consequentemente, para a formação das nuvens.

A03  Os problemas socioambientais urbanos

A temperatura média fica mais alta, pois a cidade é constituída de muito asfalto e concreto, elementos que possuem grande potencial de retenção de calor. Nessas localidades, há ainda a grande concentração de edificações, que dificultam a circulação do ar. Para agravar a situação, ocorre ainda volumosa emissão de gases do efeito estufa e falta de áreas verdes. Nessas condições, a temperatura média fica mais alta e esses espaços urbanos tornam-se “ilhas térmicas”.

Figura 05 - Mapa de Ilhas de calor mostrando variação de temperatura numa cidade.

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Lixo urbano O lixo urbano é uma questão cada vez mais complexa para a população. E essa problemática atinge as cidades de qualquer tamanho e força econômica. A sociedade, que é doutrinada ao consumismo, gera uma quantidade exorbitante de lixo. O desperdício, mais praticado em países subdesenvolvidos, é outro contribuinte para agravar essa situação. Ao comparar a composição do lixo entre países desenvolvidos com aqueles em desenvolvimento, veremos que os subdesenvolvidos possuem maior quantidade de material orgânico, o que significa que há desperdício de alimentos. Nos países mais ricos, o volume do lixo é maior, mas com baixa composição de materiais orgânicos. O mundo parece vivenciar a era das embalagens, materiais facilmente encontrados nos lixos e que possuem as mais diversas procedências, tais como residências, lojas, hospitais, indústrias, escolas, entre outros. Muitas delas são sofisticadas, fabricadas com grande quantidade de componentes, sem condições de reciclagem. Outro fator relevante que atinge as grandes cidades é a concentração populacional e o crescimento demográfico. Em muitos casos, a cidade não se prepara previamente para esses fenômenos populacionais, que geram um considerável aumento no volume de lixo. A falta de políticas públicas para investir em educação, a fim de conscientizar a população (sustentabilidade) quanto à implantação de coleta seletiva, fiscalização de indústrias, hospitais e lojas no que se refere aos tipos de lixos descartados, e aos estudos para determinar o destino do lixo (aterro sanitário ou usina de compostagem), apresentam-se como a maior questão para tentar resolver o problema do lixo nas cidades.

Material

Decomposição em

Papel

3 meses ou mais

Fósforos

6 meses

Frutas

6 a 12 meses

Cigarros

1 a 2 anos

Chiclete mascado

5 anos

Lata de aço

10 anos

Plástico

Mais de 100 anos

Garrafa de vidro

Milhares de anos

Lata de alumínio

Mais de 1 000 anos

Tabela 01 - Período de decomposição para alguns materiais.

Figura 06 - O lixo produzido nos grandes centros urbanos causa impactos dos mais variados possíveis. Como exemplo, podemos citar desde a poluição visual e mau cheiro à proliferação de agentes transmissores de doenças.

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A03  Os problemas socioambientais urbanos

Tempo para a decomposição de alguns materiais


Geografia

Os destinos do lixo urbano

SAIBA MAIS Adamantina é um dos 163 municípios paulistas que ainda acumulam resíduos sólidos orgânicos ou inorgânicos a céu aberto, como os lixões. O processo de decomposição dos resíduos propicia a formação do chorume: também conhecido como percolado. Esse resíduo apresenta odor forte e característico, além de coloração bem escura. Sua formação vai depender dos materiais decompostos constituintes do lixão (orgânico ou inorgânico), do tipo de solo e do nível de umidade do local.

Lixão

É considerada a pior opção. Sem controle ou tratamento algum, o lixo urbano é despejado em um terreno mais afastado da cidade. Por ser lixo de várias procedências, inclusive hospitalar, podemos encontrar alto nível de contaminação para os catadores e as comunidades próximas. O chorume produzido é outro agravante, pois ao penetrar no solo, ele pode contaminá-lo e, em muitos casos, pode alcançar o lençol freático.

Aterro sanitário

Os aterros sanitários conseguem reduzir o volume dos resíduos sólidos. Basicamente, um aterro sanitário consiste em compactar e cobrir o lixo diariamente com materiais impermeáveis e terra, em cada camada. Muitos deles conseguem explorar o biogás produzido pela decomposição dos materiais orgânicos. Todo o chorume é captado por recipientes e não polui a terra, nem a água. Esse sistema oferece menor risco à saúde pública.

Usina de compostagem

Todo lixo orgânico é separado e transformado em adubo. É indicado para lixos domésticos mas, em grande quantidade, produz forte odor aeróbico. Pode trazer riscos à saúde pública pela possibilidade da dispersão de micro-organismos.

Usina de reciclagem

A separação do lixo traz a possibilidade de reutilização de parte dos materiais de forma sustentável. Surge a necessidade de dar um destino para a outra parte do lixo que não é reaproveitável.

Incineração

Possibilita a redução do volume de lixo entre 60% e 90%. Mas o procedimento produz gases poluentes, comprometendo a atmosfera da cidade. Suas cinzas podem poluir o solo, a água e o ar. O custo desse procedimento é elevado.

Tabela 02 - Opções de destino para o lixo produzido nas cidades.

A03  Os problemas socioambientais urbanos

Todos os procedimentos demonstrados acima apresentam certo nível de inadequação. Assim, a melhor estratégia é reduzir a produção de lixo. A educação ambiental é fundamental para alcançar esse objetivo.

Figura 07 - Entenda como funciona um aterro sanitário com estação de biogás.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias

Fonte: Wikimedia commons

Ocupações em encostas Os deslizamentos que ocorrem em regiões com grande declividade é um fenômeno natural que a geografia explica como reestruturação do relevo. Esse fenômeno passa a ser um problema socioambiental quando a urbanização desenfreada e segregadora do espaço geográfico obriga os menos favorecidos a construírem suas moradias em áreas de risco, como vertentes de morros e montanhas. Esses pontos geográficos possuem alta suscetibilidade em processos erosivos, que propiciam os deslizamentos. Soma-se ainda a declividade do relevo à alta pluviosidade e ao desmatamento. Nessas circunstâncias o solo fica altamente fragilizado, pois ele é raso e no seu subsolo podem ser encontradas estruturas rochosas de grande porte e elevado peso, que por ação da gravidade provocam os deslizamentos.

Figura 08 - As fortes chuvas em Salvador contribuíram para um grande deslizamento em uma das 600 áreas de risco da cidade (27 abr. 2016).

Nesses casos, o poder público deve realizar estudos para elaborar um mapa de zonas de risco e vulnerabilidade. Em tais lugares não podem existir moradias, comércios, indústrias, clubes etc. Mas a falta de fiscalização e prevenção das prefeituras facilita a tomada desse tipo de área por parte da população. A seguir, temos o mapa de risco e vulnerabilidade de Porto Alegre (RS). Em 2011, a prefeitura instituiu o Decreto Lei N° 16.931, criando o Programa de Fiscalização e Monitoramento Urbano Ambiental da cidade. O esquema abaixo apresenta um esboço do mapa de riscos e vulnerabilidades da área urbana. As regiões problemá cas Alagamentos Deslizamentos Alagamento e deslizamento

A03  Os problemas socioambientais urbanos

Incêndio

473


Geografia

As águas urbanas contaminadas A poluição de rios, represas, córregos e lagos apresenta-se como mais um grande problema socioambiental para as cidades. Esses corpos de água são fundamentais para o ecossistema urbano e servem como fonte de abastecimento para a população. O excesso de poluição provocado por contaminações de elementos físicos, químicos e biológicos dificulta muito o tratamento para despoluição feito pela empresa fornecedora de água. Essa dificuldade não se limita à parte técnica dos procedimentos, mas também aos custos elevados que são repassados para a sociedade. Com isso, os problemas socioambientais se estendem, uma vez que um rio poluído, além de ser nocivo e prejudicial a todos os organismos vivos, vai poluir o lençol freático e transportar essa poluição (direta ou indiretamente) para outras cidades, estados e até mares, dependendo de sua extensão. Esse verdadeiro disparate ambiental é resultado de uma prática comum, principalmente em países em desenvolvimento: o não tratamento dos esgotos gerados por indústrias, residências, hospitais etc. De modo inconsequente, todos esses resíduos são despejados diretamente em corpos de água, tornando-os esgotos a céu aberto. O Rio Tâmisa, no século XIX, era conhecido como “O grande mau cheiro”. Os esgotos da cidade eram despejados diretamente no rio. Após Segunda Guerra Mundial, o poder público iniciou um projeto contínuo de revitalização do Tâmisa. Cinquenta anos depois, o rio já estava despoluído, com 121 espécies de peixes e 400 de invertebrados. Sagrado para os hindus e responsável pelo abastecimento de mais de 400 milhões de pessoas, o Rio Ganges está agonizando. Ele recebe resíduos industriais, comerciais, hospitalares e residenciais em todo seu percurso. Nessas condições, o rio “Mãe Gana”, como é chamado também, passou a ser um grande transmissor de doenças para a população indiana.

A03  Os problemas socioambientais urbanos

Figura 09 - O Rio Tâmisa, em Londres, despoluído.

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Figura 10 - O poluído rio Ganges, na Índia.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios de Fixação

A maior frequência na ocorrência do fenômeno atmosférico apresentado na figura relaciona-se a a) concentrações urbano-industriais. b) episódios de queimadas florestais. c) atividades de extrativismo vegetal. d) índices de pobreza elevados. e) climas quentes e muito úmidos. 02. (Unisc RS) __________ é um dos problemas ambientais urbanos que, apesar de ser um fenômeno natural, pode ser agravado pelas atividades humanas, especialmente aquelas ligadas à industrialização. Mais comum no inverno, caracteriza-se pela retenção de ar frio (mais denso) próximo à superfície do solo em função do ar quente (menos denso) agir como uma espécie de barreira que dificulta a sua circulação. Diante disto, a dispersão dos poluentes na atmosfera é dificultada e o ar nestas áreas se torna mais “pesado”, podendo ocasionar doenças respiratórias, irritação nos olhos e intoxicações. Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna. a) Ilha de calor b) Chuva ácida c) Efeito estufa d) Frente fria e) Inversão térmica 03. A produção e o descarte de lixo vêm se mostrando como um dos principais problemas ambientais em escala global. O lixo pode ser definido como qualquer resíduo proveniente ou descartado pelas atividades humanas. Existem diversos tipos de lixo, como o domiciliar urbano, o industrial, o agrícola, o tecnológico e o hospitalar. A reciclagem é necessária, pois os problemas gerados pelo acúmulo de lixo são muitos: - quando o lixo é constantemente jogado em rios ou cór-

regos, os detritos se acumulam a ponto de não permitir o fluxo da água para locais onde o rio é canalizado, podendo provocar enchentes; - o lixo exposto ao ar atrai inúmeros animais. Os primeiros organismos a aparecer são os decompositores, como as bactérias e os fungos, fazendo seu fantástico papel na natureza. O cheiro da decomposição se alastra com o vento e atrai outros organismos, como as baratas, os ratos, os insetos e os urubus, que, além de se nutrirem a partir da matéria orgânica presente no lixo, se reproduzem, pois o local também lhes oferece abrigo. Esses animais são veiculadores (vetores) de muitas doenças, como a febre tifoide, o cólera, diversas diarreias, a disenteria, o tracoma e a peste bubônica; - quando o lixo se acumula e permanece por algum tempo no solo, ele começa a ser decomposto por bactérias, resultando na produção de chorume, dez vezes mais poluente que o esgoto. Isso porque o chorume dissolve tintas, resinas, metais pesados de alta toxicidade e outras substâncias químicas, contaminando o solo e impedindo o crescimento das plantas. O chorume, ainda, pode ser responsável pelo acúmulo de substâncias tóxicas na cadeia alimentar. <http://tinyurl.com/glauzaz> Acesso em: 10.09.16. Adaptado.

No Brasil, grande parte do lixo ainda é dispensada em lixões, que são áreas que não são preparadas para receber o lixo de forma ambientalmente adequada. O descarte do lixo nesse tipo de área pode causar a) a inversão térmica, uma vez que os gases tóxicos produzidos pelo lixo se dispersam no ar quente que fica na mesosfera. b) enchentes constantes, já que essas áreas são previamente asfaltadas pelas prefeituras como forma de evitar acidentes. c) a contaminação do lençol freático pelo chorume, líquido produzido pela decomposição de substâncias contidas nos resíduos sólidos. d) a chuva ácida, em razão da grande quantidade de partículas poluentes absorvidas pelo lixo hospitalar, adequadamente depositado nesses lugares. e) o fenômeno das ilhas de calor, pois o lixo disposto nesses locais propicia a diminuição da temperatura dos centros urbanos e o aumento da temperatura nas áreas rurais. 04. (UPE PE) Leia o texto e observe atentamente a ilustração a seguir: As fortes chuvas que caíram desde a noite de domingo (28) deixaram várias ruas do Grande Recife completamente alagadas, invadiram casas e derrubaram árvores. Técnicos e

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A03  Os problemas socioambientais urbanos

01. (Enem MEC)


Geografia

engenheiros da Defesa Civil interditaram mais quatro casas da vizinhança por causa do risco de um novo deslizamento.

Com base no texto e nos processos geomorfológicos apresentados, são feitas as seguintes afirmativas: 1. Trata-se de um movimento de massa verificado no regolito, que é a parte alterada das rochas, provocada, sobretudo, pelas condições climáticas ambientais. O regolito é também denominado de manto do intemperismo. 2. Os movimentos de massa são determinados, sobretudo, pela ação da gravidade, mas recebem influências da inclinação do terreno e das precipitações. Os movimentos de massa rápidos podem ser do tipo deslizamento, desmoronamento e queda de blocos. 3. O mergulho das camadas rochosas contribui para a ocorrência de deslizamento. Encostas instáveis são sujeitas a movimentos de massa rápidos que não devem ser confundidos com erosão linear. Está CORRETO o que se afirma a) apenas em 1. b) apenas em 2. c) apenas em 1 e 3. d) apenas em 2 e 3. e) apenas em 1, 2 e 3.

A03  Os problemas socioambientais urbanos

05. (UFJF MG)

Essas figuras demonstram que a) a presença de carbono na atmosfera torna suportável a radiação solar. b) as atividades humanas contribuem para eliminar o carbono da natureza. c) há maior quantidade de carbono presente nos seres vivos que no húmus. d) o carbono retorna ao meio físico quando utilizado como fonte de energia. e) o dióxido de carbono atmosférico é indissolúvel na água da chuva. 06. (Uerj RJ) Para evitar novos flagelos Os eventos extremos de curta duração, como as chuvas intensas que caíram sobre São Paulo e outras cidades brasileiras com suas trágicas consequências, vão se intensificar com as mudanças climáticas em curso há algumas décadas. “Na década de 1930 e, se formos um pouco mais atrás no tempo, no século XIX, não ocorriam tantos eventos extremos de chuva como acontecem hoje na cidade de São Paulo”, diz Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. “Isso é mudança climática, não necessariamente provocada pelo aquecimento global”, ressalta. O mais provável é que a maior parte dessa mudança climática tenha origem na própria Região Metropolitana de São Paulo. ERENO, Dinorah. Adaptado de revistapesquisa.fapesp.br, 26/05/2010.

Considerando a dinâmica ambiental de grandes metrópoles, como São Paulo, as circunstâncias locais para a elevação do índice de chuvas apontada no texto estão relacionadas ao fenômeno de a) ilha de calor b) inversão térmica c) campo de vento d) precipitação ácida

476


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios Complementares

Adaptado de SOUZA, M. L. O desafio metropolitano. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

Alguns impactos ambientais vêm sendo observados nas áreas onde ocorrem as ocupações mencionadas no texto. São impactos ambientais resultantes da ocupação de encostas e de margens de rios e canais, respectivamente: a) queimada e arenização b) deslizamento e inundação c) intemperismo e eutrofização d) desmatamento e desassoreamento 02. (Aman RJ) A metropolização resulta de uma intervenção humana extensa e profunda sobre a superfície da Terra, uma vez que implica alterações significativas da paisagem e da qualidade de vida da população urbana. Entre os impactos ambientais causados pela intervenção humana no ambiente urbano, pode-se destacar I. a formação das ilhas de calor na periferia das grandes cidades, associada à escassez de áreas revestidas de vegetação, com consequente aumento do poder refletor da luz solar que incide no solo urbano. II. a maior ocorrência de chuvas torrenciais nas metrópoles, em relação às áreas rurais adjacentes, devido à grande quantidade de material particulado em suspensão, favorecendo a condensação da água na atmosfera. III. a grande poluição do ar e a consequente intensificação de problemas respiratórios, agravados pelo fenômeno climático da inversão térmica que ocorre, em geral, no inverno. IV. o aumento do efeito estufa gerado pelo movimento do ar das zonas rurais para as zonas urbanas, elevando a temperatura nas cidades. Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas corretas a) I e II b) I e III c) II e III d) I, II e IV e) I, III e IV

03. (Puc SP) Veja essa notícia: FONTE DE CONHECIMENTO Grupo desenvolve iniciativas de pesquisa, ensino e extensão para colaborar na proteção de manancial que abastece Presidente Prudente “No dia 27 de fevereiro, dezenas de produtores rurais da região de Presidente Prudente (SP) compareceram ao centro comunitário da pequena cidade de Anhumas para apresentação do Programa Produtor de Água. A proposta, entre outras iniciativas, remunera agricultores que realizam serviços ambientais em suas terras.” (Jornal Unesp - Universidade Estadual Paulista, número 309. Abril de 2015. p. 8)

As ideias de “produção de água” e de serviços são bastante interessantes e inovadoras. Sobre elas é possível afirmar que a) serviços ambientais e “produção da água” são as clássicas ações de represamento da água e de seu tratamento, algo que está sendo proposto para ser feito descentralizadamente pelos agricultores, e isso é inovador. b) as atividades agrícolas são realizadas com água disponível nos sítios e fazendas, e o que se propõe como serviços ambientais e “produção de água” é que cada agricultor trate de economizar água, investindo em lavouras menos consumidoras desse bem. c) elas investem na necessidade de formas individuais de gestão dos mananciais, daí remunerar cada agricultor que atuar nessa direção. Isso se dá em virtude do fracasso da gestão coletiva vinculada aos Comitês de Bacias Hidrográficas. d) a água é um bem natural, mas mantê-la em quantidade e condições adequadas para o uso, exige que se “produzam” as condições para tal, atuando para a manutenção dos mananciais, das nascentes, mantendo vegetação, por exemplo. 04. (UEMA) Leia a reportagem publicada acerca de problemas ocorridos em Salvador – BA.

Chuva em Salvador causa vários deslizamentos e deixa 14 mortos

477

A03  Os problemas socioambientais urbanos

01. (Uerj RJ) As favelas do Rio de Janeiro se encontram associadas a duas localizações típicas: encostas de morros e margens de rios e canais. A razão para a localização em encostas é econômica: trata-se de locais que, via de regra, foram desprezados pelos privilegiados urbanos como área de residência. Quanto às margens de rios e canais, trata-se de áreas onde é proibida qualquer construção e que por isso igualmente se apresentaram como alternativas para a ocupação por parte da população pobre.


Geografia

As equipes de resgate já trabalham há mais de 18 horas na Comunidade do Barro Branco, na periferia de Salvador. Eles procuram sobreviventes em um desabamento de uma encosta sobre seis casas durante a madrugada. A terra deslizou enquanto as famílias dormiam. Nem os vizinhos nem o Corpo de Bombeiros sabem dizer quantas pessoas ainda podem estar soterradas. [...] No bairro do Bom Juá (foto), que fica na periferia, a terra deslizou e cinco pessoas morreram. O temporal durou mais de dez horas e transformou Salvador em um caos. Parte da capital baiana ficou alagada e com trânsito travado. Muitas casas ficaram inundadas e as famílias perderam tudo. Em toda a cidade, foram mapeadas mais de 600 áreas de risco e 55 encostas ameaçam deslizar. http://g1.globo.com/jornal-da-globo.

A03  Os problemas socioambientais urbanos

As consequências das chuvas torrenciais na capital da Bahia expressam uma sobreposição da evolução histórica da cidade e da segregação do espaço. O fator que explica a catástrofe nas áreas periféricas dessa cidade é a) a atração da cidade de Salvador, graças a sua dinâmica econômica, que trouxe numeroso contingente de população, que ocupou edificações dos programas sociais do governo federal, construídos em locais de menor valor. b) o processo histórico de crescimento desordenado do espaço urbano de Salvador, primeira capital brasileira, que ocupou áreas de menor valor imobiliário, cujo contexto favorece ocorrências de deslizamentos e de enchentes. c) o papel histórico exercido por Salvador que possibilitou o avanço de infraestruturas necessárias à reprodução do capital moderno que, por questões econômicas e políticas, incentivou a ocupação de áreas aptas à urbanização. d) o papel polarizador da capital Salvador que, desde sua fundação, atraiu contingentes populacionais de todas as regiões do país, que ocuparam as encostas da Serra do Mar, pouco aptas à construção civil. e) a polarização exercida por Salvador na rede de cidades do Nordeste, o que permitiu a atração do capital moderno e a migração da zona da mata piauiense e cearense, cujos moradores, expulsos pelas prolongadas estiagens, ocuparam áreas pouco aptas à construção civil. 05. (USF SP) Segundo dados da – ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, na atualidade, cerca de 40% dos resíduos sólidos urbanos produzidos pela população brasileira deixaram de ser coletados e, por consequência, tiveram destino impróprio. A gestão inadequada do lixo gera inúmeros danos ambientais que comprometem seriamente a qualidade de vida. Por isso, desde 12 de agosto de 2010, pela Lei 12.305/10, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que definiu os princípios, objetivos e instrumentos, bem como diretrizes, relativos à gestão e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos. O objetivo da PNRS é instituir os aterros sanitários em todos os municípios brasileiros. Uma diferença significativa entre aterro sanitário e lixão refere-se ao fato de o aterro sanitário 478

a) aceitar somente resíduos sólidos recicláveis, evitando, assim, a contaminação do lençol freático pela decomposição da matéria orgânica. b) não necessitar de reciclagem prévia do lixo, pois os aterros são construídos para aceitar todo tipo de resíduo. c) possuir material impermeabilizante, evitando, assim, a contaminação do solo pelo chorume. d) poder ser instalado em áreas centrais de grandes cidades, visto que não oferece riscos ambientais. e) ter maior capacidade de armazenamento de lixo, pois os lixões só podem ser instalados em áreas de mananciais. 06. (Acafe SC) “Desde a sua origem a Terra sempre sofreu mudanças climáticas. (...) Entretanto, recentemente foram detectados alguns fenômenos provocados pela ação humana que tem alterado o clima no Planeta bem mais rapidamente do que os acontecimentos transcorridos ao longo da história”. Fonte: SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia geral e do Brasil: v.1: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2010.

Sobre as ações humanas na nossa casa, que é o planeta Terra, é correto afirmar, exceto. a) A poluição atmosférica, além de provocar chuvas ácidas e afetar a saúde da população, tem também intensificado o efeito estufa, o qual se reflete no aquecimento global. b) A expansão urbana altera o comportamento térmico e tem como uma de suas consequências a formação das chamadas “ilhas de calor” nas zonas rurais onde as temperaturas, em média, são mais altas que as das cidades. c) A tragédia em Mariana (MG) provocada pelo rompimento das barragens de rejeitos da Samarco em novembro de 2015, além de causar mortes e afetar a população, foi considerada destaque mundial em função do volume e da distância percorrida pelo material, bem como dos custos ambientais e financeiros. d) As inversões térmicas ocorrem particularmente no inverno, de modo que a camada de ar frio permanece embaixo e o ar quente acima e, por conseguinte, a circulação de ar fica bloqueada, o que favorece a retenção dos poluentes, como é o caso das áreas urbanas. 07. (Enem MEC) A cena, de tão cotidiana, já não causa mais estranheza a Isabel Swan. Ao botar o barco nas águas da Baía de Guanabara, a velejadora precisa de desvencilhar de sacos plásticos, tampinhas de refrigerantes, latas, palitos de sorvete. Um dos cartões-postais cariocas recebe diariamente uma média de cem toneladas de lixo flutuante, carregado pelos rios que cortam a região metropolitana do Rio de Janeiro. ALENCAR. E. Toneladas de descaso. O Globo, 28 abr. 2013 (adaptado).

O problema ambiental descrito tem sua causa associada à a) ineficiência de ecobarreiras. b) desorganização do turismo local. c) inadequação da coleta domiciliar. d) movimentação das áreas portuárias. e) rarefação da ocupação populacional.


FRENTE

A

GEOGRAFIA

MÓDULO A04

A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA História da urbanização no Brasil Durante o período colonial, a economia e, consequentemente, o trabalho eram bem mais concentrados nas áreas rurais. Com o advento da República no Brasil, no fim do século XIX, as cidades começaram a adquirir mais relevância para o país. Na transição do século XIX para o século XX, alguns centros urbanos brasileiros (principalmente São Paulo e Rio de Janeiro), passaram a receber investimentos estrangeiros de infraestrutura urbana como energia elétrica, abastecimento de gás e transporte de bonde. Além disso, empresas de exportação e importação foram sendo abertas conjuntamente com bancos e indústrias de várias ramificações.

ASSUNTOS ABORDADOS n A urbanização brasileira n História da urbanização no Brasil n A crise econômica de 1929 impulsiona a urbanização brasileira n A continuidade da urbanização desregulada do Brasil n A rede urbana brasileira n Cidade global e megacidades n Os problemas socioespaciais das cidades brasileiras n Mobilidade urbana

Nesse período, o Brasil conheceu um imigrante italiano chamado Francisco Antonio Maria Matarazzo, que construiu um império com 365 indústrias de vários segmentos espalhadas por diversas regiões do Brasil. O grande empreendedor, além de ser considerado o homem mais rico do Brasil, foi reconhecido, também, como o italiano mais rico do mundo e detentor da quinta maior fortuna global da época. As Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, com sede na cidade de São Paulo (SP), foi o maior grupo empresarial da América Latina, chegando a englobar em torno de 350 empresas de diversos ramos, como têxtil, químico, comercial, bancário e alimentício. Empregou cerca de 6% da população da grande metrópole e possuía a quarta maior renda bruta do Brasil. Tinha unidades em vários municípios brasileiros, com a maior concentração na capital paulista. Outros impérios, com menores riquezas, principalmente de investidores estrangeiros, foram implantados no Brasil. De modo consequente, essas cidades não se limitaram a abrir novas frentes de trabalho industrial, já que houve uma expansão no segmento de serviços tipicamente urbanos (repartições públicas, comércios, transportes, imprensa, escolas, hospitais, profissionais autônomos etc.). Mesmo com o crescimento das cidades e o País entrando nos primórdios da industrialização, a economia cafeeira mantinha-se como o principal vetor econômico nacional, condicionando uma elevada superioridade da concentração populacional em zonas rurais. Figura 01 - Ruínas de uma das unidades das indústrias Matarazzo, em Iguapé-SP.

479


Geografia

A crise econômica de 1929 impulsiona a urbanização brasileira A primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi muito prejudicial à economia cafeeira e afastou os investimentos europeus do Brasil. As importações de café, por parte da Europa, ficaram restritas aos países que se mantinham neutros na guerra. Entretanto, o comércio foi intensificado com os Estados Unidos até 1917, quando este país entrou na Guerra. Com o fim do conflito, o Brasil, de forma gradual, conseguiu reestabelecer suas exportações de café, reequilibrando sua economia. Em 1929, a quebra na bolsa de valores dos Estados Unidos provoca uma crise econômica mundial. A principal consequência dessa crise para a economia brasileira foi a redução drástica nas exportações de café. A partir de 1930, o Brasil abandonou a Velha República e sua política econômica de dependência da monocultura de exportação deste produto.

Fonte: Wikimedia commons

Na imagem a seguir, vemos a queima de café a mando do Presidente Getúlio Vargas para tentar minimizar os prejuízos econômicos do Brasil, gerados pela Crise de 1929.

Figura 02 - A queima do café na cidade de Santos, em São Paulo, no início dos anos 1930.

A crise mundial de 1929 impulsionou grandes processos migratórios de trabalhadores rurais para as cidades brasileiras. Muitas fazendas acumularam grandes somas em dívidas e o desemprego no campo foi aumentando cada vez mais. Como a concentração fundiária já era estabelecida no País, a manutenção desses trabalhadores no campo passou a ser impossível.

A04  A urbanização brasileira

Nesse contexto, o novo governante brasileiro, Getúlio Vargas, passa a implementar, de forma paulatina, a industrialização, com o objetivo de ampliar os segmentos econômicos do Brasil e substituir suas importações por produtos nacionais. O fenômeno da urbanização passa a ganhar força. Se no início do século XX a população urbana girava em torno de 10%, na década de 1940, com o crescimento contínuo da industrialização, passou a 31,24%.

480

Ano

População total

% de urbanização

1940

41 236 315

31,24

1950

51 944 397

36,16

1960

70 992 343

44,67

1970

94 508 583

55,92

1980

121 150 573

67,59

1991

146 917 459

75,59

2000

169 590 693

81,23

2010

190 755 899

84,36

Gráfico 01 - Números da urbanização brasileira. Gráfico: Urbanização brasileira (1940-2010) em %.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

A continuidade da urbanização desregulada do Brasil Na década de 1950, conjuntamente com os processos migratórios da população rural para as cidades (êxodo rural), o Brasil conheceu o maior crescimento vegetativo de sua história em áreas urbanas. Aliado a esse fenômeno estava o Plano de Metas “50 anos em 5”, implantado pelo presidente Juscelino Kubitschek, entre 1956 e 1961. O principal vetor desse projeto foi a abertura da economia brasileira para receber grandes multinacionais nos maiores centros urbanos. Desse modo, o elevado crescimento da urbanização nos anos 50 foi acarretado por basicamente dois acontecimentos: o aumento da industrialização, transformando cada vez mais as cidades como centros atrativos para trabalhadores, e o próprio crescimento vegetativo urbano. Em 1963, o Presidente João Goulart sancionou a Lei 4.214/193, o Estatuto do Trabalhador Rural, que estende ao profissional os mesmos direitos dos trabalhadores urbanos. Com o golpe militar de 1964, o governo ditatorial nunca fiscalizou a aplicação desse estatuto no campo brasileiro. Nessas circunstâncias, em que os trabalha- Mapa 01 - Taxa de urbanização do Brasil (2010). dores passam a ter direitos trabalhistas, os fazendeiros começam a demitir a grande maioria deles, alegando o encarecimento desse tipo de mão de obra. Por conseguinte, esses trabalhadores são obrigados a se transferir para as periferias das cidades e a trabalharem de forma indigna como boias-frias. Na década de 1970, o Brasil já se encontrava consolidado como um país industrializado, apresentava uma condição nunca vista antes e que até o presente momento não se reverteu, pois foi nessa época que ocorreu a transformação de uma sociedade rural para uma sociedade majoritariamente urbana. Assim, o Brasil passou a ser um país urbano. Desde então, o aumento da taxa de urbanização não parou. Como já estudamos, em síntese, foram desenvolvidos processos condicionados pela industrialização, concentração fundiária e atração exercida pelos centros urbanos sobre a população rural, bem como pelo Estatuto do Trabalhador Rural e pelo próprio crescimento vegetativo das cidades.

A rede urbana brasileira As cidades passaram a adquirir cada vez mais o poder de polarização das atividades socioeconômicas do País. Dentro da análise da Divisão Territorial do Trabalho, os centros urbanos contemplam os poderes de decisões política e econômica regional e, em alguns casos, nacional. A economia industrial promoveu uma sobreposição da importância política e econômica da cidade sobre a área rural. A04  A urbanização brasileira

Como vimos, em um mundo guiado pela reprodução do capital, os detentores das decisões políticas e econômicas adquirem poderes de influenciar a cultura, os costumes e valores sociais das demais cidades pertencentes à rede urbana. A rede urbana brasileira, assim como as demais redes mundiais, possui uma integração articulada pelos meios técnico-científico-informacional, apresentados pelos estudos do geógrafo Milton Santos (1926-2001). Portanto, dentro do contexto da globalização, ela é parte integrante de uma rede global de cidades que possuem maiores poderes de decisões políticas e econômicas e de influenciar culturalmente a região. 481


Geografia

A comparação entre a intensidade de luz emitida pelas cidades revela a desigualdade existente na rede urbana brasileira. Tal situação é resultado de diferenças profundas no grau de ocupação do território brasileiro quanto à densidade demográfica e à complexidade de atividades econômicas historicamente desenvolvidas em suas diversas regiões.

Hierarquia brasileira das redes urbanas

AP

RR

Equador

Metrópole global

São Paulo e Rio de Janeiro

Metrópole nacional

Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife e Fortaleza

Metrópole regional

Goiânia, Belém e Manaus

Centro ou Capital Regional

Florianópolis, Londrina, Ribeirão Preto, Aracaju, Maceió, João Pessoa, Campo Grande, Cuiabá, Vitória, Natal, Teresina, São Luís, Porto Velho, Rio Branco, Macapá e Boa Vista.

AM PA

MA

CE

RN

PI

PB PE

AC

TO AL SE

RO BA

Regiões metropolitanas do Brasil

MT OCEANO ATLÂNTICO

DF GO MG ES

OCEANO PACIFICO

MS

SP

RJ Trópico de Capricórnio

PR SC RS

Luz emi da

Mapa 02 - Desigualdades regionais na rede urbana brasileira (2010).

A hierarquia urbana brasileira

482

Gráfico 02 - As maiores regiões metropolitanas do Brasil.

Baixada San sta

Belém

Grande Vitória

Manaus

Goiânia

Campinas

Curi ba

Salvador

Fortaleza

Recife

Porto Alegre

Belo Horizonte

Milhões de habitantes

20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0

São Paulo

Para a definição dos centros urbanos do Brasil, foram analisados os níveis de subordinação entre as cidades das redes. Tais redes, em alguns casos, sobrepõem-se aos limites territoriais, estabelecendo influência em outras Unidades da Federação.

Mapa 03 - Regiões metropolitanas.

Rio de Janeiro

A04  A urbanização brasileira

O estudo Regiões de Influência das Cidades, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou as redes formadas pelos principais centros urbanos do País. As pesquisas foram baseadas na presença de órgãos executivos, do judiciário, de grandes sedes de empresas nacionais e transnacionais, sistema bancário, oferta de equipamentos, serviços variados, comércio, hospitais, internet, centrais de redes de comunicação (TV, rádio, jornal impresso, revistas etc.), escritórios de importação e exportação, infraestruturas urbanas, tecnológicas e estruturas para os fluxos de informações e pessoas (aeroportos e transporte urbano) nas cidades.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Complexo metropolitano brasileiro Complexo metropolitano do Sudeste: eixo Rio de Janeiro-São Paulo MINAS GERAIS RIO DE JANEIRO

São José dos Campos

Jundiaí

aP

Nova Iguaçu

Duque de Caxias

Taubaté

Rio de Janeiro

Niterói

Angra dos Reis

SÃO PAULO

Guarulhos

Jacareí Mogi das Cruzes

São Paulo São Bernardo do Campo

v do

Volta Redonda

i

o

R

Pindamonhangaba

Campinas

re

Lorena Guara nguetá

Paulínia

a - BR 1 ut r 16 eD ent sid

Santo André Cubatão

São Sebas ão

Santos

Mancha urbana

Usina nuclear

Petroquímica

Portos Importantes

Indústria aeronáu ca e de armamentos

Indústrias variadas

Siderúrgica

Indústria naval

Indústria automobilís ca

Rodovias

Limite hipoté co da megalópole

Limite estadual

Mapa 04 - Complexo metropolitano do Sudeste: eixo Rio de Janeiro-São Paulo.

Cidade global e megacidades Cidade global Nos dias atuais, com a globalização em estágio avançado de desenvolvimento e a maior conectividade da economia internacional, a urbanização dos principais centros do capitalismo mundial vem ganhando novos contornos, assumindo a frente da hierarquia urbana em todo o Planeta. Essas cidades com elevado grau de desenvolvimento estrutural, econômico e político são classificadas como cidades globais. A única cidade global brasileira é São Paulo, que se inter-relaciona com a rede urbana global.

483

A04  A urbanização brasileira

Figura 03 - Na imagem, vemos o Vale do Anhangabaú e suas ruas, centro antigo de São Paulo. Dezembro, 2016.

Fonte: rafael brendli tozetti / Shutterstock.com

As cidades globais são, desse modo, os principais pontos ou “nós” que formam a rede mundial que configura as dinâmicas da globalização. Elas centralizam em torno de si as principais decisões burocráticas, além de sedes das principais empresas e instituições internacionais públicas e privadas. Além disso, na maioria dos casos, congregam um grande volume proporcional e cidades adjacentes, formando grandes metrópoles, embora isso não seja uma regra.


Geografia

Megacidades brasileiras O termo megacidade foi uma expressão criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para referir-se a toda e qualquer área urbana contínua, formada por mais de 10 milhões de habitantes. Em muitas cidades e grandes metrópoles, o contingente populacional é tão elevado que chega a ser superior ao de diversos países, o que explica a necessidade de utilização desse conceito.

Fonte: rafael brendli tozetti / Shutterstock.com

Em muitos casos, a constituição das megacidades não acontece somente em um município, mas em vários, formando áreas interligadas em um processo chamado de conurbação — quando as áreas urbanas de municípios diferentes encontram-se. Esse processo é muito comum no Brasil e também é responsável pela formação das regiões metropolitanas. O Brasil possui duas megacidades: São Paulo e Rio de Janeiro.

Figura 04 - À esquerda, vemos a Avenida Paulista, fechada ao trânsito de carros aos domingos e feriados para ser utilizada como área de lazer pela população. À direita, vemos o bairro de Ipanema, Rio de Janeiro, verão de 2015.

Os problemas socioespaciais das cidades brasileiras Moradia

A04  A urbanização brasileira

Figura 05 - Construída sobre um morro localizado na Zona Sul do Rio de Janeiro entre os municípios de São Conrado e Gávea, a Rocinha é a maior favela do Brasil.

484

As áreas urbanas do Brasil apresentam déficit habitacional em decorrência do contexto histórico de uma urbanização desordenada. Nesse caso, a segregação espacial materializa-se na favelização. Esse fenômeno urbano, que ocorre principalmente em países em desenvolvimento, não se limita às áreas periféricas da cidade. Podemos encontrar regiões em que a especulação imobiliária cria condomínios residenciais afastados do grande centro. A favelização no entorno desse espaço elitizado constitui a moradia dos prestadores de serviços para as casas de alto padrão, como empregadas domésticas, encanadores, eletricistas etc.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

O mesmo procedimento ocorre quando um polo industrial desenvolve-se em uma certa área da cidade e a favelização acaba incorporando-se ao espaço geográfico da região. Tal fenômeno urbano amplia a desigualdade social sofrida pelos menos favorecidos, pois esses espaços improvisados de moradia não possuem elementos urbanísticos essenciais: saneamento básico, segurança, coleta de lixo, energia elétrica etc. Transporte público Os meios de transporte nas regiões mais pobres são muito precários e com tarifas elevadas para o padrão de vida do indivíduo favelado. Como, na maioria das vezes, a favela fica muito distante dos locais de trabalho, essa parcela da sociedade pode levar até seis horas diárias para se deslocar de casa para o trabalho e no trajeto de volta. Saúde A saúde pública nos centros urbanos encontra-se praticamente falida. Em geral, os postos de saúde e hospitais não possuem equipamentos adequados para os atendimentos, bem como medicamentos e materiais básicos. A falta de médicos também é constante e, dependendo da região política da qual a cidade faz parte, a situação é extremamente precária. Em um levantamento feito pelo IBGE, em 2011, constatou-se que a relação médico/ habitantes no Brasil estava muito abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde. No referido ano, havia 1,95 médico para cada mil habitantes, quando o recomendado era de 2,51. O levantamento ainda mostrou a relação por região. Somente o Sudeste atingiu a meta recomendada pelo Ministério, com 2,61 médicos por habitantes. A região Norte obteve a pior relação, com 0,98. Por outro lado, as grandes cidades apresentam grandes concentrações de médicos, com média de 4,2 por mil habitantes. Podemos concluir, portanto, que nos grandes centros urbanos o problema não está na quantidade de profissionais da medicina, mas na falta de acesso dos menos favorecidos a eles.

Figura 06 - Rio de Janeiro, Brasil - Casimiro de Abreu, 17 de março de 2017 - Os habitantes do município aguardam em fila para serem vacinados em um posto de atendimento improvisado depois que um homem morreu infectado pelo vírus da febre amarela.

485

A04  A urbanização brasileira

A educação nas grandes cidades tem se transformado em artigo de luxo e as escolas públicas, na maioria das vezes, estão completamente sucateadas. A quantidade insuficiente de professores, a falta de equipamentos, segurança e alimentação, acarretam o desânimo dos alunos, provocando altos índices de evasão escolar.

Fonte: Antonio Scorza / Shutterstock.com

Educação


Geografia

Mobilidade urbana A mobilidade urbana faz referência às condições de deslocamento da população no espaço geográfico da cidade. O maior embate nas grandes cidades brasileiras é o uso dos transportes coletivos com o privilégio do transporte individual. Os transportes coletivos urbanos, por via de regra, apresentam muitas deficiências estruturais, como a falta de integração entre os meios de transporte, a quantidade insuficiente de cada modelo de condução, elevadas tarifas e a falta de segurança. Em uma cidade como São Paulo, que possui sistema de metrô capaz de transportar, em média, 150 000 pessoas por hora, para a situação demográfica da cidade, essa é uma realidade insuficiente. Os ônibus coletivos possuem capacidade média de conduzir entre 50 e 70 passageiros, por viagem, dependendo do tamanho do veículo. Mas além de desconfortáveis e inseguros, eles apresentam em quantidade insuficiente para atender às necessidades dos cidadãos. Nessa conjuntura, para parte da população, o carro passa a ser o principal veículo de locomoção, agravando ainda mais a situação no trânsito, provocando enorme transtorno nos congestionamentos. Os agravantes da mobilidade urbana Falta de planejamento urbano Baixos investimentos no setor de transportes urbanos Transporte de cargas na área urbana Crescimento populacional Falta de integração nos modelos de transportes

São Paulo x Londres Cidade

São Paulo

Londres

Área

1 522 km2

1 582 km2

População

12 milhões

8 milhões

Automóveis

5,6 milhões

2,6 milhões

Linhas de metrô

65 km

402 km

Fonte: Robert Wood Johnson Foundation, Princeton, New Jersey. WWW. Rwjf.org/en/blogs/new-public-health/2012/10/better_transportatio.html. Acesso em 12.fev.2018.

Comparativo das cidades de São Paulo (Brasil) e Londres (Inglaterra), em termos de mobilidade urbana. Verifique a grande rede de metrô na capital inglesa, quando comparada à rede de metrô paulistana. Figura 07 - RIO DE JANEIRO - Brasil - 08 de maio de 2017 - Estudantes protestaram na avenida Rio Branco contra o fim do ingresso gratuito em ônibus.

A04  A urbanização brasileira

Fonte: Antonio Scorza / Shutterstock.com

Aumento da frota de carros

Em 2012, o governo federal abriu uma porta importante para as melhorias nas mobilidades urbanas do Brasil. Foi criada a Lei N° 12.587 de 03 de janeiro, para instituir a Política Nacional de Mobilidade Urbana. Essa política é um instrumento de desenvolvimento urbano, cujo objetivo é integrar os modos de transportes e melhorar a acessibilidade e a mobilidade de pessoas e cargas no território do município.

486


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios de Fixação

CANDIDA, S. Serviços e empregos fazem Centro e Zona Oeste terem maior poder de atração. O Globo, Rio, 2 jul. 2016. Adaptado.

As áreas analisadas pelos especialistas são definidas especificamente pelo conceito geográfico de a) centralidade urbana b) segregação residencial c) integração inter-regional d) produtividade metropolitana e) competitividade empresarial 02. (UPE PE) Observe o mapa a seguir:

O que nele estão sendo representados(as)? a) Os índices de poluição ambiental das principais cidades b) As hierarquias urbanas c) Os sítios urbanos d) As industrializações das cidades e) As principais cidades sustentáveis 03. (Fuvest SP) O processo de industrialização que se efetivou em São Paulo a partir do início do século XX foi o indutor

do processo de metropolização. A partir do final dos anos 1950, a concentração da estrutura produtiva e a centralização do capital em São Paulo foram acompanhadas de uma urbanização contraditória que, ao mesmo tempo, absorvia as modernidades possíveis e expulsava para as periferias imensa quantidade de pessoas que, na impossibilidade de viver o urbano, contraditoriamente, potencializavam a sua expansão. Assim, de 1960 a 1980, a expansão da metrópole caracterizou-se também pela intensa expansão de sua área construída, marcadamente fragmentada e hierarquizada. Esse processo se constituiu em um ciclo da expansão capitalista em São Paulo marcada por sua periferização. Isabel Alvarez. Projetos Urbanos: alianças e conflitos na reprodução da metrópole. Disponível em: http://gesp.fflch.usp.br/sites/gesp.fflch.usp.br/ files/02611.pdf. Acessado em 10/08/2015. Adaptado.

Com base no texto e em seus conhecimentos, é correto afirmar que a) o processo que levou à formação da metrópole paulistana foi dual, pois, ao trazer modernidade, trouxe também segregação social. b) a cidade de São Paulo, no período entre o final da Segunda Guerra Mundial e os anos de 1980, conheceu um processo intenso de desconcentração industrial. c) a periferia de São Paulo continua tendo, nos dias de hoje, um papel fundamental de eliminar a fragmentação e a hierarquização espacial. d) a periferização, em São Paulo, cresceu com ritmo acelerado até os anos de 1980, e, a partir daí, estagnou, devido à retração de investimentos na metrópole. e) a expansão da área construída da metrópole, na década de 1960, permitiu, ao mesmo tempo, ampliar a mancha urbana e eliminar a fragmentação espacial. 04. (Enem MEC) A configuração do espaço urbano da região do Entorno do Distrito Federal assemelha-se às demais aglomerações urbanas e regiões metropolitanas do pais, onde é facilmente identificável a constituição de um centro dinâmico e desenvolvido, onde se concentram as oportunidades de trabalho e os principais serviços, e a constituição de uma região periférica concentradora de população de baixa renda, com acesso restrito às principais atividades com capacidade de acumulação e produtividade, e aos serviços sociais e infraestrutura básica. CAIADO, M. C. A migração intrametropolitana e o processo de estruturação do espaço da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno. In: HOGAN, D. J. et al. (Org.). Migração e ambiente nas aglomerações urbanas. Campinas: Nepo/Unicamp, 2002.

A organização interna do aglomerado urbano descrito é resultado da ocorrência do processo de

487

A04  A urbanização brasileira

01. (FMP RJ) O Centro do Rio de Janeiro e a Zona Oeste são as áreas da cidade com maior poder de atração, por concentrarem empregos, serviços e a maioria dos deslocamentos de transporte na Região Metropolitana. Especialistas analisaram 130 áreas da Região Metropolitana, considerando as 30 mais influentes e identificando o Centro, seguido de Campo Grande e Barra da Tijuca, no topo do ranking. Em 4o lugar está a cidade de Nova Iguaçu, seguida por Tijuca, Bonsucesso e Ramos, Botafogo, Centro da cidade de Duque de Caxias, Bangu, São Cristóvão e Centro da cidade de Niterói.


Geografia

a) expansão vertical. b) polarização nacional. c) emancipação municipal. d) segregação socioespacial. e) desregulamentação comercial. 05. (UFU MG) O vertiginoso processo de urbanização pelo qual passou o Brasil originou, em poucas décadas, uma complexa rede urbana, composta por metrópoles, cidades médias e milhares de pequenas cidades. Estes centros urbanos ordenam fluxos de pessoas, de mercadorias, de informação e de capitais no interior do território brasileiro, configurando uma complexa rede geográfica. De acordo com a hierarquia urbana apresentada pelo IBGE, é correto afirmar que a) as cidades de Rio de Janeiro e Brasília, devido ao poder político e econômico nelas centralizados, são as metrópoles que conectam o Brasil aos centros urbanos globais. b) os centros sub-regionais, formados por cidades médias, exercem forte influência regional e reúnem uma estrutura diversificada de comércio, serviços e indústrias. c) a cidade de São Paulo, a grande metrópole nacional, encontra-se no ápice da hierarquia, conectando a rede urbana brasileira à rede de metrópoles mundiais. d) as pequenas cidades, devido ao processo de interiorização promovido pela desconcentração industrial, são as que mais cresceram nas últimas décadas. 06. (IF PE) Observe a imagem e analise as afirmativas a seguir, indicando a alternativa CORRETA a respeito do uso e ocupação do espaço urbano.

Muro localiza entre a comunidade de Paraisópolis e o elegante Morumbi, em São Paulo.

A04  A urbanização brasileira

A interpretação da paisagem urbana apresentada permite afirmar que a) o espaço urbano é um produto social, refletindo, portanto, as contradições presentes na sociedade de classes, tipicamente capitalista. b) o contraste entre a acumulação de riqueza e o aumento da pobreza é quase imperceptível na paisagem urbana dos países periféricos e emergentes.

488

c) as contradições presentes na paisagem das grandes cidades brasileiras não se traduzem através da segregação espacial urbana. d) a segregação espacial nas grandes cidades resulta da socialização do espaço urbano, que divide igualmente as cotas do solo urbano entre ricos e pobres. e) o espaço urbano como mercadoria teve o seu valor de troca diminuído graças às conquistas alcançadas pelos movimentos sociais, a exemplo do Ocupe Estelita, no Recife. 07. (UPE PE) A análise do gráfico a seguir permite afirmar que

a) se configura como um deslocamento populacional acentuado, em curto período, e com projeções de contínuos movimentos migratórios em direção às cidades, nas próximas décadas. Essa dinâmica é oriunda da histórica concentração espacial do desenvolvimento da economia brasileira, comandada pelo processo de industrialização, que ampliou os desequilíbrios regionais. b) a célere expansão urbana no Brasil ocorre dentro do processo de formação das grandes áreas rurais, a partir dos anos 1970. A concentração da população brasileira no campo é nítida desde a década de 1980 até o ano 2000, resultado do intenso fluxo migratório rural-rural. c) a acelerada urbanização no Brasil foi coexistente com o processo de concentração da população rural e com a absoluta desconcentração nos aglomerados metropolitanos desde os anos 1970, provocando um grande esvaziamento demográfico das capitais. d) a sociedade brasileira já é urbana, porém as suas grandes metrópoles perderão o papel hegemônico nas próximas décadas, com projeções sinalizando uma acentuada ocupação demográfica nas áreas rurais brasileiras, entre as décadas 2010-2030. e) nas últimas décadas, tem aumentado a presença de trabalhadores rurais migrantes de São Paulo e Minas Gerais para os canaviais do Maranhão e Piauí. A mudança do mapa migratório para os canaviais da Região Nordeste vem ocorrendo em razão do declínio do agronegócio.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios Complementares

Aluísio Azevedo, O cortiço.

Nas cidades brasileiras, particularmente no último quartel do século XIX, novas formas urbanas são constituídas, como os cortiços e as favelas. Sobre esse fenômeno, é correto afirmar que a) a expansão periférica no século XIX, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, teve significativa presença de cortiços, devido à chegada massiva de imigrantes japoneses. b) a primeira favela carioca teve sua origem no forte empobrecimento da população no contexto da crise cafeeira na região serrana do Rio de Janeiro. c) a maior concentração dos cortiços da cidade de São Paulo, presentes no último quartel do século XIX, localizava-se na porção mais central da aglomeração urbana. d) as primeiras favelas brasileiras se originaram devido à expansão da atividade industrial, no centro da cidade de São Paulo, no início do último quartel do século XIX. e) nas cidades do Vale do Paraíba, durante a expansão cafeeira, os cortiços eram muito frequentes, por conta da presença de imigrantes italianos empobrecidos. 02. (Unicamp SP) REGIÕES METROPOLITANAS DE SANTA CATARINA 9. 5. 3.

10. 1.

4.

Legenda: 1. Região Metropolitana do Alto Vale do Itajaí 2. Região Metropolitana Carbonífera 3. Região Metropolitana de Chapecó 4. Região Metropolitana do Contestado 5. Região Metropolitana do Extremo Oeste 6. Região Metropolitana de Florianópolis 7. Região Metropolitana da Foz do Rio Itajaí 8. Região Metropolitana de Lages 9. Região Metropolitana do Norte-Nordeste Catarinense 10. Região Metropolitana do Vale do Itajaí 11. Região Metropolitana de Tubarão

7.

6.

8.

11. 2.

Santa Catarina exemplifica um fenômeno nacional: a criação de Regiões Metropolitanas (RMs). Considerando a aplicação desse instrumento de planejamento territorial no Estado

em questão, assinale a alternativa correta. a) Está em curso a formação de uma cidade-região no Estado, impulsionando profundas transformações na rede urbana, o que justificou a criação das onze RMs para viabilizar o planejamento e a gestão territorial. b) O real processo de metropolização em Santa Catarina, dinamizado nas últimas décadas, não abrange a totalidade do Estado, permitindo concluir que a criação das onze RMs obedeceu a critérios mais políticos do que técnicos. c) O adensamento populacional, com a formação de grandes cidades conurbadas em todas as regiões do Estado, levou ao diagnóstico de que há um processo generalizado de metropolização e justificou a criação das onze RMs. d) Em função de intensa urbanização regional, foi criada a RM de Florianópolis nos anos 1970; já as demais RMs somente se justificaram a partir das mudanças demográficas e econômicas da década passada. 03. (IF SP) Observe o gráfico abaixo para responder à questão.

Urbanização é o crescimento das cidades, tanto em população quanto em extensão territorial. É o processo em que o espaço rural transforma-se em espaço urbano, com a consequente migração populacional do tipo campo-cidade. Com relação aos fatores que contribuíram para a urbanização brasileira, marque V para verdadeiro ou F para falso. ( ) Os sistemas de ensino nas cidades são mais acessíveis. ( ) Ofertas de empregos nos setores secundário e terciário de produção. ( ) Acesso à prestação de serviços e produtos industrializados. ( ) Acesso a sistemas de saúde especializados. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. a) V – V – V – V c) F – F – F – V e) F – V – V – F b) V – V – F – F d) F – F – V – V 04. (UFSC) Sobre a urbanização brasileira, é correto afirmar que 01. a urbanização ocorre quando o crescimento da população urbana é maior que o crescimento da população rural.

489

A04  A urbanização brasileira

01. (Fuvest SP) As casinhas eram alugadas por mês e as tinas por dia; e tudo pago adiantado. O preço de cada tina, metendo a água, quinhentos réis; sabão à parte. As moradoras do cortiço tinham preferência e não pagavam nada para lavar. (...) E, mal vagava uma das casinhas, ou um quarto, um canto onde coubesse um colchão, surgia uma nuvem de pretendentes a disputá-los. E aquilo se foi constituindo numa grande lavanderia, agitada e barulhenta, com as suas cercas de varas, as suas hortaliças verdejantes e os seus jardinzinhos de três e quatro palmos, que apareciam como manchas alegres por entre a negrura das limosas tinas transbordantes e o revérbero das claras barracas de algodão cru, armadas sobre os lustrosos bancos de lavar.


Geografia

02. o crescimento acelerado da urbanização no Brasil não está relacionado com o crescimento da violência nas cidades nas últimas décadas. 04. os processos de industrialização e de urbanização brasileiros estão profundamente interligados, pois as indústrias passaram a ser instaladas principalmente em locais que dispõem de infraestrutura, de demanda para o consumo e de oferta de mão de obra. 08. no rápido processo de êxodo rural, as grandes cidades brasileiras absorveram grande contingente de habitantes, mas de forma geral não houve ampliação nem melhoria da infraestrutura urbana, o que desencadeou graves problemas sociais. 16. as grandes cidades brasileiras concentram os principais problemas sociais e por isso são as primeiras a terem políticas públicas exitosas. 05. (IF SC) No número 911 da Avenida Prestes Maia, 379 famílias vivem na segunda maior ocupação vertical da América Latina – de acordo com o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, apenas na Torre de David, na Venezuela, tem mais ocupantes. A localização central do edifício de dois blocos, um com 22 andares e outro com nove, é uma das maiores razões para que o imóvel abandonado há décadas pelos proprietários esteja sempre repleto de ocupantes. Bastam alguns passos para chegar à estação Luz do metrô, no Parque da Luz e na Pinacoteca do Estado. A estimativa é que mais de mil pessoas vivam no local. “Não tem como saber ao certo a quantidade de pessoas, pois existem desde famílias com dez crianças a pessoas sozinhas”, diz uma das líderes da ocupação. No local onde funcionava uma tecelagem, famílias dividem os espaços em pequenos quartinhos. O banheiro e a lavanderia são coletivos. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2015-09/ocupacoes-sao-paulo-tem-segunda-maiorocupacao-vertical-da-america. Acesso em: 26 set. 2016 (adaptado).

A04  A urbanização brasileira

O texto apresenta o caso da ocupação de um edifício na cidade de São Paulo, evidenciando o problema da moradia nas metrópoles brasileiras. Considerando a questão da moradia e sua relação com a dinâmica social, assinale a soma da(s) proposição(ões) CORRETA(S). 01. O processo de urbanização brasileira é excludente e segregacionista posto que, historicamente, as melhores áreas foram ocupadas pelas camadas de maior poder aquisitivo e as áreas mais distantes e carentes de serviços básicos, ocupadas pelas camadas mais pobres. 02. Os movimentos sem-teto caracterizam-se por lutarem pelo direito à moradia e trabalharem junto com as imobiliárias e órgãos de planejamento municipal para a desapropriação de áreas desocupadas da cidade. 04. A crescente valorização do preço do solo urbano, em conjunto com os baixos salários pagos aos trabalhadores, dificulta o acesso à terra para essa parcela da população brasileira. 08. Nas cidades brasileiras, os investimentos públicos e privados são aplicados em obras ou serviços que beneficiam a todos. Todavia, como as obras são de pequenas dimensões, elas não possuem visibilidade no espaço urbano. 490

16. A difícil realidade da população sem-teto nas cidades brasileiras é momentânea, pois o Brasil é um país emergente e os problemas urbanos serão resolvidos com o retorno do crescimento econômico. 32. A falta de moradias no Brasil é um problema recente e não se resolve com a ocupação de imóveis particulares. 06. (Uerj RJ)

O Índice de Progresso Social (IPS) varia de 0 a 100 e é calculado levando em consideração 36 indicadores. Entre eles estão acesso a esgoto sanitário e água canalizada, mobilidade, taxa de homicídios, incidência de dengue, mortalidade por tuberculose e HIV, homicídios de jovens negros e frequência no ensino superior. Não são levadas em conta variáveis econômicas, como renda. Segundo Sérgio Bessermann, presidente do Instituto Pereira Passos, o índice é uma ferramenta que ajuda a acompanhar as mudanças e a direcionar as políticas de governo. Adaptado de O Globo, 17/05/2016.

A análise do mapa e dos dados aponta tanto para aspectos sociais que se modificaram quanto para aqueles que permaneceram, no que diz respeito a bairros e regiões do município do Rio de Janeiro. Um dos aspectos que explica a situação das regiões administrativas com os mais baixos índices de progresso social é a) redução da rede de saneamento básico. b) desigualdade no acesso a vias de transporte. c) redistribuição da força de segurança pública. d) uniformização na oferta de assistência hospitalar. 07. (IF PE) Em relação ao processo de urbanização no Brasil, é CORRETO afirmar que a) a industrialização influenciou o êxodo rural e acelerou o aumento da taxa de urbanização. b) as primeiras cidades surgem apenas no século XIX com a chegada da família real portuguesa à Colônia. c) as maiores regiões metropolitanas, como a de São Paulo, são as que apresentam maior ritmo de crescimento. d) comparativamente às demais regiões, a região Norte é a que possui a menor taxa de urbanização. e) assim como o Rio de Janeiro e Brasília, Recife é uma metrópole nacional, visto que influencia todo país.


FRENTE

A

GEOGRAFIA

Questão 03. Nos países desenvolvidos a urbanização ocorreu em paralelo ao desenvolvimento das indústrias e, portanto, de forma lenta, gradativa e ampliada espacialmente, o que permitiu que as cidades desenvolvessem a infraestrutura necessária para o montante de população que agregavam. Nos países emergentes a urbanização foi alavancada pela industrialização, que espacialmente concentrada, gerou fluxos populacionais direcionados somente para as grandes cidades que, incapazes de absorvê-los, constrói grandes cinturões de marginalização.

Exercícios de Aprofundamento 01. (FGV SP) O lançamento do relatório “Estado das Cidades da América Latina e Caribe”, produzido pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-HABITAT), em 21 de agosto de 2012, repercutiu intensamente na mídia impressa e digital. Sobre o tema desse relatório, é correto afirmar a) com cerca de 80% de sua população vivendo em cidades, a região formada pela América Latina e pelo Caribe figura entre as mais urbanizadas do mundo. b) a maior parte da população urbana da América Latina e do Caribe vive em aglomerações urbanas com mais de 10 milhões de habitantes, conhecidas como megacidades. c) apesar do recente incremento da urbanização, estima-se que mais da metade do PIB da América Latina e Caribe seja produzido em áreas rurais, onde se concentram as atividades ligadas ao agronegócio. d) o número de cidades da América Latina e Caribe vem diminuindo nos últimos cinquenta anos, graças ao padrão concentrador que caracteriza a urbanização regional. e) na América Latina e Caribe, as elevadas taxas de fecundidade vigentes entre a população rural alimentam um crescente êxodo migratório do campo para as cidades. 02. (Fuvest SP)

Segundo o relatório “Perspectivas da Urbanização Mundial”, publicado pela ONU em 2015, mais da metade das grandes aglomerações urbanas do mundo encontra-se no continente asiático. Considere apenas a área assinalada no mapa, onde estão localizadas algumas dessas grandes aglomerações urbanas. Explique dois fatores que levaram à formação dessas grandes aglomerações urbanas nos países localizados na área assinalada. 03. (UFU MG) A urbanização corresponde ao processo de transformação dos espaços rurais em espaços urbanos, com o crescimento das cidades e das práticas inerentes a elas, como as atividades industriais e comerciais. O urbano não se restringe à Questão 02. A área assinalada apresenta países subdesenvolvidos e países emergentes. Neles, fatores como o intenso êxodo rural (migração do campo para a cidade) e a industrialização possibilitaram a elevada urbanização e o surgimento de regiões metropolitanas populosas.

cidade, mas é principalmente nela que ele se materializa, fato que associa o processo de urbanização ao crescimento das cidades em relação ao campo. Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/urbanizacao. htm> Acesso em: 18 de fev. 2016.

A partir do texto e de seus conhecimentos sobre o assunto, diferencie o processo de urbanização ocorrido nos países desenvolvidos e nos emergentes. 04. (Uerj RJ) Dez maiores megacidades no mundo em 1990 e em 2030

1990

2030

1. Tóquio (Japão)

1. Tóquio (Japão)

2. Osaka (Japão)

2. Délhi (Índia)

3. Nova Iorque (E.U.A.)

3. Xangai (China)

4. Cidade do México (México)

4. Mumbai/Bombaim (Índia)

5. São Paulo (Brasil)

5. Beijing/Pequim (China)

6. Mumbai/Bombaim (Índia)

6. Daca (Bangladesh)

7. Kolkata/Calcutá (Índia)

7. Karachi (Paquistão)

8. Los Angeles (E.U.A.)

8. Los Angeles (E.U.A.)

9. Seul (Coreia do Sul)

9. Cairo (Egito)

10. Buenos Aires (Argentina)

10. Cidade do México (México)

O conceito de megacidade contribui para o entendimento do processo de urbanização em diferentes países do mundo. Na tabela, mostram-se dados passados e projeções de ocorrência no mundo desse tipo específico de aglomeração urbana. Apresente o critério demográfico que define megacidade. Comparando as duas colunas, identifique uma tendência da distribuição espacial das megacidades no mundo. 05. (UEL PR) Leia o texto a seguir. Uma enorme quantidade de rejeitos minerais, que formam uma espessa lama com elementos químicos nocivos à saúde, desceu por 2,8 quilômetros até atingir parte do pequeno distrito de Bento Rodrigues, em Mariana-MG. As barragens do Fundão e Santarém fazem parte da Mina de Germano, que pertence à Samarco. A barragem Santarém, de menor porte, rompeu primeiro e sobrecarregou a do Fundão, que gerou a avalanche de lama e rejeitos. (Disponível em: <http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/11/06/interna_gerais,705182/infografico-mostra-como-aconteceu-orompimento-das-barragens-em-mariana.shtml>. Acesso em: 10 dez. 2015.) Questão 04. Megacidade é uma cidade cuja população é superior a 10 milhões de habitantes. Comparando-se as duas colunas é possível estabelecer que a tendência é a concentração das megacidades em países subdesenvolvidos, em razão do processo de metropolização registrado nesses países nas últimas décadas.

491


Geografia Questão 05. Dentre os impactos causados pelo desastre ocorrido em Mariana, pode-se citar: a contaminação e morte de peixes; o soterramento de nascentes; a destruição da mata ciliar e da vegetação da área; a destruição de espécies e biomas da região; a contaminação da área por elementos como manganês, cádmio, chumbo e arsênio; a morte do rio e o espessamento do solo, inutilizando-o para práticas agrícolas.

Sabendo-se que o desastre de Mariana afetou não só o rio Doce como também o litoral do Espírito Santo, indique quatro impactos causados por esse evento.

06. (FGV SP)

Questão 06. A inversão térmica é a formação de uma camada de ar frio e denso próxima à superfície, que aprisiona os poluentes, piora a qualidade do ar e agrava os problemas de saúde na população, principalmente alergias (asma, rinite e bronquite) e infecções respiratórias (resfriado, gripe e pneumonia). As condições de dispersão dos poluentes são dificultadas pela dominância do clima tropical de altitude com inverno seco.

Após a análise comparativa das imagens, aponte o modelo de segregação residencial urbana que se assemelha àquele representado no mapa. Em seguida, indique duas causas que explicam a valorização diferenciada de áreas residenciais na região metropolitana paulista.

08. (Unicamp SP)

A capital paulista bateu um novo recorde de frio nessa segunda-feira (13), com temperatura mínima oficial de 3,5 °C registrada pelo Instituto Nacional de Meteorologia, na estação do Mirante de Santana, zona norte da cidade. A forte massa de ar polar que atua no Estado de São Paulo tem provocado muito frio durante as madrugadas. Por causa do resfriamento, diversos bairros estão amanhecendo com nevoeiro e há previsão de ocorrência do fenômeno da inversão térmica. Adaptado de: Climatempo.com.br/noticia/2016/06/13.

A partir do texto, Indique como a inversão térmica prejudica a saúde e o bem-estar da população paulistana.

Segundo dados da ONU (2013), em 2011, 51% da população mundial (3.6 bilhões) passou a viver em áreas urbanas, em contraste com pouco mais de um terço registrado em 1972. Essa mudança tem implicado grandes metamorfoses do espaço habitado, levando à formação de megacidades (aglomerados urbanos com mais de 10 milhões de habitantes) em todos os continentes. a) Indique os fatores que impulsionam a urbanização mundial, levando à formação de megacidades nos países menos desenvolvidos. b) Aponte, ao menos, três problemas relacionados à dinâmica do espaço urbano das megacidades em países menos desenvolvidos. 09. (UEMA)

FRENTE A  Exercícios de Aprofundamento

07. (Uerj RJ)

492

Questão 07. O modelo de segregação residencial urbana que se assemelha ao mapa é o modelo 2. A diferente valorização da terra urbana se dá em razão da melhor oferta de equipamentos urbanos, infraestrutura, serviços e comércio, segurança pública e arborização.

Questão 08. a) Entre os fatores que impulsionam a urbanização mundial, pode-se destacar o êxodo rural, impulsionado pela mecanização agrícola e concentração fundiária. Além disso, em várias áreas do espaço mundial, inclusive nos países subdesenvolvidos, o espaço urbano é visto como o local do progresso, devido à infraestrutura disponibilizada (escolas, hospitais, trabalho, entre outros), o que redunda em maior atração sobre as pessoas advindas do meio rural. O processo de industrialização e expansão do setor terciário também induziu a urbanização devido à geração de empregos. b) Entre os problemas relacionados à dinâmica do espaço urbano das megacidades (regiões metropolitanas com mais de 10 milhões de habitantes), pode-se apontar a insuficiência de saneamento básico (água potável, coleta de lixo e rede de esgotos), o aumento da violência urbana e problemas ambientais (poluição da água e do ar, ilhas de calor, enchentes, entre outros).


Ciências Humanas e suas Tecnologias Questão 09. a) Fortaleza é uma metrópole regional, isto é, sua influência é principalmente na região Nordeste. É um crescente polo de turismo e eventos. São Paulo é a grande metrópole nacional, ou seja, a cidade com maior influência econômica (centro financeiro) e cultural do País. São Paulo também é uma cidade global (influência internacional). b) Um dos problemas socioambientais comuns é a presença de aglomerados subnormais (favelas) que apresentam dificuldades de acesso aos serviços públicos (saúde, educação, segurança pública e saneamento básico) e ocupam áreas de risco, como margens de córregos sujeitos às enchentes e morros vulneráveis aos deslizamentos.

Assalariados externos são o conjunto de trabalhadores lotados fora dos limites municipais em que estão situadas as empresas-sede que os gerenciam. O mapa acima apresenta o número desses trabalhadores para cada capital brasileira. Analise-o. As metrópoles brasileiras constituem-se nos espaços a partir dos quais as grandes empresas transnacionais e nacionais comandam suas atividades econômicas no Brasil. Com base nessa afirmação e na análise do mapa, a) explicite em que tipo(s) de metrópole(s), na hierarquização das cidades brasileiras, são classificadas Fortaleza e São Paulo. b) cite um problema socioambiental comum a essas metrópoles, relacionando-o à qualidade de vida nesses espaços.

10. (Unicamp SP)

de segurança. Esse processo de fragmentação territorial retrata e reforça a privatização do espaço urbano. 3. No Brasil e em toda a América Latina, houve um processo lento de urbanização e de crescimento das cidades. Tem-se demonstrado que o respectivo crescimento, desde os anos 1990, vem gerando uma tendência global de diminuição dos subúrbios exclusivos e fechados na periferia das grandes cidades. Está CORRETO o que se afirma em a) 1, apenas. b) 2, apenas. c) 3, apenas. d) 1 e 2, apenas. e) 1, 2 e 3.

Imagem de um antigo palacete na Vila Itororó, em São Paulo – SP, que se tornou um cortiço. a) O que define os cortiços? Em que momento da urbanização brasileira eles surgiram? b) Aponte ao menos dois fatores que explicam a permanência dos cortiços nas grandes cidades brasileiras ainda hoje. 11. (UPE PE) Os condomínios se expandem em vários países do mundo, mas com muito mais musculatura no Brasil, onde a violência, a presença da pobreza e o destrato com a paisagem são fatores adversos aos segmentos médios e ricos. Fonte: Eduardo Yázigi, 2003.

A respeito do texto apresentado acima, são feitas as seguintes afirmações: 1. A segregação urbana se notabiliza pelo contraste geográfico extremamente acentuado entre o surgimento de numerosas favelas ao lado dos condomínios residenciais fechados, em sua maioria de alto luxo. Esse fenômeno vem ocorrendo, historicamente, nos países em desenvolvimento, como o Brasil, onde as desigualdades socioespaciais são visíveis. 2. As transformações urbanas recentes no Brasil estão gerando espaços onde os diferentes grupos sociais estão próximos geograficamente, separados, porém, por muros e tecnologias

Considerando essas informações, é correto afirmar: a) A área mais atendida em relação à mitigação da poluição encontra-se no sudeste da Baía de Guanabara, pois possui maior número de estações que atuam em todos os níveis de tratamento de esgoto. b) O tratamento do esgoto objetiva a diminuição da poluição das águas, poluição essa causada pela introdução de substâncias artificiais ou pelo aumento da concentração de substâncias naturais no ambiente aquático existente. c) A Baía de Guanabara encontra-se ainda poluída, em razão de as ETEs existentes reciclarem apenas o lodo proveniente dos dejetos, sendo os materiais do nível primário despejados sem tratamento no mar. d) A elevada concentração de resíduos sólidos despejados na Baía de Guanabara, tais como plásticos, latas e óleos, acaba por provocar intensa eutrofização das águas, aumentando a taxa de oxigênio dissolvido na água. e) O tratamento de esgoto existente concentra-se na eliminação dos fungos lançados no mar, principalmente aqueles gerados pelos dejetos de origem industrial.

Questão 10. a) Os cortiços são moradias de agrupamentos subnormais caracterizadas por áreas degradadas, pela ilegalidade de contratos de moradia e pela divisão de um mesmo imóvel por várias famílias. Eles surgiram com o fim da escravidão no século XIX, mas tornaram-se mais expressivos com a metropolização criada na década de 1950. b) A permanência dos cortiços nas grandes cidades é explicada pela especulação imobiliária, pela intensificação da marginalização da população das cidades, pela ausência ou ineficiência do Estado em determinadas áreas das cidades e pela degradação de parte do espaço urbano.

493

FRENTE A  Exercícios de Aprofundamento

12. (Fuvest SP) Leia o texto e observe a ilustração. O Programa de Despoluição da Baía de Guanabara – PDBG – foi concebido para melhorar as condições sanitárias e ambientais da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Verifique a distribuição, a situação e as fases de operação das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) do PDBG.


FRENTE

B


GEOGRAFIA Por falar nisso Após o término da Segunda Guerra Mundial, tanto o continente europeu quanto os outros continentes passaram por imensas transformações. Dessa forma, pode-se dizer que o Planeta nunca mais seria o mesmo. O poder europeu que outrora havia sido representado pelo Mercantilismo, pelo avanço da Cartografia, pelas Grandes Navegações, pela Divisão Internacional do Trabalho, pela Revolução Francesa e pela Revolução Industrial, estava reduzido às dimensões geográficas mais básicas. O panorama mundial passaria, então, por profundas modificações. A disputa pela hegemonia entre os Estados Unidos da América e a então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS, hoje representada pela Rússia) decretou o mundo bipolar. Aspectos positivos como grandes invenções e criações foram salutares aos quatro cantos do mundo, ao mesmo tempo em que milhares de vidas foram ceifadas por essas duas ideologias antagônicas. O período conhecido como Guerra Fria marcaria então um dos momentos mais tensos da contemporaneidade, levando tensão, medo e receio de um final apocalíptico. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas

B01 B02 B03 B04

A estruturação da Ordem Bipolar: as importantes conferências .................. 496 Origens da Guerra Fria: o declínio europeu e a ascensão de EUA e URSS...... 506 A Europa dividida: alianças e o Muro de Berlim ....................................... 515 Plano Marshall, Doutrina Truman, Macarthismo e Comecon .................. 522


FRENTE

B

GEOGRAFIA

MÓDULO B01

ASSUNTOS ABORDADOS n A estruturação da ordem bipolar n A ampliação do domínio norte-americano n Doutrina Monroe e Big Stick: não à intervenção externa nos EUA n As importantes conferências

A ESTRUTURAÇÃO DA ORDEM BIPOLAR A ordem internacional bipolar teve início logo após o término da Segunda Guerra Mundial e perdurou até o ano de 1991. Dois marcos importantes estão no cerne desse período: a queda do Muro de Berlim em 1989 e a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em 1991. Dessa forma, o mundo dividido em dois polos foi marcado pela disputa do poder econômico, militar e científico, que perdurou por pouco mais de 45 anos. As bombas atômicas lançadas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, e a consequente rendição nipônica após a guerra, fez com que o mundo, finalmente, pudesse se encaminhar para um cenário mais tranquilo. No entanto, nesse mesmo contexto, iniciou-se outro conflito que, embora não declarado, travou-se nas mais diversas esferas sociais, transformando os destinos da maior parte dos países do Globo. As duas grandes potências que saíram vitoriosas da Segunda Guerra Mundial acabaram ficando em lados opostos devido aos seus diferentes regimes socioeconômicos. Os sistemas Capitalista e Socialista passaram a ser conduzidos, respectivamente, por Estados Unidos da América e pela URSS. O mundo bipolar colocou em oposição o Leste, representado pelo Socialismo real, e o Oeste, representado pelo Capitalismo. Esses dois modelos antagônicos colocaram frente a frente as duas superpotências com o maior poderio econômico, político e militar. O ano de 1917 marcou o início do denominado mundo socialista. A Revolução Russa, comandada por Lenin, fez surgir uma nova forma de organização social em oposição ao Capitalismo. A anexação de novos territórios, em 1922, resultou no surgimento da URSS. O Partido Bolchevique, também liderado por Lenin, formou a União Soviética através da unificação das repúblicas soviéticas da Rússia, Ucrânia, Transcaucásia e da Bielorrússia. O Socialismo real passou a se expandir por diversas partes do mundo, fazendo com que o Capitalismo sofresse um processo de retração. A resposta a esse avanço socialista não demorou. Sob a liderança dos Estados Unidos da América, o mundo capitalista passou a reagir à expansão socialista. Na visão capitalista, a ameaça comunista deveria ser barrada. Para alguns historiadores, o século XX é denominado como “século curto”. O historiador marxista britânico Eric Hobsbawm afirmou que esse período foi caracterizado por ser breve e extremado. Mas o centenário foi marcado por catástrofes (motivadas pelas duas guerras mundiais), incertezas (caracterizadas pelos anos dourados entre as décadas de 50 e 60) e intensos momentos de crise (queda de sistemas institucionais). Com o fim da Segunda Guerra Mundial no ano de 1945, o equilíbrio entre as grandes potências sofreu importantes alterações, sendo que uma delas ocorreu na Inglaterra. Essa grande e importante potência europeia dominou grande parte do mundo por vários séculos. Contudo, com o fim do conflito e, consequentemente com seu território arrasado, o poder adquirido ao longo dos séculos acabou sucumbindo. Prejuízos econômicos, militares, além da perda de milhares de vidas e os consequentes processos de independências de suas colônias, fizeram com que o poder britânico passasse por uma intensa retração.

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Doutrina Monroe e Big Stick: não à intervenção externa nos EUA Em um congresso norte-americano realizado no dia 2 de dezembro de 1823, o então presidente dos Estados Unidos, James Monroe, anunciou a chamada Doutrina Monroe. O governante, insatisfeito com as práticas de intervenção europeia, distanciou-se ainda mais do continente europeu. Diante dessa insatisfação, ele elaborou a chamada Doutrina Monroe, cujo objetivo era desaprovar projetos e processos de intervenção na América Latina. O pronunciamento de Monroe deu-se em virtude de uma ameaça proveniente da Santa Aliança – organização que era composta pela Rússia, Áustria e Prússia, que tinha como intenção a re-colonização dos países americanos.

Theodore Roosevelt foi o 26º presidente norte-americano. Militar e naturalista, ele implantou uma ideologia semelhante à do presidente Monroe. Essa ideologia ficou conhecida como Big Stick, ou o Grande Porrete. Roosevelt inspirou-se em um provérbio africano que dizia “fale com suavidade e tenha na mão um grande porrete”. Com essa visão, ele declarou que para proteger os Estados Unidos da América, sempre agiria com diplomacia, mas não hesitaria em utilizar sua autoridade em caso de necessidade. O grande porrete É importante lembrar que muito antes de Monroe e Roosevelt, o então 5º presidente dos Estados Unidos da América – George Washington - dizia que “a Europa tem um conjunto de interesses elementares sem relação com os nossos ou senão muito remotamente.”

Historical / Shutterstock.com B01  A estrutura daEverett ordem bipolar

Ao final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos da América transformaram-se no principal expoente do desenvolvimento do sistema capitalista, emergindo, portanto, como a nova potência capitalista hegemônica. Cabe ressaltar que, no ano de 1948, aproximadamente 70% de todo ouro existente no mundo estava guardado em cofres norte-americanos. Os EUA também tornaram-se a maior potência industrial e agrícola do Planeta. Dessa forma, havia a necessidade de se ampliar o comércio mundial de suas mercadorias. Para tal, o fortalecimento da economia capitalista era primordial. Com grandes investimentos e interesses comerciais em todos os continentes, os estadunidenses despontaram ainda mais na geopolítica mundial. Várias empresas multinacionais norte-americanas logo se expandiram pelos quatro cantos do Globo. Essa amplificação ocorreu, inclusive, para as denominadas áreas periféricas. Países do continente africano e do continente asiático deixaram de ser colônias para tornarem-se economias subdesenvolvidas e, assim, passaram a receber investimentos provenientes de empresas norte-americanas. Na América Latina, cujas independências remontam ao século XIX, já havia uma crescente influência por parte dos Estados Unidos.

A Doutrina Monroe pretendia, então, colocar os Estados Unidos como o líder da América e, portanto, garantir a soberania dos países da América Latina. A América, para os americanos, como ficou conhecida a Doutrina Monroe, pretendia além do impedimento de novos domínios no continente, o não envolvimento norte-americano em conflitos relacionados aos países europeus e a não intromissão por parte destes nas decisões realizadas pelo governo dos EUA.

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A ampliação do domínio norte-americano

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As importantes conferências Conferência de Teerã A Conferência de Teerã foi realizada entre os dias 28 de novembro e 1o de dezembro de 1943. Essa convenção marcou o início de uma série de três encontros entre os “Senhores da Guerra”. Franklin Delano Roosevelt (Estados Unidos da América), Winston Churchill (Reino Unido) e Josef Stalin (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Considerados como os líderes mais poderosos do mundo, esses três estrategistas tiveram, com suas decisões, o controle, a influência e o destino de milhões de seres humanos. O encontro realizado no Irã teve como esboço um conjunto de decisões que confirmou ainda mais a ação coligada da Grande Aliança. Estados Unidos da América, Reino Unido e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas deram o pontapé inicial para a derrota do Eixo, ou seja, essa reunião selou o início da queda da Alemanha nazista - que estava sob o comando de Adolf Hitler, da Itália fascista - comandada por Benito Mussolini e do império japonês. Na Conferência de Teerã, os três grandes líderes acabaram tomando decisões fundamentais, relacionadas às grandes operações de guerra e também ao período pós-guerra. Um ano e meio após a Conferência, o Eixo havia finalmente sucumbido. Dentre as principais decisões tomadas em Teerã, pode-se destacar: n

n

n

n

n

A Abertura da Segunda Frente em maio de 1944, quando ocorreu o desembarque dos Aliados na Normandia. Josef Stalin já pressionava para que ocorresse essa manobra estratégica desde o ano de 1942. Os aliados entraram em consenso sobre o apoio que seria dado ao Marechal Josip Broz “Tito”. A disputa política que ocorria na Iugoslávia, nesse período, colocava em lados opostos grupos rivais. A opção por Tito foi uma vitória de Stalin. A determinação de que os países do leste europeu ficassem sob o controle do bloco soviético. Essa foi mais uma vitória de Stalin, a um custo politicamente muito oneroso a Churchill e a Roosevelt. A Polônia estaria sob o “controle” do ditador da União Soviética. A pressão dos três líderes ao Governo da Turquia. O objetivo era fazer com que o país declarasse guerra à Alemanha. Nesse ponto houve um revés, pois essa declaração ocorreu em fevereiro de 1945, portanto, sem qualquer efeito prático. A garantia de independência do Irã após o término da Segunda Guerra Mundial.

O “grande vencedor” da Conferência de Teerã foi o líder soviético Josef Stalin, que teve uma marcante vitória: a de prolongar ao máximo o início da Conferência de Teerã. Com essa estratégia ele acabou sendo beneficiado pelos acontecimentos.

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Figura 01 - Estátuas de Franklin Roosevelt, Winston Churchill e Josef Stalin, respectivamente

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SAIBA MAIS O LÍDER JOSIP BROZ TITO Josip Broz Tito foi um ditador iugoslavo, filho de lavradores, cuja infância foi marcada por dificuldades: para se ter ideia, ele teve de deixar de frequentar a escola aos 12 anos de idade, devido à necessidade que tinha de trabalhar. Em março de 1915, lutou na Primeira Guerra Mundial. Foi ferido e capturado na frente russa. Dois anos depois, foi libertado pela Revolução Russa, quando teve a oportunidade de aliar-se aos bolchevistas e alistar-se ao Exército Vermelho, pelo qual lutou contra a intervenção externa no país. Em 1920, Tito retornou à Iugoslávia, afiliando-se ao Partido Comunista local. Passados oito anos, ao praticar atividades revolucionárias, foi condenado a cinco anos de reclusão. Posteriormente, foi libertado e retornou para Moscou. Já em 1936 instalou-se em Paris, tornando-se responsável por organizar as brigadas internacionais dirigidas à Espanha, na Guerra Civil. Anos mais tarde, o líder enfrentou um típico período de tensão em suas relações com o mundo ocidental, quando houve a tentativa de tomada de Trieste e de derrubada de um avião norte-americano por parte dos iugoslavos. Com isso, em 28 de junho de 1948, Tito rompeu com a ex-União Soviética. Em seguida, após a morte de Stalin, os novos governantes soviéticos tentaram uma reaproximação, suspendendo os ataques à Iugoslávia. Em retribuição, Tito causa a impressão de que se filiaria novamente ao grupo socialista. Contudo, não se uniu completamente ao lado ocidental e tampouco se uniria totalmente ao comunismo. Com isso, aliou-se à denominada “corrente neutralista”, que tinha como participantes Nehru (Índia) e Nasser (Egito), e que parecia reunir o “Terceiro Mundo”. Tito faleceu em 1980 e, como consequência, a presidência da Iugoslávia passou a ser rotativa entre as repúblicas que formavam o país: Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Macedônia. Anos mais tarde, o sistema de governo passou por diversas fragilidades, evidenciando o sentimento de ódio entre as diferentes etnias e religiões. Somado a isso, a crise econômica advinda do Leste Europeu contribuiu para o processo de desintegração da Iugoslávia.

Conferência de Yalta A Conferência de Yalta foi realizada no mês de fevereiro de 1945, representando a segunda rodada do encontro entre Roosevelt, Churchill e Stalin – os “Senhores da Guerra”. Além disso, é considerada a mais importante das conferências relacionadas à Segunda Guerra Mundial, pois na ocasião ocorreu a divisão ou partilha do mundo entre os três líderes e suas respectivas nações. O encontro na Crimeia (Ucrânia) acabou selando o destino dos países do Globo e, consequentemente, de milhões de pessoas. Os estadistas ampliaram ainda mais seus domínios pelo mundo. A Grã-Bretanha, por exemplo, detinha mais de 23 milhões de km2, que eram representados pelas 51 colônias espalhadas pelos quatro cantos do Globo terrestre. Além disso, Stalin havia determinado que, nesse clube fechado, só entraria quem possuísse mais de 5 milhões de soldados.

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A divisão do continente europeu em dois blocos foi realizada nessa convenção. O Leste Europeu passaria a ser área de influência da URSS, ou seja, Polônia, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Hungria e Romênia, responderiam a Moscou; enquanto que o Oeste europeu estaria sob a influência dos EUA. Outra característica marcante foi a obtenção de territórios perdidos pelos soviéticos na Primeira Guerra Mundial, destacando-se o Leste da Polônia e as repúblicas Bálticas (Letônia, Estônia e Lituânia).

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ESTÓNIA RÚSSIA

LETÓNIA

LITUÂNIA BIELORRÚSSIA

POLÔNIA

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RÚSSIA

Figura 02 - As repúblicas bálticas

Portanto, a configuração clássica do mundo ocorreu com a Conferência de Yalta. O Planeta foi dividido em áreas de influência. O Leste ou Oriente estaria sob o comando Socialista e o Oeste ou Ocidente estaria sob o comando Capitalista. Cabe ressaltar que essa divisão e também as manobras implantadas nos anos seguintes levariam à formação da famosa Cortina de Ferro e do Cordão Sanitário.

Figura 03 - Conferência de Potsdam

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Sob um clima de grande tensão, foi realizada em Potsdam (Alemanha), entre os dias 17 de julho e 2 de agosto de 1945, a Conferência de Potsdam. Nesse evento ocorreu a divisão do território da Alemanha em quatro zonas de ocupação: norte-americana, soviética, inglesa e francesa.

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Conferência de Potsdam


Ciências Humanas e suas Tecnologias Fonte: wikimedia commons

Dentre as principais consequências dessa convenção, podem-se destacar: n n n n n

“Multa” de 20 bilhões de dólares (50% destinou-se a URSS) à Alemanha como forma de reparação pela guerra; Eliminação da indústria bélica alemã; Limitação da produção de aço pela Alemanha; Julgamento dos líderes nazistas por um Tribunal Internacional; Divisão da cidade de Berlim: a parte ocidental ficaria sob o domínio capitalista, enquanto que a parte oriental estaria sob o domínio do regime socialista.

Figura 04 - O Muro de Berlim

Conferência de São Francisco A conferência das Nações Unidas sobre a organização internacional em São Francisco resultou na aprovação de um documento que marcou o início da cooperação internacional: a Carta das Nações Unidas. Esse documento foi aprovado por unanimidade em 25 de junho de 1945 e assinado no dia seguinte pelos membros dos 50 estados participantes, assinado posteriormente pela Polônia, que não pôde comparecer à convenção. Essa carta expõe os objetivos e princípios das Nações Unidas. Objetivos: n n n

n

Manutenção da paz e da segurança; Estímulo às relações amistosas entre as nações; Auxílio na solução dos problemas internacionais, tanto de caráter econômico, social, cultural ou humanitário e apoio no desenvolvimento do respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais; Atuação como um centro de apoio para organizar todos os esforços, a fim de alcançar as metas estabelecidas.

Princípios: n n n

n

A organização foi embasada na igualdade de soberania de todos os seus membros; Todos os Estados membros aceitaram cumprir com boa fé obrigações por eles assumidas em um acordo por meio de uma carta produzida na conferência; Os membros passam a resolver suas diferenças por meios pacíficos, sem colocar em perigo a paz, a segurança e a justiça. Todos os Estados membros devem evitar recorrer à ameaça ou ao uso da força contra outros Estados em suas relações internacionais; Os Estados-membros das Nações Unidas proporcionarão toda a assistência necessária às ações empreendidas pela Organização e se absterão de apoiar os Estados alvos das ações por ela desenvolvidas.

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A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada em substituição à Liga das Nações, em 1945, visando à preservação da paz e segurança no mundo, além de promover a cooperação internacional, a fim de resolver questões econômicas, sociais, culturais e humanitárias. Reunidos na Conferência de San Francisco (EUA), representantes de 51 países aprovaram a Carta de Princípios, constituída por 111 artigos, que deveria nortear as ações da entidade no período pós-guerra. Dentre os principais órgãos que compõem a entidade, destacam-se a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança. O primeiro é responsável por congregar as delegações dos países-membros e realizar uma reunião anual, podendo haver, contudo, sessões emergenciais. Contudo, não detém o comando sobre as questões relacionadas à segurança e à cooperação internacional, fazendo apenas recomendações. Já o segundo, é o órgão de maior poder da ONU, sendo formado por delegados de 15 países-membros, dos quais cinco são permanentes e dez são eleitos a cada dois anos. É importante ressaltar que o poder concentra-se nas mãos dos membros permanentes, que têm poder de veto, e que toda e qualquer decisão é adotada na prática apenas se houver um con501


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senso entre os cinco países: Estados Unidos, Reino Unido, China, França e Rússia (em substituição à extinta União Soviética). Dessa maneira, o Conselho compromete-se a investigar disputas e conflitos internacionais ou internos, a propor soluções que visem a acordos de paz, bem como a adotar sanções, como o corte das comunicações ou das relações diplomáticas ou até mesmo o bloqueio econômico. Em último caso, pode autorizar o uso da força militar, como ocorreu na Guerra do Golfo (1991), na Guerra de Kosovo (1999) e nas intervenções no Haiti e na Somália, em meados da década de 1990, todas sob a liderança dos Estados Unidos. Durante a Guerra Fria, a ONU, na prática, ficou paralisada, pois suas decisões ora contrariavam interesses norte-americanos, ora soviéticos. Aqueles que se sentiam prejudicados vetavam qualquer resolução da entidade. Na guerra contra o Iraque (2003), os Estados Unidos, com apoio solitário do Reino Unido, optaram por invadir o território iraquiano sem a autorização da ONU, com o intuito de derrubar o ditador Saddam Hussein. Sabendo que não teria o apoio necessário dos membros do Conselho de Segurança, o governo de George Bush resolveu apostar no unilateralismo e ignorou a entidade. A atitude do presidente desgastou a ONU e, por extensão, o multilateralismo construído desde o pós-guerra, porque fez com que a entidade perdesse a prerrogativa de decidir sobre intervenções militares. Durante as comemorações dos 50 anos de fundação da ONU, em 1995, cogitou-se a possibilidade de ampliar o número de membros permanentes do Conselho de Segurança.

Em 2003, essa proposta ganhou força com a campanha do Reino Unido de reformar o Conselho para reforçar a legitimidade do órgão, já que a divisão de poder na entidade expressa o mundo da época da Segunda Guerra e não o atual. Hoje é consensual a entrada dos perdedores – Japão e Alemanha – que são grandes potências, e de países em desenvolvimento, como Brasil, Índia e África do Sul, para mencionar apenas os mais influentes e com maior peso regional. Caso os Estados Unidos e os outros membros da entidade viessem concordar em ampliar o Conselho de Segurança, enfrentariam alguns problemas: na América Latina, o México poderia questionar a entrada do Brasil; na África, também havia pretendentes, como o Egito e a Nigéria, e na Ásia, o conflito indo-paquistanês poderia se acirrar porque o Paquistão não se conformaria com a provável entrada da Índia, seu histórico inimigo. Os representantes do mundo subdesenvolvido terão de conseguir um substancial apoio regional e mundial para legitimar sua entrada. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, em meados de 2003, vários países da América Latina apoiavam a entrada do Brasil no Conselho, como Venezuela, Uruguai, Peru, Bolívia e Equador. França, Alemanha, Rússia, Índia, Austrália, Portugal e os países africanos de língua portuguesa também manifestaram apoio à candidatura brasileira. Durante viagem do presidente Lula à China em maio de 2004, os chineses defenderam a ampliação do Conselho de Segurança, do qual são membros permanentes, manifestando também apoio àquela pretensão brasileira.

#DicaCine Geogafi #DicaCine #DicaCine Geogafi Geogafi #DicaCine Geogafi Boa noite e boa sorte (2005) Sinopse: No início da década de 50, devido à ameaça do Comunismo nos Estados Unidos, gerou-se um cenário conflituoso entre os cidadãos comuns. Com isso, o senador norte-americano, Joseph McCarthy, aproveitou-se da situação e criou a denominada doutrina Macarthismo, conhecida por estimular denúncias sobre comportamentos suspeitos. Nesse período, diversos artistas, jornalistas e outros que tinham condutas questionáveis sofreram perseguição. Dirigido e estrelado por George Clooney, o filme evidencia as situações de medo e delações premiadas da época.

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Dr. Fantástico (1964)

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Sinopse: A trama é uma grande sátira da paranoia e do militarismo existentes no período da Guerra Fria. Um general insano dá abertura a um processo que pode ocasionar uma guerra nuclear em um ambiente repleto de militares e políticos, que tentam manter contato com os aviões antes que eles lancem fogo à União Soviética. O filme é dirigido por Stanley Kubrick e cada um dos personagens representa um estereótipo da época: o militar que anseia por guerra, o cientista alemão, o piloto caipira e Hitler não escapam da ironia. Diversas falas, referem-se às teorias do passado, como por exemplo, a Destruição Mútua Assegurada (no inglês, MAD). De acordo com tal teoria, uma guerra nuclear acarretaria na eliminação das duas potências. Assim, nenhuma delas (EUA e URSS) iniciaria um conflito direto.


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Exercícios de Fixação

Disponível em <https://resistenciaemarquivo.wordpress.com/tag/mundo-bipolar/>. Acesso: 03 out 2016.

Em agosto de 1945, as bombas atômicas lançadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki marcaram o início de uma era de 45 anos na qual as duas potências mundiais, EUA e URSS, viveram uma escalada de hostilidade que foi acentuada pela construção do Muro de Berlim em 1961. A tirinha acima representa esse período que ficou conhecido como Guerra Fria sobre a qual se pode afirmar que a) representou um período de paz entre as potências envolvidas na disputa pela hegemonia política e econômica no mundo. b) apenas os EUA detinham o monopólio nuclear, evitando com isso uma nova guerra mundial. c) as disputas políticas entre estes países não afetaram a nova divisão da geopolítica mundial. d) a política armamentista desenvolvida por esses dois países manteve a humanidade sob a ameaça constante de uma guerra nuclear que, se efetivada, poderia levar à destruição do Planeta. e) o arsenal atômico dessas potências econômicas foi destruído, eliminando qualquer possibilidade de um confronto nuclear. 02. (UCB DF) A história recente registra a rivalidade entre a Rússia e os Estados Unidos. Desde a Guerra Fria (1945-1991) até os dias atuais, russos e norte-americanos nunca estiveram do mesmo lado. Atualmente, a Guerra Fria parece acender novamente, ocupando a atenção de todo o mundo, preocupado com um conflito de grandes proporções, caso os dois países venham a se enfrentar em uma guerra. A respeito dessa rivalidade histórica, assinale a alternativa correta. a) A Rússia é uma aliada histórica do governo sírio, a quem sempre prestou apoio econômico e militar. Já a Síria tem sido uma cliente fiel das indústrias de armas da Rússia. b) Em 2017, os Estados Unidos impediram a instalação de uma base militar russa em território sírio. O objetivo era desestabilizar o governo de Bashar al-Assad, presidente da Síria.

c) O governo de Donald Trump conta com o apoio incondicional da Turquia e do Irã contra as ofensivas russas nas questões geopolíticas do Oriente Médio. d) Comandada pela Rússia, a extinta União Soviética saiu vitoriosa sobre os Estados Unidos no episódio da instalação de mísseis soviéticos na ilha cubana em 16 de outubro de 1962. e) Nas recorrentes disputas entre judeus e palestinos no Oriente Médio, os Estados Unidos apoiam o povo palestino, enquanto os russos apoiam Israel. 03. (Uncisal AL) A velha ordem mundial foi marcada pelo antagonismo entre os Estados Unidos, capitalista, e a União Soviética, socialista. Em contrapartida, sobre a Nova Ordem Mundial, pode-se afirmar que a) a multipolaridade do poder global substituiu a rígida geometria bipolar do mundo do pós-guerra. b) delinearam-se tropas do exército organizadas em torno das grandes potências mundiais, no fim do século XX. c) a bipolaridade predominou, mantendo a divisão entre os países ricos capitalistas e os pobres socialistas. d) a economia diversificou, surgindo países com economias planificadas, cuja produtividade visava atingir a elite. e) a ordem multipolar surgiu como alternativa para eliminar o sistema capitalista e estimular o surgimento de países emergentes. 04. “É neste ponto que entra o estado permanente de insegurança. Se a paz fosse firmada em toda parte, os Estados Unidos não conseguiriam persuadir ninguém, interna ou externamente, de que sua presença militar é necessária em alguma parte do mundo. Claro que há bastantes tensões e rivalidades e conflitos amargos no mundo para tornar improvável o surgimento da paz. Não obstante, a grande pergunta que precisamos fazer é: a interferência dos Estados Unidos é parte da solução ou constitui o cerne do problema?”. (David Harvey, O novo imperialismo, Loyola, 2006, pág. 187.)

Um fato que pode justificar o questionamento do autor é a) o período de estabilidade mundial após a Guerra Fria, quando terminaram os conflitos regionais. b) a intervenção militar no Iraque em 2003, contribuindo para convulsionar as diversidades étnico-religiosas, envolvendo curdos e árabes sunitas e xiitas. c) a intervenção militar no Irã, destituindo o governo fundamentalista e antiamericano. d) a pressão norte-americana para a criação do Tribunal Penal Internacional, gerando insatisfação da China e da Rússia. e) retirada do apoio norte-americano a Israel, contribuindo para intensificar os conflitos com os palestinos.

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B01  A estrutura da ordem bipolar

01. (IF PE)


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B01  A estrutura da ordem bipolar

Exercícios Complementares 01. (FGV SP) Em 20 de julho de 1969, o mundo acompanhou maravilhado o desembarque dos astronautas da missão Apollo 11 em solo lunar. No dia seguinte, o jornal New York Times abordaria o evento de um ponto de vista exterior à humanidade, estampando poesia na primeira página: “Homens andam na Lua”. Algumas linhas abaixo, o jornal trazia a celebre frase pronunciada por Neil Armstrong ao pisar em solo lunar: “Um pequeno passo para um homem, um gigantesco salto para a humanidade”. Considerando o contexto mundial na década de 1960 e a chegada do homem à Lua, podemos considerar: IA conquista da Lua e os consequentes avanços tecnológicos frutos dessa realização só podem ser compreendidos no contexto da Guerra Fria, período em que duas superpotências (EUA e URSS) lutavam pela hegemonia política e militar do mundo; II - Na verdade, a URSS não representou uma ameaça à hegemonia norte-americana durante a corrida espacial, uma vez que, nesse período, os soviéticos desenvolveram, em parceria com os EUA, as estações espaciais para pesquisa científica na órbita da Terra; III - Decididos a superar os soviéticos, os EUA criaram a NASA - Agência Espacial norte americana – e cumpriram o desafio proposto pelo então presidente John F. Kennedy, de levar um astronauta até a Lua e trazê-lo de volta, em segurança; IV - Com o fim da Guerra Fria, os EUA e a URSS perderam interesse pela corrida espacial e passaram a priorizar a luta contra o terrorismo, principalmente após a invasão do Iraque e do Afeganistão e os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001; V- A corrida espacial teve início com o lançamento do Sputnik- primeiro satélite artificial da Terra – pela URSS, que, anos depois, mandou para o espaço o cosmonauta Yuri Gagárin, pioneiro das missões tripuladas. a) I e II estão corretas. b) II e IV estão corretas. c) II, III e V estão corretas. d) I, III e V estão corretas. e) Todas as afirmações estão corretas. 02. (ESCS DF) As tensões mundiais perderam o forte caráter ideológico que dominou a Guerra Fria. Naquele período, os conflitos, limitados espacialmente, eram resultado da bipolarização do poder entre os Estados Unidos e a União Soviética. Hoje, com a instauração de uma nova ordem geopolítica e econômica, emergiram conflitos de origens diversas. Com relação aos atuais confrontos no espaço mundial, é correto afirmar, EXCETO:

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a) manifestam-se como ações terroristas em diferentes espaços e com nitidez quanto a suas reivindicações; b) ocorrem entre antigos povos e nações que lutam pela manutenção da soberania de seus territórios; c) opõem grupos de países que têm interesses diversos nos foros das organizações internacionais de comércio; d) surgem de forma localizada entre países que lutam pela posse de territórios localizados em áreas de fronteira; e) dão-se entre grupos étnicos que procuram definir, por meio da força, quem exercerá a hegemonia sobre o território. 03. (UFRN) Os dois documentos abaixo reproduzidos dizem respeito a aspectos das relações internacionais no início do século XXI. Documento 1 Ataque ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001

Disponível em: www.jornaldigital.com/noticiasphp/ Acesso em: 04 jul. 2011.

Documento 2 Fragmento textual de Eric Hobsbawm A reação aos atentados de 11 de setembro de 2001 provou que vivemos todos em um mundo no qual um único hiperpoder global finalmente resolveu que, a partir do fim da União Soviética, não há limites de curto prazo para seu poderio nem para sua disposição em utilizá-lo, embora os objetivos de seu uso não sejam nada claros – exceto a manifestação de sua supremacia. HOBSBAWM, Eric. Tempos interessantes. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. [Adaptado].

Analisando a imagem e o fragmento textual, é possível inferir que a) a reação bélica dos EUA a esses ataques contou com o respaldo do Conselho de Segurança da ONU, que se indignou com a ação terrorista em Nova Iorque. b) a geopolítica no mundo pós-Guerra Fria foi abalada e surgiram outras formas de contestação ao poder que se pretende hegemônico. c) a destruição de um símbolo do capitalismo internacional fragilizou a economia estadunidense, desencadeando o maior abalo financeiro das últimas décadas.


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04. (Puc Campinas SP) Dividimos a história em eras, com começo e fim bem definidos, e mesmo que a ordem seja imposta depois dos fatos - a gente vive para a frente, mas compreende para trás, ninguém na época disse “Oba, começou a Renascença” - é bom acreditar que os fatos têm coerência, e sentido, e lições. Mas podemos aprender a lição errada. A gente fala nos loucos anos 20, quando várias liberdades novas começaram a ser experimentadas, e esquece que foi a era que gerou o fascismo e outras formas liberticidas. A leitura convencional dos anos 40 é que foram os anos em que os Estados Unidos salvaram a Europa dela mesma. Na verdade, a Segunda Guerra salvou os Estados Unidos. Completou o trabalho do New Deal de Roosevelt e acabou com a crise econômica que sobrara dos anos 30, fortalecendo sua indústria (...) (Adaptado de: Luis Fernando Veríssimo. Banquete com os deuses. Rio de janeiro: Objetiva, 2003. p. 207)

Os Estados Unidos emergiram da Segunda Guerra Mundial como o país mais rico e poderoso do mundo. No pós-guerra, dois grandes planos contribuíram para a prosperidade e crescimento material desse país, entre eles, o Plano Marshall, pois, ao a) encorajar maiores investimentos com baixos juros para a reconstrução da economia do país, estimulou a demanda por produtos manufaturados no mercado interno e a exportação de excedentes da produção industrial para a Europa. b) romper com os pressupostos do liberalismo econômico, prolongou a paralisação das atividades industriais e manteve o desemprego, reduzindo a competitividade das economias europeias no comércio internacional. c) financiar a reconstrução da Europa, incluiu novamente os mercados europeus na pauta das exportações norte-americanas, ajudando a acelerar o crescimento econômico do país e impedindo o avanço dos comunistas na região. d) neutralizar os conflitos militares entre o bloco socialista e o bloco capitalista, durante a Guerra Fria, reduziu a competição econômica na Europa, impulsionando o desenvolvimento industrial e do comércio internacional americano. e) incrementar o comércio entre os países ricos e pobres afim de reaquecer a economia, os Estados Unidos promoveram a reorganização econômica europeia, elevando os níveis de emprego e de produção dos norte-americanos. 05. (UFG GO) Leia o texto a seguir. Os dois aviões de passageiros que terroristas islâmicos lançaram, há cinco anos, contra as torres gêmeas do World Trade Center se tornaram um marco na história contemporânea. Lidos em conjunto com a extinção do bloco socialista na esfera da União Soviética, no início dos anos 1990, os atentados da Al Qaeda em Nova York demarcam um “antes” e um “depois”. FOLHA DE S. PAULO, São Paulo, 11 set. 2006, p. A2.

O depois, de acordo com o texto, caracteriza-se a) pela ação dos Estados Unidos em combater o terrorismo mundial mediante acordos bilaterais intermediados pela ONU. b) pela disseminação mundial da ação de grupos terroristas ligada às questões políticas e/ou religiosas. c) pela emergência de governos populistas, na América Latina, dificultando as ações antiterroristas do governo estadunidense. d) pelo estímulo à implantação de barreiras alfandegárias, para proteger os interesses nacionais. e) pelo surgimento das estruturas protecionistas do Estado de bem-estar social, visando melhorar a qualidade de vida da população. 06. (UFPB) Mesmo com o término da Guerra Fria, envolvendo os Estados Unidos e a União Soviética, a corrida armamentista continua em crescimento no mundo. Isso ocorre porque I. existem excedentes no mercado que estão sendo vendidos a preços de sucata. II. países como o Brasil e a África do Sul estão aprimorando os equipamentos já existentes. III. não houve corte nos gastos militares em países do Terceiro Mundo. IV. a implosão da União Soviética possibilitou que os novos estados independentes surgissem como potências nucleares. Das justificativas acima, estão corretas: a) apenas I, II e III. b) apenas I, II e IV. c) apenas II, III e IV. d) apenas I, III e IV. e) todas. 07. (UEPB) Assinale a alternativa que faz a correta leitura do tema sobre o qual a charge faz uma crítica explícita:

Fonte: Rua, João et al. Para ensinar geografia. Rio de Janeiro: ACCESS, 1993.

a) À substituição da Inglaterra pelos Estados Unidos na hegemonia mundial do capitalismo. b) Ao processo de descolonização da África após a II Guerra Mundial. c) Ao fim da Guerra Fria entre Estados Unidos e ex-União Soviética. d) À formação da União Europeia. e) À liderança exercida pelos Estados Unidos sobre os demais países americanos com a formação da ALCA. 505

B01  A estrutura da ordem bipolar

d) a política externa dos EUA tornou-se pacifista, em claro antagonismo àquela adotada no período da Guerra Fria.


FRENTE

B

GEOGRAFIA

MÓDULO B02

ASSUNTOS ABORDADOS n A ordem bipolar: Guerra Fria n Origens da Guerra Fria n Manobras e contramanobras n Corrida armamentista n Corrida aeroespacial

A ORDEM BIPOLAR: GUERRA FRIA Origens da Guerra Fria Com o término da Segunda Guerra Mundial no ano de 1945, o continente europeu, que até então centralizava as ações políticas e econômicas pelo mundo afora, começou a declinar. Destacando-se como exemplo desse domínio europeu, a expansão marítima europeia foi realizada basicamente por dois motivos principais: o declínio do sistema feudalista e a busca pela riqueza proporcionada com o comércio proveniente das especiarias orientais. Cabe ressaltar também outro momento de derrocada europeia: por volta do século XIV, ou seja, na baixa Idade Média, o esgotamento das terras gerou a falta de alimentos e, consequentemente, a fome. O continente europeu também passou por episódios relacionados às grandes epidemias – a peste bubônica, mais conhecida como peste negra, acabou dizimando milhares de vidas no continente. Essa pandemia levou à morte cerca de 1/3 da população europeia através da proliferação de uma doença causada pelo bacilo Yersinia pestis. As caravanas que movimentavam o comércio na metade do século XIV foram responsáveis pela doença. Cidades como Veneza e Gênova, na Itália, recebiam em seus importantes portos, mercadorias provenientes do continente asiático, mais precisamente da China. Foi nesse país que a Peste Negra começou. Um sinal de alerta para o continente europeu estava relacionado ao poder de enfrentamento, que tinha grandes potências tradicionais, como Inglaterra e França. Esses dois países não foram capazes de fazer frente às potências do Eixo – Alemanha, Itália e Japão. A atuação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e dos Estados Unidos da América foi essencial para que a Europa fosse libertada do poder proveniente do Eixo.

Figura 01 - Europa oriental

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O final da Segunda Guerra Mundial também revelou para o mundo que os países do continente europeu não possuíam condições econômicas para realizar a reconstrução do continente destruído pela guerra. Paralelamente a esse declínio, passou a ocorrer maior ascensão de duas superpotências – EUA e URSS. Tais países, outrora aliados, acabaram dividindo-se após o conflito. Além disso, fizeram parte do mesmo grupo de países que lutaram nas duas grandes guerras contra a Alemanha e seus aliados. Ressalta-se que, na Primeira Guerra Mundial, a potência asiática era conhecida como Rússia, e que a partir do ano de 1922, passou a ser denominada por União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, praticamente seis anos após a entrada de Vladmir Lênin no poder.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Dois sistemas econômicos antagônicos – o Capitalismo e o Socialismo - passaram a ditar as normas e as regras nos quatro cantos do mundo. Esse confronto “ideológico” repartiu claramente o Planeta em dois polos de poder. A geopolítica mundial mais uma vez estava associada a um grande e importante jogo de xadrez. Um episódio que relacionava táticas essenciais relacionadas a esse jogo foi a retirada das forças norte-americanas presentes no continente europeu. Pode-se dizer que o início da Guerra Fria ocorreu com uma Europa alarmada diante da retirada das tropas norte-americanas, aliada ao avanço das tropas soviéticas. Os países europeus eram incapazes de se defender do avanço vermelho. De Viena a Berlim, o exército soviético espalhava seu poder por dez capitais da Europa Continental. A geopolítica do mundo bipolar, marcou além da supremacia dos EUA e da URSS, a definição das relações internacionais e o destino de praticamente todas as nações do Planeta. Praticamente todos os acontecimentos políticos e militares, entre os anos de 1946 e 1991, ocorreram nesse contexto. Os diferentes interesses no pós-guerra levaram a suspeitas e hostilidades entre as duas superpotências. Na visão de alguns cientistas políticos, as relações de poder entre EUA e URSS durante a Guerra Fria não foram piores do que outros momentos de tensão em períodos anteriores, mas a ameaça nuclear colaborou de forma significativa para que houvesse a ocultação de tensões políticas que acabaram ressurgindo nos quatro cantos do mundo. Dessa forma, pode-se dizer que a paz militar perdurou no continente europeu por quase cinco décadas. Em 1950, cinco anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, as duas superpotências já se defrontavam de forma indireta na Guerra da Coreia. Somado a isso, no ano de 1959, a Revolução Cubana encontrou oposição dos vizinhos norte-americanos, levando dessa forma, nos anos seguintes, ao alinhamento de Cuba com os soviéticos. Algumas tentativas contrárias ao poder de Moscou também ocorreram. As tentativas de insurreição na Hungria (1956) e na Tchecoslováquia (1968) acabaram sendo sufocadas pela URSS. A Detente, ou seja, a política de coexistência pacífica foi colocada em prática logo após a morte de Stalin. Essa fase da Guerra Fria ocorreu no ano de 1955. No entanto, as duas superpotências do mundo bipolar continuavam investindo somas altíssimas em pesquisas e na produção de armas. Dessa forma, continuaram apoiando e estimulando conflitos nas mais diversas regiões do Planeta.

Em 1948, foi lançado o Plano Marshall, cujo objetivo era reconstruir os países europeus afetados pela Guerra. Esse plano tinha também o intuito de fortalecer o Capitalismo na Europa ocidental e afastar os riscos de uma expansão do modelo socialista. Já em 1949, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) - uma organização militar ocidental que previa defesa mútua entre seus integrantes em caso de ataque soviético. Ainda no último ano da década de 1940 a URSS realizou seu primeiro teste atômico efetivo, além da Guerra Civil Chinesa - Revolução Chinesa – encerrada com a vitória dos socialistas seguidores de Mao Tsé-tung.

B02  A ordem bipolar: Guerra Fria

Manobras e contramanobras

Figura 02 - Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN

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Geografia

Fonte: Shutterstock

Figura 03 - Crise dos Mísseis – Cuba

A Guerra da Coreia entre os anos de 1950 e 1953 marcou o enfrentamento entre o regime comunista do Norte e o pró-ocidental do Sul. As tensões da Guerra Fria reativaram-se no final da década de 1950, quando norte-americanos e soviéticos iniciaram o desenvolvimento de projetos para a construção de mísseis balísticos com alcance continental. Um outro episódio marcante foi a tentativa da URSS de proteger a Alemanha Oriental socialista de uma fuga da população para o lado Ocidental. Essa proteção simbolizou o início da construção do Muro de Berlim no ano de 1961. A Guerra Fria também iria se espalhar pela América, Ásia e África. A instalação de mísseis em Cuba, em 1962, tornou-se um dos momentos mais delicados do mundo bipolar, ou seja, da Guerra Fria. O então presidente dos EUA, John Kennedy, ameaçou esse episódio com represálias nucleares, fazendo com que Moscou retirasse os mísseis em troca da promessa do líder norte-americano de não invadir Cuba. Os norte-americanos e os soviéticos acabaram tornando-se mais moderados devido, principalmente, à situação em que chegou a crise ocasionada pela instalação dos mísseis em Cuba. Esse período da Guerra Fria esteve dentro da fase conhecida como “Coexistência Pacífica”, que ocorreu entre os anos de 1955 e 1970. Verificou-se, portanto, entre EUA e URSS, a demonstração de relutância em travar uma guerra que envolvesse uma soma muito grande de armas nucleares. Posteriormente, o poder soviético sofreu alguns infortúnios como, por exemplo, quando ocorreu a cisão entre China e Moscou- os acontecimentos relacionados à Primavera de Praga. Esse movimento político ocorreu na Tchecoslováquia, no ano de 1968, e foi liderado pelo então Chefe de Estado, Alexander Dubček. Além disso, teve como ideia principal a implantação de reformas liberalizantes, que eram contrárias ao Socialismo centralizador e conservador proveniente da URSS. Dubček foi fortemente reprimido pelo Pacto de Varsóvia - a associação militar entre os países socialistas do leste europeu- liderado pela URSS.

Corrida armamentista O surgimento da bomba atômica ou bomba nuclear remeteu a uma série de implicações políticas, históricas e culturais. O período da Guerra Fria fez com que a vida de milhões de habitantes estivesse ligada ao pesadelo de uma grande “hecatombe nuclear”. A partir desse ataque proveniente de uma das grandes potências do mundo bipolar, a vida humana em nosso Planeta poderia ter chegado ao fim. Essa arma explosiva cuja energia é derivada de uma reação nuclear tem uma história relevante de pesquisas e investimentos científicos.

B02  A ordem bipolar: Guerra Fria

No ano de 1932, descobriu-se o nêutron e, a partir daí os métodos utilizados para se estudar as propriedades do átomo seguiram caminhos totalmente diferentes. Pesquisas investigativas sobre a estrutura de tal partícula foram realizadas pelo físico inglês Ernest Rutherford (1871 – 1937). Otto Hahn e Lise Meitner também foram cientistas de renome, que na década de 30, revelaram importantes aspectos relacionados ao núcleo do átomo. Uma de suas principais descobertas foi a de que o urânio pode atingir o processo de fissão nuclear e, com isso, criar uma reação em cadeia capaz de gerar grandes quantidades de energia. Ao mesmo tempo, descobriram que se esse processo fosse realizado de forma descontrolada, provocaria uma explosão com alto poder de destruição. Surge então a arma nuclear. Albert Einstein, outro importante cientista, também empenhou-se nas pesquisas relacionadas à fissão nuclear, tendo, inclusive, de procurar refúgio em outros países devido à perseguição nazista. 508


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Com todos esses avanços no segmento armamentista, tanto os Estados Unidos da América quanto a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, reforçaram a proteção de seus territórios. Assim, um grande crescimento na área militar acabou desencadeando a corrida armamentista.

Figura 04 - Corrida armamentista 1950-1989

Fonte: wikimedia commons

A bomba nuclear acabou se transformando em um dos elementos primordiais no jogo de poder entre EUA e URSS. Esse embate, considerado, até certo ponto, macabro, ficou conhecido como o equilíbrio do terror. Uma carta de Einstein ao então presidente norte-americano Roosevelt, no ano de 1939, expôs a apreensão desse gênio da física em relação ao alcance do poder nuclear através de Adolf Hitler. A preocupação de Einstein tinha total fundamento, tanto que no ano de 1942, Franklin Roosevelt autorizou o início do Projeto Manthattan, destinado exclusivamente ao desenvolvimento da bomba nuclear. Em julho de 1945, a equipe liderada por Robert Oppenheimer utilizou o deserto de Alamogordo (Novo México – EUA) para realizar um bem-sucedido teste nuclear.

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B02  A ordem bipolar: Guerra Fria

Figura 06 - Cogumelo formado pela explosão da bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima no Japão, no dia 9 de agosto de 1945

Fonte: wikimedia commons

Figura 05 - A crise dos mísseis


Geografia

O lançamento das duas bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945 é, na visão de muitos pesquisadores, o marco que deu início à Guerra Fria. Mesmo com o Japão derrotado militarmente, o lançamento dessas duas armas nucleares foi realizado com o intuito de limitar e intimidar o poder soviético e, consequentemente, o avanço do Comunismo. Outros historiadores e pesquisadores consideram que o endurecimento da postura de Truman na Conferência de Potsdam já indicava que as tensões entre as superpotências seriam ampliadas. No entanto, em fevereiro de 1947, Truman fez um discurso no Congresso americano que mais tarde ficaria conhecido como “Doutrina Truman”, fato esse que passaria para a história como a deflagração da Guerra Fria. O presidente prometeu acabar com a chamada “ameaça comunista” em qualquer parte do mundo onde ela surgisse. Era apenas o início de uma longa temporada de tensões internacionais que caracterizariam a Guerra Fria.

Corrida aeroespacial

B02  A ordem bipolar: Guerra Fria

Figura 07 - Burgas, Bulgária. setembro de 2013: sexta edição do Festival de esculturas de areia intitulada “Walk of Fame”. Escultura sobre Yuri Gagarin.

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Logo após a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, os Governos dos Estados Unidos da América e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas tiveram o auxílio de importantes cientistas e engenheiros da então Alemanha nazista. Muitos desses cientistas acabaram sendo capturados pela inteligência das duas superpotências. Um exemplo ocorreu com o cientista alemão Wernher Von Braun, que foi o responsável pela criação da bomba-foguete V-2 e do Satélite Saturno V, também um dos pesquisadores capturados pelos EUA. Em oposição ao Foguete e ao Satélite, em outubro de 1957, a URSS lançava ao espaço o satélite artificial “Sputnik”. A Corrida Aeroespacial teve início com a ampliação da tensão entre as duas superpotências. Em novembro do mesmo, os russos lançaram o satélite Sputnik II. A cadela Laika foi enviada dentro desse satélite, tornando-se o primeiro ser vivo a atingir o espaço. Posteriormente, em abril de 1961, o astronauta Yuri Gagarin realizou uma viagem em torno do Planeta.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Preocupados com o avanço soviético, os Estados Unidos da América lançaram a espaçonave Apollo XI em uma missão que teve como objetivo um reconhecimento da Lua. Dentro desse veículo interplanetário estavam os astronautas Neil Armstrong, Michael Collins e Edwin Aldrin Jr. É de Neil Armstrong a célebre frase “um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade”.

Figura 08 - Dispositivos balísticos

Fonte: Wikimedia commons

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Viagem à Lua (1902), de Georges Méliès. Sinopse: filme de curta-metragem, dirigido pelo francês Méliès, que se destacou como uma das primeiras ficções científicas da história do cinema, tendo sido considerado também um dos pioneiros no que diz respeito aos blockbusters. A trama é conhecida ainda pela clássica imagem de um foguete furando o olho da Lua.

“Space Oddity” (1969), de David Bowie. Sinopse: Bowie criou o astronauta fictício Major Tom, reinterpretando-o no clipe original de Space Oddity, a melhor obra musical composta a respeito da corrida espacial. O vídeo é igualmente espetacular, muito além do que era visto naquele tempo. Os Eleitos, (1983), de Philip Kaufman. Sinopse: filme baseado no livro de Tom Wolfe. O roteirista e diretor Kaufman retratou a história dos sete astronautas americanos que participaram do Projeto Mercury e também a de um pioneiro solitário que quebrou a barreira do som, mas não conheceu a fama. Moon, de Duncan Jones (2009). Sinopse: a obra cinematográfica mostra o caso do astronauta Sam Bell, prestes a terminar seu turno de três anos em uma mina lunar, e que está ansioso para voltar para casa e reencontrar sua esposa e sua filha. Mas na véspera ele passou a apresentar graves problemas de saúde, como fortes dores de cabeça e alucinações, quase sofrendo um acidente fatal. Em meio a tais acontecimentos, ele conhece, aparentemente, uma versão mais jovem de si mesmo, possivelmente um clone. Sam precisa resolver o mistério antes que a tripulação da empresa chegue.

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B02  A ordem bipolar: Guerra Fria

2001, Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick. Sinopse: em uma época em que se vivenciava o fenômeno da corrida espacial, o objetivo de Kubrick era concluir seu filme antes da chegada do homem à Lua. Além disso, o intuito era transmitir aos espectadores sua visão do espaço, antes mesmo que acontecesse o evento oficialmente. Para se ter ideia, há suposições de que Kubrick foi quem registrou, em um estúdio, a falsa chegada do homem à Lua.


Geografia

Exercícios de Fixação 01. (Unesp SP) Criado em resposta às crises econômicas do final da década de 1990, o G-20 reflete o contexto de a) unilateralidade da antiga ordem mundial, marcada pela supremacia britânica no Conselho de Segurança das Nações Unidas. b) bipolaridade da antiga ordem mundial, caracterizada pela estabilidade financeira dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos. c) multipolaridade da antiga ordem mundial, marcada pelo fortalecimento da cooperação entre blocos econômicos. d) multipolaridade da nova ordem mundial, caracterizada pela diversidade de interesses das economias industrializadas e emergentes. e) bipolaridade da nova ordem mundial, caracterizada pelo controle estadunidense e soviético das instituições financeiras internacionais.

03. (UFABC SP)

(Folha de S.Paulo, 30.09.2007. Adaptado)

Considerando os fatos e as consequências, pode-se inferir que I. a corrida espacial representava o período da bipolarização mundial: URSS comandando o mundo socialista e os EUA liderando o capitalista. II. além do Sputnik 1, a extinta URSS lançou o Sputnik 2, tendo a bordo a cadelinha Laika, enquanto os EUA lançam o seu satélite, o Explorer 1, alguns meses depois. III. hoje, a tecnologia de lançamento de satélite é compartilhada por quase todos os países, pois o interessante é manter ao alcance a tecnologia, diferentemente do que ocorria durante a Guerra Fria.

04. (Unipar PR) Após o término da bipolaridade, característica do período da Guerra Fria, os conflitos internacionais armados: a) aumentaram, devido à retomada de antigas diferenças étnicas e religiosas entre povos. b) diminuíram, devido ao surgimento de outros polos de poder no mundo. c) diminuíram, devido à derrota do socialismo soviético. d) aumentaram, devido à inegável supremacia militar dos Estados Unidos no mundo. e) aumentaram, devido ao crescimento de países que detêm armas nucleares.

Observe a tirinha e leia o texto. NÍQUEL NÁUSEA – FERNANDO GONSALES

(Folha de S.Paulo, 08.10.2007)

“Há muitos motivos para crer que o espaço mudou pouco no último meio século, apesar de as coisas estarem diferentes aqui na Terra. (...) Hoje, a Guerra Fria não existe mais, mas o clima no espaço ainda está longe de refletir o ambiente de interação globalizada que mudou a economia, a política e a ciência em terra firme”(...)

B02  A ordem bipolar: Guerra Fria

com o fim da Guerra Fria, a “paz espacial” não selou de vez: hoje outros países tentam conquistar o espaço, como a China, e o Brasil, com o desenvolvimento da VLS (Veículo Lançador de Satélite). Está correto o que se afirma em a) I, II, III e IV. b) I, II e IV, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) I e IV, apenas. e) II e III, apenas.

O rei dos rios Com base em imagens de satélite e em uma pesquisa de campo na cordilheira dos Andes, cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais concluíram que o rio Amazonas é 592 quilômetros maior do que se supunha, tornando-se, assim, além de o mais caudaloso, o rio mais longo do Planeta. Uma medição com imagens de satélites confirmou que o rio Amazonas tem 140 quilômetros a mais que o Nilo, anunciou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Analise as considerações a seguir. I. No período da Guerra Fria, a necessidade de se conhecerem as ações do inimigo a distância impulsionaram o desenvolvimento de tecnologias para coleta e processamento de dados do espaço geográfico. II. A corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética foi responsável pelo desenvolvimento da tecnologia dos satélites artificiais, abrindo novas possibilidades de observação do Planeta. III. O fim da Guerra Fria, marcado pela queda do Muro de Berlim em 1989 e da União Soviética em 1990, determinou o fim da corrida espacial. Com relação à matéria sobre o rio Amazonas, está correto apenas o que se afirma em a) I. d) I e III. b) II. e) II e III. c) I e II.

02. (Uncisal AL) Há meio século iniciava-se a conquista do espaço com o lançamento do 1.º satélite artificial – Sputnik 1 – pela extinta URSS.

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IV.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios Complementares

02. (UECE) Após o fim do conflito da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), emergiram como superpotências antagônicas os Estados Unidos da América – EUA – e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS –, ambas vitoriosas sobre o eixo. A disputa entre os EUA, representante do mundo capitalista e a URSS, líder do bloco socialista, ia desde aspectos ideológicos, políticos e econômicos, até conflitos regionais em que cada superpotência apoiava um dos lados envolvidos como forma de afirmar sua superioridade. Essa época de enfrentamento durou até o início da década de 1990 quando a URSS passou por profundas transformações de ordem política e econômica. No que diz respeito à disputa entre os EUA e a URSS, neste período da História do século XX, assinale a afirmação verdadeira. a) A disputa entre as duas superpotências foi chamada de Guerra Fria, pelo fato de não ter ocorrido nenhum conflito em que ambas tenham-se envolvido, mesmo isoladamente. b) Dentre as principais manifestações de disputa entre as potências capitalista e socialista, estavam a corrida armamentista nuclear e a corrida espacial. c) Na Guerra da Coreia (1950-1953), os EUA deram apoio ao governo marxista-leninista norte-coreano, liderado por Kim Il-Sung; hoje a Coreia do Norte é governada por seu filho, Kim Jong-il. d) O apoio soviético aos insurgentes muçulmanos, chamados de mujahidin, no Afeganistão, levou-os a derrubar o regime comunista no país.

03. (IFS SE) Desde 1962, os Estados Unidos impõem a um determinado país o denominado embargo econômico, comercial e financeiro. Essa medida está em vigor até os dias atuais, tornando-se um dos mais duradouros embargos na história contemporânea. Que país sofre esses embargos? a) Síria. b) Afeganistão. c) Cuba. d) Iraque. e) Coreia do Norte. 04. (Urca CE) O mundo que se originou no pós Segunda Guerra Mundial era muito diferente do que originou a própria guerra e muito diferente do que se tem hoje, após a Queda do Muro de Berlim. Considerando este recorte temporal, assinale a alternativa que apresenta corretamente uma característica deste período: a) O fato do sistema capitalista demonstrar uma grande capacidade de produção para todo o mundo, fez com que aumentasse a fé nesse sistema, o que inviabilizou o crescimento do mundo socialista além das fronteiras estabelecidas nos acordos de paz do final da Guerra; b) Após a Guerra, o Partido Trabalhista venceu as eleições na Inglaterra, o que gerou uma onda de neoliberalismo nos anos de 1950, com privatizações de bancos, ferrovias e sistema de saúde; c) O fim da Guerra deu origem a uma nova configuração de potências mundiais, a China, a Rússia, os Estados Unidos, a Inglaterra e a França, que passaram a ocupar lugar de destaque na Organização das Nações Unidas; d) Logo após o fim da Guerra, os Estados Unidos da América emergiram como grande potência, sendo a Alemanha a única capaz de fazerlhe frente na hegemonia mundial; e) Nos Estados Unidos, a Doutrina Truman e o Plano Marshall, tinham como principal objetivo a aproximação com a União Soviética, como forma de amenizar um possível nuclear conflito mundial. 05. (Unama MA) A intensificação do processo de globalização e o aumento expressivo dos fluxos de capitais no pós-segunda guerra, são fatos que resultaram de vários fatores, dentre eles merece realce a a) instituição, por iniciativa norte-americana, de planos de ajuda econômica, como o Marshall, na Europa Ocidental, e o Colombo, nos Dragões Asiáticos, grandes parceiros dos Estados Unidos no sudeste asiático.

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B02  A ordem bipolar: Guerra Fria

01. (UFPR) O fim da Guerra Fria mudou a geopolítica do globo e, consequentemente, as estratégias de investimento dos Estados nacionais na indústria bélica. Em relação ao tema, é correto afirmar: a) O término da polarização ideológica existente no período da Guerra Fria não eliminou a corrida armamentista nem reduziu a ocorrência de conflitos violentos. b) Com o fim da Guerra Fria, os investimentos das superpotências na fabricação de armas nucleares foram reduzidos ao mínimo necessário para manter o arsenal atômico que já existia em 1989. c) Os países emergentes, por não serem mais pressionados a se alinhar ideologicamente a uma das superpotências, abandonaram seus projetos de construção de armas nucleares. d) Com o fim da Guerra Fria, estabeleceu-se um maior equilíbrio do poder mundial. e) Com exceção do que ocorre nas potências nucleares, os investimentos realizados pela maioria dos governos nacionais na indústria bélica são pouco expressivos


Geografia

b) expansão do processo de internacionalização das grandes empresas transnacionais, primeiro europeias e, posteriormente, norte-americanas e japonesas, que abrem filiais em vários países do mundo, tornando-os logo de início em espaços extremamente dinâmicos economicamente. c) formação, por iniciativa norte-americana, de instituições financeiras para funcionarem como suporte financeiro ao mundo capitalista, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento. d) criação do dólar americano que teve o seu valor vinculado ao padrão internacional do ouro, um dos mais importantes padrões de valor usados como instrumento de intercâmbio comercial no atual mundo globalizado.

B02  A ordem bipolar: Guerra Fria

06. (Unama MA) Ao término da Segunda Guerra Mundial, uma nova potência toma lugar ao lado dos Estados Unidos, a União Soviética, que adota postulados socialistas. Este novo fato gera um conflito de amplas proporções, que se convencionou chamar “Guerra Fria”. A expressão “Guerra Fria” se fundamentava na seguinte premissa: a) as duas potências emergidas, após a Segunda Guerra Mundial, ameaçavam constantemente o equilíbrio do mundo, devido às armas químicas e intimidavam, com esse poderio bélico, as demais nações. b) as duas nações, ainda durante o desenrolar da Segunda Guerra Mundial, realizaram testes atômicos, apresentando ao mundo seu potencial bélico, intensificando essas demonstrações após o término do conflito. c) era necessário que cada uma aumentasse suas áreas de influência, e para isso propagavam frequentemente, o mito da eminência de uma guerra nuclear que destruiria o mundo. d) havia a ameaça de uma guerra nuclear devido o poderio bélico das duas nações, que evitavam se destruir, passando a se digladiar diplomaticamente e aumentar suas áreas de influência. 07. (UEAM) Na década de 1970, a União Soviética começou a apresentar baixo dinamismo econômico e defasagem tecnológica em relação aos países capitalistas. Neste cenário, em 1985, Mikhail Gorbatchev iniciou reformas com o intuito de recolocar o país no mesmo patamar dos concorrentes ocidentais, com medidas que promoveram a) a criação da Comunidade dos Estados Independentes e a promoção da democracia. b) a implantação da ditadura do proletariado e a condenação dos líderes da resistência. c) a reestruturação da economia soviética e a abertura política da nação. d) a estatização dos meios de produção e a elaboração de planos quinquenais. e) a implantação do autoritarismo militar e o fechamento do Parlamento. 514

08. (UEPA) O período geopolítico considerado bipolar se configurou como rearranjo do espaço mundial delineado pelas duas nações vitoriosas do conflito, os Estados Unidos e a ex-União Soviética regionalizaram a terra não em critérios geográficos e sim ideológicos, criando uma disputa inédita, entre dois modos distintos de produção. Em relação a essas disputas ideológicas no período mencionado, é correto afirmar que o(s) a(s): a) socialismo tinha por objetivo ampliar sua influência pelos continentes através do convencimento de uma sociedade justa e igualitária, contra os valores mercantis do capitalismo. b) Estados Unidos combateu o socialismo soviético, através da articulação com alguns países asiáticos como o Japão, que desejava enviar armas nucleares para a ex-União Soviética, após a catástrofe que sofrera na Segunda Guerra Mundial. c) bipolaridade teve como uma das principais lógicas a expansão do socialismo, fortemente combatida pelo capitalismo, que tinha como uma de suas premissas atenuar os desníveis socioeconômicos entre os países, o que foi fortemente combatido pelo capitalismo. d) modo de produção capitalista e socialista divergiram pelas conquistas de áreas de influência, ocasionando problemas políticos sem interferência nos acordos de não proliferação de armas nucleares. e) o espaço mundial sofreu uma divisão equilibrada, na medida em que a Europa, Ásia e América optaram por aderir ao modo de produção capitalista e a África, Oceania e Antártida ao socialista. 09. (Unicentro PR) Leia o texto a seguir. Poetas, seresteiros, namorados, correi É chegada a hora de escrever e cantar Talvez as derradeiras noites de luar Momento histórico, simples resultado do desenvolvimento da ciência viva Afirmação do homem normal, gradativa sobre o universo natural Sei lá que mais Ah, sim! Os místicos também profetizando em tudo o fim do mundo E em tudo o início dos tempos do além Em cada consciência, em todos os confins Da nova guerra ouvem-se os clarins (GIL, G., Lunik 9)

Esse texto faz uma evidente referência ao projeto soviético da conquista do espaço, uma vez que Lunik 9 foi a nave não tripulada que pousou na Lua em 6 de fevereiro de 1966. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, em qual contexto se insere esse evento da corrida aeroespacial. a) Guerra da Crimeia. b) Guerra do Vietnã. c) Guerra dos Mundos. d) Guerra Fria. e) Guerra nas Estrelas.


FRENTE

B

GEOGRAFIA

MÓDULO B03

A EUROPA SE DIVIDE

ASSUNTOS ABORDADOS

A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte Após o término da Segunda Guerra Mundial, ocorreu um período de acomodação de interesses e de forças em todo o mundo. A criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) remonta ao ano de 1941, quando em plena Segunda Guerra Mundial, os presidentes dos Estados Unidos da América, do Reino Unido e da Irlanda do Norte assinaram uma declaração pela qual concordavam com o auxílio mútuo contra inimigos comuns e em prol da paz e da segurança mundial. Esse documento ficou conhecido como a Carta do Atlântico.

n A Europa se divide n A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte n O Pacto de Varsóvia n Muro de Berlim n Por que a Guerra Fria foi um conflito diferente? n Por que URSS e EUA eram adversários?

OCEANO ATLÂNTICO

OCEANO PACÍFICO

OCEANO ÍNDICO

Figura 01 - Países participantes da OTAN

Em abril de 1949, os Estados Unidos da América, ao liderar vários países ocidentais, criou oficialmente a OTAN, assinando o tratado na cidade de Washington (EUA). No âmbito do Plano Marshall de reconstrução da Europa destruída pela Segunda Guerra Mundial, essa aliança passou a ser o braço militar no continente.

Figura 02 - O poder militar da OTAN

515


Geografia

O tratado entre os países capitalistas liderados pelos EUA consagrou, no aspecto militar, a divisão do continente europeu em dois blocos antagônicos. Estados Unidos da América, Grã-Bretanha, França, Canadá, Islândia, Itália, Bélgica, Dinamarca, Luxemburgo, Portugal, Holanda e Noruega foram os primeiros países a integrar essa aliança militar. Em seguida, novas adesões ocorreram, destacando-se a da Grécia e a da Turquia, no ano de 1952. Em 1955, foi a vez da Alemanha entrar para a OTAN. A Espanha passou a integrar o tratado em 1982.

O Pacto de Varsóvia

Fonte: wikimedia commons

Assinado em maio de 1955, em Varsóvia na Polônia, o Pacto de Varsóvia tornou evidente a divisão do continente europeu entre os blocos liderados pelos Estados Unidos da América (Europa Ocidental Capitalista) e pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (Europa Oriental Socialista).

a dissolução da URSS e o fim da Guerra Fria resultaram na extinção do Pacto de Varsóvia, em 31 de março de 1991.

Muro de Berlim Em meio às ações e reações das superpotências, a URSS executou entre os anos de 1948 e 1949 o bloqueio da cidade de Berlim, pelo qual as vias terrestres que conectavam Berlim Ocidental à Alemanha Ocidental foram obstruídas. Um dos reflexos desse episódio foi a divisão efetiva da Alemanha em dois países: a República Federal da Alemanha (RFA), o lado ocidental sob o modelo capitalista; e a República Democrática Alemã (RDA), oriental e sob a influência soviética, portanto socialista. Essa segmentação também se abateu sobre a cidade de Berlim, sendo que a RFA passaria a ter como capital a cidade de Bonn, localizada no lado ocidental. No entanto, essa divisão não seria a única marca da bipolarização sobre Berlim. Assim, em agosto de 1960, em função do intenso fluxo migratório de pessoas do lado oriental para o ocidental da cidade, deu-se início pelas autoridades soviéticas, a construção do famigerado Muro de Berlim. Esse ícone da Guerra Fria, derrubado em 1989, como vimos, pode ser tomado como a materialização da “Cortina de Ferro”. N

Panketal Tegel Berlim Oriental

Figura 03 - Emblema do Pacto de Varsóvia.

Berlim Ocidental Gatow

Por meio do Pacto de Varsóvia, a União Soviética alinhou os países-membros com o objetivo inicial de alcançar uma autoproteção. As nações que integravam o acordo eram: URSS, Polônia, Alemanha Oriental, Bulgária, Hungria, Romênia, Albânia e Tchecoslováquia. Apesar desse objetivo inicial, não foi estabelecido um compromisso de ajuda mútua, caso houvesse intervenções militares.

Aeroportos Trens Metropolitanos

Postos de controle da PIDA Bosques

Autopistas

Figura 04 - O muro de Berlim

Fonte: wikimedia commons

B03  A Europa se divide

Anos mais tarde, diversos fatores trariam fortes consequências. Nesse sentido, a derrubada dos governos socialistas no final da década de 80, a queda do Muro de Berlim em 1989,

Muro de Berlim

Sohönefeld

516


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Por que a Guerra Fria foi um conflito diferente? O mundo bipolar caracterizava-se pelo fato de as duas superpotências vitoriosas na Segunda Guerra Mundial terem se posicionado em lados opostos, não havendo, portanto, um conflito militar direto entre elas. Nesse contexto, a disputa entre as duas nações foi classificada como diferente, recebendo o nome de Guerra Fria. Mesmo com toda a hostilidade que ocorria diariamente entre Estados Unidos e União Soviética, ambos sabiam que, no caso de ocorrer uma guerra total, ou seja, um conflito em que cada um dos países chegasse a utilizar todo seu aparato bélico, esse fato acabaria tornando-se uma ameaça à continuidade da espécie humana no mundo. Cabe lembrar, contudo, que o monopólio que os norte-americanos possuíam sobre a bomba atômica não perdurou por muito tempo, já que em agosto de 1949 os soviéticos detonaram sua primeira bomba nuclear. Dentre as principais características da Guerra Fria, destaca-se o fato de que os conflitos militares foram transferidos para áreas periféricas. Assim, as duas superpotências envolveram-se em diversas guerras localizadas em continentes, como Ásia, África e América Latina. Como exemplos, podemos citar: a intervenção dos EUA sobre o Vietnã, entre as décadas de 60 e 70; a interferência soviética no Afeganistão, entre o final dos anos 70 e meados dos anos 80; e, por fim, o envolvimento dos EUA e URSS, direta ou indiretamente, em quase todos os conflitos no Oriente Médio, especialmente no embate entre palestinos e israelenses, apoiados, respectivamente, pelos soviéticos e norte-americanos.

Por que URSS e EUA eram adversários?

B03  A Europa se divide

A incompatibilidade entre as ideologias capitalista e socialista era o ponto chave na rivalidade entre as duas superpotências. Desse modo, cada lado defendia seu pensamento político-econômico. O sistema defendido pelos Estados Unidos da América – o Capitalismo - era caracterizado pela democracia, pela defesa da propriedade privada e também pela livre iniciativa. Por sua vez, o sistema adotado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – o Socialismo - caracterizava-se pelo fim da propriedade privada, pela igualdade econômica, por uma sociedade igualitária em que não houvesse ricos e pobres e por um Estado forte, capaz de garantir as necessidades básicas de todos os cidadãos.

517


Geografia

SAIBA MAIS CONTRADIÇÕES NOS EUA E URSS Em geral, havia muitos pontos contraditórios entre os discursos e as práticas dos norte-americanos e soviéticos. Os Estados Unidos, conhecidos por defenderem a liberdade e a democracia, apoiaram Regimes Militares na América do Sul, entre as décadas de 60 e 70, a fim de combater o Socialismo. Por outro lado, a União Soviética, que defendia a igualdade, opunha-se à miséria e era governada pelo Partido Comunista, permitia que determinados funcionários políticos usufruíssem de certos luxos - como produtos importados de excelente qualidade -, enquanto que a maioria da população tinha de enfrentar filas extensas para comprar produtos básicos.

Geogafi #DicaCine Geogafi #DicaCine #DicaCine Geogafi #DicaCine Geogafi

- Tinker, Tailor, Soldier, Spy (1979). Direção: John Irvin. Sinopse: o filme é um dos clássicos de John le Carré sobre a Guerra Fria e conta a história de George Smiley, uma das cinco pessoas que ocupavam os postos mais elevados no Circus (divisão de elite do Serviço Secreto Inglês). Ele era responsável por descobrir quem, entre os cinco, era um agente duplo que trabalhou durante anos para o governo soviético. - Munich (2006). Direção: Steven Spielberg. Sinopse: durante as Olímpiadas de Munique (Alemanha), em 1972, um ataque terrorista foi transmitido ao vivo para 900 milhões de pessoas. Na ocasião, o grupo palestino Setembro Negro invadiu a sede dos jogos e matou duas pessoas da equipe olímpica de Israel, mantendo outros nove como reféns. O ataque teve fim 21 horas depois, quando todos haviam sido mortos. Em seguida, um jovem israelense revoltado recebe uma ordem para caçar e matar os 11 adversários, apontados pela inteligência israelense como responsáveis pelo ataque. - Ronin (1998). Direção: John Frankenheimer. Sinopse: a trama retrata o fato de diversos agentes espiões terem sido convocados para capturar uma maleta de conteúdo misterioso. Ao longo da narrativa, a situação se complica quando eles descobrem que estão envolvidos em um cenário de mentiras, traições e crimes. - 39 Steps (1935). Direção: Alfred Hitchcock. Sinopse: este clássico, considerado como um dos principais da fase britânica, mostra a perseguição contra um homem que fora envolvido em uma trama de espionagem e mistérios. Ele lutará para provar sua inocência.

B03  A Europa se divide

- Eye of the Needle (1981). Direção: Richard Marquand. Sinopse: inspirado no best-seller de Ken Follet, o filme aborda a relação entre um espião e uma mulher. Na Inglaterra, o agente é conhecido como Faber, mas há a desconfiança de que ele seja o leal e mortal espião “The Needle” (O Buraco da Agulha, nome da trama em português). - Three Days of the Condor (1975). Direção: Sydney Pollack. Sinopse: a obra cinematográfica retrata o caso do agente da CIA (Central Intelligence Agency), Joseph Turner, e de sua equipe. Eles leem alguns livros e começam a imaginar situações que podem ser usadas pela Agência. Em um certo dia chuvoso, ao sair para comprar comida, Turner sai por uma passagem secreta e, na volta, percebe que todos seus colegas de trabalho foram mortos. Assustado, ele liga para seu chefe, que afirma que logo ele será resgatado. Posteriormente, tentam mata-lo, mas ele consegue se salvar. Em meio a esse cenário misterioso, Turner sequestra uma fotógrafa e vai para o apartamento dela, em busca de um esconderijo que ninguém da CIA conheça. - The Spy Who Came In From the Cold (1965). Direção: Martin Ritt. Sinopse: este filme também é uma adaptação do romance escrito por John le Carré e revela a história de um espião britânico enviado à Alemanha Oriental, durante a Guerra Fria, para atuar como agente duplo. No entanto, alguns de seus companheiros começam a desconfiar dele.

518


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios de Fixação 01. (Fatec SP) No dia 25 de agosto de 2012, o jornal O Estado de S. Paulo publicou a seguinte notícia:

a) A Glasnost e a Perestroika foram reestruturações e mu-

O astronauta norte-americano Neil Armstrong, primeiro homem a pisar na Lua, morreu neste sábado aos 82 anos. Em 1958, Armstrong foi selecionado para ser um dos pilotos-engenheiros do programa “Homem no Espaço Mais Cedo”, da Força Aérea, com o qual os EUA pretendiam competir com o programa espacial soviético, mais avançado à época. A partir de 1962, ele passou a integrar o corpo de astronautas da NASA (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço), do qual era um dos dois únicos civis. Sua frase mais famosa foi quando seus pés tocaram a superfície lunar pela primeira vez: “Um pequeno passo para um homem, mas um grande passo para a humanidade”. (Adaptado)

pitalista, a fim de desestabilizar os governos socialistas e

02. (Puc Campinas SP) O 11 de setembro [de 2001] se revestiu de um forte caráter simbólico para os Estados Unidos e para todo o mundo porque a) reativou a bipolaridade que era o fio condutor da política mundial até a década de 1980. b) extinguiu a Nova Ordem mundial que havia sido firmada ao final do século XX. c) representou a retomada da posição estadunidense de defensores do mundo livre. d) fragmentou o poder que, desde a década de 1990, concentrava-se nos Estados Unidos. e) reiniciou os conflitos étnicos que haviam sido extintos desde a queda do muro de Berlim. 03. (UERN) As duas grandes guerras do século XX assinalaram o declínio das potências europeias, culminando no fim do sistema multipolar e na emersão de um novo sistema internacional baseado na rivalidade entre Estados Unidos e União Soviética. Sobre os acontecimentos desse período, marque a alternativa correta.

impor sua democratização. b) No sistema da Guerra Fria, houve um exemplo clássico do equilíbrio multipolar em que duas superpotências mundiais se comportavam como rivais e tendiam a estender o seu poder por meio da formação de alianças com outras nações. c) Em 1947, o governo estadunidense propôs um plano para recuperar a Europa ocidental com a finalidade de conter a expansão socialista e de recuperar mercados para produtos e capitais norte-americanos, denominado “cortina de ferro”. d) A rivalidade geopolítica entre Estados Unidos e União Soviética significou uma confrontação ideológica, entre o ideal de uma sociedade baseada na liberdade econômica e na democracia política e pautada na planificação econômica estatal e na hegemonia de um único partido. 04. (UFJF MG) Leia o texto abaixo: “A natureza do conflito mudou. O século vinte, o mais sangrento da história da humanidade, foi definido, primeiro, pelas guerras entre países e, depois, pelos receios da guerra fria de confronto violento entre duas superpotências. Agora, esses receios deram lugar aos medos das guerras locais e regionais, travadas predominantemente em países pobres, no interior de Estados fracos ou falidos e com pequenas armas como as preferidas. A maioria das vítimas das guerras de hoje é civil. Há menos conflitos no mundo hoje do que em 1990, mas a parcela desses conflitos que ocorre em países pobres aumentou.” Fonte: Relatório do Desenvolvimento Humano 2005. ONU.

Marque a alternativa que apresenta um país e o recurso natural do qual provêm meios para sustentar conflitos violentos: País

Recursos

a)

Afeganistão

Madeiras

b)

Angola

Petróleo

c)

Peru

Gás natural

d)

Colômbia

Café

e)

Indonésia

Pedras preciosas

B03  A Europa se divide

Considerando as informações da reportagem sobre o astronauta Neil Armstrong e o programa espacial dos EUA, é correto afirmar que a) os EUA realizaram o programa de envio do homem à Lua com apoio do governo soviético. b) o astronauta Neil Armstrong pode ser considerado um herói da Segunda Guerra Mundial. c) o desenvolvimento de programas espaciais foi uma das características da Guerra Fria. d) o astronauta Neil Armstrong participou da equipe soviética que chegou primeiro à Lua. e) os programas espaciais dos EUA contavam apenas com a participação de militares.

danças políticas e econômicas implantas pelo regime ca-

519


Geografia

Exercícios Complementares 01. (Unifor CE) Considere o texto apresentado abaixo. “Em meados dos anos 50, este país transformou-se de uma sociedade feudal fechada em uma potência mundial industrializada. Na década de 60, especializou-se na fabricação de produtos de alta tecnologia e ao final da Guerra Fria, emergiu como uma das principais potências econômicas do mundo.” (Adaptado: Enciclopédia do Mundo Contemporâneo. Rio de Janeiro: Terceiro Milênio. São Paulo: Publifolha, 1999)

O texto refere-se a) ao Canadá. b) à Austrália. c) à Alemanha. d) à Coreia do Sul. e) ao Japão.

B03  A Europa se divide

02. (UFMG) O quadro de paz e estabilidade que se previa ao final da Guerra Fria parece, ainda, longe de ser alcançado nestes primeiros anos do século XXI. Considerando-se essa situação, é INCORRETO afirmar que a) a vitalidade expressiva do crescimento de algumas economias não-ocidentais, em face às atuais potências mundiais, tem interferido nas relações de força que imperam na política internacional. b) o desarmamento mundial, que ultrapassou as propostas originais para esse processo, tornou vulneráveis os países considerados esteios da segurança internacional. c) o fim de uma ameaça global, representada pela disputa entre capitalismo e socialismo, abriu espaço para múltiplos conflitos de motivação étnico-religiosa e de nacionalidades. d) o notável crescimento demográfico de populações muçulmanas vem constituindo um contingente numeroso, geograficamente disperso, que abriga valores divergentes da civilização ocidental. 03. (UESC BA) A geografia mundial tomou novos contornos políticos, econômicos e territoriais durante a Guerra Fria. Em relação a esse contexto, é correto afirmar. 01. Cuba se destacou como uma grande potência da América Latina, apoiada pela URSS, graças à exploração de suas reservas de petróleo e de minerais metálicos. 02. A Europa Oriental obteve o mais expressivo desenvolvimento econômico e os melhores indicadores sociais do continente. 03. Os Estados Unidos ampliaram sua influência na América Latina, apoiando ditaduras militares, e consolidaram seu poder bélico. 04. A economia brasileira, vulnerável às crises do mercado externo, registrou a mais grave depressão econômica de sua história.

520

05. A Europa Ocidental, apoiada pelos norte-americanos, eliminou a miséria pessoal e os conflitos étnicos e alcançou um desenvolvimento caracterizado pela homogeneidade. 04. (UFU MG) Sobre o conflito entre a Rússia e a Geórgia, envolvendo a integridade territorial desse segundo país e sua soberania sobre a Abkházia e a Ossétia do Sul, o filósofo esloveno Slavoj Zizek escreveu: “O chamado ‘século americano’ já chegou ao fim e já estamos ingressando no período de formação de múltiplos centros de capitalismo global [...]. Após o fracasso da tentativa dos EUA de se imporem como superpotência única, agora é necessário definir as regras de interação entre esses centros locais, no caso de seus interesses conflitantes. É por isso que nossos tempos são mais perigosos do que podem parecer. Durante a Guerra Fria, as regras do comportamento internacional eram claras, sendo garantidas pela destruição mutuamente assegurada das superpotências. Hoje, as potências antigas e novas estão testando umas às outras, tentando impor suas versões próprias das regras globais e testando-as por procuração, procuração esta entregue a outros Estados menores. Os georgeanos estão pagando o preço por realizar esses testes. [...] É o futuro da comunidade internacional que está em jogo agora: as novas regras que vão regulamentá-las, qual será a nova ordem mundial.” ZIZEK, Slavoj. Um mundo desregrado. In Folha de S. Paulo. Caderno Mais, 24 de agosto de 2008. p. 12.

Considerando esse texto sobre o atual momento histórico da geopolítica mundial, é correto afirmar que a) a ordem mundial da Guerra Fria corresponde ao período em que os EUA tentaram se impor como superpotência única e “polícia do mundo”. O sucesso dessa tentativa teria sido mais seguro para a paz mundial do que a atual indefinição de regras e de testes de força entre potências novas e antigas. b) esse conflito trata-se de uma disputa entre uma potência antiga − Rússia e uma nova Geórgia pelo controle de uma região estratégica para o abastecimento de petróleo e gás natural para a Europa. c) a Geórgia agiu a favor da Rússia, sua aliada desde quando integravam a antiga União Soviética, e contra os interesses dos EUA, ao tentar afirmar sua soberania sobre a Abkházia e a Ossétia do Sul. d) o fim da Guerra da Fria não garantiu a paz internacional e, ainda hoje, não estão definidas e estabelecidas as relações de força entre as potências e as regras para uma nova ordem mundial.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

06. Leia o texto abaixo e, em seguida, assinale a alternativa correta. Em 28 de outubro de 1962, quando se noticiou que parte da “resolução” da Crise do Mísseis era remover as ogivas de Cuba, milhares de soldados cubanos cercaram as instalações que as abrigavam. Um aturdido ministro de relações internacionais da União Soviética, Anastas Mikoyan, correu para Havana e se encontrou com Castro. A própria KGB temia que os comandos cubanos atacassem, se apoderassem dos mísseis e dessem início à Terceira Guerra Mundial. (FONTOVA Humberto. O Verdadeiro Che Guevara e os idiotas úteis que o idolatram. São Paulo: É Realizações. 2009. p. 116.)

Partindo do exposto no texto, podemos afirmar que: a) os cubanos quiseram se aliar aos EUA. b) a KGB temia que os cubanos disparassem os mísseis nucleares contra a URSS. c) os cubanos, inicialmente, não aceitaram o acordo para resolução da “Crise dos Mísseis”. d) os soviéticos ordenaram aos cubanos o ataque nuclear aos EUA. e) os EUA decidiram pela invasão de Cuba e pelo ataque às bases dos mísseis. 07. (Mackenzie SP) O episódio conhecido como “a crise dos mísseis”, de 1962, que pôs em grande risco a paz mundial, resultou da

a) invasão do território sul-coreano pelo exército da Coreia do Norte, então apoiada pela União Soviética e pela China. b) intervenção militar realizada pela URSS na Hungria, com a ocupação de Budapeste e a deposição de I. Nagy. c) descoberta, pelos EUA, dos trabalhos de instalação de armas nucleares soviéticas em Cuba. d) ereção de um muro em Berlim, pelo governo comunista, dividindo fisicamente a cidade e a República Democrática Alemã. e) ruptura das relações diplomáticas entre a China e a URSS, em razão das acusações de “revisionismo” feitas pelo PCC a dirigentes soviéticos. 08. O ponto mais tenso da Crise dos Mísseis se deu no dia 27 de outubro de 1962, um sábado, tanto que ficou conhecido como “sábado negro”. Nesse dia a) um míssil balístico R-12 foi disparado de Cuba contra a cidade de Washington. b) os EUA invadiram novamente a Baía dos Porcos. c) bombardeiros americanos B-52 lançaram bombas contra as instalações nucleares de Cuba. d) um avião-espião americano, modelo U-2, foi abatido pelos cubanos. e) Fidel Castro foi assassinado por um agente da CIA. 09. (UFRN) A nova ordem mundial, que emergiu a partir da queda do Muro de Berlim, contribuiu para o reordenamento geopolítico e econômico mundial, uma vez que a) abriu espaço para a multipolarização econômica, objetivando o surgimento de novas economias industrializadas. b) aprofundou o processo de globalização, favorecendo a consolidação e a supremacia de blocos econômicos supranacionais. c) colaborou para a formação de novos polos de poder, dentre os quais se destacam os Tigres Asiáticos e países da América Latina. d) favoreceu a criação de blocos de poder globalizados no âmbito dos países subdesenvolvidos, facilitando a constituição de mercados regionais. 10. (Furg RS) A manifestação de alegria pela queda do Muro de Berlim em 10/09/1989 na Potsdamer Platz, na antiga Berlim Oriental, simbolizou o fim do confronto entre formas ideológicas de conceituar a liberdade do homem e a vida humana no Espaço Geográfico Mundial. Quais são as duas manifestações de liberdade humana que existem em registros conflituosos, documentando ideologias distintas? a) A Liberdade Capitalista e a Liberdade do Privado e Individual. b) A Liberdade do Coletivo Comunitário e a Liberdade Comunista. c) A Liberdade do Privado e Individual e a Liberdade do Coletivo Social. d) A Liberdade do Capital e a Liberdade do Mercado de Terra. e) A Liberdade do Mercado e a Liberdade da Livre Iniciativa. 521

B03  A Europa se divide

05. (UFPB) Ao final da Segunda Guerra Mundial, a derrota das forças do Eixo – Alemanha, Japão e Itália – e o enfraquecimento econômico, militar e político das potências, europeus levaram o mundo a um período de grandes transformações geopolíticas, especialmente, pelos Estados Unidos da América e pela então União Soviética. Esse processo de reorganização estendeu-se até o final dos anos 1980. Durante esse período, o mundo passou por vários momentos de tensão, colocando as forças armadas nesses dois países em alerta máximo, com a iminência de uma guerra nuclear. No âmbito da geopolítica mundial, é correto afirmar que, durante a chamada Guerra Fria, um dos momentos mais tensos entre Estados Unidos da América e União Soviética foi: a) A Guerra da Coreia, onde a porção norte, apoiada pelos Estados Unidos, invadiu a porção sul, apoiada pela União Soviética, causando a divisão do território coreano. b) A instalação, pela União Soviética, de mísseis balísticos de longo alcance nos países membros da OTAN localizados no leste europeu. c) A Guerra do Vietnã, onde a porção sul apoiada pelos Estados Unidos invadiu a porção norte apoiada pela União Soviética, ocasionando a divisão do território vietnamita. d) A instalação, pelos Estados Unidos, de mísseis balísticos nos países membros do Pacto de Varsóvia, localizados no oeste europeu. e) A instalação secreta, pela União Soviética, de mísseis balísticos em Cuba, país localizado no continente americano que se orientou para o socialismo.


FRENTE

B

GEOGRAFIA

MÓDULO B04

ASSUNTOS ABORDADOS n Plano Marshall, Doutrina Truman,

Macarthismo e Comecon n Plano Marshall n Doutrina Truman

PLANO MARSHALL, DOUTRINA TRUMAN, MACARTHISMO E COMECON Plano Marshall A devastação do continente europeu após o fim da Segunda Guerra Mundial e a ameaça de expansão de Moscou sobre os países aliados aos Estados Unidos da América durante o conflito demonstraram que havia se tornado urgente a necessidade da reconstrução da economia europeia. Foi nesse contexto que, no ano de 1947, o Plano Marshall foi lançado pelos EUA. O projeto de restabelecimento da economia tornou-se um dos frutos da Doutrina Truman, cujos pressupostos formaram a base da supremacia norte-americana após a Segunda Grande Guerra.

n Macarthismo n Comecon

O general George Catlett Marshall, secretário de Estado do presidente Henry Truman, foi o idealizador do Programa de Recuperação Europeia. O principal objetivo do plano era o de realizar empréstimos e doações financeiras aos países europeus que haviam sido devastados pelo combate. Esse ambicioso projeto transformou-se em um gigantesco plano de investimentos realizados entre os anos de 1948 e 1951. O receio da aproximação comunista era nítido. As consequências da guerra foram terríveis para o continente europeu. Dentre elas, podem ser citados a miséria, o desemprego e a falta de perspectiva para o futuro. Aproximadamente 13 bilhões de dólares (gráfico 01) foram investidos nas economias devastadas pelo conflito. Enquanto alguns países da Europa Ocidental (França, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Alemanha e Itália) aderiram ao Plano Marshall com entusiasmo, o líder soviético Josef Stalin acabou proibindo os países que estavam em sua órbita (Hungria, Tchecoslováquia, Polônia, Romênia, Bulgária e Iugoslávia) de aceitá-lo. A doutrina e o plano acentuaram ainda mais a separação do mundo em duas esferas de influência. (Milhares de milhões de dólares) Fonte: wikimedia commons

4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0

Outros países Créditos

Figura 01 - George Marshall

522

Inglaterra

França

Itália

Donativos

Gráfico 01 - Distribuição da ajuda americana aos países europeus

Alemanha

Holanda


Ciências Humanas e suas Tecnologias

SAIBA MAIS CAOS AO FIM DA GUERRA Em 1947, quando se encerrava o tenebroso inverno europeu, iniciava-se a tão esperada primavera. Nos últimos anos da Segunda Guerra Mundial, na parte dominada pela Alemanha nazista, ainda era possível desfrutar de um sistema de abastecimento razoável. Além disso, os salários e os preços tabelados impediam um terrível salto inflacionário. Contudo, ao finalizar por vez o conflito, as pessoas viviam em um cenário de desmobilização geral e, para agravar ainda mais a situação, dois anos após a rendição nazista, a comida esgotou e os produtos que circulavam pelo mercado negro atingiam preços em patamares absurdos. Para driblar o caos, a população de Berlim desmatou a cidade e as áreas públicas que davam espaço às árvores, passaram a ser cultivadas com hortaliças, que eram vigiadas dia e noite para que não fossem roubadas e pudessem matar a fome dos moradores. RUÍNA E DESOLAÇÃO Ao desembarcar no porto do Havre, na região da Alta Normandia, em Antuérpia (Bélgica) ou Amsterdam (Holanda), deparava-se com ruínas e um espírito desolador por todos os cantos. Para se ter ideia, praticamente toda a infraestrutura no que diz respeito às comunicações e transportes fora destruída. Tudo havia transformado em entulho: estradas de ferro, linhas de metrô, reservatórios de água, minas, fábricas, portos, grandes e pequenas cidades, entre outros, tornaram-se um imenso entulho, que servia de sepulcro aos mortos. Avistar cidades ou aldeias inteiras era possível apenas se fossem percorridos mais de 4 600 quilômetros após as margens do Oceano Atlântico, onde ultrapassava os Montes Urais, nos fundos da Rússia.

Doutrina Truman Grande parte dos países localizados no continente europeu ficaram assolados pelas disputas provocadas pela Segunda Guerra Mundial. Com o fim do conflito, ficou evidente que os polos de poder relacionados às duas superpotências acabariam “administrando” os países envolvidos na guerra. O conceito de mundo bipolar começaria a determinar a forma de vida de milhões de pessoas na Europa. O Capitalismo e o Socialismo expandiam-se de forma acelerada sobre os quatros cantos do mundo. O continente europeu, palco da destruição, tornou-se “presa fácil” para o mundo bipolar. Os dois modelos socioeconômicos disputavam a hegemonia do continente por meio de empréstimos e ajuda financeira, provenientes tanto do lado norte-americano, quanto do lado soviético.

Fonte: wikimedia commons

No dia 12 de março de 1947, o presidente norte-americano Truman realizou um discurso acalorado sobre a situação em que se encontrava o continente europeu e a consequente expansão de Moscou. Truman citou que “...os povos livres do mundo olham para nós esperando apoio na manutenção de sua liberdade...”. A partir daí, são colocadas em prática políticas que tinham como objetivo principal o bloqueio do avanço comunista. Dentre essas políticas, pode-se mencionar a oferta de ajuda aos países que se encontravam em críticas situações. A Doutrina Truman teve como pretexto socorrer a Turquia e a Grécia. Esta, por exemplo, encontrava-se em um cenário que envolvia uma guerra civil entre comunistas e monarquistas.

B04  Plano Marshall, Doutrina Truman, Macarthismo e Comecon

O polo capitalista liderado pelos Estados Unidos da América percebeu que a ameaça soviética havia se tornado ainda mais forte e presente devido a essa fragilidade encontrada em alguns países do Velho Mundo. O estadista britânico Winston Churchill foi o primeiro líder a perceber que o avanço soviético poderia representar grandes problemas aos países aliados às potências capitalistas. Dessa forma, Churchill passou a realizar fortes pressões junto ao Governo norte-americano. Essas pressões baseavam-se em estratégias de contenção ao comunismo liderado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Figura 02 - Harry Truman

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Geografia

Dentre essas intervenções, podem ser citadas: n n n n

n

A Guerra da Coreia entre os anos de 1950 e 1953; A Guerra do Vietnã entre os anos de 1962 e 1975; A interferência (e consequentemente derrubada) no Regime de Mossadegh (Irã) em 1953; A interferência (e consequentemente derrubada) no Regime do General Jacobo Arbenz (Guatemala) em 1954; O apoio à invasão de Cuba, em 1961, com o intuito de tirar Fidel Castro do poder.

Macarthismo No ano de 1951, o senador norte-americano Joseph McCarthy iniciou um movimento que consistia em perseguir pessoas que eram a favor ou tinham envolvimento com o comunismo. Essa perseguição também esteve relacionada até mesmo aos cidadãos que praticavam atividades contrárias aos pensamentos de Washigton.

B04  Plano Marshall, Doutrina Truman, Macarthismo e Comecon

Figura 03 - Os 10 de Hollywood

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É importante lembrar que um ano antes as relações entre Washington e os comunistas já começavam a dar mostras de desgaste. A Lei MacCarran-Nixon implantada em 1950 declarava que toda organização que tivesse alguma relação ou simpatia com o comunismo fosse registrada. McCarthy havia ficado com a responsabilidade de investigação do Senado por meio de algumas subcomissões criadas para tal finalidade. Surgia, portanto, o termo “caça às bruxas”. O teste nuclear realizado pela URSS acabou colocando em xeque o monopólio norte-americano sobre armas nucleares. Esse fato acabou desencadeando algumas ameaças de ataques atômicos no território estadunidense com ameaças realizadas por partidos simpatizantes ao comunismo. Diante dessa situação, foi criado um tribunal denominado Comitê de Atividades Antiamericanas. Com isso, McCarthy passou a ser o centro das atividades relacionadas aos pensamentos comunistas em território norte-americano. Uma grande devassa anticomunista passou a ser perpetrada em vários segmentos da sociedade civil. O cinema e a arte foram os dois principais alvos dos conhecidos caçadores de comunistas. A “caça às bruxas” ganhou ainda mais sentido. Cineastas passaram a ser interrogados com frequência e várias carreiras foram paralisadas através desses interrogatórios. Orson Welles e Charles Chaplin também tiveram seus nomes relacionados às listas negras que circularam em Hollywood. O termo Dez de Hollywood (figura abaixo) é uma referência aos dez profissionais do cinema que foram presos durante esses processos interrogatórios. Fonte: wikimedia commons

Por meio da Doutrina, os Estados Unidos da América acabaram “tendo o direito” de realizar interferências em conflitos armados que tivessem relações com o mundo bipolar, ou seja, com os sistemas socioeconômicos relacionados ao Capitalismo e ao Socialismo. Com isso, os norte-americanos tornaram-se, na prática, a polícia do mundo. Em defesa de suas estratégias, Washington passou a realizar intervenções em escala planetária.


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Comecon Procurando integrar economicamente o Leste Europeu, o Comecon – Conselho de Assistência Econômica Mútua - foi fundado no ano de 1949, com os seguintes integrantes: União Soviética, Tchecoslováquia, Romênia, Alemanha Oriental, Polônia, Hungria e Bulgária. O objetivo do Conselho era a integração econômica de seus países-membros com o uso de recursos disponíveis no Leste Europeu, além de direcionar a atividade industrial de tais países quanto ao que deveriam produzir. Na fase de implantação das indústrias nos países de cunho socialista, por exemplo, as produções ficaram restritas ao setor de base. O processo de implantação do regime socialista acarretou uma forte oposição ou resistência nesses países. O assunto que envolvia a coletivização das terras acabou provocando um intenso desgaste político. Iugoslávia e Albânia acabaram conseguindo implementar mudanças sem que houvesse uma interferência direta dos soviéticos. A vitória por parte desses dois países ocorreu em virtude da existência de poderosas lideranças internas, que surgiram em um momento em que havia uma intensa luta ou resistência contra a ocupação nazista em seus territórios. Dessa forma, tanto a Iugoslávia quanto a Albânia acabaram conseguindo uma posição de relativa independência dentro do bloco Mapa 01 - Países-membros do COMECON comunista. O Comecon visava à cooperação econômica mútua dos países do Leste Europeu. E com isso esse Conselho acabou tendo uma tarefa muito árdua em virtude das destruições provocadas pela guerra. A Europa Oriental acabou sendo bem mais devastada do que a Europa Ocidental.

#DicaCine #DicaCine Geogafi #DicaCine Geogafi Geogafi - Jogos de Poder. Mike Nichols (EUA, 2007).

B04  Plano Marshall, Doutrina Truman, Macarthismo e Comecon

Sinopse: o filme é uma adaptação do livro Charlie Wilson’s War, de George Crile, baseado em fatos reais. Com a invasão da União Soviética ao Afeganistão em 1979, os EUA decidem agir e dificultar a presença comunista na região. A partir de então, o deputado Charlie Wilson é convidado pela milionária Joanne a arrecadar fundos para armar as milícias islâmicas do Afeganistão. Com o apoio de um agente da CIA, ele convence governantes islâmicos para auxiliar na recrutação de homens para lutar nas montanhas afegãs. - Boa Noite e Boa Sorte. George Clooney (EUA, 2005). Sinopse: o longa-metragem retrata questões importantes, como por exemplo, a liberdade de expressão e a função das comunicações na formação de uma nação. Em 1953, em meio à Guerra Fria, o jornalista Edward R. Murrow traz à tona as estratégias e mentiras adotadas pelo senador Joseph McCarthy, a fim de perseguir supostos comunistas norte-americanos durante o “macarthismo”. Em consequência, o político começa a pressionar o jornalista e passa a ignorar os direitos de respostas oferecidos no jornal.

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Geografia

Exercícios de Fixação 01. (Fatec SP) “É lógico que os EUA devem fazer o que lhes for possível para ajudar a promover o retorno ao poder econômico normal do mundo, sem o que não pode haver estabilidade política nem garantia de Paz.”

peu (MCE); b) O deslocamento do controle do capitalismo da Europa para os EUA e sua crescente influência sobre os países

(Plano Marshall – 5.VI.1947).

O plano Marshall constituiu a) na principal meta da política externa norte-americana, que era pacificar o Extremo Oriente. b) num projeto de ajuda industrial aos países da América Latina. c) num importante instrumento de expansão do comunismo na Europa. d) na definição da política externa isolacionista dos EUA, paralela à montagem do complexo industrial militar. e) num dos meios de penetração dos capitais norte-americanos nas economias europeias. 02. “Na contenção do Plano Marshall, os estrategistas americanos não tinham preferência por parcerias com gover-

europeus; c) A necessidade que a Europa tinha de reunir recursos para pagar o seu principal credor, os EUA, que lhe forneceram desde alimentos até materiais bélicos durante a Segunda Guerra Mundial; d) A necessidade de se reconstruírem as cidades e de recuperarem a indústria e a agropecuária devastadas durante a Segunda Grande Guerra; e) O interesse que os Estados Unidos tinham em fortalecer a ordem capitalista na Europa Ocidental e, assim, impedir a expansão do socialismo no continente. 04. A resposta da União Soviética ao lançamento do Plano Marshall, por iniciativa estadunidense, em 1947, foi o lançamento dos programas:

nos conservadores. Na verdade, os mais argutos visuali-

a) Comecon e FSB.

zavam nos social-democratas os melhores parceiros. Eles

b) Cominform e KGB.

eram ideologicamente receptivos aos conceitos de pla-

c) Cominform e Comecon.

nejamento e cooperação. Mais importante ainda, repre-

d) Comecon e CEI.

sentavam a esquerda democrática e dividiam com os co-

e) CEI e Pacto de Varsóvia.

munistas a influência sobre os sindicatos. Nos anos 1950, além de Attlee e Bevin, líderes social-democratas como o belga Paul-Henri Spaak, o francês Guy Mollet, o holandês Willem Drees e o norueguês Einar Gerhardsen cimentaram a ponte transatlântica entre a Europa e os Estados B04  Plano Marshall, Doutrina Truman, Macarthismo e Comecon

a) O temor trazido pela criação do Mercado Comum Euro-

05. (Enem MEC) A América se tornara a maior força política e financeira do mundo capitalista. Havia se transformado de país devedor em país que emprestava dinheiro. Era agora uma nação credora. HUBERMAN, L. A história da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1962.

Unidos.” (BARBOSA, Elaine Senise; MAGNOLI, Demétrio. “O leviatã desafiado”. In: Liberdade versus igualdade (vol. 2). Rio de Janeiro: Record, 2013. p. p.100-101.).

A contenção a que se refere os autores do trecho acima diz respeito a) à Doutrina Monroe. b) à Doutrina Truman. c) ao Pacto de Varsóvia. d) ao Pacto Ribbentrop-Molotov. e) à Doutrina Bush. 03. (FGV SP) Em junho de 1947, o governo dos EUA passou a implementar um projeto de reconstrução da Europa denominado Plano Marshall. Qual dos tópicos a seguir NÃO é uma causa desse plano?

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Em 1948, os EUA lançavam o Plano Marshall, que consistiu no empréstimo de 17 bilhões de dólares para que os países europeus reconstruíssem suas economias. Um dos resultados desse plano, para os EUA, foi a) o aumento dos investimentos europeus em indústrias sediadas nos EUA. b) a redução da demanda dos países europeus por produtos e insumos agrícolas. c) o crescimento da compra de máquinas e veículos estadunidenses pelos europeus. d) o declínio dos empréstimos estadunidenses aos países da América Latina e da Ásia. e) a criação de organismos que visavam regulamentar todas as operações de crédito.


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Exercícios Complementares ração para o desenvolvimento comum, instituindo dessa

2001, o governo dos Estados Unidos publicou um docu-

forma, a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas).

mento que sistematizava as novas diretrizes para a estra-

d) perpetuar uma posição dominante, impedindo aberta-

tégia de segurança nacional. Essas orientações político-mi-

mente o surgimento de qualquer outra potência capaz

litares, mas também econômicas, que levaram à guerra no

de desafiar sua liderança. A palavra de ordem é agir pre-

Afeganistão em 2002 e no Iraque em 2003, ficaram conhe-

viamente contra qualquer inimigo em potencial, mesmo

cidas como Doutrina a) Jurídica.

na inexistência de agressão prévia. e) orientar uma estratégia de intervenções militares, visan-

b) Bush.

do à sustentação de governos aliados aos E.U.A. que se

c) Truman.

submetam à uma situação de protetorado, permitindo a

d) Militar.

ação de investimentos diretos e indiretos de transnacio-

e) Monroe.

nais norte-americanas em seus territórios.

02. (UFES) Indique uma característica comum ao Japão, Austrália e Canadá. a) Desenvolvimento da industrialização pós Segunda Guerra Mundial. b) Forte incidência de contrastes climáticos provocados pela posição geoastronômica e pela maritimidade. c) Grande contingente migratório acionado por catástrofes naturais. d) Presença de práticas agrícolas altamente mecanizadas, possíveis em seus territórios pouco acidentados. e) Uso de recursos financeiros do Plano Marshall para implementação de obras de infraestrutura. 03. (Mackenzie SP) Historicamente, os E.U.A. sempre adotaram políticas expansionistas que garantiram sua hegemonia política, econômica e militar sobre o planeta. Dentre elas, podemos exemplificar a Doutrina Monroe, do século XIX, de caráter continental, que colocava a América Latina sob o controle daquele país; a Doutrina Truman, pós a Segunda Guerra Mundial, de caráter planetário, que adotou uma política de contenção do avanço socialista; e, atualmente, a Doutrina Bush, que tem como princípio básico: a) anexar ao seu território qualquer área do planeta. Caso um antigo território colonial que queira se juntar aos E.U.A., essa questão deva ser decidida apenas entre os seus habitantes e o governo americano. b) despertar o sentimento de superioridade do povo norte-americano, de descendência europeia, diante das demais nações do planeta, em especial, dos denominados “Países do Sul”.

04. (Cesgranrio RJ) A URSS transformou-se, após 1945, numa das potências mundiais, tanto no campo econômico como técnico. Um dos melhores exemplos dessa transformação é o: a) desenvolvimento da política espacial, representada pela primeira viagem em torno da Terra por Gagarin. b) desenvolvimento da indústria cinematográfica e das teorias em torno da fusão nuclear. c) desenvolvimento da indústria automobilística e o incremento do sistema industrial privado. d) crescimento do mercado interno, com o desenvolvimento de novas técnicas de cultivo agrícola e aumento de salários. e) crescimento da produção agrícola em função do fim da intervenção do Estado no setor e de técnicas administrativas americanas. 05. (Cesgranrio RJ) No início da década de 60, o arsenal nuclear à disposição das grandes potências era suficiente para destruir a humanidade, caso fosse utilizado em uma situação de confronto. Ao assumir o governo, o Presidente Kennedy (1961-63) defendeu a substituição da política externa norte-americana de confronto por uma de entendimento com a URSS, cujo objetivo era o desarmamento gradual das duas superpotências. Esse programa do governo Kennedy foi conhecido como: a) Doutrina Drago. b) Doutrina Monroe. c) Corolário Roosevelt d) Nova Fronteira. e) Política de Boa Vizinhança.

c) estabelecer uma identidade de interesses entre os E.U.A.

06. (Cesgranrio RJ) Ao final da Segunda Guerra Mundial, a rup-

e os seus vizinhos latino-americanos, propondo a coope-

tura do acordo que unira os aliados vitoriosos gerou um

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B04  Plano Marshall, Doutrina Truman, Macarthismo e Comecon

01. (UEAM) Após o ataque terrorista em 11 de setembro de


Geografia

ordenamento político internacional baseado na bipolaridade.

c) pretendia deter as ameaças soviéticas sobre os países do

Nesse contexto, crises políticas e tensões sociais desencade-

Oriente Médio, cuja produção de petróleo era vital para as

aram um processo de construção do socialismo em diversos países. Assinale a opção que apresenta uma afirmativa correta sobre a construção do socialismo no mundo do pós-guerra: a) Na Iugoslávia (1944-45), o regime comunista implantado pelo Marechal Tito submeteu-se à hegemonia política e econômica soviética, o que acarretou sua expulsão do movimento dos países não alinhados. b) Na Tchecoslováquia (1946), o socialismo reformista, baseado na descentralização e liberalização do sistema frente ao modelo stalinista, retomado na política de Brejnev, foi interrompido pela repressão russa, encerrando a “Primavera de Praga”. c) Na China (1949), a revolução comunista derrubou o regime imperial e expulsou os invasores japoneses da Manchúria, reunindo os nacionalistas, os “senhores da guerra” e os comunistas maoístas em um governo de coalizão que instituiu uma república popular no país. d) Na Coreia (1950-53), a intervenção militar norte-americana impediu o avanço das forças revolucionárias comunistas que ocupavam o norte do país, reunificando as duas Coreias sob a tutela do Conselho de Segurança da ONU. e) Em Cuba (1959), a vitória dos revolucionários castristas foi favorecida pela promulgação da Emenda Platt no Senado americano, que regularizou o envio de armamentos aos guerrilheiros contrários à ditadura de Fulgêncio Batista. 07. (Faap SP) Após a Segunda Guerra Mundial, a URSS estruturou um plano de cooperação política com os países do bloco oriental, criado, em 1947:

munismo na Europa arrasada pelo pós-guerra. e) representava uma tomada da tradicional política da “boa vizinhança” dos EUA em relação à América Latina. 09. (FGV SP) Em junho de 1947, o governo dos EUA passou a implementar um projeto de reconstrução da Europa denominado Plano Marshall. Qual dos tópicos a seguir NÃO é uma causa desse plano: a) o temor trazido pela criação do Mercado Comum Europeu (MCE); b) o deslocamento do controle do capitalismo da Europa para os EUA e sua crescente influência sobre os países europeus; c) a necessidade que a Europa tinha de reunir recursos para pagar o seu principal credor, os EUA, que lhe forneceram desde alimentos até materiais bélicos durante a Segunda Guerra Mundial; d) a necessidade de se reconstruírem as cidades e de recuperarem a indústria e a agropecuária europeia, devastadas durante a Segunda Grande Guerra; e) o interesse que os Estados Unidos tinham em fortalecer a ordem capitalista na Europa Ocidental e, assim, impedir a expansão do socialismo no continente. 10. Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim da União Soviética, não foram um período homogêneo único na história do mundo. (...) dividem-se em duas metades, tendo como divisor de águas o início da década de 70. Apesar disso, a história deste período foi reunida sob

a) o Comecon

um padrão único pela situação internacional peculiar que o

b) o Cominform B04  Plano Marshall, Doutrina Truman, Macarthismo e Comecon

economias ocidentais. d) era um instrumento decisivo na luta contra o avanço do co-

dominou até a queda da URSS.

c) o Pacto de Varsóvia

(HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos. São Paulo: Cia das Letras,1996)

d) o Plano Marshall e) a Otan

O período citado no texto e conhecido por “Guerra Fria” pode

08. (Fatec SP) “É lógico que os EUA devem fazer o que lhes for possível para ajudar a promover o retorno ao poder econômico normal no mundo, sem o que não pode haver estabilidade política nem garantia de paz.” (Plano Marshall 5. VI. 1947)

Esse plano a) assegurava a penetração de capitais norte-americanos no continente europeu, sobretudo em sua parte oriental. b) garantia, aos norte-americanos, o retorno a uma política isolacionista, voltada unicamente para os seus interesses internos.

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ser definido como aquele momento histórico em que houve a) corrida armamentista entre as potências imperialistas europeias ocasionando a Primeira Guerra Mundial. b) domínio dos países socialistas do Sul do globo pelos países capitalistas do Norte. c) choque ideológico entre a Alemanha Nazista / União Soviética Stalinista, durante os anos 30. d) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e as potências orientais, como a China e o Japão. e) constante confronto das duas superpotências que emergiram da Segunda Guerra Mundial.


FRENTE

B

GEOGRAFIA

Exercícios de Aprofundamento 01. (Unit SE) Quanto à ação do Estado na economia e na sociedade dos países contemporâneos, está correto o que se afirma em a) A globalização, em particular no aspecto comercial, se faz por igual em todo o espaço mundial, especialmente nos países subdesenvolvidos. b) Do ponto de vista econômico e tecnológico, de grande importância para a humanidade, existem vários centros mundiais de poder, como os Estados Unidos, a União Europeia, o Japão e a China. c) A partir de 1959, os impérios coloniais, particularmente na África e na Ásia, proporcionaram grandes lucros às potências capitalistas europeias. d) As superpotências, Estados Unidos e União Soviética, no período da Guerra Fria, tinham como objetivos fundamentais resguardar as aspirações, as necessidades e os valores dos povos em geral. e) É cada vez mais numerosa a parcela dos cidadãos europeus que veem os imigrantes como grandes aliados do trabalho produtivo. 02. (Enem MEC) Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim da União Soviética, não foram um período homogêneo único na história do mundo. (...) dividem-se em duas metades, tendo como divisor de águas o início da década de 70. Apesar disso, a história deste período foi reunida sob um padrão único pela situação internacional peculiar que o dominou até a queda da URSS.

sive com poder de utilizar a força segundo seus próprios interesses, desprezando organizações internacionais como a ONU”. (Nota de Fernando Magalhães. In: Tempos pós-modernos, 2004.)

Diante das transformações mundiais, da forma como se dão as relações internacionais e segundo o ponto de vista do autor, podemos afirmar que o texto se refere a) a Cuba, país que insiste em se manter isolado, recusando-se a ceder à lógica do mercado globalizado e ao triunfo do liberalismo capitalista. b) à China, superpotência emergente do século XXI, porém campeã na violação dos direitos humanos. c) aos Estados Unidos, superpotência hegemônica que sobrepõe seus interesses aos dos organismos internacionais. d) ao Irã, país que desafia os Estados Unidos e o Ocidente e persiste no desenvolvimento do seu projeto nuclear, desaprovado pelas Nações Unidas. e) ao fim da ordem bipolar e à emergência de uma nova ordem multipolar, sem a presença de uma potência hegemônica, porém comandada pelos Estados Unidos, União Europeia e Japão. 04. (UFSM RS)

(HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos. São Paulo: Cia das Letras,1996)

O período citado no texto e conhecido por “Guerra Fria” pode ser definido como aquele momento histórico em que houve a) corrida armamentista entre as potências imperialistas europeias ocasionando a Primeira Guerra Mundial. b) domínio dos países socialistas do Sul do globo pelos países capitalistas do Norte. c) choque ideológico entre a Alemanha Nazista / União Soviética Stalinista, durante os anos 30. d) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e as potências orientais, como a China e o Japão. e) constante confronto das duas superpotências que emergiram da Segunda Guerra Mundial. 03. (UEPB) Sobre a nova ordem internacional “embora discutível [...] o que se vê na prática é uma única potência com propensão a se tornar (guardiã da ordem) planetária. Isso é demonstrado pelos constantes esforços para fazer guerra ao mundo, inclu-

Fonte: Disponível em: . Acesso em: 16 ago. 2013.

Em 9 de novembro é derrubado o Muro de Berlim. O governo [da Alemanha Oriental] não tinha condições de mantê-lo, a menos que partisse para uma repressão sangrenta. [...] Em apenas 3 dias, pelo menos 2milhões de alemães-orientais passaram para Berlim Ocidental. [...]Já no lado ocidental, os alemães-orientais formavam filas enormes diante das discotecas e de lojas pornôs [...]. Embora não tivessem dinheiro suficiente para comprar, as pessoas olhavam tudo como se fosse um grande parque de diversões. Fonte: ARBEX JR., José. Revolução em 3 tempos: URSS, Alemanha, China. SP: Moderna, 1993. p. 54-56.

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Geografia

A partir do texto, pode-se afirmar que a queda do Muro de Berlim, em 1989, indica a) a falência do modelo socialista soviético em atender às demandas da população quanto à liberdade individual e ao consumo de bens e serviços. b) as grandes realizações do modelo socialista na saúde e educação, capazes de manter as massas distantes dos apelos do mundo do consumo de bens privados, próprios da economia capitalista. c) o resultado do cerco militar das potências capitalistas e, consequentemente, o esgotamento do sistema socialista de atender às demandas das populações dos países do Leste Europeu. d) o vigor do modelo socialista adotado pela Alemanha Oriental, o qual repetia o padrão soviético, porém era mais brando quanto à livre organização da sociedade e à liberdade de imprensa. e) a crise do capitalismo dos países da Europa Ocidental e dos Estados Unidos, com o esgotamento do Estado do Bem-Estar Social e a retração da sociedade de consumo.

07. (FGV SP) Durante o período da Guerra Fria, o cenário internacional foi marcado a) pela expansão de regimes comunistas no interior da América Latina e pela Europa Ocidental. b) pela bipolarização do poder mundial envolvendo as duas superpotências, União Soviética e Estados Unidos da América. c) pela militarização da Alemanha, a despeito das decisões das conferências de Yalta e Potsdam. d) pela polarização do mundo em dois blocos compostos por URSS, Inglaterra, EUA e França, contra Alemanha, Itália e Japão. e) pelo equilíbrio de forças entre os países desenvolvidos e os países do chamado Terceiro Mundo.

05. (Unesp SP) Coreia do Norte anuncia “estado de guerra” com a Coreia do Sul A Coreia do Norte anunciou nesta sexta-feira [29.03.2013] o “estado de guerra” com a Coreia do Sul e que negociará qualquer questão entre os dois países sob esta base. “A partir de agora, as relações intercoreanas estão em estado de guerra e todas as questões entre as duas Coreias serão tratadas sob o protocolo de guerra”, declara um comunicado atribuído a todos os órgãos do governo norte-coreano.

08. (Mackenzie SP) I- “A OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte, vai começar sua expansão para o Leste Europeu até junho de 1997. A afirmação foi feita à Folha (...) pelo secretário-geral da entidade (...) e se refere à data na qual ele pretende que seja feito o convite oficial a novos membros para a Aliança Militar (...) Os ‘parceiros’ (...) sairão da Parceria para a Paz, acordo militar entre 27 países da OTAN, Leste Europeu e Ásia, lançado em 1994. A Polônia é favorita.”

(http://noticias.uol.com.br. Adaptado.)

FRENTE B  Exercícios de Aprofundamento

A tensão observada entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul está associada a a) divergências políticas e comerciais, sendo que sua origem se deu após a emergência Nova Ordem Mundial. b) divergências comerciais e econômicas, sendo que sua origem remete ao período da Guerra Fria. c) divergências políticas e ideológicas, sendo que sua origem se deu após a emergência da Nova Ordem Mundial. d) divergências políticas e ideológicas, sendo que sua origem remete ao período da Guerra Fria. e) um incidente diplomático ocasional, que não corresponde à grande tradição pacifista existente entre as Coreias. 06. (Faap SP) Os fatores que passam a favorecer a coexistência pacífica entre as potências, além da Queda do Muro de Berlim, no passado foram, exceto a) o fim da Guerra da Coreia, demonstrando o equilíbrio de forças entre as superpotências. b) a recuperação econômica da Europa Ocidental, que leva os países europeus a reagirem à posição secundária com relação aos EUA. c) o rompimento da unidade socialista com o conflito URSS - China, fato que retira dos soviéticos a liderança do movimento comunista. 530

d) o movimento de descolonização, projetando o Terceiro Mundo e reforçando o Movimento Neutralista. e) a ascensão de Stalin na Rússia bem como o movimento ultradireitista do após Guerra, liderado pelo senador americano Mc Carthy.

(“Folha de São Paulo”)

II- “Mais de 900 militares americanos (...) foram mantidos como prisioneiros na Coreia do Norte, após o fim da Guerra da Coreia (...) muitos dos prisioneiros foram submetidos a experiências com drogas e depois executados. As experiências, para determinar a ação das drogas em interrogatórios, foram conduzidas por agentes Tchecoslovacos e Soviéticos.” (“O Estado de São Paulo”)

III- “O Vaticano não comentou ontem, alegações de que o Papa João Paulo II e o governo dos E.U.A. (CIA), trabalhavam juntos em segredo na década de 80, para apressar o fim do comunismo na Polônia. A aliança informal entre os E.U.A. e o Vaticano inclui corte de verbas do Governo Norte-Americano para programas de controle de natalidade no país e o silêncio do Papa quanto à instalação de mísseis na Europa Ocidental.” (“Folha de São Paulo”)

Dentre os textos anteriores, relacionam-se com a Guerra Fria: a) somente I. b) somente I e II. c) I, II e III. d) somente II e III. e) somente I e III.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Os textos identificam, respectivamente, a) a Doutrina Monroe e a Organização da Nações Unidas (ONU). b) o Plano Marshall e a organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). c) o Pacto de Varsóvia e a Comunidade Econômica Europeia (CEE). d) o Pacto do Rio de Janeiro e o Conselho de Assistência Econômica Mútua (COMECON). e) a Conferência do Cairo e a Organização dos Estados Americanos (OEA). 10. (UFPA) Sobre a transição da Guerra Fria para a Nova Ordem Mundial, considere as afirmativas abaixo. I O esgotamento do socialismo real no leste europeu e a ascensão de novas potências econômicas mundiais, como o Japão e a Alemanha, provocaram um rearranjo nas relações de poder, uma vez que a Nova Ordem Mundial assume um caráter multipolar no aspecto econômico, embora a supremacia bélica dos EUA demonstre uma unipolaridade no âmbito militar, baseada em ações negociadas com a invasão do Iraque. II Os conflitos no contexto da Guerra Fria tinham uma natureza mais político-ideológica, uma vez que eram, em maior ou menor grau, influenciados pela disputa geopolítica entre EUA e URSS em torno das áreas de influência. Na Nova Ordem Mundial, muitos desses conflitos permanecem ou são exacerbados em decorrência das antigas rivalidades étnicas mais diretamente ligadas a fatores locais. II A regionalização do espaço mundial reflete a lógica das ordenações geopolíticas de cada contexto histórico. No período da Ordem Bipolar predominou a compartimentação do mundo em 1º, 2º e 3º mundos, baseada em critérios político ideológicos. Com a Nova Ordem Mundial emerge a regionalização que divide o mundo em norte e sul, tendo uma natureza mais socioeconômica, além da nova DIT que regionaliza o mundo em redes. IV As alianças militares e a corrida armamentista tiveram um papel relevante durante a Guerra Fria, pois foram instrumentos que potencializaram o poder das potências hegemônicas sobre as suas áreas de influência. Com a ascensão da Nova Ordem Mundial, apenas a OTAN foi

mantida e vem sendo ampliada em função de vários fatores, entre os quais as novas ameaças representadas pelo avanço do terrorismo internacional. V O advento da Nova Ordem Mundial é marcado pela transnacionalização dos mercados associado à disputa cada vez mais acirrada entre as potências hegemônicas dos blocos oriental e ocidental em torno de mercados consumidores. Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s) a) I, II e V b) II, III e IV c) I, III, IV e V d) apenas a II e) apenas a V 11. (UFP SP) Observe a charge:

A charge mostra Harry Trumann e Josef Stálin jogando futebol com uma bola que representa o Planeta Terra. Trata-se de uma representação da chamada Guerra Fria, que pode ser definida como: a) Política da “paz armada”, desenvolvida pelas grandes potências no final do século XIX, da qual resultaram tratados de alianças como a Tríplice Entente e a Tríplice Aliança e que levou à Primeira Guerra Mundial. b) Estado de tensão permanente entre o bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o bloco socialista, liderado pela União Soviética, resultante da disputa entre essas duas potências por uma posição hegemônica no contexto internacional no período posterior à Segunda Guerra Mundial. c) Tensão militar ocorrida entre Inglaterra e Alemanha, no final do século XIX, motivada pela disputa, entre os dois Estados Nacionais, pelo controle do comércio internacional. d) Estratégia desenvolvida pelos Estados Unidos objetivando conter a expansão imperialista da União Soviética, nação que emergiu da Segunda Guerra Mundial como a maior potência econômica e militar do mundo. e) Choque ocorrido entre as potências industrializadas europeias, entre o final do século XIX e o início do século XX, decorrente da disputa pelas colônias na África e na Ásia. 531

FRENTE B  Exercícios de Aprofundamento

09. (Puc Campinas SP) “...inspirado por razões humanitárias e pela vontade de defender uma certa concepção de vida ameaçada pelo comunismo, constitui também o meio mais eficaz de alargar e consolidar a influência norte-americana no mundo, um dos maiores instrumentos de sua expansão (...) tem por consequência imediata consolidar os dois blocos e aprofundar o abismo que separava o mundo comunista e o Ocidente...” “...as partes estão de acordo em que um ataque armado contra uma ou mais delas na Europa ou na América do Norte deve ser considerado uma agressão contra todas; e, consequentemente, concordam que, se tal agressão ocorrer, cada uma delas (...) auxiliará a parte ou as partes assim agredidas (...)”


FRENTE

C


GEOGRAFIA Por falar nisso A água é vida, é saúde, é essencial e não podemos viver sem ela. É o recurso natural mais importante às diversas atividades humanas, e não há substitutos para ela. O requisito fundamental para a sobrevivência, o bem-estar e o desenvolvimento socioeconômico de toda a humanidade depende da água: do acesso a fontes de água confiáveis, saudáveis e suficientes. Infelizmente, hoje tanto a quantidade quanto a qualidade da água doce do planeta estão ameaçadas. Em algumas partes do mundo, a demanda por água potável já excede as reservas, mas nós continuamos agindo como se a água doce fosse um recurso inesgotável. Apenas 2,5% da água da Terra é doce. Sabemos que cerca de 97,5% desse precioso líquido encontra-se nos oceanos e é salgada demais para ser utilizada para beber, para irrigação ou na indústria. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas

C01 C02 C03 C04

Estudando a Hidrosfera ................................................................534 A geografia política e econômica da água ....................................542 Hidrogeografia ..............................................................................554 Áreas hidrológicas e suas drenagens............................................566


FRENTE

C

GEOGRAFIA

MÓDULO C01

ASSUNTOS ABORDADOS n Estudando a hidrosfera n De elemento natural à mercadoria n A primeira água n Ciclo hidrológico n Umidade do ar n A distribuição das águas no planeta Terra

ESTUDANDO A HIDROSFERA De elemento natural à mercadoria Estima-se que o Universo tenha sido constituído há cerca de 15 bilhões de anos e nosso sistema solar há, aproximadamente, 10,5 bilhões de anos. Calcula-se também que a constituição da Terra tenha ocorrido há cerca de 4,5 bilhões de anos e que o surgimento dos primeiros seres vivos de nosso Planeta foi em torno de 3,8 bilhões de anos. A água foi um elemento contemporâneo e essencial para os primórdios da vida terráquea. Desde seu surgimento até os dias atuais, a quantidade de água é praticamente constante no tempo. Sua maior alteração se dá por meio da mudança dos estados físicos (líquido, sólido e gasoso), pois essas variações podem ocorrer conforme a variação da temperatura do Planeta. Além de contribuir para a sobrevivência dos seres vivos, a água é o maior agente regulador térmico da Terra e uma verdadeira artista nas modelagens dos relevos. É o maior recurso natural de nosso Planeta. Mares e oceanos cobrem 2/3 da superfície terrestre. A quantidade de água doce em comparação à de água salgada é tão ínfima que se pudéssemos colocar toda a água do mundo em uma embalagem de 5 litros, a água doce não corresponderia a uma colher de chá desse total. Os seres humanos que habitam o planeta Terra não têm a devida consciência sobre a importância desse recurso natural tão valioso que, hoje, passou a ser um dos grandes problemas sociais e políticos do mundo. Aproximadamente metade da população mundial não tem acesso à água potável. Esse fenômeno social foi provocado por ações antrópicas devastadoras em favor do consumismo e do poder.

Fonte: wikimedia commons

Figura 01 - Cidade de Bor, Sudão do Sul, África (2013). Crianças na vigília pela espera de caminhões pipa de água potável.

534


Ciências Humanas e suas Tecnologias

A primeira água A gênese do primeiro registro de água terrestre está diretamente relacionada a um fenômeno físico denominado “degaseificação”. Esse processo libera gases de materiais sólidos ou líquidos quando estão em fases de transição (sublimação ou evaporação). Isso ocorreu na fase de resfriamento da Terra e consequente cristalização do magma, propiciando a formação das rochas ígneas, que liberaram vários gases, principalmente vapor de água (H2O) e gás Carbônico (CO2). Esses gases deram origem à atmosfera, que tinha como um de seus constituintes a água gasosa. Posteriormente, vieram os processos de vulcanismo, fenômeno geológico que assolou o Planeta por um grande período e contribuiu para o aumento na quantidade de gases na atmosfera, entre eles, o vapor de água.

SAIBA MAIS Os povos antigos já sabiam a importância de se manejar os recursos hídricos, como demostrado nas ruínas mesopotâmicas de aquedutos de 2.500 a.C. Essas estruturas, um sinal da grandiosidade dos impérios e da capacidade de seus arquitetos e construtores, levavam a água dos rios e lagos para as cidades, irrigando áreas para cultivos ao longo do seu trajeto. A cidade de Roma possuía 11 aquedutos que distribuíam água por distâncias de até 90 km. Alguns aquedutos antigos continuam em bom estado de conservação, como os de Gard (França), Segóvia (Espanha) e Éfeso (Turquia). No Rio de Janeiro, o aqueduto dos Arcos, construído entre 1744 e 1750, trazia água de Santa Teresa para o Morro se Santo Antônio.

Aqueduto romano na cidade de Gard, na França, ainda em funcionamento. Estima-se que sua construção tenha sido no século I a.C.

Ciclo hidrológico

C01  Estudando a hidrosfera

Como vimos, a água pode ser encontrada na natureza no estado líquido, sólido ou gasoso, fazendo-se presente na atmosfera, na superfície terrestre (rios e lagos), no subsolo, nos mares, nos oceanos e nas geleiras. Sua constante movimentação ocorre pelos processos de evaporação, evapotranspiração, transpiração, precipitação, infiltração, interceptação, escoamento superficial e subterrâneo. E é justamente esse ciclo hídrico contínuo que promove a renovação da água do Planeta. Tal renovação é fundamental para a existência e manutenção dos seres vivos na Terra. O desequilíbrio nesse processo causaria grandes danos ao sistema ecológico global, podendo haver a extinção de muitas espécies ou até mesmo o fim da vida terrestre.

Figura 02 - Ciclo hidrológico

535


Geografia

Etapas do ciclo hidrológico Evaporação

É a passagem da água do estado líquido para o gasoso (vapor). Isso ocorre devido à energia que a água dos rios, lagos, mares e oceanos recebem das irradiações solares. Esse processo acontece também nos solos.

Condensação

É o fenômeno por meio do qual o vapor de água é transformado em líquido. Quando a massa de ar atinge sua saturação, inicia-se a condensação. Esse fato é resultante do resfriamento do ar com a umidade. Desse modo, quanto menor for a temperatura, menor será a quantidade de água necessária para saturar a massa de ar. A condensação também ocorre pela ação de uma frente fria com uma massa de ar mais quente.

Precipitação

Ocorre quando a água condensa na atmosfera, atingindo a superfície terrestre.

Interceptação

É quando um volume significativo da precipitação não atinge a superfície terrestre, pois fica retido nas copas das vegetações. A eficiência desse processo depende das espécies e densidade vegetativas.

Infiltração

Verifica-se quando uma parcela da água precipitada infiltra nos vazios do solo, podendo chegar até os lençóis superficiais e em camadas mais profundas.

Escoamento

É a parcela da precipitação que flui sobre o solo, não conseguindo infiltrar-se nele, buscando, portanto, rios, lagos, córregos e mares.

Transpiração

Consiste no resultado da perda de água das plantas pela superfície de suas folhas, sob forma de vapor, para a atmosfera. A umidade do solo é a variável mais importante para a transpiração, pois se o solo estiver bem úmido, as plantas transpiram livremente e, em caso de solo seco, a transpiração é reduzida.

Evapotranspiração

É um procedimento conjugado da evaporação e da transpiração vegetal. A evaporação é um processo físico e a transpiração é um processo biológico. Assim, a análise da evapotranspiração aliada ao ganho de água por meio da precipitação, propicia-nos um parâmetro da disponibilidade hídrica de uma determinada localidade. Fonte: Machado, Pedro J. de O. Introdução à hidrogeografia. p. 28 e 29. Adaptado

regiões dos trópicos, a umidade é mais elevada (quanto mais próximo da linha do Equador, maior a umidade). Já nas regiões de latitudes médias, em comparação com as regiões tropicais, a umidade atmosférica é menor. Por outro lado, nas áreas excessivamente quentes e áridas, a umidade do ar pode chegar próximo a zero.

Evapotranspiração

Transpiração Evaporação

Zona do solo

Zona não saturada

Precipitação

Franja capilar

C01  Estudando a hidrosfera

Água do lençol

Distribuição la tudinal da precipitação média anual 100 Equador 100 80 70 Trópico de Trópico de 60 Capricórnio câncer 50 Regiões 40 Regiões polares 30 polares 20 10 0 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1 polegada = 25.4 mm

Umidade do ar Umidade do ar é o termo utilizado para expressar a quantidade de vapor de água presente na atmosfera. Essa quantidade de vapor de água possui uma variação nas diferentes localidades e no transcorrer do tempo em determinada localidade. Tal variação nos mostra que, nas 536

Figura 03 - Distribuição latitudinal da precipitação média anual.

#Conceito Umidade absoluta: é a massa de vapor de água existente na unidade de volume de ar, indicado por g/m3.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Umidade relativa do ar A umidade relativa do ar é a razão entre a quantidade de vapor de água presente no ar e a quantidade de vapor de água necessária para que haja a saturação desse vapor no fragmento da atmosfera. Nessas condições, tal porção de ar não admite mais a entrada de vapor de água. A concentração máxima desse vapor de água pode ser elevada com o aumento da temperatura dessa fração da atmosfera. Sendo assim, quanto maior for a temperatura atmosférica de um determinado local, maior será a capacidade do ar de reter o vapor de água.

Quanto maior a concentração de vapor de água em uma fração da atmosfera, menor será a quantidade de evaporação. O ar age como se fosse um manto de gases que se opõe ao processo de evaporação. Esse vapor volta a ser líquido e precipita sobre a superfície terrestre. O vento (deslocamento de ar), em uma porção atmosférica, consegue deslocar e espalhar os vapores de água e, dessa maneira, o processo de evaporação é retomado. Na parte final da madrugada, as temperaturas são mais baixas e ocorre um “agrupamento” das moléculas de vapor de água, ocasionando uma concentração molecular. Esta concentração acarreta uma elevação na umidade relativa dessa porção de ar.

Temperatura

70%

60%

50%

16 14 12 10 8 6 4 2 0 –2

Temperatura (°C)

Mesmo que o conteúdo de vapor de água permaneça constante, com a diminuição da temperatura, a porção de ar pode chegar à saturação. Com essa redução, as moléculas de vapor de água passam a ter menor energia cinética, ocasionando movimentos mais lentos e diminuindo suas áreas de deslocamento (maior pressão atmosférica). Podemos concluir, portanto, que a quantidade de vapor de 80% água necessária para saturar uma porção de ar é diretamente proporcional à temperatura que esse ar possui.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Hora do dia Figura 04 - Relação entre umidade relativa e temperatura de uma determinada porção de ar.

SAIBA MAIS

#Conceito Optimum Climático: é o termo usado para identificar o tempo com maior calor na face do Planeta Terra, ocorrido entre 6 mil e 5 mil anos atrás. 537

C01  Estudando a hidrosfera

O PERÍODO GLACIAL E A UMIDADE RELATIVA DO AR A última glaciação no planeta Terra teve seu ápice há, aproximadamente, 14 mil anos. Nesse período, a temperatura do Planeta era muito baixa e, desse modo, grande parte da água ficou em seu estado físico sólido, ou seja, na forma de gelo. Nas geleiras da Antártida, do Ártico e em pontos de altitude elevada (cordilheiras) houve grande aumento de volume de gelo. Com menor quantidade de água no estado líquido, a atmosfera ficou menos úmida, os rios ficaram menos caudalosos e o nível dos mares e oceanos ficaram mais baixos. As florestas equatoriais passaram a ter menores extensões e limitavam-se em regiões de refúgios espaciais mais úmidos. Posteriormente, há 8 mil anos, iniciou-se a deglaciação, chegando ao seu período máximo entre 6 mil e 5 mil anos Evolução da temperatura média do Globo atrás (Optimum Climático). Gradativamente, a temperatura média global foi aumentando, o que propiciou o degelo parcial das calotas polares e de regiões de elevadas altitudes. Por causa desse fenômeno, os rios, mares e oceanos ficaram mais volumosos e a atmosfera passou a ficar mais úmida, como consequência de maiores evaporações e evapotranspirações.


Geografia

A distribuição das águas no planeta Terra

atmosfera 0,001%

Em nossos estudos, concluímos que a água é a substância natural mais importante para a sobrevivência dos seres vivos na Terra. Vimos, também, que ela exerce as funções de regulador térmico e modelador de seu relevo. Em nosso Planeta, apenas 2,5% de toda água existente é doce; os 97,5% restantes são águas salgadas. Essa baixa proporção é um problema para a sobrevivência do homem, uma vez que ele necessita de água doce para seu desenvolvimento e manutenção. Veja o gráfico ao lado e compreenda como está distribuída a água doce (2,5%) no planeta azul.

geleiras e capas de gelo 1,73%

água salgada 97,5%

água doce 2,5%

Rios, lagos, umidades dos solos e pântano 0,008% águas subterrâneaa 0,761%

Figura 05 - A distribuição da água no planeta Terra

Exercícios de Fixação 01. (FGV RJ) Analise o gráfico a seguir sobre a distribuição das precipitações conforme as latitudes. mm 1500

02. (Acafe SC) Dia 22 de março é o Dia Mundial da Água – “Tenha um pingo de consciência” deveria ter sido manchete em todos os meios de comunicação para marcar a importância desse elemento natural. Abaixo uma figura retirada da internet.

1000

500

0

N 80°

60°

40°

20°

0° 20° la tude

40°

60°

80°

C01  Estudando a hidrosfera

Sobre a distribuição geográfica das chuvas, do ponto de vista zonal, assinale a afirmação incorreta. a) O máximo equatorial e os mínimos polares são fenômenos desarticulados que resultam da ação de fatores geográficos locais. b) Os dois mínimos de precipitação nas zonas polares são devidos à fraca radiação solar, a qual provoca pequena evaporação. c) As duas áreas de elevada precipitação na altura das latitudes médias resultam da linha de descontinuidade conhecida como frente polar. d) Os dois mínimos de precipitação nas latitudes de 30o são explicados pela presença das células de alta pressão subtropicais, cuja origem está na circulação geral da atmosfera. e) O máximo de chuvas na zona equatorial se deve à presença da zona de convergência intertropical, cuja oscilação, para o Norte ou para o Sul, define as estações secas e chuvosas na sua área de influência.

538

Sobre a água e correto afirmar, exceto: a) “Um pingo de consciência” deveria considerar a Declaração Universal dos Direitos da Água, a qual diz que a água faz parte do patrimônio do planeta e, cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade e cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos. b) O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) e é destinado à discussão sobre os diversos temas relacionados a este importante bem natural visando desenvolver o respeito aos direitos e obrigações de cada pessoa no Planeta. c) A figura acima aborda de forma simples e poética o ciclo da água ou o ciclo hidrológico – o movimento contínuo da água – em sua totalidade, caracterizado pela evaporação, condensação e precipitação.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

03. (UFRGS RS) O gráfico a seguir mostra a distribuição média anual da precipitação e da evaporação, segundo a latitude, no Globo terrestre. P e E (m/ano)

06. (Puc RJ) O volume total de água existente no Sistema Terra é relativamente constante. O desenho a seguir mostra, de forma esquemática, o ciclo da água. Energia solar (2) Escoamento superficial em rios Infiltração

Precipitação (3) (4) Lago

2 Água

(1)

Evaporação do oceano

Oceano Água do mar Interface água doce Água salgada

30°

Precipitação

30°

60° 90° Sul

Evaporação

A análise do gráfico permite afirmar que a) na zona equatorial e nas latitudes superiores a 40°, a precipitação supera a evaporação. b) na zona equatorial e nas latitudes superiores a 40°, a evaporação supera a precipitação. c) na zona polar e nas latitudes inferiores a 30°, a evaporação supera a precipitação. d) na zona polar e nas latitudes inferiores a 30°, a precipitação supera a evaporação. e) nas zonas tropicais, a precipitação supera a evaporação. 04. (Puc RJ) O volume de água subterrânea que ocupa os vazios existentes nas formações rochosas ou na camada da rocha já decomposta pelo intemperismo depende de vários fatores. O fator que NÃO interfere no volume d’água subterrânea é a) o tipo de rocha. b) a cobertura florestal. c) a velocidade dos ventos. d) a inclinação do relevo. e) o regime das chuvas. 05. (UFSM RS) Sobre o Sistema Hidrológico no planeta Terra, assinale a alternativa INCORRETA. a) As precipitações são entradas de energia (na forma de água no sistema e a evaporação é uma saída de energia. b) Esse sistema funciona diferentemente em cada região, de acordo com o clima, relevo, vegetação e ação antrópica. c) Constitui-se numa série de armazenagens de água ligadas por transferências. d) A evaporação é maior nos continentes, pois apresentam maior aquecimento que os oceanos. e) A energia gravitacional da Terra movimenta a água dentro do seu ciclo.

subterânea

Analise as afirmativas a seguir: I. A precipitação (3) representa a condensação das gotículas d’água, a partir do vapor d’água existente na atmosfera, dando origem às chuvas. II. A evapotranspiração (1) é a soma da evaporação direta, causada pela radiação solar e pelo vento com a transpiração realizada pela vegetação. III. A interceptação (2) representa a condensação do vapor d’água existente na atmosfera originando as nuvens. IV. A água precipitada (4) pode se infiltrar ou escoar superficialmente, impulsionada pela gravidade. Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas a) I e III. b) II e III. c) I, II e IV. d) II, III e IV. e) I, II, III e IV. 07. (UFRGS RS) Com relação ao ciclo hidrológico e seus efeitos sobre a poluição das águas, são feitas as seguintes afirmações: IA mais importante entrada para o ciclo hidrológico são as precipitações, e as mais importantes saídas são a evaporação e a transpiração. IIO desmatamento favorece a erosão do solo e o assoreamento dos cursos fluviais, embora não influencie na ocorrência de enchentes, nem de estiagens mais prolongadas. III- Os agrotóxicos utilizados nas lavouras escoam por ação da chuva e penetram nos lençóis freáticos, poluindo os rios. Quais são corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas I e III d) Apenas II e III e) I, II e III 539

C01  Estudando a hidrosfera

1

1 90° 60° Norte

Evapotranspiração

d) A importância deste recurso hídrico reside na pequena parcela de água doce economicamente aproveitável, pois, além da maior parte dela estar localizada em geleiras e lençóis subterrâneos, sua distribuição no mundo é irregular e o seu desperdício e a poluição são consideráveis.


Geografia

Exercícios Complementares 01. (UECE) A velocidade do ciclo hidrológico varia de uma era geológica para outra, assim como as proporções da soma total de águas doces e de águas marinhas. Tundisi. J. G. Água no século XXI. Enfrentando a escassez. São Paulo. Rima. 2005. p. 6.

e) a variação da umidade do ar se verifica no verão, e não no inverno, quando as temperaturas permanecem baixas. 03. (UPE PE) “Os mais antigos filósofos gregos já afirmavam que tudo provém da água. A ciência tem, por sua vez, demons-

Considerando o comportamento variável das quantidades de água doce líquida em períodos de glaciação, é correto afirmar que, durante esses períodos, os volumes de água doce líquida a) aumentam. b) permanecem inalterados. c) perdem-se para o espaço. d) diminuem.

trado que a vida se originou na água e que ela se constitui

02. (Enem MEC) Umidade relativa do ar é o termo usado para descrever a quantidade de vapor de água contido na atmosfera. Ela é definida pela razão entre o conteúdo real de umidade de uma parcela de ar e a quantidade de umidade que a mesma parcela de ar pode armazenar na mesma temperatura e pressão quando está saturada de vapor, isto é, com 100% de umidade relativa. O gráfico representa a relação entre a umidade relativa do ar e sua temperatura ao longo de um período de 24 horas em um determinado local.

berta de novos mundos: o caminho para as Índias e para

Umidade rela va

Umidade rela va

Temperatura

2 0 –2 6

8 10 12 14 16 18 20 22 24 Hora do dia

Umidade Rela va

constituíram sempre o elemento, que possibilitou a descoa América, a passagem de Magalhães, a penetração pelos continentes. Foram os rios que permitiram o desbravamento do interior brasileiro pelos bandeirantes e a ampliação do território nacional”. BRANCO, Samuel Murgel. Água, origem, uso e preservação. São Paulo: Moderna, 1993. (Adaptado)

Com base no texto transcrito e nos seus conhecimentos, analise as afirmativas a seguir:

contudo a infiltração dessas águas é mais intensa exata-

4

4

de energia, navegação, transporte de detritos (...) As águas

mação de chuvas, alimenta, em parte, o lençol freático,

6

2

dades; para uso industrial, irrigação das plantações, geração

12

60%

0

água para beber e cozinhar, para a higiene do lar e das ci-

1. A água, que provém dos complexos mecanismos de for-

8

50%

um tipo de vida em sociedade que dispense o uso da água:

14 10

70%

Por mais que tentemos, não somos capazes de imaginar

16

Temperatura (°c)

80%

como a matéria predominante em todos os corpos vivos.

Temperatura

mente nos corpos litológicos ígneos intrusivos. 2. A água em estado líquido desempenhou um papel decisivo no resfriamento do planeta, dissolvendo grande parte do gás carbônico atmosférico, transformando-o em carbonatos, que se precipitaram nos oceanos e nos mares. 3. Uma bacia hidrográfica tem um regime fluvial do tipo sazonal intermitente, quando atravessa áreas onde o índice de evapotranspiração potencial durante o ano é inferior ao índice pluviométrico anual.

Considerando-se as informações do texto e do gráfico, conclui-se que

em que esta começa a se condensar, originando a nebli-

a) a insolação é um fator que provoca variação da umidade

na. Quando a temperatura é baixa, a neblina se forma

C01  Estudando a hidrosfera

relativa do ar. b) o ar vai adquirindo maior quantidade de vapor de água à medida que se aquece. c) a presença de umidade relativa do ar é diretamente proporcional à temperatura do ar. d) a umidade relativa do ar indica, em termos absolutos, a quantidade de vapor de água existente na atmosfera.

540

4. O ar encontra-se saturado de umidade no momento

em quantidades muito menores de vapor de água que quando a temperatura se encontra mais elevada. 5. A quantidade de água existente na natureza terrestre é constante, ou seja, ela não se perde. Contudo, a sua distribuição no tempo e no espaço pode ser alterada em função da periodicidade das chuvas e de outros fenômenos que alteram o ciclo hidrológico normal.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Assinale

a) da ascensão do ar em face das elevações do Planalto Central

a) se apenas 1 e 5 estiverem corretas. b) se apenas 2 e 3 estiverem corretas.

e da cobertura vegetal nele predominante. b) dos baixos valores de evapotranspiração potencial existen-

c) se apenas 2, 4 e 5 estiverem corretas. d) se apenas 1, 2 e 5 estiverem corretas.

tes na região. c) da ascensão do vapor d’água das partes mais inferiores

e) se 1, 2, 3, 4 e 5 estiverem corretas. 04. (UECE) Analise as afirmações que tratam sobre o ciclo hidrológico e bacias hidrográficas. Assinale com V as afirmações verdadeiras e com F as afirmações falsas. ( ) Esse movimento circulatório comandado pela radiação so-

da troposfera; o ar aquecido ascendente se resfria e se condensa. d) do encontro de massas de ar termicamente diferentes com predomínio de anticiclones. e) da baixa nebulosidade dominante e das densas florestas perenifólias que propiciam a ascensão orográfica do ar úmido.

lar retira água da superfície dos oceanos e da superfície terrestre. ( ) A construção de grandes açudes e usinas hidrelétricas no Brasil não afeta o ciclo hidrológico.

07. (UFRGS RS) As figuras abaixo representam as alterações nos volumes de balanço hídrico entre um cenário sem urbanização e um urbanizado no Brasil.

( ) O fluxo do ciclo hidrológico sobre a superfície terrestre é positivo e dado por precipitação menos evaporação. ( ) Os processos hidrológicos longitudinais em uma bacia hidrográfica correspondem a: precipitação, evaporação e umidade do solo. A sequência correta, de cima para baixo, é: a) V - F - V - F. b) F - V - F - V. c) V - V - V - F. d) V - F - V - V. 05. (UECE) Analise as afirmações que tratam sobre o ciclo hidrológico, e assinale com V as afirmações verdadeiras e com F as afirmações falsas. ( ) Dentre as principais forças que controlam o ciclo hidrológico está a radiação solar, associada à gravidade e à rotação da Terra. ( ) O ciclo da água é um fenômeno global de circulação fechada da água entre os oceanos, os continentes e a atmosfera. ção das águas podem afetar o ciclo hidrológico. ( ) No ciclo hidrológico de longo prazo, parte do consumo de água pode estar associado ao intemperismo químico nas reações de hidrólise, na formação de rochas sedimentares e metamórficas, e na formação de minerais hidratados. A sequência correta, de cima para baixo, é: a) V, V, V, F. b) F, V, V, F. c) V, F, V, F. d) V, V, V, V. 06. (Uespi PI) A Amazônia brasileira possui um elevado índice médio anual de chuvas que se reflete nitidamente em diversos aspectos paisagísticos. Essas chuvas dominantes na região são decorrentes

Considere as seguintes afirmações sobre os efeitos da urbanização na dinâmica do balanço hídrico. I.

A infiltração no solo é reduzida, mantendo estável o nível do lençol freático.

II.

O volume de escoamento superficial aumenta devido à retirada da superfície permeável e da cobertura vegetal.

III.

As perdas por evapotranspiração são mais intensas no cenário urbanizado.

C01  Estudando a hidrosfera

( ) A construção de barragens, usinas hidrelétricas e a polui-

Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas lI. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) I, II e III. 541


FRENTE

C

GEOGRAFIA

MÓDULO C02

ASSUNTOS ABORDADOS n A geografia política e econômica

da água

n A geografia política da água n A geografia econômica da água

A GEOGRAFIA POLÍTICA E ECONÔMICA DA ÁGUA A geografia política da água O estudo geográfico da água continental nos mostra claramente que esse recurso natural possui uma distribuição espacial heterogênea na Terra. Assim, podemos encontrar regiões com abundância de água e, em contrapartida, outras localidades são caracterizadas por uma grande escassez. Analisando-se geopoliticamente, conclui-se que ter o domínio de grande volume desse recurso é fator primordial à sobrevivência e desenvolvimento de uma sociedade. Historicamente, a água, durante a “evolução” das sociedades, foi pivô de vários conflitos desde os séculos antes de Cristo até os dias atuais. No conflito militar entre as cidades-estado Atenas e Esparta (Guerra do Peloponeso, 431 a 404 a.C.), os espartanos foram acusados de envenenarem fontes de abastecimento de água de Atenas. Alexandre, o Grande (Rei Grego da Macedônia), durante seu reinado (336 a.C. a 323 a.C.), conquistou o Império Persa, e uma de suas manobras para vencer o inimigo foi destruir represas construídas pelos persas no Rio Tigre, a fim de prejudicar suas navegações. Em geral, grande parte dos recursos hídricos é transportada por rios internacionais para serem fonte de transporte, de produção de energia e de alimentos, de lazer, além de servirem como fronteiras entre os países. O aquecimento global e o uso indiscriminado da água provocaram uma reconfiguração na distribuição e na importância desse recurso para o Planeta. Por meio do desperdício, poluição e mercantilização, foi gerada a atual crise, conhecida também como escassez hídrica mundial. Com o tempo, a insuficiência local ou regional se expande e alcança outras regiões. A partir de então, atinge escalas cada vez maiores, agrupando mais países com estresses hídricos. São países com políticas e interesses próprios e por essa razão a crise mundial da água estabeleceu um novo item para a geopolítica internacional. Ao analisar tal crise, podemos constatar que a vertente política é a principal causa da escassez hídrica. Isso porque a soma de técnicas, tecnologias e mudanças de comportamento global poderiam amenizar ou até mesmo sanar esse colapso ambiental.

Figura 01 - Na imagem, vemos um camelo sendo utilizado como meio de transporte no deserto do Saara, no Egito. O país apresenta um dos maiores índices de escassez hídrica do mundo.

542

Estudos revelam que existe uma possível projeção de que em 2050 a disponibilidade da água cresça de 10% a 40% nas altas latitudes e decresça de 10% a 30% nas regiões de médias latitudes, onde já podem ser encontradas áreas com estresses hídricos. Se for confirmada essa projeção ambiental, os países desenvolvidos do Hemisfério Norte serão privilegiados. Por outro lado, os países pobres das regiões próximas da Linha do Equador serão os mais prejudicados.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Nesse contexto, teremos a Rússia mantendo sua abundância de água. Em seguida virá o Brasil, com a maior concentração de água doce do mundo, ao lado do Paraguai, Uruguai e Argentina, que estão assentados sobre o maior aquífero do mundo- Aquífero Guarani, passando a ser vistos com outros olhos, geopoliticamente falando.

#Conceito Escassez hídrica: consiste em uma das medidas (físicas ou econômicas) para se avaliar, geograficamente, uma unidade territorial. Se um determinado país não possui uma quantidade de água suficiente para atender às necessidades de sua população, tem-se uma escassez física. Mas se um país não tem recursos financeiros para a oferta de água de qualidade, mesmo que ela possa ser encontrada em seu próprio território, registra-se uma escassez econômica.

Nível de potencialidade (m3/hab./ano menos de 500 de 500 a 1 000

de 1 000 a 2 000 de 2 000 a 10 000

de 10 000 a 100 000 mais de 100 000

sem dados

Mapa 01 - Distribuição de Recursos Hídricos - 2014

Fonte: wikimedia commons

#Indicação de leitura

A obra, Geografia política da água, proporciona uma análise sobre a situação governamental da água no mundo. Além disso, discute sobre os aspectos que tratam da questão geopolítica desse recurso natural, o potencial cenário de crise, bem como sobre os esforços da sociedade para se estabelecer metas que solucionem o problema.

Geografia política da água, Ribeiro, Wagner da Costa, 1ª ed., Ed. Annablume, 2008.

Hidroconflitos C02  A geografia política e econômica da água

Nosso planeta possui 270 aquíferos e 260 bacias hidrográficas transnacionais (compartilhadas por mais de um país), sendo que 19 dessas bacias são compartilhadas por cinco ou mais nações. Nesse contexto, os especialistas ambientais criaram análises geográficas e geopolíticas da água por meio do Índice de Dependência de Água (IDA). Esse índice mensura a proporção de água renovável, sobretudo originada de rios, procedente de fora dos limites do país. Estamos falando da porcentagem de dependência hídrica de um país sobre seus vizinhos. Ao indagar os levantamentos de aquíferos e bacias hidrográficas transnacionais, conjuntamente com o IDA, podemos concluir que o mundo possui vários focos com grande potencial para conflitos armados, ocasionados pela escassez e domínio do “ouro azul”. 543


Geografia

País

Dependência hídrica

Egito

97%

Tucomenistão

97%

Hungria

94%

Bangladesh

91%

Holanda

88%

Síria

80%

Paraguai

72%

Argentina

66%

Uruguai

58%

Iraque

53%

Brasil

34%

Estados Unidos

8%

China

1%

Turquia

1%

Tabela 01 - Índice de Dependência de Água de alguns países.

SAIBA MAIS BACIA DE DRENAGEM INTERNACIONAL Segundo o Direito Internacional, uma bacia de drenagem internacional consiste em uma determinada área geográfica que abrange dois ou mais países, incluindo suas águas superficiais e subterrâneas que desembocam em um lugar comum (foz da bacia). Assim sendo, não somente o rio é considerado internacional, como também a bacia da qual ele faz parte. Se um determinado rio estiver por completo no território de um país, mas ele fizer parte de uma bacia hidrográfica transnacional, esse rio também é considerado internacional. Com isso, a responsabilidade pela bacia hidrográfica e suas drenagens é de todos os países-membros. Teoricamente, qualquer tipo de intervenção, como construção civil em uma drenagem internacional, por exemplo, obriga o país responsável a consultar os Estados-membros da bacia hidrográfica referida.

Principais Rios com nascentes no Tibete

Indus

Mt. Kallash

BUTÃO

ng

pu

ma

ah

Br BANGLADESH

Golfo de Bengala

BURMA (MYANMAR)

Mekong

es

Yangtse

tra

aw ad dy Salw een

ng

na ll

Ga

Ga ÍNDIA

CHINA

tse

Ka r

TIBETAN PLATEAU ng T sang o NEPAL

Yarlu

Irr

Sutlej es

PAQUISTÃO

ow Yell

g Yan

C02  A geografia política e econômica da água

China, Índia e Paquistão

VIETNÃ LAOS

TAILÂNDIA

Mar de Andamão

CAMBOJA

OCEANO ÍNDICO

Mapa 02 - Principais rios com nascentes no Tibete

544

Mar da China Meridional

A Índia, uma potência nuclear, possui dois focos hídricos com potenciais de conflitos com as duas outras potências nucleares da região - China e Paquistão. O Rio Brahmaputra, cuja nascente situa-se em território Tibetano, que está sob domínio chinês desde 1949, é alvo de reclamações do governo indiano. Este acusa os chineses de construírem usinas ao longo do rio com objetivos futuristas de controlar a vazão hídrica, provocando uma redução do volume de água no território da Índia. O Rio Indo (Indus) tem sua nascente em território chinês, percorre a área da Caxemira (região indiana reivindicada pelo Paquistão) e, posteriormente, atravessa o Paquistão.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

As tensões pela água no Oriente Médio Os conflitos geopolíticos envolvendo países do Oriente Médio como Israel, Palestina, Jordânia, Síria, Turquia e Iraque são agravados com a questão da água. Essa região é considerada a de maior estresse hídrico do mundo. Embora Israel esteja cercado por países de origem islâmica, possui um grande poderio armamentista nuclear e um apoio direto dos Estados Unidos. Em 1950, os judeus construíram canais de túneis para transpor água do Mar da Galileia. Os sírios responderam com a instalação de dutos para garantir a retenção hídrica em seu país. Em 1965, Israel se apropriou das obras feitas pelos sírios para restabelecer seu abastecimento.

EGITO

No ano de 1967, como um dos resultados da Guerra dos Seis Dias, o exército judeu passou a controlar o Mar da Galileia e as Colinas de Golã, onde fica a nascente do Rio Jordão. Hoje, mesmo com a presença da Organização das Nações Unidas – ONU, nessas áreas, os judeus fazem-se presentes no controle de toda a extensão desse rio. Israel, por sua vez, tem o controle das águas superficiais e subterrâneas do Vale do Rio Jordão. A Jordânia passou a ter seu acesso à água superficial reduzida, mas elevou seu abastecimento com o aumento no vo- Mapa 03 - Mapa político da Península do Sinai, situada entre o Mar Mediterrâneo Vermelho. Ponte terrestre entre a Ásia e a África. Canal de Suez, Golfo de Suez e Ácaba lume das águas subterrâneas, por meio do aumento de poços artesianos. No caso dos palestinos, o abastecimento hídrico é controlado pelos judeus. A permissão para perfurações de poços é restrita e com limite de 140 m de profundidade. Por outro lado, os colonos israelenses podem perfurar poços de até 800 m de profundidade. Os palestinos da Cisjordânia consomem aproximadamente entre 50 e 60 litros de água por dia, contra a média de 300 litros consumidos pelos judeus.

e o Mar

C02  A geografia política e econômica da água

Figura 02 - Rio Jordão - fronteira entre Israel/Palestina com Jordânia.

545


Geografia

SAIBA MAIS Mar Cáspio TURQUIA

igre Rio T

As nascentes dos rios Tigre e Eufrates localizam-se na Turquia, que pode controlar toda água destinada à Síria e ao Iraque. A rivalidade entre tais países pode acentuar-se ainda mais, uma vez que o projeto turco para uso da água desses rios para irrigação pode gerar ainda mais conflitos. Isso porque a Síria também tem projetos dessa natureza. Além disso, estimativas apontam que a vazão do rio Eufrates irá reduzir, o que prejudicará o Iraque, que já revelou sua preocupação no que diz respeito ao uso de tais recursos. Segundo alguns analistas, a Turquia, por meio do controle da água, visa pressionar o Iraque a negociar petróleo com o país. Em relação à Síria, a influência dos turcos visa à retirada do apoio aos curdos, que almejam um país autônomo.

SÍRIA

Rio

IRÃ

Eu fra te

s

IRAQUE

Golfo Pérsico

ARÁBIA SAUDITA

Drenagem dos rios Tigre e Eufrates, Oriente Médio

KWAIT

As águas contaminadas da África

C02  A geografia política e econômica da água

O grande motivo para o africano ter dificuldades com o abastecimento de água está ligado à pobreza endêmica do continente. Os países não apresentam capacidades técnicas, econômicas e institucionais para o gerenciamento de seus recursos hídricos de forma sustentável. À vista disso, esse continente apresenta grande número de contaminação de cólera e outras doenças transmitidas pela água. A subnutrição somada à diarreia provocada por água contaminada são as principais causas da alta taxa de mortalidade infantil na região. As contribuições financeiras e técnicas organizadas pela ONU, na última década, obtiveram êxitos limitados. Os países do norte africano tiveram evolução no trato do saneamento básico e consequentemente um acesso melhorado tanto no que tange ao volume, quanto à qualidade da água. Contudo, segundo a Organização, a África subsaariana apresenta um caso contrastante, em que 40% das pessoas ainda não possuem acesso à água de boa qualidade. As áreas urbanas possuem grande concentração de favelas, sem condições mínimas de higiene e obras de saneamento. Em áreas rurais, as condições são mais precárias, pois, dependendo das localidades, não existe nenhuma porcentagem de água encanada e aquela que se consegue está completamente contaminada, atingindo principalmente os mais pobres. Como o saneamento básico nessa área é quase inexistente, muitas pessoas têm suas atividades diárias envolvidas por situações insalubres, como a presença de dejetos humanos a céu aberto e a eliminação de resíduos sólidos 546

ou águas residuais, que acabam atingindo e contaminando as drenagens dos rios. A contaminação humana é generalizada, mas, como já vimos, as crianças e os recém-nascidos representam a maioria dos casos de óbitos. O continente mais pobre do nosso planeta é também o mais excluído. Para o mundo globalizado, somente os recursos naturais (commodities) africanos possuem relevância. A pobreza só não é pior que a miséria, que em algumas regiões é predominante. Contudo, a exclusão desse continente não se limita à ordem econômica, atingindo sua população em todos os campos, tais como saúde, educação, respeito ao meio ambiente, entre outros, direcionando, assim, a um elevado grau de desumanização da sociedade. Em 18 países da África Subsaariana, menos de um quarto da população usa boas instalações de saneamento básico

Uso de boas instalações de saneamento básico, 2010 Menos que 25% 25%- 50% 51%- 75% 76%- 100% Dados insuficientes

Mapa 03 - Em 18 países da África subsaariana, menos de um quarto da população usa boas instalações de saneamento básico.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Mar Mediterrâneo

EGITO ARÁBIA SAUDITA

o elh erm rV Ma

Deserto do Saara

Nilo branco

SUDÃO

ul az lo Ni

Khartoum

SUDÃO DO SUL ETIÓPIA

lago Vitória Nascente do Rio NIlo Branco UGANDA

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO

QUÊNIA

OCEANO ÍNDICO

Mapa 05 - Bacia Hidrográfica do Rio Nilo

Somado a isso, a bacia hidrográfica transnacional do rio Nilo possui grande potencial de conflitos. Suas drenagens percorrem países das regiões centro ocidental e nordeste da África, além de atravessar uma área do Deserto do Saara. São regiões que já possuem outros tipos de conflitos geopolíticos e a questão da água seria uma somatória para tais motivos. Vale a pena lembrar que o Egito, país mais rico dessa bacia hidrográfica, contém 97% de dependência hídrica.

C02  A geografia política e econômica da água

Fonte: wikimedia commons

Figura 03 - Mulheres africanas em busca de água. Milhares de africanos, todos os dias, caminham quilômetros para buscar água para o consumo diário.

547


Geografia

A geografia econômica da água O consumo de água O estudo do consumo de água no planeta Terra será feito por meio de três segmentos: uso agrícola, industrial e doméstico. Esses segmentos são considerados muito importantes, pois eles interligam-se e demonstram uma análise social da região ou país estudado. Quanto maior o poder de compra de uma população, maior será seu consumo direto ou indireto (água virtual) de água, pois os setores agrícola e industrial terão uma elevação em suas produtividades. O suprimento de água para o consumo humano direto também acompanhará esse aumento. Segundo estudos feitos pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em 2050, o mundo terá água para produzir alimentos para 9 bilhões (expectativa populacional) de pessoas. No entanto, a manutenção do desperdício, da degradação e dos impactos ambientais, como poluição de rios e mudanças climáticas, irá reduzir a disponibilidade de água em várias regiões, principalmente nas proximidades da Linha do Equador, onde encontramos apenas países em desenvolvimento em todos os continentes.

C02  A geografia política e econômica da água

A agricultura que, na média global é a maior consumidora de água, precisa expandir suas tecnologias para todo o mundo em desenvolvimento. Os desperdícios são muito elevados nos processos de irrigação e os usos de agrotóxicos contaminam os lençóis freáticos. Outro problema é a falta de vegetação nativa nas regiões de plantio, que reduz a umidade atmosférica. A indústria é outra grande consumidora de água e também poluidora de rios. A maior parte delas, que encontra-se em países subdesenvolvidos, não utiliza esse recurso natural de forma sustentável. A água residual não é tratada para reutilização e muito menos para o descarte, poluindo toda drenagem de um ou mais rios. As mineradoras, em seu processo nada sustentável de extração e beneficiamento de recursos minerais, no caso específico da água, acabam por liberar efluentes nos rios. Em casos de descuidos operacionais, os lençóis freáticos podem ser atingidos, como, por exemplo, um acidente em barragem que serve

Figura 04 - Irrigação agrícola por aspersão

548

como depósito de água com resíduos de minerais pesados, que provocaria um impacto socioambiental, sem conseguir medir as consequências para o ambiente e a sociedade (veja o box sobre o acidente da barragem em Mariana/MG, ocorrido em 2015). Outro ponto importante é que, tendo em vista que as 28 megacidades do mundo compreendem 453 milhões de habitantes, o que corresponde a 12% da população mundial, metade dessas cidades são fortemente dependentes de água subterrânea. Nos casos de megacidades de países em desenvolvimento, em parte delas, o reservatório hídrico subterrâneo é a única fonte de água digna, pois seus rios e represas estão poluídos. Como vimos, uma das principais formas de desperdício de água ocorre por meio da irrigação por aspersão, que simula uma chuva artificial, já que suas pequenas gotículas caem sobre o solo e as plantas. Esse processo ainda pode aumentar o desenvolvimento de doenças nas plantas úmidas e causar danos ao solo, devido ao escoamento de água na superfície. 11% Consumo domés co

10% Consumo domés co 70% Agricultura

20% Indústria

Mundo

59% Indústria

30% Agricultura

Países desenvolvidos 8% Consumo domés co 82% Agricultura

10% Indústria

Países em desenvolvimento

Figura 05 - Os diferentes níveis de consumo de água na agricultura, indústria e uso doméstico.

Devido às grandes diferenças econômicas e tecnológicas, podemos observar os diversos tipos de consumo de água entre os países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Com o auxílio da tabela a seguir, vamos estudar outras formas de uso da água que interferem diretamente na economia de um país. O uso da água na economia Produção de energia elétrica

Por meio das hidrelétricas, países com rios volumosos e grandes desníveis no relevo da drenagem tiram proveito de um sistema de produção de energia elétrica eficiente e menos agressivo ao ambiente.

Turismo

Os rios, lagos, cachoeiras e represas podem ser muito utilizadas para esse fim. Lazer, passeios, banhos e pescas recreativas são grandes atrativos turísticos.

Comércio

Restaurantes, sorveterias, lanchonetes entre outros, contribuem para a economia e para a geração de emprego nas cidades.

Bebidas

Além de todos os tipos de bebidas possíveis, o consumo de água mineral aumenta cada vez mais em escala global.

Pesca profissional

Muitas famílias ribeirinhas garantem seu sustento com a pesca em água doce.

Hidrovias

Importante sistema de transporte, seguro, rentável (dependendo do nível da hidrovia e sua embarcação, um frete desse sistema pode carregar o equivalente a 30 caminhões de grande porte).

Desperdício

Uma das maiores formas de desperdício de água é pela rede de distribuição que liga os reservatórios até as casas, indústrias, prédios etc. Em países desenvolvidos, o limite aceitável de perda de água é de 5% a 7%. Naqueles em desenvolvimento, as porcentagens de perda são muito mais elevadas, sendo que até mesmo os emergentes podem apresentar entre 10% a 30% de desperdício de água.

Inflação

O aumento das taxas de água, tratamento de esgoto e energia elétrica (hidrelétricas), podem influenciar na inflação do país.

#DicaCine Geogafi

Fonte: wikimedia commons

Como o uso da água interfere na economia

Imagens do acidente ambiental das barragens do Fundão em Mariana/MG.

SAIBA MAIS O rio Reno nasce nos Alpes suíços e percorre 1 326 km. Em suas margens, encontramos grandes polos industriais, principalmente da França, Alemanha e Países Baixos. O canal é muito utilizado pelas indústrias para o deslocamento de mercadorias para o maior complexo portuário do mundo, na cidade de Roterdã, Países Baixos.

549

C02  A geografia política e econômica da água

Fonte: wikimedia commons

Figura 06 - Hidrovia do rio Reno.


Geografia

Exercícios de Fixação 01. (Unesp SP) A Pegada Hídrica é uma ferramenta de gestão

d) o avanço do modo de vida consumista, no contexto ca-

de recursos hídricos que indica o consumo de água doce com base em seus usos direto e indireto. “Precisamos des-

pitalista globalizado, tem resultado no aumento da apro-

construir a percepção de que a água vem apenas da torneira [um uso direto] e que simplesmente consertar um pequeno vazamento é o bastante para assumir uma atitude sustentável”, ressalta Albano Araujo, coordenador da Estratégia de Água Doce da Nature Conservancy. www.wwf.org.br. Adaptado.

Considerando o excerto e os conhecimentos acerca do consumo de água no planeta, é correto afirmar que o uso indireto de água doce corresponde a) à comercialização de água sob a forma de produto final. b) ao emprego de água extraída de reservas subterrâneas para o abastecimento público. c) à quantidade de água utilizada para a fabricação de bens de consumo. d) ao aproveitamento doméstico da água resultante de processos de despoluição. e) à distribuição de água oriunda de represas distantes do consumidor final. 02. (UEMG) Analise os gráficos a seguir: uso domés co 8%

uso industrial 10%

4 uso agrícola 82% Países de baixa e média renda uso domés co 8% uso agrícola 30%

1000 km/ano

3

3

C02  A geografia política e econômica da água

mosfera e nos continentes. Os mananciais mais acessíveis e utilizados para satisfazer as necessidades sociais e econômicas do homem são a) as águas subterrâneas. b) os rios e lagos de água doce. c) os oceanos. d) as águas das chuvas. 04. (UFU MG) Provavelmente, no século XXI, as guerras que acontecerem no Oriente Médio estarão mais relacionadas à água do que ao petróleo. Essa advertência, que soaria descabida na década de 1970, parece cada vez mais concreta. OLIC, Nelson B.. Conflitos no mundo. São Paulo: Moderna, 2000, p. 42.

Sobre a questão tratada no texto, é INCORRETO afirmar que a) o elevado crescimento demográfico na região do Oriente Médio tem gerado demandas crescentes por água. b) do ponto de vista natural, a água no Oriente Médio é escassa devido à sua localização em região de climas desérticos. c) no que diz respeito à utilização dos recursos hídricos comuns, os desacordos entre países constitui um grave problema que pode gerar conflitos. d) o problema de água na região é consequência da contaminação dos recursos hídricos por produtos químicos utilizados na agricultura

A Pegada Hídrica 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 Total Agricultura

Indústria Município

Países alta renda

Sobre o uso dos recursos hídricos pelas diversas atividades humanas, é correto afirmar que a) a utilização excessiva, no espaço agrário em desenvolvimento, deve-se à elevada produção por hectare das policulturas irrigadas. b) a reduzida parcela de consumo hídrico doméstico no mundo demonstra a eficácia generalizada das políticas de educação ambiental. c) o aumento gradual no consumo do recurso está associado à universalização do acesso a este bem pela população mundial socialmente vulnerável.

550

03. (UECE) A água na Terra está presente nos oceanos, na at-

05. (IF BA)

1 0

uso industrial 59%

priação da água por setores econômicos privados.

“O interesse na Pegada Hídrica está enraizado no reconhecimento de que os impactos humanos nos sistemas de água doce podem estar ligados ao consumo humano, e que questões como a escassez de água e a poluição podem ser melhores compreendidas e tratadas, considerando a produção e cadeias de suprimento como um todo,” diz o professor Arjen Y. Hoekstra, criador do conceito da Pegada Hídrica. “Os problemas da água normalmente estão intimamente ligados à estrutura da economia global. Muitos países externalizaram significativamente sua Pegada Hídrica, a importação de bens intensivos em água de outro lugar. Isso coloca pressão sobre os recursos hídricos nas regiões de exportação, onde muitas vezes os mecanismos para a sábia governança e conservação da água são escassos. Não só os governos,


Ciências Humanas e suas Tecnologias

2 500 litros de água

1 kg de carne bovina

15 400 litros de água

1 calça jeans

10 000 litros de água

1 kg de açúcar

1 800 litros de água

1 litro de leite

1 000 litros de água

07. (Unesp SP)

Disponível em:http://www.pegadahidrica.org/?page=files/home. Acesso em: 10 de setembro de 2013.

06. (Uerj RJ) Índice de Pobreza em Água (IPA)

Rio Jordão Superior

neo

Aquíf ero L

itorâ n

eo

Mar da Galileia

Aquífero do Norte AQUÍFERO DAS MONTANHAS

uí fe ro de Fa Ga ixa Ga d za za e

Aqu

ífer

o Li

torâ

Mar Mediterrâneo

Aq

Considerando a leitura do texto e da tabela anterior, bem como a questão da distribuição, apropriação e consumo da água potável no mundo atual, é correto afirmar que a) a partir da concepção de pegada hídrica confirma-se a necessidade de reduzir o consumo direto da água nas residências como medida prioritária no combate à escassez desse recurso no mundo. b) a água potável consumida por processos produtivos agrícolas e industriais iguala a responsabilidade dos países subdesenvolvidos ao dos países desenvolvidos na pegada hídrica global. c) a água potável é enviada indiretamente, através de diversas mercadorias, de países agroexportadores para países industrializados que não contabilizam a pegada hídrica em seus territórios nacionais. d) fica claro com o conceito de pegada hídrica que a questão da distribuição e consumo da água passa a ser responsabilidade exclusiva dos governos de países exportadores de gêneros agrícolas. e) apesar da variação na disponibilidade da água potável no mundo, o fortalecimento do comércio internacional tende a resolver a distribuição desigual da pegada hídrica de cada país.

LÍBANO

Aquífero do Oeste Aquífero do Leste

JORDÂNIA

Mar Morto ISRAEL

Emissário Nacional de Água de Israel

AQUÍFERO DAS MONTANHAS Aquífero do Norte

Aquífero de Gaza

Aquífero do Oeste

Aquífero Litorâneo

Aquífero do Leste

No Oriente Médio, a água é um recurso precioso e uma fonte de conflito. A escassez de recursos hídricos está aumentando as tensões políticas entre países e dentro deles, e entre as comunidades e os interesses comerciais. A Guerra dos Seis Dias, em 1967, foi, em parte, a resposta de Israel à proposta da Jordânia de desviar o rio Jordão para seu próprio uso. A terra tomada na guerra deu-lhe acesso não apenas às águas das cabeceiras do Jordão, como também o controle do aquífero que há por baixo da Cisjordânia, aumentando assim os recursos hídricos em quase 50%. (Robin Clarke e Jannet King. O Atlas da Água, 2005. Adaptado.)

Boa

Mediana

Crí ca

Sa sfatória

Di cil

Ausência

A partir da leitura do mapa e do texto, pode-se afirmar que a água é uma questão importante nas negociações entre a) o Iraque e os turcos. b) os palestinos e a Síria. c) o Líbano e a Síria. d) os iranianos e o Iraque. e) Israel e os palestinos. 551

C02  A geografia política e econômica da água

1 kg de arroz

O Índice de Pobreza em Água é um indicador criado com a finalidade de estabelecer relações entre o acesso à água potável e as características do meio natural e de cada sociedade. Com base no mapa, a maior presença de países em situação crítica quanto ao acesso à água potável está no subcontinente denominado: a) Oriente Médio b) Ásia Meridional c) América Andina d) África Subsaariana

Rio Jordão

mas também os consumidores, as empresas e comunidades da sociedade civil podem desempenhar um papel na obtenção de uma melhor gestão dos recursos hídricos.” A pegada hídrica de alguns produtos (média global):


Geografia

Exercícios Complementares 01. (UFU MG) Foram necessários apenas 40 anos para que o quarto maior lago do mundo, o Mar de Aral, na Ásia Central, secasse. O que antes eram 60 mil quilômetros quadrados de água, com profundidade de 40 m em alguns locais, evaporou. Agora, restam apenas 10% do lago. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/02/150226_mar_aral_gch_lab> Acesso em: 24 de abr. 2017.

Um fator responsável pela alteração ambiental apresentada foi a) o aumento significativo da evaporação da água do lago causado pelo aquecimento global.

04. Quando um país polui as águas de um rio a montante, ele afeta a qualidade da água para os países que o utilizam a jusante. 08. Quanto menor o nível de desenvolvimento de um país, maior é o consumo de água no setor doméstico. 16. A reutilização das águas residuais e a dessalinização são tecnologias que procuram auxiliar na resolução da crise de abastecimento de água em várias cidades mundiais. 04. (UFJF MG) Observe a figura.

b) a destinação da água do lago em vultosos volumes para produção de energia hidrelétrica. c) o bombeamento descontrolado da água do lago para o abastecimento urbano. d) a utilização em grande escala da água dos rios que abas-

Leito original

teciam o lago para irrigação agrícola. 02. (Famerp SP) As cidades, normalmente, são as mais afetadas por inundações, enchentes e deslizamentos. Muito embora as inundações sejam fenômenos naturais, as mudanças nas formas de uso e ocupação nas cidades incrementam esses fenômenos, que se tornam potencialmente mais perigosos. Mirian V. F. Barros et al. “Vulnerabilidade socioambiental à inundação”. Confins, nº 24, 2015. Adaptado.

Caracterizam exemplos de intervenções nas cidades que potencializam os fenômenos naturais de inundação

A figura ilustra um processo comum nos cursos d’água. Ele pode ser denominado por a) assoreamento. b) lixiviação. c) erosão. d) intemperismo. e) rastejamento. 05. (IF SC)

a) a construção de “piscinões” e a ocupação de mananciais. b) a impermeabilização do solo e o desassoreamento dos rios. c) a dragagem dos rios e a remoção da mata ciliar. d) a interferência nos cursos d’água e o descarte irregular de lixo. e) a adoção de barragens e o emprego de cisternas nos imóveis. 03. (UEM PR) “Passam sede hoje no mundo 748 milhões de pesC02  A geografia política e econômica da água

soas, apesar de outras 2,3 bilhões terem conquistado o acesso à água nos últimos 25 anos. Esse é o balanço da Década da Água para a Vida, instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2005, que termina neste domingo (22)”. (Folha de São Paulo, Caderno Especial, 22/03/2015).

Em relação ao tema água, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01. A água se encontra distribuída de maneira uniforme na Terra, no entanto ela não é um recurso renovável. 02. A ANA (Agência Nacional de Águas) é a responsável no Brasil por implementar e coordenar a gestão compartilhada e integrada dos recursos hídricos.

552

Com base na charge acima leia e analise as seguintes afirmações: I. A zona saturada de água no subsolo foi dividida pela cerca, permitindo o acesso somente para uma pessoa. II. A charge satiriza a exclusão ao acesso a um recurso vital. III. As águas subterrâneas podem ser encontradas quando um meio de acesso atinge o nível do lençol freático. IV. O acesso à água é importante para garantir a agricultura e o abastecimento humano.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Parte da população mundial utiliza a água subterrânea para suas necessidades diárias de consumo.

Assinale a alternativa CORRETA. a) Apenas as afirmações II, III, IV e V são verdadeiras. b) Apenas as afirmações II, III e V são verdadeiras. c) Apenas as afirmações I, II, III e V são verdadeiras. d) Apenas as afirmações I, III, IV e V são verdadeiras. e) Todas as afirmações são verdadeiras. 06. (UEPG PR) Sobre a água potável do Planeta, poluição dos rios e a disputa que poderá ocorrer em relação a esse recurso natural, assinale o que for correto. 01. Aproximadamente um bilhão de pessoas não têm acesso à água potável no Planeta. 02. Obras hidráulicas ou atividades poluentes a montante de um rio podem prejudicar o fluxo e a qualidade de águas da jusante, já que muitos rios têm suas águas partilhadas por diversos países. 04. A água insalubre e o saneamento básico deficiente causam por volta de 80% das doenças do mundo em desenvolvimento. 08. A utilização excessiva de águas subterrâneas para beber e para efeitos de irrigação não provocam problemas de abastecimento desse recurso hídrico, pois não alteram o nível dessas águas. 16. O controle político e estratégico dos recursos hídricos tem como exemplo o controle exercido por Israel na água que abastece a Cisjordânia, proveniente do Rio Jordão e do Mar da Galileia. 07. (UEPB) Este informe jornalístico foi publicado em vários meios de comunicação do país. UNESCO PROCLAMA 2013 COMO ANO INTERNACIONAL DA COOPERAÇÃO PELA ÁGUA Após análise do informe jornalístico e seus conhecimentos sobre a temática, escreva ( V ) ou ( F ) para as proposições a seguir, conforme sejam Falsas ou Verdadeiras. ( ) A palavra “cooperação”, destacada pela Unesco, ganha caráter estratégico. A entidade espera que as sociedades desenvolvam mecanismos de ação compartilhada para manejar as fontes hídricas, capazes de gerar beneficias econômicos e melhoria no padrão de vida de toda a humanidade. ( ) A crescente demanda de água nas áreas urbanas, associada à diminuição dos recursos hídricos, tem levado à sua captação em mananciais distantes, onerando os custos de extração e tratamento e obviamente elevando o preço ao consumidor.

( ) O uso intensivo das técnicas de irrigação feitas de maneira incorreta, aliadas aos baixos índices pluviométricos e às altas taxas de evaporação nas regiões semiáridas, aumenta o processo de salinização, contribuindo para o processo de desertificação. ( ) A crescente demanda para o setor industrial, geração de energia, a larga produção de alimentos, aliada ao gerenciamento precário de empresas que cuidam de recursos hídricos, políticas públicas mal direcionadas, o desperdício, a falta de conservação e a poluição, vêm gerando a escassez de água em escala mundial. ( ) As atividades econômicas sempre respeitam os limites impostos pela oferta dos recursos hídricos, evitando os conflitos de uso e de escassez em todas as sociedades. A alternativa que apresenta a sequência correta: a) F – F – V – V – V b) V – V – V – F – F c) V – V – F – V – V d) V – V – V – V – F e) V – F – V – F – V 08. (Enem MEC) O uso da água aumenta de acordo com as necessidades da população no mundo. Porém, diferentemente do que se possa imaginar, o aumento do consumo de água superou em duas vezes o crescimento populacional durante o século XX. TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2009.

Uma estratégia socioespacial que pode contribuir para alterar a lógica de uso da água apresentada no texto é a a) ampliação de sistemas de reutilização hídrica. b) expansão da irrigação por aspersão das lavouras. c) intensificação do controle do desmatamento de florestas. d) adoção de técnicas tradicionais de produção. e) criação de incentivos fiscais para o cultivo de produtos orgânicos. 09. (FM Petrópolis RJ) É importante relacionar o consumo de água no planeta ao aumento populacional, ao aumento da demanda nos setores produtivos e ao padrão de consumo segundo a renda dos países. Considerando-se alguns desses fatores, segundo o paradigma norte-americano de desenvolvimento, identifica-se que a) quanto maior o nível de renda da população, maior o gasto de água. b) quanto maior o poder de consumo da população, menor o gasto de água. c) nos países de baixa renda, o consumo de água é maior para uso industrial. d) nos países de média renda, o consumo de água é maior para uso doméstico. e) nos países de alta renda, o consumo de água é maior para uso agrícola.

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C02  A geografia política e econômica da água

V.


FRENTE

C

GEOGRAFIA

MÓDULO C03

ASSUNTOS ABORDADOS n Hidrogeografia n A água do subsolo e da superfície terrestre

HIDROGEOGRAFIA O início do período chuvoso ameniza a situação das áreas que tanto sofrem com a seca. Mas contar apenas com a intervenção benéfica da chuva não é o suficiente. É necessário também que o homem realize ações para preservar essa água e que ele saiba utilizá-la de maneira consciente. Para tanto, conhecer e dispor de técnicas de manejo do solo que contribuam para a infiltração da água da chuva é fundamental para aumentar a disponibilidade hídrica. Por outro lado, não dá para se falar em preservação de água sem discutir os cuidados com o solo. De forma consensual, todos dizem que o solo é a caixa d´água do Planeta. E para essa caixa d´água encher, é preciso que a água seja infiltrada. É por isso que o manejo do solo é extremamente relevante. Caso não se tenha um cuidado especial na hora de plantar, construir, asfaltar etc., podem-se gerar grandes impactos no solo. Em regiões de aclives, a técnica de curva de nível é bem recomendada para diminuir a velocidade de escoamento da água, aumentando sua infiltração. Caso essa água escoe em alta velocidade sobre o solo, ela leva a parte mais fértil da terra. E tudo vai parar nos riachos, rios, entre outros. Em geral, a força com que a água lava o solo, cria regiões futurísticas. Na Chapada dos Veadeiros, por exemplo, uma faixa de rochas cheia de crateras nos faz imaginar que não estamos no nosso Planeta. Esse pedaço de chão foi apelidado de Vale da Lua, pois lembra a superfície do satélite. E todo esse formato espacial em crateras foi criado pela força da água que ali escorre. No que diz respeito às cidades, a água não é infiltrada, devido à pavimentação. As redes de esgoto nem sempre são suficientes para drenar toda a água que vem das chuvas. Basta uma chuva de maior intensidade e logo surgem os alagamentos. Os transtornos são enormes, sem dizer os prejuízos e os riscos de proliferação de doenças.

Figura 01 - Da esquerda para a direita: Imagem 1: Escoamento superficial - a taxa de infiltração não vence o grande volume de precipitação. Imagem 2: A urbanização provoca a impermeabilização de sua superfície terrestre. Imagem 3: Vale da Lua, Chapada dos Veadeiros, Goiás, Brasil.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias

A água do subsolo e da superfície terrestre A dinâmica da água no subsolo Água subterrânea Toda água que encontramos abaixo da superfície terrestre, que foi absorvida entre as partículas do solo ou regolito (conjunto de material superficial que origina-se das rochas), ocupando os vazios existentes nas estruturas rochosas, é classificada como água subterrânea. Normalmente, ela é absorvida em rochas sedimentares porosas e permeáveis, ou em rochas que não são porosas. Infiltração A infiltração é o mecanismo mais importante para o reabastecimento de água no subsolo. Após uma precipitação, parte da água que atinge a superfície terrestre infiltra e percola no interior do solo. O volume e a velocidade desse processo físico vão depender das variáveis a seguir. n

n

n n n

n

Tipo de constituintes de materiais da massa do solo: a presença de materiais porosos e permeáveis facilita a penetração da água, como é o caso por exemplo dos solos arenosos. Por outro lado, os materiais argilosos são retentores de água, dificultando sua infiltração nas camadas mais profundas. Rochas: as rochas fraturadas ou porosas (arenito) também permitem a infiltração das águas superficiais. As estruturas rochosas ígneas intrusivas e metamórficas (gnaisse) dificultam as infiltrações. Vegetação: quanto maior a concentração vegetativa na superfície do terreno, maior a absorção de água. Topografia: quanto maior a declividade da superfície, menor será a infiltração de água do solo. Precipitação: se o volume de chuva é bem distribuído ao longo do ano, o processo de recarga do subsolo é favorecido. A velocidade da infiltração acompanha a precipitação. As chuvas mal distribuídas e de forma torrencial favorecem o escoamento superficial, uma vez que a taxa de infiltração não vence o grande volume de água precipitada em um intervalo de tempo tão curto. Ocupação do solo: a urbanização provoca a impermeabilização de sua superfície terrestre. Já a agropecuária inviabiliza o solo por meio de suas superfícies desmatadas (pastos e áreas de plantio).

Argilomineral –

– –

+

+

+

– Molécula (polar) de água H2O

+ –

+

O

+

Figura 02 - Adsorção entre moléculas de água e a superfície do argilomineral. As cargas elétricas existentes na superfície das partículas de húmus e argilominerais atraem as moléculas de água que estão mais próximas, as quais formam ali uma fina película de água.

+ H

+

+ H

555

C03  Hidrogeografia

Disposição e deslocamento da água no subsolo n Além da força gravitacional, o deslocamento da água no subsolo também é comandado pela força de atração molecular e de tensão superficial de elementos químicos do interior do solo. A ligação covalente da água forma um ângulo de 104,5°, propiciando a formação de uma molécula polarizada, com dois polos (positivo e negativo). Sendo assim, as moléculas de água e a superfície de argilominerais se atraem por meio de suas cargas opostas. Grande parte desse fenômeno transcorre nos primeiros metros de profundidade de um solo com regolito ou argiloso. Chamamos de regolito ao conjunto de materiais provenientes do intemperismo físico e químico de uma estrutura rochosa. Abaixo dele é encontrado material rochoso que ainda não sofreu processos de intemperismo. A adsorção (quando moléculas de um fluido são retidas no solo) de água em argilominerais, regolitos, húmus e nos capilares (microporos rochosos), inibe seu movimento no solo, restringindo-o à evaporação, infiltração e extração das raízes das plantas. Dessa forma, o tamanho dos poros rochosos é que define a classificação da água no subsolo, podendo ser higroscópica, capilar ou gravitativa.


Geografia

SAIBA MAIS Água Água Água higroscópica é uma substância que consegue absorver água em Higroscópica Capilar condições ambientais. Nesse caso, uma pequena porção do líquido fica quimicamente ligada às partículas do solo (argila e húmus), formando-se Poros uma película de água. Quando se tem um solo molhado, todos os poros são preenchidos com água e ficam praticamente desprovidos de ar. Naturalmente, após esses poros serem Água abastecidos com água e esta ter seu fornecimento descontinuado, o líquido contido nos poros maiores drena para baixo ou para os lados, atingindo as Água Água partes mais profundas e juntando-se ao lençol d’água subterrânea – fenômeno pelo qual originam-se as nascentes. E, por infiltrar-se no solo devido à ação Figura 03 - Tipos de água do subsolo gravitacional, essa água é denominada gravitativa. Depois de ocorrer a infiltração da água gravitativa, o solo torna-se úmido e passa a conter ar nos macroporos (poros maiores que 0,5mm de diâmetro) e água nos microporos (poros menores que 0,05mm). Estes funcionam como finos tubos, sendo chamados, portanto, de capilares. Por isso, o líquido nele contido é chamado de água capilar, ficando retido no solo com tal força, que consegue, assim, manter-se no poro por mais tempo, mesmo contra a ação da gravidade. Entretanto, essa força não é o suficiente para impedir as raízes de absorvê-las. Lepsch, Igo F. Formação e conservação dos solos, p.44-46. São Paulo. Ed. Oficina de textos, 2002. Adaptado.

Distribuição da água no subsolo Zona vadosa ou não saturada

Franja Capilar

Poros Água

Zona não saturada ou vadosa é a área do solo onde a água está distribuída uniformemente. Por ser preenchida parcialmente por água, suas moléculas aderem à superfície das partículas do solo. A parte mais superficial é classificada como úmida, pois possui grande perda de água para a atmosfera por meio da evaporação. Em seguida, encontramos a parte intermediária, que fica entre a região úmida e o limite da Zona não saturada (franja capilar). Essa parte é menos úmida que a franja capilar e mais úmida que a parte superior. Em áreas onde parte da Zona Freática está subjacente à superfície do solo, a franja capilar alcança o limite superficial do solo e, por conseguinte, não encontramos sua parte intermediária. Zona freática saturada é a área que recebe a água da zona não saturada por meio da franja capilar. Mediante a gravidade da água, os poros e as fraturas rochosas são preenchidas até suas profundidades limites, constituindo verdadeiros depósitos de água subterrânea.

Franjas Freáticas são estruturas rochosas com poros menores que 0,05 mm de forma capilar. Sua superfície delimita a fronteira entre a Zona Vadosa e a Zona Saturada. É o início do Lençol Freático ou do nível da água subterrânea. Aquíferos Aquífero é uma estrutura geológica composta por rochas permeáveis que possuem capacidade de armazenar água em seus poros, fissuras, fraturas ou condutos. Essas unidades rochosas são verdadeiros reservatórios de água que possuem dinâmicas de condutividade hidráulica por extensas ramificações subterrâneas. Tais reservatórios, que são abastecidos pelas chuvas, podem apresentar diferentes dimensões, podendo chegar a milhares de quilômetros quadrados. São essas estruturas geológicas que garantem o fornecimento de água aos rios, principalmente nos períodos de estiagem.

C03  Hidrogeografia

1. Poros / Granulares

2. Fissuras / Fraturas 3.Cárs co / Condutos

Figura 04 - Tipos de estruturas rochosas constituintes de diferentes tipos de porosidades formadoras de aquíferos.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias

n

n

n

Aquíferos de porosidade granular: são formados por rochas sedimentares (arenitos), armazenam grandes volumes de água e possuem grandiosas extensões. Além disso, são encontrados nos subterrâneos de bacias sedimentares e apresentam uma porosidade homogênea que permite o deslocamento da água para todas as direções, em função de seus diferenciais hidrostáticos. Aquíferos fissurais: é constituído em consequência de deformações litológicas provocadas por movimentos tectônicos. São formados também por rochas densas (ígneas e metamórficas), sendo que o deslocamento da água ocorre em suas fissuras, fendas e falhas. Sua capacidade de estocar água está relacionada, proporcionalmente, à sua quantidade de deformações rochosas, que contribuem para a infiltração e o fluxo da água. Um grande exemplo desses tipos de reservatórios naturais são as bacias sedimentares compostas por camada de derramamento de basalto (rochas magmáticas extrusivas). Aquíferos de condutos: possuem características de porosidade cárstica, composta por uma rede de condutos, com diâmetros que variam entre milímetros e metros, causados pela decomposição de rochas carbonáticas. Esse fenômeno litógico ocasionado pelo intemperismo químico e físico pode criar grandes galerias com verdadeiros “rios” de água dura subterrâneos. Tais estruturas cársticas acarretam baixa capacidade de filtração da água. Consequentemente, esses aquíferos são os mais suscetíveis, entre todos os tipos, a sofrer contaminações de substâncias poluentes. Sua constituição rochosa mais frequente é de calcários, mármores e dolomitos.

Mas cabe lembrar que, no ambiente, os aquíferos podem ocorrer de forma associada, apresentando suas variedades estruturais e litógicas em sequências estratificadas. Situações que geram fenômenos geológicos transitórios entre aquíferos são atribuídas aos intemperismos químicos e físicos sofridos pelas rochas. A erosão do calcário, por exemplo, acarreta transformações de suas fissuras em fraturas e posteriormente em condutos, alterando a característica estrutural do aquífero. Nas rochas mais resistentes, os processos transitórios acontecem mais lentamente.

#Conceito

Figura 05 - Estrutura cárstica formada por grandes condutos com “rios subterrâneos”.

C03  Hidrogeografia

Litologia: consiste no estudo e descrição de uma rocha ou de associação rochosa, com caráter para estudo macroscópico. O termo designa ainda a própria rocha em estudo. Água dura: é composta por águas naturais que possuem íons cátions Cálcio Ca2+ (aq), Magnésio Mg2+ (aq) e Ferro Fe2+ (aq), e também ânions carbonato, bicarbonato, cloreto e/ ou sulfato. A dureza da água é definida pela concentração de cátions.

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Geografia

Aquífero livre e aquífero confinado O aquífero livre é um extrato permeável, parcialmente saturado, com uma base composta por uma camada impermeável ou semipermeável. Entre ele e a Zona Freática Saturada, encontramos formações rochosas permeáveis ou semipermeáveis. Sendo assim, em toda extensão desse tipo de aquífero ocorre afloramentos de sua água na camada superior. Na parte inferior desse reservatório de água natural, a composição rochosa é impermeável. O processo de recarga desse tipo de aquífero apresenta duas vias, a zona direta e a zona indireta. A Zona de Carga Direta recebe a água da chuva por meio de uma área de afloramento e fissuras de rochas sobrejacentes, ligada diretamente à superfície terrestre. Já a Zona de Carga Indireta decorre das infiltrações verticais, passando primeiro pelo subsolo que está acima do aquífero. Desse modo, a forma indireta é mais lenta nos processos de recarga do que a forma direta, que além de ser mais rápida, apresenta um volume de reabastecimento do reservatório muito superior à forma anterior citada. Por intermédio de sua Zona de Descarga, o aquífero livre garante o abastecimento dos rios. Por fim, esse tipo de reservatório é o mais comum existente, o mais utilizado pelo homem e o que tem maior vulnerabilidade para ser poluído.

Zona de recarga

Zona de recarga indireta

Lençol freá co

Lençol freá co Aquífero livre

Nível hidrostá co Zona de descarga para abastecimento de rios

Aquífero Confinado Substrato impermeável

Figura 06 - Aquíferos Livre e Confinado.

Formação de cavernas

Por sua vez, o Aquífero Confinado é localizado entre duas formações rochosas impermeáveis. Nessas condições, sua água penetra no reservatório em direção às profundidades cada vez maiores, onde sofre a pressão hidrostática crescente da coluna de água entre a zona de recarga e o ponto em profundidade. Quando um poço alcança esse aquífero, a água sobe em decorrência da pressão hidrostática, até atingir a mesma altura da região da recarga.

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O reabastecimento do aquífero é feito de forma mais lenta e pode ocorrer de forma indireta, mas somente em áreas estruturadas de rochas sedimentares profundas, que alcance o limite superior do reservatório. Na forma direta, que apresenta superioridade no volume de água, o processo de recarga acontece na região de afloramento do arcabouço rochoso que alcança a superfície terrestre. A água confinada desse aquífero está mais protegida das poluições e seu deslocamento pelo reservatório é mais lento. Em países ricos em água superficial, lençóis freáticos e aquíferos livres, a extração do bem natural desse reservatório é feita de forma reduzida. Por outro lado, nas regiões com estresse hídrico, esse aquífero é mais procurado.

#TÁ NA NET

Aprofunde-se no assunto. No site da ANA você vai encontrar vídeos e artigos sobre águas subterrâneas e aquíferos. Agência Nacional de Águas - ANA.

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Figura 07 - Esquema geológico de uma caverna.

Por caverna entende-se qualquer cavidade natural em rochas, com grandes e, muitas vezes, enormes dimensões, que permitem o acesso de seres humanos. Em geral, ela pode ser de diversos tipos, de acordo com sua topografia, comprimento e forma. Como vimos, essas cavidades são formadas principalmente pela dissolução das rochas. Portanto, são mais comuns em zonas de rochas carbonáticas, como mármore e calcário, por exemplo. A calcita (mineral que dá origem ao calcário e mármores) é um carbonato de cálcio pouco solúvel em água. E apesar disso, caso essa água absorva pequenas doses de dióxido de carbono, será formado o ácido carbônico. Embora esse ácido


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seja fraco, uma pequena quantidade é o suficiente para que o carbonato de cálcio seja facilmente dissolvido pela água. Assim, forma-se o carbonato ácido de cálcio, conhecido popularmente como bicarbonato de cálcio, que também é solúvel em água. Somado a isso, tem-se o calcário - uma rocha que possui muitas fraturas. Conforme a água vai dissolvendo a rocha, essas aberturas vão alargando-se, possibilitando uma maior penetração da água, o que acelera cada vez mais o processo. Além disso, os derrames de lava podem esfriar na parte superficial, continuando em fusão no interior. Com isso, a lava pode continuar fluindo e formar um túnel. É importante citar que as cavernas formam-se também em rochas ígneas e metamórficas, bem como em geleiras, pela água proveniente da fusão do gelo, e em recifes de coral. Nelas, podemos encontrar como principais formações minerais: n

n

Estalactites: são estruturas formadas pelo gotejamento nas fendas ou nos furos dos tetos. A água, ao descer por essas fendas ou furos, param (devido à tensão superficial), formando, assim, as gotas. Em seguida, o carbonato de cálcio precipita e, quando a gota atinge o tamanho suficiente para cair, a água solta-se e o carbonato de cálcio adere-se à rocha. Estalagmites: são porções de sal que permanecem na gota quando ela cai no chão. Quando a água evapora, o sal precipita e dá origem a uma estrutura similar à estalactite, que cresce, no entanto, de baixo para cima. Normalmente, as estalagmites apresentam-se em formato cilíndrico, com ponta arredondada, podendo chegar a mais de 1 metro de diâmetro e vários metros de comprimento.

Fonte: wikimedia commons

Fonte: Serviço Geológico do Brasil.http://www.cprm.gov.br/publique/Redes-Institucionais/Rede-de-Bibliotecas---Rede-Ametista/Canal-Escola/Espeleologia%3A-o-estudo-das-cavernas-1278.html. Acesso em 08.mar.2018. Adaptado.

Figura 08 - Túnel Thurston, Parque Nacional dos Vulcões, Hawaii, E.U.A. O túnel Thurston foi constituído a partir da formação de bolhas de ar decorrentes do derramamento de lava de vulcão, que sofreram resfriamento, criando cavernas.

Figura 09 - Túnel da geleira de Ródano, nos Alpes Suíços. Na região da nascente do Rio Ródano, encontra-se uma geleira que possui formação de caverna em seu interior, chamada Glaciar (geleira) de Ródano. Segundo estudos, essa geleira constantemente perde massa de gelo devido às alterações climáticas.

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Rios e formações lacustres Características gerais dos rios Como sabemos, os rios começam com as nascentes, que são manifestações das águas contidas nos lençóis freáticos, nos aquíferos livres e nos aquíferos confinados na superfície terrestre. Essas manifestações originam o curso d’água. Seus afloramentos ocorrem por intermédio de depressões de terreno, falhas nas estruturas 559


Geografia

geológicas ou por condutos cársticos. Os mananciais (como também são chamadas as nascentes) possuem distintos fluxos de água, podendo ser perenes, temporários/ intermitentes ou efêmeros. Tipo de nascente

Característica

Perene

Possui fluxo contínuo

Temporário

Apresenta fluxo apenas nas estações chuvosas

Efêmero

O fluxo ocorre durante a chuva, perdurando por alguns dias ou horas Tipos de nascentes de rios e suas características de fluxo de água.

Outra forma de um rio nascer, mesmo sendo somente no verão, é por meio do degelo da neve de cordilheiras. Nesse caso, o volume dos cursos d’água são classificados em quatro tipos principais: perene (nunca seca, mesmo em período de estiagem, pois o lençol subterrâneo mantém uma alimentação contínua), caudaloso (também nunca seca e possui uma elevada abundância de água), temporário/ intermitente (durante a estação de chuva o curso d’água é mantido; na estiagem, o lençol freático encontra-se em um nível inferior ao leito, sendo assim, o rio seca) e efêmero (sua existência é limitada, durante ou logo após a precipitação, provocando escoamentos superficiais). Perfil transversal de um rio. Terraço

Terraço

Leito maior Leito menor Leito vazante

Planície de inundação

Em geral, os rios têm as seguintes subdivisões: n n n

C03  Hidrogeografia

n

n n

560

Leito ou calha: é o espaço ocupado pelas águas, ou seja, é o caminho que o curso d´água percorre. Leito vazante: é a parte do rio por onde passa o curso d´água durante o período de estiagem. É o menor nível do leito. Leito menor: é a área limitada pelas margens do rio. Local onde a água encontra-se com o primeiro nível da superfície terrestre. Leito maior: corresponde à somatória da área do leito menor com a planície de inundação. Esse leito é utilizado pelo curso d’água nos períodos de chuvas volumosas (cheias). Planície de inundação: é a área plana formada por sedimentos transportados e depositados pelo curso d’água nos períodos de cheia. Terraço: é a superfície com elevada altura em referência ao leito do rio. Não ocorrem inundações.


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SAIBA MAIS

Fonte: wikimedia commons

Fonte: wikimedia commons

As interferências urbanísticas (mudança de curso do rio, construção de vias nas margens do rio e impermeabilização do solo) e o excessivo acúmulo de resíduos sólidos no rio paulistano descaracterizaram os limites do leito normal. Dessa forma, no período de chuva, as vias expressas e marginais são constantemente invadidas pela inundação desse curso d’água. Durante o ano, o volume de água dos rios sofre variações. Este fenômeno é proveniente do sistema ecológico que o rio possui com o clima, relevo, solo e concentração vegetativa. A variante volumétrica sofrida é denominada de Regime Fluvial. No regime fluvial do tipo pluvial, o volume de precipitação ou sua falta vão definir a vazante ou a cheia do curso d’água. Se o volume de água do rio for dependente do degelo de neve de montanhas com elevadas altitudes, seu regime fluvial será do tipo nival. No caso do rio Amazonas, a cabeceira (nascente) é abastecida pelo degelo de neve da Cordilheira dos Andes peruana. Em seu percurso pela bacia sedimentar amazônica, ele passa por várias regiões com elevados níveis de precipitação e, desse modo, esse rio possui um regime fluvial do tipo misto.

Rio de regime nival do Parque Nacional de Yosemite, Montanhas da Serra Nevada, Califórnia, EUA.

Tipo de Foz

Características Físicas

Características Econômicas

Estuário

Sua embocadura apresenta uma única saída, possui boa profundidade e a forte correnteza dificulta o acúmulo de sedimentos fluviais.

É uma foz muito propícia à navegação. Dependendo da sua amplitude, apresenta condições favoráveis para instalações de portos.

Delta

Esse tipo de foz compreende grande acúmulo de sedimentos fluviais, possibilitando formações de ilhas, ilhotas e canais.

Suas ilhas e ilhotas são formadas por materiais sedimentares de várias origens, garantindo a formação de solos férteis para uma agricultura de qualidade.

Sua estrutura é de grande porte, pois abrange as características da foz em estuário e delta.

A Foz em Delta do Rio Amazonas possui cerca de 200 km de largura. É constituída de ilhas sedimentares (Ilha de Marajó, por exemplo), mas possui grandes extensões em forma de estuário. Em sua área, encontramos a junção da água doce do Amazonas com a salinidade do Oceano Atlântico. Desse modo, a possibilidade de navegação em qualquer parte desta foz é garantida.

Mista

C03  Hidrogeografia

Verão com inundações no Rio Tietê, cidade de São Paulo (SP).

Ao final de seu percurso, se um rio desaguar em um outro rio, o classificamos de afluente. Um curso d’água também pode desembocar em um mar, lago ou laguna. O local onde o rio vai desaguar seu corpo de água é denominado Foz. O Rio Paraguai, por exemplo, por meio de sua foz, deságua no Rio Paraná. Logo, podemos concluir que o corpo d’água do Rio Paraguai é afluente do Rio Paraná. 561


Geografia

Além disso, o curso d’água feito por um rio, riacho, córrego e ribeiro é delimitado entre a sua nascente e foz. A direção do fluxo da água é que vai definir as margens direita e esquerda de um corpo de água corrente. Ao final do curso d’água, o tipo de desembocadura feita na foz do rio, irá definir a característica da drenagem desse corpo de água corrente. Se um rio deságua em um outro rio, em um lago ou laguna, sua drenagem será endorreica, pois o processo fluvial acontece no interior do continente. Se a desembocadura provocar o deságue diretamente no mar, sua drenagem será exorreica, ou seja, para fora do continente. A drenagem arreica decorre de regiões áridas, onde o curso do rio desaparece devido à soma da evaporação da água com a diminuição volumétrica do lençol freático. Por fim, as drenagens subterrâneas, típicas de cavernas, levam a denominação de criptorreicas.

Figura 10 - Durante o crepúsculo, o rio principal recebe água de seu afluente.

Fonte: wikimedia commons

O afluente deságua no rio principal por meio de seu estuário (sem obstáculos). Sua drenagem é endorreica, drena para o interior do continente.

Figura 11 - Vista do espaço no Delta do Rio Yukon, no Alasca, EUA.

Este importante curso de água do Alasca possui uma Foz em delta, com grande acúmulo de materiais sedimentares. Sua drenagem é exorreica, deságua no Mar de Bering, no Oceano Pacífico. O Rio internacional Tejo possui um estuário de grande amplitude, propício a formações de portos de navegação. Seu deságue é no Mar da Palha, no Oceano Atlântico. Logo, possui drenagem exorreica. Em sua margem esquerda, podemos avistar parte da capital Lisboa.

C03  Hidrogeografia

Figura 12 - Vista do estuário do Rio Tejo, Portugal.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias

Características gerais das formações lacustres Quando expomos o conceito lacustre, estamos nos referindo a tudo que possui relação com a estrutura formadora de lagos, lagoas e lagunas. Essa relação apresenta um sistema de dependência entre as formas geológicas, hidrológicas, biológicas e geográficas. Formações lacustres

Características

Lago

Extensão d’água geralmente de grandes proporções, contida em uma depressão do terreno, sem conexão com o mar. Exemplo: Mar Cáspio (Ásia).

Lagoa

Pequeno lago oriundo de uma depressão ou da drenagem fluvial. Exemplo: Lagoa Seca, no Estado da Paraíba.

Laguna

Extensão d’água salgada ou semissalgada. Sua maior parte está separada do mar por estreitas barreiras rochosas, arenosas ou de recifes. Exemplo: Laguna dos Patos, no Rio Grande do Sul, a maior do Brasil e a segunda maior da América Latina (perde apenas para o Lago de Maracaibo, na Venezuela).

Tabela 03 - Formações lacustres e suas características. Fonte: Oliveira, Cêurio de. Dicionário cartográfico. 4ª ed. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Rio de Janeiro, RJ, 1993. Adaptado.

Os lagos, especificamente, apresentam uma subclassificação de origem de formação. As principais são: vulcânica, tectônica, residual, de erosão e de barragem. Origem dos lagos

Características

Vulcânica

São antigas crateras vulcânicas preenchidas com água.

Tectônica

Surgiram a partir de fossas criadas por fraturas ou desabamentos de crosta.

Residual

Constituição fundada nos antigos mares. Suas formações eram bem mais extensas.

Erosão

São resultados de processos erosivos de rios e geleiras.

Barragem

Formada a partir do surgimento de uma formação de restinga.

Tabela 04 - Origem dos lagos e suas características.

C03  Hidrogeografia

Figura 13 - Lago de vulcão na Ilha de Flores, Indonésia.

563


Geografia

Exercícios de Fixação 01. (Enem MEC) As intervenções da urbanização, com a modificação das formas ou substituição de materiais superficiais, alternam de maneira radical e irreversível os processos hidrodinâmicos nos sistemas geomorfológicos, sobretudo no meio tropical úmido, em que a dinâmica de circulação de água desempenha papel fundamental. GUERRA, A. J. T.; JORGE, M. C. O. Processos erosivos e recuperação de áreas degradadas. São Paulo: Oficina de Textos, 2013 (adaptado).

Nesse contexto, a influência da urbanização, por meio das intervenções técnicas nesse ambiente, favorece o a) abastecimento do lençol freático. b) escoamento superficial concentrado. c) acontecimento da evapotranspiração. d) movimento de água em subsuperfície. e) armazenamento das bacias hidrográficas. 02. (Puc RJ) área de recargo

Livre super cie do solo poço jorrante

Suspenso

mar Costeiro Confinado Interface

água do mar

a) Terraços fluviais. b) Restingas fluviais. c) Planaltos cristalinos. d) Cuestas. e) Grabens. 04. (UECE) A infiltração ou escoamento vertical é o principal processo de recarga de água no subsolo. Considerando os aquíferos subterrâneos, é correto afirmar que a infiltração da precipitação ocorre de maneira mais expressiva em terrenos a) cristalinos, onde as fraturas permitem uma entrada maior do fluxo de água. b) de cobertura cárstica, que apresenta uma grande quantidade de falhas. c) sedimentares, por apresentarem maior porosidade e permeabilidade. d) sedimentares, onde a porosidade e a permeabilidade são iguais a zero. 05. (UPE PE) O desenho esquemático a seguir foi utilizado por um professor de Geografia do Ensino Médio numa determinada turma, para abordar aspectos relacionados ao relevo originado em áreas costeiras. O professor apresentou uma sequência evolutiva do relevo que vai de 1 a 3. Sabendo-se que as áreas pontilhadas são sedimentos modernos, basicamente fluviais, conclui-se que o professor estava explicando mais especificamente 2

1 Camada impermeável

Camada semi-permeável

Entendendo que as setas do esquema significam a água entrando na superfície, ou dela saindo, os nomes LIVRE, SUSPENSO, CONFINADO e COSTEIRO referem-se a uma determinada estrutura líquida do Planeta chamada a) gêiser. b) aquífero. c) nascente. d) bacia. e) foz.

C03  Hidrogeografia

03. (Uespi PI) O desenho esquemático a seguir representa:

564

3

oceano

oceano

oceano

a) a formação de restingas metamórficas. b) a gênese de um delta. c) os efeitos de uma transgressão marinha em costas altas. d) as consequências geomorfológicas das ações antrópicas em áreas litorâneas. e) a evolução de uma falésia viva. 06. (UEL PR) Quando a maior parte do volume das águas depende do derretimento de geleiras ou do degelo de picos nevados, o rio se encontra na categoria a) arreica. b) exorreica. c) jusante. d) montante. e) nival.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios Complementares

02. (Enem MEC) Inundações naturais dos rios são eventos que trazem benefícios diversos para o meio ambiente e, em muitos casos, para as atividades humanas. Entretanto, frequentemente as inundações são vistas como desastres naturais, e os gestores e formuladores de políticas públicas se veem impelidos a adotar medidas capazes de diminuir os prejuízos causados por elas. Qual das medidas abaixo contribui para reduzir os efeitos negativos das inundações? a) A eliminação de represas e barragens do leito do rio. b) A remoção da vegetação que acompanha as margens do rio. c) A impermeabilização de áreas alagadiças adjacentes aos rios. d) A eliminação de árvores de montanhas próximas do leito do rio. e) O manejo do uso do solo e a remoção de pessoas que vivem em áreas de risco. 03. (Puc RJ) Cordilheira Cantábrica

Rio Minho

Pirineus Co

Planalto Cental

Rio Douro

he

ira

Cordilheira Central

Ibé

ric a

Planalto Cental

Rio Tejo

Rio Sado

Rio Ebro

rd il

Rio Guadiana Rio Guadalquivir

Mar Mediterrâneo

Sobre o rio assinalado no cartograma, é correto afirmar que: a) a sua extensão é maior em Portugal do que na Espanha. b) a sua jusante está localizada em território espanhol. c) a sua montante se localiza na Cordilheira Central. d) a sua formação se inicia na Cordilheira Ibérica. e) a sua foz se localiza no território espanhol.

04. (UFRGS RS) Uma pequena parte de água doce do planeta flui, no estado líquido, por cursos de água e lagos nas áreas continentais. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre as águas continentais superficiais. ( ) Foz de curso de água em forma de estuário ocorre quando ele deságua no oceano, formando canais e ilhas. ( ) Cursos de água, localizados em regiões com índices pluviométricos anuais altos, possuem regime fluvial perene. ( ) Cheias ou inundações dos cursos de água ocorrem na estação mais chuvosa; e as vazantes, nas estações de menor precipitação. ( ) Canalização é o processo pelo qual o curso de água é conduzido por meio de canais ou valas escavadas, retilinizando seu leito e regularizando sua direção. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) V – F – F – V. d) F – F – V – V. b) F – V – V – V. e) V – V – V – F. c) V – V – F – F. 05. (UFG GO) A rede de drenagem, um dos componentes da bacia hidrográfica, tem sido alterada nas áreas urbanas mediante a realização da canalização dos cursos d´água. As alterações promovidas por essa canalização implicam a) a utilização das margens dos cursos d´água nas áreas urbanizadas para plantação de hortaliças irrigadas. b) o surgimento de movimentos de massa, em diferentes pontos do canal fluvial, decorrente da menor quantidade de água infiltrada. c) o aumento da velocidade das águas, em virtude da diminuição dos obstáculos naturais do leito fluvial. d) o aumento da infiltração das águas pluviais no solo, favorecida pela manutenção da cobertura vegetal natural ao longo das margens. e) a utilização das margens planas para a implantação de edifícios comerciais. 06. (UECE) Sobre a dinâmica natural dos rios, assinale o INCORRETO. a) No alto curso, prevalecem as ações de erosão e os rios tendem a entalhar fortemente os seus vales. b) No baixo curso, prevalecem os processos de deposição com a formação de planícies fluviais. c) Nas desembocaduras, a deposição é feita com materiais sedimentares grosseiros e com seixos, denotando alta energia dos rios. d) Os perfis longitudinais dos rios são traçados desde as nascentes até a foz; os perfis transversais correspondem às configurações dos vales fluviais.

565

C03  Hidrogeografia

01. (UECE) Os sistemas fluviais anastomosados ocorrem em várias bacias brasileiras e têm entre as suas principais características a) a ocorrência em regiões úmidas e alagadas, ou formando canais de baixa energia interconectados em áreas de deltas e planícies aluviais. b) a variação do padrão radial, estando presente em áreas com declives internos como domos brechados e bacias estruturais. c) a presença de tributários principais alongados e retos e aproximadamente paralelos entre si e ao curso principal. d) o condicionamento por diáclases e falhas que se cruzam em ângulos retos.


FRENTE

C

GEOGRAFIA

MÓDULO C04

ASSUNTOS ABORDADOS n Áreas hidrológicas e suas dre-

nagens

n Bacias hidrográficas n Definição e hierarquia de uma bacia hidrográfica n Rede hidrográfica n Confluência de rios n Bacias hidrográficas de Santa Catarina n A rede fluvial na modelagem do relevo n As morfometrias dos canais fluviais

ÁREAS HIDROLÓGICAS E SUAS DRENAGENS Bacias hidrográficas O aumento da relevância da água para a sociedade de consumo globalizada converteu-se em algo essencial, principalmente na entrada do século XXI. O fomento dos estudos hídricos passou a aumentar proporcionalmente ao crescimento da escassez de tal recurso. Dessa forma, uma área hidrológica pode ser conceituada como uma unidade físico-territorial passível de intervenções de várias áreas do conhecimento como a ecologia, geografia, engenharia sanitária e ambiental. O termo territorial nos indica sua vertente política, pois a gestão territorial de uma Bacia Hidrográfica pode ser feita por municípios, estados ou países, podendo gerar até mesmo problemáticas geopolíticas, no caso dessa última gestão apresentada. A inclusão em legislações ambientais de boa parte dos países determina que as unidades físico-territoriais dessas bacias tenham gestão ambiental para garantir (ou tentar garantir) as relações de dependência entre os elementos da natureza contidos nessas áreas, incluindo a própria relação com o ser humano. Em tais condições, esse substrato da natureza contribui diretamente para o desenvolvimento social e econômico de todos os envolvidos na unidade hidrológica. Figura 01 - Imagem aérea do Rio Paraná. Em sua margem direita, a Cidad del Este, no Paraguai. Na margem esquerda, território brasileiro. O Rio Paraná, que drena uma bacia internacional, deveria ter sua gestão ambiental compartilhada entre os países-membros da bacia – Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai (o Rio Uruguai deságua no Rio Paraná).

566


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Definição e hierarquia de uma bacia hidrográfica

Bacia Hidrográfica Bacia do rio principal

Por definição, bacia hidrográfica (denominada também como bacia fluvial ou bacia de drenagem) é a área com seus elementos naturais, delimitada por divisores de águas, cujo interior abrange um conjunto de rios afluentes e subafluentes que convergem para o rio principal da bacia, formando, assim, sua rede hidrográfica. Todo o volume de água dessa rede desemboca em uma única saída, o exutório (foz) do rio principal, sendo que a saída pode ser por meio exorreico ou endorreico.

Sub-bacia Bacia de um tributário do rio principal Microbacia Bacia de um tributário do rio principal

Para se ter um estudo mais apurado de uma Bacia Fluvial, a Geografia, mediante análise de suas diversas subáreas de drenagem, estabelece um grau de hierarquização da área hidrológica estudada. A bacia hidrográfica refere-se à área de drenagem do rio principal; a sub-bacia abrange a drenagem de um tributário do rio principal e a microbacia abrange a área de drenagem de um tributário do rio principal. Todo o volume de água de uma determinada bacia, de forma direta ou indireta, drenará pelo rio principal que, por sua vez, será escoado por meio de sua foz.

Minibacia Subdivisão de uma microbacia

Figura 02 - Hierarquização de bacias hidrográficas.

Divisor topográfico Divisor freá co

Lençol freá co na estação das chuvas Lençol freá co na es agem Curso d´água interminente

Rocha Impermeável Rio X

Rio Y

Rio Z

Figura 04 - Corte transversal de uma bacia.

As drenagens X, Y e Z são os rios principais de suas bacias hidrográficas. Essas bacias são delimitadas pelos divisores de águas indicados pelas áreas com maiores elevações topográficas.

#Conceito Topografia é a parte do conhecimento que designa a descrição e representação cartográfica de todas as características geográficas de uma área da superfície terrestre. Ela também delimita cotas altimétricas que são apresentadas em curvas de nível. Essas delimitações contribuem para a representação do relevo em mapas, cartas e imagens de satélites.

567

C04  Áreas hidrológicas e suas drenagens

Figura 03 - Hierarquização de bacias hidrográficas.


Geografia

Fonte: wikimedia commons

Rede hidrográfica A rede hidrográfica de uma bacia apresenta configurações e distribuições espaciais que explicam sua estrutura geológica e sua evolução geomorfológica. Essas configurações definem os modelos dos cursos fluviais que contribuem para os processos erosivos da área hidrológica. Padrões de drenagem em bacias fluviais

Dendrítica

Como se assemelha às ramificações de uma árvore, é também conhecida como drenagem arborescente. O rio principal corresponde ao tronco da árvore, seus afluentes aos ramos, e as drenagens de menor categoria, aos ramos e folhas.

Paralela

Apresenta sucessivos escoamentos quase paralelos entre os cursos d’água, com muita ocorrência em vertentes com declividade acentuada.

Treliça

Suas confluências realizam-se em ângulos retos. Apresenta um lineamento nos cursos d’água, predominantemente em direção reta, e suas alterações de drenagem ocorrem em ângulos retos.

Radial

As correntes fluviais são dispostas como os raios de uma roda, em relação ao ponto central. Pode apresentar configuração centrífuga (do centro para as periferias), ou centrípeta (das periferias para a parte central).

C04  Áreas hidrológicas e suas drenagens

Figura 05 - Drenagem dendrítica.

Figura 06 - Drenagem Treliça. As alterações de drenagem desse tipo de curso d’água ocorrem em ângulos de 90°.

568


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Confluência de rios

Bacia do Iguaçu

O conceito hidrográfico de confluência determina o local ou ponto de encontro entre dois ou mais rios. Nesse sentindo, surge o conceito de rio tributário, sinônimo de rio afluente, que significa rio ou curso de água que contribui com suas águas para o abastecimento de outro rio. Por meio de sua foz, o tributário deságua em outro rio.

n n n n n n

MISSOURI Bull Shoals Lake Rogers Springdale Beaver Lake Faye eville

er

TENNESSE

West Memphis Conway Jacksonville LITTLE ROCK North Li le Rock

n n n

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n

MISSISSIPPI

n

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ssi

Hot Springs Pine DeGray Lake Bluff Millwood Lake ARKANSAS Texarkana TEXAS LOUISIANA

Mapa 01 - Confluência entre os rios Arkansas e Mississippi, EUA

Bacias hidrográficas de Santa Catarina O estado de Santa Catarina totaliza uma área pouco maior que 95 000 km2, abrangendo 23 bacias hidrográficas principais. Dentre elas, destacam-se as bacias dos rios Iguaçu, Uruguai e bacia do Sudeste. O mapa das Bacias Hidrográficas do Estado apresenta três bacias com suas principais drenagens. Veja na imagem a seguir.

Ch ap ec ó Rio

Rio São Preto

Rio das Asas

ARGENTINA

Rio Peperi-Guaçu

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Rio Cubarão

Rio Sã

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Rio Rio U rugu ai

Rio Uruguai

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Rio Negro

Rio

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I

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Ja

Rio Chapecó Rio Chapecózinho

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Rio C

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Bacia do Sudeste n n n n

Apresenta grande quantidade e extensão de cursos de água. Possui sub-bacias. Toda a drenagem da bacia é tributária ao Oceano Atlântico, desse modo, manifesta-se como bacia exorreica. Na área de maior elevação topográfica, podemos encontrar seus interflúvios (divisores de águas), com as outras duas bacias fluviais.

A rede fluvial na modelagem do relevo Perfil longitudinal e transversal de um rio

PARANÁ

o Ri

Apresenta grande quantidade de cursos de água. Possui sub-bacias. A drenagem da bacia é endorreica. Toda a rede hidrográfica é tributária do Rio Uruguai (rio principal), logo é classificada como uma Bacia internacional. Na parte de maior elevação topográfica, também encontramos seus interflúvios (divisores de águas), com as outras duas bacias fluviais.

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Rio Itapocú

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Rio Canoas

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RIO GRANDE DO SUL Rio

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Principais rios

Bacias do Sudeste

Bacias do Iguaçu

Bacias do Uruguai

OCEANO ATLÂNTICO

Características das bacias dos rios Iguaçu, Uruguai e bacia do Sudeste

Ao estudar o perfil longitudinal de um rio, estaremos relacionando seu curso d’água com as formas de relevo dessa estrutura hidrográfica. Entre sua nascente e foz, podemos compreender sua declividade (gradiente altimétrico), além das diferenças da força cinética da massa de água com os potenciais erosivos e sedimentares ao longo do canal de escoamento. Por energia cinética entende-se aquela que é proveniente da movimentação dos corpos. Em grego, a palavra “cinética” significa “movimento”. Por sua vez, energia é a capacidade de um corpo, uma substância ou sistema físico de realizar trabalho. De forma simplificada, a energia cinética é o trabalho realizado pelos corpos por meio de seus movimentos. 569

C04  Áreas hidrológicas e suas drenagens

Lake Ouachita

s Riv

iR

OKLAHOMA

Jonesboro Greers Ferry Lake

pp

Fort Smith

Bacia do Uruguai

Norforl Lake

r

Arka nsa

Apresenta a menor quantidade de drenagens. Os cursos de água possuem pouca extensão. A rede hidrográfica possui uma configuração espacial de forma paralela. A drenagem da bacia é endorreica. Todos os cursos de água são tributários do Rio Iguaçu (Rio Negro e Jangada). Na área de maior elevação topográfica, encontramos seus interflúvios (divisores de águas), com as outras duas bacias fluviais.


Geografia

Já o perfil transversal nos mostra os diferentes volumes e profundidades das seções ao longo do rio, subdivididas em curso superior, curso médio e curso inferior.

#Conceito n Montante: curso de um rio voltado para o sentido da sua nascente

(cabeceira). n Jusante: curso de um rio voltado em direção à sua foz (exutório).

Figura 07 - Perfil longitudinal e transversal de um rio.

Ciclo de erosão fluvial Seções do rio

Características físicas n Menor volume de água. n Grande força cinética da água.

Curso superior

n Grande poder erosivo. n Erosão supera a sedimentação. n Dificuldades na navegação e produção de energia elétrica. n Maior volume de água. n Boa força cinética da água.

Curso médio

n Grande poder erosivo. n Erosão supera a sedimentação. n Restrições na navegação. n Grande potencial hidrelétrico.

n Média/baixa força cinética da água. n Encontramos menores processos de erosão e maiores de se-

Curso submédio

dimentação.

n Podemos encontrar formações de meandros. n Grande potencial para a navegação.

C04  Áreas hidrológicas e suas drenagens

n Médio/baixo potencial hidrelétrico. Figura 08 - Força cinética da água. A imagem abaixo nos mostra que a declividade do relevo provoca o movimento da massa de água, resultando em uma força cinética desse corpo que provocará um fenômeno físico nas rochas, denominado intemperismo físico. Esse fenômeno é um dos processos de desagregação rochosa - erosão.

570

n O maior volume de água. n Baixa força cinética da água.

Curso inferior

n Sedimentação é muito maior que a erosão. n O maior potencial para a navegação. n Formações de meandros e planícies de aluvião.

Fonte: wikimedia commons

n Grande volume de água.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

As morfometrias dos canais fluviais O estudo das variáveis morfométricas dos canais faz uso de uma classificação alicerçada em quatro padrões básicos, denominados de retilíneo, anastomosado, meandrante e entrelaçado. Esses padrões seguem critérios como sinuosidade, grau de entrelaçamento e relação entre o comprimento do talvegue (linha de maior profundidade do leito do rio), com o comprimento de seu vale.

Anastomosado

Canal retilíneo Esse canal é natural e, como o próprio nome sugere, reto. TamMeandrante Entrelaçado bém é pouco frequente e representa trechos ou segmentos de canais curtos. Contudo, isso ocorre com exceção daqueles tectonicamente Figura 09 - Quatro tipos fundamentais de canais fluviais. controlados e, ainda, dos canais situados em planícies de restingas. E, embora o canal seja reto, pode apresentar topografia variada, formando, ao longo dos rios, pequenas ilhas, por exemplo. Canal anastomosado Canal fluvial que apresenta grandes volumes de cargas de fundo (sedimentos), que ocorrem quando registra-se forte quebra de energia fluvial, devido à redução do gradiente de relevo ou mesmo à mudança repentina de fluxo. Outra característica importante é que esse canal ocasiona sucessivas ramificações ou canais múltiplos, que subdividem-se e reencontram-se, sendo separados por ilhas assimétricas e barras arenosas. Canal meandrante Caracteriza-se pela presença de curvas acentuadas nos traçados dos rios, similares entre si, que resultam pela ação da corrente, da escavação na margem côncava e da deposição na margem convexa. Normalmente ocorre em planícies aluviais, mas pode ser registrado também, com menor frequência, em terrenos sedimentares horizontalizados, por exemplo. Canal entrelaçado

C04  Áreas hidrológicas e suas drenagens

Figura 10 - À esquerda, vemos um canal meandrante (meandros); à direita, um canal entrelaçado.

Fonte: wikimedia commons

Apresenta-se, comumente, em ambientes glaciais, associados a leques aluviais ou relevos sujeitos à ação de movimentos tectônicos. Esse tipo de canal também ocorrer em ambientes de elevada carga sedimentar, alta capacidade de transporte, de erosão e de deposição.

571


Geografia

Exercícios de Fixação 01. (Puc RS) Leia a informação e analise o croqui a seguir. As bacias hidrográficas são constituídas pelas vertentes e pela rede de rios principais, afluentes e subafluentes, cujo conjunto forma a chamada rede de drenagem. Essa drenagem origina os padrões (desenhos) que os canais fluviais configuram sobre a superfície da bacia hidrográfica. Perfil de drenagem –

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03. (UECE) Atente à seguinte descrição: “Este tipo de bacia corresponde a uma área da superfície terrestre que drena água, sedimentos e materiais dissolvidos para uma saída comum, num determinado ponto do canal fluvial”. Neto, Ana L. Coelho. Hidrologia de Encosta na Interface com a Geomorfologia. p. 97. Geomorfologia uma atualização de bases e conceitos.

O texto acima conceitua e faz referência a um tipo de bacia conhecido como a) bacia sedimentar. b) bacia de drenagem. c) bacia oceânica. d) bacia intracratônica. 04. (Fuvest SP) Várias cidades europeias sofreram inundações em 2016. A inundação do rio Sena, em Paris, França, excedeu o leito do rio em mais de 6 metros, mas não ultrapassou a inundação histórica de 1910, quando o rio extravasou 8 metros. As figuras mostram as transformações do curso do rio Sena e de seu entorno, ocupado pelo homem, desde o passado no Neolítico até os dias atuais.

C04  Áreas hidrológicas e suas drenagens

O padrão de drenagem acima exemplificado classifica-se como a) radial. b) retilíneo. c) dendrítico. d) entrelaçado. e) meandrante. 02. (Unesp SP) Considerando os rios como agentes modeladores do relevo terrestre, é correto afirmar que a) em seus alto e baixo cursos, predominam tanto os processos de erosão do relevo como de remoção de materiais; em seu médio curso, predominam os processos de deposição e de sedimentação. b) em seu alto curso, predominam os processos de deposição e de sedimentação de materiais; em seu baixo curso, predominam os processos de erosão do relevo e de remoção de materiais. c) em seu alto curso, predominam os processos de erosão do relevo e de remoção de materiais; em seu baixo curso, predominam os processos de deposição e de sedimentação. d) ao longo de todos os seus cursos, os processos de deposição e de sedimentação de materiais predominam sobre os processos de erosão do relevo e de remoção de materiais. e) ao longo de todos os seus cursos, predomina o transporte de materiais, sem que os processos de erosão e de sedimentação tenham relevância sobre o esculpimento do relevo.

572

De acordo com as informações apresentadas, é correto afirmar. a) Ao se compararem as inundações ocorridas em 2016 e em 1910, explica-se o nível superior das águas, em 1910, devido à ausência, à época, de tecnologia que eliminasse a ascensão dos aquíferos até a superfície. b) As inundações excepcionais que ocorrem no sítio urbano de Paris devem-se ao comportamento alterado da dinâmica fluvial do rio Sena, agravadas com a ocupação humana de suas margens e com a alteração do padrão de seu canal, de anastomosado para meandrante. c) A instalação do homem às margens do rio Sena alterou a precipitação pluviométrica e ampliou o volume de água escoado no curso fluvial, o que dificultou a infiltração das águas, provocando inundações excepcionais no sítio urbano de Paris.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

d) As inundações excepcionais do sítio urbano de Paris vêm

recursos hídricos disponíveis para o Egito, o último país ao

ocorrendo em razão de a ocupação humana ter-se desenvol-

longo da extensão do rio, que não pode sobreviver sem esses recursos naturais.

vido às margens do rio Sena, transformando drasticamente a paisagem da planície de inundação e o padrão do canal

MILLER Jr., G. T. Ciência Ambiental, São Paulo: Thomson, 2007 (adaptado).

fluvial, de anastomosado para retilíneo. e) Na observação das alterações do curso do rio Sena ao longo do tempo, verifica-se que elas foram significativas do Neolítico à Idade Média, enquanto que, da Idade Média aos dias atuais, essas alterações não foram intensificadas, permanecendo constante a densidade de ocupação. 05. (UEL PR) Entende-se por rede de drenagem o traçado produzido pelas águas fluviais, modelando a topografia. Associe as figuras da coluna da esquerda, que representam redes de drenagem, com as respectivas nomenclaturas, à direita. I)

IV)

Diante dessa ameaça, qual seria a melhor opção para o Egito? a) Entrar em guerra contra a Etiópia e o Sudão, para garantir seus direitos ao uso da água. b) Estabelecer acordos com a Etiópia e o Sudão visando ao uso compartilhado dos recursos hídricos. c) Aumentar sua produção de grãos e exportá-los, elevando sua capacidade econômica de importar água de outros países. d) Construir aquedutos para trazer água de países que tenham maior disponibilidade desse recurso natural, como o Irã e o Iraque. e) Estimular o crescimento de sua população e, desse modo, aumentar sua força de trabalho e capacidade de produção em condições adversas. 07. (UECE) O padrão de drenagem fluvial que exibe um arranjo retangular, com os tributários paralelos entre si, e que ocorre

V)

II)

em terrenos onde a litologia é constituída por rochas mais ou menos resistentes em faixas paralelas com planos de fraqueza ortogonais é conhecido como a) dendrítico. b) treliça. c) radial. d) paralelo.

III)

08. (UFRGS) A figura abaixo representa uma bacia hidrográfica e sua rede de drenagem. C

A

Assinale a alternativa que contém a associação correta. a) I-A; II-C; III-D; IV-B; V-E b) I-B; II-D; III-C; IV-A; V-E d) I-D; II-A; III-B; IV-E; V-C e) I-E; II-C; III-D; IV-B; V-A Oceano

06. (Enem MEC) Três países — Etiópia, Sudão e Egito — usam

B

grande quantidade da água que corre pelo Rio Nilo, na Áfri-

Os elementos destacados com as letras A, B e C indicam, res-

ca. Para atender às necessidades de populações que cres-

pectivamente,

cem com rapidez, a Etiópia e o Sudão planejam desviar

a) afluente, foz e efluente.

mais água do Nilo do que já desviam. Diante de dificuldades

b) nascente, exutório e divisor de águas.

naturais que caracterizam o ciclo hidrológico nessa região,

c) nascente, afluente e divisor de águas.

como baixa pluviosidade e altas taxas de evaporação, esses

d) divisor de águas, exutório e afluente.

desvios feitos rio acima poderiam reduzir a quantidade de

e) efluente, divisor de águas e foz.

573

C04  Áreas hidrológicas e suas drenagens

c) I-C; II-A; III-D; IV-B; V-E


Geografia

Exercícios Complementares

Botelho, R. G. M. e Silva, A. S. da. Bacia Hidrográfica e Qualidade Ambiental. Reflexões sobre a geografia física no Brasil. Vitte, A. C. Guerra, A. J. T. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil. 2004. p. 153.

A importância da bacia hidrográfica como unidade de estudo, da forma como se refere o texto, se dá porque a) os impactos no sistema hidrológico são os que mais afetam as atividades comerciais e de mineração. b) possibilita avaliar de forma integrada as ações humanas a respeito do ambiente e de seus desdobramentos sobre o equilíbrio hidrológico. c) os aspectos do ambiente podem ser estudados e compreendidos isoladamente na perspectiva da análise ambiental de forma compartimentada. d) os rios e as suas paisagens adjacentes que compõem as bacias hidrográficas representam a base dos estudos geoquímicos e ambientais. 02. (Cefet MG) Nas últimas décadas, as discussões ambientais têm-se pautado na divulgação da importância das bacias hidrográficas como unidade geográfica para o planejamento do uso dos recursos hídricos. Nesse sentido, um elemento natural imprescindível para se definir uma área como bacia hidrográfica é a presença de uma/um a) drenagem alimentada por regime pluvial. b) curso d’água convergente com foz oceânica. c) topografia relativamente elevada como divisor. d) aquífero confinado em subsolo impermeabilizado. e) conjunto de rios com características de perenidade. 03. (UFJF pism MG) Observe a figura a seguir: Sistema Fluvial Carga do leito com grande erosão ver cal Interflúvios

C04  Áreas hidrológicas e suas drenagens

Interflúvios

Carga mais suspensa e mais dissolvida

a) a erosão fluvial é menor na área de deposição, em função do menor fluxo de drenagem e capacidade de transporte. b) o divisor de drenagem delimita a área da bacia hidrográfica, definindo a área de escoamento e infiltração no seu interior. c) o ganho de água num sistema fluvial se dá pelo fluxo que chega aos oceanos, a evaporação e pelo escoamento de águas pluviais. d) os rios depositam seus sedimentos adjacentes aos seus canais, principalmente no período das secas, em função do menor volume de águas. e) os sedimentos transportados pelo sistema fluvial são importantes na manutenção da qualidade e quantidade de água. 04. (Uespi PI) O gráfico a seguir trata das vazões máximas de rios relacionadas a diversos fatores. Analise-o. Vazão máximas de rios sob diferentes coberturas Urbana Agricuiltura Agroflorestal Floresta

Vazão

01. (UECE) A bacia hidrográfica é reconhecida como unidade espacial na Geografia Física desde o fim dos anos 60. Contudo, durante a última década ela foi, de fato, incorporada pelos profissionais não só da geografia, mas da grande área das chamadas Ciências Ambientais, em seus estudos e projetos de pesquisa.

Tempo

Dessa análise, conclui-se que a) as áreas urbanas são a cobertura ideal de uma bacia hidrográfica, pois permitem, mais facilmente, vazões máximas. b) as atividades agrícolas praticamente não interferem nas vazões máximas de um rio. c) o tipo e a extensão da cobertura vegetal de uma bacia hidrográfica não interferem no deslocamento de sedimentos para reservatórios hídricos. d) a floresta é a cobertura ideal de uma bacia hidrográfica e, portanto, deve ser preservada ou estimulado o replantio de espécies nativas. e) a vazão máxima de um rio é apenas uma função inversa do tempo e independe da cobertura agroflorestal. 05. (UFRGS RS)

C D Divisor de drenagem da bacia de drenagem superior

Sobre o sistema fluvial, é correto afirmar que

574

B

Pontos Cursos fluviais A

Maior capacidade de carga

E

A figura a seguir representa uma bacia hidrográfica qualquer. Com base na figura são feitas as seguintes afirmações.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

A área hachurada da bacia hidrográfica corresponde ao interflúvio da mesma. II. Os cursos fluviais onde estão localizados os pontos A e D são tributários do curso principal da bacia hidrográfica. III. O curso fluvial onde está situado o ponto B corresponde ao curso principal da bacia hidrográfica. IV. Os pontos C e E correspondem, respectivamente, ao exutório e a uma das nascentes do curso principal da bacia hidrográfica. Quais estão corretas? a) Apenas I e II. b) Apenas I e III. c) Apenas II e III. d) Apenas II e IV. e) Apenas III e IV. 06. (UFPR) Planícies são ambientes geomorfológicos que apresentam relevo plano, ou suavemente ondulado, com dimensões variadas, onde são predominantes os processos de deposição e acumulação de sedimentos. Planícies aluviais são aquelas formadas por sedimentos de rios. Sobre esses ambientes, considere as seguintes afirmativas: 1. Planície aluvial corresponde ao leito maior de um rio e sazonalmente sua área é ocupada pelas águas dos canais fluviais. 2. O estabelecimento de áreas urbanas em ambientes de planícies aluviais acarreta sérios problemas sociais, devido aos efeitos negativos das inundações periódicas para a população residente. 3. No planejamento do uso do solo nas planícies aluviais, é necessário considerar a suscetibilidade de contaminação do lençol freático, pois nesses ambientes ele se encontra mais próximo da superfície. 4. As cidades localizadas em planícies aluviais, ao contrário daquelas localizadas em ambientes sem risco de enchentes, exigem processos de planejamento, como os planos de uso e ocupação do solo. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras. b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. e) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. 07. (UECE) Considerando a fisiografia fluvial, os canais meandrantes têm dentre suas características a) o fato de serem encontrados em áreas úmidas com a presença de vegetação ciliar, descrevendo curvas sinuosas e harmônicas entre si. b) o grande volume de carga de fundo e os múltiplos canais que se subdividem separados por ilhas assimétricas e barras arenosas. c) o formato retilíneo em segmentos de canais curtos, excetuando-se aqueles que têm controle tectônico.

d) a sua configuração ramificada semelhante à de uma árvore é típica de regiões onde predominam rochas de resistência heterogênea. 08. (Unesp SP) Um rio escava seu leito e aprofunda seu vale ao longo do tempo. Assinale a alternativa que contém fatores responsáveis pela maior intensidade deste trabalho. a) Vazão elevada, pequena velocidade da água escoada e transporte de poucos sedimentos. b) Baixa pluviosidade, baixa declividade do terreno e pequena velocidade da água escoada. c) Vazão elevada, alta velocidade da água escoada e transporte de grande quantidade de sedimentos. d) Baixa declividade do terreno, alta velocidade da água escoada e transporte de grande quantidade de sedimentos. e) Vazão elevada, baixa declividade do terreno e baixa pluviosidade. 09. (Puc RS) Examine as figuras abaixo, que representam perfis longitudinais de diferentes rios, e as afirmativas que seguem. 800m 600m 400m 200m

0 km

3000 km Figura 1

800m 600m 400m 200m

0 km

3000 km Figura 2

I. II. III. IV.

A competência de transporte de sedimentos é menor no rio da figura 1. O rio da figura 1 tem maior potencial hidroenergético. O rio da figura 2 apresenta perfis transversais com vales estreitos e profundos. A capacidade de sedimentação é maior no rio da figura 2.

Estão corretas apenas as afirmativas a) I e II. d) I, II e III. b) II e IV. e) II, III e IV. c) III e IV. 575

C04  Áreas hidrológicas e suas drenagens

I.


FRENTE

C

GEOGRAFIA

Questão 01. a) Porque a zona intertropical, situada entre a latitude 23° Ne 13° S recebe maior intensidade de radiação solar, cujo calor é responsável pela elevada umidade e precipitação. b) Precipitação é o retorno do vapor de água atmosférico para a superfície da Terra e, portanto, pode-se citar: chuva, neve e granizo. A precipitação líquida, ou seja, a chuva, pode ser classificada em orográficas, frontais e convectivas.

Exercícios de Aprofundamento

a) Por que a zona intertropical possui os maiores totais de precipitação média anual? b) Cite 2 tipos de precipitação. 02. (Unicamp SP) A evapotranspiração constitui a fonte de umidade atmosférica a partir da movimentação de água através do ciclo hidrológico. Nas áreas continentais, os máximos de evaporação ocorrem nas regiões equatoriais. (Adaptado de Kenitiro Suguio e João J. Bigarella, Ambientes Fluviais. Florianópolis, Editora da UFSC, 1990, p.5.)

a) Quais fatores determinam a maior evapotranspiração nas regiões equatoriais do Globo? b) Quais os processos que compõem a evapotranspiração?

O baixo risco de escassez no Egito, Sudão e Líbia se justifica pela abundância de água do Nilo, cuja bacia detém o maior volume d’água do continente africano. II. A região metropolitana de São Paulo tem riscos devido ao desperdício, aos vazamentos na distribuição, ao comprometimento dos mananciais e ao elevado consumo, apesar da situação relativamente confortável do Brasil em relação a países como Índia e Peru. III. A Europa Oriental, a China e o México apresentam riscos de escassez maiores do que o Brasil, em razão de consideráveis contingentes populacionais em áreas urbanas e produção industrial diversificada, setores que consomem mais água do que a agropecuária em todo o mundo. Assinale a alternativa correta. a) Apenas a afirmação I está correta. b) Apenas a afirmação II está correta. c) Apenas a afirmação III está correta. d) Apenas as afirmações I e II estão corretas. e) Apenas as afirmações II e III estão corretas. 04. (UFMG) Analise estes fluxogramas, em que está representado o ciclo hidrológico de uma mesma bacia hidrográfica, antes (I) e depois (II) de sua urbanização:

Superfície

Superfície

Solo

Solo Rio

03. (Mackenzie SP)

I.

Rio

01. (UFJF PISM MG) Leia o gráfico abaixo.

Nível freático

Nível freático

Diferentes estudos avaliam o potencial risco da escassez de água no mundo. De um modo geral, esses estudos comparam a oferta de água doce disponível aos diferentes tipos de consumo pelas sociedades humanas. Além disso, são feitas estimativas de crescimento demográfico e econômico para se estabelecer o grau de segurança futura para cada país ou região. Com base nessas informações e seus conhecimentos a respeito do tema, considere as afirmações:

576

I Legenda:

Fluxo de água

II

Armazenagem

A partir dessa análise e considerando-se outros conhecimentos sobre o assunto, é INCORRETO afirmar que, depois da urbanização dessa bacia hidrográfica, ocorreu a) alteração do volume de água armazenada em subsuperfície, o que pode dificultar sua obtenção a partir de poços.

Questão 02. a) Nas áreas continentais, a evaporação atinge índices máximos nas regiões equatoriais devido à alta radiação solar (áreas mais quentes), da importante cobertura de floresta e da grande disponibilidade de água. b) Trata-se de um processo associado de perda de água do solo e de corpos hídricos por evaporação, e a perda de água das plantas por transpiração.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

b) aumento considerável da vazão de córregos e rios durante o período das chuvas, o que pode contribuir para maior frequência e volume de inundações. c) diminuição no nível das águas dos córregos e rios durante os períodos de menor pluviosidade, o que pode comprometer tradicionais formas de uso da água.

e) No Mundo Árabe, onde há escassez de água, temos exemplos de cooperação entre Egito e Sudão nas águas internacionais do rio Nilo, enquanto há conflito entre Iraque e Turquia nas águas do Tigre. 06. (Uerj RJ) Percentual de acesso

d) redução generalizada na velocidade de circulação da água em superfície, o que pode aumentar, em termos relativos, o volume de água disponível ao homem. 05. (ESPM SP) Observe o texto e o gráfico: Mais de 260 bacias fluviais são internacionais e 13 se dividem entre cinco ou mais países. As disputas surgem principalmente quanto ao montante a ser utilizado em cada país e quanto à incômoda questão das represas. Fonte: O Atlas da Água. Robin Clarke e Jannet King, 2004.

4%

6%

4%

25% 17% 37% 61%

3% 5%

17% 6% controle de enchentes/assitência Energia hidrelétrica infra estrutura (represas, usinas de tratamento de água) administração conjunta qualidade

menos de 50

de 76 a 90

de 50 a 75

de 91 a 100

sem dados

O acesso das populações a água potável é um dos indicativos do nível de desenvolvimento e das condições de vida das sociedades no mundo contemporâneo. A associação adequada entre o espaço geográfico e dois fatores que influenciam o percentual de acesso de sua população a água potável está indicada em: a) Austrália – alta renda per capita / regularidade do regime de chuvas b) África Central – elevada mortalidade / insuficiência da bacia hidrográfica c) América do Norte – política de inclusão social / erradicação de agentes poluentes d) Europa Ocidental – estabilidade demográfica / qualidade dos sistemas de saneamento

quan­dade cooperação técnica

07. (UPE PE) Atente para a figura a seguir:

outros

Em relação ao contexto explorado pelo texto e pelo gráfico, é correto afirmar. a) Tem sido motivo de tensão entre Estados Unidos e México o mais uma usina hidrelétrica, já que a potência é o país que mais usa esse tipo de energia em todo o mundo. b) A China represou as águas do rio Yang-tsé para construção da maior usina hidrelétrica do mundo, ignorando totalmente seus vizinhos, embora o rio nasça fora das fronteiras chinesas. c) O Brasil é uma exceção à realidade disposta, pois suas maiores bacias hidrográficas são genuinamente nacionais. d) A bacia do rio Danúbio é um exemplo de uso compartilhado das águas internacionais, enquanto o rio Jordão é exemplo de conflito.

O que poderá ser argumentado CORRETAMENTE sobre os fatos geográficos contemplados nela? 1. O trecho I do rio encontra-se à jusante da represa. 2. O trecho II do rio poderá ter a sua vazão controlada pela represa. 577

FRENTE C  Exercícios de Aprofundamento

represamento das águas do rio Grande para a construção de


Geografia Questão 09. A feição apontada pelo número 1 constitui o divisor de águas, áreas que apresentam maior altitude e que separam bacias hidrográficas. No desenho ampliado, observa-se o escoamento superficial da água nas vertentes alimentando os rios. Também observa-se o fluxo de água subterrânea, possivelmente, alimentada pela infiltração proveniente da superfície. O escoamento superficial e os rios são agentes externos importantes na modelagem do relevo dando origem ao vale visualizado na imagem. Em um rio, jusante é em direção à foz. Montante é em direção à nascente.

3. A erosão, se for intensificada na área III, contribuirá para o aumento de um fenômeno na represa denominado assoreamento. 4. O trecho II encontra-se à montante da represa, tendo menos energia cinética que no trecho I. 5. A preservação da cobertura vegetal à montante da represa diminuirá a erosão dos solos, o que será algo benéfico para a represa. Estão CORRETAS, apenas, as afirmativas a) 1 e 5. b) 4 e 5. c) 2, 3 e 5. d) 1, 2 e 3. e) 1, 2, 3 e 4.

plique a dinâmica apresentada na ampliação. Considerando as partes de um rio, defina jusante e montante.

10. (UEMA) Analise a figura abaixo.

08. (FGV SP) O quadro a seguir apresenta alguns exemplos do movimento de água na superfície terrestre: Evaporação

Superfície terrestre → Atmosfera

Infiltração

Superfície da crosta continental → Lençóis subterrâneos

Escoamento

Terras altas → Terras baixas → Oceanos

Considerando os rios como agentes modeladores do relevo terrestre, identifique os processos predominantes em 1 e 2. A seguir, explique como ocorrem suas respectivas ações no relevo. 11. (UFRGS RS) As figuras abaixo representam uma comparação entre um riacho natural e outro canalizado.

Seguindo a mesma lógica dos exemplos, identifique a alternati-

Riacho natural

Riacho canalizado

va correta sobre outras duas formas de movimento das águas: a) Afloramento: Terras baixas → Terras altas Precipitação: Superfície da crosta continental → Oceanos. b) Afloramento: Lençóis subterrâneos → Oceanos Precipitação: Atmosfera → Oceanos. c) Afloramento: Lençóis subterrâneos → Terras baixas Precipitação: Atmosfera → Superfície terrestre. d) Afloramento: Lençóis subterrâneos → Terras altas Precipitação: Atmosfera → Superfície da crosta continental. e) Afloramento: Lençóis subterrâneos → Superfície da crosta continental

Considere as seguintes afirmações, sobre os efeitos da canalização na dinâmica de um curso d’água. I.

mento da sombra, causando danos à flora e aos organis-

Precipitação: Atmosfera → Superfície terrestre. 09. (Unesp SP)

FRENTE C  Exercícios de Aprofundamento

III.

A canalização consiste em retilinizar, aprofundar e revestir leitos fluviais, com o objetivo de aumentar a capacidade de infiltração dos solos e, assim, diminuir o extravasa-

jusante Sub-bacia

A eliminação dos meandros fluviais e da cobertura vegetal aumenta a velocidade das águas do riacho.

1 afluente

Nascente

mos aquáticos sensíveis ao calor. II.

Rio principal

A retirada da cobertura vegeta! ocasiona o desapareci-

montante

mento do leito fluvial.

sub-bacia

Quais estão corretas? a) Apenas I. foz

b) Apenas II. c) Apenas III.

578

A imagem reúne alguns dos principais elementos de uma bacia

d) Apenas I e II.

hidrográfica. Identifique a feição apontada pelo número 1 e ex-

e) I, II e III.

Questão 10. Conforme a figura, o rio no alto curso (1) localiza-se numa área montanhosa com maior declividade. Assim, a velocidade de escoamento da água é maior, predominando o processo de erosão (remoção de partículas minerais e matéria orgânica) que escava vales mais profundos. O rio no baixo curso (2) situa-se numa área com menor declividade, permitindo o acúmulo de água e seu transbordamento mais frequente, assim o processo dominante é de sedimentação (acúmulo de detritos minerais e orgânicos).


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