Camila J. Silva
FRENTE
A
HISTÓRIA Por falar nisso Para os iluministas, a razão era o principal meio de libertar e levar a humanidade a progredir. Contudo, que tipo de razão era essa? Os racionalistas do século XVII, como Descartes, Espinosa e Leibniz, já haviam procurado encontrar a verdade por meio da via racional. Os iluministas mantiveram sua confiança na razão, porém a encararam de forma diferente de filósofos anteriores. A razão iluminista estava fundada na experiência, pois acreditavam que os sentidos não eram capazes de perceber a realidade. Assim como os filósofos empiristas (John Locke, por exemplo), os iluministas acreditavam que todo conhecimento estava fundamentado na experiência. A partir dessas experiências, eles formulavam leis universais, comuns a vários fenômenos, sem se apoiarem unicamente nos sentidos. A ideia de razão fundamentada unicamente na experiência conduziu muitos cientistas ao materialismo, criticando a tese de Descartes que afirmava diferenciação entre corpo e alma. Para os materialistas, existia apenas a matéria. Não havia alma além do corpo. Ao mesmo tempo, como existiria apenas a matéria, para muitos, provavelmente, não haveria uma inteligência superior, fora da matéria. Logo, para eles, Deus não existia. Os principais representantes do materialismo iluminista, no século XVIII, foram La Mettrie, Helvétius e d’Holbach. La Mettrie escreveu a obra O homem-máquina, que foi queimada logo após sua publicação. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
A09 A10 A11 A12
Colonizações inglesa e francesa na América ................................528 Revoluções Inglesas no século XVII ..............................................533 Iluminismo ....................................................................................538 Revolução Industrial .....................................................................544
FRENTE
A
HISTÓRIA
MÓDULO A09
ASSUNTOS ABORDADOS n Colonizações inglesa e francesa
na América
n Colonização inglesa n Colonização francesa
COLONIZAÇÕES INGLESA E FRANCESA NA AMÉRICA Colonização inglesa O processo de ocupação do território norte-americano começou a se processar a partir dos séculos XVI e XVII, tendo nos ingleses seus principais precursores. Nesse período, a Europa vivenciava um conjunto de mudanças típicas da transição da medievalidade para a modernidade, atingindo tanto suas bases políticas quanto econômicas, o que acabou influenciando as estruturas típicas do mercantilismo. As transformações que ocorreram na Inglaterra fizeram com que o processo de colonização para a América fosse estimulado. Dentre eles, podemos destacar as mudanças religiosas e o processo dos enloureceres nos campos ingleses. Com a Reforma Anglicana, gerou-se um clima de instabilidade que acabou permitindo a migração de inúmeros ingleses para a América. A criação de uma nova Igreja proporcionou também uma nova visão de mundo para os ingleses, que vieram para a América trazendo uma tradição cultural diferente da espanhola ou portuguesa.
Figura 01 - A primeira Ação de Graças, por Jean Gerome Ferris, 1621.
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O fluxo migratório contou ainda com famílias burguesas ou nobres que saíam da Inglaterra, fugindo das perseguições religiosas: puritanos, presbiterianos, quakers, católicos etc. Esses grupos foram consagrados como os “peregrinos” e, entre eles, os Peregrinos do Mayflower, que chegaram em 1620, no litoral de Massachusetts, onde fundaram New Plymouth. Esse grupo simboliza os “pais da nação”. É importante destacar que os WASP (brancos, anglo-saxões e protestantes) fundamentaram a base de organização do modelo inglês na América.
Fonte: Wikimedia Commons
Concomitantemente, o processo de cercamentos das terras e o consequente êxodo rural aumentaram, de forma considerável, o número de pessoas nas cidades inglesas e, dessa massa de pobres, grande parte emigrou para as colônias com o objetivo de construir, na América, sua vida, trabalho e religião. Muitos dos imigrantes, sem recursos disponíveis, submeteram-se à “servidão por dívida”, cujo contrato previa prestação de serviço pelo prazo de cinco a sete anos à empresa ou proprietário, para custear sua viagem e instalação nas colônias, e garantir a transferência de suas famílias.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
SAIBA MAIS “(...) Aqueles que vivem atormentados com a preocupação de como ganhar decentemente sua subsistência, ou aqueles que, com seu trabalho, mal conseguem levar uma vida confortável, procederão bem se viverem para este lugar, onde qualquer homem, seja quem for, que esteja disposto a enfrentar moderados esforços, tem assegurada uma existência bastante confortável e está a caminho de elevar sua fortuna muito além do que ousaria imaginar (...) Que nenhum homem se preocupe com a ideia de ser um servo durante quatro ou cinco anos (...). É preciso considerar, então, que assim que seu tempo terminar possuirá terras. (...) Portanto, todos os artífices, carpinteiros, construtores de veículos, marceneiros, pedreiros, ferreiros ou diligentes agricultores e lavradores (...) devem levar em consideração o assunto.” (Perdição de um imigrante europeu no séc. XVII. Apud Coletânea de Documentos de História da América. São Paulo: CNEP, 1978).
As primeiras tentativas de colonização foram empreendidas por Giovanni Gaboto, que chegou à Carolina do Sul e a expedição de Humphrey Gilbert, em 1578, que chegou à ilha de Roanoke, litoral da Carolina do Norte; ambas frustradas. Em 1607, o rei Jaime I autorizou o funcionamento de duas empresas para promover a colonização na América, as companhias de Londres e Plymouth, cujos acionistas pertenciam à burguesia britânica. Entre os dois territórios povoados, inicialmente, ficou uma área considerada terra de ninguém e nela os holandeses da Companhia das Índias Ocidentais estabeleceram pontos de ocupação. Nessa área, com a participação de calvinistas franceses, os holandeses criaram a cidade de Nova Amsterdã.
As treze colônias foram a base da dominação britânica na América do Norte. Foram divididas em colônias do Norte, mais voltada para o povoamento; colônias Centrais, que possuíam características tanto do Norte quanto do Sul; e as colônias do Sul, que caracterizavam-se pelo modelo monocultor de exploração.
Opirus/Arte
As treze colônias
Mapa 01 - Mapa demonstrando a primeira etapa da ocupação inglesa na América.
A09 Colonizações inglesa e francesa na América
As colônias do Norte foram fundadas em especial por imigrantes vinculados ao puritanismo, que eram perseguidos na Inglaterra e migravam para a América a fim de reproduzir o mesmo estilo de vida que tinham na Europa. Essas colônias assemelhavam-se muito à Inglaterra, pois tinham condições geográficas e climáticas muito parecidas daquelas existentes na metrópole. Em virtude disso, apresentaram uma agronomia policultural, voltada para o mercado interno, em que alimentos como o milho destacavam-se. O trabalho foi marcado pela estrutura familiar, fazendo valer a pequena propriedade. Além dessa atividade econômica, podemos destacar a pesca, o comércio de peles e a construção de navios. No entanto, o fator diferencial dessas colônias estava centrado no comércio triangular. O comércio triangular refere-se à compra de cana e melado das Antilhas, que seriam transformados em rum, para ser levado à África, onde a bebida era muito apreciada, e, por sua vez, seria trocada por escravos. Os cativos eram levados para serem vendidos nas fazendas das Antilhas ou nas colônias do Sul. Após a venda, os navios voltavam para a Nova Inglaterra com mais melado e cana para a produção de rum. Era uma atividade altamente lucrativa, entre outros motivos para garantir que o navio sempre estivesse carregado de produtos para vender em outro lugar. 529
História
Opirus/Arte
Nas colônias Centrais, destacava-se a existência de minifúndios, cultivando milho, centeio, cevada, aveia, trigo e frutas como pêssego, maçã, melancia e melão. Além disso, criavam porcos, ovelhas e gado. Esse território era marcado por planícies férteis irrigadas por chuvas abundantes.
As colônias do Sul eram marcadas por um clima quente, com planícies extensas cortadas por correntes fluviais e condições climáticas favoráveis à produção de gêneros tropicais com grande aceitação no mercado externo, dentre os quais, destacam-se o tabaco e, mais tarde, o algodão. O sistema de organização econôMapa 02 - Comércio triangular das Treze Colônias. mica era marcado pelo plantation, o que as assemelhava às colônias ibéricas. Muitos historiadores entendem que a base do trabalho foi servil ou escravo, com pouco desenvolvimento de manufaturas e foi no Sul que o processo de colonização realmente se efetivou.
Colonização francesa Assim como a Inglaterra, a França também enveredou-se tardiamente no processo de colonização, restringindo-se, incialmente, a expedições que visavam saques e expropriação aos territórios luso-espanhóis. Houve algumas tentativas de ocupação de áreas já conquistadas pelos portugueses, repreendidas, no entanto, entre os séculos XVI e XVII. Em 1608, no reinado de Henrique IV, da dinastia dos Bourbons, foi criada a Companhia Comercial Nova França. A partir de então, as terras, hoje compreendidas pelo Canadá, começaram a ser ocupadas por Samuel Champlain e de Monts, que fundou a cidade de Quebec. Já no ano de 1642, foi fundada Montreal pelos missionários católicos franceses e, 31 anos depois, a região de Grandes Lagos receberia os jesuítas, que chegaram até a foz do Mississipi. Por meio dessa expedição, foi anexado um extenso território, alcançando a nascente do rio, surgindo a Luisiana. A09 Colonizações inglesa e francesa na América
Pode-se dizer que, basicamente, a França só teve sucesso no seu processo de colonização a partir do século XVII. A exploração do Haiti, por exemplo, iniciou-se nesse período e permaneceu até 1791, quando houve a declaração de sua independência. A investida francesa, nessa região, deu-se em torno da produção agrícola, baseada na plantation e no latifúndio e mão de obra escrava. Na América do Norte, a França dominou Quebec (o atual Canadá), Luisiana, Golfo do México e Mississipi. Devido à falta de investimento da Metrópole e aos eventos revolucionários, ocorreu o declínio da colonização francesa. Além disso, houve a Guerra dos Sete Anos, que aconteceu entre 1756 e 1763, em que a França foi derrotada pela Inglaterra. No Tratado de Paris, o País perdeu o território do Canadá e parte das Antilhas para a Inglaterra. Posteriormente, também viria a entregar a Luisiana, dessa vez à Espanha.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias Questão 03. Norte: mão de obra livre, policultura, minifúndios e mercado interno. Sul: mão de obra escrava, monocultura, latifúndio e produção para mercado externo.
Questão 04. a) A colonização da América do Norte foi feita por puritanos que deixaram a Inglaterra, pois a reforma anglicana impunha grande intolerância àqueles que não professassem a religião oficial. b) A região sul, escravista, se organizou economicamente em torno de grandes propriedades cuja produção era voltada para o mercado externo. As condições geográficas e climáticas foram fatores decisivos na opção pela economia agroexportadora baseada em “plantations”.
Exercícios de Fixação 01. (Cesgranrio RJ) Durante o século XVII, grupos puritanos ingleses perseguidos por suas ideias políticas (antiabsolutistas) e por suas crenças religiosas (protestantes calvinistas) abandonaram a Inglaterra, fixando-se na costa leste da América do Norte, onde fundaram as primeiras colônias. A colonização inglesa nessa região foi facilitada a) pela propagação das ideias iluministas, que preconizavam a proteção e o respeito aos direitos naturais dos governados. b) pelo desejo de liberdade dos puritanos em relação à opressão metropolitana. c) pelo abandono dessa região por parte da Espanha, que então atuava no eixo México-Peru. d) pela possibilidade de explorar grandes propriedades agrárias com produção destinada ao mercado europeu. e) pelas consciências políticas dos colonos americanos, desde logo treinados nas lutas coloniais. 02. (FGV SP) A conquista colonial inglesa resultou no estabelecimento de três áreas com características diversas na América do Norte. Com relação às chamadas “colônias do sul” é correto afirmar que a) baseava-se, sobretudo, na economia familiar e desenvolveu uma ampla rede de relações comerciais com as novas colônias do Norte e com o Caribe. b) baseava-se numa forma de servidão temporária que submetia os colonos pobres a um conjunto de obrigações em relação aos grandes proprietários de terras.
c) baseava-se numa economia escravista voltada principalmente para o mercado externo de produtos, como o tabaco e o algodão. d) consolidou-se como o primeiro grande polo industrial da América com a transferência de diversos produtores de tecidos vindos da região de Manchester. e) caracterizou-se pelo emprego de mão de obra assalariada e pela presença da grande propriedade agrícola monocultora. 03. (Fuvest SP) A colonização inglesa na América foi marcada por sensíveis diferenças entre o Norte e o Sul. Caracterize essas diferenças no que se refere ao trabalho compulsório e aos aspectos econômicos. 04. (Fuvest SP) Sobre a colonização inglesa na América do Norte: a) estabeleça sua conexão com os desdobramentos da Reforma Protestante da Inglaterra; b) explique por que na região sul se originou uma organização socioeconômica diferente da do norte. 05. (Unicamp SP) O comércio triangular realizado pelos habitantes das colônias do norte dos Estados Unidos, durante o período de colonização da América. a) Descreva esse comércio. b) Explique por que outros produtos lucrativos, como o tabaco e o algodão, não participavam desse comércio.
01. (Pitágoras) Nas colônias inglesas da América do Norte, a procura de mão de obra sempre foi grande. As pessoas pobres da Inglaterra que iam para as colônias se sujeitavam aos mais injustos contratos de trabalho. Sobre essas formas de trabalho, podemos considerar VERDADEIRA a seguinte alternativa: a) No Sul, predominou a mão de obra livre. b) No Norte predominou a mão de obra escrava. c) No Norte predominou a servidão. d) No Sul predominou a escravidão negra. 02. (FGV SP) “... estabeleceram-se ali pequenos proprietários que produziam, a princípio, para a sua subsistência e depois, pouco a pouco, para as plantações escravistas do sul do país e para a área das Antilhas. A produção não foi a típica da plantation mas bastante diversificada - madeiras, cereais, manufaturados - e, o que é mais importante, os lucros tenderam a se concentrar na colônia...”
O texto identifica a colonização a) holandesa, na América Latina. b) inglesa, na América do Norte. c) espanhola, na América Central. d) portuguesa, na América do Sul. e) francesa, na América Anglo-Saxônica. 03. (UECE) Atente aos seguintes excertos sobre a formação dos Estados Unidos da América: “[...] a forma pela qual foi feita a distribuição de terras ao Norte permitiu ao pequeno proprietário trabalhar em conjunto com sua família e diversificar progressivamente a sua produção. O excedente dessa produção era finalmente destinado aos mercados locais e regionais. Em alguns casos, madeiras, farinha de trigo e carne acabavam sendo exportadas para o Sul e para as ilhas do mar das caraíbas, contribuindo assim para o comércio triangular [...]”;
Questão 05. a) O comércio triangular compreendia as colônias do norte (rum), Antilhas (melado) e África (escravos), e era realizado graças ao tipo de colonização (povoamento) e à chamada “negligência salutar” dos ingleses”. b) Eram produtos importantes para a Revolução Industrial inglesa, principalmente o algodão, daí o controle exercido pela Inglaterra.
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A09 Colonizações inglesa e francesa na América
Exercícios Complementares
História
“No Sul, as raízes sociais eram menos profundas que no Norte. A própria distância entre as plantations espalhadas no território dificultava um convívio social intenso entre os colonos, [...]. Por isso, predominou no Sul um sistema de distribuição de terras administradas por grandes proprietários, que não eram portadores de privilégios especiais que lhes permitissem controlar a população de suas terras, no estilo de um grande senhor feudal. Mas, mesmo assim, o conceito de cidadania no Sul se associou ao poder absoluto de um só homem”. NARO, Nancy P. S. A formação dos Estados Unidos. 8. ed. São Paulo: Atual, 1994, p.18.
O aspecto da formação dos Estados Unidos, abordado nos trechos acima, sobre o qual a historiadora americana Nancy Naro descreve sua concepção, diz respeito à a) formação de uma cultura escravocrata e aristocrática nas colônias inglesas do Norte, o que levaria os sulistas, comerciantes mais libertários, a declarar-lhes guerra após a independência. b) diferenciação dos modelos de ocupação das colônias inglesas do Norte e do Sul da América do Norte, resultante, entre outros fatores, da forma como a terra foi distribuída entre os colonos. c) similaridade entre as estruturas de colonização do Norte e do Sul das colônias inglesas na América do Norte. d) pequena importância da atividade comercial, local e regional para o desenvolvimento das diferenças que se formaram entre o Norte e o Sul das colônias inglesas na América do Norte. 04. (Fac. Direito de Franca SP) “As colônias inglesas do Novo Mundo foram povoadas de maneira distinta. Em geral, os historiadores as dividem em três grandes grupos que se diferenciavam na atividade produtiva e na organização social.” Mary Anne Junqueira. Estados Unidos, a consolidação da nação. São Paulo: Contexto, 2001, p. 16.
A09 Colonizações inglesa e francesa na América
As afirmações do texto, sobre a colonização dos Estados Unidos, são a) corretas, porque as colônias do Sul produziam e comercializavam prioritariamente com as regiões de colonização espanhola no Caribe, enquanto as colônias do Norte exportavam toda sua produção para a Europa e as do centro dedicavam-se à agricultura de subsistência. b) erradas, porque todas as colônias americanas, independentemente da metrópole que as controlasse, assemelhavam-se na composição da população e na organização socioeconômica. c) corretas, porque a população das colônias do Norte provinha da Inglaterra e da França, enquanto a das colônias do centro era oriunda dos países ibéricos e as colônias do Sul eram povoadas basicamente por povos nativos da região. d) erradas, porque em todas as áreas de colonização britânica predominou a colonização de povoamento e ocupação do território, sem que houvesse diferenças significativas entre elas. 532
e) corretas, porque as populações do Norte e do centro, embora de distinta formação e origem, assemelhavam-se na prática da pequena agricultura, da pesca, da pecuária e do comércio, enquanto nas colônias do Sul predominava o regime de plantation. 05. (FMABC SP) “As colônias inglesas do Novo Mundo foram povoadas de maneira distinta. Em geral, os historiadores as dividem em três grandes grupos que se diferenciavam na atividade produtiva e na organização social.” Mary Anne Junqueira. Estados Unidos, a consolidação da nação. São Paulo: Contexto, 2001, p. 16.
Sobre esses “três grandes grupos” de colônias norte-americanas, podemos afirmar que houve predomínio, a) nas colônias do sul, do regime de grandes propriedades, com emprego de mão de obra escrava e produção, entre outros, de arroz, anil e tabaco voltados à exportação para a metrópole. b) nas colônias do centro, das práticas de subsistência, desenvolvidas em grandes propriedades rurais, que eram controladas quase na sua totalidade por católicos fugidos das guerras religiosas na Irlanda. c) nas colônias do norte, do sistema de parceria entre pequenos proprietários rurais e colonos procedentes de diversas regiões da Europa, como a Suécia, a Holanda e a Itália. d) nas colônias do centro e do norte, da pecuária, que provocou a devastação de grandes áreas florestais para a instalação de pastos e de matadouros, cuja produção de carne abastecia a metrópole. e) nas colônias do sul e do centro, da atividade mercantil e industrial, responsável pela produção de manufaturas destinadas prioritariamente ao mercado interno. 06. (Univag MT) A colonização inglesa da América do Norte ocorreu, sobretudo, no início do século XVII. Como havia falta de mão de obra, a economia das colônias do sul ficou subordinada, a princípio, ao indentured servant ou “servo resgatado”. O contrato desse tipo de “escravidão” consistia a) no direito concedido ao trabalhador imigrante europeu de cultivar gêneros alimentícios nas terras ainda ocupadas pelas tribos indígenas na América do Norte. b) na obrigação que pesava sobre o recém-chegado da Inglaterra de exercer as profissões mais desprezadas e menos remuneradas nas colônias da América do Norte. c) no direito que o trabalhador tinha de receber salários dos grandes proprietários durante os meses em que as atividades eram interrompidas pelos invernos rigorosos. d) no ensinamento, pelo grande proprietário rural, dos princípios e dos dogmas das religiões cristãs protestantes aos seus trabalhadores. e) na obrigação de alguém trabalhar, durante certo tempo, para um proprietário que pagou a sua passagem da Inglaterra até as terras americanas.
FRENTE
A
HISTÓRIA
MÓDULO A10
REVOLUÇÕES INGLESAS NO SÉCULO XVII As Revoluções Inglesas do século XVII representaram a primeira manifestação de crise do sistema político da época moderna. Assim, dava-se início a uma onda de movimentos que seriam responsáveis pelo declínio do Absolutismo em praticamente todo o mundo. O processo inglês desenvolveu-se de forma complexa, começando com a Revolução Puritana de 1640, passando pelo protetorado de Oliver Cromwell e terminando com a Revolução Gloriosa de 1688.
ASSUNTOS ABORDADOS n Revoluções Inglesas no século XVII n O processo revolucionário n John Locke
É importante destacar que essas manifestações revolucionárias fazem parte de um mesmo processo, daí a denominação de Revolução Inglesa do século XVII e não Revoluções Inglesas. Na visão de alguns historiadores, essas revoluções são consideradas as primeiras revoluções burguesas, antecipando a emblemática Revolução Francesa em 150 anos. A Inglaterra do século XVII era caracterizada por um grande desenvolvimento, marcado em parte pelas ações dos governantes absolutistas, que unificaram o país, dominaram a nobreza, afastaram a ingerência papal, criaram uma igreja, confiscaram terras da Igreja Católica e passaram a disputar os domínios coloniais com os espanhóis. De um lado, esse desenvolvimento era interessante para a burguesia. Por outro, nem tanto, pois o Absolutismo, marcado por privilégios e monopólios, impedia o crescimento dos setores industriais. Além disso, é importante destacar o papel da política dos cercamentos (enclosures). A alta dos preços e o aumento da demanda por alimentos e matérias-primas supervalorizavam as terras, o que levou os produtores rurais a procurar expandir suas posses, apropriando-se de terras que, até então, eram coletivas, devolutas e de posse precária. Esse processo expulsava posseiros e criava grandes propriedades, o que aumentava a quantidade de capitais investidos na produção. O Estado, na intenção de evitar um possível conflito entre a nobreza agrária e os camponeses, impediu os cercamentos, sofrendo oposição tanto da burguesia mercantil, quanto dos grandes latifundiários. Outros fatores que contribuíram para a eclosão do processo foi o embate entre o rei e o Parlamento e as consequentes disputas entre o poder de fato e o poder de direito. O Parlamento buscava efetivar, na prática, seu poder, o que só poderia ser feito caso o Absolutismo fosse desarmado. No âmbito religioso, coube aos reis utilizarem-se amplamente desse viés para salvaguardar seus poderes, a começar pelos Tudor, no século XVI, quando buscaram suporte no Anglicanismo, pelo lado calvinista, logo, favorecendo a burguesia. Com a ascensão dos Stuart, ressaltou-se a forma católica do Anglicanismo, identificando-se com a aristocracia, contra a burguesia. Figura 01 - Cercamentos abandonados, nas terras de uma vila deserta, em Louth, na Irlanda.
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História
Durante o governo de Elizabeth I, vários elementos do protestantismo foram apropriados pelo Anglicanismo. No entanto, este ainda estava mais próximo do Catolicismo. A ação real amparada no Catolicismo era ideal para justificar a origem divina do seu poder. O Parlamento, dominado pela burguesia mercantil e a gentry, radicalizou suas posições e identificou-se com o puritanismo (forma mais radical do calvinismo), que rejeitava o Anglicanismo.
SAIBA MAIS O conceito moderno de revolução está ligado à noção de que o curso da História começa subitamente de um novo rumo, de uma História inteiramente nova, uma História nunca antes conhecida ou narrada está para se desenrolar, era desconhecido antes de duas grandes revoluções no final do século XVIII. (ARENDT, Hannah. Da revolução. Brasília: Editora UnB, 1988)
O processo revolucionário
O século XVII foi marcado por um contratempo econômico, uma vez que os preços das mercadorias caíram, o que diminuiu a produção e comercialização e, por conseguinte, os lucros. O Parlamento exigia que o rei tomasse medidas para sanar os problemas. Contudo, o monarca aumentava os impostos para reforçar seu exército contra os católicos e puritanos. Essa cobrança de impostos fez com que muitos ingleses migrassem para a América para buscar uma nova oportunidade de vida. Com a morte de Jaime I, assumiu o trono o seu filho Carlos I que, mesmo tendo uma aparência mais amena, continuou buscando a efetivação do poder real de forma máxima. Seu
No entanto, essa medida não conteve a tirania de Carlos I que, não obstante, aumentou os impostos, reintroduziu tributos feudais e se indispôs com os calvinistas, em virtude das imposições religiosas que promoveu não só dentro da Inglaterra, como também na Escócia, que se sublevou contra o monarca. Era o início de uma Guerra Civil que colocaria de um lado o rei e de outro o Parlamento, durando de 1642 a 1649, alterando, para sempre, as estruturas sociais inglesas. A Guerra Civil ou Revolução Puritana não só foi um confronto político, mas também econômico e religioso, pois confrontava o rei apoiado por nobres, latifundiários, católicos e anglicanos fiéis com o Parlamento que agregava pequenos proprietários, comerciantes e outros, na sua maioria puritanos e presbiterianos. Aqueles que eram partidários do rei eram conhecidos como cavaleiros e os do Parlamento eram os roundheads (cabeças redondas), em virtude do corte de cabelo que usavam. Com o término do conflito, ascendeu ao poder Oliver Cromwell que não só executou o rei, como também remodelou a organização de poder vigente na Inglaterra. Com isso, novos ventos sopravam na Grã-Bretanha- era a Commonwealth, uma experiência republicana na sua História. No entanto, o fim da monarquia não significou o fim do Absolutismo, pois Oliver Cromwell, a partir de 1653, tornou-se Lord Protetor da Grã-Bretanha, o que acabou configurando uma autocracia disfarçada, haja vista que o Parlamento ainda existia, mas não funcionava na prática. Essa situação permitiu a Cromwell uma configuração política mais forte do que a existente durante o governo dos Stuart. Contudo, vale ressaltar que o poder de Cromwell não ficou ileso às oposições, uma vez que tinha que conter grupos de orientações diversas como realistas, anglicanos, levellers e diggers. Os levellers buscavam direitos políticos para todas as classes sociais, não estendendo tais direitos à esfera econômica. Os diggers propunham uma reforma profunda, amparados na lei da natureza como fonte de direitos e estavam interessados tanto na igualdade política, quanto na econômica. Figura 02 - Batalha de Marston Moor, da Guerra Civil inglesa. Por John Barker, 1644.
A10 Revolução inglesas no século XVII
Fonte: Wikimedia Commons
O Absolutismo perdeu força na Inglaterra antes de qualquer outro país dentro da Europa e, ao mesmo tempo, o Parlamento não se encaixava na lógica imposta pelo monarca. Elizabeth morreu em 1603 sem deixar herdeiros e Jaime I, rei da Escócia, assumiu o trono. Ele procurou estabelecer as prerrogativas reais, implantando uma monarquia absoluta de direito divino. Jaime I considerava que qualquer religião que não se enquadrasse nas ideias reais sobre as relações entre a Igreja e o Estado ameaçava os pilares monárquicos. Diante desse quadro, o rei indispunha-se com os puritanos e com os católicos.
governo foi marcado por tensões religiosas, alta tributação e confrontos externos. Essa conjuntura fez com que o Parlamento o obrigasse a assinar uma Petição de Direitos que o impediu de impor tributos sem o seu consentimento prévio.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Com a morte de Oliver Cromwell em 1658, chegou ao poder seu filho Richard que não conseguiu exercer o poder por muito tempo. Em 1660, o filho do rei executado (Carlos I) subiu ao poder. Carlos II comprometeu-se a não governar de forma despótica, preservando símbolos como a Magna Carta e a Petição de Direitos. Esse período ficou conhecido como a Restauração e compreendeu não só seu governo, de 1660 a 1685, como também o de seu irmão, Jaime II, de 1685 a 1688.
Não obstante, a Revolução Gloriosa abriu caminho para outros processos, como as revoluções na França e nas Treze Colônias. Tal revolução permitiu também à burguesia um papel cada vez de maior destaque dentro do cenário europeu e mundial, uma vez que aumentou seu poder econômico e conduziu-a às estruturas do poder político.
O governo de Carlos II foi marcado por desconfianças, além de problemas econômicos e religiosos que se seguiram com seu irmão Jaime II. Este era declaradamente católico, o que levantava certo medo da população inglesa. Ele tentou empregar elementos católicos em cargos até então só destinados a Anglicanos.
A ideia de concepção de propriedade em Locke não se refere apenas a uma descrição dos bens em uma economia de troca. Ela está vinculada à ideia de que, pela propriedade, são asseguradas a prosperidade e a continuidade da vida. Desse modo, a organização da vida política segundo esse fundamento traria segurança.
Muitos opositores esperavam que Jaime II fosse substituído por uma de suas filhas protestantes. Contudo, quando o rei teve um filho com sua segunda esposa, muitos temiam que o jovem príncipe fosse educado de acordo com os ditames católicos. Esse processo conduziu a Inglaterra à Revolução Gloriosa, que selaria definitivamente os caminhos políticos da nação.
O poder legislativo, por sua vez, deveria apenas corrigir injustiças, resolver conflitos, contornar impasses econômicos, sociais, políticos e religiosos. E caso o Estado não fosse capaz de desempenhar as funções para as quais fora designado? Nesse sentido, Locke foi bem claro: o povo teria o poder de resistir e, por isso, poderia se rebelar contra o poder instituído.
Nesse sentido, um grupo de políticos de alta classe conduziu o príncipe Guilherme de Orange, genro de Jaime II, ao poder político. Guilherme partiu da Holanda para Londres e, ao chegar, não teve grande dificuldade de ocupar o poder, haja vista que até os partidários mais próximos do rei abandonaram-no à sua própria sorte. Jaime II migrou e refugiou-se na França, deixando o poder vago na Inglaterra. Com isso, Guilherme assumiu o poder e assinou um segundo Bill of Rights, que limitava os poderes reais, subordinando-os ao Parlamento.
Nesse contexto, o problema da tolerância, em Locke, mistura-se à questão política e econômica. Por conseguinte, a tolerância civil faz parte do “pacote” de termos assinados no momento da entrada do indivíduo no estado civil, porque ela é condição de manutenção das elites e dos grupos no poder. Se o Estado não garante esse pré-requisito, ele não tem razão de ser e, por isso, a soberania volta para os braços do povo. Isso que constitui uma de suas maiores inovações políticas na Inglaterra do século XVII: mesmo na condição de indivíduos, os homens podem, pela racionalidade e independência, orientar suas ações, tendo em vista o bem comum. A tolerância seria um bom exemplo.
Fonte: Wikimedia Commons
Diante desse novo quadro, entende-se que a Revolução Gloriosa assinalou o triunfo do Parlamento em relação ao rei, acabando definitivamente com o Absolutismo na Inglaterra.
John Locke
A10 Revolução inglesas no século XVII
Figura 03 - Batalha de Naseby, por um artista desconhecido. A vitória do exército que defendia o novo modelo parlamentar, defendido por Sir Thomas Fairfax e Oliver Cromwell, sobre o exército real na Batalha de Naseby, em 16 de junho de 1645, foi o ponto decisivo na Guerra Civil Inglesa.
535
xo. enndes assas exe-
História
Exercícios de Fixação
ados . As a foduas
01. (Unesp SP) O “Ato de Navegação” de 1651 teve impor-
transformações significativas terem se verificado na primei-
tância e consequências consideráveis na história da
ra fase, sob Oliver Cromwell, foi o período final que ficou
Inglaterra porque
conhecido como “Revolução Gloriosa”. Isto se explica porque
a) favoreceu a Holanda que obtinha grandes lucros com o comércio inglês. b) Oliver Cromwell dissolveu o Parlamento e se tornou
Europa.
ditador. c) contribuiu para aumentar o poder e favorecer a supremacia marítima inglesa no mundo. d) considerava o trabalho como a verdadeira fonte de riqueza nacional. e) abolia todas as práticas protecionistas. 02. (UnB DF) Vários movimentos revolucionários surgidos na Inglaterra durante o século XVII expressam a disputa pelo poder entre reis e o Parlamento. Julgue os itens.
V-F-V-V-F
00. A história dessa disputa, iniciada em 1640 e terminada em 1688, ficou conhecida como Revolução Inglesa. 01. A Revolução, o Protetorado de Cromwell, o Terror Jacobino e a Revolução Gloriosa foram diferentes momentos do mesmo processo revolucionário inglês. 02. Na disputa contra os reis, o Parlamento representava os interesses da burguesia ascendente. 03. Um dos motivos da insatisfação da burguesia com os reis artesanais nas cidades. 04. A Revolução Gloriosa foi o momento mais elevado do
A10 Revolução inglesas no século XVII
controle real sobre o Parlamento. 03. (PUC Campinas SP) Guilherme de Orange foi proclamado rei depois de ter assinado a declaração de direitos, imposta pelo parlamento, à qual determinava limitações ao poder real. dentre as limitações, destacavam-se a a) obrigação de indicar nobres para as forças armadas e elementos de clero para dirigir as universidades. b) negação do anglicanismo como religião oficial da Inglaterra e a tolerância a todos os cultos. c) exigência do parlamento ser composto por dois terços de puritanos e a concordância em apoiar militarmente o combate às heresias. d) obrigação de convocar o parlamento periodicamente e a proibição de criar novos impostos. e) pacificação interna da Inglaterra e o respeito à supremacia papal. 04. (Fuvest SP) No século XVII, a Inglaterra conheceu convulsões revolucionárias que culminaram com a execução de um rei (1649) e a deposição de outro (1688). Apesar das
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a) em 1688, a Inglaterra passara a controlar totalmente o comércio mundial, tornando-se a potência mais rica da b) auxiliada pela Holanda, a Inglaterra conseguiu conter em 1688 forças contrarrevolucionárias que, no continente, ameaçavam as conquistas de Cromwell. c) mais que a violência da década de 1640, com suas execuções, a tradição liberal inglesa desejou celebrar a nova monarquia parlamentar consolidada em 1688. d) as forças radicais do movimento, como Cavadores e Niveladores, que assumiram o controle do governo, foram destruídas em 1688 por Guilherme de Orange. e) só então se estabeleceu um pacto entre a aristocracia e a burguesia, anulando-se as aspirações políticas da “gentry”. 05. (UFRN) “Os Cabeças Redondas (round-heads) receberam esse nome pelo corte de cabelo que usavam: curto, de forma arredondada, desprezando a moda corrente dos cabelos longos entre os membros da corte... A partir das vitórias militares sobre os Cavaleiros, conseguiram a rendição do rei em 1646. Entretanto, Carlos I reorganizou seus soldados e recomeçou a guerra, sendo derrotado definitivamente pelos Cabeças Redondas de Cromwell. Preso, Carlos I foi julgado pela Alta Corte de Justiça a mando do Parlamento, sendo condenado à morte. Em janeiro de 1649 o rei foi decapitado em frente ao palácio de Whitehall, em Londres.” HILL, C. O eleito de Deus: Oliver Cromwell e a Revolução Inglesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. p. 179.
Com relação aos fatos citados no texto acima, é correto afirmar que a) o Parlamento, ao executar o rei, atacava um princípio central do Estado Absolutista, que era a ideia da origem divina do poder real e de sua incontestável autoridade. b) os Cabeças Redondas defendiam não apenas a extinção do regime monárquico como também a luta armada contra nações que tivessem esse regime. c) a Revolução Inglesa questionava a legitimidade do Antigo Regime Monárquico e desencadeou uma série de revoluções, pondo fim ao Estado Moderno na Europa. d) a Revolução Inglesa estava afinada com os interesses da nascente burguesia, mantendo alguns privilégios da nobreza, ligada à Igreja Anglicana.
Ciências Humanas e suas Tecnologias Questão 03. a) A Inglaterra visava atingir os Países Baixos. b) O Ato de Navegação estabelecia que qualquer mercadoria que entrasse ou saísse da Inglaterra teria de ser transportada por navios ingleses, ou por navios do país produtor da mercadoria. A marinha mercante holandesa foi particularmente afetada por tais medidas. A partir do Ato de Navegação, a Inglaterra se transforma na maior marinha do mundo.
Exercícios Complementares
02. (UFJF MG) A Revolução Gloriosa de 1688 foi, segundo Hannah Arendt, o acontecimento no qual o termo Revolução “encontrou guarida definitiva na linguagem histórica e política”, embora seu significado ainda não fosse aquele que veio a ter depois da Revolução Francesa (1789). Sobre a Revolução Gloriosa é CORRETO afirmar que a) significou a união dos Whigs e Tories simplesmente para combater as pretensões de Jaime II de restabelecer o puritanismo. b) diferentemente dos “revolucionários” franceses, os “revolucionários” ingleses conseguiram, de fato, abolir a monarquia e proclamar a república. c) mesmo não tendo desencadeado tanto derramamento de sangue quanto a Revolução Francesa, a Revolução Gloriosa abriu espaço para a participação popular, ao reinstituir a cooperação entre Coroa e Parlamento. d) apesar de se autodenominar Revolução, o movimento inglês era claramente restauracionista, ou seja, visava a restituir o poder aos protestantes. e) o movimento visava a restaurar na Inglaterra a república, seguindo o modelo de Oliver Cromwell. 03. (Unesp SP) Tendo em vista atingir os comerciantes de uma grande potência econômica da época, o Parlamento inglês estabeleceu, através do Ato de Navegação (1651), o monopólio imperial sobre o comércio e a frota mercante. a) Identifique qual potência a Inglaterra visava atingir. b) Em linhas gerais, o que estabelecia o Ato de Navegação? 04. (UFJF MG) “Ao quebrar o poder do rei, a Guerra Civil varreu a principal barreira que impedia os senhores rurais de praticar o enclousure e, simultaneamente, preparou a Inglaterra
para ser governada por uma ‘comissão de senhores rurais’ (...) designação pouco lisonjeira para o parlamento (...) “ (Barrington Moore Jr. Origens sociais da ditadura e da democracia.)
Quanto aos reflexos da Revolução Inglesa, assinale a alternativa INCORRETA. a) Possibilitou as condições para a instalação do capitalismo, ao intensificar os cercamentos e a proletarização do campesinato; b) Limitou o poder monárquico, permitindo a ascensão da burguesia e setores da gentry através do Parlamento; c) Estimulou a acumulação de capitais que levaria à eclosão da Revolução Industrial; d) Refletiu a expansão da Contrarreforma na Inglaterra, consolidando o poder da Igreja Católica vinculada ao Parlamento. 05. (Furg RS) No século XVII, a Inglaterra foi revolvida por grandes turbulências políticas, econômicas e sociais. Trata-se da Revolução Inglesa, um período de cinquenta anos de lutas, que representou o embate das velhas estruturas feudais com as novas forças do capitalismo. As alternativas abaixo apresentam características da Revolução Inglesa. Assinale a alternativa INCORRETA. a) Promover o rompimento com o sistema feudal. b) Promover a substituição do Estado absolutista pelo Estado liberal-capitalista. c) Propiciar condições para o avanço do capitalismo industrial. d) Implantar definitivamente a república na Inglaterra. e) Selar um compromisso entre burguesia urbana e nobreza de terras cultivadas em moldes capitalistas. 06. (UFMG) Durante a Revolução Inglesa, no século XVII, foi formado o Exército de Novo Tipo, liderado por Oliver Cromwell, de que participavam, além da classe mercantil, da gentry, dos pequenos proprietários camponeses e de trabalhadores urbanos, segmentos mais radicais, que defendiam reformas profundas no Estado inglês. É CORRETO afirmar que esses segmentos eram constituídos a) pelos tories, que visavam ao fechamento do Parlamento e à instituição de um governo popular, e pelos whigs, defensores da abolição da propriedade privada. b) pelos levellers, que reivindicavam a democratização, a extensão do sufrágio e uma maior igualdade perante a lei, e pelos diggers, defensores da posse comum das terras. c) pelos landlords, que buscavam a implantação do sufrágio universal e a extensão do voto às mulheres, e pelos warlordists, que pregavam a luta armada do povo contra o Parlamento. d) pelos saint-simonistas, que defendiam o fim do sistema monárquico, e pelos owenistas, defensores da abolição da Câmara dos Lordes.
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01. (Unesp SP) A Declaração de Direitos (Bill of Rights) da Inglaterra de 1689, a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América de 1776 e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 da França são documentos que expressam um processo revolucionário abrangente que pode ser caracterizado como a) declínio da aristocracia feudal, fim do poder monárquico e redemocratização dos Estados. b) ascensão política da burguesia, queda do poder absolutista e fortalecimento do liberalismo. c) igualdade de direitos para todos, fim das monarquias e difusão das ideias iluministas. d) fim dos privilégios da nobreza, organização de repúblicas e difusão do positivismo. e) ampliação dos direitos da burguesia, estabelecimento de democracias e declínio do liberalismo.
FRENTE
A
HISTÓRIA
MÓDULO A11
ASSUNTOS ABORDADOS n Iluminismo n Principais pensadores do liberalismo político n Economia e política: liberalismo econômico
ILUMINISMO O homem, tendo como guia a razão, pode encontrar meios para explicar os principais fenômenos da natureza e compreender que as instituições sociais, tais como a própria natureza, estão em constante processo de movimento. Uma corrente filosófica, intelectual e política que usou desse fundamento foi o Iluminismo, um recurso ideológico utilizado pela burguesia para questionar o Antigo Regime (o Absolutismo e o Mercantilismo), que limitava seu desenvolvimento. Para os iluministas, a intervenção do Estado na economia era um expediente inadequado, porque a economia deveria ser regida por leis naturais (exemplo: lei da oferta e da procura). No nível político-ideológico, o Iluminismo criticava com aspereza o Absolutismo por este opor-se à ideia de soberania popular, da separação dos poderes, da liberdade religiosa e do direito do povo a se rebelar, caso o governo violasse os direitos naturais. O Iluminismo, ou Ilustração, ou Século das Luzes, movimento intelectual do século XVIII embasado na razão e nas ciências, tinha como temas a liberdade, o progresso e o homem. A burguesia nele se amparou para promover as revoluções liberais dos séculos XVIII e XIX, o que possibilitou sua ascensão ao poder político compatível com sua força econômico-social.
Principais pensadores do liberalismo político John Locke Esse ideólogo da Revolução Gloriosa pregava o direito do povo a se rebelar, caso o governante violasse os direitos naturais. Ele defendia a ideia de que os homens nascem num “estado de natureza” em que todos são livres para exercer os direitos naturais e essenciais à vida (liberdade e propriedade). Foi o precursor da Teoria do Conhecimento, em que afirmava que as ideias precedem a experiência, concluindo que o homem vem ao mundo sem nenhuma ideia preconcebida tendo, assim, sua mente como uma tábula rasa. Seu principal trabalho é o Segundo Tratado do Governo Civil.
SAIBA MAIS “O estudo da Ilustração nunca mais foi o mesmo após o holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial. A crença ingênua no poder regenerador da razão inviabilizou-se. Estilhaçou-se a cômoda certeza de que as Luzes foram a filosofia da burguesia triunfante, e dos quatro pontos da Europa surgiram evidências acerca da amplitude e variação do fenômeno, que não caberia mais considerar nem apenas burguês, nem eminentemente francês, nem restrito ao século XVIII”. (Adaptado de Laura de Mello e Souza, em http://www.revustadehistoria.com. br/secao/artigos/aspaixoesintelectuais Origens e Fundamentos do Iluminismo).
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Voltaire Foi o homem que melhor encarnou o espírito do século XVIII. Defendia o direito do indivíduo à liberdade política e de expressão. Condenava o Absolutismo, mas defendia uma monarquia centralizada em que o governo seria assessorado por filósofos. Em seu pensamento é que se inspiram os déspotas esclarecidos. Do ponto de vista político, Voltaire é um reformista moderado e pragmático. A liberdade e a propriedade privada, uma sustentando a outra, são os dois pilares da sua política. Suas principais obras são Cartas Inglesas e Cartas Filosóficas. Montesquieu Para ele, não existia uma forma de governo ideal: cada país deveria ter um tipo de instituição política, de acordo com seu progresso econômico e social. Sua mais importante contribuição foi a doutrina dos três poderes, baseada em Locke. Para ele, as palavras “liberalismo” e “democracia” não eram, pelo menos originariamente, sinônimas. A democracia e os democratas possuíam uma conotação popular que o liberalismo não tinha. Democracia significava “soberania popular”, enquanto liberalismo se preocupava, exclusivamente, com um aspecto da soberania popular, as liberdades individuais. Duas de suas principais obras são O Espírito das Leis e Cartas Persas.
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Rousseau O mais radical e popular dos filósofos. Criticava a propriedade privada. Desenvolveu a concepção da sabedoria popular: a vontade da maioria. Mesmo considerando a propriedade privada um mal, reconhecia-a como inevitável. A solução era a limitação da propriedade. Na sua principal obra, Rousseau advogava que a sociedade e o Estado nascem segundo convênio entre diversas pessoas, em benefício de seus interesses comuns. O poder, ou soberano, é o próprio povo. Dessa forma, acabava sendo um crítico da ordem burguesa antes mesmo que ela se estruturasse definitivamente na França. Sua principal obra é O Contrato Social. Diderot E D’alembert A Enciclopédia foi a grande obra de divulgação do pensamento filosófico do século XVIII. Os dois intelectuais formularam esse material com dois objetivos: como Enciclopédia, deveria expor tanto quanto possível a ordem e o desencadeamento dos conhecimentos; como dicionário raciocinado das ciências, das artes e dos ofícios, deveria conter sobre cada ciência e sobre cada arte - quer seja liberal, quer seja mecânica princípios gerais que lhes sirvam de base e os pormenores mais essenciais que são seu corpo e substância.
Figura 01 - Pintura retratando Jean-Jacques Rousseau em traje armênio. Por artista desconhecido, 1778.
Figura 02 - Denis Diderot, por Louis-Michel van Loo, no Museu do Louvre, 1767
Diderot, no Prospectus, explicou que a palavra enciclopédia provinha do termo grego correspondente a círculo, significando concatenação das ciências. Figurativamente, expressava a noção de um mundo do conhecimento, que os enciclopedistas podiam circunvagar e mapear.
Figura 03 - Gravura contida na folha de rosto da Enciclopédia (1772), por CharlesNicolas Cochin e gravado por BonaventureLouis Prévost.
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História
Economia e política: liberalismo econômico No fim do século XVIII e início do século XIX, as condições materiais de vida alteravam-se drasticamente. A produção capitalista ganhava intensidade principalmente com a Revolução Industrial, que trouxe consigo a ideia do progresso e do desenvolvimento. Dessa forma, os valores do Antigo Regime tornaram-se obsoletos, gerando a necessidade de mudanças em prol da burguesia em ascensão. Para se contrapor ao Mercantilismo, surge a economia política clássica, que se baseava no liberalismo econômico e refletia de forma mais acentuada as aspirações e os desejos da nova ótica capitalista. Os economistas do século XVIII
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Os fisiocratas foram os primeiros contestadores do Mercantilismo, tendo como principais representantes Quesnay, Turgot e Gournay. O termo fisiocracia revela-se como um governo da Natureza, uma vez que para os fisiocratas a riqueza da nação está condicionada à sua produção agrícola, o que garante a essa escola o nome “agrarianistas”. Ao contrário dos mercantilistas, consideravam o comércio uma atividade econômica estéril, que não produzia riqueza e sim as trocas. Condenavam violentamente a intervenção do Estado na economia, fazendo com que ela funcionasse por si só, impulsionada por leis naturais. Seu lema era: Laissez faire, laissez passer, le monde va de lui même. (Deixe fazer, deixe passar, que o mundo anda por si mesmo). Segundo o grande escritor Eduard Heimann: “Para os fisiocratas, a supremacia da natureza significava a produtividade exclusiva do solo”. Eles estigmatizavam como estéreis a simples manufatura e trabalho de processamento. É claro que não negavam ser indispensáveis o trabalho industrial, assim como outros. Mas preferiam ignorar o fato, a favor da noção limitada de que somente as indústrias extrativas, trabalhando com a natureza, criam novos núcleos adicionais de riqueza, enquanto o trabalho de processamento apenas modifica esses núcleos, de uma forma para a outra. Escola Clássica A Escola de Manchéster, mais conhecida como Escola Clássica, surgiu paralelamente à consolidação da produção
capitalista na Inglaterra, a partir da Revolução Industrial. Esses novos teóricos defendiam a plena liberdade econômica, a liberdade de mercado, a propriedade privada e o individualismo econômico. Seus principais representantes foram: Adam Smith (1723-1790) Atribuía grande importância à questão da divisão social do trabalho e, por conseguinte, à produtividade. Para o principal teórico da Escola Clássica, a riqueza de uma nação estava condicionada à capacidade que tinha, respeitando a liberdade de mercado, em estimular a produtividade e a energia criadora do trabalho do homem. Qual a força que leva a sociedade a essa multiplicação dos bens e riquezas? Em parte é o próprio mecanismo do mercado, pois o mercado reveste o poder criador do homem de um meio que o estimula, até mesmo o força a inventar, inovar, expandir e correr riscos. Há, porém, pressões ainda mais fundamentais sob a atividade incessante do mercado. Na verdade, Smith vê leis profundas de evolução que impelem o sistema de mercado numa espiral ascendente de produtividade. Thomas Robert Malthus (1766-1843) Malthus investiga em suas obras as causas que provocam a miséria da humanidade. Segundo ele, a população aumentava numa progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos aumentava em progressão aritmética. O teórico defendia a contenção do aumento da população. Sobre isso escreveu: “O homem só deveria casar-se e ter filhos quando dispusesse de recursos para sustentá-los. Caso contrário, deveria optar pelo celibato e pela castidade”. David Ricardo (1772-1823) Foi o propositor da Lei Férrea dos salários, na qual afirmava que o nível dos salários dos trabalhadores correspondia sempre ao mínimo imprescindível para mantê-los vivos, juntamente com suas famílias, permitindo-lhes perpetuar a espécie, sem aumentá-la ou diminuí-la. Na lei da renda diferencial da terra, afirmava que o preço dos alimentos era determinado pelo volume da produção das terras mais pobres cultivadas no país.
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Figura 04 - Da esquerda para direita Adam Smith, Thomas Robert Malthus e David Ricardo.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação
Enciclopédia, dirigida por Diderot e d’Alembert, uma obra de 35 volumes, editada entre 1751 e 1780, que reúne a totalidade dos conhecimentos da época. Por usarem os princípios da razão para questionar os fundamentos da sociedade em que viviam, os enciclopedistas foram considerados defensores de um pensamento revolucionário. a) Qual a característica principal do pensamento das luzes?
04. (UFMG) Leia o texto. “São verdades incontestáveis para nós: que todos os homens nascem iguais; que lhes conferiu o Criador certos direitos inalienáveis, entre os quais o de vida, o de liberdade e o de buscar a felicidade; que para assegurar estes direitos se constituíram entre os homens governos cujos poderes justos emanam do consentimento dos governados.” (Trecho da Declaração de Independência das Treze Colônias)
b) O que significa os princípios da razão?
A partir desse texto, pode-se afirmar que os ideais que leva-
c) Contra quais valores da época se dirigiam as críticas dos
ram à independência americana tiveram inspiração. a) na teoria de Estado de Jean Bodin.
pensadores iluministas? 02. (Unirio RJ) Os “déspotas esclarecidos” procuravam modificar os métodos e objetivos de ação do Estado. Em geral, apresentavam-se, apenas como “os primeiros servidores do próprio Estado”. Entre as manifestações de “despotismo esclarecido”, pode-se incluir: a) adoção de uma fraseologia dos filósofos do Iluminismo para a modernização de seus respectivos Estados. b) seu sucesso em países onde a burguesia era muito forte e atuante. c) durabilidade e coerência de suas reformas implantadas nos países da Europa ocidental. d) adaptação de princípios novos a Estados de condições socioeconômicas e políticas bastante avançadas. e) destruição da religião revelada e da autoridade da Igreja, através de precoces ideias do materialismo histórico. 03. (PUC RJ) “Movimento intelectual portador de uma visão unitária do mundo e do homem, o Iluminismo, apesar das diversidades de leituras que lhe são contemporâneas, conservou uma grande certeza quanto à racionalidade do mundo e do homem.” (Francisco Falcon - Iluminismo)
O movimento Iluminista, no século XVIII, representou a a) crítica ao mecanismo, fundamentada nos dogmas do pensamento religioso católico. b) justificativa da dominação do homem pelo homem, representada nas práticas escravistas. c) defesa da teocracia pontifícia, frente aos abusos cometidos pela monarquia absoluta. d) afirmação das ideias do progresso e natureza, o que permitiu o avanço do conhecimento racional. e) subordinação ideológica do poder político civil às práticas e doutrinas da Igreja contrarreformista.
b) na utopia igualitária de Thomas Mórus. c) nas obras de John Locke e dos iluministas. d) no pensamento de Santo Agostinho e Campanella. 05. (UEPB) No final do século XVII, na Inglaterra, teve início um movimento intelectual conhecido como Iluminismo. Entretanto, este movimento alcançou seu apogeu na França no século XVIII. Dentre os principais pontos defendidos pelos iluministas, podemos destacar. a) Oposição ao Estado absolutista, propondo a superação do direito divino dos Reis. b) Crítica à postura da Igreja, símbolo das classes reacionárias. c) Defesa da não intervenção do Estado na Economia. d) Apologia ao materialismo mecanicista, significativa referência para o pensamento tecnofilosófico do período. e) Todas as alternativas estão corretas. 06. (UFPB) Na Europa, o Iluminismo foi a corrente de pensamento mais inovadora do século XVIII, tendo grande importância também nos períodos históricos posteriores. A partir dessa afirmação, é correto dizer que o Iluminismo a) cultuava o irracionalismo, o poder místico e a cabala, tendo por principais expoentes, Nicolau de Cuss, Rousseau e Nostradamus. b) defendeu, com base na Razão, a organização social baseada na cidadania e na civilização, lutando contra o Absolutismo e os monopólios coloniais. c) defendeu a ideia da natureza divina do poder dos reis e ajudou a legitimar o despotismo das monarquias europeias. d) fundamentou as forças contrarias à Revolução Francesa, defendendo os monopólios coloniais como política econômica. e) defendeu a ligação entre Fé e Razão, cultuando assim, um misticismo, oriundo da Antiguidade, como caminho para a liberdade.
Questão 01. a) Consoante a noção racionalista de Progresso, o Iluminismo objetivava tornar os homens senhores de si mesmos, livrando-os do medo, dissolvendo os mitos e substituindo a imaginação pelo saber. b) Para os iluministas, a pesquisa da realidade guiada pela razão significa a lúcida compreensão do mundo afastando os mistérios, as crendices que fundamentavam a sociedade dividida em ordens, característica do Antigo Regime, baseadas no privilégio no nascimento. c) Os iluministas criticavam no plano da economia o sistema colonial baseado no monopólio, que controlava os negócios. No plano social, a crítica se direcionava à divisão da sociedade em ordens, o que barrava a ascensão dos burgueses. No plano político, criticavam o absolutismo monárquico, baseado no Direito Divino e finalmente, no plano do conhecimento, atacavam as crendices, os mistérios, pregando a razão como guia para o progresso humano.
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A11 Iluminismo
01. (Unicamp SP) O pensamento iluminista do século 18 tem na
o esaram abseno na ugal, íses, eenovar nos, al ao
História
Exercícios Complementares 01. (UFJF MG) Sobre a política reformista empreendida por alguns soberanos europeus no século XVIII, que ficou conhecida como “Despotismo Esclarecido”, marque a alternativa ERRADA. a) Foi uma política reformista visando à modernização dos Estados por seus respectivos soberanos, com um discurso semelhante ao dos filósofos iluministas; b) Sua justificação ideológica pode ser encontrada no iluminista Voltaire, que defendia a necessidade de uma monarquia centralizada, na qual o governante seria assessorado pelos filósofos; c) Um exemplo de utilização de princípios do “Despotismo Esclarecido” pode ser encontrado na política do Marquês de Pombal em relação aos jesuítas, no Império Português; d) Os “déspotas esclarecidos” serviram-se de algumas ideias iluministas para reafirmar o caráter absoluto de seu poder; e) Diante da oposição da nobreza e do clero, os “déspotas esclarecidos” recorriam frequentemente ao apoio das classes populares.
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02. (UEPG PR) Inspirados no Iluminismo, particularmente nas concepções de Voltaire, alguns soberanos como os da Prússia, Rússia, Áustria, Espanha e Portugal realizaram reformas com o objetivo de adequar as estruturas econômicas de seus Estados ao sistema capitalista em ascensão. Sobre esta política, que variou conforme as circunstâncias de cada país e que foi denominada Despotismo Esclarecido ou Reformismo Ilustrado, assinale o que for correto. 01. Os déspotas esclarecidos utilizaram os ensinamentos do Iluminismo, sem abrir mão do absolutismo na prática política. 02. O Iluminismo foi uma corrente de pensamento em constante progressão, absolutamente incompatível com experiências políticas autoritárias. 04. Os países que adotaram esse sistema apresentavam pontos comuns como: economia fundamentada em princípios mercantilistas, e capital, técnica e burguesia incipientes. 08. Os déspotas esclarecidos favoreceram a participação popular em seus governos. 16. Em suas reformas, os déspotas esclarecidos se fixaram, com algumas variações, nos seguintes pontos: relação Igreja–Estado, racionalização da economia, e reformas sociais. 03. (Acafe SC) No século XVlll, vários pensadores europeus promoveram uma revolução intelectual na história do pensamento moderno, conhecida por Iluminismo. Assinale a alternativa que não corresponde a este contexto. a) A inspiração da filosofia iluminista assentava-se nos valores fundamentais da Igreja Católica. b) Os iluministas afirmavam que os homens eram iguais perante a natureza e as desigualdades eram fruto da sociedade.
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c) A total liberdade da vida econômica dos países, opondo-se a qualquer regulamentação, era defendida por alguns pensadores da época. d) Muitos monarcas aceitavam as ideias iluministas, mas não abandonaram o absolutismo, sendo conhecidos como déspotas esclarecidos. e) Rousseau, em sua obra O contrato social, defendia uma nova forma de relacionamento social. 04. (PUC PR) A Filosofia Iluminista possibilitou, no século XVIII, o surgimento do Despotismo Esclarecido, praticado por monarcas e príncipes, destacando-se Frederico II e José II, respectivamente na Prússia e Áustria. Assinale a alternativa correta. a) Fiéis aos seus mestres iluministas, os citados monarcas dividiram o poder com parlamentos democraticamente eleitos. b) Representantes dos nobres, os monarcas que aplicaram o Despotismo Esclarecido nada fizeram pela instrução pública, pois pensavam que a instrução popular poderia levar às revoluções contestadoras da monarquia. c) Os Déspotas Esclarecidos renunciaram à guerra como fórmula política, sendo o exemplo dado inicialmente por Frederico II. d) A exemplo do rei José II, de Portugal, e do seu ministro Marquês de Pombal, todos os Déspotas Esclarecidos perseguiram os jesuítas ou inacianos. e) No plano econômico, os Déspotas Esclarecidos aplicaram a Fisiocracia, incentivaram a agricultura e intervieram, regulamentando, a economia. 05. (UFF RJ) O iluminismo do século XVIII foi responsável por novas ideias e possibilidades de leitura do mundo e da sociedade. Considere desdobramentos da afirmativa acima e numere a coluna a seguir : ( ) O Contrato Social de J. J. Rousseau ( ) A Enciclopédia orientada por Diderot e D`Alembert ( ) Progresso ( ) Liberdade, Igualdade e Fraternidade (1) Obra de relevante importância dentre as produzidas pelos filósofos das luzes. (2) Empreendimento literário-científico que pretendeu sistematizar todo o conhecimento da época. (3) Lema central das ideias de oposição ao Antigo Regime, presente na propaganda da Revolução Francesa. (4) Principal ideia das teorias iluministas acerca do desenvolvimento da história humana. (5) Síntese do pensamento jacobino na etapa final da Revolução Francesa.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
a) 1,2,4,3 b) 2,1,3,4 c) 2,3,4,5 d) 4,3,2,5 e) 5,2,1,3 06. (UEPB) Dentre as alternativas abaixo relacionadas, assinale a que NÃO se relaciona com o Iluminismo. a) Movimento de renovação intelectual e filosófica que atingiu seu melhor momento na França do século XVIII. b) Teve como fundamento o racionalismo e a ideia de que o progresso é possível, na medida em que o homem se desfaz do obscurantismo e das superstições. c) Seus pressupostos entraram em contradição com o aparato tecnológico necessário para a implementação da revolução na indústria. d) No plano filosófico, contribuiu para o debate em torno do material mecanicista e no combate à concepção teológica do Universo. e) Suas propostas políticas serviram de referência teórica para a Revolução Francesa e os movimentos de libertação na América. 07. (UFF RJ) O Iluminismo do século XVIII abrigava, dentre seus valores, o racionalismo. Tal perspectiva confrontava-se com as visões religiosas do século anterior. Esse confronto anunciava que o homem das luzes encarava de frente o mundo e tudo nele contido: o Homem e a Natureza. O iluminismo era claro, com relação ao homem: um indivíduo capaz de realizar intervenções e mudanças na natureza para que essa lhe proporcionasse conforto e prazer. Seguindo esse raciocínio, pode-se dizer que, para o Homem das Luzes, a Natureza era a) misteriosa e incalculável, sendo a base da religiosidade do período, o lugar onde os homens reconheciam a presença física de Deus e sua obra de criação. b) infinita e inesgotável, constituindo-se um campo privilegiado da ação do homem, dando em troca condição de sobrevivência, principalmente no que se refere ao seu sustento econômico. c) apenas reflexo do desenvolvimento da capacidade artística do homem, pois ajudava-o a criar a ideia de um progresso ilimitado relacionado à indústria. d) um laboratório para os experimentos humanos, pois era reconhecida pelo homem como a base do progresso e entendimento do mundo; daí a fisiocracia ser a principal representante da industrialização iluminista. e) a base do progresso material e técnico, fundamento das fábricas, sem a qual as indústrias não teriam condições de desenvolver a ideia de mercado.
08. (UFF RJ) O texto abaixo proclama, ao mesmo tempo, a igualdade entre os homens e a preservação do direito de propriedade, cuja distribuição entre os homens é habitualmente muito desigual. “1 - Os homens nascem e permanecem livres e iguais quanto aos direitos. As distinções sociais só podem ser baseadas na utilidade comum. 2 - A finalidade de toda associação política é a preservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Tais direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.” (Declaração dos direitos do homem e do cidadão - 26 de agosto de 1789) No contexto das ideias liberais da época em que o documento foi redigido, é correto o seguinte comentário. a) O caráter contraditório do documento se deve a que a Assembleia Nacional Constituinte quis contentar a todas as facções. b) Não é contraditório que o texto proclame, ao mesmo tempo, a igualdade e o direito de propriedade, já que se pretendia estender o acesso à propriedade a todos os franceses. c) É contraditória, no texto, a proclamação simultânea da igualdade e do direito de propriedade, já que, se a distribuição da propriedade for desigual, torna-se impossível a igualdade. d) É contraditória, no texto, a proclamação simultânea, da igualdade e do direito de propriedade, já que o voto censitário fazia com que só os ricos influíssem politicamente. e) Não é contraditório que o texto proclame, ao mesmo tempo, a igualdade e o direito de propriedade, já que a liberdade a que se refere é exclusivamente civil, legal e institucional. 09. (UFMS) A burguesia francesa adotou as ideias iluministas desenvolvidas no século XVII e começos do século XVIII, sobre as quais é correto afirmar que: 01. Grande parte das ideias iluministas foram desenvolvidas na Enciclopédia Francesa, dirigida por D’Alembert e Diderot. 02. A França não foi o berço do Iluminismo, visto que os pensadores dos séculos XVII e XVIII inspiraram-se na filosofia germânica. 04. John Locke foi um dos principais responsáveis pela construção das ideias liberais na Inglaterra e, também, exerceu poderosa influência no Iluminismo francês. 08. Dentre as bases filosóficas do Iluminismo, pode-se mencionar o uso da Razão e a construção ideal de uma sociedade voltada para a satisfação da felicidade dos homens, através de um Contrato Social como garantia da liberdade e de respeito aos direitos do povo. 16. Os iluministas defendiam o princípio da liberdade, mas reconheciam ser impossível transformar a sociedade do Antigo Regime Feudal e apoiavam os governos absolutistas com algumas restrições. 32. Dentre os principais nomes do pensamento iluminista francês pode-se elencar: François-Marie Arouet, cujo pseudônimo era Voltaire, e Jean Jacques Rousseau.
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A11 Iluminismo
Assinale a opção que apresenta a sequência correta da numeração.
FRENTE
A
HISTÓRIA
MÓDULO A12
ASSUNTOS ABORDADOS n Revolução Industrial n Contexto e usos do maquinário n As consequências da Revolução Industrial
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL As três Revoluções que ocorreram desde meados do século XVIII até o início do século XIX – Americana, Industrial e Francesa – são o ponto de referência para uma profunda alteração econômica, social e política que acabaria por afetar todo o mundo. Essas revoluções marcam o início da Era Contemporânea. Embasadas em prerrogativas do Iluminismo europeu, elas assinalaram a queda do Antigo Regime absolutista e deram início a uma nova era caracterizada por um “Novo Regime” de sociedades liberais que se fez presente ao longo do século XIX. A Revolução Industrial não pode ser entendida como um processo que ocorreu de forma homogênea, nem que tenha sido um fenômeno uniforme. O processo de Revolução tem a Inglaterra como pioneira, já que essa nação une elementos essenciais para o desenvolvimento das máquinas que não se produziam em outros países. O grande desenvolvimento de seu comércio favorecido pelo seu Império colonial havia criado condições para a acumulação de capitais que poderiam ser utilizados nessa nova etapa produtiva, pois havia uma grande demanda de produtos de uso comum, tanto para o consumo interno, quanto para o consumo das colônias, o que impulsionou o processo de maquinofatura (produção de artefatos por meio do uso de máquinas).
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 01 - Ferro e Carvão, por William Bell Scott. 1855-1860.
Além disso, podem ser destacados outros elementos como base para a industrialização, como: a existência de uma burguesia politicamente forte, graças ao processo de limitação do poder real que se processou em virtude da Revolução Gloriosa; a existência de uma poderosa marinha mercante, que foi viabilizada pelos Atos de Navegação empreendidos por Oliver Cromwell em 1651; as grandes reservas carboníferas que deram o suporte da energia de que as novas indústrias necessitavam; e os reflexos dos enclosures, política de cercamentos dos campos ingleses que liberou grande contingente de mão de obra para as cidades, além de garantir o fornecimento de uma das principais matérias-primas para as fábricas - a lã. Na Inglaterra, a indústria têxtil foi a primeira a aproveitar os avanços tecnológicos, como a lançadeira volante que diminuía brutalmente o tempo de execução do trabalhador. Pouco depois, surge a primeira máquina acionada por força hidráulica que fabricava tecidos finos de algodão. Até então a produção de algodão inglesa era insuficiente para atender ao mercado interno, obrigando-a a importar da Índia. Em 1769, o invento de James Watt da máquina a vapor foi aplicado na indústria têxtil, sendo utilizado, a posteriori, em outros setores industriais, além dos transportes, como ferrovias e embarcações. As máquinas inventadas na Inglaterra foram um modelo a ser seguido pelos outros países da Europa, onde a industrialização foi um pouco mais tardia. Em meados do século XIX, outras nações já haviam se industrializado, como a França, a Bélgica e a Alemanha. A partir de 1850, o modelo de industrialização entra na Segunda Fase, quando o carvão e o ferro, que eram as bases motrizes dos primórdios da Revolução, foram gradativamente substituídos pelo petróleo e pela eletricidade.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Contexto e usos do maquinário Aumento demográfico Na Europa, entre os anos de 1800 e 1900, houve um grande aumento populacional. De aproximadamente 180 milhões de habitantes, no início do século XIX, chega-se a 430 milhões nos primeiros anos do século XX. Só na Inglaterra, o crescimento é de 11 milhões para 41 milhões. Os fatores que contribuíram para esse grande aumento são múltiplos, destacando-se como o principal o progresso da medicina.
Fonte: Wikimedia Commons
O desenvolvimento da cirurgia, a descoberta do bacilo da tuberculose, o uso da anestesia e a adoção de medidas higiênicas nos hospitais evitaram mortes e contágios desnecessários. Além disso, é válido destacar o sistema de construção de redes de esgoto e a desinfecção das águas para as cidades. A importância desse processo é que além de aumentar, houve um rejuvenescimento, ampliando, dessa forma, a população economicamente ativa.
Figura 02 - Gravura retratando o interior de uma fábrica na Alemanha. Por artista desconhecido, 1868.
A agricultura
A12 Revolução Industrial
A aplicação de novas técnicas de trabalho na agricultura, somada às novas invenções técnicas, favoreceu o melhoramento do trabalho do homem. A utilização de arados triangulares e de outras inovações contribuiu sobremaneira para o aperfeiçoamento das técnicas produtivas no campo. Além disso, as novas aplicações da Química, associadas ao solo, criaram condições para um considerável aumento na produção de carne, lã e peles. O investimento em maquinário agrícola permitiu uma grande melhora nos cultivos e acabou por gerar uma acumulação de capitais que podiam ser investidos no aumento da produtividade, como em outros setores da economia. Mesmo com a diminuição da população rural, em virtude da grande migração de camponeses para a cidade industrial, assim como para outros países, a modernização da agricultura compensou esse decréscimo de mão de obra com o aumento do volume de produção. 545
História
A revolução nos transportes A melhora gerada pela industrialização nos transportes é sentida a partir da utilização da máquina a vapor nas ferrovias e nas barcas. Uma das grandes ações desse empreendimento foi desenvolvida a partir de 1856 pelo processo Bessemer que permitiu a utilização do aço na formatação fabril. A partir daí, o aço passa a ser o elemento básico na constituição de ligas metálicas utilizadas em locomotivas, cascos de barcos e outros utensílios fabris. A primeira linha de ferrovias foi aberta em 1825, entre Stockton e Darlington, sendo seguida pouco depois pela inauguração da linha regular Liverpool-Manchéster. As consequências da utilização das ferrovias foram de grande importância para a economia ao facilitar o traslado de mercadorias e produtos agrários, permitindo a especialização de cultivos que seriam posteriormente exportados, dando, assim, saída aos excedentes de produção e mais tarde abrindo caminho para a importação de todos os tipos de artigos. Outro grande fator pode ser destacado por meio do impulso à indústria metalúrgica, em virtude da grande demanda de aço para a fabricação de trilhos e vagões. No tocante ao transporte marítimo e fluvial, os novos barcos tiveram maior facilidade para se adaptar às máquinas a vapor, em comparação às ferrovias. As máquinas a vapor aplicadas aos barcos foram aperfeiçoadas até serem impostas de forma definitiva em 1880. A revolução dos transportes facilitou a emigração, sendo que aproximadamente 40 milhões de europeus deixaram seus países entre 1800 e 1930. Os países que mais receberam imigrantes foram os Estados Unidos e o Canadá. Outras consequências positivas foram a aproximação de centros produtores de centros consumidores, tanto nacional quanto internacionalmente; a especialização geográfica da produção; a abertura de vastas regiões ao comércio e à possibilidade de multiplicar o intercâmbio. No tocante ao caráter militar, é importante destacar a facilidade de deslocamento de tropas e equipamentos.
As consequências da Revolução Industrial A grande mudança que se produziu na sociedade com a Revolução Industrial, assim como as outras revoluções burguesas, foi a substituição do caráter estamental, estado em que o indivíduo adquire seu status por nascimento, por uma sociedade classista, em que a classe social estava determinada pelos bens materiais. As consequências imediatas foram o aumento do poder da burguesia e a consolidação do Capitalismo como sistema econômico. O Capitalismo, baseado na propriedade privada dos meios de produção, criou condições para o aparecimento do proletariado, nova classe social formada por trabalhadores que viviam exclusivamente de seu salário e que tiveram sua vida marcada pela pobreza e pela miséria. Com salários baixíssimos, eles laboravam em fábricas e minas por exaustivas jornadas. Não conseguiam nem mesmo manter suas necessidades básicas. Não obstante, deve-se destacar que além do trabalho masculino, as fábricas também contavam com o trabalho feminino e infantil. Mulheres e crianças eram submetidas a uma exploração ainda maior, pois recebiam salários menores. Essas circunstâncias conduziram os trabalhadores a constantes lutas contra as injustiças e por melhores condições de vida e trabalho. Suas manifestações eram vistas por meio de greves que se processavam de forma pacífica, mas também por movimentos violentos que chegavam inclusive a destruir as máquinas por julgarem-nas causadoras de sua precária condição. Diante desse quadro, o governo britânico foi o primeiro a estabelecer leis trabalhistas para pacificar as relações entre patrões e empregados. Pouco a pouco, outros países europeus foram adotando leis trabalhistas, o que não inviabilizou a situação de distância entre burguesia e proletariado.
A12 Revolução Industrial
Figura 03 - Mulher trabalhando em máquinas têxteis, na American Woolen Company, em Boston.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação
(trechos de WEIL, Simon. A condição operária e outros estudos sobre a opressão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p.68.)
Sobre a condição dos trabalhadores no início da Revolução Industrial e correto afirmar que a) realizavam trabalho em condições subumanas, com jornadas de 15 ou mais horas diárias. b) tinham conquistado direito a jornada de trabalho de 8 horas diárias e férias remuneradas. c) gozavam de tempo para o estudo, a reflexão e o lazer. d) não sofriam acidentes de trabalho, visto a segurança e a disciplina fabril. e) gozavam de condições dignas de trabalho e de espaços salubres para exercer suas tarefas. 02. (Unesp SP) Observe a imagem, cena do personagem Carlitos no filme Tempos modernos, 1936.
Tempos modernos, de Charles Chaplin, representa a situação econômica e social dos Estados Unidos da América dos anos trinta do século passado. No filme, as aventuras de Carlitos transcorrem numa sociedade a) capitalista em desenvolvimento e conflagrada pelos movimentos operários de destruição das máquinas. b) globalizada, em que o poder financeiro tornava desnecessário o uso das máquinas na produção de mercadorias. c) imperialista e mecanizada, que aplicava os lucros adquiridos na exploração dos países pobres em benefício dos operários americanos. d) abalada pelo desemprego e caracterizada pela submissão do trabalho humano ao movimento das máquinas. e) pós-capitalista, na qual o emprego da máquina libertava o homem da opressão do trabalho industrial.
03. (UFPE) A Revolução Industrial foi importante marco da história contemporânea no Ocidente, representando a consolidação das mudanças sugeridas pelos economistas clássicos. Essa revoluçãoa) na Inglaterra, teve como uma de suas razões as importantes mudanças na organização da produção agrícola. b) efetivou-se com a contribuição de capitais franceses e holandeses atuantes na Inglaterra. c) concentrou-se, em seus vários períodos, em território inglês, sem maiores repercussões para o restante da Europa. d) resultou do financiamento de capitais oriundos exclusivamente da escravidão colonial. e) possibilitou a afirmação do ideário iluminista, consagrando a liberdade do operariado.
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04. (Enem MEC) Homens da Inglaterra, por que arar para os senhores que vos mantêm na miséria? Por que tecer com esforços e cuidado as ricas roupas que vossos tiranos vestem? Por que alimentar, vestir e poupar do berço até o túmulo esses parasitas ingratos que exploram vosso suor — ah, que bebem vosso sangue? SHELLEY. Os homens da Inglaterra. Apud HUBERMAN, L. História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
A análise do trecho permite identificar que o poeta romântico Shelley (1792-1822) registrou uma contradição nas condições socioeconômicas da nascente classe trabalhadora inglesa durante a Revolução Industrial. Tal contradição está identificada a) na pobreza dos empregados, que estava dissociada da riqueza dos patrões. b) no salário dos operários, que era proporcional aos seus esforços nas indústrias. c) na burguesia, que tinha seus negócios financiados pelo proletariado. d) no trabalho, que era considerado uma garantia de liberdade. e) na riqueza, que não era usufruída por aqueles que a produziam. 05. (Enem MEC) A evolução do processo de transformação de matérias-primas em produtos acabados ocorreu em três estágios: artesanato, manufatura e maquinofatura. Um desses estágios foi o artesanato, em que se a) trabalhava conforme o ritmo das máquinas e de maneira padronizada. b) trabalhava geralmente sem o uso de máquinas e de modo diferente do modelo de produção em série. c) empregavam fontes de energia abundantes para o funcionamento das máquinas. d) realizava parte da produção por cada operário, com uso de máquinas e trabalho assalariado. e) faziam interferências do processo produtivo por técnicos e gerentes com vistas a determinar o ritmo de produção.
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A12 Revolução Industrial
01. (UFMA) “As mulheres são metidas num trabalho inteiramente maquinal, no qual só se lhes pede rapidez. Quando digo maquinal, nem imagine que seja possível sonhar com outra coisa enquanto se trabalha e muito menos refletir. Não. O trágico dessa situação é que o trabalho é maquinal demais para fornecer assunto ao pensamento, e, além disso, impede qualquer outro pensamento. Pensar é ir menos depressa, ora há normas de rapidez estabelecidas por burocratas sem piedade e que é preciso cumprir, para não ser despedido.”
06. (U d d m à o ro in o
strial unda ou a pitapital ubsáquiergia donstiação ento
História
Exercícios Complementares 01. (Uncisal AL) A criação de um proletariado despossuído de qualquer propriedade, (...) cultivadores vítimas de expropriações violentas repetidas, foi necessariamente mais rápida que sua absorção pelas nascentes manufaturas. (...) Forma-se uma massa de mendigos, ladrões e vagabundos. Desde o final do século XV e durante todo o século XVI na Europa Ocidental foi criada uma legislação sanguinária contra o ócio. Os pais da atual classe operária foram castigados por terem sido reduzidos à situação de vagabundos e pobres. A legislação os tratava como criminosos voluntários; ela pressupunha que dependia de seu livre arbítrio continuar a trabalhar como antes. (Karl Marx, O Capital. 1969)
A12 Revolução Industrial
A situação apontada por Marx refere-se ao processo histórico a) das revoluções anticapitalistas, ocorridas na Europa, contra as quais a burguesia determinou severa repressão. b) das revoltas operárias, como o ludismo, voltadas à destruição das máquinas e à exploração por elas causada. c) da Revolução Francesa, na qual os trabalhadores foram transformados em massa de manobra dos interesses burgueses. d) do cercamento dos campos, com o deslocamento de um grande contingente de despossuídos da sua área rural de origem para os centros industriais. e) da Revolução Industrial, quando os criminosos eram expulsos das fábricas e proibidos de trabalhar em outra ocupação, pela legislação vigente. 02. (Udesc SC) Assinale a alternativa incorreta, sobre a industrialização. a) Nunca houve na história um tipo de sociedade industrial que não fosse nomeada e produtivamente capitalista, ou seja, não há indústria em uma sociedade que não seja capitalista. b) A industrialização se caracteriza pela produção em larga escala, localizada em estabelecimentos fabris, com uso de maquinaria e grande quantidade de mão de obra, com o objetivo de atingir um mercado consumidor. c) A industrialização é um processo, nesse sentido se relacionam as etapas anteriores de produção, como nas manufaturas dos séculos XV, XVI e XVII, nas quais já era possível notar algumas das características da industrialização. d) A Inglaterra é considerada uma das nações pioneiras no processo de industrialização. e) O conceito de industrialização implica uma série de elementos específicos, como: as descobertas científicas e seu emprego nas atividades produtivas; uma combinação entre as atividades de produção e de consumo; o merca-
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do; o contrato; a moeda como instituições que norteiam a troca entre produtores e consumidores etc. 03. (Enem MEC) Os cercamentos do século XVIII podem ser considerados como sínteses das transformações que levaram à consolidação do capitalismo na Inglaterra. Em primeiro lugar, porque sua especialização exigiu uma articulação fundamental com o mercado. Como se concentravam na atividade de produção de lã, a realização da renda dependeu dos mercados, de novas tecnologias de beneficiamento do produto e do emprego de novos tipos de ovelhas. Em segundo lugar, concentrou-se na inter-relação do campo com a cidade e, num primeiro momento, também se vinculou à libertação de mão de obra. RODRIGUES, A. E. M. Revoluções burguesas. In: REIS FILHO, D. A. et al (orgs.) O Século XX, v. l. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2000 (adaptado).
Outra consequência dos cercamentos que teria contribuído para a revolução Industrial na Inglaterra foi o a) aumento do consumo interno. b) congelamento do salário mínimo. c) fortalecimento dos sindicatos proletários. d) enfraquecimento da burguesia industrial. e) desmembramento das propriedades improdutivas. 04. (UEFS BA) No final do século XVIII, enquanto a revolução pela liberdade e igualdade disseminava-se pela França e se propagava em ondas por toda a Europa, um tipo diferente de revolução, a revolução na indústria, transformava a vida dos britânicos. (PERRY, 1999, p. 352). De acordo com o texto e com os conhecimentos sobre a Revolução Industrial, é correto afirmar: a) A “revolução pela liberdade” era um ideal que se confrontava com as diretrizes da primeira Revolução Industrial. b) O lema de igualdade pregado pela Revolução Francesa contribuiu para a socialização dos meios de produção entre capitalistas e operários. c) A “revolução na indústria” que alcançou o século XIX, definiu nova forma de organizar a produção e a distribuição de mercadorias. d) O progresso no setor agrícola dificultou a expansão da “revolução na indústria” pelos países da Europa Continental. e) A “revolução na indústria” transformou a vida dos britânicos por permanecerem isolados em uma ilha. 05. (Unifor CE) Sistema capitalista se caracteriza pela propriedade privada dos meios de produção, trabalho livre assalariado e acumulação de capital (riqueza). É um sistema representado pelo mercado baseado na iniciativa privada, racionalização dos meios de produção e exploração de
Ciências Humanas e suas Tecnologias
06. (Unifor CE) A Europa passou por uma mudança significativa no que se refere ao sistema de produção, no século XVIII, com a introdução da “Revolução Industrial”, iniciada na Inglaterra, fortalecendo o sistema capitalista e solidificando suas raízes na Europa e em outras regiões do mundo. A Revolução Industrial modificou o sistema de produção, pois colocou a máquina para fazer o trabalho que antes era realizado pelos artesãos. Marque a alternativa correta em relação à evolução do capitalismo por impulso da Revolução Industrial a) A Revolução Industrial Inglesa foi disseminada, inicialmente, nos Estados Unidos, que nessa época já era a maior potência econômica do mundo. b) O princípio da Revolução Industrial foi possível pelos avanços tecnológicos da invenção da máquina à vapor e caracterizou-se por um tripé da Indústria Têxtil, da Siderurgia e da Mineração. c) O princípio fundamental para o sucesso da Revolução Industrial foi a estatização dos meios de produção. d) As maiores invenções da Revolução Industrial no século XVIII foram o automóvel, a televisão, o telefone e a geladeira. e) Com o surgimento das primeiras indústrias na Inglaterra, aconteceu uma forte migração de trabalhadores das cidades para o campo, onde estavam instaladas essas fábricas. 07. (UEPG PR) Compreende-se por Revolução Industrial o conjunto de mudanças tecnológicas com impacto no processo produtivo e consequências econômicas e sociais, iniciadas no século XVIII na Inglaterra e que se expandiu ao redor do mundo no século XIX. A respeito da Revolução Industrial, assinale o que for correto. 01. Antes da Revolução Industrial, as atividades produtivas eram manuais e artesanais, no máximo, empregando algumas máquinas simples.
02. Com a Revolução Industrial, o controle do processo produtivo ficou restrito aos patrões, uma vez que estes passaram a contratar os operários, comprar a matéria prima e, por consequência, ficavam com o lucro da produção. 04. Do ponto de vista filosófico, o liberalismo, conjunto de ideias originalmente concebidas por Adam Smith, deu suporte para o desenvolvimento da Revolução Industrial. 08. Em razão dos desdobramentos da Revolução Industrial, o século XIX foi marcado pela hegemonia britânica, pelo contínuo avanço tecnológico, pela expansão colonialista e pelo início das lutas dos trabalhadores. 16. O movimento ludista e o movimento cartista são exemplos de ações promovidas pelos trabalhadores com o objetivo de questionar as condições de trabalho e de vida geradas pela Revolução Industrial. 08. (Mackenzie SP) “Implantadas primeiramente na indústria automobilística Ford, nos Estados Unidos, as esteiras levavam o chassi do carro a percorrer toda a fábrica. Os operários distribuíam-se lateralmente e montavam o carro com peças que chegavam a suas mãos em outras esteiras rolantes. Esse método de racionalização da produção em massa foi chamado de fordismo(...)O fordismo integrou-se às teorias do engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor, o taylorismo, que visava ao aumento da produtividade, controlando os movimentos das máquinas e dos homens no processo de produção.” (Cláudio Vicentino)
O empresário Henry Ford era, durante a década de 1920, o homem mais rico do mundo e o maior industrial do novo século. Além da reorganização das bases do sistema de produção de automóveis, ele fixou a jornada de trabalho de seus funcionários, em 1913, em 8 horas e o salário em US$ 2,34 por dia. Em janeiro de 1914, elevou para US$ 5,00 por dia o salário mínimo em suas empresas. Tal política adotada por Henry Ford, de expressivo aumento salarial a seus funcionários, deveu-se a) à certeza de que, com melhores salários, seriam contratados somente os mais capacitados operários americanos, não necessitando recorrer à força de trabalho de imigrantes e minorias. b) a uma estratégia de marketing inovadora e impactante que atrairia, de forma positiva, a atenção da imprensa e do público a favor do trabalho coletivista. c) à determinação, por parte desse empresário, de manter relações cordiais com os sindicatos e de aumentar o seu prestígio junto às lideranças políticas e religiosas do seu país. d) à vantagem da permanência dos operários que conseguissem garantir o elevado ritmo de produtividade, além de permitir que os mesmos se tornassem futuros consumidores dos automóveis da empresa. e) ao ideal político adotado por Henry Ford de que, somente com um novo modelo de operário fiel à empresa, eficiente e solidário, poderiam ser lançadas as bases que, futuramente, originariam as relações socialistas no país. 549
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oportunidades de mercado para efeito de lucro. No século XVIII, a economia passou por mudanças significativas no que se refere ao sistema de produção. A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, fortaleceu o sistema capitalista e solidificou suas raízes na Europa e em outras regiões do mundo. Sobre o assunto, é correto afirmar. a) O Início do capitalismo como sistema econômico só foi possível pela forte intervenção governamental na economia dos países desenvolvidos. b) A Revolução Industrial modificou o sistema de produção, com a nova forma de produção- a fabril, pois colocou a máquina para fazer o trabalho que antes era realizado pelos artesãos. c) A Revolução Industrial surge na Inglaterra no século XVIII, mas os Estados Unidos já eram considerados, na época, a maior economia do mundo. d) A base tecnológica da Revolução Industrial inglesa, no seu início, foi indústria automobilística desenvolvida pelos americanos e pelos ingleses, com a descoberta do petróleo como combustível. e) Depois do surgimento da Revolução Industrial inglesa, todos os países da Europa e do continente americano apresentaram elevado crescimento econômico baseado na indústria.
FRENTE
A
HISTÓRIA
Exercícios de Aprofundamento 01. (UEM PR) Sobre a colonização europeia da América do Norte, no início da época moderna, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01. De acordo com os termos do Tratado de Tordesilhas, firmado entre Espanha e Portugal, no final do século XV, a totalidade do território da América do Norte pertenceria à Espanha. 02. A colonização inglesa da América do Norte processou-se, de forma duradoura e definitiva, nas primeiras décadas do século XVII. 04. Ao norte, nas treze colônias, predominou uma economia baseada no trabalho livre e na pequena propriedade. 08. Após vencer os conflitos com a Espanha pela posse dos territórios, a Inglaterra manteve absoluto controle sobre a totalidade da América do Norte. 16. Nos primeiros tempos da colonização inglesa, a fim de viajar com sua família da Inglaterra para as colônias americanas, camponeses ingleses comprometiam-se a trabalhar por um determinado tempo para pagar os gastos de transporte. 02. (Unioeste PR) Comparando-se o processo colonizador na América Inglesa, Espanhola e Portuguesa, é possível afirmar 01. que tiveram como consequência, em geral, o extermínio das populações nativas. 02. que fatores ligados à intolerância religiosa e política marcaram, acentuadamente, o deslocamento populacional para a América nos três casos. 04. que, diferentemente da situação encontrada na Espanha e em Portugal, a Inglaterra, no séc. XVIII, encontrava-se com um excedente populacional que favoreceu o deslocamento para a América. 08. que, nos sécs. XVI e XVII, as colônias inglesas da Nova Inglaterra (América do Norte) desenvolveram a cultura do tabaco e do algodão para atender ao lucrativo mercado europeu, da mesma forma como aconteceu no Nordeste brasileiro com a cana-de-açúcar. 16. que, na América portuguesa, o trabalho escravo foi utilizado intensamente, enquanto nas colônias espanholas predominou o trabalho compulsório dos indígenas; a primeira alternativa também foi dominante no sul do atual território dos Estados Unidos, a partir do séc. XVIII. 32. No continente americano, os ingleses desenvolveram colônias de povoamento e exploração, enquanto os espanhóis e portugueses desenvolveram apenas colônias de exploração. 03. (Acafe SC) Este ano a imprensa inglesa noticiou que multidões comemoram o 90º aniversário da rainha Elizabeth, que realizou um passeio público. A Monarquia tem uma tradição histórica na Inglaterra e boa parte do povo inglês reverenciou os noventa anos da rainha de Elizabeth. 550
Nesse contexto, e considerando as raízes históricas do atual sistema de governo da Inglaterra é correto afirmar, exceto. a) Além de garantir a propriedade privada, a Declaração de Direitos (1689), elaborada pelo Parlamento Inglês, estabelecia a superioridade do parlamento sobre o rei. b) A Revolução Gloriosa ocorreu entre 1688 e 1689, determinando o fim do absolutismo monárquico, estabelecendo a monarquia parlamentar constitucional. c) O Primeiro Ministro da Inglaterra não pode atuar em conflitos diplomáticos e na política externa, cabendo à rainha este direito, estabelecido pelo Parlamento Inglês. d) O Parlamento Inglês é formado pela Câmara dos Comuns e pela Câmara dos Lordes. Existe também a Sala da Rainha, que é aberta para o pronunciamento anual da monarca. 04. (UFRGS) Durante o século XVII, a Inglaterra experimentou um período de profundas e violentas transformações políticas, desde a eclosão da Guerra Civil Inglesa (1642-1651) até a Revolução Gloriosa (1688). Entre as principais consequências desse processo, podem ser enumeradas a) a transição do absolutismo para uma monarquia constitucional, e a limitação dos poderes políticos do monarca. b) a abolição da propriedade privada e a adoção de um sistema de terras comunais em todo o país. c) a independência das treze colônias inglesas da América do Norte e a abertura dos portos ingleses aos navios estrangeiros. d) a derrota militar das forças reformistas e a consolidação do absolutismo monárquico nas mãos de Oliver Cromwell. e) a abolição do anglicanismo e a afirmação do calvinismo como religião oficial da Inglaterra. 05. (Mackenzie SP) A Revolução Gloriosa, na Inglaterra (1688–1689), marcou o início de uma época de grande prosperidade para o país, lançando as bases para o desenvolvimento capitalista, e permitiu que o país fosse o pioneiro na Revolução Industrial do século XVIII. Podemos estabelecer uma relação entre os dois eventos porque a) o governo passou a impor a religião anglicana, dando fim aos conflitos religiosos e aos massacres entre católicos e protestantes, liberando mão de obra para as novas técnicas de produção. b) o poder real, com a retomada do absolutismo, não encontra empecilhos para dar fim ao sistema feudal e incentivar a prática capitalista para aumentar os recursos do Tesouro Nacional. c) o país, com o advento do Parlamentarismo, passou por transformações, como o acordo político e econômico entre a burguesia e a nobreza rural que, juntas, promoveram o desenvolvimento econômico. d) tanto a tolerância religiosa quanto uma maior liberdade de expressão política por parte da sociedade civil, característi-
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06. (UFPR) “A justiça sem a força é impotente; a força sem a justiça é tirânica. A justiça sem a força será contestada, porque há sempre maus; a força sem a justiça será acusada. É preciso reunir a justiça e a força; e dessa forma, fazer com que o justo seja forte, e o que é forte seja justo.” (Pascal. Pensamentos V, 298. Apud. BARROS, Alberto Ribeiro de. A teoria da soberania de Jean Bodin. São Paulo: UNIMARCO, 2001.)
Essa passagem dos Pensamentos do filósofo e matemático Blaise Pascal (1623–1662) remete à relação de equilíbrio que deve existir entre o poder político e a justiça. A respeito dessa questão central para a filosofia e a ciência política desde o século XVII, assinale a alternativa correta. a) John Locke (1632–1704) defendia que ninguém podia isentar-se das leis que regem a sociedade civil, criticando enfaticamente as teorias absolutistas, que consideravam uma prerrogativa do poder monárquico não se submeter às leis que regulavam a vida dos súditos. b) Nos séculos XVII e XVIII, as monarquias absolutistas foram controladas pelos parlamentos em toda a Europa, prevalecendo as teorias políticas constitucionais sobre a teoria do direito divino dos reis. c) Ao escrever sobre as formas de governo, Montesquieu (1689–1755) aproximou-se do pensamento político de John Locke, tornando-se um opositor da monarquia e defensor do regime republicano democrático. d) Os pensadores políticos dos séculos XVI e XVII que defenderam a causa política da monarquia eram seguidores dos princípios políticos pragmáticos enunciados por Maquiavel no começo do século XVI, mesmo que para tanto tivessem que renunciar à moral e à religião. e) Thomas Hobbes (1588–1679) foi um defensor do equilíbrio entre executivo e legislativo, pregando a necessidade de um parlamento forte que moderasse a monarquia. 07. (UFBA) Novas ideias surgiram com o Iluminismo, movimento intelectual ocorrido no século XVIII, tendo reflexos importantes em diferentes esferas da vida humana. Identifique os fragmentos de textos que correspondem corretamente a esse novo momento: 01. “O rei não obtém a coroa pela eleição do povo e, portanto, não depende da sua aprovação.” 02. “É possível estabelecer com simplicidade o núcleo da ideia do contrato social; cada um de nós coloca sua pessoa e autoridade sob a direção suprema da vontade geral (...).” 04. “Para que não se possa abusar do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder suspenda o poder.” 08. “Que cada um seja livre de cultivar no seu campo as produções que o seu interesse, as suas faculdades e a natureza do Terreno lhe sugiram para obter a maior produção possível (...) Que se mantenha a mais inteira liberdade de comércio (...)”
16. “As colônias não podem esquecer jamais o que devem à mãe-pátria pela prosperidade de que desfrutem. Devem (...) dar à metrópole maior mercado aos seus produtos (...).” 32. “ (...) O progresso dos conhecimentos desenvolve a fé em um progresso contínuo da humanidade, em direção a um estágio superior.” 64. “De todas as classes que ora enfrentam a burguesia, só o proletariado é uma classe verdadeiramente revolucionária (...).” 08. (UFF RJ) A Revolução Industrial ocorrida ao longo do século XVIII está vinculada à história da Inglaterra no seu nascedouro. Entretanto, à medida que o capitalismo foi se consolidando, a ideia de Revolução Industrial começou a ser associada a um conceito universal e ganhou vários sinônimos, dentre os quais, a) republicanização, que orientava os novos processos de organização da política, a intervenção no mercado e a Revolução Francesa. b) modernização, que indicava a manutenção da economia mercantilista, a centralização do Estado e o crescimento das camadas médias. c) industrialização, que significava a alteração nos processos de produção, a concretização da economia de mercado e a ascensão da burguesia. d) maquinização, que mostrava a crescente expansão do artesanato, da agricultura e da fisiocracia como modelos de crescimento. e) tecnificação, que definia o processo industrial como dependente das modificações na agricultura e também do agrarismo, sendo controlado politicamente pela nobreza urbana. 09. (UEM PR) A consolidação da sociedade capitalista é um dos resultados da Revolução Industrial ocorrida na Europa no século XVIII. Sobre esse assunto, assinale o que for correto. 01. O progresso técnico produzido pela Revolução Industrial não ficou restrito à Europa. Propagado de forma lenta e desigual para várias partes do mundo, ele foi fundamental para que a Inglaterra consolidasse o seu poder, nos séculos XVII e XVIII, para além das fronteiras europeias. 02. Os valores capitalistas que passaram a reger a organização do trabalho no interior das fábricas provocaram também alterações fora dos espaços produtivos. Entre essas alterações, pode-se destacar a necessidade de novas formas de transporte para o cumprimento de horários. 04. Pensadores como Auguste Comte analisaram a interferência do progresso técnico advindo da Revolução Industrial em outros campos da vida, tais como o político, o ético e o dos negócios. 08. O fenômeno da maquinofatura instituiu, de imediato, na Europa, o fim do trabalho artesanal e, nas Américas, o fim do trabalho escravo ou servil. Diante dessas mudanças, o trabalho fabril, nesses dois continentes, passou a ser executado pelos proletários. 16. A Revolução Industrial produziu o fenômeno moderno das grandes aglomerações urbanas no ocidente e, com elas, o desemprego, já que os camponeses, expulsos do campo, não possuíam, muitas vezes, qualificação para o novo tipo de trabalho exigido. 551
FRENTE A Exercícios de Aprofundamento
cas do despotismo esclarecido, incentivaram o desenvolvimento econômico. e) o desenvolvimento de uma monarquia, com características de um Estado liberal, permitiu a união de todas as classes sociais na Inglaterra, o que permitiu a modificação das relações trabalhistas no campo.
Fonte: Wikimedia Commons
FRENTE
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HISTÓRIA Por falar nisso A cidade de Canudos está localizada no sertão do Nordeste brasileiro, mais especificamente no interior da Bahia. O lugarejo situa-se numa singular vegetação - a caatinga. O local chega a ficar até onze meses sem chuva. Canudos é famosa porque foi lá que, em 1896, um grupo de camponeses, em situação de miséria e assolados pela seca, auxiliados por grupos de bandoleiros e capatazes de gado se armaram e enfrentaram a recente República brasileira. Seu líder, Antônio Conselheiro, era considerado, por alguns, um louco e, por outros, um santo que fazia milagres sob iluminação Divina. Conselheiro andava pelas estradas daquela cidade fazendo reparos em igrejas e muros de cemitérios, até começar a questionar transações monetárias e todo tipo de autoridade, fundando a Nova Canudos, local que seria cenário de uma guerra sangrenta. O movimento de Canudos foi alvo de três expedições militares e só foi derrotado em outubro de 1897, por uma expedição composta por um exército de mais de 4 000 homens vindos de todos os Estados do Brasil, com canhões e metralhadoras. Em meio a tantos episódios de massacre, todas as casas foram incendiadas, restando apenas ruínas na cidade. Além disso, estima-se que 20 mil sertanejos e cinco mil militares tenham sido mortos. Contudo, meses depois os sobreviventes da guerra retornaram ao local e reergueram Canudos. Em 1968, entretanto, o Departamento Nacional de Combate à Seca (DNOCS) construiu o Açude Cocorobó, sob a alegação do abastecimento hídrico a aproximadamente 20 municípios da região. Todavia, tal progresso foi justificado pelo Estado como uma ação para inundar a cidade que sediou a Guerra, visto que o açude não fornecia água o suficiente nem mesmo para toda a cidade de Canudos. Com isso, os sobreviventes do massacre foram expulsos novamente da região. Mas, posteriormente, retornaram e conseguiram fundar, pela terceira vez, a cidade, que existe até os dias de hoje. Embora grande parte da população brasileira, à época, entendesse que os verdadeiros causadores do conflito tenham sido os moradores do vilarejo, uma vez que se expressavam contra as altas taxas de impostos estabelecidas pela nova República instituída, de alguns anos para cá, essa realidade tem se modificado. De acordo com o especialista sobre a história de Canudos, Padre José Wilson de Andrade, novas pesquisas confirmam o caráter violento dos poderosos, políticos e do exército brasileiro contra a população da cidade. A história é relatada de forma primorosa no livro Os Sertões, de Euclides da Cunha. O então jornalista foi enviado como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, junto com a quarta expedição militar, para acompanhar de perto o conflito. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
B09 B10 B11 B12
Conflitos imperialistas e imperialismo norte-americano .............554 Cultura no século XIX ....................................................................560 República da Espada .....................................................................564 República das Oligarquias: Prudente de Morais e Campos Sales ....569
FRENTE
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HISTÓRIA
MÓDULO B09
ASSUNTOS ABORDADOS n Conflitos imperialistas e impe-
rialismo norte-americano
n Justificativas para a expansão n Comparação entre o antigo colonialismo e o neocolonialismo n Principais conflitos n Principais empreendimentos imperialistas n Consequências do imperialismo n Imperialismo norte-americano
CONFLITOS IMPERIALISTAS E IMPERIALISMO NORTE-AMERICANO A partir da segunda metade do século XIX, os países europeus voltaram a recorrer ao imperialismo colonial, visando, principalmente, à Ásia e à África. Em 1905, mais de 90% do território africano e 56,6% do asiático estavam sob o domínio estrangeiro. Contudo, a dominação não poderia ser efetivada sem a reação dos povos colonizados. Assim, diversas revoltas assinalaram o processo de expansão colonialista, acentuando, entretanto, o fato de que a dominação não conseguiria se perpetuar. Como principal consequência do expansionismo imperialista, destaca-se a Primeira Guerra Mundial, que poderia ser caracterizada pela frase: “o imperialismo é filho da industrialização e pai dos conflitos mundiais”. Por volta de 1860 e 1870, a economia capitalista recebeu um novo impulso, com um ritmo crescentemente acelerado, o que possibilitou a progressiva superação do chamado capitalismo competitivo ou livre concorrência pelo capitalismo monopolista. A conjuntura envolvida é a da Segunda Revolução Industrial, que promoveu inúmeras transformações no sistema capitalista, que podem ser destacadas por meio de um acentuado progresso técnico-científico; do desenvolvimento dos meios de transporte; da expansão dos meios de comunicação; da concentração do capital e da produção; do aparecimento de uma oligarquia financeira nos países altamente capitalistas; e da divisão do mundo em áreas de economias centrais e áreas de economias periféricas. Vários fatores podem ser elencados como responsáveis pelo processo de imperialismo desenvolvido pelas grandes potências mundiais, a saber: os efeitos da Segunda Revolução Industrial na Europa e EUA; a tendência monopolista e financeira do capitalismo; as crises cíclicas de superprodução (Grande Depressão), gerando necessidades de maiores mercados; a formação de trustes, cartéis e holdings e a conquista de áreas estratégicas econômica e militarmente.
Justificativas para a expansão A partir da análise do processo de expansão, podem ser determinadas as razões que motivaram o neocolonialismo, tais como: a busca de mercados consumidores – com a produção em massa da Segunda Revolução Industrial, os países tinham necessidade de mercados para absorver sua produção; a busca de matérias-primas e mão de obra barata para atender sua demanda industrial; a procura por locais para se colocar o excedente populacional – o inchaço das grandes potências estimulava-as a buscar espaços para despejar essa população; e o desenvolvimento do espírito nacionalista – a rivalidade entre as nações estimulou o espírito nacionalista, o que obrigou os governos a se preocuparem com as demarcações das fronteiras, com a unificação de seus territórios e com a extraterritorialidade, ou seja, a ampliação dos domínios territoriais ao máximo, estabelecendo pontos estratégicos e definindo acordos de partilhas entre nações. Os países imperialistas que se expandiram no século XIX procuraram justificar esse processo desenvolvendo doutrinas racistas, religiosas e técnico-científicas, nas quais propugnavam a superioridade europeia: n n
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Doutrina racista: o Imperialismo disseminou a ideologia da superioridade racial do branco, o europeu, em relação ao africano (Darwinismo Social). Doutrina religiosa: a Igreja Católica colaborou intensamente com a dominação europeia na África e na Ásia, afirmando que ela estava encarregada da missão de salvar as almas dos infiéis para o Cristianismo. Dessa forma, o clero transmitia aos povos desse continente os valores da civilização cristã ocidental. Doutrina da supremacia técnico-científica: os povos europeus estavam deslumbrados com os avanços no setor científico e, por isso, consideravam-se superiores em relação aos demais, pois experimentavam um notável progresso científico.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
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Antigo Colonialismo n n n n n
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Período: séculos XVI, XVII e XVIII. Área atingida: América. Potências colonizadoras: Espanha e Portugal (secundariamente Inglaterra, França e Holanda). Política econômica: mercantilismo (capitalismo comercial). Objetivos: especiarias e alimentos para o comércio; metais preciosos; matérias-primas para manufaturas; escravos. Principal agente: o Estado Moderno.
Neocolonialismo n n n n n
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Período: século XIX – 1945. Áreas atingidas: Ásia e África. Potências colonizadoras: Inglaterra, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Itália, EUA e Japão. Política econômica: liberalismo econômico (capital industrial e bancário). Objetivos: exportação de excedentes de capital; domínio sobre mercados produtores de matérias-primas e mercados consumidores de produtos industrializados; busca de pontos estratégicos; alocação de excedentes populacionais. Principal agente: a burguesia.
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Principais empreendimentos imperialistas n
Principais conflitos
Fonte: Wikimedia Commons
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Guerra dos Bôeres (1899-1902): foi uma batalha empreendida pelos ingleses contra os bôeres, colonos holandeses de Transvaal e Orange (região situada acima do rio Vaal e estado independente da África do Sul, respectivamente). Teve como motivo a descoberta de ouro e diamante na região. Foi vencida pela Inglaterra que, em 1910, acabou por formar a União Sul Africana. Guerra dos Cipaios (1857-1859): instaurada pelos ingleses na Índia. Tem como razão a política de anexações, às vezes violentas, e a total dependência econômica das
regiões ocupadas. A supressão da revolta serviu como pretexto para a organização do protetorado inglês. Guerra do Ópio (1840-1842): provocada pela destruição de um carregamento inglês de ópio para a China, fato que justificou a intervenção da esquadra britânica. A Inglaterra conseguiu importantes concessões em vários portos e a posse da ilha de Hong Kong. Após a vitória inglesa, as demais nações europeias também procuraram concessões pelos mesmos métodos. Guerra dos Boxers (1900-1901): ocorrida na China, em que se manifestou o nacionalismo xenófobo, atacando diversos pontos de penetração dos europeus. Isso provocou a intervenção de uma força militar conjunta para suprimir o movimento.
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Revolução Meiji (1867-1912): reflete a assimilação do colonialismo pelo Japão - apropriação das técnicas ocidentais sem perder seus costumes orientais, logo, passando de país semifeudal a potência imperialista. Com a Revolução Meiji e o apoio estrangeiro, o imperador tomou o poder do xogum (supremo comandante militar que governava o país desde 1192) e passou a incorporar a tecnologia ocidental para modernizá-lo. Esse processo permitiu o acúmulo de riquezas nas mãos de grandes comerciantes e proprietários. Outro aspecto importante nesse período foi a acumulação de capital nacional, decorrente da forte atuação do Estado. Deve-se destacar ainda a formação dos Zaibatsus, grandes concentrações industriais de caráter familiar (Sumitomo, Mitsubishi, Yasuda e Mitsui), que passaram a controlar grande parte da economia japonesa. Era Vitoriana (1837-1901): período de grande esplendor da economia inglesa, marcado pelo longo reinado da rainha Vitória. Essa ação caracterizou-se pela atuação esplendorosa do liberalismo na Inglaterra, que promoveu um grande desenvolvimento político e econômico da nação. No entanto, vale ressaltar que, mesmo tendo sido um período de grande prosperidade, não resolveu as mazelas sociais, como o desemprego, a fome, a miséria e o banditismo social. Acabou, dessa forma, estimulando o desenvolvimento do Imperialismo.
Figura 01 - Pintura representando uma das batalhas da Guerra do Ópio, por E. Duncan. 1843.
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B09 Conflitos imperialistas e imperialismo norte-americano
Comparação entre o antigo colonialismo e o neocolonialismo
História
Consequências do imperialismo Nesse contexto, foi registrado um fato inédito na história: o mundo encontrava-se inteiramente partilhado, direta ou indiretamente, submisso às grandes potências europeias e aos EUA. Não haveria novas apropriações, pois já não existiam territórios sem dono. Com isso, as grandes potências entrariam em choque permanente, na tentativa de expandir suas áreas de dominação econômica e política. Esse choque de imperialismos terminaria por deflagrar a Primeira Guerra Mundial, uma vez que o equilíbrio europeu já havia sido rompido.
Imperialismo norte-americano O Imperialismo estadunidense refere-se ao comportamento autoritário de influência militar, política e econômica do país norte-americano sobre outros países. Por meio dessa prática, muitos governos têm mantido o controle sobre diversas nações. As autoridades dos EUA desenvolveram uma política econômica agressiva, convocando parceiros comerciais. Além disso, atingiram a América e, posteriormente, os mercados asiáticos, depois de terem se tornado uma potência colonial nas Filipinas. Fatores geográficos Uma das formas de garantir o comércio é a extensão territorial, mesmo tendo como principal competidor o continente europeu. Além de possibilitar o transporte de produtos, o acesso sobre as várias regiões permite a disponibilidade de recursos naturais. Um exemplo da imposição norte-americana foi a anexação do Havaí, em 1898, passando a controlar todos os portos, armamentos e órgãos oficiais do governo havaiano. Houve também a anexação de territórios como o Arizona, a Califórnia, o Colorado, o Utah, Nevada e o Novo México.
s Common ikimedia Fonte: W
B09 Conflitos imperialistas e imperialismo norte-americano
Figura 02 - Escola primária, Puck Magazine, 1899. Essa caricatura retrata o rígido Tio Sam, lecionando para crianças, representando os países dominados pelos EUA no seu processo imperialista. Enquanto isso, um indígena ao fundo, de castigo, olha a cartilha de cabeça para baixo, não recebendo a tutela do professor.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Poderio internacional Durante o processo imperialista, o governo estadunidense exerceu forte controle político, social e econômico sobre Cuba, Filipinas, Alemanha, Coreia, Japão e Áustria. Tal influência foi verificada nas guerras do Vietnã, Líbia, Nicarágua, Iraque, Iugoslávia, Afeganistão e Paquistão. Nos países do Oriente Médio, os interesses dos Estados Unidos giravam em torno das reservas de petróleo. Com a Guerra Fria, os EUA passaram a incentivar a organização de ditaduras militares na América Latina. A política do Big-Stick A política do Big-Stick (grande porrete, em português) refere-se à maneira de o presidente norte-americano Theodore Roosevelt (1901-1909) tratar as relações internacionais. Segundo o governante, era preciso falar de maneira suave, deixando, entretanto, os demais países conscientes do poderio norte-americano, principalmente devido à sua força bélica. Essa tática foi usada para interferir na política dos países latino-americanos contra credores europeus. Roosevelt afirmou que os EUA impediram o ataque alemão contra a Venezuela, mas ponderou que o governo norte-americano poderia usar da força contra os países latino-americanos, caso julgasse necessário. Doutrina Monroe A Doutrina Monroe foi uma política externa adotada pelo Presidente James Monroe (1817-1825), a partir de 1823, no reconhecimento da independência das colônias sul-americanas. De acordo com esse preceito, qualquer investida europeia às novas nações da América do Sul, sofreria interferência dos EUA.
Figura 03 - Grafite em um muro, em Caracas (Venezuela), com os dizeres “Fora o Imperialismo”, demonstrando a desconfiança da população em relação aos EUA, mesmo após o fim das ditaduras militares latino-americanas.
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B09 Conflitos imperialistas e imperialismo norte-americano
Fonte: Wikimedia Commons
História
Exercícios de Fixação
B09 Conflitos imperialistas e imperialismo norte-americano
01. (EFS BA) O expansionismo europeu sobre o Norte e o centro da África e sobre parte da Ásia, no decorrer do século XIX, a) resultou do avanço do poder do mercado financeiro e caracterizou a postura imperialista dos povos africanos. b) confirmou a supremacia britânica sobre os mares e revelou o declínio da influência norte-americana no continente africano. c) ampliou o mercado consumidor para as manufaturas britânicas e francesas e freou o crescimento industrial dos países africanos. d) facilitou a circulação marítima entre os Oceanos Atlântico e Pacífico e restabeleceu as rotas comerciais para o Oriente. e) derivou da busca de matérias-primas e novas fontes de energia e enfrentou forte resistência dos povos locais. 02. (UEL PR) Sobre o processo histórico da denominada Guerra do Ópio, ocorrida na China, em 1841, assinale a alternativa correta. a) Os Estados Unidos da América iniciaram a expansão para o Oriente, comercializando o ópio monopolizado pelos chineses, o que provocou uma guerra entre eles, encerrada com o acordo de divisão igualitária das cotas comerciais. b) O Japão, em suas conquistas imperialistas no continente asiático, travou uma guerra com a China pelo domínio do comércio do ópio na região; nesse processo, estabeleceram o Tratado de Pequim, no qual Hong Kong passou ao domínio japonês. c) O império russo, parceiro da China no comércio do ópio, transportava-o para os portos de Xangai com maior agilidade e altas taxas aduaneiras, o que fez com que exigisse a franquia desse produto. d) A Inglaterra, que dominava a comercialização do ópio na China, impôs aos chineses uma indenização por eles terem, a pretexto de proteger a saúde de sua população, confiscado e destruído uma grande carga de ópio. e) A França teve uma de suas colônias, o Afeganistão, como um grande produtor de ópio e concorrente comercial dos chineses, que monopolizavam essa atividade com elevados lucros; visando quebrar tal monopólio, os franceses bloquearam os portos chineses. 03. (UEM PR) Sobre o imperialismo na Ásia e na África, assinale o que for correto. 01. A dominação britânica na Índia promoveu a destruição das comunidades tradicionais indianas, que mesclavam a pequena produção agrícola com a produção artesanal. 02. Em meados do século XIX, os Estados Unidos enviaram ao Japão uma esquadra militar conhecida como Esqua-
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dra Negra, para forçar a abertura dos portos japoneses ao comércio norte-americano. 04. A partilha da África, decidida na Conferência de Berlim em 1884/1885, organizou a corrida das nações europeias para conquistar os territórios livres africanos e para assegurar o livre comércio no continente. 08. Os Estados Unidos e a Inglaterra foram as nações que condenaram a Conferência de Berlim e impuseram sanções econômicas e políticas aos países que participaram da reunião. 16. A supremacia econômica foi utilizada para justificar a expansão imperialista, já que havia uma ideia difusa, na sociedade europeia, de que a raça branca tinha superioridade sobre povos de outras raças. 04. (UCS RS) O Imperialismo Europeu (Neocolonialismo) exercido sobre os continentes Africano e Asiático estava relacionado à ideia a) da “missão civilizadora” europeia e das ideologias de progresso e superioridade racial branca. b) da busca de “áreas novas” para a emigração, uma vez que a pressão demográfica na Europa exigia uma solução para o problema. c) da promoção do desenvolvimento das Colônias através da aplicação de capitais excedentes nas metrópoles europeias. d) do favorecimento da atuação dos missionários católicos junto aos pagãos, assegurando a livre concorrência comercial. e) da necessidade de interação de novas culturas, da compensação da pobreza e da cooperação com os nativos. 05. (ESPM) Catorze potências participaram da Conferência de Berlim (1884-1885), que no essencial estabeleceu uma espécie de “gentlemen’s agreement”: cada potência europeia comprometia-se a não mais fazer aquisições selvagens sem notificar as outras, para permitir que estas apresentassem seus pleitos. Os povos ou reis africanos, considerados “res nullius”, não foram sequer consultados ou informados de todas essas discussões. (Marc Ferro. História das Colonizações)
A respeito da Conferência de Berlim é correto assinalar. a) Portugal foi despojado de suas colônias africanas. b) Foi conduzida por Bismarck fez da Alemanha a principal beneficiária da partilha da África. c) O principal beneficiário foi o rei Leopoldo, da Bélgica, cujo título de soberano proprietário do Congo foi reconhecido por todos. d) A Itália não demonstrou qualquer interesse pela partilha de territórios africanos e) Resultou dos interesses de nações mercantilistas que tinham no Metalismo sua finalidade.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
Alberto da Costa e Silva. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008, p. 95.
O conceito de civilização utilizado pelos europeus e apresentado no texto é a) universal, pois representa a inevitável diferença dos estágios de avanço cultural e político dos povos. b) histórico, pois é construído a partir da experiência vivida por um povo na sua relação com outros povos. c) natural, pois os povos economicamente mais desenvolvidos são sempre mais organizados e civilizados. d) determinista, pois permite reconhecer as diferenças culturais e sociais que marcaram a trajetórias dos povos. 02. (UEPG PR) Denominação utilizada para expressar as práticas de nações política, econômica e militarmente poderosas na ampliação e controle de regiões, nações e/ou povos pobres, o Imperialismo marcou a história mundial contemporânea. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01. A Guerra do Ópio, promovida pela Inglaterra contra a China, teve como motivação o desejo britânico de proibir o tráfico dessa substância para o continente europeu e como consequência o domínio político inglês sobre o território chinês. 02. Bélgica, França e Grã-Bretanha estão entre os países que estabeleceram práticas imperialistas no continente africano ao longo do século XX. 04. Os países do continente americano sofreram, desde o início do século XIX, com a forte influência política e com a exploração econômica exercida pelos Estados Unidos. 08. Ações imperialistas podem ocorrer de diferentes formas. O colonialismo, ou seja, a soberania política e consequente domínio econômico – é uma das faces do imperialismo. 16. A produção em larga escala, resultado da Revolução Industrial, arrefeceu às práticas imperialistas das potências europeias. A geração de riqueza dentro da própria Europa contribuiu para que as práticas de controle das periferias diminuíssem ao longo do século XX. 03. (FM Petrópolis RJ) A expansão imperialista sobre a África e a Ásia começou a sofrer resistência mais sistemática e duradoura a partir do início do século XX. Um evento que precedeu a Segunda Guerra Mundial e fomentou movimentos nacionalistas ou anti-imperialistas na Ásia foi a a) conquista pacífica da independência da Índia (1947), que conseguiu frustrar os planos ingleses para a autonomia de sua maior colônia.
b) efetivação do apoio norte-americano à libertação das colônias, com base nos Quatorze Pontos de Wilson (1918). c) derrubada do regime czarista, na Revolução Russa de 1905. d) derrota da direita fascista na Espanha, com o término da Guerra Civil Espanhola (1936-1939). e) vitória do Japão, potência asiática emergente, na Guerra Russo-Japonesa (1904-1905). 04. (Fac. Direito de São Bernardo do Campo SP) “A partir do final do século XVIII, e ao longo do XIX, as relações entre os europeus e africanos ganhariam novas dimensões. O desenvolvimento industrial europeu estimulou a busca de novos mercados consumidores de produtos industrializados e fornecedores de matérias-primas. As novas ações colonialistas levaram os europeus a controlar diretamente grande parte do continente africano.” Regina Claro. Olhar a África. Fontes visuais para a sala de aula. São Paulo: Hedra, 2012, p. 129.
Nos séculos XVIII e XIX, o interesse econômico pela África e o controle direto do continente africano por países europeus podem ser exemplificados, respectivamente, a) na busca de óleos para a indústria inglesa e na colonização belga do Congo. b) na exploração de petróleo pelos italianos e na colonização portuguesa de Moçambique. c) na procura de ouro e prata pelos franceses e na colonização espanhola de Angola. d) no interesse alemão pela arte egípcia antiga e na colonização holandesa da África do Sul. 05. (Cefet MG) As mudanças econômicas e políticas ocorridas na Europa explicariam a formação de impérios coloniais no final do século XIX. As transformações advindas da crise de 1873 (concentração de capital, monopólios e imperialismo) e os nacionalismos, explicariam a presença das potências europeias nos continentes africano e asiático. Dentre os resultados da presença europeia nos dois continentes, ocorreu a a) manutenção de estruturas tradicionais nas colônias, cujo artesanato secular foi incentivado e muitas vezes aperfeiçoado. b) efetivação dos direitos sociais e civis para as populações tradicionais em função do desenvolvimento industrial nos países dominados. c) aceitação passiva da população nativa das novas técnicas e conhecimentos que permitiram a melhoria das condições de vida nas colônias. d) destruição, em países africanos, de estruturas tradicionais como a propriedade coletiva do solo, bem como a imposição de trabalhos forçados e o pagamento de impostos.
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B09 Conflitos imperialistas e imperialismo norte-americano
01. (Fac. Direito de Franca SP) “Os europeus estavam convencidos de que a África seria um grande mercado para os produtos de sua indústria a partir do momento que se civilizasse, isto é, que adotasse as crenças, os valores e os modos de vida dominantes na Europa.”
FRENTE
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HISTÓRIA
MÓDULO B10
ASSUNTOS ABORDADOS n Cultura no século XIX n Arte, literatura e ciência no século XIX
CULTURA NO SÉCULO XIX Por mais de cem anos, vários acontecimentos políticos, econômicos e sociais, em todo o ocidente, foram influenciados pela Revolução Francesa. O século XIX foi marcado por tentativas de restabelecimento da monarquia, cada vez mais limitada devido à oposição feita ao absolutismo, e pela repressão aos movimentos de afirmação popular, em meio às sucessivas conquistas políticas e sociais da população mais pobre. No que se refere à economia e sociedade, houve a afirmação e consolidação da classe burguesa, da industrialização e de um de seus principais efeitos, que foram a expansão imperialista e o conflito entre nações. Tais conflitos resultariam na Primeira Guerra Mundial, de 1914. A propósito, a corrida imperialista e a consequente partilha da África e da Ásia foram realizadas, segundo justificativas, preconceituosas e racistas, acarretando uma visão eurocêntrica da história, que, infelizmente, permanecem até os dias atuais. Muitos intelectuais foram responsáveis por propagar uma ideia de silenciamento da memória e voz dos povos dominados, como foi o caso do filósofo Hegel (1830), que afirmava não ter história a África Negra. Francisco Varnhagen, autor da mais importante História do Brasil do século XIX, apontou algo semelhante sobre os índios, afirmando que para “povos na infância, não há história”.
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Esse tipo de pensamento deixa claro que o conhecimento histórico e sua produção dependem do olhar do historiador e dos acontecimentos políticos, sociais e ideológicos em que ele está inserido. Tais preceitos podem influenciar diretamente, fazendo-o considerar este ou aquele fato como motivador de um determinado processo histórico ou impacto social.
Arte, literatura e ciência no século XIX Com a Revolução Industrial, percebeu-se um clima de otimismo em relação à tecnologia, bem como a ascensão de várias áreas do conhecimento. Por sua vez, a população começou a sentir mais interesse por temas relacionados à ciência e à arte. Em muitos países do mundo ocidental, surgiam instituições voltadas para os estudos científicos. Nesse momento, foi criado o termo “cientista”, tendo A origem das espécies, de Charles Darwin, ganhado popularidade nesse contexto. Houve muitas tentativas de sintetizar conhecimentos de diversas áreas do saber. O saber técnico chamou a atenção de escolas, museus e sociedades científicas, sendo que as ciências exatas ganharam impulso assim que o desenvolvimento tecnológico foi vinculado ao industrial. Nesse processo, a Física, a Química e a Metalurgia foram as principais áreas de desenvolvimento científico. No ramo das ciências humanas, também se percebe certo desenvolvimento, como o surgimento de novas disciplinas e campos de estudo, tais como a Sociologia e a Psicologia.
Figura 01 - Charles Darwin em 1881. Fotografia feita por Elliott & Fry.
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Quanto ao meio artístico, o individualismo e o ritmo frenético dos ambientes urbanos alavancaram a criação de novos movimentos. O Romantismo criticava as mudanças da sociedade industrial, buscando refúgio na vida próxima à natureza e valorização dos sentimentos amorosos. Diversos adeptos dessa corrente também atacavam o mundo em que viviam, criando obras em que o drama e a opressão das camadas populares eram costumeiramente representados.
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Na segunda metade do século XIX, essas correntes mais contestadoras perderam espaço para o Parnasianismo. Este movimento fazia um elogio ao belo, percebendo a arte de forma abstrata e autônoma, não devendo se ocupar dos conflitos e desigualdades sociais. Por sua vez, o Naturalismo e o Realismo valorizavam a reflexão da experiência vivida, tendo influenciado uma literatura engajada, assim como o pensamento marxista.
Figura 02 - Casa, por de Jožef Petkovšek. 1889. Exemplo de pintura realista.
No campo da arquitetura, os padrões estéticos antigos foram retomados. O estilo gótico medieval surgiu novamente entre as construções. Na França, por exemplo, o Art Noveau prezava a decoração arquitetônica com o uso de linhas sinuosas e inspiração em elementos da natureza. Além disso, o uso do concreto armado viabilizou o aumento das construções prediais e a elaboração de desenhos arquitetônicos cada vez mais arrojados. Nessa época, os edifícios denominados arranha-céus começaram a predominar no ambiente das grandes cidades contemporâneas.
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Houve também muitas mudanças no campo da música, tanto erudita, quanto popular. A obra de Beethoven, predominantemente fundada no Romantismo, abriu caminho para o surgimento de vários compositores. Na música popular, a canção era considerada rude e pouco complexa. Nesse contexto, surgiu o jazz, uma inovação musical dos guetos dos Estados Unidos. Influenciado pelo blues, work-songs e spirituals dos trabalhadores rurais negros, o jazz mostrou uma complexidade estética que questionava a separação da cultura erudita e popular. Na virada do século XIX para o século XX, a chamada cultura de massa começou a surgir nas grandes cidades. Na França, os irmãos Lumiére criaram o cinematógrafo, marcando o surgimento das artes cinematográficas. O cinema ficou conhecido como a sétima arte.
Figura 03 - Imagem de uma das primeiras máquinas fotográficas. A fotografia também foi uma das grandes inovações no campo da cultura do século XIX, técnica que influenciaria enormemente o desenvolvimento posterior do cinema, que teria isso como as invenções dos irmãos Lumiére, na França.
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Na pintura, podemos perceber um grande diálogo com as correntes literárias. Por exemplo, o Realismo das artes plásticas procurou representar situações cotidianas e trazer um equilíbrio entre o padrão estético e a expressão dos sentimentos. Outra importante corrente foi o Impressionismo, que valorizava a sensação causada pelas cores e texturas.
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História
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Exercícios de Fixação 01. (UFPE) É incorreto afirmar que, no Parnasianismo, a) a natureza é apresentada objetivamente. b) a disposição dos elementos naturais (árvores, estrelas, céu, rios) é importante por obedecer a uma ordenação lógica. c) a valorização dos elementos naturais torna-se mais importante que a valorização da forma do poema. d) a natureza despe-se da exagerada carga emocional com que foi explorada em outros períodos literários. e) as inúmeras descrições da natureza são feitas dentro do mito da objetividade absoluta, porém os melhores textos estão permeados de conotações subjetivas.
Identifique uma das consequências desse desenvolvimento. a) Romperam-se as concepções aristotélicas defendidas pela Igreja Católica Apostólica Romana. b) Criaram-se as ideias de um Cosmos hermético e hierarquizado. c) Valorizavam-se as noções de que a natureza e tudo que nela se encontrava é imutável. d) Reconstituíram-se os postulados da escolástica e a supremacia da fé sobre a razão. e) Propuseram-se novos métodos científicos sobretudo, na área das ciências sociais.
02. (UFPE) O movimento Romântico contribuiu para as mudanças no mundo cultural do século XIX, fazendo contraponto com muitas ideias do cientificismo da época. No Brasil, o Romantismo a) diferiu bastante das manifestações europeias, sendo marcado pela originalidade de seus poetas e filósofos. b) se firmou mais no campo das manifestações literárias, embora não tivesse relações com temáticas nacionalistas. c) buscou exaltar o amor e a libertação da mulher, embora não tenha contribuído para o culto a feitos heroicos. d) teve autores importantes na literatura, muitos deles preocupados, em suas obras, com a questão da nacionalidade. e) incorporou ideias de Rousseau na produção de seus autores, embora as obras desses autores não tenham tido maiores repercussões.
05. (FGV SP) Leia atentamente o texto abaixo e depois assinale a alternativa correta: “As bases de inspiração dessas novas elites eram as correntes cientificistas, o darwinismo social do inglês Spencer, o monismo alemão e o positivismo francês de Auguste Comte. Sua principal base de apoio econômico e político procedia da recente riqueza gerada pela expansão da cultura cafeeira no Sudeste do país, em decorrência das crescentes demandas de substâncias estimulantes por parte das sociedades que experimentavam a intensificação do ritmo de vida e da cadência do trabalho”.
03. (Udesc SC) Há um período compreendido entre 1870 a 1914, aproximadamente, que ficou conhecido como “Belle Èpoque”. Dentre as manifestações que caracterizaram o Brasil nesse período, é CORRETO afirmar que houve a) o pouco investimento na urbanização e ajardinamento das grandes cidades brasileiras da época, a exemplo da cidade do Rio de Janeiro. b) a emergência de cidades vinculadas ao regime imperial, a exemplo de Vila Rica. c) um evidente projeto modernizador republicano brasileiro, sob inspiração dos valores socioculturais europeus. d) o surgimento da televisão, um dos principais veículos de comunicação desse período. e) a Revolta da Vacina, implementada pela população paulista, contrária à política sanitária de Osvaldo Cruz e apoiada por Pereira Passos. 04. (Unirio RJ) O século XVIII conheceu extraordinário desenvolvimento das ciências e da filosofia, possibilitando ao homem ocidental avanços e conquistas substanciais.
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(SEVCENKO, N. “Introdução”. In: História da vida privada no Brasil. São Paulo: Cia das Letra, 1998, p. 14).
a) A difusão das teorias cientificistas e evolucionistas ao longo do século XIX forneceram argumentos para a crítica das práticas neocolonialistas, favorecendo o processo de descolonização. b) A influência das teorias cientificistas no Brasil é exemplificada, principalmente, pela formação de uma elite que estabeleceu uma plataforma de modernização que tinha como base o desenvolvimento comercial e agrícola do país. c) Apesar de o consumo do café estar adequado à aceleração do ritmo social no século XIX, a industrialização brasileira processou-se independentemente do complexo cafeeiro. d) A incorporação do positivismo pelos militares brasileiros foi impedida pelas definições de Comte sobre o tipo militar como característico do regime teológico, marcado pelo domínio da força, da guerra e do comando irracional, ao contrário do tipo industrial que se manifestava na cooperação, na livre produção e na aceitação racional. e) A adoção do ideário cientificista favoreceu a separação da Igreja e do Estado, bem como repercutiu no projeto de modernização conservadora das elites brasileiras no período republicano.
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Exercícios Complementares
(BERLIN, Isaiah. Limites da utopia. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. p. 170–172.)
Assinale a alternativa que expressa a característica do romantismo de que trata o texto acima. a) A busca por uma sociedade perfeita. b) A crença nas verdades geradas pela ciência. c) A valorização do sucesso, não importando o preço a ser pago para alcançá-lo. d) O elogio da vontade humana, indomável e sem limites. e) A conformação e a adaptação do indivíduo às regras e normas sociais. 02. (Unifesp SP) “Estamos no promontório dos séculos! De que serve olhar para trás… Queremos glorificar a guerra — a única cura para o mundo — o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas… e o desprezo pelas mulheres. Queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater a moralidade, o feminismo e toda a covardia oportunista e utilitária”. Essa citação, extraída do Manifesto Futurista de 1909, expressa uma estética que contribuiu ideologicamente para a a) negação da ideia de progresso e, posteriormente, para a reação conservadora. b) Guerra Civil Espanhola e, posteriormente, para o movimento vanguardista. c) Revolução Russa de 1917 e, posteriormente, para a Segunda Guerra Mundial. d) Primeira Guerra Mundial e, posteriormente, para o Fascismo. e) afirmação do surrealismo e, posteriormente, para a polarização dos anos vinte. 03. (UEM PR) Sobre a arte, assinale o que for correto. 01. Na chamada arte realista, seja pintura ou escultura, há uma coincidência ideal entre a realidade e a sua representação.
02. O termo Estética passou a significar a ciência filosófica da arte e do belo a partir do século XVIII, com a publicação de um livro do filósofo alemão Baumgarten. 04. Apesar de muitos objetos de arte terem surgido para servir em cultos religiosos, nunca houve uma relação direta entre arte e religião, posto que esta última é transcendência e imaterialidade. 08. Na civilização da Grécia Antiga, a arte e a técnica podem ser compreendidas desde o mesmo registro, uma vez que significam uma prática com procedimentos, regras e instrumentos próprios. 16. No Romantismo, vários artistas consideraram que a arte é o resultado da exteriorização de uma coletividade, expressando, assim, os sentimentos de uma nação ou de um povo. 04. (UEM PR) Sobre as novas linguagens da arte, é correto afirmar que 01. a chamada história em quadrinhos ganhou, ao longo do século XX, um novo estatuto social e estético, tornando-se objeto de arte e fazendo parte do acervo permanente de museus. 02. a fotografia somente influenciou as artes visuais um século depois de sua invenção, uma vez que a pintura possuía um grande apelo junto às classes dominantes. 04. não há uma relação direta entre os projetos em grande escala de Smithson e a fotografia, posto que os primeiros, condenados à efemeridade, não são registrados mecanicamente. 08. a chamada videoarte, dependendo exclusivamente de recursos técnicos, representa uma ruptura em relação às artes plásticas mais tradicionais. 16. uma das grandes características do cinema contemporâneo é a constante modificação e atualização dos seus recursos técnicos e da sua linguagem. 05. (UFPE) O Romantismo trouxe críticas à sociedade capitalista, colocando questões sobre a felicidade e o apego aos bens materiais. Na sua visão de mundo, marcada pela diversidade de pensadores, criticou o Iluminismo e defendeu 00. com equilíbrio, a liberdade individual, exaltando os ensinamentos do racionalismo grego. 01. a possibilidade de viver a emoção, procurando se libertar das censuras feitas pelas regras sociais mais rígidas. 02. em muitos dos seus aspectos, as teorias vindas de Rousseau, um dos iniciadores do Romantismo. 03. a liberdade para viver as paixões e emoções humanas e concedeu importância à capacidade de imaginação. 04. o respeito a todos os limites da sociedade tradicional, para recuperar a liberdade, primeira fundadora do social.
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01. (UEL PR) Leia o texto abaixo, que destaca elementos formadores do movimento romântico. “(...) por volta do final do século XVIII e do início do XIX, encontramos um violento desprezo pelas regras e formas enquanto tais (...) Os estudantes idealistas das universidades alemãs, influenciados pelas correntes românticas da época, não viam nenhum mérito em objetivos como a felicidade, a segurança, o conhecimento científico, a estabilidade política e econômica e a paz social, chegando mesmo a desprezá-los. Para os discípulos da nova filosofia, o sofrimento era mais nobre que o prazer, o fracasso era preferível ao sucesso mundano, que tinha algo de sórdido e oportunista e que seguramente só podia ser conseguido em detrimento da própria integridade e independência, da luz e da visão interior.”
FRENTE
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HISTÓRIA
MÓDULO B11
ASSUNTOS ABORDADOS n República da Espada n Governo de Deodoro da Fonseca n Governo de Floriano Peixoto (18911894)
REPÚBLICA DA ESPADA A República Velha subdivide-se em dois períodos: a República da Espada, momento da consolidação das instituições republicanas e a República Oligárquica. Nessas duas fases, as instituições republicanas foram controladas, primordialmente, pelos grandes proprietários de terras. A República da Espada, especificamente, teve início quando os militares governaram o Brasil entre 1889 e 1894. Assim que a monarquia foi derrubada, com a deportação de D. Pedro II juntamente com a Família Real, o governo provisório do marechal Deodoro da Fonseca guiou os primeiros caminhos trilhados pela República brasileira. Apesar de implantada a República da Espada, surgiram, nesse período, disputas entre qual seria o melhor modelo republicano a ser instaurado. Do lado dos militares, defendia-se a ideia de um regime republicano centralizador. No entanto, as oligarquias rurais e os grandes cafeicultores paulistas se opuseram a tal ideia. Essas forças pregavam a implantação de um regime republicano de maior autonomia para os estados, de forma que pudessem ser controlados economicamente e não ter sua administração ameaçada. Pretendiam, com essa proposta, aumentar o poder de veto e ampliar seus interesses. Alguns historiadores consideram a República da Espada o primeiro período ditatorial no Brasil. Nessa época, as figuras de destaque foram os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
Governo de Deodoro da Fonseca O governo de Deodoro da Fonseca é dividido em dois momentos: o Governo Provisório e o Governo Constitucional. Fonte: Wikimedia Commons
O Governo Provisório se estende da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, até a elaboração da primeira constituição republicana, promulgada em 24 de fevereiro de 1891. Entre as principais medidas desse governo, estão a extinção dos cargos vitalícios do Senado, a dissolução da Câmara dos Deputados, a supressão do Conselho de Estado, a extinção do Padroado e do beneplácito, a separação entre Igreja e Estado, a transformação das províncias em estados e o banimento da Família Real. Somado a isso, estabeleceram-se: a liberdade de culto, a secularização dos cemitérios, a criação do Registro Civil – a fim de legalizar nascimentos e casamentos, a grande naturalização – em que todo estrangeiro residente no Brasil pudesse adquirir nacionalidade brasileira, além da convocação da Assembleia Nacional Constituinte - responsável pela elaboração da primeira constituição republicana do Brasil. A Constituição de 1891
Figura 01 - Deodoro da Fonseca. Fotografia de A. Leterre. 1892.
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No decorrer dos trabalhos da Assembleia Constituinte, as divergências entre os republicanos foram evidenciadas. Havia o projeto de uma república liberal, defendido pelos cafeicultores paulistas, que previa grande autonomia aos estados (federalismo); a garantia das liberdades individuais; a separação dos três poderes e a instauração das eleições. Tal projeto pretendia promover a descentralização administrativa, tornando o poder público um acessório ao poder privado – marcante ao longo da República Velha.
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O outro projeto republicano baseava-se nos ideais da Revolução Francesa- o período da Convenção Nacional e a instalação da Primeira República Francesa. Esse ideal era denominado como república jacobina, defendida por intelectuais e pela classe média urbana. Em geral, exaltavam-se a liberdade pública e o direito de discussão popular a respeito do destino da nação. Por fim, inspirada nas ideias de Auguste Comte, com bastante aceitação dentro do Exército Brasileiro, havia o projeto de uma república positivista. O ideal almejado era o progresso dentro da ordem, cabendo ao Estado o papel de garantir tal objetivo. Para isso, o Estado teria de ser forte e centralizado. Em 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a segunda Constituição brasileira (a primeira republicana), na qual o projeto de uma República liberal foi vencedor. As características da Constituição de 1891 eram: n n
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Instituição de uma República Federativa, pela qual os Estados teriam maior autonomia econômica e administrativa; Separação dos poderes em: Poder Executivo, exercido pelo presidente que era eleito para um mandato de quatro anos (sem direito à reeleição), e auxiliado pelos ministros; Poder Legislativo, exercido pelo Congresso Nacional, formado pela Câmara de Deputados (eleitos para um mandato de três anos, e seu número deveria ser proporcional à população de cada Estado) e pelo Senado Federal, com mandato de 9 anos e, a cada três anos um terço dele seria renovado; e, por fim, Poder Judiciário, tendo como principal órgão o Supremo Tribunal Federal; O voto era não secreto, direto e universal aos maiores de 21 anos. Ficavam excluídos do processo eleitoral as mulheres, os analfabetos, os menores de 21 anos, os padres e os soldados; Ficava estabelecida a liberdade religiosa, bem como os direitos e as garantias individuais.
Outro ponto importante da Constituição de 1891 é que ela foi fortemente influenciada pelo padrão norte-americano, adotando o nome de República Federativa dos Estados Unidos do Brasil. Nas “disposições transitórias” desse conjunto de leis, estabeleceu-se que o primeiro presidente do Brasil seria eleito pela Assembleia Constituinte, e não pelo voto universal. O Encilhamento Além da elaboração da Constituição de 1891, o Governo Provisório de Deodoro da Fonseca foi marcado por uma política econômica e financeira conhecida como Encilhamento. Rui Barbosa, então ministro da Fazenda, procurou estimular a industrialização e a produção agrícola. Para atingir esses objetivos, ele adotou a política “emissionista”, ou seja, determinando o aumento da emissão do papel-moeda, com a intenção de aumentar a moeda em circulação. O ministro trabalhou também para facilitar o estabelecimento de sociedades anônimas, cuidando para que boa parte do dinheiro em circulação não fosse aplicado na produção, mas sim na especulação de títulos e ações de empresas fantasmas.
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Nesse contexto, a especulação financeira provocou desordem nas finanças do País, ocasionando uma importante desvalorização da moeda, além de forte inflação e grande número de falências. Cabe lembrar que a burguesia cafeeira não via com bons olhos a tentativa de Rui Barbosa em industrializar o Brasil. Governo Constitucional (1891) Dada a aprovação da Constituição de 1891, Deodoro da Fonseca, que fora eleito pela Assembleia, permaneceu no poder, graças às pressões dos militares aos cafeicultores. A eleição pela Assembleia revelou o choque entre os republicanos positivistas (que postulavam a ideia de golpe militar para garantir o “continuísmo”) e os republicanos liberais. 565
História
O candidato dos republicanos liberais era Prudente de Morais, tendo como vice-presidente o marechal Floriano Peixoto. Como o voto na Assembleia não era vinculado, Floriano Peixoto foi eleito vice-presidente de Deodoro da Fonseca. O governo então estabelecido, por caracterizar-se como autoritário e centralizador, entrou em choque com o Congresso Nacional, controlado pelos cafeicultores e também com militares ligados a Floriano Peixoto. Deodoro da Fonseca foi acusado de corrupção e o Congresso votou o projeto da Lei das Responsabilidades, viabilizando o impeachment de Deodoro. Em contrapartida, o político vetou o projeto, fechou o Congresso Nacional, prendeu líderes da oposição e, por fim, decretou estado de sítio. Como reação a esse autoritarismo, ocorreu, inesperadamente, uma cisão no interior do Exército. Dessa maneira, registrou-se uma greve de trabalhadores, contrários ao golpe, em 22 de novembro, no Rio de Janeiro, e a sublevação da Marinha no dia seguinte, liderada pelo almirante Custódio de Melo. Em meio a esses acontecimentos, os navios atracados na baía da Guanabara apontaram os canhões para a cidade, exigindo a reabertura do Congresso e forçaram Deodoro da Fonseca a renunciar à Presidência. Feito isso, Deodoro foi substituído pelo seu vice-presidente, Floriano Peixoto.
Governo de Floriano Peixoto (1891-1894) Diferentemente de seu antecessor, Floriano Peixoto conseguiu obter o apoio dos republicanos radicais, a ponto de o “florianismo” poder ser quase sinônimo de “jacobinismo”, e ao mesmo tempo dos positivistas. Embora de forma autoritária, buscou seguir a Constituição, conseguindo agradar a diferentes grupos políticos. A política econômica do seu governo voltou-se tanto para as causas sociais e populares do republicanismo radical, quanto para o anseio de modernização dos positivistas. Floriano reabriu o Congresso Nacional, suspendeu o estado de sítio e tomou medidas populares, tais como a redução do valor dos aluguéis das moradias populares e suspendeu a cobrança do imposto sobre a carne vendida no varejo. Essas medidas, contudo, estavam restritas à cidade do Rio de Janeiro. Seu governo também incentivou a indústria, por meio do estabelecimento de medidas protecionistas, evidenciando o nacionalismo dos republicanos radicais. Contudo, o caráter nacionalista de Floriano Peixoto era malvisto no exterior, o que podia dificultar as exportações de café e os interesses dos cafeicultores.
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Em abril de 1892, deu-se início à oposição a Floriano, quando foi publicado o Manifesto dos Treze Generais, que acusava o governo de ilegal e exigia novas eleições. Somado a isso, o Artigo 42 da Constituição de 1891 estabelecia que se o Presidente não cumprisse a metade do seu mandato, o vice-presidente deveria convocar novas eleições. Mas Floriano não acatou essas determinações, sob a alegação de ter sido eleito de forma indireta. Os oficiais que assinaram o manifesto foram afastados e presos por insubordinação. Simultaneamente, o Rio Grande do Sul foi palco de uma guerra civil, envolvendo grupos oligárquicos pelo controle do poder político. Federalistas (maragatos) liderados por Gaspar Silveira Martins, contra os castilhistas (pica-paus), chefiados por Júlio de Castilhos, controlavam a política do Estado de maneira centralizada. Floriano interveio no conflito, denominado Revolução Federalista, em favor de Júlio de Castilhos. O apoio de Floriano aos castilhistas fez com que a oposição apoiasse os maragatos. Em setembro de 1893, no Rio de Janeiro, eclode a Segunda Revolta da Armada, liderada pelo almirante Custódio de Melo. Esse conflito fundiu-se com a Revolução Federalista e a repressão aos dois movimentos foi extremamente violenta.
Figura 02 - Marechal Floriano Peixoto, por Alberto Henschel. Fotografia feita por volta de 1881.
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Após três anos de governo, depois de enfrentar violentamente as oposições, Floriano Peixoto foi substituído por Prudente de Morais.
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Exercícios de Fixação
02. (Unirio RJ) Desde o ano de 1993, vários eventos vêm sendo realizados em rememoração da Revolta da Armada e da Revolução Federativa, as quais podem ser consideradas como a) representativas dos movimentos monárquicos restauradores do início da República. b) projeção das diversas concepções republicanas existentes no país. c) reações contra o Federalismo republicano, que defendia a eliminação da autonomia dos Estados. d) reações de segmentos sociais emergentes do domínio oligárquico no Estado Republicano. e) exemplo do confronto civilismo x militarismo, que caracterizaram o início da República. 03. (PUC Campinas SP) O universo ficcional de Machado de Assis é povoado pelos tipos sociais que se mesclavam na sociedade fluminense do século XIX: proprietários, rentistas, comerciantes, homens pobres mas livres e escravos. Cruzam seus interesses e medem-se em seus poderes ou em sua falta de poder. É essa a configuração das personagens das obras-primas Memórias póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro. A tragédia do negro escravizado está exposta em contos violentos, e o capricho dos senhores proprietários dá o tom a narradores como Brás Cubas e Bento Santiago, o Bentinho, que contam suas histórias de modo a apresentar com ar de naturalidade a prática das violências pessoais ou sociais mais profundas. (TÁVOLA, Bernardim da. Inédito).
A tragédia do negro escravizado, no Brasil, deixou marcas profundas na sociedade brasileira. Durante a primeira República, a maioria absoluta da população negra continuou excluída da vida política, tendo colaborado para essa exclusão o fato de que a) a legislação republicana oficializou medidas segregacionistas em nível nacional.
b) a população negra livre não era contemplada pelo sistema clientelista. c) os negros optaram por permanecer no campo, não se inserindo nas cidades. d) os analfabetos, mendigos e soldados não podiam votar. e) as organizações políticas ou culturais que agregassem negros eram proibidas. 04. (PUC Campinas SP) O republicanismo no Brasil, sobretudo a linha defendida pelos militares, sofreu forte influência do positivismo – forma de pensamento característico do século XIX −, filosofia de Auguste Comte. Os republicanos positivistas a) pretendiam chegar ao regime republicano por meio de mudanças decorrentes de movimentos de luta entre os monarquistas e os positivistas. b) concebiam o Estado como uma entidade voltada ao aprimoramento positivo da sociedade, independentemente do regime de governo. c) consideravam que só seria possível a criação de uma sociedade igualitária através do republicanismo e de “reformas positivas do trabalho”. d) defendiam que a monarquia seria superada pelo “estágio positivo da história da humanidade”, representado de modo especial pela república. e) acreditavam que a queda da monarquia ocorreria por meio de uma “revolução baseada nos princípios do positivismo e do republicanismo”. 05. (Enem MEC) Enfermo a 14 de novembro, na segunda-feira o velho Lima voltou ao trabalho, ignorando que no entretempo caíra o regime. Sentou-se e viu que tinham tirado da parede a velha litografia representando D. Pedro de Alcântara. Como na ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe: – Por que tiraram da parede o retrato de Sua Majestade? O contínuo respondeu, num tom lentamente desdenhoso: – Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana? – Pedro Banana! – repetiu raivoso o velho Lima. E, sentando-se, pensou com tristeza: – Não dou três anos para que isso seja uma República! AZEVEDO, A. Vidas alheias. Porto Alegre, s.e, 1901 (adaptado).
A crônica de Artur Azevedo, retratando os dias imediatos à instauração da República no Brasil, refere-se ao(à) a) ausência de participação popular no processo de queda da Monarquia. b) tensão social envolvida no processo de instauração do novo regime. c) mobilização de setores sociais na restauração do antigo regime. d) temor dos setores burocráticos com o novo regime. e) demora na consolidação do novo regime.
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01. (Unificado RJ) A Proclamação da República, em 1889, está ligada a um conjunto de transformações econômicas, sociais e políticas ocorridas no Brasil, a partir de 1870, dentre as quais se inclui a) a universalização do voto com a reforma eleitoral de 1881 efetivada pelo Partido Liberal. b) o desenvolvimento industrial do Rio de Janeiro e de São Paulo, criando uma classe operária combativa. c) a progressiva substituição do trabalho escravo, culminando com a Abolição em 1888. d) a concessão da autonomia provincial, que enfraqueceu o governo imperial. e) o enfraquecimento do Exército, após as dificuldades e os insucessos durante a Guerra do Paraguai.
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História
Exercícios Complementares 01. (Unificado RJ) A crise da dominação oligárquica, que culminou com a Revolução de 1930, resultou de um processo crescente de transformações vividas pelo país dentre os quais se destaca: a) a lenta politização dos trabalhadores rurais, após a Abolição, contestando o domínio dos “coronéis”. b) a emergência de uma classe operária ligada à industrialização, que assumiu na década de 1920 formas políticas mais organizadas, como o BOC (Bloco Operário Camponês). c) o movimento Tenentista, disputa política no interior do estado, sem ligação com as classes da sociedade. d) o caráter modernizante dos setores oligárquicos, cada vez mais ligados aos empreendimentos urbano-industriais. e) a crescente insatisfação dos Estados mais pobres contra o domínio do eixo “café com leite”, expressa em rebeliões como as “guerras” do Cariri e de Princesa, ocorridas no Nordeste. 02. (UFF) A chamada crise dos anos 1920 resultou da convergência de múltiplos questionamentos de ordem econômica, política, social e cultural. Considere os seguintes processos: I) Estruturação do jacobinismo florianista; II) Consolidação do anarco-sindicalismo; III) Eclosão do Modernismo na Semana de 1922; IV) Constituição do Partido Comunista Brasileiro; V) Emergência do populismo; VI) Fortalecimento do movimento tenentista. Dentre esses processos, os que expressam o contexto histórico da crise mencionada estão indicados por: a) I, III e VI d) III, IV e VI b) II, IV e V e) IV, V e VI c) III, IV e V
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03. (IF PE) “A revolução está terminada e ninguém parece discuti-la: mas acontece que os que fizeram a revolução não tinham de modo algum a intenção de fazê-la e há atualmente na América um presidente da República à força. Deodoro desejava apenas derrubar um ministério hostil. […] O edifício imperial, mal construído, edificado para outros tempos e outros destinos, já não bastava às necessidades dos novos tempos”. LECLERC, Max. São Paulo: Companhia Editoria Nacional, 1942. p. 17
O trecho de uma carta do viajante francês Max Leclerc, reproduzido acima, retrata que momento da história política do Brasil? a) A “Revolução” de 1930, que trouxe Getúlio Vargas ao poder. b) O Golpe de 1964, que instaurou uma ditadura militar.
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c) A Revolução Constitucionalista de 1932, que exigia a instauração de uma Constituição. d) A Proclamação da República de 1889, que pôs fim à Monarquia. e) O Estado Novo de 1937, ditadura pessoal de Getúlio Vargas. 04. (FPS PE) Na historiografia mais recente sobre o Brasil republicano, prevalece a ideia de que a queda do regime monárquico brasileiro, em 1889, derivou-se de um golpe a) civil-militar, que contou com a participação de todos os escalões da hierarquia militar. b) dos militares de maiores patentes do Exército, que o organizaram e executaram. c) civil-militar, do qual participaram representantes de todas as camadas sociais. d) político-jurídico, aprovado pelo Parlamento sob a coordenação do poder judicial. e) militar que, por força do padroado régio, contou com o apoio da Igreja Católica. 05. (Gama Filho RJ) O golpe militar de 15 de novembro de 1889, momento da Proclamação da República, foi a culminância da chamada “Questão-Militar”, que pode ser explicada pela a) oposição do Exército à escravidão sustentada pela Coroa. b) crescente intervenção dos militares no governo, após as guerras do Prata. c) origem oligárquica dos oficiais que defendiam a autonomia das Províncias e dos Municípios. d) influência das repúblicas americanas, governadas por ditadores militares. e) influência das ideias positivistas associadas a reivindicações de melhoria profissional dos militares. 06. (Acafe SC) A Primeira República ou República Velha (18891930), apresentou várias características. Sobre este período da história brasileira, a alternativa FALSA é: a) Uma das rebeliões Tenentistas ocorreu no forte de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro. Este episódio ficou conhecido como “os Dezoito do Forte”. b) Na Constituição de 1891, ocorreu a separação entre a Igreja e o Estado, instituindo-se o casamento civil. c) A Revolução Federalista iniciou-se no governo de Floriano Peixoto e teve desdobramentos em Desterro (Santa Catarina), levando à morte várias pessoas na Fortaleza de Anhatomirim. d) A produção agrícola, baseada no latifúndio, tinha no café o seu principal produto. e) A Guerra de Canudos ocorreu no sertão de Pernambuco e foi um movimento apoiado pelo coronelismo do Nordeste.
FRENTE
B
HISTÓRIA
MÓDULO B12
REPÚBLICA DAS OLIGARQUIAS: PRUDENTE DE MORAIS E CAMPOS SALES Com a Proclamação da República, foi inaugurado um período na história política do Brasil em que o poder passou a ser controlado pelas oligarquias rurais, em especial as vinculadas ao plantio de café. No entanto, esse controle político não ocorreu de imediato com a Proclamação, e foi intermediado por dois governos militares, período conhecido como República da Espada (1889-1894): o governo do Marechal Deodoro da Fonseca e do Marechal Floriano Peixoto, como vimos no módulo anterior.
ASSUNTOS ABORDADOS n República das Oligarquias: Pru-
dente de Morais e Campos Sales n Presidentes da República das Oligarquias
Durante esse período, os grupos oligárquicos, principalmente de São Paulo, vinham articulando assumir o poder para controlar a República. Os paulistas apoiaram Floriano Peixoto e conseguiram se fortalecer para eleger Prudente de Morais, do PRP (Partido Republicano Paulista), nas eleições de março de 1894. O poder político brasileiro ficou restrito às oligarquias agrárias dos Estados de São Paulo e Minas Gerais, entre 1894 e 1930, período conhecido como República Oligárquica. O domínio político presidencial nesse intervalo de tempo prevaleceu entre tais regiões do Sudeste, efetivando a política do café com leite.
Presidentes da República das Oligarquias Prudente de Morais (1894-1898)
Fonte: Wikimedia Commons
Mesmo tendo subido ao poder por meio de uma articulação junto ao governo anterior, o mandato de Prudente de Morais sofreu grande oposição dos florianistas. Quanto à política econômica, seu governo demonstrou uma postura de incentivo à expansão industrial, mediante a adoção de taxas alfandegárias que dificultavam a entrada de produtos estrangeiros. Essa política não agradou a oligarquia cafeeira, que reclamava incentivos somente para o setor rural. O principal acontecimento do governo de Morais foi a eclosão da Guerra de Canudos, entre 1896 e 1897, um grande conflito que envolveu a população sertaneja do Nordeste especialmente da Bahia. As principais razões que levaram a tal levante estão ligadas à desigualdade fundiária do País, marcada pela concentração de terras, bem como à situação de extrema miséria em que se encontravam as camadas mais pobres daquela região. Antônio Conselheiro, pregando a salvação da alma, fundou o Arraial de Canudos, às margens do rio Vaza-Barris. A cidade possuía uma população de, aproximadamente, 20 mil habitantes, que se dedicava às pequenas plantações e à criação de animais para a subsistência. O Arraial de Canudos não agradava à Igreja Católica, que perdia fiéis; nem aos latifundiários, que perdiam mão de obra. E, após uma acusação do movimento ser monarquista, o Governo Federal iniciou uma intensa campanha militar.
Figura 01 - Fotografia retratando seguidores de Antônio Conselheiro, em sua grande maioria descendentes de escravos africanos, presos durante os últimos dias do conflito de Canudos. Por Flávio de Barros. 1897.
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História
Antônio Conselheiro, um beato que rapidamente adquirira uma imagem mística e profética, foi o principal líder da comunidade que se estabeleceu na antiga fazenda de Canudos. Tal comunidade foi vista como ameaça para as elites baianas e, ao mesmo tempo, para os republicanos, pois Conselheiro criticava o novo regime político do País, fazendo referências gloriosas à monarquia. Em novembro de 1896, uma expedição de 100 soldados foi derrotada pelos integrantes de Canudos. O governo da Bahia e, posteriormente, o governo Federal, enviaram novas expedições, também sem sucesso. Foi apenas a partir de junho de 1897 que cerca de 15 mil soldados trazidos de todas as partes do País, montando um cerco à comunidade, conseguiram desmontar por completo tal movimento. Em 5 de outubro de 1897, Canudos foi finalmente derrotada e a comunidade dizimada.
Figura 02 - Caricatura de Prudente de Morais, demonstrando os apuros do presidente perante um mandato conturbado e fragilizado. Revista Don Quixote. 1895.
Após ter sido alvo de atentado por parte do soldado Marcelino Bispo, durante a cerimônia das tropas vitoriosas que retornavam de Canudos, em 5 de novembro de 1897, Prudente de Morais declarou estado de sítio. A partir de então, realizou violenta repressão aos inimigos do regime, ligados ao florianismo, permitindo o fortalecimento do projeto republicano das oligarquias.
SAIBA MAIS
Fonte: Wikimedia commons
Os Sertões é uma das obras mais emblemáticas do escritor pré-modernista Euclides da Cunha (18661909). A obra regionalista narra os acontecimentos da sangrenta Guerra de Canudos, liderada por Antônio Conselheiro (1830-1897). Trata-se de um relato histórico mesclado à literatura e analisado por outras áreas do conhecimento como: Antropologia, Sociologia, Geografia e História. Vale a pena conferir.
B12 República das Oligarquias: Prudente de Morais e Campos Sales
Campos Sales (1898-1902) Em seu governo, Campos Sales procurou reorientar a política econômica para atender, principalmente, aos interesses das oligarquias rurais: café, algodão, borracha, cacau, açúcar e minérios. Adotando o princípio de que o Brasil era um país essencialmente agrícola, o apoio à expansão industrial foi suspenso. Em seu governo, a inflação e a dívida externa eram problemas sérios. O então ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho, deu início ao chamado saneamento financeiro: política deflacionista visando à valorização da moeda. Além do corte de crédito à expansão da indústria, o governo deixou de emitir moeda e criou novos impostos, aumentando os que já existiam. Procurou-se uma redução dos gastos públicos e foi adotada uma política de arrocho salarial. Outra medida para o equilíbrio econômico foi o funding-loan, acordo de negociação da dívida externa: o Brasil teria um novo empréstimo e, ainda, a suspensão do pagamento das dívidas por 13 anos. Além disso, teria 63 anos de prazo para liquidar essas dívidas. Para conseguir apoio do Congresso na adoção do saneamento financeiro, Campos Sales colocou em funcionamento a política dos governadores, que consistia no acordo entre o chefe do Executivo federal e os governadores, garantindo maior autonomia aos estados e apoio pleno ao presidente. 570
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação
02. (Uespi PI) O governo de Campos Sales procurou estabelecer pactos políticos para facilitar a administração e superar as possibilidades de aprofundamento das crises econômica e social. A conhecida política dos governadores por ele desenvolvida a) ajudou substancialmente os estados mais desfavorecidos politicamente, inclusive, o Piauí, que passou a ter mais representatividade. b) desfez o poder que os coronéis tinham, ajudando na reformulação política dos estados do Nordeste. c) fortaleceu a centralização política, consolidando mais ainda as forças políticas das elites governantes e do presidente da República. d) trouxe expectativas positivas com relação à modernização das elites e às reformas sociais. e) favoreceu os investimentos nos estados mais pobres, provocando reação de São Paulo e Minas Gerais, que se sentiram prejudicados. 03. (PUC SP) Com base nas informações contidas no documento e no seu conhecimento sobre o assunto, ASSINALE a única opção que NÃO apresenta uma característica correta.
c) Embora a fraude eleitoral fosse uma prática comum à época, as eleições cumpriam um papel estratégico, abrindo brechas no interior do jogo de poder oligárquico e implicando uma série de procedimentos de negociação entre as elites e o eleitorado. d) A expressão “eleições a bico de pena” identificava um dos mais graves problemas do sistema eleitoral da Primeira República: a falsificação das atas eleitorais, alterando o número de votantes. e) No nível municipal, o coronel era o senhor dos chamados “currais eleitorais”, arregimentando os eleitores “de cabresto”, como o “Zé Burro” da ilustração. 04. (Mackenzie SP) Com a implantação da República Oligárquica, isto é, com o poder nas mãos dos civis, instala-se a hegemonia dos grandes estados, propiciada pela representação proporcional no governo. Os estados enfraquecidos opunham-se ao governo federal. Para pôr fim a essa situação, o presidente Campos Sales criou, em 1900, um artifício político, através do qual os governadores estaduais apoiariam irrestritamente o governo federal em troca da eleição de deputados federais apoiados por ambos, ficando os partidos de oposição sem apoio político. Luís César Amad Costa & Leonel Itaussu A. Mello
O “artifício político”, citado no fragmento de texto acima, ficou conhecido pelo nome de a) coronelismo. b) política do café-com-leite. c) voto de cabresto. d) política dos governadores. e) República Velha. 05. (UFRRJ) “Os paulistas não fazem resistência (...) do que eles fazem questão séria (...) é da substituição e permanência no trabalho, e desde que o governo cure seriamente de empregar os meios que facilitem a substituição do trabalho escravo, desde que facilite a aquisição de braços livres que garantam a permanência do trabalho (...) os paulistas estarão satisfeitos e não farão questão de abrir mão de seus escravos sem indenização (...)”. (Discurso de Prudente de Moraes em Santos, J.M. Os Republicanos Paulistas e a Abolição. SP: Martins, p.225.)
a) A Constituição de 1891 estabeleceu o voto direto, sendo considerados eleitores os cidadãos brasileiros maiores de 21 anos, excluídos os analfabetos, as mulheres, os praças militares e os membros das ordens religiosas. b) A instituição do voto secreto e obrigatório contribuía para que a maioria dos eleitores ficasse sujeita à pressão dos chefes políticos.
A posição defendida pelos cafeicultores paulistas, em relação ao problema da mão de obra, acabou sendo importante para a substituição do escravo por um tipo de trabalhador não cativo. a) Apresente uma razão para a escolha do trabalhador europeu (e não do asiático ou do nacional) no processo de substituição do escravo. b) Explique o questionamento existente ao termo “abolicionista” para caracterizar leis como a do “Ventre Livre” (1871) ou dos “Sexagenários” (1885).
Questão 05. a) Devem ser citadas a visão racista da época que apresentava o europeu como detentor de um maior conhecimento técnico e a necessidade de branqueamento da população brasileira. b) Essas leis, aprovadas por um Parlamento composto por uma maioria de proprietários de terras, demonstravam que este estava mais interessado em adiar o fim da escravidão, até a solução do processo de substituição dessa mão de obra, do que extingui-la imediatamente.
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B12 República das Oligarquias: Prudente de Morais e Campos Sales
01. (Furg) Dentre os movimentos messiânicos que marcaram a vida brasileira durante a República Velha, podem ser citados: a) Canudos e Contestado. b) Revolta da Armada e Revolução Federalista. c) Revolta dos Marinheiros e Cabanagem. d) Revolta da Vacina e Sabinada. e) Revolta dos Muckers e Balaiada.
História
Exercícios Complementares
B12 República das Oligarquias: Prudente de Morais e Campos Sales
01. (Mackenzie SP) Os seguidores de Antônio Conselheiro acreditavam que Canudos era o lugar de salvação no mundo, um lugar privilegiado onde fiéis, através da vida limpa e piedosa, se preparavam para o Reino de Deus. Para os líderes do governo, a República estava em perigo, exigindo repressão ao movimento. A respeito do quadro social que gerou esse conflito na República Velha, está correto afirmar que a) as estruturas políticas tradicionais de dominação temiam a ascendência do Conselheiro sobre os sertanejos que, em sua cultura arcaica, buscavam na religião a solução para o isolamento e miséria e para a seca. b) o Conselheiro era monarquista convicto e preparava um amplo movimento popular contra a República, ameaçando a capital, o Rio de Janeiro. c) a ideologia republicana via o conflito como fruto do coronelismo, da miséria e das condições políticas novas não assimiladas pela cultura sertaneja, daí a solução pela tolerância. d) o governo republicano, usando de tolerância, interferiu na ordem social, evitando o massacre defendido pelas lideranças militares. e) no terreno econômico-social, o Conselheiro não admitia as desigualdades econômicas, incitando a população à revolta aberta contra proprietários e governo. 02. (Cescem SP) “Além de organizar a chamada Política do Governadores e de negociar o acordo denominado “Funding Loan” com banqueiros estrangeiros, o Presidente, com o auxílio do ministro Joaquim Duarte Murtinho, adotou medidas de compressão de despesas.” O texto acima refere-se ao presidente. a) Prudente de Morais. b) Campos Salles. c) Rodrigues Alves. d) Afonso Pena. e) Hermes da Fonseca. 03. (UECE) “Havia no Brasil pelo menos três correntes que disputavam a definição da natureza do novo regime: o liberalismo à americana, o jacobinismo à francesa e o positivismo de Augusto Conte, defendido por Benjamin Constant. As três correntes combateram-se intensamente nos anos iniciais da República até a vitória de uma delas”. Fonte: CARVALHO, José Murilo. A Formação das Almas – O imaginário da República no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1990, pp. 9-11.
A corrente vencedora foi a) A corrente Positivista de Benjamin Constant. b) A corrente Liberal Americana.
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c) A corrente Jacobina Francesa. d) Um misto das correntes Positivista e Jacobina. 04. (UFC) Com relação ao movimento de Canudos, faça o que é pedido abaixo. a) Identifique: as razões apresentadas pelo governo brasileiro para justificar as medidas repressivas tomadas contra o arraial de Canudos. b) Responda: por que a comunidade de Canudos constituiu-se em uma alternativa de vida para os camponeses pobres? 05. (Mackenzie SP) As moças ricas não podem compreender o casamento senão com o doutor; e as pobres, quando alcançam um matrimônio dessa natureza, enchem de orgulho a família toda, os colaterais e os afins. Não é raro ouvir alguém dizer com todo o orgulho: — Minha prima está casada com o doutor Bacabau. (...) O título — doutor — anteposto ao nome tem na Bruzundanga o efeito do — dom — em terra de Espanha. Mesmo no Exército, ele soa em todo o seu prestígio nobiliárquico. Quando se está em face de um coronel com o curso de engenharia, o modo de tratá-lo é matéria para atrapalhações protocolares. Se só se o chama tout court — doutor Kamisão — ele ficará zangado porque é coronel; se se o designa unicamente por coronel, ele julgará que o seu interlocutor não tem em grande consideração o seu título universitário-militar. Lima Barreto - Os bruzundangas
A sátira que o escritor carioca traçou a partir da descrição da “República dos Estados Unidos da Bruzundanga” se refere, no trecho acima, a um fenômeno próprio da sociedade brasileira da época. Trata-se do a) bacharelismo. b) coronelismo. c) parnasianismo. d) arrivismo. e) militarismo. 06. (UFMG) A POLÍTICA DOS GOVERNADORES, instituída no governo Campos Sales (1898-1902), significou a resolução da contradição instituída pela Constituição de 1891. Essa contradição se dava entre a) a naturalização compulsória e a livre escolha da cidadania brasileira. b) a política de valorização do café e a indústria nascente. c) o bicameralismo e a democracia indireta. d) o federalismo e o presidencialismo. e) os presidentes militares e os cafeicultores paulistas.
Questão 04. a) A experiência religiosa e camponesa do Arraial de Canudos ainda desperta a curiosidade e a admiração dos brasileiros contemporâneos: o governo brasileiro possuía várias razões para querer destruir Canudos, como (1) a necessidade de garantir o apoio simbólico da população ao regime republicano, já que os conselheristas faziam críticas à República e eram identificados como monarquistas, (2) a continuidade dos pactos políticos com os grandes proprietários de terras, que viam “sua” mão de obra fluir em direção ao Arraial, (3) a ameaça que uma experiência camponesa autônoma representava para a ordem social baseada na submissão e na lealdade, especialmente nas áreas rurais, e (4) a presença de um líder como Antônio Conselheiro, considerado um fanático religioso, num momento em que se queria estabelecer uma ordem social civilizada e moderna para o país. b) A comunidade de Canudos conseguia organizar-se autonomamente, com base em uma divisão do trabalho bastante rudimentar, orientada por rígidos princípios religiosos, mas com grande capacidade de produção de subsistência. Assim, representava uma alternativa de vida nas áreas rurais do semiárido que jamais os camponeses conseguiram ter sob o regime do latifúndio.
FRENTE
B
HISTÓRIA
Exercícios de Aprofundamento 01. (UFU MG) As pretensões expansionistas japonesas na Ásia, a construção da Grande Ásia Oriental, colidiam com os interesses norte-americanos para a região. Os imperialistas seguiam as estratégias siberiana e colonial. A primeira encarregou o Exército de expandir o domínio Japonês para a China do Norte, Mongólia e Sibéria, rivalizando com a União Soviética. A estratégia colonial, delegada à Marinha, visava a conquista de colônias inglesas, francesas e holandesas na Ásia. O obstáculo para esse projeto era a força dos Estados Unidos no Pacífico (Alaska, Ilhas Aleutas, Filipinas e Havaí). O projeto imperialista japonês a) buscava contemporizar seus interesses com as forças chinesas, vistas como um importante apoio na luta contra o imperialismo norte-americano. b) ganhou força com o bombardeamento de Pearl Harbor e a entrada dos EUA na guerra, forçando o recuo dos movimentos anti-imperialistas nipônicos. c) manteve, com o fim da Segunda Guerra, suas anexações territoriais, o que lhe permitiu continuar como uma grande potência. d) previa a mobilização de recursos das áreas ocupadas para realimentar o complexo industrial-militar que se fortalecia internamente. 02. (Fac. Santo Agostinho BA) A política de expansão de poder e dominação de um Estado ou sistema político sobre outros ocorreu muitas vezes na história. No entanto, o termo imperialismo surgiu para designar especificamente a expansão das potências industriais europeias a partir do século XIX. NA NOVA ONDA de colonização do século XIX, as potências partilham entre si as regiões menos desenvolvidas do globo. GE História 2017. São Paulo: Abril, 2016.
Sobre o imperialismo no século XIX, é correto afirmar: 01) A partilha da África e da Ásia pelas potências industriais prorrogou as crises que provocaram a Primeira Guerra Mundial. 02) O novo processo de colonização promoveu a distribuição global das riquezas. 03) O imperialismo atraiu para a Europa a mão de obra imigrante, para suprir a necessidade de operários para trabalhar nas indústrias europeias. 04) Os povos africanos se beneficiaram com o acesso ao progresso tecnológico advindo da Revolução Industrial europeia. 05) A expansão imperialista provocou um processo de desaculturação das regiões dominadas e demarcou territórios sem levar conta as áreas ocupadas por etnias nativas, fato responsável, dentre outros, por conflitos atuais nessas regiões. 03. (Fac. Direito de Franca SP) “Este período é obviamente a era de um novo tipo de império, o colonial. A supremacia econômica e
militar dos países capitalistas há muito não era seriamente ameaçada, mas não houvera nenhuma tentativa sistemática de traduzi-la em conquista formal, anexação e administração entre o final do século XVIII e o último quartel do XIX. Isso se deu entre 1880 e 1914, e a maior parte do mundo, à exceção da Europa e das Américas, foi formalmente dividida em territórios sob governo direto ou sob dominação política indireta de um ou outro Estado de um pequeno grupo: principalmente Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica, EUA e Japão.” Eric Hobsbawm. A era dos impérios. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008, p. 88. Adaptado.
O texto caracteriza a) o imperialismo, que se expressa na conquista portuguesa e espanhola do litoral africano e de grande parte da América Central e do Sul. b) a guerra fria, que pode ser demonstrada na influência dos países da Europa ocidental e central sobre a região do Pacífico e o Norte da África. c) o imperialismo, que pode ser exemplificado no domínio belga sobre o Congo e na influência norte-americana em Cuba. d) a guerra fria, que se manifesta na hegemonia norte-americana sobre a Europa ocidental e a América Latina. e) o imperialismo, que se revela nos conflitos entre franceses e britânicos pelo controle colonial da América do Norte. 04. (UEM PR) Sobre o Impressionismo nas artes, assinale a(s) alternativa(s) correta(s): 01. Foi um movimento artístico que revolucionou a pintura, apesar de seguir convenções acadêmicas. 02. As telas tinham constantes alterações porque os artistas perseguiam o registro da observação da incidência da luz solar sobre os objetos. 04. Os pintores impressionistas receberem críticas favoráveis logo nas primeiras exposições, pois se vislumbrava, então, no gosto da crítica, um novo conceito de arte, que valorizava o Impressionismo. 08. Os artistas do Impressionismo não tinham um programa definido nem teoria que os orientasse. 16. Sombras luminosas e coloridas são características das pinturas do Impressionismo. 05. (UEM PR) Sobre a relação entre arte, técnica e indústria é correto afirmar. 01. A chamada morte da arte, como entendida por alguns, não apresenta uma relação direta com a técnica, significando apenas uma recusa do mercado em aceitar certos procedimentos artísticos. 573
História
02. O norte-americano Lichtenstein não teve como influência os cartuns, uma vez que os considerava ligados demais à sociedade de consumo e à produção de imagens em larga escala. 04. A invenção da fotografia teve grande influência sobre o desenvolvimento e o direcionamento de certas correntes artísticas. 08. A arte povera (arte pobre) era um movimento de contestação de artistas que clamavam pela aceitação da sociedade de consumo em massa. 16. A fotografia não pode ser considerada uma reprodução fiel do real, uma vez que o fotógrafo tem preferências estéticas. 06. (UEM PR) Sobre a arte na contemporaneidade, é correto afirmar que 01. as montagens teatrais do diretor Ziembinski são reconhecidas por efetuarem o resgate histórico do teatro grego de Sófocles e os clássicos de Shakespeare, ampliando o acesso de tais obras ao público brasileiro. 02. a música de massa baseia-se em procedimentos repetitivos, demarca o pulso rítmico regular, acarretando uma escuta linear e de pouca complexidade estrutural. 04. o recente desenvolvimento tecnológico fortaleceu a distinção entre a caracterização do que são os objetos artísticos e o que são os objetos utilitários e cotidianos. 08. a Bauhaus, famosa escola de design, propunha que os objetos utilitários deveriam ser projetados considerando apenas suas características funcionais, eliminando qualquer influência estética. 16. a Europa, após a Segunda Grande Guerra, deixa de ser o centro mais influente de produção artística moderna. Nova York passa a ser o centro de irradiação dessa produção, ao mesmo tempo em que regiões periféricas, como o Japão e a América Latina, começam a despontar como produtoras de arte moderna.
FRENTE B Exercícios de Aprofundamento
07. (Unicamp SP) Compare as duas ilustrações de Angelo Agostini (1843-1910) sobre o reconhecimento da República brasileira pela Argentina (fig.1) e pela França (fig.2).
Assinale a alternativa correta. a) As alegorias expressam visões diferentes sobre o imaginário da República brasileira: na primeira ela é representada com um olhar de proximidade, e, na segunda o olhar expressa admiração, remetendo à visão corrente do gravurista sobre as relações entre Brasil, França e Argentina. b) O reconhecimento da França traz a confraternização entre dois países com tradições políticas muito diferentes, porém unidos pelo constitucionalismo monárquico e posteriormente pelo ideário republicano. c) No reconhecimento da Argentina ao regime republicano brasileiro, as duas repúblicas ocupam a mesma posição, indicando ter a mesma idade de fundação do regime e a similaridade de suas histórias de passado colonial ibérico. d) As duas imagens usam a figura feminina para representar as três repúblicas, característica não usual para a representação artística do ideário republicano, protagonizado por lideranças masculinas. 08. (UFU MG) Observe o trecho abaixo: O plano geral da cidade, de relevo acidentado e repontado de áreas pantanosas, constituía obstáculo permanente à edificação de prédios e residências que, desde pelo menos 1882, não acompanhavam a demanda sempre crescente dos habitantes. A insalubridade da capital, foco endêmico de varíola, tuberculose, febre tifoide, lepra, escarlatina e sobretudo da terrível febre amarela, já era tristemente lendária nos tempos áureos do II Reinado, sendo o Rio de Janeiro cantado por um poeta alemão como “a terra da morte diária/Túmulo insaciável do estrangeiro. SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão. São Paulo: Brasiliense, 1995. p. 52.
No excerto, é relatado o triste cenário do Rio de Janeiro nos anos iniciais da Primeira República, agravado pela crise sanitária que assolou a cidade e também por outros aspectos da vida social, entre eles, a economia. Com base nesse contexto, é correto dizer que a crise econômica derivou da a) política de desenvolvimento focada na formação da indústria de base, desprestigiando a indústria de bens de consumo. b) política monetária, que propiciou o aumento de moeda no mercado e a facilidade na criação de sociedades anônimas. c) queda drástica da produção cafeeira, que diminuiu o fluxo das exportações e impulsionou o desemprego nos campos. d) política protecionista do governo federal, que visava investir no capital nacional, o qual ainda era incipiente e incapaz de fomentar a industrialização. 09. (Uel) O Positivismo desenvolveu-se no Brasil durante o II Império e foi defendido por políticos ilustres como Benjamin Constant, Júlio de Castilho, Teixeira Mendes, marcando fortemente os ideais republicanos que culminaram com a Proclamação da República, em 1889.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Com base nos conhecimentos sobre as influências positivistas
as, dir-se-ia nada ter acontecido. Tão preparado estava o nosso
no processo de transição do regime imperial para o republica-
país para a República, tão geral foi o consenso do povo a essa
no, considere as afirmativas a seguir.
reforma, tão unânimes as adesões que ela obteve, que a rua do
I.
Como expressão mais forte dessas mudanças, o pavilhão
Ouvidor, onde toda a nossa vida, todas as nossas perturbações
imperial adotou o lema positivista.
se refletem com intensidade, não perdeu absolutamente o seu
A ideia de uma democracia representativa levou à adoção
caráter de ponto de reunião da moda.
do sistema do voto universal, o que permitia a acomodação das classes sociais. III.
A presença do ideário positivista destacou-se no setor militar, sobretudo entre os oficiais de alta patente.
IV.
A formação de um governo de cunho autoritário caracterizou-se pela imposição da ordem através da força militar, na chamada República de Espadas.
Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 10. (UFU) No final do governo de Prudente de Moraes (1894-8),
(Adaptado de THOME, J. “Crônica do chic”. 1889. Apud PRIORE,M.D.et alli. Documentos de História do Brasil de Cabral aos anos 90. São Paulo: Scipione, 1997.)
“Em frase que se tornou famosa, Aristides Lobo, o propagandista da República, manifestou seu desapontamento com a maneira pela qual foi proclamado o novo regime. Segundo ele, o povo, que pelo ideário republicano deveria ter sido protagonista dos acontecimentos, assistira a tudo bestializado, sem compreender o que se passava, julgando ver uma parada militar.” (CARVALHO, J.M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.)
Nos textos apresentados, encontram-se as opiniões de dois observadores do fim do século XIX - José Thome e Aristides Lobo - a respeito da Proclamação da República. A divergência entre as posições dos autores sobre o evento refere-se ao
ficou evidente que a liberdade do Executivo, do Legislativo e
seguinte aspecto
dos poderes estaduais não tendia ao equilíbrio institucional,
a) ideário republicano.
gerando conflitos de soberania e, por extensão, incerteza. Com
b) reação da população.
relação a esse dilema, já antes da eleição, e através de seu Ma-
c) caráter elitista do movimento.
nifesto eleitoral, redigido em 1897, Campos Sales defendia a
d) caracterização política do regime.
seguinte teoria: os estados são autônomos, o Parlamento é digno e fundamental, mas quem manda é o presidente. Para tal, uma vez eleito, é necessário entender-se com os chefes estaduais e controlar o congresso. LESSA, Renato. O pacto dos estados. Revista de História da Biblioteca Nacional. Edição Número 05. Rio de Janeiro, Novembro de 2005, p.39. (adaptado)
Para o autor do texto, o pacto político proposto por Campos Sales consolidou as normas de funcionamento da República Velha, vigentes no Brasil até 1930. Por sua particular maneira de organizar a política, esta nova ordem republicana resultava a) na abolição do pacto federativo, proposta já na Constituição de 1891. b) no revezamento das diferentes regiões do país na presidência. c) no enfraquecimento das instituições representativas clássicas. d) na consolidação dos grupos oposicionistas nas instâncias governamentais. 11. (Uerj RJ) Um dos documentos mais curiosos para a história da
12. (Fatec SP) “É tempo de tornarmos ao caminho certo. E nos esforçarmos para importar tudo quanto eles possam produzir em melhores condições do que nós”. Declaração de Manuel Ferraz de Campos Sales. ln: MELO L. e César, L. História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1999.
Sobre o governo de Campos Sales é correto afirmar que a) idealizou o sistema de alianças entre os governadores dos estados e o governo federal, que consistia, basicamente, em uma troca de interesses e favores e que ficou conhecido como política dos governadores. b) foi organizado o convênio de Taubaté, cuja finalidade era encontrar solução para a crise da superprodução do café. c) sua intenção era tornar o Brasil um país industrializado, uma vez que a agricultura estava levando o país ao caos econômico. d) foram iniciadas as reformas urbanas que tinham como objetivo transformar a cidade do Rio de Janeiro na “capital do progresso”.
grande data de 15 de novembro consiste, a nosso ver, no as-
e) eclodiu, na Bahia, um grande movimento de sertanejos, li-
pecto inalterável da rua do Ouvidor, nos dias 15, 16 e 17, onde,
derados por Antônio Mendes Maciel, que ficou conhecido
a não ser a passagem das forças e a maior animação das pesso-
como Guerra dos Canudos. 575
FRENTE B Exercícios de Aprofundamento
II.
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FRENTE
C
HISTÓRIA Por falar nisso O líder cubano, Fidel Castro fizera uma visita a Salvador Allende, no Chile, em 1971, quando foi mencionada a questão militar. O então presidente chileno alegou que naquele país as Forças Armadas eram neutras e não se envolveriam na política. Fidel argumentou que esse posicionamento seria mantido até o dia em que os interesses de classe da qual a hierarquia militar fizesse parte fossem ameaçados e concluiu: “Nesse dia, tomarão posição e será contra você”. Salvador Allende venceu as eleições presidenciais no Chile, em 1970, como candidato de uma coligação de esquerda, a Unidade Popular. Era a primeira vez que um marxista chegava ao poder pela via eleitoral. Durante seu governo, nacionalizou as minas de cobre, de onde vinha a principal riqueza do país. Simultaneamente, transferiu o controle das minas de carvão e dos serviços de telefonia para o Estado. Além disso, aumentou a intervenção nos bancos, realizou a reforma agrária e desapropriou grandes extensões de terras improdutivas, entregando-as aos camponeses. No entanto, os pilares socialistas no Chile não estavam tão firmes. Os Estados Unidos, envolvidos na Guerra do Vietnã e ressentidos com a Revolução Cubana, não admitiriam a instauração de um segundo regime socialista em sua área de influência. As nacionalizações e estatização também não foram bem vistas pelo País. Diante disso, o governo estadunidense submeteu o Chile a um bloqueio econômico informal. Para agravar ainda mais a situação, iniciou-se uma greve de caminhoneiros, em setembro de 1972, que foi financiada pela CIA (Agência Central de Inteligência) e comandada por Leon Vilarín - um dos líderes do grupo paramilitar neofacista Patria y Libertad. Com a paralisação, o plantio da safra agrícola no País foi cancelado até 1973. O apoio dos industriais chilenos favoreceu a estratégia de provocar o desabastecimento de artigos de primeira necessidade no Chile. A partir de então, o clima de tensão foi se intensificando. No dia 29 de junho de 1973, houve a primeira tentativa de golpe, por meio de uma aliança entre o Patria y Liberdad e os militares chilenos. A tentativa de tomar o Palácio de La Moneda fracassou, porque foi descoberta pela inteligência do Exército. Com isso, foi pedida a instauração de estado de sítio, que foi aceita por Allende, mas negada pelo Congresso. Nesse contexto, Allende nomeou um antigo militar que acreditava ser de total confiança, chamado Augusto Pinochet. No dia 11 de setembro de 1973, durante a madrugada, aviões militares lançaram bombas sobre o palácio presidencial. Encurralado, Allende utilizou a submetralhadora presenteada por Fidel Castro, para colocar fim à própria vida. Tinha início a sangrenta ditadura de Pinochet. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
C09 C10 C11 C12
República Liberal no Brasil: Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros... 578 República Liberal no Brasil: João Goulart e o Golpe de 1964 ...........582 Descolonização afro-asiática ........................................................586 Revoluções e militarismo na América: México, Cuba e Chile ...........591
FRENTE
C
HISTÓRIA
MÓDULO C09
ASSUNTOS ABORDADOS n República Liberal no Brasil: Jusce-
lino Kubitschek e Jânio Quadros n Governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) n Governo de Jânio Quadros (1961)
REPÚBLICA LIBERAL NO BRASIL: JUSCELINO KUBITSCHEK E JÂNIO QUADROS Governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) Se comparado a outros períodos da história do País, o governo de Juscelino Kubitchek destacou-se pela tranquilidade política e grande desenvolvimento econômico. Escolhido em eleições diretas, o presidente cumpriu seu mandato até o fim, passando o cargo ao seu sucessor eleito, como estabelecia a Constituição. JK fez um apelo explícito ao capital estrangeiro, que ingressou no Brasil em um ritmo nunca visto antes, aumentando exponencialmente a dívida externa. Assim, deu-se a expansão e consolidação do “capitalismo associado ou dependente” brasileiro, com um salto na industrialização, que ocorreu em torno das empresas estrangeiras (as multinacionais). Essas empresas controlaram os setores-chave da economia nacional – maquinaria pesada, alumínio, setor automobilístico, construção naval, ocasionando a desnacionalização econômica. A política econômica do governo foi feita com base no Plano de Metas, que estipulava os principais objetivos a serem atingidos, priorizando cinco setores: energia, transporte, indústria, educação e alimentação. Nas duas últimas instâncias, as metas propostas não foram alcançadas. No entanto, passaram despercebidas devido ao sucesso das demais. A política econômica de JK provocou um processo inflacionário, em razão da intensa emissão monetária, e a política de abertura ao capital estrangeiro resultou em remessas de lucros e royalties ao exterior. O período de JK foi marcado, também, pela construção de Brasília e pela criação da Sudene (Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste).
Novas eleições foram realizadas em 1960 e Jânio da Silva Quadros foi o novo presidente eleito. O político era afiliado à UDN (União Democrática Nacional) e o vice-presidente, João Goulart, pertencia à coligação PSD/PTB (Partido Social Democrático/ Partido Trabalhista Brasileiro).
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Na era JK, marcada por crises políticas, ocorreram duas tentativas de golpe: o levante de Jacareacanga e o de Aragarças – insurreições por parte de alguns militares. Em meio a esses problemas, no fim do governo, a dívida externa brasileira aumentou consideravelmente, o que levou o País a recorrer ao FMI e ao seu receituário.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
A Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog, de São Paulo, publicou um documento que coloca em evidência que o presidente Juscelino Kubitscheck foi assassinado durante uma viagem de carro, na rodovia Presidente Dutra, e não morto em um acidente, como consta nos registros oficiais. O relatório divulgado pela Comissão apresenta 90 indícios, entre provas, testemunhos, circunstâncias, controvérsias e questionamentos, pode comprovar que o presidente foi vítima de um atentado, no dia 22 de agosto de 1976. À época, Juscelino destacava-se, entre outros motivos, por tentar articular a volta da democracia no Brasil. O vereador e presidente da Comissão Municipal, Gilberto Natalini, afirma que não tem dúvidas de que JK foi assassinado. A morte do político é investigada pelo órgão municipal, cujo objetivo é ajudar a Comissão Nacional da Verdade a esclarecer o caso. Além disso, o secretário particular de Juscelino, Serafim Melo Jardim, relatou à Comissão ter certeza de que seu parceiro vinha sendo vigiado. “Eu acompanhei o presidente desde que voltou do exílio. Sempre que viajávamos ele dizia: ‘estão querendo me matar’”, declarou. Outra questão apontada pela Comissão foi o fato de não ter sido realizada radiografia no corpo do motorista Geraldo Ribeiro, embora houvesse indícios de que o fragmento metálico encontrado em seu crânio fosse munição de arma de fogo. Além disso, as fotos dos corpos das vítimas foram excluídas do processo, a mando do ex-diretor do Departamento Técnico-Científico da Secretaria Pública do Rio de Janeiro, à época, Francisco Gil Castello.
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SAIBA MAIS
Figura 01 - Juscelino Kubitschek foi assassinado, conclui a Comissão da Verdade de SP.
Governo de Jânio Quadros (1961)
C09 República Liberal no Brasil: Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros
Jânio Quadros assumiu a presidência em um contexto de grave crise financeira. A situação, portanto, era de alta inflação, crescimento da dívida externa e déficit na balança de pagamentos. Com isso, Jânio realizou um reajuste cambial, restringiu os créditos, incentivou as exportações e congelou os salários, a fim de restabelecer o equilíbrio financeiro do País. Nesse contexto, ainda, o governo começou a apurar denúncias de corrupção, nomeando uma comissão para definir a limitação da remessa de lucros para o exterior. No plano internacional, Jânio Quadros procurou implantar uma política externa independente dos Estados Unidos. Assim, ele aproximou-se dos países socialistas ao restabelecer as relações diplomáticas com a União Soviética, enviou o vice-presidente, João Goulart, à China e prestigiou a Revolução Cubana, ao condecorar com a Ordem do Cruzeiro do Sul um de seus líderes, Ernesto “Che” Guevara. Semelhantes atitudes preocuparam o governo norte-americano e a classe dominante brasileira. A oposição ao seu governo tinha em Carlos Lacerda, governador do Rio de Janeiro e figura expressiva da UDN (União Democrática Nacional) - partido com o qual rompera nos primeiros meses de mandato-, seu principal representante. Este, inclusive, articulava um golpe de estado para destituir o presidente. Sem apoio político, Jânio acabou renunciando no dia 25 de agosto de 1961 – após sete meses de governo. Essa renúncia nunca foi satisfatoriamente explicada e gerou uma grave crise política envolvendo a posse, ou não, de seu vice-presidente João Goulart.
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História
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A instabilidade política, com a renúncia de Jânio Quadros e a posse de João Goulart, somadas aos altos índices de inflação e estagnação do crescimento econômico, compuseram o caldo de cultura que alimentou o Golpe de Estado de 1964. A tentativa do golpe militar já estava sendo articulada desde o segundo governo de Getúlio Vargas. No entanto, alguns acontecimentos contribuíram para adiá-lo, tais como: o suicídio de Vargas, o crescimento econômico no período Juscelino Kubitschek, a eleição de Jânio Quadros- com apoio da UDN, partido de centro-direita-, a opção parlamentarista no início do governo João Goulart e a ampla vitória do presidencialismo no plebiscito de 1963. Nos dois primeiros anos do período Jânio/João Goulart, mesmo sob os efeitos do Plano de Metas de JK, o PIB registrou crescimento bastante significativo: 8,6% em 1961 e 6,6% em 1962. Contudo, em 1963, ocorre uma estagnação econômica, com aumento de apenas 0,6% do PIB, fato inédito na história do País até aquele momento.
Figura 02 - Foto oficial de Jânio Quadros, em 1961.
denafir-
No que diz respeito à inflação, o cenário foi ainda mais negativo. Em 1961, o índice geral de preços teve aumento de 34,7%; em 1962, subiu para 50,1% e, em 1963, chegou a 78,4%.
Exercícios de Fixação
C09 República Liberal no Brasil: Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros
poa da mara li. das u esa inos. m re-
01. (UFU MG) A respeito da vida cultural brasileira nos anos 50 e 60, assinale a alternativa correta. a) Nenhum acontecimento musical até então conhecido no Brasil provocou tantas polêmicas quanto a Bossa Nova, que sofreu forte influência do jazz e revolucionou o panorama musical brasileiro. b) A Música de Protesto, produzida por compositores de classe média, condenava as greves operárias que tanto assustavam as camadas médias da sociedade brasileira. c) O Cinema Novo, como continuação do projeto estético incorporado pelas chanchadas, foi um dos pioneiros do que se poderia denominar de “besteirol na sétima arte”. d) O Tropicalismo despontou no Brasil, no final dos anos 60, como uma reação contrária ao processo marcado pela crescente influência da música norte-americana desde o período pós-Segunda Guerra Mundial. e) A censura às artes investiu, em nome da segurança nacional, contra músicas e peças de teatro que defendiam, direta ou indiretamente, os interesses dos latifundiários e que poderiam, por isso mesmo, levar os trabalhadores rurais e pegarem em armas contra tal situação. 02. (Unesp SP) Assinale a alternativa correta sobre a denominada política externa independente do governo Jânio Quadros. a) Manter o país atrelado ao bloco socialista e participando do processo de divisão mundial do trabalho. b) Submeter projetos de desenvolvimento nacional à apreciação de um comitê norte-americano.
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c) Captação de recursos internos para a solução de todos os problemas sociais. d) Assumir a defesa da Aliança para o Progresso e apoiar a política de isolamento de Cuba. e) Reatamento de relações diplomáticas com a União Soviética e apoio à tese de autodeterminação dos povos. 03. (UFRN) No Brasil, no final da década de 50, um movimento musical afastou o samba de suas fontes populares. À influência da música clássica e do jazz, juntou-se a originalidade do violonista e cantor baiano João Gilberto, com Chega de Saudade, primeiro grande sucesso do estilo recém-inventado. Estamos nos referindo ao movimento conhecido como a) Bossa Nova d) Jovem Guarda b) Tropicalismo e) Música Pop c) Axé-music 04. (Unesp SP) “A contradição inerente do governo provocou um clima de equilíbrio precário, cuja ruptura esperava-se a qualquer momento. A dramaticidade em que viveu o período era sempre renovado pelas atitudes inesperadas e, às vezes, burlescas do Presidente da República. O episódio de condecoração de Che Guevara, então ministro de Castro, com a Ordem do Cruzeiro do Sul, foi momento capital desse drama de curta duração.” (Nilo Odália – Brasil em Perspectiva)
a) A partir do texto, identifique o presidente que governava o país. b) Caracterize os novos rumos da política externa no período.
Questão 04. a) Trata-se de Jânio da Silva Quadros. b) Jânio Quadros considerava que havia uma excessiva dependência econômica do país em relação aos Estados Unidos. Por essa razão, achava necessária a diversificação dos parceiros econômicos do Brasil no comércio exterior. Essa preocupação implicava uma aproximação com os países do bloco socialista. Tal fato provocou a oposição de setores políticos e militares conservadores que, no contexto da política da Guerra Fria, achavam esta aproximação como algo “subversivo e perigoso”, pois poderia ser um caminho para insuflar ou fortalecer a ideologia comunista. Essa política externa de aproximação com os países do bloco socialista chamou-se “Política Externa Independente” e foi conduzida pelo Ministro das Relações Exteriores Afonso Arinos de Melo Franco.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
02. (Unesp SP) Foram características do Governo Juscelino Kubitschek (1956–1961): a) Plano de Metas, apoio da UDN, oposição frontal dos comunistas e abertura ao capital estrangeiro. b) Plano de Metas, desenvolvimento industrial, apoio da aliança PSD-PTB e oposição da UDN. c) Plano de Metas, apoio da aliança PSD-PTB, restrição à presença do capital estrangeiro e apoio dos comunistas. d) Plano de Metas, instabilidade política, marcante presença do Estado na economia e oposição da aliança PSD-PTB. e) Plano de Metas, apoio dos comunistas, instabilidade política e restrição presença do Estado na economia. 03. (UFPB) No Brasil, o governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961) é lembrado como um período de estabilidade política e desenvolvimento econômico. É uma das realizações deste governo: a) A criação da SUDENE, com a finalidade de viabilizar maiores investimentos no Nordeste. b) A idealização de Brasília, nova capital federal, que foi construída no governo seguinte. c) A criação da PETROBRAS, obra magna do nacionalismo brasileiro, incumbida de atuar no setor petrolífero. d) A criação da Companhia do Vale do Rio Doce, com tecnologia e financiamentos japoneses. e) A elaboração das “Reformas de Base”, com vistas a acelerar o crescimento econômico e implementar a Reforma Agrária. 04. (Cesgranrio RJ) “Tenho neste momento como razão de maior orgulho poder entregar a V. Ex-república em condições muito diversas daquelas em que o recebi, no tocante à estabilidade do regime. Está consolidada entre nós a democracia e estabelecida a paz...” (KUBITSCHEK, Juscelino. Meu Caminho para Brasília. Rio de Janeiro: Bloch , 1978. vol 3. p. 451)
No ano de 2002, o país comemora o centenário de nascimento de Juscelino Kubitschek, o presidente em cujo mandato se mantiveram instituições estáveis e democráticas. O período imediatamente anterior à sua posse foi marcado
por crises sucessivas, bem como o governo que o sucedeu. As condições de instabilidade a que o presidente se referia, no trecho acima, ocorreram no período em que: a) Uma conspiração udenista, após a morte de Vargas e o governo de Café Filho, tentou impedir a posse dos eleitos, a qual acabou sendo garantida pelo então Ministro da Guerra. b) Sua política desenvolvimentista, marcada pelo slogan “cinquenta anos em cinco”, levou a um processo inflacionário acelerado e ao seu consequente desprestígio. c) O presidente Jânio Quadros, eleito por esmagadora maioria, procurava aproximar-se dos países socialistas, em busca de empréstimos externos. d) O vice-presidente João Goulart, submetido ao sistema parlamentarista, então instituído, assumiu o governo, face à renúncia de Jânio Quadros. e) Os governos militares, tentando implementar a indústria de base no Brasil, foram acusados de forte internacionalização da economia, pela entrada das multinacionais no mercado brasileiro. 05. (Unifor CE) Durante o curto governo de Jânio Quadros, a política externa brasileira sofreu sensíveis modificações. Nesse governo, a diplomacia brasileira procurou desenvolver uma política externa: a) De alinhamento com os países capitalistas liderados pelos Estados Unidos e de rompimento com os países socialistas apoiados pela União Soviética. b) De pragmatismo responsável, ampliando o relacionamento político e comercial do país com países da África, da Ásia e da União Soviética. c) Pendular, aproximando-se ora dos Estados Unidos, ora relacionando-se comercialmente com os países ligados a regimes socialistas. d) Independente, afastando-se do “alinhamento automático” em relação aos Estados Unidos e de aproximação com a União Soviética. e) De solidariedade continental, alinhando-se, principalmente com as nações democráticas apoiadas pelos Estados Unidos. 06. (Mackenzie SP) A crise gerada pela renúncia do Presidente Jânio Quadros foi controlada temporariamente em 1961 por meio a) da Emenda Parlamentarista, que possibilitou a posse de Goulart, conciliando os setores em confronto. b) do Pacote de Abril, que favorecia o governo, garantindo-lhe a maioria no Congresso. c) do Ato Institucional nº 5 e o consequente fechamento total do regime. d) da política de distensão, que abriu possibilidades de retorno à normalidade democrática. e) do Golpe Militar, que encerrou o governo Goulart e impôs uma nova ordem política e econômica ao país.
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C09 República Liberal no Brasil: Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros
01. (Fuvest SP) O desenvolvimento do governo de Juscelino Kubitschek, que se traduziu no Plano de Metas, foi realizado com: a) Imensas dificuldades porque não previa a utilização de investimentos estatais. b) Consideráveis investimentos da Comunidade Europeia e dos países asiáticos. c) Grandes investimentos do Estado e entrada maciça de capital estrangeiro. d) Investimentos particulares nos serviços públicos e privatização das empresas estatais. e) Imposição de restrições nas atividades políticas e implantação da reserva de mercado para as empresas nacionais.
FRENTE
C
HISTÓRIA
MÓDULO C10
ASSUNTOS ABORDADOS n República Liberal no Brasil: João
Goulart e o Golpe de 1964
REPÚBLICA LIBERAL NO BRASIL: JOÃO GOULART E O GOLPE DE 1964 João Goulart, comumente chamado como “Jango” nos meios sindicais, não era bem-visto pelas elites e pelas Forças Armadas Brasileiras. O presidente era associado aos setores de esquerda e herdeiro do trabalhismo getulista, tendo sido Ministro do Trabalho em seu último mandato. Dessa forma, era considerado uma ameaça à “segurança nacional”, trazendo risco às instituições democráticas do País. Com isso, as Forças Armadas vetaram a posse de João Goulart. Os ministros militares, então, solicitaram ao Congresso a manutenção do presidente interino Ranieri Mazzili no cargo, até que fossem feitas novas eleições presidenciais. No entanto, o pedido foi negado, o que desencadeou uma grave crise política. Em 30 de agosto, os ministros militares lançaram um manifesto, no qual alegavam a inconveniência da posse de João Goulart, tido como “agitador” e aliado dos “comunistas”. Contudo, havia uma divisão clara nas próprias Forças Armadas. Muitos oficiais defendiam a manutenção da legalidade, logo, a posse de Jango. O mais expressivo era o general Henrique Teixeira Lott. O cenário complicou-se, com o posicionamento a favor do general Machado Lopes, comandante do Terceiro Exército, a mais bem armada das subdivisões do exército brasileiro. Em contrapartida, o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), cunhado de Goulart, liderou o movimento pela sua posse, ameaçando até mesmo com resistência armada a garantia do cumprimento da Constituição. Brizola organizou a Voz da Legalidade, uma rede de rádio que tinha a função de conseguir apoio para Jango em todo o País. Com o intuito de conciliar as duas correntes – favorável e contra a posse – o congresso Nacional aprovou um Ato Adicional em 2 de setembro de 1961, que estabelecia o sistema parlamentarista no Brasil. Por meio do parlamentarismo, os poderes do presidente foram limitados, cedendo o poder, de fato, para o primeiro-ministro.
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A emenda constitucional que colocou o parlamentarismo em prática alegava que o sistema vigoraria em caráter experimental, devendo ser realizado um plebiscito em 1965 - convenientemente ao final do mandato de Jango -, para confirmar ou não sua adoção. Entretanto, como o fracasso do sistema era visível, tendo havido três sucessões ao cargo de primeiro-ministro, o plebiscito foi antecipado em dois anos. Após intensa campanha, e com a grande maioria de votos, foi decidido pelo retorno do presidencialismo, em 6 de janeiro de 1963. Assim, teve início a segunda fase do governo de João Goulart, marcada pela execução do chamado Plano Trienal, que buscava combater a inflação e realizar o desenvolvimento econômico. Esse projeto deveria proporcionar uma série de reformas estruturais, denominadas reformas de base, que incluía a reforma agrária; a reforma eleitoral – estendendo o direito de votos aos analfabetos; a reforma universitária, ampliando o número de vagas nas faculdades públicas, bem como a reforma financeira e administrativa, procurando limitar a remessa de lucro e os lucros dos bancos.
Figura 01 - João Goulart almoçando com estudantes. Jornal "Última Hora". Rio de Janeiro. 1959. Arquivo Público do Estado de São Paulo.
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Em torno da proposta das reformas de base, uniram-se diversos setores da sociedade brasileira. A mobilização popular era tremenda. Em prol das propostas de transformação social, mobilizaram-se a UNE (União Nacional dos Estudantes), bem como setores progressistas da Igreja Católica.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
No Nordeste, o advogado e político Francisco Julião liderava as Ligas Camponesas, organizando os trabalhadores rurais em torno das reivindicações pelo direito à terra. Ao mesmo tempo, fortaleciam-se os sindicatos, não apenas em defesa das reformas de base, mas também para a organização de greves por melhorias salariais e contra a inflação. De forma a congregar os sindicatos, a nível nacional, formou-se o CGT (Comando Geral dos Trabalhadores). Contudo, o plano colocava obstáculos insuperáveis. Por meio da proposta das reformas, o País perdia o apoio estrangeiro, principalmente norte-americano, importante para a renegociação da dívida externa. Ao mesmo tempo, era evidente o tom nacionalista que o presidente conferia em seus discursos, muitas vezes, convictamente, contra os EUA. O descontentamento das elites com a política do governo aumentou a partir do dia 13 de março de 1964 quando, num comício na Central do Brasil – diante de 200 mil trabalhadores, Jango radicalizou sua promessa de reforma agrária, lançou a ideia de uma “reforma urbana” e decretou a nacionalização das refinarias particulares de petróleo. Assim, Jango e, ao mesmo tempo, as mobilizações populares, atemorizaram as classes médias, elites e Forças Armadas, ao ponto de agilizarem a conspiração para derrubá-lo. O golpe foi articulado a partir da ESG (Escola Superior de Guerra), tendo como líder o chefe do Estado-Maior do Exército, o general Castelo Branco. Contou também com o amplo apoio do governo norte-americano, na pessoa do coronel Vernon Walters. No mesmo mês, quase 500 mil pessoas se manifestaram, em São Paulo, na Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em resposta ao comício da Central do Brasil, demonstrando aos golpistas seu apoio ao movimento.
Figura 02 - O oficial do exército dos Estados Unidos, Charles Murray, entre o presidente John F. Kennedy, à esquerda, e o presidente brasileiro João Goulart, à direita, durante uma revista às tropas, em 3 de abril de 1962.
Posteriormente, houve uma revolta dos marinheiros do Rio de Janeiro, que acabou servindo de pretexto para o Golpe Militar. Alegava-se, portanto, que a disciplina nas Forças Armadas estava em jogo. Em 31 de março de 1964, o general Olympío Mourão Filho (arquiteto do falso plano Cohen) colocou a guarnição de Juiz de Fora em direção ao Rio de Janeiro. No dia 1º de abril, João Goulart foi deposto e exilou-se no Uruguai, no dia 2 de abril. Encerrava-se, assim, o período democrático e iniciava-se a República Militar no Brasil.
Figura 03 - Militares da Força Pública, atual Polícia Militar, protegendo o Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro, durante o Golpe Militar no Brasil em 31 de março de 1964.
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C10 República Liberal no Brasil: João Goulart e o Golpe de 1964
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tória u-se s ase poente o de Gouutivo uma dia 2 tituía osto
História
Exercícios de Fixação 01. (UFES) “A radicalização de posições entre a esquerda e a direita, num confronto cada vez mais aberto e violento, paralisava o Governo João Goulart...”. “Sob o comando das Centrais Sindicais, greves gigantescas se multiplicavam por todo o país, nos tempos de Jango”. (VALADARES, V.T. et al. História: assim caminha a humanidade, 1993, p.50.)
C10 República Liberal no Brasil: João Goulart e o Golpe de 1964
Os trechos citados se referem ao Governo João Goulart, contexto no qual ocorreu o Golpe de 1964 desencadeado pela a) anistia para presos políticos com o fim de apaziguar o radicalismo do Partido Comunista que funcionava clandestinamente. b) crise internacional do petróleo, que determinou a entrega da produção e do refinamento do produto aos grupos estrangeiros, com o consequente fechamento da Petrobrás. c) tentativa de aprovação das chamadas reformas de base feitas por João Goulart e pela crise no quadro geral do governo acelerada pelo Comício da Central do Brasil, fatos que provocaram a reação de setores conservadores. d) aprovação da Lei Falcão pela Justiça Eleitoral, que limitava a propaganda dos candidatos militares no rádio e na televisão, para impedir que esses candidatos se elegessem. e) elaboração do Plano Trienal do governo, que criava uma nova ordem político-administrativa, prevendo a implantação do Parlamentarismo em três anos. 02. (Fatec SP) Em 25 de agosto de 1961, quando da renúncia de Jânio Quadros, os ministros militares acharam inconveniente à segurança nacional a posse do então vice-presidente João Goulart, que se encontrava, na época, no estrangeiro. Temendo o surgimento de uma guerra civil ou de um golpe militar, o Congresso, para contornar essa crise, resolveu aprovar um Ato Adicional à Constituição de 1946, com o intuito de diminuir os poderes do novo presidente. Através desse Ato Adicional a) implantou-se o sistema parlamentarista de governo. b) admitiu-se a pena de morte para os casos de subversão. c) surgiu a Revolução de 1964. d) o Congresso entrou em recesso e estabeleceu o Ato Institucional n° 5. e) o vice-presidente não seda mais considerado presidente do Congresso Nacional. 03. (UFRN) Durante o governo do presidente João Goulart (1961– 1964), o Estado brasileiro tentou implementar um extenso programa de reformas políticas e econômicas, conhecidas como “Reformas de Base”, as quais fracassaram devido à(ao): a) Lei de Remessa de Lucros, que estimulou o envio de recursos financeiros de multinacionais instaladas no Brasil, às matrizes, no exterior.
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b) Oposição de expressivos grupos da sociedade brasileira, alarmados pela radicalização política de entidades ligadas aos trabalhadores. c) Reação ostensiva das ligas camponesas, principalmente no Sudeste, que promoveram uma campanha nacional, defendendo ideias desenvolvimentistas. d) Plano Trienal, cujo sucesso levou importantes setores do empresariado brasileiro a considerarem inócuo o programa de reformas defendido pelo presidente da república. 04. (UEPB) Para garantir a posse do governo João Goulart foram realizadas diversas negociações e foram assinados alguns acordos, entre eles, o governo Goulart aceitou a implantação de uma nova forma de governo que só foi derrotada por um plebiscito ocorrido em 1963. Que forma de governo foi esta? a) Nacionalista b) Presidencialista c) Capitalista d) Socialista e) Parlamentarista 05. (PUC SP) Considere as afirmativas sobre o movimento da Legalidade, iniciado no Rio Grande do Sul, em 1961. I. A Frente Legalista, liderada por Leonel Brizola, tinha por objetivo garantir a posse de João Goulart na Presidência da República, combatendo as intenções golpistas de setores militares e do empresariado nacional e de políticos conservadores ligados à UDN. II. A fim de evitar uma guerra civil no país, a Frente Legalista negociou com a UDN e os militares uma solução intermediária para a crise: a adoção do regime parlamentar de governo, que deveria posteriormente ser referendado por plebiscito, garantindo assim a posse de João Goulart na Presidência do país. III. A organização de uma Frente Legalista pelo general Machado Lopes, comandante do III Exército, com sede no Rio Grande do Sul, tinha por objetivo impedir a posse de João Goulart na Presidência da República, devido à sua histórica militância no Partido Comunista Brasileiro, o que contrariava a Constituição vigente no país. A análise das afirmativas permite concluir que está correta a alternativa a) I b) II c) I e II d) II e III e) I, II e III
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares 01. (Mackenzie SP) Naquele comício, passando por cima das decisões do Congresso, João Goulart decretou a nacionalização das refinarias particulares de petróleo e assinou a reforma agrária (...) Jango saiu daquele comício carregado em triunfo nos braços do povo.
a) Ampla participação dos trabalhadores no comício da
(Francisco de Assis Silva - História do Brasil)
pela posse constitucional de Jango. c) Ampla participação de diferentes setores sociais progres-
02. (UFRN) Durante o governo do presidente João Goulart (1961-1964), o Estado brasileiro tentou implementar um extenso programa de reformas políticas e econômicas, conhecidas como “Reformas de Base”, as quais fracassaram devido à(ao) a) Lei de Remessa de Lucros, que estimulou o envio de recursos financeiros de multinacionais instaladas no Brasil, às matrizes, no exterior. b) Oposição de expressivos grupos da sociedade brasileira, alarmados pela radicalização política de entidades ligadas aos trabalhadores. c) Reação ostensiva das ligas camponesas, principalmente no Sudeste, que promoveram uma campanha nacional, defendendo ideias desenvolvimentistas. d) Plano Trienal, cujo sucesso levou importantes setores do empresariado brasileiro a considerarem inócuo o programa de reformas defendido pelo presidente da república. 03. (FGV SP) “Perdendo o terreno na luta mobilizatória, os golpistas militares e civis aceitaram uma solução de compromisso aprovada no Congresso: a instauração do regime parlamentarista. Entre os dias 5 e 7 de setembro, Jango retornou a Brasília, prestou juramento como presidente da República e iniciou um governo extremamente tenso e instável.” (Edgard Luiz de Barros. O Brasil de 1945 a 1964)
Esta “perda de terreno na luta mobilizatória”, à qual o texto se refere, é
b) Denominada Rede da Legalidade, liderada por Leonel Brizola, com apoio de outros governadores e do III Exército,
sistas na Marcha de Família com Deus pela Liberdade na defesa do parlamentarismo, como uma saída controlada para a posse de Jango. d) Articulação de Tancredo Neves com parlamentares, radicalizando-os contra os militares e civis golpistas em prol da política proposta por Jango. e) Apoio e, simultaneamente, paralisação, por 72 horas, de trabalhadores da cidade e do campo pela posse de Jango. 04. (PUC SP) Entre 1945 e 1993, ocorreram no Brasil cinco eleições diretas para Presidente da República. Quatro dos presidentes eleitos não concluíram os seus mandatos, indicando um grau elevado de instabilidade das instituições políticas Sobre as eleições e os eleitos, estão corretas as alternativas abaixo, com EXCEÇÃO de uma. Assinale-a. a) Getúlio Vargas, que governou o país em dois períodos, suicidou-se em 1954, acusando as elites dominantes de impedirem-no de realizar seu projeto. b) Jânio Quadros, eleito por uma coligação partidária, cuja predominância era da UDN, renunciou após oito meses de sua posse, acusando as “forças ocultas”. c) João Goulart, eleito vice-presidente, assumiu a presidência da República em setembro de 1961, governando com plenos poderes até ser deposto pelos militares em 1964. d) Fernando Collor de Mello, eleito em 1990, sofreu impedimento de governar, por deliberação do Congresso Nacional, acusado de malversação das verbas públicas. e) Eurico Gaspar Dutra (1946-50) e Juscelino Kubitschek (1956-60) foram os dois únicos presidentes eleitos diretamente a cumprirem integralmente os seus mandatos. 05. (Efei SP) Numa tentativa de resgatar a estabilidade de seu governo, obtendo o apoio popular, o presidente João Goulart no célebre comício da Central do Brasil em março de 1964, apresentou um conjunto de propostas denominadas “Reformas de Base”. Essas reformas tiveram um efeito contrário, pois alarmaram definitivamente os setores conservadores da sociedade brasileira, levando ao desdobramento do golpe militar. Em que consistiam essas “Reformas de Base”?
Questão 05. A - Reforma Agrária, democratizando a ocupação do solo rural; B - Reforma Urbana, com melhoria das condições de habitação das massas das periferias das grandes cidades. C - Reforma Eleitoral, oferecendo condições de voto ao expressivo número de analfabetos. D - Reforma Tributária, com a implementação de um sistema progressivo buscando a equalização social. 585
C10 República Liberal no Brasil: João Goulart e o Golpe de 1964
Estes acontecimentos provocaram: a) o fim do pacto populista e o golpe de 1964, liderado pelos segmentos conservadores que temiam o avanço das forças populares e das reformas sociais. b) a consolidação do governo João Goulart e a execução das reformas de base. c) a mobilização maciça das forças armadas para sustentar militarmente o governo Goulart. d) a negociação entre governo e setores conservadores, adotando-se a solução Parlamentarista. e) o acirramento dos conflitos no campo entre forças populares e conservadoras, forçando o governo Goulart a renunciar à presidência.
Central do Brasil, em apoio às medidas nacionalistas propostas pelo presidente Jango.
FRENTE
C
HISTÓRIA
MÓDULO C11
ASSUNTOS ABORDADOS n Descolonização afroasiática n Movimentos africanos n Movimentos asiáticos
DESCOLONIZAÇÃO AFROASIÁTICA As potências europeias tinham por objetivo dominar as regiões da África e da Ásia, no século XIX, para poder extrair recursos naturais e conseguir mais consumidores para seus produtos industrializados. Na prática, não havia intenção de levar desenvolvimento e melhorias para esses povos. Ao final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a União Soviética passaram a ver com maus olhos a presença dos países europeus na África e na Ásia. A fim de atrair os países colonizados para suas esferas de influência, os governos das duas superpotências passaram a defender a autonomia desses povos. Na verdade, há muito tempo os povos africanos e asiáticos já lutavam contra o colonialismo. Durante a Guerra, vários movimentos nacionalistas, contra qualquer domínio estrangeiro, se formaram nessas regiões. Em 1945, líderes africanos realizaram em Manchester, Inglaterra, o V Congresso Pan-africano. Entre eles, estavam Kwame Nkrumah (1909-1972), futuro primeiro-ministro de Gana, e Jomo Kenyatta (1889-1978), que presidiria o Quênia entre 1964 e 1978. Influenciados pelas ideias socialistas, em sua declaração final os congressistas condenaram o colonialismo, reafirmaram o princípio da autodeterminação dos povos e conclamaram: “Povos coloniais e subjugados do mundo, uni-vos!” Esses movimentos nacionalistas começaram a crescer, de forma que em menos de duas décadas, a maior parte deles seriam vitoriosos nos processos de independência em seus países. Em alguns casos, essa conquista foi obtida de forma pacífica, enquanto em outros, isso só foi possível por meio de embates armados.
Movimentos africanos A independência da Argélia A Guerra da Argélia teve início em 1954 e seguiu até 1962, podendo ser caracterizada como um conflito civil pela independência do País. Esse movimento tinha dois principais partidos revolucionários em sua vanguarda: o FLN (Frente de Libertação Nacional) e o MNA (Movimento Nacional Argelino). Ambos afirmavam a independência da Argélia, porém divergiam quanto à política adotada pelo General De Gaulle. Por fim, houve dois conflitos diferentes: um contra o domínio francês e outro entre os dois partidos revolucionários.
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Fonte: Wikimedia Commons
Figura 01 - Barricadas montadas na Rua Michelet de Alger, durante a Guerra de Independência da Argélia, por Christophe Marcheux. 1960.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Entre as correntes, o FLN foi vitorioso e o Governo francês foi obrigado a reconhecer a independência da Argélia em 5 de julho de 1962. O apartheid O apartheid foi uma política racial implantada na África do Sul. No período em que foi estabelecida, vigorava um regime separatista, no qual apenas uma minoria branca tinha direito ao voto, enquanto a imensa maioria da população, negra, deveria obedecer às medidas e leis impostas. Essa política tornou-se oficial em 1948, com a chegada do NPN (Novo Partido Nacional) ao poder. Os negros não podiam votar, nem comprar terras na maior parte do País, devendo viver em zonas segregadas, em uma espécie de confinamento geográfico. Casamentos e relacionamentos, de quaisquer espécies, entre pessoas das diferentes etnias também eram proibidos. Na década de 1950, teve início a oposição ao apartheid, quando a organização negra criada em 1912 - o Congresso Nacional Africano -, decidiu por uma desobediência civil. Na sequência de vários acontecimentos, em 1960 a polícia assassinou 67 negros que participavam de uma manifestação. Esse evento, que ficou conhecido como O Assassinato de Sharpeville, provocou protestos internacionais. Em consequência, o CNA (Congresso Nacional Africano) caiu na ilegalidade e seu líder Nelson Mandela foi preso e condenado à prisão perpétua.
Com o fim da colonização portuguesa na África (1975), o domínio branco e vários países, incluindo a África do Sul, entrou em crise. As manifestações populares contra o apartheid foram intensificadas e a própria ONU (Organização das Nações Unidas) interviu para tentar colocar fim à política. Em 1989, a posse de Frederick de Klerk na presidência provocou diversas mudanças. Em 1990, Mandela foi libertado e o CNA recuperou a legalidade. Klerk revogou as leis raciais e iniciou o diálogo com o referido partido. Sua política foi legitimada por um plebiscito só para brancos, em 1992, no qual 69% dos eleitores (brancos) votaram pelo fim do apartheid. Na sequência, o Parlamento aprovou a Lei de Direitos Sobre a Terra. Com isso, restituiu o direito de propriedade às famílias negras, atingidas pela lei de 1913, que destinou 87% do território à minoria branca.
Movimentos asiáticos Independência do Vietnã A derrota em Dien Bien Phu, aliada à pressão popular na França pelo fim da guerra, fez com que o governo francês viesse a negociar o acordo de paz na Conferência de Genebra, em 1954. Os acordos firmados decretavam o fim do domínio colonial francês na região e instituíam a independência de Laos, Camboja e Vietnã. Para o Vietnã, foi decretado que ele seguiria dividido no paralelo 17, delimitando o Vietnã do Norte e o Vietnã do Sul. A configuração do país após a oficialização de sua independência acabou motivando novas tensões que, com a rivalidade existente entre os dois governos, aliadas aos interesses geopolíticos do contexto da Guerra Fria, conduziram o Vietnã a uma nova guerra, que se estendeu de 1959 a 1975.
Fonte: Wikimedia Commons
Nos embates entre o principal partido (FLN) e as tropas francesas, que colonizavam o País desde 1830, houve ataques maciços de ambos os lados, além do uso de torturas adotadas pela repressão francesa. Essas práticas foram por muito tempo omitidas da população, tendo o governo censurado jornais e meios de comunicação para maquiar os acontecimentos.
C11 Descolonização afroasiática
Figura 02 - Foto tirada durante um protesto contra o "apartheid" na África do Sul, por Paul Weinberg. 1960.
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História
A independência indiana – a via pacífica No século XIX, teve início a resistência dos indianos à dominação inglesa, que só ganhou força, de fato, após o fim da Primeira Guerra Mundial. Devido a esse conflito internacional, houve um aumento nos preços dos produtos e a população enfrentava um estado de miséria. Os impostos eram elevados e a importação de artigos têxteis ingleses causava o desemprego dos tecelões que viviam no campo, colocando em risco a sobrevivência do artesanato familiar. Em 1919, a situação se agravou quando a Inglaterra promulgou um conjunto de leis que reduziam os direitos civis da população. Reagindo contra essa medida, o advogado Mohandas Gandhi, também chamado de Mahatma, liderou uma greve geral que paralisou as atividades econômicas na Índia. Tinha início o movimento pela independência no país. Defendendo métodos pacíficos de resistência, como a não violência e a desobediência civil, Mahatma (Grande Alma) Gandhi – conquistou, com o tempo, apoio popular e respeito internacional. Entre suas táticas de luta, estavam o boicote aos produtos ingleses e o não pagamento de impostos. Com o término da Segunda Guerra Mundial, na Inglaterra surgiram defensores da emancipação da Índia. Nesse contexto, o governo inglês, sob o comando do Partido Trabalhista, determinou a retirada dessa colônia asiática.
Fonte: Wikimedia Commons
C11 Descolonização afroasiática
Naquele momento, em toda a Índia, vigoravam tendências religiosas diferentes. Enquanto 24% da população era adepta ao islamismo, a maioria era hindu. Dessa forma, em 1947 o território dividiu-se em Índia (hindu) e Paquistão (muçulmano). Em 1971, líderes do Paquistão Oriental proclamaram sua independência, formando o país de Bangladesh.
Figura 03 - Mahatma Gandhi. Fotógrafo desconhecido. 1942.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias Questão 01. a) Era esperado que o candidato identificasse refugiados como indivíduos que são obrigados a deixar seus locais de origem (por conflitos armados, perseguição religiosa ou política, violência generalizada, violação dos direitos humanos, catástrofes climáticas, etc.), tornando-se pessoas sem um referencial local. Para o processo moçambicano, expresso no texto de Mia Couto, os refugiados derivam da guerra civil posterior à independência. b) Entre os elementos históricos comuns a Angola e Moçambique no pós-independência era possível apontar: a ocorrência de guerras civis, influenciadas por ideologias externas no contexto da Guerra Fria e como desdobramentos de rivalidades internas pela disputa do poder; a instauração de governos autoritários; a manutenção da língua do colonizador, o português, como elemento de unificação local.
Exercícios de Fixação
(Mia Couto, Terra sonâmbula. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 9-10.)
O trecho acima, escrito por Mia Couto, traz uma narrativa sobre o cenário de guerra de Moçambique pós-independência (1977-1992). A partir do texto, responda às questões abaixo. a) O que são refugiados? Explique, relacionando-os ao processo moçambicano. b) Apresente dois elementos históricos comuns a Angola e Moçambique, após a independência do domínio português. 02. (IF PE) Primeiro os pretos foram subordinados: “uns idiotas e brutos”, diziam. Em seguida, dirigiam a eles um olhar mais indulgente; diziam: “eles não são tão ruins como parecem”, e tentaram formá-los; eles foram assimilados: eles foram à escola dos senhores. “As crianças grandes”, diziam, pois apenas uma criança fica eternamente na escola dos mestres. Os jovens pretos de hoje não querem nem a subordinação, nem a assimilação. Eles querem a emancipação. CÉSAIRE, Aimé. Apud: LEVY, Miriam de Andrade. Palavras ao vento: os novos ares da crioulidade diante do turbilhão da negritude. Disponível em: <http:// www.letras.ufrj.br/pgneolatinas/media/bancoteses/miriamdandradelvymestrado.pdf> Acesso em 14 maio 2017.
No contexto das descolonizações africanas, Aimé Césaire, autor do texto, Léopard Senghor e Léon Damas fundaram a revista O estudante negro, na qual formularam o conceito de a) eugenia, num período de emancipações nacionais. b) pan-africanismo, num período de ascensão do colonialismo. c) negritude, num período de rupturas políticas. d) racismo científico, num período de dependência econômica. e) crioulidade, num período de crescimento do imperialismo neocolonial. 03. (Unesp SP) O livro de Nnimmo Bassey rompe com dois lugares comuns que têm prevalecido nos discursos sobre a África: 1) o continente é sempre interpretado como vítima de um passado colonial onipresente que o incapacita a sair do quadro de misé-
ria e subdesenvolvimento, é como se a África estivesse condenada pelo passado, uma região sem presente; 2) o continente caracteriza-se por infindáveis lutas fratricidas e tribais. Aliás, esse conceito de tribo é reiteradas vezes usado para caracterizar os conflitos e lutas do continente, impondo-se assim um conceito que, na literatura colonialista, é oposto ao conceito de civilização. Haja eurocentrismo! Não, para Nnimmo Bassey essa história colonial não condena o presente desse continente e seus povos por uma simples razão: o fim do colonialismo não significou o fim da colonialidade que, assim, se mostra irmão siamês do capitalismo na sua sanha de acumulação de capital. (Denilson A. Oliveira e Carlos W. Porto-Gonçalves. “Apresentação à edição brasileira”. In: Nnimmo Bassey. Aprendendo com a África, 2015. Adaptado.)
Explicite o modo de estabelecimento das fronteiras no continente africano durante o período colonial e o contexto em que grande parte dos movimentos por descolonização ocorreram. Cite dois exemplos de como a colonialidade se expressa nesse continente. 04. (UEA) No continente africano, havia, em 1939, um Estado reconhecido internacionalmente como independente. No período posterior à Segunda Guerra Mundial, o seu número subiu para cerca de cinquenta Estados. Nesse mesmo período pós-guerra, o número de Estados independentes da Ásia quintuplicou. Esse fenômeno histórico a) produziu nações militarmente poderosas e teve como consequência a abolição da hegemonia das grandes potências. b) implicou o avanço do socialismo democrático e constituiu os países da Cortina de Ferro. c) isolou as novas nações das economias de suas antigas metrópoles e igualou economicamente os países. d) originou os países do Terceiro Mundo e foi o resultado de processos de descolonização. e) recebeu apoio dos centros de economia capitalista e consolidou áreas internacionais de livre-comércio. 05. (UECE) Há muito tempo o continente africano tem sido palco de conflitos violentos. Em Angola, o confronto envolveu organizações armadas que disputavam o poder desde a independência daquele país. Na República Democrática do Congo, as disputas envolveram o Estado e grupos armados; na Serra Leoa, a guerra civil durou de 1991 a 2002. Intermediários interessados na guerra, em alguns casos, a estimulam fornecendo armas e soldados; em outros casos, apoiam governos ou a guerrilha de oposição. Os produtos disputados pelo Estado e por grupos armados nesses três países Africanos são a) diamante e petróleo. b) defensivos agrícolas e gás natural. c) metais e produtos farmacêuticos. d) alimentos industrializados e tecidos.
Questão 03. As fronteiras africanas, na verdade, as fronteiras entre os domínios coloniais africanos, foram estabelecidas, ou mais propriamente consolidadas, com o Congresso de Berlim, entre 1884 e 1885. Essas fronteiras foram desenhadas sem levar em conta os interesses das nações daquele continente, pensando-se, apenas, nas motivações econômicas e políticas das potências imperialistas europeias. O processo de descolonização ocorreu prevalentemente após a Segunda Guerra Mundial – no contexto da Guerra Fria, do confronto Oeste-Leste –, e não extinguiu as relações desiguais entre os jovens países africanos e suas antigas metrópoles. A ideia de colonialidade, que sobreviveu à emancipação dos países africanos, expressa-se [I] na subordinação das economias dos jovens Estados africanos ao capital internacional, com grande peso para as multinacionais com origem em suas antigas metrópoles; [II] na influência política que os países africanos ainda sofrem de suas antigas metrópoles, devido – em grande parte – à origem dos recursos dirigidos para amenizar os graves problemas sociais do continente, como fome, doenças endêmicas e epidemias.
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C11 Descolonização afroasiática
01. (Unicamp SP) “Naquele lugar, a guerra tinha morto a história. Pelos caminhos só as hienas se arrastavam, focinhando entre cinzas e poeiras. A paisagem se mestiçara de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam à boca. (…) Aqui, o céu se tornara impossível. E os viventes se acostumaram ao chão, em resignada aprendizagem da morte. A estrada que agora se abre aos nossos olhos não se entrecruza com outra nenhuma. (...) Um velho e um miúdo vão seguindo pela estrada. (…) Fogem da guerra, dessa guerra que contaminara toda sua terra. Vão na ilusão de, mais além, haver um refúgio tranquilo. Avançam descalços, suas vestes têm a mesma cor do caminho. O velho se chama Tuahir. É magro, parece ter perdido toda sua substância. O jovem se chama Muidinga. Caminha à frente desde que saíra do campo de refugiados”.
últi-
História
onte-
o po-
Exercícios Complementares
timo
01. (Uerj RJ)
Ampliação da ONU
Número de países
200 150 100 50 0
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 Ano Adaptado de statistiques-mondiales.com
A variação da curva do gráfico entre os anos de 1950 e 1975 é explicada pelo seguinte evento histórico: a) integração do bloco socialista b) fragmentação do leste europeu c) democratização latino-americana d) descolonização asiático-africana
C11 Descolonização afroasiática
02. (IF PE) No texto, é possível identificar as ideias de Mahatma Gandhi, liderança central do movimento anticolonial na Índia, associadas ao princípio do satyagraha, termo híndi que significa “o caminho da verdade”. O pensamento de Gandhi influenciou diversos líderes e estratégias de enfretamento ao longo do século XX, que podem ser observadas na a) estratégia de “Ação Positiva”, proposta Kwame Nkrumah, pela independência de Gana. b) resistência pacífica, pregada por Eduardo Mondlane, com a criação da Frente de Libertação de Moçambique. c) luta armada, liderada por Amílcar Cabral, contrária à colonização portuguesa em Guiné Bissau. d) não violência contra o apartheid, defendida por Nelson Mandela, após o massacre de Sharpeville na África do Sul. e) desobediência civil do Movimento Popular pela Libertação de Angola, fundado por Agostinho Neto, contra o colonialismo salazarista. 03. (Fatec SP) Após ser repartida e colonizada por países europeus (especialmente a partir da Conferência de Berlim, na década de 1880), a África passou, no século XX, por diferentes processos de independência, que deram origem aos territórios da maior parte dos países do continente. Esses processos, no contexto da Descolonização da África, têm como características comuns e principais a) o desenvolvimento de teorias raciais de superioridade do homem negro e a criação da Unidade Africana, que reuniu as principais lideranças rebeldes do continente e declarou guerra aos Estados Unidos. b) o apoio da União Soviética que, no contexto da polarização política pós-Segunda Guerra Mundial, incentivou a industrialização e a rápida arrancada de desenvolvimento verificadas nas ex-colônias europeias na África.
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c) a atuação de missionários cristãos e agentes da Organização das Nações Unidas que, aliados a agências internacionais de notícias, promoveram campanhas de conscientização da opinião pública internacional pelo fim do colonialismo. d) a crise econômica decorrente do aumento abrupto do valor dos escravos no mercado internacional, associada à queda do preço do barril de petróleo, principal commodity da pauta de exportações africanas, o que levou os europeus a abandonar as colônias. e) o enfraquecimento econômico e político dos países europeus no pós-Segunda Guerra Mundial e o surgimento de movimentos de libertação em diferentes partes do continente africano, levando à gradativa perda do controle europeu sobre as colônias na África. 04. (Unicamp SP) País da África Austral que se tornou independente em 1975 após séculos de colonialismo europeu. No período posterior à independência, a terra passou a ser propriedade do Estado, com predomínio de uso pela população camponesa e com forte participação das mulheres na produção agrícola familiar. De 1976-1992 vivenciou intensos conflitos produzidos pela guerra civil envolvendo dois dos principais grupos armados do país. O texto acima faz referência ao seguinte país: a) Congo c) Moçambique b) África do Sul d) Nigéria 05. (Fieb) Em 12 de março de 1930, Mahatma Gandhi leva a cabo uma jornada conhecida como ‘‘Marcha do Sal’’, primeira aplicação concreta de sua doutrina de não violência. Depois de percorrer a pé cerca de 300 quilômetros, chega no dia 6 de abril às margens do Oceano Índico. Avança pelas águas do mar e recolhe em suas mãos um pouco de sal. Na praia, a multidão, engrossada por dezenas de milhares de simpatizantes, passou a imitar o Mahatma. O exemplo se expandiu rapidamente, em todo o país. (Max Altman. Hoje na História: 1930 – Mahatma Gandhi inicia a Marcha do Sal. http://operamundi.uol.com.br/conteudo/historia/27746/hoje+na+ historia+1930+-+mahatma+gandhi.shtml. 12.03.2013. Adaptado)
O evento mencionado no texto teve como uma de suas finalidades principais a) derrubar a legislação que proibia o hinduísmo e a liberdade religiosa na Índia. b) reivindicar a separação da Índia e do Paquistão, que haviam sido unificados pela Inglaterra. c) lutar contra o domínio britânico, que controlava diversos setores econômicos da Índia. d) preservar o sistema de castas, ameaçado pelo controle político britânico. e) exigir melhores condições de trabalho para a população muçulmana que vivia na Índia.
FRENTE
C
HISTÓRIA
MÓDULO C12
REVOLUÇÕES E MILITARISMO NA AMÉRICA: MÉXICO, CUBA E CHILE
ASSUNTOS ABORDADOS n Revoluções e militarismo na
O século XX foi muito conturbado para os países latino-americanos. Após tornarem-se independentes, as ondas revolucionárias não se esgotaram. Essas nações experimentaram diversos governos e tipos de líderes políticos, como a democracia, o populismo e os regimes militares. O cenário internacional moldou a configuração latino-americana. A Guerra Fria foi responsável pela forte intervenção norte-americana nesses países.
América: México, Cuba e Chile n Revolução Cubana
n Reação norte-americana na América Latina
Revolução Cubana A Revolução Cubana foi um movimento armado que culminou na queda do presidente Fulgêncio Batista. Essa revolta foi de grande destaque por buscar diminuir a forte influência norte-americana no país.
Na primeira metade do século XX, Cuba foi considerada o “quintal” das empresas estadunidenses e o local escolhido para se abrir luxuosos hotéis e cassinos. A prostituição também era avassaladora nesse período. O cenário de luxo criado pelas empresas estrangeiras contrastava com a profunda pobreza da população cubana.
Fonte: Wikimedia Commons
Cuba foi um dos últimos países americanos a se declarar independente de sua metrópole europeia. O processo de independência ganhou forte auxílio dos EUA, que almejavam um novo mercado consumidor. Contudo, após se verem livres da antiga metrópole, muitos historiadores afirmam que os cubanos se colocaram em uma nova relação de dependência, dessa vez com um país americano - os Estados Unidos.
Após a Grande Depressão de 1929, a forte dependência americana não se mostrava como um problema apenas de cunho social, mas, economicamente, esse sistema revelava-se muito frágil. Cuba era um país onde predominava a monocultura: produzia açúcar que era vendido quase exclusivamente para os EUA. Em 10 de março de 1952, Fulgêncio Batista tomou o poder com um golpe de estado claramente apoiado pelos EUA. Suas políticas beneficiavam a elite local, composta basicamente por norte-americanos, incentivando o descontentamento popular. A tentativa de tomar os quartéis de Moncada em 1953 resultou na morte de vários combatentes e na prisão de Fidel Castro, figura que, posteriormente, encabeçou a luta armada. Exilado no México, Fidel reuniu um grupo de guerrilha e fundou o Movimento Revolucionário 26 de Julho (M-26-7). A chegada dos combatentes em Cuba foi desastrosa, forçando-os a rearticularem o movimento. Viviam escondidos nas florestas, com a ajuda dos camponeses (guajiros), para sobreviver. Além disso, ganhavam a simpatia desses homens, conforme adentravam em seu território e por considerarem os terrenos conquistados como terra livre.
Figura 01 - Che Guevara e Fidel Castro após a consolidação da Revolução Cubana, por Alberto Korda. 1961.
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História
Outras duas figuras importantes no combate armado foram Che Guevara e Camilo Cienfuegos. Che foi responsável por uma importante guerrilha bem organizada e autossustentável. Era conhecido por seu ideário comunista que, nesse momento, Fidel refutava. Aos poucos, a guerrilha ganhou território e após conquistarem a segunda maior cidade de Cuba, partiram para Havana. Por fim, os rebeldes interceptaram o material bélico destinado à capital e Fulgêncio Batista fogiu do país junto com a elite local. Fidel Castro foi recebido com furor pela população cubana que já o conhecia e admirava. As propostas do governo que incluíam estatização de empresas e reforma agrária eram contrárias aos interesses norte-americanos. A aproximação com as nações soviéticas ocorreu nesse momento frente à indignação dos EUA. John Kennedy rompeu relações com Cuba e no episódio chamado de “invasão da Baía dos Porcos” tentou instaurar uma guerra civil no país para derrubar o governo de Fidel. Em resposta ao alinhamento de Cuba com o bloco socialista, os EUA estabeleceram o “embargo comercial” contra Cuba, obrigando os demais países capitalistas da América e Europa a não comercializarem com aquela nação. Essa decisão aumentou a dependência dos cubanos com os demais países socialistas. Aos poucos, esses países voltaram a comercializar com Cuba, mas os norte-americanos voltaram a ter relações diplomáticas com os cubanos apenas em 2015. A crise dos mísseis foi um dos momentos mais tensos da Guerra Fria. Os EUA haviam instalado mísseis na Turquia, posição estratégica para atacar a URSS. Em resposta aos mísseis americanos e à tentativa de invadir Cuba, a União Soviética instalou mísseis em Cuba apontados para os EUA. Em 14 de outubro de 1962, os EUA divulgaram fotos dos mísseis soviéticos coletadas por meio de um voo secreto no território cubano. John Kennedy encarou o fato como um ato de guerra. Nikita Kruschev respondeu que os mísseis eram apenas, uma defesa contra os mísseis americanos na Turquia. Após nove dias, o conflito teve fim, com a retirada dos mísseis americanos e soviéticos. Outro resultado da crise dos mísseis foi o acordo travado no ano seguinte pelos EUA, Grã-Bretanha e URSS que proibia o teste de armas nucleares na atmosfera terrestre.
C12 Revolução e militarismo na América: México Cuba e Chile
Figura 02 - Muro com pintura representando três das maiores figuras da Revolução Cubana, em Havana, Cuba. 2014.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Reação norte-americana na América Latina Com a vitória da Revolução Cubana, a ideia de difundir o Socialismo pelo mundo tornou-se mais forte. O governo cubano passou a apoiar movimentos guerrilheiros em várias regiões da América Latina, até mesmo no Brasil. Adepto da ideia de levar a revolução a outros países, em 1966 Che Guevara renunciou a seu cargo de ministro e participou diretamente de movimentos guerrilheiros no Congo (África) e na Bolívia (América do Sul). Naquele momento (1970), um governo nacionalista e simpatizante do Socialismo chegava ao poder no Chile, com a eleição de Salvador Allende (1908-1973) para a Presidência da República. Allende tomou uma série de medidas, que incluíam a reforma agrária e a nacionalização de empresas estrangeiras. A reação do governo dos Estados Unidos à expansão das ideias socialistas na América veio rapidamente. Agentes bolivianos treinados pela CIA (Agência Central de Inteligência) capturaram e executaram Che Guevara, em 1967. No Chile, os norte-americanos tiveram grande influência no Golpe Militar, em setembro de 1973. Esse golpe derrubou Allende e colocou o general Augusto Pinochet no poder, implantando uma Ditadura Militar, assim como já vinha ocorrendo em outros países da América Latina, inclusive no Brasil.
C12 Revolução e militarismo na América: México Cuba e Chile
Fonte: Wikimedia Commons
Na Nicarágua, o governo dos Estados Unidos desembolsou cerca de 14 milhões de dólares entre 1975 e 1978, em ajuda militar ao governo do ditador Anastásio Somoza Debayle, para que este combatesse as forças guerrilheiras da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). Apesar de todo o empenho norte-americano, em 1979, os sandinistas chegaram ao poder.
Figura 03 - Salvador Allende e Pablo Neruda. Autor Desconhecido. Biblioteca do Congresso Nacional do Chile.
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História
ancios é
Exercícios de Fixação
756a Inqual-
01. (UFSCAR) No século XX, a primeira revolução social da América Latina ocorreu entre 1910 e 1917. Essa revolução iria marcar a história posterior do país. (...) Em 1934, o presidente eleito Lázaro Cárdenas deu início a uma série de reformas que procuravam retomar a tradição revolucionária do país. A reforma agrária iniciada em 1917 foi aprofundada, e as grandes empresas que operavam no setor petrolífero, nacionalizadas. A exploração do petróleo tornou- -se monopólio do Estado. (...) No plano cultural, o nacionalismo estimulou a valorização da cultura tradicional indígena, presente na pintura de artistas de grande expressão, como Diego Rivera. (José Jobson Arruda e Nelson Piletti, Toda a História. Adaptado)
O texto refere-se a) à Bolívia. b) à Colômbia. c) à Nicarágua.
d) ao México. e) ao Peru.
02. (Uniube MG) “Muitas leis latino-americanas foram feitas para castigar os povos indígenas, para dar a impressão de que eles não têm condição de defender seus direitos. (...) Há um silêncio total sobre nossa participação na história latino-americana, como se não houvesse profissionais indígenas. Os que escrevem a história fazem sua interpretação sobre os povos indígenas.”
C12 Revolução e militarismo na América: México Cuba e Chile
(Rigoberta Menchú, “Leis castigam índios”. In: Folha de São Paulo. 20. fev. 2000)
A partir da afirmação da indígena guatemalteca Rigoberta Menchú, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 1992, é possível afirmar que, ainda hoje, as principais lutas dos povos indígenas latino-americanos são por a) acesso à terra e preservação da cultura e identidade. b) inserção no mercado financeiro e participação nos lucros do sistema econômico. c) autodeterminação e formação de exército armado para defesa. d) unificação das etnias e acesso aos serviços essenciais de saúde, moradia e emprego. e) alteração das estruturas sociais e implantação do modelo capitalista de produção. 03. (UFTM MG) Em 1970, as eleições presidenciais do Chile foram vencidas pelo socialista Salvador Allende, candidato da Aliança Popular, uma aliança de esquerda que aglutinava comunistas, socialistas e cristãos progressistas. Logo em seu primeiro ano de governo, Allende nacionalizou as minas de cobre, as siderúrgicas, as minas de carvão e salitre, as telecomunicações, os bancos, as ferrovias, a exploração de petróleo e a produção de energia elétrica.
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Além disso, aumentou o salário dos trabalhadores, reduziu o analfabetismo e deu início a uma reforma agrária. (Alceu Pazzinato e Maria Helena Senise, História Moderna e Contemporânea)
Tais medidas provocaram, em 1973, a) uma reação de setores da Aliança Popular, que levou o general Augusto Pinochet ao poder. b) um golpe militar apoiado pelo governo norte-americano, que deu início a uma ditadura. c) a oposição da aliança de esquerda ao presidente Allende, gerando a guerra suja. d) uma guerra civil que opôs socialistas e peronistas, com a vitória destes últimos. e) o respaldo do governo brasileiro a Salvador Allende, contra a tentativa golpista dos militares. 04. (Uespi PI) “No dia 2 de dezembro de 1956, o iate Granma desembarcava clandestinamente na ilha um grupo de 80 revolucionários decididos a pôr fim à ditadura de Fulgêncio Batista, que, com interrupções, governava o país desde 1934. Instalaram-se, então, em Sierra Maestra, de onde desencadearam ofensiva contra o exército nacional, e conquistaram adesão da população” (Eduado Valladares e Márcia Berbel, Revoluções do século XX).
O texto acima refere-se à Revolução Cubana, que a) conseguiu instalar o socialismo em Cuba, superando as desigualdades sociais e construindo uma sociedade pluripartidária. b) mudou a sociedade cubana em muitos aspectos, mas enfrentou dificuldades para sobreviver economicamente. c) conseguiu instalar o socialismo em Cuba, mas não teve a solidariedade de outros povos que eram também socialistas. d) sobreviveu às pressões dos Estados Unidos, com quem tem atualmente boas relações diplomáticas. e) fracassou de uma forma geral, pois terminou com o autoritarismo e as desigualdades sociais que havia anteriormente. 05. (Fuvest SP) “Os militares latino-americanos já provaram ser a maior força coesiva de que se dispõe para assegurar a ordem pública e apoiar governos resolutos na tentativa de manter a segurança interna. As Forças Armadas da América Latina, atuando em conjunto com a polícia e outras forças de segurança, ajudaram a pôr cobro a desordens e greves, a conter ou eliminar terroristas e guerrilhas e desencorajar todos os que se sentiam tentados a apelar para a violência a fim de derrubar o governo.” Relatório do Comitê de Negócios Estrangeiros do Congresso dos Estados Unidos, 1967.
Tendo por base as afirmações do Relatório, responda: a) A que situação histórica se refere o texto? Dê um exemplo. b) Qual o papel atribuído aos militares pelo Comitê? Explique sua resposta.
Questão 05. a) A situação histórica referida é o apoio dos EUA às ditaduras anticomunistas da América Latina no contexto da Guerra Fria. Entre os exemplos da política norte-americana do período, pode-se mencionar o apoio dado ao movimento militar brasileiro, vitorioso em 1964, ou ao golpe chileno de 1973, que conduziu o general Augusto Pinochet ao poder. b) O papel dos militares estaria relacionado à manutenção da ordem e ao combate à subversão política contrária aos interesses dos governos aliados aos EUA. Essa política começou a ser estruturada na década de 1950 e acentuou-se após a revolução cubana (1959) e a posterior aproximação de Cuba com a URSS, iniciada em 1962.
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Exercícios Complementares
02. (Uniube MG) “Nenhum branco, qualquer que seja sua nação, colocará os pés neste território com o título de dono ou proprietário; e não poderá no futuro adquirir propriedades alguma.” Artigo XII, da Constituição de 1805 do Haiti.
Sobre o processo de independência do Haiti, é correto afirmar que a) a vitória da luta de negros e indígenas, contra a dominação colonialista, deveu-se à política assumida por Napoleão Bonaparte, que se posicionou contra a existência de colônia e a favor da igualdade entre os povos. b) foi um amplo movimento que surgiu das contradições sociais existentes na colônia de São Domingos, envolvendo rebeliões de escravos e a luta dos mulatos para acabar com a opressão escravista, a exploração colonialista e conquistar a igualdade anunciada pela Revolução Francesa. c) foi um movimento organizado e comandado pelas elites coloniais contra as restrições impostas pela metrópole, excluindo as populações escravas e mulatas de qualquer participação política nas lutas pela independência. d) o apoio decisivo da Igreja Católica à revolta dos escravos, mulatos e mestiços teve como contrapartida a extinção de práticas culturais de resistência, típicas do período colonial, como a prática religiosa do voduísmo e o uso de idioma créole.
03. (Uniube MG) Em 1982, a Argentina entrou em guerra com a Inglaterra pela posse das Ilhas Malvinas, ocupadas pelos ingleses desde 1833. Esta guerra, que durou 74 dias, pode ser relacionada ao fim da ditadura militar na Argentina, porque a) provocou a interrupção do período de estabilidade econômica, política e social produzida nos governos militares, iniciando uma crise nacional que levou a burguesia, os sindicatos e a Igreja a retirarem o seu apoio à política dos generais. b) para suspender o bloqueio econômico-financeiro imposto pela OTAN e Estados Unidos, que isolava o país da comunidade internacional, o Congresso Nacional se viu obrigado a eleger um civil para a Presidência, afastando os militares. c) para aceitar a rendição dos generais argentinos, a Inglaterra exigiu que fossem realizadas eleições livres para a presidência da república, sendo então o civil Carlos Menem. d) a derrota para o ingleses não apenas enfraqueceu as Forças Armadas, como também serviu de impulso para o aprofundamento das manifestações populares contra a ditadura militar, que havia mergulhado o país numa grave crise econômica, política e social. 04. (Puc SP) Entre as décadas finais do século XIX e o princípio do presente século, vários países latino-americanos conheceram movimentos políticos que objetivavam promover certas reformas no chamado Estado Oligárquico, podendo-se situar neste contexto os governos de Balmaceda, no Chile e de Battle Ordoñez, no Uruguai, bem como o surgimento do radicalismo argentino. Esses movimentos constituem as raízes históricas do fenômeno político que se desenvolveria no século XX e que ficou conhecido como: a) Reformismo pan-americano. b) Anarco-sindicalismo. c) Populismo. d) Democracia cristã. e) Neoliberalismo. 05. (UMC) Em 1953 havia aproximadamente cinquenta mil camponeses na Sierra Maestra, mas três anos depois, quando ali se instalaram os guerrilheiros, esse número era bastante elevado. A miséria e a espoliação a que eram submetidos esses camponeses faziam da província de Oriente a região onde era mais acentuada a disposição de revolta contra a ditadura de Batista.’’ O texto acima refere-se ao movimento revolucionário latino-americano, vitorioso no final da década de cinquenta, conhecido por: a) Revolução Mexicana. b) Revolta Farroupilha. c) Revolução Sandinista. d) Revolução Cubana. e) Revolta Montonera.
595
C12 Revolução e militarismo na América: México Cuba e Chile
01. (Acafe SC) A História dos países latino-americanos está repleta de contradições e lutas sociais durante o século XX. Acerca desse contexto é correto afirmar, exceto. a) A Argentina passou por períodos de grande prosperidade no século XX mas, ao mesmo tempo, viveu uma das ditaduras mais violentas da região que ainda causa debates no país. b) Os atuais países da América Central formavam uma única República, a Centro- Americana. Em função dos projetos de construção do Canal do Panamá houve uma fragmentação desses países, que foi incentivada pelos EUA para melhor controlar a construção do canal. c) O México teve em sua Revolução um dos marcos da política no início do século XX. Na atualidade, o país tem uma ampla aproximação com os EUA, que é elogiada pelos setores mais identificados com as ideias liberais, e criticada por analistas que julgam que essa relação causa muita dependência em relação a seu vizinho do Norte. d) Colômbia e Bolívia são talvez os dois países da América Latina que mais foram marcados pela questão da produção e tráfico de drogas. O primeiro é um dos aliados mais fiéis dos EUA, o segundo possui um governo de forte inspiração indígena e rejeita o perfil e percepção das políticas antidrogas da potência do Norte.
FRENTE
C
HISTÓRIA
Exercícios de Aprofundamento 01. (FPS PE) No Brasil, os anos 1950 trouxeram mudanças na cultura e nas aspirações políticas e sociais. Na época do governo de Juscelino Kubitschek, o Brasil conseguiu a) firmar uma cultura nacionalista, sem influências conservadoras, garantindo a manutenção das conquistas da Semana de Arte Moderna de 1922. b) realizar debates significativos sobre a questão do desenvolvimento, com a participação de intelectuais e partidos políticos. c) construir uma sociedade modernizada, consumista e preocupada com a liberdade social, graças à ajuda de países europeus e instituições financeiras internacionais. d) definir uma economia industrial ativa, fazendo uma reforma agrária que minou o poder das oligarquias e incentivou a urbanização do Nordeste. e) evitar agitações sindicais, efetivar a construção de Brasília e acabar com o aumento constante da inflação, agilizando a modernização da sociedade. 02. (Famerp) O Plano de Metas foi uma experiência sistemática de planejamento implementada pelo governo Juscelino Kubitschek (1956-1961). O Plano favoreceu a instalação de empresas estrangeiras especializadas na montagem de automóveis no Brasil, fato que a) mudou a estrutura econômica do país, devido à destruição do antigo parque automobilístico brasileiro. b) enfraqueceu a capacidade do Estado brasileiro em garantir os direitos dos trabalhadores urbanos. c) promoveu uma expansão da economia industrial com o surgimento de fábricas de autopeças. d) concentrou a produção em um setor econômico em prejuízo das indústrias de produtos eletrônicos e de outros bens de consumo duráveis. e) permitiu a exploração de todas as etapas da produção dos veículos pelos empresários estrangeiros. 03. (UFSE) Jânio Quadros (1961) presidente e líder carismático, provocou inquietação nos meios empresariais, entre outros motivos, por a) anular medidas que favoreciam a acumulação de capitais estrangeiros. b) praticar uma política populista de descongelamento de salários. c) autorizar subsídios federais para vários produtos, como o trigo. d) estabelecer medidas que geraram forte restrição ao crédito. e) favorecer constantemente o cruzeiro, graças a artifícios contábeis. 596
04. (Fuvest SP) “Na presidência da República, em regime que atribui ampla autoridade e poder pessoal ao chefe de governo, o Sr. João Goulart constituir-se-á, sem dúvida alguma, no mais evidente incentivo a todos aqueles que desejam ver o pais mergulhado no caos, na anarquia, na luta civil.” Manifesto dos ministros militares à Nação em 29 de agosto de 1961. Esse Manifesto revela que as militares a) Estavam excluídas de qualquer poder no regime de democracia presidencial. b) Eram favoráveis à manutenção do regime democrático e parlamentarista. c) Justificavam urna possibilidade de intervenção armada em regime democrático. d) Apoiavam a interferência externa nas questões de política interna do pais. e) Eram contrários ao regime socialista implantado pelo presidente em exercício. 05. (Unifesp SP) Recentemente, algumas personalidades pertencentes aos três campos do nosso espectro político (esquerda, centro e direita) têm comparado o momento atual vivido pelo país com o último ano do governo João Goulart. Sobre tal comparação, pode-se afirmar que, agora, a) parece haver só uma política econômica possível, a imposta pelo FMI, ao passo que, em 1963, parecia haver três, a capitalista nacional, a associada e a socialista. b) a reforma agrária constitui, como em 1963, uma necessidade tanto econômica, para aumentar a produção agrícola, quanto social, para diminuir a pobreza. c) as reformas previdenciárias e tributárias visam, ao contrário das reformas de base de 1963, iniciar um efetivo processo de desconcentração da renda. d) os movimentos sociais, tal como em 1963, guiados por partidos políticos radicalizados, estão provocando um clima de medo e insegurança. e) a dívida externa e a recessão econômica, ao contrário do que ocorreu em 1963, não têm impedido o governo de aumentar o salário mínimo. 06. (Unimontes MG) Em 1961, o Parlamentarismo foi implantado no Brasil como uma “solução de emergência”. Essa “solução” ocorreu para viabilizar I. uma participação política mais representativa de todos os setores da sociedade brasileira II. a posse de João Goulart, apesar da oposição de parte das Forças Armadas e dos setores civis conservadores III. as reformas impostas pelo F.M.I. que resolvessem a crise financeira enfrentada pelo Brasil
Ciências Humanas e suas Tecnologias
uma saída política para a crise gerada pela renúncia do presidente Jânio Quadros
Estão CORRETAS as afirmativas a) I e III, apenas b) II e III, apenas c) II e IV, apenas d) I e IV, apenas 07. (PUC SP) O Apartheid foi uma política de segregação racial adotada pela República da África do Sul na segunda metade do século XX (1948-1994). Sobre esse período, analise as afirmativas abaixo: I. Nas cidades a população negra era proibida de manter negócios em áreas destinadas aos brancos, assim como era impedida de circular livremente. II. Os negros eram excluídos do governo nacional e não podiam votar, exceto em eleições para instituições voltadas para a população negra, que não tinham qualquer poder de fato. III. A política de segregação isolava a população negra em guetos e realizava uma política de miscigenação da população negra como forma de garantir a dominação branca. IV. A maioria das terras produtivas foi destinada à população branca o que resultou no confisco da propriedade e na remoção forçada de milhões de negros. Assinale: a) Se somente as afirmativas I e II e III estiverem corretas. b) Se somente as afirmativas III e IV estiverem corretas. c) Se somente as afirmativas I, II e IV estiverem corretas. d) Se somente as afirmativas II, III e IV estiverem corretas. e) Se todas as afirmativas estiverem corretas. 08. (UECE) Os movimentos nacionalistas da Argélia nasceram no final da Primeira Guerra Mundial e apresentaram diversas soluções. Divididos entre extremistas defensores de um país muçulmano: aqueles a favor da total colaboração com os franceses e aqueles que aprovavam a ajuda da França desde que fossem reconhecidos plenos direitos políticos para os muçulmanos. Após anos de conflitos, a) a Argélia é proclamada independente em 1962, tornando-se um país que nasceu sob a marca de fortes contrastes entre os diferentes grupos de libertação. b) no ano de 1940, a França é derrotada pela Força de Libertação Nacional Argelina. c) em 1958, De Gaulle, defensor de uma “Argélia francesa”, concedeu autonomia e independência para aquele país. d) a França, para defender os seus interesses econômicos, sobretudo em relação ao Sahara, em 1961, fez um acordo de colaboração mútua. 09. (UFRGS) Leia as afirmações abaixo, sobre a história da África contemporânea. I. Um milhão de tutsis, aproximadamente, foram assassinados pelo governo representante da maioria hutu, no que foi considerado um dos piores genocídios étnicos do século XX, em Ruanda, no ano de 1994. II. Uma guerra civil devastou Serra Leoa, antiga colônia inglesa e um dos principais exportadores de diamantes,
III.
deslocando mais de dois milhões de refugiados para outros países, entre 1991 e 2002. O recém-independente país do Sudão do Sul perdeu sua autonomia ao ser reincorporado ao Sudão, após uma guerra civil em 2015.
Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) I, II e III. 10. (FGV SP) Operação Condor foi o nome dado ao plano integrado de repressão aos opositores das ditaduras militares-civis implantadas na América Latina durante os anos 60 e 70. Este operativo transnacional, dos serviços de inteligência e das polícias políticas, foi responsável por muitas prisões ilegais, torturas, sequestros e desaparecimentos de cidadãos de diferentes países deste continente. Participaram ativamente da Operação Condor os seguintes países: a) Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai; b) Argentina, Bolívia e Chile; c) Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai; d) Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Peru e Paraguai; e) Brasil, Bolívia, Chile e Paraguai. 11. (UFPB) A hegemonia estadunidense, durante a Guerra Fria, impôs compromissos políticos, econômicos e ideológicos ao bloco capitalista. Nos tempos atuais, os Estados Unidos mantêm forte intervenção em algumas áreas do globo, mesmo recebendo oposição na ONU. Desta forma, o bloqueio econômico norte-americano a Cuba a) demonstra alinhamento com a política da Comunidade Econômica Europeia na América Latina. b) obedece aos princípios da ONU sobre a autodeterminação dos povos. c) procura derrubar o governo de Fidel e o socialismo cubano para restabelecer seu domínio naquela ilha do Caribe. d) obedece à convenção sobre biodiversidade, aprovada na ECO - 92, realizada no Rio de Janeiro. e) procura conquistar Cuba para o NAFTA (mercado comum da América do Norte), visto que aquele país detém altos níveis de educação e saúde. 12. (UFPB) O campesinato foi um agente ativo na história da América Latina, participando de transformações significativas em certos países. Nesse sentido, fez-se presente nos seguintes movimentos: a) Revolução de 1930 no Brasil e Peronismo na Argentina no século XX. b) Independência da Colômbia, do Peru e da Bolívia no século XIX. c) Revolução Mexicana, revolução Cubana e revolução Sandinista no século XX. d) Independência da Argentina, do Chile e do Uruguai no século XIX. e) Guerra da Cisplatina, revoltas regenciais e Guerra do Paraguai. 597
FRENTE C Exercícios de Aprofundamento
IV.
História
13. (PUC SP) A inauguração de Brasília, símbolo da modernização empreendida durante o período de governo de JK, foi acom-
consideração desse plenário o seguinte Gabinete: (segue a lista dos Ministros) (…).”
panhada de uma série de impactos imediatos, dentre os quais
João Belchior Marques Goulart. (Presidência da República, em 08/09/1961).
podemos citar a) a mudança da capital federal, medida que causou muita polêmica pois o projeto havia sido inusitado na história do Brasil, e os funcionários federais recusavam- se a mudar para o b) o fim do isolamento econômico do centro-oeste, por meio da inauguração de uma extensa rede viária e de um grande parque industrial nas imediações da capital. c) a migração de pequenos agricultores do sul do país para Goiás e Mato Grosso, estimulados por incentivos estatais para o plantio da soja e a agropecuária voltada à exportação. d) a transformação da localidade em fundamental polo turístico nacional, em função da curiosidade estrangeira em conhecer a primeira cidade planejada da América Latina. e) o crescimento de cidades satélites muito além da proporção imaginada por Lúcio Costa em seus primeiros planejamentos, em função da grande população de trabalhadores atraída à região.
b) Esses documentos não contêm informações que permitiam lismo, eu o parlamentarismo. c) O primeiro documento – e somente ele – revela que era parlamentarista o sistema de governo na ocasião. d) Os dois documentos contêm informações que revelam ser parlamentarista o sistema de governo na ocasião. e) O segundo documento – e somente ele – revela que era parlamentarista o sistema de governo na ocasião. 15. (Fac. Santo Agostinho BA) Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a África é o continente com o maior número de conflitos duradouros em todo mundo. Sobre os conflitos africanos, marque V nas afirmativas verdadeiras e F, nas as falsas. ( ) Os diferentes espaços da África Subsaariana, em que se
14. (Fuvest SP) Com base nos documentos assinale a alternativa
registram guerras e conflitos violentos, experimentam, si-
correta.
multaneamente, crise econômica e financeira do Estado,
I)
divisões profundas nas elites dominantes e mobilização
“Excelentíssimo Sr. Deputado Ranieri Mazzilli,
dos grupos sociais inferiores, que transformam a etnicida-
DD. Presidente da República em exercício.
de em estratégia de confronto. ( ) Na região do Magreb, os conflitos se configuram nas re-
Senhor Presidente: Em face da próxima chegada do Sr. Doutor João Belchior Mar-
voltas populares da Primavera Árabe, lideradas por grupos
ques Goulart a Brasília, com o fito de prestar compromisso pe-
separatistas e facções criminosas que lutam contra as polí-
rante o Congresso Nacional e indicar à aprovação dele o nome
ticas ditatoriais instaladas nos países dessa região.
do Presidente do Conselho e a composição do Primeiro Conse-
( ) Apesar da Libéria e da Etiópia não terem sido vítimas do
lho de Ministros, bem como para receber em sessão do Con-
neocolonialismo, não escaparam de fazer parte das esta-
gresso Nacional posse, juntamente com aquele Conselho e o
tísticas dos conflitos do continente.
seu Presidente, tudo nos termos do Artigo 21, parágrafo único
( ) De modo geral, as guerras africanas acontecem entre pa-
da Emenda Constitucional nº 4 (Ato Adicional de 02/09/1961),
íses e têm como principais causas as disputas territoriais
venho, na minha condição de Presidente do Congresso, solici-
pela posse de riquezas minerais e a luta por autonomia de
tar de Vossa Excelência as indispensáveis garantias ao desem-
grupos étnicos.
barque, permanência em Brasília e investidura na Presidência
FRENTE C Exercícios de Aprofundamento
dencialista o sistema de governo na ocasião. saber se o sistema de governo, na ocasião, era o presidencia-
centro-oeste.
da República do Senhor Doutor João Goulart. (…).” Auro de Moura Andrade. (Presidente do Congresso Nacional, em 03/09/1961).
598
a) Os dois documentos contêm indícios que revelam ser presi-
( ) Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética (URSS, visando aumentar sua influência ideológica nesse continente, contribuíram para o confronto entre diferentes etnias dentro de um mesmo país.
II)
A alternativa que indica a sequência correta, de cima para
“Excelentíssimo Senhor Senador Auro de Moura Andrade;
baixo, é a
Senhor Presidente:
01. V V F V V
Nos termos e para os efeitos do Ato Adicional, tenho a honra
02. V F F V F
de comunicar a Vossa Excelência e ao Congresso Nacional que
03. F V V F F
indico para o Cargo de Primeiro-Ministro o Senhor Tancredo de
04. F V F V V
Almeida Neves, que, por meu intermédio, submete à patriótica
05. V F V F V