Coleção 10 V - Livro 9 - História - Professor

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Camila J. Silva


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HISTÓRIA Por falar nisso A Venezuela, país localizado ao norte da América do Sul, tem passado por uma série de mudanças nas últimas décadas. Em 1999, até mesmo seu nome foi alterado, passando a se chamar República Bolivariana da Venezuela, segundo a nova Constituição. Essa alteração teve um significado simbólico, pois denominase “bolivarianismo” o ideal político colocado em prática pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, quando assumira o poder no referido ano. Tal ideologia afirma, entre outros fatores, a união dos países latino-americanos contra o imperialismo e o fim do neoliberalismo econômico. A política aplicada por Chávez foi muito criticada. Enquanto alguns afirmavam que seu governo era uma ditadura, outros viam como um expoente do populismo, que muitos achavam ter sido superado na América Latina. A ideologia de Hugo Chávez faz referência a Simón Bolívar (17831830), que foi um importante líder no processo de Independência da América Espanhola. Bolívar defendia a união dos territórios hispano-americanos em uma grande república, semelhante ao sistema adotado pelos Estados Unidos da América. Contudo, o sonho do venezuelano não se concretizou por inteiro, já que a América Latina conquistou, em parte, sua autonomia política, mas seu território manteve-se fragmentado. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas

A13 A14 A15 A16

Independência das Treze Colônias ...............................................526 Revolução Francesa ......................................................................532 Era Napoleônica, Congresso de Viena ..........................................539 Independência da América Latina ................................................547


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HISTÓRIA

MÓDULO A13

ASSUNTOS ABORDADOS n Independência das Treze Colônias

INDEPENDÊNCIA DAS TREZE COLÔNIAS O território da América do Norte foi colonizado por ingleses e franceses no século XVII. Quanto à organização das colônias inglesas, é importante lembrar que as colônias do Norte e do Centro desenvolveram um modelo embasado primordialmente no trabalho livre e nas pequenas propriedades, que exportavam seus excedentes para o Sul e outras regiões. Enquanto isso, no Sul, a terra estava concentrada na mão de poucos latifundiários e o sistema de Plantation, fundado na mão de obra escrava, visava atender o mercado externo. Embora diferentes, as economias do Norte e do Sul prosperavam em um período em que a metrópole enfrentava dificuldades. Essas diferenças, antes acobertadas sob o manto da monarquia britânica, são fundamentais para explicar os fatos ocorridos tanto no século XVIII, como em meados do século XIX. Esses fatos contribuiriam para a independência e para a organização dos Estados Unidos. O processo de emancipação da América colonial inglesa e a estruturação dos Estados Unidos enquanto nação só pôde ser entendido a partir da conjugação de três elementos básicos: os ideais iluministas; a autonomia e a organização socioeconômica das treze colônias; e a nova política metropolitana inglesa, bem como sua interferência direta sobre as colônias.

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Na Europa, durante o século XVIII, filósofos como Rousseau, Voltaire, Locke e Diderot divulgaram as ideias do Iluminismo - movimento intelectual burguês que se opunha aos valores do Antigo Regime e serviu como um paradigma para a emancipação de colônias na América. É imprescindível destacar sua importância na Independência das Treze Colônias, além de esclarecer quão relevantes foram os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade na organização desse processo. Esses princípios foram assimilados por homens como Thomas Jefferson, um verdadeiro “pai fundador” dos Estados Unidos e que teve seu nome eternizado por ter sido um dos redatores da Declaração da Independência, que serviu de base para outros movimentos emancipacionistas e que constitui, ainda hoje, um elemento de admiração e respeito em todo o mundo. Outro fator de grande relevância no processo emancipacionista está centrado no fato de que os colonos gozavam de uma ampla autonomia. Com isso, eram considerados súditos do Rei e, por conseguinte, deveriam ter os mesmos direitos que um cidadão inglês.

Figura 01 - Retrato de Jean Jacques Rousseau, por François Guérin.

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Entre 1756 e 1763, ocorreu a Guerra dos Sete Anos entre Inglaterra e França, tendo como palco tanto a América quanto a Europa. O que estava em jogo era o domínio dos territórios da América do Norte. Inúmeros colonos americanos lutaram junto às tropas inglesas contra os franceses e vice-versa. Alguns serviam aos exércitos regulares envolvidos no conflito. Contudo, é importante destacar que a maior parte dos colonos estava incorporada nas milícias, agrupamentos armados compostos por indivíduos comuns. Vale ainda lembrar que as milícias não eram constituídas somente por colonos, mas os nativos também participaram de ambos os exércitos.


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Ao final do conflito, a Inglaterra saiu vitoriosa. Todavia, decidiu por cobrar das colônias os gastos da guerra, impondo-lhes uma pesada tributação. Para alguns historiadores, é necessário ressaltar que a vitória dos ingleses na Guerra dos Sete Anos criou os mecanismos que levaram à independência norte-americana. O entendimento parte da premissa de que a Inglaterra tenha transferido o ônus da guerra para as colônias por meio da cobrança de uma série de impostos, da criação de novas taxas, de leis e atos que visavam, além da simples reparação financeira, restabelecer o controle metropolitano sobre a economia colonial, o que incomodou os colonos americanos. Era visível que a cobrança dos tributos funcionava como uma forma de remoldurar um pacto colonial, impondo medidas de grande prejuízo à economia colonial.

#DicaCine Hisóri Veja o filme O Patriota (2000), dirigido por Roland Emmerich.

No tocante à Inglaterra, era sabido que após a Revolução Gloriosa, a Revolução Industrial e os embates contra a França, a coroa estava decidida em rever suas relações com as colônias. A ideia de restabelecer as linhas originais do pacto colonial vinha de encontro à política mercantilista e às novas necessidades do comércio inglês pós-Revolução Industrial. Essa tentativa de retorno do controle e do monopólio metropolitano criou condições para agravar o descontentamento colonial em relação à metrópole, o que acabou conduzindo as Treze Colônias ao processo de independência. O processo de emancipação ganhou volume com a aprovação por parte do parlamento inglês de determinadas leis. Dentre as quais, destacam-se: a lei do Açúcar (1764), a Lei do Selo (1765); os Atos Townshend (1767) e a Lei do Chá (1773). A Lei do Açúcar obrigava todos os colonos a pagarem taxas sobre a importação do açúcar e outros derivados da cana-de-açúcar que fossem produzidos nas Antilhas Inglesas. Vale ressaltar que o açúcar, o melaço e outros produtos eram importantes no comércio triangular feito entre as treze colônias, a África e outras regiões da América. A Lei do Selo versava sobre a obrigatoriedade do uso de papéis timbrados, vendidos pelos ingleses, em todos os documentos, licenças e contratos feitos nas colônias. Dessa forma, qualquer documento de compra e venda de mercadorias, importação e exportação deveria pagar uma taxa aos funcionários ingleses. Os Atos Townshend incidiam grande volume de impostos sobre o chá, o papel, o vidro, as tintas e outros produtos que eram importados da metrópole. A população foi contrária à imposição dos atos pela metrópole e boicotou parte dos produtos. Não obstante, entrou em confronto com os soldados ingleses que acabaram atirando indiscriminadamente contra a população, em um episódio que ficaria conhecido como o Massacre de Boston. Este evento teve proporções tamanhas que acabou conduzindo o governo inglês a abortar a tributação, com exceção do chá.

Sinopse: Benjamin Martin (Mel Gibson) foi o herói do conflito violento entre Estados Unidos e Inglaterra. Com o fim da guerra, ele renunciou à luta, quando passou a viver em paz, com sua família. Entretanto, em 1775, teve início a guerra da independência americana, mas Benjamin se recusou a participar do embate. Posteriormente, o exército inglês invadiu a fazenda em que ele e sua família residiam, matando um de seus filhos. Com isso, o herói se viu obrigado a vingar a morte de seu herdeiro. Em meio aos conflitos, a guerra torna-se mais que uma simples vingança: passa a ser um dever patriótico.

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A Lei do Chá transferia o monopólio do produto para a Companhia das Índias Orientais. Isso trazia grande prejuízo para os colonos, pois de uma forma ou outra, acabava por obrigá-los ao consumo dos produtos oriundos da metrópole. As reações dos colonos aconteceram de diversas formas, tendo sido os boicotes e as mudanças de hábitos seus principais fatores. Como exemplo, podemos citar a Festa do Chá de Boston, na noite de 16 de dezembro de 1773, em que 150 colonos disfarçados de índios atacaram três navios no porto de Boston e atiraram o chá no mar. Esse evento foi uma reação imediata dos colonos à Lei do Chá, que instituía o monopólio inglês sobre o comércio da mercadoria. Contudo, é importante lembrar que o governo inglês não poderia permitir que tão grande afronta fosse feita por colonos. 527


História

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Dessa forma, as reações inglesas foram duras e uma série de sansões políticas e comerciais foram impostas aos colonos que as designavam de leis ou Atos Intoleráveis. Por esses atos, o governo inglês fechava o porto de Boston, ocupava militarmente a cidade e exigia que os responsáveis pela Boston Tea Party fossem conduzidos à Inglaterra para receber um julgamento por tribunais metropolitanos. Esse enrijecimento da política metropolitana uniu ainda mais as Treze Colônias.

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Figura 03 - Congresso votando a Independência. Pintura a óleo de Robert Edge Pine e Edward Savage, 1784-1801.

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Em 1774, os colonos reuniram-se no Primeiro Congresso da Filadélfia com o intuito de elaborar uma petição para o rei inglês, invocando a supressão das Leis Intoleráveis. Além disso, boicotes foram mantidos para demonstrar o profundo descontentamento que existia em meio aos colonos. Esse Congresso servia como pressão ao rei inglês, no sentido de promover concessões aos colonos. Como os ingleses não estavam dispostos a negociar, a situação nas colônias ficou insustentável.

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Figura 02 - A destruição do chá no porto de Boston, por Nathaniel Currier. Litografia demonstrando a "Boston Tea Party", de 1773. Na imagem, podemos perceber vários indígenas, sob o comando dos norteamericanos, jogando centenas de caixas de chá inglês no mar.


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A esse clima de hostilidades e constantes desagravos comerciais, soma-se ainda uma série de incidentes internos entre tropas inglesas e milícias formadas por colonos. Um deles, na cidade de Lexington, levou John Adams a pedir que George Washington formasse um exército capaz de defender os interesses norte-americanos. Outras vozes se somaram para propagar a ideia de que era necessário se fazer a independência: Thomas Jefferson, Benjamin Franklin e Thomas Paine. Diante desse quadro, realizou-se, em 1776, o Segundo Congresso da Filadélfia, em que se redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, apresentada em 4 de julho. Nesse documento, pode-se ler uma longa lista de queixas e acusações feitas pelos colonos à Coroa Britânica e uma ênfase, na questão da autodeterminação, espelhada pelos ideais de liberdade e independência. Criava-se, portanto, o elemento necessário para o início do embate entre colonos e metropolitanos. As Guerras de Independência (1776-1783) colocaram, de um lado, as colônias do Norte e do Sul, que se alinharam contra a metrópole e receberam amparo de nações como a França e a Espanha e, de outro, a Inglaterra, que tentava salvaguardar seus interesses nas colônias. As guerras foram marcadas por vitórias iniciais dos ingleses, que tinham sob seu comando o Lord Cornwallis. Contudo, a partir da batalha de Saratoga, em 1777, e a consequente vitória dos norte-americanos, os rumos mudaram. Alavancados pelas milícias, os estadunidenses vinham obtendo vitórias sequenciais que levaram a Inglaterra a render-se em 1781, em Yorktown. Essa batalha marca o fim da resistência militar inglesa na América. No entanto, a formalização da independência só foi obtida em 1783, com o tratado de Paris, no qual a Inglaterra reconhecia os EUA como uma nação soberana. Para edificar todos os ganhos, os EUA promulgaram uma constituição em 1787 em que o Republicanismo e o federalismo foram a tônica. Mesmo inspirada nos valores do Iluminismo, a nova Carta Constitucional mantinha uma conotação elitista, uma vez que não abolia a escravidão e pregava o voto censitário e a soberania popular limitada. Em 1789, George Washington, o principal artífice das guerras de independência, foi aclamado como o primeiro presidente dos Estados Unidos, abrindo um caminho que seria seguido por praticamente todo o mundo. Todavia, a independência é apenas o início do processo de formação e consolidação da nação norte-americana. Após o conflito, as diferenças socioeconômicas entre o Sul e o Norte começaram a tomar vulto. Em meio a isso, os processos de ocupação do Oeste e as guerras com as nações nativas construíram o território dos Estados Unidos.

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Thomas Jefferson acreditava saber o valor de sua própria obra. Ele mandou que escrevessem da seguinte forma em sua lápide: “Autor da Declaração de Independência Americana, (...) do Estatuto da Virgínia sobre a liberdade religiosa e pai da Universidade da Virgínia. Como testemunhos de que eu vivi, é por esses feitos que gostaria de ser lembrado” (Thomas Jefferson). Poucos admiradores ou críticos concordam com essa autoavaliação e apenas alguns historiadores dão o mesmo destaque a esses feitos. Mas todos os comentaristas, dos séculos XVIII ao XX, reconhecem a importância do trabalho de Jefferson pela recém-nascida república americana.

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História

Exercícios de Fixação 01. (Fac. Direito de Sorocaba SP) A partir dos anos 1760, foram impostas várias taxações. Foram criados a Lei do Açúcar, a Lei do Selo e os impostos sobre chá, papel, tintas, chumbo e vidro. A Lei do Selo determinava que todos os jornais e documentos legais e até mesmo cartas de baralho deveriam pagar um tributo e receber um selo estampado pelo governo para comprovar o recolhimento da taxação. O principal efeito dessas medidas foi a indignação dos grandes comerciantes e de toda a população, que se viu prejudicada com a iniciativa despótica. Assim, aconteceram vários conflitos, dando mostras da reação às taxações impostas. (Cabrini, Catelli e Montellato, História Temática: o mundo dos cidadãos. Adaptado)

Consequência do processo descrito no trecho citado, o lema “Sem representação não há taxação” refere-se à a) Revolução Haitiana. b) Conjuração Baiana. c) Independência do Brasil. d) Independência dos EUA. e) Revolução Francesa. 02. (UEFS BA) No aspecto político, as Treze Colônias desenvolveram-se com grande autonomia. Cada colônia tinha sua própria assembleia, que era encarregada de elaborar leis, votar o orçamento e administrar o recolhimento dos impostos. Assim, desde cedo os colonos americanos desenvolveram hábitos e sentimentos de autonomia em relação à metrópole inglesa.

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(BOULOS JR. 2004, p. 131). BOULOS JR., A. História: sociedade e cidadania. São Paulo: FTD, 8o ano, 2004.

Os “sentimentos de autonomia” levaram as Colônias Inglesas da América, em meados do século XVIII, a a) reagirem violentamente às pressões inglesas para a aquisição de recursos financeiros, voltados para atender às despesas da Metrópole. b) discutirem com a Metrópole, em igualdade de condições, as propostas de aplicação de novos impostos na área colonial. c) participarem dos órgãos que compunham o Parlamento Inglês, na condição de cidadãos do mesmo país. d) se aliarem às colônias portuguesas e espanholas na luta pela independência. e) receberem autorização da Metrópole para organizar o seu próprio exército. 03. (Uniube MG) Leia o fragmento com atenção: “Nós, o povo dos Estados Unidos, com vistas a formar uma união mais perfeita, ordenamos e estabelecemos a presente Constituição para os Estados Unidos da América. Artigo I Secção I – Todos os poderes legislativos concedidos pela presente lei serão confinados a um Congresso dos Estados Unidos, que se comporá de um Senado e duma Câmara dos Representantes. Artigo II Secção I – O poder executivo é conferido

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a um Presidente dos Estados Unidos da América. Ficará em funções durante um período de quatro anos, e será eleito (...) Artigo III Secção I – O poder judicial dos Estados Unidos será confiado a um Tribunal e aos tribunais inferiores que o Congresso julgue necessário criar e estabelecer (...)” Constituição dos Estados Unidos da América. In: FREITAS, Gustavo. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano Ed. 1976, v.III, p.64.

O fundamento da divisão de poderes da Constituição dos Estados Unidos da América é a) Teoria do Direito Divino dos Reis. b) Teoria dos Poderes Neutrais. c) Teoria do Jusnaturalismo. d) Teoria dos Três Poderes. e) Teoria Tradicional Aristotélica. 04. (UFU MG) Desafio o mais acalorado defensor da reconciliação a apresentar uma única vantagem que este continente possa colher da sua ligação à Grã-Bretanha. Repito e desafio: não se tira disso uma só vantagem. O nosso trigo receberá o seu preço em qualquer mercado da Europa, e as nossas mercadorias importadas terão de ser pagas, compremo-las onde quer que queiramos. Os homens de espírito passivo encaram com certa leviandade as ofensas da Grã-Bretanha e são capazes de exclamar: “vinde, vinde, seremos novamente amigos apesar de tudo”. PAINE, Thomas. Senso Comum. In. WEFFORT, Francisco Correia (org.) Os Pensadores. Jefferson, Federalistas, Paine, Tocqueville. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Adaptado)

Escrito em fevereiro de 1776 na Filadélfia, o panfleto Senso Comum revela a) a prevalência dos conflitos internos que inviabilizaram a independência neste período. b) a tentativa empreendida por Paine de promover o desenvolvimento econômico das colônias. c) a desvantagem, para as colônias, dos princípios liberais expressos no pensamento inglês. d) a existência de projetos políticos divergentes em relação ao futuro das 13 colônias. 05. (FGV SP) A Constituição dos Estados Unidos da América, de 1787, é considerada a primeira experiência significativa de Estado federal. Isso se deve a) ao princípio constitucional baseado na pluralidade de centros de poder soberanos e coordenados. b) ao princípio constitucional caracterizado pela inexistência de leis gerais válidas para toda a nação. c) ao princípio constitucional baseado na absoluta submissão das unidades federativas ao governo central. d) ao princípio constitucional de garantia dos direitos individuais do cidadão e das minorias sociais. e) ao princípio constitucional baseado no corporativismo e na negação do direito de rebelião e insubordinação política.


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Exercícios Complementares

pendência dos EUA. I. Ocorreu na segunda metade do século XVIII, após uma série de conflitos de natureza econômica com os ingleses. A divergência residia no controle cada vez mais intenso que a Inglaterra pretendia exercer sobre II.

os negócios das treze colônias americanas. Ocorreu no século XVIII e foi caracterizada pela violenta oposição que faziam entre si as colônias do Norte e as do Sul. Os nortistas eram industrializados e minifundiários; os sulistas eram latifundiários escravistas.

III.

Foi proclamada pelo I Congresso Continental da Filadélfia, reunido em 1774, como uma resposta às investidas inglesas contra a autonomia comercial que as colônias desfrutavam até então.

Das afirmativas acima, pode-se dizer que a) apenas I está correta. b) apenas II está correta. c) apenas I e II estão corretas. d) apenas II e III estão corretas. e) I, II e III estão corretas. 02. (ESCS DF) O século XVIII ficou marcado pela eclosão da chamada “Era das Revoluções”. Tais movimentos, a Revolução Industrial Inglesa, a Revolução Americana e a Revolução Francesa determinaram a chegada da burguesia ao poder político e econômico do mundo ocidental. A Revolução Americana ou A Independência dos EUA pode ser explicada, principalmente, pelo seguinte aspecto: a) dissolução do pacto colonial clássico imposto ao sul das Treze Colonial Inglesas na América com a libertação dos escravos pelo governo inglês. b) criação de leis mais rígidas em relação ao pacto colonial imposto na região central e norte das Treze Colônias para garantir a venda de produtos ingleses na América do Norte. c) disseminação do pensamento liberal déspota esclarecido entre os proprietários do sul das Treze Colônias. d) presença do interesse do governo espanhol no enfraquecimento econômico inglês em função da disputa comercial entre os dois países. e) continuidade do apoio do governo inglês a chamada “Negligência Salutar” imposta sobre a colonização da região norte e central das Treze Colônias. 03. (UEG GO) Apesar de sair vitoriosa da Guerra dos Sete Anos (1756-1763), a Inglaterra teve suas finanças abaladas com o conflito.

Para tentar se recuperar, adotou uma política de arrocho fiscal em suas colônias, criando a Lei do Açúcar e a Lei do Selo, dentre outras. Para as 13 colônias inglesas na América, tal situação gerou imediatamente a) a criação da Doutrina Monroe, como forma de garantir a hegemonia no continente americano. b) a eleição de George Washington, um rico plantador de algodão, como primeiro presidente dos Estados Unidos. c) a rivalidade entre o norte e o sul dos Estados Unidos, que culminaria na Guerra de Secessão. d) o fortalecimento do ideal de emancipação, defendido por intelectuais como Thomas Jefferson e Benjamin Franklin, inspirados no Iluminismo. 04. (FM Petrópolis RJ) A Guerra dos Sete Anos, iniciada em 1756, foi um confronto direto entre Inglaterra e França, devido à disputa pela posse do Vale do Ohio e, posteriormente, por outras áreas geográficas importantes para a configuração territorial do que se tornaria os Estados Unidos da América. A paz foi selada, em 1763, pelo Tratado de Paris, mediante uma série de disposições. Uma das disposições pertinentes a esse tratado de paz foi a a) entrega espanhola da Flórida para ingleses e franceses. b) entrega aos ingleses do Haiti e da Martinica, nas Antilhas. c) desistência francesa de fortificar seus entrepostos na Índia. d) retomada francesa do controle da região da Luisiânia. e) cessão do Canadá ao domínio político da Inglaterra. 05. (Unimontes MG) Acerca da independência das 13 colônias da América do Norte, assinale com C as afirmativas CORRETAS e com I as afirmativas INCORRETAS. ( ) A existência da política de “negligência salutar” da Inglaterra para com suas colônias contribuiu para a reação dos colonos ante as Leis Intoleráveis. ( ) A França colaborou para a vitória final dos colonos norte-americanos na luta contra a Inglaterra, ao fornecer-lhes tropas, armas e créditos. ( ) A revolta dos colonos norte-americanos cessou quando o governo britânico aprovou a eleição de representantes coloniais para o Parlamento Inglês. ( ) O processo resultou, entre outros fatores, da difusão do pensamento iluminista entre os colonos e do repúdio às medidas repressivas tomadas pela Inglaterra. Você obteve a) C, C, I e C. b) C, I, C e I. c) I, I, C e C. d) I, C, I e I

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A13  Independência das Treze Colônias

01. (UCS RS) Considere as seguintes afirmativas sobre a Inde-


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HISTÓRIA

MÓDULO A14

ASSUNTOS ABORDADOS n Revolução Francesa n A França pré-revolucionária n As causas da Revolução Francesa n Consequências da Revolução Francesa

REVOLUÇÃO FRANCESA As ideias do Iluminismo e o processo de independência das Treze colônias da América do Norte influenciaram fortemente a burguesia francesa. Esse grupo, sentindo-se limitado pelo atraso social do País, seria o propulsor de uma grande revolução. A Revolução Francesa de 1789 abre o período conhecido como Idade Contemporânea. A crise política, social e econômica ocorrida na França durante os anos de 1789 a 1799 desordenou o sistema de governo e a forma de vida dos franceses. Esse processo histórico é considerado como um dos acontecimentos mais impactantes da história da humanidade, pois tinha como lema princípios como a liberdade, a igualdade e a fraternidade e acabou servindo de exemplo para grande parte dos eventos vindouros.

A França pré-revolucionária No século XVIII, a França contava com uma população de aproximadamente 24 milhões de habitantes, com uma manufatura têxtil e um florescente comércio exterior, e era o País mais populoso e rico da Europa. Em todos os países do Ocidente, o francês era a língua falada por pessoas cultas e Paris era considerada o centro da cultura do mundo ocidental. Contudo, a monarquia francesa teve seu desenvolvimento interno estancado e sofreu sérios reveses em sua política internacional. No país que foi o centro do Iluminismo, não houve monarcas esclarecidos. O Absolutismo foi se tornando ineficiente, uma vez que as reformas exigidas pelas novas ideias e pelas novas condições sociais não foram realizadas. Dessa maneira, a partir da metade do século XVIII, ocorreu um profundo antagonismo entre o Estado e a sociedade, principalmente em virtude do despotismo do monarca e dos privilégios de alguns estratos (camadas) sociais. Um dos problemas mais graves a atingir a França dizia respeito às desigualdades sociais, que ainda havia fortes resquícios feudais, apresentando uma rígida divisão por estamentos (característica desse sistema). Em toda a sociedade do Antigo Regime, os direitos, as condições de vida e o status de cada pessoa estavam determinados pelo estamento a que ela pertencia. No entanto, no século XVIII, essas condições de desigualdade tornavam-se anacrônicas e chocavam-se com as realidades sociais, econômicas e com o novo pensamento pautado na ilustração.

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: Wik

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Em uma população de 24 milhões de habitantes, o Clero (Primeiro Estado) era composto por cerca de 130 000 pessoas e detinha grande parte das terras. A nobreza (Segundo Estado) somava aproximadamente 200 000 pessoas e tinha preferência para os altos cargos da administração civil, judicial e das forças armadas. Figura 01 - Ilustração satírica francesa que retrata o Terceiro Estado carregando o Primeiro e o Segundo nas costas.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias

Abaixo da burguesia estavam as classes médias urbanas que compunham um grupo heterogêneo de artesãos, serventes e operários. Suas condições eram cada vez piores, em virtude de seus rendimentos não conseguirem acompanhar o aumento dos preços dos produtos. Além deles, era ainda marcante a presença dos sans-culottes - uma massa de pobres urbanos que seria de grande importância no curso do processo da revolução devido aos seus anseios de liberdade, igualdade e da disposição para atingi-los. O último grupo era formado por camponeses, que compunham 80% da população francesa. Esses eram submetidos a obrigações e contribuições servis, ficando a mercê do poder senhorial. Diante dessas condições, o problema central das desigualdades sociais era somado, ainda, a um sistema tributário ineficiente e altamente prejudicial ao terceiro estado. O clero e a nobreza não pagavam impostos porque pela lei e pelas tradições estavam isentos. Desse modo, a tributação recaía exclusivamente ao Terceiro Estado, principalmente aos camponeses, que eram os mais pobres. Isso comprovava um paradoxo na França, já que a Nação tinha uma economia próspera, contrastada a um governo ineficiente, marcado por luxos e desregramentos, mas que carecia constantemente de recursos.

As causas da Revolução Francesa Houve uma série de causas que contribuíram para o desencadeamento da Revolução Francesa, destacando-se, entre eles, fatores ideológicos, políticos, sociais e econômicos, embora a maioria dos historiadores manifestem que os últimos tenham sido os mais importantes. No final do século XVIII, a França estava arruinada e a administração do Estado não conseguia resolver os problemas financeiros e produtivos. Além disso, a dívida pública aumentava, o que forçava o governo a recorrer a altos empréstimos que agravavam ainda mais o déficit público. Outro fator a ser destacado foi a escassez de alimentos gerada por vários anos de más colheitas, ocasionando uma crise de abastecimento para a grande maioria da população francesa ao longo do século XVIII. Os camponeses, operários, comerciantes e burgueses, pertencentes todos ao Terceiro Estado, manifestavam um grande descontentamento que iria constituir o elemento propulsor para a revolução.

A França vivia uma profunda crise financeira antes da revolução. A participação em alguns conflitos, como a Guerra dos Sete Anos e a Independência dos EUA acarretaram em gastos vultosos. Os enormes custos com a manutenção da corte em Versalhes também comprometiam as finanças públicas, assim como a isenção de impostos ao clero e à nobreza. Um tratado de comércio com a Inglaterra previa facilidade para a venda de vinho francês em troca de facilidade de entrada de tecido inglês na França, causando revolta na burguesia francesa que não podia competir com o baixo custo do produto inglês. Fatores climáticos que prejudicaram a produção agrícola, assim como as barreiras feudais à produtividade, elevaram o preço do trigo, tornando até o pão um elemento de difícil acesso à população pobre, o que agravou a miséria e o descontentamento. Em meio ao caos administrativo, o governo dos últimos reis da dinastia dos Bourbons (Luís XV e Luís XVI) não tinham compromisso com a solução dos problemas que assolavam o país. O poder centralizado nas mãos do monarca era contestado pelos ideais iluministas que questionavam a ordem do Antigo Regime. Além disso, as ideias iluministas já faziam parte do ideário político do Terceiro Estado, assim como cresciam os adeptos às ideias liberais no campo econômico. A Assembleia dos Estados-Gerais, com suas atribuições consultivas, não era convocada por um rei francês desde 1614, o que demonstrava o grau de centralização política no país. A incessante crise econômica e as seguidas revoltas dos camponeses levaram a monarquia a tentar promover reformas que amenizassem a situação, mas o que se viu foram seguidas reformas frustradas, por conta da relutância da nobreza em ceder partes de seus privilégios. As crises ministeriais seguiram com a demissão sequencial de ministros como Turgot, Calonne, Briene e Necker, que não resistiram à pressão da nobreza. Calonne havia tentado criar um imposto territorial que atingisse a referida classe, mas foi demitido sem que seu projeto fosse sequer analisado pela Assembleia dos 144 Notáveis designados pelo rei. Necker, que havia sido demitido após publicar um relatório com os gastos da corte, retornou ao cargo de ministro das finanças e convenceu o rei a convocar a Assembleia dos Estados Gerais. A Assembleia dos Estados Gerais Os Estados Gerais se reuniram em Versalhes, em 5 de maio de 1788. Era composto por representantes dos notáveis (primeiro e segundo estados) e o Terceiro Estado. Embora esse grupo possuísse a maioria de deputados, a vantagem era dos notáveis, já que o voto era por estado e não por indivíduo. Assim, unidos, o primeiro e o segundo estados sempre sairiam vitoriosos nas votações. O Terceiro Estado, entretanto, insistia em que o voto fosse contabilizado por cabeça, mas o rei sustentava seu apoio aos notáveis, o que levou o Terceiro Estado a se retirar e se reunir separadamente na quadra do Jogo da Péla, afirmando que não iria se dispersar até que o rei aceitasse uma constituição que pusesse limites ao seu poder e se autoproclamaram “Assembleia Nacional”. 533

A14  Revolução Francesa

O Terceiro Estado compreendia a maior parte da população francesa e podia ser dividido em três grupos. A parte mais alta era formada pela burguesia, que contava com homens de negócio, industriais, banqueiros, médicos, advogados entre outros. Durante algum tempo, esses membros podiam ascender à nobreza, comprando ou obtendo títulos. Contudo, ao longo do século XVIII, a nobreza foi se fechando e os membros da alta burguesia pararam de ter acesso a ela. Daí em diante, a alta burguesia passa a condenar os privilégios da nobreza e busca reformas radicais para a sociedade francesa.


História

Assembleia Nacional Constituinte Não conseguindo dissolver a reunião do Terceiro Estado, Luís XVI cede e permite a formação da Assembleia Nacional Constituinte (1789-1791), que deveria promulgar uma constituição à qual o rei se submeteria. Rumores de uma conspiração por parte da nobreza e da realeza, somados ao posicionamento de tropas próximos a Paris e à demissão de Necker, fizeram com que o temor tomasse conta dos revoltosos e, assim, deu-se o estopim da insurreição. Em 14 de julho, os insurrectos tomaram a Bastilha, símbolo do Antigo Regime em que eram mantidos os presos políticos. Revoltas camponesas se alastravam por toda parte. O temor de algo pior fez com que os três estados, forçosamente, abolissem os direitos feudais. Logo em seguida, foi feita a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, com base nos ideais de liberdade, igualdade, direito à propriedade privada e de resistência à opressão. Os bens do clero são confiscados e passam a servir de lastro para a emissão dos assignats, que eram uma espécie de papel moeda. A desigualdade de impostos entre os estados também é abolida. Assembleia Legislativa e Monarquia Constitucional (1791-1792) Em setembro de 1791, a Constituição fica pronta e a Monarquia Constitucional de base censitária fica estabelecida. Os cidadãos que possuíssem uma determinada renda poderiam ter direitos políticos. A Assembleia composta por deputados possuiria o poder legislativo. Ao rei, caberia o poder executivo e a monarquia permaneceria hereditária. Embora o rei Luís XVI tenha se negado, em princípio, a acatar a Constituição e tentado fugir da França, foi preso em Varennes e reconduzido a Paris, onde foi forçado a assinar o documento, em julho de 1791.

Com isso, a burguesia conseguiu se separar do Terceiro Estado e a nova legislação, que limitava a atividade política dos trabalhadores e eliminava privilégios da nobreza estendendo restrições econômicas à maioria, transformava a França em um estado burguês. Nesse estado, grupos políticos como o dos girondinos (alta burguesia) e jacobinos (baixa burguesia) disputavam o poder. A nobreza francesa passou a buscar apoio no exterior para restaurar o Estado absolutista, ao mesmo tempo em que as dificuldades econômicas permaneciam no governo revolucionário. No momento em que o exército absolutista formado, em parte, por nobres emigrados marchou sobre o território francês, os jacobinos forneceram armas à população. Assim, constituíram um exército popular, conhecido como “a comuna insurrecional de Paris”, enfrentando o exército dos emigrados e prussianos na Batalha de Valmy. O exército popular obteve vitória sob o comando de Robespierre, Marat e Danton, e o rei acusado de traição por colaborar com os inimigos e, finalmente, foi proclamada a República. Convenção Nacional Com o fim da Monarquia e o advento da República, tem-se o início do período da Convenção Nacional, que se divide em dois momentos: a República Girondina (setembro de 1792 a junho de 1793) e a República Jacobina (junho de 1793 a julho de 1794). O período girondino, caracterizado pelo comando da alta burguesia, é marcado por medidas moderadas destinadas a preservar a propriedade privada e a alijar as massas populares do poder. Com o processo de Luís XVI, após serem descobertos acordos secretos do rei com soberanos estrangeiros, a disputa entre girondinos e jacobinos tornou-se mais acirrada e foi determinada a condenação do rei à morte, para escândalo das monarquias estrangeiras.

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Figura 02 - Estátua representando o rei Luís XVI, em Versalhes, França.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias

Em um determinado momento, quando as conturbações internas e externas se avolumavam, os jacobinos tomam o poder, com apoio dos sans-culottes (indivíduos das camadas mais baixas), e conseguem grande apoio ao propor medidas populares, tais como a atribuição do direito universal do voto. No período jacobino, a escravidão é abolida nas colônias, os camponeses deixam de ter a obrigação de indenizar os antigos senhores, cria-se a “Lei do Máximo” – que fixa um teto para preços e salários. Ademais, é organizado um exército revolucionário e popular para enfrentar as ameaças externas. Posteriormente, o poder executivo passa a ser exercido pelo Comitê de Salvação Pública e o Comitê de Segurança Geral passa a ter a função de descobrir suspeitos de traição. Em junho de 1794, inicia-se o período do Grande Terror após Robespierre guilhotinar seus principais opositores e implementar uma política de punição aos suspeitos de conspiração. A economia, nesse momento, é dirigida com vistas à defesa da Nação e em benefício da média burguesia. Com isso, as massas populares ficam insatisfeitas com o teto máximo salarial e a proibição das greves. Com a população cansada da repressão e a alta burguesia irritada com o dirigismo econômico, a convenção vota para a detenção de Robespierre, em 27 de julho de 1794 (9º Termidor). Após Robespierre e seus apoiadores serem guilhotinados sem julgamento, tem-se o fim da Convenção Montanhesa e inicia-se a Convenção Termidoriana, com os girondinos de volta ao poder. As políticas sociais e econômicas implementadas pelos jacobinos sofreram um revés e os apoiadores de Robespierre foram perseguidos. Esse fato ficou conhecido como “Terror Branco”. A experiência de radicalismo democrático da República Jacobina fica para trás e, em seguida, inicia-se a fase do Diretório com o rápido declínio dos ideais republicanos. Diretório A burguesia termidoriana, preocupada com uma reação monarquista e com os levantes populares, cria, em 1795, uma nova Constituição (do Ano III) e determina a existência da Câmara dos Quinhentos e Câmara dos Anciãos para representarem o poder legislativo. O poder executivo ficaria a cargo do Diretório, formado por cinco membros, com a finalidade de estabilizar a Revolução. Externamente, o exército francês passou a obter seguidas vitórias sob o comando do general Napoleão Bonaparte, que, por meio de um golpe de Estado, viria a assumir o poder em 1799 com apoio de boa parte da burguesia no 18 de Brumário (golpe de estado), que marcou o fim da Revolução Francesa.

Consequências da Revolução Francesa

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Em síntese, a Revolução Francesa significou o primeiro grande sucesso da burguesia no sentido de conquistar o poder político e dirigir o Estado de maneira a satisfazer interesses. Diante desse processo, a Revolução Francesa deixava para trás os entraves do absolutismo e do mercantilismo, implementando suas propostas liberais após canalizar as insatisfações das camadas populares. Contudo, beneficiava principalmente a si própria. Esse movimento teve um alcance muito além da história francesa, pois impulsionou a ascensão da burguesia em toda a Europa, acelerando o colapso do Antigo Regime.

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História

Exercícios de Fixação 01. (FGV SP) Soberania popular, igualdade civil, igualdade perante a lei – as palavras hoje são ditas com tanta facilidade que somos incapazes de imaginar seu caráter explosivo em 1789. Não conseguimos nos imaginar num mundo mental como o do Antigo Regime... DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette. Mídia, cultura e revolução. Trad. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 30.

As sociedades europeias do chamado Antigo Regime baseavam-se a) no princípio da igualdade social e econômica e no direito divino de seus monarcas. b) na ordenação social hierárquica e em concepções filosóficas ligadas a religiões. c) na perspectiva da desigualdade social e em doutrinas religiosas democráticas. d) na liberdade de expressão religiosa e no sentimento nacionalista. e) na efetivação da igualdade jurídica e na mentalidade clerical.

s, Qb1 5.htm. 2016.

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02. (UFJF MG) Em julho de 1789, houve a explosão de movimentos populares em Paris. Artesãos, operários e desempregados se envolveram fortemente com o processo revolucionário, que ocasionou a tomada da Bastilha, momento simbólico da Revolução Francesa. Os grupos populares que protagonizaram a revolução passaram a ser conhecidos como sans-culottes. Em relação aos sans-culottes, assinale a resposta que CORRESPONDA às suas reivindicações e atitudes. a) Desejavam tomar o poder do rei de forma moderada, mediante as decisões do Primeiro Estado. b) Defendiam o aprofundamento das reformas políticas e a tomada de poder por parte da aristocracia. c) Tinham um projeto político bem definido, cuja principal proposta era o alinhamento com grupos contrarrevolucionários. d) Exigiam melhores condições de vida e participação política dos setores sociais médios e pobres, saqueando armazéns e tomando edifícios governamentais. e) Defendiam que os preços fossem tabelados e o fim da exploração econômica, sem qualquer proximidade com os camponeses e suas reivindicações.

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03. (Unifacs BA) A vitória da Revolução Francesa de 1789 representou, para o mundo contemporâneo, a) o predomínio da interpretação teocêntrica contra a antropocêntrica do mundo. b) o fracasso dos princípios básicos do Iluminismo e do Racionalismo.

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c) o equilíbrio do poder entre a burguesia urbana e a aristocracia rural. d) a instalação de uma nova ordem social baseada no liberalismo. e) a vitória das forças de conservação contra as forças de modificação das estruturas sociais vigentes. 04. (UEG GO) Leia o texto a seguir. Socialmente, os sans-culottes representam os citadinos que vivem de seu trabalho, seja como artesãos, seja como profissionais de ofício; alguns, depois de uma vida laboriosa, se tornam pequenos proprietários na cidade, e usufruem as rendas de um imóvel. PÉRONNET, Michel. Revolução Francesa em 50 Palavras-chaves. São Paulo: Brasiliense, 1988. p. 248.

A análise do texto demonstra que os interesses sociais dos sans-culottes, importantes personagens da Revolução Francesa, se confundiam com os a) da pequena burguesia que, apesar das conquistas econômicas, via-se pressionada pelo aumento no custo de vida. b) dos camponeses, já que ambos lutavam pela abolição dos privilégios feudais no campo e posse de terras coletivas. c) dos membros do baixo clero, uma vez que lutavam por reformas sociais, mas não eram contra a liberdade religiosa. d) da classe dos girondinos, pois apesar das diferenças de classe, ambos os grupos eram politicamente moderados. 05. (Unemat MT) A Revolução Francesa foi, de fato, um conjunto de acontecimentos suficientemente poderoso e universal em seu impacto para ter transformado o mundo permanentemente (...). Metade dos sistemas legais do mundo está baseada na codificação legal que a Revolução implantou. (...) A Revolução Francesa deu aos povos a noção de que a história pode ser mudada por sua ação. Deu-lhes também o que até hoje permanece como a mais poderosa divisa jamais formulada para a política da democracia e das pessoas comuns que ela inaugurou: “liberdade, igualdade, fraternidade”. (HOBSBAWM, Eric. Ecos da Marselhesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 124-5)

Que país latino-americano teve sua independência influenciada pela Revolução Francesa? a) Espanha. b) Brasil. c) Estados Unidos. d) Austrália. e) Haiti.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios Complementares

(Napoleão Bonaparte. Sobre a guerra, 2015.)

O discurso de Napoleão, pronunciado em 1807, revela características presentes na Revolução Francesa, como a) a influência do pensamento liberal, a valorização da noção de cidadania e a defesa da igualdade jurídica. b) o combate às diferenças sociais, a criação de instituições supranacionais e a instauração de governos democráticos. c) a centralização do poder com apoio dos militares, a expansão das fronteiras nacionais e a rejeição da economia de mercado. d) o orgulho patriótico, a defesa das tradições civis e religiosas e a reforma do sistema tributário. e) a expansão da revolução por meio da guerra, a rejeição da luta de classes e a limitação do poder da burguesia. 02. (UEM PR) A Revolução Francesa foi um acontecimento que provocou transformações políticas e sociais na sociedade ocidental do século XVIII. Sobre essas transformações, é correto afirmar que 01. a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e os ideais do Iluminismo inspiraram os ideais revolucionários e contribuíram para fundamentá-los. 02. os revolucionários tinham como meta destruir as forças da burguesia e do proletariado e implantar um Estado absolutista. 04. os camponeses pretendiam transformar as relações de trabalho e abolir os vestígios da aristocracia feudal ainda presentes na sociedade francesa. 08. a alta, a média e a pequena burguesias, os camponeses e os pobres das cidades formavam parte do Terceiro Estado, que, juntamente com o Primeiro e o Segundo Estados, compunham a sociedade francesa da época. 16. os ideais revolucionários foram vitoriosos devido à implantação de uma república representativa na França, formada pelo clero, pela aristocracia e pelo povo. 03. (IFPE) A Revolução Francesa, marco na história do Ocidente, teve diversas fases, com atuação de diversos segmentos políticos e níveis de radicalização política e social. Entre estas fases, tem-se a chamada Convenção Nacional (1792-1795), que foi marcada pela(o)

a) predomínio da monarquia parlamentarista, cujo órgão máximo, o Comitê de Salvação Pública, impunha limites ao poder real e mantinha firme os princípios da Revolução. b) disputa política entre girondinos e jacobinos, predomínio do Terror como arma política, atuação do Comitê de Salvação Pública e estabelecimento de leis progressistas e democráticas. c) democracia política, liberdade de imprensa, consolidação da Revolução sob o signo da Era do Terror, atendendo às aspirações populares de Paris. d) ascensão da burguesia girondina, mais moderada, que assumiu a Convenção Nacional desde os primórdios e criou instrumentos políticos que trouxeram estabilidade à Revolução. e) predomínio das liberdades civis, da participação popular, do exercício do livre pensamento, da implantação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. 04. (Udesc SC) “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”. Essas três palavras, somadas à bandeira azul, branca e vermelha, tornaram-se símbolos das ideias defendidas e das reivindicações no movimento chamado Revolução Francesa. Com relação à Revolução Francesa, assinale a alternativa correta. a) Das revoluções de esquerda ocorridas no século XIX, a Revolução Francesa é das mais significativas, justamente por ser a primeira a contar exclusivamente com a participação de classes populares. Seu modelo foi reimplementado posteriormente apenas em 1917, durante a Revolução Russa. b) Apesar de sua relevância histórica, a Revolução Francesa não influenciou qualquer movimento revolucionário ou reivindicatório fora do território europeu. c) A relevância da Revolução Francesa pode ser compreendida por ter sido, entre outras coisas, o primeiro movimento político que instaurou popularmente o governo de uma mulher. Esta foi personificada como “Marianne” e foi representada por Delacroix no famoso quadro Liberdade guiando o povo. d) A Revolução Francesa teve reverberações não apenas na Europa, mas também na América. Uma das principais foi, certamente, a influência que exerceu sobre a Independência dos EUA. e) A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada em 1789, ainda que ressaltasse a liberdade e a igualdade dos cidadãos perante a lei, era excludente em relação às mulheres. Tal fato auxilia compreender a composição da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, escrita por Olympe de Gouges, em 1791.

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A14  Revolução Francesa

01. (UEFS BA) Nós somos trinta milhões de homens reunidos pelas luzes, a propriedade e o comércio. Trezentos ou quatrocentos mil militares nada são nessa massa. Além do fato de o general comandar exclusivamente pelas qualidades civis, a partir do momento em que não está mais na função, ele retorna à ordem civil. Os próprios soldados não passam de filhos dos cidadãos. O exército é a nação.


História

05. (Fac. Direito de São Bernardo do Campo SP) “O Terror, que se tornou oficial durante certo tempo, é o instrumento usado para reprimir a contrarrevolução. Prendem-se os cidadãos considerados suspeitos e institui-se um Tribunal Revolucionário em Paris, que julga de maneira sumária e envia milhares de pessoas à guilhotina.”

representa uma comunidade de cidadãos livres. Ao afirmarem que o governo era algo que as pessoas criavam para satisfazer as necessidades humanas, os atenienses consideravam seus governantes homens que haviam demonstrado capacidade para dirigir o Estado, e não deuses ou sacerdotes.

Michel Vovelle. A Revolução Francesa explicada à minha neta. São Paulo: Editora Unesp, 2007, p. 74.

(Flávio de Campos e Renan G. Miranda. A escrita da História, 2005.)

A14  Revolução Francesa

Pode-se afirmar que o chamado período do Terror, durante a Revolução Francesa, a) contribuiu para que os franceses reconhecessem o caráter ditatorial do projeto revolucionário e se dispusessem a revalorizar a experiência democrática do Antigo Regime. b) combinou um conjunto de medidas voltadas ao atendimento das necessidades mais urgentes da população pobre com uma repressão violenta contra os adversários políticos. c) permitiu a instalação do primeiro regime comunista da história e afirmou a necessidade de eliminar fisicamente todos que resistissem a projetos de democratização e busca da igualdade social. d) associou a repressão aos movimentos populares de massa com o esforço de reconstrução do Antigo Regime e de reinstauração do poder aristocrático e religioso na França. 06. (Fatec SP) Se não têm pão, que comam brioches! A frase, erroneamente atribuída à rainha da França, Maria Antonieta, foi considerada uma resposta cínica às inquietações populares que levaram à eclosão da Revolução Francesa. Assinale a alternativa que aponta corretamente algumas das causas da insatisfação da população francesa às vésperas dessa Revolução. a) Contrários ao lema da monarquia, “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, os camponeses alegavam que a distribuição de renda provocava o empobrecimento da classe média. b) A grave crise econômica, aliada a condições climáticas adversas, inflacionou os preços nas cidades e no campo; sofrendo com a fome, a população pagava altos impostos para manter os privilégios do clero e da nobreza. c) A substituição de culturas alimentares pelo algodão, decretada por Luís XVI, levou ao aumento da mortalidade infantil e da fome entre os camponeses, favorecendo a burguesia vinculada à indústria têxtil. d) Para sustentar os custos das guerras napoleônicas, o rei Luís XVI aumentou a cobrança de impostos dos camponeses e dos trabalhadores das cidades que, insatisfeitos, se rebelaram contra o governo central. e) Devido à falta de terras férteis, à baixa produção de alimentos e à fome, a população demandava o aumento da ocupação francesa nas Américas e na África para a ampliação da produção agrícola. 07. (Famema SP) Nosso atual modelo de Estado é fruto da Revolução Francesa, que, fascinada pela democracia grega, considerava que os atenienses criaram o princípio do Estado legal – um governo fundado em leis discutidas, planejadas, emendadas e obedecidas por cidadãos livres – e a ideia de que o Estado 538

De acordo com o excerto e seus conhecimentos, é correto afirmar que a) a concepção moderna de democracia deriva da Revolução Francesa e da Atenas antiga, embora nesta a cidadania estivesse limitada à minoria da população. b) a democracia ateniense, por fundamentar-se na comunidade de homens livres, não era compatível com a existência de trabalho escravo. c) a Revolução Francesa ampliou o conceito de democracia grega, ao tornar cidadãos todos os habitantes da comunidade, inclusive as mulheres e os estrangeiros. d) os gregos desenvolveram a noção de lei como uma emanação dos deuses, à qual os homens deveriam obedecer após discussão em assembleia. e) os atenienses vinculavam a política à religião e, por isso, seu Estado nacional dependia da razão divina e limitava a expressão política dos cidadãos. 08. (UCB DF) A Revolução Francesa transformou radicalmente tanto o saber a respeito da política quanto a prática. A classe burguesa ascendente, impedida pela aristocracia de governar durante o Antigo Regime, a partir de argumentos tracionais ou religiosos, impôs uma nova maneira de ver o mundo, fundamentada na razão e na observação da realidade. SILVA, A. et al. Sociologia em movimento. 1ª. ed. São Paulo: Moderna, 2013, com adaptações.

Considerando essa nova forma de compreender o mundo e os princípios construídos a partir da Revolução Francesa, assinale a alternativa correta. a) Com a Revolução Francesa, foram alcançados plenamente os princípios de liberdade, fraternidade e igualdade na França e na Europa. b) Com o fortalecimento da burguesia e, consequentemente, do sistema capitalista, o princípio de igualdade ficou estabelecido entre todos os cidadãos franceses, que passaram a formar uma classe social única. c) Embora a Revolução Francesa tenha estabelecido a igualdade econômica entre todos os cidadãos, o direito à participação política permaneceu restrito ao grupo social dos nobres. d) A exploração dos servos pelos senhores foi totalmente eliminada pelo princípio de fraternidade. O novo modelo se estabeleceu sob o regime de reciprocidade entre patrões e operários, com salários mais justos e lucros compartilhados entre todos. e) O fim da servidão estabeleceu uma liberdade apenas formal, que desaparece diante da necessidade de sobrevivência dos trabalhadores, que recebem um pequeno salário em troca de longas jornadas de trabalho.


FRENTE

A

HISTÓRIA

MÓDULO A15

ERA NAPOLEÔNICA E CONGRESSO DE VIENA Era Napoleônica Napoleão Bonaparte era o militar com maior prestígio dentro do exército durante a Primeira República Francesa. O jovem general nasceu em Ajaccio, na Córsega, oriundo de uma família da média burguesia. Rapidamente destacou-se, principalmente na batalha de Toulon, contra os jacobinos, o que lhe valeu o posto de general de brigada aos 24 anos de idade, tornando-se o general mais jovem da história militar da França.

ASSUNTOS ABORDADOS n Era Napoleônica e Congresso de

Viena

n Era Napoleônica n Congresso de Viena

Apesar de haver sido desfeita a Primeira Coligação, a política expansionista do Diretório levou as Monarquias europeias a organizar uma Segunda Coligação formada pela Áustria, Inglaterra, Rússia, Turquia entre outras. A guerra foi retomada em diversas frentes de batalha. A princípio, a Prússia manteve-se neutra e a Espanha continuou com suas alianças com a França. As contínuas derrotas do exército francês e as hesitações do governo permitiram a Napoleão e a um grupo de partidários darem um golpe de Estado em 18 Brumário do ano VII (nove de novembro de 1799), que acabaria com o governo do Diretório, como vimos no capítulo anterior.

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Em 1796, o general Bonaparte recebeu do Diretório o controle do exército francês na Itália, onde obteve grandes vitórias. Enviado, posteriormente, ao Egito para bloquear as comunicações britânicas com a Índia, tomou a cidade de Alexandria e o Cairo, na famosa batalha das pirâmides. No verão de 1798, Bonaparte foi derrotado no Mediterrâneo pela esquadra inglesa do Almirante Nelson.

Consulado (1799-1804) Em 1799, após o golpe 18 Brumário, instaurou-se na França um novo regime, o Consulado, buscando eliminar a instabilidade política que assolava o país. O poder executivo seria exercido por três cônsules: o general Bonaparte e dois membros do Diretório, Sieyés e Ducos. Com o novo regime, propôs-se uma nova constituição para regularizar a situação francesa. A Constituição aprovada em janeiro de 1800, mediante um referendo, reforçou o poder de Bonaparte, pois o colocou à frente do governo por um período de dez anos (renovável). Napoleão seria o primeiro Cônsul francês e teria amplos poderes que ultrapassavam os limites da esfera executiva, podendo propor leis, dirigir a política externa, nomear ministros e membros do Conselho do Estado, assim como juízes e altos funcionários. Os outros cônsules teriam apenas funções consultivas. A Carta Magna não só fortalecia o poder de Napoleão como feria também os preceitos da soberania nacional. Durante os primeiros anos do governo napoleônico, foram feitos grandes avanços administrativos, políticos e constitucionais. A grande inteligência e visão política do jovem general levaram-no a realizar uma formidável reforma administrativa no Estado francês, atingindo diferentes setores da sociedade. Religiosamente, Bonaparte firmou a Concordata Católica com o papa Pio VII, pela qual o Estado francês teria o direito de confiscar as propriedades da Igreja. Em troca, o governo teria de amparar o clero e não interferir em seus cultos.

Figura 01 - Napoleão Bonaparte em seu escritório. Pintura a óleo de Jacques-Louis David, França, 1812.

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História

Em 1802, Napoleão promulgou uma nova constituição, que lhe propiciava, ainda, maiores poderes, convertendo o regime republicano em um regime praticamente monárquico, ao declarar vitalícios os cônsules e permitir ao Primeiro Cônsul nomear seu sucessor. Ele criou uma polícia eficaz e reorganizou o território francês em 130 departamentos, colocando à frente de cada um deles um prefeito, que seria o delegado do governo. Conseguiu estabilidade econômica, criando o Banco da França e o franco como sua unidade monetária. Napoleão consolidou, também, sua obra reformadora do novo regime ao propor a elaboração do Código Civil Francês (grande referência para o Direito Ocidental), o Código de Comércio e o Código Penal, que confirmavam a abolição dos privilégios e respeitavam os direitos adquiridos com a Revolução. Se, por um lado, essas três obras tornaram-se, desde então, um grande modelo de jurisprudência internacional, por outro, a centralização política estabelecida por Napoleão ficou cada vez mais intensa no território francês, garantindo-lhe poderes praticamente absolutos. Enquanto isso, a situação da Europa era cada vez mais preocupante, em virtude da política exterior empreendida por Napoleão. A França enfrentava vorazmente a Segunda Coligação. Em meio a isso, o governante encabeçou a campanha na Itália e acabou sendo responsável por uma importante vitória sobre os austríacos. Em 1802, foi firmada a Paz de Amiens. Por esse tratado de paz, a Inglaterra cederia à França algumas de suas conquistas e em troca a França deixaria o Egito, Nápoles e os Estados Pontifícios. A paz de Amiens desfazia a Segunda Coligação e detinha, por um momento,

a Inglaterra que era, indubitavelmente, a maior inimiga da França. No entanto, nenhum dos pressupostos desse tratado foi completamente respeitado e as hostilidades voltaram a ser retomadas posteriormente. Diante desse quadro, é possível entender que, no início do século XIX, a maioria dos Estados europeus estava submetida à França como, por exemplo, a Áustria, que acabou firmando paz com Napoleão e cedendo-lhe territórios na Itália e em parte do Reino, e a Espanha, que continuava coligada com a França. No entanto, é importante destacar que Napoleão continuava tendo um grande oponente às suas pretensões: a Inglaterra. Império (1804-1815) Era tão grande a fama e tão sólido o poder do Primeiro Cônsul que, em 1804, Napoleão impôs outra Constituição para solucionar os persistentes problemas internos e externos da França. O governo não mais seria controlado por um triunvirato e sim por um imperador, Napoleão I. Esse novo regime anulava a República e estabelecia uma monarquia hereditária. Contudo, a constituição manteria as conquistas da Revolução Francesa: igualdade de direitos, liberdade política e civil e ratificação da integridade territorial. Em 2 de dezembro, Napoleão coroou a si mesmo como “Imperador dos franceses” na presença do papa Pio VII para dar maior solenidade ao ato. Nesse momento, finalizou-se o período da Primeira República Francesa e deu-se início ao Primeiro Império Francês.

Fonte: Wikimedia Commons

A15  Era Napoleônica e Congresso de Viena

Figura 02 - O imperador Napoleão coroando a imperatriz Josephina, na Catedral de Notre-Dame, em Paris. Pintura a óleo de Jacques-Louis David, 1804.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias

Napoleão dominava toda a política mantendo, no entanto, as Câmaras como base de controle de governo. Vale destacar que os deputados e senadores que compunham tais câmaras eram submetidos aos desejos do governante. O poder Executivo e o Judiciário eram exclusivos de Napoleão, que nomeava os juízes franceses e assegurava o seu poder pleno e o controle sobre toda a sociedade por meio de sua polícia. Socialmente, as mudanças também ganhavam vulto, tendo o maior destaque a perda de privilégios por parte da antiga nobreza. Contudo, a nova nobreza voltou a estabelecer uma hierarquia social acumulando propriedades agrícolas e bens imóveis, o que acabava por distingui-la das demais camadas sociais. Napoleão formou um exército forte e novo, que se pautava em técnicas militares simples e no serviço militar obrigatório. Esse sistema militar, unido ao carisma e grande inteligência do imperador, conseguiu transformar o Exército Napoleônico em um grande temor para todas as potências inimigas da França. Por outra parte, ainda que o estímulo bélico favorecesse o poder aquisitivo dos salários e diminuísse o desemprego, as campanhas napoleônicas significavam uma ação sangrenta, sobretudo entre as camadas populares. No âmbito econômico, a situação francesa viu-se melhorada com as conquistas de novos territórios como a Áustria, Suíça, Itália, Portugal e Espanha. No caráter militar, em virtude de não conseguir conquistar a Inglaterra pelo mar, Napoleão decretou o Bloqueio Continental, cujo objetivo era estrangulá-la economicamente. A Inglaterra era extremamente forte e mantinha influência por todos os continentes, impedindo que a França recebesse mercadorias de colônias e seus Estados aliados. Em outubro de 1805, diante do cabo de Trafalgar, a esquadra inglesa dirigida pelo almirante Nelson, aniquilou a frota franco-espanhola. Com isso, a Inglaterra, a rainha dos mares, propôs-se organizar uma Terceira Coligação com austríacos, russos, prussianos e suecos para vencer, definitivamente, o Império Francês.

Não obstante, a política exterior francesa girava em torno da vontade de Napoleão, que significava a expansão da França sem limites para impor sua hegemonia em todo o continente europeu. A vitória francesa contra o exército austro-russo na batalha de Austerlitz, em dezembro de 1805 e, em 1807, contra a Prússia e os exércitos coligados, fez com que fosse firmada em junho de 1807 a Paz de Tilsit com o czar russo Alexandre I, desfazendo a Terceira Coligação. Rússia e França repartiram suas influências na Europa, sendo que a parte oriental ficaria a cargo do czar e a ocidental para Napoleão, que já dominava a Itália, grande parte da Alemanha e a Polônia. Nesse ínterim, continuava a pretensão Napoleônica de conquistar a Inglaterra, obrigando Portugal e Espanha a aderir ao bloqueio continental. A monarquia portuguesa rechaçou o ultimato francês enquanto o rei espanhol firmou com a França o Tratado de Fontainebleau em outubro de 1807, pelo qual as tropas francesas obteriam o direito de passar pelo território espanhol para atingir Portugal. As ações francesas em Portugal fizeram com que houvesse a transmigração da corte lusa para o Brasil, fato que seria de grande valia para a independência da colônia. No caso espanhol, Napoleão derrubou o rei Fernando VII e colocou no trono seu irmão José Bonaparte, desarticulando o poder interno hispânico. Esse evento deu início aos movimentos nacionalistas que enfrentariam os exércitos napoleônicos em uma grande guerra de independência, com a ajuda da população espanhola e com respaldo inglês, venceriam os franceses depois de seis anos de batalhas. Durante vários anos, o Império Francês aumentava, chegando Napoleão a exercer influência sobre os Países Baixos, Itália, Espanha e Portugal, por meio de parentes ou de seus oficiais. Contudo, em 1811, Napoleão passaria a enfrentar uma grande crise econômica gerada pelo Bloqueio Continental imposto à Inglaterra, uma vez que o comércio francês sofreu quase tanto quanto o comércio britânico, em virtude da grande dependência de toda Europa, inclusive a França, da industrialização britânica. Essa crise econômica, somada às péssimas colheitas, começaram a afetar drasticamente a população francesa que já estava cansada de sacrificar seus jovens para satisfazer o orgulho e o imperialismo de Napoleão. Em 1812, a Rússia rompeu sua aliança com a França, pois temia o grande poder militar e econômico que o Império francês estava implantando na Europa e que ameaçava asfixiar o Império dos czares. Desse momento em diante, Napoleão decidiu invadir a Rússia, desconsiderando problemas 541

A15  Era Napoleônica e Congresso de Viena

Com o objetivo de receber o apoio de seus partidários, Napoleão substituiu a antiga nobreza hereditária por uma nova, que conseguia seus títulos por méritos de guerra e serviços prestados ao Estado. Assim, nomeou príncipes, duques, marqueses, generais e oficiais. Além disso, converteu seus irmãos e seus cunhados em reis: José, rei de Nápoles e mais tarde da Espanha; Luís, rei da Holanda; Murat, seu cunhado, passou a controlar o ducado de Berg e mais tarde foi nomeado rei de Nápoles. O imperador também instituiu a “Legião de Honra” para condecorar os mais destacados elementos dentro da sociedade francesa.


História

que poderia ter com o rigoroso inverno russo. Tanto o exército como os camponeses russos seguiram as táticas de guerrilhas, destacando a “terra arrasada”, em que não se enfrentava frontalmente o exército francês, mas sim ia minando sua retaguarda com a devastação de todas as estruturas internas russas (cidades, plantações etc.), quando Napoleão chegou a Moscou em setembro de 1812, após a conquista francesa de Borodino, nas cercanias da capital russa. No entanto, ao chegar à cidade, viu as ruas destruídas e as tropas tiveram que conviver com o frio e a fome. O imperador, então, ordenou a retirada do exército. Dos 600 000 homens que partiram para conquistar a Rússia, apenas 100 000 regressaram. O fracasso da estratégia napoleônica na Rússia foi o início do fim do Império Francês, porque não só dizimou grande parte do efetivo militar, como também deu novo ânimo para países que se opunham ao processo expansionista de Napoleão. Em outubro de 1813, Áustria, Prússia, Rússia e Inglaterra voltaram a se unir para combater os exércitos franceses e assim o fizeram na Batalha de Leipzig. Dessa forma, a França acabou sendo invadida pelas tropas aliadas e Paris foi ocupada em 31 de março de 1814. Napoleão não teve outra solução que não a rendição, sendo mais tarde exilado na ilha de Elba.

O Novo Império ficou também conhecido como o Governo dos Cem Dias, já que as potências europeias conduzidas pelo general inglês Wellington, derrotaram definitivamente Napoleão, na região belga de Waterloo. O Imperador viu-se obrigado a abdicar, sendo o trono novamente ocupado pelo rei Luís XVIII. Os ingleses deportaram Napoleão Bonaparte para a ilha atlântica de Santa Helena, onde ele morreu, em 5 de maio de 1821, com 52 anos de idade.

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Figura 03 - Batalha de Waterloo

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Fonte: Wikimedia Commons

As potências europeias restauraram a monarquia na França e nomearam Luís XVIII, irmão de Luís XVI, como novo rei. Não obstante, a fragilidade de seu governo e seus constantes erros provocaram o descontentamento do povo francês, que ansiava pelo retorno de Napoleão. O antigo líder escapou do exílio na ilha de Elba, desembarcando na França em primeiro de março de 1815 e se proclamando pela segunda vez “Imperador dos franceses”.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Em março de 1815, representantes dos países europeus reuniam-se em Viena para acordar a criação de uma pretensa ordem estável e duradoura no continente. As novas medidas assentavam-se na volta dos valores absolutistas e na varredura de todas as mudanças produzidas na Europa desde 1789. Contudo, ainda que os monarcas utilizassem a violência para restabelecer seus governos absolutistas e, em algumas ocasiões, aceitassem princípios constitucionais, foi impossível lutar contra o liberalismo, proposto tanto pela Revolução Francesa quanto pela Norte-Americana. Entre 1820 e 1848, sucedeu-se, na Europa, uma série de ondas revolucionárias que culminaram na implantação e efetivação do liberalismo e no estabelecimento de governos representativos na maioria dos países ocidentais. O processo de industrialização que se acelerava na Inglaterra e difundia-se por todo o continente europeu acabou sendo um empecilho para a restauração dessa ordem conservadora. O aumento das classes empresariais e assalariadas dificultava aos monarcas e à nobreza a manutenção do controle sobre os poderes públicos. Convocado o Congresso de Viena em 1815 pelo Imperador austríaco Francisco I, a capital da Áustria recebeu representantes de toda a Europa com a intenção de estabelecer as bases de uma paz duradoura e reorganizar o mapa europeu, alterado pelas profundas transformações ocorridas nos últimos vinte e cinco anos. As principais de-

cisões do Congresso ficaram a cargo do chanceler austríaco Metternich, do ministro francês Talleyrand, do ministro inglês Castlereagh e do czar da Rússia, Alexandre I. A ideia central consistia no restabelecimento das monarquias absolutistas na Europa. Alguns princípios foram defendidos pelo Congresso, destacando-se o da legitimidade monárquica, segundo o qual a autoridade real não podia ser contestada por nenhuma constituição ou soberania popular, por estar sustentada pela unção divina. Graças a esse princípio, foram restabelecidas as monarquias do Antigo Regime nos países que as possuíam antes da Revolução. O segundo princípio foi o da solidariedade entre as monarquias no sentido de combater um inimigo comum - o liberalismo. Assim, a qualquer intento de uma rebelião, deveriam enviar tropas para sufocá-la. Por último, defendeu-se o princípio do equilíbrio político entre as potências, pelo qual todas rechaçariam os intentos de invasão de umas sobre as outras. Ao longo do Congresso, o anfitrião Metternich preocupou-se em fortalecer nos Estados Alemães a autoridade dos Habsburgo. A classe governante conservadora inglesa, os tories, também esperava manter seu poder na Grã-Bretanha, que praticamente não havia sido contaminada pelos ideais napoleônicos. O czar Alexandre I, que acreditava ser o salvador da Europa, aspirava a controlar as reuniões do Congresso, o que preocupava tanto os ingleses quanto os austríacos em virtude das pretensões expansionistas russas em relação à Europa Ocidental.

Fonte: Wikimedia Commons

Congresso de Viena

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Figura 04 - Congresso de Viena.

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História

O novo mapa da Europa O direito dinástico e o equilíbrio predominaram sobre um novo espírito nascido após a Revolução: o nacionalismo. Ao rejeitar as aspirações emancipacionistas de diferentes povos, o novo quadro criado por Viena viria a desmoronar. O maior objetivo das nações era o de construir estados fortes com grandes territórios e o maior volume demográfico para impedir os objetivos expansionistas de quem pretendesse dominar novamente a Europa. O maior objetivo das nações era o de construir estados fortes com grandes territórios e o maior volume demográfico para impedir os objetivos expansionistas de quem pretendesse dominar novamente a Europa. Entretanto, as campanhas napoleônicas e a entrega de territórios à nova nobreza imperial francesa haviam alterado profundamente o mapa europeu. Muitas dinastias reinantes haviam sido substituídas por outras (como na Suécia ou Nápoles). Com isso, surgiram estados pela junção de entidades menores (Suíça, Reino da Itália e a Confederação do Reno). Diante dessas alterações, decidiu-se remodelar o mapa da Europa. Entre os grandes impérios, houve a seguinte divisão de territórios: n

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Áustria: renunciava às grandes vantagens territoriais, recuperando, no entanto, a região de Veneza, Lombardia e uma pequena parte da Polônia. Contudo, passou a ter controle de parte dos estados alemães e italianos. Inglaterra: preocupada com o seu comércio, conservou suas conquistas ultramarinas, Malta, ilhas Jônicas e Gibraltar e adquiriu novas colônias na África e na Ásia que asseguravam a rota para a Índia. Além disso, consolidou seu domínio sobre as Antilhas, o que facilitou o comércio com a América. Prússia: recuperou a margem esquerda do rio Reno, estendendo até a fronteira com a França. Rússia: recebeu a Finlândia e a maior parte da Polônia. França: a grande perdedora dentro da reorganização das fronteiras proposta pelo Congresso; teve suas fronteiras de 1792 restabelecidas. São criados Estados-tampão ao redor da França. Ao Norte, os Países Baixos, formados por Holanda, Bélgica e Luxemburgo; a Leste, Suíça; ao Sul, o reino Sardo-Piemontês. A península italiana foi repartida entre a Áustria, ao Norte, os Estados Pontifícios, no Centro, e o reino de Nápoles e das Duas Sicílias, ao Sul, governados pelos Bourbons.

Desenhado de acordo com os interesses das potências dominantes, o novo mapa cumpria com as intenções pre-

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vistas: restabelecer a legitimidade territorial e monárquica anterior à Revolução, isolar a França e assegurar um equilíbrio de forças. Essas fronteiras artificiais não levaram em conta algumas questões que permaneceram pendentes ao ponto de corroer a obra proposta em Viena. Assim, a França nunca aceitara a perda de seus territórios. A Bélgica revoltou-se contra os holandeses, enquanto italianos e alemães iniciavam seus processos de unificação nacional. Neste último caso, houve uma incorporação de um documento à ata final do Congresso, reduzindo o número de estados alemães de 350 para 39. Desse modo, nascia a Confederação Germânica, semente da futura unificação alemã. Também houve a incorporação de outras atas que condenavam o comércio de escravos e referendavam a livre navegação por grandes rios e mares. A Europa dos congressos Antes que o Congresso se dissolvesse, os participantes propuseram estabelecer alianças para garantir a paz no Continente. Assim, criou-se a Quádrupla Aliança entre Inglaterra, Prússia, Áustria e Rússia com a intenção de celebrar congressos para resolver assuntos internacionais. Essa nova política internacional desenhou-se em torno de três linhas estratégicas. A primeira linha, praticada pela Inglaterra que, diante do equilíbrio continental, esqueceu-se da Europa e se entregou ao engrandecimento do seu império colonial. A segunda linha, praticada pelas monarquias centro-orientais que, preocupadas com futuros perigos para o sistema absolutista, propuseram a criação de ligas de caráter político-religioso, das quais se destaca a criação da Santa Aliança, que tinha como objetivo colocar em prática os princípios do Congresso de Viena, reprimindo movimentos liberais em todo o mundo e buscando colocar em prática um processo de recolonização da América. Por último, a linha proposta pela França que, inspirada nos desejos de seu ministro Talleyrand, desejava recuperar para si o posto de grande potência e controlar os novos Congressos que buscassem eliminar possíveis intentos revolucionários. No entanto, pouco mais tarde, em janeiro de 1820, explodiram inúmeras revoltas contra o absolutismo na Europa. Contudo, as revoltas e o liberalismo foram duramente reprimidos, primeiramente na Espanha, e mais tarde em Portugal, Itália e Alemanha. Porém, por mais que os governos absolutistas tentassem restaurar uma ordem calcada no Antigo Regime, as revoluções liberais eram praticamente incontroláveis.


Ciências Humanas e suas Tecnologias Questão 06. b) Entre as consequências do Congresso de Viena, podemos citar as seguintes: I) a restauração das monarquias que haviam sido derrubadas devido às guerras napoleônicas; II) a reorganização do mapa da Europa, pois as fronteiras haviam sido alteradas após a ocupação francesa; III) a criação da Santa Aliança, uma aliança político-militar entre Rússia, Prússia e Áustria para intervir em qualquer situação que ameaçasse

Exercícios de Fixação 01. (Fatec SP) Ao assumir o poder na França, Napoleão Bonaparte anunciou que o período conturbado da Revolução de 1789 chegaria ao fim. Em busca de conciliação nacional, ele afirmava estar acima dos interesses particulares e prometia que, a partir daquele momento, iria fazer da França a maior potência do mundo. Conhecido como Era Napoleônica, o período em que Napoleão Bonaparte governou a França ficou marcado a) pela promulgação de um novo Código Civil que, entre outras determinações, separou Igreja e Estado, legalizou o divórcio e consolidou a abolição dos direitos feudais da nobreza e do clero. b) pela manutenção dos laços de cooperação entre França e Inglaterra e pelo Tratado de Versalhes, que estabeleceu o princípio de autodeterminação dos povos. c) pela adoção do pluralismo religioso, ocasionado pela chegada à França de imigrantes oriundos das colônias francesas no Oriente Médio e na África. d) pela guerra contra os Estados Unidos e pela conquista dos territórios indígenas do oeste da América do Norte. e) pela criação da União Europeia, que unificou econômica e politicamente todos os países do continente.

04. (Unitau SP) “Tornou-se primeiro cônsul, depois cônsul vitalício e Imperador. E, com sua chegada, como que por milagre os insolúveis problemas do Diretório tornaram-se solúveis. Em poucos anos, a França tinha um Código Civil, um Tratado com a Igreja e até mesmo [...] um Banco Nacional”.

02. (Unirg TO) No início do século XIX, a intervenção napoleônica provocou mudanças no governo da Espanha ao destronar os reis Carlos IV e Fernando VII e colocar, em seu lugar, o irmão do imperador francês, José Bonaparte. Esse fato teve reflexos na América, pois as mudanças na metrópole estimularam nas colônias o a) movimento autonomista dos criollos. b) rompimento dos colonos com os ingleses. c) fortalecimento das autoridades metropolitanas. d) desenvolvimento científico e cultural nas províncias.

05. (UFRGS) A Santa Aliança, coalizão entre Rússia, Prússia e

03. (Fac. Direito de Franca SP) Napoleão Bonaparte deu continuidade ao momento revolucionário. Ele consolidou as conquistas fundamentais, em detrimento daquilo que era a principal conquista da Revolução Francesa. Michel Vovelle. A Revolução Francesa explicada à minha neta. São Paulo: Unesp, 2007, p. 97. Adaptado.

Entre outros fatores, pode-se associar uma “conquista fundamental” da Revolução Francesa e sua “principal conquista”, respectivamente, a) à ampliação da participação política da burguesia e à liberdade. b) ao fim dos ideais republicanos e ao retorno do absolutismo. c) à execução do rei e de seus familiares e à violência política. d) ao declínio do poder da Igreja e à derrocada da burguesia.

HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções, 1789-1848. São Paulo: Paz e Terra, 1993, p. 93.

A situação de Napoleão Bonaparte como imperador pode ser considerada ambígua, porque a) as instituições republicanas foram mantidas como superiores à autoridade do imperador. b) o governo da República foi definido pela Constituição como confiado a um imperador. c) apesar da instituição da figura do imperador, não houve a reconstituição da antiga nobreza. d) como representante do sistema republicano, o imperador deveria submeter suas decisões aos códigos legais constituídos pela República, no entanto, ele os dissolveu. e) ele se sagrou como cônsul vitalício no regime republicano, após ter garantido seu poder a partir de sua atuação como imperador.

Áustria, criada em setembro de 1815, após a derrota de Napoleão Bonaparte, tinha por objetivo político a) promover e proteger os ideais republicanos e revolucionários franceses em toda a Europa. b) impedir as intenções recolonizadoras dos países ibéricos e apoiar as independências dos países latino-americanos. c) lutar contra a expansão do absolutismo monárquico e a influência do papado em todos os países europeus. d) combater e prevenir a expansão dos ideais republicanos e revolucionários franceses em toda a Europa. e) apoiar o retorno de Napoleão ao governo francês e garantir o equilíbrio entre as potências europeias. 06. (UFES) Em 9 de junho de 1815, encerrou-se o Congresso de Viena, que contou com a presença de representantes diplomáticos das principais nações europeias, após mais de uma década de conflitos intitulados, posteriormente, de guerras napoleônicas. a) Analise dois impactos das guerras napoleônicas para o Brasil. b) Indique duas consequências ou resultados do Congresso de Viena para os países europeus.

Questão 06. a) Um dos impactos imediatos das guerras napoleônicas para o Brasil foi a transferência da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808. Com a chegada da Família Real portuguesa, toda a administração do Reino transferiu-se para o Brasil, que foi beneficiado, ainda, pelo decreto de abertura dos portos às nações amigas, de 1810, pela assinatura do Tratado de Aliança e Amizade e pelo decreto de comércio e navegação com a Inglaterra. Do ponto de vista político, o Rio de Janeiro passou a ser a sede do império português. Do ponto de vista econômico, a transferência da Corte Portuguesa para o Brasil representou um avanço sem precedentes para o comércio brasileiro, que poderia, então, negociar diretamente com as nações amigas de Portugal. Em 1809, as guerras napoleônicas deram seu lugar à retaliação portuguesa, tendo Portugal ocupado a Guiana Francesa. Como um desdobramento desse episódio, os portugueses tiveram acesso ao importante complexo agrícola instalado pelos franceses, em que plantas de diversas partes do mundo eram aclimatadas e cultivadas. Diversas especiarias e frutos, como a noz-moscada, o cravo da índia, a fruta-pão, mudas de nogueira, de camboeira, de abacateiro, de cana caiana, entre outros, foram trazidos para o Rio de Janeiro, inspirando a criação do Jardim Botânico. Na América Espanhola, as guerras napoleônicas estimularam, devido à ocupação da Espanha, os movimentos de independência. De algum modo, a transferência da corte para o Brasil e a exigência de seu retorno imediato, em 1820, também contribuíram para o processo de independência do Brasil.

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A15  Era Napoleônica e Congresso de Viena

o Antigo Regime, visando manter a política de equilíbrio do poder. O clima de restauração criou uma atmosfera de censura e de perseguição política aos revolucionários ou exaltados no continente europeu. Outras consequências do Congresso de Viena foram, ainda, a anexação da Finlândia, da Bessarábia e de parte da Polônia pela Rússia; a anexação de parte dos Bálcãs pela Áustria; a aquisição da Ilha de Malta, do Ceilão e da colônia do Cabo pela Inglaterra; a união entre Suécia e Noruega; a anexação, pela Prússia, de parte da Saxônia, da Westfália e da Polônia; a união da Bélgica aos Países Baixos, formando o Reino dos Países Baixos; a formação da Confederação Alemã, que integrava 38 Estados; o estabelecimento dos Estados Pontifícios da Igreja e a determinação da livre navegação nos rios Reno e Meuse.


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História

Exercícios Complementares 01. (FPS PE) Por meio das suas ações militares e políticas, Napoleão tornou-se uma figura histórica e polêmica no mundo ocidental, pois a) assumiu o poder de forma democrática, devido à imensa popularidade que detinha entre a burguesia. b) valorizava exacerbadamente o militarismo, o que o impediu de melhorar outras áreas deficitárias da sociedade francesa. c) teve entre seus principais atos o Bloqueio Continental, que isolou a Inglaterra, devido ao apoio irrestrito de todos os países europeus. d) conviveu de forma pacífica com a Igreja Católica, reconhecendo a ligação existente entre o Estado e a religião. e) tinha grandes ambições expansionistas, o que intensificou as tensões com a Inglaterra e provocou fortes disputas na geopolítica europeia.

A15  Era Napoleônica e Congresso de Viena

02. (Faculdade Guanambi BA) A tentativa de imposição dos princípios estabelecidos pelo Congresso de Viena foi contestada 01. pelo Tratado de Versalhes, que impôs o retorno às fronteiras europeias anteriores ao processo revolucionário francês. 02. pela Conferência de Berlim, que estabeleceu a Partilha da África e os princípios do colonialismo mercantilista. 03. pelas ondas liberais das décadas de 20 e 30 do século XIX, que buscavam impedir o restabelecimento dos princípios do Antigo Regime. 04. pela Santa Aliança, que atuou no sentido de reprimir o processo de independência das colônias espanholas na América. 05. pela Conferência de Bandung, que afirmou o sentido da autodeterminação dos povos, combatendo o processo colonialista europeu. 03. (Fac. Direito de Sorocaba SP) A “reação posterior à Revolução Francesa” refere-se a) à defesa dos interesses das camadas ricas, para quem a manutenção da ordem social moldava a ideia de liberdade. b) às decisões do Congresso de Viena, que revogou o absolutismo e os privilégios sociais para atender à burguesia. c) aos vínculos políticos entre a burguesia e o proletariado, em função da necessidade de vencer o clero e a realeza. d) às propostas dos jacobinos, que impuseram um regime baseado no terror para assegurar a igualdade econômica. e) ao apoio popular dado ao Império Napoleônico, graças à aprovação de medidas de cunho social, como a reforma agrária. 04. (UEG GO) Em 1804, Napoleão Bonaparte recebeu o título de Imperador, mediante um plebiscito. Durante sua cerimônia de coroação, ele retirou do Papa a coroa e colocou-a em sua cabeça com as próprias mãos. Esse gesto ousado representou

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a) o rompimento entre a Igreja Católica Romana e o novo Estado Revolucionário Francês. b) que Napoleão estava assumindo todas as responsabilidades do Poder Moderador na França. c) que Napoleão, símbolo máximo da força da burguesia, considerava-se mais importante que a tradição da Igreja. d) a criação de uma religião de Estado, tendo como figura central o Imperador, a exemplo do Anglicanismo inglês. 05. (UECE) Napoleão Bonaparte agiu de modo contraditório em relação aos ideais revolucionários. Por um lado, consolidou conquistas burguesas e criou uma nova aristocracia; por outro lado, foi um ditador ferrenho para a França que havia lutado muito pela liberdade. O retrocesso napoleônico em relação aos ideais da burguesia se deu, devido à/ao a) promulgação do código civil com regras precisas, como o impedimento de concessão de privilégios de nascimentos, pois todos eram considerados iguais perante a lei. b) homogeneização do sistema legislativo, acabando com a multiplicidade das fontes do direito que caracterizou a França do antigo regime. c) acordo efetuado com o objetivo de terminar o conflito entre o Estado e o clero, assim, a Igreja ficou subordinada ao Estado que pagava uma pensão aos clérigos. d) criação de uma nobreza formada por funcionários do governo e membros do clero, e à concessão de altos postos administrativos para familiares. 06. (UFU MG) Durante o Congresso de Viena, estabeleceram-se as bases políticas e jurídicas para uma nova ordenação da Europa destinada a durar um século redondo. O resultado dos pactos inaugurou uma época na qual os conflitos externos foram poucos; por outro lado, aumentaram as guerras civis e a "revolução" se fez incessante. KOSELLECK, Reinhart. La época das revoluciones europeias: 1780-1848. México: Siglo XXI, 1998. p.189. (Adaptado).

A constituição do Congresso de Viena, em 1815, evidenciava a instabilidade da geopolítica da Europa, e tinha entre seus objetivos a) o incentivo aos movimentos de libertação colonial, como forma de reduzir os conflitos que pudessem ameaçar o equilíbrio europeu. b) a recomposição do equilíbrio europeu sob o domínio das forças conservadoras, antirrevolucionárias e anti-iluministas. c) a preservação das aspirações nacionais de vários povos europeus, com o objetivo de evitar novos conflitos que colocassem em risco o equilíbrio da Europa. d) a aceitação das fronteiras nacionais existentes em 1815, o que era visto como essencial para o fim dos conflitos entre as grandes potências.


FRENTE

A

HISTÓRIA

MÓDULO A16

INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA LATINA Os séculos XVIII e XIX são marcados pelas diversas mudanças que se processaram na Europa, tais como o Iluminismo, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Essas transformações permitiram que a América também fosse sacudida por uma onda de revoluções. Inspirados pela Independência das Treze Colônias, os colonos latinos buscaram romper o domínio colonial imposto pela Espanha, criando todas as condições para um processo emancipacionista que marcou toda a primeira metade do século XIX.

ASSUNTOS ABORDADOS n Independência da América Latina n Processo de Independência

O Iluminismo, movimento empreendido primordialmente pela burguesia na Europa, irradiou seus efeitos rapidamente pela América, o que contribuiu para o seu processo de independência. Sob a justificativa da emancipação, pesavam as ideias liberais de crença na razão humana, centralização no indivíduo, defesa dos direitos de liberdade, igualdade jurídica e livre comércio. Esses ideais serviriam de base para impulsionar revoltas e inspirar os sonhos patrióticos dos libertadores, que vislumbravam o florescer de uma nova América, subjugada por séculos de colonização. Para melhor entender esse processo, é indispensável a análise sobre as invasões napoleônicas à Espanha, pois elas não só destituíram os monarcas espanhóis, como colocaram José Bonaparte, irmão de Napoleão, no trono espanhol. Esse processo de mudança de poderes faz com que os “olhos da Espanha” se voltem exclusivamente para a Europa, permitindo à América certa autonomia. Diante desse quadro, destaca-se a ação dos criollos (elite local), que forma as Juntas Governativas com o intuito de promover a tão sonhada emancipação.

Fonte: Wikimedia Commons

No âmbito local, vale destacar que o processo emancipacionista foi controlado pela elite criolla, que amparada nas massas, soube utilizar-se dos valores do Iluminismo com o objetivo de promover a ruptura dos laços de dependência para com a metrópole. No entanto, os criollos serviram-se do Iluminismo, de forma indireta, pois pleiteavam mudanças jurídico-políticas, sem alterar o quadro socioeconômico existente na colônia, no qual detinham grandes privilégios. Contudo, a concretização das lutas de emancipação despertou desejos e aspirações que não foram alcançados facilmente. As ideias liberais chocavam-se com alguns interesses coloniais dos novos governantes que estavam profundamente ligados aos privilégios aristocráticos. Quando a independência foi alcançada, os sonhos de prosperidade deram lugar à desilusão e ao fracasso econômico, devido aos longos anos de guerras e ao bloqueio imposto pela colônia. Diante desse quadro, entende-se que o processo emancipacionista que foi alavancado pelos ideais iluministas acabou por fracassar em virtude do desejo de manutenção de privilégios anteriores à independência.

Figura 01 - Proclamação da Independência do Peru. Pintura a óleo, de Juan Lepiani, 1904.

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História

Processo de Independência O processo de independência das colônias da América Latina não pode ser considerado uniforme, pois sua primeira fase foi marcada por movimentos que não lograram êxito, mas que abriram caminho para o sucesso posterior. Movimentos como o de Tupac Amaru, no Peru, e Francisco Miranda, na Venezuela, ainda são lembrados na história das Américas como precursores do independentismo.

canos esteve nas mãos das metrópoles europeias, que exportavam para o novo mundo suas instituições aristocráticas. Não obstante, pode-se destacar o intento de Simon Bolívar que, após a efetivação da independência, buscou um processo de integração, idealizando uma grande nação, o que mexera com o imaginário americano. Contudo, o ideal de Bolívar não é o único nesse processo, pois devemos ainda ressaltar a importância do monroísmo nesse projeto integrador. Após a emancipação, Bolívar convocou os representantes de países recém-libertos para participarem, em 1826, da Conferência do Panamá. Seu grande sonho era formar uma confederação panamericana, calcada na solidariedade continental. No entanto, deve-se entender que o processo bolivarista confrontou-se com interesses internos e externos, a destacar: a Inglaterra, que não queria uma nação forte e era adepta da política: “divida e domine”; os EUA, que naquele momento lançavam a Doutrina Monroe, representada pela frase “América para os americanos”; e os membros da elite criolla, que viam nesse projeto um pretenso prejuízo para seus interesses de mando.

Fonte: Wikimedia Commons

Diante do fracasso da proposta bolivarista, a América viu-se fragmentar, politicamente, em um grande número de jovens repúblicas oprimidas por caudilhos militares. Essas repúblicas eram exploradas por oligarquias rurais e acorrentadas a uma nova forma de dependência econômica imposta pelo capitalismo inglês.

Entre 1810 e 1816, em virtude da ausência inglesa em relação ao processo de independência, os movimentos foram derrotados em sua maioria. No entanto, com o fim das Guerras Napoleônicas, a Inglaterra retoma o processo de apoio à descolonização e a Espanha não pode conter tais ações em virtude do desagravo gerado pelas intervenções estrangeiras em seu território. Apesar da preparação intelectual de seus líderes e da força militar empreendida, as sociedades da América Espanhola não amadureceram após a independência. Por três séculos de colonização, a liderança política dos povos latino-ameri548

Fonte: Wikimedia Commons

A16  Independência da América Latina

Figura 02 - Retrato de Tupac Amaru II.

Figura 03 - Pintura representando Simón Bolívar, por Ricardo Acevedo Bernal.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios de Fixação

(Octavio Paz. O labirinto da solidão, 1999. Adaptado.)

O texto refere-se às concepções em disputa no processo de Independência da América Latina. Tendo em vista a situação política das nações latino-americanas no século XIX, é correto concluir que a) os Estados independentes substituíram as rivalidades pela mútua cooperação. b) os países libertos formaram regimes constitucionais estáveis. c) as antigas metrópoles ibéricas continuavam governando os territórios americanos. d) o conteúdo filosófico das independências sobrepôs-se aos interesses oligárquicos. e) as classes dirigentes nativas foram herdeiras da antiga ordem colonial. 02. (FGV SP) Sobre o México e o seu processo de emancipação política é correto afirmar. a) Foi iniciado em 1810, com forte caráter popular, e concluído em 1821, como um movimento de elite. b) Foi o único movimento de independência política comandado por escravos, libertos e mestiços. c) Foi inspirado no princípio de unidade latino-americana defendido por Símon Bolívar. d) Serviu de referência para os demais movimentos emancipatórios americanos pelo seu republicanismo. e) Foi marcado pela ausência de conflitos armados, ao contrário dos demais movimentos americanos. 03. (IFRS) Assinale a alternativa que melhor caracteriza as causas da independência das colônias latino-americanas. a) A independência das colônias latino-americanas insere-se no processo de enfraquecimento das metrópoles ibéricas face ao crescimento industrial da Inglaterra e França e o crescimento, por parte das elites latino-americanas, da insatisfação com o modelo de exploração colonial. b) A independência das colônias latino-americanas insere-se no processo de enfraquecimento das metrópoles ibéricas face ao crescimento industrial da Inglaterra e Holanda e o crescimento, por parte das elites latino-americanas, da insatisfação com o modelo de industrialização imposto pelos ibéricos.

c) A independência das colônias latino-americanas teve como exclusiva causa a insatisfação desta região com o modelo de industrialização imposto pelos ibéricos. d) A independência das colônias latino-americanas teve como única causa o enfraquecimento das metrópoles ibéricas face ao crescimento industrial da Inglaterra e França. e) A independência das colônias latino-americanas insere-se no contexto do Renascimento Cultural, onde a valorização do antropocentrismo proporcionou à sociedade uma concepção descentralizada da política, levando à perda de poder por parte das metrópoles ibéricas e, consequente, consolidação do poder na América nas mãos das elites industriais. 04. (PUC Campinas SP) República ou monarquia? Esse dilema esteve presente em todo o processo de Independência do Brasil. Mas a monarquia acabou sendo o sistema adotado em terras brasileiras, ao contrário do que ocorreu em outras nações americanas, pois, para essas novas nações surgidas na América espanhola, a república a) promovia uma relativa descentralização do poder, uma vez que o regente deveria ser eleito pelo povo. b) significava um rompimento maior com a metrópole e a fragmentação do antigo império colonial. c) facilitava a manutenção de um vasto território nas mãos dos chefes de Estado e dos proprietários rurais. d) garantia a implantação do princípio da soberania popular e da igualdade de direitos na América. e) atendia o desejo de políticos liberais e conservadores de libertar as províncias do poder metropolitano. 05. (Uncisal AL) Muitos são os fatores que tornam a Revolução do Haiti um acontecimento único; a ex-colônia francesa foi uma das primeiras a realizar a independência diante da metrópole, utilizando-se, inclusive, das ideias de libertação da própria França, sua colonizadora, além disso, a Revolução foi levada a cabo por escravos, quando que na maior parte das colônias europeias na América Latina o processo de independência fora encabeçado por membros de uma elite crioula e, embora tenha havido participação popular, esta foi muito diminuta. SOARES, Ana Loryn; SILVA, Elton Batista da. A revolução do Haiti: um estudo de caso (1791-1804). Ameríndia, v.1, 2006, p.4. Disponível em:<http://200.129.29.202/index.>. Acesso em: 05 nov. 2015.

A luta pela conquista da independência política do Haiti se tornou singular, pois Liberdade, para eles, implicava a) acabar com a escravidão. b) findar com a discriminação. c) agenciar a igualdade racial. d) lutar pela divisão das terras. e) buscar a livre comercialização.

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A16  Independência da América Latina

01. (Unesp SP) No movimento de Independência, atuam duas tendências opostas: uma, de origem europeia, liberal e utópica, que concebe a América espanhola como um todo unitário, assembleia de nações livres; outra, tradicional, que rompe laços com a Metrópole somente para acelerar o processo de dispersão do Império.


História

fora só igue o. Já uma es e guinedeave-

Exercícios Complementares 01. (Unicamp SP) O pastor norte-americano Pat Robertson, dono do canal de comunicação Christian Broadcasting Network, afirmou que a tragédia provocada pelo terremoto no Haiti, em janeiro de 2010, foi decorrente do “pacto com o diabo” que setores da população haitiana teriam feito para que o país se tornasse independente. Nas palavras do Pastor, “Os haitianos estavam sob o jugo da França. Eles se uniram e fizeram um pacto com o diabo. Disseram: ‘Serviremos a ti caso nos liberte da França’”. (Adaptado de Haroldo Ceravolo Sereza, “Pastor americano atribui terremoto a ‘pacto com o Diabo’ e provoca protestos; país se libertou da França em 1804”. Uol notícias. 14/01/2010. Disponível em https://noticias.uol.com.br/ especiais/terremoto-haiti/ultnot/2010/01/14/ult9967u9.jhtm. Acessado em 30/08/2017.)

A16  Independência da América Latina

A partir da leitura do texto e de seus conhecimentos, assinale a alternativa correta. a) A independência do Haiti foi decisiva para que o Império Brasileiro, que projetava a construção de um Estado Nação reconhecido internacionalmente, reprimisse movimentos como a Revolta Malês, em Salvador (1835). b) A declaração do Pastor é pautada em preconceitos em relação às práticas religiosas dos afrodescendentes no Haiti. A conquista espiritual, parte dos projetos imperialistas, garantiu a eliminação de religiões consideradas pagãs nas Américas. c) Colônia francesa nas Antilhas, Saint Domingue tornou-se responsável por 40% da produção mundial de cacau no século XVIII. A mão de obra empregada era majoritariamente escrava, com a exploração de africanos ou de seus descendentes. d) O processo de independência do Haiti foi apoiado por outras colônias, interrompendo o projeto imperialista europeu no Novo Mundo. Após 1804, os EUA conduzem as ações imperialistas na América, tornando-se a principal referência cultural no continente. 02. (FM Petrópolis RJ) O texto a seguir é um fragmento da conhecida Carta da Jamaica, escrita por Simón Bolívar, em 1815. É uma ideia grandiosa pretender formar de todo o Novo Mundo uma só nação com um único vínculo que ligue suas partes entre si e com o todo. Por ter uma só origem e língua, mesmos costumes, e uma única religião, deveria ter um único governo que confederasse os diferentes Estados que venham a formar-se. BOLÍVAR, S. Escritos políticos. Campinas-SP: Editora da Unicamp, 1992, p. 72.

A carta apresenta a política que ficou conhecida como pan-americanismo, projetada sobre algumas das nações americanas.

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Os argumentos sustentados por Bolívar, no trecho citado, consideram os elementos culturais a) europeus e indígenas b) africanos e indígenas c) africanos, apenas d) europeus, apenas e) indígenas, apenas 03. (UEFS BA) Entre os anos 1810 e 1820, [...] o inimigo comum era a Espanha. Todos os esforços concentravam-se para acabar com o domínio da Espanha. A tônica dos discursos era a liberdade. Liberdade, entretanto, não é um conceito entendido de forma única; tem significados diversos, apropriados também de formas particulares pelos diversos segmentos da sociedade. (Maria Lígia Prado. A formação das nações latino-americanas, 1985.)

Entre os “significados diversos” do conceito de liberdade, presentes nas lutas de independência na América Hispânica, é correto afirmar que: a) para os indígenas, liberdade associava-se à restauração do Império Inca e, para os comerciantes ingleses, liberdade relacionava-se à persistência do monopólio comercial metropolitano. b) para as ordens religiosas, liberdade representava o direito de cobrar tributos das comunidades indígenas e, para as elites criollas, liberdade associava-se ao fim do trabalho escravo. c) para as populações escravizadas, liberdade representava a abolição do trabalho compulsório e, para os membros da Igreja Católica, liberdade associava-se ao direito pleno de escolha religiosa. d) para os membros das elites criollas, liberdade relacionava-se ao fim do controle metropolitano sobre o comércio colonial e, para os indígenas, liberdade representava o direito à terra. e) para os representantes administrativos da metrópole, liberdade associava-se ao direito de retornar à Espanha e, para os africanos escravizados, liberdade relacionava-se à volta para a África. 04. (UEM PR) Assinale o que for correto sobre processos de independência de países latino-americanos. 01. Com a guerrilha de Ernesto Guevara de la Serna (Che Guevara), a Bolívia foi o último país latino-americano a conquistar a sua independência. 02. A independência da Argentina e a do Paraguai ocorreram após o desmembramento do Vice-Reino do Rio da Prata, pertencente à Espanha.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

ram movimentos de independência ocorridos durante o período regencial. 08. A Revolução Francesa e a independência das treze colônias na América do Norte foram acontecimentos que influenciaram a emancipação política na América Hispânica. 16. Na primeira metade do século XIX, o sonho de uma América livre foi idealizado por Simón Bolívar, que pretendia unificar todos os países situados abaixo dos territórios dos Estados Unidos da América. 05. (UEFS BA) Há dois séculos, o país [Haiti] era responsável por 75% da produção mundial de açúcar. Como foi possível a colônia mais rica da América tornar-se um dos países mais pobres do mundo? Uma história que, no entanto, começou de forma promissora. No fim do século 18, o Haiti era uma das colônias mais ricas da América. Sob controle francês, a pequena ilha de Saint Domingue, no Caribe, era responsável pela produção de 75% do açúcar comercializado no mundo. A prosperidade econômica era garantida pelas plantações em grandes propriedades e pela exploração do trabalho escravo. Mas esse modelo estava com os dias contados. (O HAITI... 2016). No Brasil, do início do século XIX, a expressão “haitianismo” aterrorizava os grandes senhores de terras e de escravos em razão 01. da concorrência do açúcar das Antilhas ao comércio internacional do açúcar brasileiro, produzido no oeste paulista. 02. da intensa migração de haitianos para o Brasil, fugindo dos maus-tratos aplicados pelo sistema escravista, praticado no Haiti. 03. das práticas religiosas do vodu, de origem africana, tidas como feiticeiras e demoníacas pelas populações brancas do Brasil. 04. da revolta da população escrava do Haiti contra o modelo de exploração do trabalho, quando foi exterminada grande parte dos proprietários brancos. 05. do apoio dado pela França napoleônica à expansão das revoltas escravas em todo o território colonial da América. 06. (Fac. São Francisco de Barreiras BA) Ao contrário do que afirmam os meios de comunicação, o maior responsável pela pobreza e a miséria existentes no Haiti não é a natureza. Também não existe nenhuma maldição sobrenatural sobre o povo haitiano, como quis dizer o ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy. O Haiti, como revela sua história, tornou-se um país pobre porque foi violentamente espoliado pelos países imperialistas nos últimos três séculos, em particular pela França e Estados Unidos. Disponível em: <http://www.atitudejb.com/site/artigos?artigo=POBREZA+NO+HAITI>. Acesso em: 16 out. 2016. Adaptado.

O conteúdo do texto e o conhecimento sobre o processo de descolonização na América Latina permitem inferir que a pobreza no Haiti está associada, entre outros fatores,

a) à dívida externa resultante da pesada indenização cobrada pela França como condição para reconhecer sua independência em 1804. b) à aliança firmada entre Cuba e Estados Unidos para a manutenção do trabalho escravo no país, necessário à grande produção do açúcar. c) à supremacia de uma elite negra no governo desse país com o apoio da América do Norte, logo após o massacre dos senhores brancos. d) à instalação de um governo socialista, de influência francesa, após a independência, contra os interesses dos Estados Unidos. e) à pobreza de suas terras, impróprias para a agricultura, o que obriga o país a importar o que consome desde a proclamação de sua independência. 07. (Unicamp SP) As revoluções de independência na América hispânica foram, ao mesmo tempo, um conflito militar, um processo de mudança política e uma rebelião popular. (Rafael Rojas, Las repúblicas de aire. Buenos Aires: Taurus, 2010, p. 11.)

São características dos processos de independência nas ex-colônias espanholas na América: a) o descontentamento com o domínio colonial e a agregação de grupos que expressavam a heterogeneidade étnica, regional, econômica e cultural do continente. b) o caudilhismo, sob a liderança política criolla, e o discurso revolucionário de uma nova ordem política, que assegurou profundas transformações econômicas na América. c) o uso dos princípios liberais de organização política republicana e a criação imediata de exércitos nacionais que lutaram contra as forças espanholas. d) a participação de indígenas e camponeses, determinante para a consolidação do processo de independência em regiões como o México, e sua ausência nas ações comandadas por Bolívar. 08. (PUC SP) O Haiti tornou-se independente da França em 1804, e o Brasil emancipou-se de Portugal em 1822. Comparando os dois processos de independência, é CORRETO afirmar que a) os dois movimentos foram inspirados por ideias iluministas e liderados pelas camadas médias urbanas, resultando na libertação dos escravos. b) no Haiti, os líderes do movimento foram os latifundiários criollos que mantiveram a escravidão, enquanto, no Brasil, a independência foi proclamada pela elite escravocrata e cafeeira. c) no Brasil, a independência foi proclamada pelo príncipe regente apoiado pela elite escravista e, no Haiti, uma revolta de escravos e afrodescendentes livres provocou a abolição da escravatura. d) foram movimentos apoiados militarmente pelos EUA e terminaram por implementar monarquias que mantiveram a estrutura fundiária e a escravidão.

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A16  Independência da América Latina

04. No Brasil, a Conjuração Mineira e a Conjuração Baiana fo-


FRENTE

A

HISTÓRIA

Exercícios de Aprofundamento 01. (UEPB) Grande número de historiadores se refere à independência dos EUA como a “Revolução Americana”, em contraponto à Revolução Francesa. Em função de seu ideário filosófico, os norte-americanos justificavam sua independência pela grandeza e universalidade de sua mensagem revolucionária, de cunho iluminista. Refletindo sobre o ideário da independência dos EUA, indique V para as assertivas verdadeiras e F para as falsas. ( ) O projeto das comunidades pioneiras implicava a construção de uma sociedade independente e autônoma, com padrões semelhantes aos da Inglaterra. ( ) A declaração de independência defendeu a liberdade individual e os direitos fundamentais do homem. Apesar disso, foi mantida a escravidão negra. ( ) As colônias de povoamento do Centro Norte foram fundamentais em sua organização, para quebrar as regras do pacto colonial, inaugurando o anticolonialismo no continente americano. ( ) O caráter antiprotestante e absolutista dos norte-americanos permitiu a incorporação dos ideais absolutistas naquela revolução. Assinale a alternativa correta: a) VFFV d) VFFF b) FVFV e) FVVF c) FVVV 02. (Mackenzie SP) A respeito do processo de independência das 13 Colônias, julgue os itens a seguir. I. Inseriu-se no contexto de crise do Antigo Sistema Colonial, combatendo tentativas de imposição do “Pacto Colonial”, por parte de sua metrópole. II. Inaugurou a época das lutas pelas independências na América, sendo seguida, quase que ao mesmo tempo, pela independência brasileira. III. Baseou-se nos princípios liberais do Iluminismo, adotando o federalismo, a tripartição dos poderes e o sufrágio universal para alfabetizados. IV. Resultou na promulgação de uma Constituição, em 1787, que, apesar de práticas liberais, manteve a escravidão e o poder político nas mãos de certos grupos. V. Teve na religião católica seu substrato ideológico, por isso, o puritanismo rapidamente espalhou-se pelo país e o “Destino Manifesto” originou a sua expansão territorial. Estão corretas a) III e IV, apenas. b) I, II, III e IV. c) I, III e IV, apenas. d) I e IV, apenas. e) I, II e III, apenas. 552

03. (Unitau SP) “Em 1790, o gramático Pierre-Nicolas Chantreau publicou um Dicionário nacional e anedótico que exemplificava a amplitude das transformações provocadas pela Revolução Francesa. A maioria das palavras presentes no Dicionário já existia antes, mas o seu significado havia mudado. Assim, Constituição designou, a partir de então, um “corpo de leis que convém a um povo livre” [...] Mais ainda, certas palavras foram proscritas: plebeu, servidão, vassalo. Por outro lado, surgiram expressões como representante da nação...” LEUWERS, Hervé. O legado da transformação. In: História Viva. Grandes Temas, março/2004. Disponível em:http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/ especial_revolucao_francesa_o_legado_da_revolucao.html. Acesso em 08/09/ 2015. (Adaptado)

Esse excerto expressa, a partir da mudança no significado das palavras, os principais aspectos da política liberal que a França exportou para a maior parte do mundo após a Revolução de 1789. Dentre esses aspectos, podemos destacar a) a existência política e civil dos três Estados, que continuaram a existir juridicamente após o período revolucionário. b) a nova forma de conceber a política, que preservou a soberania do rei a partir da criação de um corpo de leis para a sociedade. c) a criação de uma sociedade de direitos e de cidadãos, cuja noção de cidadania foi consagrada na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. d) o fim da propriedade privada e a partilha da terra, uma das principais reivindicações dos camponeses, garantidos pela extinção da servidão. e) a ascensão das classes populares aos mesmos padrões de vida da burguesia e da nobreza, com o fim da política mercantilista. 04. (PUC MG) A discussão da liberdade, que distinguia nas Minas os cativos dos homens livres, já estava no vocabulário antes do século XIX na Revolução Francesa. A Revolução Francesa se utilizou, principalmente, da retórica da liberdade para a) proibir que a América colonial tivesse escravos. b) implantar de vez o capitalismo junto aos nobres franceses. c) enganar os camponeses que desejavam viver nas cidades. d) unir a sociedade francesa após a decapitação do rei. 05. (Uni-FaceF SP) Depois da emancipação, a situação institucional de grande parte dos Estados hispano-americanos foi assinalada pelas adversidades das camadas sociais empobrecidas, pelo clima de insegurança política e pelo predomínio das elites dirigentes. Neste contexto, surgiram lideranças políticas locais, na sua maioria oriundas dos exércitos de independência, que


Ciências Humanas e suas Tecnologias

06. (FGV SP) Os soberanos do Antigo Regime venceram Napoleão, em que eles viam o herdeiro da Revolução, e a escolha de Viena para a realização do Congresso, para a sede dos representantes de todos os Estados europeus, é simbólica, pois Viena era uma das únicas cidades que não haviam sido sacudidas pela Revolução e a dinastia dos Habsburgos era o símbolo da ordem tradicional, da Contrarreforma, do Antigo Regime. (René Remond, O século XIX: introdução à história do nosso tempo)

Acerca do Congresso de Viena (1815), é correto afirmar que a) tornou-se a mais importante referência da vitória do liberalismo na Europa, na medida em que defendia a legitimidade de todas as dinastias que aceitavam a limitação dos seus poderes por meio de cartas constitucionais. b) países como a Inglaterra, Portugal e a Espanha, os mais prejudicados com o expansionismo napoleônico, defendiam que a França deveria tornar-se republicana, com o intuito de evitar novos surtos revolucionários. c) foi orientado, entre outros, pelo princípio da legitimidade – que determinava a volta ao poder das antigas dinastias reinantes no período pré-revolucionário, além do recebimento de volta dos territórios que possuíam em 1789. d) presidido pelo chanceler austríaco Metternich, mas controlado pelo chanceler francês Talleyrand, decidiu-se por uma solução conciliatória após o caos napoleônico: haveria a restauração das dinastias, mas não a volta das antigas fronteiras. e) criou, a partir da sugestão do representante da Prússia, um organismo multinacional, a Santa Aliança, que detinha a tarefa de incentivar regimes absolutistas a se modernizarem com o objetivo de sufocar as lutas populares. 07. (Unificado RJ)

Anônimo– O Patê Indigesto – século XIX. In: ENDERS, Arnelle; MORAES, Marieta; e FRANCO,Renato. História em Curso: da Antiguidade à Globalização. São Paulo: Editora do Brasil;Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2008, p 227.

Na caricatura, os vencedores de Napoleão – o rei da Inglaterra, o rei da Prússia, o czar da Rússia e o imperador austríaco – se preparam para dividir um patê, que contém o antigo Imperador. Sob a mesa, o rei francês Luís XVIII espera as migalhas. No que se refere a esse momento histórico, é INCORRETO afirmar-se que a) o Congresso de Viena, ao reformular o mapa europeu e favorecer os grandes rivais da França napoleônica, não respeitou as reivindicações nacionais das populações dos territórios ocupados. b) a França recebeu algumas “migalhas”, pois manteve sua integridade territorial e teve restaurada no poder a dinastia deposta pela Revolução Francesa, apesar de temporariamente ocupada por forças militares vencedoras. c) as grandes reservas de matéria-prima necessárias ao desenvolvimento econômico dos países vencedores encontravam-se nas áreas submetidas, até então, ao domínio da França, o que explica a situação humilhante do rei francês na caricatura. d) todos os soberanos sentados à mesa obtiveram vantagens territoriais pelo Congresso de Viena, contudo, coube à Inglaterra a anexação da maior parte de áreas estratégicas para a manutenção da supremacia marítima. e) alguns dos países cujos soberanos foram retratados na caricatura reuniram-se, dando origem à Santa Aliança, na tentativa de evitar, a qualquer custo, a eclosão de revoluções liberais, contendo a burguesia e mantendo o Antigo Regime. 08. (FGV SP)

Juan O’Gorman, Retábulo da Independência, pintura mural, 1960-1961 (detalhe).

A imagem acima é representativa do movimento muralista mexicano, que, entre outras características, explorou temas da História do México. Nesse detalhe, é possível identificar a a) ausência de elementos da religiosidade católica devido à valorização dos aspectos indígenas. b) representação de uma História com pouca ênfase aos seus conflitos sociais e às tensões políticas. c) mestiçagem cultural característica da formação do México e de diversos outros Estados latino-americanos. d) crítica explícita à dominação imperialista dos Estados Unidos em relação ao México. e) defesa do papel da elite mexicana como condutora dos destinos coletivos de sua nação. 553

FRENTE A  Exercícios de Aprofundamento

muitas vezes se colocavam acima das leis e das Constituições dos países. Esse fenômeno político, tipicamente hispano-americano, foi denominado de a) fascismo. b) liberalismo. c) messianismo. d) caudilhismo. e) pan-americanismo.


FRENTE

B


Fonte: Wikimedia Commons

HISTÓRIA Por falar nisso O 14 Bis, projetado pelo brasileiro Alberto Santos Dumont, em 1906, foi um dos primeiros protótipos de aeronave da história. Santos Dumont tratava sua invenção como uma arte, jamais imaginando que ela também seria utilizada como máquina de guerra. Após cinco anos da demonstração do inventor brasileiro na Praça de Bagatelle, em Paris, a Itália já lançava bombas com aquele meio aéreo, em 1911, na guerra contra a Turquia. Pode-se dizer que a introdução do avião como instrumento bélico, no início do século XX, transformou significativamente o mundo da guerra. O primeiro avião militar foi o Blériot XI, o mesmo pilotado por Louis Blériot em 1909 na primeira travessia do Canal da Mancha pelo ar. A aeronave de madeira e tecido tinha o motor de 25 hp, voando a 75 km/h e alcançando no máximo 1 000 metros de altura. A primeira missão no Blériot, pelo exército italiano, deu-se no território otomano, a fim de marcar as posições inimigas. Nove dias depois da missão de Piazza, em 1º de novembro, a Itália fazia o primeiro bombardeio aéreo da história. Pequenas bombas foram lançadas manualmente de dentro do avião. O avião também foi utilizado em guerra no México. Em 1910, o exército lutava contra a oposição de movimentos que buscavam derrubar o regime ditatorial em vigor no país. Era o início da Revolução Mexicana. Os primeiros conflitos do século XX evidenciaram a eficiência do avião como máquina de guerra. A consagração desse invento deu-se durante a Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, passando por vários aprimoramentos, o que permitiu a construção de aviões de reconhecimento de longo alcance. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas

B13 B14 B15 B16

República das Oligarquias: Política do café com leite e eclosão da República de 1930.....556 Transformações socioeconômicas e culturais na Primeira República.................................562 América no século XX: Revolução Mexicana ....................................................................... 569 Primeira Guerra Mundial .....................................................................................................573


FRENTE

B

HISTÓRIA

MÓDULO B13

ASSUNTOS ABORDADOS n República das Oligarquias: Polí-

tica do café com leite e eclosão da República de 1930 n Política do café com leite n Eclosão da República de 1930

REPÚBLICA DAS OLIGARQUIAS: POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE E ECLOSÃO DA REPÚBLICA DE 1930 Política do café com leite Desde o final do período colonial, o domínio oligárquico vinha se articulando por meio da elite agrária brasileira, embora de forma indireta, como durante a monarquia. Nesse período, a centralização política impedia que os latifundiários se inserissem de forma plena na política. A tensão tornou-se incontornável a partir da expansão das lavouras de café. O cultivo do grão era uma nova fonte de riqueza do País, rumo ao Oeste Paulista, e da formação de uma aristocracia cafeeira, que começou a questionar a política imperial, o que contribuiu para o advento da república. Os governos dessa época foram: Campos Sales (1898- 1902), Rodrigues Alves (19021906), Afonso Pena (1906-1909), Nilo Peçanha (1909-1910) e Hermes da Fonseca (1910-1914). Foi a partir de Campos Sales, portanto, que as oligarquias passaram a exercer o poder de forma direta, principalmente através do seu setor em ascensão, ou seja, dos grandes cafeicultores. Contudo, nesse mesmo período, também começou a crise do café, com a queda constante dos preços do produto no mercado internacional. Dessa forma, boa parte da história econômica pôde ser sintetizada na intervenção do Estado para valorizar o café, transferindo recursos aos cafeicultores. Passados alguns anos, em 1922, especialmente, ocorreu uma série de eventos que mudaram de forma significativa o cenário político e cultural brasileiro. Nesse sentido, a Semana de Arte Moderna, a criação do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o movimento tenentista, a criação do Centro Dom Vital - associação brasileira de católicos leigos, a comemoração do centenário da Independência e a própria sucessão presidencial de 1922 foram indicadores importantes do novo panorama estabelecido, colocando em questão os padrões culturais e políticos da Primeira República.

Fonte: Wikimedia Commons

Figura 01 - Ensacamento de café para exportação nos navios.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias

Considerando-se o fator econômico, a década de 20 foi marcada por momentos de altos e baixos. Se, por um lado, nos primeiros anos, o declínio do preço do café no mercado externo gerou efeitos graves sobre o conjunto da economia brasileira- como a alta da inflação e uma crise fiscal sem precedentes - por outro, também verificou-se uma significativa expansão do setor cafeeiro e das atividades a ele vinculadas. Após os primeiros momentos de dificuldades, portanto, o Brasil passou por um processo de crescimento expressivo que se manteve até a Grande Depressão em 1929. A diversificação da agricultura, um maior desenvolvimento das atividades industriais, a expansão de empresas já existentes e o surgimento de novos estabelecimentos ligados à indústria de base foram importantes sinais do complexo processo pelo qual passava a economia brasileira. Juntamente com essas mudanças observadas na área econômica, processava-se a ampliação dos setores urbanos com o crescimento das camadas médias da classe. As oligarquias eram constituídas por grandes proprietários de terra que exerciam o monopólio do poder local. Esse período da história republicana é caracterizado pela defesa dos interesses de tais grupos, particularmente da oligarquia cafeeira. É importante lembrar, ainda, que os grupos oligárquicos vão garantir a dominação política no País por meio do coronelismo, do voto de cabresto, da política dos governadores e da política de valorização do café. A política dos governadores

derais era proporcional à população dos Estados. Dessa forma, os estados mais populosos – São Paulo e Minas Gerais – tinham maior número de representantes no Congresso. O sistema político da República Velha era embasado nas fraudes eleitorais, visto que o voto não era secreto. A prática dessas fraudes ficava a cargo dos “coronéis”, grandes latifundiários que controlavam o poder político local - os municípios. Exercendo um clientelismo político (troca de favores) o grande proprietário controlava toda a população por meio do voto de cabresto. Assim, o poder oligárquico era exercido, em nível municipal, pelo coronel. No âmbito estadual, a responsabilidade era do governador. Já em nível federal, o presidente mantinha o poder por meio da política do café com leite

Eclosão da República de 1930 Crise de 1929 No ano de 1929, houve a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, causando sérios danos à economia mundial. A crise econômica nos EUA desencadeou prejuízos no mundo todo. Para o Brasil, os efeitos da crise foram sentidos com a queda vertiginosa nos preços do café. Com isso, os fazendeiros pediram auxílio ao governo federal. No entanto, o então presidente, Washington Luís, rejeitou o apelo, alegando que a queda nos preços do café seria compensada pelo aumento no volume das exportações, o que não ocorreu.

B13  República das Oligarquias: Política do café com leite eclosão da República de 1930 Fonte: Wikimedia Commons

Um acordo entre os governadores dos Estados e o governo central foi firmado, de forma que os primeiros manifestavam pleno apoio ao presidente, concordando com sua política. Em troca, o governo federal só reconheceria a vitória de deputados e senadores que representassem esses governadores. Assim, o governador controlaria o poder estadual e o presidente da República não teria oposição no Congresso Nacional. Para impedir a posse dos deputados da oposição, foi utilizada a Comissão Verificadora de Poderes, pela qual caso um deputado da oposição fosse eleito para o Congresso, uma comissão – constituída por membros da Câmara dos Deputados - acusando fraude eleitoral, não entregaria o diploma. Dessa forma, o candidato da oposição sofria a chamada “degola”. No entanto, para manter o domínio político, no plano estadual, sob o apoio do governo central, as oligarquias estaduais cometiam diversas fraudes. Outro ponto importante foi a instauração da política dos governadores. Esse cargo foi introduzido durante a presidência de Campos Sales, responsável também pela implantação da chamada política do café com leite. A política do café com leite e o Coronelismo A política do café com leite foi o revezamento, no poder executivo federal, ou seja, na Presidência da República, entre as oligarquias paulista e mineira. O número de deputados fe-

Figura 02 - Fotografia de Washington Luís – décimo terceiro presidente do Brasil e último presidente da República Velha e República das Oligarquias.

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História

Internamente, em 1930, ocorriam as eleições presidenciais. Washington Luís indicou o candidato paulista, Júlio Prestes, rompendo o pacto estabelecido na política do café com leite. Claramente, os mineiros não aceitaram, pois, o presidente empossado já representava os paulistas. O descumprimento da política do café com leite fortaleceu a oposição, organizada pela Aliança Liberal. A Aliança Liberal era uma chapa de oposição, que indicava Getúlio Vargas para presi-

dente e João Pessoa para vice. Essa chapa também contava com o apoio das oligarquias do Rio Grande do Sul, Paraíba e Minas Gerais, além do Partido Democrático, formado por dissidentes do Partido Republicano Paulista (PRP). O programa da Aliança Liberal ia ao encontro dos interesses das elites marginalizadas no processo de alta do café, aumentando sua base de apoio, defendia a regulamentação das leis trabalhistas, a instituição do voto secreto e do voto feminino. O programa ainda reivindicava a expansão da industrialização e maior centralização política. Ao mesmo tempo, propunha a anistia aos tenentes condenados, ganhando o apoio do setor militar. No entanto, mediante as tradicionais fraudes eleitorais, Júlio Prestes venceu as eleições. A vitória do candidato situacionista provocou a insatisfação dos grupos de oposição. Alguns tenentes, como Juarez Távora e João Alberto, iniciaram uma conspiração, a fim de evitar a posse de Júlio Prestes. Com receio de que a conspiração pudesse ter a participação popular, os líderes oligárquicos tomaram o comando do processo. A esse respeito, o governador de Minas Gerais, Antônio Carlos de Andrade, afirmou: “façamos a revolução antes que o povo a faça”.

Figura 03 - Comitiva de Getúlio Vargas. Fotografia feita por Claro Jansson em Itararé, São Paulo. 1930.

Em 24 de outubro de 1930, temendo-se uma guerra civil, o alto-comando das Forças Armadas no Rio de Janeiro desencadeou o golpe, depondo o presidente Washington Luís e impedindo a posse de Júlio Prestes. Com isso, foi formada uma junta pacificadora, composta pelos generais Mena Barreto, Tasso Fragoso e pelo almirante Isaías Noronha. No dia 3 de novembro, Getúlio Vargas era empossado, de forma provisória, como presidente da República.

Fonte: Wikimedia Commons

B13  República das Oligarquias: Política do café com leite eclosão da República de 1930

O ponto de partida do movimento foi o assassinato de João Pessoa. Em 3 de outubro, sob o comando de Góes Monteiro, eclodia a revolta no Rio Grande do Sul. No dia seguinte, Juarez Távora também dava início à rebelião na Paraíba.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios de Fixação

02. (Fac. Israelita de C. da Saúde Albert Einstein SP) “A revolta não visava o poder, não pretendia vencer, não podia ganhar nada. Era somente um grito, uma convulsão de dor, uma vertigem de horror e indignação. Até que ponto um homem suporta ser espezinhado, desprezado e assustado? Quanto sofrimento é preciso para que um homem se atreva a encarar a morte sem medo? E quando a ousadia chega nesse ponto, ele é capaz de pressentir a presença do poder que o aflige nos seus menores sinais: na luz elétrica, nos jardins elegantes, nas estátuas, nas vitrines de cristal, nos bancos decorados dos parques, nos relógios públicos, nos bondes, nos carros, nas fachadas de mármore, nas delegacias, agências de correio e postos de vacinação, nos uniformes, nos ministérios e nas placas de sinalização.” Nicolau Sevcenko. A revolta da vacina. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 68.

O texto trata da Revolta da Vacina, ocorrida em 1904, e associa a reação popular contra a vacinação obrigatória a) à irracionalidade da população do Rio de Janeiro e aos benefícios que a vacina traria para a saúde pública. b) ao programa higienizador empreendido pelo prefeito do Rio de Janeiro e ao amplo esclarecimento da opinião pública quanto aos benefícios da vacina. c) à participação de funcionários de todos os setores do governo federal na campanha de erradicação dos focos epidêmicos. d) ao projeto de reurbanização do Rio de Janeiro e às diversas formas de segregação e exclusão social que ele promoveu.

03. (IFSC) O cangaço brasileiro já serviu de inspiração para o cinema, televisão e quadrinhos e teve, entre seus principais expoentes, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Sobre o Cangaço, leia e analise as afirmações abaixo: I. O cangaço teve sua principal atuação no Sudeste brasileiro. II. Os cangaceiros promoviam, entre suas ações, saques e pilhagens. III. Alguns cangaceiros prestavam serviços a donos de terras. IV. O cangaço foi duramente combatido no governo de Getúlio Vargas. Assinale a alternativa CORRETA. a) Apenas II e III são verdadeiras. b) Apenas I, II e IV são verdadeiras. c) Apenas II e III e IV são verdadeiras. d) Apenas I, III e IV são verdadeiras. e) Todas são verdadeiras. 04. (IFSC) O fato que deflagrou o movimento foi o castigo infligido ao marujo Marcelino Rodrigues (...). Naquela noite o clarim da sentinela não anunciaria toque de recolher e, sim, combate. Para que os marinheiros tomassem conta das embarcações, houve luta e quatro oficiais foram mortos. Ficaram em poder dos revoltosos os couraçados Minas Gerais, São Paulo e Bahia (...). O pânico se espalhou e muitas famílias abandonaram o Rio, rumando para o interior. (...) (FIGUEIREDO, Luciano. História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. p. 360)

O texto acima retrata uma passagem de um movimento ocorrido durante a Primeira República no Brasil. Assinale a alternativa CORRETA, que contém o nome desse movimento. a) Revolta do Vintém. b) Revolta da Vacina. c) Sabinada. d) Canudos. e) Revolta da Chibata. 05. (IFCE) Dentre os movimentos ocorridos no início da República no Brasil, um está diretamente ligado a graves problemas sociais como o desemprego, a pobreza e, principalmente, a falta de higiene e saneamento básico. Uma das medidas tomadas pelo governo federal no Rio de Janeiro para amenizar tais problemas teve sérias consequências e gerou um movimento denominado a) Revolta do Vintém. b) Revolta da Chibata. c) Guerra de Canudos. d) Guerra do Contestado. e) Revolta da Vacina.

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01. (UECE) Em agosto de 2016, completaram-se 100 anos do fim da Guerra do Contestado e o ano de 2017 marcou os 120 anos da queda de Canudos, ocorrida em outubro de 1897, frente à poderosa expedição militar enviada pelo Estado republicano brasileiro. Sobre esses dois eventos, é correto afirmar que a) se caracterizam pela oposição dos senhores de terra ao novo modelo político da República que implantara o fim do escravismo e a igualdade legal entre os brasileiros. b) marcam reações negativas dos setores médios da população urbana contra as mudanças promovidas pela modernização e pela República, que reduziram seus privilégios. c) demonstram a capacidade do Estado brasileiro daquela época em lidar com questões sociais, como a distribuição de terras e riquezas, de forma pacífica e integradora. d) se caracterizam pelo messianismo de seus líderes, aliado aos descontentamentos em relação às condições concretas de vida das populações rurais exploradas.


is e er as ôno-

História

ge e nidos ples, spem as

Exercícios Complementares 01. (UFPR) Considere a seguinte imagem:

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(Fotografia P&B. Domingo de julho de 1917. Operários em frente à Sociedade Protetora dos Operários. Acervo Casa da Memória, Curitiba.)

Sobre a questão operária e a Greve Geral de 1917, mostrada na imagem, assinale a alternativa correta. a) O operariado brasileiro era composto majoritariamente por homens maiores de 21 anos, uma vez que o trabalho infantil e o feminino haviam sido abolidos após os conflitos da Revolta da Vacina. b) As greves gerais no Brasil tiveram relativa aderência popular, uma vez que o povo brasileiro primava por manter a ordem e evitar o que os governantes chamavam de “excessos”. c) Durante a Primeira República, a frase “a questão social é um caso de polícia” tornou-se um mote da ação do governo; afinal, ela resumia a preocupação das elites políticas com o descaso com que eram tratados os trabalhadores. d) Existem diversos debates na História que discutem as tendências políticas dos participantes e, principalmente, das lideranças da greve de 1917, mas é comum defini-la como uma greve de tendências anarcossindicais. e) A participação do Partido Comunista brasileiro foi fundamental na articulação dos trabalhadores no ano de 1917. Sem essa instituição, não seria possível organizar um movimento em nível nacional. 02. (Unesp SP) Entre as manifestações místicas presentes no Nordeste brasileiro no final do Império e nas primeiras décadas da República, identificam-se a) as pregações do Padre Ibiapina, relacionadas à defesa do protestantismo calvinista, e a literatura de cordel, que cantava os mitos e as lendas da região. b) o cangaço, que realizava saques a armazéns para roubar alimentos e distribuí-los aos famintos, e o coronelismo, com suas práticas assistencialistas. c) a liderança do Padre Cícero, vinculada à dinâmica política tradicional da região, e o movimento de Canudos, com características de contestação social.

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d) a peregrinação de multidões a Juazeiro do Norte, para pedir graças aos padres milagreiros, e a liderança messiânica do fazendeiro pernambucano Delmiro Gouveia. e) a ação catequizadora de padres e bispos ligados à Igreja católica e a atuação do líder José Maria, que comandou a resistência na região do Contestado. 03. (Uncisal AL) “Verás que um filho seu não foge à luta” (Hino Nacional Brasileiro). Sobre os movimentos sociais no Brasil e a participação popular, assinale a alternativa correta. a) Ocorrida no Rio de Janeiro, em novembro de 1904, a Revolta da Vacina foi uma rebelião popular contra a vacina antivaríola. b) A Balaiada foi uma luta popular republicana que se sucedeu na província do Maranhão durante os anos de 1838 e 1841. c) A Guerra de Canudos foi um movimento popular de fundo sociorreligioso, que durou de 1964 a 1985, na então comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia, e visava à redemocratização do Brasil. d) “Caras Pintadas” é a denominação dada aos movimentos dos indígenas brasileiros que lutaram pela demarcação de suas terras nos anos 90, a qual era prevista na Constituição Brasileira de 1988. e) A Revolta da Chibata foi um importante movimento social ocorrido no início do século XX, na cidade do Rio de Janeiro, contra os castigos físicos que os operários recebiam nas fábricas. 04. (Udesc SC) “A carestia do indispensável à subsistência do povo trabalhador tinha como aliada a insuficiência dos ganhos; a possibilidade normal de legítimas reivindicações de indispensáveis melhorias de situação esbarrava com a sistemática reação policial; as organizações dos trabalhadores eram constantemente assaltadas e impedidas de funcionar; os postos policiais superlotavam-se de operários, cujas residências eram invadidas e devassadas, qualquer tentativa de reunião de trabalhadores provocava a intervenção brutal da polícia (...) O ambiente operário era de incertezas, de sobressaltos e angústias. A situação tornava-se insustentável.” A citação é um relato de Edgar Leuenroth no jornal Estado de São Paulo, justificando a sua participação no movimento grevista de 1917. Conforme descreve Leuenroth, a condição operária gerou uma série de greves e mobilizações durante a primeira república. Sobre as reivindicações da classe operária, na segunda metade da década de 1910, analise as proposições. I. O operariado reivindicava a jornada de 8 horas de trabalho. II. O operariado reivindicava o direito ao repouso semanal de 36 horas.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

IV.

O operariado reivindicava a proibição do trabalho de menores de 14 anos. O operariado reivindicava a igualdade salarial para homens e mulheres.

a) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras. b) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras. c) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras. d) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras. e) Todas as afirmativas são verdadeiras. 05. (Unirg TO) Analise a imagem a seguir.

Disponível em: < http://tvbrasil.ebc.com.br/sites/_tvbrasil/files/imagensimce/ bando_de_lampiao.jpg.> Acesso em 21 de maio de 2016.

A imagem retrata membros de um movimento ocorrido no nordeste brasileiro entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX. Esse movimento caracterizou-se a) pelo banditismo, que surgiu no ambiente clientelista e coronelista desenvolvido na região durante a República. b) pelo uso da violência na opressão dos camponeses e na desapropriação de suas terras durante o Estado Novo. c) pela formação de armada irregular, que apoiava a polícia da Primeira República no controle e submissão das oligarquias locais. d) pela guerrilha masculina que excluía a participação das mulheres como reflexo do patriarcalismo vigente na República Velha. 06. (IFBA) Entre os anos de 1917 e 1919, trabalhadores urbanos de algumas cidades do Brasil proclamaram greves gerais, paralisando boa parte dos trabalhos urbanos. Esses eventos ficaram conhecidos como greves gerais de 1917. Sobre as greves gerais do início da República, podemos dizer que foi: a) Uma reação contra a desregulamentação do trabalho no pós-escravidão. b) A tentativa de partidos políticos, infiltrados entre os trabalhadores e sindicatos, fazerem uma revolução social. c) Uma luta de influência anarcossindicalistas que, através de bandeiras econômicas e corporativas, evidenciou os limites da resolução das “questões sociais” no Brasil, tornando a greve uma insurreição mais do que econômica, corporativa. d) Um ato de solidariedade à Revolução Russa. e) Uma luta de imigrantes italianos, que trouxeram o anarquismo para o Brasil no pós-Primeira Guera Mundial, pela cidadania brasileira.

07. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre a luta pela emancipação feminina no Brasil da Primeira República. I. As demandas apresentadas pelas militantes feministas incluíam defesa do controle de natalidade, direito ao voto e à participação política, e melhores condições nas relações de trabalho. II. A criação de associações nacionais, como a Federação Brasileira para o Progresso Feminino, e o contato com associações internacionais, como a National American Woman’s Suffrage Association , foram importantes fatores de organização do feminismo no Brasil. III. O feminismo foi um movimento restrito às camadas menos favorecidas da sociedade, uma vez que estava diretamente vinculado às classes trabalhadoras e com tendências predominantemente anarquistas e comunistas. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 08. (IFSC) “O fator imediatamente deflagrador da Revolta da Vacina foi a publicação, no dia 9 de novembro de 1904, do plano de regulamentação da aplicação da vacina obrigatória contra a varíola. O projeto de lei que instituía a obrigatoriedade da vacinação tinha sido apresentado cerca de quatro meses antes ao Congresso, pelo senador alagoano Manuel José Duarte. (...) O argumento do governo era de que a vacinação era de inegável e imprescindível interesse para a saúde pública.” (SEVCENKO, Nicolau. A Revolta da Vacina: mentes insanas em corpos rebeldes. São Paulo: Cosac Naify, 2010. p. 17.)

O texto acima faz referência a um movimento popular ocorrido no início do século XX, no Brasil. Sobre a Revolta da Vacina, leia e analise as afirmações abaixo: I. O texto afirma que a regulamentação da aplicação da vacina foi o fator deflagrador da revolta, mas o movimento aconteceu por motivos diversos, entre os quais, as transformações urbanas na cidade do Rio de Janeiro. II. A Revolta da Vacina está inserida no contexto da República Velha a qual tem, entre suas características, a interferência das oligarquias no governo. III. A Revolta da Vacina foi um movimento de abrangência nacional, que eclodiu nas principais capitais brasileiras, entre elas São Paulo, Minas Gerais e Salvador. IV. A Revolta da Vacina teve como principal efeito o fim da república oligárquica e o início da Era Vargas. Assinale a alternativa CORRETA. a) Apenas I, II e III são verdadeiras. b) Apenas I e II são verdadeiras. c) Apenas I, II e IV são verdadeiras. d) Apenas II e III são verdadeiras. e) Todas são verdadeiras. 561

B13  República das Oligarquias: Política do café com leite eclosão da República de 1930

III.


FRENTE

B

HISTÓRIA

MÓDULO B14

ASSUNTOS ABORDADOS n Transformações socioeconômicas

e culturais na Primeira República n Economia e sociedade na Primeira República n A Cultura na Primeira República

TRANSFORMAÇÕES SOCIOECONÔMICAS E CULTURAIS NA PRIMEIRA REPÚBLICA Economia e sociedade na Primeira República A política de valorização do café Durante a segunda metade do século XIX, até a década de 30, no século XX, o café foi o principal produto de exportação brasileiro. As divisas provenientes da comercialização para o mercado externo contribuíram para o início do processo de industrialização, a partir de 1870. Por volta de 1895, a economia cafeeira passou a mostrar sinais de crise. As causas do colapso estavam no excesso de produção mundial. A oferta, sendo maior que a procura, acarreta uma queda nos preços, prejudicando os fazendeiros de café.

Fonte: Wikimédia Commons

Para driblar a crise, a burguesia cafeeira, que controlava o aparelho estatal, criou mecanismos econômicos de valorização do café. Em 1906, na cidade de Taubaté (SP), os cafeicultores instituíram o Convênio de Taubaté - plano de intervenção do estado na cafeicultura, com o objetivo de promover a elevação dos preços do produto. Os governadores dos estados produtores (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) garantiam a compra de toda a produção cafeeira com o intuito de criar estoques reguladores. Assim, o governo provocaria escassez do produto, favorecendo a alta dos preços e, em seguida, realizando a venda. Os resultados da política de valorização do café foram prejudiciais para a economia brasileira, já que para comprar toda a produção, os governos estaduais recorriam a empréstimos no exterior, que seriam arcados por toda a população. Além disso, caso a demanda internacional não fosse suficiente, os estoques excedentes deveriam ser queimados, causando prejuízos para o governo. Outro mecanismo de valorização do café foi a política cambial de desvalorização do dinheiro brasileiro em relação à moeda estrangeira. Na hora da conversão da moeda estrangeira em brasileira, não havia perdas. Contudo, quando se tratava de importações, visto que se importava quase tudo no País, principalmente produtos manufaturados, essa política tornava os produtos estrangeiros muito mais caros. De forma geral, a política de valorização do café provocou o que se denominou como “socialização das perdas”. Por meio desse plano, os lucros ficariam com a burguesia cafeeira e as perdas seriam arcadas pela população.

Figura 01 - Lavoura de café no início do século XX.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias

Em decorrência disso, foi criado o Instituto do Café, em São Paulo, a fim de controlar o comércio exportador do produto, regulando a disponibilidade do produto no mercado e mantendo o equilíbrio entre a oferta e a procura. O Brasil efetuava o fornecimento de cerca de 60% do consumo mundial e o Instituto do Café tinha em mãos todos os recursos de que necessitava, não só para manter o preço, como também para forçar altas artificiais. O instituto, cujo objetivo era regular o escoamento do café, transformou-se num grande estocador do produto. Mas tal situação não poderia ser mantida por muito tempo, pois a capacidade de estocagem estava diretamente ligada ao apoio financeiro internacional. Em 1929, uma grave crise na economia mundial inviabilizou o esquema. O processo de industrialização

Fonte: Wikimédia Commons

O primeiro passo rumo à industrialização deu-se no final da década de 1870, quando então a abolição da escravatura encontrava-se na ordem do dia e a solução da imigração começou a ser considerada como alternativa. Para alguns estudiosos, os industriais saíram da fileira dos cafeicultores.

No entanto, pesquisas mais recentes revelaram que a burguesia industrial era constituída principalmente, embora não exclusivamente, pelos imigrantes. Esse é o caso de Francisco Matarazzo, um de seus representantes típicos. Embora a origem da industrialização seja anterior a 1880, foi entre 1886 e 1894 que esse processo ganhou impulso. Mas cabe lembrar que o surgimento e o desenvolvimento das indústrias estiveram intimamente relacionados ao desempenho da economia primário-exportadora. Isso ocorreu até a crise de 1929, quando a economia agroexportadora foi superada pela industrialização, que passou a ocupar o centro da economia. Entretanto, esse fato não ocorreu em todo o País simultaneamente e com a mesma intensidade. A industrialização desenvolveu-se de forma mais rápida no Sudeste, especialmente em São Paulo, onde se praticava a cafeicultura – a mais poderosa economia exportadora. Assim, o processo em questão acompanhou o ritmo do setor exportador – não apenas cafeeiro. Em momentos de expansão do mercado internacional, os investimentos industriais aumentavam, mas contraíam-se no período de retração. Até a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o Estado não adotou nenhuma política de estímulo à industrialização. Contudo, ela era estimulada direta ou indiretamente quando o governo aumentava as tarifas alfandegárias e, assim, acabava protegendo as indústrias da concorrência estrangeira. O incentivo também ocorria quando a moeda nacional era desvalorizada, desestimulando as importações, ou, ainda, quando se adotava as duas medidas ao mesmo tempo. Figura 02 - Ruínas das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, em Iguapé, São Paulo. A filial das Indústrias Reunidas foi instalada em 1921. Com a abertura do Canal do Valo Grande, a região acabou provocando o assoreamento do Mar Pequeno e seu consequente transbordamento na região.

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B14  Transformações socieconômicas e culturais na Primeira República

Com a Primeira Guerra Mundial, houve a segunda valorização do café, entre 1917 e 1920. O conflito provocou alteração nas condições do comércio cafeeiro, em virtude da formação de grandes organizações financeiras que passaram a atuar, cada qual em seu setor, praticamente sem concorrência. O grupo inglês, Lazard Brothers Co. Ltda., que apoiou a segunda valorização, estabeleceu um domínio financeiro quase completo sobre a economia cafeeira do Brasil.


História

Com a deflagração da Primeira Guerra, inicialmente houve a drástica redução nos investimentos industriais. A produção começou a declinar em 1917 e seu crescimento tornou-se negativo no ano seguinte devido à falta de matérias-primas, máquinas e equipamentos importados. O conflito evidenciou os limites e as inconveniências de um país destituído de um parque industrial compatível. Em virtude disso, o governo começou a adotar uma série de incentivos para desenvolvimento industrial, a fim de promover sua diversificação, o que ocorreu, ainda, ao longo da década de 20. Nos anos que se seguiram à Crise de 1929, com o apoio governamental, a industrialização se intensificou e obedeceu ao objetivo de substituir as importações. No entanto, o processo de industrialização só se completaria na década de 1950, por meio da implantação da indústria pesada - o importante setor em que se concentram máquinas capazes de fabricar outras máquinas. O Movimento operário no Brasil O estabelecimento do trabalho livre e o início do desenvolvimento industrial foram os motivos básicos do crescimento do trabalhador urbano. O contexto político lhe era desfavorável, pois a ordem estabelecida não reconhecia nenhum direito em relação ao seu trabalho.

B14  Transformações socieconômicas e culturais na Primeira República

Os deputados e senadores, indiferentes aos problemas sociais, negaram projetos assistenciais e de proteção aos operários criados por seus representantes. No processo de formação do operariado brasileiro, foi significativo o papel dos imigrantes italianos e espanhóis (chamados de artífices), responsáveis pela difusão do anarquismo, trazendo de seus países de origem a experiência sindical. Com o intuito de conscientizar e unir os operários, os trabalhadores imigrantes formaram clubes, círculos, uniões e associações. Em resposta, em 1904, o governo decretou a lei Adolfo Gordo, que previa a expulsão do operário estrangeiro envolvido em tais movimentos. Contudo, desde o ano de 1891, foram realizadas algumas greves que, mesmo não atingindo proporções ameaçadoras, foram duramente reprimidas. Nesse contexto, por meio da criação dos sindicatos, os anarquistas visavam a obter o controle do mercado de trabalho. Se todos os membros de determinada categoria profissional estivessem associados a um sindicato, não restaria outra alternativa aos patrões senão procurar o sindicato competente para negociar a contratação dos trabalhadores. Esse era o objetivo perseguido pelos anarquistas. Mas os anarquistas eram avessos à centralização. Para eles, cada categoria organizada em sindicato deveria lutar no 564

âmbito das empresas para concretizar suas reivindicações. Não apoiavam, portanto, a generalização da luta com a criação de órgãos centrais, que imporiam a cada sindicato filiado uma rígida linha de conduta. Os sindicatos deveriam desfrutar de completa autonomia para que os associados pudessem decidir livremente conforme os seus interesses. Essa situação embaraçosa para os anarquistas – que não davam muita importância ao Estado – colocou uma nova ordem de problema para as quais eles não estavam preparados. Para complicar, os acontecimentos internacionais do começo do século XX traziam, por sua vez, novos desafios. A Revolução Russa de 1917 e a Crise de 29 preocuparam a burguesia de todo o mundo. Um após outro, os países começaram a mudar de atitude em relação ao trabalho. Com isso, a burguesia tomou consciência de um fato muito simples: a exploração indiscriminada dos trabalhadores poderia levá-los, por meio de uma reação organizada, a destruir o Capitalismo. A primeira ideia, portanto, foi “racionalizar” o trabalho. Mas isso não significava abolir a exploração do trabalhador. Queria dizer, simplesmente, explorar de maneira eficiente, obedecendo a certos limites, evitando, por exemplo, que os trabalhadores fossem atirados à mais dura miséria e se tornassem sensíveis aos apelos do Comunismo. Para amenizar “a miséria e as privações” dos trabalhadores, já havia sido criada, logo depois da Primeira Guerra Mundial, a Organização Internacional do Trabalho (OIT). E o Brasil não ficou fora dessa tendência mundial. Em 1918, a Câmara dos Deputados criou a Comissão de Legislação Social, encarregada de redigir leis específicas de “proteção” aos trabalhadores. Entre essas leis, incluíam-se as de acidente de trabalho e de férias remuneradas. Dessa forma, os anarquistas caíam em um dilema. Por um lado, ser contra as concessões do Estado era o mesmo que se afastar dos trabalhadores, ao passo que aceitar e defender uma legislação trabalhista era o mesmo que admitir o Estado como um interlocutor válido e, com isso, deixar de ser anarquista. Fundado em 1922, o Partido Comunista do Brasil (PCB) apareceu como produto imediato da vitoriosa Revolução Bolchevique na Rússia. Como tal, era favorável à transformação da luta econômica em luta política, defendia a centralização e, em vez da extinção do Estado, tinha como meta a tomada do Estado e a instalação da “ditadura do proletariado”. Ou seja, os comunistas defendiam tudo aquilo que os anarquistas condenavam. Eles não viam problema em aceitar uma legislação trabalhista e, inclusive, em lutar para que o Estado adotasse uma.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Na década de 20, uma grave crise política eclodia no Brasil. A sua origem situava-se na crescente insatisfação do Exército e das camadas médias urbanas, ao mesmo tempo em que surgiam tensões no seio da própria camada dominante. Em 1909, os militares que haviam se afastado da vida política depois do governo Floriano reapareceram na campanha presidencial. Nessa campanha, a cúpula militar aliou-se à oligarquia gaúcha. A crise política reapareceu, entretanto, em 1922, nas eleições para a sucessão de Epitácio Pessoa. Isso ocorreu quando os estados de Minas Gerais e São Paulo resolveram a questão indicando Artur Bernardes (mineiro) para a presidência e já acertando a candidatura de Washington Luís (paulista) como sucessor de Bernardes. Contra esse arranjo político, uniram-se os seguintes estados: Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro - nessa ordem, em termos de importância eleitoral. Formava-se assim a Reação Republicana, que apresentou Nilo Peçanha como candidato e opositor de Bernardes, o candidato do “café com leite”. Novamente, o Exército inclinou-se para a oposição contra a oligarquia dominante. As disputas acirradas criaram um clima de grande tensão, agravado pela publicação de uma carta falsamente atribuída a Artur Bernardes, ofensiva aos militares, no jornal Correio da Manhã. Todavia, as eleições foram vencidas por Artur Bernardes. Finalmente, as frustrações longamente acumuladas eclodiram: no dia 5 de julho de 1922, jovens oficiais do forte de Copacabana se rebelaram, com apoio das guarnições do Distrito Federal, Rio de Janeiro e Mato Grosso. O objetivo era impedir a posse do presidente eleito. Embora a rebelião tenha fracassado, os jovens militares resolveram abandonar o forte e marchar pela praia de Copacabana para enfrentar as forças legalistas. Desse episódio, conhecido como os 18 do Forte, sobreviveram apenas os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes. Iniciou-se aí o longo episódio de rebelião a que se chamou Tenentismo. O descontentamento em relação à oligarquia dominante atingiu o auge com as revoltas tenentistas, que tiveram dois focos principais: o Rio Grande do Sul (1923) e São Paulo (1924). No estado gaúcho, a revolta tenentista teve o imediato apoio da dissidência oligárquica da Aliança Libertadora, dirigindo-se para Santa Catarina e Paraná. Já na região paulista, a revolta foi desencadeada sob a chefia do general Isidoro Dias Lopes que, não podendo suportar as pressões das tropas legalistas, dirigiu-se para o Sul, encontrando-se com as tropas gaúchas, lideradas por Luís Carlos Prestes e Mário Fagundes Varela.

A união das duas tropas rebeldes levou à organização do movimento. Os principais nomes do levante foram: Juarez Távora, Miguel Costa, Siqueira Campos, Cordeiro de Farias e Luís Carlos Prestes. Este último, mais tarde, desligou-se do movimento para ingressar no Partido Comunista do Brasil, tornando-se o seu chefe principal. Formou-se assim, em 1925, a Coluna Prestes, que durante dois anos percorreu cerca de 25 000 km, obtendo diversas vitórias contra as forças legalistas. Inutilmente, buscou sublevar as populações do interior contra Bernardes e a oligarquia dominante. Em 1927, com o fim do mandato de Artur Bernardes, a Coluna entrou na Bolívia e, finalmente, se dissolveu. Além da deposição do presidente Artur Bernardes, os tenentes reivindicavam o voto secreto, eleições honestas, castigo para os políticos corruptos e liberdade para os oficiais presos em 1922. Acreditavam que esse programa teria apoio da população do sertão. O percurso da Coluna Prestes, originalmente chamada de Coluna Miguel Costa Prestes, durou 25 meses, enfrentando as tropas federais e os jagunços dos coronéis. A população que os tenentes pensavam defender reagia ora com indiferença, ora com hostilidade. De acordo com preceitos ideológicos, os tenentes eram conservadores e não propunham mudanças significativas para a estrutura social brasileira. Eles defendiam um reformismo social ingênuo, misturado com a centralização política e o nacionalismo.

A Cultura na Primeira República A Semana de Arte Moderna (1922) Na Europa, no final do século XIX e na primeira metade do século XX, ocorreram significativas transformações na arte, no que se refere ao desprendimento em relação aos valores estéticos clássicos. As novas tendências artísticas logo espalharam-se pelo mundo e chegaram ao Brasil por meio de artistas que estudaram no continente europeu. Anita Malfatti, recém-chegada da Alemanha, trazia ao Brasil quadros de influência expressionista, escandalizando a elite brasileira e, por isso, foi muito criticada, nas suas primeiras exposições, inclusive por Monteiro Lobato. Esse fato foi um incentivo para a realização da Semana da Arte Moderna. O evento ocorreu em fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. O principal objetivo da Semana foi se desvencilhar do conservadorismo academicista que ainda controlava a arte e a literatura no Brasil. A intenção era criar uma arte essencialmente nacional, a partir das influências artísticas estrangeiras e da cultura local. 565

B14  Transformações socieconômicas e culturais na Primeira República

O tenentismo


História

Fonte: Wikimédia Commons

B14  Transformações socieconômicas e culturais na Primeira República

No evento, foram expostas cerca de cem obras e três sessões literárias-musicais. Entre os artistas plásticos participantes, estavam Anita Malfatti, Vicente do Rego Monteiro, Zina Aita, Tarsila do Amaral, Victor Brecheret e Di Cavalcanti - um dos principais idealizadores, entre outros. No campo da arquitetura, a Semana de Arte Moderna contou com Antônio Moya e Georg Przyrembel. Entre os poetas, fizeram-se presentes Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade, Manoel Bandeira etc. O poema “Os Sapos”, de Manoel Bandeira, recitado na abertura do evento, foi duramente vaiado e criticado. A programação musical contou com composições de Villa-Lobos e outros.

Figura 03 - Abaporu, de Tarsila do Amaral.

A Semana de Arte Moderna, que foi pouco aceita pela elite conservadora de São Paulo e recebera inúmeras críticas, foi um evento cultural fundamental para a compreensão do desenvolvimento e implementação da arte moderna no Brasil. Contudo, as ideias inovadoras propostas pelo evento só adquiriram importância real em longo prazo, ampliando-se por meio de revistas como a Klaxon e a Revista Antropofagia, além de alguns movimentos artísticos, como o Movimento Pau-Brasil, Movimento Verde-Amarelo e o Movimento Antropofágico.

566


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios de Fixação

02. (PUC RJ) A “crise dos anos 20” ou “crise da Primeira República” foi um período de críticas à ordem política e social vigente e de reflexões sobre a identidade nacional brasileira. Sobre as manifestações que expressaram a crise dos anos 20, NÃO É CORRETO afirmar que: a) o modernismo, ao tematizar a identidade nacional brasileira, valorizou a especificidade e singularidade da cultura brasileira. b) os militares, através da jovem oficialidade, manifestaram o seu descontentamento com os interesses particularistas das oligarquias estaduais. c) os operários se organizaram, através de sindicatos e partidos, para reivindicar a promulgação de leis trabalhistas. d) educadores propuseram novas práticas escolares, e higienistas investiram na criação de órgãos públicos para a promoção do saneamento e da saúde pública. e) os partidos políticos estaduais reivindicaram a extensão do voto às mulheres, aos jovens acima de 16 anos e aos analfabetos. 03. (UECE) Atente ao seguinte enunciado: “Episódios mais notórios, como a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 1922, e a Revolução Paulista de 1924, ou um evento pouco citado nos livros de História, como a Comuna de Manaus, também ocorrido em 1924, são partes do mesmo movimento a que pertence a Coluna Prestes, que, de 1925 a 1927, percorreu cerca de 25 000 Km pelo interior do território brasileiro combatendo as forças oligárquicas e espalhando sua ideologia”.

O enunciado acima se refere ao movimento pertencente à História republicana do Brasil conhecido como a) Tenentismo, que marcava o descontentamento de parte da jovem oficialidade do exército com as características políticas da República Velha. b) Restauracionismo, que uniu militares e religiosos em lutas com o objetivo de depor a República e restaurar a monarquia no Brasil. c) Messianismo, movimento por meio do qual os líderes religiosos faziam uso de sua influência para eleger os grupos políticos que apoiavam o fim das mudanças promovidas pela República. d) Coronelismo, no qual senhores de terra e líderes políticos locais tentaram impedir avanços socialistas propostos pelo Presidente da República Artur Bernardes. 04. (Unitau SP) O movimento tenentista deu origem a uma série de levantes militares na década de 1920. No plano político, os jovens oficiais reivindicavam a) a consolidação de instituições republicanas, a centralização do poder, a redução dos privilégios das oligarquias, o fim da corrupção que envolvia os políticos civis e o voto secreto. b) a severa punição aos políticos corruptos, o voto secreto e a descentralização do poder. c) a descentralização do poder, e a ampliação dos privilégios das oligarquias. d) a volta do regime monárquico e o fortalecimento dos militares. e) que os militares governassem o país, conjuntamente com o Presidente da República. 05. (UECE) Atente às seguintes afirmações acerca do Movimento Tenentista no Brasil. I. O Tenentismo surgiu entre militares, especialmente entre os militares de baixa patente. II. Os Tenentes, de modo geral oriundos das camadas médias da população, defendiam a moralização da vida política. III. Nos anos 1920, organizaram várias ações militares, entre elas o chamado Levante de Copacabana. IV. Os Tenentistas pretendiam um governo comunista e exigiram, a partir de 1922, que seus líderes se filiassem ao PCB (Partido Comunista Brasileiro). Está correto o que se afirma apenas em a) I e IV. b) I, II e III. c) II e III. d) III e IV.

567

B14  Transformações socieconômicas e culturais na Primeira República

01. (Unifor CE) O economista Celso Furtado, em seu livro Formação Econômica do Brasil, na última parte, analisa os efeitos da Grande Depressão de 1929 sobre a Economia Brasileira, particularmente em relação à produção de café e à industrialização. Dentre as afirmações de Furtado, podemos citar a) a Grande Depressão de 1929 que provocou a crise do setor cafeeiro e induziu a diversificação das exportações agrícolas. b) a Grande Depressão de 1929 que provocou a crise do setor cafeeiro e a mudança do eixo dinâmico da economia para a região nordeste. c) a Grande Depressão de 1929 que não atingiu o setor cafeeiro, pois este produzia para o mercado interno. d) a Grande depressão de 1929 que provocou a crise do setor cafeeiro e induziu, indiretamente, o crescimento da produção industrial para o mercado interno. e) a Grande depressão de 1929 que provocou a crise do setor cafeeiro e induziu, indiretamente, o crescimento da produção industrial para o mercado externo.


ções pauque briga seu ro, a rigar.

História

Exercícios Complementares 01. (Famerp SP) A Revolução [de 1924 em São Paulo] pretendia

o. Rio tado).

a renovação dos costumes políticos, a republicanização da República, como diziam, o banimento das oligarquias dos

fato

mandões e chefes políticos e do seu clientelismo político, o fim do voto de cabresto e da política dos currais eleitorais de

e no

eleitores sem liberdade de decisão e de voto.

que

(José de Souza Martins. “São Paulo, 1924 – A retirada”. In: Eloar Guazzelli. São Paulo em guerra – 1924, 2012.)

nível

O movimento a que o texto se refere ficou conhecido na história do Brasil como tenentismo. O movimento tenentista a) pretendeu abolir as bases econômicas do governo republicano, extinguindo a propriedade rural monocultora. b) mobilizou os oficiais militares contrários ao regime republicano e à extensão do direito de voto à população brasileira. c) foi uma manifestação dos antigos grupos dominantes afastados do poder devido à proclamação da República. d) ficou restrito ao estado de São Paulo, fato que o isolou do restante do país e facilitou a sua derrota. e) procurou reformar os procedimentos políticos republicanos, sustentados por fraudes eleitorais, assim como pelo voto a descoberto.

B14  Transformações socieconômicas e culturais na Primeira República

tíveis

02. (UECE) No contexto da Primeira República, emergiu o movimento tenentista. No que diz respeito a esse movimento, pode-se afirmar corretamente que a) foi um movimento político-militar que ganhou apoio dos setores de alta patente do exército e eclodiu apenas na capital federal. b) foi um movimento basicamente integrado por oficiais de baixa patente, que trouxe à superfície a revolta da corporação contra os baixos salários e precárias condições de trabalho. c) assumiu uma conotação social explicitamente favorável à democracia liberal e bem condizente com ações democráticas no âmbito da corporação militar. d) apesar de não ter ocorrido qualquer levante ou ação radical, os tenentes passaram a defender a instalação de um governo forte e centralizado, capaz de promover a salvação nacional. 03. (UFAL) A crise da oligarquia no Brasil, na década de 1920, refletiu as transformações que ocorriam na sociedade brasileira e que se manifestavam: a) no descontentamento dos militares, que exigiam maior participação no poder político da República e eram aliados dos pequenos proprietários de terra, e no crescimento urbano-industrial do país.

568

b) no esgotamento da hegemonia da cafeicultura, na ascensão da classe média, no descontentamento da jovem oficialidade militar e das oligarquias menores com o predomínio dos latifundiários de Minas e São Paulo. c) na insatisfação política das oligarquias estaduais em vista das propostas de reforma agrária apresentadas pelos proprietários das grandes fazendas de café do Sul do pais, e no crescimento urbano-industrial. d) na introdução da mão de obra assalariada de migrantes estrangeiros em substituição ao trabalho escravo nas fazendas de café, na insatisfação política das oligarquias estaduais. e) na insatisfação política das oligarquias estaduais em vista das propostas de mudança nas políticas agrícolas apresentadas pelos proprietários das grandes fazendas de café do Sul do pais e no crescimento urbano-industrial. 04. (UECE) Para muitos historiadores, entre os anos de 1920 e 1930, o Brasil adentrou efetivamente na modernidade. No que tange a essa modernidade, analise as afirmações a seguir: I. Num país até então rural, a modernidade emergente apontava para novos tempos e novos hábitos, para mudanças rápidas e para um estilo de vida mais cosmopolita, apreciador da riqueza e do progresso. II. A modernidade representava para empresários, sanitaristas, artistas, militares e intelectuais uma intervenção maior do Estado como agente dinamizador das reformas econômicas e sociais. III. Os símbolos da modernidade dos anos 1920-1930 eram percebidos nos investimentos na vida rural, tendo o campo como espaço da modernidade. Está correto o que se afirma em a) I, II e III. b) II, apenas. c) I e II, apenas. d) III, apenas. 05. (UECE) “A década de 1920 terminou presenciando uma das poucas campanhas eleitorais da Primeira República em que houve autêntica competição para o cargo da Presidência”. FONTE: CARVALHO, José Murilo. Marco Divisório. In Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, pp.89-126.

Assinale a alternativa que contém os nomes dos dois candidatos que disputaram a Presidência da República, na ocasião. a) Washington Luís e Getúlio Vargas. b) Washington Luís e Júlio Prestes. c) Hermes da Fonseca e Getúlio Vargas. d) Getúlio Vargas e Júlio Prestes.


FRENTE

B

HISTÓRIA

MÓDULO B15

AMÉRICA NO SÉCULO XX: REVOLUÇÃO MEXICANA Após a proclamação da independência, em 1821, o México entrou em um processo de instabilidade política, sendo acometido pela dependência econômica e pelos governos ditatoriais. As condições sociais foram precarizadas devido à perda de boa parte de seu território após a guerra contra os Estados Unidos, em 1848, e às intervenções estrangeiras sucessivas, como a dos franceses, entre 1861 e 1867.

ASSUNTOS ABORDADOS n América no século XX: Revolução

Mexicana

Essas condições foram propícias à instalação da ditadura de Porfírio Díaz (18771880, 1884-1911), sob a qual se deu uma intensa concentração fundiária, a entrada de elevadas somas de capital estrangeiro voltadas para a exploração e o controle dos recursos minerais, assim como a produção de artigos de exportação. Dessa forma, para a população local, em sua grande maioria concentrada nas áreas rurais, aumentaram a miséria e a dependência em relação aos grandes senhores. Esse quadro agravou a insatisfação popular, provocando greves entre trabalhadores urbanos e rurais, no início do século XX. No contexto dessas lutas, formaram-se líderes populares, como Emiliano Zapata e Pancho Villa. Por meio do seu comando, milhares de camponeses mobilizaram-se, reivindicando distribuições de terra por meio da reforma agrária. Simultaneamente, uma fração da elite, sob o comando de Francisco Madero, voltaram-se contra a ditadura de Porfírio, em maio de 1911. As camadas populares permaneceram insatisfeitas com as tímidas medidas sociais implementadas por Madero, que foi assassinado em 1913. Posteriormente, o general Victoriano Huerta reinstalou a ditadura, ligada aos interesses dos Estados Unidos. Pancho Villa voltou a lutar contra as forças federais, enquanto Zapata liderava no Sul a revolução camponesa pela reforma agrária. As pressões levaram Huerta a renunciar em 1914, em favor de um governo constitucional liderado por Venustiano Carranza (1914-1915). Em 1917, foi promulgada uma Constituição liberal no país e Carranza foi eleito presidente. Não tendo ainda suas reivindicações atendidas, principalmente quanto à reforma agrária, os movimentos populares continuaram em agitação. Contudo, devido ao assassinato de Zapata, em 1919, e de Pancho Villa, em 1923, o movimento se dissipou. Foi então implantado o projeto liberal no México.

Figura 01 - Foto do cadáver de Emiliano Zapata, exibido em Cuautla, Morelos- 1919.

Na década de 1930, a reforma agrária ainda não havia sido realizada. Nesse sentido, o então presidente Lázaro Cárdenas, aderindo às reivindicações do movimento, expropriou terras e companhias estrangeiras, nacionalizou o petróleo e estimulou a formação de sindicatos camponeses e operários.

Fonte: Wikimedia Commons

Figura 02 - Epopeia do povo mexicano. Mural pintado por Diego Rivera, localizado no Palácio Nacional.

569


História

O partido do presidente Cárdenas passou a se chamar Partido da Revolução Mexicana, transformado em 1948 no Partido Revolucionário Institucional. Este partido permaneceu no poder até os anos 2000. Nas últimas décadas do século XX, entretanto, o latifúndio voltou a comandar a estrutura agrária do país e houve intensa dependência perante os capitais internacionais, levando a economia à beira do colapso. Diante da enorme dívida externa e do grave quadro inflacionário, em 1990, o presidente Carlos Salinas de Gortari buscou acordos internacionais que atraíssem investimentos estrangeiros, especialmente dos Estados Unidos. A vinculação do México perante o bloco econômico norte-americano possibilitou sua integração ao Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta), oficializada em 1º de janeiro de 1994. A data foi comemorada como um passo para o desenvolvimento. Contudo, esse episódio foi ofuscado pelo levante do Exército Zapatista de libertação Nacional (EZLN), que tomou várias cidades no estado de Chiapas, uma região empobrecida no sudeste do país. As exigências dos zapatistas englobavam “pão, saúde, educação, autonomia e paz” para os camponeses. O movimento era liderado por um homem mascarado, chamado “subcomandante Marcos”, que fazia oposição ao governo e também ao Nafta, afirmando que o acordo era prejudicial ao México. Após sucessivas tentativas de acordo entre os zapatistas e o governo de Andres Salinas, em 1994, as eleições presidenciais foram bastante turbulentas. Foram assassinados dois membros do partido do governo (PRI), Luis Donaldo Colosio, candidato que estava à frente nas pesquisas eleitorais e, logo em seguida, José Francisco Massieu, secretário do partido, ambos defensores de amplas reformas políticas no país.

B15  América no século XX: Revolução Mexicana

Fonte: Wikimedia Commons

Figura 03 - Fotografia do Subcomandante Marcos e Comandante Tacho, disponibilizada por Cesar Bojorquez - 1999.

A economia mexicana mergulhou na instabilidade em meio a acusações de envolvimento do governo nos assassinatos, especialmente o irmão do presidente, Raúl Salinas, e escândalos de corrupção. As eleições deram vitória ao novo candidato do PRI, Ernesto Zedillo, que assumiu o cargo em dezembro de 1994. Depois de uma breve ausência, após sua derrota nos anos 2000, o PRI retornou ao poder da Presidência da República com a vitória do seu candidato Peña Nieto, empossado em dezembro de 2012.

570


07.

Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios de Fixação 03. (Puc SP) As alternativas apresentadas abaixo estão relacio-

que popularizou a pintura em grandes painéis ao ar livre. A

nadas à Revolução Mexicana de 1910, EXCETO:

arte mural foi uma das linguagens utilizadas pelos artistas

a) participação do povo no processo de decisão política

para transmitir mensagens de luta contra a exploração dos camponeses e valorizar elementos da cultura mexicana. Sobre a história do México, é INCORRETO afirmar: a) A revolução mexicana, no primeiro quarto do século XX, contou com a participação de homens, mulheres, crianças, jovens e idosos. b) Francisco Madero, que fazia oposição à ditadura porfirista, conseguiu apoio de um famoso bandido da região: Pancho Villa. c) O líder indígena, Emiliano Zapata, aderiu à revolução contra o porfirato e lutou pela retomada das terras às comunidades indígenas. d) As mudanças econômicas, ocorridas no México, e a promulgação da Constituinte de 1917 originaram-se da união de ideias de Francisco Madero, Emiliano Zapata e Pancho Villa. e) Os conflitos ocorridos entre 1915 e 1919 foram violentos e, por fim, houve a derrota definitiva dos zapatistas. 02. (Uniube MG) A eclosão da Revolução Mexicana em 1910 foi impulsionada por um movimento democrático-burguês, antirreeleicionista, com um forte conteúdo popular e nacionalista, que visava inaugurar uma nova etapa de desenvolvimento capitalista no México. Porém, a Revolução ficou marcada pela insurreição das massas populares, sobretudo do campesinato, cujas principais reivindicações foram: I.

Restituição das terras comunais usurpadas pelo Porfiriato e nacionalização dos bens dos inimigos da Revolução.

numa franca oposição contra as elites latifundiárias. b) participação intensa dos camponeses, desejosos por uma Reforma Agrária a qualquer custo. c) atuação direta da Igreja Católica na condução do movimento devido à grande devoção do povo. d) condução da revolução por Zapata e Pancho Villa, protagonistas na defesa da liberdade e do direito à terra. 04. (Fuvest SP) A Revolução Mexicana, iniciada em 1910, arrastou-se por quase dez anos e envolveu diversos projetos políticos e sociais. a) Identifique e analise uma das principais reivindicações dos zapatistas durante essa Revolução. b) Cite e analise duas das principais mudanças sociais trazidas por essa Revolução. 05. (IBMEC) O México comemora este ano o centenário da Revolução de 1910, um importante movimento de caráter popular. Caracterizou este acontecimento: a) um forte apoio dos Estados Unidos aos rebeldes. b) intensa participação camponesa, desejosa da realização da reforma agrária. c) amplo apoio da Igreja às lideranças revolucionárias. d) forte influência dos comunistas mexicanos neste processo. e) rígido controle sobre o movimento exercido pela poderosa burguesia mexicana. 06. (UFV) A chamada Revolução Mexicana acabou com décadas de governo pessoal e autoritário de Porfírio Diaz, executan-

II. Melhorias nas condições de trabalho, liberdade econô-

do reformas que direcionaram o México para a moderniza-

mica e oposição da aliança política com a burguesia.

ção política, econômica e social. Uma medida que caracteri-

III. Reforma agrária e expropriação, mediante indenização, de terça parte dos latifúndios. IV. Organização das forças populares, direito à propriedade individual e sufrágio universal. Estão CORRETAS as afirmativas contidas em: a) I e III, apenas b) II e III, apenas c) I e II, apenas d) III e IV, apenas

Questão 04. a) Reforma agrária, segundo o Plano de Ayala apresentado por Emiliano Zapata. Tratava-se de uma reivindicação das massas camponesas de origem predominantemente indígena, cuja exclusão econômica e social fora agravada durante o Porfiriato – período imediatamente anterior à Revolução. b) Incorporação das camadas populares ao processo político, como decorrência da maciça participação dos camponeses na Revolução; e redistribuição da terra a uma parte do campesinato, graças à reforma agrária de 1917.

za CORRETAMENTE essa modernização é: a) a eleição indireta e censitária para a presidência da República. b) o favorecimento do capital internacional, particularmente norte-americano. c) a reforma agrária, com a devolução de extensas parcelas de terras aos camponeses. d) a adoção de medidas trabalhistas para o campo e a cidade, favoráveis ao empresariado e fazendeiros mexicanos.

571

B15  América no século XX: Revolução Mexicana

01. (IFMT) O muralismo foi um movimento artístico mexicano


História

is

ítica, X, os eram com munoste-

Exercícios Complementares 01. (UFRGS) Considere as afirmações abaixo, sobre a história do

parte significativa do território do México e uma defesa

I.

das propriedades rurais da Igreja Católica.

O país, após a vitória na Guerra Mexicano- Americana

II.

(1846-1848), incorporou mais de um terço do territó-

d) facilitou o avanço das propostas, defendidas por Pancho

rio dos Estados Unidos aos seus domínios, através do

Villa, de retorno à organização comunal existente antes

Tratado de Guadalupe-Hidalgo.

da chegada dos espanhóis ao México.

A Revolução Mexicana, ao longo das décadas de 1910 e 1920, derrubou o regime oligárquico de Porfírio Diaz, trazendo importantes mudanças políticas e econômicas ao país.

III.

O Partido Revolucionário Institucional, herdeiro político das forças revolucionárias, manteve-se no poder por 71 anos, até sua derrota nas eleições presidenciais de 2000.

Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 02. (UniRV GO) A Revolução Mexicana foi um grande movimento armado que começou em 1910 com uma rebelião liderada por Francisco I. Madero contra o antigo autocrata

ação liberal ao regime autoritário de Porfirio Díaz. 04. (UNICID) No contexto da Revolução Mexicana, as lideranças de Emiliano Zapata e Pancho Villa representavam os interesses a) da classe média urbana, que reivindicava melhores condições de trabalho nas fábricas. b) da elite agrária, que combatia a penetração dos Estados Unidos em território mexicano. c) da Igreja Católica, preocupada em perder as suas propriedades com a expansão do comunismo. d) nacionalistas, que se opunham à cessão da exploração das reservas de petróleo às empresas europeias. e) dos camponeses empobrecidos que, entre outras reivindicações, lutavam pela reforma agrária. 05. (UECE) Em Chiapas, no México, em 1994, ocorre uma rebelião conduzida pela Frente Zapatista de Libertação Nacional que reivindica mudanças na distribuição da terra e benefí-

do século XX. Esta revolução foi caracterizada por uma va-

cios sociais para as populações do campo e indígena. Quan-

riedade de líderes de cunho socialista, liberal, anarquista,

to à utilização do termo “zapatistas”, assinale o correto.

populista, e em prol do movimento agrário. (Só História).

a) Uma aproximação à imagem de Emiliano Zapata, um

Sobre a Revolução Mexicana e suas personagens, marque V

líder da revolução Mexicana que no início do século

para verdadeiro e F para falso.

XX, parecia ser a única esperança para os campone-

camponês pobre da parte meridional foram os principais nomes da Revolução. B15  América no século XX: Revolução Mexicana

e) envolveu lutas operárias, camponesas e indígenas e a re-

general Porfirio Diaz. Foi a primeira das grandes revoluções

a) Emiliano Zapata – caudilho da região Sul – e Pancho Villa,

b) General Zorro foi o principal líder armado da Revolução Mexicana. c) Oribe Blanco foi o principal líder contrarrevolucionário. d) A Revolução mexicana teve caráter urbano, excluindo os camponeses da luta. 03. (FMABC) A Revolução Mexicana, ocorrida entre em 1910 e 1917, a) encerrou-se com a derrubada de Francisco Madero e a convocação de eleições livres em todos os níveis. b) instaurou uma ditadura socialista no país, liderada por Emiliano Zapata, que perdurou até o final do século XX.

572

c) representou uma reação à ocupação norte-americana de

México.

ses do sul do país. b) Uma clara homenagem ao atual presidente espanhol José Luiz Rodríguez Zapatero, que à época da rebelião, era militante do Partido dos Trabalhadores Socialistas espanhol (PSOE) e porta-voz internacional das minorias mexicanas. c) Referência a Zapata, território localizado no pequeno estado mexicano Morelos, cuja população de índios e camponeses, há séculos, resiste as violentas expropriações dos fazendeiros sobre suas comunidades. d) Uma homenagem aos irmãos Emiliano e Eufêmio Zapata, pequeno proprietários de terras, no estado de Morelos, que injustamente tiveram suas terras expropriadas por grandes fazendeiros e foram brutalmente assassinados.


FRENTE

B

HISTÓRIA

MÓDULO B16

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL A paz armada e o nacionalismo europeu Ao final do século XIX, a Europa passava pela Segunda Revolução Industrial. O acelerado processo de industrialização estabelecia um novo equilíbrio de forças no continente. A fim de garantir o equilíbrio, as principais potências começaram a modernizar e fortalecer seus exércitos, além de estabelecerem alianças militares.

ASSUNTOS ABORDADOS n Primeira Guerra Mundial n A paz armada e o nacionalismo europeu n O estopim da Guerra n O desenrolar da guerra e seu fim n Acordos de paz

Fortemente armados, os países europeus evitavam guerrear entre si, preferindo resolver suas disputas por meio de acordos diplomáticos e alianças. Embora evitassem o confronto direto, o clima de tensão entre essas potências era muito grande. O forte nacionalismo, nesse período, aflorava antigos ressentimentos e instigava a rivalidade entre os países envolvidos. A Alemanha, que iniciara tardiamente seu processo de industrialização e a corrida imperialista, ansiava ampliar seu império colonial, sentindo-se insatisfeita com o que lhes fora atribuído na partilha dos territórios da África e Ásia. Em situação muito semelhante, estava a Itália. É importante lembrar que a configuração geopolítica da Europa, naquele período, não é a mesma de hoje. Na região dos Bálcãs, viviam vários povos europeus sob o domínio do Império Turco Otomano. Influenciados pelo sentimento nacionalista, com o auxílio da Rússia, iniciou-se a mobilização contra o domínio turco. Em 1908, a Bósnia-Herzegovina foi anexada, oficialmente, ao Império Austro-Húngaro. A medida reacendeu o nacionalismo dos povos da península. Os sérvios – interessados no território – foram os principais opositores da anexação.

O estopim da Guerra As rivalidades foram intensificadas em 28 de junho de 1914, quando o arquiduque Francisco Ferdinando - herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro - e sua esposa, em visita à cidade de Sarajevo, na Bósnia, foram assassinados por um estudante bósnio simpatizante da Sérvia. Esse atentado foi o estopim para o início da guerra. Um mês depois, o governo do Império Austro-húngaro, tendo o apoio alemão, parceiro da Tríplice Aliança, declarou guerra à Sérvia. Fiéis à sua aliança com a Áustria, os alemães declararam guerra aos russos e franceses, que integravam a Tríplice Entente, juntamente com os ingleses. No dia 4 de agosto, o governo da Inglaterra juntou-se a seus parceiros da Entente e entrou no conflito contra austro-húngaros e alemães.

Fonte: Wikimedia Commons

Rapidamente, outros povos entraram no conflito, principalmente por interesses territoriais. Formaram-se então dois blocos: a Tríplice Aliança, composta pela Alemanha, Império Autro-Húngaro e Itália; e a Tríplice Entente, composta pela Inglaterra, França e Rússia. Outros países também manifestaram apoio ao conflito. Um deles foi o Brasil, aliando-se ao bloco da Tríplice Entente. Figura 01 - Infantaria alemã posicionada em trincheiras, em Champagne, França - 1917.

573


História

#DicaCine Hisóri Veja o filme Feliz Natal (2005), de Cristian Carion.

O desenrolar da guerra e seu fim O conflito durou quatro anos e envolveu muitos países. Todos os avanços tecnológicos da indústria bélica foram utilizados. Outros equipamentos sofisticados foram desenvolvidos no decorrer da guerra e, além de armas de fogo, utilizaram-se armas químicas. Com isso, passou-se a considerar uma guerra total. A Primeira Guerra Mundial, muitas vezes, é conhecida como guerra de trincheiras, porque ela passou de um confronto direto entre as tropas para um confronto de soldados entrincheirados. Ali, os combatentes mantinham fogo permanente contra o inimigo e se defrontavam com novas adversidades: lama, frio, ratos e diversas doenças. Com a entrada dos Estados Unidos no conflito, em favor da Tríplice Entente, rapidamente os aliados tiveram êxito, obrigando os adversários a recuar. Em 11 de novembro de 1918, tinha fim a Primeira Guerra Mundial, com a saída da Alemanha - último país a se render no conflito.

Acordos de paz Após o término dos combates, tiveram início os acordos diplomáticos, que visavam definir o novo mapa europeu e os termos da paz mundial. O principal dentre esses acordos foi o Tratado de Versalhes, firmado em junho de 1919.

B16  Primeira Guerra Mundial

Figura 01 - Soldados turcos reunindo o armamento.

574

Os acordos de paz alteraram profundamente as configurações geopolíticas da Europa naquele momento: o território do Império Austro-Húngaro deu origem a três novos países – Áustria, Hungria e Tchecoslováquia; o Império Turco Otomano deu origem à Turquia e parte do seu território passou ao controle dos franceses e ingleses; a Alemanha foi o país mais prejudicado - foi obrigada a devolver os territórios da Alsácia e Lorena à França, perderam suas colônias, suas forças armadas foram restringidas e seu governo teve de pagar uma alta indenização aos países vitoriosos. Após a imposição dessas medidas, o presidente norte-americano propôs a criação da Liga das Nações. Essa liga era uma associação de vários países com sede em Genebra, na Suíça, destinada a garantir a paz e a segurança mundial. O desenrolar da Primeira Guerra Mundial e as sansões impostas foram responsáveis pela ruína da economia alemã. Já para os norte-americanos, a guerra trouxe muitos benefícios, pois obtiveram lucros altíssimos no período de neutralidade, vendendo armas e suprimentos aos países envolvidos, além de fornecer e empréstimos. Assim, os Estados Unidos terminaram o conflito como uma grande potência mundial, ocupando o lugar da Inglaterra.

Fonte: Wikimedia Commons

Sinopse: filme embasado em fatos reais, que retrata o Natal de 1914. Em meio à Primeira Guerra Mundial, o clima é de tensão entre os soldados. Mas, o inesperado acontece. Na noite em que é celebrado o nascimento de Jesus, ocorre um cessar-fogo e os combatentes deixam as trincheiras para celebrar a data junto às suas famílias.


E 0 C

Ciências Humanas e suas Tecnologias

“ e d n v m s t

Exercícios de Fixação

(Marc Ferro. Histórias das colonizações, 1996. Adaptado.)

O excerto alude a) à crise da política colonialista de Portugal e Espanha, marcada pelo liberalismo, diante do triunfo de práticas mercantilistas. b) ao pioneirismo industrial da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, financiado pelos lucros do monopólio sobre suas colônias sul-americanas. c) ao imperialismo britânico e estadunidense na América Latina, baseado nas relações mercantis e na intervenção militar. d) à política de boa vizinhança estadunidense, responsável por sua hegemonia econômica na América Latina em prejuízo dos países ibéricos. e) ao processo de emancipação das Américas Espanhola e Portuguesa, com a intervenção militar britânica e estadunidense no continente. 02. (UnB DF) A corrida imperialista, a partir da segunda metade do século XIX: 00. Acirrou as disputas entre as principais potências industrializadas, em muito contribuindo para a eclosão da Primeira Guerra Mundial. 01. Deu ao capitalismo uma dimensão universal, incorporando-lhe todas as regiões do mundo na busca de mercados produtor e consumidor e de áreas de investimento. 02. Corresponde a um crescente processo de concentração de empresas e de capitais – o Capitalismo Monopolista. 03. Possibilitou a utilização, na América Latina, dos mesmos mecanismos de exploração colonial que recaíram sobre a África. 04. Foi também protagonizada por expoentes situados fora da Europa, como os exemplos do Japão e dos Estados Unidos. 03. (Unirio RJ) “A partir de 1880, aproximadamente, uma série de mudanças relativamente importantes começam a dar à expansão colonial da Europa uma fisionomia nova.” (René Remond - O Século XIX)

Dentre os fatores que geraram o imperialismo, na segunda metade do século XIX, identificamos a

a) necessidade de desenvolvimento de novos mercados produtores de manufaturados nas áreas periféricas da África. b) preocupação inglesa de fortalecer os movimentos populares de liberação nacional das regiões asiáticas. c) redução acentuada da população europeia, que ameaçava a eficácia produtiva de suas indústrias. d) busca de novas regiões fornecedoras de matérias-primas e consumidoras de manufaturados dos países industrializados. e) Consolidação dos ideais democráticos baseados nos princípios de soberania nacional e autogoverno dos povos. 04. (UFOP) Leia o texto abaixo: “O imperialismo (…) dá ao mundo inteiro a sua própria imagem e arrasta todas as colônias, todas as raças, todas as pessoas para o interior da esfera de exploração financeira do capitalismo. Ao mesmo tempo, a forma monopolista do capital desenvolve cada vez mais os elementos da degeneração e degradação parasitária (…) o imperialismo empilha riquezas incalculáveis com os imensos superlucros que espreme dos milhões de operários e camponeses das Colônias.” (Discurso de Bukharin na Terceira Internacional, em 1928)

Com relação ao processo imperialista, desencadeado a partir da final do século XIX, é correto afirmar, exceto: a) Desde o princípio, as empresas capitalistas voltaram-se para terras estrangeiras em busca de mercados e/ou de matérias-primas. b) Significou a interferência política mais aberta, inclusive com o recurso à força militar nas nações mais pobres. c) Promoveu a repartição das terras e populações mais pobres do globo em zonas de influência e domínio das nações europeias e dos Estados Unidos. d) Permitiu a emergência de enormes corporações multinacionais como principal responsável pela transferência de capitais gerados num país para outros. e) Resultado da doutrina Monroe (A América para os Americanos), o movimento imperialista sobre a América Latina foi contido pela ação política eficaz dos Estados Unidos. 05. (Unicamp SP) Ao exaltar o imperialismo inglês, Rudyard Kipling escreveu em um de seus poemas: “Aceitai o fardo do homem branco, Enviei os melhores dos vossos filhos, Condenai vossos filhos ao exílio, Para que sejam os servidores de seus cativos.” a) Como esses versos de Kipling explicam o imperialismo inglês? b) Quais as áreas mais cobiçadas pelo imperialismo inglês e por quê?

Questão 05. a) Os poemas de Kipling traduzem concepções teóricas que, fundadas no darwinismo social, procuravam justificar ideologicamente a dominação imperialista, afirmando a superioridade do homem branco europeu sobre os negros, amarelos e mestiços, considerados raças inferiores. Assim, o branco europeu, segundo Kipling, acreditava ter a missão de levar aos “inferiores” a civilização que, basicamente, constituía-se de sua alfabetização, hábitos higiênicos e evangelização. b) África, Ásia, Austrália e América Latina foram as principais regiões cobiçadas pelo imperialismo inglês. De maneira geral, os ingleses nelas aplicavam os seus excedentes de capitais, financiando as principais atividades produtivas. Ainda tinham como objetivo dominar o seu consumidor de produtos industrializados e fornecedor de matérias-primas, bem como os pontos estratégicos para a navegação e colônias de matérias-primas, bem como os pontos estratégicos para a navegação e colônias de povoamento para atender a sua população.

575

B16  Primeira Guerra Mundial

01. (Famema SP) No século XIX, o movimento mais amplo é a Revolução Industrial, cuja força motora é a Grã-Bretanha, que passa a ocupar, sem o menor esforço, o lugar da Espanha e de Portugal na América do Sul, tanto para escoar seus produtos industriais como para controlar os circuitos comerciais. Os novos Estados endividam-se para comprar as maravilhas da indústria inglesa e os ingleses contentam-se em fazer negócios. Em Cuba, as companhias norte-americanas apropriam-se das terras açucareiras. Pouco depois, as planícies da América Central são atacadas: está nascendo o império bananeiro, controlado por Boston.


o, na

incí-

História

uma

matéaíses

Exercícios Complementares

s de

01. (Gama Filho RJ) O Imperialismo, na segunda metade do século XIX, representou a superação da primeira etapa da Revolução Industrial. A partir de 1870, nos países que consolidaram a segunda etapa da Revolução Industrial, o capitalismo caracterizou-se por ser a) comercial. b) escravista. c) financeiro. d) industrial. e) mercantil.

ares

XIX,

.

s de mos,

colô-

B16  Primeira Guerra Mundial

02. (ACAFE) Sobre a Primeira Grande Guerra, conflito que colocou em prática as hostilidades já latentes desde o neocolonialismo do século XIX, a alternativa FALSA é: a) Combatendo militarmente, desde o início da guerra, as tropas norte-americanas foram decisivas para acelerar a derrota alemã e o fim da guerra. b) A Inglaterra, França e Rússia formaram a Tríplice Entente, enquanto a Alemanha e seus aliados formavam o bloco da Tríplice Aliança. c) A Revolução Socialista que acontecia em seu território, fez com que a Rússia assinasse um acordo de paz com a Alemanha e se retirasse do conflito. d) A Alemanha, derrotada, foi obrigada a assinar o Tratado de Versalhes que lhe impôs condições bastante desvantajosas. e) Um dos grandes beneficiados deste conflito foram os EUA que tiveram um crescimento econômico muito rápido, no pós-guerra. 03. (UFG GO) Após a crise da sociedade liberal, no final do século XIX, a economia capitalista reorganiza-se e inicia um novo estágio de crescimento. As potências industriais, sobretudo os EUA e as nações europeias ocidentais, iniciam uma expansão de caráter global, que fica conhecida na História como corrida imperialista. Esse surto expansionista termina por dividir política, econômica e geograficamente os continentes asiático, africano e americano. Sobre o capitalismo imperialista, pode-se afirmar que: 01. Nessa fase da economia capitalista, a empresa individual tende a ser substituída pelas sociedades anônimas que administram conglomerados transnacionais ou multinacionais: o Estado volta a intervir na economia, recriando o protecionismo, e o mercado passa a ser dominado por oligopólios. 02. Os países europeus de industrialização tardia (Itália e Alemanha) chegam atrasados à partilha colonial e procuram, por meio do comércio, da diplomacia ou da guerra aberta, um espaço no mundo já dividido entre as grandes potências.

576

03. O surto expansionista do grande capital, a partir de 1870, vinculado à chamada Segunda Revolução Industrial, é dinamizado pelo uso de novas fontes de energia. 04. O término da Primeira Guerra Mundial marca o fim da dominação colonial das potências imperialistas e a libertação dos povos da Ásia e África. 04. (UFPEL) Em 1997, ocorreu a devolução de Hong Kong pela Inglaterra ao governo chinês. A Inglaterra havia tomado aquele território da China por ocasião da: a) Insurreição dos Taipingues (1845-1860), iniciada após a prisão de chineses que traficavam ópio para a Inglaterra. b) Guerra do Ópio (1839-1842), que eclodiu com a destruição, por parte do governo chinês, de cargas de ópio trazidas pelos comerciantes ingleses. c) Guerra dos Cipaios (1857-1859), devida ao rompimento do Tratado de Nanquim, pela China, que havia voltado a produzir o ópio. d) Insurreição dos Boxers (1898-1901), quando os chineses faziam de Hong Kong um centro de exportação de ópio para a Europa. e) Revolução Chinesa (1949), que se expandiu até a Índia, onde os chineses passaram a produzir o ópio para o mercado europeu. 05. (UFMA) São características do processo de partilha da África pelos países imperialistas europeus em fins do século XIX, EXCETO: a) A formação da Tríplice Aliança (reunindo a Alemanha, a Áustria-Hungria e a Itália) e da Tríplice Entente (formada pela aliança Franco-Russa, Franco-Inglesa e Anglo-Russa), desencadeando as ações e ocupações no território africano. b) A expansão da penetração francesa na Argélia, resultando em vários conflitos com os interesses ingleses no Egito, com os italianos na Tunísia e também com os interesses alemães no Marrocos. c) Na África os setores da produção econômica, como resultante da ação imperialista, passam a ser monopolizados pelos europeus, voltando a economia local para a exportação. d) As “plantations” monocultoras, de propriedade de europeus, mas com o trabalho de africanos, foram altamente destrutivas para as sociedades locais, marcadas que eram pelos baixíssimos salários, racismo, apartheid, etc. e) A Conferência de Berlim de 1884-1885, reunida pelo primeiro-ministro Bismarck, funcionou como um marco decisivo no processo, pois ali se tramou a ocupação efetiva dos territórios africanos pelas potências europeias.


FRENTE

B

HISTÓRIA

Exercícios de Aprofundamento 01. (UEM PR) Em 2016, completam-se cem anos do fim da Guerra

03. (PUC Campinas SP) O Modernismo de 22 caracterizou-se, de

do Contestado, que ocorreu no Sul do Brasil. Sobre esse conflito, é correto afirmar que:

fato, por algumas contradições, entre as quais a que o texto

01. Foi uma guerrilha inspirada nas ideias de Che Guevara e Régis Debray (os mentores das chamadas guerrilhas foquis-

a) Os mentores modernistas promoveram ideais estéticos para

tas) para implantar a revolução camponesa no Paraná.

b) Uma economia voltada para a industrialização propiciou o

02. Um dos pontos motivadores do conflito foi a descoberta de ouro e diamantes na região, que levou milhares de camponeses do Sul do Brasil a migrarem para lá em busca de riqueza e de uma vida melhor. 04. A Guerra do Contestado ocorreu na divisa dos estados do

aponta: agradar burgueses e aristocratas. desenvolvimento da produção rural. c) Membros da aristocracia paulista renunciaram a seu gosto estético em nome da arte popular. d) Membros da recém-formada burguesia impuseram seu gosto estético aos aristocratas.

Paraná e Santa Catarina, entre 1912 e 1916, e ceifou a vida de milhares de camponeses que participaram do conflito.

e) Um setor da economia rural estimulou um movimento cul-

08. O movimento teve como importante liderança o beato José Maria, que falava na formação de uma monarquia celestial e prometia o retorno do rei D. Sebastião para fazer justiça

04. (PUC Campinas SP) Um pequeno grupo dos intelectuais identi-

em favor dos pobres e dos oprimidos. 16. Com o fim da Guerra do Contestado, o Paraná criou o Ter-

do movimento integralista. Entre as principais características

ritório Federal do Iguaçu (oeste do Estado) para abrigar os camponeses expulsos da região conflagrada.

a) a inspiração no nazifascismo, do qual emprestaram o discur-

tural de raiz urbana e moderna.

ficados ao movimento modernista participou, posteriormente, do Integralismo, podemos destacar so arianista e xenófobo.

02. (IFPE) A República Oligárquica (1894-1930) foi marcada no Brasil pelo controle político exercido sobre o governo federal, pela oligarquia cafeeira paulista e pela elite rural mineira, na conhecida “política do café com leite”. Foi nesse período, ainda, que se desenvolveu mais fortemente o coronelismo, garantindo po-

b) a defesa do unipartidarismo e a adoção de uma postura ul-

der político regional às diversas elites locais do país. Nesse período de domínio dos fazendeiros, ocorreram conflitos sociais, entre os quais destacamos: a) a Revolta de Juazeiro (1911), em que o Padre Cícero liderou jagunços e cangaceiros contra os coronéis que cometiam abusos contra os camponeses no sertão do Ceará. b) a Revolta da Vacina (1903), que envolveu somente a elite carioca, rebelada por causa da obrigatoriedade da vacina, decretada pelo Ministro Osvaldo Cruz. c) a Revolta da Chibata (1910), que envolveu oficiais do Exército, os quais se negavam a continuar castigando seus subordinados com chicotes e prisões desnecessárias. d) a Guerra de Canudos (1897), um conflito marcado pelo fanatismo messiânico, que também envolvia questões relativas à miséria dos camponeses do interior do Nordeste. e) a Revolta dos 18 do Forte (1922), em que os camponeses atacaram o forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, exigindo que o governo decretasse a reforma agrária.

d) o apoio aos sindicatos e a idealização do estilo de vida comu-

tranacionalista. c) a identificação com o catolicismo combinado à proposta de reforma agrária e outras estratégias socialistas de distribuição de riqueza. nitário indígena, simbolizada no termo tupi “Anauê”. e) a proposta de moralização da sociedade e a defesa do lema “Deus, Pão e Terra”. 05. (UFU MG) O trecho abaixo é a tradução de um fragmento de diálogo entre Demetrio e Luis Cervantes, personagens da obra literária Los de Abajo, de Mariano Azuela, que tem a Revolução Mexicana como tema. Demetrio - Olha, antes da revolução tinha eu até minha terra pronta para semear e, se não houvesse o choque com don Mônico, o cacique de Moyahua, a estas horas andaria eu com muita pressa, preparando a terra para o plantio [...] Tinha minha casa, minhas vacas [...], ou seja, nada me faltava. Luis Cervantes - [...] se acaba a revolução, acabou tudo. Lástima de tanta vida segada, de tantas viúvas e órfãos, de tanto sangue vertido! Tudo, para quê? Para que uns quantos velhacos se enriqueçam e tudo fique igual ou pior que 577


História

antes. Você é desprendido, e disse: ‘Eu não ambiciono mais

d) A Igreja Católica Oficial defendia a participação popular no

que voltar a minha terra.’ [...] Enquanto você anda por aqui

exercício político, com garantias de representatividade de

por don Mônico, o cacique, você se levantou contra o caci-

todos os segmentos sociais, e o fim do clientelismo político.

quismo que assola toda a nação. [...] Não lutamos [...] senão contra a tirania mesma. Isso é o que se chama lutar por princípios, ter ideais. Por eles lutam Villa, Natera, Carranza; por

07. (FURG) A respeito do imperialismo são feitas 6 afirmativas. I.

isto nós estamos lutando.

matérias-primas foram alguns dos fatores que levaram à

AZUELA, Mariano. Los de Abajo. Edición crítica de Jorge Ruffinelli (Coord.). Espanha: LLCA XX / Brasil: Scipione Cultural, 1997. p. 42-43.

Sobre a Revolução Mexicana, considere os trechos acima e

II.

pelos chefes políticos locais (caciquismo) que usavam esse

III.

bém atuaram em regiões da América e da Europa Meridional e Centro-Oriental, embora não exercendo um

tituído o voto secreto para eleição de prefeitos e câmaras municipais. IV.

ferem-se às ideias socialistas que Emiliano Zapata e Pancho Villa tentavam implantar no México, reproduzindo uma aliança operário-camponesa inspirada no marxismo. c) Sob as lideranças de Emiliano Zapata, no Sul, e Pancho Villa,

V.

no Norte, a luta camponesa foi, paulatinamente, constituindo um movimento revolucionário de cunho popular, que reivindicava a reforma agrária e o fim do latifúndio, do caciquismo e da servidão a que eram submetidos os camponeses. d) A Revolução Mexicana foi um conjunto de movimentos revolucionários populares e burgueses, unificados sob uma direção comum. Essa direção conduziu a luta contra as oligarquias e o imperialismo norte-americano após a queda de Porfírio Díaz. 06. (Unimontes MG) A Revolução Mexicana abre a era das revoluções do século XX e atravessa toda a década de 1910 contando com a atuação dos mais diferentes grupos sociais. (www.historia.uff.br)

Assinale a alternativa que apresenta uma articulação CORRETA entre o grupo social e suas demandas no processo revolucioFRENTE B  Exercícios de Aprofundamento

nário do México. a) Os camponeses buscavam garantir medidas de desapropriação de terras e um projeto de reforma agrária a ser implantado com eficiência em todo o território nacional. b) Os comerciantes locais reivindicavam a fixação de taxas de importação em valores acima de 40%, de forma a impedir o afluxo de produtos estrangeiros, especialmente os oriundos dos Estados Unidos. c) Os latifundiários defendiam a manutenção do governo de Porfírio Diaz, a ação política e militar de Villa e Zappata e a organização de eleições livres em todos os níveis.

578

mar a expansão colonial. A Ásia, a África e a Oceania foram os alvos preferenciais do imperialismo; porém, as potências imperialistas tam-

poder para explorar os camponeses foi extinto, sendo ins-

b) Os princípios e ideais mencionados por Luís Cervantes re-

corrida imperialista. O racismo e o darwinismo social foram alguns dos argumentos utilizados pelos países imperialistas para legiti-

marque a alternativa correta. a) Com a vitória das forças camponesas, o controle exercido

A constante busca por mercados para colocação de bens industrializados, investimento de capitais e obtenção de

predomínio político e colonial direto. Algumas das modalidades de domínio empregadas na época da expansão imperialista foram as colônias propriamente ditas, os protetorados, as zonas de influência e as colônias estratégicas. As disputas por melhores porções na partilha do mundo colonizado levaram à deflagração das Primeira e Segunda Guerras Mundiais, conflitos eminentemente interimperialistas.

VI.

O imperialismo viria a produzir profundas consequências junto às sociedades colonizadas, trazendo a atrofia no desenvolvimento econômico, as distorções sociais e a pobreza endêmica como algumas de suas heranças. Quais afirmativas estão corretas? a) Nenhuma. b) Apenas I, II, III e IV. c) Apenas I, IV, V e VI. d) Apenas II, III, V e VI. e) Todas. 08. (Unesp SP) Com a publicação do livro do economista inglês Hobson, Imperialismo, um estudo, em 1902, difundiu-se o significado moderno da expressão “imperialismo”, que passou a ser entendido como a) Um esforço despendido pelas economias centrais, no sentido de promover as economias periféricas. b) A condição prévia e necessária ao incremento do desenvolvimento industrial nos países capitalistas. c) Um acordo entre as potências capitalistas, visando dividir, de forma pacífica, os mercados mundiais. d) A expansão econômica e política em escala mundial das economias capitalistas na fase monopolista. e) O “fardo do homem branco”, um empreendimento europeu, procurando expandir a civilização na África.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

a alternativa CORRETA: COLUNA 1 1. Liberalismo 2. Comunismo 3. Anarquismo 4. Capitalismo 5. Imperialismo COLUNA 2 ( ) “Conjunto de doutrinas que defende a organização de uma sociedade sem nenhuma forma de autoridade imposta. Considera o Estado uma força coercitiva que impede os indivíduos de usufruir liberdade plena”. ( ) “Política de expansão de poder ou dominação de um Estado ou sistema político sobre outros. Realiza-se pela conquista ou anexação de territórios, pelo estabelecimento de protetorados e pelo controle de mercados ou monopólios. Envolve sempre o uso da força e tem como consequência a exploração econômica, em prejuízo dos Estados ou povos subjugados”. a) 1 − 2 b) 2 − 5 c) 3 − 4 d) 3 − 5 e) 2 − 4

O documento, divulgado no início de 1994 pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional, refere-se, entre outros processos históricos, à a) luta de independência contra a Espanha, no início do século XIX, que erradicou o trabalho livre indígena e fundou a primeira república na América. b) colonização francesa do território mexicano, entre os séculos XVI e XIX, que implantou o trabalho escravo indígena na mineração. c) reforma liberal, na metade do século XX, quando a Igreja Católica passou a controlar quase todo o território mexicano. d) guerra entre Estados Unidos e México, em meados do século XIX, em que o México perdeu quase metade de seu território. e) ditadura militar, no final do século XIX, que devolveu às comunidades indígenas do México as terras expropriadas e rompeu com o capitalismo internacional. 11. (UEL PR) Leia o texto a seguir. No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro: passou mais de seis anos não falando. Se o incitavam a falar, exclamava: – Ai que preguiça!... e não dizia mais nada. Quando era pra dormir trepava no macuru pequeninho sempre se esquecendo de mijar. Como a rede da mãe estava por debaixo do berço, o herói mijava quente na velha, espantando os mosquitos bem. Então adormecia sonhando palavras feias, imoralidades estrambólicas e dava patadas no ar. (Adaptado de: ANDRADE, M. Macunaíma. Rio de Janeiro: Agir, 2008. p.7.)

10. (Fuvest SP) Somos produto de 500 anos de luta: primeiro, con-

Enquanto produção cultural, o Modernismo procurava reco-

tra a escravidão, na Guerra de Independência contra a Espa-

nhecer as identidades que formavam o povo brasileiro. Assi-

nha, encabeçada pelos insurgentes; depois, para evitar sermos

nale a alternativa que apresenta, corretamente, a presença da

absorvidos pelo expansionismo norte-americano; em seguida,

temática indígena no movimento, tendo por modelo o roman-

para promulgar nossa Constituição e expulsar o Império Fran-

ce de Mário de Andrade.

cês de nosso solo; depois, a ditadura porfirista nos negou a

a) A utilização da temática indígena configurava um projeto

aplicação justa das leis de Reforma e o povo se rebelou criando

nacional de busca dos valores nativos para a formação da

seus próprios líderes; assim surgiram Villa e Zapata, homens

identidade brasileira, na época.

pobres como nós, a quem se negou a preparação mais elemen-

b) Como herói indígena, Macunaíma difere das representações

tar, para assim utilizar-nos como bucha de canhão e saquear

românticas, já que ele figura como um anti-herói, um perso-

as riquezas de nossa pátria, sem importar que estejamos mor-

nagem de ações valorosas, mas também vis.

rendo de fome e enfermidades curáveis, sem importar que

c) Macunaíma se insere no racismo corrente no início do sé-

não tenhamos nada, absolutamente nada, nem um teto digno,

culo XX, que via uma animalidade no indígena, considerado

nem terra, nem trabalho, nem saúde, nem alimentação, nem

coisa, e não gente.

educação, sem ter direito a eleger livre e democraticamente

d) O indígena foi considerado pelos modernistas como único

nossas autoridades, sem independência dos estrangeiros, sem paz nem justiça para nós e nossos filhos.

representante da identidade brasileira, pois sua cultura era

“Primeira declaração da Selva Lacandona” (janeiro de 1994), in Massimo di Felice e Cristoval Muñoz (orgs.). A revolução invencível. Subcomandante Marcos e Exército Zapatista de Libertação Nacional. Cartas e comunicados. São Paulo: Boitempo, 1998. Adaptado.

e) O trecho reafirma a característica histórico-antropológica do

vista como pura e sem interferência de outros povos. patriarcado brasileiro, que compreendia o indígena como um incivilizado puro e ingênuo.

579

FRENTE B  Exercícios de Aprofundamento

09. (UFLA) Numere a coluna 2 de acordo com a coluna 1 e indique


FRENTE

C


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HISTÓRIA Por falar nisso A Comissão Nacional da Verdade (CNV) foi criada por um decreto-lei, oficializado em 16 de maio de 2012. A função da CNV foi apurar as violações de Direitos Humanos ocorridas no Brasil entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988, incluindo a ditadura instaurada em 1964. A lei que estabeleceu a Comissão da Verdade, que existiu por um prazo máximo de dois anos, foi sancionada pela ex-Presidente da República Dilma Roussef. O foco principal foi averiguar os casos dos desaparecidos políticos. Até aquele momento, havia pelo menos 150 casos de opositores do regime militar que desapareceram após serem presos ou sequestrados por agentes de Estado. Não consta nenhum registro de prisão desses opositores em tribunais ou presídios. Os familiares ainda procuram esclarecimento sobre o paradeiro do corpo dessas vítimas. Em 2010, o Brasil foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), em ação movida por familiares de mortos e desaparecidos na Guerrilha do Araguaia - ação armada desencadeada pelo PC do B, entre 1972 e 1974, na região de Marabá, no Pará. A Comissão foi responsável por várias descobertas e importantes esclarecimentos. Foram expedidos novos atestados de óbito, como no caso do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, anulando a versão de suicídio. Também houve revelações importantes como as confissões de tortura no depoimento do coronel reformado do Exército, Paulo Magalhães. Ele confessou que torturou, matou, ocultou cadáveres de presos políticos e afirmou que tais práticas eram consentidas pela alta hierarquia das Forças Armadas. Uma das revelações mais significativas foi o método de ocultação dos corpos. Segundo o coronel reformado, primeiramente, eram retiradas as arcadas dentárias e os dedos das mãos dos mortos – partes usadas na identificação dos corpos, numa época em que ainda não havia teste de DNA. Em seguida, o corpo era preparado para ser atirado em rios ou mares. O ventre da vítima era retirado para impedir que o corpo inchasse e emergisse. Depois, ele era embalado com pedras de peso calculado para evitar que descesse ao fundo do rio ou flutuasse. A Comissão Nacional da Verdade levantou importantes dados, que foram registrados no seu relatório final, sobre o período do Regime Militar brasileiro. No entanto, por mais que o projeto tenha sido responsável por revelar vários fatos até então escondidos, não atingiu um de seus objetivos principais, que era encontrar os restos mortais dos “desaparecidos políticos”, para dar alguma explicação aos familiares. Uma reivindicação da sociedade civil também era a prisão pelos crimes de lesa-humanidade cometidos pelo aparato repressivo do regime. Entretanto, o acordo feito na Lei de Anistia perdoava os crimes tanto dos presos políticos, quanto dos envolvidos nas práticas de repressão. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas

C13 C14 C15 C16

Expansão do socialismo pelo Leste Europeu e a crise do socialismo real...........................582 Regime Militar: o governo Castelo Branco (1964-1967) e dos generais da linha-dura.......587 Regime Militar: os governos Geisel e Figueiredo e o processo de reabertura...................593 Regime Militar: cultura ........................................................................................................599


FRENTE

C

HISTÓRIA

MÓDULO C13

ASSUNTOS ABORDADOS n Expansão do socialismo pelo

Leste Europeu e a crise do socialismo real

n A dissolução do socialismo europeu

EXPANSÃO DO SOCIALISMO PELO LESTE EUROPEU E A CRISE DO SOCIALISMO REAL O primeiro país em que o socialismo perdurou por longos anos foi a Rússia. Ali a revolução bolchevique (ala comunista), datada de novembro de 1917, fez surgir a União Soviética. Por quase três décadas, o socialismo vigorava em um só país. Essa situação foi modificada após 1945, com o encerramento da Segunda Guerra Mundial. Terminado o combate, o mundo se veria polarizado em torno de dois blocos econômicos e ideológicos: capitalismo e socialismo, congregados entre Estados Unidos e União Soviética. Os países libertados do domínio nazista pelo exército russo, no Leste Europeu, adotaram o modelo soviético de socialismo burocrático de Estado, passando a integrar o bloco socialista. A própria Alemanha fora dividida pelo Muro de Berlin, separando o lado ocidental (capitalista) do lado oriental (socialista). A partir de então, o socialismo ganharia força em várias outras regiões do Globo. No clima da Guerra Fria, foram firmados alguns tratados de mútua assistência econômica e militar entre os países do Leste Europeu. Alguns deles foram: Pacto de Varsóvia – aliança militar formada em 1955 entre os países do bloco do Leste Europeu e o Conselho para Assistência Econômica Mútua (COMECON), fundado em 1949.

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Figura 01 - Ruínas do Muro de Berlim – Alemanha.

582


Ciências Humanas e suas Tecnologias

A dissolução do socialismo europeu Com o término da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética se afirmou como uma superpotência, disputando com os Estados Unidos a hegemonia mundial. Durante muitos anos, o governo soviético conseguira garantir direitos básicos à população, como acesso à educação e à saúde, além de promover avanços na indústria e na ciência. No entanto, a partir da década de 1970, o regime político burocrático e a economia estatal começaram a entrar em crise.

#DicaCine Hisóri Veja o filme A vida dos outros (2006), dirigido por Florian Henckel von Donnersmarck.

Em clima de intensa competição proporcionado pela Guerra Fria, a produção industrial soviética se desenvolvia em torno de metas irrealistas que nem sempre eram passíveis de serem alcançadas. Ao mesmo tempo, alguns campos industriais e científicos foram deixados de lado em detrimento do desenvolvimento em outras áreas, como a construção civil e a indústria bélica. Frequentemente, faltavam produtos de suprimentos básicos.

A insatisfação popular também crescia no Leste Europeu. Em 1980, trabalhadores de várias áreas protestavam contra as péssimas condições de trabalho e reivindicavam o direito de se organizar em sindicatos. Em pouco tempo, as reivindicações dos trabalhadores ganharam dimensão política: contra a censura, contra a falta de liberdade e a escassez de alimentos, pelo fim do sistema de partido único e pela liberdade de organização sindical. Em 1982, morreu o principal dirigente da União Soviética, Leonid Brejnev, após 18 anos no poder. Em 1985, ascendeu ao poder Mikhail Gorbachev, líder político russo que trouxe mudanças econômicas, políticas e sociais que mudariam a história mundial. Para tirar a União Soviética da crise, Gorbachev propôs um plano de governo que ficou conhecido como perestroika (reestruturação). Esse projeto pretendia a abertura da economia para a retomada do crescimento econômico. A fim de atingir esse objetivo, foram adotadas algumas medidas: n n

Fonte: Wikimedia Commons

n

Houve o corte dos recursos destinados à indústria bélica, firmando-se acordos de desmilitarização junto aos Estados Unidos. Foi realizada a privatização de empresas estatais, relegando ao mercado a responsabilidade de regular o preço dos bens e serviços. As multinacionais puderam se instalar no país, a bolsa de valores foi reaberta e muitas lojas privadas começaram a funcionar.

Sinopse: George Dreyman (Sebastian Kock), o maior dramaturgo da Alemanha Oriental, é considerado um cidadão perfeito para o país, já que não contesta nenhuma ação do governo, nem mesmo seu regime político. Embora Dreyman tenha essas qualidades, o ministro Bruno Hempf (Thomas Thieme) decide investigá-lo para ver se ele tem algo a esconder. Em meio à trama, Dreyman e sua namorada, a atriz Christa-Maria (Martina Gedeck), passam a ser vigiados 24 horas. O curioso é que o ministro Hempf se interessa por Christa-Maria e passa a chantageá-la, exigindo favores sexuais.

Figura 02 - Selo da União Soviética em apologia à Perestroika, com os dizeres: “A reestruturação é a confiança na criatividade viva das massas” – 1988.

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C13  Expansão do socialismo pelo Leste Europeu e a crise do socialismo real

A crise não afetava apenas a indústria de bens de consumo. As indústrias de base revelaram-se defasadas e ineficientes. No campo, as safras agrícolas já não garantiam o sustento da população, levando o governo a importar alimentos. Além disso, a corrupção se generalizava, envolvendo a máquina do governo e a do Partido Comunista, o único autorizado a atuar.


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Além disso, Gorbachev promoveu a abertura política por meio de um conjunto de medidas conhecido como glasnost (transparência): presos políticos foram libertados, aboliu-se a censura e foi instaurado o pluripartidarismo, que pôs fim ao monopólio do poder pelo Partido Comunista. Na esfera cultural, também houve avanços. Os trabalhos de escritores, cineastas, artistas plásticos, músicos e poetas, cujas obras haviam sido proibidas, foram liberados. Essas medidas surtiram efeito, ainda, nos países do Leste Europeu, pois Gorbachev também estimulou a abertura política e econômica nesses países, possibilitando a restituição de sua autonomia. Na maior parte dos casos, o processo de libertação foi pacífico. Seu marco principal foi a queda do Muro de Berlim, em 1989, acontecimento considerado símbolo do fim da Guerra Fria. As mudanças promovidas pelo Governo Gorbachev reabriram a Rússia para o mundo, mas também trouxeram diversos problemas para o país. O PIB (Produto Interno Bruto) caiu e a dívida externa dobrou, causando um aumento exponencial da inflação. Devido a isso, a popularidade do governo começou a cair. Em agosto de 1991, antigos dirigentes do Partido Comunista tentaram dar um golpe de Estado, contudo, sem sucesso. Um mês depois, as repúblicas bálticas - Letônia, Estônia e Lituânia – declararam-se independentes da União Soviética. Pouco antes do fim do ano, Gorbachev renunciou à Presidência e declarou extinta a União Soviética, que se fragmentou em 15 nações independentes, 20 repúblicas autônomas e oito regiões autônomas (cinco dessas localizadas no interior da Federação Russa). Muitos povos étnicos ainda hoje lutam pelo direito de constituírem Estados autônomos. Na Federação Russa, por exemplo, os habitantes da Chechênia ainda anseiam por sua independência.

Exercícios de Fixação C13  Expansão do socialismo pelo Leste Europeu e a crise do socialismo real

ápice

História

01. (UECE) Após o fim do conflito da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), emergiram como superpotências antagônicas os Estados Unidos da América – EUA – e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS –, ambas vitoriosas sobre o eixo. A disputa entre os EUA, representante do mundo capitalista e a URSS, líder do bloco socialista, ia desde aspectos ideológicos, políticos e econômicos, até conflitos regionais em que cada superpotência apoiava um dos lados envolvidos como forma de afirmar sua superioridade. Essa época de enfrentamento durou até o início da década de 1990 quando a URSS passou por profundas transformações de ordem política e econômica. No que diz respeito à disputa entre os EUA e a URSS, nesse período da História do século XX, assinale a afirmação verdadeira. a) A disputa entre as duas superpotências foi chamada de guerra fria, pelo fato de não ter ocorrido nenhum conflito em que ambas tenham se envolvido, mesmo isoladamente.

584

b) Dentre as principais manifestações de disputa entre as potências capitalista e socialista, estavam a corrida armamentista nuclear e a corrida espacial. c) Na Guerra da Coreia (1950-1953), os EUA deram apoio ao governo marxista-leninista norte-coreano, liderado por Kim Il -Sung; hoje a Coreia do Norte é governada por seu filho, Kim Jong-il. d) O apoio soviético aos insurgentes muçulmanos, chamados de mujahidin, no Afeganistão, levou-os a derrubar o regime comunista no país. 02. (Unicentro) Na URSS, governada por Mikhail Gorbachev, foram implementadas reformas denominadas de Perestroika e Glasnost que vieram contribuir para o término do bloco socialista. Em relação a essas reformas, considere as afirmativas a seguir. I.

A Glasnost possibilitou a transparência dos atos governamentais.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

A Perestroika reestruturou e dinamizou o sistema econômico. III. A Perestroika aboliu a exigência do partido único comunista. IV. As reformas foram executadas pelo presidente Boris Yéltsin. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 03. (FMJ) 1) estabilizou o “equilíbrio de poder” internacional, deslocando as esferas de choque para a oposição entre os dois sistemas, conformando os conflitos e rivalidades da política mundial; 2) forjou um novo sistema internacional, cuja lógica articulou as relações entre as nações; 3) constitui-se num conflito ideológico que, propagando-se através da mídia, atingiu culturalmente a sociedade e sua conduta. (L. Lothar C. Hein. www.historia.uff.br.)

O fragmento faz referência a) à Guerra Fria. b) às origens da Primeira Guerra Mundial. c) ao entreguerras. d) ao avanço nazifascista. e) à Descolonização da África e da Ásia.

A partir do texto, pode-se afirmar que a queda do Muro de Berlim, em 1989, indica a) a falência do modelo socialista soviético em atender às demandas da população quanto à liberdade individual e ao consumo de bens e serviços. b) as grandes realizações do modelo socialista na saúde e educação, capazes de manter as massas distantes dos apelos do mundo do consumo de bens privados, próprios da economia capitalista. c) o resultado do cerco militar das potências capitalistas e, consequentemente, o esgotamento do sistema socialista de atender às demandas das populações dos países do Leste Europeu. d) o vigor do modelo socialista adotado pela Alemanha Oriental, o qual repetia o padrão soviético, porém era mais brando quanto à livre organização da sociedade e à liberdade de imprensa. e) a crise do capitalismo dos países da Europa Ocidental e dos Estados Unidos, com o esgotamento do Estado do Bem-Estar Social e a retração da sociedade de consumo. 05. (Unicentro) Leia o texto a seguir. Poetas, seresteiros, namorados, correi É chegada a hora de escrever e cantar Talvez as derradeiras noites de luar Momento histórico, Simples resultado Do desenvolvimento da ciência viva Afirmação do homem Normal, gradativa Sobre o universo natural Sei lá que mais

04. (UFSM)

Fonte: Disponível em:. Acesso em: 16 ago. 2013.

Em 9 de novembro é derrubado o Muro de Berlim. O governo [da Alemanha Oriental] não tinha condições de mantê-lo, a menos que partisse para uma repressão sangrenta. [...] Em apenas 3 dias, pelo menos 2 milhões de alemães-orientais passaram para Berlim Ocidental. [...] Já no lado ocidental, os alemães-orientais formavam filas enormes diante das discotecas e de lojas pornôs [...]. Embora não tivessem dinheiro suficiente para comprar, as pessoas olhavam tudo como se fosse um grande parque de diversões. Fonte: ARBEX JR., José. Revolução em 3 tempos: URSS, Alemanha, China. SP: Moderna, 1993. p. 54-56.

Ah, sim! Os místicos também Profetizando em tudo o fim do mundo E em tudo o início dos tempos do além Em cada consciência, Em todos os confins Da nova guerra ouvem-se os clarins. [...] (GIL, G., Lunik 9)

Esse texto faz uma evidente referência ao projeto soviético da conquista do espaço, uma vez que Lunik 9 foi a nave não tripulada que pousou na Lua em 6 de fevereiro de 1966. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, em qual contexto se insere esse evento da corrida aeroespacial. a) Guerra da Crimeia. d) Guerra Fria. b) Guerra do Vietnã. e) Guerra nas Estrelas. c) Guerra dos Mundos. 585

C13  Expansão do socialismo pelo Leste Europeu e a crise do socialismo real

II.


onsiomo deliosas e a m a os e puta os de spuona)

História

Exercícios Complementares 01. (IFS) Desde 1962, os Estados Unidos impõem a um determinado país o denominado embargo econômico, comercial e financeiro. Essa medida está em vigor até os dias atuais, tornando-se um dos mais duradouros embargos na história contemporânea. Que país sofre estes embargos? a) Síria. d) Iraque. b) Afeganistão. e) Coreia do Norte. c) Cuba.

C13  Expansão do socialismo pelo Leste Europeu e a crise do socialismo real

02. (UNAMA) Ao término da Segunda Guerra Mundial, uma nova potência toma lugar ao lado dos Estados Unidos, a União Soviética, que adota postulados socialistas. Este novo fato gera um conflito de amplas proporções, que se convencionou chamar “Guerra Fria”. A expressão “Guerra Fria” se fundamentava na seguinte premissa a) as duas potências emergidas, após a Segunda Guerra Mundial, ameaçavam constantemente o equilíbrio do mundo, devido às armas químicas e intimidavam, com esse poderio bélico, as demais nações. b) as duas nações, ainda durante o desenrolar da Segunda Guerra Mundial, realizaram testes atômicos, apresentando ao mundo seu potencial bélico, intensificando essas demonstrações após o término do conflito. c) havia a ameaça de uma guerra nuclear devido ao poderio bélico das duas nações, que evitavam se destruir, passando a se digladiar diplomaticamente e aumentar suas áreas de influência. d) era necessário que cada uma aumentasse suas áreas de influência, e para isso propagavam frequentemente, o mito da eminência de uma guerra nuclear que destruiria o mundo. 03. (UEA) Na década de 1970, a União Soviética começou a apresentar baixo dinamismo econômico e defasagem tecnológica em relação aos países capitalistas. Neste cenário, em 1985, Mikhail Gorbatchev iniciou reformas com o intuito de recolocar o país no mesmo patamar dos concorrentes ocidentais, com medidas que promoveram a) a criação da Comunidade dos Estados Independentes e a promoção da democracia. b) a implantação da ditadura do proletariado e a condenação dos líderes da resistência. c) a reestruturação da economia soviética e a abertura política da nação. d) a estatização dos meios de produção e a elaboração de planos quinquenais. e) a implantação do autoritarismo militar e o fechamento do Parlamento. 04. (Fuvest SP) Nunca, na história contemporânea mundial, como nesta virada de século e de milênio, a propriedade privada dos meios de produção em geral e da terra em particular foi tão forte e os ideais coletivos tão enfraquecidos.

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Essa situação pode ser atribuída a) à vigência cada vez mais ampla dos Direitos Humanos e do multiculturalismo étnico. b) às exigências da divisão internacional do trabalho e ao avanço da democracia social. c) à imposição da política econômica keynesiana e à adoção da terceira via ou política do possível. d) à vitória do capitalismo na guerra fria sobre o chamado socialismo real e à crise das utopias. e) à força cada vez maior das religiões e das Igrejas, favoráveis, por princípio, ao individualismo. 05. (PUC Campinas SP) “A abertura e depois a destruição do muro de Berlim e a reunificação acelerada imposta pelo chanceler Kohl foram surpreendentes: em apenas um ano resolveu-se a questão alemã (...). A experiência alemã também preocupa. Nas atuais circunstâncias, os riscos da reunificação se referem essencialmente à capacidade da Alemanha de superar a curto prazo o desnível entre as duas partes do país.” No período imediatamente posterior a 1989, a Alemanha unificada enfrentou sérios desafios pois, a) o nível de desenvolvimento e prosperidade das partes integradas (ex-Alemanha Oriental e ex-Alemanha Ocidental) é bastante desigual. b) a pressão da maioria socialista tem colocado em risco a estabilidade política interna. c) a despeito da unificação política já ter se concretizado, ainda não se conseguiu fazer a reunificação monetária em função dos altos custos que isso implica. d) sem o apoio do movimento neonazista não poderá manter-se como a terceira economia mundial. e) os postos de trabalho nas estatais estão garantidos apenas para os alemães do lado oriental. 06. (Uerj RJ) Em 25 de junho de 1950, tropas da Coreia do Norte ultrapassaram o Paralelo 38, que delimitava a fronteira com a Coreia do Sul. Com a aprovação do Conselho de Segurança da ONU, quinze países enviaram tropas em defesa da Coreia do Sul, comandadas pelo general norte-americano Douglas Mac Arthur. Após três anos de combate, foi assinado um armistício em 27 de julho de 1953, mantendo a divisão entre as Coreias. Adaptado de cpdoc.fgv.br.

O governo norte-coreano anunciou recentemente que não mais reconheceria o armistício assinado em 1953, o que trouxe novamente ao debate o episódio da Guerra da Coreia. O fator que explica a dimensão assumida por essa guerra na década de 1950 está apresentado em a) mundialização do acesso a fontes de energia. b) bipolaridade das relações políticas internacionais. c) hegemonia soviética em países do Terceiro Mundo. d) criação de multinacionais japonesas no extremo Oriente.


FRENTE

C

HISTÓRIA

MÓDULO C14

REGIME MILITAR: O GOVERNO CASTELO BRANCO E DOS GENERAIS DA LINHA-DURA (1964-1967) O governo de Castelo Branco (1964-1967) O autointitulado Supremo Comando Revolucionário, que assumiu o poder em

1964, decretou por meio do Ato Institucional nº 1 a eleição indireta de um novo Presidente da República, que deveria governar até 31 de janeiro de 1966. O presidente empossado foi o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, chefe do Estado-Maior do Exército, que teve seu mandato prorrogado até 15 de março de 1967. O AI-1 proporcionava também o fortalecimento dos poderes do presidente, possibilitando a suspensão dos direitos políticos de qualquer cidadão durante dez anos e a cassação de mandatos parlamentares.

ASSUNTOS ABORDADOS n Regime Militar: o governo Cas-

telo Branco e dos generais da linha-dura (1964-1967) n O governo de Castelo Branco (1964-1967) n O governo dos generais da linha-dura

A estratégia dos militares era clara. O grupo visava impor ao Congresso um candidato militar que, uma vez nomeado presidente, pudesse realizar a “limpeza” tão desejada pelas forças conservadoras (o que afetaria basicamente a esquerda) e devolvesse o poder aos civis em um prazo de pouco mais de um ano. A mudança teve início já nas primeiras horas após o sucesso do golpe, revelando-se, particularmente, intensa durante o período de “vazio político”, que se verificou até a posse do Marechal Castello Branco, em 11 de abril de 1964. Em dez dias, chefes militares locais agiram com quase total liberdade. Investigaram, prenderam sumariamente e, por vezes, torturaram líderes políticos de esquerda – especialmente do PTB, além de jornalistas, estudantes, intelectuais e outras pessoas consideradas subversivas.

Fonte: Wikimedia Commons

Quanto à política econômica, o governo Castello Branco buscou efetuar o ajuste das contas públicas e o controle da inflação, que chegava a 80% ao ano. A equipe econômica foi liderada pelos ministros da fazenda, Octávio Gouveia de Bulhões, e pelo ministro do planejamento, Roberto Campos, que realizaram profundas reformas na área fiscal e financeira, criando o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG). O diagnóstico da inflação feito pelos ministros do setor econômico tinha clara orientação monetarista. Essa orientação consistia em uma política econômica que defendia o aumento da moeda em circulação, da taxa de juros, da compra e venda de títulos públicos e depósitos compulsórios. Em relação às reformas estruturais, o governo promoveu diversas mudanças nos sistemas tributário, financeiro, trabalhista e previdenciário do País. As principais medidas foram:

Figura 01 - Golpe de Estado no Brasil, em 1964.

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História

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C14  Regime Militar: o governo Castelo Branco e dos generais da linha-dura (1964-1967)

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Criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS –, que retirou a estabilidade adquirida pelo trabalhador, após 10 anos de serviços prestados. A partir de então, o funcionário poderia ser demitido a qualquer momento, recebendo seu fundo de garantia proporcional. Certa porcentagem é descontada do salário do próprio trabalhador ao logo dos anos. Esse fundo funciona como uma espécie de poupança obrigatória. Unificação do sistema de Previdência, sob um regime geral, administrado pelo Governo Federal. Criação do Imposto sobre Serviço – ISS – arrecadado pela esfera municipal, do Imposto sobre Circulação de Mercadoria – ICM – de responsabilidade da esfera estadual e do Imposto sob Produtos Industrializados – IPI – recolhido pela esfera federal. Permissão do pagamento dos tributos por meio da rede bancária, o que facilitou a operação para os contribuintes e ajudou na fiscalização do pagamento e na ampliação da base tributária. Criação do Fundo de Participação de Estados e Municípios para garantir a distribuição de parte dos tributos arrecadados pela União.

Esse conjunto de medidas contribuiu para um aumento expressivo da arrecadação de impostos no País, que passou de 16% do PIB, em 1963, para 21% em 1967. A reforma do sistema financeiro baseava-se na legislação norte-americana, que criou o sistema de instituições especializadas, isto é, um tipo de instituição para cada tipo de atividade do setor. Os resultados dessa reforma foram: n n n n n n n

Os bancos comerciais; Os bancos de investimentos; O sistema financeiro da habitação; As sociedades de crédito, financiamento e investimento; As corretoras e distribuidoras de valores; O Conselho Monetário Nacional, órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional; O Banco Central do Brasil, com a função de executar a política monetária e supervisionar o sistema financeiro nacional, substituindo a antiga Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC).

O governo dos generais da linha-dura Governo Costa e Silva (1967-1969) O Marechal Costa e Silva foi o 27º Presidente do Brasil, no segundo do período da Ditadura Militar. Ele assumiu o Ministério da Guerra, depois do Golpe de 1964, reivindicando, posteriormente, a presidência da república. 588

Costa e Silva permaneceu na presidência entre 15 de março de 1967 e 31 de agosto de 1969. Durante esse tempo, adotou uma política econômica menos rígida que a do governo anterior, promovendo uma abertura de créditos a empresas, taxa flexível de câmbio para estimular o comércio exterior e reexame da política salarial. Essas ações resultaram na ativação da economia, ameaçada de recesso após três anos de esforço anti-inflacionário. O Plano Nacional de Comunicações modernizou essa área e a política de transportes foi dinamizada com a abertura e pavimentação de novas estradas, o início da construção da ponte Rio-Niterói e os primeiros estudos para aproveitamento das vias fluviais. Nesse período, o setor da educação foi fonte de inquietação estudantil, especialmente no Rio de Janeiro. Além disso, a situação política se agravou a partir de agosto, quando, às vésperas do dia da independência, o deputado Márcio Moreira Alves, da tribuna da Câmara dos Deputados, estimulou a população a não se solidarizar com as comemorações. Com isso, o marechal Costa e Silva pediu licença à Câmara para processar o deputado. Negado o processo, o governo tomou uma série de medidas restritivas, que culminaram com a outorga, em 13 de dezembro de 1968, do Ato Institucional nº 5. Este ato colocou o Congresso em recesso e atribuiu ao executivo poderes mais amplos, entre eles o de governar mediante decretos. A partir desse momento, houve, igualmente, o aumento da perseguição política e a generalização da tortura, culminando em uma série de “desaparecidos” políticos. Os corpos de muitas pessoas que foram assassinadas não foram encontrados nem mesmo após a instalação da Comissão Nacional da Verdade, como vimos anteriormente. Passado algum tempo, o marechal manifestou os primeiros sintomas de uma trombose cerebral e, no dia 31 de dezembro, os ministros militares − Rademaker, da Marinha; general Aurélio Lira Tavares, do Exército; e brigadeiro Márcio de Sousa e Melo, da Aeronáutica − comunicaram a Pedro Aleixo, o vice-presidente, que não havia condições para lhe entregar o governo. Organizados em junta militar, sob a presidência de Rademaker, os três ministros assumiram o poder, exercendo-o até 31 de outubro, quando o passaram ao general Emílio Garrastazu Médici. O marechal Costa e Silva faleceu no palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, em 17 de dezembro de 1969. O Governo Médici (1969-1974) e a ditadura total O general Emílio Garrastazu Médici governou até 15 de março de 1974. Do ponto de vista político, foram os anos


Ciências Humanas e suas Tecnologias

mais duros e violentos do governo militar, com o silenciamento total das oposições. Nesse contexto, qualquer manifestação contrária ao governo era considerada perigosa. Muitos cidadãos foram perseguidos, presos e banidos do País por diversos motivos políticos. Centenas de brasileiros sofreram torturas nas prisões, outros morreram ou estão “desaparecidos”, em circunstâncias não explicadas, quando se encontravam sob a guarda das autoridades para responder a interrogatórios. Os grupos de esquerda, que agiam na clandestinidade, sofreram a implacável investida dos órgãos de repressão até a sua desarticulação definitiva.

Fonte: Wikimedia Commons

C14  Regime Militar: o governo Castelo Branco e dos generais da linha-dura (1964-1967)

Depois do AI-5, não havia mais qualquer possibilidade de oposição legal ao governo. Nessa época, alguns grupos de esquerda decidiram iniciar uma luta armada contra o regime militar, em um movimento que ficou conhecido como guerrilha urbana. Fizeram parte desses movimentos, principalmente, estudantes, intelectuais e alguns militares.

Figura 02 - Homem sendo carregado em um pau-de-arara, durante um desfile militar, na década de 1970.

Baseando-se nas revoluções socialistas ocorridas na China, em Cuba e no Vietnã, a esquerda armada esperava contar com o apoio da população para derrotar o regime militar. Nesse sentido, organizaram ações espetaculares nas principais metrópoles brasileiras, como assaltos a bancos para conseguir recursos financeiros, sequestros de embaixadores para serem trocados por presos políticos, atentados contra autoridades e empresários. Nos anos 70, ocorreram ainda movimentos de guerrilha na região do Rio Araguaia e no Vale do Rio Ribeira (Estado de São Paulo). A guerrilha do Araguaia durou muitos anos, mas a nação não tomou conhecimento de sua existência devido à censura imposta aos meios de comunicação. Os principais grupos armados que atuaram, entre 1968 e meados dos anos 70, foram: Aliança Libertadora Nacional (ALN), Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Vanguarda Armada Revolucionária (VAR-Palmares) e outros.

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Fonte: Wikimedia Commons

História

Figura 03 - O monumento Tortura nunca mais, no Recife, foi o primeiro construído em homenagem aos mortos e desaparecidos políticos brasileiros. Ele apresenta um corpo nu dependurado, fazendo referência à tortura no pau-de-arara.

Fonte: Wikimedia Commons

C14  Regime Militar: o governo Castelo Branco e dos generais da linha-dura (1964-1967)

No governo Médici, a economia brasileira teve um grande crescimento. Foram os anos do “milagre econômico”, marcados pelo aumento das exportações agrícolas e pela expansão da indústria. O governo investiu em grandes projetos (construção de estradas e hidrelétricas) e estimulou a exploração econômica da Amazônia e da Região Centro-Oeste. A expansão da oferta de empregos e a prosperidade beneficiaram principalmente a classe média. Campanhas oficiais incentivavam o ufanismo utilizando slogans: “Ninguém mais segura este país” ou “Brasil, ame-o ou deixe-o”. No entanto, a euforia durou pouco. A partir de 1974, o ritmo de crescimento da economia brasileira começou a diminuir, retirando uma base de apoio importante do regime militar e abrindo o caminho para a crise.

Figura 04 - A Comissão Nacional da Verdade listou 421 mortos e desaparecidos na Ditadura Militar brasileira (1964-1985).

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Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios de Fixação

proclamava como uma revolução que retomou a democracia no Brasil, ameaçada pelo comunismo, pela corrupção e pela inflação. No entanto, os historiadores caminham para um entendimento de que o que aconteceu em 1964 foi um golpe de Estado de caráter “Civil-Militar”. Por quê? a) Contou com o apoio de toda a sociedade que saiu às ruas em marchas contra o comunismo e silenciou-se frente a tortura de militantes contrários à ditadura. b) Porque parte dos militares golpistas estavam na Reserva. c) Porque pretendia devolver o governo para os civis assim que o “inimigo interno” fosse vencido. d) Porque, como toda revolução, não pode ser feita sem a participação do povo, apoiando a tomada de poder. e) Porque setores do alto empresariado, associados a empresas internacionais, e grandes proprietários de terra financiaram e organizaram associações conspiratórias e desestabilizadoras durante o governo João Goulart e depois dele apoiaram o regime. 02. (UECE) Atente ao seguinte excerto: “[...] Várias figuras importantes tiveram seus direitos políticos cassados. Muitas prisões, apreensões e queima de livros considerados subversivos foram feitos pelos órgãos repressivos. Reformas na máquina administrativa e mudanças nas leis trabalhistas foram promovidas logo no início do governo Castelo Branco: as greves foram praticamente proibidas e os salários arrochados, isto é, mantidos em níveis bastante baixos”. Antônio Pedro e Lizânias de Souza Lima. História sempre presente. v. 3. 1ª ed. São Paulo, FTD, 2010. p. 280.

O momento da História Republicana do Brasil a que o excerto acima se refere é a) a implantação do Estado Novo, em 1937, quando o regime ditatorial se fez notar com todas as suas características. b) o início do período da Nova República, em 1985, marcado pela liberdade de mercado e pelo forte controle social por parte do Estado. c) o início do período dos Governos Militares instalados após o golpe de 1964 que depôs o Presidente João Goulart e que durou até 1985. d) o período posterior à morte do Presidente Getúlio Vargas, em 1954, quando as forças opositoras alcançaram o poder e impuseram sua política. 03. (IFPE) Em 1968, a ditadura militar instalada no Brasil, após o Golpe de 1964, impunha o Ato Institucional nº 5 (AI-5), intensificando a perseguição e a repressão do regime ditatorial no país, levando

a) à extinção dos partidos políticos. b) à garantia do livre exercício de manifestação pública de contestação ao regime. c) ao estabelecimento da eleição indireta para presidente da República. d) à instituição da censura, à suspenção dos direitos políticos e civis e à suspenção do direito a habeas corpus, contribuindo para a institucionalização da tortura como política de Estado. e) à supressão da eleição por voto popular nas esferas federais, estaduais e municipais. 04. (UFRGS) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, sobre os episódios relativos ao golpe civil-militar de 1964 e ao posterior regime ditatorial no Brasil. ( ) No dia 19 de março de 1964, foi realizada, em São Paulo, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, como resposta às reformas de base anunciadas pelo Presidente João Goulart. ( ) Após a mobilização das tropas do General Olímpio Mourão Filho, e seu deslocamento para o Rio de Janeiro, em 31 de março de 1964, o Congresso Nacional votou pela permanência de João Goulart na presidência. ( ) Durante o governo de Artur da Costa e Silva, implementou-se, em 13 de dezembro de 1968, o Ato Institucional nº.5, que fortaleceu a chamada “linha-dura” do regime militar com cassação de mandatos parlamentares e repressão aos movimentos sociais de resistência. ( ) Após a ampla participação popular no movimento das “Diretas Já”, a ditadura chegou ao fim em 1985, com as eleições diretas que elegeram para a presidência da república a chapa encabeçada por Tancredo Neves e José Sarney. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) V – V – V – F. b) V – V – F – V. c) V – F – V – F. d) F – V – V – F. e) F – F – F – V. 05. (Acafe SC) Em 1964, através de um golpe, os militares assumiram o controle político no Brasil. O primeiro presidente militar foi Castelo Branco, que governou de 1964 a 1967. Sobre o de governo Castelo Branco é correto afirmar, exceto. a) Criação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). b) Estabelecimento do bipartidarismo. c) Aprovação da Lei de Anistia Geral. d) Criação do Serviço Nacional de Informação (SNI).

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C14  Regime Militar: o governo Castelo Branco e dos generais da linha-dura (1964-1967)

01. (IFBA) A ditadura implantada desde 1964 até 1985 se auto-


História

Exercícios Complementares 01. (Uncisal AL) A ditadura no Brasil, até pelo longo período que durou, foi uma construção histórica. É impossível compreendê-la sem trazer à tona suas bases políticas e sociais - múltiplas e diferenciadas. A partir dos anos 1980, foram elaboradas, em nome da conciliação nacional, “versões e memórias apaziguadoras”, deixando de lado o debate acerca das bases sociais que sustentaram o regime. REIS FILHO, Daniel Aarão. Ditadura e democracia no Brasil: do golpe de 1964 à Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Zahar, 2014. p. 128 (Adaptado).

Considerando o debate historiográfico sobre o período de 1964 a 1985 no Brasil, assinale a alternativa correta. a) Foi um período marcado por presidentes advindos do exército brasileiro, como João Goulart e José Sarney. b) O início desse momento histórico foi marcado por uma série de manifestações (ou “marchas”) organizada principalmente por setores do clero, por entidades femininas e por políticos conservadores, intitulada Marcha da Família com Deus pela Liberdade. c) A economia desse período foi marcada por fortes depressão e flutuação cambial, frutos do capitalismo liberal implementado pelos presidentes militares. d) Esse período foi marcado por uma grande efervescên-

C14  Regime Militar: o governo Castelo Branco e dos generais da linha-dura (1964-1967)

cia cultural, como o movimento tropicália e o cinema novo, que foi fruto de políticas do Estado como o Ato Institucional 5. e) Foi um período em que a liberdade política prevaleceu, sendo marcado por uma multiplicidade de partidos políticos, como MDB, ARENA, PSOL, PT, PSDB. 02. (ESPM) Por outro lado, o governo liquidou um dos direitos mais valorizados pelos assalariados urbanos – a estabilidade no emprego após dez anos de serviço, garantida pela CLT. A fórmula surgiu com a criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), na prática em substituição à estabilidade. Ainda que a adesão ao fundo não fosse por lei obrigatória, ela tomou de fato esse caráter. Sem a opção pelo FGTS passou a ser impossível obter emprego. O fundo é constituído por importâncias recolhidas mensalmente, na forma de um depósito bancário em nome do trabalhador. Ele só poderia ser levantado em casos específicos, como dispensa injusta, compra de casa própria, casamento, aposentadoria. (Boris Fausto. História do Brasil)

A criação do FGTS ocorreu: a) no Estado Novo, sob a ditadura de Getúlio Vargas; b) no governo de Eurico Dutra;

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c) no governo de Juscelino Kubitschek; d) após o golpe de 1964, no governo do general Castelo Branco; e) após a redemocratização, no governo de José Sarney. 03. (Uni-FaceF SP) O projeto político da ditadura militar continha uma clara premissa: o povo brasileiro é despreparado para o exercício do governo. Daí a necessidade de uma elite ilustrada governar, guiando uma população inculta e incapaz de decidir sobre os rumos da nação. (Marcelo Torelly. “Somos todos constituintes”. Revista de História da Biblioteca Nacional, março de 2015.)

O trecho apresenta a) uma justificativa, usada pelos articuladores do golpe de 1964, para o estabelecimento de um regime ditatorial no Brasil. b) uma crítica à implantação da ditadura militar no Brasil, elaborada pelos militares que lideraram o golpe de 1964. c) uma avaliação positiva dos resultados obtidos pelos governos militares, instalados no Brasil a partir de 1964. d) uma discordância entre os militares moderados e os da linha-dura a respeito da participação popular no regime estruturado a partir de 1964. e) uma contestação dos movimentos de esquerda que combateram o regime militar, firmado a partir de 1964. 04. (UFRR) Quanto ao golpe de 1964 no Brasil, o qual deu início a uma ditadura civil-militar que durou 21 anos e em consonância com a Guerra Fria, pode-se dizer: a) O golpe derrubou o presidente João Goulart (Jango), a partir de uma coalizão conservadora composta por setores da igreja católica, imprensa corporativa e empresários, instituindo, a partir daí, um período de cerceamento das liberdades civis e de opinião, com práticas de tortura desaparecimento dos críticos e opositores do regime. b) Jango era membro do Partido Comunista do Brasil, tendo sido Ministro do Trabalho do segundo governo Vargas. c) Jango preocupava os conservadores porque condecorou o revolucionário cubano Ernesto Che Guevara e procurou estreitar laços com a URSS. d) Leonel Brizola, cunhado de Jango e político em ascensão, defendia a tese de renúncia patriótica para evitar uma guerra civil no Brasil; e) Jarbas Passarinho, Ministro de Estado do Governo Costa e Silva, em relação ao Ato Institucional Número Cinco, defendeu fortemente a democracia e se opôs àquela medida.


FRENTE

C

HISTÓRIA

MÓDULO C15

REGIME MILITAR: OS GOVERNOS GEISEL E FIGUEIREDO E O PROCESSO DE REABERTURA O Governo de Ernesto Geisel (1974-1979) O modelo econômico desenvolvido pelo regime militar já apresentava sinais de esgotamento: aumento da dívida externa devido à abertura irrestrita ao capital norte-americano, inflação, baixos salários. Apesar disso, o governo tentou manter a expansão econômica e os grandes projetos, como a construção da hidrelétrica de Itaipu, o lançamento do Programa Nacional do Álcool (ProÁlcool) e a assinatura do acordo para a construção de usinas nucleares no Brasil.

ASSUNTOS ABORDADOS n Regime Militar: os governos

Geisel e Figueiredo e o processo de reabertura

n O Governo de Ernesto Geisel (1974-1979) n O Governo de João Baptista Figueiredo (1979-1985)

Logo ao tomar posse, o presidente Geisel revelou sua intenção de promover a “abertura” do sistema político. “Distensão” e “abertura” eram termos usados para indicar as transformações que levariam o País à redemocratização. Segundo o presidente, o processo de retorno à democracia deveria ser lento, seguro e gradual, isto é, submetido ao seu controle governamental. Durante o governo Geisel, a oposição ao regime militar teve grande repercussão. Nas eleições legislativas de 1974 e 1978, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) obteve grandes vitórias, embora existissem limitações impostas pelas regras eleitorais daquela época. A defesa dos direitos humanos (em relação aos presos políticos), na campanha pela anistia e no movimento contra o custo de vida foi de responsabilidade da sociedade civil. Diversas entidades se destacaram nas campanhas de reivindicação por mais liberdade e justiça. Entre elas, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Igreja Católica. O movimento estudantil voltara a se manifestar, promovendo assembleias e passeatas. Os estudantes não limitaram suas reivindicações à área educacional, sendo também solidários com outras lideranças na luta contra o regime militar. Enquanto isso, alguns sindicatos se reorganizavam e ganhavam força. Em 1978, os operários da fábrica SAAB-Scania, em São Bernardo do Campo (SP), entraram em greve no dia 12 de maio. O movimento se estendeu a outras cidades do Estado e teve repercussão em todo o País, pois era a primeira vez, desde 1968, que uma greve de tal proporção ocorria.

O governo promoveu uma série de reformas políticas, porém com a finalidade de tentar frear o avanço da oposição. Em 1976, a Lei Falcão regulamentou a propaganda eleitoral pelo rádio e pela televisão, possibilitando, mas, ao mesmo tempo, limitando as propagandas dos candidatos de oposição. Era uma forma de impedir o debate político e novas vitórias do MDB.

Fonte: Wikimedia commons

Na mesma época, as forças mais conservadoras e radicais do regime de 64 mostraram claramente que não pretendiam permitir mudanças no sistema político. Em 25 de outubro de 1975, quando indiciado para depoimento, o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado em uma das dependências do Departamento de Operações e Informações − Centro de Operação e Defesa Interna (DOI-CODI), em São Paulo. O DOI-CODI centralizava todos os serviços de repressão político-social. Menos de três meses depois, em 17 de janeiro de 1976, era assassinado, no mesmo local, o operário Manuel Fiel Filho. Ambas as mortes foram justificadas como suicídio.

Figura 01 - Imagem do jornalista Vladimir Herzog, morto no DOI-CODI de São Paulo. A cena do crime fora forjada para alegar um suicídio. A fotografia não convenceu a população.

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História

Em 1977, o presidente fechou o Congresso e impôs um conjunto de leis que ficou conhecido como Pacote de Abril, determinando eleições indiretas para os governos dos Estados em 1978. Além disso, ampliou o mandato presidencial para seis anos, restringindo a representação política dos Estados onde a oposição era mais forte, criando a figura do “senador biônico”, que era nomeado pelo governo e não escolhido por meio de eleições diretas. De acordo com as novas regras, o governo conseguiu manter a maioria parlamentar, apesar de o MDB − partido de oposição − ter conseguido um número de votos superior aos da Arena, nas eleições de 1978. Antes do final de seu governo, Geisel suspendeu a censura prévia à imprensa, anulou atos de banimento de presos políticos e revogou o AI-5, mas manteve mecanismos legais que concentravam imensos poderes nas mãos do presidente. Seu sucessor foi o general João Baptista Figueiredo. O novo presidente foi eleito pelo Congresso com 355 votos, contra 260 obtidos pelo candidato da oposição, general Euler Bentes Monteiro.

O Governo de João Baptista Figueiredo (1979-1985)

C15  Regime Militar: os governos Geisel e Figueredo e o processo de reabertura

O general João Baptista Figueiredo assumiu a Presidência em 15 de março de 1979. Logo no início de seu governo, enfrentou os resultados do fim do “milagre econômico”. A taxa de crescimento do PIB caiu rapidamente, chegando a 4% em 1983. A crise econômica significava também o desemprego e a queda do poder aquisitivo dos salários, comprometidos pela inflação. Entre os anos de 1979 e 1981, vários movimentos grevistas foram realizados em todo o país, envolvendo milhares de trabalhadores de diversas categorias, que lutavam por melhores salários. No entanto, o governo federal reprimiu esses movimentos por meio de intervenção em sindicatos, destituição de suas diretorias e prisão de seus integrantes. Mas, em agosto de 1981, as lideranças sindicais se reuniram na primeira Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras (Conclat), buscando organizar o movimento sindical em âmbito nacional. Posteriormente, em 1983, foi criada a Central Única dos Trabalhadores (CUT) que, apesar de não ser reconhecida oficialmente, no início, representava uma grande parcela dos trabalhadores brasileiros.

#DicaCine Hisóri Veja o filme Zuzu Angel (2006), dirigido por Sérgio Rezende. Sinopse: filme brasileiro que conta a história de Zuzu Angel (Patrícia Pillar), uma estilista brasileira, mãe da jornalista Hildegard Angel (Regiane Alves) e do militante político Stuart Angel (Daniel de Oliveira). No fim dos anos 60, ele ingressou nas organizações clandestinas de combate à ditadura militar, sendo torturado e assassinado. Zuzu Angel também foi morta em um ato de represália: um acidente de carro forjado pelos militantes do exército ditatorial.

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A recessão econômica aumentava a insatisfação popular em relação ao sistema político. Com isso, o presidente Figueiredo prosseguiu com a política de “abertura”, deixando às claras suas intenções, logo no início do seu governo, e declarou: “Juro que farei deste país uma democracia”. Nessa época, foram dados os passos importantes nessa direção, mas sempre sob o controle do poder central. Em agosto de 1979, foi assinada a Lei da Anistia, suspendendo as penalidades impostas àqueles que fizeram oposição ao regime militar. Assim, foram libertados os últimos presos políticos e os exilados puderam voltar ao Brasil. Ampla e irrestrita, a Lei da Anistia garantiu, por outro lado, a absolvição e o esquecimento dos crimes cometidos pelos militares, com apoio de uma parcela da sociedade civil, contra os presos ou desaparecidos políticos.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Ainda em 1979, dando continuidade ao processo de “abertura” política, o governo extinguiu o bipartidarismo. Em substituição à Arena e ao MDB, organizaram-se cinco partidos: n n n n n

Partido Democrático Social (PDS), reunindo a maioria dos integrantes da antiga Arena; Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), sucessor do MDB; Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que reivindicava a herança do trabalhismo de Getúlio Vargas juntamente com o Partido Democrático Trabalhista (PDT); Partido dos Trabalhadores (PT), de tendência socialista, que reunia os setores ligados ao movimento sindical que se reorganizava desde 1978; Partido Popular, formado por dissidentes da Arena, que teve curta duração e integrou-se ao PMDB.

O problema era que o projeto de “abertura” do governo era considerado muito lento pelos movimentos sociais e pelos partidos que lutavam pela redemocratização. Entretanto, era temido pelas forças conservadoras, que se identificavam com o governo e estavam comprometidas com a continuidade do regime militar. Com isso, essas forças voltavam a atuar, realizando atentados contra bancas de jornais (que vendiam publicações consideradas “subversivas”), contra a sede da OAB e contra a Câmara Municipal, ambas do Rio de Janeiro.

Fonte: Wikimedia commons

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Na noite de 30 de abril de 1981, ocorreram duas explosões no Centro de Convenções Riocentro, no Rio de Janeiro, lugar em que milhares de pessoas assistiam a um espetáculo musical em comemoração ao dia 1º de maio. Uma explosão ocorreu na casa de força do Centro de Convenções, sem maiores consequências, e outra dentro de um carro, no estacionamento próximo ao local do espetáculo, causando a morte do sargento Rosário, supostamente um dos organizadores do atentado. O episódio desgastou muito a imagem do governo, especialmente a do general Golbery do Couto e Silva, então ministro da Casa Civil, e um dos ideólogos do Golpe de 1964, tendo que pedir demissão.

Figura 02 - Durante a tentativa de atentado no Centro de Convenções Riocentro, uma das bombas explodiu dentro do carro, causando a morte do sargento Rosário, um dos articuladores do ataque.

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História

O movimento Diretas Já Em meio a um cenário de insatisfações, a possibilidade de eleger um presidente civil após um longo ciclo militar estimulou a oposição. Além disso, grande parte da sociedade e dos meios de comunicação que eram a favor das eleições diretas foram mobilizados. Durante o ano de 1984, o Brasil assistiu a uma mobilização popular sem precedentes: em todas as cidades e capitais houve manifestações em repúdio às eleições indiretas, e exigiam o voto direto para presidente. A maior delas, realizada em São Paulo, reuniu aproximadamente 1,7 milhão de pessoas. Apesar disso, a emenda constitucional que restabelecia as eleições diretas foi reprovada pelo Congresso. O próximo presidente da república fora eleito pelo voto indireto. Tancredo Neves, do PMDB, representava uma aliança - a Frente Liberal - entre parte do PDS, liderada por José Sarney, e os partidos de oposição ao regime militar, exceto o partido dos trabalhadores (PT). A aliança formada por essas forças políticas formou a Aliança Democrática. Tancredo Neves, eleito pelo voto indireto, adoeceu no dia de sua posse, em 15 de março, e morreu em abril de 1985. O vice-presidente José Sarney, filho do regime anterior, assumiu o governo.

C15  Regime Militar: os governos Geisel e Figueredo e o processo de reabertura

Figura 03 - Em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, manifestantes exigem eleições diretas para a presidência da República.

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Em 1988, foi promulgada a nova Constituição, consagrando o regime presidencialista. Essa lei suprema afirmava cinco anos de mandato para o presidente e a independência dos poderes o que, na verdade, demonstrava uma clara vitória de Sarney e da conciliação conservadora. No entanto, os setores progressistas conseguiram acrescentar à nova Constituição alguns itens inovadores, que ajudavam a desenhar a nova cidadania democrática e participativa, em um país pouco habituado a essas premissas.

Fonte: Wikimedia commons

A sociedade, por meio dos movimentos sociais e pelos partidos mais progressistas, aumentou a pressão pela convocação da Assembleia Nacional Constituinte para substituir a Constituição de 1967, legada pelos militares. Mas a maioria dos deputados decidiu pela convocação do Congresso Constituinte, frustrando, outra vez, os anseios dos setores mais progressistas da sociedade, que vinham lutando desde meados dos anos 70 e pretendiam realizar uma eleição exclusiva para escolher seus representantes na elaboração da nova carta constitucional. Assim, em 1987, foi instalado o Congresso Constituinte, presidido pelo deputado Ulisses Guimarães, o “Senhor Diretas”.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios de Fixação

MOCELLIM, Renato. História. São Paulo: IBEP, 2004. p. 462.

Com esse ato, o general-presidente Ernesto Geisel legou a seu sucessor, o general-presidente João Batista Figueiredo, a possibilidade de a) aprovar por decreto a emenda constitucional Dante de Oliveira, que instituiu a volta das eleições diretas para presidente. b) revogar o processo de anistia “ampla, geral e irrestrita”, que permitia aos exilados políticos que voltassem ao Brasil. c) fortalecer a chamada “linha-dura” do regime, que não apoiava o processo de redemocratização do país. d) realizar uma abertura política, de maneira “lenta, gradual e segura”, encerrando o regime militar. 02. (Escs DF) O processo de abertura política efetivado pelo Governo do Presidente João Baptista Figueiredo (1979/1985) culminou com o fim da ditadura militar no país em 1985. Porém, o processo ficou caracterizado pela sua lentidão e um dos momentos mais esperados ocorreu com a aprovação da Lei de Anistia em 1979. A Lei de Anistia apresenta como característica fundamental a) o total perdão aos acusados de subversão pelo Regime Militar brasileiro. b) a punição dos militares que autorizaram e praticaram a tortura no país durante a ditadura. c) a liberdade integral aos partidos e grupos de esquerda no Brasil. d) ser ampla, geral, porém, restrita criando obstáculos para a volta de alguns dos exilados. e) a criação de tribunais para punir militares envolvidos com a repressão do regime militar. 03. (Unimontes MG) Sobre os órgãos de informação e repressão, existentes no Brasil durante o regime militar (SNI, CENIMAR, DOI-CODI, entre outros), é INCORRETO afirmar que: a) foram criados por João Baptista Figueiredo, com base no AI-5, para controlar a presença de agentes norte-americanos defensores dos direitos humanos. b) o DOI-CODI se tornou um espaço de tortura e eliminação de cidadãos classificados como terroristas ou comunistas, por manifestarem oposição ao governo. c) interferiram em várias áreas da sociedade brasileira, agindo, inclusive, com violência contra movimentos estudantis e operários.

d) o SNI atuava com certa margem de autonomia, confrontando-se às vezes, com o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e até com as Forças Armadas. 04. (UEPG PR) Período ímpar na história da República brasileira, a ditadura militar (1964-1985) deixou marcas profundas na sociedade, na economia e na cultura nacional. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01. Os militares chegaram ao poder por meio de um golpe que destituiu João Goulart, presidente constitucional do Brasil que havia assumido o cargo após a renúncia de Jânio Quadros. 02. Em 1968, alguns militares de alta patente cogitaram a possibilidade de usar o Para-Sar, uma unidade da Aeronáutica especializada em busca e salvamento, para provocar a morte de civis no Rio de Janeiro e assim justificar a prisão e a execução de pessoas consideradas opositoras ao regime. 04. O Ato Institucional no 5, decretado em dezembro de 1968, significou o início do período mais duro e violento da ditadura militar. 08. Assim como o jornalista Vladimir Herzog e o deputado Rubens Paiva, centenas de pessoas foram presas, torturadas e executadas por militares durante o período da ditadura. 05. (UFGD MS) No dia 28 de agosto de 1979, ainda sob o Regime Militar, foi promulgada pelo presidente João Baptista Figueiredo a Lei Federal Nº6.683, conhecida como “Lei da Anistia”. Nesse contexto, o Brasil estava vivenciando o denominado período de “transição democrática”. Qual das alternativas NÃO corresponde à referida “Lei da Anistia”? a) A Lei da Anistia permitiu a reintegração à vida pública de políticos exilados e de ativistas de esquerda punidos pelo Regime Militar. b) A Lei excluía dos benefícios da anistia as pessoas que foram condenadas pela prática de crimes de terrorismo, assalto, sequestro e atentado pessoal. c) A Lei da Anistia é visualizada por muitos pesquisadores como ícone das lutas democráticas desse período, conseguindo agregar diversos conjuntos de forças políticas contra o Regime Militar. d) A Lei da Anistia puniu os agentes e funcionários da repressão, que participaram das torturas e assassinatos nas prisões. e) A Lei da Anistia foi uma conquista relevante dos grupos organizados, em prol da ampliação das liberdades públicas no Brasil.

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01. (Unievangélica GO) Nas eleições de 1978, apesar de a ARENA obter menos votos que o MDB, o governo, graças a medidas casuísticas, conseguiu manter a maioria no Congresso Nacional. Já no final de sua gestão, Geisel revogou o Ato Institucional nº 05.


História

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Exercícios Complementares

C15  Regime Militar: os governos Geisel e Figueredo e o processo de reabertura

01. (UEM PR) Sobre o período da ditadura militar no Brasil (1964-1985), assinale o que for correto. 01. A propaganda ufanista do regime militar contribuiu para firmar a imagem de que o País caminhava rapidamente para o posto de grande potência econômica. 02. A centralização política e o fortalecimento do poder executivo obtiveram apoio dos empresários, que viam o regime como uma alternativa positiva ao governo deposto de João Goulart. 04. O Ato Institucional número 5 (AI-5) decretou o fechamento do Congresso Nacional e determinou a suspensão da garantia de habeas corpus nos casos de crimes políticos. 08. A implantação do pluripartidarismo foi uma das primeiras medidas adotadas pelo presidente Humberto Castelo Branco. 16. A Lei de Anistia, ao mesmo tempo em que permitiu o retorno dos exilados ao País e a libertação dos presos políticos, impediu a punição dos responsáveis por crimes de torturas e por perseguições realizadas por órgãos de segurança do Estado. 02. (Puc SP) Assinale a alternativa que contém medidas do Pacote de Abril, lançado pelo governo Ernesto Geisel em 1977. a) Ampliação do quórum para aprovação de emendas constitucionais, eleição direta para senadores biônicos, criação do Estado do Tocantins, suspensão da Lei Falcão e liberação da propaganda eleitoral, diminuição do mandato presidencial. b) Eleições indiretas para governador e para um senador por Estado, ampliação do mandato do presidente da república e das bancadas do Norte e Nordeste na Câmara dos Deputados, restrição da propaganda eleitoral com a Lei Falcão. c) Aprovação da Lei da Anistia, reforma partidária e fim do bipartidarismo, nomeação dos prefeitos dos municípios das capitais pelos governadores estaduais, ampliação do mandato do presidente da república e dos senadores. d) Restrição do quórum para aprovação de emendas constitucionais, eleições diretas para governadores, senadores e deputados, e indicação, pelos governadores, de prefeitos e vereadores, restrição da propaganda eleitoral com a Lei Falcão. 03. (Enem MEC) Diante dessas inconsistências e de outras que ainda preocupam a opinião pública, nós, jornalistas, estamos encaminhando este documento ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, para que o entregue à Justiça; e da Justiça esperamos a realização de novas

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diligências capazes de levar à completa elucidação desses fatos e de outros que porventura vierem a ser levantados. (Em nome da verdade. In: O Estado de S. Paulo, 3 fev. 1976. Aput, FILHO, I. A. Brasil, 500 anos em documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.)

A morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida durante o regime militar, em 1975, levou a medidas com o abaixo-assinado feito por profissionais da imprensa de São Paulo. A análise dessa medida tomada indica a a) certeza do cumprimento das leis. b) superação do governo de exceção. c) violência dos terroristas de esquerda. d) punição dos torturadores da polícia. e) expectativa da investigação dos culpados. 04. (UEG GO) O último presidente militar do Brasil, João Baptista Figueiredo, é lembrado pela forma pouco ortodoxa com que empreendeu a abertura política no País, ao jurar “fazer deste país uma democracia [...] É para abrir mesmo, e quem quiser que não abra, eu prendo e arrebento”. A frase simboliza as contradições do processo de abertura, iniciado no governo anterior, do presidente Geisel. Com base no exposto, identifique um evento ocorrido no governo militar que sinalizou o projeto de abertura política (“É para abrir mesmo”) e o outro que indique direção contrária (“Eu prenA anistia no governo Figueiredo, que do e arrebento”). contrapõe ao AI–5.

05. (IFCE) Em 1964, em meio a uma profunda crise política no Brasil, o presidente apresentou um conjunto de ações como necessárias à melhoria da situação social e política do País. Estabelece uma correta relação entre as propostas e o presidente responsável por elas o item: a) Plano de Metas - Juscelino Kubistchek. b) Reformas de Base - João Goulart. c) Pacote de Abril - Ernesto Geisel. d) Plano Cruzado - Itamar Franco. e) Plano Salte - Eurico Gaspar Dutra. 06. (FGV SP) Em 28 de agosto de 1979, foi sancionada pelo general João Baptista Figueiredo a chamada “Lei da Anistia”. Medida importante no processo de abertura política, tal anistia foi. a) ampla, geral e irrestrita, como reivindicavam os setores da oposição ao regime militar. b) restrita aos militares envolvidos em assassinatos e tortura de presos políticos de esquerda. c) extensiva aos integrantes dos órgãos de repressão envolvidos na tortura de presos políticos. d) extensiva aos opositores do regime condenados por crimes de sangue, sequestros e atos considerados terroristas. e) restrita aos exilados cujos direitos políticos haviam sido cassados antes da promulgação do AI-5.


FRENTE

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HISTÓRIA

MÓDULO C16

REGIME MILITAR: CULTURA A repressão por parte do regime Desde o início do Regime Militar (1964-1985), o governo federal utilizou diversas estratégias de coerção e controle da opinião pública. Os Atos Institucionais, bem como a censura prévia à imprensa, foram alguns desses mecanismos, amplamente utilizados durante boa parte do período ditatorial no combate aos setores de oposição.

ASSUNTOS ABORDADOS n Regime Militar: cultura n A repressão por parte do regime n Os mecanismos de resistência da sociedade civil

Contudo, a prática de repressão oficial não impediu a mobilização dos grupos sociais como forma de reação aos desmandos do governo. À medida que as censuras aumentavam, os movimentos de resistência se radicalizavam ainda mais, como na Passeata dos Cem Mil e no crescimento de grupos subversivos armados, por exemplo. Nesse cenário, os artistas e intelectuais passaram a driblar a censura e, a partir de 1964, se engajaram na resistência ao regime militar. Os cantores de música popular faziam das letras das canções uma forma de protesto, quase sempre com o uso de metáforas, visando despistar o olhar vigilante da ditadura. Além disso, houve mudança de foco da produção cultural brasileira. Antes do golpe o objetivo, como se dizia à época, era “despertar a visão crítica e promover o protagonismo” das classes populares. Nos anos anteriores a 1964, a cultura estava mais voltada para as classes populares. Durante a ditadura, a classe média comandava boa parte dos meios culturais, muitas vezes fazendo oposição ao próprio regime. Antes, havia muito debate sobre a reforma agrária e outras medidas de justiça social. Naquele momento, a música foi um tipo de resistência que entrou no lugar da política, da participação direta na luta pelas reformas. Entre os compositores que tiveram suas músicas censuradas durante a ditadura, destacam-se: Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Gonzaguinha, Milton Nascimento e outros. O caso mais relevante, no entanto, foi o da censura à canção “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores”, de Geraldo Vandré, segunda colocada na fase nacional do Festival Internacional da Canção de 1968, no Rio de Janeiro. Essa música se tornou um hino da resistência à ditadura, levando seu autor ao exílio, após o Ato Institucional 5 (o AI-5), instaurado naquele mesmo ano, que ampliou o poder de arbítrio do regime. Em meio ao regime militar, as metáforas eram usadas para evitar o choque direto com a censura. Na canção “Cálice”, por exemplo, de Chico Buarque e Gilberto Gil, a palavra que dá título à composição tem som idêntico à expressão “cale-se”. Chico Buarque era o alvo principal da censura, especialmente após ter sido decretado o AI-5, em 1968. O compositor chegou a adotar o pseudônimo “Julinho da Adelaide” para ter suas músicas aprovadas. Assim, conseguiu lançar a música “Acorda, amor”, em alusão à repressão policial do regime.

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História

SAIBA MAIS Em março de 1964, após a instauração do regime militar no Brasil, parte da sociedade brasileira se revelou contra o amordaçamento da democracia no País: a juventude universitária. Entre 1965 e 1972, a classe estudantil exerceu uma pressão com proporções inéditas, concentrando-se numa arma jamais utilizada em confrontos semelhantes: canções, cuja “munição” estava nas letras dos compositores.

Fonte: Wikimedia Commons

A ERA DOS FESTIVAIS

Esse importante período ficou conhecido como a Era dos Festivais. E foi exatamente durante esses sete anos que surgiu uma renomada geração de compositores, como nunca havia acontecido antes. Em 1965, foi realizado o primeiro festival da TV Excelsior, cuja vencedora foi a música “Arrastão”, de Vinícius de Moraes e Edu Lobo, interpretada por Elis Regina. No ano seguinte, a TV Record promoveu outro importante festival e as canções “A banda” - de Chico Figura 01 - Elis Regina e Jair Rodrigues, dois importantes artistas que se destacaram nos Buarque, interpretada por Nara Leão - e “Disparada” festivais dos anos 1960. - de Geraldo Vandré e Theo de Barros, interpretada por Jair Rodrigues - foram as campeãs. No II Festival Internacional da Canção do Rio, despontou o cantor Milton Nascimento. O III Festival, em 1968, enquanto São Paulo consagrava o Tropicalismo, foi marcado por uma grande polêmica. A favorita “Caminhando”, de Geraldo Vandré, foi censurada, não podendo, portanto, vencer o festival. Com isso, a canção “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque foi escolhida pelo júri. Em 1971, alguns dos famosos compositores, após serem exilados, retornam ao Brasil, e promovem o VI FIC, um verdadeiro fiasco, com canções arranjadas na última hora. Mas, com o resultado negativo, haveria outro festival? Sim, em 1972. Mas esse festival foi o da substituição da presidente do júri, Nara Leão. Feito isso, todo o júri se demitiu. Em meio a um clima de muitas desavenças, acabou-se a Era dos Festivais. Anos depois, a ditadura também teve fim. Mas os jovens compositores da época representam, até os dias de hoje, a linha de frente da Música Popular Brasileira. Fonte adaptada: MELLO, Zuza Homem de. A Era dos Festivais. Instituto Cultural Cravo Albin. Disponível em: <http://institutocravoalbin.com.br>, acesso em 08 agos. 2018.

Os mecanismos de resistência da sociedade civil As mobilizações contra o regime militar não se restringiram ao espaço das passeatas e das organizações armadas. Os jornais, por exemplo, foram amplamente utilizados como meio de denúncia dos autoritarismos do governo. Foi o caso de O Pasquim, que se valeu das “letras”, quase sempre metafóricas para atacar tais desmandos.

C16  Regime Militar: cultura

No que diz respeito ao teatro, muitas apresentações demonstravam um teor revolucionário. Nos palcos do “Opinião, Oficina e Arena”, diversos espetáculos eram apresentados em represália ao conservadorismo social e aos limites políticos vivenciados à época. O Centro Popular de Cultura (CPC), ligado à União Nacional dos Estudantes (UNE), partilhava das ideias do dramaturgo, poeta e encenador Bertolt Brecht. Para ele, o teatro funcionava como uma “importante arma de combate político”. No entanto, com o decreto do AI-5, muitos grupos de teatro foram extintos, mas a força combativa dessas encenações não foi esquecida.

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Ciências Humanas e suas Tecnologias

No cinema, grande parte das produções era realizada pelos artistas do Cinema Novo. O movimento, que sempre demonstrou uma preocupação basilar nas reflexões sobre a identidade nacional, possuía agora no engajamento político e na luta pela democracia suas mais importantes inquietações. Simultaneamente, forjado ainda na década de 60, o Cinema Marginal foi o responsável pela vanguarda cinematográfica brasileira, assumindo papel fundamental na conscientização política acerca da dura realidade no País. A música de protesto Nos anos de 1960 e 1970, destacou-se o esplendor da produção musical no Brasil. Compositores e cantores como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil elevaram o cenário da música nacional a níveis de criatividade raramente experimentados. Boa parte dessa produção foi motivada pela combativa resistência à repressão militar, que limitava a liberdade de expressão.

Figura 02 - Integrantes do CPC da UNE, encenando uma peça de teatro na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, no Rio de Janeiro.

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Fonte: Wikimedia Commons

Entre os movimentos mais representativos desse período, esteve o Tropicalismo. Engajados no propósito de se posicionar criticamente contra a Ditadura e, ao mesmo tempo, de pensar a formação de uma identidade nacional, os tropicalistas se sobressaíram ao defender a importância do intercâmbio com outras culturas espalhadas pelo mundo. Assim, se por um lado se posicionavam criticamente ao “imperialismo econômico norte-americano”, por outro, utilizavam-se da “estrangeira” guitarra elétrica e de outras influências do Rock’n Roll.

Figura 03 - Disco Tropicália - álbum de estúdio de Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé.

Nesse cenário, os festivais se revelavam como um importante espaço de expressão artística e política. Neles, tanto os compositores, quanto a população encontravam uma verdadeira “válvula de escape”, fazendo com que a censura governamental parecesse ser, embora momentaneamente, mais suave. Os principais festivais eram transmitidos por grandes emissoras de televisão da época, como a TV Excelsior, Record e Globo. 601


História

Exercícios de Fixação 01. (UECE) De 1964 até o final da década de 1970, as produções e manifestações artísticas brasileiras bem como os movimentos culturais foram marcados a) por um processo crescente de censura, que objetivava o fim da liberdade de expressão artística e impunha às massas uma cultura de concordância com o regime militar. b) pela produção livre de todo e qualquer conteúdo artístico-cultural, e pelo incentivo do Estado e dos meios de comunicação de massa para sua veiculação ao grande público. c) pela inexistência de uma arte de contestação, uma vez que toda a comunidade da cultura e das artes estava imbuída do ideal de país apresentado pelos governos do período. d) pelo grande incremento da cultura popular de contestação ao governo, através do apoio irrestrito dos grandes meios de comunicação de massa, como as emissoras de rádio e TV. 02. (PUC Campinas SP) Num dos festivais da música popular brasileira, a canção “Disparada”, de Geraldo Vandré, obteve grande repercussão e fez história. Entre seus versos estão estes:

c) a Bossa Nova, as chanchadas da Atlântida e a criação da Rádio Nacional. d) o Tropicalismo, o Cinema Novo e o Teatro Oficina. e) o surgimento do rock nacional, a pornochanchada e o Teatro de Arena. 04. (Centro Universitário de Franca SP) A guerrilha foi uma das formas de resistência contra a ditadura militar, imposta após o golpe que depôs o Presidente João Goulart. Dentre as diferentes formas de resistência ao regime militar, a guerrilha representou a) a escolha pela articulação de partidos de esquerda dentro de uma frente ampla. b) a opção pela luta armada como estratégia para depor o governo militar. c) a organização de militares dentro de um movimento conhecido como tenentismo. d) a adoção da clandestinidade e do autoexílio como estratégias de luta contra o governo militar. e) o emprego de táticas diversas restritas aos membros das Forças Armadas para angariar apoio da sociedade civil. 05. (UFSCAR SP) Observe o cartaz de propaganda do governo do general Médici (1969-1974).

(...) gado a gente marca, tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente.

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Se você não concordar não posso me desculpar, não canto pra enganar, vou pegar minha viola, vou deixar você de lado, vou cantar noutro lugar, São versos que, nos anos subsequentes a 1964, a) assinalam uma atitude de protesto e de engajamento político da arte popular. b) propõem a evasão como reação às intransigências do regime político. c) inauguram uma nova fase da pesquisa folclórica no cancioneiro popular. d) constituem um chamado ao bucolismo e à simplicidade da vida rural. e) convocam o ouvinte a trilhar o caminho do liberalismo econômico. 03. (UniCesumar SP) Entre as manifestações culturais que marcaram o Brasil na década de 1960, podemos citar a) o avanço da música sertaneja, o surgimento do samba e a radionovela. b) a Jovem Guarda, a Semana de Arte Moderna e o teatro de revista.

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(In Flavio de Campos, Oficina de História)

Esse cartaz apresenta uma mensagem a) autoritária, que contrariava esse governo. b) guerreira, que defendia conquistas territoriais. c) nacionalista, que valorizava o patriotismo. d) pessimista, que confirmava o atraso do país. e) revolucionária, que unia culturas diferentes.


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Exercícios Complementares

são de análise a respeito das ditaduras implantadas na América Latina. Leia-o. “Esse plano [de análise], por mais difuso, é de mais difícil apreensão. Ficou patente nos boicotes que industriais e comerciantes realizaram no Chile para desgastar a presidência de Salvador Allende; na conhecida ‘Marcha da Família com Deus pela Liberdade’, realizada em São Paulo em protesto contra João Goulart pouco antes de sua deposição; na lealdade de parte das camadas médias e altas chilenas para com a figura incensada do general Augusto Pinochet; nas redes de cumplicidade com o sistema repressivo durante o regime militar na Argentina”. Maria Lígia Prado e Gabriela Pellegrino. História da América Latina. São Paulo: Contexto, 2016, p.168

No contexto considerado, o texto aponta para uma cultura política autoritária que, nas sociedades em questão, a) se limitava à atuação repressiva das autoridades militares, em consonância com setores populares, em busca de melhores perspectivas políticas e econômicas. b) ultrapassava o domínio das Forças Armadas e do Estado e se disseminava por meio de posturas autoritárias de extensos setores sociais que apoiaram os golpes. c) ultrapassava a articulação política interna e criava condições para uma aliança de amplos setores sociais com grandes potências imperialistas do continente europeu. d) criava condições para o surgimento de grupos sociais opositores, com destacada atuação parlamentar e guerrilheira contra os regimes de exceção no continente. e) impossibilitava qualquer organização de grupos civis, pois concentrava todo e qualquer poder em grupos das Forças Armadas articulados com os governos nacionais. 02. (PUC Campinas SP) O texto de Percival de Lima Souto refere-se aos festivais da canção e das “músicas de protesto”. Considerando o contexto histórico dos anos 1960 e 1970, é correto afirmar que a) as composições da MPB foram um poderoso instrumento das forças sociais de oposição ao regime militar. b) o samba-canção foi uma importante arma dos governos militares para difundir o nacionalismo ufanista. c) a chanchada foi um dos meios de divulgação das raízes culturais da população durante governos ditatoriais. d) a bossa nova foi um dos ritmos preferidos da classe popular para representar a alma do povo brasileiro. e) as músicas sertanejas foram a mais pura expressão do modo caboclo de fazer a arte popular brasileira.

03. (UEM PR) Durante o regime ditatorial brasileiro (19641985), além do rompimento dos direitos civis e políticos, também foram censuradas diversas manifestações culturais. Sobre esse tema, assinale o que for correto. 01. Criado no Rio de Janeiro e editado de 1969 a 1991, o semanário O Pasquim foi um dos principais veículos de oposição a esse regime. 02. Idealizada por Antônio Carlos Jobim e por João Gilberto, a bossa nova foi um movimento de contestação política e cultural dessa época. 04. Com o objetivo de redemocratizar o País, o presidente João Figueiredo suspendeu a censura que controlava as principais manifestações artísticas no Brasil. 08. O livro Feliz ano novo, de Rubem Fonseca; a peça O elefante no caos, de Millôr Fernandes; e o filme Pra frente Brasil, de Roberto Faria, foram expressões culturais proibidas nesse período. 16. “Para não dizer que não falei das flores”, composição musical de autoria de Geraldo Vandré, foi utilizada como propaganda do regime ditatorial brasileiro para contrapor-se ao movimento do tropicalismo. 04. (ESPM) Associada à geografia de gênero, o feminismo brasileiro intensificou-se a) na primeira metade do século XIX durante a luta pela independência. b) na segunda metade do século XIX durante o processo abolicionista. c) na metade do século XX durante a Segunda Guerra Mundial e na luta contra a tirania de Hitler. d) a partir dos anos 1970 para combater o quadro de exclusão e opressão. e) apenas no século XXI com a ascensão de partidos de esquerda. 05. (PUC SP) O contexto que motivou a edição do AI – 5 foi marcado por: a) Protestos de estudantes, membros da Igreja e cassação de lideranças políticas, além das greves de trabalhadores e da negativa da Câmara em cassar dois deputados. b) Marchas das famílias e outros movimentos cristãos pela moralidade, em São Paulo e no Rio de Janeiro, que obtiveram o apoio da imprensa. c) Interferência de outros países, como os EUA, na cultura nacional, responsáveis pela propagação de ideologias contrárias à tradição brasileira. d) Processos subversivos e a guerra revolucionária, além da suspensão dos direitos políticos e individuais proposta pelo Legislativo.

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01. (Mackenzie SP) O excerto abaixo aponta para uma dimen-


FRENTE

C

HISTÓRIA

Exercícios de Aprofundamento 01. (Uerj RJ) “BÓSNIA-HERZEGOVINA, abril de 1992. Nessa ex-república iugoslava, que declarara sua independência em março de 1992, se travou nos três anos seguintes a mais sangrenta das recentes guerras balcânicas. Sérvios (cristãos ortodoxos) e croatas (católicos) lutaram para ampliar seus domínios, em detrimento dos muçulmanos bósnios. Uma das mais cruéis faces dessa guerra foi o implacável cerco sérvio à capital da Bósnia, Sarajevo. Franco-atiradores sérvios, postados nas montanhas em torno da cidade, alvejaram civis indefesos nas ruas.” (O Globo, 02/04/2001.)

O texto ressalta que a disputa nacionalista na ex-república da Iugoslávia apresenta o seguinte traço dominante: a) presença da questão religiosa nos conflitos regionais. b) predomínio de milícias no lugar de exércitos regulares. c) infiltração de grupos religiosos estrangeiros nos confrontos. d) participação da população civil nos enfrentamentos armados. 02. (UFMG) A Perestroika é entendida como um processo de transformação global do sistema socialista da antiga URSS. Considerando-se esse processo de transformação, é CORRETO afirmar que a) a opção pela interdependência entre o aparelho do Estado e o aparelho partidário foi importante para o fim do autoritarismo vigente na esfera das instituições sociais e políticas. b) o incremento da indústria de armamentos, em razão da posição hegemônica da URSS na Guerra Fria, gerou recursos importantes para a implementação de novas estratégias econômicas. c) a Glasnost, como abertura democrática, abriu caminho para a reforma do Estado e para discussões ideológicas e assegurou transformações básicas na economia soviética. d) o crescimento da economia soviética nos anos 80 deste século, a taxas bastante elevadas, impulsionou o processo de transformação do sistema socialista na URSS. 03. (IFCE) Leia a canção a seguir. Pra Frente Brasil (Miguel Gustavo)

Noventa milhões em ação Pra frente Brasil Do meu coração Todos juntos vamos Pra frente Brasil Salve a Seleção 604

De repente é aquela corrente pra frente Parece que todo o Brasil deu a mão Todos ligados na mesma emoção Tudo é um só coração! Todos juntos vamos Pra frente Brasil, Brasil Salve a Seleção. Essa marcha embalou a Seleção na Copa de 1970. É correto afirmar-se que esse período da História do Brasil tem relação com a) Governo Geisel, redução da desigualdade social e derrota na Copa do Mundo de Futebol. b) Governo Figueiredo, Ditadura Militar, expansão econômica e liberdade de impressa. c) Governo Costa e Silva, Anistia Geral e liberação do Partido Comunista. d) Governo Castelo Branco, Ato Institucional nº 5 e Guerra do Paraguai. e) Governo Médici, “Milagre Econômico” e endurecimento sobre os movimentos de esquerda opositores à Ditadura Militar. 04. (Udesc SC) Durante a realização da Copa das Confederações em 2013 ocorreram manifestações por todo o Brasil. As “manifestações de junho” foram comparadas, muitas vezes, a manifestações realizadas em outros momentos da história recente do país. Em relação às manifestações ocorridas nos últimos 50 anos, assinale a alternativa correta. a) As manifestações pelo impeachment do presidente Collor se deviam à desaprovação das suas políticas neoliberais, que quebraram a indústria nacional e geraram muito desemprego e inflação, fazendo com que fosse necessária a intervenção militar para conter os saques aos supermercados. b) Após o golpe militar de 1964, com a derrota da oposição civil nas urnas, houve em 1968 uma ampla mobilização de setores da classe média contra o regime, culminando em junho com a “Passeata dos Cem Mil” no Rio de Janeiro, que pedia o impeachment do presidente Costa e Silva e a convocação imediata de eleições presidenciais. c) Em 1979, com o processo de reabertura democrática, uma das preocupações dos militares era com a falta de mobilização da classe trabalhadora, que se encontrava apática diante do processo político e eleitoral, desorganizada e incapaz de reivindicar melhorias até mesmo em relação aos seus próprios salários. d) A manifestação ocorrida na frente da Estação Ferroviária Central do Brasil, em 13 de março de 1964, convocada pelo presidente João Goulart para apoiar o seu anúncio dos decretos que dariam início às Reformas de Base, provocou


Ciências Humanas e suas Tecnologias Questão 05. a) Lei da Anistia beneficiou todos os cidadãos punidos por atos de exceção desde a edição do AI-1, bem como os militares responsáveis pelas práticas de tortura e especificar os segmentos sociais beneficiados, como estudantes, professores, artistas, etc., além dos militares. b) A Lei da Anistia não deve ser revogada, pois foi importante para a libertação dos presos políticos e que defendem, também, a ideia de que a Comissão Nacional da Verdade não crie um clima de revanchismo ou represálias contra os militares e que, apenas, esclareça a verdade dos fatos. Deverá identificar, também, a posição contrária, defendida pela Anistia Internacional, que argumenta que manutenção da Lei da Anistia brasileira garante a impunidade para os crimes contra os direitos humanos, defendendo sua revisão ampla.

05. (UFU MG) Texto 1 O ex-ditador Jorge Rafael Videla, 86, foi condenado ontem a 50 anos de prisão por conta do sequestro de bebês durante a última ditadura militar argentina (1976-1983). Pela primeira vez, a Justiça declara que houve um plano sistemático de sequestro de recém-nascidos, filhos de prisioneiros políticos. A nova abordagem permite considerar os crimes como de lesa-humanidade, podendo levar a novas detenções de outros envolvidos. Videla pega pena por sequestro de bebês. Matéria de Sylvia Colombo, Buenos Aires, In: Folha de São Paulo, sexta-feira, 06 de Julho de 2012. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/52969-videla-pega-pena-por-sequestro-de-bebes.shtml>. Acesso em: jul. 2012. (adaptado).

Texto 2 O Brasil foi denunciado na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) por não apurar as circunstâncias da morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado nas dependências do Exército, em São Paulo, em 1975. Segundo a denúncia, o “Estado brasileiro não cumpriu seu dever de investigar, processar” e punir os responsáveis pela morte de Herzog. Brasil é denunciado na OEA por caso de Vladimir Herzog. Matéria de Lucas Ferraz, Brasília. In: Folha de São Paulo 29/03/2012 -15h40. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/poder/1069003-brasil-edenunciado-na-oea-por-caso-vladimir-herzog.shtml>. Acesso em: jul. 2012.

Os textos acima apontam para diferentes atitudes dos atuais governos da Argentina e do Brasil, frente aos crimes cometidos pelos agentes do aparelho repressor dos regimes ditatoriais na América Latina, entre as décadas de 1960 e 1980. A publicação, no Brasil, da Lei da Anistia, em 28 de agosto de 1979, fundamenta esta diferença. a) A quem a Lei da Anistia beneficiou no momento de sua publicação? b) Hoje, no Brasil, em meio à instalação da Comissão Nacional da Verdade, duas posições opostas sobre a Lei da Anistia se destacam. Quais são essas posições? 06. (Unitau SP) O último presidente do período militar foi o general João Baptista Figueiredo. Seu governo, entre 1979 e 1985, foi caracterizado por a) economia equilibrada, com pagamento de parte da dívida externa, apesar do crescimento do desemprego. b) caráter antidemocrático, pois, apesar da democracia prometida, foram mantidos apenas dois partidos.

c) recessão na economia, abertura política e redemocratização do país como resultado da pressão popular, além da aprovação do projeto de Anistia. d) estabilidade econômica, com o controle da inflação, o pagamento total da dívida externa e a negociação com sindicatos pela melhoria das condições de trabalho. e) privatização de várias empresas estatais, dentre as quais a Companhia Vale do Rio Doce, visando controlar a recessão econômica.

07. (IFBA) “(…) Há soldados armados, amados ou não/ Quase todos perdidos de armas na mão/ Nos quarteis lhe ensinam uma antiga lição/ De morrer pela pátria e viver sem razão (...)”. (Fonte: VANDRÉ, Geraldo. “Pra não dizer que não falei das flores”. Geraldo Vandré no Chile, 1968. Disponível em: https://www.letras.mus.br/geraldo-vandre/46168/. Acesso em: 04/09/2016).

O trecho da canção acima representa críticas do autor em relação ao momento histórico do Brasil, caracterizado: a) Pela experiência democrática no Brasil, governo de João Goulart, e forte presença militar no Estado, como demonstra o trecho da música. b) Pelo Governo Militar no Brasil, que respeitou as garantias individuais dos cidadãos, a exemplo, a manutenção das eleições diretas para Presidente da República. c) Pela “Democracia restringida”, pois ocorreu uma reformulação da política no país com a garantia da participação popular nesse processo. d) Pela manutenção dos direitos trabalhistas, repressão aos movimentos sociais e diminuição da desigualdade social. e) Pela Ditadura Militar, que determinou a censura, perseguição política e repressão àqueles contrários ao regime, a exemplo do autor da canção citada. 08. (UEPG PR) Apesar de ter durado 21 anos (1964-1985), a ditadura militar sempre foi alvo de atos de resistência promovidos por políticos, intelectuais, estudantes, artistas, atletas, religiosos, líderes sindicais e por grupos organizados da sociedade brasileira. A respeito da resistência durante esse período da história recente do Brasil, assinale o que for correto. 01. A Ação Popular (AP), um dos grupos que optou pela luta armada, explodiu uma bomba no Aeroporto de Recife pouco antes do pouso do avião que trazia o general Costa e Silva, então candidato a sucessor de Castello Branco na presidência da República. 02. Em maio de 1968, o estudante Edson Luiz foi morto pela polícia ao participar do Congresso da UNE em Ibiúna no qual se discutiam formas de enfrentamento ao governo militar por meio da luta armada. 04. A Frente Ampla foi um movimento formado por políticos de diversas tendências que se aliaram para combater a continuidade da ditadura militar. Entre os componentes da Frente estavam antigos adversários políticos como Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart. 605

FRENTE C  Exercícios de Aprofundamento

ampla reação de setores conservadores que aderiram às “marchas da família com Deus pela Liberdade” para impedir a implantação do comunismo no Brasil, embora o programa de governo de Jango não tivesse esse objetivo. e) Durante as manifestações pelas eleições diretas em 1984, não era permitido que bandeiras de partidos políticos fossem erguidas, nem que os líderes dos partidos políticos, criados em 1979, falassem no palanque, já que o principal objetivo dos organizadores era não partidarizar o movimento.


História

08. “Roda Viva”, peça escrita por Vinícius de Moraes, tornou-se um marco na dramaturgia brasileira ao criticar veladamente a censura, a tortura e a ausência de direitos civis e políticos durante a ditadura militar. 16. Como forma de pressionar politicamente a ditadura, Charles Elbrik, embaixador dos Estados Unidos, foi sequestrado por um grupo ligado à luta armada. Anos depois, esse episódio foi descrito por Marcelo Rubens Paiva no livro O que é isso companheiro?.

10. (Uncisal AL)

09. (Puc RS) Leia a letra da canção Mulheres de Atenas e analise as afirmações que seguem. “Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seus maridos Orgulho e raça de Atenas Quando amadas, se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas melenas Quando fustigadas não choram Se ajoelham, pedem imploram Mais duras penas; cadenas ...” (Chico Buarque & Augusto Boal, Mulheres de Atenas, 1976)

FRENTE C  Exercícios de Aprofundamento

Nos anos 70, Chico Buarque e Augusto Boal compuseram a canção acima para a peça Mulheres de Atenas, numa clara crítica à herança patriarcal, ao machismo e aos preconceitos de gênero que propunham papéis sociais distintos para homens e mulheres na sociedade brasileira na Ditadura Civil-Militar. A letra aborda as práticas sociais da Grécia Antiga, sobre as quais se pode afirmar: I. A participação política era um privilégio dos homens maiores de 18 anos, filhos de pai e mãe atenienses, que tinham direito a fala e a voto nas assembleias em praça pública. II. A mulher só adquiria alguma importância pelo casamento. Fora do ambiente doméstico, quase tudo era proibido para a esposa legítima, como participar da política, da cultura e da vida social. III. A comédia Lisís trata, de Aristófanes, ilustra a força feminina através da personagem principal, que propõe uma greve de sexo às esposas legítimas como forma de forçar os homens a desistirem da guerra entre as cidades-estados, que estava enfraquecendo a Grécia frente à ameaça de invasão dos persas. IV. Na mitologia grega, as divindades femininas do Olimpo apresentavam um modelo de comportamento passivo e servil diante das divindades masculinas. Estão corretas apenas as afirmativas a) I e II. b) I e III. c) III e IV. d) I, II e III. e) II, III e IV. 606

Disponível em: <http://blogs.estadao.com.br/arquivo/files/ 2012/03/1977.09.01_p1.jpg>. Acesso em: 23 out. 2014.

A manchete do Jornal da Tarde, de 13 de abril de 1977, refere-se à expectativa sobre as medidas a serem impostas pelo então presidente Ernesto Geisel através do chamado Pacote de Abril. Entre tais medidas estaria a criação dos senadores biônicos, a ampliação do mandato presidencial para seis anos, a manutenção da eleição indireta para presidente da república, governadores e prefeitos de municípios em áreas de segurança nacional e o fechamento temporário do Congresso Nacional. Diante dos fatos ocorridos nas eleições de 1974, o Pacote de Abril visava a) favorecer uma maior imparcialidade nas eleições de 1978 e preparar o caminho para a abertura política a partir de 1979. b) impedir uma nova vitória da oposição nas eleições de 1978 e assegurar para o governo militar a maioria no Congresso Nacional. c) evitar o risco de alas mais conservadoras e reacionárias da política brasileira ocuparem o espaço conquistado pela oposição no Congresso Nacional nas eleições de 1974. d) atender às exigências dos EUA e da classe média brasileira que viam o governo Geisel como fraco e incapaz de tocar o projeto iniciado em 1964 com a eclosão do golpe civil-militar. e) controlar o crescimento da oposição nos estados, municípios e Congresso Nacional, já que o projeto dos militares era reconstruir a estrutura política que havia no Brasil antes da Revolução de 1930.


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