Luiz Gustavo Silveira Rodrigo Barsi
FRENTE
A
Anjo Kan / Shu�erstock.com
Em 12 de outubro de 2015, refugiados sírios, afegãos e africanos de diversos países, depois de arriscarem suas próprias vidas ao atravessar o Mediterrâneo em um bote improvisado, foram capturados e levados para a costa norte da Ilha de Lesbos, no mar Egeu, na Grécia.
GEOGRAFIA Por falar nisso O mundo globalizado pulverizou o sistema produ�vo, dinamizou o sistema financeiro e proporcionou o diálogo entre pessoas dos quatro cantos do Planeta. Esses fenômenos socioeconômicos provocaram transformações culturais, econômicas, polí�cas, geopolí�cas e sociais, baseadas em constantes contradições que podemos sinte�zar no favorecimento de uma parcela menor da sociedade global e no desfavorecimento da sociedade restante. A globalização aumentou a concentração de riquezas financeiras e de poderes, ra�ficando o legado capitalista, de modo que, para alguns serem ricos, muitos têm de ser pobres. Com o sistema global vigente, a riqueza se mostra em várias facetas, como ter grande quan�dade de recurso econômico, possuir poderes polí�cos e geopolí�cos, entre outros. Por outro lado, a pobreza é a ausência desses privilégios, de forma amplificada, para a maior parcela da sociedade mundial. No contexto de análise da pobreza, as migrações internas e externas podem representar várias dificuldades enfrentadas pelas pessoas menos favorecidas de uma sociedade. Ao voltar nossos estudos para os deslocamentos forçados de parte da humanidade, causados pelas guerras civis, perseguições étnicas, religiosas e polí�cas que alcançam verdadeiros níveis de diásporas, podemos concluir que, na globalização, baseada em grandes contradições e distorções, para fru�ficar a riqueza, é necessário preservar a pobreza em quan�dade muito maior. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
A09 A10 A11 A12
Migrações .....................................................................................400 População brasileira ......................................................................412 Estrutura populacional brasileira..................................................422 Formação da população brasileira ...............................................434
FRENTE
A
GEOGRAFIA
MÓDULO A09
ASSUNTOS ABORDADOS n M igraç õ es n Processos migratórios n A migração pelo mundo n Estudo de casos da geografia dos refugiados
MIGRAÇÕES P roc essos migratórios Os processos migratórios são o desloc amento de uma pessoa ou um grupo de pessoas entre espaços geográficos, que pode ser de forma definitiva ou temporá ria. Esses processos podem ser estimulados por vários fatores: étnicos, econômicos, religiosos, ambientais e políticos que, em muitos casos, ocasionam conflitos e guerras. Nesse contexto, os fluxos migratórios são estruturados nos loc ais de: REPULSÃO → ATRAÇÃO O tradicional fluxo migratório de mexicanos para os Estados Unidos (de forma legal ou ilegal) é um exemplo do México, exercendo a função de REPULSÃO e dos Estados Unidos a de ATRAÇÃO. T ipos de migraç õ es Migrações internacionais: n Imigração − do ponto de vista do país que vai receber o migrante, este será denominado de imigrante. Ex.: Os imigrantes italianos que trabalharam nas fazendas de café de São Paulo no século XIX. n Emigração − do ponto de vista do país do qual o migrante saiu, ele é um emigrante. Ex.: Muitos emigrantes brasileiros foram morar no Japão, na década de 1980. n Migração de retorno − é o caso de um emigrante que retorna ao seu país de origem. Ex.: Em 2006, muitos imigrantes brasileiros retornaram ao seu país de origem.
Krista Kennell / Shutterstock.com
Figura 01 - Em 2016, imigrantes mexicanos em Los Angeles protestavam contra a postura do presidente estadunidense Donald Trump, que defende a restrição da presença de imigrantes no País.
Migrações internas: n Êxodo rural − é a migração rural-urbana. Esse processo altera a estrutura populacional de um país, promovendo sua urbanização. n Urbano-rural − os trabalhadores rurais moram em cidades e trabalham na zona rural, propiciando o movimento pendular (realizado por eles diariamente). Em uma outra escala, pode ocorrer o retorno definitivo de uma pessoa para o campo. n Urbano-urbano − por questões variadas, o deslocamento pode ocorrer entre cidades. O movimento pendular pode ser observado nessa migração; a pessoa mora em uma cidade e trabalha em outra. n Sazonal − por aspectos econômicos ou naturais, o migrante desloca-se (por alguns meses) para uma outra cidade ou região (de forma não periódica), retornando, posteriormente à sua localidade de origem. n Transumância – o migrante, de forma periódica, desloca-se para uma ou mais regiões, em sequência, para efetuar seu trabalho, fechando um ciclo e retornando ao seu local de origem.
4 00
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
A migraç ã o pelo mundo Segundo a ONU, em 2017, o mundo dispunha de aproximadamente 260 milhões de migrantes internac ionais. Esse número corresponde a cerca de 3,4% da população mundial no mesmo ano. Podemos apontar como justificativa desses deslocamentos populacionais diversos fatores migratórios, mas as questões econômicas e empregatícias (aqui não são contabilizados os refugiados) são os principais causadores de processos migratórios internacionais. Em todos esses fatores distintos, encontramos uma característica em comum: a questão principal da escolha do local de ATRAÇÃO, no contexto dos deslocamentos. Migrantes internacionais (MI) - REPULSÃO - ATRAÇÃO (2017) 61% provenientes de países em desenvolvimento 147 milhões de MI vivem em países desenvolvidos
REPULSÃO 39% provenientes de países desenvolvidos
ATRAÇÃO
REPULSÃO 87% provenientes de países em desenvolvimento REPULSÃO
113 milhões de MI vivem em países em desenvolvimento
13% provenientes de países desenvolvidos
ATRAÇÃO
Número de migrantes (em milhões)
120
REPULSÃO
Desenvolvido - Desenvolvido
110
Desenvolvido - Em desenvolvimento
100
Em desenvolvimento - Desenvolvido Em desenvolvimento - Em desenvolvimento
90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1990
1995
2000
2005
2010
2015
Figura 02 - Origem e destino dos migrantes internacionais por grupo de desenvolvimento, 1990-2015, em milhões. Fonte: ONU, Assuntos econômicos e sociais. Relatório de migração internacional 2017, p.2
A09 Migração
Em 2017, a Migração Internacional (MI) obteve um aumento de 69%, com cerca de 105 milhões a mais de migrantes. Os registros da ONU indicam que em 2017 a Ásia e a Europa foram os continentes que registraram a maior quantidade de MI, com aproximadamente 60% dos migrantes do mundo.
4 01
Geografia
P aí ses em desenvolvimento
África
Á sia
E uropa
Amé ric a L at. C arib e
Amé ric a do Norte
O c eania
D esc onh ec ido
M undo
O rigem Países desenvolvidos
Destino
Países desenvolvidos
56,9
89,0
12,4
42,6
51,8
31,4
2,5
1,7
3,6
146,0
Países em desenvolvimento
14,4
97,4
23,8
63,1
9,4
6,3
1,9
0,2
6,9
111,7
África
2,3
22,3
19,4
1,2
1,0
0,0
0,1
0,0
3,0
24,7
Ásia
9,2
70,4
4,4
63,3
7,1
0,4
0,5
0,1
3,7
79,6
Europa
43,3
34,6
9,3
20,5
41,0
4,6
1,0
0,4
1,1
77,9
América Lat. Caribe
2,9
6,6
0,1
0,3
1,3
6,1
1,4
0,0
0,3
9,5
América do Norte
9,4
48,2
2,6
17,2
7,6
26,4
1,2
0,3
2,4
57,7
Oceania
4,2
4,2
0,5
3,2
3,1
0,2
0,2
1,1
0,1
8,4
Mundo
71,3
186,4
36,3
105,7
61,2
37,7
4,4
1,9
10,6
257,7
Tabela 01 - Número de migrantes internacionais por grupo de desenvolvimento, região de origem e destino, em 2017, em milhões. Fonte: ONU, Assuntos econômicos e sociais. Relatório de migração internacional 2017, p.2
A09 Migração
Ao analisar a tabela acima, podemos constatar que em 2017 a Ásia acolhia quase 80 milhões de migrantes internacionais, sendo que 9,2 milhões eram provenientes de países desenvolvidos e 70,4 milhões, de países em desenvolvimento. Desse montante, 63,3 milhões eram procedentes da própria Ásia. Este continente ultrapassou o continente europeu em acolhida de migrantes, no período entre 1990 e 2017, e passou a ser a localização de maior ATRAÇÃO do mundo. No entanto, como podemos ver, a Ásia também ganhou o título de maior REPULSÃO. Esses fenômenos migratórios asiáticos são justificados pela enorme concentração populacional do continente, associada ao crescente processo de industrialização, em especial na China, na Índia e nos Tigres Asiáticos (das três gerações). A Amé ric a do Norte, majoritariamente Estados Unidos e Canadá, no mesmo período citado pelos estudos migratórios asiáticos, obteve um acréscimo de 30 milhões de migrantes internacionais, dos quais 56% apresentavam origem da América Latina e Caribe. A procura por um emprego seguro e rentável e consequente vida melhor são as principais causas desses fenômenos migratórios. Com características migratórias muito próximas aos continentes asiático e norte americano, a E uropa apresentou, no mesmo período, uma adição de MIs de 28 milhões, sendo que 46% dos deslocamentos ocorreram dentro do próprio continente.
4 02
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
USA 18
ARÁBIA SAUDITA
16 Número de migrantes (milhões)
ALEMANHA RÚSSIA REINO UNIDO EMIRADOS ÁRABES UNIDOS
14 12 10 8 6 4 2
FRANÇA CANADÁ AUSTRÁLIA ESPANHA
2017
2015
2010
2005
2000
1995
Países desenvolvidos Países em desenvolvimento Figura 04 - Número de migrantes internacionais por idade e grupo de desenvolvimento, 2017 (em milhões)
1990
0
20
70-74 75+
0-4 5-9 10-14 15-19 20-24 25-29 35-39 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65-69
0
Fonte: ONU, Assuntos econômicos e sociais. Relatório de migração internacional 2017, p.10
30
40
50
60
Figura 03 - Países que abrigam o maior n° de imigrantes internacionais, 1990-2017 (em milhões) Fonte: ONU, Assuntos econômicos e sociais. Relatório de migração internacional 2017, p.6
Segundo o gráfico acima, os MIs em fase ativa (trabalho), entre 20 e 64 anos, comCorredores de migrações internacionais (1990 - 2017) portam 75% do total. Desse montante, 58,1% encontram-se nos países desenvolvidos. 1.8 Milhões de migrantes internacionais
1.6 1.4 1.2 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0 -0.2
Ásia-Ásia
1990-2000
África-Ásia
Europa-Europa
2000-2010
Ásia-América Am. Lat/Caribe- Ásia-Europa América do Norte do Norte
2010-2017
Figura 06 - Estado do Arizona, fronteira entre Estados Unidos e México.
A09 Migração
Figura 05 - Corredores de migrações internacionais (1990-2017)
4 03
Geografia
Fonte: Wikimedia commons
SAIBA MAIS
Em abril de 2018, o presidente estadunidense Donald Trump deu uma declaração dizendo que a fronteira entre os Estados Unidos e o México está ficando cada vez mais perigosa. Ele também declarou que não faria acordo algum para legalizar os “dreamers” (sonhadores), que são os imigrantes que entraram ilegalmente nos Estados Unidos ainda crianças. No entanto, antes disso, Trump pretendia fazer um acordo com os democratas. Esse acordo previa que se o congresso americano aprovasse os custos para a construção de um muro na fronteira entre os dois países, ele aprovaria a lei que permitiria a permanência dos “dreamers” no país. Outra colocação feita pelo presidente norte-americano foi culpar o governo do México por não fazer praticamente nada para impedir esse deslocamento de mexicanos para o país mais rico do mundo. Por tudo isso, é constante a ameaça estadunidense de cancelar sua participação na Área de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).
Figura 07 - Revista estadunidense TIME, capa de junho de 2018.
A09 Migração
Janossy Gergely / Shutterstock.com
A imagem dessa criança passou a ser um dos símbolos contra a política de “Tolerância zero” de Donald Trump sobre os imigrantes irregulares que vivem em território estadunidense ou que querem entrar. Em seis semanas, seu governo separou pais imigrantes irregulares (que foram presos) de seus filhos (bebês, crianças e adolescentes), que foram deslocados para abrigos improvisados.
4 04
Trump, portanto, apresenta o quebra-cabeça de sua política socioeconômica e sua geopolítica. É notório que as peças que estão formando esse “novo país” não querem a união das nações para juntas resolverem os problemas mundiais. A imagem que se constrói nesse quebra-cabeça é de uma política imperialista e individualista, completamente na contramão daquilo que eles mesmos, os Estados Unidos, defenderam e impuseram ao mundo como a solução para o fim das desigualdades e miséria, ou seja, a Globalização. O deslocamento forçado A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) não usa a palavra “migrante” para descrever pessoas que são forçadas a fugir. Nesse caso, as principais definições são: n
n
Refugiados: pessoas que foram forçadas a deixar seus países de origem e requerem “proteção internacional” devido ao risco de violência ou perseguição caso voltem para casa. Isso inclui os cidadãos que fogem das guerras. O termo tem suas raízes em instrumentos legais internacionais, notadamente, a Convenção de Refugiados de 1951, o Protocolo de 1967 e a Convenção de 1969 da Organização da Unidade Africana (OUA). Uma pessoa pode obter o status de refugiado solicitando-o individualmente. Em casos de grande afluência, o status pode ser concedido “prima facie” (imediatamente). Os refugiados não podem regressar aos seus países de origem, a menos que seja estritamente um retorno voluntário. Solicitantes de refúgio: pessoas que solicitaram individualmente o status de refugiados e estão aguardando os resultados de seus pedidos. Os solicitantes de refúgio recebem “proteção internacional” enquanto suas petições estão sendo avaliadas e, assim como os refugiados, não podem voltar para casa, a menos que seja um retorno voluntário. Figura 08 - Refugiados sírios, passando pela Eslovênia, a caminho da Europa.
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
n
n
P essoas internamente desloc adas: deslocados internos, geralmente conhecidos pela sigla IDP (do inglês Internally Displaced People), são pessoas que foram forçadas a deixar suas casas para ir a outro lugar em seu próprio país, em busca de proteção e segurança. Apá tridas: pessoas que não têm nacionalidade de nenhum país e, consequentemente, carecem dos direitos humanos e do acesso aos serviços daqueles que têm cidadania. É possível ser apátrida e refugiado simultaneamente. Número de pessoas forçadas a se deslocarem por dia (2003-2017)
50 000 45 000 40 000 35 000 30 000 25 000 20 000 15 000 10 000 5 000 0
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
Figura 09 - Número de pessoas forçadas a se deslocarem por dia (2003-2017) Fonte: UNHCR, The UN Refugee Agency. Global Trends. Forced Displacement in 2017, p.7
SAIBA MAIS MUDANÇAS CLIMÁTICAS PROVOCAM AUMENTO DO DESLOCAMENTO FORÇADO
A09 Migração
Figura 10 - Os moradores da antiga vila de Vunidogoloa, em Fiji, foram obrigados a se deslocar devido ao risco de inundações e erosão costeira. Foto: Nansen Initiative, via UNOCHA
Fonte: Wikimedia commons
À medida que o número de pessoas deslocadas em todo o mundo devido a eventos relacionados ao clima continua a crescer, as Nações Unidas e seus parceiros estão focados em abordagens regionais para responder à questão dos “refugiados do clima”. A média anual de deslocados por mudanças climáticas entre 2008 e 2016 chegou a 25,3 milhões, de acordo com dados divulgados pelo Conselho Norueguês de Refugiados. Os cinco países que têm a maior proporção de sua população afetada pelos deslocamentos são todos Estados insulares: Cuba, Fiji, Filipinas, Tonga e Sri Lanka. Para exemplificar, a Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), durante a COP23, em Bonn, na Alemanha, apresentou o levantamento dos deslocamentos ambientais ocorridos em Cuba, em novembro de 2017, por conta de um furacão que atravessou o país.
4 05
Geografia
Pelo quinto ano consecutivo, o número de pessoas que tiveram que abandonar seus lares para fugirem de perseguições e guerras civis foi mais elevado que o ano anterior. Esse novo recorde alcançou a marca de deslocamentos forçados de 68,5 milhões de indivíduos, somente em 2017. Essa quantia superou o ano de 2016 em 2,9 milhões de refugiados. De acordo com o relatório anual “Tendências Globais” (Global Trends), divulgado pela ONU em junho de 2018, esse crescimento de deslocamentos forçados ocorreu devido à Guerra do Sudão do Sul, à crise na República Democrática do Congo, e às perseguições sofridas pelo povo rohingya, que se desloca forçosamente de Mianmar para Bangladesh, somados aos conflitos gerados pelo Taliban no Afeganistão e à Guerra civil na Síria. Dessa totalidade apontada em 2017, 25,4 milhões abandonaram seus países para escaparem de perseguições ou até mesmo da morte. Já os deslocamentos internos, dentro do próprio país, praticamente mantiveram-se estáveis, com uma pequena queda de 40 milhões em 2017, quando comparado com os 40,3 milhões de 2016. Esses números demonstram que uma a cada 110 pessoas está em deslocamento forçado. De acordo com estudos da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), 8 5 % dos refugiados estão nos países em desenvolvimento. Isso significa que a suposição de que os países desenvolvidos são os maiores acolhedores de refugiados é uma inverdade. Muitos desses países que recebem esses deslocados forçados são muito pobres, o que dificulta ainda mais a vida desses indivíduos. Quatro em cada cinco pessoas procuram refúgio nos países vizinhos aos seus locais de origem. Síria Afeganistão Sudão do Sul Mianmar Somália Sudão Rep. Democrá ca do Congo Rep. Centro-africana Eritreia Burundi 1.0
0.0
2.0
3.0
4.0
5.0
População de refugiados (milhões)
6.0
7.0 2016
2017
Figura 11 - Principais origens de refugiados (2016-2017)
O gráfico acima, deixa clara a assustadora relação entre a grande quantidade de refugiados com a quantidade de países que dão origem a esses deslocamentos. Ao ampliarmos essa análise, podemos concluir que as nações que abrigam a grande maioria desses refugiados também são reduzidas. Turquia Paquistão Uganda Líbano Rep. Islâmica do Irã Alemanha Bangladesh
A09 Migração
Sudão E ópia Jordânia 0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
População de refugiados (milhões)
Figura 12 - Principais acolhedores de refugiados (2016-2017)
4 06
2.5
3.0
3.5 2017
4.0 2016
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Segundo a ACNUR, a Turquia continuou sendo o país que mais acolhe refugiados em números absolutos, com uma população de 3,5 milhões de deslocados forçados, principalmente sírios. O Líbano, por sua vez, hospedou o maior número de refugiados em relação à sua população nacional. No total, 63% de todos as pessoas refugiadas sob análise da agência da ONU encontravam-se em apenas dez países. Em 2017, aproximadamente 5 milhões de indivíduos conseguiram voltar para o que sobrou de seus lares. A grande maioria desses retornos são de refugiados internos, que se deparam com precariedade estrutural e econômica para retomarem às suas vidas.
SAIBA MAIS LÍDER DE MYANMAR E NOBEL DA PAZ, AUNG SAN SUU KYI SE CALA DIANTE DA OFENSIVA CONTRA OS ROHINGYAS Longe dos holofotes, o êxodo continua. Colunas de famílias – mulheres, homens e crianças, muitíssimas crianças – marcham com meia dúzia de pertences por uma língua de terra rodeada de água. As imagens gravadas com um drone pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) impressionam. Recordam a fuga de Ruanda. Essas pessoas fogem de Myanmar, onde viviam há gerações, para Bangladesh. Começou em 25 de agosto, como um êxodo quase bíblico, atiçado pela represália militar a ataques do braço armado rohingya. Em menos de um mês, meio milhão de pessoas deixaram tudo para trás em aldeias incendiadas pelos soldados. Agora persiste a conta-gotas. No fim de semana passado, 2 000 pessoas cruzaram a fronteira. Os 607 000 rohingyas chegados agora (quatro vezes o número de migrantes através do Mediterrâneo neste ano) se somam aos 200 000 instalados em Bangladesh desde episódios anteriores. O ódio aos rohingyas é um potente fator de coesão em Myanmar, uma ex-colônia britânica com 60 milhões de habitantes, encaixotada entre a China e a Índia. Um mosaico com 135 etnias reconhecidas, entre as quais não se encontra essa minoria. “Existe entre muitas minorias étnicas e religiosas um apoio majoritário às políticas do Governo de coalizão da Liga Nacional Democrática (o partido de Aung San) e inclusive aos militares. A discriminação contra os rohingyas é quase uma posição de consenso. Por terem sido destituídos de suas cidadanias, esse povo possui uma condição de apá tridas. Disponível em : El País: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/03/internacional/1509712503_347831.html. Acesso em 21.jun.2018. Adaptado.
Homens= 20%
Crianças = 55% 0-4 = 18%
5-11 = 22%
12-17 = 14%
por idade
Infográfico 01 - Refugiados rohingyas por idade e sexo - 2017 Figura 13 - Refugiados rohingyas chegam a Bangladesh em 1º de outubro. KEVIN FRAYER GETTY
A09 Migração
Fonte: Wikimedia commons
Mulheres = 25%
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Geografia
Estudo de casos da geografia dos refugiados República Democrática do Congo/África A complexa situação de refúgio da República Democrática do Congo e região, em 2017, foi agravada proporcionalmente pelo aumento dos conflitos internos existentes nos países dessa região africana. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a geopolítica africana sofre mudanças estruturais com os processos graduais de conquista de independência política por seus países. Esses processos promovidos pelos antigos colonizadores europeus não respeitaram as diferenças culturais e étnicas dos povos integrantes dos territórios das ex-colônias. Os novos países “independentes” passaram a ter uma nação constituída por uma sociedade eclética, com etnias diferenciadas. Essa condição propicia instabilidades em tais países, pois todas as etnias que fazem parte de uma determinada nação querem comandar esse território. Nenhuma etnia quer se submeter a uma outra. Surge, assim, o ingrediente necessário para a geração de conflitos internos que se elevam a guerras civis, as quais consequentemente levam à formação de vários grupos de pessoas que acabam por fazer os deslocamentos forçados, tanto internamente, quanto para os países vizinhos ou até mesmo para outros continentes. Ao lermos o mapa a seguir, veremos a região africana com elevados conflitos que geram elevados números de refugiados. O maior país da região, a República Democrática do Congo, apresenta um dos mais longos conflitos internos do mundo, tanto na violência como na durabilidade. Nessas condições, a República do Congo é um dos países com maior deslocamento interno e internacional do Planeta. Nos países vizinhos, os conflitos e busca por refúgio também ocorrem em larga escala. Esse estudo de caso demonstra claramente os motivos que levam a geopolítica a considerar o continente africano como um continente em movimento, devido ao grande deslocamento forçado de seus povos. A geopolítica aponta em seus estudos as relações entre a colonização e o processo de descolonização, a instauração de ditaduras, a pobreza e o descaso do resto do mundo para com esses países, como os principais motivos que levaram a esses fenômenos populacionais. Rep. Centro-Africana 4 000
da República Centro-Africana 181 900 Rep. do Congo 12 300
República Democrá ca do Congo
Sudão do Sul 15 000
Uganda 15 000
do Sudão do Sul 89 000 de Ruanda 220 400
Ruanda 82 800 4 351 400
Burundi 61 900 de Burundi 44 500
Rep. Única da Tanzânia 56 900
A09 Migração
Oceano Atlân co
Rep.Centro-Africana
Angola 38 500
Zâmbia 34 900
Refugiados internos
Figura 14 - Deslocamentos forçados na República Democrática do Congo e países vizinhos - 2017
4 08
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação 01. ( U F R G S R S ) Considere as seguintes afirmações sobre a atual problemática migratória enfrentada pela Europa. I. O atual acordo internacional FRONTEX, assinado pelos países da União Europeia em 2016, visou apoiar as migrações provenientes de qualquer país ex-colônia e inibir o tráfico de pessoas. II. A construção de campos de refugiados oficiais com completa infraestrutura nos países europeus tem aumentado os fluxos imigratórios. III. A atual problemática migratória enfrentada pela Europa tem, entre suas principais causas, o atual contexto de conflitos e instabilidades em seus países de origem, como guerras civis. Quais estão corretas? a) Apenas I. c) Apenas III. e) I, II e III. b) Apenas II. d) Apenas I e III.
século XXI, foi o(a) a) integração de culturas distintas. b) avanço técnico das comunicações. c) quebra de barreiras alfandegárias. d) flexibilização de regras trabalhistas. e) desconcentração espacial da produção. 04 . ( U F R G S R S ) Observe o mapa abaixo.
02. ( U erj R J ) P O P U L AÇ Ã O D O S E S T AD O S U NI D O S ( % por ano) 2000
2010
2050
Brancos
69,1
65,0
47,0
Latinos
12,5
15,0
29,0
Negros
12,1
13,0
13,0
Asiáticos
3,7
4,0
9,0
Outros
2,6
3,0
2,0
Adaptado de OLIC, N. B. Caleidoscópios geopolíticos. São Paulo: Moderna, 2014.
A partir da análise da tabela, uma importante mudança em processo na demografia estadunidense e a respectiva causa associada ao grupo populacional atingido são: a) redução de brancos − alta taxa de mortalidade b) crescimento de negros − diminuição da emigração c) elevação de latinos − maiores índices de imigração d) aumento de asiáticos − grande contingente de refugiados 03 . ( E nem M E C ) Dados recentes mostram que muitos são os países periféricos que dependem dos recursos enviados pelos imigrantes que estão nos países centrais. Grande parte dos países da América Latina, por exemplo, depende hoje das remessas de seus imigrantes. Para se ter uma ideia mais concreta, recentes dados divulgados pela ONU revelaram que somente os indianos recebem 10 bilhões de dólares de seus compatriotas no exterior. No México, segundo maior volume de divisas, esse valor chega a 9,9 bilhões de dólares e nas Filipinas, o terceiro, a 8,4 bilhões. HAESBAERT. R.; PORTO-GONÇALVES, C. W. A nova desordem mundial. São Paulo: Edunesp, 2006.
Um aspecto do mundo globalizado que facilitou a ocorrência do processo descrito, na transição do século XX para o
Considere as afirmações abaixo, sobre a questão dos refugiados. I. Os refugiados procuram principalmente países considerados ricos e desenvolvidos. II. Estados Unidos, Alemanha e França são os países que mais recebem refugiados. III. O maior número de refugiados localiza-se em países da África e da Ásia. Quais estão corretas? a) Apenas I. c) Apenas III. e) I, II e III. b) Apenas II. d) Apenas I e II. 05 . ( I F S ul R S ) Desde o início da guerra civil na Síria, em março de 2011, o conflito cresceu a ponto de se transformar em uma complexa situação em que todos parecem lutar entre si. Forças leais ao presidente Bashar Al-Assad, rebeldes, extremistas muçulmanos e potências estrangeiras são peças de um intrincado jogo. Nesse jogo, quem realmente sofre é a sociedade civil que vê suas casas, escolas e hospitais serem destruídos e seus familiares e amigos serem mortos. Para amenizar o sofrimento dos civis e de militantes de oposição que estão sitiados na cidade de Alepo, está sendo sugerida uma ação pela ONU que constaria da a) criação de corredores humanitários que permitam a saída de milhares de pessoas e a entrada de alimentos e medicamentos para a cidade. b) elaboração de um acordo de cessar fogo para que os civis possam ser retirados da cidade por organismos internacionais. c) colaboração de diversos países, principalmente a Rússia, na tentativa de colocar um fim no conflito. d) formação de uma frente ampla de países como Estados Unidos, Alemanha e Japão na tentativa de depor o presidente Bashar Al-Assad.
4 09
A09 Migração
Grupos
Alto para 017), ação nos, país soas. uição aíses s de
Geografia
Exercícios C om p l em en t ares 01. ( U F P R ) Em mais de 1.100 km na fronteira dos EUA com o México já existe um muro. Ele passa pelos desertos de sedimentos de Sonora, onde os cactos crescem como tubos de órgão. Mais a leste, pesadas estruturas de aço em forma de X cortam os quilômetros de planície com capim queimado pelo sol, como marcadores de campo de batalha. No Texas, os postes pintados de vermelho que formam partes da cerca na fronteira são frios, duros e ásperos ao toque. Em Tijuana, duas cercas – uma antiga, outra mais recente – mergulham até o oceano, onde as ondas corroem o metal. (Fonte: AHMED, Azam; MANNY Fernandes; VILLEGAS, Paulina. Um muro entre nós: a vida na fronteira entre os EUA e o México. Disponível em: <https:// www.uol/noticias/especiais/nyt-fronteira-eua-e-mexico.htm#tematico-1?cmpid=>. Acessado em 01.08.2017.
Em relação às fronteiras e ao exemplo citado, é correto afirmar: a) Apesar de processos de abertura terem propiciado questionamentos das fronteiras dos Estados Nacionais, elas continuam como fator forte de separação entre essas unidades políticas. b) Com a globalização, discursos de caráter xenofóbico e ameaças à segurança, emprego e renda perderam sua força histórica na regulação do Estado Nação em relação às suas fronteiras. c) O fechamento ou abertura de fronteiras, bem como a sua intensidade, é dependente das políticas globais norteadas pelas resoluções da ONU (Organização das Nações Unidas). d) A construção do muro separando o México dos EUA é justificada pelos EUA em vista das políticas antiterrorismo postas em prática por esse país. e) No período contemporâneo, exemplos como o Brexit e as cooperações oriundas da construção dos blocos econômicos revelam uma diminuição, em escala global, da tensão entre abertura e fechamento de fronteiras. 02. ( U erj R J )
Considerando as informações dos mapas e as características socioeconômicas dessa nação, existe fundamento para avaliar a eficácia dessa política como a) alta, dado o percentual significativo de ociosidade nas unidades industriais b) baixa, dado o índice inexpressivo de estrangeiros nas populações regionais c) reduzida, dado o nível baixo de qualificação das ocupações dos não nacionais d) elevada, dado o perfil terciário predominante da economia das grandes cidades 03 . ( U E M G ) O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados-ACNUR emitiu comunicado mundial que identifica algumas razões que motivam o êxodo de asiáticos e africanos para a Europa. Com base num trabalho contínuo de acompanhamento e avaliação, e também a partir dos resultados de discussões em grupo e do contato diário com refugiados na Jordânia, Líbano, Egito, Iraque e Síria, o ACNUR identificou os principais fatores que motivam os emigrantes a buscar refúgio fora da região, principalmente na Europa. Considerando o fluxo populacional apresentado no trecho acima, e as informações vinculadas pela mídia, é C O R R E T O afirmar que a) a maioria dos deslocados sírios que viajaram para o Iraque possui um sentimento de segurança e confiança em relação ao seu país. b) as pessoas dos grupos minoritários veem a migração como solução para a sua segurança física e socioeconômica. c) o agravamento que os refugiados enfrentam no exílio permite que as crianças continuem seus estudos regulares nos países europeus. d) o perigo do terrorismo islâmico e o assentamento demográfico no campo, salvo raras exceções, promoveram um período de grande agitação nas cidades.
A09 Migração
04 . ( M ac k enz ie S P ) C H E G AD A D E R E F U G I AD O S À AL E M ANH A C AI P AR A 28 0 M I L E M 2016 A Alemanha registrou uma brusca queda na entrada de migrantes em busca de asilo em 2016, segundo dados apresentados pelo governo nesta semana. Foram 280 mil pessoas, contra as quase 900 mil do ano anterior. O atual presidente norte-americano defende uma política migratória que, segundo ele, irá reduzir os patamares do desemprego no país.
4 10
FOLHA DE SÃO PAULO, www.folha1.uol.com.br, 12.01.2017. Acessado em 12.03.2017.
Com relação à realidade exposta na reportagem, considere as seguintes afirmações:
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
I.
Concomitantemente à queda do número de entradas, houve aumento da rejeição aos refugiados. II. Um dos fatores responsáveis pela redução apontada na reportagem é o acordo estabelecido entre a União Europeia e a Turquia para controlar o fluxo rumo ao território do bloco econômico. III. Síria e Afeganistão estão entre os principais países de origem dos refugiados que se dirigiram à Alemanha. IV. A “política de portas abertas” promovida pela chanceler Angela Merkel aumentou significativamente sua popularidade, tanto na Alemanha, quanto no restante do território europeu. É correto o que se afirma em a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) II e III, apenas. d) I, II e III, apenas. e) I, II, III e IV. 05 . ( U P E P E ) Leia o mapa ilustrativo a seguir:
a) Grécia e Itália tornaram-se importantes portas de entrada de refugiados chegados pelo Mediterrâneo. b) a partir de 2017, os Estados Unidos franquearam o ingresso de refugiados. c) a grande maioria dos refugiados está abrigada em países europeus de renda elevada. d) as crianças representam um número reduzido entre refugiados e migrantes no geral. e) o Brasil, por não participar dos tratados internacionais de direitos humanos, tem reduzida presença de refugiados. 07 . ( U F R G S R S ) Sobre as migrações internacionais que ganham cada vez mais destaque nos dias atuais, é correto afirmar que a) a população, ao sair de seu país de origem, é denominada imigrante e, ao entrar no novo país, é chamada de emigrante. b) o Brasil tem atraído poucos migrantes, em função das dificuldades de instalação e de adaptação da população. c) as catástrofes naturais são as principais causas de migrações externas. d) as medidas tomadas pela maioria dos países desenvolvidos para restringir a entrada de imigrantes têm intensificado o tráfico de pessoas. e) a crise econômica que afeta os países europeus afasta os migrantes, motivo pelo qual não têm buscado abrigo nesse continente.
A leitura do mapa ilustrativo permite afirmar que se trata a) da onda migratória de palestinos e judeus no início do século XX, em direção aos países que defendiam os princípios do liberalismo econômico. b) dos fluxos de circulação do comércio petrolífero para os países-membros da União Europeia. c) dos fluxos do comércio internacional de gás natural, proveniente de países da Ásia e África. d) das principais rotas usadas pelos estrangeiros na Europa, por causa da crise migratória atual. e) dos fluxos financeiros internacionais que crescem aceleradamente, em virtude das economias em expansão e da globalização da produção. 06 . ( U P F R S ) Os deslocamentos populacionais ganharam contornos especiais nos últimos anos, envolvendo, de alguma forma, todos os continentes. Sob a denominação de migrantes, refugiados ou deslocados, milhões de pessoas buscam refúgio em outros países, fugindo de guerras, perseguições, torturas ou catástrofes. Sobre o tema, é c orreto afirmar que
É correto afirmar que a charge a) ilustra a imigração de europeus após os diversos atentados ocorridos recentemente em países como França e Itália. b) ironiza o muro de contenção à imigração mexicana nos Estados Unidos, construído no norte do país no início de 2015. c) critica a ação brasileira em relação aos refugiados haitianos, que morrem ao tentar atravessar o mar do Norte rumo ao Brasil. d) apresenta a questão dos refugiados, sobretudo sírios que, por conta da guerra em seu país, tentam chegar à Europa pelo Mediterrâneo. e) debate a situação dos jovens britânicos que, por conta da saída do Reino Unido da União Europeia, têm dificuldades para emigrar para os países vizinhos.
4 11
A09 Migração
08 . Analise esta charge do cartunista Latuff.
FRENTE
A
GEOGRAFIA
MÓDULO A10
ASSUNTOS ABORDADOS n P opulaç ã o b rasileira n Estudo demográfico brasileiro n Crescimento da população brasileira
POPULAÇÃO BRASILEIRA Estudo demográfico brasileiro Em 2000, éramos cerca de 173 milhões de habitantes. Já em 2018, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou uma população superior a 209 milhões. Em um simples estudo demográfico, podemos constatar que o crescimento populacional, em duas décadas, correspondeu a um pouco mais de 20%. No ano de 2015, com mais de 204 400 milhões de pessoas, o Brasil confirmava sua quinta posição no ranking dos países mais povoados do mundo, perdendo somente para a China, Índia, Estados Unidos e Indonésia. Ao analisarmos esses números, podemos nos espantar com o tamanho do crescimento populacional, principalmente se o relacionarmos às condições socioeconômicas atuais do nosso país. Contudo, os estudos demográficos nos demonstram mudanças consideráveis na dinâmica populacional brasileira. Entre as décadas de 1950, 1960 e 1970, mesmo apresentando declínios, ocorreram taxas de crescimento populacional de 3% ou próximo de 3% ao ano. No último censo do IBGE (2010), foi registrado um crescimento de 1,17%. Em uma segunda análise da dinâmica demográfica brasileira, pode-se concluir que a principal justificativa populacional desse período foi a queda na taxa de fecundidade que, na década de 1950, era de 6 filhos por mulher (na fase de reprodução) e, em 2010, apontou a taxa de 1,87.
Figura 01 - Com uma grande população, a cidade de São Paulo enfrenta graves problemas de transporte para milhões de pessoas. Na imagem, vemos passageiros na plataforma de embarque e desembarque na Estação da Luz, no Bairro do Bom Retiro - 2017.
4 12
Essas características apontadas e outras que estudaremos a seguir sempre estarão acompanhadas e relacionadas com os níveis de desenvolvimento econômico do Brasil de cada um desses períodos. Com isso, é possível demonstrar que o estudo populacional é um dos fatores socioeconômicos de grande relevância para o País e que, por meio de suas políticas públicas, podem-se diminuir as desigualdades sociais para retrair a pobreza e extinguir a miséria que assola nosso país.
Fonte: wikimedia commons
Outra característica demográfica demonstrada pelo Brasil é a distribuição heterogênea da população em seu território, indicando a distribuição desigual da riqueza do País.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
C resc imento da populaç ã o b rasileira No final do século XIX, mais precisamente em 1872, o Brasil teve o primeiro recenseamento (Censo demográfico), que contabilizou 9 930 478 habitantes. Desses, 1 510 806 eram escravos. Desde então, o País deu continuidade sistemática na formação dos censos demográficos. O Censo Demográfico brasileiro faz a contagem populacional de todas as unidades da Federação. Essa contagem, somada às suas características étnicas, culturais e socioeconômicas, proporcionam um conjunto de estatísticas e análises estruturais que serviram e servirão como base para os possíveis planejamentos e ações governamentais. O histórico do crescimento populacional brasileiro e suas transições demográficas Histórico do crescimento populacional do Brasil (em milhões de habitantes)
207,66 195,5 173,45 157,1 146,82 119,0 93,14 Desses, 1,51 eram escravos
70,1 51,94 41,24 30,64
17,44 9,93 14,33 1872
1890
1900
1920 1940
1950 1960 1970 1980
1991 1996 2000
2010 1872
Gráfico 01 - Histórico do crescimento populacional do Brasil (em milhões de habitantes) Fonte: IBGE, disponível em: https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/sinopse/sinopse_tab_brasil_zip.shtm. Adaptado. Acesso em 02.jul.2018.
Em nossa história demográfica, o crescimento vegetativo (crescimento natural) sempre foi a base do crescimento populacional do País. De forma errônea, os processos imigratórios ganharam destaque como o principal causador desse crescimento demográfico, principalmente entre o final do século XIX e a primeira parte do século XX. Historicamente, em nenhum momento, as taxas imigratórias superaram o crescimento vegetativo. Sendo assim, esse crescimento natural do povo brasileiro, continuamente, foi e é a locomotiva do aumento populacional do Brasil. Vamos fazer um estudo socioeconômico do gráfico, acima, associando-o às fases de transições demográficas do gráfico demográfico do Brasil:
n
Entre 18 7 2 e a década de 1920, o País possuía uma elevada predominância econômica voltada para a agricultura cafeeira. De forma proporcional a essa política econômica, encontrávamos uma elevada concentração populacional na zona rural. Nessas condições, o Brasil encontrava-se na 1ª fase de transição demográfica (reveja esse assunto no capítulo A06), com elevadas taxas de natalidade e mortalidade, apresentando o início de uma queda nos índices de mortalidade. Sendo assim, o País apresentava um crescimento vegetativo positivo. Outro fato a ser levado em consideração para o crescimento populacional (reveja o conceito no capítulo A07) foram os processos imigratórios, principalmente de europeus. Entre as décadas de 1920 e 193 0, a taxa de mortalidade se mostrava em constante queda. O mundo passou a conhecer, em 1929, a crise econômica estadunidense, que afetaria a economia global. O Brasil, com sua frágil política econômica
A10 População brasileira
n
4 13
Geografia
n
n
n
n
Crescimento natural
3
A10 População brasileira
2,5
2,3 1,7
cafeeira, teve grandes perdas financeiras e, consequentemente, sociais. Assim, nosso país entrou na década de 1930 com uma nova política econômica, descompromissada com a oligarquia cafeeira; o Presidente Getúlio Vargas passou a investir na industrialização brasileira, incluindo as estruturas industriais de base. Como já estudado nos capítulos A01 e A02, a industrialização nas cidades passou a ser um fator de ATRAÇÃO migratória; neste caso, o êxodo rural. Essas cidades passaram a sofrer os processos de urbanização. A população, que antes vivia no campo, passa a viver nas periferias das cidades e a utilizar elementos urbanos como hospitais, saneamento básico, acesso a remédios e vacinas, entre outros. O resultado é o aumento da diminuição da taxa de mortalidade, proporcionando, em uma segunda etapa da 1ª fase de transição demográfica, um crescimento vegetativo mais elevado. Os processos imigratórios passaram a ser controlados por Getúlio Vargas, pois, segundo o presidente, o Brasil não poderia ser contaminado por trabalhadores urbanos com visões subversivas. Nas décadas de 193 0 e 194 0, o êxodo rural continuou em constante crescimento. O Brasil encontrava-se na 2ª fase de transição demográfica, sendo que a frequente queda na taxa de mortalidade acentuou mais ainda sua distância com a taxa de natalidade. A década de 195 0 é um marco para o estudo demográfico brasileiro. Com o país consolidado, com a indústria sendo o principal vetor econômico do País, o êxodo rural se mantinha presente nas estatísticas demográficas, mas as cidades urbanizadas passaram a conhecer um crescimento vegetativo e, por sua vez, um crescimento populacional nunca visto no Brasil. O ápice de crescimento vegetativo foi resultado da contínua queda na taxa de mortalidade e da elevada taxa de fecundidade que assolou essas cidades. Essa elevada taxa de fecundidade é denominada pelo estudo populacional do Brasil como “Baby boom”, colocando o crescimento vegetativo do País em seu ponto máximo da 2ª fase da transição demográfica, apresentando um crescimento populacional de 3% ao ano, na referida década. O Brasil, ainda na 2ª fase de transição demográfica, entrou na década de 196 0 com um crescimento natural elevado, mas com taxas menores que na década anterior, com indicadores próximos a 3% ao ano. Nessa década, podemos indicar o início do declínio das taxas de fecundidade do País, constante até os dias de hoje. Com crescimento natural elevado, mas mantendo uma frequência de quedas nas taxas de fecundidade, o Brasil terminou a década 197 0 com um importante fenômeno populacional: o paí s passou a ser urb aniz ado. A partir desse fenômeno, o território nacional passou a ter uma maior quantidade de habitantes nas cidades (5 5 ,92% ), deixando o campo cada vez mais desumanizado. Ao aprofundarmos uma análise demográfica desse período, devido às evoluções médicas e à alta urbanização, percebemos que a taxa de mortalidade foi reduzida de forma mais acentuada e os índices de fecundidade diminuíram proporcionalmente ao ingresso cada vez maior da mulher no mercado de trabalho e ao seu acesso aos métodos anticoncepcionais. Nessa década, o País desloc ou- se, gradativamente, para a 3ª fase de transição demográfica. n Na década de 198 0, o Brasil consolidou-se na 3ª fase de transição demográfica. Com isso, manteve sua queda na taxa de fecundidade, obtendo seu índice de mortalidade em declínio até o ano de 2011 (analisaremos esse fenômeno mais adiante) e alcançando, na virada do século, uma urbanização superior a 80%.
1,4
1950
1960
1970
1980
2000
0,9
0,81
0,77
2010
2015
2017
Gráfico 02 - Brasil – Taxa de crescimento vegetativo (%)
4 14
Como já foi estudado, atualmente, somente os países desenvolvidos ultrapassaram a 3ª fase de transição demográfica. Ainda assim, segundo projeções demográficas do IBGE e da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil alcançará um crescimento vegetativo em níveis de países ricos, mas sem o desenvolvimento socioeconômico que esses países alcançaram.
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
A distrib uiç ã o populac ional h eterogê nea do B rasil -70°
-60°
-50°
-40°
-30°
Boa Vista AMAPÁ Macapá
RORAIMA
0° Equador
Belém
Manaus
São Luís
AMAZONAS
ACRE Rio Branco
-10°
Equador 0°
Fortaleza RIO GRANDE DO NORTE TeresinaCEARÁ Natal MARANHÃO PARAÍBA João Pessoa PIAUÍ PERNAMBUCO Recife Palmas ALAGOAS Maceió TOCANTINS SERGIPE Aracaju BAHIA Salvador
PARÁ
Porto Velho RONDÔNIA MATO GROSSO
DF BRASÍLIA Goiânia
Cuiabá
GOIÁS
MINAS GERAIS
Campo Grande A Trópico
Belo Horizonte
MATO GROSSO DO SUL
-20° rnio de Capricó
-10 °
PARANÁ
ESPÍRITO SANTO Vitória -20°
SÃO PAULO São Paulo
RIO DE JANEIRO Rio de Janeiro
Curitiba SANTA CATARINA Florianópolis
RIO GRANDE DO SUL Porto Alegre
-3°0 -70°
-60°
-50°
-40°
-30°
2
Habitantes por km
menos de 1,0 1,1 a 10,0 10,1 a 25,0 25,1 a 100,0 mais de 100
Mapa 01 - Densidade Demográfica do Brasil
D inâ mic as populac ionais do B rasil ( 2010 – 2017 ) R egiõ es
C resc imento populac ional ( %) entre 2010 – 2017
P opulaç ã o em 2017
Norte
10,37
17 936 201
Nordeste
5,04
57 254 159
Centro-Oeste
11,07
15 875 907
Sudeste
5,5
86 949 714
Sul
5,5
29 644 948
Brasil
6,2
207 660 929 A10 População brasileira
Tabela 01 - Dinâmicas populacionais do Brasil (2010-2017)
Analisando a relação entre o mapa e a tabela anteriores, podemos observar com clareza que as concentrações populacionais por regiões do Brasil são muito heterogêneas. A supremacia da concentração econômica do Sudeste em discrepância com a carência financeira do Nordeste (região com a maior quantidade de estados brasileiros) serve como parâmetro para a compreensão de termos um Brasil tão desigual socioeconomicamente. A região que engloba São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, 4 15
Geografia
em toda a história migratória do País, possui o maior potencial de atraç ã o. Enquanto a região Nordeste, a mais carente do território nacional, apresenta um crescimento vegetativo superior à média de todo o Brasil, no mesmo contexto histórico, e possui o título de maior repulsã o migratória. Continuando essa análise de distribuição demográfica brasileira, vale destacar as regiões Centro-Oeste e Norte. Essas regiões conquistaram grande crescimento populacional, cujo principal motivo foram e ainda são as fronteiras agrícolas. Outros índices demográficos do Brasil 2,39 2,09 1,87
1,72
1,67
3
2000
2005
2010
2015
2017
Gráfico 03 - Brasil – Taxa de Fecundidade
Taxa de fecundidade das regiões brasileiras 2000
2010
2017
Norte
3,22
2,42
2,02
Nordeste
2,78
2,03
1,76
Sudeste
2,13
1,71
1,56
Centro-Oeste
2,26
1,85
1,67
Sul
2,15
1,69
1,55
Brasil
2,39
1,87
1,67
Fonte: wikimedia commons
Tabela 02 - Brasil – Taxa de fecundidade das regiões brasileiras Fonte: IBGE, disponível em: https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/. Adaptado. Acesso em 04.jul.2018
A10 População brasileira
Figura 02 - A falta de perspectiva para as crianças do sertão brasileiro. Historicamente, o sertão brasileiro é a localização nacional com maior característica de repulsão migratória.
4 16
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
SAIBA MAIS Atualmente, as mulheres brasileiras conquistaram espaço no poder de decisões em todas as escalas da sociedade, incluindo no âmbito familiar. Prova disso é a participação delas no planejamento familiar. Nos dias atuais, é mais raro encontrarmos famílias com elevada quantidade de filhos, principalmente nas áreas urbanas. O uso de métodos anticoncepcionais é uma prática comum em muitas parcelas da sociedade, não somente para evitar doenças sexualmente transmissíveis, como também para o planejamento do número dos componentes da família. Figura 03 - Métodos anticoncepcionais Brasil - Taxa de natalidade e mortalidade (%.)
A taxa de fecundidade está diretamente ligada ao índice de natalidade de um estudo demográfico. O Brasil, mesmo com características socioeconômicas que apresentam deficiências, na primeira década do século XXI, obteve um bom resultado de declínio em suas taxas de fecundidade e, consequentemente, na taxa de natalidade. O gráfico nº 5 confirma a constante redução no índice de natalidade, mas apresenta uma nova situação para a taxa de mortalidade: uma elevação frequente, embora seja pequena, a partir de 2012 (estudaremos esse fenômeno demográfico mais detalhadamente no capítulo A11).
20,86 18,15 15,88
6,67
2000
14,16
13,59
6,2
6,03
6,08
6,15
2005
2010
2015
2017
Mortalidade
Natalidade
Gráfico 04 - Brasil - Taxa de natalidade e mortalidade (%). 29,7
Taxa de mortalidade infantil nas regiões brasileiras 2000
2010
2017
Norte
29,5
18,1
17,0
Nordeste
44,7
18,5
16,2
Sudeste
21,3
13,1
9,88
Centro-Oeste
21,6
14,2
13,74
Sul
18,9
12,6
8,91
Brasil
29,7
15,6
12,81
15,6 12,81
2000
2010
2017
Gráfico 05 - Brasil - Taxa de mortalidade infantil (%).
Tabela 03 - Brasil – Taxa de mortalidade infantil nas regiões brasileiras (%) Fonte: IBGE, disponível em: https://www.ibge.gov.br/ apps/populacao/projecao/. Acesso em 04.jul.2018
A10 População brasileira
Analisando o gráfico nº 6, podemos considerar que o Brasil obteve um grande avanço na queda da taxa de mortalidade infantil. Ao associarmos esse fenômeno demográfico brasileiro com a agenda ONU, denominada Objetivos de Desenvolvimentos do Milênio (ODM), no objetivo nº 4, encontramos um compromisso mundial em que todos os países em desenvolvimento teriam que diminuir suas taxas de mortalidade infantil para 15 por mil nascidas vivas, até o ano de 2020. Em 2014, o Brasil já registrava um índice de 14,4 crianças por mil nascidas com vida, garantindo assim a conquista antecipada de um dos objetivos dessa agenda.
4 17
Geografia
No ano de 2000, a ONU e seus integrantes criaram uma agenda de compromissos e metas para todos os países membros da Organização. Essa agenda foi composta por 17 compromissos, que podem atingir tanto os países em desenvolvimento, quanto os desenvolvidos. Em 2015, em um novo encontro das Nações, foram apresentados alguns resultados positivos, como os do Brasil e de outros países. Contudo, foram revelados também os resultados que não avançaram de maneira geral como, por exemplo a redução da desigualdade.
Fonte: wikimedia commons
SAIBA MAIS
Figura 04 - Os 17 compromissos da agenda da ONU – Objetivos de desenvolvimento sustentável.
Dentro desse contexto, e avaliando a tabela da taxa de mortalidade infantil, constatamos que a região mais pobre do País obteve o maior êxito na queda da mortalidade entre crianças. Isso é uma demonstração da participação governamental com algumas de suas políticas públicas, que embora sejam ações ínfimas, proporcionam um resultado positivo para essa parte da população. Brasil – Expectativa de vida ao nascer H omem + M ulh er
H omem
M ulh er
Diferencial entre sexos (ano de vida)
1940
15,5
42,9
48,3
5,4
1950
48,0
45,3
50,8
5,6
1960
52,5
49,7
55,5
5,9
1970
57,6
54,6
60,8
6,2
1980
62,5
59,6
65,7
6,1
1991
66,9
63,2
70,9
7,8
2000
69,8
66,0
73,9
7,9
2010
73,9
70,52
77,6
7,4
2015
75,5
71,9
79,1
7,2
2017
75,99
72,46
79,56
7,1
Ano
Tabela 04 - Brasil – Expectativa de vida ao nascer Fonte: IBGE, disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2013-agencia-de-noticias/releases/html. Acesso em 05.jul.2018 A10 População brasileira
Em nossos estudos, vimos que a urbanização, com seus elementos de infraestrutura, saneamento básico, medicina, entre outros, nunca foi o suficiente para a população, principalmente para os indivíduos mais necessitados. Mas, mesmo com tal deficiência, essas estruturas contribuíram para o aumento da expectativa de vida do brasileiro de forma direta. Outro ponto a ser relacionado com o avanço da expectativa de vida, em geral, é a diminuição da mortalidade infantil das últimas décadas, aumentando a concentração populacional nas faixas etárias populacionais.
4 18
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação 01. Analise a representação das regiões do Brasil a seguir.
NORTE NORDESTE
SUDESTE
03 . ( U S F S P ) Observe os dados a seguir que classificam os locais do Brasil em dez melhores e dez piores em coleta e tratamento de esgoto.
A anamorfose das regiões administrativas brasileiras foi elaborada com dados referentes ao(à) a) quantitativo de população absoluta. b) precipitação média anual em milímetros. c) percentual de habitantes nascidos fora do município. d) proporção entre o cultivo agrícola patronal e o total da área colhida. 02. ( U F R G S R S ) Observe a figura e o quadro abaixo. Taxa de homicídios mulheres por UF no Brasil, em 2013
Taxa de homicídios mulheres (por 100 mil) Até 4 4,1 a 8 8,1 a 12 Acima de 12
Variação da taxa de homicídios de mulheres 2006/2013 por UF AC AP AM PA RO RR TO AL BA CE MA PB PE PI RN SE ES MG RJ SP PR RS SC DF GO MT MS
89,3 25,8 64,8 46,7 –5,5 131,3 67,7 27,3 68,4 96,1 83,2 91,4 –22,3 39,8 97,6 30,2 –10,8 5,9 –27,4 –23,7 10,1 30,6 3,1 41,1 73,9 15,5 23,2
Considerando a figura que apresenta a distribuição dos homicídios de mulheres por Unidade da Federação (UF), no Brasil, em 2013, e o quadro que indica variação dessa taxa entre 2006 e 2013, depois de promulgada a Lei Maria da Penha, assinale a alternativa correta. a) As taxas de homicídios têm distribuição uniforme nas UFs. b) As taxas de homicídios não sofreram redução, uma vez que houve registros de mortes em todas as UFs.
M E L H O R E S
Simielli, Maria Elena, Geoatlas, São Paulo: África, 2013. p. 146
1. Santos – SP 2. Uberlândia – MG 3. Franca – SP 4. Jundiaí – SP 5. Curitiba – PR 6. Ribeirão Preto – SP 7. Maringá – SP 8. Sorocaba – SP 9. Niterói – RJ 10. Londrina – PR
72. Canoas – RS 73. Jaboatão – PE 74. Macapá – AP 75. Ananindeua – PA 76. Nova Iguaçu – RJ 77. Belém – PA 78. São João de Meriti – RJ 79. Belford Roxo – RJ 80. Duque de Caxias – RJ 81. Porto Velho – RO Fonte: Ministério das Cidades
O tema em evidência na questão impacta diretamente o(a) a) analfabetismo funcional. b) urbanização. c) taxa de fecundidade. d) mortalidade infantil. e) desemprego. 04 . ( I F P E ) Em relação à distribuição da população brasileira, são feitas as seguintes afirmações. I. É bastante desigual, com áreas litorâneas densamente povoadas, e áreas do interior praticamente despovoadas. II. A região Centro-Oeste tornou-se a terceira região mais povoada do país a partir do avanço da agropecuária. III. Grande parcela da população vive em regiões metropolitanas como as de São Paulo e do Rio de Janeiro. IV. O Nordeste é a segunda região mais populosa do país, ficando atrás apenas do Sudeste. V. A região Sul é a que apresenta a menor concentração de pessoas. Estão CORRETAS apenas as afirmações: a) I e II. b) I, III e IV. c) III e V d) II, IV e V. e) I, II e III.
4 19
A10 População brasileira
SUL
P IO R E S
CENTRO OESTE
c) A tendência de violência no Norte do país é evidenciada pelo crescimento uniforme das taxas, em todas as UFs da região. d) Acre, Goiás, Alagoas e Espírito Santo apresentaram, em 2013, taxas de homicídios duas vezes maiores que o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. e) Cinco UFs registraram quedas nas taxas de homicídios, três delas no Sudeste do país.
giu a micí-
9%
Geografia
óbiência ano. er à
Exercícios C om p l em en t ares 01. ( E nem M E C )
( ) Acesso à prestação de serviços e produtos industrializados. ( ) Acesso a sistemas de saúde especializados. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. a) V – V – V – V b) V – V – F – F c) F – F – F – V d) F – F – V – V e) F – V – V – F
Taxa média de crescimento anual da população brasileira 2,99 2,89 2,48
1,93 1,64
03 . ( U F S C ) 1,17
Gráfico - Populaçao urbana x rural: Brasil e Santa Catarina (2010) População - Brasil
População - Santa Catarina 1.00.523 16%
29.830.007 16%
160.925.792 84%
1950/ 1960
1960/ 1960
1970/ 1980
1980/ 1991
1991/ 2000
2000/ 2010
A alteração apresentada no gráfico a partir da década de 1960 é reflexo da redução do seguinte indicador populacional: a) Expectativa de vida. b) População absoluta. c) Índice de mortalidade. d) Desigualdade social. e) Taxa de fecundidade. 02. ( I F S P ) Observe o gráfico abaixo para responder à questão. Brasil - Evolução da População 1940 - 2000 1 000 habitantes 160 000 140 000 120 000 100 000 80 000 60 000 40 000 20 000 0 1940
1950
1960 urbana
1970
1980
1990
2000
rural
A10 População brasileira
Urbanização é o crescimento das cidades, tanto em população quanto em extensão territorial. É o processo em que o espaço rural transforma-se em espaço urbano, com a consequente migração populacional do tipo campo-cidade. Com relação aos fatores que contribuíram para a urbanização brasileira, marque V para verdadeiro ou F para falso. ( ) Os sistemas de ensino nas cidades são mais acessíveis. ( ) Ofertas de empregos nos setores secundário e terciário de produção.
4 20
urbana
5.247.913 84%
rural Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.
Com base na leitura do gráfico e sobre a população brasileira, é correto afirmar que: 01. o estado de Santa Catarina sempre teve população urbana maior que população rural desde o início da ocupação de seu território. 02. no presente, a diferenciação entre população rural e população urbana é mais complexa, pois há grande número de trabalhadores em atividades rurais vivendo nas cidades bem como habitantes da área rural trabalhando no meio urbano. 04. parcela significativa da mão de obra rural migrou para as cidades em busca de melhores condições de vida como consequência das políticas de estímulo à industrialização, principalmente a partir da década de 1950. 08. a população catarinense que vive no campo prática técnicas tradicionais de agricultura, o que a afasta das principais modificações ocorridas na estrutura agrícola brasileira nas últimas décadas. 16. entre outras variáveis, mesmo que sua população urbana seja maior que a rural, o Brasil ainda apresenta características de um país subdesenvolvido industrializado. 32. Florianópolis, capital de Santa Catarina, é a cidade mais populosa e mais povoada do estado. 04 . ( U T F P R ) Relacionando-se os conceitos demográficos básicos com as características da população do Brasil, somente podemos afirmar que
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a) b) c) d) e)
as regiões mais povoadas situam-se na porção Centro-Sul. as áreas consideradas populosas estão próximas à Amazônia. os estados mais populosos têm maior registro de indígenas. os descendentes de africanos são a maioria da população do Sul. o interior do Nordeste é mais povoado que a porção litorânea.
05 . ( E nem M E C ) Art. 7º – São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem a melhoria de sua condição social: XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes, desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade, em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006). Disponível em: www.jusbrasil.com.br. Acesso em: 20 fev. 2013 (adaptado).
A inclusão do direito à creche e à pré-escola na Constituição da República Federativa do Brasil pode ser explicada pela a) redução da taxa de fecundidade no país. b) precarização das redes de escolas públicas brasileiras. c) mobilização das mulheres inseridas no mercado de trabalho. d) atuação da iniciativa privada consoante às demandas sociais da população. e) constatação dos elevados índices de maus-tratos sofridos pelas crianças no Brasil.
ros. São fatores que contribuem para o aumento da expectativa de vida dos brasileiros: I. ampliação da disponibilidade de saneamento básico nas cidades. II. ampliação da acessibilidade a sistemas de saúde, vacinas e medicamentos. III. aplicação de novas tecnologias na produção de alimentos. IV. políticas públicas voltadas à qualidade de vida da população idosa. É correto o que está contido em a) I, II e III, apenas. d) I, II e IV, apenas. b) I, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. c) II, III e IV, apenas. 08 . ( P U C R J )
06 . ( P U C P R ) Em agosto de 2013, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a projeção de que a “população brasileira continuará crescendo até 2042, quando deverá chegar a 228,4 milhões de pessoas. A partir do ano seguinte, ela diminuirá gradualmente e estará em torno de 218,2 milhões em 2060”. Adaptado de IBGE – Sala de imprensa. População brasileira deve chegar ao máximo (228,4 milhões) em 2042. Disponível em: <http://saladeimprensa.ibge. gov.br>. Acesso em: 15 ago. 2015.
07 . ( I F S P ) Leia o trecho abaixo para responder à questão. “A perspectiva de uma reforma da Previdência tem provocado dúvidas aos brasileiros de todas as idades. Para os mais jovens, que começaram a contribuir há pouco tempo para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ainda não há clareza de como será o modelo quando chegar a vez de se aposentar. Os mais velhos, que estão próximos de atingir o tempo de contribuição exigido atualmente, temem ter a aposentadoria adiada pela reforma iminente.” Fonte: http://istoe.com.br/reforma-da-previdencia-tem-provocadoduvidas-a-brasileiros-sobre-aposentadoria/.
A reforma previdenciária descrita no texto utiliza como uma das justificativas o aumento da expectativa de vida dos brasilei-
Sobre a dinâmica da distribuição da população no Brasil, observada no cartograma, confirma-se que há a) concentração da população do país na faixa da fronteira atlântica brasileira. b) permanência secular do mesmo perfil de população na faixa litorânea do país. c) manutenção dos grandes vazios interiores associados à baixa integração regional. d) delimitação de uma faixa de fronteira para o controle de circulação de migrantes. e) redução do poder das cidades metropolitanas devido à deseconomia de aglomeração. 4 21
A10 População brasileira
A redução do ritmo de crescimento nas próximas três décadas e a diminuição da quantidade de brasileiros a partir de 2043 são reflexos principalmente a) da queda da taxa de fecundidade da mulher brasileira. b) do aumento da expectativa de vida. c) da atual implantação de políticas de controle populacional. d) da evasão de brasileiros em direção aos países desenvolvidos, devido à crise econômica iniciada a partir de 2004. e) da mudança do perfil da população brasileira de uma nação jovem para um país de idosos.
FRENTE
A
GEOGRAFIA
MÓDULO A11
ESTRUTURA POPULACIONAL BRASILEIRA
ASSUNTOS ABORDADOS
A atual estrutura da populaç ã o do B rasil
n E strutura populac ional b rasileira n A atual estrutura da população do Brasil n As dinâmicas populacionais do Brasil n O trabalho infantil no Brasil n Nível de escolaridade e analfabetismo brasileiros n Índice de Desenvolvimento Humano e Índice GINI Pirâmide Etária de Brasileira - 2017
Em sua estrutura populacional dividida por gênero, em 2017, o Brasil apresentou uma quantidade de mulheres mais elevada que a soma dos homens, com aproximadamente 50,65% e 40,35%, respectivamente. Essa diferença vem aumentando desde os anos de 1980, que apresentavam uma superioridade de cerca de 753 mil mulheres. Já no ano 2000, foram registrados 2 578 milhões de mulheres a mais e, em 2017, registrou-se uma quantidade ainda maior, com cerca de 2 720 milhões de mulheres a mais que homens. A estrutura etária era composta por 32,05% de pessoas entre 0 e 14 anos, 55,75% entre 15 e 64 anos, e 12,20% com 65 anos ou mais. Outro ponto a ser considerado é que como o território brasileiro apresenta grandes diferenças socioeconômicas, a demografia brasileira é estruturada nesse contexto, ou seja, de forma desigual.
90+ 85-89 80-84 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59
Observando as pirâmides etárias a seguir, identificamos os estados mais empobrecidos, como o Maranhão e o Pará, que apresentam bases piramidais largas, isto é, uma estrutura etária jovem. São Paulo (SP), Rio Grande do Sul (RS) e Distrito Federal (DF), por sua vez, estão consolidados como estrutura etária de característica adulta. Já o estado de Goiás, mesmo apresentando uma característica demográfica adulta, ostenta uma quantidade de jovens mais elevada que SP, RS e DF.
50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4 7,5
5,0
2,5
0,0
0,0
2,5
Homens
7,5
2,5
5,0 Mulheres
7,5
4 7,5 22
5,0
5,0
2,5 Homens
2,5 Homens
5,0
7,5
Gráfico 02 - Pirâmide etária de seis unidades da Federação - 2017
Mulheres Pará
Maranhão
São Paulo
Goiás
90+ 85-89 80-84 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4
90+ 85-89 80-84 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4
90+ 85-89 80-84 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4
90+ 85-89 80-84 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4
0,0
0,0
2,5
5,0 Mulheres
7,5
7,5
5,0
2,5 Homens
0,0
0,0
2,5
5,0 Mulheres
7,5
7,5
5,0
2,5 Homens
0,0
0,0
Goiás
Distrito Federal
Rio Grande do Sul
90+ 85-89 80-84 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4
90+ 85-89 80-84 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4
90+ 85-89 80-84 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4
0,0
0,0
0-4
2,5
5,0 Mulheres
7,5
7,5
5,0
2,5 Homens
0,0
0,0
2,5
5,0 Mulheres
7,5
7,5
5,0
2,5 Homens
0,0
0,0
2,5
5,0 Mulheres
7,5
7,5
5,0
2,5 Homens
0,0
0,0
0-4
2,5
5,0 Mulheres
7,5
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
As dinâ mic as populac ionais do B rasil A relação entre a projeção do crescimento vegetativo brasileiro e sua possível entrada na 4ª fase da transição demográfica Segundo estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, na passagem das décadas de 2030 para 2040, o crescimento demográfico do Brasil deve alcançar o que os demógrafos classificam de “crescimento zero”. No decorrer dos anos de 2040, o País deve consagrar-se com crescimentos populacionais negativos e, consequentemente, obter uma queda na sua população. O estudo ratifica, ainda, que a principal variável desses fenômenos demográficos será a constante queda na taxa de fecundidade da nossa população.
222,97
2040 2041 2042 2043 2044 2050 2055 2060
Gráfico 03 - Projeções do crescimento vegetativo brasileiro
80 60 40 20 0 2000 2010 2017 2018 2025 2030 2035 2040 2041 2042 2043 2044 2050 2055 2060
Fonte IBGE, acesso em:https://www.ibge.gov.br/apps/ populacao/projecao/
Outra dinâmica populacional que contribuiu para dar uma nova caracterização demográfica para o País foi a regularidade do crescimento na expectativa de vida do brasileiro. Conforme estudado no capítulo anterior, em 1940 a expectativa de vida no Brasil era de 45,5 anos, e em 2017 foi registrada a expectativa de 75,99 anos. Em suma, a população brasileira está em constante envelhecimento, apresentando as seguintes características:
A relação entre as pirâmides etárias do Brasil, Angola e Japão identifica a atual posição brasileira nos estudos populacionais, ou seja, na 3ª fase da transição demográfica.
n
Idade
n
95 90 85 80 75 70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 10,0 9,0 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 Angola
60 ou +
100
Fonte IBGE, acesso em:https://www.ibge.gov.br/ apps/populacao/projecao/
Japão
20-59
120
218,17
228,26
0-19 140
Gráfico 05 - Brasil - crescimento vegetativo e sua projeção por faixas etárias 226,35
228,34
228,35
228,15
Durante a década de 1990, a diminuição da taxa de natalidade foi constante. Desse modo, esse fenômeno populacional surtiu uma nova dinâmica na estrutura etária brasileira. Houve uma retração na quantidade de pessoas com idade entre 0 e 14 anos e uma elevação na quantidade de adultos (20 a 59 anos). O Brasil entrou no século XXI com uma população adulta maior que a população jovem e idosa, juntas. Passada a primeira década do novo século, o País confirmou sua nova classificação demográfica, deixando de ser um país “jovem”, passando a ser um país “adulto”.
Brasil
Gráfico 04 - Pirâmide etária relativa (%) - Brasil, Angola e Japão - 2013. Fonte IBGE
n n
Taxa de fecundidade em declínio, provocando uma constante queda na taxa de natalidade. Taxa de mortalidade reduzida, elevando o número de adultos. Constante redução na taxa de mortalidade infantil. Aumento na expectativa de vida, que prolonga a vida dos brasileiros e proporciona o aumento de idosos no País.
Nos estudos feitos anteriormente, vimos que o rápido processo de industrialização provocou uma acelerada e descontrolada urbanização brasileira. Vimos grandes consequências socioeconômicas geradas por esses processos econômicos impostos por interesses externos. Como a dinâmica populacional é uma derivação da urbanização, podemos concluir que o envelhecimento populacional foi desproporcional às realidades sociais e econômicas de nosso País. Se, por um lado, o aumento da expectativa de vida é uma conquista, as condições sociais do Brasil para estruturar o envelhecimento de sua sociedade são lastimáveis. 4 23
A11 Estrutura populacional brasileira
2000 2010 2017 2018 2025 2030 2035
228,28
226,44
223,13
218,33
209,18
207,66
165,49
173,45
Ao se confirmar esses fenômenos populacionais, o Brasil entrará na 4ª fase da transição demográfica, registrando uma taxa de mortalidade maior que a de natalidade. Logo, seu crescimento vegetativo será negativo.
O envelhecimento da população brasileira
Geografia
6,67
6,35
6,2 6,15 6,07
2000
2003
2005
2008
6,08 6,05
6,03
6,02
2009
2010
2011
Gráfico 06 - Brasil - Taxa de mortalidade
6,03
2012
2015
2017
Quando comparamos o contexto do nosso envelhecimento populacional com o envelhecimento de um país desenvolvido, temos expressivos contrastes. Mesmo sofrendo grandes problemas sociais nas fases transitórias, o envelhecimento demográfico de países com Industrialização primária, em destaque, a partir da segunda Revolução industrial, sempre foi acompanhado de um crescimento econômico com políticas públicas sociais avançadas. Não podemos dizer o mesmo do Brasil, pois a maioria da população possui baixa renda e sofre com as péssimas condições assistenciais oferecidas pelo governo em setores como saúde, previdência social, acesso a remédios, entre outros.
Na atual condição, o Brasil comporta, aproximadamente, 15% de sua população entre aposentados e pensionistas (somados os funcionários das áreas pública, privada e militar). Segundo estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2060, 30% da população brasileira estará com mais de 60 anos de idade. Nessas condições, o Brasil encontrará, no seu futuro, uma grande elevação dos problemas sociais na faixa demográfica denominada de IDOSOS. Após quase 70 anos, o Brasil volta a ter um crescimento na taxa de mortalidade. Entre os anos de 2011 e 2012, o gráfico nº 6 demonstra o início dessa elevação. Esse fenômeno demográfico é resultado de um problema estrutural e crônico no País: a instabilidade econômica, que provoca: n n n n n
Desemprego, atingindo várias classes sociais, em que a classe mais empobrecida sofre mais os seus efeitos; Aumento da pobreza e da miséria no País; Diminuição nos investimentos sociais, em especial, na saúde, da qual grande parte da população é dependente e aumento de mortes por insuficiência hospitalar; Aumento da insegurança, provocando elevação nas mortes por violência com armas; Crescimento na mortalidade de idosos, que sofrem todos os malefícios citados acima.
SAIBA MAIS TRABALHO NA MELHOR IDADE
A11 Estrutura populacional brasileira
Entre as várias políticas públicas que o governo brasileiro terá de fazer para estruturar a grande população idosa que se formará nesse século, principalmente com a ocorrência na mudança da idade mínima para a aposentadoria, está a capacitação e atualização para o mercado de trabalho para os brasileiros com mais de 60 anos de idade. Ainda nessa temática, por meio de campanhas, o governo precisará quebrar um tabu em nosso país, em que os trabalhadores a partir de 50 anos são percebidos como não passíveis mais de contribuir adequadamente para o desempenho trabalhista e, consequentemente, para o desenvolvimento econômico do País.
4 24
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Até o presente momento, vimos que o estudo demográfico nos apresentou dados e projeções que nos servem como indicadores da importância do estudo populacional para a governança brasileira. A queda na taxa de natalidade associada a um aumento na expectativa de vida propicia o envelhecimento da população do Brasil. Ainda neste século, a previsão é de chegarmos a ter um crescimento vegetativo negativo e uma população idosa maior que a população jovem e adulta, separadamente. Fonte: Ipea, Texto para discussão, Impacto fiscal da demografia na previdência, 2017., p.33.
Gráfico 07 - Brasil - pirâmides populacionais sobrepostas (1980, 2010 e 2060*)
Nessas condições, os próximos governos precisam planejar novas ações governamentais. As políticas públicas vindouras precisam se adaptar às novas realidades demográficas do País, a fim de tentar amenizar os problemas sociais e econômicos que o Brasil terá que enfrentar nessa transição populacional. Bônus demográfico Para estudar essa característica demográfica relacionada à política econômica de um país, é preciso compreender a relação entre População Economicamente Ativa (PEA) e População Economicamente Inativa (PEI). População ocupada - aquelas pessoas que efe vamente estão trabalhando. As pessoas ocupadas são classificadas em:
I. Empregados - aquelas pessoas que trabalham para um empregador ou mais, cumprindo uma jornada de trabalho, recebendo em contrapar da uma remuneração em dinheiro ou outra forma de pagamento (moradia, alimentação, vestuário etc.).
II. Incluem-se, entre as pessoas empregadas, aquelas que prestam serviço militar obrigatório e os clérigos.
III. Os empregados são classificados segundo a existência ou não de carteira de Compreende o potencial de mão de obra com que pode contar o setor produ vo, isto é, a população ocupada e a população desocupada.
trabalho assinada.
IV. Conta Própria- aquelas pessoas que exploram uma a vidade econômica ou exercem uma profissão ou o cio, sem empregados.
V. Empregadores- aquelas pessoas que exploram uma a vidade econômica ou exercem uma profissão ou o cio, com auxílio de um ou mais empregados.
VI. Não Remunerados- aquelas pessoas que exercem uma ocupação econômica, sem remuneração, pelo menos 15 horas na semana, em ajuda a membro da unidade domiciliar em sua a vidade econômica, ou em ajuda a ins tuição religiosas, beneficientes ou de coopera vismo, ou, ainda, como aprendiz ou estagiário.
População Desocupada - aquelas pessoas que não estão trabalhando num determinado período de referência, mas estão dispostas a trabalhar, e para isso, tomam alguma providência efe va (procuram emprego).
4 25
A11 Estrutura populacional brasileira
População Economicamente A va (PEA)
Geografia
Brasil - Razão de dependência - PEA X PEI PEA
8,71
46,68
8,99
43,79
8,36
41,15
8,49
40,29
10,02
37,74
0-14 anos
11,46
33,65
13,52
29,99
65 anos ou +
16,23
27,35
19,49
25,51
23
26
31
36
23 23 23 23
44,61
47,55
2000
2003
49,49
2006
50,22
2007
52,24
2010
54,89
2015
56,49
56,42
2025
2020
55
2030
54
2035
51
2040
46
2045
41
2050
Para a economia de qualquer país, a melhor forma de relação das classificações apresentadas acima é a PEA > PEI. Nessas condições, a PEA apresenta uma maior contribuição em impostos em comparação com a PEI, que possui uma contribuição mais elevada de forma indireta. Para os indicadores da previdência social, a PEA sendo superior à PEI, resulta uma arrecadação maior que os gastos com as aposentadorias e pensões. Fonte IBGE, acesso em:https://www.ibge.gov.br/ apps/populacao/projecao/
A R az ã o de D ependê nc ia é outro conceito demográfico que precisa ser bem analisado pela governança do país. Ela corresponde a um coeficiente comparativo que mede a relação entre PEI e PEA. Esse comparativo define a porcentagem que um grupo (PEA ou PEI) é superior ou inferior, comparado com o outro. Analisando o gráfico nº 8, podemos observar que no ano 2000, registrou-se uma PEI > PEA, em uma razão de dependência que apresentava 10,78%, ou seja, a PEI era 10,78% maior que a PEA. Como já visto neste módulo, existe a previsão de que a população brasileira, ainda neste século, sofrerá um crescimento vegetativo negativo. Isso implica uma reversão populacional, em que a transição demográfica vai se mostrando com o aumento dos adultos em uma velocidade superior ao dos jovens e idosos. Estudando o gráfico acima, encontramos essa transição no ano de 2007, quando a população adulta relacionada à PEA superou a PEI. Essa superação dá início ao Bônus Demográfico. Esse período de bonificação terá seu limite para o Brasil durante a década de 2040, segundo estudos do IBGE. Os críticos de pesquisas econômicas/demográficas deixam bem clara a importância desse período de bonificação para o Brasil, pois ele é uma das armas que a governança deve usar para resolver ou amenizar os problemas previdenciários do País. Vale a pena salientar que o maior gasto do Governo Federal está relacionado à previdência social. Em países desenvolvidos, cuja PEI é superior à PEA, esse bônus demográfico já foi concluído. Utilizando-se de políticas preventivas, encontramos garantias regimentais para o custeio de suas respectivas previdências sociais.
O trabalho infantil no Brasil A11 Estrutura populacional brasileira
Segundo o Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil - FNPETI, o termo “trabalho infantil” refere-se, neste Plano, às atividades econômicas e/ou atividades de sobrevivência, com ou sem finalidade de lucro, remuneradas ou não, realizadas por crianças ou adolescentes em idade inferior a 16 anos de idade, ressalvada a condição de aprendiz a partir dos 14 anos de idade, independentemente da sua condição ocupacional. A Constituição Federal brasileira de 1988, em seu inciso XXXII, do Art. 7°, salienta sobre o assunto: n
4 26
É proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos de idade e de qualquer trabalho a menores de 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz (a partir de 14 anos de idade).
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
n
n
A existência de trabalho infantil e de adolescentes representa uma agressão, uma negatividade aos direitos que lhe são garantidos constitucionalmente, como direitos fundamentais e humanos. Infelizmente, esse tipo de agressão faz parte do histórico brasileiro, por meio de resultados da elevada pobreza e da miséria, além da ausência ou insuficiência de políticas públicas que garantam a efetiva prática dos direitos garantidos mencionados na Constituição brasileira de 1988. O Brasil, em 1990, ratificou perante a comunidade internacional, a Convenção dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas – ONU. No mesmo ano, o País criou a Lei 8 069 de 13 de julho, denominada Estatuto da Criança e do Adolescente. Posteriormente, nessa mesma linha, confirmou as Convenções 138 e 182, sobre o combate ao trabalho infantil, na Organização Internacional do Trabalho – OIT.
Em 2017, o IBGE, por meio de sua Pesquisa Nacional por Amostra de domicílio – Pnad, realizada em 2016, apresentou seu relatório, contestado por várias organizações, sobre o trabalho infantil no território brasileiro. Essa contestação se deu pelo fato do referido instituto ter alterado a metodologia de pesquisa para a produção do relatório mencionado. Até antes de 2016, a pesquisa considerava a produção para consumo próprio (familiar), como pesca e plantio de alimentos, entre as atividades econômicas computadas. No entanto, em 2016, essas atividades foram excluídas da relação de trabalho infantil e passaram a ser contabilizadas separadamente. Dessa forma, os dados apresentados, por serem feitos com uma nova metodologia, não serviram como matéria de contraste com os relatórios anteriores. Segundo o relatório exposto em 2017 pelo IBGE, no ano anterior, o Brasil tinha 2,7 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos exercendo algum tipo de trabalho. Mas, como a divulgação foi referenciada pela nova metodologia, o número apontado caiu para 1,8 milhão de meninos e meninas trabalhando em situações ilegais. Já as 900 mil crianças e adolescentes restantes passaram a ser mensuradas pela prática de um trabalho legalizado. RR
Total de pessoas ocupadas com 5 a 17 anos:
AP
PA
AM
CE
MA PI AC
TO RO MT
BA
0-101.410 RN PB PE AL SE
GO MG MS
ES SP RJ PR SC
Por meio desses estudos, o relatório apresentado pelo IBGE demonstra que existem milhares de crianças e adolescentes que, além do trabalho forçado do dia a dia, são responsáveis por muitas atividades domésticas. Outra constatação é a existência de trabalho como cuidadores de idosos ou doentes da família e a própria função de cuidar da casa, que, na maioria das vezes, é responsabilidade das meninas. Número de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos ocupados por grupamento de atividade do trabalho princ ipal - B rasil 2014 Grupamento de atividade Agricultura, pecuária, silvicultura,
E m ( %)
E m ( %)
30,8
7,1
23,9
4,4
13,9
2,5
10,7
2,7
8,6
1,5
Construção
6,9
2,5
Serviços domésticos
5,2
2,7
Atividades mal definidas
0,0
2,4
Total
100,0
3,3
pesca e aquicultura Comércio e reparação
*
Serviços de alojamento, alimentação, transportes, financeiros e imobiliários
Indústria de transformação, extração mineral, petróleo, gás, eletricidade e água
Administração pública, educação, saúde, serviços sociais, coletivos e pessoais
0-101.4102002.820 2002.821304-230 304.231405.640
(*) Em relação à ocupação total dos grupamentos de atividades
RS
Mapa 01 - Brasil – mapa do trabalho infantil
Fonte: Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI). O trabalho infantil nos principais agrupamentos de atividades econômicas do Brasil, p. 16. Brasília, 2016, adaptado.
4 27
A11 Estrutura populacional brasileira
n
Geografia
Trabalho infantil e suas principais ocupações por quatro estados brasileiros
SAIBA MAIS
E stados
P opulaç ã o total na faixa etá ria entre 5 e 17 anos
T rab alh o infantil (faixa etá ria entre 5 e 17 anos)
% do trabalho infantil em referência à populaç ã o total c om faixa etária entre 5 e 17 anos
T rê s princ ipais oc upaç õ es
Rio Grande do Sul
1 939 473
177 765
9,17%
Agropecuária Comércio Serviços
Maranhão
1 851 229
144 318
7,80%
Agropecuária Comércio Serviços
Goiás
1 332 390
99 915
7,50%
Comércio Serviços Agropecuária
São Paulo
7 856 362
405 640
5,16%
Comércio Serviços Produção
MENOR APRENDIZ No Brasil, a idade mínima para um trabalhador ter sua carteira registrada é de 16 anos. A partir dos 14 anos de idade, o futuro trabalhador pode ser um menor aprendiz.
Fonte: Wikimedia commons
O Aprendiz L egal é um programa voltado para a preparação e inserção de jovens no mundo do trabalho, que se apoia na Lei da Aprendizagem (10.097/2000). O aprendiz é o adolescente ou jovem entre 14 e 24 anos de idade que esteja matriculado e frequentando a escola, caso não tenha concluído o Ensino Médio, e inscrito em programa de aprendizagem (art. 428, caput e § 1º, da CLT). Se o aprendiz for pessoa com deficiência, não haverá limite máximo de idade para a contratação (art. 428, § 5º, da CLT).
Fonte: Rede peteca. www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/mapa-do-trabalho-infantil/
Nível de escolaridade e analfabetismo brasileiros A escolaridade é um dos grandes problemas sociais do Brasil. A permanente deficiência estrutural da educação no País é resultado da falta de uma política educacional consistente e duradoura. A educação, portanto, não é considerada pelo governo como um elemento social básico para a população e para o desenvolvimento do País. Entre vários fatores que propiciam consequências lastimáveis à educação brasileira, podemos citar: n n n n n
n
A11 Estrutura populacional brasileira
n
n
Baixo nível de investimentos em todos os níveis da educação; Estruturas físicas de escolas e universidades públicas sucateadas por falta de dinheiro para manutenção; Insuficiência de vagas para a sociedade em todos os níveis educacionais; Falta de formação continuada dos professores; Falta de interesse por parte de estudantes para serem futuros professores, tanto pelos baixos salários, quanto pela falta de reconhecimento por parte da sociedade para com essa profissão; Insuficiência de professores nas instituições educacionais públicas, por falta de profissionais no mercado ou falta de verba governamental; Displicência na formação de uma diretriz educacional compatível com a realidade e necessidade da educação das diferentes regiões do País ou de âmbito nacional, para todos os níveis da educação; Falta de uma fiscalização educacional por parte do governo em relação à qualidade pedagógica e estrutural das instituições de ensino.
Nessas condições, a educação, que segundo a Constituição brasileira de 1988 seria um direito de todos e um dever do Estado, passa a ser sucateada na esfera pública e transformada em um artigo consumível em instituições privadas, por vezes de baixa qualidade. 4 28
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínuo, de 2017, tendo por referência dados de 2016, o Brasil possuía cerca de 11,8 milhões de pessoas com 25 anos ou mais, analfabetas, e aproximadamente 25 milhões de jovens com idades entre 14 e 29 anos fora das instituições de ensino. Além disso, 20% dessa última faixa etária de jovens são chamados de “nem nem”, pois são mais de 10 milhões de pessoas jovens que não trabalham, não estudam e não possuem qualquer tipo de qualificação profissional.
n
Distribuição dos "nem nem" pelo Brasil
NORTE
NORDESTE 22,3%
25,5%
n
18,6%
MÉDIA BRASILEIRA
CENTRO OESTE 18,7%
20,5%
de anos que uma pessoa nascida em determinado país viveria a partir do nascimento. Acesso a conhecimento: é medido por meio de dois indicadores. A esc olaridade da população adulta é medida pelo percentual de pessoas de 18 anos de idade, ou mais, com ensino fundamental completo (tem peso 1). Já o fluxo escolar da população jovem é medido pela média aritmética do percentual de crianças de 5 a 6 anos frequentando a escola, do percentual de jovens de 11 a 13 anos frequentando os anos finais do ensino fundamental, do percentual de jovens de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo e do percentual de jovens de 18 a 20 anos com ensino médio completo (tem peso 2). A medida acompanha a população em idade escolar em quatro momentos importantes da sua formação. Isso facilita aos gestores identificar se as crianças e jovens estão nas séries adequadas nas idades certas. Padrão de vida: é medido pela renda per capita, ou seja, a renda média da população de determinado país. É a soma de toda riqueza gerada pelo país, dividida pelo total de sua população, incluindo pessoas que não geram riqueza (como as crianças, por exemplo).
SUDESTE 15,3%
Mapa 02 - Distribuição dos “nem nem” pelo Brasil
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (Lei no 9.394, de 20.12.1996), o S istema E duc ac ional B rasileiro é estruturado da seguinte forma: A educação básica contempla a educação infantil (creche e pré-escola), o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Ela pode ser oferecida por meio do ensino regular, da educação especial (modalidade oferecida para o educando com algum tipo de deficiência) e da educação de jovens e adultos. A educação superior, por sua vez, oferece cursos de graduação, pós-graduação, sequenciais e de extensão.
Índice de Desenvolvimento Humano e Í ndic e G I NI O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH foi criado pelo economista indiano Prêmio Nobel da Economia de 1998, Amartya Sen, para ser uma medida concisa do desenvolvimento a longo prazo em três estruturas fundamentais para o desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. Esse índice também teve como objetivo fazer contraponto ao indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera, apenas, a dimensão econômica do desenvolvimento. O arcabouço do IDH global é estruturado com os seguintes indicadores e estudos: n
Vida longa e saudável: é medida pela expectativa de vida ao nascer. Esse indicador mostra o número médio
O IDH é um número que varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano do país. Por outro lado, quanto mais distante de 1, menor será o desenvolvimento humano daquele país. A partir de 2011, a ONU abrangeu 188 países e territórios para o estudo do IDH. Com essa nova condição, a Organização criou uma nova classificação. Veja a seguir. 0,599 0,500 0,799 0,800 0,499 0,500 0,699 0,700
0
Muito Baixo
Baixo
Médio
Alto
1
Muito Alto
Em 2017 , o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulgou relatório de classificação de IDH, com referência ao desenvolvimento humano de 2016. Segundo a ONU, o B rasil ficou estagnado na 7 9ª posição do ranking, com 0,7 5 4 (alto)- a mesma classificação de 2014. Durante 11 anos, o País não registrou um IDH igual ou menor que o ano anterior. Entre 1990 e 2014, o Brasil saiu de um IDH de 0,611 e alcançou 0,754 - um aumento de 23,4%, em que os maiores crescimentos foram registrados entre 2012 e 2014. Na composição dos indicadores, a queda da renda per capita foi a causadora dessa estagnação, pois os outros indicadores – expectativa de vida e escolaridade – ainda mostram crescimento. No caso específico do Brasil, com suas desigualdades socioeconômicas regionais e entre suas regiões, foram criados estudos para a análise dos desenvolvimentos humanos do País, com classificação municipal (IDHM), com base nas informações do IBGE. 4 29
A11 Estrutura populacional brasileira
SUL
Geografia
1991 Desenvolvimento Humano
N° de municípios
%
2000 Nº de municípios
%
2010 Nº de municípios
%
Muito alto
0
0,0
0,0
0,0
4,4
0,8
Alto
0
0,0
133
2,4
1889
33,9
Médio
42
0,8
1451
26,1
2233
40,1
Baixo
745
13,4
1652
29,7
1367
24,6
4 777
85,8
2328
41,8
32
0,6
Muito baixo
Desenvolvimento Humano Muito alto Alto Médio Baixo Muito baixo
1991
2000
2010
Gráfico 08 - Distribuição dos municípios – Elevações de faixas de desenvolvimento humano municipal – 1991, 2000 e 2010 1991
2000
Muito alto (acima de 0,800)
Médio (0,600 até 0,699)
Alto (0,700 até 0,799)
Baixo (0,500 até 0,599)
2010
Muito baixo (0,000 até 0,499)
Mapa 03 - Brasil – Evolução do IDHM – 1991, 2000 e 2010
O Í ndic e G I NI é uma medida de desigualdade elaborada pelo matemático estatístico italiano, Corrado Gini, em 1912. Esse índice é utilizado para calcular o nível de desigualdade de distribuição de renda. Além disso, apresenta uma classificação que varia entre 0 e 1, em que 0 corresponde à desigualdade total e 1 indica a desigualdade completa em uma determinada sociedade. Sua elaboração é baseada na curva de Lorenz, que mostra como a proporção acumulada da renda varia em função da proporção acumulada da população, estando os indivíduos ordenados pelos valores crescentes da renda.
A11 Estrutura populacional brasileira
O Índice GINI também representa uma variável para o Índice de Desenvolvimento Humano e Desigualdade – IDHD. Com dados de 2015, divulgados pela ONU em 2017, o relatório do IDHD classificou o Brasil como um dos 10 países mais desiguais (diferença entre riqueza e pobreza) do mundo e com uma baixa representatividade feminina na sociedade. Considerando-se apenas o IDH, o País manteve 0,754 e ao incluir a desigualdade de renda, caiu para 0,561, sendo rebaixado para a classificação média.
Índice de Gini
Nessas condições, o Brasil regrediu 19 posições, tornando-se o quarto pior da América Latina e Caribe. Seu percentual de desigualdade de renda foi de 37%, superior aos 34,9% da América Latina e Caribe.
Proporção acumulada de renda
e
ad
ald
gu
li ota et
d ta Re
ção
tra cen
on
a
Áre
c de
Curva de Lorenz
Proporção acumulada da população
4 3 0
A desigualdade no cenário brasileiro cresceu também em relação ao Índice de Desigualdade de Gênero da ONU, no mesmo relatório mencionado acima, ficando em 92º lugar entre os 152 países analisados. Para se ter ideia, apesar de as mulheres possuírem a maior expectativa de vida e a maior quantidade de graduações e pós-graduações, elas ainda apresentam baixa representatividade em praticamente todos os setores da sociedade.
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação 01. Suponha que você trabalhe para o governo e precise ajudar a decidir sobre a distribuição de verbas para a saúde e a educação. Para isso, você deve analisar as pirâmides etárias do Brasil de 1991 e 2010. Brasil: Pirâmides Etárias - 1991 2010 1991 mulheres
homens
80 a + 70 a 79
faixa etária (anos)
60 a 69 50 a 59 40 a 49 30 a 39 20 a 29
cluídas nos programas de distribuição emergencial de água ou no programa de cisternas. Adaptado de correiodobrasil.com.br, 07/01/2004.
O Programa Fome Zero integrou ações governamentais destinadas à melhoria das condições de vida de segmentos específicos da sociedade brasileira. Um dos principais resultados desse programa, a médio prazo, foi a) redução da mortalidade infantil b) erradicação do desemprego rural c) estabilização da migração populacional d) redistribuição do operariado qualificado
10 a 19 0a9 15%
10
5
0
5
10
15%
percentual da população
2010 mulheres
homens
80 a + 70 a 79
faixa etária (anos)
60 a 69 50 a 59 40 a 49 30 a 39 20 a 29 10 a 19 0a9 15%
10
5
0
5
10
15%
03 . ( U erj R J ) Tendo em vista o envelhecimento da população, com o objetivo de aliviar os gastos com a aposentadoria, uma medida tem sido frequentemente implantada: o aumento do tempo de serviço para os trabalhadores. Entretanto, em países pobres, tal medida é questionada em função do seguinte indicador demográfico: a) alta mortalidade infantil. b) baixo percentual de jovens. c) reduzida expectativa de vida. d) elevada taxa de analfabetismo. 04 . ( F M P R J ) No mapa abaixo, é exibido o índice de envelhecimento no Brasil.
percentual da população
02. ( U erj R J ) O Programa Fome Zero em seu primeiro ano (2003) quase dobrou a meta, atendendo 1,9 milhão de famílias. O Programa Bolsa Família, que também integra o Fome Zero, foi classificado pelo jornal americano The New York Times como o maior programa do mundo de transferência de renda. Esse programa atendeu cerca de 3,6 milhões de pessoas com uma bolsa de R$ 72,81 em média por mês. A distribuição de cestas básicas chegou a mais de 250 mil famílias, levando comida para cerca de 1,3 milhão de pessoas. Já as compras da agricultura familiar, além de garantirem a produção e a comercialização dos produtos, estão ampliando a renda de cerca de 6,4 mil famílias, beneficiando mais de 32 mil pessoas. Além disso, mais de 290 mil famílias estão in-
A unidade da federação com o menor índice de envelhecimento exclusivamente em todo o seu território é o estado do a) Pará. b) Paraná. c) Amapá. d) Tocantins e) Maranhão.
4 3 1
A11 Estrutura populacional brasileira
Considerando-se as tendências apontadas pelas pirâmides etárias, as verbas devem priorizar a) os programas de controle de natalidade. b) os programas de atendimento pré-natal e as gestantes. c) a ampliação do número de creches e a educação infantil. d) os serviços de saúde para as crianças e os jovens. e) a assistência aos idosos e a previdência social.
disnado e poos.
Geografia
Exercícios C om p l em en t ares 01. ( U P E P E ) Analise o gráfico a seguir:
IV.
Distribuição etária da população por sexo 2000 e 2035 80+ 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5- 9 0- 4 6
V.
4
2 Homens 2000
0 2035
2 Mulheres 2000 2035
4
6
Sobre a estrutura e a dinâmica da população brasileira, considere as seguintes afirmações: 1. O regime demográfico, vigente no período 1990-2000, foi caracterizado pelo rápido crescimento populacional e industrial e por deslocamentos internos da população, cujo resultado foi um grande aumento da taxa de natalidade em um país mais urbanizado. 2. O que se convencionou chamar de segunda fase da história populacional brasileira é o período que se estende de 1940 a 1970. Nesse período, o Brasil era um país de jovens, que crescia, se industrializava e se movimentava. 3. A projeção da estrutura etária da população brasileira para 2035 revela a contradição entre o envelhecimento populacional e a onda jovem. Nota-se um alargamento da base da pirâmide, resultado da queda da fecundidade e observa-se um crescimento na proporção da população com idade compreendida entre 10 e 14 anos.
A11 Estrutura populacional brasileira
Está CORRETO o que se afirma em a) 1, apenas. b) 2, apenas. c) 1 e 2, apenas. d) 2 e 3, apenas. e) 1, 2 e 3. 02. ( E spc ex S P ) No Brasil observa-se nítido processo de transição demográfica, especialmente nas duas últimas décadas, cujos censos demográficos realizados pelo IBGE revelam I. aumento da taxa de mortalidade infantil associado à carência dos serviços públicos essenciais no País. II. estreitamento do corpo da pirâmide etária como resultado da significativa redução do número de jovens. III. o ingresso do Brasil no período de passagem da chamada “janela demográfica” devido ao significativo aumento percentual da população em idade ativa no País.
4 3 2
aumento do número de óbitos associado ao crescimento absoluto da população e ao aumento da participação percentual de idosos no conjunto total dela. redução da fecundidade, para nível inferior ao preconizado pela Organização das Nações Unidas como taxa de reposição da população, e aumento da esperança de vida da população.
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas corretas. a) I, II e IV b) I, III e IV c) I, II e V d) II, III e V e) III, IV e V 03 . ( C F T M G ) Analise os mapas a seguir. Renda Per Capita (em reais)
Índice de Gini
Menos de 6 000
Menos de 6 000
6 000- 10 000
6 000- 10 000
10 000-19 000
10 000-19 000
Mais de 19 000
Mais de 19 000
Aumento da renda Per Capita no período de 2003/2007 Maiores Menores
A partir da análise dos mapas, afirma-se que: I. os estados com as maiores rendas per capita destacam-se positivamente na distribuição da renda. II. o aumento de renda per capita nas unidades da federação em destaque indica deslocamento em massa de população para as classes A e B. III. apesar dos avanços, os mapas continuam registrando a região Nordeste como aquela que apresenta as piores condições socioeconômicas do país. IV. para elaboração de políticas de transferência de renda, é recomendável a utilização dos dados apresentados no segundo mapa. Estão corretas apenas as afirmativas a) I e II. b) I e IV. c) II e III. d) III e IV.
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
www.unicamp.br. Adaptado.
O momento do bônus demográfico corresponde, na estrutura populacional de um país, a) ao aumento da taxa de natalidade. b) à redução da razão de dependência. c) à contração do sistema previdenciário. d) ao avanço do desemprego estrutural. e) à manutenção do crescimento horizontal. 05 . ( U F R G S R S ) Observe as figuras abaixo. Distorção idade-série por UF no Brasil 2006
2015
Até 5% dos alunos De 6% até 10% dos alunos De 11% até 15% dos alunos De 16% até 20% dos alunos De 21% até 30% dos alunos De 31% até 50% dos alunos
As figuras mostram a proporção de alunos com atraso escolar de 2 anos ou mais, em todo o Ensino Básico, nos anos de 2006 e 2015, no Brasil, por Unidade da Federação (UF). Assinale a alternativa correta sobre a distorção entre idade e série, no Brasil, entre 2006 e 2015. a) Os percentuais de alunos com atraso escolar, em todas as UFs, apresentam redução. b) Minas Gerais e Rondônia apresentam as maiores quedas nas suas taxas, o que reduz pela metade o percentual de alunos com atraso escolar. c) O Norte do Brasil abriga os maiores percentuais de alunos em defasagem idade-série nos dois anos. d) A região Centro-Oeste registrou maior redução do percentual de alunos com defasagem idade-série, exceto o Mato Grosso. e) Vários estados não apresentaram mudanças de valores percentuais, o que acarretou pouca diferença no que se refere ao atraso escolar nas UFs. 06 . ( P U C R J ) “Brasil pode se tornar o país mais obeso do mundo em 15 anos” Afirmação de Mariana Della Barba, publicada pela BBC Brasil, em 26-08-2015 Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/546202-brasil-pode-se-tornar-pais-mais-obeso-do-mundo-em-15-anos. Acesso em: 19 jul 2016.
A reportagem feita com profissionais de alta qualificação sobre os temas nutricionais em todo mundo aponta para um fenômeno chamado de transição nutricional no país. Tal fenômeno está associado ao: a) acréscimo de produtos de baixo valor nutricional à rica dieta da população que, a partir da melhoria de renda, deixa de comer frutas e legumes para aumentar o consumo de carne vermelha. b) aumento da renda média das famílias brasileiras e a substituição da escassez alimentar anterior por produtos industrializados mais baratos, que possuem baixo valor nutricional e são altamente calóricos. c) redirecionamento da renda média dos habitantes do país para o consumo, em quantidades elevadas, de bens alimentares geneticamente modificados que eliminam a fome utilizando-se de meios não seguros. d) fortalecimento do consumo de produtos da agricultura orgânica pelas populações que melhoram os seus recursos econômicos, aumentando-se a acumulação de bens materiais e reduzindo-se os cuidados com a alimentação. e) encarecimento dos bens de primeira necessidade aumentando-se o consumo de produtos industrializados com alta concentração de açúcar, mais caros do que as frutas e verduras, e altamente calóricos. 07 . A Constituição é a legislação máxima de um país e define, entre outros itens, os principais propósitos de um Estado. A atual Constituição brasileira, em seu terceiro artigo, define como objetivos fundamentais do país a construção de uma sociedade livre, justa e solidária; a garantia do desenvolvimento nacional; a erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais; a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Assinale a alternativa que apresenta, de forma correta, as características deste documento. a) A atual Constituição brasileira, promulgada na década de 1960, foi a primeira a instituir o voto feminino e o dos analfabetos. b) Chamada de “Cidadã”, a Constituição de 1988 define como um dos objetivos do país a redução das desigualdades sociais e regionais. c) Escrita por senadores no início do século XX, a atual Constituição brasileira recebeu diversas alterações antes de ter a forma que conhecemos hoje. d) A Constituição brasileira, em vigor desde 1998, não está de acordo com os tratados internacionais no que diz respeito aos direitos humanos. e) Promulgada em 1967, a atual Constituição brasileira baseia-se em princípios que serviram de sustentação ao regime militar.
4 3 3
A11 Estrutura populacional brasileira
04 . ( F amerp S P ) O demógrafo e economista José Eustáquio Alves, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), falou sobre o bônus demográfico, momento que segundo o especialista, acontece apenas uma vez na história de cada país. “É o momento em que a pirâmide está se transformando. Depois, ele passa e chega o envelhecimento populacional”, constatou.
FRENTE
A
GEOGRAFIA
MÓDULO A12
ASSUNTOS ABORDADOS n F ormaç ã o da populaç ã o b rasileira n A formação da etnia nacional n As primeiras imigrações
FORMAÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA A formação da etnia nacional As diferentes etnias, culturas e tradições são as variantes da formação populacional brasileira. O resultado das combinações entre europeus (principalmente portugueses), africanos, asiáticos e índios nativos, fez emergir, segundo o antropólogo Darcy Ribeiro, uma população mutante, com características próprias em sua etnia nacional. “Mais que uma simples etnia, porém, o Brasil é uma etnia nacional, um povo-nação, assentado num território próprio e enquadrado dentro de um mesmo Estado para nele viver seu destino. Ao contrário da Espanha, na Europa, ou Guatemala, na América, por exemplo, que são sociedades multiétnicas regidas por Estados unitários, e por isso mesmo, dilaceradas por conflitos Interétnicos, os brasileiros se integram em uma única etnia nacional, constituindo assim um só povo incorporado em uma nação unificada, num Estado uniétnico. A única exceção são as múltiplas microetnias tribais, tão imponderáveis que sua existência não afeta o destino nacional.” Ribeiro, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 2011, p. 21 e 22.
Em seu livro, Darcy Ribeiro deixa claro que essa união das características sociais formadora da nossa etnia nacional não deve impedir a visão humana para uma análise crítica das desigualdades sociais, das contradições, dos antagonismos, dos preconceitos e do racismo que subsistem em nossa sociedade. Essa etnia nacional possui uma dinâmica constante. Os processos migratórios existentes em nosso país mostram o deslocamento de costumes e tradições que comungam com as formas de ser e pensar das regiões receptoras desses novos habitantes. Associada a essa migração interna, podemos citar, também, a chegada de novos imigrantes que apresentam grande potencial agregador em nossos costumes.
4 3 4
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
A diversidade genética humana do Brasil Em nosso país, encontramos uma grande diversidade genética humana. Partindo desse fenômeno, podemos dividir a raça humana contida no Brasil, conforme suas cores de pele. Por não existir um critério específico para distinguir nossa sociedade, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, apresenta em suas pesquisas demográficas uma classificação com cinco grupos: indígenas, brancos, pretos, pardos e amarelos. No grupo dos pardos, encontramos uma característica genérica que é o fato de seus subgrupos advirem da soma de três grupos distintos: pardos cafuzos (pretos com índios), pardos c ab oc los (brancos com índios) e pardos mulatos (brancos com pretos). Sendo assim, para os estudos do IBGE, esses três subgrupos são considerados, estatisticamente, como pardos. Em 2017, a agência IBGE de notícias divulgou um relatório de estatística social, com dados da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar Contínua – PNADC, sobre a queda do número de brancos e o aumento dos números de pretos e pardos no Brasil, entre 2012 e 2016. Segundo o relatório, no período estudado, a população brasileira cresceu 3,4%, alcançando em 2016 a marca de 205,5 milhões de habitantes. Desse montante, 90,9 milhões de pessoas se declararam brancas, 95,9 milhões se autodeclararam pardas e 16,8 milhões, negras. O restante, 1,9 milhões de habitantes eram índios e amarelos. Nas pesquisas domiciliares do IBGE, a cor dos moradores é definida por autodeclaração, ou seja, o próprio entrevistado escolhe uma das cinco opções do questionário: branco, pardo, preto, amarelo ou indígena. PNAD-C I Distribuição da populçao, por cor ou raça Brasil - 2012-2016 50,0
46,6
-70°
-60°
45,3 46,7
44,2
-50°
RORAIMA
-40°
AMAPÁ
A
0°
T
-30°
Equador
L
40,0
Â
N
T
I
C
0°
O
30,0 RIO GRANDE DO NORTE
CEARÁ
20,0
AMAZONAS
10,0
7,6
MARANHÃO PARÁ
8,2
PARAÍBA PERNAMBUCO PIAUÍ
ACRE
0,0
ALAGOAS
-10°
-10°
Branca
TOCANTINS
RONDÔNIA
SERGIPE
BAHIA
2012
2016 MATO GROSSO GOIÁS
DF MINAS GERAIS
ESPÍRITO SANTO MATO GROSSO DO SUL
-20°
RIO DE JANEIRO
SÃO PAULO
A
T
L
Â
N
T
I
C
O
-20°
Trópico de Cap ricór
PARANÁ
SANTA CATARINA
C
E
A
N
nio
O
O
A pesquisa mostra que, entre 2012 e 2016, a participação percentual dos brancos na população do País caiu de 46,6% para 44,2%, enquanto a participação dos pardos aumentou de 45,3% para 46,7% e a dos pretos, de 7,4% para 8,2%. Além disso, há marcantes diferenças regionais na distribuição da população por cor, o que pode ser explicado pelo processo de ocupação do território.
RIO GRANDE DO SUL -30°
-30°
D istrib uiç ã o da populaç ã o b rasileira ( por c or) em % R egiã o
P reto
P ardo
B ranc o
Norte
7
72,3
19,5
Sul
3,8
18,7
76,8
Nordeste
9,9
64,7
24,8
Sudeste
9
37,6
52,2
Centro-Oeste
6,9
55,3
37
-70°
Cor e raça branca preta
-60°
-50°
-40°
-30°
População total (mil habitantes) 43 769
parda amarela
20 628
indígena
491
Fonte: IBGE. Diretoria de Pesquisa – DPE 2017
4 3 5
A12 Formação da população brasileira
Branca
Branca
Geografia
O s indí genas na soc iedade b rasileira Quando os europeus chegaram ao continente americano, estima-se que em território brasileiro encontravam-se entre 1 e 5 milhões de indígenas, distribuídos em cerca de mil povos. Com o início da exploração portuguesa em sua colônia americana, os nativos passaram a promover novas dinâmicas de sobrevivência. Entre elas, estão os processos migratórios para o interior do território para fugirem da escravidão e da morte. Logo no início dessa colonização, muitos índios Tupis do litoral brasileiro foram obrigados a contribuírem com a extração do pau-brasil. A economia da cana-de-açúcar, no Nordeste colonial, gerou extermínios de grupos indígenas, também Tupis da região. Esse sistema de plantation, provocou o surgimento de uma economia secundária proveniente da pecuária, no Agreste nordestino, propiciando grandes demandas de migrações indígenas, para salvarem suas vidas. As expedições dos Bandeirantes abriram as portas para as explorações de recursos minerais valiosos, como o período do ouro nos estados de Minas Gerais e Goiás. Esse período ocasionou elevados processos migratórios (internos e externos) para tais regiões, propiciando dizimações indígenas como as dos povos Caiapós e Xavantes. No censo demográfico do IBGE de 2010, foram registrados 896,9 mil indígenas, distribuídos em todos os estados brasileiros. Esses índios faziam parte de 305 etnias diferentes e falavam 275 línguas distintas.
AP RR
Em geral, o número de pessoas que passaram a se autodeclarar indígenas vem aumentando. Muitas delas são miscigenadas, atualmente, e vivem em territórios distintos de suas origens. MA CE
AM PA
RN
Características sociodemográficas dos índios brasileiros PI AP
PB PE AL
RR RO
AC
MT
TO
AP
SE
RR
BA MA
CE
AM GO DF
PI
MG
PB PE PA AL
AM RO MS
AC
RN
PA
MT
ES
TO
MA CE PI
SE
SP
RO
AC
PR
MT
TO SE
GO DF SC
A12 Formação da população brasileira
PB PE AL
BA
RJ
BA MG GO DF
RS
MS
ES
MG
RJ SP Biomas
Terra Indígena
Amazônia
Limite Amazônia Legal
Mata Atlân ca
PR até 1 000
RJ
SC
SP
1 001 a 3 000
PR
3 001 a 6 000
Caa nga Pantanal
ES
MS
Número de pessoas
Cerrado
RS
SC
6 001 a 11 000
Pampa 11 001 a 25 719 Biomas Amazônia
Limite Amazônia Legal
Mata Atlân ca Cerrado Caa nga Pantanal
4 3 6
RS
Número de pessoas
Terra Indígena
RN
até 1 000 1 001 a 3 000
Biomas Mapa 023 -001 População indígena nos municípios Número – 2010de pessoas a 6 000 Terra Indígena 6 001 a 11 000 Limite Amazônia Legal
Pampa
Amazônia Mata Atlân ca Cerrado
11 001 a 25 719
até 1 000 1 001 a 3 000 3 001 a 6 000
Caa nga Pantanal
6 001 a 11 000
Pampa 11 001 a 25 719
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Até 25 26 a 50 51 a 100 101 a 200 201 a 500 501 a 1 000 1 001 a 5 000 Acima de 5 000
Mapa 03 - População indígena nas terras indígenas – 2010
Distribuição percentual das pessoas indígenas Distribuição percentual das pessoas indígenas Composição por sexo e idade indígena, Composição por sexo e idade da população indígena, de 15 anos de idade ou mais, por localização de domicílio, deda 15população anos de idade ou mais, por localização de domicílio, por localização do domicílio - Brasila-condição 2010 por localização do domicílio - Brasil - 2010 segundo de alfabe zação – Brasil – 2010segundo a condição de alfabe zação – Brasil – 2010
50
90 (%) 90 80 80 76,6 70 70 60 60 50 50
40
40 40
90 80 70
Homens
Mulheres
Homens
60
30
(%) 85,590 80 Mulheres 67,7
60 50
–2
–1,5
–1
–0,5
Terras Indígenas
40 30
23,4
20
20 20
20 14,5
10
10 10
10
0 –2,5
0
0,5 –2,51
–21,5 –1,52
–1 2,5
–0,5
Fora de Terras Indígenas Terras Indígenas
Gráfico 01 - Composição por sexo e idade da população indígena por localização de domicílio - Brasil - 2010
0
67,7
70
32,3
30 30
85,5 76,6
Total 0,5
1
Terras Indígenas 1,5 2 2,5
Fora de Terras Indígenas
32,3 23,4
0 Fora de Terras Total Indígenas Analfabetos
14,5
Terras Indígenas
Fora de Terras Indígenas Analfabetos
Gráfico 02 - Distribuição percentual das pessoas indígenas de 15 anos de idade ou mais, por localização de domicílio, segundo a condição de alfabetização – Brasil – 2010 A12 Formação da população brasileira
Em 1910, foi criado o Serviço de Proteção ao Índio – SPI, tendo como seu primeiro diretor, Cândido Mariano da Silva Rondon (Marechal Rondon). Dessa maneira, pela primeira vez, o Brasil passou a reconhecer os direitos indígenas em sua legislação. Mesmo com o SPI, os índios continuaram a ser expulsos de suas terras e mortos em nome do “progresso” brasileiro. Isso pode ser exemplificado com a expansão cafeeira em São Paulo e posteriormente no Paraná. Em 1967, a Fundação Nacional do Índio – FUNAI substituiu a extinta SPI, com a função de assistência e defesa aos índios e suas terras. Já em 1973, foi aprovado o Estatuto do Índio que, entre outras coisas, colocou-os como “parcialmente incapazes” e com a necessidade de serem tutelados pela FUNAI. A Fundação, por sua vez, passou a ser a responsável pela demarcação territorial indígena no Brasil. 4 3 7
Geografia
SAIBA MAIS O QUE SÃO TERRAS INDÍGENAS? Terra Indígena (TI) é uma porção do território nacional, de propriedade da União, habitada por um ou mais povos indígenas, por eles utilizadas para suas atividades 19% produtivas, imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários Sul 10% 6% Sudeste ao seu bem-estar e necessárias à sua reprodução física e cultural, segundo seus 11% Norte usos, costumes e tradições. Trata-se, portanto, de um tipo específico de posse, Nordeste 54% de natureza originária e coletiva, que não se confunde com o conceito civilista de Centro-Oeste propriedade privada. O direito dos povos indígenas às suas terras de ocupação tradicional configura-se como um direito originário e, consequentemente, o procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas se reveste de natureza meramente declaratória. Assim, a terra indígena não é criada por ato constitutivo, e sim reconhecida a partir de requisitos técnicos e legais, nos termos da Constituição Federal de 1988. Ademais, por se tratar de um bem da União, a terra indígena é inalienável e indisponível, e os direitos sobre ela são imprescritíveis. Esse tipo de terra é o suporte do modo de vida diferenciado e insubstituível dos cerca de 300 povos indígenas que habitam o Brasil atualmente. Fonte: FUNAI, adaptado. http://www.funai.gov.br/index.php/nossas-acoes/demarcacao-de-terras-indigenas?limitstart=0#. Acesso em 28.jul.2018
A força africana na formação da população brasileira A presença dos africanos na colônia americana dos portugueses foi registrada no início do século XVI. Esses africanos eram capturados de guerras entre tribos no interior do seu continente de origem. Levados às regiões litorâneas, eram vendidos como mercadoria aos comerciantes de escravos portugueses. Foram muitas as diversidades étnicas e clãs de africanos que vieram para o Brasil, tais como benguela, monjolo, rebolo, nagô, entre outros. Os compradores desses escravos, senhores de engenho, davam prioridade à compra de africanos de etnias e clãs diferenciados, com cultura, costumes e línguas distintas, para dificultar a integração entre eles, evitando, assim, os motins e rebeliões. Resumidamente, a entrada de escravos africanos no século XVI no Brasil, tinha por destino os engenhos de cana-de-açúcar da Zona da Mata nordestina. Já no século XVII, no Maranhão, a mão de obra escrava passou a ser utilizada, também, nas fazendas de algodão. No século XVIII, com a economia do ouro, alavancou-se ainda mais o mercado negreiro e, consequentemente, sua valorização. Posteriormente, a economia cafeeira se apoderou dessa mão de obra.
A12 Formação da população brasileira
Nesse período de escravidão, foram elaboradas justificativas para se ter uma mão de obra nessas condições e não atrapalhar esse mercado tão lucrativo. Com isso, a igreja católica afirmou que os africanos não tinham alma e, por isso, poderiam ser explorados. Os portugueses, por sua vez, argumentavam que o escravo africano, além de se adaptar mais rapidamente à situação, trabalhava melhor que o “preguiçoso” indígena. Com a desorganização dos portos do Brasil escravocrata e principalmente após a lei de 1850, que “proibia” a importação de novos escravos, propiciando o tráfico negreiro, é difícil mensurar quantos escravos africanos entraram no território brasileiro. Contudo, estima-se que tenham sido aproximadamente 4 milhões, entre a metade do século XVI e o século XIX. Desde os primeiros períodos de escravidão, os africanos não aceitavam de forma pacífica sua condição de escravos. Em vários momentos da terrível história escravocrata no País, ocorreram tentativas de fugas, rebeliões e até mesmo suicídios por parte dos escravizados. Nessas fugas, muitos eram recapturados pelo capitão do mato e os que conseguiam fugir se organizavam para a formação de seus quilombos. 4 3 8
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
SAIBA MAIS Fonte: Wikimedia commons
QUILOMBOLAS Os quilombos não pertencem somente ao nosso passado escravista. Tampouco se configuram como comunidades isoladas no tempo e no espaço, sem qualquer participação em nossa estrutura social. Ao contrário, as mais de 3 mil comunidades quilombolas espalhadas pelo território brasileiro mantêm-se vivas e atuantes, lutando pelo direito de propriedade de suas terras, consagrado pela Constituição Federal desde 1988. As comunidades quilombolas podem ser encontradas em pelo menos 24 estados brasileiros, como: Amazonas, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Disponível em: http://www.quilombo.org.br/quilombolas-quem-sao. Adaptado. Acesso em 28.jul.2018
Figura 01 - Quilombo dos Palmares na Serra da Barriga, em Alagoas. O mais importante Quilombo brasileiro.
As primeiras imigraç õ es Os processos imigratórios ocorridos no Brasil foram de grande valia para a formação demográfica do País. Esses processos populacionais apresentaram características e objetivos diferenciados nos seus distintos momentos históricos. A contar do século XVI, a coroa portuguesa demonstrou preocupações com possíveis invasões em sua colônia americana por parte de outras nações europeias. Nesse período, a economia portuguesa limitava a colonização em territórios do Planalto Atlântico. No decorrer histórico e com o Tratado de Madri (1750), as terras coloniais brasileiras foram expandindo para o interior em toda sua extensão Norte e Sul. Nessas novas condições territoriais, a coroa portuguesa imprime uma política de colonização de povoamento em áreas longínquas com o objetivo de assegurar a posse dos novos limites. Com grandes dificuldades financeiras em seu país, os açorianos (pessoas nascidas no Arquipélago dos Açores, em Portugal) passaram a ter incentivos do Rei de Portugal para emigrarem para o Brasil, em especial para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Nestes estados, eles teriam suas porções de terras asseguradas para o desenvolvimento da agricultura e da pecuária.
A12 Formação da população brasileira
Pouco antes da independência, o Brasil teve suas primeiras experiências com processos imigratórios (imigrantes de outras nações), com a colonização de suíços e alemães na região serrana do Rio de Janeiro. Nessa ocasião, os suíços fundaram a cidade de Nova Friburgo. Logo após a independência, o novo império promoveu novas imigrações de povoamento de alemães, agora para o sul do País, com o objetivo de ampliar o povoamento da região e ratificar a soberania dos territórios sulistas brasileiros. Com isso, criaram as cidades de Jaraguá do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo, povoando também o Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul. Desenvolveram o Vale do Itajaí, em Santa Catarina, onde fundaram Joinville e Blumenau, que representam, atualmente, grandes centros urbanos industrializados. Já os italianos, nessa primeira fase de colonização, se estabeleceram nas áreas do planalto sulista e desenvolveram suas culturas de vinha em pequenas propriedades rurais familiares. Na região sudeste do estado de Santa Catarina, os italianos fundaram as cidades de Criciúma e Urussanga. Quanto aos colonizadores eslavos, o Paraná recebeu imigrantes, principalmente poloneses e ucranianos. Esses povos formaram colônias nos vales dos rios Ivaí e Negro, além de grupos que se fixaram em Curitiba. 4 3 9
Geografia
As novas imigrações e a substituição da mão de obra escrava Na segunda metade do século XIX, o Brasil deu início a uma nova etapa migratória, que foi motivada pelos seguintes fatores socioeconômicos da época: 1) Por pressões internacionais, em 1850 o Brasil promulgou a L ei E usé b io de Q ueiroz , decretando o fim do tráfico negreiro. Prevendo a proximidade do fim da escravidão, o Império precisou criar uma política imigratória para substituir a mão de obra escrava na agricultura cafeeira. 2) O próprio crescimento da economia cafeeira impulsionou a necessidade do aumento de trabalhadores rurais no País. 3 ) Com o futuro incremento de uma grande quantidade de negros livres na sociedade do recente Império, a elite brasileira, em conjunto com seu imperador, concluiu que o Brasil tinha outra necessidade de imigrações: garantir o branqueamento da sua sociedade. 4 ) Concomitantemente às necessidades imigratórias do Brasil, a Europa passava por uma crise econômica muito elevada, gerando conflitos e fome no velho continente. Muitos foram os emigrantes, cujo destino favorito foi a América, com preferências para os Estados Unidos, Argentina, Canadá e Brasil, sucessivamente. Nesse contexto, o império brasileiro organizou, com patrocínio dos cafeicultores, uma propaganda com panfletos, em que garantiam o transporte gratuito e um futuro melhor para os europeus que quisessem se aventurar nas fartas e promissoras terras do Brasil. Períodos de Imigração no Brasil
População Escrava no Brasil 2 000 000
2 000 000
1 500 000
1 500 000
1 000 000
1 000 000
500 000
500 000
0
0 1864
1874
1887
1884
20 830 840 850 860 870 880 890 900 910 920 930 940 950 960 970 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
18
Imigrantes
Brasil
Gráfico 04 - Período de imigração no Brasil
Gráfico 03 - População escrava no Brasil
Fonte: IBGE. Disponível em: https://brasil500anos.ibge.gov.br/estatisticas-do-povoamento/imigracao-total-periodos-anuais.html. Acesso em 09.ago.2018.
A12 Formação da população brasileira
I migraç õ es no B rasil por nac ionalidade ( 18 8 4 - 193 3 ) Nac ionalidade
18 8 4 - 18 93
18 94 - 1903
1904 - 1913
1914 - 1923
1924 - 193 3
Alemães
22 778
6 698
33 857
29 339
61 723
Espanhóis
113 116
102 142
224 672
94 779
52 405
Italianos
510 533
537 784
196 521
86 320
70 177
Japoneses
-
-
11 868
20 398
110 191
Portugueses
170 621
155 542
384 672
201 252
233 650
Sírios e Turcos
96
7 124
45 803
20 400
20 400
Outros
66 524
42 820
109 222
51 493
164 586
Total
883 668
852 110
1 006 617
503 981
717 223
Fonte: IBGE. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro, 2007, p. 226
4 4 0
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
500 anos de povoamento Com esse novo parâmetro populacional, as elites latifundiárias passaram a traçar uma nova estratégia para dificultar e impedir que os novos grupos que iriam compor a sociedade brasileira não tivessem a mínima condição de obter terras devolutas do Império. Assim, tais elites pressionaram o imperador Dom Pedro II a promulgar a Lei de Terras, em 1850. Essa lei limitou a condição monetária a ser a única forma de adquirir terras imperiais. Em um eventual processo de venda de terras do império brasileiro, a forma de aquisição teria de passar por um leilão em praça pública. O vencedor teria de pagar a quantia estipulada à vista e em dinheiro vivo, no ato do leilão (situação impossível para um ex-escravo ou um pobre europeu recém-chegado ao Brasil). Essa lei é considerada a estrutura inicial da problemática social causada pela concentração de terras do nosso país. Nos últimos 15 anos do século XIX, os italianos já lideravam os processos imigratórios para o Brasil. O interior paulista, com seu desenvolvimento cafeeiro, era a principal atração migratória. Diferentemente da primeira fase migratória, esses imigrantes vieram para ser trabalhadores assalariados nas lavouras de café. Em um primeiro momento, a relação entre eles e os donos das fazendas foi muito conturbada, pois os empregadores tratavam muito mal seus empregados, como se fossem escravos. Muitos conflitos ocorreram, mas com o tempo a compreensão de uma nova estrutura trabalhista prevaleceu. Passado algum tempo, imigrantes de outros países chegaram ao Brasil, como portugueses, espanhóis, japoneses, alemães e árabes, em busca de trabalho. Contudo, os imigrantes italianos correspondiam a mais de 50% desse montante, no final do século XIX e início do século XX.
Nos séculos XIX e XX representantes de mais de 70 nacionalidades chegaram ao Brasil com o sonho de “fazer a América”. Desembarcaram em terras brasileiras com o anseio de refazer suas vidas, trabalhando nas lavouras de café e na indústria paulista. museu da imigração Desde então, trouxeram contribuições expressivas para a história e formação cultural do estado de são paulo do País. Um conjunto de heranças como sobrenomes, sotaques, costumes, culinária e vestimentas são, até os dias atuais, traços significativos desse processo. Inaugurada em 1887, a Hospedaria de Imigrantes tornou-se o principal local de abrigo dos estrangeiros recém-chegados. Nesse sentido, o antigo prédio da Hospedaria – hoje sede do Museu da Imigração – foi cenário de expectativas, conquistas e angústias de mais de 2,5 milhões de pessoas que formaram um intenso entrelaçamento étnico entre 1887 e 1978. Ao longo de seus 91 anos, a Hospedaria acolheu e encaminhou os imigrantes aos novos empregos. Para isso, o prédio contava com a Agência Oficial de Colonização e Trabalho. Além dos alojamentos, foi criada uma Central de serviço médico com farmácia e laboratório de análises, serviços de correio e telégrafo, posto policial, lavanderia, cozinha, refeitório e um setor de assistência odontológica. Fonte de texto e imagens. http://museudaimigracao.org.br/o-museu/historico/. Adaptado. Figura 03 - Imigrantes japoneses desembarcando na Casa do imigrante, em São Paulo. A12 Formação da população brasileira
Figura 02 - Museu Casa do Imigrante, São Paulo
Fonte: wikimedia commons
Fonte: wikimedia commons
SAIBA MAIS
4 4 1
Geografia
Em 1908, chegou ao Brasil uma nova corrente migratória, formada pelos japoneses. No entanto, a maior quantidade desses imigrantes asiáticos foi registrada entre 1925 e 1935. Eles se mostraram muito eficientes nas diversas frentes de trabalhos. Assim, contribuíram para o desenvolvimento do café no Norte do Paraná e se fixaram na capital paulista, nos bairros de Pinheiros e da Liberdade, atuando na área de comércio e serviços. Nas proximidades da cidade de São Paulo, promoveram o cinturão verde, com o cultivo de hortaliças, na região Alta Paulista. Além disso, trabalharam com o algodão, no Vale do Paraíba e desenvolveram o cultivo do arroz. Já no Vale do Ribeira (no sul do estado), implementaram a produção de chá. À leste de Belém (PA), na Zona Bragantina, os japoneses se especializaram na produção de pimenta-do-reino. A lei de cotas imigratórias de Getúlio Vargas No governo de Getúlio Vargas, em 1934, foi criado a L ei de C otas de imigraç ã o. A lei dizia que só poderiam entrar no País 2% de imigrantes ao ano, em relação à quantidade de imigrantes que havia entrado no Brasil nos últimos 50 anos. Em 1938, foram acrescentadas mais restrições à lei, como a de que 80% dos futuros imigrantes deveriam ser agricultores, com exceção dos portugueses. Essa restrição era uma prevenção para impedir a entrada de operários experientes nas lutas pelos direitos trabalhistas em seus países. A justificativa presidencial foi a Crise de 1929, que promoveu grandes perdas na economia cafeeira do Brasil. Com muitos desempregados migrando para os centros onde a indústria estava nascendo, a limitação à imigração iria gerar menos desemprego no País. Dessa forma, ao menos até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, o Brasil teve uma brusca queda imigratória.
A12 Formação da população brasileira
As imigraç õ es do sé c ulo X X I Na primeira década do presente século, o Brasil passou a receber grupos migratórios sul coreanos, chineses e bolivianos. A maioria desses imigrantes procurou a metrópole paulistana para instalar residência. Boa parte deles ainda apresenta condições irregulares, ou seja, são clandestinos perante a justiça brasileira. Em geral, os chineses são grandes comerciantes populares, com lojas de eletrônicos e telecomunicações. Os sul-coreanos também possuem lojas de eletrônicos, mas parte de suas atividades econômicas estão ligadas a confecções de roupas. Já os bolivianos, que possuem uma grande colônia em São Paulo, são trabalhadores e prestadores de serviços diversos. 4 4 2
As migraç õ es internas Em estudos anteriores, percebemos que a dinâmica de deslocamento populacional é proporcionada por duas variantes: local de origem (REPULSÃO) e local de destino (ATRAÇÃO). Vimos também que essas variáveis são preenchidas por questões econômicas e sociais, religiosas, étnicas, de conflitos armados, naturais, entre outros. No caso específico do Brasil, encontramos o problema socioeconômico como predominante para as dinâmicas migratórias internas. Sabemos que não podemos justificar a migração por meio de apenas um fator de repulsão, e a história do deslocamento populacional em nosso país é prova disso. A fuga da pobreza e da miséria, da fome, do desemprego e do abandono governamental e social foi, e ainda é, uma constante que fundamenta de forma lastimável esses fenômenos demográficos. A partir da década de 1930, as migrações internas apresentaram, essencialmente, duas vertentes: a atração econômica do Sudeste e as frentes agrícolas. Essas vertentes foram e continuam sendo, na sua grande maioria, com migrações inter-regionais. Agora, vamos relacionar essas características migratórias estudadas acima com os momentos históricos socioeconômicos do Brasil dos séculos XX e XXI. Vejamos: 1) Na década de 1930, o Brasil era assolado por uma crise na economia cafeeira, devido à Quebra da Bolsa de Valores dos Estados Unidos, em 1929. Muitos produtores de café foram à falência e outros reduziram suas produções drasticamente. A consequência disso foi o desemprego em massa, promovendo migrações motivadas pelas atrações industriais que nasciam no País. 2) Em 1938, Getúlio Vargas empreendeu a Marcha para o Oeste, com o objetivo de empreender a integração territorial e a desconcentração de desempregados. As novas fronteiras poderiam ser adquiridas pelos migrantes para desenvolver a agricultura e a pecuária na região e criar novos núcleos econômicos para a expansão do desenvolvimento do Brasil. A falta de um planejamento mais detalhado e o baixo investimento na região fizeram com que essa marcha não tivesse êxito. 3 ) Entre 1951 e 1956, Juscelino Kubitschek assumiu a presidência do Brasil. Com sua política desenvolvimentista e integracionista -“Cinquenta anos em cinco” -, transferiu a capital do Brasil situada no Rio de Janeiro para o Centro-Oeste. Essa transferência provocou a construção de várias rodovias para integrar a nova capital com o País. Outro projeto feito por JK foi a abertura das portas do Brasil para a entrada de multinacionais, que se concentraram na região Sudeste.
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4 ) No período militar, o Brasil passou a conhecer seu maior deslocamento populacional inter-regional. Adotando, também, uma política desenvolvimentista e integralista, a ditadura, por meio de grandiosos empréstimos financeiros, promoveu obras de infraestrutura por todo o País, como hidrelétricas e usinas nucleares. Além disso, foi criado o Plano de Integração Nacional (PIN), construindo rodovias, entre elas a incompleta Transamazônica. Construíram empresas estatais no setor de mineração, como a Companhia do Vale do Rio Doce, para o Projeto Carajás, no meio da floresta Amazônica, no Pará. Implementaram uma Zona Franca industrial nas proximidades da cidade de Manaus (AM) e promoveram a frente agrícola para o oeste brasileiro, com o objetivo de ampliar o potencial exportador agropecuário do País. 5 ) Na República pós-ditadura, as frentes agrícolas se expandiram para o sul da Amazônia, chegando até o extremo oeste do Nordeste brasileiro. 6 ) Em toda a história econômica industrial do Brasil, a região Sudeste obteve o maior êxito. consequentemente, todos os serviços atrelados à dinâmica comercial e administrativa referente à indústria, acompanhou o percurso para a referida região. Saldo de migração interna entre unidades da Federação (2005-2010)
M igraç õ es internas do B rasil Norte
O ciclo econômico da borracha, na transição do sec. XIX para o XX, promoveu a maior atração migratória da região.
Sul
No séc. XX, essa região propiciou um grande número de emigrantes das frentes agrícolas para o Centro-Oeste e Norte.
Sudeste
Por ser a região mais desenvolvida economicamente. Ela sempre teve o maior fator de ATRAÇÃO migratória do País.
Nordeste
Apresentando os maiores problemas socioeconômicos, essa região apresenta o maior fator de REPULSÃO migratória do Brasil.
Centro-Oeste
O grande potencial agropecuário somado à construção de Brasília fez desta região polo de imigração nacional.
< –50 mil
–50 mil + 0
0 + 20 mil
2 mil + 100 mil
100 mil ou +
Figura 04 - Saldo de migração interna entre unidade da Federação (2005-2010)
As emigraç õ es b rasileiras
A12 Formação da população brasileira
Nas décadas de 1980 e 1990, o Brasil passou por grandes dificuldades econômicas. Nessas condições, muitos brasileiros optaram em arriscar uma nova vida em outro país. Estados Unidos, Paraguai e Japão somam 80% dos destinos desses emigrantes. Os Estados Unidos lideram a lista. Em busca de uma vida melhor, muitos brasileiros arriscaram sua liberdade e até mesmo a própria vida para conseguirem entrar em território estadunidense para trabalhar e viver de forma clandestina. O segundo país da lista foi o Paraguai. Como as terras paraguaias estavam baratas, diversos brasileiros, principalmente sulistas, chegaram ao país vizinho e adquiriram grandes extensões de terras, de forma legal. Em alguns casos, verdadeiros latifúndios. São denominados pelos paraguaios como brasiguaios e, constantemente, sofrem com protestos dos movimentos sociais de sem terras do país. 4 4 3
Geografia
O Japão, com sua economia estável e forte investimento tecnológico, apresenta dificuldades com a falta de mão de obra de baixa qualificação. Para suprir essa necessidade, o país possui uma política de imigração de descendentes de japoneses originários de outros países. Com alta remuneração, comparado à realidade brasileira, esses dekasseguis (imigrantes descendentes de japoneses, que trabalham no Japão), em sua maioria, emigram para o país asiático, a fim de economizar uma quantia em dinheiro e retornar ao Brasil. O E statuto do E strangeiro O Estatuto do Estrangeiro foi criado em 1980, durante a ditadura militar. Esse Estatuto limitava severamente a regularização da situação do imigrante no Brasil, colaborando diretamente com a clandestinidade de tais cidadãos. Revogado em 2017, o Estatuto foi substituído pela Lei de Migração 13.445/17, em que especialistas em Direito afirmam que apresenta características mais compatíveis com a Constituição de 1988, ratificando o compromisso com a Organização das Nações Unidas, firmado em 2016. Nesse mesmo ano, o Brasil participou da Cúpula dos Líderes sobre refugiados sírios. Além de recebê-los, o País assumiu a responsabilidade de incluí-los na sociedade por meio da assistência de programas sociais. Em 2012, no Haiti, houve um terremoto que provocou a morte de mais de 200 mil pessoas, aproximadamente. O país que apresentava uma enorme precariedade, passou a ter parte de sua população migrando para outros países, com o objetivo de fugir da fome e da miséria. Uma pequena parcela desse contingente migrou para o Brasil. Pessoas de vários níveis escolares, até com graduação completa, vieram tentar se reerguer da poeira miserável daquele terremoto. Entrando no Brasil, principalmente pelo Acre e, posteriormente, migrando para o Sudeste, os haitianos tiveram apoio de organizações não governamentais e lideranças religiosas, que pressionaram as várias escalas governamentais para promoverem ações humanitárias necessárias. Grande parte obteve sua regularização no Brasil por meio do recebimento de carteiras de trabalho e com isso tem conseguido seguir seu destino. A grave crise econômica e política da Venezuela e as facilidades para cruzar a fronteira enchem as cidades de Roraima de venezuelanos em busca de alimentos e também uma nova vida.
SAIBA MAIS
A12 Formação da população brasileira
http://dapp.fgv.br/entenda-qual-o-perfil-dos-imigrantes-venezuelanos-que-chegam-ao-brasil/. Acesso em: 11.ago.2018. Adaptado.
4 4 4
sebastorg / Shutterstock.com
IMIGRANTES VENEZUELANOS NO BRASIL Desde 2015, após o presidente Nicolás Maduro perder as eleições parlamentares, parte da população venezuelana começou a emigrar em maiores números para alguns países da América Latina. Na fronteira do Brasil com a Venezuela, o município de Pacaraima, a cerca de 200 km de distância da capital do estado de Roraima, Boa Vista, recebeu parte desse fluxo, em meio ao surgimento de conflitos sociais. Segundo dados obtidos pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV DAPP), em julho de 2017, junto à Polícia Federal, o número de registros ativos de venezuelanos no Brasil era de cerca de 5 mil. De certa forma, o número de venezuelanos já refletia o aumento das solicitações de refúgio para o Brasil. Segundo dados do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), esse número era de 209 em 2014, 829 em 2015 e 3 375 em 2016, ou seja, já havia um crescimento nas solicitações de refúgio ainda antes da entrada em vigor da nova lei de migração brasileira. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), entre 2014 e 2017 somaram-se mais de 22 mil solicitações de refúgio de venezuelanos no Brasil, o que sugere que este número teve um crescimento muito expressivo em 2017, ano de acirramento das condições sociais da Venezuela e decrescimento exponencial da inflação, além da entrada em vigor da nova lei de migração no Brasil.
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Exercícios de Fixação 01. ( U F R G S R S ) Observe o mapa abaixo.
África
Bantu
san Koi
Malgax e
s
Brasil
Adaptado de: Rafael Sanzio Araújo dos Anjos. Cartografia para a Educação. Disponível em <http://www.rafaelsanziodosanjos.com.br>.
Considere as seguintes afirmações sobre a origem dos grupos étnicos africanos escravizados, trazidos para o Brasil entre os séculos XV e XIX. I. A maior parte dos grupos étnicos são oriundos do norte da África. II. As principais áreas de saída de africanos foram os atuais territórios de Moçambique e Angola. III. Os grupos étnicos africanos escravizados, levados ao nordeste, vêm do leste da África, e aqueles levados para o sudeste e o sul são oriundos da África ocidental. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 02. ( U E C E ) Atente ao que se diz a seguir a respeito das questões étnicas africanas no Brasil. I. O triângulo dos fluxos econômicos comerciais do século XV ao XIX, envolvendo a Europa, África e América, que tinha o Oceano Atlântico como espaço de ligação, está na gênese do tráfico demográfico forçado de negros para o Brasil por quase quatro séculos, o que definiu a forte presença da cultura africana na sociedade brasileira. II. Mudanças na estrutura histórica da sociedade brasileira garantem que a noção de inferiorização dos conhecimentos, saberes e tecnologias da cultura negra e africana está superada. III. Apesar dos avanços na discussão sobre alteridade e discriminação racial no Brasil, ser descendente de re-
É correto o que se afirma em a) I, II e III. b) I e III apenas. c) II e III apenas. d) I e II apenas. 03 . ( F M P R J ) Considere o texto sobre a demografia brasileira. Historicamente, dentre as correntes imigratórias de europeus que incrementam a composição demográfica brasileira, a mais importante foi a portuguesa. A segunda maior corrente de imigrantes livres foi a italiana. Em terceiro lugar, aparecem os espanhóis e, em quarto, os alemães. SENE, E.; MOREIRA, J. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2005, p. 354. Adaptado.
No território brasileiro, o grupo de imigrantes formado por italianos e alemães ocupou predominantemente áreas geográficas do(a) a) Amazônia Ocidental b) Amazônia Oriental c) Nordeste d) Centro-Sul e) Centro-Oeste 04 . ( F atec S P ) Tradicionalmente, o termo dekassegui era utilizado para designar as pessoas que moravam no norte do Japão e que, durante os invernos rigorosos, migravam para o sul do país, em busca de trabalho, regressando após algum tempo. No fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, o termo dekassegui passou a ser utilizado para denominar também os descendentes de japoneses que emigravam para o Japão. No caso brasileiro, o principal fator que impulsionou o movimento migratório para o Japão foi a a) ausência de direitos civis durante a transição da ditadura militar para um regime civil, em meados da década de 1980. b) abertura de milhares de cargos destinados aos brasileiros nos escritórios de multinacionais situadas no Japão. c) busca por vagas subsidiadas pelo governo brasileiro nas principais universidades japonesas. d) expectativa de ter um salário pago em dólares, moeda subvalorizada em relação ao iene japonês. e) grave crise econômica pela qual o Brasil passava nas décadas de 1980 e 1990.
4 4 5
A12 Formação da população brasileira
Sudaneses
ferências africanas no país continua sendo um fator de risco, um desafio para a manutenção da sobrevivência humana e um esforço adicional para ter visibilidade no sistema dominante.
úme-
ulhenenâneo avesente situários oácia ocorema-
Geografia
Exercícios C om p l em en t ares 01. ( U F P R ) No artigo “Gênero e sexualidade na análise do espaço urbano”, de Joseli Maria Silva (2007), é apontada uma série de características da relação entre pobreza, gênero e espaço urbano. Vejamos duas delas: [...] as mulheres de baixa renda, em geral, possuem uma vivência reduzida do espaço total da cidade, desenvolvem deslocamentos menos extensos e frequentes do que os estabelecidos pelos homens dos mesmos locais. Além disso, os motivos dos deslocamentos estão relacionados com seu papel da maternagem e, fora deste, não há registros de deslocamentos para realizar interesses particulares. As narrativas das proibições masculinas em relação aos deslocamentos realizados pelas mulheres, ao controle do vestuário, locais e horários são regulares em todas as pesquisas atualmente realizadas […]. Impressionante é a constatação da naturalização dos códigos de honra internalizados pelas próprias mulheres, que promovem, por conta disso, uma autorregulação. Com base nessas informações, assinale a alternativa correta. a) As fortes desigualdades no país, fruto das diferenças de gênero, justificam a necessidade de os homens terem uma vivência mais ampla do espaço total da cidade. b) O aumento de famílias monoparentais femininas contribui com a democratização da cidade como espaço de lazer. c) As mulheres que possuem filhos sob seu encargo ampliam sua vivência do espaço total da cidade, por somarem seus interesses aos dos filhos. d) O controle masculino da espacialidade do cotidiano feminino exerce-se a partir da própria mulher. e) O uso do espaço urbano por homens e mulheres de baixa renda é regido pelas mesmas regras sociais, restringindo os deslocamentos de ambos ao cuidado dos filhos.
A12 Formação da população brasileira
02. ( E nem M E C ) A presença de uma corrente migratória por si só não explica a condição de vida dos imigrantes. Esta será somente a aparência de um fenômeno mais profundo, estruturado em relações socioeconômicas muitas vezes perversas. É o que podemos dizer dos indivíduos que são deslocados do campo para as cidades e obrigados a viver em condições de vida culturalmente diferentes das que vivenciaram em seu lugar de origem. SCARLATO, F. C. População e urbanização brasileira. In: ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2009.
O texto faz referência a um movimento migratório que reflete o(a) a) processo de deslocamento de trabalhadores motivados pelo aumento da oferta de empregos no campo. b) dinâmica experimentada por grande quantidade de pessoas, que resultou no inchaço das grandes cidades.
4 4 6
c) Permuta de locais específicos, obedecendo a fatores cíclicos naturais. d) circulação de pessoas diariamente em função do emprego. e) cultura de localização itinerante no espaço. 03 . ( P U C P R ) Analise o gráfico a seguir. Solicitações de refúgio - Brasil (entradas por ano, 2010-2015) 35,00 30,00
28,385
28,670
2014
2015
25,00 20,00
17,631
15,00 10,00 5,00
3,220
4,022
2011
2012
966
0
2010
2013
O aumento das solicitações de refúgio em território brasileiro pode ser explicado a) pelos recentes conflitos armados entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), intensificados a partir de 2015. b) pela sangrenta guerra separatista ainda em curso no Sudão, onde a oposição ao governo atual pleiteia perante a ONU a criação do Sudão do Sul. c) pelo elevado número de palestinos que, mesmo após o fim dos conflitos entre árabes e judeus, permanecem no Brasil como refugiados. d) pela destruição que um terremoto de 7,0 na escala Richter provocou no Haiti em dezembro de 2015, obrigando milhares de haitianos, que já enfrentavam sucessivas crises econômicas e instabilidade política, a migrarem para o Brasil. e) pelos conflitos armados no Oriente Médio, destacando-se a guerra civil síria originada por manifestações populares contrárias ao regime ditatorial de Bashar al-Assad em 2011. 04 . ( U F J F M G ) Leia o texto: [...] uma sociedade que constitui suas relações por meio do racismo, [...] [tem] em sua geografia lugares e espaços com as marcas dessa distinção social: no caso brasileiro, a população negra é francamente majoritária nos presídios e absolutamente minoritária nas universidades; [...] essas diferentes configurações espaciais se constituem em espaços de conformação das subjetividades de cada qual. Adaptado de Carlos Walter Porto-Gonçalves, 2003: Movimentos Sociais e Conflitos na América Latina.
Sobre as relações étnico-raciais no Brasil, é correto afirmar que: a) a democracia racial é uma característica da sociedade brasileira e tem permitido que diferentes grupamentos étnico-raciais ocupem indistintamente o espaço nas cidades e nos campos brasileiros.
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05 . (Fuvest SP) Observe os mapas. Migração entre as regiões Brasileiras (2004-2009) I
II
IV
V
III
Origem e des no dos fluxos migratórios nas regiões brasileiras.
Dentre as seguintes alternativas, a única que apresenta a principal causa para o correspondente fluxo migratório é: a) I: procura por postos de trabalho formais no setor primário. b) II: necessidade de mão de obra rural, devido ao avanço do cultivo do arroz. c) III: necessidade de mão de obra no cultivo da soja no Ceará e em Pernambuco. d) IV: procura por postos de trabalho no setor aeroespacial. e) V: migração de retorno. 06 . A característica mais marcante da população brasileira é seu alto grau de diversidade étnica. Isso é resultado da nossa história, pois recebemos povos de todos os continentes. Com relação à diversidade étnica brasileira e ao contexto socioeconômico que a envolve, analise as afirmativas a seguir. I. Pela Constituição brasileira de 1988, os povos indígenas têm direito de viver em suas terras, falar sua língua e praticar livremente sua cultura, o que, na prática, os isenta de se envolverem em lutas pela demarcação de suas terras e pelo respeito aos seus direitos. II. Segundo o IBGE, pelo seu censo demográfico de 2010, mais da metade da população brasileira se declarou “preta” ou “parda”, sendo a presença de descendentes africanos mais forte nas regiões Nordeste e Sudeste.
III.
A partir da segunda metade do século XVIII, o Brasil recebeu muitos imigrantes, sobretudo portugueses, italianos, alemães, chineses e coreanos, os quais se fixaram na Região Sul do país, pelo fato de a mesma ter facilitado a reprodução de seus costumes. IV. O mameluco, miscigenação entre o índio e o negro, sofreu muito com a discriminação imposta pela sociedade brasileira, a qual era majoritariamente composta por brancos, até o início do século XX. Assinale a opção correta. a) Apenas a afirmativa I é verdadeira. b) Apenas a afirmativa II é verdadeira. c) Apenas a afirmativa III é verdadeira. d) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras. e) Apenas as afirmativas I e IV são verdadeiras. 07 . ( P U C R S ) Para responder à questão, considere o texto abaixo e as possibilidades para completá-lo. O número de emigrantes brasileiros ultrapassa um milhão e meio de pessoas que vivem fora do País. Os países que atualmente apresentam contingentes significativos de imigrantes brasileiros são __________. 1. China e Peru 2. México e Chile 3. EUA e Japão 4. Paraguai e Portugal As opções que completam corretamente o texto são a) 1 e 2, apenas. b) 1 e 3, apenas. c) 2 e 4, apenas. d) 3 e 4, apenas. e) 1, 2, 3 e 4. 08 . ( F atec S P ) O Brasil vem recebendo uma quantidade significativa de imigrantes haitianos à procura de trabalho e de melhores condições de vida. A entrada de haitianos cresceu bastante depois do terremoto que devastou o Haiti, em 2010. A principal porta de entrada desses imigrantes no Brasil é a cidade de a) Belém, no Pará, uma vez que a maioria desses imigrantes faz o percurso por via marítima. b) Assis Brasil, no Acre, pois grande parte dos imigrantes haitianos segue uma rota pelo Peru para chegar ao território brasileiro. c) Santos, em São Paulo, em razão de ter o maior porto do mundo e apresentar facilidades para a entrada clandestina de imigrantes. d) Natal, no Rio Grande do Norte, haja vista que, cartograficamente, essa é a cidade brasileira mais próxima da América Central Insular. e) Foz do Iguaçu, no Paraná, onde, em função da grande quantidade de turistas, os imigrantes têm maiores facilidades de ultrapassar a fronteira. 4 4 7
A12 Formação da população brasileira
b) a intolerância contra as religiões de matrizes africanas no Brasil demonstra o quanto o preconceito pode afetar as territorialidades desses grupamentos que têm sofrido restrições de suas práticas religiosas no espaço das cidades. c) a existência dos quilombos contemporâneos no Brasil demonstra que há um contingente da população negra que teve suas terras tituladas pela Lei de Terras de 1850, antes, portanto, da abolição da escravidão. d) o acesso igualitário ao mundo do trabalho entre brancos e negros no Brasil demonstra que a força da democracia racial consiste em promover competições desiguais entre setores diversificados da população. e) o Estatuto da Igualdade Racial considera que a “população negra” é o somatório dos grupos raciais de pretos e mestiços que são definidos e declarados pelos técnicos do IBGE durante o censo, de acordo com a cor da pele das pessoas.
FRENTE
A
GEOGRAFIA
Q uestã o 01. Dentre os motivos de perseguição às pessoas que se tornam refugiados pode-se citar: raça, religião, nacionalidade, opiniões políticas, diferenças entre grupos sociais, violação dos direitos humanos, grave perturbação da ordem pública interna. As consequências demográficas para as áreas de origem desses refugiados são: redução da população, da PEA e do mercado consumidor; queda da taxa de fecundidade; queda da longevidade.
Q uestã o 02. Os continentes de maior procedência dos imigrantes são África e Ásia. Dentre as justificativas que têm intensificado a imigração em direção à Europa, pode-se citar: instabilidade política da região causada pela ação de grupos extremistas; conflitos e guerras; regimes ditatoriais e repressivos; crises humanitárias causadas pela fome e miséria.
Exercícios de A p rof u n dam en t o 01. ( U erj R J )
03 . ( U erj R J ) U niã o E uropeia duplic a rec ursos de aj uda emergencial para refugiados na Grécia
Faixas etárias da população em quatro bairros da cidade do Rio de Janeiro até 2065 2010
A União Europeia anunciou que duplicará a ajuda de emer-
2065
Copacabana
2010
2065 Lagoa
70,9% De 15 a 59 anos
de euros em ajuda de emergência estão sendo enviados pelo bloco, além dos 83 milhões de euros do início deste ano. O dinheiro será canalizado através de organizações humanitárias para melhorar os abrigos de moradia e o acesso das crianças refugiadas à educação. Adaptado de oglobo.globo.com, 11/09/2016.
O conceito de refugiado foi elaborado em 1951 em uma convenção da ONU. São consideradas refugiadas todas as pessoas que se encontram fora de seu país de origem e que não podem ou não querem regressar a ele por causa de fundados temores de perseguição.
Faixa Etária
condições de vida das pessoas que estão paradas no país há ropa, na fuga de seus países de origem. Cerca de 115 milhões
2065
Rocinha
gência para os refugiados na Grécia. O objetivo é melhorar as meses enquanto tentam chegar aos países mais ricos da Eu-
2010
Acima de 60 anos
61,5%
64%
2065 Maré
68,5%
63,5% 58%
29,5%
2010
59,9%
36%
31,9%
23,4%
22,3%
58,4%
24,4%
20,9%
24,3% De 0 a 14 anos
9%
4,1%
12,2%
6%
Quase dois terço dos moradores estaráo na terceira idade. os bairros terão um dos menores percentuais de habitantes com menos de 15 anos.
20,7%
18% 5,7%
7,1%
Esses bairros terão mais crianças e adolescentes que idosos. O percentual de pessoas com mais de 60 anos subirá, mas ficará distante do outros bairros.
Comparando as projeções para Copacabana e Lagoa com aquelas para Rocinha e Maré, no ano de 2065, aponte dois indicadores demográficos relevantes para explicar o contraste verificado. Justifique sua resposta. 04 . ( U E L P R ) Analise o mapa, a seguir, da densidade da população brasileira em 2004.
Aponte dois motivos de perseguição às pessoas que se tornam refugiadas. Indique, ainda, duas consequências demográficas para as áreas de origem desses refugiados. 02. ( U erj R J ) Os casos de mortes de imigrantes ilegais que tentam chegar à Europa por via marítima têm ocupado os noticiários. Na figura abaixo, os pontos indicam os locais onde ocorreram essas mortes, de janeiro de 2000 a julho de 2015.
Em tons mais escuros, destacam-se as áreas com altas concentrações de habitantes.
4 4 8
Identifique os dois continentes de procedência da maior parte desses imigrantes. Em seguida, apresente duas justificativas socioeconômicas que têm levado essas pessoas a deixar os continentes de origem em direção à Europa.
Com base nessas informações, responda aos itens a seguir. a) Como se calcula a densidade da população de uma área? b) Indique três Estados que apresentam, em grande parte de sua área territorial, densidade populacional de menos de 1 hab/km2.
Q uestã o 03 . Os dois indicadores demográficos relevantes para explicar o contraste verificado entre Copacabana/Lagoa e Rocinha/Maré são a expectativa de vida e a taxa de fecundidade. Melhores indicadores humanos como renda, nível socioeconômico, escolaridade e empregabilidade, além de infraestrutura e ação do poder público resultam em maior longevidade e menor fecundidade para Copacabana/Lagoa, ao contrário de Rocinha/Maré, cujo nível socioeconômico menor resulta em indicadores humanos pouco satisfatórios.
Q uestã o 04 . a) A população relativa ou densidade demográfica se calcula dividindo a população pela área territorial. b) A Amazônia é a região do país com menor densidade demográfica, uma vez que 80% da floresta amazônica ainda resiste à devastação. Entre os estados com grande parte de seus territórios com menos de 1 habitante por km2 , estão: Amazonas, Pará e Roraima. Amapá e Mato Grosso também apresentam grandes áreas com baixíssima densidade demográfica.
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias Q uestã o 08 . A imigração de bolivianos compõe, junto com outras nacionalidades sul-americanas, um fluxo que se torna expressiva a partir da década de 2000, em razão da ascensão econômica do Brasil em contraponto à estagnação de alguns países vizinhos. Dentre as nacionalidades imigrantes, os bolivianos exibem números mais notáveis. O perfil do imigrante boliviano é o jovem sem qualificação que é absorvido pelas oficinas de confecções, atividade que cresceu nas últimas décadas em razão da terceirização do produto. As condições de trabalho equivalem ao aspecto pré-fordista, configurando-se por: jornadas extenuantes, ambientes insalubres, baixos salários e ausência de vínculos empregatícios.
Mortalidade infantil no nordeste. Melhores desempenhos 1980/2013 E stado
Í ndic e 2013
E stado
Í ndic e 198 0
Pernambuco
14,9
Piauí
81,0
Ceará
16,6
Bahia
83,1
R. G. do Norte
17,0
Maranhão
86,1
Sergipe
18,9
Sergipe
90,1
Paraíba
19,0
Pernambuco
104,6
Bahia
19,9
R. G. do Norte
111,2
Piauí
21,1
Ceará
111,5
Alagoas
24,0
Alagoas
111,6
Maranhão
24,7
Paraíba
117,1
NORDESTE (média)
19,5
NORDESTE (média)
99,5
BRASIL
15,0
BRASIL
70,0
Fonte: IBGE. Elaboração Agência Prodetec.
a) Indique duas ações do poder público que poderiam explicar a redução da mortalidade infantil na região Nordeste nos períodos analisados. b) Qual dos estados do Nordeste obteve maior êxito na redução da taxa de mortalidade infantil? 06 . ( U S F S P ) O demógrafo José Eustáquio falou sobre o “bônus demográfico”, o melhor momento demográfico do Brasil. Segundo o especialista, isso acontece apenas uma vez na história de cada país. “A pirâmide etária é muito jovem na história toda, mas está se transformando e envelhecendo. Esse momento, em que estamos no meio, muita gente em idade produtiva de trabalho, é o que chamamos de ‘bônus demográfico’, porque existe mais gente em idade de trabalhar e menos pessoas dependentes”, contextualizou. Ele contou que, em 1970, a cada três brasileiros, um estava trabalhando e dois não. Então uma pessoa tinha que sustentar três. Em 2010, já era uma pessoa sustentando uma só – 50% da população trabalhando. Conforme o demógrafo, esse bônus pode continuar até 2030 mais ou menos, dependendo da política adotada, visto que o bônus é passageiro. “É o momento em que a pirâmide está se transformando. Depois, ele passa e chega o envelhecimento populacional, juntamente com o aumento da razão de dependência demográfica”, constatou. [...] Está quase certo que a gente terá uma década perdida. E podemos perder a próxima década também. Se isso acontecer, já não teremos mais bônus depois. E corremos o risco de ter uma situação em que o Brasil chegou ao fim do seu desenvolvimento sem resolver os problemas sociais”. Disponível em: <http://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2015/10/19/o-brasil-esta-em-seu-melhor-momento>. Acesso em: 30/04/2017 (Adaptado). Q uestã o 05 . a) Entre 1980 e 2013, o Nordeste teve uma redução expressiva da mortalidade infantil devido às políticas públicas como a melhoria do acesso à saúde, a exemplo da criação do SUS. Além dos programas de transferência condicionada de renda como o Bolsa Família, que melhorou a nutrição de crianças e o acompanhamento médico. b) O Estado do Nordeste com maior diminuição na mortalidade infantil foi a Paraíba, de 117,1 mortes a cada mil nascidos até 1 ano de idade para 19.
Diversas ações do poder público e da sociedade poderiam prolongar ainda mais o bônus demográfico no Brasil, excetuando-se a) Investimento em educação. b) Reforma na previdência, aumentando a idade mínima para se aposentar. c) Fomento à participação das mulheres no mercado de trabalho. d) Emigração da População Ativa que busca novas oportunidades. e) Imigração de mão de obra qualificada. 07 . ( U F P R ) Considere o texto abaixo: O povo brasileiro pagou, historicamente, um preço terrivelmente alto em lutas das mais cruentas de que se tem registro na história, sem conseguir sair, através delas, da situação de dependência e opressão em que vive e peleja. Nessas lutas, índios foram dizimados e negros foram chacinados aos milhões, sempre vencidos e integrados nos plantéis de escravos. O povo inteiro, de vastas regiões, às centenas de milhares, foi também sangrado em contrarrevoluções sem conseguir jamais, senão episodicamente, conquistar o comando de seu destino para reorientar o curso da história. Ao contrário do que alega a historiografia oficial, nunca faltou aqui, até excedeu, o apelo à violência pela classe dominante como arma fundamental da construção da história. O que faltou, sempre, foi espaço para movimentos sociais capazes de promover sua reversão. RIBEIRO, D. O povo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 25-26.
Com base nesse texto e nos conhecimentos sobre formação populacional brasileira, escreva um texto estabelecendo um paralelo entre a formação histórica da população brasileira e a realidade política, econômica e social dessa população hoje. 08 . ( U E L P R ) Leia o texto a seguir. As estimativas sobre o real tamanho da comunidade boliviana em São Paulo apresentam uma enorme variação: o Consulado da Bolívia calcula 50 mil indocumentados, a Pastoral dos Imigrantes acredita habitarem 70 mil bolivianos indocumentados em São Paulo, sendo 35 mil só no bairro do Brás; o Ministério do Trabalho e Emprego tem uma estimativa que varia entre 10 e 30 mil indocumentados; o Ministério Público fala em 200 mil bolivianos ao todo (regulares e irregulares). Consenso entre essas estimativas é o fato de São Paulo abrigar o maior número de imigrantes bolivianos no Brasil. CYMBALISTA, R.; XAVIER, I. R. “A comunidade boliviana em São Paulo: definindo padrões de territorialidade”. Cadernos Metrópole, 17, p.119-133, 1º sem. 2007. Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/index.php/metropole/article/ view/8767/6492>. Acesso em: 1 jun. 2014.
Os bolivianos compõem a comunidade mais numerosa de imigrantes recentes na cidade de São Paulo. Descreva este fluxo imigratório, destacando as características dessa população quanto a tipo de atividade exercida, às condições de trabalho a que está submetida e ao perfil desses trabalhadores. Q uestã o 07 . O texto indica que a formação histórica da população brasileira foi marcada por um forte processo de marginalização onde indígenas e negros são contidos pela supremacia do dominador, representado pelo colonizador europeu, ou seja, o homem rico e branco. A situação histórica se posterga para a realidade atual, haja vista que a sociedade brasileira4 ainda é estratificada, e o status social e o poder econômico e político são majoritários para o homem branco, ficando o negro e o indígena em um forte processo de exclusão.
4 9
FRENTE A Exercí cios de Aprofundamento
05 . ( U S F S P )
FRENTE
B
GEOGRAFIA Por falar nisso A crise do mercado imobiliário ocorrida no ano de 2008 nos Estados Unidos não atingiu apenas esse país da América do Norte, mas espalhou-se principalmente pelo continente europeu. A bolha imobiliária norte-americana acabou acarretando a falência de importantes bancos nos EUA. Agravaram-se também os déficits nacionais europeus, que já eram muito elevados. Países como Itália, Portugal, Grécia, Espanha e Irlanda passaram a gastar mais ainda do que conseguiam arrecadar. Portanto, começaram a acumular dívidas. O ano de 2011 marca o início da crise econômica que atingiu a Europa. Tanto a União Europeia, quanto o Fundo Monetário Internacional, propuseram pacotes para auxiliar Portugal, Irlanda e Grécia. Assim, criou-se a sigla PIIGS que faz referência aos países do bloco que estão com a economia deficitária e que ultrapassaram o pacto de estabilidade proposto pelo Banco Central Europeu. A crise de 2008 nos Estados Unidos da América também afetou o continente asiático. O Japão, por exemplo, acabou registrando quedas nas suas exportações. O Mercosul também registrou quedas nessa área, mas ao mesmo tempo sinalizou com aproximações comerciais com outros países. A organização intergovernamental tem negociado um tratado de livre comércio com o Egito, sinalizando, por exemplo, aproximação com países de outros continentes. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
B 09 B 10 B 11 B 12
A crise da União Europeia.............................................................452 Mercosul .......................................................................................460 Outros blocos de integração econômica ......................................466 Japão .............................................................................................472
FRENTE
B
GEOGRAFIA
MÓDULO B09
ASSUNTOS ABORDADOS n A c rise da U niã o E uropeia n A crise financeira do euro n Crise na Zona do Euro n Brexit
A CRISE DA UNIÃO EUROPEIA O continente europeu vem se desconfigurando em virtude de uma grave crise econômica e de conflitos culturais. A Europa sempre foi caracterizada como um exemplo de região com grande avanço econômico e certa estabilidade. Dessa forma, é comum os movimentos migratórios em direção a esse continente. A busca por melhores condições de vida tem levado, há décadas, para a Europa, uma grande quantidade de pessoas. Garantias sociais e oferta de emprego são os fatores primordiais para esse tipo de migração espontânea. Mas na atualidade, esse quadro se inverteu, ou seja, a Zona do Euro vem sofrendo sérios abalos econômicos e sociais. Os combalidos estados grego, português e espanhol ingressaram na então Comunidade Europeia no ano de 1986. Esses três países transmutaram de nações com graves problemas econômicos e sociais, para nações ou estados desenvolvidos. Atualmente enfraquecidos, esses três integrantes da União Europeia tentam suas recuperações administrando grandes sacrifícios econômicos e sociais. A crise na Zona do Euro conta com problemas fiscais, ou seja, déficits provocados pelos gastos em detrimento da arrecadação de impostos. Dessa forma, a alternativa encontrada foi a enorme contração de dívidas que, em alguns países, tornou-se bem maior do que o Produto Interno Bruto (PIB). A desconfiança de investidores também foi ponto chave para a ampliação da crise na Europa. O receio de aplicarem seus capitais nos países do continente ocorreu em virtude do medo de que esses países não pudessem quitar suas dívidas.
A crise financeira do euro A desconfiança de uma bolha imobiliária ocorrida no ano de 2007 nos Estados Unidos e que se confirmou no ano seguinte, acabou afetando aspectos econômicos e financeiros em diversos países, dentre eles, alguns europeus. O fechamento de bancos e o desemprego de milhares de pessoas ampliaram ainda mais os problemas tanto na América quanto na Europa. Na Grécia, investidores “descobriram” que em 2010, o país estava escondendo os déficits nacionais, que chegaram a ser investigados pela Comissão Europeia. O efeito negativo não demorou para acontecer, pois em abril de 2010, algumas agências de classificação de risco rebaixaram as notas da Grécia, de Portugal e da Espanha. Além desses três países, Itália e Irlanda também “tornaram-se membros” desse grupo, em que registram-se desigualdades entre o PIB e os déficits orçamentários.
4 5 2
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
A crise econômica e financeira iniciada em outubro de 2008 fez com que o Banco Central Europeu (BCE) estabelecesse alguns procedimentos e práticas com o intuito de minimizar o impacto na Zona do Euro. Dentre eles, podem ser citados: n n n
Fonte: Wikimedia commons
n
A reposição (apoio aos bancos) e a estabilidade financeira através de intervenções relacionadas à criação de empregos; Manutenção de crédito tanto para as empresas estatais, quanto para as empresas privadas; Instituição de um sistema com maior eficácia, voltado para a administração econômica e financeira da União Europeia; Proteção dos valores investidos em forma de poupança.
C rise na Z ona do E uro A crise europeia teve início com o fracasso da economia da Grécia. Já em 2009, a Grécia não apresentava nenhuma condição de cumprir com as regras estabelecidas pelo Tratado de Maastricht de 1991 - Dívida Pública máxima de 60% do PIB e Déficit Nominal ou Orçamentário anual de no máximo 3% do PIB. A Grécia e outros países da Zona do Euro (Portugal, Irlanda, Itália e Espanha) haviam ultrapassado esses limites. Por isso que, juntos, ganharam o pouco honroso rótulo de PIIGS. Déficit orçamentário (% PIB em 2009)
Metas de Maastricht (1991)
60
3,0
Portugal
85
9,3
Irlanda
65,8
12,5
Itália
115
5,3
Grécia
112
12,7
Espanha
54,3
11,2
B09 A crise da União Europeia
Dívida máxima (% PIB em 2010)
Tabela 01 - Maastricht e os PIIGS
4 5 3
Geografia
A crise europeia já vinha sendo desenhada há mais de dez anos. A fartura de moeda gerada pela especulação imobiliária, pelo turismo e pelos jogos olímpicos (Grécia e Espanha) aliados a uma aparente prosperidade e status gerados pela União Europeia levaram a um quadro irreal de euforia. Nesse sentido, os governos passaram a gastar em excesso. Resultado: os déficits e a dívida total aumentaram excessivamente, levando esses países a um quadro de insolvência (incapacidade de cumprir seus compromissos financeiros). Diante disso, instaurou-se o temor da falência generalizada dos bancos com um efeito dominó capaz de, no limite, fazer explodir a própria Zona do Euro. A crise era de tal dimensão que a publicação Economist admitiu, em maio de 2010, que um pacote de um trilhão de dólares de ajuda fornecido pelo BCE, FMI e Banco Mundial estava longe de ser suficiente para salvar o euro. Para salvar as economias em crise, foram elaborados pacotes de ajuda financeira. No caso da Grécia, o pacote de US$ 156 bilhões tinha o objetivo de reduzir o déficit orçamentário para 8,1% em 2010 e estabilizar a dívida em torno de 150 % do PIB. No entanto, para alcançar essas metas – na prática inalcançável no espaço de tempo exigido – o governo grego teve que se comprometer a pagar os juros da dívida (5 % ao ano) e ainda “sanear” a economia por meio de políticas internas radicais, tais como: um programa radical de congelamento de salários e aposentadorias públicas por cinco anos, cortes de benefícios no valor médio de três salários/ano para o funcionalismo público, aumento generalizado de impostos, elevação da idade mínima para aposentadoria aplicável a homens e mulheres (dos 60 anos para 65 ou 67), cortes de 1,5 bilhão de euros em saúde e educação, privatização de setores estratégicos e reforma trabalhista, com redução dos direitos sindicais.
B09 A crise da União Europeia
Figura 01 - As bandeiras dos países da comunidade europeia tornaram-se peças de dominó, prontas para cair junto com sua moeda
4 5 4
Tabela 02 - As duas europas. Desemprego por país em %
No ano de 2011, foi implementado um plano econômico voltado para o enfrentamento da crise no bloco. A União Europeia, além disso, incorporou entre os anos de 2011 e 2013, algumas regras mais restritas como forma de manter o controle das dívidas e dos déficits públicos de seus países-membros. Dessa forma, haveria maior possibilidade de garantia relacionada aos gastos de cada país. O pacto fiscal adotado em conjunto entre o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE) ofereceu ajuda financeira aos países que estavam passando por maiores dificuldades. Cabe ressaltar que o Reino Unido não aceitou esse pacto fiscal. Do outro lado, estão Alemanha e França como organizadores e mediadores dessa força-tarefa que tem como objetivo principal a redução dos problemas financeiros verificados no continente europeu. O aumento dos impostos, os cortes nos benefícios sociais e a redução na oferta de emprego têm gerado protestos e manifestações populares em diversos países. Com a crescente pressão social, que acaba se manifestando em profunda crise política, e mesmo com algumas mudanças implementadas, a Grécia não superou a crise. O colapso verificado na Zona do Euro também atingiu a liderança de algumas nações. Na Itália, o Primeiro Ministro Sílvio Berlusconi deixou o cargo. Na Grécia, George Papandreou também retirou-se do comando do País.
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Fonte: Wikimedia commons
Os Bancos internacionais cessaram o crédito e o aumento do desemprego provocou queda de arrecadação na economia grega, impossibilitando, dessa forma, o cumprimento das metas. Como consequência, o fracasso da recuperação da Grécia gerou um efeito desastroso para os outros PIIGS, pois o “risco Grécia” faz com que os credores aumentem os juros para “compensar os riscos”, agravando ainda mais os contornos da crise.
B rexit
Figura 02 - Greve geral na Espanha. Sindicatos em manifestação de protesto à reforma trabalhista aprovada pelo Governo em 29 de março de 2012.
Fonte: wikimedia commons
Em um plebiscito ocorrido no dia 23 de junho de 2016, cidadãos do Reino Unido tiveram a oportunidade de opinar sobre a permanência (remain) ou saída (leave) da União Europeia. O resultado final foi que aqueles que optaram pela saída do Reino Unido da União Europeia tiveram um percentual de 52%. O Brexit é uma sigla que conta com a junção de Britain e exit, ou seja, a saída do Reino Unido do Bloco Econômico União Europeia.
Figura 03 - Após o resultado do referendo no Reino Unido - 48% da população marcharam para pedir a resolução do problema.
B09 A crise da União Europeia
A União Europeia surgiu após a Segunda Guerra Mundial com o principal objetivo de promover a integração e a cooperação entre seus países-membros. Essa integração ocorre em diversas áreas ou aspectos: culturais, econômicos e políticos. Na atualidade, a UE conta com 28 membros. A saída do Reino Unido reduzirá o número de participantes pela primeira vez na história do bloco.
Figura 04 - As duas metades de uma casca de ovo rachada: uma com a 4 5 5 bandeira da UE e a outra com a bandeira do Reino Unido
Geografia
Quais os motivos para o Brexit? A realização do plebiscito em 2016 sobre a permanência ou a saída do Reino Unido da UE acabou se traduzindo em um sentimento que é compartilhado por muitos europeus em relação à organização do maior bloco econômico mundial, ou seja, de um assunto melindroso dos últimos anos - os refugiados. O mundo passa por uma grave crise relacionada a refugiados. Desde a Segunda Guerra Mundial, verifica-se que chegou-se à maior quantidade de pessoas que abandonaram seu país de origem por causa de conflitos armados, guerras civis, entre outros. A busca por lugares seguros e até mesmo acolhedores tem levado milhões de pessoas a saírem de países como a Síria, que há mais de sete anos está sob uma guerra civil. A guerra civil na Síria é um desdobramento dos protestos que aconteceram no país a partir da Primavera Árabe. Essa onda de protestos chegou à Síria em janeiro de 2011. O continente africano é também um exemplo desses movimentos migratórios forçados. A onda de imigrantes tem assustado muitos cidadãos europeus, que muitas vezes reagem com xenofobia em relação aos migrantes. A facilidade com que esses migrantes conseguem entrar no Reino Unido foi um fator essencial e fortalecido para a campanha pelo Brexit. A principal alegação foi a de que o Reino Unido não possui um controle efetivo de suas próprias fronteiras. Outro fator que pesou na realização do plebiscito foi o fator econômico. Na visão dos apoiadores do Brexit, a União Europeia acabou criando uma situação em que ocorre injustiça entre seus membros, ou seja, as economias mais fortes (exemplos: Reino Unido, Alemanha e França) do grupo acabam sustentando as economias mais fracas (exemplos: Portugal, Grécia, Espanha, Itália) do bloco econômico. O Reino Unido entrou para o bloco econômico em 1973 e sempre teve uma participação conturbada, por exemplo, na questão relacionada à sua moeda - a libra esterlina. O país não optou pela implantação do euro. O Acordo Schengen também não foi completamente aceito. O que acontece após a vitória do Brexit?
B09 A crise da União Europeia
Sendo a primeira vez que ocorre a saída de um país da União Europeia, momentos de incertezas tomaram conta do bloco. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que fez campanha pela permanência de seu país, renunciou ao cargo. Nas declarações de Cameron, o novo primeiro-ministro Figura 05 - Brexit: estratégia de xadrez
4 5 6
(Theresa May, que assumiu em julho de 2016) é quem deverá conduzir as negociações para a saída do bloco. Previsões econômicas após o Brexit As previsões sobre as consequências do plebiscito que optou pela saída do Reino Unido da UE não são tão positivas. Perdas são naturais devido a uma conturbada saída, como ocorre nesse caso específico. A própria União Europeia já alertou que não se manterá incólume ao acesso a esse mercado. Na visão da UE – União Europeia, o Reino Unido, mesmo tendo decretada a sua saída, deverá continuar a aceitar a livre circulação de pessoas. Em nível mundial, não se sabe ao certo como a economia britânica será influenciada. Os problemas vislumbrados por especialistas são: desvalorização da libra esterlina, aumento da inflação, recessão econômica, queda na renda per capita, entre outros. Como ficarão os imigrantes? Ainda não se sabe ao certo como serão as consequências relacionadas aos movimentos migratórios em direção ao Reino Unido. Possivelmente haverá maior rigor relacionado à entrada de estrangeiros no país. Cabe ressaltar que, como membro da União Europeia, o Reino Unido teve que receber uma porcentagem dos refugiados que chegaram ao continente europeu. Esse ponto foi fundamental para a realização do Brexit. Assim, a saída do bloco resultará em uma liberdade maior para a regulação da entrada de estrangeiros.
SAIBA MAIS UNIÃO EUROPEIA CONFIRMA RECUPERAÇÃO ECONÔMICA Passada uma década que o banco francês BNP Paribas reconheceu sua exposição ao subprime nos EUA (as hipotecas de alto risco), a União Europeia declara que a recuperação da maior estagnação de sua história tem ocorrido. Contudo, o bloco afirma que ainda há muito a ser feito para solucionar de vez o problema. As estatísticas apontam que a economia cresceu pelo quinto ano consecutivo, e o desemprego atingiu o nível mais baixo desde 2008. Para se ter ideia, em 2017, foi registrada uma taxa de 7,7 %, um percentual menor em relação aos 8,6 % registrados em 2016. Além disso, os bancos, os investimentos e as finanças públicas dos países-membros da EU estão em melhores condições.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação 01. ( U S F S P ) Leia a seguinte manchete e seu lide. Reino Unido e França avançam para c onstruç ã o de muro em C alais 07/09/2016
Construção é financiada pelo Governo britânico. Objetivo é impedir acesso dos migrantes à estrada para o porto.
FONTE: <https://www.publico.pt/mundo/noticia/reino-unido-vai-avancar-para-construcao-de-muro-em-calais-1743424>. Acesso em: 09/09/2016, às 22h (fins pedagógicos).
A chamada Grande Muralha de Calais pretende a) possibilitar o acesso de imigrantes à França, já que o Reino Unido esgotou seu limite de imigração. b) incentivar a partilha de imigrantes pelos demais países da União Europeia. c) impedir o acesso ao Reino Unido dos migrantes e requerentes de asilo. d) incentivar os caminhoneiros que por ali passam a denunciar ataques organizados pelas máfias de tráfico humano. e) incentivar a imigração legal no Reino Unido, o qual se declarou receptivo aos migrantes.
Sobre a Catalunha, é correto afirmar que se trata de a) uma região autônoma e que reivindica sua integração ao território nacional espanhol, acompanhada de plena participação na vida política e econômica da Espanha. b) uma região com identidade cultural própria e que reivindica total autonomia política e administrativa em relação à Espanha. c) uma região pobre, com identidade cultural espanhola, mas que exige sua autonomia administrativa como forma de se proteger da atual crise econômica que assola a Espanha. d) uma ex-colônia espanhola, que reivindica sua autonomia administrativa, mas com direitos de influenciar na vida política e econômica da Espanha. e) um país autônomo, com território e governo nacionais próprios e que almeja integrar-se à Espanha para poder participar definitivamente da União Europeia. 04 . Leia o texto e observe a imagem. Numa guerra não se matam milhares de pessoas. Mata-se alguém que adora espaguete, outro que é gay, outro que tem uma namorada. Uma acumulação de pequenas memórias... . Nós que aqui estamos, por vós esperamos. Direção de Marcelo Masagão. Brasil, 1999.
03 . ( U nesp S P ) C atalunh a de mã os dadas Imagine uma corrente humana formada por pessoas que dão as mãos em uma extensão de 400 quilômetros. Cidadãos da Catalunha não só imaginaram como a colocaram em prática nesta quarta-feira [11.09.2013], em que se celebra a Diada, uma espécie de dia do orgulho catalão, por ser a data que relembra a batalha, no século 18, de Barcelona com tropas da monarquia espanhola. O 11 de setembro catalão é celebrado anualmente com atos oficiais e passeatas, mas tem sido nos últimos anos o ponto nevrálgico do pleito dessa região. (http://luisabelchior.blogfolha.uol.com.br. Adaptado.)
A partir do texto e da imagem, pode-se afirmar corretamente que a) a história das guerras se resume a um teatro de combates travados no front por estadistas e militares. b) os relatos que abordam os conflitos apenas com base nos tratados e armistícios são parciais e limitados. c) o fim dos impérios, a xenofobia e a consolidação do projeto federativo garantiram a paz mundial. d) a banalização da morte e a experiência do exílio expressam a retração dos nacionalismos nos séculos XX e XXI. e) as políticas de inclusão foram capazes de controlar os fluxos migratórios globais.
4 5 7
B09 A crise da União Europeia
02. ( U nic amp S P ) Um país da Europa Ocidental encontra-se envolvido em discussões internas sobre separatismo entre as suas duas principais regiões: Flandres, ao Norte, e Valônia, ao Sul. Qual é esse país? a) Ucrânia. c) Bélgica. b) Suíça. d) Espanha.
Geografia
Exercícios C om p l em en t ares 01. ( M ac k enz ie S P )
1991
Com relações diplomáticas afetadas, Merkel recebe T sipras em B erlim A chanceler alemã, Angela Merkel, recebe o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, nesta segunda-feira (23), em uma aguardada reunião que ocorre em um momento de relações diplomáticas resfriadas entre os dois países.
2016
União Europeia, tendo como destaque a Alemanha. A ra-
A Alemanha e outros países da União Europeia estenderam por mais três meses o controle em suas fronteiras. Além da Alemanha, também Áustria, Dinamarca, Suécia e Noruega (que não faz parte da UE) vão continuar com o controle temporário de suas fronteiras, após o aval do Conselho Europeu. Todos esses países fazem parte da zona de livre-circulação prevista no Acordo Schengen.
zão das dificuldades de diálogo entre Grécia e Alemanha,
Adaptado de g1.globo.com.
Chanceler alemã, Angela Merkel, e o ministro grego, Alexis Tsipras, vão fazer primeira reunião bilateral. Disponível: http://www.portugues.rfi.fr/economia. Acessado em 29/03/2015
A notícia acima refere-se às recentes mudanças que ocorreram nas relações entre a Grécia e muitos países da
na reportagem, é a) a ascensão de um partido de extrema direita na Grécia, liderado por Tsipras, que se opõe ao modelo social-democrata representado por Ângela Merkel, primeira-ministra da Alemanha. b) o problema da xenofobia e da violência sistemática que ameaça à integridade de imigrantes gregos na Alemanha. c) a posição crítica de Tsipras, primeiro-ministro grego, que não aceita a imposição de medidas de austeridade fiscal, defendidas pela Alemanha. d) a rejeição da Alemanha às medidas de contenção de gastos, defendidas por Tsipras. e) o desejo do líder grego em ampliar a implantação de medidas de inspiração neoliberal, fortemente criticadas pela B09 A crise da União Europeia
União Europeia e pelo FMI. 02. ( U erj R J ) A integração da União Europeia começou oficialmente em 1957 e durante décadas houve um movimento contínuo de ampliação das liberdades de circulação de riquezas. A imagem abaixo aponta um fato importante desse
03 . ( E S P M
S P ) Observe a matéria:
Dois dias de pressões políticas da União Europeia não foram suficientes para dobrar a resistência do primeiro ministro demissionário de Portugal, José Sócrates. À beira da bancarrota, o governo português não formalizou como se esperava ontem no segundo dia da reunião de cúpula de chefes de Estado e de governo da União Europeia, o pedido de socorro financeiro, condição obrigatória para um empréstimo. A resposta de Sócrates foi: “Portugal não precisa de um plano de socorro e eu vou manter essa posição para defender o meu país. Eu sei o que isso significou para outros países da União Europeia e não desejo isso para o meu país.”
período: a entrada em vigor do Acordo Schengen. Nos últi-
(O Estado de São Paulo, 26/03/2011.)
mos anos, no entanto, o bloco vem enfrentando dificulda-
Os “outros países” da União Europeia a que o primeiro ministro de Portugal se referia são:
des que sinalizam a possibilidade de retrocessos.
4 5 8
Considerando os eventos ocorridos nesse continente nos últimos cinco anos, a explicação para a mudança exposta na notícia é a necessidade de controle dos fluxos de a) capitais. b) serviços. c) pessoas. d) mercadorias
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
04 . ( E S P M S P ) Se a origem da população cigana é alvo de debates acadêmicos, a realidade é que o grupo representa entre 10 milhões e 12 milhões de pessoas na União Europeia. Para a ONU, a comunidade cigana é atualmente o maior desafio enfrentado pela União Europeia em termos de garantia de direitos humanos entre seus próprios cidadãos. A ONU chama a atenção para as medidas de “cunho racista”, alertando que a decisão pode provocar um surto de xenofobia. (O Estado de São Paulo – 19/08/2010)
O texto se refere à decisão de um governo europeu de expulsar de seu território 700 ciganos, em apenas 10 dias. Assinale a alternativa que aponte corretamente o país e o governo responsável por tal decisão, bem como a justificativa apresentada. a) A França, do presidente Nicolas Sarkozy, que alega que os ciganos vivem de forma irregular e constituem ameaça à segurança. b) A Itália, do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que apoiado por partidos políticos de origem fascista, pratica uma política xenófoba. c) A Inglaterra, do primeiro-ministro conservador David Cameron, em nome da política de segurança e combate ao terrorismo. d) A Espanha, do primeiro-ministro Zapatero, em nome do combate à imigração ilegal. e) A Alemanha, do governo de Angela Merkel, sob a alegação de proteger o mercado de trabalho para os alemães. 05 . ( E S P M S P ) Anos sendo alvo de matérias sobre sua grave crise econômica, a Grécia iniciou o ano de 2015: a) celebrando a vitória do partido de extrema direita Aurora Dourada que, tal qual em outros países europeus, apresentou vertiginoso crescimento popular. b) lamentando a renúncia de seu presidente recentemente eleito. c) saldando mais da metade da dívida contraída nos anos de crise e que fora imposta pela troika estabelecida pelos demais membros da União Europeia. d) anunciando sua adesão à Zona do Euro, após cinco anos de afastamento, quando optou pela saída da comunidade por discordar da imposição da troika. e) assistindo à vitória do partido de esquerda Syriza nas eleições legislativas e que tem uma agenda de rompimento com a austeridade fiscal adotada até então. 06 . ( U nitau S P ) No dia 23 de junho de 2016, a maioria dos cidadãos do Reino Unido votou por abandonar a União Europeia no histórico referendo que ocorreu nessa data. O Brexit recebeu 51,9% dos votos, enquanto 48,1% votaram pela permanência
no bloco. A decisão dos britânicos desencadeou uma histórica queda da libra esterlina e das bolsas europeias e colocou a União Europeia diante de um desafio sem precedentes. Sobre o surgimento e os objetivos da União Europeia, é CORRETO afirmar. a) Surgiu com o objetivo de melhorar as condições de vida e de trabalho dos cidadãos europeus, protegendo o comércio entre os países membros. b) A integração europeia teve início com o Tratado de Maastricht, em 1991, que criou e implantou nessa data, em toda a Europa, uma moeda comum para trocas cambiais entre os países europeus. c) A proposta de unificação surge logo após a Segunda Grande Guerra, com a necessidade de se reconstruir os países devastados e como forma de gerar estabilidade nas relações interestatais. d) Os quatro pilares da integração europeia são a proteção de bens, de serviços, de capitais e a livre circulação das pessoas, abrangidos à medida que vão se aprofundando os níveis de integração realizados. e) A ideia de unificação tomou força depois de um discurso de Harry Truman, chefe de governo norte-americano, em 1946, convocando os países a formarem os “Estados Unidos da Europa”. 07 . (Fuvest SP) Cada vez mais pessoas fogem da guerra, do terror e da miséria econômica que assolam algumas nações do Oriente Médio e da África. Elas arriscam suas vidas para chegar à Europa. Segundo estimativas da Agência da ONU para Refugiados, até novembro de 2015, mais de 850 mil refugiados e imigrantes haviam chegado por mar à Europa naquele ano. Garton Ash, Timothy. Europa e a volta dos muros. O Estado de S. Paulo, 29/11/2015. Adaptado.
Sobre a questão dos refugiados, no final de 2015, considere as três afirmações seguintes: I. A criação de fronteiras políticas no continente africano, resultantes da partilha colonial, incrementou os conflitos étnicos, corroborando o elevado número de refugiados, como nos casos do Sudão e Sudão do Sul. II. Além das mortes em conflito armado, da intensificação da pobreza e da insegurança alimentar, a guerra civil na Síria levou um contingente expressivo de refugiados para a Europa. III. A política do apartheid teve grande influência na Nigéria, país de origem do maior número de refugiados do continente africano, em decorrência desse movimento separatista. Está correto o que se afirma em a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 4 5 9
B09 A crise da União Europeia
a) Irlanda e Islândia. b) Itália e Espanha. c) Itália e Islândia. d) Grécia e Espanha. e) Grécia e Irlanda.
FRENTE
B
GEOGRAFIA
MÓDULO B10
ASSUNTOS ABORDADOS n M erc osul n Histórico da Aliança
MERCOSUL O Mercado Comum do Sul é um processo de integração econômica entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Foi constituído em 26 de março de 1991, com a assinatura do Tratado de Assunção. O Mercosul é também resultado do processo de redemocratização e de reaproximação de alguns países da América do Sul. O bloco é a mais abrangente iniciativa de integração regional da América Latina. No contexto histórico mais amplo, ele surgiu como mais uma das numerosas tentativas de criação de tratados de colaboração entre países latino-americanos. No contexto mais imediato, foi resultado da aproximação entre os dois “gigantes do Cone Sul”, Brasil e Argentina. Ambos passavam pela transição de regimes militares para regimes democráticos, enfrentavam profundas crises econômicas, dívidas externas impagáveis e surtos inflacionários. Outra característica importante do Mercosul é que ele possui dois grandes pilares: a democratização política e a liberalização econômico-comercial. Os objetivos primordiais do MERCOSUL são: n n n n n
Eliminação das barreiras tarifárias e não tarifárias no comércio entre os países-membros; Adoção de uma Tarifa Externa Comum (TEC); Coordenação de políticas macroeconômicas; Livre comércio de serviços; Livre circulação de capitais. Formado originalmente por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, atualmente o bloco conta também com a Venezuela como membro pleno. A adesão desse país ao Bloco ocorreu no ano de 2012, mas está suspensa, desde dezembro de 2016, por descumprir obrigações comerciais (por violação da Cláusula Democrática do Bloco). No dia 5 de agosto de 2017, os membros fundadores do Mercosul, decidiram de forma unânime suspender a Venezuela por ruptura da ordem democrática. A ruptura está relacionada à eleição de uma Assembleia Constituinte promovida por Nicolás Maduro. A Assembleia Constituinte é questionada pela comunidade internacional, ou seja, pela forma não democrática como foi realizada. Outro ponto importante para a ruptura é a prisão de opositores ao regime de Maduro. Antonio Ledezma e Leopoldo López são dois exemplos de opositores ao regime venezuelano.
Figura 01 - Países associados do Mercosul.
4 6 0
A aplicação da suspensão foi relacionada à ações promovidas pelo governo de Nicolás Maduro. Na visão dos ministros que assinaram o documento de suspensão, faz-se necessário a realização imediata para que haja um processo de transição política e concomitantemente a restauração da ordem democrática. O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes declarou que há a necessidade urgente de que o executivo venezuelano deva dialogar de forma objetiva e não de fachada com a oposição existente na Venezuela em relação a Maduro.
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Em comunicado assinado pelos chanceleres dos países fundadores sobre a questão da nova suspensão envolvendo a Venezuela, alegou-se que “a suspensão da Venezuela foi aplicada em função das ações do governo de Nicolás Maduro e é um chamado imediato para o início do processo de transição política e restauração da ordem democrática”. Cabe ressaltar que o caso venezuelano é o segundo que ocorre dentro do Mercosul. A suspensão do Paraguai ocorrida no ano de 2012 (destituição de Fernando Lugo) acabou permitindo a entrada da Venezuela no Mercosul (o Congresso paraguaio não havia aprovado a adesão da Venezuela ao bloco). 18 16 14 12 10 8 6
2014
2012
2010
2008
2006
2004
2002
2000
1998
1996
1994
1992
1990
1988
1986
1984
2
1982
4
Figura 02 - Participação do Mercosul na corrente de comércio do Brasil (%)
Apesar do aumento da comercialização brasileira com o Mercosul, Figura 03 - Os países do Mercosul. Venezuela, o membro suspenso o bloco vem passando por entraves e conflitos de interesses. Entre os pontos mais complicados, estão a manutenção de barreiras protecionistas pela Argentina contra os produtos brasileiros e a divergência de posicionamento dos seus componentes quanto à aproximação do bloco com outros blocos, em especial com a União Europeia. Enquanto o Brasil deseja uma aproximação que visa à redução de barreiras e a ampliação das trocas comerciais, outros integrantes do bloco, em especial a Argentina, temem consequências dessa ação.
SAIBA MAIS MERCOSUL
B10 Mercosul
Como vimos, o Mercosul originou-se do Tratado de Assunção, que estabeleceu um modelo de integração profunda, com as metas principais de conformação de um mercado comum, citadas anteriormente neste módulo. Somado a isso, o livre comércio intrazona foi implantado por meio do programa de desgravação tarifária previsto pelo referido tratado, que reduziu para zero a taxa do imposto de importação para o universo de bens, exceto do açúcar e de automóveis. Outro ponto importante é que a União Aduaneira, estabelecida pela TEC, está sistematizada em 11 níveis tarifários, cujas alíquotas variam de 0 a 20%, respeitando, assim, o princípio geral da questão tarifária. Em geral, os insumos têm taxas mais baixas, enquanto que os produtos com maior grau de elaboração, alíquotas maiores.
4 6 1
Geografia
H istóric o da Alianç a Confira abaixo cada fase do histórico do acordo entre os países da América Latina: 1960: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Peru e México anunciam a criação da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), em uma tentativa de estimular a integração comercial da América Latina. 1970: Apesar de todos os problemas internos que inviabilizam seu funcionamento, bem como golpes militares, crises econômicas e desconfiança entre os membros, a ALALC conquista a adesão da Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela. 1980: A ALALC é rebatizada como Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), obtendo a adesão de Cuba, em 1999. 1985: Em dezembro, os presidentes José Sarney (Brasil) e Raúl Alfonsín (Argentina) assinam a Declaração de Itaipu, que prevê a intensificação da colaboração dos dois países nos campos da economia, energia nuclear, relações políticas e culturais. 1990: Em 6 de julho, os presidentes Fernando Collor (Brasil) e Carlos Menem (Argentina) assinam a Ata de Buenos Aires de Integração Econômica, suspendendo restrições alfandegárias ao movimento de capitais, pessoas e serviços entre os dois países. 1991: Em 26 de março, nasce oficialmente o Mercosul, com a adesão do Uruguai e do Paraguai aos termos da Ata de Buenos Aires. Isso resultou na assinatura do Tratado de Assunção, cujo objetivo foi criar uma zona de livre comércio entre os quatro membros fundadores.
Fonte: wikimedia commons
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1994: Em 17 de dezembro, os países do Mercosul firmam o Protocolo de Ouro Preto, que deu personalidade jurídica ao bloco e o transformou em União Aduaneira, com a instituição de uma Tarifa Externa Comum (estabelecimento de uma taxa comum de importações). 1996: Chile e Bolívia assinam, separadamente, acordos de complementação econômica, adquirindo status de países associados (recebem tratamento econômico preferencial, sem serem membros plenos). Nos anos seguintes, Colômbia, Equador e Peru receberam o mesmo tratamento. 1998: O Protocolo de Ushuaia cria a Cláusula Democrática, que impede a adesão de países cujo regime seja contrário à democracia.
B10 Mercosul
2002: O Protocolo de Olivos institui um Tribunal Permanente de Revisão como instrumento para solução de controvérsias e conflitos de interesses entre os países-membros.
Filme: Hugo Chávez: O Comandante Sinopse: Hugo Chávez (Andrés Parra) foi um homem de origem humilde, conhecido por tornar-se um dos líderes latino-americanos mais poderosos e controversos da história. Em relação à sua figura emblemática, destaca-se um homem com gestos bem característicos e com uma língua bastante afiada. Mas é impossível escrever sua história sem falar de polêmicas no campo da política, jogos de poder, ambição e romance. 4 6 2
2006: A Venezuela solicita formalmente sua adesão à aliança, aprovada pelos parlamentos dos países-membros, faltando a ratificação do Paraguai. O Mercosul cria seu parlamento consultivo. 2007: Israel destaca-se como o primeiro país a assinar um acordo de livre comércio extrarregional com o bloco. Três anos depois, os países que assinaram tal acordo foram: Egito, Cuba, Índia, Indonésia, Malásia, Marrocos e Coreia do Sul, além de acordos com países árabes, incluindo a Síria, os Emirados Árabes Unidos e a representação da Palestina. 2012: Inclusão definitiva da Venezuela ao bloco e assinatura do protocolo de adesão pela Bolívia.
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação 01. ( U F P A) Sobre o Mercosul, que foi constituído em 1991 por
03 . (Fuvest SP) Nos últimos anos, o MERCOSUL
meio do “Tratado de Assunção”, tendo como países signatá-
a) dificultou relações econômicas com países andinos.
rios Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, podemos afirmar:
b) influenciou na consolidação da ALCA.
a) O Mercosul encontra-se organizado hoje como uma zona
c) enfrentou dificuldades políticas para consolidar-se.
de livre comércio entre seus países-membros, entre os
d) evitou conflitos econômicos regionais.
quais foram removidas as barreiras ao fluxo de mercado-
e) foi reconhecido na ONU como foro multilateral.
rias. Tal fato permite a plena circulação de capitais, bens e serviços, além de uma mesma política cambial, alfandegária e de defesa do consumidor. b) No Mercosul, a perspectiva de consolidação de uma zona de livre comércio tornou-se possível, apesar da disputa entre Brasil e Argentina pela hegemonia político-econômica do continente, da instabilidade econômica e dos altos índices de desemprego por que passam os países membros. c) A formação do Mercosul possibilita, aos seus países membros, alternativas comercias para integrarem-se
04 . ( U F T ) Sobre o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), é INCORRETO afirmar. a) Tem como membros plenos e fundadores Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. b) Foi criado em 1990, oficializado em março de 1992, através do Tratado de Maastricht. c) O bloco constitui uma união aduaneira, cujo estágio dessa integração econômica, não são cobrados impostos no comércio entre os países membros, existindo uma tarifa externa comum.
ao processo de globalização. De outra forma, tais paí-
d) O Brasil possui a maior e mais industrializada economia
ses estariam “excluídos” dos principais acordos e van-
do MERCOSUL e é o principal mercado para exportação
tagens decorrentes da nova organização econômica e
do Paraguai, Uruguai e Argentina.
política mundial. d) O Mercosul encontra-se consolidado no momento. Seus países-membros conseguiram superar problemas internos de ordem política e econômica, garantindo, dessa forma, sua total integração como bloco econômico.
e) Em dezembro de 1994, foi aprovado o Protocolo de Ouro Preto, que estabelece a estrutura institucional do MERCOSUL e o dota de personalidade jurídica internacional. 05 . (Unifesp SP) Observe a figura.
e) Em seu atual estágio de integração sul-americana, o Mercosul permite, aos países-membros, a possibilidade de inserção em grandes fluxos de comércio e de investimento em escala global, feita essa inserção com base na tipologia do tratado econômico regional, o que torna o Mercosul uma área de integração por investimentos. 02. (Ufam AM) Com relação ao Mercosul (Mercado Comum do Sul), são feitas as seguintes afirmações: I.
Chile e Bolívia participam do Mercosul como membros associados a uma zona de livre comércio.
II.
Foi constituído através do Tratado de Assunção, em 26 de março de 1991. Fazem parte deste bloco econômico os seguintes países: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
A anamorfose indica que, em relação às mortes de crianças com menos de 5 anos de idade na América do Sul,
Dessas afirmativas, está(ão) correta(s):
a) os índices mais elevados estão no Cone Sul.
a) Apenas a III
b) os indicadores mais baixos estão nos países andinos.
b) II e III
c) a Bolívia e o Paraguai têm a mesma quantidade de casos.
c) I e III
d) os membros do Mercosul têm graves disparidades entre si.
d) I, II e III
e) as partes do Tratado de Cooperação Amazônica são ho-
e) Apenas a II
mogêneas.
4 6 3
B10 Mercosul
III.
guns readro
Geografia
Exercícios C om p l em en t ares 01. (Fac. Santo Agostinho BA) Criado em 1991, o Mercado Comum do Sul (Mercosul) completa 25 anos em 2016 como o maior bloco econômico sul-americano. Trata-se de uma união aduaneira, já com algumas medidas de mercado comum, como o passaporte padrão e o livre trânsito e moradia entre os países. 25 ANOS DE MERCOSUL. GE Atualidades. São Paulo: Abril, 1. sem. 2016.. p.117.
Sobre os blocos políticos e econômicos no mundo globalizado, é correto afirmar: 01. A terceirização é um efeito do comércio globalizado, e ocorre quando uma empresa recruta funcionários de outros países, beneficiando-se com o pagamento de salários mais baixos. 02. A globalização reduz a importância dos blocos econômicos, já que incentiva o fim das barreiras comerciais. 03. O Mercosul tem sido muito bem sucedido nas negociações comerciais com outros blocos econômicos, graças, principalmente, à participação do Brasil. 04. Na formação dos blocos, não tem se verificado a influência política, mas apenas as similaridades econômicas. 05. A Organização Mundial do Comércio (OMC) tem a função de garantir aos países menos desenvolvidos a aplicação de medidas que incentivem seu crescimento econômico. 02. ( P U C P R ) O aproveitamento dos rios da Bacia Platina para a produção de energia hidroelétrica interessa aos países que compõem o MERCOSUL. Considerando a posição geográfica desses países, podemos afirmar que a) a Bolívia está em melhor situação por ter parte de seu território na Bacia Platina e parte na Bacia Amazônica. b) Argentina e Chile obtêm toda sua energia graças aos cursos de água que descem dos Andes. c) Brasil e Paraguai são favorecidos, porque estão no alto curso do Rio Paraná onde o potencial é maior. d) Argentina e Uruguai são privilegiados, porque aí os rios têm escoamento mais regular. e) Uruguai e Paraguai não podem obter energia hidroelétrica, porque grande parte de seus rios são temporários. 03 . ( E S C S D F ) O gráfico abaixo representa a evolução das exportações brasileiras no período 2000-2002. Evolução das exportações Brasileiras para os principais mercados (em %) 100 23
27,4
29,2
EUA
60
14 11,5
10 11,5
5,5 14,6
União Europeia
40
26,8
25,5
25
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80
0
4 6 4
Ásia Mercosul
20 24,7
24,3
25,7
2000
2001
2002
Outros mercados
Analisando os dados do gráfico e considerando os principais mercados compradores, a alternativa que contém a única alteração significativa verificada nesse período é a) predomínio de exportações para o MERCOSUL e diminuição dos mercados asiáticos. b) aumento do total exportado para os Estados Unidos e União Europeia, em detrimento da participação de produtos brasileiros nos outros mercados do mundo. c) diminuição das exportações para o MERCOSUL e aumento da participação de produtos brasileiros nos mercados asiáticos. d) perfeito equilíbrio nos percentuais exportados para os vários mercados compradores da Ásia, tanto no ano 2000 como em 2002. e) manutenção dos mercados compradores do MERCOSUL e diminuição dos mercados asiáticos. 04 . ( E S P M S P ) Leia o texto: O compromisso brasileiro com a integração regional tem sido uma prioridade de todos os governos desde 1985 ... Ao olhar para nossa geografia, entendemos por que isso faz sentido. (Emílio Odebrecht, Folha de São Paulo, 25/07/10.)
A alternativa que justifica a fala do autor é: a) A ALADI, Associação Latino-Americana de Integração, configura-se como a mais importante iniciativa de integração regional das Américas nos últimos anos e integra todos os países do continente. b) O “olhar” ao qual se refere o autor diz respeito à homogeneidade étnica e natural da América do Sul, um fator facilitador da integração regional. c) o fato de o Brasil fazer fronteiras com todos os países sul-americanos, justifica a preocupação dos governos citados, especialmente com a prioridade dada ao Mercosul, a partir da assinatura do Tratado de Assumpção. d) O Brasil faz fronteira com quase todos os países sul-americanos e isso é um aspecto que justifica a prioridade à integração regional que tem no Mercosul o principal bloco econômico. e) Com exceção da Venezuela e Cuba, a Unasul surge como o principal fórum de resoluções políticas do cone sul da América. 05 . ( P U C M G ) O Mercosul é um mercado supranacional que integra países membros plenos e associados, mas a expansão das suas relações comerciais depende do desempenho de suas economias nacionais. Entre as perspectivas do Mercosul, é INCORRETO afirmar que pretende:
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
a) atender aos objetivos de integração continental, controlando os avanços das relações comerciais entre os países membros. b) liberar o setor de serviços, permitindo que os diversos profissionais possam trabalhar sem restrições em qualquer dos países. c) abrir as concorrências públicas, permitindo que as empresas sediadas em qualquer país possam competir em iguais condições com as outras. d) discutir novas legislações comuns, estabelecendo normas e instituições de controle e proteção aos interesses comuns. 06 . ( U desc S C ) Observando-se o mapa abaixo, pode-se afirmar:
9 8
1 6 5 4 3
III. IV.
V.
VI. VII.
07 . ( U nesp S P ) Apesar de ser estratégica para a integração sul-americana, a Faixa de Fronteira configura-se como uma região pouco desenvolvida economicamente, historicamente abandonada pelo Estado, marcada pela dificuldade de acesso a bens e serviços públicos, pela falta de coesão social, pela inobservância de cidadania e por problemas peculiares às regiões fronteiriças.
2
O número 3 representa a Argentina, parceiro comercial do Brasil, que vive mergulhado numa crise econômica, em função da adoção de políticas neoliberais impostas por organismos internacionais. Os números 4 e 7 referem-se respectivamente a Chile e Equador, únicos países da América do Sul a não fazerem fronteiras com o Brasil. O número 8 representa o México, segundo país mais industrializado da América Latina. A Bolívia, representada pelo número 6, é um país da América do Sul. Em seu território, a Petrobrás, uma empresa brasileira, é considerada uma das maiores multinacionais ali instaladas. O número 9 representa a Venezuela, país governado por Hugo Chávez, que sofre oposição sistemática dos Estados Unidos. O número 2, zona de conflito com o Brasil, em função de tráfico de drogas, representa o Uruguai. Representado pelo número 5 está o Peru, país com a maior reserva de gás e petróleo do hemisfério Sul.
Sob o ponto de vista do território brasileiro, configuram exemplos de problemas peculiares às regiões fronteiriças a) a captação de recursos por instituições financeiras internacionais e a evasão de divisas. b) a ausência de tributação legal e a desarticulação político-institucional dos municípios. c) a formação de economias de subsistência e a organização de movimentos separatistas. d) a entrada de produtos ilícitos e a saída de recursos naturais explorados ilegalmente. e) a livre atividade de grileiros e a comercialização de títulos de propriedade para terras devolutas. 08 . ( E spc ex S P ) Com relação ao Mercado Comum do Sul (Mercosul), podemos afirmar que: I. a aproximação geopolítica entre Brasil e Argentina, que representou uma ruptura com a tradição de rivalidade das relações entre esses dois países, foi fator determinante para o seu surgimento. II. o Tratado de Assunção, em 1991, o constituiu formal e juridicamente e contou, além do Brasil e da Argentina, com a participação do Paraguai e do Chile como países-membros do novo Bloco. III. a Zona de Livre Comércio estabelecida entre os países-membros implica a adoção de uma Tarifa Externa Comum (TEC) pelos seus integrantes. IV. não há soberania compartilhada, de modo que cada Estado conserva a prerrogativa de impedir a adoção de decisões com as quais não concorda. Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas corretas: a) I e II. b) I, II e III. c) I e IV. d) II, III e IV. e) III e IV. 4 6 5
B10 Mercosul
10
II.
Assinale a alternativa CORRETA. a) Somente as afirmativas IV, V e VIII são verdadeiras. b) Somente as afirmativas I, V e VII são verdadeiras. c) Somente as afirmativas II, III e VI são verdadeiras. d) Somente as afirmativas I, II, IV e V são verdadeiras. e) Somente as afirmativas I, VI e VIII são verdadeiras.
(Ministério da Integração Nacional. Faixa de fronteira, 2009. Adaptado.)
7
I.
VIII. A Colômbia, representada pelo número 10, constitui um dos maiores pontos de recepção do turismo ecológico dentre os países de língua inglesa do continente.
FRENTE
B
GEOGRAFIA
MÓDULO B11
ASSUNTOS ABORDADOS n O utros b loc os de integraç ã o ec o-
nô mic a
n NAFTA n ALCA n APECc n Aliança do Pacífico n Comunidade Andina n Unasul
OUTROS BLOCOS DE INTEGRAÇÃO ECONÔMICA NAF T A O NATFA (North America Free Trade Agreement), ou Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, foi criado no ano de 1992, entrando em vigor em 1994. Ele foi projetado para ser a primeira etapa de formação de uma zona de livre comércio, que envolveria toda a América. Assim, o bloco teve início a partir de um acordo estabelecido entre os três países da América do Norte: Estados Unidos, México e Canadá. A partir desse acordo, foi implantado o livre comércio entre as nações integrantes. A livre circulação de mercadorias e de serviços entre os três países membros é a principal característica do NAFTA. Um dos principais motivos da criação desse bloco econômico foi o de fazer frente à União Europeia, tendo em vista que essa tem alcançado um grande êxito no cenário mundial.
ALASCA (EUA)
CANADÁ
ESTADOS UNIDOS
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MÉXICO
Figura 01 - Assinatura de criação do NAFTA
Mapa 01 - NAFTA
4 6 6
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
O NAFTA possui um mercado consumidor de aproximadamente 450 milhões de habitantes, com PIB estimado em cerca de 16 bilhões de dólares. Uma característica marcante do bloco é o grande desnível entre as economias de seus membros, tendo em vista que os Estados Unidos da América classificam-se como a maior economia mundial. O Canadá, mesmo aparecendo como um dos principais países do mundo no que se refere à economia, qualidade de vida, entre outros quesitos, é uma nação que depende muito dos recursos financeiros oriundos dos Estados Unidos. Já o México, considerado uma economia emergente, foi convidado para fazer parte desse bloco econômico pelo fato de seus habitantes serem consumidores assíduos dos produtos canadenses e norte-americanos. Na visão de especialistas, tanto o Canadá quanto o México acabaram se transformando em “colônias” dos interesses comerciais norte-americanos. Além desses fatos, no território mexicano, estão instaladas várias empresas norte-americanas (indústrias maquiladoras). Desse modo, o México foi inserido em tal bloco simplesmente porque possui um enorme mercado consumidor, por ser detentor de uma grande jazida de petróleo - recurso indispensável para Estados Unidos e Canadá, além de ser fornecedor de mão de obra barata. Torna-se visível, portanto, os contrastes existentes (econômicos, sociais e tecnológicos) entre os três países-membros. As indústrias maquiladoras A partir da criação do NAFTA, várias empresas norte-americanas transferiram-se para o território mexicano em busca de alguns fatores locacionais que pudessem minimizar os gastos e os custos de produção de suas mercadorias. A mão de obra mais barata mexicana é o principal fator locacional que essas empresas buscaram ao instalarem suas indústrias no país vizinho. As indústrias maquiladoras estão instaladas principalmente nas cidades de Ti Juana, Mexi Cali, Matamoros e Ciudad Juarez.
AL C A Figura 02 - ALCA
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O projeto ALCA visou ao estabelecimento de uma zona de livre comércio, o que possibilitaria uma redução nas tarifas alfandegárias e, consequentemente, o fortalecimento da livre circulação de mercadorias e de serviços, mas, sem a circulação de pessoas. Esse projeto representaria a formação de uma área de livre comércio em que taxas alfandegárias seriam reduzidas. Isso possibilitaria um aumento significativo no comércio entre os países americanos. 4 6 7
B11 Outros blocos de integração econômica
A ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), idealizada pelos Estados Unidos em 1994, representa um projeto de acordo econômico que propôs o agrupamento de todos (exceto Cuba) os países das três Américas. A criação da ALCA visava o estabelecimento de uma zona de livre comércio, possibilitando uma redução das tarifas alfandegárias. A partir daí projetou-se a ampliação da livre circulação de mercadorias e de serviços. Cabe ressaltar que não se cogitou a livre circulação de pessoas entre os países participantes. Além disso, é considerada como projeto porque, ao longo das reuniões que foram realizadas pelos países participantes, surgiram pontos de discordâncias entre eles. No ano de 2005, as negociações foram paralisadas. Assim como o NAFTA, a ALCA havia sido articulada com o objetivo de se contrapor ao crescente fortalecimento da União Europeia. Contudo, a criação desse bloco não agrada a todos no continente, especialmente os latino-americanos. Várias manifestações contrárias à criação dele ocorreram, principalmente, em países latino-americanos. A visão de que os norte-americanos acabariam controlando a produção e o comércio no continente americano fez com que ocorressem esses descontentamentos e manifestações em alguns países da América Latina. A provável perda de postos de trabalho foi o tema fundamental dentro dessas manifestações.
Geografia
AP E C
Aliança do Pacífico
A Asia-Pacific Economic Cooperation ou Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico é um dos principais blocos econômicos da atualidade. A associação entre os países surgiu em 1989 como um organismo consultivo, cujo objetivo era transformar-se em um fórum de discussão entre eles. Posteriormente, o bloco econômico teve origem na Conferência de Seattle, em 1993. Atualmente, a APEC é formada pelos seguintes países: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Hong Kong, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Peru, Filipinas, Rússia, Cingapura, Taiwan, Tailândia, Estados Unidos da América e Vietnã. O bloco reúne uma população de cerca de 2,5 bilhões de habitantes, tendo um PIB de cerca de 20 trilhões de dólares, ou seja, aproximadamente 60% do PIB mundial.
Criada em 2012, a Aliança do Pacífico é constituída pelo México, Peru, Colômbia e Chile. Avançando rapidamente na redução das barreiras alfandegárias entre seus integrantes, o bloco visa consolidar-se como uma Zona de Livre Comércio e progredir para outros estágios.
O objetivo principal da APEC é a redução das alíquotas alfandegárias, com a finalidade de promover o livre comércio entre os países-membros, resultando no desenvolvimento econômico de cada um deles. No ano de 1994, ficou estabelecido que até 2010 os países desenvolvidos estabeleceriam uma zona de livre comércio, e os subdesenvolvidos, até 2020.
Com mais de 212 milhões de habitantes e um PIB estimado em mais de 1/3 do PIB latino-americano, tem-se mostrado um importante foco de atração de investimentos. Seus integrantes possuem acordos comerciais com o Mercosul e a constituição desse bloco pode comprometer a ampliação do bloco liderado pelo Brasil, já que a participação no Mercosul, atualmente uma União Aduaneira parcial, limita a participação em outros blocos. VIZINHOS CRESCEM MAIS Países da Aliança registram crescimento maior que os do Mercosul MÉXICO
Crescimento do PIB, em % VENEZUELA COLÔMBIA
Vendemos menos Exportação do Brasil PERU perde espaço entre países da Aliança
CANADÁ
TAILÂNDIA VIETNÃ MALÁSIA SINGAPURA INDONÉSIA
10%
USA
foi a queda nas exportações do Brasil para os quatro países da Aliança do Pacífico no primeiros trimestre de 2013
MÉXICO
AUSTRÁLIA
5,7 2,7
3,8
0,9
2010 2011 2012 2010 2011 2012 2010 2011 2012 PARAGUAI
CHILE
ARGENTINA
Paraguai
Chile
Venezuela
13,1 URUGUAI 4,3
4,2
5,5
5,8 5,9
5,5
–1,2 –1,5 2010 2011 2012 2010 2011 2012 2010 2011 2012
foi a queda nas exportações do brasil para Chile entre 2011 e 2012
PERU
Uruguai 8,9
BRASIL
15%
PÁPUA - NOVA GUINÉ
Brasil
7,5 1,9
RÚSSIA CHINA JAPÃO COREIA TAIPÉ CHINESA HONG KONG CHINA FILIPINAS FILIPINAS
Argentina 9,2 9,2
Colômbia
Peru
México 8,8
CHILE 6,6
NOVA ZELÂNDIA
3,9
4,0
5,3 3,9 3,9
6,9 6,3
2010 2011 2012 2010 2011 2012 2010 2011 2012
Desde 1989
Desde 1991
B11 Outros blocos de integração econômica
Mapa 02 - Países da APEC
4 6 8
Desde 1993
Desde 1994
Desde 1998
Aliança do Pacífico
Mercosul
Mapa 03 - Comparativo entre Aliança do Pacífico e Mercosul 2010 – 2012
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
C omunidade Andina A Comunidade Andina foi criada em 1969, por meio do Acordo de Cartagena. Inicialmente era denominado de Pacto Andino. Esse bloco econômico é composto por Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. Sua sede está localizada na cidade de Lima, no Peru. Cabe ressaltar que o Chile foi membro do bloco entre os anos de 1969 e 1976 e a Venezuela entre os anos de 1973 e 2006.
Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. O principal objetivo do bloco é o de fomentar a integração entre seus países-membros.
União das nações sul-americanas Venezuela Guiana Suriname Colômbia Equador Brasil Peru Bolívia Paraguai Argen na Chile Uruguai
A Unasul teve seu projeto inicial no ano de 2004, por meio da tentativa de unificação econômica dos países da América do Sul. Nesse mesmo ano, foram mencionadas também as tentativas de promoção do desenvolvimento social, cultural, econômico e ambiental entre os países sul-americanos. Oficialmente, o bloco foi criado em 2008, quando foi assinado na cidade de Brasília. n
Dentre as nações associadas à Comunidade Andina, destacam-se: Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. O México e o Panamá estão entre os países observadores do bloco. A Comunidade Andina conta com uma população aproximada de 100 milhões de habitantes, tendo um PIB aproximado de 408 bilhões de dólares.
n n
n
Os principais objetivos do bloco são: n n n n n
Ampliação na integração comercial, econômica e política entre os países-membros; Promoção do equilíbrio (econômico e social), no que se refere ao desenvolvimento de seus países-membros; Aumento constante na geração de empregos; Ampliação da participação dos países-membros no cenário internacional; Redução nas diferenças relacionadas aos níveis de desenvolvimento entre os países-membros.
U nasul A União de Nações Sul-americanas é um bloco composto por 12 países da América do Sul. São eles: Argentina, Bolívia,
n
n n
Aproximar-se do modelo de integração praticado pela União Europeia, ou seja, ultrapassar a esfera econômica através de ações conjuntas entre seus países-membros; Consolidar uma identidade sul-americana através do reconhecimento da diversidade cultural entre seus povos; Erradicar a pobreza, o analfabetismo e as desigualdades sociais, por meio de ações que favoreçam o desenvolvimento social e humano; Cooperar nas áreas econômica e comercial, promovendo a integração industrial, o desenvolvimento estrutural em comum para que haja a promoção do desenvolvimento e a integração financeira entre os países-membros; Promover ações visando ao fortalecimento político e democrático do bloco, obtendo, dessa forma, melhoria nos padrões de segurança e defesa das nações, ou seja, com a participação de seus cidadãos na luta contra o terrorismo, corrupção, crime organizado, tráfico de drogas, de armas e de pessoas; Reduzir os impactos ambientais e proteger a biodiversidade existente na América do Sul; Implementar políticas e projetos comuns relacionados à pesquisa e inovações tecnológicas, diminuindo, dessa forma, a dependência de seus países-membros em relação aos países detentores de tecnologia. 4 6 9
B11 Outros blocos de integração econômica
Dentre os principais objetivos do bloco, destacam-se:
a, os nfla-
Geografia
nglês dia e mo), maior sem onar bem ciais
Exercícios de Fixação 01. ( U F T M M G ) Embora possam ser considerados processos aparentemente contraditórios, globalização e regionalização são fenômenos concomitantes e que se intensificam no atual estágio de desenvolvimento do sistema capitalista internacional. São medidas que representam, respectivamente, os fenômenos de regionalização e globalização da economia: a) a formação de blocos econômicos regionais e a instalação de barreiras alfandegárias à importação de produtos oriundos de outros continentes. b) a imposição de sanções comerciais contra países vizinhos e a concessão de subsídios econômicos às atividades produtivas exportadoras. c) a constituição de barreiras alfandegárias à importação de bens industrializados e a taxação de produtos exportados. d) a constituição da organização mundial do comércio e a taxação de produtos exportados. e) a formação de blocos econômicos regionais e a instituição da organização mundial do comércio.
B11 Outros blocos de integração econômica
02. ( I F C E ) Sobre a economia latino-americana, leia atentamente os itens abaixo. I. Os países latino-americanos mais ricos são Brasil, México, Peru e Venezuela. Considerados emergentes, a economia destes países corresponde a, aproximadamente, 75% do PIB dos países da América Latina. II. Os países latino-americanos são países dependentes da exportação de commodities agrícolas e minerais. Brasil, Argentina, México e Chile se destacam também na produção e exportação de manufaturados, pois possuem uma boa base industrial. III. Nos demais países latino-americanos, principalmente da América Central, predominam indústrias de beneficiamento de produtos primários para exportação. IV. Um dos fatores que criam sérias dificuldades ao desenvolvimento econômico e à integração social da América Latina é a relativa carência de vias de transporte em boas condições de uso. Marque a alternativa que contém os itens verdadeiros. a) Somente II, III e IV. d) Somente I, III e IV. b) Somente I e III. e) I, II, III e IV. c) Somente I, II e IV. 03 . ( U nitau S P ) A reunião “Cúpula das Américas” foi realizada no Panamá em abril de 2015. Sobre esse evento, pode-se afirmar que I. todos os 35 países do continente americano estiveram presentes, o que constitui um fato inédito. II. houve uma aproximação, depois de 50 anos de afastamento, entre os países EUA e Cuba, representantes dos hemisférios Norte e Sul, respectivamente.
4 7 0
III.
O Canal do Panamá, que representa a maior produção econômica do país sede, liga os oceanos Atlântico e Pacífico, respectivamente, através da Cidade do Panamá e de Tegucigalpa. Dentre as afirmativas acima, qual(is) está(ão) CORRETA(S)? a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) I e II, apenas. e) II e III, apenas. 04 . (FGV SP) O presidente do Chile, Sebastián Piñera, afirmou nesta segunda-feira 10 [de setembro] na Austrália que a rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) está “morta”, mas ninguém quer matá-la formalmente. http://www.cartacapital.com.br/economia/a-rodada-de-doha-ja-esta-morta-diz-presidente-chileno/
Sobre a rodada de Doha da OMC, é correto afirmar: a) Trata-se de uma série de negociações iniciadas em 1979, com vistas a amenizar os efeitos dos “choques do petróleo” na economia global. b) Trata-se de uma série de negociações iniciadas em 2001, com vistas à liberalização do comércio mundial. c) Trata-se de uma série de negociações iniciadas em 2008, com vistas a atenuar os efeitos da crise financeira sobre os fluxos de comércio globais. d) Trata-se de uma série de negociações iniciadas em 1992, com vistas a incentivar o comércio de bens e serviços ambientalmente sustentáveis. e) Trata-se de uma série de negociações iniciadas em 2009, com vistas a garantir a soberania alimentar dos países mais pobres. 05 . (Acafe SC) Sobre aspectos da atualidade, todas as alternativas estão corretas, exceto a: a) A UNASUL (União das Nações Sul-Americanas) surgiu com o objetivo de coordenar política, econômica e socialmente a América do Sul, substituindo a partir do ano de 2010 o MERCOSUL, bloco com tendências socialistas. b) A chuva que se abateu sobre a região serrana do Rio de Janeiro (Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo) no mês de janeiro deste ano produziu uma catástrofe que abalou os brasileiros. c) Os fatos ocorridos na Tunísia e no Egito, em fevereiro deste ano, são uma chamada de atenção para todos os ditadores que lutam pelo poder, oprimindo seus povos. d) A China, com um crescimento em torno de 10% em 2010, ultrapassou o Japão, tornando-se a segunda maior potência econômica mundial, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Exercícios C om p l em en t ares
02. ( F ac . D ireito de S oroc ab a S P ) O ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, afirmou na noite desta sexta-feira que acatará a destituição sofrida no Senado e que enfrentará na Justiça as investigações relativas ao impeachment. O mandato de Lugo foi cassado no Senado por 39 votos a favor, quatro contra e duas abstenções. (http://www.estadao.com.br/noticias/internacional, lugo-...,890229,0.htm, 22.06.2012. Adaptado)
Um dos motivos desse impeachment foi a) a imposição de sanções comerciais pela Unasul. b) a comprovação de fraude na eleição do presidente. c) o envolvimento do presidente em esquema de corrupção. d) a expulsão do país do bloco regional do Mercosul. e) a crise política gerada após um conflito agrário. 03 . ( F atec S P ) “Japoneses investem cada vez mais nos seus vizinhos para criar mercados para suas próprias exportações”. Sene & Moreira, Geografia, 1998, p. 86.
O Japão é claramente hegemônico em sua região e essa posição fica bem evidente no conjunto de países a) da Ásia Meridional. b) da Bacia do Pacífico. c) da CEI. d) do NAFTA. e) da OTAN.
04 . (Fuvest SP) No segundo semestre de 2000, o Brasil sediou a Reunião de Presidentes da América do Sul. Nesse encontro, buscou-se: a) regulamentar a organização da ALCA. b) atenuar a influência dos Estados Unidos na região. c) estabelecer normas para implantação do Plano Colômbia. d) criar uma força militar sul americana para combater o narcotráfico. e) fortalecer a OEA, depois dos incidentes envolvendo as eleições no Peru. 05 . ( P U C R S ) A formação de uma área de livre comércio, idealizada pelos Estados Unidos para todo o Continente Americano, com mercado sem barreiras, a partir do ano de 2005, chama-se: a) NAFTA. b) ALADI. c) APEC. d) MERCOSUL. e) ALCA. 06 . ( P U C R S ) Uma das faces da globalização que o mundo vivencia reflete forte tendência para a regionalização. Acelera-se a integração de países, buscando-se a retirada de barreiras e impulsionando-se uniões aduaneiras ou zonas de livre comércio. Neste contexto, a criação de um bloco americano teria como objetivo a redução progressiva de tarifas, com a facilitação de fluxos de bens e serviços. Infelizmente, ainda no início deste século, um país latino-americano tem dificuldades políticas para fazer parte do referido bloco. O bloco e o país a que o texto acima se refere encontram- se na alternativa: a) Mercosul – República da Colômbia b) ALCA – República de Cuba c) NAFTA – República da Costa Rica d) ALALC – República Oriental do Uruguai e) APEC – República do Suriname 07 . ( U F C ) Em resposta à tendência mundial de formação de blocos de países, constituíram-se o NAFTA, o MERCOSUL, a União Europeia, a CEF e a APEC. Marque a alternativa em que há correta correspondência entre o bloco e os países que o constituem. a) NAFTA – Canadá, Estados Unidos e México b) MERCOSUL – Argentina, Brasil, Equador e Paraguai c) União Europeia – Alemanha, Espanha, França, Inglaterra, Itália, Portugal e Turquia d) CEF – Armênia, Bielo-Rússia, Moldávia, Rússia, Turcomenistão, Ucrânia e Japão e) APEC – Brasil, Canadá, China, Filipinas, Japão e Vietnã
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B11 Outros blocos de integração econômica
01. ( I F S C ) Analise as afirmações sobre a situação política e econômica atual dos países latino-americanos e marque no cartão-resposta a soma da(s) proposição (ões) CORRETA(S). 01. Com a deposição do presidente Nicolás Maduro, após uma sucessão de revoltas estudantis, a Venezuela elegeu Federico Franco como novo presidente em dezembro de 2014. 02. A Cúpula das Américas, realizada no Panamá, contou pela primeira vez com a presença do presidente Raúl Castro e marcou simbolicamente a reaproximação e retomada das relações bilaterais entre Cuba e os Estados Unidos. 04. A queda no preço internacional do petróleo, no início de 2015, apresentou-se como cenário econômico desfavorável a países como a Venezuela, onde esse recurso natural corresponde à importante fatia das receitas de exportação. 08. Após mais de um século sob o domínio inglês, a Ilha das Malvinas foi devolvida à Argentina depois de um plebiscito que confirmou a vontade da população local de se tornar independente em relação à Inglaterra. 16. A negociação para o fim dos conflitos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) foi um dos assuntos tratados na Cúpula das Américas.
FRENTE
B
GEOGRAFIA
MÓDULO B12
ASSUNTOS ABORDADOS n J apã o n O Japão e os europeus n O Japão e os EUA n A reconstrução no pós-Segunda Guerra Mundial n As imposições no pós-Guerra
JAPÃO O Japão é um país insular, caracterizado por possuir uma pequena dimensão territorial, cuja extensão é de 377,9 mil quilômetros quadrados (aproximadamente o tamanho dos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul somados). Conhecido também por possuir poucas terras agricultáveis, sua geomorfologia é representada pelo relevo montanhoso (recobre cerca de 80% do total de sua área) e pelas estreitas planícies. O monte Fuji (ilha de Honshu) é o ponto culminante do País, com 3 776 metros acima do nível do mar. O clima predominante é o temperado. Geologicamente, o Japão é formado por uma combinação de dobramentos e processos relacionados ao vulcanismo (possui cerca de 265 vulcões). Está localizado no Círculo de Fogo do Pacífico, em uma zona de convergência de três placas tectônicas (placa do Pacífico, placa das Filipinas e placa Euroasiática). Também chamado de Anel de Fogo do Pacífico, essa área de instabilidade geológica abrange a porção ocidental do continente americano, a porção oriental do continente asiático e da Oceania, com uma extensão aproximada de 40 mil km. Além disso, ela provoca a maioria dos tremores ou abalos sísmicos que são registrados sobre a superfície terrestre.
Figura 01 - Monte Fuji
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Fonte: wikimedia commons
Mapa 01 - Círculo de fogo do Pacífico
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
O território do Japão é composto por 6 852 ilhas. Cerca de 97% do total da sua área é representada por quatro ilhas: Honshu, Hokkaido, Kyushu e Shikoku. O país asiático possui uma população de 127 milhões de habitantes (2016). Sua densidade demográfica é de 336,8 habitantes/km2.
O J apã o e os europeus A chegada de comerciantes e evangelizadores portugueses ao território japonês ocorreu no início do século XVI. Com a ascensão do xogunato, a partir de 1603, os povos estrangeiros foram proibidos de entrar no País. Além disso, o próprio povo japonês havia sido proibido de deixar o Japão. Cabe ressaltar que havia uma única exceção, ou seja, os entrepostos comerciais localizados em Nagasaki. Nesses entrepostos, ocorriam trocas comerciais com os holandeses.
O J apã o e os E U A
RÚSSIA
RÚSSIA
COREIA DO NORTE
Mar do Japão
JAPÃO
OCEANO PACIFICO NORTE
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Mar filipino
Em 1853, uma esquadra marinha Mapa 02 - As quatro principais ilhas do Japão proveniente dos Estados Unidos aportou no território japonês e encontrou um país extremamente atrasado nos quesitos economia e tecnologia. O mundo ocidental já vivia o modo capitalista, enquanto que o Japão ainda vivia o feudalismo. Portanto, o referido ano acabou sendo marcado pelo fim do período de isolamento do país asiático. Esse isolamento esteve ligado, por muito tempo, às dificuldades relacionadas ao relevo do país e também ao pouco que o território poderia oferecer de riquezas naturais.
B12 Japão
O Japão tornar-se-ia importante no final do século XIX, quando os norte-americanos, ao emergirem como uma nova potência mundial, passaram a ter interesse por pontos geograficamente estratégicos nos oceanos Pacífico e Atlântico. Prevendo uma interferência maior por parte dos EUA, os japoneses trataram de viabilizar seu processo de industrialização. Esse fato ocorreu por meio da intervenção do Estado tanto no aspecto econômico, quanto no aspecto militar. Dessa forma, pode-se dizer que o Japão é um país caracterizado pelo capitalismo tardio. Esse atraso foi fator essencial para que o País se aproximasse de dois outros países de industrialização tardia – Itália e Alemanha. Esse foi o contexto da Segunda Guerra Mundial, ou seja, o período da formação do eixo Berlim-Roma-Tóquio. Importante salientar que a Guerra Civil Espanhola também serviu para consolidar a aliança entre a Alemanha e a Itália (conhecida como Eixo Roma-Berlim). O Japão largou na frente ao iniciar a Terceira Revolução Industrial no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980. A robótica foi o setor que teve os maiores investimentos. Até os dias, atuais destaca-se como o país com maior número de robôs do Planeta. 4 7 3
Geografia
Fonte: wikimedia commons
Para alcançar êxito na Terceira Revolução Industrial, devemos remontar o ano de 1868. Esse ano marca o fim do xogunato (sistema de governo que predominou no Japão entre os anos de 1192 a 1867), isto é, na autoridade do xógum, supremo líder militar, que submetia até mesmo a autoridade do imperador. O fim do xogunato Tokugawa e a ascensão do imperador Mitsuhito (restaura-se o império) levam o País a avançar em seu processo de industrialização e de modernização. A partir de então, inicia-se a Era Meiji (governo ilustrado) que se estenderia até no ano de 1912. Dentre as principais características da Era Meiji, destacam-se: n n n
Investimentos maciços em infraestrutura (ferroviária, portuária); Investimentos em educação (especificamente voltada à qualificação de mão de obra); Abertura à tecnologia e aos produtos estrangeiros.
O desenvolvimento de grandes conglomerados – os zaibatsus - também foi estimulado nesse período. Compostos por clãs familiares, eles se transformaram em grupos econômicos poderosos. Provenientes de famílias tradicionais (comerciantes e proprietários de terras), como Mitsubishi, Mitsui, Sumitomo, Yasuda, entre outras, esses grupos destacaram-se pelos investimentos em diversas áreas (indústria, comércio e finanças). Esse período é marcado pelo acelerado processo de industrialização japonês. O país deixava de ser explorado pelo imperialismo e tornava-se uma potência imperialista, disputando com outras potências o domínio sobre o continente asiático. Um fato econômico negativo dessa época esteve relacionado à escassez de matéria-prima. Como dito anteriormente, o país não possui um território rico em recursos naturais. Buscando solucionar esses problemas, o Japão se militarizou e avançou territorialmente sobre alguns países vizinhos. Um exemplo desse contexto foi a Guerra Sino-Japonesa entre os anos de 1894 e 1895. Esse conflito culminou com a ocupação de Taiwan. Em 1910, o Japão iria anexar o território da Coreia. Entre 1904 e 1905, os japoneses tomaram as ilhas Sacalinas da Rússia. No ano de 1931, ampliaram seus domínios, ocupando a Manchúria (parte do território chinês), província chinesa de solos férteis e rica em minérios. Esse período foi caracterizado pela maior expansão territorial japonesa, mas, ao mesmo tempo, custou muito caro. Essa política expansionista acabou levando o País a sofrer uma terrível derrota na Segunda Guerra Mundial. Tudo começou em 1941 quando os japoneses lançaram um ataque surpresa à base naval de Pearl Harbor (Havaí). Os kamikazes (sopro divino em japonês) assustavam o mundo atirando-se sobre navios norte-americanos. Os aviões pilotados pelos kamikazes estavam sempre carregados com bombas. Esse fato acabou precipitando a entrada dos Estados Unidos na guerra e, portanto, culminando com a derrota japonesa nesse grande conflito. Entre os dias 6 e 9 de agosto (dias depois da rendição japonesa), os norte-americanos acabaram lançando duas bombas atômicas no território japonês. No dia 6 de agosto de 1945, a cidade de Hiroshima foi bombardeada. Três dias depois, Nagasaki também foi atingida.
B12 Japão
O efeito das duas bombas foi aterrorizante. Centenas de milhares de seres humanos, animais e plantas acabaram desaparecendo num piscar de olhos. Os que sobreviveram sofreram com os efeitos da radiação (câncer, leucemia, queda de cabelo etc.). O país do extremo oriente que ofereceu dura resistência ao avanço norte-americano acabou assinando sua rendição em setembro de 1945. Durante a guerra, o Japão teve cerca de 2 milhões de mortos e cerca de 4 milhões de feridos 4 7 4
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
A rec onstruç ã o no pós- S egunda G uerra M undial O Japão teve seu território ocupado entre os anos de 1945 e 1952. Esse período foi marcado pelas imposições que o País sofreu com o intuito de modernizá-lo política e economicamente. Os zaibatsus sofreram um processo de dissolução, em 1947, com a lei antitruste. O objetivo norte-americano foi o de enfraquecer os poderosos grupos econômicos japoneses, estimulando a concorrência no país. Contudo, não obtiveram êxito, pois os zaibatsus acabaram se rearticulando.
As imposiç õ es no pós- G uerra Uma Constituição foi implantada no Japão pelos Estados Unidos da América. Entre os pontos de destaque desse documento, podem ser citados: n n n n
A proibição de intervenção externa do exército japonês, que foi transformado em forças de autodefesa; O território japonês ficou sob proteção dos Estados Unidos (Japão e EUA assinaram um tratado de defesa mútua); A Constituição também garantiu a liberdade de culto; A Constituição promoveu a separação entre Estado e religião (o xintoísmo deixou de ser a religião oficial e o ensino público tornou-se laico).
SAIBA MAIS
Figura 02 - Vista aérea da usina nuclear de Fukushima, no Japão (Foto: Kyodo News/AP)
B12 Japão
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RADIAÇÃO DE FUKUSHIMA Desde julho de 2013, a usina nuclear de Fukushima, atingida por um terremoto e um tsunami em 2011, lança água com resíduo radioativo no mar. Segundo estimativas, mais de 1 300 toneladas dessa água já caíram no Oceano Pacífico. Para contornar o problema, as autoridades realizam operações de descontaminação, embora seja impossível retirar toda a radiação. O pesquisador Michio Aoyama, do Instituto de Pesquisa MeteorológiO caminho da radiação ca do Japão, analisa o trajeto feito pela radiação no mar. A questão é Pesquisa mostra o caminho que a água radia va vazada de Fukushima deve fazer no Oceano Pacífico que antes do acidente de Fukushima, o oceano japonês já havia sido contaminado, quando foram feitos testes de armas nucleares, na déJAPÃO cada de 1970, no Pacífico. De acordo com Aoyama - que apresentou sua pesquisa durante o paiOCEANO PACÍFICO nel científico “The Blue Planet”, organizado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA), em Viena, na Áustria -, a água contaminaINDONÉSIA da pode percorrer duas rotas: na primeira delas, a radiação volta ao país, direcionada pela Corrente Kuroshio; na segunda, ela pode seguir AUSTRÁLIA pela linha do Equador até o arquipélago de Galápagos, voltando, em NOVA ZELÂNDIA seguida, até chegar às regiões da Indonésia e Nova Zelândia, como no esboço ao lado.
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#DicaCine Geogafi O último samurai Sinopse: Em 1870, o capitão Nathan Algren (Tom Cruise), um conceituado militar norte-americano, é enviado ao Japão. Sua missão é treinar as tropas do imperador Meiji (Shichinosuke Nakamura), para que elas possam eliminar os últimos samurais que ainda vivem na região. Contudo, após ser capturado pelo inimigo, Algren aprende com Katsumoto (Ken Watanabe) o código de honra dos samurais e passa a ficar em dúvida sobre que lado apoiar.
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Geografia
Pearl Harbor Sinopse: Pouco antes do bombardeio japonês em Pearl Harbor, dois amigos que se consideram irmãos, se envolvem, de maneira distinta, nos eventos que fazem com que os Estados Unidos entrem na Segunda Guerra Mundial. Enquanto Rafe (Ben Affleck) se apaixona pela enfermeira Evelyn (Kate Beckinsale) e decide se alistar na força americana que lutará na Segunda Guerra Mundial, em Londres, Danny (Josh Hartnett) torna-se piloto da Força Aérea dos Estados Unidos e permanece no país. Após a notícia de que Rafe morrera em um dos combates que travava contra os alemães, Danny e Evelyn se aproximam e terminam se apaixonando.
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Sinopse: Junho de 1944. Tadamichi Kuribayashi (Ken Watanabe), o tenente-general do exército imperial japonês, chega na ilha de Iwo Jima. Muito respeitado por ser um hábil estrategista, Kuribayashi estudou nos Estados Unidos, onde fez grandes amigos. Assim, passou a conhecer o exército ocidental e sua capacidade tecnológica. Por isso o Japão colocou em suas mãos o destino de Iwo Jima, considerada a última linha defesa do país. Ao contrário dos outros comandantes, Kuribayashi moderniza o modo de agir, alterando a estratégia que era usada. Ele supervisiona a construção de uma fortaleza subterrânea, feita de túneis que davam para suas tropas a estratégia ideal contra as forças americanas, que começam a desembarcar na ilha, em 19 de fevereiro de 1945. Os japoneses sabiam que as chances de sair dali vivos eram mínimas. Enquanto isso acontece, Kuribayashi e outros escrevem várias cartas, que dariam vozes e rostos para aqueles que ali estavam e o relato dos meses que antecederam a batalha e o combate propriamente dito, sobre a ótica dos japoneses.
Fonte: wikimedia commons
Cartas de Iwo Jima
Exercícios de Fixação 01. ( E sc s D F )
Imagem da capital do Japão destruída pelos norte-americanos na Segunda Guerra Mundial
B12 Japão
O Japão moderno e competitivo de hoje emergiu literalmente dos escombros da guerra a partir de um amplo conjunto de medidas.
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Assinale a opção que NÃO apresenta uma medida adotada para a recuperação econômica do Japão, após a Segunda Guerra Mundial. a) Educação competitiva e valorizada como meio de galgar melhores empregos e postos de trabalho. b) Poupança estimulada como forma de obtenção de recursos por parte do Estado e do sistema financeiro. c) Investimentos de vultosos capitais norte-americanos como forma de conter a “ameaça vermelha” no pós-guerra. d) Política expansionista, possibilitando o domínio de territórios com grande quantidade de recursos naturais. e) Filosofia confuciana que exalta menos o homem como indivíduo e mais como ser social e coletivo dando um agudo senso de interesse nacional.
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Diário do Nordeste (12/03/2011)
Com relação a essa catástrofe e seus efeitos sobre o Japão, é correto afirmar-se que a) embora o terremoto tenha sido avassalador, a poderosa economia japonesa não apresentará problemas. b) o Japão pode ser considerado o país que melhor planeja e prepara sua população para este tipo de catástrofe por meio de treinamentos. c) a economia japonesa que não tinha sentido os efeitos da crise econômica mundial até então, deverá passar por um período de recessão. d) assim como o Brasil, o Japão não é considerado área de frequência de grandes terremotos, fato que explica o grande número de mortos. 03 . ( U F R N) A Segunda Guerra foi um fato marcante para a sociedade mundial. Dentre os acontecimentos desse período, destacam-se a participação e a derrota do Japão, que lhe custaram a perda dos territórios conquistados, desde o século XIX, e a destruição da economia do país. Apesar de tal situação, entre 1945 (final da guerra) e a década de 1980, o Japão vivenciou uma reestruturação que o elevou à segunda posição entre as maiores economias do mundo. Dentre os fatores que favoreceram a reestruturação econômica desse país, destaca-se a) a formação de uma poupança interna, que permitiu o direcionamento de novos investimentos sociais e industriais pelo Estado. b) a política econômica voltada para estimular a importação de tecnologias e produtos, visando à ampliação do mercado de consumo. c) o desenvolvimento da indústria bélica, como forma de torná-lo uma potência militar na região do Pacífico. d) o investimento do capital europeu, objetivando frear a influência do socialismo na região do Pacífico. 04 . (FGV SP) O recente tsunami no Japão, que abalou a segurança da usina nuclear de Fukushima, voltou a acirrar os debates em torno dos riscos para a vida provocados por essa fonte de energia. Os dados indicam que há 443 reatores em operação em 30 países. Considerando esses fatos e a distribuição geográfica das usinas no mundo, é correto afirmar que a) boa parte dos reatores e usinas está distribuída nos países pobres, como o Brasil, para diminuir o risco das populações dos países ricos.
b) somente os países que empregam energia nuclear para uso militar também a utilizam para gerar energia. c) a concentração dos reatores em poucos países é positiva, pois os efeitos de acidentes ficam restritos aos seus territórios, diminuindo, assim, a escala dos riscos. d) os reatores concentram-se apenas em alguns países, que são aqueles poucos que têm acesso limitado às outras fontes de energia, como os combustíveis fósseis. e) a maior parte dos reatores encontra-se nos países do hemisfério norte que possuem economia dinâmica e contingente populacional bastante considerável. 05 . ( E S P M S P ) Observe o mapa para responder aos episódios ocorridos.
Está correto afirmar que: a) pelo fato de o relevo japonês ser muito antigo, o país convive com frequentes abalos sísmicos e, apesar de ser o país mais preparado do mundo para enfrentar terremotos, não está imune a abalos de alta magnitude, como os ocorridos na ilha de Honshu em 2011. b) a formação insular do Japão, composta por dezenas de ilhas, situa-se sobre terrenos do cenozoico, daí sua autossuficiência em minerais metálicos e carência em combustíveis fósseis. c) por localizar-se próximo ao encontro de placas tectônicas e apresentar um relevo predominantemente formado por planaltos, o país é suscetível a frequentes abalos sísmicos, particularmente na ilha de Hokaido, ao norte. d) a ausência de planícies forçou o país a adaptar-se às condições adversas do relevo e, mesmo estando em uma zona sujeita a terremotos como os ocorridos esse ano, isso não impediu o país de tornar-se a terceira maior economia mundial. e) a economia japonesa desenvolveu-se intensamente no pósguerra, e mesmo estando em uma zona de forte instabilidade sísmica, optou pela energia nuclear como importante fonte energética, cujas usinas localizam-se, especialmente, ao norte. 4 7 7
B12 Japão
02. ( U E C E ) “O maior terremoto já ocorrido no Japão em 140 anos de medições liberou energia equivalente a mais de 300 milhões de toneladas de dinamite, ou à explosão simultânea de mais de 15 mil bombas atômicas como a que foi lançada sobre a cidade de Hiroshima em 1945. De acordo com o Serviço de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), este foi o sétimo terremoto mais violento da história do mundo. O abalo sísmico foi seguido por mais de 20 tremores secundários durante horas, a maioria com magnitude acima de 6,0, o suficiente para causar mais estragos.”
ente o de is de e da rada
Geografia
vendo a eção ssia. o os hina,
Exercícios C om p l em en t ares 01. ( F ac . D ireito de S oroc ab a S P ) As tensões entre Japão e China começaram em setembro (...). A decisão do Japão suscitou violentas manifestações em diversas cidades chinesas e a suspensão dos atos que lembrariam o 40° aniversário do reinício de relações diplomáticas entre Tóquio e Pequim. (http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/ delegacao-dos-eua-... -diminuirtensao..., 22.10.2012. Adaptado)
Essa tensão diplomática relaciona-se a) à disputa histórica por um arquipélago no Oceano Pacífico. b) à espionagem industrial, além de acusação de roubo de patentes. c) ao câmbio artificial que valoriza a moeda chinesa em relação à japonesa. d) ao expansionismo chinês após a Revolução Cultural, que afetou o Japão. e) ao protecionismo alfandegário adotado pelo Japão, que prejudicou a China. 02. ( U F P A) Entre as alternativas a seguir, qual NÃO corresponde à realidade do Japão no contexto dos blocos regionais ? a) O Japão aparece efetivamente como competidor industrial dos EUA nos anos de 1940. b) O Japão aparece como importante centro de produção tecnológica. c) O Japão aparece como potência mundial e como um país de economia já consolidada desde 1960. d) O Japão aparece exercendo influência em grande parte do Sudeste Asiático. e) O Japão aparece como produtor potencial de armamentos.
B12 Japão
03 . ( U E AM ) Após sair derrotado da Segunda Guerra Mundial, o Japão apresentou franca recuperação e já na década de 1960 foi considerado a terceira maior economia do mundo. Seu crescimento foi orientado a) pelas unificações política e econômica que instituíram uma moeda única, padronização de leis e constituição de um significativo mercado interno que possibilitasse a acumulação de capitais. b) pelas intervenções modernizadoras que provocaram reformas econômicas, políticas e culturais, implantadas pelo Conselho Supremo das Potências Aliadas comandado pelos Estados Unidos. c) pelo cercamento das terras comunais que levaram a uma forte migração do campo à cidade para atender à demanda potencial por mão de obra intensiva e pouco remunerada. d) pela onda neoliberal que conduziu uma série de privatizações e promoveu a diversificação do parque industrial com a produção de vestuário, automóveis, produtos farmacêuticos, entre outros.
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e) pela ideologia do Destino Manifesto que instigou processos de expansão territorial através de conquistas, acordos ou compras, até atingir o território que hoje se estende do Oceano Atlântico ao Pacífico. 04 . ( E sc s D F ) O acidente ocorrido na Usina Nuclear de Fukushima, após o terremoto e tsunami de março de 2011, expôs o conjunto de riscos que cercam esse tipo de instalação. O vazamento de material radioativo na atmosfera e no mar colocou em alerta não apenas a população japonesa, mas também a de países distantes do local do acidente. A contaminação por rejeitos nucleares provoca nas populações afetadas o aumento da incidência de a) doenças crônicas de pele, como o vitiligo. b) casos graves de desnutrição. c) doenças infecciosas, como a gripe H1N1. d) diversos tipos de neoplasias malignas. 05 . (Vunesp SP) Pela localização geográfica e característica insular, a influência marítima no clima japonês é relevante, uma vez que as massas de ar carregadas de umidade são responsáveis pela elevada pluviosidade, acima de 1000 mm anuais. Assinale a alternativa que indica as correntes marítimas que interferem no clima daquele país e suas principais áreas de atuação. a) Corrente quente do Japão (Kuroshivo), no Norte, e corrente fria das Curilas (Oyashivo), no Sul. b) Corrente quente do Golfo, no Norte, e corrente fria das Curilas (Oyashivo), no Sul. c) Corrente quente do Japão (Kuroshivo), no Sul, e corrente fria de Humboldt, no Norte. d) Corrente quente do Japão (Kuroshivo), no Sul, e corrente fria das Curilas (Oyashivo), no Norte. e) Corrente quente do Golfo, no Sul, e corrente fria das Curilas (Oyashivo), no Norte. 06 . (Vunesp SP) Pelas características geográficas, o Japão tem sérias dificuldades para suprir suas necessidades de energia e matérias-primas industriais. Essa realidade fez com que o país procurasse desenvolver, sobretudo: a) produção de carvão vegetal junto às usinas siderúrgicas. b) agroindústrias localizadas na zona rural. c) grandes usinas siderúrgicas localizadas próximas às jazidas minerais. d) grandes reservatórios para produção de energia hidrelétrica nas proximidades dos centros industriais. e) indústrias de tecnologia avançada, como eletrônica, óptica e informática, em novos polos industriais.
FRENTE
B
GEOGRAFIA
Q uestã o 01. Dentre os argumentos de caráter econômico que explicam a crise vivenciada pela Alemanha, podem ser apontados: os feitos da reunificação das duas Alemanhas, com a queda do muro de Berlim; as disparidades existentes entre as duas Alemanhas; o desemprego que se agravou localmente, devido às novas necessidades, que emergiram após a reunificação, e que se deveram, também, às novas exigências do mercado. Entre os argumentos de ordem política, podem ser considerados: o fim da era Khol; os conflitos decorrentes da resistência da população local aos imigrantes; recrudescimento de movimentos neonazistas; dificuldades impostas pelo processo de unificação europeia.
Exercícios de A p rof u n dam en t o 01. ( U F G G O ) “A copa de 1998 mostrou ao mundo o fim de uma era. O time do treinador alemão, Berti Vógts, amigo do chanceler Helmut Kohl, afundou sem brilho nem glória. Medroso, defensivo, conservador, sem graça nem fantasia, sem ímpeto nem destaques individuais, o futebol alemão se mostrou um retrato fiel da sociedade e da política de Khol, não tem espírito
b) No mapa, são destacados, além da Grécia, outros países europeus que também apresentam sérios problemas decorrentes da crise econômica mundial. Esses países são denominados de PIIGS. Esses países são... 03 . ( M ac k enz ie S P ) Escócia rejeita em plebiscito
agressivo. Voltados para o passado, incapazes até da coragem
separação do Reino Unido
do desespero, ambos perderam toda ligação com a atualidade. A tática, no gramado como na política, segue a tradição do
A Escócia votou para continuar como parte do Reino Unido, re-
antigo chanceler Konrad Adenauer: nada de experiências! Os
jeitando a independência em plebiscito realizado na quinta-feira.
antigos guerreiros desaprenderam a vencer.”
A apuração das urnas nas 32 regiões administrativas escoce-
SCHEIDGES, R. In: República, ano 2, set. 98, p. 28.
A medíocre participação do time alemão na copa motivou as mais variadas análises sobre a sociedade alemã contemporânea. Apresente dois argumentos (um econômico e outro político) que expliquem o sentido da crise vivenciada pelos alemães, atualmente. 02. ( U F J F M G ) A Grécia teve uma queda do PIB de 8,1% no primeiro trimestre e 7,3% no segundo (2011), e a previsão oficial é de queda de 5,3% no ano. O desemprego subiu de 11,6%, em junho de 2010, para 16% um ano depois. E o déficit público
sas foi concluída na manhã desta sexta-feira. O “Não” (contra a independência) obteve 2 001 926 de votos, contra 1 617 989 do “Sim”. Em percentuais, a vitória foi de 55,3% contra 44,7%. Comparecimento nas urnas foi recorde e a contagem atravessou a madrugada na Escócia. Atualizado em 19 de setembro, 2014 - 03:54 (Brasília) 06:54 GMT Fonte: http://www. bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/09/140912_escocia_plebiscito_hb.shtml
Levando-se em conta a notícia dada e seus conhecimentos, analise as afirmações que seguem. I.
predominam as Terras Altas (Highlands), importante ca-
cresceu 22% nos primeiros oito meses de 2011. a) Por que a Grécia está nessa situação? Observe o cartograma abaixo:
A Escócia está localizada no norte da Grã – Bretanha onde deia montanhosa do Reino Unido.
II.
Os movimentos populares pleiteando a independência da Escócia iniciaram no final do século XX, após a descoberta de extensas jazidas petrolíferas no Mar da Irlanda em sua costa oeste.
III.
O Reino Unido compreende as três nações que ocupam a ilha da Grã- Bretanha - Inglaterra, Escócia e País de Gales como também sua vizinha Irlanda (Eire e Ulster) que comungam interesses políticos e religiosos.
IV.
A economia escocesa é baseada na alta produção têxtil e agrícola, uma vez que Edimburgo e Glasgow são as cidades mais industrializadas da nação. Destaca-se, ainda, na tradicional produção de destilados.
Estão corretas apenas as alternativas a) I e II. b) II e III. c) I e III. Fonte: Disponível em: <http://barecon.files.wordpress.com/2010/05/piigsmap. png>. Acesso em: 25 set. 2011.
d) III e IV. e) I e IV.
Q uestã o 02. a) A Grécia gastou bem mais do que podia na última década, pedindo empréstimos pesados e deixando sua economia refém da crescente dívida. Nesse período, os gastos públicos foram às alturas, e os salários do funcionalismo praticamente dobraram. Enquanto os cofres públicos eram esvaziados pelos gastos, a receita era afetada pela evasão de impostos - deixando o país totalmente vulnerável quando o mundo foi afetado pela crise de crédito de 2008. O montante da dívida deixou investidores relutantes em emprestar mais dinheiro ao país. Hoje, eles exigem juros bem mais altos para novos empréstimos que refinanciem sua dívida. b) Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha ou Spain.
4 7 9
Geografia Q uestã o 05 . a) Enfraquecimento do Bloco Econômico Mercosul. b) Aumento do monitoramento e influência dos Estados Unidos na região buscando aumentar o controle econômico e geopolítico perdido nas últimas décadas. c) Reduzir o poder do Brasil, este que é considerado uma potência sub-regional, tanto no aspecto político, econômico e social.
04 . ( P U C R S ) Considere o mapa abaixo e o texto referente aos países sul-americanos.
Localização da provável base dos EUA e distância de pontos estratégicos do Cone Sul BOLÍVIA
1
Corumbá: 450 km
Santa Cruz: 650 km
La Paz: 900 km Mariscal Es arribia
Tarija: 450 km
3
Puerto Bahia Negro Forte Montaria
Para San go: 1650 km
Para Buenos Aires: 1300 km vidéu 1400 km
2
Para Brasília: 1500 km
Forte Olimpo
PARAGUAI
Para São Paulo: 1500 km Pedro Juan Caballero
BRASIL
Concepción Salto del S.I Aeroporto Internacional Curugualy Guayrá Silvio Pe ossi Tríplice Assunção Fronteira e Itaipu: Puerto Sajonia 700 km Concepción Cidad Paraguari Villarrica del Este San J. Bau ta Yacyretá 720 km Pilar Loma Pyta Encamación ARGENTINA
Bases aéreas paraguaias
(Fonte: Carta Capital, 20/09/2005, pg. 52).
FRENTE B Exercí cios de Aprofundamento
Com base no texto, no mapa e nos seus conhecimentos: Os países indicados no mapa apresentam características específicas que, quando comparadas às de outros países, remontam às diferenças que a América Latina concentra em sua trajetória socioeconômica.. Quanto aos países indicados no mapa pelos números 1, 2 e 3, afirma-se: I. O país 1 é a República da Venezuela, tendo como importante atividade econômica a produção de petróleo. II. O país 2 pertence ao Mercosul, apresentando uma balança comercial diversa dos países 1 e 3, pois as exportações superam as importações. III. O país 3 apresenta a maior dívida externa em relação aos países 1 e 2, possuindo também a maior população absoluta. IV. Os países 1 e 2 falam a mesma língua e possuem unidades geológicas semelhantes, mas são banhados por diferentes oceanos. Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas as da alternativa: a) I e II. b) I, II, III e IV. c) I e III. d) II e IV. e) III e IV. 05 . (Unifap AP) Leia o texto e observe o mapa abaixo: “Em maio de 2005, o Congresso paraguaio concedeu às tropas dos Estados Unidos a imunidade legal (...) e permitiu a entrada de 400 soldados estadunidenses para uma série de exercícios militares conjuntos. Ainda acenou com a possibilidade de instalação de uma Base Militar Americana em território paraguaio, próxima da tríplice fronteira” (Adaptado de Carta Capital, 20/09/2005, p. 52).
4 8 0
a) Cite uma consequência, para os países do Mercosul, dessa aproximação entre o Paraguai e os Estados Unidos. b) Explique uma consequência, aos países do Cone Sul, a ser ocasionada a partir da instalação da Base Norte Americana no Paraguai. c) Explique uma consequência a ser ocasionada no Brasil a partir da instalação da Base Norte Americana no Paraguai. 06 . ( E S P M
R S ) Os países membros do Mercosul que estiveram re-
centemente envolvidos em um embate diplomático, devido à instalação de usinas papeleiras que poluiriam o importante rio fronteiriço entre eles, foram a) Brasil e Argentina. b) Argentina e Uruguai. c) Argentina e Paraguai. d) Brasil e Paraguai. e) Chile e Bolívia. 07 . ( U erj R J ) No início da década de 1990, o governo dos Estados Unidos lançou a proposta de criação da Área de Livre Comércio das Américas – ALCA, cuja meta final é a eliminação das barreiras tarifárias à circulação de mercadorias, entre os países membros. Em 2002, o Congresso norte-americano aprovou uma autorização especial que dá maior autonomia ao poder executivo na negociação de acordos comerciais, reforçando a posição da administração Bush para o próximo encontro em 2003, no qual será discutida a criação do bloco regional de comércio. Apresente uma estratégia adotada pelo Brasil e uma outra pelos Estados Unidos, quanto à negociação para a implantação da ALCA, justificando cada uma delas.
Q uestã o 07 . Estratégia do Brasil: Adiar a implantação da ALCA. Justificativa: O interesse do país tem sido de reforçar a integração no âmbito sul-americano, de modo a aumentar a competitividade da economia brasileira frente à norte-americana. Estratégia dos Estados Unidos: Iniciar o mais rápido possível a efetivação do acordo comercial. Justificativa: A América Latina tornou-se uma área economicamente importante como destino das exportações norte-americanas. Dessa forma, a ALCA viabilizaria um aprofundamento da influência dos EUA no continente e concorreria com as iniciativas da União Europeia.
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias Q uestã o 10. O Japão é um dos maiores produtores industriais do mundo, portanto parte de sua produção é destinada ao mercado externo e apresenta um subsolo pobre em recursos minerais, tendo portanto que importar matérias primas.
10. ( U F P A) “JAPÃO, POTÊNCIA INDUSTRIAL E FINANCEIRA” O Japão possui o domínio da fabricação industrial, não apenas no avanço tecnológico, como também no volume de produção; esses aspectos são constatados nos diferentes ramos industriais. Nos últimos anos, os bancos japoneses tornaram-se os maiores do mundo, a bolsa de Tóquio passou à frente de Wall Street e o iene valorizou mais de 50% em relação ao dólar. Apesar desse mega crescimento, sua economia tem forte dependência dos mercados externos. Fonte: BECKOUCHE, Pierre. Indústria um só Mundo. S. Paulo: Ática, 1995 (Coleção Geografia Hoje) A partir do texto, associado ao conhecimento sobre a Bacia do Pacífico no contexto da Nova Ordem Mundial, indique e explique dois fatores responsáveis pela dependência do Japão ao mercado externo. 11. ( U F U M G ) EVOLUÇÃO DA PIRÂMIDE ETÁRIA JAPONESA 2004
1950
2050
+90
A opção CORRETA é: a) I. b) II. c) I e III. d) I e IV. e) I, II e III. 09. (Acafe SC) Os aspectos geopolíticos e econômicos, presentemente, têm mantido o mundo em permanente dinamismo. Em decorrência disto, modificações operam-se em todos os setores e também na vida dos cidadãos. Neste sentido, atualmente ocorre a aglomeração de alguns países em blocos. Analise as afirmações abaixo sobre os blocos econômicos mundiais. I. Referente ao Tratado de Livre Comércio da América do Norte - NAFTA, faz parte o Canadá, o México e os Estados Unidos. II. O MERCOSUL, composto inicialmente pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, conquistou novos membros em 1997,entre eles, Chile, Peru e Cuba. III. A União Europeia reúne países como Portugal, Espanha e Grécia, representando a mais antiga tentativa de integração em vigor no mundo. IV. A partir de 2005, a área de Livre Comércio das Américas - ALCA – pretende unir todos os países das Américas, formando uma única zona livre de comércio (do Alaska à Patagônia), excetuando-se Cuba. A alternativa que contém todas as afirmações VERDADEIRAS é: a) I - II - IV b) II - III - IV c) I - IV d) I - III - IV e) II - III
35,7%
80 70
19,5% 4,9%
60 70 66,6%
59,7%
40
53,6%
30 20 15 10 5 0 4
2 0 2 4 6 milhões Homens Mulheres
10,8%
13,9%
35,4% 6
6
4
2 0 2 4 6 milhões Homens Mulheres
6
4
2 0 2 4 6 milhões Homens Mulheres
Fonte: Statistics Bureau, MIC; Ministry of Health, Labour and Welfare.
a) Por que motivo a pirâmide etária do Japão vem modificando substancialmente sua forma a partir de 1950? b) Apresente duas consequências socioeconômicas enfrentadas pelo Japão, levando em consideração as alterações na estrutura de sua pirâmide etária. 12. ( F atec S P ) Tradicionalmente, o termo dekassegui era utilizado para designar as pessoas que moravam no norte do Japão e que, durante os invernos rigorosos, migravam para o sul do país, em busca de trabalho, regressando após algum tempo. No fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, o termo dekassegui passou a ser utilizado para denominar também os descendentes de japoneses que emigravam para o Japão. No caso brasileiro, o principal fator que impulsionou o movimento migratório para o Japão foi a a) ausência de direitos civis durante a transição da ditadura militar para um regime civil, em meados da década de 1980. b) abertura de milhares de cargos destinados aos brasileiros nos escritórios de multinacionais situadas no Japão. c) busca por vagas subsidiadas pelo governo brasileiro nas principais universidades japonesas. d) expectativa de ter um salário pago em dólares, moeda subvalorizada em relação ao iene japonês. e) grave crise econômica pela qual o Brasil passava nas décadas de 1980 e 1990.
Q uestã o 11. a) O motivo da modificação da pirâmide etária do Japão, a partir de 1950, deve-se à redução da taxa de natalidade e ao aumento da expectativa de vida da população. b) Dentre as consequências socioeconômicas enfrentadas pelo Japão em função das alterações na estrutura etária da sua população, podemos considerar: o envelhecimento da população, a redução da população economicamente ativa, o aumento nos custos com a previdência e a saúde, encarecimento da mão de obra e o esvaziamento de pequenas cidades/ comunidades.
4 8 1
FRENTE B Exercí cios de Aprofundamento
08 . ( U F E S ) A globalização contribuiu para a divisão do mundo atual em vários blocos econômicos. Na América do Sul, constituiu-se o Mercado Comum do Sul (Mercosul), mas seu futuro apresenta-se incerto com a aspiração norte-americana de criar em 2005 a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). As opiniões divergem em relação à interferência da ALCA na economia dos países envolvidos no processo. Para os países membros do Mercosul, liderados pelo Brasil, em relação à possível interferência, pode-se afirmar que: I. a adesão à ALCA poderá evitar riscos para a economia desses países. II. a ALCA poderá transformar esses países em meros exportadores de matérias-primas. III. o Brasil e a Argentina, principalmente, serão beneficiados na exportação de seus produtos industrializados. IV. os produtos fabricados nesses países terão condições de competir, em qualidade e preço, com os de procedência norte-americana.
FRENTE
C
GEOGRAFIA Por falar nisso A fitogeografia é o estudo da distribuição espacial das formações vegeta�vas. Como parte integrante de um sistema ecol gico, ele interfere e sofre interferê ncia na dinâ mica da naturez a. S ua relação com outros seres vivos e elementos inanimados pertencentes a um ecossistema produz uma paisagem naturalista da qual o ser humano é parte integrante. Por isso, preservar a vegetação é acondicionar o espaço em que o humano vive. Na ciência geográfica, encontramos a biogeografia que estuda todas as relações dos elementos da natureza e seus produtos que se desenvolvem em fragmentos geográficos como os omínios orfoclimá�cos. m uma escala maior, esses domínios se relacionam formando uma iden�dade exclusiva da natureza brasileira. Na imagem de abertura desse m dulo, vemos um pê amarelo, vegetação trop fita, pica do cerrado brasileiro. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
C 09 Formação da vegetação brasileira ................................................48 4 C 10 omínios morfoclimá�cos intertropicais .....................................49 7 C 11 D omí nio das araucá rias ...............................................................5 07 C 12 O ceanos e mares ..........................................................................5 12
FRENTE
C
GEOGRAFIA
MÓDULO C09
ASSUNTOS ABORDADOS n Formação da vegetação brasileira n A diversidade vegetativa brasileira n Floresta Equatorial Amazônica n Floresta Tropical – Mata Atlântica n Floresta Subtropical – Araucárias n Cerrado n Caatinga n Campos n Mata dos Cocais
FORMAÇÃO DA VEGETAÇÃO BRASILEIRA A diversidade vegetativa brasileira O Brasil apresenta uma grande diversidade de formações vegetativas. Essa heterogeneidade está relacionada à grande extensão territorial que agrega diferentes tipos de elementos naturais, como relevo, clima, hidrografia e posições latitudinais e longitudinais. A relação entre essa variedade de elementos da natureza propiciou ao nosso país uma elevada quantidade e diversidade de paisagens naturais, em que incluímos nossas vegetações.
n Pantanal
VENEZUELA
n Vegetação litorânea n O desmatamento no Brasil
SURINAME COLÔMBIA
GUIANA
OCEANO ATLÂNTICO
PERU
BOLÍVIA
PARAGUAI
ARGENTINA
URUGUAI
Floresta Amazônica
Caatinga
Complexo do Pantanal (cerrado e campos inundáveis)
Mata dos Cocais
Cerrado
Matas Atlânticas
Campos
Vegetação litorânea (mangue, restinga, jundu)
Mata de Araucárias
Campinarana (campinas do rio Negro)
Mapa 01 - Fitogeografia do Brasil Fonte: IBGE. Atlas Geográfico Escolar, p. 100, 7ª edição, Rio de Janeiro 2016, adaptado.
4 8 4
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Floresta Equatorial Amazônica Ao Norte do Brasil, na região da Linha do Equador, encontramos a maior floresta tropical do mundo, a Floresta Amazônica. Região que apresenta elevadas temperaturas médias de calor e chuva e, consequentemente, uma rica biodiversidade. Quanto mais a Oeste dessa floresta, maior será a umidade, sendo assim, maior a biodiversidade. Apresentando essas condições, podemos classificá-la como floresta ombrófila, latifoliada e higrófita; heterogenia (possui uma grande diversidade de espécies vegetativas), densa e perene. Sua área de ocupação de 4 milhões de km2 recobre quase toda a Amazônia. Vista por imagens aéreas, a floresta apresenta uma falsa impressão de possuir, somente, árvores de grande porte e entrelaçadas. No entanto, ela possui três níveis altimétricos (estratificada) com tipos vegetativos distintos, cada um com sua diversidade.
Mata de igapó
Mata de várzea
Mata de terra firme
Nível de cheia
Sedimentos recentes de várzea
Sedimentos terciários de terra firme Fonte: Ernesto Reghran / Pulsar Imagens.
Perfil da floresta nas cheias Esquema 01 - Floresta Amazônica – Estratificada n
Mata de terra firme: esse tipo de formação vegetativa recobre a maior parte da floresta. Essa localização nas áreas mais elevadas é a razão pela qual ela não é inundada. Suas árvores são de grande porte, podendo alcançar os 80 m de altura. Muitas das espécies dessas árvores são cobiçadas pelos fabricantes de móveis por possuir uma estrutura de madeira muito resistente. Figura 02 - Mogno da Floresta Amazônica
Figura 01 - Vista aérea da Floresta Amazônica. São Félix do Xingu, PA.
C09 Fitogeografia do Brasil
Fonte: Stefan Delfim Martins / Pulsar Imagens.
Rio
4 8 5
Geografia
Fonte: Luciana Whitaker / Pulsar Imagens.
Observando essa floresta por imagens aéreas, encontramos as copas das árvores com diferentes tons de verde, denominadas de dossel, que dificultam a passagem da luz solar. Adaptadas à menor quantidade de luz, encontramos vegetações nas porções mais baixas das copas, mais próximas da superfície do solo, com características arbóreas. Essas árvores de pequeno porte, em conjunto com cipós, orquídeas, samambaias e diversos tipos de fungos, formam seus sistemas ecológicos próprios. n
n
Fonte: Stefan Kolumban / Pulsar Imagens.
Figura 03 - Ribeirinho extraindo látex de seringueira
Mata de várzea: essa parte corresponde àquela que, periodicamente, é inundada nos períodos das cheias. Apresenta grande diversidade vegetativa e árvores de grande porte, mas menores em comparação às de terra firme. É a área onde encontramos as seringueiras, das quais se extrai o látex. Essa estrutura é encontrada em terras baixas, sendo assim, são drenadas por igarapés. M ata de igapó ou c aiapó: é uma mata que está permanentemente inundada. É encontrada junto às margens dos rios. Possui árvores que podem chegar a 20 m de altura e outras, que nos períodos de cheias, ficam quase totalmente cobertas pela água. São árvores volumosas que estão associadas, geralmente, à água ácida. É nessa mata que se prolifera a vitória-régia, uma planta aquática, e a palmeira, que produz o fruto açaí.
Figura 04 - Vitória-régia, planta aquática, Amazônia n
C ampinas e C ampinaranas da Amaz ô nia: são ilhas de campos espalhados pela região do rio Negro (localize no mapa 1). Os dois ambientes se confundem por meio de vista aérea, mas, de perto, são muito diferentes, e juntas ocupam aproximadamente 30 mil km2 da Floresta Amazônica.
C09 Fitogeografia do Brasil
As campinas apresentam semelhanças com o fundo do mar e têm plantas parecidas com as da restinga. Já as campinaranas possuem mais semelhança com as florestas do que com as campinas, fisionomicamente e floristicamente. A principal diferença entre essas duas paisagens é o acesso à água por meio de seus lençóis freáticos. Na Campina Amazônica, a água fica entre 1 e 3 metros de profundidade, já nas Campinaranas, pode ocorrer em até 7 metros abaixo da superfície. A água é um fator determinante para o desenvolvimento das plantas, por esse motivo, as espécies vegetativas das campinas são menores, consequentemente, a paisagem é diferenciada. 4 8 6
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Floresta Tropical – Mata Atlântica Essa mata, que já ocupou vasta área da região do planalto atlântico, especialmente regiões serranas e de chapadas, era situada entre o litoral do Rio Grande do Norte ao Nordeste do Rio Grande do Sul, além das áreas interioranas de Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Apresenta características de vegetação latifoliada, heterogênea, menos densa que a Floresta Amazônica e com a maioria das folhagens perenes. Ocupava espaços em que hoje encontramos a maior concentração populacional do Brasil, sofreu grande desmatamento e estima-se que, nos dias atuais, seu resíduo está com aproximadamente 7% da formação original. Segundo especialistas, essa mata ombrófila, proporcionalmente, apresentou maior diversidade vegetativa que a Amazônia. Isso se deve à sua extensão latitudinal e às suas entranhas pelo interior do território, onde encontramos diferentes tipos de climas, solos, e relevos, proporcionando diferenciais vegetativos. Nessa mata, ainda podemos encontrar jequitibás, figueiras, manacás, quaresmeiras e uma grande quantidade de tipos de orquídeas.
F loresta S ub tropic al – Arauc á rias É conhecida também como Floresta dos Pinhais e localiza-se nas áreas mais elevadas da região Sul do Brasil, que apresentam médias climáticas mais frias e úmidas. O predomínio vegetativo é a Araucária angustifólia, da família das coníferas, endêmica do Brasil, podendo chegar até 50 m de altura. Por necessitar de luz para sua sobrevivência, ela desenvolveu uma copa larga que parece um guarda-chuva aberto e invertido, para garantir sua posição sempre acima das demais plantas. Nessa floresta semi-homogênea e ombrófila mista, encontramos também árvores de porte médio, como canela, imbuia, pinheiro-bravo e erva-mate.
Figura 05 - Mata Atlântica, Rodovia dos Imigrantes, SP160, Parque Nacional da Serra do Mar
Fonte: Mauricio Simonetti / Pulsar Imagens.
A Mata de Araucária sofreu e ainda sofre grande degradação. Sua exploração inicial atendia ao mercado de construção de casas e móveis. Em outra fase, com a chegada dos imigrantes europeus ao Sul do país, houve um grande desmatamento para a formação das propriedades rurais familiares. Posteriormente, a procura dessas madeiras foi para atender o mercado de celulose, tanto interno como externo. A extinção não se limita à formação vegetativa, pois roedores, que se alimentavam com pinhos, aves e insetos que faziam parte do ecossistema também estão ameaçados. Figura 06 - Floresta de araucária em General Carneiro, Paraná
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Fonte: Rubens Chave / Pulsar Imagens.
O ecossistema dessa floresta está muito comprometido, resistindo em maior concentração nas encostas de montanhas e reservas públicas, onde estima-se um volume total que não ultrapassa os 5% em relação ao volume original.
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Geografia
C errado O domínio vegetativo do Cerrado é encontrado com manchas maiores ou menores nas extensões dos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, Tocantins, Pará, Roraima, Rondônia, Minas Gerais e São Paulo (veja o mapa 1). O seu domínio é ultrapassado em extensão somente pela Floresta Amazônica. O cerrado apresenta formações vegetativas tropófitas, com predomínio de arbustos com casca grossa (retenção de água e proteção contra o fogo), galhos retorcidos (mal desenvolvimento) e em algumas espécies, com folhas cobertas por “pelos” (para se protegerem do fogo). Suas raízes são profundas, como nos arbustos, podendo alcançar 30 m de profundidade. O conjunto vegetativo possui, ainda, formações herbáceas e gramíneas.
Metros 15 Campo limpo 10
Campo sujo
Campo cerrado
Cerrado
Cerradão
5 Formação de campo
Zona de transição
Formação florestal
Esquema 02 - Tipos de cerrado
O esquema 2, demonstrado acima, propicia um declínio paulatino de massa arbórea e arbustiva (formação florestal até formação de campo), passando pela zona de transição que é conceituada pela biogeografia como região ecótono, e nos ajuda a compreender as diferenças nos tipos de solos desses ecossistemas.
Por ser uma vegetação heterogênea, possui diferentes aspectos e fisionomias, condicionando uma subclassificação dessa formação como campo limpo, campo sujo, campo cerrado, cerrado censo estrito e cerradão.
De modo geral, os solos do Cerrado se apresentam originalmente pobres e ácidos, mas nos anos de 1970, com a política da frente agrícola para o Oeste brasileiro, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA – fez grandes pesquisas para a correção desses solos. Nos dias atuais, o Cerrado sofre com largos desmatamentos para dar lugar a plantações de soja e criações de gado.
Fonte: Conti, José Bueno & Sueli Ângelo Furlan, Geoecologia: o clima, os solos e a biota, in Jurandyr L. Sanches Ross (org.), Geografia do Brasil, p. 179, Edusp, São Paulo 1996.
A proporção desse desmatamento ainda é lastimável, pois até mesmo as Matas Ciliares estão quase extintas.
Apresenta-se em regiões com clima tropical, nas quais as estações são bem definidas, sendo seco no inverno e úmido no verão.
SAIBA MAIS A M ata C iliar acompanha os rios de médio e grande porte da região do Cerrado, em que a vegetação arbórea não forma galerias. Em geral, essa Mata é relativamente estreita, dificilmente ultrapassando 100 metros de largura em cada margem. É comum a largura em cada margem ser proporcional à do leito do rio, embora em áreas planas a largura possa ser maior. Porém, a Mata Ciliar ocorre geralmente sobre terrenos acidentados, podendo haver uma transição nem sempre evidente para outras fisionomias florestais como a Mata Seca e o Cerradão. Fonte da pesquisa – EMBRAPA: ttp://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia16/ AG01/arvore/AG01_61_911200585234.html
C09 Fitogeografia do Brasil
Figura 07 - Mata Ciliar
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Figura 08 - Mata Galeria
Fonte: Artur Keunecke / Pulsar Imagens.
Fonte: Ernesto Reghran / Pulsar Imagens.
MATA CILIAR E MATA GALERIA
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Fonte: Tales Azzi / Pulsar Imagens.
Caatinga Formação vegetativa típica do Nordeste semiárido e endêmica do Brasil. Essa mata possui uma heterogeneidade, compreendendo diferentes tipos: caatinga seca não arbórea, com predomínio de cactáceas e ausência de árvores; caatinga seca e arbórea, com predominância de árvores e arbustos isolados; caatinga arbustiva densa, em forma de bosques com árvores isoladas; caatinga de relevo mais elevado, em áreas de maior pluviosidade, onde os bosques são mais densos. Sua vegetação é formada por xerófilas, adaptadas a lugares com baixa umidade, como as cactáceas (xiquexique e mandacaru) e as bromeliáceas (macambira); árvores frutíferas (murici), além de herbáceas. Na época da seca, as plantas do tipo caducifólia perdem suas folhas para economizar energia e dificultar a perda de água, produzindo uma paisagem seca e desoladora com uma coloração cinza-esbranquiçada, denominada pelos indígenas de caatinga. Suas raízes são longas, tanto as profundas quanto as superficiais, para absorver, em seus caules grossos, água subterrânea e água da chuva. Em algumas vegetações, observamos formações espinhosas, para dificultar a sua transpiração e se proteger de predadores. Os resultados de tantas ações antrópica fazem com que a Caatinga apresente áreas de desertificação e salinização do solo, propiciando verdadeiros “desertos” dentro de um sistema ecológico original.
Figura 09 - Cactáceas, herbáceas e arbustos da caatinga, Currais Novos, RN
C ampos De forma genérica, Campo é a denominação que se dá à vegetação herbácea/gramínea. A Campanha Gaúcha ou Pampa, encontrada no Rio Grande do Sul e expandindo-se pelo Uruguai, apresenta a maior extensão do nosso país. Essa área é subdividida em campos sujos (com presença de gramíneas, árvores e arbustos) e campos limpos (com predomínio de gramíneas e herbáceas). Em algumas áreas desse campo, encontramos também algumas árvores como a bracatinga, a canjerana, a cabreúva e outras plantas (mais de 500 espécies).
Figura 10 - Coxilhas da Campanha gaúcha de São Gabriel, RS
Fonte: Gerson Gerloff / Pulsar Imagens.
Os Campos Sulistas são explorados desde o século XVIII, para a criação de gado bovino e ovino. A prática do pastoreio, o uso do fogo para eliminar as sobras secas de pastagens após o inverno (engrossamento) e a consequente redução de áreas gramadas, tornaram o solo mais suscetível à degradação. A chuva, ao entrar em contato com um solo frágil, encontra maior facilidade para transportar seus materiais, formando sulcos em sua superfície. Esse material, proveniente de erosão, será transportado para regiões mais baixas, chegando até os rios, provocando assoreamento. Figura 11 - Campanha gaúcha de São Gabriel, RS
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C09 Fitogeografia do Brasil
Fonte: Mauricio Simonetti / Pulsar Imagens.
Os Campos desenvolvidos em altitudes mais elevadas, como em áreas de planalto do Rio Grande do Sul, são chamados de Campos de Cima da Serra. Podemos observar também outros campos com essa característica de altitude mais elevada, com aproximadamente 900 m, na Chapada da Diamantina (Bahia), na Chapada dos Veadeiros e na Serra dos Pirineus (Goiás), Serra do Caparaó (Minas Gerais e Espírito Santo) e a região de Pico de Itatiaia (Rio de Janeiro), entre outros. Na Ilha de Marajó e nos Estados de Roraima e Amapá, surgem os campos inundáveis.
Geografia
Fonte: Mauricio Simonetti / Pulsar Imagens.
M ata dos C oc ais Mata localizada a Leste da Floresta Amazônica, a Oeste da Caatinga e ao Norte do Cerrado, a Zona dos Cocais é uma zona de transição entre os climas, úmido, semiárido e tropical. Sendo assim, essa mata abrange os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e o Norte de Tocantins. Sua formação predominante é de palmáceas: buriti, carnaúba e babaçu e em menor quantidade a oiticica. Algumas dessas palmeiras chegam a alcançar 20 m de altura. Adaptada ao clima quente e relativamente úmido, essa vegetação é muito resistente e possui uma grande capacidade de regeneração. Sua formação original foi destruída por meio de intervenções antrópicas seculares, sendo assim, a vegetação de hoje, que forma a Zona dos Cocais, é uma floresta secundária. Com características de homogeneidade, as palmáceas não encontram competição territorial, desenvolvendo-se de forma acelerada.
Fonte: Delfim Martins / Pulsar Imagens.
Figura 12 - Cacho com frutos da Carnaúba, Quixadá, CE
Figura 13 - Mata de Babaçu, Nazária, PI
Essas palmáceas são de muita valia econômica para as comunidades das regiões rurais. Em muitos casos, são a principal fonte de renda familiar. As fibras das folhas são utilizadas para fabricação de cestos, chapéus e esteiras. No caso específico da folha da carnaúba, dela é extraída a cera. Os frutos são aproveitados para fazer doces e bebidas, as sementes fornecem óleos para a fabricação de cosméticos. O bagaço serve de alimento para o gado e a casca do coco serve como fonte de energia na forma de carvão. Fonte: Shutterstock.com
P antanal
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Aproximadamente 70% da área pantaneira é inundável. Ela faz parte da planície sedimentar da depressão da Bacia do Paraguai, que envolve os territórios brasileiro, boliviano e paraguaio. De modo simplificado, essa área inundável obtém altitudes pouco acima de 100 m. Nas terras mais elevadas, são drenados corpos de água que vão desaguar no rio Paraguai. Nos períodos de inundações, forma-se um imenso lago, e nos períodos de estiagem, os rios voltam aos seus leitos normais, propiciando milhares de lagoas com intensa diversidade de fauna.
Figura 14 - Lagoas do Pantanal
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Sobre as terras pantaneiras, encontramos espécies das florestas, dos campos e do cerrado. Nas áreas mais secas, encontramos paisagens que se aproximam da caatinga. Essa comunhão de ecossistemas define sua formação vegetativa como c omplexa. Tido como um verdadeiro “santuário ecológico”, o Pantanal constitui um valioso banco genético que deve ser preservado e estudado.
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Vegetação litorânea Em todo o litoral brasileiro, verifica-se a presença de restinga (vegetações de praia e duna), o jundu e o mangue.
Fonte: Tales Azzi / Pulsar Imagens.
A restinga desenvolve-se em solos arenosos e salinos e é formada, basicamente, por vegetações herbáceas, arbóreas e arbustos. Podemos citar como exemplos: salsa-da-praia, picão-da-praia e cajueiro.
Figura 15 - Restinga, praia de Massarandupió, BA
O j undu é um conjunto de vegetação constituído de herbáceas e arbóreos. Esse conjunto tem a função de fazer uma barreira natural de contenção do mar. Atualmente, o jundu foi arrancado de seu habitat para a construção de calçadões e quiosques à beira-mar.
Os mangues são importantes fornecedores de nutrientes para a vida marinha costeira e apresentam condições propícias para a reprodução da fauna marinha. Isso ocorre devido à reduzida presença de seres decompositores dentro do seu interior.
Figura 16 - Manguezal em Mucuri, BA
As especulações imobiliárias são as grandes destruidoras dos mangues. Para atender à demanda do mercado, os especuladores constroem prédios e hotéis, ocasionando perdas ambientais irrecuperáveis.
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Fonte: Ricardo Teles / Pulsar Imagens.
O mangue é formado por halófilas, pois se desenvolve em regiões alagadas no encontro das águas doce e salgada. Por viver em solo arenoso e água com baixo teor de oxigênio, esta vegetação higrófila adaptou-se ao seu habitat, desenvolvendo raízes aéreas com características pneumatóforas (que respira pela raiz). No Brasil, encontramos predomínio de espécies como mangue-vermelho, mangue-branco e mangue-siriúba.
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Geografia
O desmatamento no B rasil Com a chegada dos portugueses ao território brasileiro, as coberturas vegetativas passaram a sofrer com os desmatamentos. De início, a Mata Atlântica foi atingida pelo comércio do pau-brasil, posteriormente, a economia da cana-de-açúcar foi substituindo as matas nordestinas. Mais à frente, com a chegada do novo vetor econômico, as paisagens naturais dessa mata do Sudeste passaram a dar lugar aos pés de café. O Governo Getúlio Vargas inicia a industrialização brasileira, contribuindo para a devastação dessa vegetação para dar lugar à urbanização. Nos dias atuais, estima-se que mais de 80% da população brasileira está fixada na extensão do Planalto Atlântico. Todo esse contexto contribuiu para chegarmos a uma atualidade avassaladora, em que encontramos, apenas, cerca de 7% da Mata Atlântica original restrita a poucas áreas que foram alvo de interesses econômicos, como a Serra do Mar nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. Apresentadas essas condições, segundo alguns especialistas, a Mata Atlântica é o segundo bioma mais ameaçado do mundo, perdendo somente para as florestas de Madagascar. Relacionando esse quadro com a grandeza da biodiversidade que essa mata apresentava (e apresenta nas poucas áreas em que ainda existe), ela é classificada como um hotspot.
1500 Situação original
2013 Remanescente
Mapa 02 - Brasil: Mata Atlântica
Outro hotspot brasileiro é o Cerrado. As maiores devastações tiveram início com a falta de um planejamento ambiental na política da frente agrícola dos anos 1970. O Cerrado, gradativamente, foi sendo substituído por fazendas de gado e principalmente de monocultura de soja. Essa vegetação está cada vez mais ameaçada pelo agronegócio, apresentando nos dias atuais uma margem de 45% de sua formação original.
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Já a Mata de Araucária, proporcionalmente, apresenta cerca de 3% de sua vegetação original. Seu contexto destruidor passa pela qualidade da madeira para a construção civil, pela chegada de imigrantes europeus construindo suas propriedades agrícolas familiares e pela produção de celulose. A Floresta Amazônica, que constantemente está nos noticiários, sofreu quedas de desmatamentos no século XXI, mas encontra-se em um estágio muito distante do que determina o artigo 225 da nossa Constituição, que trata sobre sua preservação. A falta de condições técnica e humana de organismos especializados – como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis / IBAMA –, para fiscalizar e coibir o desmatamento de nossa Floresta Equatorial, faz com que os madeireiros, garimpeiros e produtores agrícolas continuem com suas práticas criminosas com esse bem valioso da União. 4 92
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35 000 30 000 25 000 20 000 15 000 10 000 5 000
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
1992 1993 1994 1995 1996
1988 1989 1990 1991
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Figura 17 - Desmatamento da Amazônia Legal em Km2 Fonte: Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, Inpe. Disponível em: http://www.obt.inpe.br.
A Mata dos Cocais também sofreu desmatamento para dar espaço às propriedades agrícolas e à construção de cidades. Como sua formação vegetativa é baseada nas palmáceas (muito resistente e regeneradora), hoje, essa mata, como segunda natureza, é parte integrante da fonte de renda da população da região. Devido às ações antrópicas e concentrações latifundiárias para a criação de gado, a Caatinga sofre com a desertificação e salinização de seu solo. Essa vegetação, que é única no mundo, corre grande risco de ser extinta. AP RR
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Savana (Cerrado)
Áreas pioneiras
Savana estépica
Área antropizada
Mapa 03 - Retração da vegetação nativa - 2015
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Floresta
Campinarana (Campinas do Vale do Rio Negro)
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Escala 1: 40 000 000 200
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400 km
Projeção Policônica
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar, 7ª edição, p. 102. Rio de Janeiro, 2016.
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C09 Fitogeografia do Brasil
A cobertura vegetativa brasileira está com 55% de sua formação original. Algumas formações estão quase extintas, outras em acelerada devastação. Se esse ritmo mantiver, o Brasil perderá sua identidade natural, ou seja, sua biodiversidade.
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O desmatamento do Pantanal já consumiu 18% de sua vegetação original. Entre as causas da devastação, estão a expansão das commodities e a criação de gado.
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P A C Í F I C O
A vegetação litorânea, inclusive as riquezas naturais dos mangues, é sempre ameaçada pelo avanço das especulações imobiliárias e pela formação de grandes resorts.
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Os Campos, que apresentam superfície caracteristicamente plana, que atende às necessidades de pastagem e agricultura, sempre sofreram ações antrópicas. Recentemente, os pesquisadores aprofundaram suas pesquisas sobre essa formação vegetativa e chegaram a um ecossistema riquíssimo, que ainda precisa ser mais estudado.
O
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Geografia
Exercícios de Fixação 01. ( C F T M G ) Um estudante do curso técnico em Meio Ambiente, após pesquisa, elaborou as seguintes descrições sobre três biomas brasileiros: I. Abriga grande diversidade de espécies de plantas adaptadas à dinâmica do clima, caracterizado por chuvas torrenciais bem distribuídas. Possui aproximadamente 88,7% da cobertura vegetal nativa preservada, porém essa área tem sido pressionada pela expansão das atividades agrícolas e minerais. II. Agrega planaltos, com extensas chapadas. Verificam-se significativas matas ciliares ao longo dos rios, com folhagem perene. Atualmente a cobertura vegetal desse bioma, em relação à sua área original, é de aproximadamente 61,1%. É considerado o segundo bioma brasileiro mais rico em biodiversidade. III.
Comporta uma floresta ombrófila densa, numa área complexa formada por montanhas, vales, planaltos e planícies. O aspecto florestal deve-se ao clima úmido e quente da região. Nessa área, encontram-se cerca de 70 % da população brasileira e suas águas abastecem mais de 120 milhões de pessoas. É o bioma mais ameaçado do Brasil. Os textos I, II e III referem-se, respectivamente, à(ao): a) Mata Atlântica, Amazônia e Pantanal. b) Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. c) Pampa, Mata Atlântica e Cerrado. d) Pantanal, Pampa e Amazônia. 02. ( I F P E ) Ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, sujeito ao regime das marés, formado por uma série de vegetais resistentes ao fluxo das marés e, portanto, ao sal. Ocupa quase todo o litoral brasileiro e funciona como um berçário para os recursos pesqueiros, sustentando direta ou indiretamente mais de 1 milhão de pessoas. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Disponível em: http://www.mma.gov.br. Acesso em 09 de maio2017.
C09 Fitogeografia do Brasil
Podemos afirmar que o texto acima se refere ao ecossistema a) Manguezal. b) Mata Atlântica. c) Mata de Cocais. d) Pampa. e) Caatinga. 03 . ( P U C C ampinas S P ) Um grande poeta brasileiro foi João Cabral de Melo Neto, conhecido por poemas marcantes e muito bem trabalhado. Em Morte e vida Severina, o trecho abaixo refere-se à chegada do protagonista em uma nova fitofisionomia, depois de atravessar a Caatinga:
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Bem me diziam que a terra se faz mais branda e macia quando mais do litoral a viagem se aproxima. Agora afinal cheguei nesta terra que diziam. Como ela é uma terra doce para os pés e para a vista. Os rios que correm aqui têm água vitalícia. Esta descrição corresponde: a) ao Agreste, região de matas de galeria entre a Caatinga e o Cerrado. b) ao Sertão, região de Cerrado com matas perenes ou semidecíduas. c) ao Cerradão, uma região de florestas resistentes à seca. d) à Mata Ripária, uma faixa contínua ao longo do litoral leste do Brasil. e) à Zona da Mata, originalmente coberta por Mata Atlântica. 04 . ( F atec S P ) A Mata dos Cocais é um tipo de cobertura vegetal presente no Meio-Norte do Brasil, principalmente nos estados do Maranhão e do Piauí. É uma zona de transição entre os biomas Floresta Amazônica, Cerrado e Caatinga. Nessa área de transição são encontrados alguns tipos de vegetais, dentre os quais se destacam a) as seringueiras e as bananeiras. b) as laranjeiras e os pinheiros. c) as carnaúbas e os babaçus. d) as catuabas e os juazeiros. e) as perobas e os jatobás. 05 . ( E nem M E C ) Ao destruir uma paisagem de árvores de troncos retorcidos, folhas e arbustos ásperos sobre os solos ácidos, não raro laterizados ou tomados pelas formas bizarras dos cupinzeiros, essa modernização lineariza e aparentemente não permite que se questione a pretensão modernista de que a forma deve seguir a função. HAESBAERT, R. “Gaúchos” e baianos no “novo” Nordeste: entre a globalização econômica e a reinvenção das identidades territoriais. In: CASTRO, I. E.; GOMES, P. C. C.; CORREA, R. L. (Org.). Brasil: questões atuais da reorganização do território. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
O processo descrito ocorre em uma área biogeográfica com predomínio de vegetação a) tropófila e clima tropical. b) xerófila e clima semiárido. c) hidrófila e clima equatorial. d) aciculifoliada e clima subtropical. e) semidecídua e clima tropical úmido.
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Exercícios C om p l em en t ares 01. ( M ac k enz ie S P ) Observe o mapa: Estudo aponta que desmatamento da Mata Atlântica aumentou c erc a de 6 0% em um ano.
http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/especiais/noticia/ estudo-apontaque-desmatamento-da-mata-atlantica-aumentou-cerca-de-60-em-um-ano.ghtml
Tendo por base o mapa, as informações citadas e seus conhecimentos, identifique, a seguir, a alternativa que apresente, apenas, regiões hidrográficas com ocorrências de Mata Atlântica. a) Região Hidrográfica do Uruguai; Região Hidrográfica do Tocantins; Região Hidrográfica do Atlântico Nordeste Ocidental. b) Região Hidrográfica Atlântico Sul; Região Hidrográfica do Paraná; Região Hidrográfica do Atlântico Leste. c) Região Hidrográfica Amazônica; Região Hidrográfica do Tocantins; Região Hidrográfica do Parnaíba. d) Região Hidrográfica do Uruguai; Região Hidrográfica do Atlântico Nordeste Ocidental; Região Hidrográfica Amazônica. e) Região Hidrográfica do Paraguai; Região Hidrográfica Amazônica; Região Hidrográfica do Piauí. 02. ( U P E P E ) Atualmente, a maior parte das espécies ameaçadas da fauna brasileira, sejam elas aquáticas ou terrestres, estão em situação de risco por causa da perda do habitat florestal. “São 1.051 espécies ameaçadas. Todas estão assim em função do desmatamento”, afirmou a coordenadora de Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade (Coabio/ICMBio), Rosana Subirá.
Fonte: http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2014/07
Sobre os principais prejuízos ambientais, decorrentes do desmatamento em áreas tropicais, analise os itens a seguir: 1. Degradação dos mananciais 2. Perda da biodiversidade 3. Alteração pluviométrica 4. Diminuição da quantidade de carbono 5. Aumento do efeito estufa 6. Acréscimo dos valores da umidade relativa do ar Estão CORRETOS, apenas, a) 1, 4 e 5. b) 2, 3 e 4. c) 1, 2, 3 e 5. d) 3, 4, 5 e 6. e) 1, 2, 4, 5 e 6. 03 . ( U F S C ) A segunda-feira já começou muito gelada em Santa Catarina. Na cidade de Urubici, na Serra catarinense, os termômetros registraram −5 oC na altura do Morro da Igreja, e ao longo do dia as temperaturas não devem passar de 17 oC em todo o Estado. De acordo com a central de meteorologia [...], depois da chuva e da neve do fim de semana, o ar seco e frio vai predominar em SC. Assim, a previsão é de tempo seco e sol, com possibilidade de geada ao amanhecer no Oeste, no Meio Oeste, na Serra e no Planalto Norte. Disponível em: <http://dc.clicrbs.com.br/sc/estilo-de-vida/noticia/2016/08/ segunda-feira-registra-frio-intenso-em-todas-as-regioes-de-sc-7314288. html>. [Adaptado]. Acesso em: 22 ago. 2016.
Sobre elementos e fatores do clima e sobre o quadro físico da Mesorregião Serrana catarinense, é correto afirmar que: 01. um dos aspectos da fitogeografia da Serra catarinense são as florestas aciculifoliadas subtropicais e as formações de campos limpos. 02. as quedas bruscas de temperatura na Serra catarinense são ocasionadas sobretudo pela atuação da massa polar do Pacífico. 04. concentra as principais formações dos Dobramentos Modernos, por isso a predominância de planaltos.
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C09 Fitogeografia do Brasil
Entre 2015 e 2016, cerca de 290 quilômetros quadrados de floresta foram devastados, o que significa um aumento de 57,7%, se comparado com os anos anteriores. A Mata Atlântica percorre importantes regiões hidrográficas brasileiras. Suas florestas são fundamentais para a manutenção dos processos hidrológicos garantindo a quantidade e a qualidade da água potável para milhões de brasileiros e para os diferentes setores da economia nacional.
Geografia
08. predomina na Serra catarinense o clima tropical continental, que se caracteriza pela existência de duas estações bem definidas. 16. neve é a precipitação de cristais de gelo translúcidos e brancos em geral de forma hexagonal. 04 . ( P U C S P ) “Os campos de altitude da Serra Geral, no sul do Brasil, são encontrados sobre platôs cada vez mais altos, à medida que avançam para a borda leste, onde a serra de repente despenca em imensos cânions.” (Gilberto STAM. A riqueza dos campos de altitude. São Paulo: Pesquisa FAPESP, 01/2016. p. 61)
Considerando o texto sobre o Cerrado, pode ser dito sobre esse bioma brasileiro que a) o valor econômico é duvidoso, pois se sua área e formação vegetal dominante são propícias para a exploração da pecuária, o mesmo não pode ser dito para a agricultura, que não vingará nesses solos pobres e secos. b) os segredos do Cerrado são mais força de expressão literária do que reais, pois estamos diante de um bioma marcado por certa homogeneidade biológica que se repete monotonamente por vastas extensões. c) trata-se de uma formação de dominância herbácea o que no passado a ligava ao risco da devastação pela pecuária excessiva, mas que atualmente está razoavelmente preservada pelo seu baixo uso econômico. d) essa é uma formação savânica, cuja marca é a presença dos três estratos vegetais (arbóreo, arbustivo e herbáceo), sem predomínio de nenhum deles, e também a presença de uma biodiversidade notável. 06 . ( U E F S B A) A natureza é uma totalidade onde todos, dependem de todos. Essa totalidade é o resultado de combinações das condições necessárias para que as espécies obtenham energia e participem das interações biológicas em seus nichos. (CONTI; FURIAM. 2011. p. 21).
C09 Fitogeografia do Brasil
As formações vegetais que se desenvolvem nesse ambiente guardam estreita relação com o relevo e com as características climáticas. Sobre elas pode ser dito que: a) os campos de altitude, nos quais predominam vegetação de gramíneas, com manifestação de formações arbustivas e árvores esparsas, possuem rica biodiversidade, inclusive entre as gramíneas. b) nessa região de clima quente, típico de regiões subtropicais, as formações vegetais resultam bem modestas em função do relevo de altitude, tanto que essas são as únicas áreas onde as gramíneas proliferam. c) as formações vegetacionais não são afetadas pela altitude e, no caso das formações vegetais da Serra Geral, o fator preponderante para suas características é o clima inadequado para formações florestais. d) formações florestais são normalmente favorecidas por condições de altitude e de inclinação do relevo que geram solos de grande fertilidade. No entanto, na Serra Geral, essa situação não se manifesta em função do clima seco. 05 . ( F ac . Alb ert E instein S P ) Leia: “O cerrado não revela seus mistérios à gente que não é cativa desse destinozinho de chão, escreveu certa vez Guimarães Rosa, traduzindo desses segredos do cerrado [...] que podem ter valor científico, social e econômico, mas não estão mesmo expostos à vista.” ANDRADE, Rodrigo de Oliveira. Laboratório a céu aberto. In: Pesquisa FAPESP, nº 208, junho de 2013. p. 40.
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Considerando o excerto e os conhecimentos sobre as formações fitogeográficas do Brasil, marque V nas afirmativas verdadeiras e F, nas falsas. ( ) A Mata Atlântica também recebe o nome, nas áreas mais úmidas, de floresta latifoliada úmida de encosta, devido à umidade que recebe da Massa Tropical Atlântica ou dos ventos alísio de sudeste. ( ) O Cerrado é um domínio vegetal nativo do Brasil Central, apresentando vegetais tropófilos e vários aspectos ou fisionomias. ( ) O domínio da vegetação herbácea ou campo é encontrado em várias porções do país, sempre associado às elevadas altitudes e à degradação dos solos, formando areais. ( ) A vegetação do Pantanal é considerada complexa, porque apresenta espécies das florestas, dos campos e dos cerrados, estando localizada em uma área de planície sedimentar drenada pelo rio Paraguai. ( ) A Mata de Araucária, das florestas brasileiras, é a única localizada em clima temperado, razão pela qual apresenta vegetais higrófilos, latifoliados e caducifólios. A alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo, é a: a) F – V – F – F – V b) F – V – V – F – V c) V – V – F – V – F d) V – F – V – V – F e) F – F – V – F – V
FRENTE
C
GEOGRAFIA
MÓDULO C10
DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS INTERTROPICAIS
ASSUNTOS ABORDADOS
B iomas
n Domínios morfoclimáticos inter-
Com base nas pesquisas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o Brasil possui seis biomas: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal. Infelizmente, todos esses biomas sofrem com muitas intervenções antrópicas. Por esse motivo, os biomas da Mata dos Pinhais (Araucária) e da Mata dos Cocais não são mais citados.
tropic ais n Biomas
n Domínios morfoclimáticos n Domínios morfoclimáticos intertropicais
Amazônia
Caa nga
Cerrado Pantanal Mata Atlân ca
Pampa
Porcentagem dos Biomas Amazônia
Caa nga
Cerrado
Pampa
Mata Atlân ca
Pantanal
Mapa 01 - Biomas brasileiros Fonte: IBGE. https://ww2.ibge.gov.br. Adaptado. Acesso em 30.ago.2018
P orc entagem dos b iomas Amazônia
49,29%
Cerrado
23,92%
Mata Atlântica
13,04%
Caatinga
9,92%
Pampa
2,07%
Pantanal
1,76%
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Geografia
Domínios morfoclimáticos O Brasil, em virtude de sua grandeza, exibe uma estrutura riquíssima das principais paisagens e ecologias do mundo tropical. Essas paisagens são resultado das relações e integrações entre vários elementos da natureza, como o relevo, solo, vegetação, hidrografia e clima. Como existem diferentes paisagens, encontramos relações e integrações dos elementos da natureza de forma diferenciada em certos limites territoriais. O estudo da integração desses elementos que delimitam uma área territorial por meio de sua paisagem é o estudo do Domínio Morfoclimático. Cada um desses domínios, em seu interior, apresenta uma área primordial, nuclear. É uma composição espacial de grande porte e contínua quanto à distribuição de espécies e formas vegetativas que caracterizam suas diferenças. Cada um dos Domínios Morfoclimáticos apresenta um mosaico de ecossistemas, onde sempre existe o predomínio de um deles. Entre eles, encontramos uma área de transição de contato que corresponde ao espaço de mudança gradual das paisagens, que não pertence a nenhum dos domínios. Há seis domínios morfoclimáticos no Brasil, que estão subdivididos em dois grupos climáticos: Domínio Morfoclimático Intertropical - Amazônico, do Cerrado, da Caatinga e dos Mares de Morros. Domínio Morfoclimático Subtropical – Araucária e Pradarias.
O geógrafo Aziz Ab´Sáber (19242012) foi o principal pesquisador e divulgador do conceito de Domínios Morfoclimáticos brasileiros. Nos anos de 1960, ele realizou um mapeamento geográfico e geomorfológico do Brasil, embasado em critérios climáticos e biogeográficos. Foi membro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), do Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP) e do Departamento de Geografia da USP (DG-USP). Fonte: Wikimedia commons
C10 Domínios morfoclimáticos intertropicais
SAIBA MAIS
Amazônico
Araucária
Caa ga
Cerrado
Mares de morros
Pradaria
Faixa de transição
Mapa 02 - Domínios morfoclimáticos brasileiros Fonte: Ab´Sáber, Aziz Nacib, Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo, Ateliê Editora, 2003. Adaptado.
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C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Domínios morfoclimáticos intertropicais D omí nio Amaz ô nic o O Domínio Amazônico abrange o território coberto pela Floresta Equatorial Tropical, que engloba a região Norte, áreas do Centro-Oeste (Norte do Mato Grosso) e Nordeste (Oeste do Maranhão). Essa floresta é estratificada e dividida em três partes: área de inundação, área de várzea e área de terra firme (reveja o módulo C09). O seu clima considerado homogêneo está associado ao calor e à umidade com elevada precipitação (apenas as áreas de campo recebem menor pluviosidade), e baixa amplitude térmica. Sua localização abarca o Hemisfério Norte e Sul, ocorrendo precipitações de verão alternadas, propiciando dois regimes pluviométricos. Essas condições climáticas colaboram para a manutenção hídrica da maior Bacia Hidrográfica do Mundo. Além de apresentar um predomínio de terras baixas, esse domínio possui planície, depressões e planaltos. Seus solos, na maioria das áreas, originam do arenito (latossolos), consequentemente, possuem baixa fertilidade, com algumas exceções, existindo na região manchas de solos ricos.
SAIBA MAIS No cinturão de máxima diversidade biológica do Planeta – que tornou possível o advento do homem – a Amazônia se destaca pela extraordinária continuidade de suas florestas, pela ordem de grandeza de sua principal rede hidrográfica e pelas sutis variações de seus ecossistemas, em nível regional e de altitude. Trata-se de um gigantesco domínio de terras brasileiras florestadas, disposto em anfiteatro, enclausurado entre a grande barreira imposta pelas terras cisandinas e pelas bordas dos planaltos brasileiros e guianenses. De sua posição geográfica resultou uma fortíssima entrada de energia solar, acompanhada de um abastecimento quase permanente de massa de ar úmido, de grande estoque de nebulosidade, de baixa amplitude térmica anual e de ausência de estações secas pronunciadas em quase todos os seus subespaços regionais, do Golfão Marajoara até a face oriental dos Andes. Enfim, traz para o homem um clima úmido e cálido, com temperaturas altas, porém suportáveis, chuvas rápidas e concentradas, muitos períodos desprovidos de precipitações e raros dias de chuvas consecutivas. Na direção de suas periferias extremas, há uma discreta acentuação de sazonalidade, incluindo ondas de “friagem” desde oeste de Rondônia até o Acre. Durante o inverno, isto se deve à força de penetração do braço mais interior da massa de ar tropical atlântico para a caatinga. O fato de possuir terra nos dois lados da Linha do Equador, reflete diretamente, na marcha dos períodos de maior precipitação no espaço total da Amazônia. Enquanto o Sul da Amazônia brasileira é dominada por chuvas de verão austral (de janeiro a março), o norte da região recebe precipitações maiores durante o verão boreal (de maio a junho). Entre esses dois períodos extremos, existem transições progressivas, sendo que na maior parte da calha central Oeste-Leste do Amazonas chove também nos meses de março a maio. Resulta daí que as grandes cheias do Rio Negro, por exemplo, necessitam da coincidência entre os períodos chuvosos da Amazônia centro-ocidental com o setor noroeste do estado do Amazonas (...). Fonte: Ab´Sáber, Aziz Nacib, Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas, p. 65 e 66. São Paulo, Ateliê Editora, 2003. Adaptado.
C10 Domínios morfoclimáticos intertropicais
Fonte: Delfim Martins / Pulsar Imagens.
AMAZÔNIA BRASILEIRA: UM MACRODOMÍNIO
Figura 01 - Vista aérea do Rio Xingu, PA
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Geografia
D omí nio C errado Com predominância na região Centro-Oeste, encontramos esse domínio, também, em áreas das regiões Norte, Nordeste e Sudeste. Seu relevo apresenta predominância em planaltos e depressões. Encontramos a ocorrência de grandes Chapadas, seus solos, devido à acidez, são pouco férteis e recobertos pela formação vegetativa tropical, ou seja, o Cerrado. Sua vegetação ostenta características com raízes densas e ramificadas em busca de água em solos mais profundos. Em muitos casos, a raiz da vegetação possui uma extensão maior que o tronco e galhos, dando outra denominação popular ao Cerrado, “floresta invertida”. No módulo C09, estudamos a fitogeografia do Cerrado, e vimos que dependendo da topografia, da existência de água no subsolo ou na superfície, pode-se encontrar diferenças fisionômicas como Cerrado, Cerradão e Campos. Além dessas fisionomias, ainda encontramos: n
n
As veredas – ocorrem em fundos de vales, brejos e em áreas inundadas em que não se desenvolvem cerradões. Na parte mais alagada, encontramos o buriti, nas partes menos inundadas, o babaçu e a carnaúba. Os morros roc h osos – ocorrem musgos e cactos.
Apresenta duas estações do ano bem definidas, o verão chuvoso e o inverno seco. O seu planalto é rico em nascentes de água que abastecem bacias hidrográficas da Amazônia, do Araguaia-Tocantins, do Paraná e do São Francisco. Em vários cursos de água, encontramos matas ciliares ou galerias. Domínio Caatinga
Fonte: Andre Dib / Pulsar Imagens.
Esse déficit hídrico justifica a presença de rios intermitentes e solos rasos, pedregosos e com pouco material orgânico. Sua vegetação é a Caatinga, com características xerófitas, que ocupa extensas áreas de regiões depressivas.
C10 Domínios morfoclimáticos intertropicais
Figura 02 - Área de vereda, Barra das Garças, MT
5 00
Figura 03 - Rio intermitente, leito do Rio de Pedras, Uauá, BA
Fonte: Palê Zuppani / Pulsar Imagens.
Esse domínio é encontrado na região Nordeste, mas podemos encontrá-lo, em uma menor porção, no Sudeste, em Minas Gerais, ambos em áreas do sertão. Possui um clima semiárido, com médias de temperatura elevada o ano inteiro e com baixa e irregular pluviosidade.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
M ares de M orros Sua ocorrência fica nas proximidades do mar entre o Nordeste e Sul do país, entrando pelo interior da região Sudeste. Seu relevo é o elemento da natureza que se destaca na paisagem, formado por Serras, como a da Mantiqueira, do Mar, do Espinhaço e a Geral. Sua estrutura rochosa sofre frequentes processos erosivos por se encontrar em regiões muito úmidas, sendo esculpidas como formas onduladas aparentando um mar de morros. Mesmo com esse predomínio arredondado, nele são encontrados terrenos mais aplainados por onde passam rios com formas meândricas. Apresenta um solo com horizontes bem erodidos.
Fonte: João Prudente / Pulsar Imagens.
A vegetação predominante é a Mata Atlântica, mas também possui enclaves de campos, araucárias e cerrados. Apresenta riquíssima biodiversidade devido às suas características latitudinais e longitudinais.
Figura 04 - Mares de Morros, Serra da Mantiqueira, Itamonte, MG
No domínio morfoclimático Mares de Morros, podemos encontrar diferentes formas de relevo, sendo que a forma de Pães de Açúcar (ES, MG e RJ) também se destaca. São estruturas rochosas do tipo granítica ou gnaisse que se encontram afloradas e suscetíveis a processos erosivos, motivo pelo qual apresentam topos de forma arredondada. Figura 05 - Pão de açúcar, Rio de Janeiro, RJ
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C10 Domínios morfoclimáticos intertropicais
Fonte: Shutterstock.com
SAIBA MAIS
Geografia
E ntenda os princ ipais termos do C ódigo F lorestal Amaz ô nia L egal: compreende os estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso, bem como áreas dos estados do Tocantins, Goiás e Maranhão. Com uma superfície de 5 217 423 km², corresponde a 61% do País e é povoada por 24 milhões de pessoas. APPs (Áreas de Preservação Permanente): constituídas por florestas e demais formas de vegetação natural situadas ao longo de rios, cursos d’água, lagoas, lagos, reservatórios naturais ou artificiais, nascentes e restingas, entre outras. Essas áreas têm a função ambiental de preservar recursos hídricos, paisagens, estabilidade geológica, biodiversidade e fluxo gênico (transferência de genes de uma população para outra) de fauna e flora, além de proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas que vivem no local. As APPs ocupam mais de 20% do território brasileiro e foram estabelecidas pelo atual Código Florestal (Lei 4.771/65). Á rea de interesse soc ial: território onde são desenvolvidas atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como: prevenção, combate e controle do fogo; controle de erosão e proteção de plantios com espécies nativas, bem como obras, planos, atividades ou projetos definidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Também se incluem na área de interesse social localidades onde há atividades de manejo agroflorestal sustentável, praticadas em pequenas propriedades familiares que não prejudiquem a cobertura vegetal nem a função ambiental no local.
C10 Domínios morfoclimáticos intertropicais
Área de utilidade pública: é dividida em três modalidades: a primeira é destinada às atividades de segurança nacional e proteção sanitária; a segunda compreende as obras essenciais de infraestrutura para serviços públicos de transporte, saneamento e energia, bem como serviços de telecomunicações e de radiodifusão; a terceira engloba as demais obras, planos, atividades ou projetos previstos em resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Á reas rurais c onsolidadas: tal classificação não existe no atual Código Florestal. Pelo texto aprovado na Câmara que institui o novo Código Florestal, as atividades em áreas rurais consolidadas anteriores a 22 de julho de 2008 localizadas em Área de Preservação Permanente ( AP P ) poderão ser mantidas se o proprietário aderir ao Programa de Regularização Ambiental. A autorização será concedida em caso de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto. Pela proposta, imóveis de até quatro módulos fiscais não precisam recompor a vegetação nativa. Quem desmatou antes da reserva legal ter percentual aumentado (a partir de 2000), não precisa recompor além do exigido na época. 5 02
B ioma: conjunto de diferentes ecossistemas com certo nível de homogeneidade. É constituído por comunidades biológicas, populações de organismos da fauna e da flora que interagem entre si e também com o ambiente físico chamado biótopo. Os biomas são: florestas tropicais úmidas; tundras; desertos árticos; florestas pluviais, subtropicais ou temperadas; áreas mediterrâneas; prados tropicais ou savanas; florestas temperadas de coníferas; desertos quentes; prados temperados; florestas tropicais secas; e desertos frios. Existem também os sistemas mistos que combinam características de dois ou mais biomas. Os biomas podem ser divididos ainda em: aquáticos, do qual fazem parte a plataforma continental, recifes de coral, zonas oceânicas, praias e dunas; e terrestres. Estes últimos são constituídos, basicamente, por três grupos de seres: os produtores (vegetais), consumidores (animais) e decompositores (fungos, bactérias). Corredores ecológicos: áreas que unem os remanescentes florestais e possibilitam o livre trânsito de animais e a dispersão de sementes das espécies vegetais. Isso permite o fluxo gênico (transferência de genes de uma população para outra) entre as espécies da fauna e flora e a conservação dos recursos hídricos e do solo, além de contribuir para o equilíbrio do clima e da paisagem. Os corredores podem unir Unidades de Conservação, R eservas Particulares do Patrimônio Nacional (RPPNs), R eservas Legais, Áreas de Preservação Permanente (AP P s) ou quaisquer outras áreas naturais. Espécies nativas: são aquelas naturais de uma determinada região. A flora nativa interage com o ambiente durante milhares de anos e passa por rigoroso processo de seleção natural, gerando espécies geneticamente resistentes e adaptadas ao local. Essas espécies têm papel fundamental para controlar o excesso de água das chuvas no solo e evitar perda de água dos rios e oceanos. Atuam ainda na filtração e absorção de resíduos presentes na água, evitando o escoramento e a erosão do solo, além de fornecerem alimentação e abrigo para agentes polinizadores. Espécies exóticas: são introduzidas a partir de outras regiões e países. Não sofreram processo de seleção natural e, dessa forma, não servem de substituto ideal para a flora nativa, uma vez que não desempenham as mesmas funções dentro do ecossistema. As espécies exóticas são amplamente usadas com objetivos econômicos para a produção de celulose, por exemplo. Floresta Nacional/Estadual (Flona): área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas que tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em método para exploração sustentável de florestas nativas. Prevista na Lei 9.985/00, a Flona é de posse e domínio públicos, sen-
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
F loresta P rimá ria: também conhecida como floresta clímax ou mata virgem, é a floresta intocada ou aquela em que a ação humana não provocou significativas alterações das suas características originais de estrutura e de espécies. F loresta S ec undá ria: é a que resulta de um processo natural de regeneração da vegetação, em áreas onde no passado houve corte raso da floresta primária. Nesses casos, quase sempre as terras foram temporariamente usadas para agricultura ou pastagem e a floresta ressurge espontaneamente após o abandono de tais atividades. As florestas secundárias são classificadas de acordo com o estágio de regeneração. ITR (Imposto Territorial Rural): de competência exclusiva da União, sua cobrança ocorre quando há o domínio útil ou a posse de imóvel localizado fora do perímetro urbano do município. Os contribuintes do ITR podem ser o proprietário do imóvel (pessoa física ou jurídica), o titular do seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. A alíquota utilizada varia de acordo com a área da propriedade e seu grau de utilização. A base de cálculo é o valor da terra sem qualquer tipo de benfeitoria ou beneficiamento (inclusive plantações), ou seja, o chamado valor da terra nua. Mata ciliar: é a formação vegetal nas margens dos rios, córregos, lagos, represas e nascentes. Também é conhecida como mata de galeria, mata de várzea, vegetação ou floresta ripária. É tratada pelo Código Florestal como “área de preservação permanente”, com diversas funções ambientais, devendo respeitar uma extensão específica de acordo com a largura do rio, lago, represa ou nascente. A preservação desses locais é considerada importante para, entre outras: reter e filtrar resíduos de agroquímicos evitando a poluição dos cursos d’água; proteger contra o assoreamento dos rios e evitar enchentes; formar corredores para a biodiversidade; conservar o solo; auxiliar no controle biológico das pragas; e equilibrar o clima. Módulo Fiscal: unidade de medida agrária usada no Brasil, instituída pelo Estatuto da Terra (Lei 6.746/79). É expressa em hectares e é variável, sendo fixada para cada município, com vistas à cobrança do Imposto Territorial Rural (ITR), considerando os seguintes fatores: tipo de exploração predominante no local; renda obtida com a exploração predominante; outras explorações existentes no município que sejam significativas em função da renda ou área utilizada; e conceito de propriedade familiar. Na região Norte, um módulo fiscal varia de 50 a 100 hectares; no Nordeste, de 15 a
90 hectares; no Centro-Oeste, de 5 a 110 hectares; na região Sul, de 5 a 40 hectares; e no Sudeste, de 5 a 70 hectares. O Módulo Fiscal procura refletir a área mediana dos M ódulos R urais dos imóveis rurais do município. Módulo Rural: unidade de medida agrária, expressa em hectares, que busca refletir a interdependência entre a dimensão, a situação geográfica do imóvel rural, a forma e as condições de seu aproveitamento econômico. É calculado para cada imóvel rural em separado, e sua área reflete o tipo de exploração predominante no imóvel rural, segundo sua região de localização. Pequena propriedade rural: é a área explorada por trabalho pessoal do proprietário ou posseiro e de sua família, dividida em três categorias de diferentes dimensões, dependendo de sua localização: até 150 hectares, 50 hectares e 30 hectares. A legislação permite ajuda eventual de terceiros, mas a renda bruta obtida com essa terra deve ser, no mínimo, proveniente de 80% de atividade agroflorestal ou de extrativismo. Reserva Extrativista (Resex): área utilizada por populações tradicionais cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte. De domínio público, seu uso é concedido às populações extrativistas tradicionais conforme disposições legais (Lei 9.985/00), sendo que as áreas particulares incluídas em seu limite devem ser desapropriadas. A pesquisa cientifica é permitida e incentivada, mas precisa haver prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade. São proibidas as explorações de recursos minerais e a caça. A exploração comercial de recursos madeireiros só é admitida em bases sustentáveis e em situações especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas, conforme o regulamento e o plano de manejo da unidade. Reserva Legal: área localizada no interior de propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, onde não é permitido o desmatamento (corte raso), mas é lícito o uso com manejo sustentável, que garanta a perenidade dos recursos ambientais e dos processos ecológicos. É destinada também à conservação e à reabilitação dos processos ecológicos, da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e da flora nativas. O tamanho da reserva varia de acordo com a região e o bioma: 80% em áreas de florestas da Amazônia Legal; 35% no Cerrado; 20% em campos gerais; e 20% em todos os biomas das demais regiões do país. Fonte: Senado Federal. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/codigoflorestal/news/entenda-os-principais-termos-utilizados-na-discussao-do-novo-codigo-florestal. Adaptado. Acesso em: 30.ago.2018.
5 03
C10 Domínios morfoclimáticos intertropicais
do que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei. É admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam, quando de sua criação, em conformidade com o regulamento e o plano de manejo da unidade.
Geografia
Exercícios de Fixação 01. ( U nesp S P ) Para o geógrafo Aziz Nacib Ab’Sáber, o domínio morfoclimático e fitogeográfico pode ser entendido como um conjunto espacial extenso, com coerente grupo de feições do relevo, tipos de solo, formas de vegetação e condições climático-hidrológicas.
b) Os solos do cerrado, além de ácidos, possuem certa deficiência nutricional que pode ser corrigida pela calagem e aplicação da adubação química. c) O cerrado é um domínio morfoclimático caracterizado por duas estações bem definidas, uma chuvosa com temperaturas mais elevadas e outra seca, com temperaturas amenas. d) A vegetação nativa do cerrado é bem adaptada ao fogo, regenerando-se com certa rapidez, principalmente após o retorno do período chuvoso. 03 . ( P U C R J ) Principais remanescentes de vegetação na va de Cerrado em 2002
Área de distribuição original do cerrado MA
AM
CE
PA PI TO
RO
MT GO
RN PB PE AL SE
MA
AM
CE
PA PI TO
RO
MT
BA
GO
BA
DF
DF
MG
MG
ES
ES MS
MS
SP
SP RJ
RJ PR
Amazônico
Cerrado
Mares de morros
Caa nga
Araucária
Pradaria
Faixa de transição
C10 Domínios morfoclimáticos intertropicais
São características do domínio morfoclimático dos Mares de Morros: a) relevo com morros residuais; solos litólicos; vegetação formada por cactáceas, bromeliáceas e árvores; clima semiárido. b) relevo com topografia mamelonar; solos latossólicos; floresta latifoliada tropical; climas tropical e subtropical úmido. c) relevo de chapadas e extensos chapadões; solos latossólicos; vegetação com arbustos de troncos e galhos retorcidos; clima tropical. d) relevo de planaltos ondulados; manchas de terra roxa; vegetação de pinhais altos, esguios e imponentes; clima temperado úmido de altitude. e) relevo baixo com suaves ondulações; terrenos basálticos; vegetação herbácea; clima subtropical. 02. ( U F U M G ) O Cerrado é um Sistema Biogeográfico composto por diversos subsistemas intimamente interatuantes e interdependentes que se relacionam com maior ou menor grau com as condições do clima, solo, água e o fogo. Sobre esse sistema, assinale a alternativa inc orreta. a) As veredas, áreas de afloramento do lençol freático no cerrado, são caracterizadas por possuírem solos hidromórficos. Nestas áreas, predomina a vegetação arbórea, com diversas espécies de árvores que chegam a atingir 15 m de altura, devido à umidade constante no solo ao longo do ano.
5 04
RN PB PE AL SE
PR
Sobre os cartogramas selecionados, assinale a única opção que indica um fator não relacionado à redução da área do domínio morfoclimático mostrado. a) Intensa urbanização da região Centro-Oeste do país. b) Devastação ambiental do complexo do Pantanal. c) Transposição das águas do rio São Francisco. d) Expansão do complexo sojicultor brasileiro. e) Extensividade da pecuária bovina de corte. 04 . ( U E L P R ) Todos os dias Alexandre remava mar afora, desejoso em descobrir os segredos da fria corrente marítima. Compunha tabelas de temperatura do mar e media a velocidade da maré. [...] Aimé descobriu novas plantas em grande quantidade, que o compensaram pela sua escassez nos planaltos. Descobriu buganvílias de seis metros de altura, cujas folhas envolviam toda a árvore numa cor de rosa brilhante, delicado, eclipsando as florinhas pouco vistosas. E reconheceu uma zigófila, cujas folhas de delicado tecido se fechavam à aproximação da chuva. (THOMAZ, M. Z. As viagens de Alexandre Von Humboldt. São Paulo: Melhoramentos, 1957, p. 178.)
No momento em que descreveu a vegetação, Aimé viajava pelo Peru. Sobre os aspectos fisico-naturais dessa região, é correto afirmar. a) O Peru não possui domínio morfoclimático similar ao do Brasil. b) O domínio morfoclimático que ele descreve é similar ao que conhecemos por cerrado. c) A área descrita é ficção, não podendo ser caracterizada como um domínio morfoclimático. d) O domínio morfoclimático que ele descreve é o mesmo que conhecemos por amazônico. e) Buganvílias são espécies encontradas somente na Europa
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Exercícios C om p l em en t ares
A sociedade contemporânea convive com os riscos produzidos por ela mesma e com a frustração de, muitas vezes, não saber distinguir entre catástrofes que possuem causas essencialmente naturais e aquelas ocasionadas a partir da relação que o homem trava com a natureza. Os custos ambientais e humanos do desenvolvimento da técnica, da ciência e da indústria passam a ser questionados a partir de desastres contemporâneos como AIDS, Chernobyl, aquecimento global, contaminação da água e de alimentos pelos agrotóxicos, entre outros. (Adaptado de: LIMA, M. L. M. A ciência, a crise ambiental e a sociedade de risco. Senatus. v.4. n.1. nov. 2005. p.42-47.)
Imagens mostram que 57% da área original desse domínio morfoclimático brasileiro já estão desmatados. Sua biodiversidade também está ameaçada, fato que o aponta como um dos dois “hotspots” (MYERS, 1988, apud TERRA; ARAÚJO; GUIMARAES, 2009, p.186) identificados no País. A utilização de tecnologias modernas para corrigir os solos ácidos possibilitou a intensificação da produção agrícola, o que vem acelerando a devastação desse domínio. O texto acima refere-se ao domínio morfoclimático do(a) a) Amazônia. b) Cerrado. c) Caatinga. d) Araucária. e) Mata Atlântica. 02. ( U E L P R ) Leia o texto a seguir. O nome hileia proposto por Humboldt para o sistema muito característico encontrado em toda a extensão da planície amazônica, desde os contrafortes dos Andes até o oceano Atlântico, tem simplesmente o significado de bosque, ou coleção de matéria vegetal. Na verdade, uma densa floresta tropical úmida, constituída de diferentes estratos arbóreos, isto é, árvores de diversas alturas, formando como que distintas camadas de copas superpostas, cada qual adaptada a diferentes condições ambientais, sobretudo, quanto à luminosidade. Sendo essas copas muito densas e entrelaçadas entre si, a penetração dos raios solares através delas é muito precária e limitada, dificultando o desenvolvimento de plantas rasteiras ou mesmo arbustos que não poderiam dispensar a presença da luz para a realização da fotossíntese.
a) aos ventos alíseos da região nordeste. b) aos ventos alíseos da região sudeste. c) à transpiração das plantas e à evaporação direta. d) às massas tropicais pacíficas. e) à corrente de Humboldt. 03 . ( U F S M
R S ) Analise atentamente o texto a seguir.
“Se ao assalto subitâneo se sucedem as chuvas regulares, transmudam-se os sertões, revivescendo. Passam, porém, não raro, num giro célere, de ciclone. A drenagem rápida do terreno e a evaporação, que se estabelece logo mais viva, tornam-nos, outra vez, desolados e áridos. E penetrando-lhes a atmosfera ardente, os ventos duplicam a capacidade higrométrica, e vão, dia a dia, absorvendo a umidade exígua da terra - reabrindo o ciclo inflexível das secas...” CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Ática, 1998. p. 44.
Dentre as características do domínio morfoclimático descrito pelo autor, pode-se assinalar: a) o aspecto seco da paisagem do sertão, produzido pela ocorrência de ciclones extratropicais que, ao passarem rapidamente sobre o continente, retiram a umidade do ar. b) o xeromorfismo da vegetação de caatinga, atualmente com a sua área de ocorrência original bastante reduzida, devido ao avanço de “manchas” de desertificação e degradação do solo. c) a aridez da paisagem do sertão, por decorrência das altas pressões atmosféricas existentes nessa área. d) a ocorrência de um clima tropical, com um pequeno período anual de secas bem demarcado, durante o qual há uma redução do volume de chuvas e um ressecamento do solo. e) a existência de uma vegetação de folhas largas e raízes superficiais, adaptadas a eventos isolados de chuva de grande intensidade. 04 . ( U P E P E ) Observe o mapa a seguir: C10 Domínios morfoclimáticos intertropicais
01. ( Aman R J ) Leia o texto a seguir e responda à(s) questão(ões).
2
1
3
(BRANCO, S. M. “A realidade da Amazônia”. In:_____. O desafio amazônico. São Paulo: Moderna, 1989. p. 39.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o domínio morfoclimático amazônico, mais da metade do volume de água atmosférica que forma as chuvas ocorre devido
5 05
Geografia
Tomando por base esse mapa, analise as seguintes afirmativas: 1. O domínio 1 caracteriza-se por apresentar um bioma de florestas latifoliadas perenifólias e subperenifólias, solos bem desenvolvidos e drenagem perene. 2. O domínio 2 é representado por amplas florestas aciculifoliadas, relevo tabular e solos do tipo neossolos arenosos. 3. O domínio 3 é uma área com predominância de um clima, que, segundo a classificação de Koppen, é do tipo Aw. A vegetação, que domina na área, é representada por cerrados, instalados sobre solos profundos, desenvolvidos numa topografia tabular. 4. No domínio 1, são observadas diversas feições de relevo, tais como planícies de inundação labirínticas, tabuleiros de vertentes convexas e planícies meândricas. Está C O R R E T O o que se afirma em a) 4, apenas. b) 1 e 2, apenas. c) 3 e 4, apenas. d) 1, 3 e 4, apenas. e) 1, 2, 3 e 4.
cionados para conservação, como objetivo de apresentar os chamados “pontos quentes”, ou seja, locais para os quais existe maior necessidade de direcionamento de esforços, buscando evitar a extinção de muitas espécies que estão altamente ameaçadas por ações antrópicas. PINTO, P.P.; DINIZ-FILHO, J. A. F. In: ALMEIDA, M. G. (Org.). Tantos cerrados: múltiplas abordagens sobre a biogeodiversidade e singularidade cultural. Goiânia: Vieira. 2005 (adaptado).
A necessidade desse tipo de ação na área mencionada tem como causa a a) intensificação da atividade turística. b) implantação de parques ecológicos. c) exploração dos recursos minerais. d) elevação do extrativismo vegetal. e) expansão da fronteira agrícola. 07 . ( U F S C ) Biomas Brasileiros
1
05 . ( U P F R S ) Observe a área de domínio do Bioma Pampa, no território do Rio Grande do Sul, e identifique o evento que ocorre nesse bioma.
3 2 5 4
Santa Catarina Argen na
Bioma Mata Atlân ca
Bioma Pampa
Uruguai
Biomas do Rio Grande do Sul Mata Atlân ca
C10 Domínios morfoclimáticos intertropicais
Pampa
a) Confluência dos rios Canoas e Pelotas. b) Localização dos Parques Estaduais do Turvo e do Espigão Alto. c) Maior número de unidades geradoras de energia hídrica. d) Maiores altitudes do estado. e) Área de ocorrência de areais. 06 . ( E nem M E C ) O bioma Cerrado foi considerado recentemente um dos 25 hotspots de biodiversidade do mundo, segundo uma análise em escala mundial das regiões biogeográficas sobre áreas globais prioritárias para conservação. O conceito de hotspot foi criado tendo em vista a escassez de recursos dire5 06
6
Sobre os biomas brasileiros, é C O R R E T O afirmar que 01. o bioma Amazônia é o de maior extensão no país e o bioma Pantanal é o de menor extensão. 02. o bioma Mata Atlântica possui uma das maiores diversidades do país e é um dos mais preservados em virtude da criação de muitas Unidades de Conservação durante o século XX. 04. os biomas brasileiros se distinguem por sua vegetação, localização geográfica (continentalidade, proximidade com o mar, latitude, altitude etc.), tipo de relevo e solo e condições climáticas, mas são protegidos sobretudo pelo tipo de exploração econômica que exercem. 08. no mapa acima estão representados, em ordem, os seguintes biomas: (1) Amazônia; (2) Cerrado; (3) Caatinga; (4) Mata Atlântica; (5) Pantanal e (6) Pampa, tendo este último bioma se desenvolvido, a partir do século XVII, com a criação de equinos e bovinos no país. 16. o bioma Mata Atlântica se caracteriza, no estado de Santa Catarina, em Floresta Ombrófila Densa, com vegetação encontrada no litoral e que se estende pelos vales da bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu, e em Floresta Ombrófila Mista, cuja denominação é dada pela presença de uma conífera aciculifoliada, com mata homogênea associada a áreas de campos.
FRENTE
C
GEOGRAFIA
MÓDULO C11
DOMÍNIO DAS ARAUCÁRIAS Domínio morfoclimático das araucárias Caracterizado pelas folhas pontiagudas, ou seja, em forma de agulha, o domínio das araucárias (araucária angustifolia) também é conhecido como mata dos pinhais. As araucárias também são denominadas por pinheiros-do-paraná. A floresta aciculifoliada está inserida nos três estados da região sul do Brasil. Originalmente ocupada aproximadamente 2,6% do território brasileiro. A denominação aciculifoliada se refere à folhagem em forma de agulhas, típica dos pinheirais ou coníferas, árvores em forma de cone (adaptação em caso de acúmulo de neve). Associadas à vegetação das araucárias, são encontradas imbuia e erva-mate.
ASSUNTOS ABORDADOS n D omí nio das arauc á rias n Domínio morfoclimático das araucárias n Domínio das pradarias
A mata dos pinhais abrange planaltos e chapadas dispostos sobre os terrenos de rochas areníticas (sedimentares) e basálticas (magmáticas) e formas de relevo escarpadas surgidas no contato com a depressão da borda leste do Paraná, as chamadas frentes de cuestas. As araucárias estão normalmente associadas a elevações e encostas cujas altitudes variam entre 800 e 1 300 metros. A maior parte dos solos da região é de grande fertilidade, como o solo de terra roxa (originado da decomposição do basalto, no caso dos planaltos e chapadas da bacia do Paraná) encontrado na porção ocidental do estado do Paraná e o solo brunizen encontrado em trechos do Rio Grande do Sul. São encontrados também, porém, em menor proporção, solos ácidos e pobres em minerais básicos. As chuvas bem distribuídas ao longo de todo o ano abastecem os rios afluentes do Paraná e Uruguai. Devido à regularidade de chuvas durante todo o ano (variando entre 1 400 e 200 mm), os rios presentes nesse domínio morfoclimático apresentam uma vazão pouco variável. O clima predominante é o subtropical.
Figura 01 - Mata de araucárias
Fonte: wikimedia commons
A ocupação humana é um dos principais fatores relacionados à degradação da mata de araucárias. Calcula-se que restem apenas cerca de 7% desse domínio morfoclimático. Esse domínio tem sido devastado para dar lugar ao extrativismo e à agropecuária em todos os estados do sul do país.
5 07
Geografia
Fonte: wikimedia commons
D omí nio das pradarias Corresponde ao extremo sul do país, na região da Campanha Gaúcha, caracterizada também pela influência do clima subtropical. Esse domínio também é conhecido como zona das coxilhas e pampas gaúchos. O domínio das pradarias é o prolongamento dos campos ou pradarias presentes na Argentina e no Uruguai. O relevo planáltico é representado pelas coxilhas, pequenas colinas arredondadas, típicas da depressão sul-rio-grandense. As coxilhas são recobertas por uma vegetação herbácea, com predomínio de gramíneas. As árvores são esparsas, e nas margens dos rios, cuja densidade hidrográfica é baixa, desenvolvem-se as matas-galerias. Essa importante vegetação que margeia os rios desse domínio, praticamente, já não existe mais devido à maior fertilidade dos solos de várzea.
Figura 02 - Pradarias
A riqueza do solo, conhecido como solo de brunizen, formado a partir da decomposição de rochas ígneas e sedimentares, possibilita a prática agrícola, mas a principal atividade econômica da região é a pecuária mais ou menos extensiva.
SAIBA MAIS Este fenômeno ocorre naturalmente, mas a superexposição do solo tem proliferado as manchas de areia na região. O agricultor Cláudio Hamilton Pereira da Luz vê com desgosto a mancha de areia que se forma em meio à sua plantação de milho em Passo Novo, no sudoeste do Rio Grande do Sul. “É por causa do mau uso da terra”, explica o pequeno produtor, que mora no assentamento Novo Alegrete, a 520 km de Porto Alegre. “Até maio de 2008, aqui era uma fazenda de soja”. Em todo o estado, estima-se que pelo menos seis mil hectares da zona rural estejam tomados pela areia. O fenômeno da arenização não depende apenas da ação humana, mas é consenso entre os pesquisadores que a expansão da agricultura comercial ajuda a intensificar os processos erosivos. O desmatamento da flora nativa para plantação de soja, por exemplo, leva à extinção da vegetação em regiões específicas do estado e contribui para que o solo fique mais exposto ao vento e às tempestades. Os altos índices de chuva e o solo arenoso da região criam sulcos no interior do solo e abrem fendas que se expandem a cada enxurrada, formando crateras de areia chamadas de “voçorocas”. Com a ação do vento, a areia se espalha sobre os campos e dá origem a manchas como aquela que Cláudio observa na localidade de Passo Novo. A área conhecida como pampa rio-grandense, também chamada de campanha gaúcha, ocupa cerca de 176 mil km² – ou 2% do território nacional – próximo à fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina e o Uruguai. Com uma vegetação nativa composta por gramíneas e plantas rasteiras, o bioma localiza-se na área de maior predominância de campos naturais preservados do Brasil. Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2017/01/24/o-pampa-virou-areia-agronegocio-intensifica-processos-de-erosao-no-bioma-gaucho/
C11 D omí nio das araucá rias
Fonte: wikimedia commons
O PAMPA VIROU AREIA: AGRONEGÓCIO INTENSIFICA PROCESSOS DE EROSÃO NO BIOMA GAÚCHO.
Figura 03 - Estima-se que pelo menos seis mil hectares da zona rural estejam tomados pela areia em todo o estado. / Roberto Verdum
5 08
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação 01. ( U E G G O ) Observe a figura a seguir.
c) É um domínio no qual predominam os mares de morros, com floresta ombrófila biodiversa, removida em grande medida em razão da qualidade da madeira para a indústria moveleira. d) É um domínio de campos e pradarias, logo com predomínio de vegetação herbácea, de clima chuvoso durante todo ano e temperaturas amenas, por se encontrar em zona temperada. e) É um domínio cuja vegetação florestal mais marcante ainda se mantém em quase toda sua extensão original, devido às antigas e eficientes políticas de conservação implantadas na região. 03 . ( U E M
P R ) Assinale a(s) alternativa(s) c orreta(s) a respeito
das características fisiográficas do Estado do Paraná. 01. Na quase totalidade do território paranaense prevalece uma zona climática subtropical, porém na região Norte o predomínio é da zona climática tropical.
senta as seguintes características: a) predomínio de estação chuvosa, com temperatura média anual de 26 °C e vegetação ombrófila. b) cobertura vegetal densa, sob influência da brisa marinha, com umidade relativa anual superior a 50%. c) localização entre os paralelos 34°S e 36°S, com estações bem definidas e vegetação gramínea arbustiva. d) ocorrência sobre regiões de planalto em condições de clima ameno e apresenta vegetação do tipo conífera. e) índice de evapotranspiração maior que a precipitação e predomínio de vegetação xerófila na porção oriental. 02. (FGV SP) Há um domínio natural (morfoclimático) brasileiro, que está situado em zona climática temperada, mas ainda sob efeito dos trópicos, por isso influenciado por um clima subtropical úmido de planaltos, com inverno bem delimitado e frio. Identifique a afirmação que define outras características desse domínio corretamente.
02. Dentre os domínios morfoclimáticos propostos por Ab’Sáber para o Brasil, está o Domínio da Araucária no Paraná, que é caracterizado por ocorrer em regiões de planaltos com o clima subtropical. A formação vegetal de coníferas aparece associada com espécies como a imbuia, o cedro e o ipê. 04. A Serra do Mar é o principal divisor de água das bacias hidrográficas do rio Paraná e do Atlântico. É nesse maciço montanhoso onde se verificam as maiores elevações paranaenses como o Pico do Paraná, o Pico do Caratuba e o Pico do Marumbi. 08. O Segundo Planalto Paranaense é formado de rochas sedimentares paleozoicas, destacando-se as reservas carboníferas de xisto betuminoso e de rochas vulcânicas que tornam a região mais rica em recursos minerais do estado do Paraná. 16. No litoral paranaense são encontrados sedimentos provenientes de rochas calcárias, portanto as areias das praias são mais esbranquiçadas.
a) É um domínio bem montanhoso, com predomínio de ma-
04 . ( F amema S P ) A associação das características geomorfoló-
tas tropicais de encosta, mas com intrusões de cerrado,
gicas, climatobotânicas, hidrográficas e ecológicas de um
com muita umidade no inverno, quando os índices plu-
lugar é a base para conceituar
viométricos se tornam muito elevados.
a) as regiões agroecológicas.
b) É um domínio no qual predominam planaltos e altitudes
b) a biodiversidade.
que variam de 800 m a 1 300 m, com algumas intrusões
c) os biomas.
de mares de morros. Em pontos mais elevados chegam a
d) os ecossistemas.
ocorrer nevascas e geadas no inverno.
e) os domínios morfoclimáticos.
5 09
C11 D omí nio das araucá rias
O domínio morfoclimático assinalado na figura acima apre-
Geografia
doticos al de ente ondi-
Exercícios C om p l em en t ares
rução 2005).
01. ( P U C S P ) “Os campos de altitude da Serra Geral, no sul do Brasil, são encontrados sobre platôs cada vez mais altos, à medida que avançam para a borda leste, onde a serra de repente despenca em imensos cânions.”
máti-
(Gilberto STAM. A riqueza dos campos de altitude. São Paulo: Pesquisa FAPESP, 01/2016. p. 61)
As formações vegetais que se desenvolvem nesse ambiente guardam estreita relação com o relevo e com as características climáticas. Sobre elas pode ser dito que
III.
Domínio das Caatingas: predominante no interior do nordeste brasileiro, caracterizado por depressões interplanálticas semiáridas. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 03 . ( U E S B B A) Sobre os domínios morfoclimáticos brasileiros, pode-se afirmar que a alternativa que indica, respectivamente, os domínios onde predominam coxilhas subtropicais com campos mistos e as áreas mamelonares tropical-atlânticas florestadas é a 01. Araucárias / Cerrado. 02. Amazônico / Araucária. 03. Pradarias / Amazônico. 04. Caatinga / Mares de Morros. 05. Pradarias / Mares de Morros. 04 . ( M ac k enz ie S P )
C11 D omí nio das araucá rias
a) os campos de altitude, nos quais predominam vegetação de gramíneas, com manifestação de formações arbustivas e árvores esparsas, possuem rica biodiversidade, inclusive entre as gramíneas. b) nessa região de clima quente, típico de regiões subtropicais, as formações vegetais resultam bem modestas em função do relevo de altitude, tanto que essas são as únicas áreas onde as gramíneas proliferam. c) as formações vegetacionais não são afetadas pela altitude e, no caso das formações vegetais da Serra Geral, o fator preponderante para suas características é o clima inadequado para formações florestais. d) formações florestais são normalmente favorecidas por condições de altitude e de inclinação do relevo que geram solos de grande fertilidade. No entanto, na Serra Geral, essa situação não se manifesta em função do clima seco. 02. ( U F R G S ) Considere as afirmações abaixo, sobre os domínios morfoclimáticos propostos pelo geógrafo Aziz Ab’Saber, os quais resultam da interação de clima, relevo e vegetação e constituem paisagens próprias. I. Domínio dos Mares de Morros: onde predomina o relevo mamelonar e a Mata Atlântica. II. Domínio das Pradarias: onde predomina o clima subtropical, o relevo de coxilhas e a vegetação herbácea dos campos.
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Estabeleça a correspondência entre os climogramas e os respectivos domínios morfoclimáticos brasileiros. ( ) Clima Equatorial – Domínio Amazônico. ( ) Clima Subtropical – Domínio das Araucárias e Domínio das Pradarias. ( ) Clima Semiárido – Domínio da Caatinga.
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
( ) Clima Tropical – Domínio do Cerrado e Domínio de Mares de Morros. ( ) Clima Tropical Úmido – Domínio de Mares de Morros. ( ) Clima Tropical de Altitude – Domínio de Mares de Morros Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. a) 1 - 6 - 5 - 3 - 2 - 4 b) 1 - 6 - 5 - 2 - 4 - 3 c) 1 - 2 - 4 - 5 - 3 - 6 d) 4 - 6 - 5 - 3 - 2 - 1 e) 4 - 6 - 5 - 2 - 1 – 3 05 . ( U nipê P B ) I. As rochas sedimentares e basálticas estão sujeitas à desigual profundidade de alteração. Existem precipitações relativamente bem distribuídas o ano inteiro, fato que garante um caráter extensivamente perene para toda a rede de drenagem regional. II. Área de mamelonização extensiva, afetando todos os níveis da topografia e mascarando superfícies aplainadas de cimeira ou intermantanas, patamares de sedimentação e eventuais terraços. Florestas biodiversas, dotadas de diferentes biotas, primariamente recobrindo mais 80% do espaço total. Os conhecimentos sobre os ecossistemas brasileiros permitem afirmar que I e II correspondem, respectivamente, a 01. Matas Galerias / Mata Atlântica. 02. Mata dos Pinhais / Matas Ciliares. 03. Mata de Araucária / Mata Atlântica. 04. Mata de Várzea / Mata de Terra Firme. 05. Floresta Amazônica / Complexo do Pantanal. 06 . ( P U C C ampinas S P ) No globo terrestre há um elevado número de combinações entre o relevo, o clima e a vegetação que produzem domínios morfoclimáticos diferenciados, muitos dos quais existentes no Brasil. Observe o mapa abaixo.
a) A presença de planícies e depressões caracteriza este domínio que apresenta clima subtropical e vegetação campestre utilizada desde o período colonial por criadores de gado bovino e ovino. b) O domínio apresenta diversos planaltos, clima subtropical e formação vegetal de araucárias largamente utilizadas durante o século XIX por imigrantes que faziam suas casas e móveis com essa madeira. c) O domínio das coxilhas se estende por grande extensão. Ali, o relevo apresenta suaves ondulações; a vegetação é marcada por pradarias, em fase de extinção, o que compromete a biodiversidade local. d) As feições do domínio são diferentes: o relevo é pouco ondulado no leste e mais movimentado no oeste. Sua singularidade é dada pelo clima subtropical e a vegetação herbácea, própria para a pecuária. e) Planaltos e depressões ocupam o espaço do domínio que apresenta clima tropical de altitude e conta com uma vegetação heterogênea que tem sido sistematicamente devastada pelo agronegócio. 07 . (Cefet MG) Considere a distribuição dos climas e domínios vegetacionais no Brasil. Equatorial úmido
Tropical de al tude
Mata de Araucária
Vegetação litorânea (mangue, res nga)
Tropical
Subtropical úmido
Cerrado
Campos
Tropical semiárido
Floresta Amazônica
Caa nga
Litorâneo úmido
Floresta Tropical
Fonte: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Moderno atlas geográfico. São Paulo: Moderna, 2011.
das por uma série de elementos interrelacionados. A partir da análise da imagem, é correto afirmar que a: a) Caatinga é condicionada pelo clima tropical de altitude. b) Mata de Araucária é influenciada pelo clima subtropical úmido. X
c) Floresta Tropical é determinada por baixas temperaturas anuais.
Assinale a alternativa que caracteriza corretamente o domínio destacado com a letra X.
d) Floresta Amazônica está associada a regimes de baixa pluviosidade. 5 11
C11 D omí nio das araucá rias
As características físicas do território brasileiro são determina-
FRENTE
C
GEOGRAFIA
MÓDULO C12
ASSUNTOS ABORDADOS n O c eanos e mares n Os oceanos n A importância dos oceanos n Sopa de plástico do Pacífico n Estrutura morfológica oceânica
OCEANOS E MARES Os oceanos são caracterizados como grandes extensões de água salgada que passaram a ocupar as depressões da superfície terrestre a partir do período pré-cambriano. Nesse período, ocorreu a formação da atmosfera e, portanto, o preenchimento gradual dessas depressões, ou seja, nas áreas mais rebaixadas do relevo através das precipitações pluviais. A oceanografia é a ciência encarregada de estudar os oceanos e suas características. O volume de água dos oceanos e dos mares cobre aproximadamente 70% da superfície terrestre. Na distribuição da água pelo Planeta, cerca de 97,5% fazem referência à água salgada encontrada nos oceanos e nos mares. Monte Everest (Chomolungma) É a montanha mais alta da Terra localizada na seção Mahalangur do Himalaia
Monte Everest
Monte McKinley
8.8 km
6.2 km
Monte Sharp
Localização Seção Mahalangur dos Himalaias China e Nepall
Monte Rainier
5.5 km
4.4 km
8,848 M Monte Everest
5 km 4 km
Primeira subida 29 de maio de 1953 Edmund Hillary e Tenzing Norgay
3 km 2 km 1 km 0 1 km 2 km 3 km 4 km 5 km
10,911 M Fossa das Marianas
Fossa das Marianas é a parte mais profunda dos oceanos.
5 12
1960
1995
“Triste” USA,
“Kaiko” Japão
2009 “Nereus” USA,
2012 “Deepsea Challenger”
Localização Oceano Pacífico Ocidental, a leste das Ilhas Marianas
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
O s oc eanos O s c inc o oc eanos Apesar de serem interligados, os oceanos não apresentam grande troca de água entre si. Esse fato é explicado pelas diferentes características que cada um deles possui. Dentre essas características, podem ser mencionados: n n n
Movimentos (correntes marítimas, marés e ondas); Temperatura (varia de acordo com as latitudes); Salinidade (sais dissolvidos).
Os oceanos estão divididos em cinco porções: Oceano Pacífico, Oceano Atlântico, Oceano Índico, Oceano Glacial Ártico e Oceano Glacial Antártico. Oceano Pacífico É o maior dos oceanos, com cerca de 180 milhões de km2. Está localizado entre a costa oeste do continente americano e a costa leste do continente asiático e da Oceania. Interliga-se com o oceano Glacial Ártico por meio do Estreito de Bering. O oceano Pacífico é o mais profundo dos oceanos. Possui uma profundidade média de 4 280 metros As ilhas do Pacífico
C12 Oceanos e mares
O Oceano Pacífico possui aproximadamente 25 mil ilhas. Grande parte dessas ilhas são de origem vulcânica. Essas ilhas estão distribuídas nos seguintes conjuntos: polinésia, melanésia e micronésia.
Figura 01 - Bora Bora – Polinésia Francesa
5 13
Geografia
Figura 02 - Recifes de Corais – Ilhas Salomão (Melanésia)
Figura 03 - Ilhas Marshall – Micronésia
Mapa 01 - Mapa político da Oceania com a Polinésia, a Melanésia e a Micronésia
Oceano Atlântico
C12 Oceanos e mares
Localizado entre a costa leste do continente americano e a costa oeste da Europa e da África. Possui aproximadamente 90 milhões de km2. Segundo maior oceano, o Atlântico é um oceano de extrema importância devido, principalmente, à circulação de produtos comercializados entre a Europa e a América e também à exploração de petróleo na costa brasileira e na costa africana. A linha do Equador divide o Atlântico em Atlântico Norte e Atlântico Sul. O Atlântico possui uma profundidade média de 3 000 metros.
5 14
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
O c eano Í ndic o É o terceiro maior oceano do Planeta. Recebeu esse nome por banhar um importante país do continente asiático, a Índia. Possui cerca de 75 milhões de km2. Possui uma profundidade média de 4 230 metros. O oceano Índico possui uma temperatura média de 20 °C, isso faz com que a vida marinha seja bem desenvolvida.
Mapa 02 - Oceano Índico
Oceano Glacial Antártico
C12 Oceanos e mares
Oceano caracterizado como prolongamento meridional dos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico. O oceano glacial Antártico banha o continente Antártico. Possui aproximadamente 20 milhões de km2.. Nesse continente, estão instaladas várias bases de pesquisas científicas de variados países entre os quais o Brasil.
Figura 04 - Base de pesquisa científica – Argentina
5 15
Geografia
Oceano Glacial Ártico É um oceano localizado no extremo norte do Planeta. Além de ser o menor dos cinco oceanos (cerca de 14 milhões de km2) é também o menos profundo entre eles. Por apresentar uma baixa taxa de evaporação, sua salinidade é também baixa.
Figura 05 - Barco de pesca no Oceano Glacial Ártico
SAIBA MAIS TRATADO DA ANTÁRTICA
C12 Oceanos e mares
Assinado em 1959, o Tratado da Antártida disciplina toda a área ao sul do paralelo 60° Sul, construindo regime jurídico que garante a proteção ambiental da área e que congelou as reivindicações territoriais. Desde sua criação, o sistema do Tratado da Antártida tem adquirido maior estabilidade e institucionalização. Os Estados-partes se reúnem anualmente e, em 2003, criaram o Secretariado Permanente do Tratado, sediado em Buenos Aires, com objetivo de atuar como depositário das normas criadas no âmbito das Reuniões Consultivas e de tratar de questões administrativas. Os princípios fundamentais do Tratado da Antártida são: n Uso pacífico da região e de seus recursos; n Liberdade de pesquisa científica; n Promoção da cooperação internacional em pesquisas antárticas; n Divisão justa e igualitária dos benefícios advindos dos recursos e pesquisas no continente; n Respeito à posição de cada uma das partes quanto ao reconhecimento, ou não, de reivindicação de soberania. Assinado em 1991, o Protocolo de Madri sobre Proteção Ambiental complementa o Tratado da Antártida e declara a região ao sul do paralelo 60° Sul “reserva natural, dedicada à paz e à ciência”. O Protocolo proíbe, “por tempo indefinido”, qualquer atividade relacionada a recursos minerais, salvo pesquisas científicas. O Anexo V ao Protocolo possibilita a criação de Áreas Especialmente Protegidas e Áreas Especialmente Gerenciadas – protegendo determinadas regiões, ao proibir ou restringir o acesso e determinando formas de manejo. O Brasil aderiu ao Tratado da Antártida em 1975 e realizou, em 1982, sua primeira expedição àquele continente – a Operação Antártica (OPERANTAR) I. O sucesso dessa operação levou à aceitação do Brasil como Parte Consultiva do Tratado da Antártida, em 1983. Desde então, o Brasil vem participando integralmente no processo decisório do regime antártico e no desenvolvimento das normas para as atividades humanas na região. Fonte: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/ desenvolvimento-sustentavel-e-meio-ambiente/168-antartida
5 16
Ciências Humanas e suas Tecnologias
A importâ nc ia dos oc eanos Os oceanos possuem importância vital para as sociedades humanas. Neles se concentram um grande número de espécies, um grande estoque de alimentos, uma grande reserva de recursos minerais. Os oceanos regulam a dinâmica climática do nosso Planeta. Cabe ressaltar que grande parte da população mundial habita nos litorais ou em suas proximidades. Os oceanos têm sido constantemente atingidos por dejetos despejados tanto de navios quanto dos próprios continentes. Um exemplo dessa degradação é a sopa de plástico do Pacífico.
Sopa de plástico do Pacífico O oceanógrafo norte-americano Charles Moore foi um dos primeiros estudiosos a se deparar com uma grande quantidade de lixo (90% plástico) a cerca de 900 quilômetros da costa oeste dos Estados Unidos da América, mais precisamente na costa da Califórnia. Calcula-se que a área da sopa plástica do Pacífico é duas vezes maior do que o território dos Estados Unidos da América (9 363 520 quilômetros quadrados) e que possua cerca de 100 milhões de toneladas de detritos. Esses detritos foram jogados de navios, de plataformas petrolíferas e também são provenientes dos continentes. O processo de formação desse grande depósito de lixo se dá através da ação humana combinada com ação natural. O lixo foi se acumulando por meio da ação das correntes marítimas, o que é caracterizado pelo giro subtropical do Pacífico Norte.
C12 Oceanos e mares
Estudiosos concluíram que, nos últimos 40 anos, as partículas plásticas produzidas pelo homem tenham aumentado cerca de 100 vezes. Um fato alarmante vem dos estudos e das pesquisas realizadas por especialistas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – Pnuma. Cerca de 13 mil partículas de lixo plástico são encontradas em cada km2. Essas partículas são compostas por produtos químicos tóxicos e, muitas vezes, são ingeridas por aves como também por animais marinhos.
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Geografia
Estrutura morfológica oceânica As expedições ocorridas com as grandes navegações nos séculos XV e XVI foram fundamentais para a “descoberta” de novos continentes. Mas foi somente no século XIX que ocorreu a primeira missão científica relacionada aos estudos oceânicos. O navio H. M. S. Challenger realizou uma viagem no ano de 1872. Essa viagem de circunavegação teve a duração de quatro anos e analisou uma série de características dos oceanos pesquisados. Coletas e análises de materiais geraram uma grande produção de livros específicos para o estudo oceânico. A expedição realizada no ano de 1872 foi a primeira a produzir informações a respeito da Cordilheira Meso-Atlântica ou Dorsal Atlântica. A morfologia da crosta terrestre no fundo oceânico compreende cinco formas principais: Plataforma con nental
Tolude con nental
(m)
Nível do mar
0 Elevação ou sopé con nental
2 000
4 000
crosta con nental
Crosta oceânica 6 000
a) Plataforma continental: é a porção do fundo oceânico que margeia os continentes. Vai da costa até uma profundidade aproximada de 200 metros. Possui uma suave inclinação e é caracterizada por ser plana. Possui uma largura variando em média de cerca de 70 a 80 km. Caracteriza-se pela forte sedimentação proporcionada pelos cursos fluviais, pela ação eólica e também pelas geleiras. Abriga importantes concentrações de recursos naturais, o petróleo é um grande exemplo dessa riqueza. Devido a maior penetração dos raios solares, permite o processo de fotossíntese e, consequentemente, o crescimento do plâncton, - importante na relação com as atividades pesqueiras. b) Talude continental: conhecido também como vertente continental, é uma região de acentuada inclinação. Estende-se da plataforma continental até a planície abissal. O relevo do talude continental não é homogêneo (ocorrem vales e cânions). Os taludes continentais são caracterizados pelas correntes de turbidez devido a acentuada inclinação. Outra importante característica é a deposição de argilas e restos de seres marinhos. c) P laní c ie ab issal: plana e horizontal, é uma região caracterizada pela grande extensão e profundidade. Estende-se do talude continental até as cordilheiras oceânicas. Possui uma profundidade média de 4 mil metros. d) F ossas sub marinas: classificadas como as zonas mais profundas dos oceanos, possuem formas alongadas, estreitas e uma grande declividade em suas laterais. As fossas submarinas são formadas a partir do encontro de duas placas tectônicas, ou seja, através das zonas de subducção. As fossas Marianas (Oceano Pacífico) descobertas no ano de 1960 é uma das mais profundas, possui cerca de 11 mil metros. C12 Oceanos e mares
e) C ordilh eiras oc eâ nic as: diferentemente das fossas oceânicas, as cordilheiras possuem formas alongadas, contínuas, fraturadas e escarpadas. Essas características de elevação começam a partir da planície abissal. As movimentações tectônicas caracterizam os processos vulcânicos e tectônicos nas cordilheiras oceânicas. Os picos mais elevados das cordilheiras acabam alcançando a superfície do mar, dessa forma são formadas as ilhas oceânicas. Um exemplo é o arquipélago de Fernando de Noronha.
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C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
SAIBA MAIS FUNDO DO MAR É MAIS DESCONHECIDO QUE O SOLO LUNAR, DIZEM ESPECIALISTAS. Dia 8 de junho é comemorado o Dia Mundial dos Oceanos. “É muito lamentável que no dia de hoje não se saiba exatamente como é o fundo do mar”,- criticou Françoise Gaill, pesquisadora francesa e membro da plataforma Oceano e Clima, uma aliança entre ONGs e cientistas. Atualmente, conhece-se menos de 10% do relevo dos fundos marinhos além dos 200 metros de profundidade, segundo a Organização Nacional Francesa de Hidrografia (OHI). Cerca de dois terços da superfície do Planeta são cobertos por água. “Não há razão para que se conheça melhor a Lua que o fundo dos oceanos”, afirmou Françoise Gaill. “Adquirir estes conhecimentos é caro, mas tudo é questão de prioridades”, acrescentou, indicando que o tema está neste ano no primeiro plano do Dia Mundial dos Oceanos, organizado por sua plataforma e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - Unesco. Segundo um estudo americano de 2001, seria possível mapear a totalidade do fundo do mar além dos 500 metros de profundidade com um único navio oceanográfico trabalhando durante 200 anos. “Com 40 embarcações, levaria 5 anos”, disse Walter Smith, geofísico da Agência Americana Oceânica e Atmosférica (NOAA), ao estimar o custo da operação entre 2 e 3 bilhões de dólares. “Pode parecer muito, mas é menos do que a Nasa prevê gastar em sua futura missão de exploração de Europa, a misteriosa lua de Júpiter”, afirmou o cientista. Tarde demais. “Temos uma ideia do fundo do mar graças aos satélites, mas não é muito precisa”, afirmou Thierry Schmitt, especialista em batimetria da Marinha francesa. “Só a aquisição de dados marinhos através de sondas acústicas permite dispor de uma maior precisão. Mas trata-se de técnicas geralmente lentas”, avaliou o pesquisador. Consequência: as caixas-pretas do voo Air France AF447 desaparecido em 1º de junho de 2009 foram, por exemplo, recuperadas após 23 dias a 3 900 metros de profundidade em uma zona, particularmente, caótica do Oceano Atlântico. Quando alguém cai no mar, uma embarcação está em risco ou um avião cai no oceano, deve-se poder estimar os movimentos das correntes. No entanto, é difícil estabelecer modelos das mesmas em zonas em que o relevo marinho é pouco conhecido, explicou Walter Smith. “Esperar que um avião caia para mapear uma zona é tarde demais”, reforçou. Um melhor conhecimento dos fundos marinhos permitiria, ainda, saber mais sobre os recursos marinhos disponíveis antes de sua exploração ou preservação, a origem dos deslizamentos de terreno submarinos e as ondas provocadas por tsunamis e furacões. As disparidades no conhecimento sobre fundos marinhos são relevantes em todo o mundo. Mais de 95% das zonas de 0 a 200 metros de profundidade no sudoeste do Pacífico e as regiões polares são ignoradas por completo, contra 30% das do Reino Unido ou 40% dos Estados Unidos, segundo dados de 2013 do OHI. O organismo alertou, ainda, para uma redução em 25 anos de 35% dos meios náuticos dos países costeiros para desenvolver campanhas de dados batimétricos. “As prioridades orçamentárias nacionais se concentram em outras áreas fora dos meios navais e infraestruturas de investigação”, lamentou Yves Guillam, do secretariado da OHI, antes de observar que os benefícios econômicos e ambientais destas políticas só se concretizam no longo prazo. Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2016/06/fundo-do-mar-e-mais-desconhecido-que-solo-lunar-dizem-especialistas.html
Exercícios de Fixação 01. ( U nit AL ) A existência dos oceanos é um dos fenômenos
c) as dorsais estão localizadas na região pelágica, sendo a
mais notáveis do planeta. E, na superfície terrestre, a água é
mais importante a do Oceano Pacífico, onde se originam
ral quanto biológica. Sem ela, a vida não existiria. A análise da informação e os conhecimentos acerca dos oceanos permitem afirmar que a) o relevo oceânico é menos acidentado que o continental, todavia é mais rico em minerais. b) o talude continental apresenta os maiores desníveis contínuos do oceano e, devido a esse fato, a biodiversidade é mais abundante que nas demais regiões.
as formações corolianas. d) a plataforma continental é uma região de transição entre o continente e o oceano, sendo que os sedimentos nela contidos são denominados netríticos. e) a ação periódica das marés tem natureza ondulatória e contribui para que a baixa-mar e a preamar tenham o mesmo resultado, em costas do mesmo oceano. 02. ( U E C E ) Os oceanos correspondem à maior área superficial do planeta. Possuem uma profundidade média de aproxi-
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C12 Oceanos e mares
um elemento importante para toda a dinâmica, tanto mine-
Geografia
madamente 3.700 metros, e suas margens continentais repre-
c) A área representada pelo número 4 corresponde a uma Fos-
sentam cerca de 20% do total da área por eles ocupada. Consi-
sa Marinha e o número 3 a uma Dorsal Oceânica. Ambos
derando essas feições, analise as afirmações a seguir, e escreva
pertencentes ao primeiro patamar.
(1) se a afirmação fizer referência a uma Margem Continental
d) A área representada pelo número 1 corresponde a uma Dor-
do Tipo Pacífico, e (2) se fizer referência a uma Margem Conti-
sal Oceânica, pertencente ao primeiro patamar e o número
nental do Tipo Atlântico.
2 ao Talude, que compõe o segundo patamar.
( ) Plataforma, talude e elevação continental são algumas das
e) A área representada pelo número 2 corresponde à Platafor-
feições típicas deste tipo de margem, que são definidas a
ma Continental e o número 3 a uma Bacia Oceânica, ambas
partir do gradiente batimétrico.
pertencentes ao primeiro patamar.
( ) As fossas oceânicas são as feições mais características deste tipo de margem. Pelo fato de não receberem quantidades significativas de sedimentos, normalmente não desen-
04 . ( E nem M E C ) 1 - PERMIANO 225 milhões de anos
volvem um sopé continental. PA N
( ) Esta margem se desenvolveu a partir do rifteamento e se-
GE
IA
paração de um continente, dando origem a um novo oceano e dois blocos continentais. A margem leste da América do Sul e América do Norte, e as margens leste e oeste da 2 - TRIÁSSICO 200 milhões de anos
África são exemplos deste tipo de margem.
LAURÁSIA
( ) A margem do tipo ativa localiza-se nas regiões de convergência das placas litosféricas, onde ocorre a subducção de
GONDWA
NA
uma placa sob a outra. ( ) Nesta margem, concentram-se as principais atividades vul3 - JURÁSSICO 135 milhões de anos
cânicas e sísmicas da Terra. A sequência correta, de cima para baixo, é a) 2, 1, 2, 1, 1. b) 1, 2, 1, 2, 1. c) 2, 2, 1, 1, 2.
4 - CRETÁCEO 65 milhões de anos
d) 1, 1, 2, 2, 2. 03 . ( M ac k enz ie S P ) Relevo Submarino metros 2.000
1
0 –2 000
5 - QUATERNÁRIO Presente
2
3
–4 000 –6 000
4
–8 000 –10 000
Identifique a alternativa que relaciona corretamente os com-
Legenda Fraturas
Deriva continental e movimentação tectônica
C12 Oceanos e mares
partimentos do relevo oceânico e seus respectivos patamares representados na figura.
A partir da análise da imagem, o aparecimento da Dorsal Meso-
a) A área representada pelo número 1 corresponde às Bacias
atlântica está associado ao(à)
Oceânicas e o número 4 ao Talude, ambos pertencentes ao
a) separação da Pangeia a partir do período Permiano.
segundo patamar.
b) deslocamento de fraturas no período Triássico.
b) A área representada pelo número 1 corresponde à Platafor-
5 20
c) afastamento da Europa no período Jurássico.
ma Continental e o número 2 ao Talude. Ambos pertencen-
d) formação do Atlântico Sul no período Cretáceo.
tes ao primeiro patamar.
e) constituição de orogêneses no período Quaternário.
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias
Exercícios C om p l em en t ares
KEAREY, P. et. al. Tectônica Global. 3ª ed. Porto Alegre: Bookman Editora, 2014. p.107.
As dorsais oceânicas formam-se pela ação do tectonismo em movimentos do tipo a) convergente. d) de subducção. b) divergente. e) epirogenético. c) de obducção. 02. Do ponto de vista da movimentação litosférica e sua estruturação geológica, as dorsais oceânicas representam a) o encerramento do relevo. b) a transformação mineralógica. c) a renovação das rochas. d) a subducção da superfície. e) o direcionamento dos dobramentos. 03 . ( U E C E ) A crosta continental e a crosta oceânica da Terra têm uma significativa atividade responsável por vários processos internos e externos. Considerando esses ambientes e a estrutura interna do planeta, analise as afirmações a seguir e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas. ( ) As rochas metamórficas e as rochas plutônicas estão expostas atualmente na superfície terrestre pela ação combinada de forças geológicas internas. ( ) A crosta continental apresenta uma espessura muito regular e homogênea em todo o planeta, em torno de 30 km de profundidade. ( ) O manto superior situa-se abaixo da descontinuidade de Mohorovicic e estendese até a primeira das descontinuidades mantélicas abruptas. ( ) A interface manto-núcleo está situada a aproximadamente 2 900 km de profundidade e é conhecida como descontinuidade de Gutenberg. A sequência correta, de cima para baixo, é a) V, F, F, F. b) F, V, V, F. c) F, V, F, V. d) V, F, V, V. 04 . (Fuvest SP) A existência de extensas áreas secas localizadas nas costas ocidentais dos continentes em latitudes vizinhas a ambos os trópicos é determinada, essencialmente, pela a) dinâmica atmosférica controlada pela zona de convergência intertropical.
b) presença de áreas de baixa pressão atmosférica. c) alternância entre massas polares e equatoriais em tais latitudes. d) presença de correntes marítimas quentes ao longo dos litorais. e) presença de correntes marítimas frias ao longo dos litorais. 05 . ( U desc S C ) Sobre a morfologia do litoral é correto afirmar, exceto. a) Baía é uma reentrância da costa pela qual o mar avança para a terra. Uma baía menor é chamada de enseada. b) No litoral existem acidentes geográficos como lagoas, ilhas, dunas, estreitos, praias e meandros, estes últimos formados pela decomposição das praias. c) Estreito é um canal de água que une dois corpos aquosos (mares e oceanos) e separa duas massas de terras. d) Istmo é uma estreita faixa de terra que liga duas áreas de terra maiores (p.ex., unindo uma península a um continente ou separando dois mares). e) Dunas são montes de areia formados a partir de processos eólicos. As dunas estacionárias, como o próprio nome sugere, ficam imóveis em função do aumento da umidade, de processos internos e/ou em razão do desenvolvimento de vegetação. 06 . ( U desc S C ) A teoria da tectônica de placas afirma que a América do Sul e a África estiveram unidas e iniciaram sua separação há cerca de 125 milhões de anos. Assinale a alternativa que contém o nome da era geológica em que se iniciou tal separação, o do bloco formado pela América do Sul e África e o do continente que também fazia parte deste bloco, sequencialmente. a) Cenozoico – Laurásia – América do Norte b) Arqueozoico – Pangea – Europa c) Mesozoico – Gondwana – Ásia d) Mesozoico – Gondwana – Antártida e) Cenozoico – Laurásia – Austrália 07 . ( U F P R ) As forças endógenas produzem movimentos muito lentos, dentre os quais se destaca o movimento tectônico das placas, o qual causa um acúmulo de forças de proporções gigantescas e pressões intensas (esforço tectônico) que, ao atingir o limite de resistência das rochas, produz violentos tremores em poucos segundos. Tais tremores, quando ocorrem no fundo dos oceanos, produzem ondas sísmicas que podem se deslocar a mais de 700 km/h através do oceano. a) Qual é a denominação dada ao fenômeno que esses sismos produzem ao atingir a orla litorânea? b) Quais são as consequências de tal fenômeno para as populações por ele atingidas?
Q uestã o 07 . a) A denominação é Tsunami ou (significando literalmente onda de porto). b) As consequências podem ser: óbito, edificações destruídas, lugarejos praticamente deixaram de existir, fome (destruição de áreas agrícolas), propagação de doenças, desestruturação da atividade turística e outros.
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C12 Oceanos e mares
01. “Dorsais oceânicas marcam margens de placas acrescionárias ou construtivas onde a nova litosfera oceânica é criada. Elas representam a mais longa feição linear soerguida da superfície terrestre e podem ser traçadas por um cinturão de terremotos focais rasos que seguem as regiões de crista e falhas transformantes que conectam diferentes cordilheiras”.
FRENTE
C
GEOGRAFIA
Q uestã o 01. Nas últimas décadas, ocorreu uma acelerada devastação do bioma do Cerrado, vegetação complexa adaptada ao clima tropical na porção central do Brasil, um dos que apresentam maior biodiversidade do país. Cerca de 50% já foi desmatado. Entre os fatores, o crescente fluxo migratório (do Sul, Sudeste e do Nordeste) tanto o espontâneo quanto o ligado a programas estatais de colonização. E associado ao fluxo migratório, à expansão da fronteira agrícola do país com o desenvolvimento do agronegócio, a exemplo da produção de soja e da pecuária bovina. O mercado externo favorável às exportações brasileiras de alimentos também contribuiu bastante para a expansão agropecuária.
Exercícios de A p rof u n dam en t o 01. ( U E L P R ) Analise as figuras a seguir. MA
MA PI
MT
TO GO
MS
BA MG
PI MT
TO GO
MS
BA MG
As figuras 1 e 2 mostram a distribuição da vegetação no bioma Cerrado nos estados brasileiros. Cite e explique dois fatores que justificam as alterações ocorridas ao longo do tempo. 02. ( U erj R J ) Satélites italianos vão monitorar desmatamento na Amazônia Os quatro satélites do projeto italiano Cosmo-SkyMed monitorarão uma área de um milhão de quilômetros quadrados da Floresta Amazônica e, em particular, o desmatamento no Brasil. O contrato, válido para 2016 e renovável por mais um ano, permitirá fornecer um quadro completo da situação, considerando a dificuldade do monitoramento contínuo de uma área onde o céu é constantemente coberto por nuvens. Graças aos radares que estão nos satélites, trabalhando dia e noite, será possível captar as imagens e os dados em qualquer condição meteorológica. Adaptado de ultimosegundo.ig.com.br, 12/04/2016.
Cite duas ações humanas que provocam o desmatamento e duas consequências socioambientais desse processo em áreas florestais. 03 . ( U nioeste P R ) O geógrafo Aziz Ab’Saber classificou as diferentes paisagens do território brasileiro em domínios morfoclimáticos. Cada domínio apresenta paisagens e características que são reflexos de peculiaridades em relação ao clima, ao solo, à estrutura geológica e à vegetação, como descritas abaixo: I. O domínio paisagístico com formas de relevo conhecidas como ‘meias-laranjas’, cuja base geológica é constituída de rochas sedimentares de idades recentes, é denominado de domínio de Mares de Morros. II. O conhecimento de cada domínio morfoclimático é importante não somente pela caracterização geográfica da área, mas também para melhor gestão e planejamento de uso e ocupação da terra, considerando suas particularidades e potencialidades. III. Setores do relevo mamelonizado, recobertos pela Mata Atlântica, aparecem desde a Zona da Mata nordestina até
5 22
Q uestã o 02. Dentre as ações humanas que provocam desmatamento, pode-se citar: avanço da fronteira agropecuária, expansão das cidades, atividades das madeireiras, obras de infraestrutura como estradas, portos ou geração de energia. Das consequências socioambientais do desmatamento em áreas florestais, ressalta-se: redução da umidade com alteração da pluviosidade e maior amplitude térmica; aumento da erosibilidade, causando diminuição da fertilidade do solo e assoreamento dos cursos de água; redução da biodiversidade.
as regiões cristalinas granítico-gnáissicas da região costeira de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. IV. A Amazônia pode ser destacada pela continuidade florestal e pela grandeza da sua rede hidrográfica. Trata-se de um imenso domínio de terras baixas florestadas, de alta amplitude térmica anual e ausência de estações secas. V. No domínio das Caatingas predomina a escassez de precipitações, que dura de seis a sete meses nos sertões. Essas características são sentidas pela população local e estendem-se à economia regional, mas são amenizadas pela perenidade dos rios e pela presença contínua de água nos solos. Sobre os domínios morfoclimáticos propostos por Aziz Ab’Saber, assinale a alternativa CORRETA. a) Estão corretas as alternativas I e IV. b) Estão corretas as alternativas I e III. c) Estão corretas as alternativas II e V. d) Estão corretas as alternativas II e III. e) Estão corretas as alternativas III e IV. 04 . ( U erj R J ) ANISTIA DESPROTEGEU ÁREA EQUIVALENTE A QUASE DEZ E S T AD O S D O R I O D E J ANE I R O Os artigos do novo Código Florestal, que flexibilizaram a legislação ambiental anterior à sua aprovação, em 2012, e concederam até mesmo o perdão a irregularidades cometidas no passado, ganharam dos ambientalistas, no seu conjunto, o título de anistia. Agora, essas mudanças foram quantificadas: deixaram de proteger 41 milhões de hectares de vegetação nativa no país - área quase dez vezes maior do que o estado do Rio de Janeiro.
Adaptado de O Globo 03/06/2017.
A partir da comparação dos gráficos, aponte uma característica da estrutura fundiária brasileira. Com base no mapa e considerando os ecossistemas florestais, nomeie o bioma com o maior percentual de redução da área com vegetação e o bioma com o menor percentual de desmatamento, respectivamente. Q uestã o 04 . A análise dos gráficos permite afirmar que a estrutura fundiária brasileira é concentrada, ou seja, ocorre o predomínio de grandes propriedades em mãos de reduzidos proprietários. O bioma com maior percentual de redução da área de vegetação e o de menor percentual de desmatamento é a Mata Atlântica e a Amazônia.
C iê ncias Humanas e suas Tecnologias Q uestã o 05 . a) A área indicada é o domínio da Floresta Tropical ou Mata Atlântica. b) Sua devastação tem sido sistemática a partir da expansão da cafeicultura e do crescimento urbano e industrial.
05 . (Fuvest SP) Observe o mapa do Brasil: Domínios Morfoclimáticos
a) Identifique o domínio morfoclimático apontado no mapa. b) Apresente duas de suas características que, associadas à ocupação no estado de São Paulo, desencadearam degradação ambiental. Explique. 06 . ( U nic amp S P ) As pradarias mistas representam importante domínio fitogeográfico. Elas ocorrem em uma vasta área dos Estados brasileiros do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mas também se estendem para o Uruguai e a Argentina. a) Descreva as características morfoclimáticas (relevo e clima) predominantes nas áreas de abrangência das pradarias pampeanas do Estado do Rio Grande do Sul. b) Aproveitando-se das condições naturais das pradarias pampeanas, a pecuária tem destaque nesse domínio, especialmente no sul do Rio Grande do Sul. Descreva as principais características dessa atividade nesse Estado, destacando os tipos de rebanhos predominantes.
08 . ( U E M P R ) O geógrafo Aziz Nacib Ab’Saber delimitou domínios morfoclimáticos para o território brasileiro. Com base na classificação proposta por ele, assinale a(s) alternativa(s) c orreta(s). 01. O domínio de mares de morros apresenta uma paisagem típica de áreas que foram modificadas devido à presença da floresta equatorial nas bordas dos planaltos. 02. Apesar da extensão territorial do Brasil, foram identificados somente seis domínios morfoclimáticos, além das faixas de transição. 04. O domínio da caatinga possui grande homogeneidade ecológica e fisiográfica, tendo sido identificado em diversas porções do Brasil. 08. Na região Centro-Oeste, nas áreas de planaltos e de clima subtropical, foi delimitado o domínio das araucárias, cuja espécie se encontra em avançado estágio de regeneração. 16. Os solos ácidos de algumas porções de domínios do cerrado estão sendo devastados em razão da expansão da agricultura e da pecuária, necessitando de correções para as destinações agropecuárias.
I
III
AB’SÁBER, Aziz. Os domínios da natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. Adaptado.
A Figura anterior representa a classificação dos diferentes Domínios Morfoclimáticos Brasileiros, segundo o geógrafo Aziz Ab’Sáber. Assinale a alternativa que corresponde aos respectivos Domínios Morfoclimáticos apontados na figura. a) I – Áreas de Transição; II – Domínio dos Mares de Morros; III – Domínio das Pradarias Subtropicais com Araucária.
( ) As rochas metamórficas e as rochas plutônicas estão expostas atualmente na superfície terrestre pela ação combinada de forças geológicas internas. ( ) A crosta continental apresenta uma espessura muito regular e homogênea em todo o Planeta, em torno de 30 km de profundidade. ( ) O manto superior situa-se abaixo da descontinuidade de Mohorovicic e estendese até a primeira das descontinuidades mantélicas abruptas. ( ) A interface manto-núcleo está situada a aproximadamente 2 900 km de profundidade e é conhecida como descontinuidade de Gutenberg. A sequência correta, de cima para baixo, é a) V, F, F, F. b) F, V, V, F. c) F, V, F, V. d) V, F, V, V.
Q uestã o 06 . a) As pradarias pampeanas do Estado do Rio Grande do Sul caracterizam-se por apresentar um relevo de baixas colinas, as chamadas coxilhas, ou seja, um relevo suavemente ondulado recoberto por gramíneas, arbustos e árvores esparsas, daí se caracterizar esses espaços como campos limpos e sujos. O clima é o subtropical, de característica mesotérmica, com verões quentes e invernos bastante rigorosos e com chuvas bem distribuídas ao longo do ano. b) Desde o período colonial, essa região tem sido caracterizada pela presença de grandes e médias propriedades, onde foram implantadas raças bovinas europeias. Trata-se, historicamente, de pecuária extensiva e de corte, atualmente voltada para exportação. Mas também se encontra na região o gado ovino, que, apesar de não ter a importância do gado bovino, acaba por ser o maior rebanho do Brasil.
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FRENTE C Exercí cios de Aprofundamento
09. ( U E C E ) A crosta continental e a crosta oceânica da Terra têm uma significativa atividade responsável por vários processos internos e externos. Considerando esses ambientes e a estrutura interna do planeta, analise as afirmações a seguir e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas.
07 . ( U F G D M S )
II
b) I – Domínio dos Cerrados; II – Domínio dos Mares de Morro; III – Domínio das Pradarias Mistas. c) I – Domínio do Pantanal; II – Planalto Ocidental com Araucárias; III – Domínio dos Pampas Gaúchos. d) I – Domínio dos Cerrados; II – Domínio dos Planaltos das Araucárias; III – Domínio das Pradarias Mistas do Rio Grande do Sul. e) I – Domínio dos Cerrados; II – Domínio das Coxilhas; III – Domínio das Pradarias Mistas do Rio Grande do Sul.
Geografia
10. ( E S P M S P ) Observe o esquema abaixo que retrata o relevo marinho:
c) Região abissal: varia de 1 000 a 5 000 metros de profundidade. É o fundo dos oceanos onde não há abismos submarinos.
Relevo Submarino
d) Região pelágica: mais de 5 000 metros de profundidade.
metros 2.000
São os abismos submarinos, que ocorrem em áreas de
0 –2 000
dobramentos (quando esse fenômeno é inverso ao que
dorsal aceânica
talude
origina montanhas, ou seja, as placas ou uma das placas
–4 000
“se dobram para baixo”).
região pelágica
–6 000
e) As Dorsais constituem as grandes cordilheiras submarinas
região abissal
–8 000
e acompanham, muitas vezes, o contorno dos continentes.
–10 000
Podem apresentar altitudes que variam entre 2 e 4 quilôFonte: WICANDER, Reed; MONROE, James S. Fundamentos de geologia. São Paulo: Cengage Learning, 2009. p. 363.
Na condição de um geólogo contratado por uma empresa gigante do setor petrolífero, você recomendaria que a empresa pesquisasse petróleo junto à (ao) a) Plataforma continental. b) Talude. c) Região pelágica. d) Dorsal oceânica. e) Região abissal. 11. ( U niub e M G ) A superfície terrestre apresenta uma grande variedade de formas e irregularidades. Ao analisar o fundo dos oceanos, também se detecta uma diversidade de formas em sua composição. Com o desenvolvimento tecnológico alcançado, sobretudo após a 2ª Guerra Mundial, foi possível realizar análises aprofundadas do relevo submarino e estabelecer uma classificação de acordo com as diferentes formas apresentadas. Quanto ao relevo submarino, observe a figura seguinte e assinale a alternativa C O R R E T A:
metros acima do fundo oceânico, emergindo em diversos pontos sob a forma de ilhas e arquipélagos. 12. ( U nit AL ) A existência dos oceanos é um dos fenômenos mais notáveis do planeta. E, na superfície terrestre, a água é um elemento importante para toda a dinâmica, tanto mineral quanto biológica. Sem ela, a vida não existiria. A análise da informação e os conhecimentos acerca dos oceanos permitem afirmar que a) o relevo oceânico é menos acidentado que o continental, todavia é mais rico em minerais. b) o talude continental apresenta os maiores desníveis contínuos do oceano e, devido a esse fato, a biodiversidade é mais abundante que nas demais regiões. c) as dorsais estão localizadas na região pelágica, sendo a mais importante a do oceano Pacífico, onde se originam as formações corolianas. d) a plataforma continental é uma região de transição entre o continente e o oceano, sendo que os sedimentos nela contidos são denominados netríticos.
Nível do mar
0m
A
200 m
e) a ação periódica das marés tem natureza ondulatória e contribui para que a baixa-mar e a preamar tenham o mesmo resultado, em costas do mesmo oceano.
B –1 000m C
13 . (FGV SP) Na interface entre as terras emersas e os oceanos, são encontradas as chamadas margens continentais. Em sua
–1 000m
FRENTE C Exercí cios de Aprofundamento
D
condição passiva, distante dos limites de placas tectônicas, a margem continental abriga a) o sopé continental, composto pela área plana que corres-
a) A Plataforma continental, representada pela letra “C”, varia de 1 000 a 5 000 metros de profundidade. É a “continuidade do continente”, de declividade suave, é muito importante por ser a área mais aproveitável economicamente e concentrar aproximadamente 80% da vida marinha. b) O Talude Continental, representado pela letra “D”, apresenta profundidade além dos 5 000 metros. É uma região de grande declividade e liga a plataforma continental ao fundo dos oceanos. 5 24
ponde ao assoalho oceânico. b) a plataforma continental, formada pela extensa parte submersa e rasa dos continentes. c) a fossa abissal, marcada por taludes resultantes da solidificação do magma. d) o talude continental, definido por fendas e fraturas encontradas no fundo oceânico. e) a dorsal submarina, caracterizada por terraços limitados por rupturas de declives.