Camila J. Silva
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HISTÓRIA Por falar nisso Muito provavelmente você já ouviu falar em Michelangelo, Donatello, Rafael e Leonardo. No entanto, esses nomes não se referem apenas ao desenho animado Tartarugas Ninja (ou Teenage Mutant Ninja Turtles, no original e, frequentemente, abreviado como TMNT), que fez sucesso na televisão aberta brasileira na década de 90. Eles também são de quatro importantes artistas do Renascimento, um movimento artístico e cultural que fez oposição aos valores medievais, transformando o cenário intelectual da Europa, entre os séculos XIV e XVI. O artista mais conhecido desse período é Leonardo da Vinci (que também inspirou o best-seller O código Da Vinci, do escritor norteamericano Dan Brown). Da Vinci desenvolveu obras em várias áreas, como pintura, escultura, arquitetura, astronomia, música, entre outras. Nesses trabalhos, Da Vinci retrata o homem como centro e objeto principal. O antropocentrismo ou Humanismo, que vê o homem como centro do universo, é uma das principais características do Renascimento, indo contra a arte do período medieval, que tinha Deus como centro. Ao tomar o homem como centro, Da Vinci pintou o quadro A última Ceia que, apesar de referir-se a um tema religioso, retrata Jesus Cristo e seus apóstolos mais como homens normais do que como seres sagrados, principalmente pela forma como os corpos são representados na tela. Essa preocupação maior com o humano levou o artista a estudar o corpo humano pela anatomia, embasando-se em pesquisas empíricas para retratá-lo. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
A01 A02 A03 A04
Renascimento cultural europeu ...................................................582 Expansão marítima e comercial europeia ....................................588 Conquista da América e povos pré-colombianos .........................594 Reformas religiosas e contrarreforma ..........................................600
FRENTE
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HISTÓRIA
MÓDULO A01
ASSUNTOS ABORDADOS n Renascimento cultural europeu n Na arte n Na cultura
RENASCIMENTO CULTURAL EUROPEU O Renascimento cultural foi um movimento artístico e intelectual, primordialmente urbano, que ocorreu na Europa, principalmente na Península Itálica, nos Países Baixos (região em que, atualmente, situa-se a Holanda) e outros países do norte do continente, entre os séculos XV e XVI. Em geral, essa transformação cultural foi afirmada como uma ruptura radical perante a tradição medieval cristã e um retorno aos valores greco-romanos. Contudo, apenas essa imagem não consegue compreender muito bem o movimento. Esse processo histórico carrega alguns antecedentes, como o Renascimento comercial e urbano. A partir do século XI, houve o ressurgimento do comércio e das cidades, favorecido pelo crescimento demográfico e pela diminuição das invasões bárbaras. Outro grande fator que contribuiu para a reativação comercial foi o movimento das cruzadas, uma vez que possibilitou a reabertura do mar Mediterrâneo, restabelecendo os contatos entre o Oriente e o Ocidente. A base para esse comércio foi o Mediterrâneo, que acabou constituindo-se no principal eixo de comércio da Baixa Idade Média. Assim, permitiu a interligação das cidades italianas ao Oriente: as especiarias produzidas no Extremo oriente eram transportadas pelos muçulmanos, por mar ou terra, até os portos do Mediterrâneo oriental e ali eram adquiridas pelos mercadores italianos que, dessa forma, detinham o monopólio de sua comercialização no mercado europeu.
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Esse comércio foi de extrema importância para as relações financeiras, permitindo o reaparecimento das moedas, a ampliação do crédito e utilização das letras de câmbio, estimulando, assim, as relações bancárias, o que possibilitou o destaque para um novo componente social, o mercador. Não obstante, surgiram também as feiras, que eram locais estratégicos que dinamizavam e interiorizavam o comércio, uma vez que possibilitaram a intensificação das trocas. As mais importantes feiras surgiram na região de Champanhe, que atravessava as planícies do leste da França, ligando o comércio da região de Flandres, ao Norte, com o da Itália, ao Sul. O Renascimento comercial veio acompanhado de um Renascimento urbano, em que se destacavam as cidades. Com o Renascimento comercial, os municípios passaram a ser denominados burgos (fortalezas), uma vez que suas muralhas serviam para garantir a proteção dos seus moradores.
Na arte
Figura 01 - Miniatura ilustrando o cenário de um mercado ou feira.
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A arte do Renascimento, mesmo que tenha feito oposição aos seus valores, teve a maior parte de seus modelos na Idade Média, inspirando-se em pintores e escultores do século XIII e XIV. Piero della Franscesca é considerado o precursor da pintura com noções de profundidade e proporção geométrica, características essenciais da pintura renascentista.
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No século XVI, os grandes nomes das artes plásticas na Itália foram Leonardo Da Vinci, Michelangelo Buonarroti e Rafael Sanzio. Mais tarde, outros também se destacaram como Caravaggio e Tintore�o (da Itália), El Greco (grego e radicado na Espanha), Velázquez (da Espanha) e Rembrandt (da Holanda).
Figura 02 - O sacrifício de Isaac, de Caravaggio (1590-1610, Óleo sobre tela)
Tais artistas abordavam temas que variavam entre o clássico (greco-romano) e o cristão. A Igreja Católica era uma grande financiadora deles, assim como outros mecenas (patrocinador de artistas), como os integrantes da família Médici, na Itália.
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Na cultura Existem também muitos exemplos de obras no campo da literatura, pensamento político e filosófico e das artes cênicas. No desenvolvimento da literatura renascentista, três nomes destacaram-se: Francesco Petrarca, Giovanni Boccaccio e Dante Alighieri. Esses escritores deram a base para o tipo de literatura escrita em vernáculo (língua própria de um país, nação ou região). Poesia e Teatro de Francisco Sá de Miranda e Os Lusíadas de Luís de Camões, em Portugal, fizeram nome por meio de suas obras em língua portuguesa.
Outras reflexões filosóficas tiveram como preocupação central o Humanismo, um tipo de reflexão sobre a natureza humana e seus problemas diante do mundo e de Deus. Erasmo de Rotterdan e Michel de Montaigne estão entre os principais autores dessa corrente. O Humanismo também está presente nas obras de vários literatos e dramaturgos do período, como os citados acima.
A01 Renascimento cultural europeu
Na Filosofia, houve importantes reflexões sobre política e teologia, destacando-se obras de autores como Thomas Hobbes e Thomas Morus, na Inglaterra; Maquiavel, na Itália; e Jean Bodin, na França. Esses homens contribuíram para a reflexão a respeito do Estado Moderno, sendo Bodin considerado o pai do conceito do Absolutismo Monárquico.
Figura 03 - Capa de Os Lusíadas, edição de 1572.
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História
Exercícios de Fixação 01. (Puc RS) Considerando o Renascimento Comercial e Urbano da Europa nos séculos XII e XIII, analise as sentenças abaixo e preencha os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) A Itália, Flandres e a região da Champagne eram os principais eixos econômicos da Europa Ocidental no período. ( ) Os habitantes das cidades que dedicavam ao comércio constituíram uma nova classe social – a burguesia. ( ) A economia urbana começava a se libertar do domínio das corporações de ofício e a estabelecer o livre comércio, provocando o fim dos privilégios da nobreza e dos monopólios comerciais reais. ( ) As condições de higiene das cidades medievais melhoraram com a implantação do urbanismo e de serviços de esgoto e água encanada, dificultando a disseminação de epidemias. ( ) As principais cidades comerciais queriam mostrar sua riqueza e importância através da construção de grandes catedrais góticas, o que tornou possível pela adoção de novas técnicas de construção. O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) V – F – V – F – F b) V – F – F – V – V c) V – V – F – F – V d) F – V – F – V – F e) F – V – V – V – F
A01 Renascimento cultural europeu
02. (Unesp SP)
(Andrea Mantegna. Lamentação sobre o Cristo morto, 1480. Pinacoteca de Brera, Milão.)
A pintura representa no martírio de Cristo os seguintes princípios culturais do Renascimento italiano: a) a imitação das formas artísticas medievais e a ênfase na natureza espiritual de Cristo. b) a preocupação intensa com a forma artística e a ausência de significado religioso do quadro.
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c) a disposição da figura de Cristo em perspectiva geométrica e o conteúdo realista da composição. d) a gama variada de cores luminosas e a concepção otimista de uma humanidade sem pecado. e) a idealização do corpo do Salvador e a noção de uma divindade desvinculada dos dramas humanos. 03. (Fuvest SP) Em uma significativa passagem da tragédia Macbeth, de Shakespeare, seu personagem principal declara: “Ouso tudo o que é próprio de um homem; quem ousa fazer mais do que isso não o é”. De acordo com muitos intérpretes, essa postura revela, com extraordinária clareza, toda a audácia da experiência renascentista. Com relação à cultura humanista, é correto afirmar que a) o mecenato de príncipes, de instituições e de famílias ricas e poderosas evitou os constrangimentos, prisão e tortura de artistas e de cientistas. b) a presença majoritária de temáticas religiosas nas artes plásticas demonstrava as dificuldades de assimilar as conquistas científicas produzidas naquele momento. c) a observação da natureza, os experimentos e a pesquisa empírica contribuíram para o rompimento de alguns dos dogmas fundamentais da Igreja. d) a reflexão dedutiva e o cálculo matemático limitaram-se à pesquisa teórica e somente seriam aplicados na chamada revolução científica do século XVII. e) a avidez de conhecimento e de poder favoreceu a renovação das universidades e a valorização dos saberes transmitidos pela cultura letrada. 04. (FM Petrópolis RJ) A respeito das relações entre o Renascimento e o Cristianismo na Europa, os professores Francisco Falcon e Edmilson Rodrigues escreveram: Não buscavam os humanistas o caminho até Deus pelo desespero, como Lutero, e muito menos concordavam com o servo-arbítrio. Além disso, desaprovavam a violência e os cismas, o que explicava por que grandes intelectuais se recusaram a aderir à Reforma. Essa atitude dos humanistas, como Erasmo e Morus, acabou por criar uma terceira via para a crise que se apresentava sob a forma de uma renovação das doutrinas e dos sentimentos diante do mundo. A utopia foi uma das representações dessa terceira via. Nesse sentido, o luteranismo e o calvinismo, no que se referem à doutrina, são anti-humanistas. FALCON, F.; RODRIGUES, A. E. A formação do mundo moderno. A construção do Ocidente dos séculos XIV ao XVIII. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. p. 130.
As ideias apresentadas pelos autores no trecho acima, a respeito do contexto das divergências teológicas do século XVI, apontam para o fato de que o(a)
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05. (UFSC) O sorriso enigmático de Mona Lisa faz por merecer a multidão de turistas e a enxurrada de flashes que a registram todos os dias no Museu do Louvre, em Paris. Criada por Leonardo da Vinci no início do século XVI, a Gioconda é resultado da utilização de técnicas apuradíssimas e proporções corporais exatas, sem falar no famoso meio sorriso e no olhar enviesado. Mais do que uma revolução artística, porém, o que aquela criação testemunha é um período de transformações culturais e sociais que varreriam a Europa e dariam luz ao homem moderno. ASSIS, A. F. A razão brilha para todos. Revista de História, ano 9, n. 98, p. 18, nov. 2013.
Sobre a Europa, no período conhecido como modernidade, é correto afirmar que 01. no campo das artes visuais, a preocupação em observar o mundo natural contribuía para que se buscasse representá-lo de forma mais realista. Para isso, contava-se com as transformações de outros campos do conhecimento como a matemática e a biologia. 02. a expansão da circulação de ideias com o advento da imprensa – graças à invenção dos tipos móveis de Gutenberg – tornou-se um poderoso fator de transformação social. 04. para o movimento humanista, o homem era a mais perfeita das criaturas e, por sua capacidade racional, seria o criador, o aventureiro, o sonhador, o dominador da natureza, mas tudo isso deveria estar subordinado à fé. 08. para a expansão dos seus negócios, a burguesia emergente necessitava que fossem desbancados alguns dos princípios religiosos que normatizavam a sociedade. Por isso, entre outras ações, ela incentivava e financiava muitos estudos de investigação científica. 16. muitos dos valores e manifestações culturais do mundo medieval, sobretudo no início dos tempos modernos, continuaram presentes na sociedade, por isso a modernidade europeia não deve ser percebida como uma ruptura completa com o medievo. 32. aos poucos, explicações sobrenaturais para as doenças, como espíritos malignos ou influência do demônio, eram substituídas por tratamentos racionais e científicos incentivados também pela Igreja. 64. impulsionada pelas novas formas de explicação do mundo, a Igreja Católica redefiniu seus dogmas através de um grande movimento que ficou conhecido como Reforma.
06. (UEM PR) Sobre arte e produção artística no Renascimento, assinale a(s) alternativa(s) correta(s): 01. O ideal do humanismo mobilizou os artistas a produzirem a arte valorizando o ser humano e a natureza, buscando expressar a racionalidade e a dignidade do ser humano. 02. A perspectiva na pintura foi desenvolvida a partir de leis matemáticas. Até então não se dominava a técnica pelas quais os objetos parecem mudar de tamanho à medida que se afastam do espectador. 04. Filippo Brunelleschi (1375-1444) é considerado o pioneiro da arquitetura da Renascença. Em suas obras é possível constatar a harmonia e a regularidade a partir das regras da geometria. 08. O mecenato era uma prática conhecida no período. Os mecenas patrocinavam as artes e as culturas, atraindo para as cidades os artistas e estudiosos. 16. A ideia de valorização do homem na arte foi uma invenção renascentista. O antropocentrismo, o racionalismo, o naturalismo, o individualismo e o resgate da Antiguidade surgem no Renascimento. 07. (UEPG PR) Movimento de natureza cultural, o Renascimento marcou o momento da transição dos valores, pensamentos e tradições do mundo medieval em direção ao que os historiadores convencionaram chamar de Idade Moderna. Inspirado nos valores da cultura greco-romana, o Renascimento expandiu pela Europa atingindo os países europeus de forma diferente. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01. O processo de centralização política, a solidificação de uma economia de âmbito urbano-mercantil e o aparecimento de um mecenato (pessoas que patrocinavam artistas e intelectuais) foram elementos determinantes para a ocorrência do Renascimento. 02. Um dos principais nomes do Renascimento, Leonardo da Vinci ficou conhecido por ter pintado a Monalisa. Porém, além de artista, da Vinci possuía conhecimentos em diversas áreas – como a mecânica e a anatomia – e produziu inúmeros projetos científicos. 04. Florença, cidade italiana da região da Toscana, foi um dos núcleos iniciais do movimento renascentista naquele país. No entanto, em outras cidades italianas como Roma, Milão e Siena, o Renascimento praticamente não deixou marcas. 08. Boa parte das pinturas e das esculturas renascentistas tem o homem como objeto principal. Porém, tal perspectiva artística não foi suficientemente forte para que as sociedades modernas incorporassem uma noção humanista e abandonassem os princípios teocentristas medievais. 16. Entre os princípios combatidos pelos intelectuais renascentistas estava o hedonismo, isto é, a valorização dos prazeres sensoriais e materiais. Nesse sentido, o Renascimento aproximava-se do pensamento medieval que defendia a resignação e o sofrimento como formas de aprimoramento humano.
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A01 Renascimento cultural europeu
a) Luteranismo é uma doutrina em tudo oposta ao Calvinismo. b) Renascimento deve ser interpretado como pertencendo à teologia católica. c) Humanismo não caracterizou apenas os reformadores protestantes. d) Reforma protestante se opôs às ideias do classicismo grego. e) Utopia foi um movimento de reafirmação das doutrinas anglicanas.
História
Exercícios Complementares 01. (UEM PR) Sobre o movimento cultural, intelectual e científico que ocorreu na Europa do século XIV ao século XVI, e que ficou conhecido como Renascimento, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01. A sociedade europeia, durante esse período, experimentou um pequeno crescimento urbano e as poucas cidades que existiam não possuíam relevância comercial, uma vez que o comércio estava em declínio e a burguesia enfraquecida economicamente. 02. A mentalidade dos intelectuais ligados ao Renascimento baseou-se na formulação de princípios pautados pelo humanismo ou antropocentrismo, segundo o qual o homem “era a medida de todas as coisas”; pelo racionalismo, que sustentava que a razão era fundamental para a explicação do mundo; e pelo individualismo, que reconhecia, valorizava e respeitava as diferenças individuais dos homens livres. 04. Dentre os expoentes renascentistas, destacaram-se James Watt, criador da Teoria da Relatividade; Isaac Newton, criador da Teoria Heliocêntrica; e Albert Einstein, considerado o pai da Física, o que lhe garantiu destaque e reconhecimento sociais. 08. Durante essa época, homens ricos conhecidos como mecenas patrocinavam o trabalho de artistas e de intelectuais renascentistas. Entre as pessoas que se destacavam como mecenas estavam banqueiros, monarcas e papas. 16. O hedonismo, forma de pensamento renascentista, caracterizava-se pela crítica à valorização dos prazeres terrenos, o que incluía a valorização do corpo, da beleza e da perfeição. 02. (Unievangélica GO) Leia o texto a seguir. O Renascimento dos séculos XV-XVI, recorreu a modelos culturais clássicos, que a Idade Média também conhecera e amara. Aliás, foi em grande parte através dela que os renascentistas tomaram contato com a Antiguidade [...]. Ou seja, como já se disse muito bem: “embora o Renascimento só invoque a Antiguidade, é, realmente, o filho ingrato da Idade Média”. FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média e o Nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 1986. p. 171.
A01 Renascimento cultural europeu
A expressão usada pelo autor para defender que o Renascimento é o “filho ingrato da Idade Média” se justifica pelo fato de que a) observamos a presença de temas tipicamente medievais na produção dos artistas renascentistas, a exemplo das peças de Shakespeare (Macbeth) e dos afrescos de Michelangelo (O Juízo Final). b) identificamos importantes artistas renascentistas, tais como Petrarca (1304-1374), que viveram e produziram no período cronologicamente identificado como Idade Média.
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c) encontramos características do movimento renascentista, tais como individualismo, humanismo e neoplatonismo, presentes de forma incipiente na cultura ocidental desde o século XII. d) constatamos uma grande quantidade de produções artísticas da Antiguidade Clássica reproduzidas na Idade Média, destacadamente altos-relevos nas fachadas das catedrais. 03. (Puc GO) Os turistas secretos Havia um casal que tinha uma inveja terrível dos amigos turistas — especialmente dos que faziam turismo no exterior. Ele, pequeno funcionário de uma grande firma, ela, professora primária, jamais tinham conseguido juntar o suficiente para viajar. Quando dava para as prestações das passagens, não chegava para os dólares, e vice-versa; e assim, ano após ano, acabavam ficando em casa. Economizavam, compravam menos roupa, andavam só de ônibus, comiam menos — mas não conseguiam viajar para o exterior. Às vezes passavam uns dias na praia. E era tudo. Contudo, tamanha era a vontade que tinham de contar para os amigos sobre as maravilhas da Europa, que acabaram bolando um plano. Todos os anos, no fim de janeiro, telefonavam aos amigos: estavam se despedindo, viajavam para o Velho Mundo. De fato, alguns dias depois começavam a chegar postais de cidades europeias, Roma, Veneza, Florença; e ao fim de um mês eles estavam de volta, convidando os amigos para verem os slides da viagem. E as coisas interessantes que contavam! Até dividiam os assuntos: a ele cabia comentar os hotéis, os serviços aéreos, a cotação das moedas e também o lado pitoresco das viagens; a ela tocava o lado erudito: comentários sobre os museus e locais históricos, peças teatrais que tinham visto. O filho, de dez anos, não contava nada, mas confirmava tudo e suspirava quando os pais diziam: — Como fomos felizes em Florença! O que os amigos não conseguiam descobrir é de onde saíra o dinheiro para a viagem; um, mais indiscreto, chegou a perguntar. Os dois sorriram, misteriosos, falaram numa herança e desconversaram. Depois é que se ficou sabendo. Não viajavam coisa alguma. Nem saíam da cidade. Ficavam trancados em casa durante todo o mês de férias. Ela ficava estudando os folhetos das companhias de turismo, sobre — por exemplo — a cidade de Florença: a história de Florença, os museus de Florença, os monumentos de Florença. Ele, num pequeno laboratório fotográfico, montava slides em que as imagens deles estavam superpostas a imagens de Florença. Escrevia os cartões-postais, colava neles selos usados com carimbos falsificados. Quanto ao menino, decorava as histórias contadas pelos pais para confirmá-las se necessário.
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(SCLIAR, Moacyr. Melhores contos. São Paulo: Global, 2003. p. 210-212. Adaptado.)
A cidade de Florença, na qual a família embusteira do texto “foi feliz”, teve um importante papel cultural e artístico na época do Renascimento. Esse processo histórico europeu pode ser caracterizado como: I. Um período em que a sociedade, de modo geral, desenvolveu uma cultura humanista e os princípios da cosmovisão científica foram estabelecidos. II. Uma época em que o absolutismo da família Médici imperou na Europa ocidental, atraindo, em torno de seu poderio e riqueza, muitos artistas talentosos para viverem em Florença. III. Um processo histórico no qual a vida urbana consolidou como modelo civilizacional. IV. Um momento em que o culto à Razão e as bases da indústria moderna foram estabelecidos por gênios, a exemplo de Galileu e Da Vinci. Em relação às proposições, assinale a única alternativa cujos itens estão todos corretos: a) I e II. b) I e III. c) II, III e IV. d) II e IV. 04. (Puc Campinas SP) O século XVII é conhecido por uma larga produção cultural nas áreas de filosofia, matemática, astronomia e ciência política. O texto de Péricles Eugênio Tavares refere- se a um dos pensadores dessa fase: Isaac Newton. Entre suas contribuições mais significativas está a) a criação do método que produzia verdades absolutas, inquestionáveis, formulado nas obras: Regras para a direção do espírito e Discurso do método e Meditações. b) a teoria do Estado Liberal e da propriedade privada, formulada em suas principais obras: Ensaio sobre o entendimento humano e Primeiro tratado sobre o governo civil.
c) a defesa da ideia da universalidade da razão como único caminho para o conhecimento e a publicação das obras: O espírito das leis, Contrato social e Riqueza das Nações. d) a formulação da lei da gravitação universal e a publicação da obra Os princípios matemáticos da filosofia natural, que reúne as bases da mecânica clássica. e) o método experimental, no qual enfatiza a importância da experimentação para o desenvolvimento do conhecimento e a obra Novum organum que reúne os princípios matemáticos. 05. (UFJF MG) A História chamada de Antiga faz parte do repertório cultural do Ocidente. Ela representa para nós uma espécie de História das nossas origens. A História Antiga é vista como o ponto inicial de nossa jornada através da História. GUARINELLO, N. História Antiga. São Paulo: Contexto, 2013. p. 8. Adaptado.
Existe em nossa atualidade uma série de características que podem ser consideradas, de alguma forma, “heranças” recebidas da Antiguidade greco-romana. Entre elas, assinale a alternativa CORRETA. a) A introdução da participação das mulheres nas decisões políticas de seus países através do voto direto. b) A criação do ideal de República a partir da experiência vivenciada na cidade grega de Atenas. c) A retomada de referências culturais e artísticas que têm sido reinterpretadas desde o Renascimento. d) A maioria dos países ser composta de cidades estados, independentes entre si, e não estados de caráter mais nacionalizado. e) O princípio jurídico do direito romano do “olho por olho, dente por dente” que prevalece nas relações diplomáticas internacionais. 06. (Fuvest SP) A construção da modernidade econômica no Ocidente teve como elementos determinantes a aquisição de características mentais e sociais totalmente estranhas ao mundo greco-romano: uma árdua e longa reapropriação civil do trabalho e a invenção de uma relação nunca antes experimentada entre trabalho dependente e liberdade pessoal, seja nas cidades que renasciam, seja nos campos depois do feudalismo. E também uma reconquista da dimensão física da natureza – matéria e movimento, em um novo quadro de experiências e conceitos – como condição para uma aliança entre inteligência e produtividade, entre conhecimento científico, saberes artesanais e inovações tecnológicas. Aldo Schiavone, Uma História rompida. Roma Antiga e Ocidente Moderno.
A partir do texto, a) caracterize a relação entre trabalho e “liberdade pessoal” na Antiguidade Clássica; b) compare a natureza do conhecimento científico e das inovações tecnológicas do mundo greco-romano com a do mundo moderno.
Questão 06. a) Na Antiguidade Clássica, o predomínio do trabalho escravo fazia com que a “liberdade pessoal”, entendida como o ócio necessário para o exercício da política, pertencia ao proprietário do trabalhador. b) No mundo greco-romano, o conhecimento científico tinha caráter essencialmente especulativo e estava dissociado das atividades práticas, o que diminuía sua influência sobre as inovações tecnológicas. Já no mundo moderno, o caráter investigativo, racional e pragmático do conhecimento científico atuou diretamente sobre os avanços tecnológicos, transformando e acelerando o processo produtivo – condições necessárias, entre outras, para o advento da Revolução Industrial.
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A01 Renascimento cultural europeu
Só saíam de casa tarde da noite. O menino, para fazer um pouco de exercício; ela, para fazer compras num supermercado distante; e ele, para depositar nas caixas de correspondência dos amigos os postais. Poderia ter durado muitos e muitos anos essa história. Foi ela quem estragou tudo. Lá pelas tantas, cansou de ter um marido pobre, que só lhe proporcionava excursões fingidas. Apaixonou-se por um piloto, que lhe prometeu muitas viagens, para os lugares mais exóticos. E acabou pedindo o divórcio. Beijaram-se pela última vez ao sair do escritório do advogado. — A verdade — disse ele — é que me diverti muito com a história toda. — Eu também me diverti muito — ela disse. — Fomos muito felizes em Florença — suspirou ele. — É verdade — ela disse, com lágrimas nos olhos. E prometeu-se que nunca mais iria a Florença.
FRENTE
A
HISTÓRIA
MÓDULO A02
ASSUNTOS ABORDADOS n Expansão marítima e comercial
europeia
n Expansão marítima portuguesa n Expansão marítima espanhola e inglesa
EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL EUROPEIA Na Idade Média, o comércio entre a Europa e a Ásia era facilitado principalmente pelos árabes que compravam mercadorias advindas do Oriente e as transportavam até os entrepostos comerciais das áreas próximas ao Mar Negro ou da parte oriental do Mediterrâneo. Comerciantes europeus adquiriam mercadorias nesses locais e as revendiam nas feiras e cidades da Europa. Nesse transporte, os comerciantes elevavam demasiadamente o preço das mercadorias. Uma forma de baratear e elevar os lucros era a dispensa dos intermediários, adquirindo os produtos diretamente de seus produtores nas Índias (nome dado às terras do leste da Ásia). Até o século XIV, o conhecimento que se tinha sobre outros lugares do mundo era muito limitado. Além dos relatos do viajante de Veneza, Marco Polo, as informações sobre o Oriente eram encontradas, geralmente, em obras de quem nunca havia estado na Ásia. Havia muitas lendas sobre outros povos e regiões. Uma delas, contada por monges e peregrinos, falava da existência do reino do Preste João, rei cristão cujas terras ficavam em algum lugar da África Oriental ou da Ásia. O governo português acreditava que esse reino poderia ser um grande aliado na luta contra os muçulmanos.
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 01 - Imagem representando Preste João em seu trono, contida no mapa do leste da África, no Atlas da Rainha Maria, 1558.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
O conhecimento sobre os mares também era limitado. Muitos acreditavam que mais ao Sul o mar seria habitado por monstros e estaria em chamas. Aqueles que ousassem cruzar o Atlântico iriam se deparar com o fim do mundo, pois em algum ponto o oceano acabaria num abismo. Portanto, a expansão marítima europeia foi responsável por desmistificar alguns desses mitos e também deu início ao processo de Revolução Comercial, fenômeno que marcou o mundo entre os séculos XV e XVIII.
Nas grandes navegações, os portugueses aplicaram o uso de pequenos barcos, os barinéis, além das caravelas e naus. A precisão náutica foi favorecida pelo uso da bússola e do astrolábio, advindos da China. A bússola já era utilizada pelos muçulmanos desde o século XII.
Assim, com as primeiras grandes navegações, houve a superação das barreiras comerciais existentes na Idade Média. Isso proporcionou o desenvolvimento da economia mercantil, bem como o fortalecimento da classe burguesa. É importante lembrar também que a necessidade dos povos europeus lançarem-se ao mar originou-se de diversos fatores sociais, políticos, econômicos e tecnológicos. O capital burguês financiaria a infraestrutura necessária às navegações. Afinal, para tal empreitada, precisava-se de navios, armas e alimentação.
A primeira nação a criar um Estado-nacional associado aos interesses mercantis foi Portugal. Enquanto outras regiões estavam em guerra, ali o clima era pacífico, possibilitando a concentração de riqueza e o acúmulo de metais preciosos.
Os portugueses foram os precursores no processo de expansão, com importante contribuição da Escola de Sagres, suposta escola náutica que teria sido criada pelo infante D. Henrique. Dela teria vindo o lema Navegar é preciso, viver não é preciso.
Portugal contava, também, com uma vantagem geográfica, pois era ponto de escala comercial para os navios que saíam da Itália em direção ao Mediterrâneo com destino ao norte da Europa. A posição estratégica permitia acesso à África através do Oceano Atlântico. O primeiro sucesso português nos mares foi a Conquista de Ceuta, em 1415. Com o argumento de punição religiosa, os portugueses dominaram o destino das expedições comerciais árabes. Dessa forma, Portugal entrava na África, porém não foi possível bloquear as caravanas carregadas de escravos, ouro, pimenta e marfim, que paravam em Ceuta. Os árabes definiram outras rotas e os portugueses foram obrigados a procurar novos trajetos em direção às mercadorias que desejavam. Fonte: Wikimedia Commons
Expansão marítima portuguesa
Com a inovação tecnológica, a curiosidade e necessidade econômica de ir ao mar, os portugueses ainda somaram o objetivo de evangelizar e levar a fé católica para outros povos. As condições políticas também eram muito favoráveis.
A02 Expansão marítima e comercial europeia
Figura 02 - Painel de azulejos de Jorge Colaço (1864 - 1942) na Estação de São Bento, no Porto, mostrando o Infante D. Henrique na conquista de Ceuta.
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História
Fonte: Wikimedia Commons
Expansão marítima espanhola e inglesa Com a queda de Granada, a Espanha unificou seu território, em 1492, concluindo o processo de expulsão dos árabes e consolidando a monarquia. A primeira investida espanhola ao Oceano Atlântico resultou na descoberta da América, pelo navegador italiano Cristóvão Colombo (1452 - 1516). Apoiado pelos reis católicos Fernando Aragão e Isabel de Castela, Colombo partiu em agosto de 1492 com as caravelas Nina e Pinta e com a nau Santa Maria rumo a Oeste, chegando à América em outubro do mesmo ano. Dois anos depois, o papa Alexandre VI foi mediador do Tratado de Tordesilhas e dividiu as terras do Novo Mundo entre espanhóis e portugueses.
Figura 03 - Retrato de Cristóvão Colombo, por Sebastiano del Piombo, 1519.
Naquele período, os ingleses estavam envolvidos na Guerra dos Cem Anos, contra a França, Guerra das Duas Rosas (1455-1485) e conflitos entre os senhores feudais. Além disso, buscavam uma nova rota para as Índias, por sua vez, passando pela América do Norte. Para conseguir isso, contaram com o incentivo da rainha Elizabeth I (1558-1603) e também com as riquezas provenientes da pirataria contra navios espanhóis. Logo os ingleses dominaram o tráfico de escravos africanos para a América Espanhola e Portuguesa, fundando estabelecimentos nas Índias.
Exercícios de Fixação 01. (Fuvest SP)
c) a Europa, a despeito do poder otomano, exercia domínio incontestável sobre o conjunto das atividades comerciais eurasianas. d) a África Ocidental encontrava em posição subordinada ao poderio otomano, funcionando como sua principal fonte de escravos. e) o Império Otomano, ao intermediar as trocas a longa distância, forçou os europeus a buscar rotas alternativas de acesso ao Oriente. 02. (Uncisal AL)
Mar português
A02 Expansão marítima e comercial europeia
Ó mar salgado, quanto do teu sal Encontram-se assinaladas no mapa, sobre as fronteiras dos
São lágrimas de Portugal!
países atuais, as rotas eurasianas de comércio a longa dis-
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
tância que, no início da Idade Moderna, cruzavam o Império
Quantos filhos em vão rezaram!
Otomano, demarcado pelo quadro. A respeito dessas rotas,
Quantas noivas ficaram por casar
das regiões que elas atravessavam e das relações de poder que elas envolviam, é correto afirmar que a) a China, com baixo grau de desenvolvimento político e econômico, era exportadora de produtos primários para a Europa. b) a Índia era uma economia fracamente vinculada ao comércio a longa distância, em vista da pouca demanda por seus produtos.
590
Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele espelhou o céu PESSOA, Fernando. Mensagem. In: Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
portuguesa. Nele, o poeta enfatiza a) os custos humanos que a empreitada marítima legou a Portugal e a coragem desse povo em se aventurar no desconhecido. b) as riquezas que as novas colônias da América produziam e sua importância para a economia portuguesa. c) a necessidade de se contornar a África e criar uma nova rota marítima para o comércio com as Índias. d) a diversidade cultural portuguesa e sua influência sobre os povos colonizados nas novas terras. e) o avanço tecnológico naval português em comparação ao de outros povos europeus. 03. (IF RS) Assinale a alternativa que completa corretamente a frase abaixo. Entre as consequências do desenvolvimento urbano-comercial ocorrido em Portugal, a partir da subida de D. João I ao trono,
d) do desejo do rei espanhol em realizar a primeira viagem de circum-navegação comercial ao Oriente. e) da missão de expandir o comércio de especiarias do Oriente para os povos conquistados na América. 05. (Puc GO) O texto menciona navegações, naufrágios e descobertas, termos que remetem ao processo de expansão comercial e marítima da Europa, com sua ânsia para conquistar novas terras e estabelecer relações comerciais com povos de outros territórios. O processo foi lento, durou décadas e nele pode destacar a contribuição dos portugueses. Acerca da chegada dos europeus ao continente americano, assinale a alternativa correta. a) O pioneirismo português nas viagens pelo Atlântico possibilitou que Cristóvão Colombo atingisse as terras da América, pois Vasco da Gama e outros pilotos talentosos compartilhavam as melhores rotas para a navegação em alto mar. b) Os ingleses deram grandes contribuições técnicas às viagens
no final do século XIV, inclui-se
marítimas, ajudados pela condição geográfica da Inglaterra,
a) o incremento das viagens marítimas nas mãos de navega-
uma ilha. Por isso, atingiram rapidamente o território dos
dores originários desse país, como mostram as navegações abaixo do Bojador e a chegada na costa da Oceania.
atuais Estados Unidos da América. c) Enquanto os portugueses estavam voltados para atingir o
b) o estreitamento dos contatos com os navegadores escan-
Oriente pela costa africana, avançando os postos comerciais,
dinavos, herdeiros da tradição viking e que foram funda-
os franceses tentaram atingir os países orientais através do
mentais no desenvolvimento das rotas que levaram os portugueses a alcançarem a meta de conquistar as novas terras do Oeste. c) o interesse de livrar-se dos intermediários italianos, especialmente os venezianos, que dominavam o comércio de especiarias, e o consequente desejo de encontrar uma rota alternativa para chegar à Ásia. d) o aumento da fé religiosa e do sentimento de superioridade tecnológica e cultural cristã, o que levou à eclosão da Primeira Cruzada contra os muçulmanos. e) a eclosão da revolução que levou à queda da dinastia de Avis, interessada em promover a reintegração do país ao reino de Castela.
próprio mediterrâneo e descobriram o Canal de Suez. d) Os espanhóis não possuíam tradição nas navegações oceânicas, mas acabaram sendo os pioneiros na colonização das Índias Ocidentais. 06. (UEM PR) Sobre o expansionismo ibérico, no século XV, é correto afirmar que 01. Portugal foi pioneiro na expansão ultramarina, pois tinha um grupo mercantil forte e enriquecido que dominava a tecnologia náutica. 02. Calicute, no Marrocos, foi a primeira cidade conquistada pelos portugueses na África. 04. na Espanha e em Portugal, as viagens ultramarinas eram organizadas pelos governos e por companhias de comércio
04. (Puc Campinas SP) O texto de Teobaldo Astúrias, ao se refe-
com o objetivo de obter metais preciosos e produtos orien-
rir à estátua novaiorquina com seu facho de luz saudando os
tais, particularmente as especiarias. Essa política ficou co-
navegantes, nos remete à Expansão Marítima Europeia. Sobre esse fenômeno, é correto afirmar que a chegada de Cristóvão
nhecida como metalismo ou bulionismo. 08. são características comuns das práticas mercantilistas ado-
Colombo à América faz parte
tadas pelos países europeus a intervenção do estado na
a) da unificação dos reinos ibéricos que, aliada à posição geo-
economia, a busca da balança comercial favorável, o meta-
gráfica, favoreceu o pioneirismo naval. b) do processo de expansão da economia mercantil europeia e do fortalecimento da classe burguesa. c) do empreendimento planejado espanhol, destinado à exploração das riquezas comerciais do Oriente.
lismo e a proteção alfandegária, visando o fortalecimento do estado e o aumento da riqueza nacional. 16. a Igreja Católica se pronunciou contra a expansão ultramarina, pois não julgava correto a catequização dos povos conquistados.
591
A02 Expansão marítima e comercial europeia
O poema de Fernando Pessoa refere-se à expansão marítima
História
Exercícios Complementares 01. (UECE) Observe atentamente o seguinte enunciado: “Entre os séculos XV e XVI, Portugal procurou, no continente Africano, diferentes produtos para comercializar: inicialmente o ouro, depois o ser humano, pois entendeu o valor dos escravos como mercadoria de alto valor”. Considerando o trecho acima, escreva V ou F conforme seja verdadeiro ou falso o que afirma a seguir: ( ) A tradição de exportar escravos para países árabes era comum em várias partes da África. ( ) Aprisionar pessoas para escravidão foi uma prática inexistente na África até a chegada dos europeus. ( ) Os portugueses acreditavam que ser escravo era uma possibilidade de salvação, porque os negros não eram cristãos. ( ) Para muitos europeus, os negros eram descendentes de Ham, o que os tornava amaldiçoados à escravidão eterna. Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência: a) V, V, F, F. b) V, F, V, V. c) F, V, V, F. d) F, F, F, V. 02. (Fuvest SP) No processo de expansão mercantil europeu dos séculos XV e XVI, Portugal teve importante papel, chegando a exercer durante algum tempo a supremacia comercial na Europa. Todavia “em meio da aparente prosperidade, a nação empobrecia. Podiam os empreendimentos da coroa ser de vantagem para alguns particulares (…)” (Azevedo, J. L. de, Épocas de Portugal Econômico, Livraria Clássica Editora, pág. 180).
A02 Expansão marítima e comercial europeia
Ao analisarmos o processo de expansão mercantil de Portugal concluímos que a) a falta de unidade política e territorial em Portugal determinava a fragilidade econômica interna. b) a expansão do império acarretava crescentes despesas para o Estado, queda da produtividade agrícola, diminuição da mão de obra e falta de investimentos industriais, afetando a economia nacional. c) a luta para expulsar os muçulmanos do reino português, que durou até o final do século XV, empobreceu a economia nacional, que ficou carente de capitais. d) a liberdade comercial praticada pelo Estado português no século XV levou ao escoamento dos lucros para a Espanha, impedindo seu reinvestimento em Portugal. e) o empreendimento marítimo português revelou-se tímido, permanecendo Veneza como o principal centro redistribuidor dos produtos asiáticos, durante todo o século XVI.
592
03. (UFJF MG) Leia as afirmativas abaixo que referem às grandes navegações e ao processo de expansão ultramarina e numere a segunda coluna de acordo com a primeira. I. Portugal II. Inglaterra III. Espanha IV. Holanda ( ) A centralização do poder monárquico e o grande desenvolvimento dos estudos náuticos, no que ficou conhecido como a Escola de Sagres, favoreceram o pioneirismo desse país na empreitada das grandes navegações. ( ) Sua expansão ultramarina começou ainda no século XV pela exploração do Atlântico e desempenhou destacado papel na descoberta das terras do continente americano, que teve grande parte de seu território colonizado por esse país. Tal colonização foi responsável pela desestruturação dos grandes impérios aí existentes. ( ) Sua atuação na expansão ultramarina foi muito mais de caráter indireto, por exemplo, financiando a instalação da indústria manufatureira do açúcar no Brasil e seu refinamento e comercialização na Europa. ( ) Depois de tentativas fracassadas de abrir uma passagem para a Ásia pelo extremo norte do continente americano e pelo Mar do Norte, na segunda metade do século XVI, seu processo de expansão marítima concentrou nas ações de pirataria, principalmente, contra embarcações de um país inimigo, política essa oficializada pelo Estado. Agora, marque a alternativa CORRETA. a) III, IV, I, II d) III, I, II, IV b) I, III, IV, II e) I, IV, II, III c) IV, I, II, III 04. (Fuvest SP) Na última década do século XVI, Walter Raleigh publicou um livro intitulado A Descoberta da Guiana, no qual referiu aos homens sem cabeça que lá viviam. Embora não os tivesse encontrado, tinha certeza de que existiam, porque “todas as crianças das províncias de Orramaia e Canuri afirmam o mesmo”. Essa é uma das descrições de monstros do Novo Mundo feita por um europeu do século XVI. Aliás, a grande maioria dos navegadores da época dos descobrimentos relatou a existência de monstros na África, Ásia e América. A constante presença dessas figuras nos relatos é indicativa: a) da visão de mundo da sociedade europeia da época, que mantinha a visão medieval sobre a existência das maravilhas do mundo e ainda não havia adotado a observação efetivamente científica da cultura e da natureza. b) da crença renascentista de que à “humanidade” dos europeus correspondia a bestialidade dos povos do Novo Mundo, que estariam evoluindo de animais para seres humanos.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
05. (Unirio RJ) Houve uma série de mudanças que assinalaram a transição da economia estática e contrária ao lucro, dos fins da Idade Média para o dinâmico regime capitalista do século XV e seguintes. A respeito desse processo, podemos afirmar que: a) A conquista do monopólio comercial do Mediterrânio pelas cidades turcas desenvolveu o comércio com as cidades mercantis da Liga Asiática. b) A introdução de moedas de circulação geral, como o ducado veneziano e o florim tocano, desorganizou a economia monetária da época. c) A procura de materiais bélicos desestimulava os novos monarcas a desenvolverem o comércio, preocupados com sua própria segurança. d) A acumulação de capitais excedentes, oriunda das especulações comerciais, marítimas ou de mineração, trouxe novos horizontes de opulência e poder. e) O sistema de manufatura desenvolvido pelas corporações de ofícios consolidou-se, afastando-se delas o fantasma da extinção. 06. (Uerj RJ) Na expansão marítimo-comercial moderna, o pioneirismo português pode ser explicado como resultado de diversos fatores. Entre eles pode-se destacar os seguintes: a) Localização geográfica e estabelecimento de relações comerciais via Mediterrâneo com o Oriente. b) Descoberta das rotas mediterrânicas para o Oriente e concorrência com as cidades italianas. c) Centralização política e intervenção real em favor da navegação pelo Atlântico. d) Avanço das artes cartográficas e reivindicações de reformas liberais. e) Cobiça da burguesia mercantil e liberalismo da Coroa. 07. (Unificado RJ) O descobrimento do Brasil foi parte do plano imperial da Coroa Portuguesa, no século XV. Embora não houvesse interesse específico de expansão para o Ocidente a) a posse de terras no Atlântico ocidental consolidava a hegemonia portuguesa neste Oceano. b) o Brasil era uma alternativa mercantil ao comércio português no Oriente.
c) o desvio da esquadra de Cabral seguia a mesma inspiração de Colombo para chegar as Índias. d) a procura de terras no Ocidente foi uma reação de Portugal ao Tratado de Tordesilhas, que o afastava da América. e) essa descoberta foi mero acaso, provocado pelas intempéries que desviaram a esquadra da rota da Índia. 08. (Puc GO) O milagre de viajar Quisera eu, então, decifrar os dias repletos de sombras moventes, à exaltação do que, insalubre, vaga pelos olhos dos homens. Quisera, enfim, saber por que das causas e quilhas de barco nenhum flui das tinas dos dias o fumo o rum(o) do que se foi e nunca mais será, como da via o milagre de viajar! (VIEIRA, Delermando. Os tambores da tempestade. Goiânia: Poligráfica, 2010. p. 142.)
Termos como “quilha”, “barco” e “viajar”, presentes no texto, remetem à ideia de viagem. As primeiras narrativas que chegaram à Europa Ocidental sobre o Novo Mundo foram feitas pelos viajantes que vinham para analisar, catalogar e registrar suas percepções, e repassá-las aos seus pares. Tais informações eram fundamentais no modo de se conceber as novas porções de terra e, assim, influenciavam na sua colonização. Dessa forma, pode-se afirmar que (assinale a resposta correta): a) as narrativas de viajantes contribuíram, de maneira geral, para a manutenção da colonização, bem como para o surgimento de sistemas de pensamentos europeus, como o darwinismo social. b) as narrativas de viajantes influenciaram definitivamente no processo de independência das colônias, pois alimentavam de informações os apoiadores das revoluções que havia na Europa. c) as narrativas de viajantes contribuíram pra a instalação de universidades nas colônias, haja vista a necessidade percebida pelos administradores coloniais de construir suas próprias narrativas, um conhecimento melhor fundamentado, para formar as elites que as administrariam. d) as narrativas de viajantes foram importantes para a manutenção do sistema de escravidão até o final do século XVIII, pois descreviam seus benefícios para a vida cultural e religiosa dos escravizados, o que amenizava a tensão em torno do assunto na Europa. 593
A02 Expansão marítima e comercial europeia
c) da permanência cultural da mitologia antiga na Europa (principalmente a mitologia nórdica), que retratava os habitantes nativos das terras do Atlântico, Pacífico e Índico como monstros. d) da convicção generalizada de que todos os não-europeus eram descendentes de Caim e, portanto, tinham uma anatomia monstruosa. e) de uma mitologia nova que se formou na Europa Renascentista, resultante das alucinações sofridas por todos os navegadores diante da tensão provocada pelo desconhecido.
FRENTE
A
HISTÓRIA
MÓDULO A03
ASSUNTOS ABORDADOS n Conquista da América e povos
pré-colombianos
n Os povos pré-colombianos
CONQUISTA DA AMÉRICA E POVOS PRÉCOLOMBIANOS A iniciativa dos portugueses chamou a atenção de navegantes de outros países da Europa. Um deles era o genovês Cristóvão Colombo, que, acreditando que a Terra fosse esférica, argumentava que a rota mais rápida partindo da Europa fosse pelo oceano Atlântico. Segundo ele, para chegar ao Oriente, era preciso navegar sempre na direção ocidental. O rei de Portugal dom João II negou-se a financiar seu projeto. Então, o genovês dirigiu-se aos reis espanhóis Fernando e Isabel, conseguindo o apoio deles. Em agosto de 1492, acompanhado por, aproximadamente, noventa homens Colombo deixou o porto de Palos, na Andaluzia, no comando das caravelas Pinta e Niña. No dia 12 de outubro do mesmo ano, Colombo avistou terra, contudo acreditou ter chegado às Índias. Sua embarcação havia ancorado num continente, até então, desconhecido pelos europeus e que, posteriormente, passou a chamar-se América. Até 1502, o navegador realizou mais três viagens para as terras descobertas com o patrocínio do governo espanhol, mas ainda não havia encontrado metais preciosos. Em 1506, Colombo faleceu em Valladolid, na Espanha, abandonado, desprestigiado e certo de que encontrara o caminho para as Índias.
Os povos pré-colombianos Quando os europeus chegaram ao continente americano, depararam-se com culturas muito diferentes. As tripulações do Velho Mundo, ao mesmo tempo em que encantaram-se com o exotismo dos nativos, também defrontaram-se com civilizações muito complexas. Muitos desses povos dominavam a escrita, tinham calendários, elaboraram sistemas matemáticos e habitavam centros urbanos mais extensos que as cidades espanholas. O povoamento do continente americano teve início na Pré-história, há cerca de mais de 20 mil anos. Com o passar do tempo, houve a formação de diversos povos, de modo que quando Cristóvão Colombo chegou ao continente, encontrou pelo menos três grandes civilizações. A região da América dominada pela Espanha ficou conhecida como América espanhola e as três grandes civilizações que a habitavam eram os Maias, os Astecas e os Incas. A região que esses povos habitavam, e que depois passara a chamar-se América espanhola, divide-se da seguinte forma: Mesoamérica- correspondente ao Sul do atual México e grande parte da América Central, onde habitaram maias e astecas; Andina Central (ou América Andina) - correspondente à região recortada pela cordilheira dos Andes, onde habitaram os incas.
Figura 01 - Imagem representando a caravela Pinta, por Edward R. Shaw, 1900.
594
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Fonte: simonovstas / Shutterstock.com
Os maias Os maias habitavam a Península de Iucatã, no Golfo do México e, com o passar do tempo, conquistaram um vasto império formado por diversas cidades-estado autônomas como Palenque, Tikal e Copán. Os sistemas de governo eram centralizados e baseavam-se nos princípios da teocracia, pois os líderes políticos eram vistos como representantes dos deuses na Terra. A sociedade era bastante rígida e regia pelo nascimento e hereditariedade dos indivíduos. No topo da hierarquia, estava a família real, os ocupantes dos cargos políticos de prestígio, os ricos comerciantes, ao lado dos sacerdotes - responsáveis pelas cerimônias - e os grupos guerreiros. Na camada intermediária, estavam os outros integrantes do serviço público, como os militares de menor patente e os trabalhadores especializados. Por fim, a base dessa sociedade era integrada por trabalhadores braçais e camponeses, que constituíam a maior parte da população maia.
Figura 02 - Pirâmide de Kukulcán, em Chichén Itzá.
Os astecas A origem dos astecas está relacionada à formação dos antigos povos mexicas, como os olmecas, que deram a base cultural e política para a sua formação. Havia, na Mesoamérica, uma importante cidade, cheia de antigos templos em forma de pirâmide, conhecida como Teotihuacán (cidade dos deuses), localizada a 48 quilômetros a nordeste da atual Cidade do México, construída por volta do ano 300 a.C.
A rica cultura foi marcada por um avançado conhecimento matemático e astronômico, culminando na elaboração de calendários, domínio da fundição de metais e uma escrita pictográfica, isto é, baseada em imagens. Eram politeístas e, em geral, praticavam sacrifícios humanos nos cultos. A guerra também estava relacionada à religião, de forma que morrer na batalha era uma honra para um nobre guerreiro asteca.
Figura 03 - Teotihuacán, vista da via de entrada dos mortos a partir da pirâmide da Lua.
595
A03 Conquista da América e povos pré-colombianos
No século XIV, os astecas fundaram a cidade de Tenochtitlán, atual Cidade do México, que na época da chegada dos europeus, contava com mais de 200 mil habitantes, fato que impressionou bastante os navegantes recém-chegados. Há um mito fundador dessa cidade que narra a história de Tenoch, sacerdote e rei dos astecas, que teria guiado a população para uma ilha no lago de Texcoco e lá encontraram uma águia comendo uma serpente. Nesse local, foi construído um centro sacerdotal em homenagem a Tenoch, onde foi construída a cidade. A sociedade era composta por nobres, sacerdotes, comerciantes, artesãos, camponeses e escravos (em geral, prisioneiros de guerra). Os camponeses astecas eram submetidos ao sistema de servidão coletiva e viviam em agrupamentos chamados calpulli. Eles cultivavam milho, algodão, abóbora, cacau e frutas variadas, além de criarem cães, aves e abelhas.
História
Os Incas Ao final do século XII, ao sul do atual Peru, o povo quíchua fundou uma pequena aldeia rural que, ao longo dos anos, deu origem a uma grande cidade chamada Cuzco. Sob o comando do imperador Pachacuti Inca Yupanqui, a partir de 1438, Cuzco (umbigo, na língua quíchua) tornou-se um grande centro administrativo e passou a dominar as regiões vizinhas. Surgia, assim, o Império Inca. Geralmente, os chefes dos povos conquistados eram levados para Cuzco, onde aprendiam a história inca, seus valores, sua língua, seus costumes e seus conhecimentos administrativos. Para isso, havia centros especiais e a reeducação durava anos. Só depois tais chefes retornavam aos seus locais de origem para servir o império. A sociedade seguia uma estrutura hierárquica rigorosa. Na posição mais elevada, estava o imperador (o inca), seguido por seus parentes, que formavam a aristocracia, e por seus funcionários (curacas). Os sacerdotes também faziam parte dessa elite. Esses grupos representavam a menor parcela da população, porém concentravam poder e riqueza.
A03 Conquista da América e povos pré-colombianos
Na base da sociedade, estavam os camponeses, que viviam em pequenas aldeias, chamadas ayllus. Cada ayllu era liderado por um curaca, encarregado de distribuir as terras, consideradas que estavam sob o domínio do imperador. Ele também organizava as atividades da comunidade e recebia os tributos devidos, a mita, que eram pagos em gêneros e em trabalho.
596
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação 01. (UEAM) A chegada dos espanhóis parece uma libertação
de veados enormes, tinham cães grandes e ferozes e pos-
para os povos submetidos pelos astecas. Diversos estados-
suíam instrumentos lançadores de fogo, Montezuma e
-cidades aliam-se aos conquistadores ou observam com in-
seus conselheiros ficaram pensando: de um lado, talvez
diferença, quando não com alegria, a queda de cada um dos
Quetzalcóatl houvesse regressado, mas, de outro, não tinham essa confirmação. PINSKY, J. et. al. História da América através de textos. São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).
(Octavio Paz. O labirinto da solidão, 2014.)
O excerto traz informações essenciais sobre as sociedades pré-colombianas da Mesoamérica, a saber: a) O reduzido número de habitantes da região, periodicamente dizimados pelos surtos de fome e epidemias. b) O abandono das grandes cidades, devido à desertificação provocada pela destruição das áreas florestais. c) A ausência de sociedades organizadas militarmente, capazes de resistir às agressões de povos invasores. d) A fragilidade da economia regional, caracterizada pela inexistência de relações comerciais entre os diversos povos.
A dúvida apresentada inseria-se no contexto da chegada dos primeiros europeus à América e sua origem estava relacionada ao a) domínio da religião e do mito. b) exercício do poder e da política. c) controle da guerra e da conquista. d) nascimento da filosofia e da razão. e) desenvolvimento da ciência e da técnica. 04. (Unemat MT) “Tenochtitlán foi uma cidade de canais, praças
e) As relações de dominação vigentes, com a imposição de pe-
e mercados, pirâmides, templos, palácios, lojas e residên-
sadas exigências dos povos dominadores sobre os vencidos.
cias, que começou numa ilha no lago Texcoco e estendeu-se
02. (UECE) No que diz respeito às civilizações pré-colombianas, que habitavam o continente americano antes da chegada de Cristóvão Colombo em 1492, e suas respectivas localizações e desenvolvimento cultural, relacione as duas colunas abaixo, numerando a coluna II de acordo com a coluna I. Coluna I 1. Astecas 2. Incas
para as praias mais próximas com as quais comunicava por estradas. Na época da conquista espanhola, ela era uma orgulhosa metrópole de 200 mil habitantes, tão soberba que o conquistador Bernal Diaz del Castillo registrou que mesmo ‘aqueles que estiveram em Roma ou Constantinopla dizem que em termo de conforto, regularidade e população nunca viram algo semelhante’”. (PINSKY, Jaime et al. História da América através de textos. 3. ed. São Paulo: Contexto, 1991. Adaptado).
3. Maias
A cidade de Tenochtitlán era o centro de qual Império?
4. Nazca
a) Inca.
Coluna II ( ) Peru ― cerâmica policromada ( ) México ― códices escritos em cortiça ( ) Cordilheira dos Andes ― cidade fortificada ( ) México, Guatemala, Belize ― sistema de escrita A sequência correta, de cima para baixo é a) 4, 1, 2, 3. b) 2, 3, 4, 1. c) 1, 2, 3, 4. d) 4, 3, 2, 1. 03. (Enem MEC) Quando surgiram as primeiras notícias so-
b) Asteca. c) Maia. d) Tolteca. e) Tupinambá. 05. (Unifor CE) No século XII, na região da atual Cordilheira dos Andes, em especial nos territórios da Bolívia e Peru, diversos grupos quíchuas reuniram, construindo a cidade de Cuzco. De qual civilização pré-colombiana o texto acima se refere? a) Guarani b) Poti c) Asteca
bre a presença de seres estranhos, chegados em barcos
d) Maia
grandes como montanhas, que montavam numa espécie
e) Inca
597
A03 Conquista da América e povos pré-colombianos
seus rivais [...].
História
Exercícios Complementares
A03 Conquista da América e povos pré-colombianos
01. (Acafe SC) Os povos pré-colombianos, habitantes do continente americano, formaram sociedades complexas com diversas características sociais. Sobre esses povos é correto afirmar, exceto: a) A construção de canais de irrigação levava as águas dos rios até as áreas de plantio. Os astecas também criaram os chinampas, ilhas artificiais sobre a água dos lagos, onde eles cultivavam flores e hortaliças. b) A cidade de Machu Picchu, importante centro religioso dos Incas, foi invadida e destruída pelos espanhóis colonizadores, que promoveram uma verdadeira pilhagem em seus templos. c) A civilização asteca desenvolveu-se principalmente onde hoje localiza o território mexicano. A própria bandeira do México tem no centro uma imagem mitológica creditada aos astecas. d) A guerra era um elemento sagrado para alguns dos povos pré-colombianos, pois garantia prisioneiros que serviam de oferendas para os deuses cultuados. 02. (UFPA) Entre os Astecas, as águas do lago Texcoco forneciam os peixes, crustáceos e moluscos que constituíam um dos seus hábitos alimentares. Quanto ao aproveitamento das terras, que eram escassas para o cultivo, pode-se afirmar que a: a) cultura do milho sempre foi uma das bases da alimentação, tanto que o culto aos deuses do milho, ao lado do deus Tlaloc, desempenhava um papel importante no ritual deste povo. b) dedicação à arte militar, em virtude das inúmeras guerras empreendidas contra os povos vizinhos, impediu o desenvolvimento de uma agricultura de subsistência. c) maior parcela dos recursos alimentares provinha, sobretudo, da caça, o que justifica o culto à deusa da caça – Tlazolteol – como o mais importante da civilização asteca. d) base da alimentação do povo asteca provinha da criação de porcos e perus, únicos animais que poderiam ser consumidos por não revestirem-se de caráter divino. e) população asteca, vivendo em sua maioria na área urbana, tinha por hábito a cultura de alimentos para a sua subsistência, como o feijão, que era produzido pelos camponeses das montanhas. 03. (FGV SP) Em menos de 200 anos, os astecas construíram um império com quinhentas cidades e 15 milhões de habitantes, dominando uma área que ia do golfo do México até o Pacífico. O sucesso dessa expansão baseava-se
598
a) na liderança colegiada dos sacerdotes e nos rituais antropofágicos. b) em uma religião monoteísta e na escravização de povos submetidos. c) na presença de governo democrático e na escravização dos camponeses. d) na engenhosidade de seus arquitetos e no domínio sobre a filosofia. e) na força das armas e no engenhoso sistema de irrigação. 04. (UFPB) As principais sociedades ameríndias (maias, astecas e incas) tinham como características: a) homogeneidade étnica e diferenciação linguística, localizando-se na chamada Mesoamérica (México e América Central). b) organização econômica com predominância da agricultura de subsistência, baseada em um sistema de propriedade privada, mas sem hierarquia social. c) organização política que evoluiu de teocracias centralizadas para impérios descentralizados, constituídos de cidades-estado bastante autônomas. d) cidades comparáveis a cidades europeias, com calçamento, ajardinamento, sistema de esgoto e canalização de água. e) religião monoteísta, naturalista, em que praticava-se a astrolatria e sacrifícios humanos. 05. (UFAC) Quanto aos maias, astecas e incas, assinale a alternativa incorreta: a) Os maias constituíram uma sociedade dividida em centros políticos autônomos, formando um Estado teocrático, sendo o poder exercido em nome de um deus. b) A economia na sociedade maia estava quase totalmente concentrada na agricultura com plantio de milho, cacau, algodão e outros produtos. c) Na sociedade asteca, além da caça e da pesca, havia a agricultura. A terra era dos nobres e o trabalho era feito por escravos ou por pessoas livres que a tomavam emprestada. d) O Império Inca desenvolveu-se na América do Sul, na cordilheira dos Andes. e) Na sociedade inca, todo o poder estava concentrado nas mãos dos proprietários de terra, sendo o Imperador uma figura simbólica que cuidava apenas dos assuntos religiosos.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
06. (UFPel RS)
08. (UCS RS) Relacione os povos pré-colombianos apresentados na coluna A, às características que os identificam, elencadas na coluna B. Coluna A ( 1 ) Maias ( 2 ) Incas ( 3 ) Astecas Coluna B ( ) Destacaram-se por erigir grandes construções de pedra e adobe. Merecem destaque as cidades de Machu-Picchu e Cuzco, onde se erguiam grandes pirâmides em degraus. ( ) Destacaram-se na arquitetura pela organização urbanística das cidades construídas em torno de praças matematicamente calculadas, onde se erguiam pirâmides e edifícios religiosos. Como exemplo, podemos citar a capital Tenochtitlán (atual cidade do México). ( ) Desenvolveram a escrita hieroglífica, deixando uma grande quantidade de documentos. Tinham conhecimento dos eclipses solares e do movimento dos planetas. Viviam na península de Yucatán, na América Central.
De acordo com o mapa, os povos que viviam nas regiões identificadas pelas letras “A”, “B” e “C” são, respectivamente, a) astecas, incas e maias. b) incas, maias e astecas. c) astecas, maias e incas. d) maias, astecas e incas. e) maias, incas e astecas. 07. (UFAM) Leia o Texto a seguir:
Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo. a) 1 – 3 – 2 b) 1 – 2 – 3 c) 2 – 3 – 1 d) 2 – 1 – 3 e) 3 – 2 – 1 09. (Ufop MG) A tabela abaixo apresenta uma estimativa populacional indígena do continente americano no período da chegada dos europeus à América.
Nos caminhos jazem dardos quebrados;
População estimada
Percentual da população americana total
América do Norte
4 400 000
7,7
México
21 400 000
37,3
América Central
5 650 000
9,9
Caribe
5 850 000
10,2
Andes
11 500 000
20,1
Planície da América do Sul
8 500 000
14,8
Total
57 300 000
100,0
Os cabelos estão espalhados. Destelhadas estão as casas, Incandescentes estão seus muros. Vermes abundam por ruas e praças, E as paredes estão manchadas de miolos arrebentados. Vermelhas estão as águas, como se alguém as tivesse tingido, E se as bebíamos, eram águas de salitre. O texto acima, escrito por autores anônimos em língua náhuatl por volta de 1528, oferece uma visão indígena da violência produzida pela conquista espanhola no México. Dentre as culturas pré-colombianas ali existentes, podemos destacar: a) astecas, maias e incas b) maias, astecas e toltecas c) incas, maias e pueblos d) pueblos, astecas e araucanos e) omaguas, omecas e astecas
Fonte: Wlliam Denevan (ed.). The Native Population of the America in 1492 (Madison, Wis.,1976). p.291. Apud SCHWARTZ, Stuart & LOCKART, James. A América Latina na Época Colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
Analisando os dados acima, faça um pequeno texto identificando as duas maiores populações indígenas, inclusive suas características culturais. As duas maiores populações indígenas eram os incas e os astecas, que constituíram verdadeiros impérios, respectivamente no Peru e no México. Esses povos eram dotados de avançados sistemas de arquitetura, agricultura e governos teocráticos.
599
A03 Conquista da América e povos pré-colombianos
In: COTRIM, Gilberto. História global: Brasil e Geral. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
FRENTE
A
HISTÓRIA
MÓDULO A04
ASSUNTOS ABORDADOS n Reformas religiosas e contrar-
reforma
n O luteranismo n Anglicanismo n A contrarreforma católica
REFORMAS RELIGIOSAS E CONTRARREFORMA As Reformas religiosas ocorreram em consequência de uma diversidade de fatores. Entre os principais tem-se a profunda crise religiosa da Igreja romana, a sua desmoralização, a venda de relíquias e as indulgências. É visível que a vida opulenta do clero e a consequente venda de cargos, relíquias e indulgências contribuíram para que sua estrutura fosse minada, abrindo um espaço para o desenvolvimento das reformas religiosas. Em meio às transformações produzidas pelo Renascimento Cultural e pela consolidação dos Estados Nacionais, que viam na Igreja Católica um grande obstáculo para o avanço econômico de suas estruturas, foram feitas críticas severas por parte de vários pensadores humanistas a certos aspectos dogmáticos da doutrina católica e à superficialidade de seu culto. Isso fez com que se desenvolvesse um forte sentimento nacionalista por parte de alguns povos europeus, que transformaram a questão religiosa em bandeira de luta política. Além dessas questões, pode-se entender que ainda havia interesses múltiplos convergindo para que a Igreja tivesse suas estruturas abaladas. Diante desse cenário, é possível visualizar o desejo de alguns soberanos de enfraquecer a autoridade do papa e, com isso, controlar a atuação da Igreja em seus países. Nesse sentido, viram a necessidade de uma justificativa para a acumulação e para o lucro da burguesia, que estava insegura quanto à doutrina tradicional da Igreja, que condenava radicalmente as práticas capitalistas. Além disso, havia a cobiça da pequena nobreza e dos soberanos pelos bens da Igreja. Ademais o povo estava descontente com as contribuições exigidas pela Igreja sob a forma de emolumentos – dízimos e indulgências – fator esse que aumentava a exploração das massas, tornando-as ainda mais pobres.
Fonte: Wikimedia Commons
Por fim, deve-se ainda destacar que, no campo religioso e espiritual, era constante o confronto entre o tomismo e a teologia agostiniana. A Igreja Católica baseava-se no tomismo, que se alicerçava no livre-arbítrio e nas boas obras. A teologia agostiniana, por sua vez, por prezar a predestinação e a fé, serviu de base para os reformistas protestantes, que acreditavam que a salvação vinha principalmente da fé, e não das obras, contrariando o domínio do Cristianismo romano.
O luteranismo
Figura 01 - Foto das 95 Teses de Lutero, no original, 1522.
600
O primeiro grande movimento reformista foi o Luteranismo, que tomou parte no Sacro Império Romano Germânico, uma região essencialmente feudal com um incipiente comércio no litoral norte. A liderança do movimento na Alemanha ficou a cargo do frade agostiniano Martinho Lutero (1483-1546), que defendia a
Ciências Humanas e suas Tecnologias
teoria da predestinação, da fatalidade da salvação, negando os jejuns obrigados pela Igreja, as indulgências e outras práticas religiosas então em uso.
Veja o filme Lutero (2003). Direção: Eric Till Elenco: Joseph Fiennes, Alfred Molina, Peter Ustinov Fonte: Wikimedia Commons
Esse processo teve início em 1517, quando Lutero, em oposição à venda de indulgências proposta pelo dominicano João Tetzel, afixou na porta da catedral de Wittemberg 95 Teses. Tais proposições, que criticavam os dogmas do Catolicismo e afirmavam princípios de uma nova realidade religiosa, foram distribuídas por todo o País, recebendo apoio da população.
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Gêneros: Histórico, Biografia
Nacionalidades: Alemanha, EUA Em 1520, o papa Leão X, por meio de bula, condenou Lutero pelas 95 teses, obrigando-o a se retratar para não ser considerado herege. No caso do agostiniano, essa acusação era ainda mais grave, já que ele era membro de ordens vinculadas ao Catolicismo. Lutero queimou a bula e foi excomungado. Contudo, mesmo diante de tamanha afronta aos princípios eclesiásticos, o imperador Carlos V nada pôde fazer em virtude do seu apoio popular e sua influência junto à nobreza.
Essas ideias serviram de arma para a ação de um movimento camponês liderado por Thomas Munzer, líder da seita anabatista, que tentou confiscar as terras da Igreja e da Nobreza. Lutero fez fortes críticas a esse movimento, que mais tarde fora violentamente reprimido pelas elites. Em 1529, foi convocada a Dieta de Spira. Nessa ocasião, ficou decidido que a doutrina luterana poderia veicular livremente em áreas já convertidas, não podendo, no entanto, alastrar-se para outras partes do Sacro Império. Isso fez com que os luteranos passassem a protestar contra essas medidas, ficando conhecidos como protestantes.
Anglicanismo A Inglaterra concentrava várias condições que poderiam gerar a eclosão de um movimento reformista, tais como os conflitos que existiam entre a Igreja Católica, a Coroa e a nobreza pela disputa de terras pertencentes à primeira; a tentativa de fortalecimento do poder político por parte dos reis da Dinastia Tudor; a influência dos ideais humanistas que disseminou o racionalismo por toda a Europa; e a penetração das ideias dos outros reformadores dentro dos seus limites territoriais.
A04 Reformas religiosas e contrarreforma
Diante disso, coube ao Rei Henrique VIII dar início ao processo de reformismo no país. O monarca era casado com Catarina de Aragão, princesa espanhola e tia de Carlos V, príncipe do Sacro Império, além de ser um grande apoiador do Papa Clemente VII na luta contra os luteranos. Henrique VIII tinha apenas uma filha com sua esposa e, como sua saúde não era das melhores, ele temia como seria o destino da Inglaterra após sua morte, pois não possuía herdeiros legítimos à sucessão do trono. Perante o medo de não conseguir um herdeiro legítimo para o trono inglês, o rei empreendeu a famosa “questão do divórcio” perante o papa Clemente VII. O religioso não aceitou, pois temia desagradar o imperador Carlos V (que seria o pretenso rei, caso Henrique VIII morresse). Diante dos adiamentos do papa quanto às questões do divórcio, o monarca obrigou o Parlamento a votar uma série de leis submetendo a Igreja Católica ao domínio da Coroa. Esse processo concretizou-se com a proclamação do Ato de Supremacia em 1534, em que foi determinada a criação da Igreja Anglicana sob a tutela do rei Henrique VIII, podendo interferir nos assuntos eclesiásticos. 601
História
A contrarreforma católica Em reação aos avanços do protestantismo, a Igreja Católica instituiu um movimento que propunha uma série de mudanças disciplinares e litúrgicas, visando purificá-la. Essa reestruturação sugeria uma revisão nos princípios católicos sem, no entanto, alterar seus dogmas. A maior parte dessas mudanças foi discutida e aprovada no Concílio de Trento (1545-1563), que objetivava um posicionamento da Igreja Católica frente às críticas estabelecidas pelos movimentos reformistas. Dentre seus princípios fundamentais, pode-se destacar: n n n n n n
Restauração da Inquisição na repressão dos hereges e suspeitos; Reafirmação da doutrina, dos dogmas e sacramentos católicos; Padres e bispos deveriam morar em suas paróquias; Manutenção do celibato clerical e da hierarquia eclesiástica; Abertura de seminários para a formação do clero; Aprovação do Índex dos livros proibidos.
É importante destacar a importância das ordens religiosas, dando ênfase à ação da Companhia de Jesus. Esta foi criada em 1534 por Inácio de Loyola, na Espanha, incumbida de combater o protestantismo, zelar pela supremacia do catolicismo por meio da educação, influenciar os meios políticos por meio da literatura, dos negócios e da diplomacia e divulgar a doutrina católica entre os pagãos do Novo Mundo (da América). A contrarreforma não eliminou o protestantismo, mas conseguiu contê-lo, anulando as principais causas do movimento reformista, mesmo promovendo uma revisão nas bases católicas e sendo um dos principais fatores para o declínio do movimento renascentista.
Fonte: Wikimedia Commons
A04 Reformas religiosas e contrarreforma
Figura 02 - Pintura ilustrando a sessão do Concílio de Trento, 1563. Artista desconhecido.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias Questão 05. a) Espera-se que o(a) candidato(a) possa, num texto claro e coerente, demonstrar que o principal motivo de o papa Clemente VII negar o pedido de divórcio a Henrique VIII foi o fato de não querer desagradar o poderoso rei da Espanha, Carlos V, sobrinho de Catarina de Aragão, um dos principais aliados do papado. Além disso, não se pode desconsiderar totalmente a especificidade da doutrina católica que só permitia o divórcio em casos bastante especiais, como, por exemplo, a não consumação do casamento.
Exercícios de Fixação
02. (UEPG PR) Movimentos religiosos que abalaram o mundo a partir do século XVI, a Reforma Protestante e a Contrarreforma Católica tiveram efeitos sobre as sociedades do período afetando-as em suas percepções de mundo, relações econômicas e culturais. A respeito desses dois importantes episódios históricos que, ao mesmo tempo, antagonizam e complementam, assinale o que for correto. 01. Perseguir, julgar e punir pessoas acusadas de heresia (doutrinas ou práticas contrárias aos dogmas e princípios católicos) foram funções assumidas pelo Tribunal da Santa Inquisição durante o movimento da Contrarreforma Católica. 02. De origem católica, Henrique VIII, Rei da Inglaterra, distanciou-se do Vaticano ao ter um pedido de nulidade matrimonial negado pelo Papa. Como resultado dessa situação, o monarca britânico decidiu mudar a religião oficial do país para o anglicanismo. 04. A Guerra dos Trinta Anos apresenta, entre seus motivos, questões decorrentes das disputas que envolviam católicos e protestantes naquele período. A destruição de igrejas protestantes e a implantação de leis que reafirmavam o poder da Igreja Católica na região do Sacro Império Germânico são exemplos de tal situação. 08. Em um momento marcado por conflitos entre protestantes e católicos, Carlos IX, Rei da França, teve um importante papel na pacificação desses grupos. A noite de São Bartolomeu, organizada pelo monarca, significou a assinatura de um acordo de paz entre os lados envolvidos nesse embate religioso. 16. Documento assinado por Henrique IV, rei da França, o Edito de Nantes limitou radicalmente os direitos civis, políticos e religiosos dos protestantes franceses. Tal ati-
tude provocou uma onda de revoltas que acabou por se espalhar pela Alemanha e pela Suíça, países onde o número de protestantes também era significativo. 03. (Uncisal AL) Henrique VIII estava casado havia 18 anos com Catarina de Aragão e tinha apenas uma filha. A rainha era princesa espanhola e tia de Carlos V, rei da Espanha. Henrique VIII temia que após sua morte os espanhóis dominassem a Inglaterra, pois sua filha estava prometida em casamento a Filipe, filho de Carlos V e herdeiro do trono espanhol. Para evitar esse destino deveria ter um filho homem, mas Catarina havia se tornado estéril. Assim, Henrique VIII decidiu separar-se de Catarina de Aragão e casar-se com Ana Bolena, dama de honra da corte. Para tanto, solicitou ao papa Clemente VII a anulação de seu casamento, o que foi negado. RAMOS NETO, João Oliveira. Henrique VIII... Revista Tempo de Conquista. dez. 2010. Disponível em: <http://revistatempodeconquista.com.br/documents/RTC8/joaoramosneto.pdf>. Acesso em: 01 nov. 2015 (adaptado).
Dentre os acontecimentos decorrentes do fato citado no texto, destaca-se a) a noite de São Bartolomeu. b) o surgimento da Igreja Anglicana. c) a rejeição à reforma protestante luterana. d) a aceitação do calvinismo como religião oficial inglesa. e) o confronto entre católicos romanos e católicos ortodoxos na Inglaterra. 04. (Unesp SP) As reformas protestantes do princípio do século XVI, entre outros fatores, reagiam contra a) a venda de indulgências e a autoridade do Papa, líder supremo da Igreja Católica. b) a valorização, pela Igreja Católica, das atividades mercantis, do lucro e da ascensão da burguesia. c) o pensamento humanista e permitiram uma ampla revisão administrativa e doutrinária da Igreja Católica. d) as missões evangelizadoras, desenvolvidas pela Igreja Católica na América e na Ásia. e) o princípio do livre-arbítrio, defendido pelo Santo Ofício, órgão diretor da Igreja Católica. 05. (UEG GO) A especificidade da reforma religiosa inglesa, a chamada Reforma Anglicana, originou-se a partir do pedido do rei Henrique VIII ao papa Clemente VII para se divorciar de Catarina de Aragão e casar-se com Ana Bolena. Considerando esse acontecimento, analise: a) O motivo da negação do papa Clemente VII ao pedido de divórcio do rei. b) A solução encontrada por Henrique VIII para casar-se com Ana Bolena.
Questão 05. b) Espera-se que o(a) candidato(a) possa, num texto claro e coerente, demonstrar que, diante da negação do pedido de divórcio pelo Papa, Henrique VIII, por meio do Ato de Supremacia, rompeu com a Igreja Católica, criando a Igreja Anglicana, subordinada ao Estado inglês. Com isso, ele pôde divorciar-se de Catarina de Aragão e casar-se com Ana Bolena.
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A04 Reformas religiosas e contrarreforma
01. (UEFS BA) As reformas protestantes, no século XVI, representaram uma a) decisão de ampliar os recursos financeiros da Igreja, seguida do aumento na cobrança de dízimos e na venda de indulgências. b) reação a certas práticas do clero e uma divisão da Igreja Católica, seguida da formação de novas igrejas. c) aceitação da necessidade de politizar o clero, seguida da aproximação política da Igreja Católica com reis e imperadores. d) tentativa de aprofundar as discussões doutrinárias da Igreja, seguida da realização de conclaves que aprofundaram a unidade dos clérigos. e) rejeição do compromisso social da Igreja Católica, seguida da perseguição a clérigos engajados em programas sociais.
História
Exercícios Complementares
A04 Reformas religiosas e contrarreforma
01. (UEM PR) Max Weber considerou a Reforma Protestante fundamental para a construção do mundo ocidental moderno. Sobre esse tema, assinale o que for correto. 01. Inicialmente, a Reforma foi um movimento para ajustar algumas práticas da Igreja Católica, e não para romper com ela. 02. O ideal dos reformadores não era flexibilizar o cristianismo, mas sim fazer que a doutrina fosse cumprida plenamente por todos os cristãos. 04. O calvinismo, uma das doutrinas religiosas surgidas durante a Reforma, teria sido central para o desenvolvimento do capitalismo moderno. 08. Ao analisar a formação do mundo ocidental moderno, bem como do capitalismo, Max Weber percebeu que os significados dados ao trabalho no período Pré-Reforma foram mantidos pelo protestantismo. 16. Para Max Weber, essa Reforma foi um marco fundamental para o “desencantamento” do mundo e para o avanço do processo de racionalização. 02. (Acafe SC) Em 2017 foi lembrado os 500 anos da Reforma Protestante. A publicação das 95 teses de Martinho Lutero iniciou um confronto entre Roma e o monge agostiniano. Considere a Reforma Protestante e seus desdobramentos, ocorridos na Europa, e analise as afirmações a seguir. I. A ética Calvinista glorificava o trabalho e o lucro e classificava a riqueza como uma graça divina. ll. Para reforçar o catolicismo na Inglaterra e, com o apoio do Papa Clemente, Henrique VII fundou a Ordem Anglicana. lll. Em sua doutrina, Lutero manteve o celibato e a liturgia em latim. lV. Excomungado pela Igreja Católica, Lutero recebeu a proteção da nobreza alemã. Todas as afirmações corretas estão em: a) I − II − III b) II − III − IV c) I − IV d) II – III 03. (FPS PE) O movimento da Reforma Protestante, forjado na Europa por volta do século XVI, pôs em xeque alguns dogmas e doutrinas do catolicismo, ensejando, na Europa, no mesmo século, a criação de outras organizações religiosas de fundamentação cristã, a exemplo: a) da Igreja Anglicana, fundada por Henrique VIII. b) do Kardecismo, criado por Alan Kardek na França. c) da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, fundada nos Estados Unidos.
604
d) da Igreja dos Heréticos ou Cátaros, fundada no Sul da França. e) da Escola dos Estoicos criada por Zenão de Cito, em Atenas. 04. (UEPG PR) Episódios ligados a acontecimentos comuns, à reforma protestante e à contrarreforma católica provocaram alterações profundas nas sociedades modernas. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01. Promovida pelo rei Henrique VIII, a reforma Anglicana teve como um dos seus motivos uma questão pessoal (a negação papal ao divórcio do monarca) e foi apoiada pelo parlamento e pelo alto clero católico inglês. 02. Criada com o objetivo de estabelecer um diálogo entre os adeptos da religião católica e os protestantes, a Ordem dos Jesuítas teve importante papel na catequização das regiões coloniais e na disseminação dos princípios do ecumenismo. 04. O suíço John Calvin (João Calvino) foi um dos principais nomes da reforma protestante. Entre suas ideias encontram-se a de que a salvação humana seria obtida por meio do trabalho e a de que o enriquecimento deveria ser compreendido como uma predestinação divina. 08. Autoridades máximas do Tribunal do Santo Ofício, os inquisidores acumulavam as funções de investigador e juiz, concentrando grande poder e, muitas vezes, decidindo o destino dos julgados a partir de motivações pessoais e não de uma legislação específica. 05. (FGV SP) Em um dos diálogos da peça intitulada Henrique VIII, de William Shakespeare, encenada em 1613, a rainha católica Catarina, primeira esposa do rei, desabafava: Mesmo aqui poderemos falar, pois, em consciência, até hoje nada fiz que não pudesse revelar francamente em qualquer parte. Prouvera ao céu que todas as mulheres pudessem declarar a mesma coisa com igual liberdade. Meus senhores, uma felicidade sempre tive: isso de não ligar nunca importância ao fato de meus gestos comentados serem por toda a gente, de ficarem sob a vista de todos, e como alvo dos ataques da inveja e da calúnia, tão certa me acho de ter vida limpa. Se vindes para examinar a minha conduta como esposa, sede francos. Sempre a verdade ama linguagem rude. http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/oitavo.html
O monarca Henrique VIII governou a Inglaterra entre 1509 e 1547. Durante esse turbulento período, a) o catolicismo foi consolidado na Inglaterra, por ação direta do rei, que manteve-se aliado a Roma contra os monarcas ibéricos.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
constituição de diversos grupos religiosos após a Reforma Protestante. c) o casamento civil, desvinculado da cerimônia religiosa, foi estabelecido como alternativa para os diversos matrimônios do rei. d) uma nova religião se formou, marcada por uma estrutura sacerdotal ligada diretamente ao Estado inglês e aos interesses do rei. e) medidas legais foram criadas para impedir as mulheres de participarem da linha sucessória na monarquia inglesa. 06. (Fatec SP) Em 1517, o bispo católico Martinho Lutero escreveu e afixou na porta da catedral da cidade de Wittenberg, localizada na atual Alemanha, um documento no qual enumerou noventa e cinco críticas aos comportamentos dos representantes da Igreja Católica. O cartaz original, que continha as 95 Teses, foi incluído na lista do Patrimônio Mundial da UNESCO em março de 2016. No século XVI, sua publicação deu início ao processo conhecido como Reforma Protestante. Entre outros comportamentos, Lutero condenou a) a alfabetização em massa, promovida pelos jesuítas, e a publicação de Bíblias, ações que visavam enfraquecer o papel dos padres e oferecer autonomia religiosa aos católicos. b) a permissão dada pela Igreja para a criação de diferentes denominações religiosas (neopentecostais), que acabaram enfraquecendo o poder central do Papa. c) o desrespeito ao celibato pelos padres, a cobrança de dízimo e a comercialização de água benta, relíquias sagradas e indulgências. d) a incorporação de práticas pagãs aos ritos católicos, a aceitação de mulheres na celebração das missas e a abolição do celibato para os padres. e) a tolerância da Igreja Católica com as práticas religiosas dos indígenas e dos escravizados africanos nas terras americanas recém-descobertas. 07. (IF MT) O Concílio de Trento, ocorrido durante o século XVI, teve como principal objetivo posicionar-se diante das críticas do protestantismo. Indique a alternativa INCORRETA sobre o objetivo do Concílio de Trento. a) Reafirmação dos dogmas da Igreja Católica, da manutenção dos sacramentos e a confirmação da transubstanciação. b) Visou manter a hierarquia do clero e do celibato clerical. c) Formulou normas para coibir abusos, como a venda de indulgências, e aprovou propostas para a fundação do seminário de teologia, destinados a melhorar a formação do clero. d) Proibiu o funcionamento da Companhia de Jesus, fundada pelo padre protestante Inácio de Loyola. e) Criou o Index Librorum Proibitorum, uma lista de livros, cuja leitura era proibida aos católicos.
08. (Fuvest SP) “O senhor acredita, então”, insistiu o inquisidor, “que não se saiba qual a melhor lei?” Menocchio respondeu: “Senhor, eu penso que cada um acha que sua fé seja a melhor, mas não se sabe qual é a melhor; mas, porque meu avô, meu pai e os meus são cristãos, eu quero continuar cristão e acreditar que essa seja a melhor fé”. Carlo Ginzburg. O queijo e os vermes. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 113.
O texto apresenta o diálogo de um inquisidor com um homem (Menocchio) processado, em 1599, pelo Santo Ofício. A posição de Menocchio indica a) uma percepção da variedade de crenças, passíveis de serem consideradas, pela Igreja Católica, como heréticas. b) uma crítica à incapacidade da Igreja Católica de combater e eliminar suas dissidências internas. c) um interesse de conhecer outras religiões e formas de culto, atitude estimulada, à época, pela Igreja Católica. d) um apoio às iniciativas reformistas dos protestantes, que defendiam a completa liberdade de opção religiosa. e) uma perspectiva ateísta, baseada na sua experiência familiar. 09. (UFTM MG) Podemos afirmar que um dos instrumentos da Contrarreforma, no século XVI, foi a) o estímulo à venda de indulgências. b) a tradução livre da Bíblia para as línguas nacionais. c) a supressão do Tribunal do Santo Ofício. d) a extinção da Companhia de Jesus e de outras ordens religiosas. e) a criação de uma lista de livros proibidos. 10. (UEPG PR) Movimentos antagônicos e, ao mesmo tempo, complementares, a Reforma Protestante e a Contrarreforma Católica marcaram profundamente a história ocidental no século XVI. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01. O descompasso filosófico e ideológico entre a Igreja Católica e as mudanças generalizadas ocorridas na Europa do século XVI, ajudam a entender a deflagração do movimento da Reforma Protestante. 02. Entre as motivações religiosas que contribuíram para o processo de ruptura e ocorrência da Reforma Protestante está a venda de indulgências. 04. A defesa do princípio do preço justo e a condenação ao lucro excessivo estão entre os princípios que integraram as teses defendidas pelos promotores da Reforma Protestante. 08. Uma das principais teses defendidas pela Contrarreforma era a liberdade de interpretação bíblica. A capacidade de refletir e criticar por parte dos fiéis tornou-se uma questão de princípio para os reformistas católicos. 16. A chamada nova ética protestante, decorrente da Reforma, assentava-se na crítica aos avanços da burguesia e do capitalismo, vistos pelos protestantes como elementos nocivos ao desenvolvimento humano.
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A04 Reformas religiosas e contrarreforma
b) a liberdade de culto foi implementada, favorecendo a
FRENTE
A
HISTÓRIA
Exercícios de Aprofundamento 01. (Puc RS) As teorias políticas e religiosas, bem como a nova mentalidade da Europa Moderna, podem ser melhor compreendidas através da leitura de algumas obras clássicas escritas entre os séculos XIV e XVII. Considerando essa premissa, relacione as obras e seus autores (coluna 1) à respectiva resenha (coluna 2). Coluna 1 1. O Príncipe, de Nicolau Maquiavel. 2. Decameron, de Giovanni Bocaccio. 3. A vida de Gargântua e Pantagruel, de François Rabelais. 4. 95 Teses, de Martinho Lutero. 5. O Elogio da Loucura, de Erasmo de Roterdã. Coluna 2 ( ) Aborda o abalo causado pela Peste Negra no comportamento e nos valores sociais embasados na moral medieval, bem como o advento do humanismo na Itália da passagem
muitas vezes a primeira não seja suficiente, é preciso recorrer à segunda. Ao príncipe torna-se necessário, porém, saber empregar convenientemente o animal e o homem. [...] Nas ações de todos os homens, máxime dos príncipes, onde não há tribunal para que recorrer, o que importa é o êxito bom ou mau. Procure, pois, um príncipe, vencer e conservar o Estado. (Nicolau Maquiavel. O príncipe, 1983.)
O texto, escrito por volta de 1513, em pleno período do Renascimento italiano, orienta o governante a a) defender a fé e honrar os valores morais e sagrados. b) valorizar e priorizar as ações armadas em detrimento do respeito às leis. c) basear suas decisões na razão e nos princípios éticos. d) comportar-se e tomar suas decisões conforme a circunstância política. e) agir de forma a sempre proteger e beneficiar os governados. 03. (UEG GO) Observe a charge a seguir.
da Idade Média para a Idade Moderna. ( ) Defende uma política desligada da moral religiosa, apresentando orientações sobre como se conduzir nos negócios políticos internos e externos, com o objetivo de conquistar o poder e nele se manter. ( ) Faz uma crítica à filosofia escolástica medieval, à autoridade dos frades, ao Papado, aos reis, aos magistrados e à justiça, através de uma sátira no estilo grotesco, que dialoga com a cultura popular e carnavalesca da virada da Idade Média para a Moderna. ( ) É um texto que critica as práticas abusivas de alguns clérigos que realizavam a venda de indulgências e os desvios morais de certos membros do clero da Igreja Católica. ( ) É um livro inspirado em obras clássicas e no exercício da retórica que, com um texto satírico e sombrio, critica práticas corruptas da Igreja Romana. O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) 1 – 3 – 5 – 4 – 2 b) 1 – 2 – 3 – 5 – 4 c) 2 – 1 – 3 – 4 – 5 d) 2 – 4 – 1 – 3 – 5 e) 5 – 1 – 2 – 3 – 4 02. (Unesp SP) Deveis saber, portanto, que existem duas formas de se combater: uma, pelas leis, outra, pela força. A primeira é própria do homem; a segunda, dos animais. Como, porém, 606
Chiquinha. Disponível em: <www.historialivre.com/moderna/renascimento. htm>. Acesso em: 3 mar. 2017.
A charge apresentada ironiza as mudanças estéticas advindas durante o chamado Renascimento Cultural. Do ponto de vista histórico, a leitura promovida pela charge é a) incoerente, uma vez que a beleza feminina foi demonizada e perseguida durante o Renascimento Cultural. b) coerente, uma vez que nos principais quadros renascentistas predominam mulheres com formas volumosas. c) incoerente, uma vez que, por causa da influência católica, era proibida a representação estética da nudez feminina. d) coerente, uma vez que, influenciados pelo barroco, os artistas passaram a priorizar a beleza comum das mulheres camponesas.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
ram os corpos musculosos tanto para os homens como para as mulheres. 04. (Puc RJ) A chegada de Cristóvão Colombo ao continente americano em 1492, tomando posse das terras encontradas para o rei da Espanha, constituiu um momento importante da chamada “era dos descobrimentos”. Analise as afirmativas abaixo referentes às relações entre a expansão ibérica e a transição de feudalismo para capitalismo. I) A constituição de um Estado nacional e a centralização do poder político na figura do rei foram fatores decisivos na expansão marítima portuguesa e espanhola. II) A opção atlântica dos países ibéricos deveu-se à impossibilidade de realizar um projeto expansionista na direção do continente europeu e do Mediterrâneo. III) A expansão marítima espanhola foi determinada pelas necessidades dos capitais italianos, especialmente os da cidade de Gênova, que buscavam superar o monopólio veneziano no oriente. IV) O desenvolvimento do comércio e da produção foi uma alavanca para a expansão uma vez que possibilitou o desenvolvimento de técnicas de navegação e o acúmulo de capital nas mãos de comerciantes portugueses. Assinale a opção que contém as afirmativas corretas: a) Somente I e VI. b) Somente I e II. c) Somente II e III. d) Somente I, II e IV. e) Somente II e IV. 05. (Gama Filho RJ) Dentre os fatores que geraram a expansão marítima, nos séculos XV e XVI, destacamos a(o) a) transformação da sociedade estamental patriarcal em uma sociedade de castas. b) necessidade de rompimento do monopólio comercial das cidades italianas. c) progressivo esgotamento dos campos europeus produtores de cereais. d) abandono do comércio com o Oriente, em benefício das rotas da Europa do Norte. e) fortalecimento da nobreza agrária com sua aliança à burguesia. 06. (Unirio RJ) Ao longo dos séculos XV e XVI desenvolveram-se na Europa as Grandes Navegações, que lançaram algumas nações à descoberta de novas terras e continentes. A expansão ultramarina acarretou o (a) a) fortalecimento do comércio mediterrâneo e das rotas terrestres para o Oriente. b) fim dos monopólios reais na exploração de diversas atividades econômicas, tais como o sal e o diamante. c) declínio das monarquias nacionais apoiadas por segmentos citadinos burgueses.
d) superação dos entraves medievais com o desenvolvimento da economia mercantil. e) consolidação política e econômica da nobreza provincial ligada aos senhorios e à propriedade fundiária. 07. (UEM PR) Sobre a civilização inca, é correto afirmar que 01. mita era um imposto pago com trabalho. Os camponeses eram recrutados para trabalhar alguns meses por ano para realizar obras coletivas, tais como a construção de estradas, de canais de irrigação e de templos. 02. a cidade de Cuzco, que os Quéchuas chamavam de Kosko, era a capital do Império e ali vivia o chefe supremo (Sapa Inca), cercado pela família real, pela nobreza e pelos sacerdotes. 04. a agricultura era a base da economia inca, destacando-se a produção de milho e de batata. 08. os incas foram dominados pelos maias em uma longa guerra chefiada por Montezuma. 16. a escrita inca era muito parecida com o alfabeto fenício e era desenhada em peles de lhamas e de alpacas. 08. (Fatec SP) As misteriosas cidades e edificações da civilização maia que resistiram ao tempo incluem obras reconhecidas como patrimônio mundial. Tais achados vêm intrigando pesquisadores até a atualidade, já que pouco se sabe sobre as origens, a organização social e as causas do fim dessa civilização, no século X. Assinale a alternativa que apresenta corretamente as principais características da civilização maia. a) Desenvolveu-se na floresta Amazônica (atuais Peru, Bolívia e Suriname) e sua economia baseava na coleta de tributos provenientes do comércio com os incas e os astecas. b) Ocupava a região das atuais Guatemala, Honduras e Península de Yucatán (Sul do México), e desenvolveu saberes matemáticos, astronômicos e arquitetura sofisticados para a época. c) O poder era centralizado nas mãos do Imperador, cuja origem era considerada divina, e a capital, Machu Picchu, foi construída no topo de uma grande montanha para evitar ataques de povos inimigos. d) Habitava a região do Rio da Prata, atuais Uruguai e Argentina, onde desenvolveu a cultura de algodão, com o qual fabricava tecidos para exportação, e projetou um sistema de vigilância eficaz para se proteger de ataques inimigos. e) A organização social igualitária favorecia a distribuição equilibrada dos recursos naturais provenientes do comércio marítimo, realizado no Caribe, e os grandes templos e pirâmides honravam as divindades do Sol (Rá) e da Lua (Anúbis). 09. (Puc SP) Os indígenas da América a) viviam pacificamente no interior dos grandes impérios pré-colombianos (inca, maia e asteca) até a chegada dos europeus, que destruíram as comunidades indígenas e dizimaram milhões de pessoas.
607
FRENTE A Exercícios de Aprofundamento
e) incoerente, uma vez que os artistas renascentistas prioriza-
História
b) atravessaram conflitos em todos os períodos conhecidos de sua história, das lutas contra a dominação dos grandes impérios pré-colombianos à resistência frente aos europeus conquistadores e aos estados independentes. c) conseguiram autonomia política após as independências nacionais, pois as repúblicas hispano-americanas permitiram o retorno à vida comunitária, suprimiram os tributos e o trabalho forçado. d) mantiveram-se livres na área de colonização portuguesa, mas foram escravizados nas regiões de colonização espa-
suas críticas ao seu poder excessivo: a igreja chegou a controlar um terço das terras cultiváveis da Europa. Para o autor, dois grandes eventos históricos tornaram possível um caso como o de Menocchio: a invenção da imprensa e a Reforma. Com base nas informações e nos estudos sobre a Idade Moderna europeia, analise as proposições. I.
das práticas e dos significados religiosos no século XVI. II.
e) unificaram-se atualmente em amplos movimentos de libertação que visam recuperar as formas de vida e de trabalho do período pré-colombiano e restaurar a autonomia das antigas comunidades. 10. (UFLA MG) No que diz respeito às análises das informações históricas sobre as civilizações Inca, Asteca e Maia, é INCORRETO afirmar: a) É indiscutível que, mesmo em uma análise superficial sobre a cultura de todas essas civilizações, a religião tenha uma importância central no cotidiano das pessoas, definindo desde a arquitetura das construções até a organização política teocrática em algumas delas. b) O conquistador espanhol encontrou essas civilizações em um avançado estágio de desenvolvimento, podendo se afirmar como sendo práticas comuns a todas elas: a circulação de
FRENTE A Exercícios de Aprofundamento
moedas, infraestrutura de estradas, existência de correios, forte estrutura militar, transporte baseado em caravanas de carroças, agricultura de terraços, entre outros exemplos. c) O que, na verdade, se convencionou chamar de “civilização inca, asteca e maia” trata-se de uma grande variedade de povos, etnias e culturas que, ao longo de um processo secular de guerras, conquistas e subjugação cultural, foram sendo encampados em torno delas. d) Se, por um lado, os sacrifícios humanos praticados ritualmente pelos astecas tenham chocado os conquistadores europeus oriundos de uma cultura ocidental católica e tenha sido um dos principais argumentos para a conquista brutal daquela civilização, por outro, esconde-se em tais sacrifícios uma prática “comum” e aceita pela cultura da civilização em questão. 11. (Udesc SC) Na obra O queijo e os vermes, o historiador Carlo Ginzburg conta a história de Domenico Scandella, vulgo Menocchio, um moleiro do norte da Itália que, no século XVI, foi considerado herege pela Igreja por afirmar que a origem do mundo estava na putrefação. Ao analisar o processo inquisitorial que trata do caso, Ginzburg chama a atenção para as peculiares opiniões de Menocchio sobre os dogmas da igreja e para 608
O desenvolvimento da imprensa contribuiu para que pessoas comuns tivessem acesso a informações antes con-
nhola e inglesa, tornando-se a principal mão-de-obra na agricultura e mineração.
A Reforma Protestante contribuiu para a uniformização
troladas pela Igreja Católica. III.
A venda de indulgências pela Igreja Católica foi um dos motivos que levou o monge Martinho Lutero a escrever suas 95 teses, criticando vários pontos da doutrina católica.
IV.
Uma das medidas da Contrarreforma foi o retorno da Inquisição, que tinha como objetivo reprimir aqueles que não estavam seguindo a doutrina católica.
V.
A censura exercida pela Igreja Católica Apostólica Romana foi determinante para a expansão do protestantismo na Itália e na Península Ibérica.
Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras. b) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras. c) Somente a afirmativa IV é verdadeira. d) Somente a afirmativa I é verdadeira. e) Todas as afirmativas são verdadeiras 12. (Unitau SP) A partir do séc. XVI, a centralização e o fortalecimento do poder do rei foram sendo estabelecidos pela manutenção do equilíbrio entre os grupos sociais da nobreza e da burguesia. Nesse mesmo período, grandes transformações ocorreram na organização da Igreja católica, com o movimento reformista, liderado por Lutero, e com a formação de novas doutrinas. Sobre a relação entre a ascensão do poder real e a reforma religiosa, é CORRETO afirmar. a) Na península Ibérica, o absolutismo formou-se séculos após o movimento reformista e não contou com o apoio do clero católico. b) Na Inglaterra, houve a utilização da religião na luta pelo poder, o que resultou na consolidação da dinastia Tudor. c) Na França, a nova religião calvinista serviu de base para a organização dos huguenotes, grupo que colaborou para a implantação do absolutismo real. d) Na Alemanha, o apoio dos príncipes a Lutero foi fundamental, porque desejavam juntar seus domínios aos do imperador e apossarem-se dos bens da Igreja.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
e) O Estado absolutista conseguiu estabelecer-se devido ao
c) As universidades foram patrocinadas pelo papado ou por
movimento da Reforma Católica, promovido pela Igreja
reis e príncipes, a fim de fornecerem profissionais para atuar
que, em troca, passou a contar com o apoio irrestrito de
num contexto de renascimento urbano e comercial e de for-
todos os monarcas.
mação dos primeiros Estados Nacionais, tornando-se espa-
13. (UEM PR) A partir do século XVI, surgiram vários movimentos religiosos que passaram a influenciar a política de diversos países da Europa. Sobre a influência desses movimentos, assinale o que for correto. 01. A criação da Companhia de Jesus foi uma estratégia pensada pela Igreja Católica para recuperar os espaços perdidos para os protestantes, assim como para assegurar e difundir o catolicismo na América, na África e na Ásia. 02. O calvinismo encontrou uma melhor acolhida em territórios com desenvolvimento capitalista precoce (como nos Países Baixos) e, posteriormente, nas colônias inglesas da
ços autônomos de valorização do conhecimento científico. d) As universidades surgiram patrocinadas pelo papado, a fim de fornecerem profissionais para atuar num contexto de declínio do poder da nobreza, com o intuito de criar espaços autônomos para estudo do direito e da matemática, de modo a servir à nascente administração eclesiástica. e) As universidades surgiram patrocinadas por reis, príncipes ou pelo papado, a fim de fornecerem profissionais tanto para o gerenciamento eclesiástico das cidades pertencentes à Igreja Católica, quanto para as cortes das nascentes monarquias nacionais, em um contexto de revolução científica. 15. (FGV SP) Leia trechos do Manifesto dos camponeses, documento de 1525.(…) nos sejam dados poder e autoridade, para
ocorreu graças ao empenho da burguesia mercantil e da
que cada comunidade possa eleger o seu pastor e, da mesma
aristocracia rural.
forma, possa demiti-lo, caso se porte indevidamente.
08. Devido à pressão da coroa portuguesa, o calvinismo, o lute-
(…) somos prejudicados ainda pelos nossos senhores, que se
ranismo e o anglicanismo tornaram-se religiões oficiais do
apoderaram de todas as florestas. Se o pobre precisa de lenha
Estado brasileiro.
ou madeira tem que pagar o dobro por ela.
16. Na Inglaterra, o anglicanismo foi implantado pelo rei Henrique VIII (1509−1547), que procurava reforçar seu poder e
(…) preocupam-nos os serviços que somos obrigados a prestar e que aumentam dia a dia (...)
afastar a influência do papado sobre seu território. 14. (UFPR) Segundo a historiadora Miri Rubin, “longe de serem estéreis e previsíveis, as universidades medievais produziram não apenas servidores civis e burocratas eclesiásticos como também pensadores radicais, cuja obra teve impacto real e que, apesar de suas críticas desafiadoras, morreram em suas próprias camas, e não na cela de uma prisão”. (Revista Ensino Superior, Unicamp, 25/04/2012).
A partir desse excerto e dos conhecimentos sobre o período medieval europeu, assinale a alternativa que relaciona as universidades com seu contexto de surgimento e expansão. a) As universidades foram patrocinadas pelo papado, para fornecerem profissionais preparados para atuar num contexto de expansão marítima e comercial e de declínio da Igreja Católica perante a formação dos Estados Nacionais, ao mesmo tempo em que estimulariam a autonomia do conhecimento escolástico. b) As universidades foram patrocinadas pelos comerciantes burgueses, a fim de fornecerem profissionais para atuar num contexto de iluminismo científico e de feudalização da sociedade, com o propósito de substituir os mosteiros como fonte produtora de conhecimento científico e tecnológico.
(In Antologia humanística alemã, apud Marques e outros. História moderna através de textos, 2010)
A partir do documento, é correto afirmar que, no território da atual Alemanha, a) os movimentos camponeses foram liderados por Lutero contra a exploração feita pelos nobres que, de forma ilegal, apropriavam-se das florestas e reprimiam violentamente os movimentos trabalhistas. b) os movimentos dos trabalhadores em favor das mudanças propostas por Lutero baseavam-se na solidariedade entre os homens e em contraposição ao individualismo tão característico da Idade Média. c) a liderança dos movimentos camponeses defendeu a exploração dos trabalhadores, na Alemanha, apoiada por Lutero e, juntos, receberam proteção dos nobres locais contra a perseguição feita pela Igreja Católica. d) as revoltas camponesas irromperam exigindo reformas sociais e religiosas que prejudicariam parte da nobreza apoiada por Lutero, o qual colocou abertamente contra os movimentos. e) as experiências dos camponeses contra os nobres, apoiados por Lutero, restringiram-se aos aspectos religiosos, isto é, de domínio da Igreja Católica, pois a cooperação entre os trabalhadores e os proprietários marcava a sociedade alemã. 609
FRENTE A Exercícios de Aprofundamento
América do Norte. 04. A difusão do protestantismo em Portugal e na Espanha
FRENTE
B
HISTÓRIA Por falar nisso D. Pedro II, nascido em 2 de dezembro de 1825, era filho de Dom Pedro I e de Dona Maria Leopoldina. Foi o primeiro Imperador do Brasil nascido de fato em terras tupiniquins, mais precisamente na cidade do Rio de Janeiro. E foi também o último líder político a portar os títulos de Rei ou Imperador em nosso país. Ele tinha apenas seis anos de idade quando seu pai partiu do Brasil, em 1831, acompanhado de sua segunda esposa, Dona Amélia, que supostamente considerava o menino como se fosse seu próprio filho. Quem ficara responsável por sua tutela, a princípio, foi José Bonifácio - naturalista, estadista e poeta brasileiro. No entanto, devido a oposições políticas durante o Período Regencial, fora substituído por Manuel Inácio Souto Maior Pinto Coelho, conhecido como Marquês de Itanhaém. Passados nove anos da regência, sob bastante turbulência, Dom Pedro II foi declarado maior de idade no dia 23 de julho de 1840, podendo então ocupar o trono. O novo rei, de temperamento e afinidades bem diferentes de seu pai, sempre foi muito interessado pela cultura, principalmente pela ciência e artes. Governou o Brasil sob um regime de Monarquia parlamentarista, semelhante ao sistema que vigora na Inglaterra até os dias atuais. Dom Pedro II considerava-se um cientista, tendo um pequeno observatório astronômico no Paço Municipal em São Cristóvão. Também pode ser apontado como um inventor, pois criou um instrumento que daria origem às primeiras máquinas ou equipamentos de ginástica ou musculação. O imperador tinha ainda um grande apreço pela fotografia, invenção do século XIX, incentivando sua divulgação e difusão no Brasil. Ele, provavelmente, foi a primeira pessoa do mundo a adquirir e ter instalado em residência um aparelho telefônico da Companhia Graham Bell, no Palácio de Petrópolis. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
B01 B02 B03 B04
Primeiro Reinado ..........................................................................612 Regências ......................................................................................619 Rebeliões regenciais .....................................................................625 Segundo Reinado: economia e sociedade ...................................631
FRENTE
B
HISTÓRIA
MÓDULO B01
ASSUNTOS ABORDADOS n Primeiro Reinado n A Constituição de 1824 n A abdicação de D. Pedro I
PRIMEIRO REINADO O período posterior ao processo de Independência do Brasil foi marcado por grande agitação política proveniente de lutas internas e externas, causadas pela consolidação da autonomia do País. No Norte e Nordeste, militares e portugueses, que controlavam o comércio local, decidiram lutar para manter os laços com Portugal. O Sul, que possuía certa autonomia na atividade agropastoril, demonstrou pouco interesse pelos recentes acontecimentos. Apenas as regiões litorâneas, do Recife ao Rio de Janeiro, procuraram integrar-se à política nacional, embora tomadas por rivalidades locais. Por outro lado, a independência do Brasil não foi fruto do interesse de um único grupo social, nem de um projeto nacional. O Estado Brasileiro nasceu da necessidade de manutenção dos interesses de grupos vinculados à elite, que viram na permanência da monarquia uma forma de verem-se livres de grupos mais radicais. A organização do Estado deu-se nos moldes de uma monarquia autoritária. Aliado ao grupo conservador, D. Pedro tomou medidas capazes de manter no Brasil um liberalismo moderado que garantisse a superioridade do monarca sobre os representantes da nação.
Figura 01 - O Grito do Ipiranga, de Pedro Américo, 1888 (óleo sobre tela).
612
A manutenção da unidade territorial foi outra questão importante para consolidar a Independência do Brasil. Durante um ano, houve revoltas entre tropas portuguesas e forças do governo brasileiro. A luta estendeu-se pela Bahia, Pará, Maranhão, Piauí e Província Cisplatina. Em todas essas províncias, os revoltosos foram derrotados. Em meados de 1823, todo o País estava sob o comando de D. Pedro I.
Fonte: Wikimedia Commons
Enquanto negociavam o reconhecimento internacional da Independência do Brasil, contando com o apoio dos Estados Unidos e da Inglaterra, interessados no comércio com a nação que se formava, o partido brasileiro empenhava-se em concluir o projeto constitucional, que embasado nas ideias iluministas, oficializava a ruptura com Portugal. Somente em 1825, Portugal reconheceu a autonomia do Brasil, por meio de uma indenização de 2 milhões de libras, valor pago com empréstimos adquiridos com a Inglaterra que, por sua vez, exigiu que o Brasil acabasse com o tráfico negreiro, negociando a revogação do Tratado de 1810.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
A Constituição de 1824 No Brasil, o primeiro processo constitucional teve início por meio de um decreto de Dom Pedro. No dia 3 de junho de 1822, o príncipe regente convocou a primeira Assembleia Geral Constituinte e Legislativa, com o objetivo de criar uma constituição que oficializasse a independência do nosso país. E, embora houvesse a necessidade de se promulgar a primeira constituição, ela foi apenas outorgada, devido aos conflitos entre o imperador e os constituintes. A circunstância que antecedeu a Assembleia foi assinalada pela articulação política do Brasil contra as tentativas de recolonização por parte de Portugal, que já constavam na Revolução do Porto em 1820. Somado a isso, destacam-se também as divergências internas entre conservadores e liberais radicais. Estes, apoiados por Gonçalves Ledo, eram adeptos da ideia de se fazer eleição direta, da limitação dos poderes de Dom Pedro e também de maior autonomia das províncias. Tal projeto estipulava que o eleitor deveria ter renda anual de, no mínimo, 150 alqueires de mandioca. E, por isso, era popularmente chamado de Constituição da Mandioca. Já os conservadores, representados por José Bonifácio, resistiram, no início, à ideia de uma Constituinte. Contudo, por fim, foram pressionados e acabaram aderindo, com a defesa de uma centralização política rigorosa e a limitação do direito de voto. Com o posicionamento da Assembleia em reduzir o poder imperial, Dom Pedro I volta-se contra a Constituinte e aproxima-se do partido português que, por defender o Absolutismo, poderia estender-se em última instância à ideia ambiciosa da recolonização. Com a superação, por parte dos radicais, esse confronto político centralizava-se entre os senhores rurais do partido brasileiro e o partido português ligado ao imperador.
Com a perda do poder que estava sendo conquistado desde o início do processo de independência, a aristocracia rural recuou. Dessa maneira, evidenciava que a formação do Estado Brasileiro não estava totalmente concluída.
Fonte: Wikimedia commons
B01 Primeiro Reinado
Considerando-se tal situação de hostilidades recíprocas, o jornal A Sentinela, vinculado aos irmãos Andradas, publicou uma carta ofensiva destinada aos oficiais portugueses do exército imperial. E, como retaliação do ato, o farmacêutico David Pamplona foi espancado, por ser considerado o provável autor da carta. Em seguida, declarando-se em sessão permanente, a Assembleia é dissolvida por meio de um decreto imperial, no dia 12 de novembro de 1823. A resistência, conhecida como “Noite da Agonia”, não trouxe resultado satisfatório. Com isso, José Bonifácio, os Andradas, Martim Francisco e Antônio Carlos foram presos e deportados.
Figura 02 - Bandeira brasileira que vigorou durante o Primeiro Reinado.
613
História
A Constituição de 1824 foi a primeira na história do País e a única no período imperial. Com a Assembleia Constituinte dissolvida, Dom Pedro I nomeou um Conselho de Estado composto por 10 membros, responsável por redigir a Constituição, que utilizou vários artigos do anteprojeto de Antônio Carlos. Com a apreciação das Câmaras Municipais, o documento foi outorgado no dia 25 de março de 1824, determinando os seguintes aspectos: n n n
n n n
Regime de governo monárquico unitário e hereditário; Voto censitário (com base na renda) e descoberto (não secreto); Eleições indiretas, sendo que os eleitores da paróquia elegiam os eleitores da província e estes elegiam os deputados e senadores. Para tornar-se eleitor da paróquia, eleitor da província, deputado ou senador, o cidadão deveria ter uma renda anual correspondente a 100, 200, 400, e 800 mil réis, respectivamente; Prática do Catolicismo como religião oficial; Submissão da Igreja ao Estado; Divisão em quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. O Executivo era de responsabilidade do imperador e do conjunto de ministros por ele nomeados. O Legislativo era formado pela Assembleia Geral, composta pela Câmara de Deputados (eleita por quatro anos) e pelo Senado (nomeado e vitalício). O Poder Judiciário competia ao Supremo Tribunal de Justiça, com magistrados escolhidos pelo imperador. E, por fim, o Poder Moderador era pessoal e exclusivo do próprio imperador, assessorado pelo Conselho de Estado, que também era vitalício e nomeado por ele. A Constituição declarava a liberdade e a igualdade de todos perante a lei. No entanto, a grande maioria da população mantinha-se como escrava. Para se ter ideia, tinham direito à propriedade, mas 95% da população, conforme estimativas, quando não eram escravos, eram compostos por “moradores” de fazendas, que poderiam ser mandados embora a qualquer momento. Somado a isso, também era garantida a segurança social, mas podia-se matar uma pessoa sem que houvesse punições. Também aboliam-se os atos de tortura, mas os instrumentos destinados a essa finalidade continuavam sendo usados nas senzalas. A elite intelectual do Império, porta-voz das classes dominantes, criou uma série de ideias que escondiam as contradições sociais do País, desconsiderando as diferenças entre lei e realidade. Assim, a fachada liberal constituída por uma elite europeizada caracterizava-se por ocultar a miséria e a escravidão de grande parte dos habitantes.
A abdicação de D. Pedro I
B01 Primeiro Reinado
Vários foram os fatores que levaram à abdicação de D. Pedro I. O Primeiro Reinado apresentava uma difícil situação financeira em decorrência da balança comercial desfavorável, contribuindo para as altas taxas inflacionárias. Houve um grande descontentamento em relação à figura do imperador, em virtude de seu autoritarismo, como o fechamento da Assembleia Constituinte, a imposição da Constituição de 1824 e a repressão à Confederação do Equador. Destacam-se, ainda, a desastrosa Guerra da Cisplatina e a participação do imperador na sucessão do trono português, além do aumento da dívida externa brasileira e do aumento do custo de vida. Diante desse cenário, a imprensa nacional lançou um conjunto de críticas ao governo imperial. Esse feito resultou no assassinato do jornalista Líbero Badaró, que opunha-se a Dom Pedro I. O fato do mandante do crime ter ficado impune causou revolta e protestos contra o Império.
614
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Em 1831, no estado de Minas Gerais, o imperador teve de enfrentar diversas manifestações, sendo recebido com faixas negras, que referiam-se ao luto pela morte do jornalista. Mas, ao retornar à capital, foi recebido pelos partidários com uma festa em sua homenagem, o que desagradou o povo e a oposição. Nesse contexto, iniciou-se uma luta entre opositores e partidários, denominada “Noite das Garrafadas”, pois os comerciantes portugueses reagiram contra os brasileiros, atirando garrafas vazias nas lojas. Após consecutivas mudanças ministeriais e com o objetivo de conter os protestos, Dom Pedro I abdicou do trono no dia 7 de abril de 1831, em favor de seu herdeiro, Dom Pedro de Alcântara. Depois de enfrentar o irmão Dom Miguel, em Portugal, ele foi coroado e recebeu o título de Pedro IV. Com a abdicação de Dom Pedro I, o processo de independência foi consolidado, uma vez que afastou-se a temida recolonização portuguesa. Por isso, de acordo com Caio Prado Jr., “o 7 de abril completou o 7 de setembro”. E, como o sucessor legítimo tinha apenas cinco anos de idade, iniciou-se uma nova fase política, denominada Período Regencial.
Exercícios de Fixação governo de D. Pedro I, uma vez que elogiavam o seu estilo de governar, bem como seu relacionamento político com as províncias. 02. (Udesc SC) Em 25 de março de 1824, Dom Pedro I outorgou a Constituição Política do Império do Brasil. Em relação à Constituição de 1824, assinale a alternativa correta. a) O Texto Constitucional foi construído coletivamente pela Câmara de Deputados, votado e aprovado em 25 de março de 1824. Expressava os interesses tanto do partido liberal quanto do partido conservador, para o futuro da nação que recém conquistara sua independência. b) A Constituição de 1824 instaurava a laicidade no território nacional, extinguindo a religião católica como religião oficial do império e expressando textualmente que “todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior do Templo.” c) A organização política instaurada pela Constituição de 1824 dividia-se em 4 poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador, sendo que este último determinava a pessoa do imperador como inviolável e sagrada. d) A Constituição de 1824 determinou a cidadania amplificada e o direito ao voto para todos os nascidos em solo brasileiro, independentemente de gênero, raça ou renda. e) A Constituição de 1824 promoveu, em diversos artigos, ideais de cunho abolicionista. Tais ideais foram respaldo para movimentos políticos posteriores, tais como a Revolta dos Farrapos e a Revolta dos Malês.
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B01 Primeiro Reinado
01. (UEM PR) O Primeiro Reinado iniciou-se com a Proclamação da Independência, em 1822, que garantiu ao Brasil autonomia em relação a Portugal. Essa fase da história política do Brasil imperial se estendeu até 1831, quando teve início o período regencial. Sobre o Primeiro Reinado, assinale o que for correto. 01. O projeto constitucional que originou-se dos trabalhos da Assembleia Constituinte de 1823, dissolvida por D. Pedro I no mesmo ano, estabelecia o critério censitário para o direito ao voto, que exigia renda anual equivalente a 150 alqueires de farinha de mandioca. 02. A Constituição de 1824 estabeleceu uma divisão político-administrativa do território brasileiro em estados federados e a centralização do governo em um único poder, o moderador. 04. A Confederação do Equador foi a união das províncias insurgentes, localizadas próximo à linha do Equador, que estavam descontentes com os rumos políticos tomados pelo governo imperial e com a situação econômica, marcada por crises como a do açúcar, a do algodão e pelos crescentes impostos cobrados pelo governo central. 08. O desempenho econômico durante esse período apresentou índices expressivos, pois a demanda por produtos agrícolas por parte dos países europeus era elevada. Com isso, a balança comercial do Brasil estava equilibrada. 16. Alguns jornalistas como Líbero Badaró e Evaristo da Veiga representaram uma relevante fonte de apoio para o
História Questão 07. a) Ao outorgar a Primeira Constituição Brasileira em 1824, D. Pedro I e seus aliados consolidaram uma proposta de estado monárquico e centralista, que gerou reações em várias partes do país. Entre elas, a mais relevante foi a Confederação do Equador, de caráter liberal, republicano e separatista.
03. (Fac. Direito de Sorocaba SP) Vários aspectos devem ser destacados no tocante ao reconhecimento do Império do Brasil pelas potências estrangeiras, sobretudo por Portugal. À Inglaterra, escolhida como mediadora das negociações de paz entre Portugal e Brasil, interessava uma solução rápida dos acertos diplomáticos.
c) foi marcado por conflitos entre o imperador e setores da
(Maria de Lourdes Vianna Lyra, O Império em construção: Primeiro Reinado e Regências)
monarquia portuguesa e o jovem império brasileiro, fator
A Inglaterra queria essa “solução rápida” para a) impedir o reconhecimento de nossa independência pelos Estados Unidos, seu maior concorrente. b) obter a renovação de tratados comerciais que lhe garantiam tarifas alfandegárias mais baixas. c) eliminar a influência política de Portugal sobre o Brasil, pois D. João ainda governava os dois países. d) justificar as pretensões expansionistas do Império brasileiro, que anexara província espanhola. e) investir diretamente na indústria brasileira, a fim de favorecer seu desenvolvimento autônomo.
Dom Pedro I para assumir o trono português, após a morte
B01 Primeiro Reinado
04. (IF AL) No dia 11 de março de 1831, os portugueses festejavam o regresso de D. Pedro I da viagem que fizera a Minas Gerais. Em meio à comemoração, os brasileiros, descontentes com as atitudes do soberano e inconformados com a influência dos portugueses na vida burocrática e administrativa do país, partiram para a luta. O episódio é lembrado em nossa história como a “noite das garrafadas” e um dos motivos deflagradores da abdicação de D. Pedro I ao trono brasileiro. Dentre as atitudes do Imperador, que geraram descontentamento entre os brasileiros, podemos destacar a) o desejo de conduzir o Brasil à condição de Reino Unido de Portugal e Algarves e reestabelecer a condição de parceiro comercial da Inglaterra. b) seus relacionamentos extraconjugais e a criação do Projeto de Lei que poria fim à escravidão, levando a economia brasileira ao colapso. c) a forte oposição à Constituição de 1824, o aumento de impostos a serem pagos pelos grandes latifundiários e as medidas protecionistas para proteger a indústria nacional. d) a vontade de abdicar do trono em favor de seu filho D. Pedro II, para em seguida, rumar a Portugal e reconquistar a Coroa Portuguesa em poder de seu irmão D. Miguel. e) o autoritarismo, a restrição à liberdade de imprensa, o fechamento da Assembleia Nacional Constituinte e a imposição da primeira Constituição. 05. (IF MG) Com relação ao Primeiro Reinado, é correto afirmar que a) a primeira Constituição do país, outorgada por Dom Pedro I, em 25 de março de 1824, foi a mais liberal da história do Brasil, marcada pelo estabelecimento da divisão dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. b) representou um momento de unidade nacional, no qual os conflitos foram extintos e as divergências sociais e regionais se desfizeram frente à centralização da nação. 616
sociedade inconformados com a postura absolutista do monarca, que culminaram com sua abdicação em favor de seu filho. d) teve como característica principal a solidariedade entre a que pode ser percebido na abdicação do trono brasileiro por de Dom João VI. 06. (UFJF MG) Em 1822, o Brasil iniciou uma nova fase de sua história. D. Pedro I era o monarca de um grande Império que precisava ser estruturado administrativa e politicamente. Em 1831, teve início a Regência. A respeito desse período da História do Brasil, é INCORRETO afirmar: a) Em 1823, D. Pedro I, discordando dos rumos que os debates para a elaboração da Constituição estavam tomando, dissolveu a Assembleia Constituinte e mandou as tropas invadirem o recinto. Muitos deputados foram presos e alguns deportados. b) Em 1824, D. Pedro I outorgou uma Constituição para o Brasil. O texto foi elaborado por um grupo de conselheiros e contava com uma novidade: a adoção de um 4º poder, o Poder Moderador. c) Algumas regiões do país não aceitaram a Constituição do Império de 1824, nem os abusos cometidos por D. Pedro I. A Confederação do Equador, movimento iniciado em Olinda e Recife, e com Frei Caneca como um dos seus líderes, foi uma das manifestações de descontentamento e tinha caráter separatista. d) O governo de D. Pedro I foi marcado por uma série de conflitos, muitos deles relacionados a sua postura autoritária. Assim, diante de uma crise insustentável, o monarca abdicou ao trono em 1831, em favor de seu filho, que tinha apenas 5 anos de idade. e) Em 1831, no início da Regência, como o imperador era menor, foi instituído um poder centralizado nas mãos dos militares. A Assembleia Geral foi fechada e todos os direitos políticos dos cidadãos foram suspensos, como forma de conter os levantes e revoltas. 07. (Fuvest SP) O movimento político conhecido como “Confederação do Equador”, ocorrido em 1824 em Pernambuco e em províncias vizinhas, contou com a liderança de figuras como Manuel Carvalho Paes de Andrade e Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. Relacione esse movimento com a) o projeto político desenvolvido pela Corte do Rio de Janeiro, na mesma época; b) outros dois movimentos ocorridos em Pernambuco, em anos anteriores.
Questão 07. b) Partindo da ideia de que a Confederação do Equador foi um levante contra o estado monárquico centralista, liderado pelo português D. Pedro I, os movimentos anteriores acontecidos em Pernambuco que podem ser relacionados a aspectos da Confederação em questão são: 1. Guerra dos Mascates — no século XVIII, em uma perspectiva nativista, confrontou as elites agrárias, predominantemente os senhores de engenho de Olinda, com as elites comerciais centradas em Recife e formadas em sua maioria por portugueses. 2. Revolução Pernambucana de 1817, reação ao poder de intervenção da corte, situada no Rio de Janeiro, liderada por D. João VI, quando da presença da família real no Brasil.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
02. (IF SC) Após a emancipação política do Brasil, o império foi instalado e, em 1824, foi outorgada a primeira constituição desse nascente país. Sobre a Constituição de 1824, assinale a alternativa CORRETA. a) A partir da Constituição de 1824, a cidadania brasileira foi estendida aos escravos. b) A Constituição de 1824 previa o Estado laico e a liberdade religiosa. c) A Constituição de 1824 previa a divisão em três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. d) A Constituição de 1824 instituía o voto censitário, determinado pela renda do eleitor. e) O Brasil foi o primeiro país do mundo a garantir, através da Constituição de 1824, a igualdade entre homens e mulheres. 03. (UECE) Dentre as afirmações a seguir, assinale aquela que está INCORRETA no que diz respeito à Confederação do Equador (1824). a) A Confederação do Equador estava afinada com os ideais de federação que serviram de base para a implantação da República dos Estados Unidos da América. b) A revolta começou com a exigência de que o Presidente da Província de Pernambuco, indicado por D. Pedro I, renunciasse ao cargo em favor do liberal Manuel de Carvalho Pais de Andrade. c) A Confederação do Equador uniu Pernambuco e as Províncias da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
d) Cedendo às forças de repressão comandadas pelo Brigadeiro Francisco Lima e Silva, após cinco meses de resistência, os rebeldes se entregaram, sendo, por este motivo, anistiados. 04. (IF CE) Em março de 1824, foi outorgada a primeira Constituição Brasileira que, dentre outras características, definia quatro poderes, voto censitário e forma de governo monárquica. Sobre isso, é correto dizer-se que a) esta Carta Magna foi diferente da de 1891, a primeira Republicana, pois contou com o voto aberto, universal e distrital, como forma expressa do liberalismo do Imperador. b) apesar de definir quatro poderes Executivo, Legislativo, judiciário e Moderador eles funcionavam de forma independente e harmônica, em que o Imperador exercia o executivo, e um Conselho Militar, o moderador. c) ao dizer que esta Constituição foi outorgada, fica claro que não houve participação popular nem representatividade democrática. Ela foi uma Constituição imposta pelo Imperador D. Pedro I. d) o voto censitário estabelecido na Constituição de 1824 foi baseado na propriedade de terra, isto é, quem tivesse mais propriedades de terra teria mais direito político, ao poder se candidatar aos cargos legislativos mais elevados. e) uma das inovações da Carta de 1824 foi, além do socialismo, a implantação de eleições censitárias para os cargos do poder judiciário. 05. (USF SP) O Primeiro Reinado, compreendido entre 1822 e 1831, inaugurou o regime monárquico no Brasil, uma exceção na América do Sul, sendo que a maioria já adotava a República. Esse governo, sob o comando de D. Pedro I, sofreu contestações a) no nordeste brasileiro, tendo como centro irradiador a província de Pernambuco, onde ocorreu um movimento denominado Confederação do Equador, de caráter republicano e separatista. b) no Sul, quando o movimento Farroupilha, defensor da República, defendia a causa dos estancieiros gaúchos isolados econômica e politicamente. c) no Nordeste, quando um movimento influenciado pela Primavera dos Povos trazia em seus ideais o sonho republicano e o ideal parlamentarista de governo. d) no Sudeste, no momento que se defendeu o interesse dos cafeicultores adeptos do republicanismo, durante a Revolução Federalista.
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B01 Primeiro Reinado
01. (UFSC) Sobre o Primeiro Reinado brasileiro (1822-1831), é CORRETO afirmar que 01. o rápido crescimento econômico do país após a independência, baseado na consolidação do café como principal produto nacional de exportação, garantiu a estabilidade política que caracterizou o reinado de D. Pedro I. 02. ao estabelecer o sufrágio censitário, a primeira Constituição brasileira, promulgada em 1824, sustentava a tese liberal de que “todos os homens nascem livres e iguais”. 04. a Confederação do Equador, que eclodiu no Nordeste em 1824, foi um movimento revolucionário de tendência liberal, separatista e republicana. 08. a oposição interna contra D. Pedro I reduziu-se com a conquista da província Cisplatina, ocorrida após a guerra travada entre 1825 e 1828 que resultou na separação da República da Banda Oriental do Uruguai. 16. após a ruptura definitiva com Portugal em setembro de 1822, grupos políticos alinhados com a Corte portuguesa resistiram ao comando de D. Pedro I em algumas províncias do império.
História
e) no Nordeste e no Sul, onde os movimentos messiânicos denunciavam as desigualdades sociais, destacando-se a Revolta dos Malês. 06. (UESB BA) Dom Pedro e esse estúpido grupo absolutista português não percebem que o mundo está mudando. Na Europa, os liberais estão enchendo as praças e as ruas. Esses portugueses querem forçar o Governo a se tornar monarquia absoluta. Para quem consegue ver mais do que um palmo diante do nariz, está presente uma situação que só se resolve pela revolução. O Imperador não dá a menor atenção aos reclamos da opinião pública. Pois muito bem, chegou a hora de os cidadãos brasileiros agirem. Chega de Pedro I! (TAVARES, 2013, p. 15). TAVARES, L. H. D. Abdicação de Pedro I: derrota do absolutismo. Salvador: Edufba, 2013.
A análise do texto e do seu contexto histórico indica que, para se afirmar como ideologia política do Brasil Monárquico, o liberalismo 01. anulou o perigo absolutista e adaptou-se à sociedade escravista e à união entre Igreja e Estado. 02. serviu como bandeira para os movimentos vitoriosos que, no período regencial, exigiam a completa liberdade para os escravos. 03. possibilitou a decretação da liberdade religiosa para todos os cultos existentes na população. 04. fundamentou os programas sociais destinados a oferecer educação pública e gratuita para meninos e meninas livres, libertos e escravos.
B01 Primeiro Reinado
05. orientou a política externa do Império na direção das repúblicas sul-americanas, afastando-se das alianças com as monarquias europeias. 07. (UECE) No Brasil, o período que seguiu logo após a abdicação de D. Pedro I foi marcado por um conjunto de crises. Observe o que é dito sobre o que ocorria nesse momento. I. As diversas forças políticas lutavam pelo poder e as reivindicações populares eram por melhores condições de vida. II. Os conflitos ocorridos representavam o protesto do povo contra a centralização do governo e eram marcados pela reivindicação por maior participação popular na vida política do País. III. As convulsões populares do período exigiam o reforço das antigas realidades sociais, bem como a submissão das forças políticas ao poder central. Está correto o que se afirma somente em a) II e III. b) I. c) I e II. d) III.
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08. (Unirg TO) Nos últimos meses, o termo impeachment tem circulado bastante na mídia nacional. No início da década de 1990, no Brasil, essa forma de processo contra a presidência da República levou ao afastamento de Fernando Collor, em 1992. Quando ele assumiu o cargo de senador da república, em 2007, fez um discurso explicando sua versão do processo sofrido e afirmou: “Nos momentos mais dramáticos desse processo, pude ponderar sobre os fatos de nossa história política, recordando a abdicação imposta a D. Pedro I, a deposição e o exílio de seu filho e sucessor, D. Pedro II, e o desencanto que levou Deodoro a renunciar à presidência da república que ele proclamou”. (MELO, Fernando Collor de. Discurso de posse no Senado. Brasília, 2007. Disponível em: <http://www2. camara.leg.br/atividade-legislativa/ plenario/discursos/ escrevendohistoria/20-anos-do-impeachment/ fernando- collor_sf_15032007>. Acesso em: 29 set. 2015).
Acerca dos exemplos históricos citados, pode-se afirmar corretamente que: I. D. Pedro I renunciou porque não conseguiu apoio suficiente dos brasileiros para construir seu governo e preferiu lutar pelo trono em Portugal. II. D. Pedro II foi afastado do governo porque não proclamou a abolição da escravidão e combateu a elite militar, ambiciosa por cargos administrativos após a Guerra do Paraguai. III. Deodoro da Fonseca renunciou porque governava de modo não democrático. Também teve influência a grave crise financeira que o país sofria. Estão corretos os itens: a) I e II b) II e III c) I e III d) I, II e III 09. (UECE) No que concerne à Confederação do Equador de 1824, analise as afirmações a seguir, e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso. ( ) A Confederação costuma ser considerada um prolongamento da Revolução Pernambucana de 1817. ( ) As propostas liberais, republicanas e federativas serviram de bandeira política para os insurretos. ( ) Os revoltosos propunham a organização de uma república nos moldes dos Estados Unidos da América. ( ) A adesão dos segmentos populares foi fundamental para unir todos os revoltosos. ( ) A imprensa, infelizmente, atuou contra o movimento e nenhum jornal nas províncias envolvidas quis apoiar a causa. A sequência correta, de cima para baixo, é a) F, V, V, V, F. b) V, F, F, V, V. c) V, F, F, V, V. d) V, V, V, F, F.
FRENTE
B
HISTÓRIA
MÓDULO B02
REGÊNCIAS
ASSUNTOS ABORDADOS
Vimos no módulo anterior que devido à forte oposição política que o Imperador Dom Pedro I vinha sofrendo no Brasil, em 7 de abril de 1831 ele abdicou do trono em favor de seu filho Dom Pedro de Alcântara, futuro Dom Pedro II. Esse ato marcou o fim do Primeiro Reinado e deu início ao Período Regencial. Essa época foi considerada uma das mais conturbadas de toda a história brasileira, pois o fato de o sucessor ao trono ser menor de idade fez com que o País fosse governado por regentes, que seriam eleitos pela Assembleia Geral, conforme a Constituição de 1824.
n Regências n Regência una do Padre Diogo Antônio Feijó n Regência una de Araújo Lima
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Durante o período de regências, surgiram três correntes políticas: os Moderados ou Chimangos, compostos pela aristocracia rural, que lutava por uma monarquia moderada; os Restauradores ou Caramurus, formados por comerciantes portugueses e pela burocracia estatal, que defendiam o retorno de Dom Pedro I; e os Exaltados ou Farroupilhas, representados pelas camadas médias urbanas, que reivindicavam por maior autonomia das províncias.
Figura 01 - A abdicação do primeiro Imperador do Brasil, D. Pedro I, por Aurélio de Figueiredo, 1911 (óleo sobre tela).
A turbulência do período ameaçou a unidade do País. Na área política, aparentava-se certo vazio de poder e, economicamente, o Brasil perdia competitividade com seus produtos de exportação. No setor social, rebeliões explodiram pelas províncias. O quadro partidário também passou por diversos conflitos, sobretudo no Rio de Janeiro. Reunidos às pressas no mesmo dia da abdicação de D. Pedro I, deputados e senadores presentes na capital instituíram e elegeram uma Regência Trina Provisória, com os senadores José Joaquim Carneiro Campos, Nicolau Pereira de Campos Vergueiro e Francisco de Lima e Silva. No dia 17 de junho de 1831, deputados e senadores, reunidos em Assembleia Geral, elegeram a Regência Trina Permanente, composta por Francisco de Lima e Silva, José da Costa Carvalho e Bráulio Muniz. 619
História
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Para ministro da Justiça, foi nomeado o padre Diogo Antônio Feijó, que criou a Guarda Nacional, uma milícia armada formada por pessoas de posse. Essa guarda transformou-se no principal instrumento de repressão da aristocracia rural, para conter os movimentos populares. O comando da Guarda Nacional nos municípios era entregue a um coronel, patente vendida aos grandes proprietários de terras, que assumiam as funções do Estado, garantindo a segurança e a ordem. No ano de 1832, foi aprovado o Código do Processo Criminal, cujo objetivo era conceder aos municípios uma ampla autonomia judiciária, que seria utilizada para garantir a imunidade dos grandes proprietários de terras. E, em 1834, a fim de amenizar as disputas políticas entre os grupos dos Exaltados e Moderados, foi elaborado o Ato Adicional, que determinava as seguintes emendas à Constituição de 1824: n n n n Figura 02 - Pedro II aos 4 anos, por Arnauld Palliére, 1830 (óleo sobre tela).
Criação das Assembleias Legislativas Provinciais, a fim de substituir os Conselhos Provinciais e garantir maior descentralização administrativa; O poder moderador não seria exercido durante a regência; Constituição do Município Neutro do Rio de Janeiro, sede da administração central; Substituição da Regência Trina pela Regência Una, eleita pelas assembleias de todo o Brasil.
SAIBA MAIS ORIGENS DO CORONELISMO
B02 Regências
A Guarda Nacional, criada em agosto de 1831, era produto de uma realidade política e social dominada pela concentração do poder local nas mãos dos grandes senhores de terras. Esse grupo dominante temia as manifestações de descontentamento das camadas baixas da população, entre as quais estavam os escravos. Para controlá-las havia o Exército, mas as elites não confiavam nele, pois a insatisfação se alastrava também em suas fileiras. Em abril de 1831, tropas militares do Rio de Janeiro apoiaram os protestos populares no Campo de Santana, que levaram à abdicação de Dom Pedro I. Nos meses subsequentes, o mal-estar na tropa explodiu em motins de rua que chegaram a alarmar a Regência. Esse clima caótico foi assim descrito por Raimundo Faoro: “nas cidades, no Rio e na capital das províncias, os ‘exaltados’ comandam as ruas e os motins (...). As praças e as esquinas geram desordeiros e anarquistas, sonhadores do nivelamento, em perigosa comunhão com os soldados”. Diante dessa conjuntura, a Regência reduziu os contingentes do Exército para 10 mil homens (eram 30 mil, um ano antes). Em seguida, voltou-se para os senhores do poder local, municipal, e criou com eles – e, até certo ponto, para eles – uma milícia especial. Essa milícia, considerada força auxiliar do Exército, seria formada pela população masculina local que contasse com uma renda mínima de 100 mil réis anuais. Seu comandante, no lugar, seria o chefe político local, eleito pelos fazendeiros para a função de coronel, posto mais alto da nova força armada. Essa milícia era a Guarda Nacional. A exigência de uma renda mínima para integrar suas fileiras excluía dela a população mais pobre. Na realidade, a Guarda Nacional era um instrumento a serviço do mandonismo local que, com sua criação, já não precisava do Exército para sufocar rebeliões ou simples manifestações de descontentamento social. Com ela, popularizou-se o termo coronel para designar o líder político local. Surgiu daí a prática do coronelismo, fenômeno político cuja sobrevivência pode ser encontrada ainda hoje no interior do País, embora a Guarda Nacional tenha sido extinta em 1922. Fonte: Francisco M. P. Teixeira. Brasil História e Sociedade. Editora Ática, 2000.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
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Regência una do Padre Diogo Antônio Feijó Obedecendo ao Ato Adicional, foram realizadas novas eleições para a escolha do regente e o vencedor foi o Padre Diogo Antônio Feijó, que era ligado à ala dos moderados. Durante a regência de Feijó, houve uma reorganização dos grupos políticos. A composição da regência comprovava a predominância dos conservadores “moderados” no governo. A partir de 1834, a cena política do Brasil passou a ser dominada pela ala dos progressistas e dos regressistas, resultantes da cisão do grupo dos moderados. Os progressistas eram favoráveis a um governo forte, centralizado, mas dispostos a fazer concessões aos liberais exaltados. Já os regressistas não estavam dispostos a fazer concessões aos liberais exaltados. Eram favoráveis ao fortalecimento do legislativo e contrários à liberdade administrativa das províncias. Em 1840, os regressistas assumiram a denominação de Partido Conservador, e os regressistas, a de Partido Liberal. Durante a regência de Feijó, explodiram dois importantes levantes regenciais: a Cabanagem, na província do Pará, e a Guerra dos Farrapos, na província do Rio Grande do Sul. Mostrando incapacidade para conter as revoltas, Feijó sofreu grande oposição parlamentar e, com a saúde abalada, decidiu renunciar em 1837. Provisoriamente, a regência foi entregue a Pedro de Araújo Lima, senador ligado aos regressistas. Realizaram-se novas eleições e o nome de Araújo Lima foi confirmado como regente.
Figura 03 - Gravura do Padre Diogo Antônio Feijó, por Sébastien Auguste Sisson.
Regência una de Araújo Lima Araújo Lima era presidente da Câmara e partidário dos conservadores. Sua regência de caráter conservador, ao assumir o governo, organizou um ministério composto só por regressistas, que ficou conhecido como o Ministério das Capacidades. Os movimentos populares eram atribuídos às reformas liberais do Ato Adicional. Procurando restaurar a ordem no País, o Ato Adicional foi alterado, mediante a aprovação, no ano de 1840, da Lei Interpretativa do Ato Adicional, que suprimia a autonomia das províncias e garantia a centralização política. Ainda no ano de 1840, foi fundado o Clube da Maioridade, que defendia a antecipação da maioridade do imperador. Segundo os membros do Clube, a presença dele contribuiria para cessar os movimentos populares. Em julho do mesmo ano, após a aprovação de uma emenda constitucional, que antecipava a maioridade, Dom Pedro II foi coroado imperador do Brasil. Esse episódio é conhecido como Golpe da Maioridade (na ocasião, o sucessor ao trono tinha apenas 15 anos). Exercícios de Fixação
c) Os liberais exaltados eram proprietários rurais, integrantes do exército e classe média urbana, que defendiam a descentralização do poder imperial e a autonomia das províncias. d) Os liberais moderados ou chimangos, eram comerciantes portugueses, aristocratas e integrantes da alta patente do exército, que defendiam a volta do ex-imperador e a autonomia das províncias. e) Os restauradores ou caramurus, eram membros do setor rural abolicionista e intelectuais da classe média; defendiam as reformas socioeconômicas que visavam à expulsão do ex-imperador.
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01. (UEL PR) Sob o ponto de vista das ideias, foram diversas as correntes políticas que atuaram no período regencial no Brasil (1831-1840). Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, os integrantes e suas posições político-ideológicas. a) Os cabanos situavam-se na região norte do País, eram administradores das províncias, corporações do exército local e elite dos comerciantes portugueses; defendiam o retorno da família imperial. b) Os farroupilhas eram pequenos proprietários rurais e comerciantes, representavam o setor mais conservador do grupo dos chimangos; postulavam o retorno da monarquia com a imposição de medidas centralizadoras.
B02 Regências
História
02. (UFRR) Durante o Período Regencial, a atuação política dos partidos Liberal e Conservador não impediu a ocorrência de diversos conflitos, entre eles a Cabanagem, que envolveu a população civil, políticos influentes e as forças militares leais aos governos regenciais, entre 1835 e 1840. Sobre esse contexto pode-se afirmar, EXCETO: a) Fugas e deserções como as descritas no texto demonstravam o descontentamento popular e a resistência aos serviços forçados, fatores que fomentaram a participação de mestiços e negros na Cabanagem; b) A exemplo do que aconteceu em Minas Gerais, o partido Conservador do Grão-Pará não aceitou a posse de D. Pedro I depois da independência e esse foi o estopim do conflito, que terminou sem derramamento de sangue; c) Os governos regenciais não eram considerados representativos dos interesses de fazendeiros e comerciantes do Norte, desejosos de maior participação política na organização do Império; d) Ribeirinhos, negros, índios, mestiços e brancos compuseram, em diferentes escalas, a enorme massa de mortos em consequência da Cabanagem; e) O Período Regencial trouxe mudanças na legislação que demonstram a limitada participação popular no governo, pois não abordavam problemas como saúde, habitação, educação etc. e geraram grande instabilidade política no Império.
04. (IF CE) Era apoiado pelos grandes latifundiários desvinculados
03. (FGV SP) Sobre a regência do paulista Diogo Antônio Feijó, entre 1835 e 1837, é correto afirmar que a) o regente conseguiu vencer a eleição devido ao apoio recebido dos produtores de algodão do Nordeste, classe emergente nos anos 1830, o que possibilitou o combate às rebeliões regenciais e o início do processo de centralização político-administrativa. b) o apoio inicial que Feijó recebeu de todas as forças políticas do Império foi, progressivamente, sendo corroído porque o regente eleito mostrou simpatia pelo projeto político da Balaiada, que defendia uma Monarquia baseada no voto universal. c) a opção de Feijó em negociar com os farroupilhas e com a liderança popular da Cabanagem provocou forte reação dos grupos mais conservadores, especialmente do Partido Conservador, que organizaram a queda de Feijó por meio de um golpe de Estado. d) o isolamento político do regente Feijó, que provocou a sua renúncia do mandato, relacionou-se com a sua incapacidade de conter as rebeliões que espalhavam por várias províncias do Império e com a vitória eleitoral do grupo regressista. e) as condições econômicas brasileiras foram se deteriorando durante a década de 1830 e provocaram um forte desgaste da regência de Feijó, que renunciou ao cargo depois de um acordo para uma reforma constitucional.
c) uma fase de reorganização democrática, após os anos de
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do Sudeste, camadas médias, alguns profissionais autônomos que defendiam o federalismo, sufrágio universal e até mesmo a proclamação de uma República. A tendência política do Período Regencial a que refere a passagem é o a) Liberal Moderado. b) Restaurador. c) Partido Português. d) Liberal Exaltado. e) Partido Radical. 05. (FMABC SP) “O período das Regências teve início em 1831, com a saída de Pedro I, quando verificaram-se agitações que se prolongariam até a Maioridade de seu filho Pedro II, alternando-se no poder diversos grupos e facções de variadas tendências político-ideológicas.” Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil. Uma interpretação. São Paulo: Senac, 2008, p. 409.
As Regências foram a) uma demonstração da fragilidade da soberania brasileira sobre seu território, que sofreu seguidas invasões de países vizinhos. b) um esforço de ampliação da participação política do povo, manifesto, por exemplo, na proliferação de agremiações e partidos políticos. absolutismo monárquico e de isolamento político dos governantes. d) um período de instabilidade política, expressa, por exemplo, na eclosão de movimentos rebeldes em várias partes do País. e) uma tentativa de ampliar a influência portuguesa no País e transformá-lo numa república federativa. 06. (UFCE) Leia o texto a seguir. O que fazer com a revolução? Havia basicamente três respostas: negar (os absolutistas ou ultramonarquistas), completar e encerrar (vertente conservadora do liberalismo) e continuar (vertente revolucionária do liberalismo). Impossível era ignorá-la. MOREL, Marcos. O período das Regências (1831-1840). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003, p. 21.
O texto faz referência ao contexto posterior à abdicação de D. Pedro I, detendo-se nas concepções sobre a revolução dos três grupos políticos que se embateram durante a Regência Trina (18311834). Assinale a alternativa que contempla esses três grupos. a) Saquaremas, luzias e caramurus. b) Restauradores, moderados e exaltados. c) Partido Brasileiro, Partido Português, Partido Inglês. d) Partido Conservador, Partido Liberal e Partido Republicano. e) Partido Conservador, Partido Liberal e Partido Progressista.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
Marcello Basile. “O laboratório da nação: A era regencial *1831-1840). In: Keila Grinberg e Ricardo Salles. O Brasil Imperial. Volume II – 1831-1870. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p.97
Assinale a alternativa que contenha elementos característicos do Período Regencial (1831-1840). a) Suspensão do Poder Moderador, causando oposição de setores políticos conservadores; surgimento do abolicionismo radical, contribuindo para revoltas de escravos na Bahia; fundação do Partido Republicano que, aliado às Forças Armadas, acirrou a oposição ao Império. b) Intensa oposição à antecipação da maioridade de D. Pedro II, visto com uma ameaça aos interesses das camadas populares; profundas diferenças ideológicas entre as facções políticas das elites, levando a confrontos armados; anulação da Constituição de 1824. c) Surgimento de diferentes projetos políticos, como a defesa do republicanismo; mobilização do exército contra a ascensão política das camadas populares; aprofundamento das desigualdades sociais, em virtude da alta inflação e da especulação financeira. d) Disputa pelo governo regencial, representada pela falta de unidade da elite política regencial e pela vacância do trono; formação de facções políticas distintas, portadoras de diferentes projetos; ativa mobilização popular, com revoltas em diversas províncias. e) Eclosão de diversas revoltas sociais e políticas, em províncias do Norte e Nordeste; surgimento de facções políticas, com projetos de governo diferentes; movimento em torno da antecipação da maioridade de D. Pedro II, como forma de garantir o atendimento de reivindicações populares. 02. (IF BA) “Queremos Pedro II, Ainda que não idade. A nação dispensa a Lei E viva a maioridade”. As ações pela antecipação da maioridade, expresso na quadrinha popular do século XIX, confirma a esperança de superação da crise vigente durante o Período Regencial.
Dentre os fatos constitutivos desta crise, podemos destacar como principais: a) Este ato significou a diminuição das atribuições de D. Pedro II e uma tentativa de solucionar a crise social e econômica que atingia as províncias do norte do País. b) A proposta da antecipação da maioridade do imperador foi apresentada pelos liberais para solucionar a crise política vivida pelo País. c) O golpe da maioridade foi uma manobra dos conservadores para antecipar a maioridade de D. Pedro, o qual assume o poder aos 17 anos. d) O golpe da maioridade ocorre no momento em que os problemas sociais que marcaram o período regencial - fome, seca e estagnação das culturas tradicionais - tinham sido totalmente superados. e) A medida foi apresentada no momento em que as revoltas regenciais foram reprimidas pelos governos locais com ajuda do governo central. 03. (UEPA) A crise política do I Império Brasileiro, que resultou na abdicação de D. Pedro I, teve como cerne a disputa entre a inclinação centralista-absolutista do monarca e a defesa do federalismo pelas elites econômicas regionais. A renúncia do imperador em 1831 resultou: a) na transferência de poder às elites regionais e aos regentes, ordem política que se mostrou frágil e abriu caminho para levantes oposicionistas e populares. b) na transformação imediata de Pedro II em monarca do Reino Português na linha de sucessão da Casa de Bragança. c) no fortalecimento de movimentos separatistas regionais, em desacordo com a manutenção do regime monárquico e da escravidão. d) no surgimento de grupos políticos republicanos, que seriam embrionários do movimento que promoveu a Proclamação da República em 1889. e) na emergência de uma identidade nacional brasileira, em oposição a qualquer posição de mando de autoridades portuguesas em território nacional. 04. (UECE) A abdicação de D. Pedro I possibilitou um novo arranjo político que, na historiografia, foi denominado de a) Período Regencial. b) Primeiro Reinado. c) Segundo Reinado. d) República Velha. 05. (ESPM SP) O Período Regencial (1831-1840) caracterizou-se por ser um dos mais agitados da história do Brasil. Durante seu transcorrer, ocorreu a publicação do Ato Adicional de 1834, cujo teor estabelecia:
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B02 Regências
01. (Mackenzie SP) O período das regências constitui momento crucial do processo de construção da nação brasileira. Por sua pluralidade e ensaísmo [foi] um grande laboratório político e social, no qual as mais diversas e originais fórmulas políticas foram elaboradas e diferentes experiências testadas, abarcando amplo leque de estratos sociais. O mosaico regencial não se reduz, portanto, a mera fase de transição, tampouco a uma aberração histórica anárquica, nem mesmo a simples ‘experiência republicana’”.
História
a) eleições indiretas, com dois tipos de eleitores: os eleitores de paróquia que elegiam os eleitores de província, os quais elegiam os deputados e senadores. b) a instituição do Poder Moderador, poder pessoal e exclusivo do imperador, que legalizava o seu absolutismo e era assessorado pelo Conselho de Estado. c) a anistia aos presos políticos do Primeiro Reinado e a reintegração do ministério exonerado por D. Pedro I na véspera de sua abdicação. d) a criação das Assembleias Legislativas Provinciais e a abolição do Conselho de Estado. e) a limitação das prerrogativas do Poder Moderador que impedia os regentes de dissolver a Câmara dos Deputados. 06. (UFCE) O Ato Adicional, decretado no período das regências no Brasil pela Lei nº 16, de 12 de agosto de 1834, estabeleceu algumas modificações na Constituição de 1824. Acerca dessas alterações, assinale a alternativa correta. a) O Conselho de Estado foi reorganizado para que fosse possível conter os conflitos provinciais. b) Os presidentes provinciais passaram a ser eleitos e a ter o poder de aprovar leis e resoluções referentes ao controle dos impostos. c) O estabelecimento da Regência Una, ao invés da Regência Trina, significou a eleição de um único regente, com mandato até a maioridade de D. Pedro II. d) As assembleias legislativas provinciais foram criadas para proporcionar autonomia política e administrativa às províncias no intuito de atender às demandas locais. e) A Corte, com sede no Rio de Janeiro, por meio da aliança entre progressistas e regressistas, continuou centralizando as ações em defesa da Constituição de 1824.
B02 Regências
07. (UEPB) A Guarda Nacional foi criada para defender a Constituição, a liberdade, a independência e a integridade do Império. Sobre ela, é correto afirmar: a) O alistamento para compor a Guarda Nacional era facultativo. b) A Lei Orgânica que deu origem à Guarda Nacional inspirou-se em lei inglesa promulgada em 1850. c) Era uma milícia civil formada por homens livres, em sua maioria oficiais do Exército, proprietários de terras e comerciantes, burocraticamente controlada e sob estreita supervisão do Estado. d) Nenhum fazendeiro ou chefe político podia receber a patente de coronel da Guarda Nacional. e) A Guarda Nacional não podia combater nenhum grupo, facção ou instituição que contestassem as autoridades do Império. Esta era uma atribuição exclusiva do Exército. 08. (Mackenzie SP) “(...) no segundo ano do governo de Araújo Lima aumentaram as disputas políticas no Congresso. (...) por lá os ânimos estavam divididos. A saída veio rápida, e inesperada, a despeito de não ser de todo inusitada. O único consenso pos624
sível foi antecipar a maioridade política do menino Pedro, que na época contava apenas catorze anos. (...). Por isso preparou-se um golpe, o golpe da maioridade, e o maior ritual público que o Brasil já conheceu”. Lilia M. Schwarcz e Heloísa M. Starling. Brasil: Uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 266
Assinale a alternativa correta que contenha o contexto em que ocorreu o golpe a que o texto se refere. a) A antecipação da maioridade do imperador demonstrou a incapacidade política das elites brasileiras, reunidas no partido conservador, em gerenciar o País. Daí a necessidade de recorrer à figura de D. Pedro, ainda menino, para solucionar o problema. b) O golpe da maioridade foi a resposta dos Conservadores às reformas promovidas pelos Liberais, o que reforçou o clima de instabilidade política vivida no País e acentuou a crise política, só superada, por sua vez, com a proclamação da República. c) Diante das várias rebeliões regenciais, dos projetos republicanos e da radicalização da situação, reforçou-se uma saída simbólica, sustentada em um regime monárquico de governo, em que só o monarca poderia garantir a unidade nacional. d) Diante das pressões políticas, da crise econômica e das insatisfações sociais, a maioridade de D. Pedro foi a saída encontrada pela família imperial, à revelia do Congresso, para se manter a unidade nacional e o poder das elites agrárias nacionais. e) Venerado pelas camadas populares, D. Pedro II usou de sua popularidade para angariar apoio à sua ascensão ao poder, mesmo que, para isso, tenha mergulhado o País em uma instabilidade política que só seria superada com a Lei Áurea. 09. (UCB DF) Dom Pedro I foi para Portugal abdicando do trono, em 7 de abril de 1831, em favor do próprio filho, Pedro de Alcântara, que tinha apenas cinco anos de idade. A Constituição do Império, de 1824, estabelecia que o Brasil deveria ser governado por um conselho de três regentes, eleitos pela Assembleia Imperial, até que o jovem completasse 18 anos. No início do período regencial, o País era dominado por três grupos políticos principais que disputavam o poder: os restauradores, os liberais exaltados e os liberais moderados. COTRIM, Gilberto. História global. Brasil e geral. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2013, com adaptações.
A respeito dos grupos políticos que disputavam o poder no Brasil, julgue os itens a seguir. 00. Os restauradores lutavam pela volta de Dom Pedro I ao poder. 01. Os farroupilhas, localizados no sul do País, faziam parte do grupo dos liberais moderados e eram apoiados pelos grandes proprietários de terras. 02. Os liberais exaltados lutavam pela descentralização do poder, pela autonomia das províncias e pelo sistema federalista. 03. José Bonifácio de Andrade e Silva liderava o grupo dos caramurus que defendiam o regime republicano e democrático. 04. Os liberais moderados lutavam pela preservação da unidade territorial do País, defendiam a monarquia, mas sem absolutismo, e queriam manter a escravidão e a ordem.
FRENTE
B
HISTÓRIA
MÓDULO B03
REBELIÕES REGENCIAIS
ASSUNTOS ABORDADOS
Como vimos na aula anterior, o Período Regencial foi uma época de transição marcada pela transferência do poder das mãos portuguesas para as mãos da elite brasileira. As tensões advindas desse processo político, o agravamento da economia, além da precariedade das condições de vida das camadas que compunham a base da sociedade - como os escravos e homens livres pobres - possibilitaram a formação de revoltas em quase todas as regiões do País. Uma das primeiras manifestações desse processo ocorreu no Recife, onde a rivalidade entre brasileiros e portugueses era muito forte. Em 1831, populares e soldados se rebelaram, saqueando estabelecimentos comerciais de portugueses e executando alguns de seus proprietários. Por ter ocorrido em setembro, o movimento ficou conhecido como Setembrada.
n Rebeliões regenciais n Cabanagem (Grão-Pará, 1833-1836) n Farroupilha (Rio Grande do Sul, 1835-1845) n Sabinada (Bahia, 1837-1838) n Balaiada (Maranhão, 1838-1841) n Revolta dos Malês (Bahia, 1835)
Em 1832, na Vila do Crato, no Cariri, na Província do Ceará, um fazendeiro e influente político Joaquim Pinto Madeira, liderou, juntamente com o Padre Antônio Manuel de Souza, um levante pelo retorno de Dom Pedro I ao trono. Foi organizado um exército, de dois mil homens, que chegou a vencer alguns embates com as tropas legalistas. Essa insurgência só foi abafada em outubro do mesmo ano, quando seus líderes foram presos, e o líder, Joaquim Pinto Madeira foi condenado à morte. Houve também rebeliões escravas em algumas partes do País. Em 1833, por exemplo, em Carrancas, Minas Gerais, o escravo Ventura Mina comandou uma revolta que provocou a execução de vários fazendeiros. No entanto, essas revoltas, assim como a Setembrada e a do Cariri, tiveram curta duração. Em outras regiões, as insurgências duraram mais tempo, e alguns desses conflitos ameaçaram a unidade do Império, como foi o caso da Guerra dos Farrapos, ou Farroupilha, no Sul.
Cabanagem (Grão-Pará, 1833-1836) A Cabanagem foi um dos principais movimentos sociais ocorridos na história do Brasil, caracterizado pelo controle do poder político pelas camadas populares. A população do Pará, em sua maioria, era constituída por negros, índios e mestiços. Eles trabalhavam na extração de produtos da floresta, viviam em estado de carência e moravam em cabanas situadas à beira dos rios, em condições de absoluta miséria. A revolta dos cabanos foi uma tentativa de modificar a situação de injustiça social da qual eram vítimas. A princípio, o movimento contou com o apoio de fazendeiros locais, descontentes com a política do governo imperial e com a falta de autonomia das províncias. Entretanto, não demorou para que se afastassem, pois não concordavam com os objetivos dos rebeldes, que incluíam o fim da escravidão e a distribuição de terras.
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O início do levante estava ligado às divergências, no interior da elite dirigente, em torno da nomeação do presidente da província. Em 6 de janeiro de 1835, os cabanos dominaram a capital da província e ocuparam o poder. Assim, estabeleceram um governo autônomo e de caráter republicano. Entre os principais líderes, encontravam-se o cônego Batista Campos, os irmãos Antônio e Francisco Vinagre, Eduardo Angelim e o fazendeiro Clemente Melcher, proclamado o novo presidente da província. Em geral, a Cabanagem foi uma revolta de caráter essencialmente popular. E, devido às traições registradas, o movimento foi se tornando cada vez mais vulnerável, o que facilitou a repressão por parte das forças regenciais. A primeira rebelião popular do Brasil registrou um saldo de mais de 40 000 mortes, com uma população de cerca de 100 000 pessoas.
Figura 01 - Gravura representando a Cabanagem, sec. XIX.
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História
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Assista à minissérie brasileira A casa das sete mulheres. Diretores: Jayme Monjardim e Marcos Schechtman. Emissora de televisão original: Rede Globo.
Farroupilha (Rio Grande do Sul, 1835-1845) A Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos foi a mais longa que já aconteceu na história do Brasil e foi conhecida por sustentar-se na base econômica da região. Sabe-se que a economia do Rio Grande do Sul foi desenvolvida com o objetivo de atender às necessidades do mercado interno, como a pecuária e a comercialização do charque. Os estancieiros (criadores de gado) revoltaram-se contra o aumento dos impostos sobre esse tipo de carne e, com isso, impediram que houvesse competição com o mercado de charque argentino, privilegiado com tarifas mais baixas. Assim, produtos importados de países como a Argentina e o Uruguai custavam menos que os produzidos na região gaúcha. Pertencentes ao Partido Exaltado, os farroupilhas, liderados por Bento Gonçalves, ocuparam a cidade de Porto Alegre em 1835 e, no ano de 1836, proclamaram a República de Piratini ou Rio Grandense. Posteriormente, em 1839, proclamaram a República Juliana, em Santa Catarina, com o auxílio de Giuseppe Garibaldi e Davi Canabarro. Como já sabemos, em 1840 foi registrado o golpe da maioridade. Diante do ocorrido, Dom Pedro II procurou pacificar a região e prometeu anistia aos revoltosos, mas seu plano não apresentou um resultado positivo. Portanto, no ano de 1842, Luís Alves de Lima e Silva, que recebeu o título de “barão de Caxias” devido ao sucesso militar, foi enviado ao Sul para dominar a região e buscou firmar acordos com os revoltosos. Em consequência, em 1845, Caxias e Canabarro assinaram o acordo “Paz de Ponche Verde”, estabelecendo anistia geral ao grupo dos rebeldes, além de libertação dos escravos que lutaram na guerra e taxação de 25% sobre o charque platino. Os guerrilheiros ficaram conhecidos como “farrapos” devido à falta de uniforme na participação da rebelião. A Guerra dos Farrapos não foi uma revolta das populações pobres. Foram, principalmente, os ricos estancieiros que lutaram por seus interesses econômicos e políticos. Não existia entre os líderes farroupilhas o desejo de acabar com as injustiças sociais e a miséria da maioria da população. Queriam apenas garantir o lucro das fazendas de pecuária, além de aumentar a liberdade administrativa e o poder político que possuíam na região.
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B03 Rebeliões e regenciais
Figura 02 - Carga de cavalaria Farroupilha, por Guilherme Litran, 1893. Acervo do Museu Júlio de Castilhos
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
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Sabinada (Bahia, 1837-1838) A Sabinada foi um movimento liderado pelo médico Francisco Sabino Barroso e por isso era assim conhecida. Contrária à centralização política defendida pelo governo regencial, seu objetivo principal era proclamar uma república independente até que D. Pedro II assumisse o trono do Império. Com parte do exército baiano, os sabinos conseguiram tomar o poder em Salvador, no dia 7 de novembro de 1837. Mas o movimento não contagiou a população local. O governo central usou da violência e controlou a rebelião, que ficou restrita à participação da camada média urbana de Salvador. Apesar da violenta repressão, os principais líderes do movimento não foram mortos. O médico, por exemplo, foi preso e exilado no Mato Grosso.
Balaiada (Maranhão, 1838-1841) Movimento de caráter popular que teve como líderes Raimundo Gomes, apelidado de “Cara Preta”; Manuel dos Anjos Ferreira, fabricante de cestos e conhecido como “Balaio” e Cosme Bento, líder de negros foragidos. Nessa época, ocorreu uma grave crise econômica provocada pela queda dos preços do algodão, a principal riqueza da região. Devido à concorrência com esse produto também produzido nos Estados Unidos, entretanto mais barato e de melhor qualidade, somada à situação miserável da população, cansada de tanta injustiça social, miséria, fome, escravidão e maus-tratos, instaurou-se uma rebelião contra a aristocracia local. Além disso, a insatisfação política reinava entre a classe média maranhense, representada pelos bem-te-vis.
Figura 03 - Imagem do Memorial da Balaiada, em Caxias, no Maranhão. Almanaque Lusofonista, 2016.
Posteriormente, os rebeldes ocuparam a cidade de Caxias e procuraram implantar um governo próprio. A repressão regencial foi liderada por Luís Alves de Lima e Silva (o barão de Caxias). O combate aos balaios foi duro e violento. A perseguição aos rebeldes só terminou em 1841, quando já havia morrido cerca de 12 mil sertanejos e escravos.
Revolta dos Malês (Bahia, 1835) Houve ainda a rebelião dos escravos – Revolta dos Negros Malês – em 1835, na Bahia. Os negros eram de religião muçulmana e rebelaram-se contra a opressão dos senhores brancos. Tornaram-se conhecidos por espalhar pânico pela região com gritos de “morte aos brancos” e “viva os nagôs”.
01. (Unimontes MG) A Sabinada, na Bahia, a Balaiada, no Maranhão e Piauí, bem como a Farroupilha, no Rio Grande do Sul, foram algumas das lutas que ocorreram no Brasil, em um período caracterizado por/pela(s) a) um regime de governo centralizado na figura do imperador, impedindo a constituição de partidos políticos e transformações sociais em todo o País. b) uma fase de transição política, decorrente da abdicação de Dom Pedro I, marcada por uma tendência de centralização política. c) mudanças nas organizações partidárias, o que facilitou a adoção do federalismo, e por transformações na estrutura fundiária de base escravista. d) extinção do poder monárquico, e pela formação de partidos políticos de diversos cunhos ideológicos, sem que se alterassem as configurações sociais e econômicas estabelecidas.
02. (Unitau SP) A Revolução Farroupilha foi a mais longa do período regencial e imperial. Indique a alternativa que apresenta CORRETAMENTE um aspecto da participação dos ricos estancieiros. a) Apenas apoiaram a revolução promovida pela população mais pobre. b) Constituíram a massa de manobra dos líderes populares contra o governo. c) Foram os líderes da revolução, mas não lutaram por seus interesses econômicos, pois nutriam o desejo de acabar com as injustiças sociais e a miséria da população. d) Influenciados pelas ideias republicanas, não se preocupavam em manter o lucro das grandes fazendas pecuárias. e) Queriam apenas garantir o lucro das grandes fazendas pecuárias e aumentar a liberdade administrativa e o poder político que possuíam na região.
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B03 Rebeliões Regenciais
Exercícios de Fixação
História
03. (Uespi PI) A Balaiada foi um movimento social ocorrido no Piauí, Maranhão e Ceará, do final de 1838 a 1841. De um lado,
Em nome do povo do Rio Grande, depus o governador Braga e entreguei o governo ao seu substituto legal Marciano Ribeiro.
grandes proprietários de terra e de escravos, autoridades pro-
E em nome do Rio Grande do Sul, eu lhe digo que nesta provín-
vinciais e comerciantes; de outro, vaqueiros, artesãos, lavradores, escravos e pequenos fazendeiros (mestiços, mulatos,
cia extrema [...] não toleramos imposições humilhantes, nem insultos de qualquer espécie. [...] O Rio Grande é a sentinela
sertanejos, índios e negros), sem direito à cidadania e acesso à propriedade da terra, dominados e explorados por governos
do Brasil, que olha vigilante para o Rio da Prata. Merece, pois, maior consideração e respeito. Não pode e nem deve ser opri-
clientelistas e autoritários formados pelas oligarquias locais
mido pelo despotismo. Exigimos que o governo imperial nos
que ascenderam ao poder político com a “proclamação da independência” do País. A Balaiada, portanto, ocorreu simul-
dê um governador de nossa confiança, que olhe pelos nossos interesses, pelo nosso progresso, pela nossa dignidade, ou nos
taneamente no Maranhão e no Piauí.
separaremos do centro e com a espada na mão saberemos morrer com honra, ou viver com liberdade.
Julgue as assertivas abaixo, que tratam dos fatores que contribuíram para a balaiada, conforme aponta a historiografia, colocando (V) para “VERDADEIRO” ou (F) para “FALSO” nos parênteses: ( ) As péssimas condições de vida da maioria da população, decorrente da estrutura política, social e econômica que se consolidara (família patriarcal, grande propriedade, escravidão). ( ) A Lei dos Prefeitos (1 840), uma medida autoritária e excludente das oligarquias liberais, cujo objetivo era diminuir ou dobrar a resistência de lideranças políticas locais. Na verdade, essa medida foi criada com fins de vingança e perseguição política, através da qual os prefeitos eram nomeados pelos Presidentes das Províncias. ( ) O Recrutamento forçado (1830), que provocou um estado de pânico na população, uma vez que era feito de forma
B03 Rebeliões Regenciais
arbitrária, ou seja, recrutava-se apenas a população de menor poder aquisitivo que eram tratados como prisioneiros, sob rigorosa vigilância e torturados com cordões e grilhões de ferro. ( ) Jovens agricultores e vaqueiros inexperientes que não conheciam praticamente nada, além dos limites das fazendas e vilas, eram levados à força, como soldados para formar contingentes para reprimir os movimentos rebeldes que ocorreram durante o período regencial. ( ) O movimento se fortaleceu tanto no Maranhão como no Piauí com os rebeldes, superiores quantitativamente, no ano de 1839, invadindo e tomando a cidade de Caxias no Maranhão. A sequência correta, de cima para baixo, é a) V – V – V – V – V b) F – V – F – V – F c) V – V – V – F – V d) F – V – V – F – V e) V – V – F – F – F 04. (Unesp SP) A Revolução Farroupilha foi um dos movimentos armados contrários ao poder central no Período Regencial brasileiro (1831-1840). O movimento dos Farrapos teve algumas particularidades, quando comparado aos demais. 628
(Bento Gonçalves [carta ao Regente Feijó, setembro de 1835] apud Sandra Jatahy Pesavento. A Revolução Farroupilha, 1986.)
Entre os motivos da Revolução Farroupilha, podemos citar a) o desejo rio-grandense de maior autonomia política e econômica da província frente ao poder imperial, sediado no Rio de Janeiro. b) a incorporação, ao território brasileiro, da Província Cisplatina, que passou a concorrer com os gaúchos pelo controle do mercado interno do charque. c) a dificuldade de controle e vigilância da fronteira sul do Império, que representava constante ameaça de invasão espanhola e platina. d) a proteção do charque rio-grandense pela Corte, evitando a concorrência do charque estrangeiro e garantindo os baixos preços dos produtos locais. e) a destruição das lavouras gaúchas pelas guerras de independência na região do Prata e a decorrente redução da produção agrícola no Sul do Brasil. 05. (Puc Campinas SP) Marcada por forte caráter regionalista, a Revolução Farroupilha, no sul do Brasil, foi motivada, entre outros fatores, a) por pressões das camadas populares indignadas com a situação de miséria imposta pela aristocracia rural gaúcha, contra a qual se insurgiram sob comando do anarquista Giuseppe Garibaldi. b) pela insatisfação com as regras alfandegárias impostas por Argentina, Paraguai e Uruguai, principais compradores de sua produção de charque, produto carro-chefe da economia local. c) pela reivindicação de maior autonomia às províncias, diferentemente do que estabelecia a Constituição de 1824 e da política governamental implementada no período regencial. d) por ideais separatistas defendidos desde a vitória na Guerra da Cisplatina, presentes no projeto de criação da República dos Pampas, em aliança com a Argentina. e) por princípios abolicionistas, uma vez que muitos negros haviam sido libertos após a Guerra do Paraguai e passaram a engrossar o exército dos farrapos, conduzido por Bento Gonçalves.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
02. (UEPB) Sobre as rebeliões regenciais é correto afirmar. a) Foram motivadas devido à existência de apenas um partido político que fortalecia o poder nas mãos do imperador. b) Tinham como lideranças exclusivamente integrantes da elite agrária do império. c) Lutavam fundamentalmente por transformações na estrutura fundiária de base escravista. d) Seus líderes tinham como projeto a centralização do poder e o fim da escravidão. e) O agravamento da situação econômica, as disputas entre diferentes grupos de proprietários pelo poder e a presença de setores populares na cena política foram elementos motivadores destas rebeliões. 03. (UECE) Como fatores apontados para a desarticulação do movimento conhecido como BALAIADA, foram listados os seguintes: I. A repressão do governo que acabou esmagando a resistência popular com a retirada do movimento de elementos da oligarquia maranhense; II. O papel desempenhado pelas lideranças que asseguraram a forte unidade ideológica do movimento; III. A ausência de unidade ideológica e política entre os envolvidos no movimento. Dentre os fatores citados anteriormente, realmente contribuíram para a desarticulação do movimento os listados a) nos itens I, II e III. b) nos itens I e II, apenas. c) nos itens I e III, apenas. d) nos itens II e III, apenas. 04. (Uespi PI) O movimento de rebelião, em meados do século XIX, reconhecido historicamente como a Balaiada.
a) Foi um levante contra o poder central que, como tantos outros, não teve participação popular, sendo liderado por membros da burguesia. b) Fez parte do rol dos conflitos liderados pelo governo e que, no Piauí, exterminou a população nativa. c) Foi um movimento de grande participação popular, de cunho republicano, ocorrido no Maranhão durante o Segundo Reinado. d) Contou com grande participação da população piauiense, inserindo o Piauí no quadro das chamadas rebeliões contra o poder central no período da Regência. e) Foi um movimento de caráter antiescravista, promovido por negros escravos de origem Ioruba. 05. (Unioeste PR) “Eclodiu em 1835, no Rio Grande do Sul, a Guerra dos Farrapos. “‘Farrapos’ ou ‘Farroupilhas’ são expressões sinônimas, significando maltrapilhos, gente vestida com farrapos. Os Farrapos gaúchos receberam de seus adversários o apelido depreciativo. Mas a verdade é que, se suas tropas podiam ser “farroupilhas”, os dirigentes pouco tinham disso, pois representavam a elite dos estancieiros, criadores de gado.” (FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2008, p.91)
Sobre a revolução Farroupilha (1835-1845) é INCORRETO afirmar que a) o Estado, por intermédio das baionetas do Exército e da Guarda Nacional, conseguiu impor-se e cooptar os representantes de várias regiões brasileiras, entre elas os Farroupilhas. Em 1845, os revoltosos foram derrotados, seus líderes aprisionados e punidos exemplarmente por Duque de Caxias. b) a revolução Farroupilha teve início em 1835, quando Bento Gonçalves, filho de um rico proprietário de terras no Rio Grande do Sul, tomou a cidade de Porto Alegre, depondo o presidente da Província. c) a revolução Farroupilha forçou o Brasil a realizar na região platina uma política externa bem diferente da tradicional. Durante anos, o país ficaria na contingência de não ter uma política agressiva no Prata e de buscar acordo com Buenos Aires para poder ocupar-se de uma revolta em suas fronteiras. d) o charque era um produto vital, destinado ao consumo da população pobre dos escravos do Sul e do Centro-Sul. O movimento liderado por estancieiros reivindicava maior autonomia provincial e a redução dos altos impostos que incidiam sobre o charque gaúcho que, dessa forma, não tinha condições de competir em situação de igualdade com o charque platino.
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B03 Rebeliões Regenciais
01. (FM Petrópolis RJ) No Brasil, o período regencial (18311840) foi marcado por um conjunto de rebeliões. Uma delas ocorreu no Pará. As intensas movimentações populares, na capital Belém e nas áreas rurais, encontraram seus líderes: Eduardo Angelim, vítima das repressões de Lobo Souza; os irmãos Vinagre, lavradores no rio Itapicuru; Clemente Malcher; o jornalista maranhense Vicente Lavor; e o cônego Batista de Campos. Essa rebelião ficou conhecida como a) Balaiada. b) Cabanagem. c) Contestado. d) Farroupilha. e) Sabinada.
História
e) os Farrapos contaram com o concurso de alguns oficiais do Exército e em suas fileiras destacaram-se também pelo menos duas dezenas de revolucionários italianos refugiados no Brasil, sendo o mais célebre deles, Giuseppe Garibaldi. 06. (Puc RS) A chamada Guerra dos Farrapos (1835-1845), conflito que opôs o Rio Grande do Sul ao governo central do Império brasileiro, pode ser entendida como a) o resultado do descontentamento quanto à tributação do charque, que criava dificuldades na concorrência com produtores uruguaios e argentinos. b) uma mobilização da elite rio-grandense na defesa da abolição da escravidão, sendo o momento de ápice o episódio dos Lanceiros Negros, no Cerro dos Porongos. c) um movimento separatista, que pretendia unir o Rio Grande do Sul à República Cisplatina, com base em relações já estabelecidas pela província com os países da Bacia do Prata. d) fruto da discordância em relação ao fechamento da Assembleia Constituinte e ao consequente decreto da maioridade de D. Pedro II. e) uma luta pela expansão dos latifúndios destinados à pecuária, para aumentar a produção de carne conservada in natura.
B03 Rebeliões Regenciais
07. (UFG GO) A ocorrência de rebeliões, tais como a Cabanagem (1835-1840), no Pará; a Sabinada (1837-1838), na Bahia; e a Balaiada (1838-1841), no Maranhão, determinou a caracterização da Regência como um período conturbado. Todavia, a ocorrência de rebeliões tão distintas apresenta como aspecto comum a a) reivindicação popular pela abolição da escravatura, tornando inviável o apoio das camadas médias urbanas aos movimentos contra a ordem regencial. b) influência da experiência republicana da América Hispânica, decorrente da proximidade intelectual entre as elites imperiais e os criollos. c) mobilização das camadas populares pelos segmentos da elite, objetivando o controle do poder nas referidas províncias. d) tentativa de restabelecer o poder moderador, transferindo-o para a Regência Una como forma de resistir às reformas liberais. e) rejeição ao regime monárquico, revelador da permanência do privilégio concedido ao português desde a Colônia. 08. (Unesp SP) Entre as várias rebeliões ocorridas no período regencial, destaca-se a chamada Guerra dos Farrapos, iniciada em 1835. O conflito a) prosseguiu até a metade da década seguinte, quando o governo do Segundo Império aumentou os impostos de importação dos produtos bovinos argentinos e anistiou os revoltosos. b) demonstra que as disputas comerciais entre Brasil e Argentina iniciaram-se logo depois da independência e desde então se agravaram, até atingir a atual rivalidade entre os dois países. 630
c) permitiu a adoção de um regime federalista no Brasil, uma vez que as negociações entre o governo imperial e os rebeldes determinaram a autonomia política riograndense. d) revela a impossibilidade de estabelecer relações políticas e diplomáticas na América Latina após a independência política e durante o período de formação dos estados nacionais. e) impediu a continuação do período regencial e levou à aceitação de outra exigência dos participantes da revolta: a antecipação da maioridade do futuro imperador Pedro II. 09. (Unifor CE) Na Bahia, houve uma revolta que irrompeu a 7 de novembro de 1837, pretendendo implantar uma república, a qual a tropa local aderiu. Cercados pelo exército governista, os revoltosos resistiram até meados de março de 1838, quando milhares foram mortos ou feitos prisioneiros. Esse movimento é denominado a) Balaiada. b) Sabinada. c) Confederação do Equador. d) Cabanagem. e) Revolução Farroupilha. 10. (FGV SP) A respeito da Revolução Farroupilha (1835-1845), a mais prolongada revolta brasileira no Período Monárquico, é correto afirmar. a) Foi motivada por um amplo movimento abolicionista e pela influência das ideias republicanas e democráticas do século XIX. b) A República Rio-Grandense, fundada em 1836, estabelecia o voto censitário, preservando o controle social dos latifundiários e grandes comerciantes gaúchos. c) Por iniciativa de Giuseppe Garibaldi e Davi Canabarro, líderes da esquerda gaúcha, iniciou-se o primeiro processo de Reforma Agrária em terras brasileiras. d) Reivindicava a antecipação da maioridade de dom Pedro e a adoção de uma monarquia parlamentarista, nos moldes do Estado Britânico. e) Derrotados pelas forças comandadas pelo barão de Caxias, os líderes rebeldes foram deportados para a Itália e para países da região do Prata. 11. (FGV SP) Entre 1831 e 1845, estouraram revoltas em diversas províncias brasileiras. A Revolta dos Malês (1835) teve por base a cidade de Salvador, na Bahia. A Balaiada (1838-1841) alastrou-se pelo Maranhão e Piauí. A Farroupilha (1835-1845) desenrolou-se no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. a) Aponte uma característica de cada revolta indicada no enunciado. b) Do ponto de vista das propostas sociais, qual a grande diferença entre os projetos da Balaiada, em sua fase final, e os da Farroupilha? c) Em que contexto da política brasileira ocorreram tais revoltas?
Questão 11. a) Revolta dos Malês: rebelião liderada por escravos africanos islamizados que tentaram implantar na Bahia um Estado de modelo haitiano. Balaiada: violenta revolta de caráter popular, realizada por sertanejos e escravos fugidos. Revolução Farroupilha: revolta de estancieiros gaúchos, de caráter separatista e republicano. b) Enquanto a Balaiada propunha a libertação dos escravos e melhores condições de vida para os sertanejos, a Farroupilha defendia a manutenção da concentração fundiária e do predomínio da aristocracia rural. c) No contexto do Período Regencial (1831-40), caracterizado pela grande instabilidade política e pelo antagonismo entre centralistas e federalistas.
FRENTE
B
HISTÓRIA
MÓDULO B04
SEGUNDO REINADO: ECONOMIA E SOCIEDADE O Segundo Reinado é o período da história brasileira compreendido entre 1840 e 1889, quando o País estava sob o comando do imperador D. Pedro II. No decorrer de seu governo, o poder esteve fortemente centralizado na figura monárquica. Para isso, ele usou todos os recursos assegurados ao Poder Moderador, órgão que estava acima do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário. Devido a isso, nomeou e demitiu ministérios, dissolveu várias vezes a Câmara dos Deputados, convocou eleições, escolheu senadores, suspendeu magistrados, entre outras medidas.
ASSUNTOS ABORDADOS n Segundo Reinado: economia e
sociedade
n Economia e sociedade
O imperador procurou garantir a unidade do território nacional esforçando-se em construir um sólido aparato administrativo, jurídico e burocrático do Estado. Com o intuito de manter a ordem internamente, seu governo foi implacável perante revoltas provinciais que ameaçavam a integridade do território nacional, como a Guerra dos Farrapos (1835-1845). A insatisfação popular em relação ao excessivo poder nas mãos do monarca e um sentimento antilusitano deram origem, em 1848, a uma nova revolta na província de Pernambuco, conhecida como Revolução Praieira. Fonte: Wikimedia Commons
Nos primeiros anos de seu governo, Dom Pedro II fora influenciado pelo grupo político que havia cuidado dele desde a infância. Com o passar do tempo, procurou formular sua política em conciliação a forças diversas, oferecendo seu apoio ora ao Partido Liberal, ora ao Partido Conservador. A diferença de ideias entre os dois partidos era pequena, já que agregavam as elites proprietárias. Contudo, sempre que um gabinete liberal dava lugar a um conservador, e vice-versa, era trocada toda a estrutura administrativa do Império. Por meio do clientelismo, os novos integrantes substituíam presidentes de província, arrecadadores de impostos, prefeitos, delegados e demais funcionários públicos. A questão escravista foi um grande marco do Segundo Reinado. Esse debate esteve presente em várias instâncias da sociedade, como nos debates parlamentares, nos conflitos militares, na Guerra do Paraguai, na empresa cafeeira- que foi responsável por impulsionar a economia no final do século XIX - e nas revoltas e movimentos sociais.
Economia e sociedade A oligarquia escravista-exportadora, em especial a açucareira e cafeeira, assim como seus representantes na organização do Império, ditaram os caminhos políticos do País durante o Segundo Reinado, mantendo a ordem socioeconômica estabelecida desde o processo de colonização. No entanto, também formavam-se novas forças sociais, especialmente as nascidas com a industrialização e a aglomeração urbana, na segunda metade do século XIX. O cacau e a borracha, muito apreciados no mercado externo, ganharam destaque na produção agrícola brasileira, e a mão de obra escrava foi gradualmente sendo substituída pela assalariada, formada basicamente de imigrantes.
Figura 01 - Fala do Trono - Dom Pedro II na Abertura da Assembleia Geral, por Pedro Américo, 1872.
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História
O caráter elitista da política fora mantido, mas a economia tornara-se mais racional e eficiente, seguindo o avanço do desenvolvimento capitalista, aplicando novas formas de exclusão social. Nesse sentido, houve a definitiva transferência do eixo econômico do Nordeste para o Sudeste, com grande crescimento populacional no novo polo econômico e mudanças na estrutura étnico-social da população. O advento da cafeicultura no Brasil O café era uma bebida de luxo, na Europa, desde o século XVII. Com a crise da produção francesa nas colônias, ao final do século XVIII, devido à agitação dos movimentos revolucionários, sua produção e comercialização tornou-se viável para outros países. Por volta de 1850, o produto espalhou-se pelo oeste da província de São Paulo, chegando à região de Campinas. A crescente procura pelo grão no mercado internacional favoreceu a expansão do cultivo em direção ao oeste Paulista, principalmente a partir dos anos 1870, região muito favorável ao plantio. Da região de Campinas, as fazendas de café espalharam-se em sentido a Ribeirão Preto, alcançando mais tarde o sul de Minas Gerais e o norte do Paraná. Fonte: Wikimedia Commons
As áreas “novas” (oeste Paulista) firmaram-se após a proibição do tráfico de africanos escravizados para o Brasil, nos anos 1850. Diante da necessidade de mão de obra para as plantações de café, o tráfico interno de escravos foi impulsionado, estimando-se um número de 400 mil até 1885, quando também foi proibido (Lei dos Sexagenários). Nesse contexto, houve o desaparecimento dos pequenos proprietários de escravos, assim como a diminuição do número de escravos urbanos, direcionados para as lavouras. Muito provavelmente esses fatores contribuíram para o fortalecimento da causa abolicionista, posteriormente. Com a transformação da Província de São Paulo em novo eixo econômico, os chamados barões do café fixaram nos arredores das cidades, que contavam com uma desenvolvida infraestrura de transporte e meios de comunicação.
Figura 02 - Escravos celebrando o Congado (um ritual cristão celebrado por nativos africanos) na fazenda da Província de Minas Gerais, Brasil, 1876. Foto de Rui Santos.
B04 Segundo Reinado: Economia e sociedade
Figura 03 - Plantação de café nas colinas do sudeste brasileiro.
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Assim, o café assumiria a liderança das exportações brasileiras, a partir da década de 1820, tomando posições de outros produtos até então importantes. Nos anos 1880, a produção cafeeira em território nacional já era responsável por 56% da produção mundial, ampliando-se ainda mais nas décadas seguintes, na época republicana.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação
02. (Unesp SP) Caracteriza-se como o maior vetor de ocupação territorial no Brasil a partir de meados do século XIX, sendo explicativa da gênese da concentração produtiva e populacional ainda existente na atual conformação do território nacional. Estabeleceu-se no vale do Rio Paraíba, avançando por décadas sobre áreas de floresta Atlântica. Cabe assinalar que tal avanço ocasionou um surto urbanizador na região Sudeste do Brasil, no qual as ferrovias ganharam peso fundamental como agente modernizador e indutor da ocupação de novas áreas. (Antonio C. R. Moraes. Geografia histórica do Brasil, 2011. Adaptado.)
A atividade econômica associada à formação territorial do Brasil a qual o excerto se refere é a) a industrialização. b) a cafeicultura. c) a mineração. d) a pecuária. e) a silvicultura. 03. (Enem MEC)
Com seu manto real em verde e amarelo, as cores da casa dos Habsburgo e Bragança, mas que lembravam também os tons da natureza do “Novo Mundo”, cravejado de estrelas representando o Cruzeiro do Sul e, finalmente, com o cabeção de penas de papo de tucano em volta do pescoço, D. Pedro II foi coroado imperador do Brasil. O monarca jamais foi tão tropical. Entre muitos ramos de café e tabaco, coroado como um César em meio a coqueiros e paineiras, D. Pedro transformava-se em sinônimo da nacionalidade. SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Cia. das Letras, 1998 (adaptado).
No Segundo Reinado, a monarquia brasileira recorreu ao simbolismo de determinadas figuras e alegorias. A análise da imagem e do texto revela que o objetivo de tal estratégia era a) exaltar o modelo absolutista e despótico. b) valorizar a mestiçagem africana e nativa. c) reduzir a participação democrática e popular. d) mobilizar o sentimento patriótico e antilusitano. e) obscurecer a origem portuguesa e colonizadora. 04. (Unifor CE) O café foi introduzido no Brasil no início do século XVIII para consumo doméstico. Com o avanço da Revolução Industrial, na Europa e depois nos Estados Unidos, a agricultura do café expandiu-se rapidamente e na terceira década do século XIX este produto já era exportado em larga escala. Sobre o assunto, assinale a alternativa correta. a) Os primeiros cafezais para exportação concentraram-se no Vale do Rio Paraíba, no estado do Rio de Janeiro e no oeste de São Paulo. b) O trabalho assalariado foi a principal forma de uso da mão de obra nesta etapa inicial. c) Na medida em que as boas terras do vale do Paraíba foram esgotando-se, o plantio do café deslocou-se para o Espirito Santo e Bahia. d) Na segunda metade do século XIX, o café já era o principal produto de exportação com largo crescimento em São Paulo. e) Os governos dos estados produtores optaram por não proteger a agricultura do café, para manter os princípios da não intervenção. 05. (UFTM MG) Sobre o Brasil, no Segundo Reinado: A sociedade e a economia brasileiras passaram, na segunda metade do século XIX, por significativas transformações que alteraram o processo histórico nacional. (Francisco de Assis Silva, História do Brasil)
Xilogravura, 1869. O indígena, representando o Império, coroa com louros o monarca.
a) Cite três exemplos dessas “significativas transformações” a que o historiador refere-se. b) Explique como a Lei Eusébio de Queirós contribuiu para algumas dessas transformações.
Questão 05. a) Pode–se citar a ascensão da cafeicultura paulista, a consequente industrialização e assalariamento da mão de obra, corroborados pelo abolicionismo e subvencionamento das imigrações europeias. Cita–se ainda a Proclamação da República como ponto culminante de todo esse conjunto de transformações. b) A Lei Eusébio de Queiroz – abolicionista – coibia e proibia o tráfico negreiro para o Brasil, a partir de 1850, alavancando o abolicionismo e, por outro lado, incentivando a imigração europeia – italianos e alemães, predominantemente – como mão de obra assalariada no Brasil.
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B04 Segundo Reinado: Economia e sociedade
01. (FPS PE) O Segundo Reinado no Brasil, delimitado temporalmente entre os anos de 1840-1889, foi cenário de embates entre os dois principais partidos políticos do Império, o Conservador e o Liberal. Aos ideais da chamada “Ala dos Exaltados”, dos Liberais, vinculou-se ideologicamente o movimento reconhecido como a) Revolta dos Mascates. b) Revolução Praieira. c) Confederação do Equador. d) Conjuração Baiana. e) Revolução Farroupilha.
História
Exercícios Complementares 01. (Unime BA) O Segundo Reinado brasileiro teve início com a declaração da maioridade de D. Pedro II. Foi um momento durante o qual o País passou por várias mudanças internas, como a coibição e o indulto aos movimentos revoltosos separatistas, a reorganização do cenário político e a reativação do comércio internacional. Sobre esse período, é correto afirmar que ele foi 01. marcado politicamente por uma série de rebeliões que tinham como causa principal a luta contra o excesso de centralização política. 02. adotou um sistema parlamentarista baseado no modelo inglês. 03. permitiu um contínuo aumento do tráfico de escravos, até o final do Império. 04. promoveu a aproximação política com todos os países do cone sul. 05. apoiou a expansão da lavoura cafeeira, retardando a implantação das indústrias. 02. (Enem MEC)
B04 Segundo Reinado: Economia e sociedade
SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Cia. das Letras, 1998 (adaptado).
Essas imagens de D. Pedro II foram feitas no início dos anos de 1850, pouco mais de uma década após o Golpe da Maioridade. Considerando o contexto histórico em que foram produzidas e os elementos simbólicos destacados, essas imagens representavam um a) jovem imaturo que agiria de forma irresponsável. b) imperador adulto que governaria segundo as leis. c) líder guerreiro que comandaria as vitórias militares. d) soberano religioso que acataria a autoridade papal. e) monarca absolutista que exerceria seu autoritarismo. 03. (Uncisal AL) Três momentos distintos marcaram o período monárquico no Brasil: Primeiro Reinado, Período Regencial e Segundo Reinado. Dentre os fatos significativos que marcaram cada momento, pode-se destacar, respectivamente, a) Constituição de 1824; abdicação de D. Pedro I; e Guerra da Cisplatina.
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b) Guerra do Paraguai; governo de Dom Pedro I; e Constituição de 1824. c) Revolução Praieira; Constituição de 1824; e Guerra do Paraguai. d) Confederação do Equador; revoltas deflagradas; e Guerra do Paraguai. e) Abdicação de D. Pedro I; Constituição de 1824; e revoltas deflagradas. 04. (Unimontes MG) Em relação à política externa brasileira no Segundo Reinado, marque com a letra C (CORRETA) ou com a letra I (INCORRETA) cada uma das afirmativas. ( ) O Brasil exerceu uma agressiva política econômica e territorial na área do Rio da Prata por temer a influência republicana sobre a população brasileira. ( ) A pressão brasileira sobre a região platina devia-se ao receio brasileiro de não ter livre acesso à navegação nos rios da região. ( ) A Questão Christie interrompeu as relações diplomáticas com a Inglaterra devido ao combate inglês ao tráfico negreiro. ( ) As chamadas relações privilegiadas do Brasil com a Inglaterra dizem respeito à anistia das dívidas brasileiras, concedida pelos ingleses à época do reconhecimento da nossa independência. A sequência CORRETA é a) C, I, I, I b) C, C, C, C c) I, I, C, C d) I, C, I, I 05. (Unievangélica GO) Leia o texto a seguir. Em 25 de junho de 1876, um visitante procura Graham Bell em seu estande, em uma exposição na Filadélfia. O inventor estica o fio de um lado a outro da sala. Pede para o curioso levar o receptor ao ouvido. E fala no transmissor (em inglês): “Ser ou não ser, eis a questão.” Quem ouvia do outro lado a famosa frase do Hamlet, de Shakespeare, era o imperador do Brasil, Pedro II, que exclamou estupefato: “Meu Deus, isso fala!” Disponivel em: <http://www.miniweb.com.br/cidadania/ personalidades/pedro_ii_3.html>. Acesso em: 01 out. 2013.
Sobre o Reinado de Dom Pedro II, tem-se que a) foi durante o seu reinado que nasceu a indústria têxtil, de alimentação e de produtos químicos no Brasil, com grande margem de lucro para os investidores devido à grande oferta de mão de obra escrava. b) foi durante o seu reinado que ocorreu a proibição do tráfico negreiro, atividade que concentrava grandes somas de capitais e que depois foram revertidos em salários para os escravos livres inseridos na nascente indústria brasileira.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
06. (UPE PE) Dentre as revoltas políticas e sociais que abalaram o Império do Brasil, a Revolta Praieira se destaca. Para muitos historiadores, essa revolta ocorrida em Pernambuco, em 1848, foi a última atribulação política interna do império. Sendo assim, sobre a Praieira e seu contexto histórico, podemos assinalar que a) em Pernambuco da primeira metade do século XIX, a mão de obra escrava não era mais essencial para a produção do açúcar. b) não podemos enquadrar a Praieira no conjunto das revoltas liberais que abalaram Pernambuco no oitocentos. c) não há como se analisar a Praieira, sem se considerar a atuação do partido liberal na província de Pernambuco. d) em essência, as propostas da Praieira divergiam dos movimentos de 1817 e 1824, por não compactuar dos ideais do liberalismo. e) a repressão estatal, empreendida por D. Pedro I, debelou rapidamente os insurgentes da Praieira. 07. (Unisc RS) “Por subir Pedrinho ao trono,/ Não fique o povo contente./ Não pode ser boa coisa,/ Servindo com a mesma gente.” “Parlamentarismo às avessas.” “Não há nada mais parecido com um Saquarema do que um Luzia no poder.” “O partido que sobe entrega ao partido que desce o programa de oposição e dele recebe o programa de governo.” Os chavões e quadrinhas populares acima referem-se a que período histórico brasileiro? a) Brasil Colonial. b) Segundo Império. c) Nova República. d) Estado Novo. e) República Velha. 08. (Puc Campinas SP) Considere também o texto abaixo. (...) foi promulgada, em 1850, a Lei de Terras. A nova lei reconhecia apenas a propriedade pela compra, ou seja, as invasões e as doações públicas ficaram proibidas. As terras já ocupadas deveriam ter sua propriedade regulamentada em cartório. Nas regiões mais distantes dos centros urbanos, no entanto, os posseiros, desinformados sobre a determinação legal, acabaram perdendo as terras para os latifundiários, que dirigiam-se aos cartórios e registravam os lotes em seus nomes (...). (PETTA, Nicolina L. de & OJEDA, Eduardo A. B. História, uma abordagem integrada. São Paulo: Moderna, 2003. p. 182)
O texto permite afirmar que a Lei promulgada no Segundo Reinado, por D. Pedro II, a) estimulou a produção agrícola, uma vez que, ao associar terra livre ao trabalho livre, facilitava a aquisição da pequena propriedade por ex-escravo e imigrante dedicados a uma produção de subsistência. b) promoveu um grande impacto na estrutura agrária brasileira, pois alterou as formas de produção agrícola ao estabelecer que a terra deveria ser propriedade unicamente de quem produz para a exportação. c) reforçou a estrutura agrária brasileira fundada no período colonial, que caracterizava-se pela concentração das terras, pela improdutividade e pelo predomínio da monocultura para a exportação. d) promoveu o crescimento e a integração de um mercado consumidor interno de produtos agrícolas, na medida em que dificultou o acesso dos ex escravos à propriedade de terras cultiváveis. e) contribuiu para a superação da estrutura colonial agrária brasileira, que baseava-se na distribuição de sesmarias e na concentração de terras produtivas unicamente nas mãos de poucos proprietários. 09. (UFSC) Sobre o Segundo Reinado brasileiro, é CORRETO afirmar que: 01. a Lei de Terras de 1850, proposta por D. Pedro II, garantiu uma melhor distribuição das terras no território nacional, demonstrando o caráter democrático e popular das ações do imperador-cidadão. 02. o café consolida-se como o principal produto nacional de exportação e contribui para a maior estabilidade da economia brasileira em relação às primeiras décadas do século XIX. 04. do ponto de vista político, os partidos Liberal e Conservador disputaram o poder durante todo o Segundo Reinado, por possuírem princípios e ações completamente opostas. 08. o “surto industrial” brasileiro entre os anos de 1844 e 1860 esteve relacionado ao aumento das tarifas sobre os produtos importados e teve na figura de Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, um de seus principais ícones. 16. na política externa, o Brasil esteve envolvido em conflitos militares na região do rio da Prata contra Oribe (Uruguai) e Rosas (Argentina) e, posteriormente, contra Aguirre (Uruguai), onde conseguiu depor seus adversários e colocar no poder seus aliados. 32. a crise que derrubou o Império está relacionada ao crescimento do movimento republicano conduzido pelos estancieiros gaúchos, conhecidos como farroupilhas, liderados por Giuseppe Garibaldi e Bento Gonçalves. 64. a questão da mão de obra esteve no centro dos debates; uma das principais ações neste sentido foi a lei Eusébio de Queiroz (1850), que pretendia extinguir o tráfico de escravos, mas acabou ficando conhecida como “lei para inglês ver”.
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B04 Segundo Reinado: Economia e sociedade
c) D. Pedro II incentivou as artes, a literatura, a ciência e os avanços tecnológicos. Mantinha contato com vários pesquisadores estrangeiros e personalidades científicas europeias respeitáveis, tais como Von Ihering e Goeldi, os quais ele convidou para trabalhar no Brasil. d) D. Pedro II, que incentivou e apoiou a campanha abolicionista no Brasil, durante muito tempo pressionou a Assembleia Geral (parlamento brasileiro) para que aprovasse a lei da abolição, acabando com a disputa entre os abolicionistas moderados e radicais.
FRENTE
B
HISTÓRIA
Exercícios de Aprofundamento 01. (UEPG PR) Entre 1808 e 1822, o Brasil viveu um momento singular. A presença da Família Real em solo brasileiro, a elevação de colônia a Reino Unido, a transformação do Rio de Janeiro em sede do Reino lusitano, mudou a configuração política e econômica brasileira. Após a volta de D. João VI para Portugal, as ideias emancipatórias ganharam força e levaram à independência no dia 7 de setembro de 1822, dando início ao período imperial que duraria até 1889, quando foi proclamada a República. A respeito do Primeiro e do Segundo Reinados, assinale o que for correto. 01. A escravidão, uma das bases de sustentação do regime de produção durante os séculos coloniais, foi mantida ao longo de quase todo período imperial brasileiro, tendo seu fim decretado em 1888, pouco mais de um ano antes do fim do regime. 02. A partir de meados do século XIX são verificadas algumas mudanças importantes na sociedade e na economia brasileira. O início da construção de ferrovias, a chegada de levas de imigrantes europeus, o início de um lento processo de industrialização e urbanização são alguns dos fatores que alteraram as feições do Segundo Império. 04. O período imperial foi marcado pelo enfrentamento a conflitos internos (como a Sabinada) e externos (como a Guerra do Paraguai), os quais produziram considerável agitação na sociedade brasileira do século XIX. 08. Outorgada em 1824, a Constituição que vigorou durante todo o período imperial estabelecia um governo monárquico e hereditário, a existência de 4 poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador), o voto censitário e o catolicismo como religião oficial do Brasil. 16. Num período de 9 anos (1831–1840), que vai da renúncia de D. Pedro I à posse de D. Pedro II, o Brasil viveu o chamado Período Regencial. 02. (Puc RS) Depois de declarada a Independência do Brasil, foi necessário dar uma ordenação legal ao novo país por meio da sua primeira constituição. Sobre esse processo, é INCORRETO afirmar que a) o primeiro projeto de constituição recebeu o nome de Constituição da Mandioca, porque estabelecia que, para votar ou se eleger, a pessoa deveria comprovar uma renda mínima, equivalente a determinada quantidade de alqueires plantados desse vegetal. b) a Assembleia Legislativa reunida em 1823 para elaborar a primeira Constituição do Brasil foi dissolvida por D. Pedro I, por ter proposto um projeto que privilegiava os grandes proprietários de terra e excluía os pobres da participação política. 636
c) a primeira Constituição do Brasil foi outorgada por D. Pedro I e estabelecia o voto censitário e a formação de quatro poderes – Legislativo, Judiciário, Executivo e Moderador –, ficando os dois últimos sob controle do Imperador. d) a primeira Constituição brasileira, estabelecida em 25 de março de 1824, instituiu uma monarquia hereditária no Brasil e o catolicismo como religião oficial do novo País, subordinando a Igreja ao controle do Estado. e) instituído pela Constituição outorgada de 1824, o Poder Moderador garantia a D. Pedro I o direito de nomear ministros, dissolver a Assembleia Legislativa, controlar as Forças Armadas e nomear os presidentes das províncias, favorecendo a concentração de poderes no Imperador. 03. (UERN) “Como Imperador Constitucional (...) disse ao povo no dia primeiro de dezembro, em que fui coroado e sagrado, que minha espada defenderia a pátria, a nação e a constituição, se fosse digna do Brasil e de mim. Ratifico hoje, mui solenemente perante vós essa promessa, e espero que me ajudeis a desempenhá-la, fazendo uma constituição sábia e justa, adequada e executável (...)” (Fala de D. Pedro I, em 3 de maio de 1823, citada em Bonavides, P.: Vieira, R. A. A. Textos políticos da história do Brasil. Fortaleza; UFCE, s/d. p. 100.)
A partir da leitura atenta do texto e tendo em vista a outorga da Constituição de 1824, marque a alternativa correta. a) A Constituinte de 1823 perjurou, aos olhos de D. Pedro I, as promessas e designações por ele estabelecidas. b) Essa Constituição (1824) foi a confirmação dos anseios e propostas empreendidas pelo imperador no ano anterior a seus constituintes. c) Ambas as constituições, tendo em vista o objetivo a que se propunham, lograram êxito e contribuíram para a estabilidade política do Império. d) A Constituição de 1824, tanto quanto a de 1823 (da Mandioca) sinalizam o cunho democrático preconizado por D. Pedro I em seu governo. 04. (ESPM SP) No século XIX, quando o Brasil era um império, ocorreu a aprovação de medida que continha algumas significativas decisões, tais como: Art. 1º - Câmaras dos Distritos e Assembleias substituirão os Conselhos Gerais, sendo estabelecido em todas as províncias com o título de Assembleias Legislativas Provinciais. Art. 26º- Se o Imperador não tiver parente algum, que reúna as qualidades exigidas, será o Império governado, durante a sua menoridade, por um regente eletivo e temporário, cujo cargo
Ciências Humanas e suas Tecnologias
(Ilmar Rohloff de Mattos. O Império da Boa Sociedade: A consolidação do Estado Imperial Brasileiro)
Os artigos devem ser relacionados com a) Constituição de 1891; b) Código do Processo Criminal; c) Projeto da Mandioca; d) Código do Processo Civil; e) Ato Adicional de 1834. 05. (Unifor CE) O período regencial foi um dos mais agitados da história política do País. Naqueles anos, esteve em jogo a unidade territorial do Brasil e o centro do debate político foi dominado pelos temas da centralização ou descentralização do poder. (Boris Fausto. História do Brasil. São Paulo: Edusp/FDE, 1996. p. 161)
Visando solucionar problemas mencionados no texto, o governo regencial a) instituiu o parlamentarismo no Brasil, transferindo o poder político para o Congresso Nacional. b) criou um Conselho de Estado Federal que nomeava presidentes provinciais para mandatos vitalícios. c) promulgou nova Constituição brasileira garantindo eleições diretas para presidentes das províncias. d) fortaleceu o Poder Executivo, reduzindo o poder dos presidentes e das Assembleias das províncias. e) realizou reformas na Constituição brasileira, criando Assembleias Provinciais com maiores poderes. 06. (UFAM) Um dos momentos mais dramáticos da vida política brasileira foi o Período Regencial, que vigorou entre 1831 e 1840. Nele atuaram diversas facções políticas que mais tarde formariam as bases do partido liberal e do partido conservador. Dentre essas facções, destacavam-se: a) Caramurus, balaios e garanhuns b) Chimangos, caramurus e jurujubas c) Farroupilhas, marianos e exaltados d) Moderados e exaltados e socialistas e) Restauradores, caramurus e jurubebas 07. (UFMA) Em relação à “Balaiada”, assinale a opção correta. a) Foi uma revolta que envolveu diferentes sujeitos sociais – trabalhadores escravos e livres, proprietários rurais e comerciantes. b) Foi uma luta política que resultou de conflitos entre liberais e conservadores em torno da escravidão. c) Foi um movimento social organizado pelos trabalhadores escravos que contou com o apoio dos comerciantes. d) Foi uma insurreição camponesa cujo líder foi o negro Cosme – Tutor das liberdades bentivis. e) Foi uma mobilização dos proprietários rurais contra a permanência dos portugueses no Maranhão.
08. (UFPA) Leia atentamente o texto abaixo, sobre a Cabanagem: “É preciso compreender que se fazer cabano no Pará era uma opção difícil e que precisa ser analisada à luz de todo um modo de pensar e de estratégias de lutas que, em certo modo, constituíam a vida cotidiana daqueles homens e mulheres de 1835-1837, porém que foram gestados muito tempo antes, entre pessoas concretas que vinham de inúmeros lugares, com línguas, tradições e trabalhos diferenciados dentro da realidade amazônica”. Magda Ricci. “De la independencia a la revolución cabana: la Amazonia y el nacimiento de Brasil (1808-1840)”. In: PEREZ, José Manuel Santos & PETIT, Pere. La Amazonia Brasileña en perspectiva histórica. Salamanca: Ediciones Universidad de Salamanca,2006, p. 88.
A Cabanagem, um dos mais expressivos movimentos sociais do Brasil, ocorrido no Pará, no século XIX, tem suas raízes históricas na a) opressão histórica que índios e tapuios sofreram do domínio português e a própria luta empreendida contra os privilégios das elites portuguesas, que foram mantidos após a independência do País, deixando esse povo pobre até mesmo remediado e abastado, excluído da participação política e dos negócios do governo provincial. b) diferença no tratamento dos assuntos políticos estabelecida pelo governo provincial entre os que eram nativos, como os índios e os tapuios, e aqueles que eram de nacionalidade estrangeira, ou pelo menos tivessem um título nobiliárquico outorgado pelo Imperador do Brasil. c) memória de exploração que a sociedade nativa amazônica tinha do cativeiro imposto pelos senhores de escravos portugueses durante as lutas de Independência, considerando-se que essas lutas levaram a província do Pará a sofrer um período de escassez de produtos alimentícios, especialmente da farinha de mandioca. d) época em que os “malvados” cabanos, sem qualquer sentimento humanitário e sem comando revolucionário, trucidavam todos aqueles que fossem simpatizantes do governo regencial ou tivessem propriedades fundiárias na ilha do Marajó. e) revolta das camadas populares, especialmente negras e mestiças, contra o governo do regente Diogo Feijó, porque este havia determinado que todos os portugueses fossem expulsos da Província do Pará e a direção do governo provincial fosse entregue ao Barão do Marajó. 09. (UPE PE) O Brasil viveu inquietações políticas no século XIX, antes da chegada do governo de D. Pedro II. No período regencial (1831-1840), houve politicamente a) a Revolta dos Cabanos que reuniu os latifundiários de Alagoas contra o governo. b) medidas descentralizadoras e liberais no governo de Antônio Feijó. c) a luta dos cabanos, no Grão-Pará, com adesão popular marcante. 637
FRENTE B Exercícios de Aprofundamento
durará quatro anos, renovando-se para esse fim a eleição de quatro em quatro anos. Art. 32º - Fica suprimido o Conselho de Estado.
História
d) a Sabinada, lutando contra o governo, com a ajuda dos latifundiários. e) a Revolta de Farroupilha favorável à volta de D. Pedro I ao poder.
FRENTE B Exercícios de Aprofundamento
10. (UFT TO) No ano de 1840, coroava-se D. Pedro II, imperador do Brasil. Tinha início o Segundo Reinado, assentado no sistema parlamentarista, na economia agroexportadora e na mão de obra escrava. Todavia, o parlamentarismo – forma de governo que caracteriza-se pela independência dos poderes, com ligeira superioridade do poder legislativo, exercido pelo Parlamento – apresentava algumas distorções no caso brasileiro: I. O Poder Legislativo, responsável pela elaboração de leis, compunha-se do Senado e da Câmara dos Deputados, que reuniam na Assembleia Geral. Como pré-requisito, o candidato precisava ser brasileiro nato, católico, e possuir renda mínima de quatrocentos mil réis por ano. Para o senado, exigia-se a renda de oitocentos mil réis. II. Pela Constituição do País, em 1824, cabia ao imperador exercer o Poder Moderador, que centralizava na sua figura praticamente todas as decisões. Desta forma, as demais instâncias de poder – o Legislativo, o Executivo e o Judiciário – acabavam também por depender das inclinações do Imperador, uma vez que lhe cabia a última palavra nas resoluções do governo. III. Com a reforma constitucional de 1881, foi abolida a renda mínima anual, como pré-requisito, para candidaturas no Senado e na Câmara dos Deputados. IV. Esse arranjo ampliava a possibilidade da representação popular da sociedade como um todo, no âmbito do poder central, mesmo que esses cargos eletivos fossem pleiteados pelos membros com renda elevada e com mandato vitalício para Senadores. Assinale a alternativa CORRETA. a) II e III b) II e IV c) I e II d) I e IV 11. (Puc RS) O Golpe da Maioridade (1841), que permitiu que D. Pedro II subisse ao trono a) provocou a formação do Partido Republicano. b) impediu a consolidação de partidos em âmbito nacional. c) assinalou o fim do período de hegemonia dos partidários do escravismo. d) permitiu a reatamento das relações diplomáticas com Portugal. e) abriu caminho para a pacificação interna e para a estabilidade política. 12. (Unimontes MG) Acerca do sistema parlamentarista brasileiro, durante o Segundo Reinado (1840-1889), é INCORRETO afirmar que
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a) o Imperador designava o Presidente do Conselho de Ministro. b) o monarca podia dissolver a Câmara dos Deputados e convocar eleições. c) cabia ao Presidente do Conselho de Ministros escolher os ministros que formariam o gabinete. d) os ministros que compunham o Gabinete eram eleitos pelos deputados na 1ª Assembleia Geral. 13. (UFG GO) Durante o Segundo Reinado, as relações entre o Brasil e a Inglaterra ficaram tensas. Nesse clima, a Questão Christie (1863) foi deflagrada pela: a) Resistência das elites escravistas brasileiras em extinguir o tráfico de africanos, gerando descontentamento entre os diplomatas ingleses. b) Pilhagem da carga de um navio inglês naufragado no Brasil e pelo aprisionamento, pela Inglaterra, de navios brasileiros no Rio de Janeiro. c) Aprovação da lei Bill Aberdeen pelo Parlamento Inglês, proibindo o tráfico de escravos no Atlântico, sob pena da apreensão de navios negreiros. d) Instabilidade nas relações comerciais do Brasil com a Inglaterra, decorrente da entrada de produtos industrializados, principalmente dos Estados Unidos. 14. (UFTM MG) O reinado de D. Pedro II (1840-1889) marcou o apogeu do Império brasileiro. Contribuíram para a estabilidade política e para o progresso econômico da época, respectivamente, a) o revezamento de Liberais e Conservadores no poder e o protecionismo alfandegário que libertou o Brasil da dependência ao capital britânico. b) a instituição do parlamentarismo controlado pelo imperador e a expansão da lavoura cafeeira no Sudeste do País. c) a imposição do voto censitário e de eleições em dois graus e o desenvolvimento industrial iniciado na Era Mauá. d) a vitória brasileira na Guerra do Paraguai e a modernização dos transportes, com as ferrovias, e do trabalho, com a imigração. e) a repressão às revoltas liberais e o fim da escravidão, devido às pressões inglesas, com a Lei Eusébio de Queirós. 15. (UEG GO) O Segundo Reinado (1840-1889), em contraposição ao período regencial (1831-1840), foi marcado por um clima de estabilidade política. A presença do Imperador, nas décadas de 1840 e 1850, impôs uma nova ordenação do poder por meio de inúmeras iniciativas reformistas, que caracterizaram a) pela centralização do poder político, que permitiu o controle das províncias, a garantia da ordem e a gestão do fim do tráfico de escravos exigido pela Inglaterra.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
tes europeus para a lavoura de café. c) pelo incentivo ao fim do trabalho escravo e do tráfico negreiro, atividades incompatíveis com o processo de modernização em curso.
dizer brasileiro ovelha mansa, que trabalha como burro para pagar tributos, desnecessários em benefício dos satélites do governo.” (Cipriano Barata, 1831. In Marco Morel. O período das Regências(1831-1840). Rio de Janeiro: Zahar, 2003, p. 55-56).
d) pela descentralização do poder político com o reforço das
Os dois fragmentos acima possibilitam atentar para as diferen-
autoridades provinciais, que tiveram novas atribuições defi-
tes posições políticas de Feijó e Barata sobre o caráter do povo
nidas pelo Ato Adicional.
brasileiro, em 1831. A alternativa que expressa a diferença des-
e) pela modernização do exército brasileiro, que ocupou papel central na vida política do País ao garantir a ordem política no tumultuado período regencial. 16. (UEM PR) Segundo o historiador Caio Prado Júnior, a segunda metade do século XIX assinala um momento de significativas transformações na história brasileira, uma fase marcada pelo progresso. Sobre esse período, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01. Houve, nessa conjuntura, o crescimento da produção agrícola, com o cultivo de café em larga escala, que estendia-se para o interior paulista. 02. O período marca a inexistência de mudanças estruturais na economia, sem grandes perturbações no equilíbrio, que era obtido por meio de ajustes de uma economia dependente do mercado externo. 04. Quase não houve conflitos no período e os ocorridos, como a Revolta da Armada e a Revolta da Chibata, foram combatidos sem maiores perturbações à ordem instituída. 08. Enquanto vigorou a escravidão, as possibilidades de mobilidade social eram poucas e devidamente controladas pelos setores dominantes. 16. Em relação ao Império, nesse período, a estabilidade da organização política assentou-se no funcionamento do sistema parlamentarista, na existência do poder moderador,
sas posições políticas é: a) Para Feijó, o povo insatisfeito do Brasil deveria aprender que o brasileiro era dócil. Já para Barata este povo brasileiro, embora trabalhador, não era tolo, nem escravo da Corte e do governo do Rio de Janeiro. b) Para Feijó e Barata, o povo brasileiro era dócil. Contudo Feijó se diferenciava de Barata porque acreditava que a docilidade estava apenas no Rio de Janeiro, enquanto Barata pensava que estaria nas cidades satélites ao governo carioca. c) Para Barata, o governo da Corte interpretava docilidade como sinônimo de burrice, enquanto Feijó acreditava que o povo brasileiro era dócil, porque tinha poucos anarquistas e estes não desejavam ferir a natural tranquilidade nacional, pois eram ordeiros. d) Para Feijó e Barata, parte do povo brasileiro era dócil. Segundo Feijó, o interior do Brasil era dócil e a Corte era anárquica. Já para Barata era o oposto: as províncias rebeldes e a capital ordeira. e) Feijó acreditava que os motins populares no Rio de Janeiro eram exceções à regra geral do brasileiro, naturalmente tranquilo, enquanto Barata julgava que o caráter do brasileiro era ser rebelde, anarquista e faccioso, merecendo ser controlado em benefício do governo. 18. (Puc MG) Sobre a criação da Guarda Nacional, assinale a afir-
no Senado vitalício e nas eleições controladas pelo poder
mativa CORRETA.
executivo.
a) Foi instrumento político do Império para diminuir o poder
32. Nesse período, o Brasil concordou em aceitar o desligamento da Província Cisplatina e reconhecê-la como uma nação independente. 17. (UFPA) Observe os dois trechos abaixo e responda ao que é proposto. “Estes motins [populares nas ruas do Rio de Janeiro de 1831]... tiveram a vantagem de desenganar aos poucos facciosos e anarquistas que ainda nos incomodam, que o brasileiro não foi feito para a desordem, e que o seu natural é o da tranqüilidade” (Diogo Antonio Feijó, 1831. In Marco Morel. O período das Regências (18311840). Rio de Janeiro: Zahar, 2003, p. 55).
“Este termo docilidade aplicado hoje [em 1831] aos brasileiros (...) quer dizer tolo; (...) em uma palavra, dócil deixa
político regional das elites, sempre em confronto com as medidas fiscais e tributárias da Coroa. b) Tinha a finalidade de defender a Constituição, a liberdade, a independência e a integridade do Império, mantendo a obediência às leis, conservando a ordem e a tranquilidade pública, incluindo os interesses dos escravos regularmente cadastrados pelo Império. c) Foi criada como força de combate no sul do País para conter as invasões dos países cisplatinos envolvidos em guerras regionais. d) Foi o braço armado do Império nas disputas regionais e nas lutas contra as rebeliões que eclodiram durante o Segundo Reinado.
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FRENTE B Exercícios de Aprofundamento
b) pela distribuição de terras como forma de atrair os imigran-
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FRENTE
C
HISTÓRIA Por falar nisso A Assembleia Constituinte é formada por um conjunto de cidadãos organizados com o intuito de colocar em prática os princípios da constituição nacional, isto é, um código de leis que regem uma nação. Os cidadãos que compõem a Assembleia Constituinte são escolhidos previamente pela população por meio de uma eleição. Esse grupo deve representar a vontade geral, constituindo o poder legislativo. Por isso, a base do sistema democrático moderno é a assembleia constituinte. Na história, a primeira Assembleia Constituinte data da Revolução Francesa de 1789, que representou a preparação da Constituição Francesa. Esse modelo também inspirou as democracias europeias e latino-americanas a partir do século XIX. Esse tipo de organização política foi a responsável por estabelecer o fim do feudalismo e do Antigo Regime, abolir os privilégios de alguns grupos sociais e dar início à democracia, tal como a compreendemos na atualidade. Entretanto, a Assembleia Francesa iniciou uma tradição que ainda se mantém na maioria dos parlamentos: a diferença entre a esquerda e a direita. A formulação da escrita de uma Constituição Nacional envolve todo um processo anterior. A maior parte dos preparativos constitucionais englobam as seguintes características: não imposição pela força de um grupo específico, pois é um consenso entre vários grupos políticos; para que haja representatividade popular é necessário que haja ampla participação popular nas eleições anteriores à Assembleia Constituinte; a aprovação definitiva da nova Constituição deve ser feita por meio de uma consulta popular, geralmente um referendo. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
C01 C02 C03 C04
Era Vargas: Governo Provisório ....................................................642 Era Vargas: Governo Constitucional .............................................646 Era Vargas: Estado Novo ...............................................................650 Era Vargas: Cultura .......................................................................654
FRENTE
C
HISTÓRIA
MÓDULO C01
ASSUNTOS ABORDADOS n Era Vargas: Governo Provisório n Governo Provisório (1930-1934)
ERA VARGAS: GOVERNO PROVISÓRIO O período conhecido como “Era Vargas” teve início com a Revolução de 30 e terminou com a deposição de Getúlio Vargas, em 1945. Essa época foi caracterizada pelo aumento gradativo da intervenção do Estado no sistema econômico brasileiro e na organização da sociedade, bem como pela crescente tendência ao autoritarismo e pela centralização do poder. Além disso, essa fase teve três subdivisões: Governo Provisório, Governo Constitucional e Estado Novo. Nesta aula, estudaremos o Governo Provisório. Na década de 1880, com a prática da mão de obra assalariada nas atividades cafeeiras do oeste Paulista, surgiu o capitalismo brasileiro. Para dar continuidade ao desenvolvimento desse sistema econômico era preciso integrar o mercado nacional, não permitindo, assim, o poder supremo dos interesses regionais sobre os nacionais, como vinha ocorrendo no período da República Velha (1889-1930). Contudo, quando Vargas assumiu a presidência no final de 1930, questionava-se como o mercado nacional seria integrado e também sobre os interesses da indústria e da oligarquia cafeeira. Para que a indústria tivesse um crescimento qualitativo, nos anos de 1930, o Estado teve que apresentar uma participação ativa em tal área. Isso porque a indústria de bens de capital ainda era inexpressiva e também devido à mobilização de capitais nacionais e de recursos externos que eram insuficientes, em consequência da crise internacional, que influenciava, de forma negativa, o desempenho das atividades de exportações. Em seus discursos, Getúlio Vargas buscava vincular o desenvolvimento econômico à superação da miséria, bem como à consolidação da unidade nacional. Esta só seria possível por meio do Estado, com a prática de uma política integradora. Com reduzida entrada de capital estrangeiro, a saída era financiar o desenvolvimento via capital nacional. Por isso, a solução foi estimular os sistemas de créditos, por meio do Banco do Brasil. Embora o governo tenha se mostrado adepto ao desenvolvimento nacional autônomo, sempre considerou a ideia de que o capital estrangeiro era fundamental para o crescimento da nação. Assim, subentende-se que a política varguista era, sobretudo, flexível, oportunista e politicamente realista.
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Governo Provisório (1930-1934) No dia 3 de novembro de 1930, a Junta Militar conduziu Getúlio Vargas ao poder, depois de ter deposto o presidente Washington Luís. O novo governo mostrou-se revolucionário até julho de 1934, quando foi eleito presidente pela Assembleia Constituinte. Um dos desafios de Vargas, logo no início, era trazer para o seu lado todos aqueles que poderiam fazer oposição ao seu governo, como cafeicultores, tenentes e trabalhadores urbanos. O problema consistia em identificar os anseios de cada um desses grupos e solucionar seus problemas.
Figura 01 - Getúlio Vargas com ministros, 1931. Autor desconhecido.
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Quanto aos cafeicultores, o então presidente solucionou um dos seus maiores obstáculos, que se referia à queda dos preços e à baixa procura pelo produto: comprou e queimou o excedente da produção de café (era a socialização das perdas).
Ciências Humanas e suas Tecnologias
No que diz respeito aos tenentes, Vargas os trouxe para o governo, nomeando-os interventores estaduais. Assim, ele resolvia dois problemas de uma só vez: destituía as velhas oligarquias do poder nos Estados sem provocar conflitos regionais (problema vivido por Hermes da Fonseca, em 1910, durante as “salvações”); afinal, os tenentes representavam uma instituição nacional - o Exército. Finalmente, resolveu o último problema, talvez o mais simples de todos: possibilitou aos trabalhadores urbanos as primeiras leis trabalhistas e permitiu sua organização em sindicatos tutelados pelo Estado.
Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo), assumida como emblema do movimento rebelde. Em 9 de julho de 1932, estourou a rebelião armada. As forças paulistas comandadas pelo general Isidoro Dias Lopes ficaram isoladas: não recebiam, portanto, ajuda dos outros Estados e a Marinha bloqueou o porto de Santos, impedindo-as de comprar armas no exterior. Com isso, os paulistas se renderam em 3 de outubro, depois de quase três meses de luta. Apesar da derrota militar, conseguiram uma importante vitória política, que foi a convocação da Assembleia Constituinte.
Entretanto, o governo provisório foi marcado por alguns conflitos entre os grupos oligárquicos e os chamados tenentes, que apoiaram a Revolução de 30. Essa situação foi especialmente tensa em São Paulo. Em 1931, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) sistematizou uma manifestação contra a escassez, a chamada “Marcha contra a Fome”, que foi severamente reprimida. Nessa época, também surgiram greves e outras manifestações em diversos Estados, como em São Paulo, por exemplo, principal centro econômico do País, que liderava a oposição ao novo presidente. Somado a isso, setores oligárquicos contrários ao poder exigiram a convocação da Assembleia Constituinte, além da extinção do governo provisório. No ano seguinte, as elites paulistas deflagraram a Revolução Constitucionalista contra o governo federal. Uma frente entre o Partido Republicano Paulista, derrotado pela Revolução de 30, e o Partido Democrático lançaram a campanha pela imediata convocação de uma Assembleia Constituinte e o fim das intervenções nos Estados. O movimento teve o apoio das classes médias. Nesse contexto, no dia 23 de maio de 1932, manifestantes entraram em conflito com o chefe de polícia, Miguel Costa, culminando na morte de quatro estudantes: Euclides Bueno Miragaia, Mário Martins de Almeida, Dráusio Marcondes de Souza e Antônio Américo Camargo de Andrade. Após o acontecimento, foi criada a sigla MMDC (em menção aos nomes
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Agitações sociais e Revolução Constitucionalista
Figura 03 - Representantes da Revolução Constitucionalista.
As eleições foram realizadas no dia 3 de maio de 1933 e a Assembleia Constituinte foi instalada em 15 de novembro do mesmo ano. Pela primeira vez, uma mulher foi eleita deputada no País: a médica Carlota Pereira de Queiroz. Promulgada em 15 de julho de 1934, a Constituição manteve a república federativa, o presidencialismo, o regime representativo e instituiu o voto secreto. Além disso, o documento ampliava os poderes do Estado, que passou a ter autonomia para estabelecer monopólios e promover estatizações; limitava a atuação política do Senado, incumbindo-o da coordenação interna dos três poderes federais; instituiu o Conselho de Segurança Nacional e previa a criação das justiças Eleitoral e do Trabalho. Nas disposições transitórias, transformou a Assembleia Constituinte em Congresso e determinou que o próximo presidente fosse eleito indiretamente por um período de 4 anos.
C01 Era Vargas: Governo Provisório
Figura 02 - Foto retratando uma reunião sindical.
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História Questão 01. No início dos anos 1930, estava em formação o modelo populista, caracterizado pelo fortalecimento do Estado e de sua ação sobre a vida socioeconômica do País. Uma de suas características foi a importância dada à “política trabalhista”, a partir da qual os trabalhadores urbanos receberam alguns direitos, porém, foram submetidos a intenso controle por parte do governo, como se pode perceber pelo documento apresentado, que é um alerta ao empresariado e uma discreta ameaça ao trabalhador.
Exercícios de Fixação 01. (UFPR) Criada em 1932, a Carteira de Trabalho foi durante décadas o principal documento para os brasileiros. Até 1980, a carteira ainda trazia inscrita a seguinte apresentação, assinada por Alexandre Marcondes Filho, Ministro do Governo Vargas: “A carteira de trabalho, pelos lançamentos que recebe, configura a história de uma vida. Quem examina logo verá se o portador é um temperamento aquietado ou versátil; se ama a profissão escolhida ou se ainda não encontrou a própria vocação; se andou de fábrica em fábrica como uma abelha, ou permaneceu no mesmo estabelecimento, subindo a escala profissional. Pode ser um padrão de honra. Pode ser uma advertência.” Associe o teor desse documento com o ideário político da época em que foi produzido. 02. Observe a charge.
sóciopolítico da dominação oligárquica, sob a hegemonia da burguesia cafeeira. (Boris Fausto. “A crise dos anos vinte e Revolução de 1930”. In: O Brasil republicano, 1990.)
O excerto alude à “conjuntura internacional” e a um “episódio interno” à história do Brasil. A conjuntura internacional a que se refere o excerto, que teve relações com o episódio interno, foi a a) crise do capitalismo, que resultou na quebra da bolsa de Nova York e reduziu o empréstimo de capitais para os países exportadores de produtos primários. b) consolidação de grandes blocos econômicos, fato que excluiu os países menos desenvolvidos dos grandes mercados consumidores. c) ampliação do parque industrial europeu, que eliminou a dependência da Europa em relação aos produtos antes importados da América. d) eclosão da grande Guerra Mundial, que dirigiu a economia mundial para a produção de engenhos militares. e) formação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que acelerou o endividamento das economias subdesenvolvidas. 04. (Unesp SP) “A fixação do ano de 1930 como um primeiro marco divisor da História do Brasil contemporâneo tem a artificialidade implícita em qualquer periodização, mas se justifica por razões que se situam além da história política ou da simples tradição.” Sintetize algumas razões dessa periodização historiográfica.
C01 Era Vargas: Governo Provisório
(http://www.ibamendes.com/2011/09/ charges-politicas-da-era-vargas-iii.html)
A charge destaca um momento importante da história do Brasil no século XX. Trata-se da a) instalação do Estado Novo, em 1937, quando o Congresso Nacional foi dissolvido. b) campanha nacionalista empreendida nos anos 1950 para instalação da Petrobras. c) Revolução de 1930, que pôs fim à política do “café com leite” e à República Velha. d) Revolução de 1932, quando os paulistas pretenderam reconquistar o controle do governo. 03. (UEAM) Não por acaso, a Revolução de 1930 ficou estampada na memória social como um profundo corte no processo histórico brasileiro. Sob o duplo efeito do episódio interno e da conjuntura internacional, rompia-se por fim o quadro
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05. (Unesp SP) Depois de muitos movimentos operários; lutas e reivindicações trabalhistas, os sindicatos foram legalizados: a) no decurso da Revolução Paulista de 1924. b) através do Ato Institucional número 5 de 1968. c) no Governo Provisório de Vargas (1930-1934). d) durante a Campanha do Contestado. e) nos primórdios da República Oligárquica. 06. (UFMG) Leia o texto “Os deputados das profissões serão eleitos na forma da lei ordinária, por sufrágio indireto das associações profissionais, compreendidas para este efeito, com os quatro grupos afins respectivos, nas quatro divisões seguintes: lavoura e pecuária; indústria; comércio e transportes; profissões liberais e funcionários públicos.” (BRASIL. Constituição de 1934). A partir desse texto, pode-se afirmar que a Constituição Brasileira de 1934 inspirou-se no a) anarquismo. d) sindicalismo. b) comunismo. e) socialismo. c) corporativismo.
Questão 04. Foi o fim das velhas oligarquias, fim do café com leite, início da Era Vargas e com ele uma série de mudanças como o sistema eleitoral, partidos e industrialização, sindicatos etc.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares a) significou o levante da população paulista contra os des-
1930 distinguiu-se do Estado Oligárquico por promover:
mandados do governo autoritário de Getúlio Vargas após
a) o modelo liberal defendido pelo Partido Democrático,
o golpe do Estado Novo.
porta-voz da classe média paulista. b) uma economia exclusivamente agroexportadora e a descentralização das decisões econômico-financeiras. c) as reformas preconizadas pelos Tenentes, sobretudo a partir de 1932. d) a industrialização, tendo como suporte o aparelho do Estado, as forças armadas e a aliança entre burguesia e setores do operariado. e) o declínio do projeto de industrialização, devido aos conflitos entre capital e trabalho não mediados pelo governo. 02. (Mackenzie SP) Em 3 de outubro eclodiu a Revolução de
b) os paulistas pretendiam a imediata instalação de uma assembleia Popular Constituinte, eleita livremente pela população trabalhadora e que defendesse uma solução socialista para os problemas brasileiros. c) representou uma reação das oligarquias ao regime instalado em 1930, pretendendo restaurar o regime constitucional dominado pela “política dos governadores”. d) resultou de uma cisão entre as oligarquias paulistas a respeito do candidato a Presidente nas eleições de 1934. 05. (FGV SP) “Pensávamos estar fazendo uma revolução liberal, quando na verdade estávamos iniciando uma revolução social.” Essa frase de Afrânio de Mello Franco refere-se a que
1930, pondo fim à República Velha. Dentre as causas deste
acontecimento da História brasileira?
episódio histórico destacamos:
a) Ao golpe do “Estado Novo”.
a) a vitória da oposição nas eleições e o temor de revanchis-
b) À Revolução de 1964.
mos nas oligarquias derrotadas. b) a dissidência das oligarquias nas eleições de 1930, fortalecendo a Aliança Liberal, derrotada, contudo, pela fraude da máquina do governo. c) o programa da Aliança Liberal não identificado com as classes médias urbanas. d) a sólida situação econômica do núcleo cafeeiro no início da década de trinta. e) o apoio dos jovens militares, tenentistas, à política oligárquica nos anos vinte. 03. (Fuvest SP) O Brasil recuperou-se de forma relativamente rápida dos efeitos da crise de 1929 porque a) o governo de Getúlio Vargas promoveu medidas de incentivo econômico, com empréstimos obtidos no exterior. b) o País, não tendo uma economia capitalista desenvolvida, ficou menos sujeito aos efeitos da crise. c) houve redução do consumo de bens e, com isso, foi possível equilibrar as finanças públicas. d) acordos internacionais, fixando um preço mínimo para o café, facilitaram a retomada da economia. e) um efeito combinado positivo resultou da diversificação das exportações e do crescimento industrial. 04. (UECE) A Revolução Constitucionalista de 1932 mobilizou amplos setores de São Paulo contra o governo federal. Sobre esta revolta é correto afirmar que
c) À derrubada do Estado Novo em 1945. d) À Revolução Constitucionalista de 1932. e) À Revolução de 1930. 06. (Cesgranrio RJ) O conceito de Populismo, utilizado para definir a política brasileira entre os anos de 1930 e 1960, pode ser associado à (ao): a) subordinação de todos os setores sociais aos interesses da burguesia industrial. b) participação da sociedade civil organizada nos órgãos do Estado. c) manutenção da oligarquia agrária no centro da vida política. d) controle das estruturas de poder pelas camadas populares. e) estado de compromisso entre as oligarquias tradicionais. 07. (Unirio RJ) A Revolução de 1930 marcou o fim da República Velha e inaugurou uma nova forma de atuação do Estado frente às transformações da sociedade brasileira, como exemplifica o: a) atendimento de demandas de diferentes setores sociais, como operários e empresários. b) afastamento do Estado da gestão da economia. c) abandono dos setores produtores agrícolas tradicionais. d) controle da alta hierarquia militar sobre os principais órgãos estatais. e) apoio às oligarquias dominantes nos Estados.
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C01 Era Vargas: Governo Provisório
01. (Mackenzie SP) O governo instalado com a Revolução de
FRENTE
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HISTÓRIA
MÓDULO C02
ASSUNTOS ABORDADOS n Era Vargas: Governo Constitu-
cional
n Os movimentos Integralista e Aliancista
ERA VARGAS: GOVERNO CONSTITUCIONAL Getúlio Vargas fora eleito indiretamente pelo Congresso para um mandato de quatro anos, sem direito à reeleição. No entanto, apesar de a Constituição ter entrado em vigor, colocando limites claros ao poder Executivo, Vargas parecia disposto a aproveitar-se da instabilidade política existente no País. O clima de radicalização foi uma característica desse período, pertencendo a um fenômeno mundial, no contexto da Crise de 1929 e da Grande Depressão. Nesse sentido, as propostas socialistas e soviéticas eram tentadoras a alguns, devido à sua aparente imunidade à crise. Nos países capitalistas centrais, a solução para a crise parecia caminhar no sentido de maior intervenção do Estado na economia, como no New Deal do presidente norte-americano, Franklin Roosevelt. Por outro lado, os fascistas defendiam maior atuação do estado não só na economia, mas também em todas as instâncias sociais, por meio de violentas ditaduras políticas.
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Os movimentos Integralista e Aliancista A Ação Integralista Brasileira (AIB) deu início ao movimento de inspiração fascista no País, em 1932. Seus membros faziam oposição à democracia liberal, afirmando em seu lugar um governo autoritário, chefiado por um líder forte que pudesse levar o Brasil ao progresso. Desprezavam também o comunismo, devido ao princípio fascista de desigualdade entre os homens. O integralismo era essencialmente nacionalista. Esse sentimento tendia à xenofobia e, eventualmente, para um racismo explícito. A sociedade deveria ser organizada hierarquicamente, de acordo com os princípios militares, sustentada pela ordem e disciplina.
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Figura 01 - Bandeira original da Ação Integralista Brasileira.
Figura 02 - Integrantes do Departamento Feminino e Pliniano de Matão, SP.
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Por volta de 1936, a AIB contava com mais de 200 mil militantes. Em seus desfiles, eles usavam uniformes verdes com uma braçadeira contendo a letra grega sigma, escolhida como símbolo do movimento. Sua saudação era uma palavra de origem indígena, Anauê, que deveria ser proferida com o braço direito levantado. Nas eleições municipais de 1936, os integralistas elegeram vereadores em diversos municípios brasileiros e conquistaram várias prefeituras, entre elas as de Blumenau (SC) e Presidente Prudente (SP). Diversos fatores contribuíram para a formação de um movimento político contrário ao integralismo – a Aliança Nacional Libertadora (ANL), em 1935, que representava uma frente de oposição ao fascismo e ao autoritarismo. Dentre eles, destacam-se: a objeção ao fascismo, as incertezas sobre o futuro da democracia liberal com Getúlio Vargas e a intensa mobilização popular – particularidade do País na década de 30. A ANL agregava indivíduos de grupos sociais e pensamentos políticos e filosóficos diferentes. No entanto, tendo os comunistas à frente, atraía
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Os integrantes do movimento convocaram os líderes tenentistas para um novo levante. Assim, Luís Carlos Prestes lançou seu primeiro manifesto público em apoio à ANL, sob o qual afirmava que Vargas estava articulado com os integralistas e pedia o apoio das Forças Armadas à Aliança. Nessa instância, o movimento já era ativo e os comícios atraíam multidões, o que dava aos seus líderes a certeza da aceitação de suas propostas. No PCB, tomava corpo a ideia de um movimento que pudesse sair dos quartéis e tomar as ruas. Posteriormente, com o pretexto do apelo revolucionário incluso no manifesto de Prestes, e fazendo-se menção à frase “Todo poder à ANL!”, Vargas decretou a ilegalidade do movimento. Então clandestina, a Aliança passou a ser totalmente controlada pelo PCB. O decreto de Vargas igualmente estimulou a preparação da revolução, que foi considerada a única alternativa para o movimento. Com isso, o Komintern - órgão criado em Moscou, com o objetivo de coordenar e patrocinar movimentos revolucionários socialistas e anticoloniais em todo o mundo apoiava a revolução, até mesmo enviando dinheiro a agentes.
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cada vez mais adeptos. Seu programa político era nacionalista e anti-imperialista. Suas propostas não se resumiam às do Partido Comunista, demonstrando o caráter de frente ampla do movimento. Além disso, a Aliança mantinha algumas reivindicações, tais como: suspensão do pagamento da dívida externa e seu cancelamento unilateral; nacionalização das empresas estrangeiras; defesa das liberdades individuais; combate ao fascismo, com a criação de um governo popular; reforma agrária, com a garantia da manutenção das pequenas e médias propriedades.
Assista ao filme Olga, 2004. Direção: Jayme Monjardim.
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Em novembro de 1935, eclodiu o levante planejado para iniciar dentro dos quartéis. A desorganização entre os núcleos comunistas e das Forças Armadas fez com que o motim começasse em dias diferentes em Natal, Recife e Rio de Janeiro. Nesse contexto, os rebeldes acabaram se rendendo, colocando fim à chamada Intentona Comunista, termo pejorativo criado pelas forças vencedoras, para mencionar um “projeto insensato” ou “projeto louco” comunista.
De toda forma, a esperada adesão popular não ocorreu, limitando-se a iniciativas isoladas. Na verdade, o movimento acabou sendo apenas um pretexto para que o governo iniciasse intensa repressão a todos participantes e simpatizantes do comunismo. Foi decretado o estado de sítio, seguido do estado de guerra, válido em todo o País até 1937. O Poder Legislativo perdeu autonomia e as forças policiais ganharam poder. Fortalecia-se, assim, o poder do presidente, anulando, na prática, a democracia liberal e o regime constitucional.
Figura 03 - Monumento aos soldados mortos durante a Intentona Comunista, localizado na Praia Vermelha, Urca, Rio de Janeiro.
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C02 Era Vargas: Governo Constitucional
Entre os detidos, estavam Luís Carlos Prestes e sua esposa, a judia alemã Olga Benário. Em setembro de 1936, grávida de sete meses, ela foi deportada para a Alemanha nazista, onde morreu seis anos depois, em um campo de concentração.
História
Exercícios de Fixação 01. (FAAP SP) “Batemo-nos pelo Estado Integralista. Queremos a reabilitação do princípio de autoridade, que esta se respeite e faça respeitar-se. Defendemos a família, a instituição fundamental cujos direitos mais sagrados são proscritos pela burguesia e pelo comunismo.” Esse texto, pelas ideias que defende, é provável que tenha sido escrito por: a) Jorge Amado b) Carlos Drummond de Andrade c) Mário de Andrade d) Oswald de Andrade e) Plínio Salgado
C02 Era Vargas: Governo Constitucional
02. (UFPE) A Constituição promulgada em 16 de julho de 1934 resultou de intensos debates que se prolongaram por oito meses. Entre suas principais inovações não se inclui: a) A legislação trabalhista, a nacionalização das minas e quedas d’água. b) O salário mínimo para os trabalhadores, os deputados classistas e o direito da União em monopolizar determinadas atividades econômicas. c) A criação das justiças Eleitoral e do Trabalho. d) A inviolabilidade dos direitos à liberdade, à segurança e à propriedade dos cidadãos como também a liberdade de consciência e de crença. e) O cerceamento de todas as garantias individuais e a proibição do direito de voto das mulheres. 03. (UFPE) A Revolução de 1930 possibilitou uma divisão entre as oligarquias agrárias; o tenentismo provocou uma desestabilização na hierarquia militar; a fraqueza da burguesia, o chamado “vazio do poder”. Que alternativa a seguir responde por esse “vazio do poder”? a) A Revolução Constitucional de São Paulo de 1932 tentou preencher esse “vazio”, procurando aliança com outros estados, como Rio Grande do Sul. b) A deposição de Vargas em 1945 e a tentativa dos militares em chegar ao poder. c) A formação de duas forças políticas antagônicas: a Ação Integralista Brasileira, e a Aliança Nacional Libertadora. d) A fundação do Partido Comunista Brasileiro e sua aliança com o PTB de Vargas. e) A política dos governadores e o aparecimento de movimentos como o de Antônio Conselheiro, em Canudos na Bahia. 04. (Unesp SP) Decretada a extinção da Aliança Nacional Libertadora em 1935, seus membros, os não moderados, organizaram a insurreição comunista que foi abafada pelo Governo Vargas. Assinale a alternativa que apresenta a ação política
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subsequente e relacionada com a referida insurreição: a) A proposta anti-imperialista e antilatifundiária, contida no programa da ANL, foi completamente abandonada. b) Vargas, em proveito de seus planos ditatoriais, explorou o temor que havia ao comunismo. c) Dois meses após a Intentona, todos os presos políticos que aguardavam julgamento, foram colocados em liberdade. d) A campanha anticomunista das classes dominantes contribuiu para que Vargas abandonasse seus planos continuístas. e) Os revoltosos só se renderam depois de proclamada a suspensão definitiva do pagamento da dívida externa. 05. (Unesp SP) Ao negar apoio à Aliança Liberal, Luís Carlos Prestes manifestava-se a respeito do movimento contestatório, nos seguintes termos: “Mais uma vez os verdadeiros interesses populares foram sacrificados e vilmente mistificado todo um povo por uma campanha aparentemente democrática, mas que no fundo não era mais que uma luta entre os interesses contrários de duas correntes oligárquicas.” Prestes referia-se ao movimento que ficou conhecido como a) Revolução de 1964. b) Revoltas Tenentistas. c) Revolução de 1930. d) lntentona Comunista. e) Ação lntegralista. 06. (Mackenzie SP) Luiz Carlos Prestes fundou, em 1935, a Aliança Nacional Libertadora, frente de oposição ao fascismo e ao imperialismo, que se confrontava no plano interno com a organização criada pelo escritor Plínio Salgado, a Ação Integralista Brasileira, de declarada inspiração fascista, cujo programa político propunha: a) combate ao comunismo, extração dos partidos políticos, nacionalismo extremado e fiscalização das atividades artísticas. b) instauração de um governo popular, Estado onipotente, ampliação das liberdades civis e hegemonia de um único partido. c) suspensão do pagamento da dívida do Brasil, ampliação das liberdades civis, nacionalização das empresas Imperialistas e reforma agrária. d) proteção aos pequenos e médios proprietários de terras, combate ao comunismo, pluripartidarismo, suspensão do pagamento da dívida do Brasil. e) como lema, “Deus, Terra, Trabalho e Família”, nacionalização das empresas estrangeiras, governo das elites esclarecidas e reforma agrária.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares 01. (UFRS) Considere as seguintes afirmações sobre o Estado Novo no Brasil: I. Foi produto da Aliança Nacional Libertadora (ANL), que estabeleceu um governo popular e cancelou a dívida externa. II. Extinguiu os partidos políticos e objetivava um Estado Nacional centralizado. III. Sua base de sustentação foi a legislação trabalhista, incorporando burocraticamente a classe operária. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) Apenas II e III.
05. (UFRS) A justeza de seu programa, difundido de extremo
02. (Mackenzie SP) O integralismo organizou-se no Brasil como força política nos anos trinta, atraindo mais de cem mil adeptos. Dentre suas posições políticas destacamos: a) o apoio ao imperialismo e a defesa da ordem democrática. b) a oposição ao uso da força para atingir o poder. c) a defesa dos ideais socialistas e da internacionalização da economia. d) a crítica ao Estado Liberal, o culto à personalidade do líder e uma proposta de modernização conservadora. e) a imposição de um programa revolucionário, apoiado na luta de classes e sem vínculos com as religiões.
06. (UFMG) Leia o texto. “A enorme simpatia da massa popular
03. (Fuvest SP) As ideias integralistas, de um modo geral, podem ser definidas como: a) nacionalistas e materialistas; b) antissemitas e internacionalistas; c) estatistas e pacifistas; d) corporativistas e anticomunistas; e) antiliberais e anticristãs;
época, faz referência a um movimento da história do Brasil
camadas da população das cidades e dos campos. Em três meses de existência, essa frente popular acolhia, sob a bandeira heroica que desfraldara, cerca de 3 milhões de brasileiros. Seu quadro social estava, em maio de 1935, aumentando numa média de 3 mil membros por dia, ou seja, 90 mil por mês. Mantido esse ritmo, teria ultrapassado um milhão em um ano. O texto anterior faz uma clara referência a) à Ação Integralista Brasileira. b) ao Bloco Operário e Camponês. c) ao Partido Comunista Brasileiro. d) ao Partido Democrático Paulista. e) à Aliança Nacional Libertadora.
às lutas revolucionárias de novembro, especialmente em Pernambuco, Rio Grande do Norte e demais estados do nordeste [faziam surgir] naturalmente os grupos guerrilheiros, cada dia em maior número, em todo o País, especificamente no nordeste, heroicos brasileiros - operários, camponeses, soldados, populares - levantam, de armas nas mãos, o cartel do desafio lançado à Nação por Getúlio e seus amigos imperialistas. [...] A insurreição de novembro foi o início de grandes combates. As guerrilhas são uma forma de seu prosseguimento.” Esse trecho, extraído de um folheto de republicano provocado pelo(a) a) desejo de Getúlio de se aliar aos nacional libertadores para combater o imperialismo. b) denúncia de que o movimento de libertação nacional preparava a morte de Getúlio. c) revolta dos comunistas com a violência da reação de Getúlio ao movimento de 1935. d) embate entre getulistas e prestistas por ocasião do massacre da Coluna. 07. (Puc MG) Em 1935, foi criada no Brasil uma frente popular conhecida por Aliança Nacional Libertadora, movimento de massas com intentos democráticos e reformistas. Suas principais reivindicações eram, EXCETO a) formação de um governo popular. b) realização da reforma agrária. c) manutenção da política coronelística. d) nacionalização de empresas estrangeiras. e) suspensão do pagamento da dívida externa.
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C02 Era Vargas: Governo Constitucional
04. (Puc PR) Frente criada na década de 30, reunindo setores da esquerda, da classe média e liberais afastados do poder, que defendia: - suspensão definitiva do pagamento das dívidas do Brasil. - nacionalização das empresas imperialistas. - proteção ao pequeno e médio proprietário rural e entrega de terra dos grandes proprietários aos trabalhadores do campo. - instauração de um governo popular. A descrição corresponde: a) ao Movimento Sem Terra. b) ao Manifesto dos Mineiros. c) à Ação Integralista Brasileira. d) à Aliança Nacional Libertadora. e) ao Movimento Tenentista.
a extremo do País, conquistou vertiginosamente amplas
FRENTE
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HISTÓRIA
MÓDULO C03
ASSUNTOS ABORDADOS n Era Vargas: Estado Novo n O Estado Novo (1937-1945)
ERA VARGAS: ESTADO NOVO Após oito anos no poder, Getúlio Vargas deveria seguir as diretrizes da Constituição de 1934, abrindo o caminho para o acontecimento de eleições diretas para presidente. Houve três candidaturas: Plínio Salgado, líder da Ação Integralista Brasileira (AIB); Armando de Sales Oliveira, representando a oligarquia paulista e José Américo de Almeida, que tinha o apoio da maioria dos governadores estaduais. No primeiro momento, Vargas demonstrava interesse em cumprir o que definia a Constituição. No entanto, fazia articulações favoráveis a um Golpe de Estado que o manteria no poder. Para isso, contava com o apoio de dirigentes do comando militar e do deputado Negrão de Lima, que buscava a adesão dos governadores estaduais. A formação de um regime ditatorial era uma boa oportunidade para a desarticulação dos setores de esquerda. Por meio da repressão militar, os comunistas seriam perseguidos e os trabalhadores, controlados. Igualmente, acreditava-se que, com Vargas, o Estado assumiria uma ampla participação na economia, empreendendo, finalmente, o desenvolvimento da indústria de base. Faltava apenas um fato que justificasse o golpe perante a população. O pretexto foi um documento falso, chamado Plano Cohen, que supostamente anunciava um golpe que iria implantar um governo comunista apoiado pela União Soviética. Dessa forma, o Congresso Nacional não ofereceu nenhuma resistência a esse golpe contra a democracia.
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Em 1937, com suas bases de apoio, Vargas suspendeu a Constituição de 1934, colocando todos os partidos políticos na ilegalidade. Tinha início o Estado Novo, que iria nortear a vida política por intermédio de um regime centrado nos amplos poderes cedidos ao Poder Executivo. De revolucionário e constitucionalista, Vargas passou a assumir o papel de ditador até 1945.
Figura 01 - Fotografia retratando Getúlio Vargas em Visita a Porto Velho, em 1940.
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O Estado Novo (1937-1945) Com uma base de apoio que incluía os militares e industriais, Getúlio Vargas passou a governar por meio de decretos de lei. A Ação Integralista, que apoiara o golpe, também fora extinta, rebelando-se em 1938. Esse golpe fracassou e seus líderes foram presos e o movimento desarticulado.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
A fim de ter o controle dos meios de comunicação, formando, consequentemente, uma opinião pública favorável ao governo, em 1939 foi criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). O órgão inspirava-se no serviço de comunicação da Alemanha nazista e contava com agentes encarregados pela censura de jornais, revistas, livros, rádios e cinema, além de elaborar a propaganda oficial do Estado Novo. O DIP mostrava o presidente como um paternal, bondoso, mas severo e exigente. Era preciso que as mensagens do presidente alcançassem um número maior de pessoas. Para isso, foi criado o programa de rádio Hora do Brasil, em 1934, que hoje tem o nome de Voz do Brasil. Já no ano de 1940, o governo adotou o uso da Rádio Nacional, que apresentava-se como líder de audiência no País, transformando-a em instrumento de apoio ao Estado Novo e de divulgação dos valores nacionais. O DIP, igualmente, organizava festividades oficiais que levavam grande número de pessoas às ruas, como a celebração do 1º de Maio, a Semana da Raça e da Pátria, e até o aniversário do presidente.
Figura 02 - Propaganda do Estado Novo, mostrando Getúlio ao lado das crianças, que seriam o futuro do País.
Com a Segunda Guerra Mundial, o governo de Getúlio Vargas teve de escolher entre os países do Eixo ou dos Aliados. Por ser um regime autoritário, era de se esperar que o Estado Novo se aproximasse dos primeiros. Mas a posição geográfica dos Estados Unidos, cujo governo sempre fora simpático aos Aliados, também precisava ser levado em conta. Desse modo, inicialmente, o presidente manteve uma posição ambígua, mostrando-se favorável ora às forças do Eixo, ora às tropas aliadas.
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O Brasil na Segunda Guerra Mundial
A partir de 1941, o governo de Vargas começou a se afastar do Eixo e aproximar-se dos Aliados, como desejavam os norte-americanos. O rompimento definitivo com o bloco nazifascista deu-se em 1942, quando navios brasileiros foram afundados pelos submarinos alemães. Após grandes manifestações populares e estudantis, exigindo que o governo entrasse no conflito ao lado das democracias, em agosto daquele ano, Getúlio declarou guerra aos países do Eixo.
Figura 03 - Propaganda brasileira do DIP, anunciando a declaração de guerra às potências do Eixo, em 1943.
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C03 Era Vargas: Estado Novo
Interessado em atrair o Brasil para o lado “democrático”, o governo norte-americano colocou em prática a chamada política de boa vizinhança. Tal política manifestou-se por meio de empréstimos, vantagens comerciais, envio de técnicos, entre outros.
História Questão 01. Durante a República Velha, as reivindicações populares a favor de reformas sociais e políticas eram tratadas com violência por parte do governo. Quem pusesse em risco os interesses dos grupos conservadores seria perseguido, preso ou até morto. A partir de 1930, Vargas inicia uma política Populista em que uma parte da elite assume a defesa das reivindicações populares, controlando o movimento popular. Dessa maneira, são atendidas apenas as necessidades que não prejudiquem a elite.
Exercícios de Fixação 01. (Unesp SP) “A questão social é um caso de polícia” – esta frase, atribuída a Washington Luís, presidente da República de 1926 até a sua deposição em 1930, é geralmente apontada como o sintoma de como as questões relativas ao trabalho (a “questão social”) eram descuidadas pelo Estado durante o período da chamada República Velha (1889-1930). E, de fato, a questão social era um caso de polícia. (Kazumi Munakata. A legislação trabalhista no Brasil, 1981.)
Explique a frase final do texto, exemplificando-a, e indique a principal alteração que ocorreu no tratamento da questão social pelo Estado, após 1930. 02. (UFRRJ) “Foi em 1930 que à frente da Revolução Getúlio Vargas assumiu a Presidência do Brasil. Era um tempo novo que se abria o desenvolvimento industrial as leis trabalhistas ele cria é a Previdência Social Eram anos de conquista e de grande agitação pelo poder de 32 a 37, aquele estadista reprimiu os paulistas comunistas e integralistas. Mas não há quem esconda seu valor de idealista, basta falar em Volta Redonda, (...) “ (Gomes, Dias e Gullar, Ferreira. Dr. Getúlio: sua vida e sua glória. São Paulo, Civilização Brasileira, 1968. pp. 10 e 11)
C03 Era Vargas: Estado Novo
a) Indique duas características do governo de Getúlio Vargas, no período entre 1930 e 1937. b) Explique uma característica do Estado Novo. 03. (Mackenzie SP) Sobre a política trabalhista do Estado Novo é correto afirmar que a) autorizava a greve e não se inspirava na Carta Del Lavoro, vigente na Itália fascista. b) embora sendo reconhecidos os benefícios sociais do salário mínimo, da Justiça do Trabalho e da CLT, Vargas manipulava as lideranças sindicais e as relações com o Estado eram caracterizadas pelo paternalismo e pelo intervencionismo.
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c) nesse período, vigorou um sindicalismo autêntico, livre da figura do “pelego” ou líder sindical manipulado pelo Estado. d) a criação do imposto sindical trouxe enormes vantagens sociais, não representando um instrumento de subordinação ao Estado. e) Vargas procurou manter uma postura liberal, não interferindo nas relações capital e trabalho. 04. (Mackenzie SP) Getúlio Vargas pôde, em 1937, inaugurar um novo governo, conhecido como Estado Novo. Sobre esse período, é correto afirmar que a) era caracterizado pelo exercício da democracia e das liberdades civis, em repúdio às ideias comunistas que ameaçavam a nação, dada a intenção desses grupos revolucionários de chegar ao poder por meio de um golpe. b) diante da ameaça comunista, o Parlamento, as Assembleias Estaduais, assim como as Câmaras Municipais, passaram a legislar e a intervir em diversos assuntos da política nacional. c) ocorreu a imposição de uma Constituição autoritária, influenciada pelas doutrinas fascistas que vigoravam em algumas nações europeias, o que representou o início de um período de ditadura. d) dentro do novo regime, graças à subordinação das corporações sindicais ao Estado, que passou a controlar a ação dos trabalhadores, houve a conquista de direitos trabalhistas, resultado da boa vontade das elites empresariais. e) a conjuntura econômica internacional contribuiu para a consolidação do Estado Novo, que, diante da crise que ainda persistia no setor cafeeiro, aumentou o seu papel interventor, buscando solucionar o problema das exportações nacionais. 05. (FAAP SP) Inspirada nas Constituições fascistas europeias, especialmente na Constituição polonesa (daí seu apelido de “polaca”), estabeleceu o regime ditatorial no Brasil: o Poder Executivo (na mãos do presidente Vargas) assumia toda a autoridade, o Legislativo deixava de funcionar, os Estados perdiam sua autonomia, a Justiça era enfraquecida com a suspensão ou eliminação dos direitos constitucionais, como o habeas-corpus, o direito de greve, o de livre expressão e o de livre associação. Estamos falando da Constituição outorgada em a) 1930. b) 1932. c) 1934. d) 1937. e) 1946.
Questão 02. a) Dentre as características do Governo Provisório e constitucional (entre 1930-1937), podemos destacar a centralização do poder; a elaboração da constituição de 1934 (onde são incorporados os direitos trabalhistas e o voto feminino); a promoção do desenvolvimento industrial. b) Já sobre o Estado Novo, pode-se dizer que os traços marcantes foram a implantação da ditadura; a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP); a formação do Ministério do Trabalho e o controle do movimento sindical através da estrutura corporativista; a construção do trabalhismo enquanto modelo de atuação varguista, elevando Getúlio à condição de líder, guia, estadista e “pai dos pobres”.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
(Vargas, Getúlio, Diário. São Paulo/Rio de Janeiro, Siciliano/Fundação Getúlio Vargas, 1995, vol. II, p. 443)
A respeito desse período, podemos afirmar. a) As desconfianças norte-americanas eram completamente infundadas porque não havia nenhum simpatizante do nazi-fascismo entre os integrantes do governo brasileiro. b) Com sua política pragmática, Vargas negociou vantagens econômicas com o governo americano e manteve em seu governo simpatizantes dos regimes nazifascistas. c) Apesar das semelhanças entre o Estado Novo e os regimes fascistas, Vargas não permitiu nenhum tipo de relacionamento diplomático entre o Brasil e os países do Eixo. d) No alto escalão do governo Vargas havia uma série de simpatizantes do regime comunista da União Soviética e de seu líder Joseph Stálin. e) As pressões do governo norte-americano levaram Vargas a demitir seu ministro da Guerra, o general Eurico Gaspar Outra, admirador dos regimes nazifascistas. 02. (Mackenzie SP) Dentre as causas que levaram ao fim do Estado Novo, instituído por Getúlio Vargas, destacam-se: a) o atentado da Rua Toneleiros contra o líder de oposição, Carlos Lacerda, que levou Vargas ao suicídio. b) a insatisfação popular contra Getúlio Vargas, expressa no movimento queremista, e a privatização da Petrobras. c) a formação da Aliança Liberal e o Golpe Militar promovido pelo General Góes Monteiro. d) a aliança entre UDN e militares contra o queremismo e o golpe militar que levou Vargas à renúncia. e) a recusa de Getúlio Vargas em sancionar a Lei Antitruste, aprovada pelo Congresso e o Golpe dos Tenentes. 03. (Mackenzie SP) A Consolidação das Leis do Trabalho (C.L.T.), criada durante o Estado Novo por Getúlio Vargas, objetivava principalmente a) garantir aos trabalhadores o descanso semanal remunerado, a existência de sindicatos e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (F.G.T.S.).
b) impor o controle estatal sobre os sindicatos e garantir, através das leis trabalhistas, a imagem de Vargas como o “pai dos pobres”. c) contrapor-se à “Carta do Trabalho”, de autoria fascista, que regia as relações capital-trabalho no Brasil. d) garantir o salário mínimo, a independência sindical, o seguro desemprego e a conciliação entre capital e trabalho. e) apresentar Vargas como o grande protetor dos trabalhadores, instituindo o seguro-desemprego, o F.G.T.S. e regulamentando a jornada de trabalho. 04. (Cesgranrio RJ) A respeito da política desenvolvida no Brasil de 1937 a 1945, é INCORRETO afirmar que o Estado Novo: a) empreendeu uma política modernizadora e industrializante, que beneficiou os setores industriais e capitalistas, sobretudo através do investimento estatal na criação de indústrias de base. b) obteve a adesão dos setores agrários, que se beneficiaram com a intervenção reguladora do governo na criação de organismos de apoio e incentivo à agricultura e com a manutenção da estrutura agrária. c) exerceu uma política paternalista em relação à classe operária, promovendo a legislação trabalhista, enquanto permitia a representação das classes dominantes no Congresso através dos partidos políticos. d) reprimiu o pluralismo e a autonomia sindicais do operariado e criou uma estrutura corporativista de controle, intervenção e atrelamento dos sindicatos oficiais ao Ministério do Trabalho. e) centralizou e racionalizou a máquina administrativa através da criação do DASP (Departamento de Administração e Serviço Público) e exerceu forte controle e censura aos meios de comunicação. 05. (FAAP SP) Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil foi governado por a) Washington Luís. b) Getúlio Vargas. c) Manuel Eurico Gaspar Dutra. d) Café Filho. e) João Goulart. 06. (UFF RJ) O Estado Novo, identificado à primeira grande experiência autoritária brasileira, terminou em 1945, quando, então, verificou-se a chamada redemocratização. a) Associe o fim do Estado Novo ao da Segunda Guerra Mundial. b) Explique por que a redemocratização brasileira de 1945 pode ser analisada, ao mesmo tempo, como ruptura e como continuidade.
Questão 06. a) A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ao lado das forças aliadas, defensoras dos valores liberais e da democracia, era incompatível com a preservação de um regime autoritário no País, o que levaria ao fim do Estado Novo. b) A redemocratização, como ruptura, representou o fim do regime ditatorial de Getúlio Vargas, mediante o retorno ao Estado de Direito e à legalização dos partidos políticos. No entanto, ao mesmo tempo, esse processo foi marcado pelo continuísmo do grupo de Vargas no poder, já que sob sua influência pessoal foram criados dois partidos políticos: o PSD e o PTB, assim como a política brasileira continuava a ter como característica principal o populismo varguista.
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C03 Era Vargas: Estado Novo
01. (FGV SP) Em 21 de dezembro de 1941, Getúlio Vargas recebeu Osvaldo Aranha, seu ministro das Relações Exteriores, para uma reunião. Leia alguns trechos do diário do presidente: “À noite, recebi o Osvaldo. Disse-me que o governo americano não nos daria auxílio, porque não confiava em elementos do meu governo, que eu deveria substituir. Respondi que não tinha motivos para desconfiar dos meus auxiliares, que as facilidades que estávamos dando aos americanos não autorizavam essas desconfianças, e que eu não substituiria esses auxiliares por imposições estranhas.”
FRENTE
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HISTÓRIA
MÓDULO C04
ASSUNTOS ABORDADOS n Era Vargas: Cultura n O DIP e os meios de comunicação
ERA VARGAS: CULTURA Por meio do Ministério da Educação e do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), o Estado Novo estabeleceu uma dupla estratégia de atuação na área Cultural, tanto para as elites quanto para as camadas populares. Enquanto incentivava a pesquisa e a reflexão, o governo estabelecia, por meio do DIP, uma rígida política de vigilância em relação às manifestações da cultura popular. A propaganda do regime foi veiculada pelos mais variados meios de comunicação. O rádio e a imprensa foram os principais instrumentos. Nesse contexto, Gustavo Campanema fora nomeado Ministro da Educação no início do governo constitucional de Vargas, em 1934, e manteve-se à frente desse ministério durante todo o Estado Novo. Tinha como assessores um grupo de intelectuais que incluía Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Rodrigo Melo Franco de Andrade, entre outros. Houve a implantação definitiva de alguns órgãos, como a Universidade do Brasil, o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e o Instituto Nacional do Livro. Igualmente, foi promovida a reforma no ensino secundário e estimulado o ensino profissionalizante, permitindo o surgimento dos sistemas SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). Por meio da abertura das Faculdades Católicas, que dariam origem à Pontifícia Universidade Católica, houve a afirmação dos princípios católicos na condução do ensino superior no Brasil. Os intelectuais que assessoraram o ministro Campanema estipulavam metas, tais como a modernização da educação, incentivo à pesquisa e preservação das raízes culturais brasileiras. Tais metas nem sempre foram conquistadas devido à burocratização e centralização do regime.
O DIP e os meios de comunicação No DIP, iriam se reunir os tributários do modernismo conservador sob a corrente integralista. Esse grupo traçou as linhas que orientaram a política cultural do governo voltada para a população. Uma das metas do projeto autoriFonte: Wikimedia commons tário era a obtenção do controle dos meios de comunicação, garantindo assim, o máximo possível, a unidade cultural da nação. Os princípios ideológicos do regime eram passados por meio das cartilhas infantojuvenil e dos jornais nacionais, além do teatro, da música e do cinema, que faziam parte dos carnavais, festas cívicas e populares. O jornal A Manhã e a revista Cultura Política tornaram-se os porta-vozes do regime, contando com o apoio de intelectuais de correntes diversas. Por outro lado, a revista Ciência Política reunia intelectuais de pouca projeção. Com isso, voltava-se basicamente para a doutrinação das camadas populares. Quanto à imprensa, estava fora a peça fundamental na definição e na difusão da ideologia do Estado Novo e seria também, através dela, que Figura 01 - Foto tirada no estúdio da rádio Mayrink Veiga, em 1932. Essa era a a imagem do regime entraria em ruína. estação de Rádio mais importante do Rio de Janeiro nos anos 30 e 40. 654
Ciências Humanas e suas Tecnologias Fonte: Wikimedia commons
O rádio foi um dos meios de comunicação de maior eficiência na difusão do projeto político-pedagógico do Estado Novo. A Rádio Nacional contava com investimento do governo para manter os melhores profissionais da época, incluindo músicos, cantores, radialistas, humoristas e técnicos. Em sua programação, eram transmitidos padrões de comportamento e valores desejáveis. Nesse sentido, em agosto de 1941, foi criado o jornal radiofônico Repórter Esso, que baseava-se no modelo norte-americano, reproduzindo notícias procedentes da United Press International (UPI). Somado a isso, a Rádio Mauá autodesignava-se como a “emissora do trabalho” – por estar ligada ao Ministério do Trabalho - popularizando a imagem de Getúlio Vargas. Em meio ao Estado Novo, surgiu um novo tipo de samba, cujo objetivo era converter a figura do sambista malandro na figura do operário exemplar de fábrica. Dessa maneira, o DIP buscava estimular os compositores para que valorizassem o trabalho e abandonassem a boemia. Por meio do samba, também ensinava-se a repudiar o comunismo como ameaça à nação. Outra medida de incentivo à cultura, contudo uma manifestação controlada e padronizada, foi a criação do “Dia da Música Popular Brasileira”.
Figura 02 - Carmen Miranda foi o símbolo da Política da boa vizinhança, que consistia na reaproximação das relações com os Estados Unidos.
SAIBA MAIS O populismo é uma forma de governo em que presidentes e líderes políticos buscam, de todas as maneiras, o apoio da população. Assim, o objetivo é estabelecer laços emocionais e não laços racionais, gerando mais afeição por parte do líder para com o povo. Outra característica marcante dessa corrente política é a expansão da indústria e da economia capitalista. No Brasil, o populismo pôde ser observado principalmente entre os anos de 1945 e 1964, embora sua origem tenha sido em 1930. No governo de Getúlio Vargas - “o pai dos pobres” – o modelo de gestão estabeleceu a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), redução da jornada de trabalho, bem como a instituição do salário mínimo e a determinação do Dia do Trabalhador, comemorado no dia 1º de maio. Posteriormente, Vargas renunciou ao poder e uma nova eleição foi convocada por José Linhares, em 1945. Eurico Gaspar Dutra e Eduardo Gomes foram lançados como candidatos, sendo, o primeiro, apoiado pelo ainda presidente. Com efeito, Dutra foi eleito ao cargo. Guiando-se pelos parâmetros do populismo, Gaspar Dutra promulgou a nova Constituição, substituindo a de 1934. Assim, liberava-se a criação de mais partidos políticos. Contudo, dois anos depois, foi decretada a ilegalidade do Partido Comunista, devido ao temeroso avanço do comunismo. O novo presidente foi responsável, ainda, pela criação do Plano SALTE, que integrava saúde, alimentação, transporte e energia. Fonte: PETRIN, Natália. O Populismo no Brasil. Estudo prático. Disponível em: https://www.estudopratico.com.br/o-populismo-no-brasil/. Acesso em 01 jan 2018.
Exercícios de Fixação
Alguns itens da lista de assuntos censurados pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) aos jornalistas em 1943: “Nenhuma fotografia da Rússia; Nada sobre a tragédia de Alegrete: um indivíduo assassinou a esposa e 8 filhos; Nada sobre a União Nacional de Estudantes a não ser a nota oficial; Proibida a divulgação das aspirações das classes trabalhistas de Porto Alegre, enviadas ao chefe do governo; Proibida a reprodução do artigo do sr. Macedo So-
livro Stalin; Nada sobre as dívidas externas; Nada sobre uma granada que explodiu na Vila Militar, matando um tenente e vários soldados; Nada contra a Espanha; Proibidas quaisquer alusões ao regime brasileiro anterior a 10 de novembro de 1937, sem prejuízo de referências à democracia, pois o regime atual é também uma democracia; Nada assinado por Oswald de Andrade”. (Depoimento do jornalista Hermínio Sacchetta ao repórter Noé Gertel para a Folha de São Paulo em 1979. Disponível em: . Acesso em: 27 jul. 2011.)
ares sobre o problema da produção leiteira. Nada sobre o
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema,
leite, completamente nada; Sobre o peixe deteriorado, só
explique o papel desempenhado pelo DIP durante o Es-
nota da polícia; Nenhum anúncio ou polêmica em torno do
tado Novo.
Questão 01. O candidato deve identificar o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) criado em 1939 como estratégia política do governo Getúlio Vargas para controlar, centralizar, orientar e coordenar a propaganda oficial, os materiais didáticos, os meios de comunicação em geral (a imprensa, a literatura, o teatro, o cinema, o esporte, a recreação, a radiodifusão), no sentido de buscar construir uma concordância ou mesmo edificação do sistema político e da figura de Getúlio Vargas. O candidato deve analisar o trecho de documento histórico, relacionando, comparando e interpretando, em especial, criticando o uso dos canais de comunicação pública e/ou de materiais didáticos para intervenção político-cultural (a criação e uso do Departamento de Imprensa e Propaganda para disseminar objetivos governamentais; censura à imprensa como estratégia política). Pode-se relacionar passado e presente (articulação com instrumentos atuais como a imprensa para divulgação de certa ideia; citar outros exemplos de censura; exemplos de edificação de personagem; e material didático “ideológico”).
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01. (UEL PR) Leia o texto a seguir.
História Questão 02. a) Na alternativa “a” você pode responder que, de modo geral, a propaganda foi uma importante chave para a consolidação da figura de Vargas como líder e responsável pelo crescimento do Brasil. b) Na alternativa “b”, dentre outras características, salientamos: planejamento da economia; investimento do Estado na indústria de base; desencadeamento da industrialização brasileira; criação de órgãos públicos para promover fomento de atividades econômicas: Instituto do Açúcar e do Álcool, Instituto do Chá e do Mate, Conselho Nacional do Petróleo.
02. (Uerj RJ) A ilustração abaixo e a canção composta por Ataulfo Alves e Felisberto Martins foram importantes instrumentos da propaganda do governo Vargas. (Nosso Século: 1930 - 1945. São Paulo: Abril Cultural, 1980)
04. (Fuvest SP) A política cultural do Estado Novo com relação aos intelectuais caracterizou-se a) pela repressão indiscriminada, por serem os intelectuais considerados adversários de regimes ditatoriais. b) por um clima de ampla liberdade pois o governo cortejava os intelectuais para obter o apoio ao seu projeto nacional. c) pela indiferença, pois os intelectuais não tinham expressão e o governo se baseava nas forças militares. d) pelo desinteresse com relação aos intelectuais, pois o governo se apoiava nos trabalhadores sindicalizados. e) por uma política seletiva através da qual só os adversários
É NEGÓCIO CASAR O Estado Novo veio Para nos orientar No Brasil nada falta Mas precisa trabalhar Tem café, petróleo e ouro Ninguém pode duvidar E quem for pai de quatro filhos O presidente manda premiar É negócio casar
frontais do regime foram reprimidos. 05. (UECE) “Meu chapéu de lado Tamanco arrastado Lenço no pescoço Navalha no bolso Eu passo gingando Provoco e desafio Eu tenho orgulho De ser tão vadio”
(Citado por Piletti, N. História do Brasil. São Paulo: Ática, 1997)
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a) Identifique o papel da propaganda no governo de Getúlio Vargas. b) Indique duas características econômicas do período do Estado Novo. 03. (Uerj RJ) Reza a lenda que, numa noite chuvosa de agosto de 39, Ary estava na sua sala, jogando conversa fora com a patroa e um casal de cunhados. De repente, levantou do sofá e disse, indo pro piano (...): vou fazer um samba cheio de inovações. Começou imitando no teclado a batida de um tamborim e, meia hora depois, música e letra estavam prontas. O cunhado foi o primeiro a esboçar um protesto que acompanharia a canção até hoje: coqueiro que dá coco, Ary? E você queria que ele desse o quê?!? Ary não deu bola. (...) Ele, esperto como sempre foi, sabia que estava inventando um gênero, o samba-exaltação. Com sua letra que cantava o bom e o belo dessa terra, estava inaugurando uma nova era, numa época onde marchas e sambas, como diria Noel Rosa, só falavam de mulher, malandragem e prontidão (falta de grana). (...) O fato é que nunca se descobriu se a Aquarela foi mesmo composta ou não sob encomenda de Getúlio. Em 2003, comemorou-se o centenário do nascimento de um dos maiores compositores da Música Popular Brasileira, Ary Barroso. O samba-exaltação, sua criação, foi utilizado como peça de propaganda pelo Estado Novo. Explique de que forma o Estado Novo utilizou-se de manifestações da cultura popular, como o samba, em seu projeto de legitimação. 656
(Lenço no Pescoço, 1933)
“Quem trabalha é quem tem razão Eu digo e não tenho medo de errar O bonde São Januário Leva mais um operário Sou eu que vou trabalhar” (Bonde São Januário, 1940, com Ataulfo Alves)
Com base nas letras destas canções de Wilson Batista, assinale a alternativa que expressa corretamente uma das faces da política cultural no período do Estado Novo. a) O ambiente democrático do período getulista favorecia a livre manifestação artística e o governo não se preocupava com a proliferação da vadiagem nos grandes centros urbanos. b) Toda atividade cultural deveria ser autorizada e financiada pelo governo, o que garantiu a livre manifestação artística de todos os segmentos sociais, desde os mais pobres até os mais ricos. c) Os órgãos governamentais divulgavam permanentemente as diretrizes para todas as atividades culturais, não intervindo, porém, na criação artística nem na escolha dos temas a serem abordados pelos artistas. d) Através do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), o governo reprimia a malandragem e estimulava a ideia de trabalho árduo como alavanca para o progresso individual e coletivo.
Questão 03. O Estado Novo apropriou-se dessas manifestações para exaltar o nacionalismo e consolidar ideias de uma só cultura e de uma só nação, propiciando, assim, a incorporação social e a valorização dos trabalhadores urbanos, necessários ao processo de industrialização como cidadãos.
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01. (Puc MG) Durante o Estado Novo (1937/1945), foi criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) que funcionou como um verdadeiro ministério ligado à presidência da república. Suas funções incluíam, EXCETO: a) patrocinar manifestações cívicas e festas populares. b) editar obras divulgadoras de uma imagem positiva de Vargas. c) formar uma opinião pública consciente e crítica. d) controlar os meios de comunicação, incluindo o rádio. e) centralizar e orientar a propaganda nacional.
b) do movimento armado, que se seguiu à derrota da Aliança Liberal nas eleições, agravada pelo assassinato de João Pessoa. c) da coluna Prestes e do apoio incondicional à liderança tenentista. d) da formação de um grupo homogêneo, composto de novas lideranças políticas e sem vínculos com as velhas oligarquias. e) da definição de uma política voltada exclusivamente para o setor agrário, atingido pela crise do café.
02. (Fuvest SP) A política internacional do regime Vargas, entre 1930/1945, pode ser definida como de: a) tentativa de formação de um pacto de aliança com os demais países da América Latina, visando a garantir a neutralidade da região. b) apoio à Alemanha, pelas afinidades do regime com o nazi-fascismo. c) aproximação com os Estados Unidos porque este país era a potência hegemônica nas Américas. d) desinteresse pelas relações internacionais, pois o Brasil buscava firmar o processo de industrialização, voltado para o mercado interno. e) oscilação entre a Alemanha e as nações democráticas até optar pelas últimas.
05. (Cesgranrio RJ) A redemocratização no Brasil, no final do Estado Novo, pode ser associada a diferentes transformações internas e externas do período, entre as quais se inclui a(o) a) aproximação de Getúlio Vargas dos setores liberais em torno do projeto “queremista”. b) resistência do empresariado à implantação da legislação trabalhista e previdenciária. c) recusa do governo em convocar eleições e permitir a recriação dos partidos políticos. d) vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial, fortalecendo os ideais democráticos contra os regimes totalitários. e) apoio dos movimentos sociais inspirados no ideário nazifascista como as Uniões dos Escritores e dos Estudantes.
03. (Mackenzie SP) Getúlio Vargas, dono de enorme carisma, era acusado de ditador pelos liberais, de representante do populismo latino-americano e ainda de último dos caudilhos. Em qualquer hipótese, Vargas marcou a História do século XX no Brasil porque a) fez a transição do Brasil rural para o urbano através de uma política de defesa do Estado na vida econômica e incorporação das massas urbanas ao processo político. b) marcou sua longa trajetória por um estilo antinacionalista, antidemocrático e antipersonalista. c) eliminou drasticamente o coronelismo e a economia agrária. d) defendeu um Estado descentralizado e sem participação na economia, voltado para a industrialização.
06. (UFRS) Getúlio Vargas governou o Brasil de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela que NÃO apresenta uma das instituições criadas por seu governo no primeiro período indicado. a) DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda b) IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística c) IAA - Instituto do Açúcar e do Álcool d) SUDENE - Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste e) MTIC - Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio
04. (Mackenzie SP) “É um homem calmo numa terra de esquentados. Um disciplinador numa terra de indisciplinados. Um prudente numa terra de imprudentes. Um sóbrio numa terra de esbanjadores. Um silencioso numa terra de papagaios”. (Érico Veríssimo) A descrição refere-se ao líder da Revolução de 1930, Getúlio Vargas, que chegou ao poder através a) da vitória nas urnas sobre o candidato oficial Júlio Prestes.
07. (Mackenzie SP) A Era Vargas foi responsável por mudanças significativas na área sócio econômica, dentre elas: a) a extensão dos direitos trabalhistas à zona rural, fruto da bem sucedida negociação do governo com as oligarquias. b) a criação de imposto sindical, fator de crescimento e independência dos sindicatos frente ao governo. c) a legislação do trabalho, embora com conotações paternalistas e atendendo também às necessidades do capital. d) a defesa intransigente do capital estrangeiro e a ausência de direitos para o trabalhador. e) o retorno à política que via a questão social como caso de polícia.
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Exercícios Complementares
FRENTE
C
HISTÓRIA
Exercícios de Aprofundamento 01. (Fatec SP) A Revolução de 1930, ponto de partida de uma nova fase da História brasileira, atingiu principalmente São Paulo, que perdeu sua tradicional hegemonia política realizada pela “política do café com leite”. O sistema de interventorias, posto em prática pelo governo provisório, em nada melhorou o relacionamento deste com São Paulo. Como consequência disso ocorreu a) a revolução constitucionalista a favor da imediata constitucionalização do país, o que abriria possibilidades de retorno dos paulistas ao poder. b) a Intentona Comunista, liberada pela extrema-esquerda cujo lema era “Deus, Pátria, Família”. c) a Intentona Integralista, que chegou a ocupar o palácio presidencial, controlando o poder por quatro dias. d) convocação imediata da Assembleia Constituinte que colocaria em prática a Constituição de 1935. e) o movimento tenentista, cujos revoltosos de Minas Gerais exigiam a formação de um governo provisório, a eleição de uma Constituinte e a adoção do voto secreto. 02. (Puc Campinas) A Revolução de 1930 marcou o fim da República Velha e inaugurou uma nova forma de atuação do Estado frente às transformações da sociedade brasileira, como exemplifica o a) atendimento de demandas de diferentes setores sociais como operários e empresários. b) afastamento do Estado da gestão da economia. c) abandono dos setores produtores agrícolas tradicionais. d) controle da alta hierarquia militar sobre os principais órgãos estatais. e) apoio às oligarquias dominantes nos Estados. 03. (Mackenzie SP) IDurante os anos 30, ocorre a transição da sociedade agrária-rural para urbana-industrial, submetendo-se a participação das massas populares a um rígido controle. II - O Estado getulista promoveu o capitalismo nacional, tendo dois suportes: o aparelho do Estado e Forças Armadas e a aliança entre burguesia e massas urbanas. III - As decisões econômicas foram descentralizadas sob a orientação do Tenentismo; fortaleceu-se a oligarquia cafeeira, não se estabelecendo um estado de compromisso. Dentre as afirmações anteriores, relativas à revolução de 1930 e suas transformações na economia e sociedade brasileiras, assinale: 658
a) se todas estiverem corretas. b) se apenas I e II estiverem corretas. c) se apenas I e III estiverem corretas. d) se apenas III estiver correta. e) se todas estiverem incorretas. 04. (Unievangélica GO) Analise a imagem a seguir.
CAPA DA REVISTA ANAUÊ!, ano 1, número 2. In: MARQUES, Adhemar. Pelos Caminhos da História. Curitiba: Positivo, 2006. p. 571.
A capa da revista Anauê!, publicada no Brasil na década de 1930, mostra um “camisa verde” afixando o símbolo de seu movimento, um sigma (sinal matemático que indica somatória), em cima do mapa brasileiro, numa referência ao a) avanço das ideias de preservação ambiental e ecológica no Brasil. b) restabelecimento dos ideais positivistas após a Revolução de 1930. c) fortalecimento da esquerda em decorrência da Intentona Comunista. d) projeto político de conquista do poder pela Ação Integralista Brasileira.
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“Pela libertação nacional do povo brasileiro” (1935). Apud: Anita Leocádia Prestes. Luiz Carlos Prestes e a Aliança Nacional Libertadora. São Paulo: Brasiliense, 2008, p. 80
O texto é parte do primeiro manifesto da Aliança Nacional Libertadora (ANL), atuante na década de 1930. Em sua ação, a ANL combinava a) a defesa da entrada maciça de capital estrangeiro no Brasil com o endosso ao nacionalismo varguista. b) a proposta de ampla reforma agrária com uma aliança política estratégica com grandes proprietários rurais. c) a retórica de defesa das liberdades democráticas com um projeto de revolução proletária no Brasil. d) a crítica às reformas sociais implementadas pelo varguismo com a defesa do autoritarismo do Estado Novo. 06. (UFG GO) Em março de 1934, Luís Carlos Prestes fundou uma frente popular, a Aliança Nacional Libertadora, que objetivava atrair setores democráticos e antifascistas da sociedade para um programa de reformas políticas e sociais. O governo de Vargas perseguiu Prestes devido à a) emergência de regimes autoritários na Europa influenciando a organização partidária no Brasil. b) cooptação dos sindicatos pelo Estado, com suas sedes tornando-se locais da propaganda oficial. c) proposta política de estabelecer um governo revolucionário no Brasil alinhado com a União Soviética. d) organização da Ação Integralista Brasileira, que defendia um projeto de Estado autoritário para o país. e) rivalidade entre integralistas e aliancistas, os quais mobilizaram o país, ampliando o clima de confrontos. 07. (Mackenzie SP) O governo de Vargas, durante o Estado Novo, distinguiu-se por promover: a) uma economia exclusivamente agroexportadora. b) o projeto de nação idealizado pelo Tenentismo. c) uma política industrializante, intervencionista e nacionalista e a regulamentação entre o capital e o trabalho, através da CLT. d) um governo democrático apoiado na Carta Constitucional, denominada “a polaca”. e) a liberdade de imprensa, um sindicalismo autêntico e a extensão dos direitos trabalhistas ao campo.
08. (Puc SP) Sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra: “O envio da FEB [Força Expedicionária Brasileira] ao teatro de operações veio coroar um processo que se iniciara quase quatro anos antes, mas que se constituiu igualmente em ponto de partida para uma nova etapa, qual seja, a da busca por parte do governo brasileiro de participação nos arranjos do pós-guerra, em função da instituição da nova ordem mundial.” (Pinheiro, Letícia. A Entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, in: Revista da USP, no26, 1995, pp. 109-117).
Em relação ao contexto ao qual o autor se refere, é correto afirmar que a) o Estado brasileiro, comandado por Getúlio Vargas, manteve-se ideologicamente aliado às forças que combatiam o nazi-fascismo, durante todo o conflito mundial. b) a nova ordem mundial pós-guerra foi estruturada com a predominância dos países europeus mais desenvolvidos, notadamente a Inglaterra, com a qual o Brasil estreitou alianças comerciais e diplomáticas. c) o envio de tropas brasileiras à Itália, em defesa da democracia mundial, foi acompanhado, internamente, pelo crescimento das manifestações oposicionistas ao governo Vargas. d) a participação do Exército brasileiro na Segunda Guerra era disputada tanto pelo Eixo, quanto pelos Aliados, graças à modernidade de seu aparelhamento bélico. e) os soldados da FEB tiveram atuação destacada no desembarque de tropas aliadas na Normandia, operação de retomada dos territórios franceses ocupados pelos nazistas. 09. (UFPE) Sobre a Revolução de 1930 e o Governo Provisório (1930 a 1934), analise as proposições a seguir e escreva nos parênteses (V) se for verdadeira ou (F) se for falsa. F-V-V-V-V ( ) O Governo Provisório teve em Brasília sua sede provisória, passando depois para São Paulo a Capital do Brasil. ( ) Getúlio Vargas foi quem assumiu o poder do Governo Provisório em 1930. ( ) Duas forças políticas apoiaram a Revolução de 1930: os constitucionalistas e os tenentistas. ( ) Os constitucionalistas defendiam a democracia do país, através de eleições livres, governo constitucional e plena liberdade civil. ( ) Uma das primeiras medidas do governo Vargas de 1930 foi substituir a Constituição de 1891 pelo decreto n. 19398, que dissolveu o legislativo nas instâncias federal, estadual e municipal. 10. (UFSM RS) Tendo em vista a política econômica do Estado Novo, indique se é verdadeiro (V) ou falsa (F) cada uma das afirmativas a seguir. ( ) O Estado assume o papel de empresário, criando empresas estatais e impulsionando o crescimento industrial. ( ) O Estado abandona o setor agrícola e volta-se exclusivamente para a área industrial. ( ) O Estado cria organismos especializados para impulsionar e aperfeiçoar a produção agrícola nacional. 659
FRENTE C Exercícios de Aprofundamento
05. (FMABC SP) “Cresce a indignação do povo contra a escravidão econômica e política em que se encontra o Brasil. Estalam as algemas que prendem as forças produtivas e as energias nacionais do povo brasileiro: o imperialismo e o latifúndio. [...] As massas populares irão sempre avante na luta pela democracia; as leis de opressão e arrocho vêm estimular e aguçar as lutas pelas liberdades democráticas. A Aliança Nacional Libertadora coordenará este vasto movimento, eco de todo o passado revolucionário do Brasil na conquista de direitos democráticos”
História
A sequência correta é a) V - V - F. b) V - F - V. c) F - V - F. d) F - V - V. e) F - F - V.
O fragmento anterior retrata divisões nos meios militares brasileiros dentro do contexto da Segunda Guerra Mundial. Essa divisão a) manifesta-se na primeira metade da década de 1930 e é provocada, sobretudo, pela presença, nas Forças Armadas brasileiras de grande quantidade de oficiais formados na
11. (UFRRJ) “Felizmente chegaram os jornais de modas de Paris. Das invenções estamos agora livres! Pai (escravocrata, largando o Jornal).- Livres? o quê? dos ventres? Não me fallem nisso!” (A Semana Ilustrada, 1871, citado em “História da Vida Privada”.)
Alemanha nazista. b) ocorre nos últimos anos de guerra e é fruto das vitórias obtidas pela Alemanha nessa fase, associadas, principalmente, ao medo de que a vitória aliada significasse o início do expansionismo militar dos Estados Unidos sobre a América Latina. c) inicia-se com o final da guerra e dá ao Brasil uma posição neutra no cenário da Guerra Fria que se instalou após os acordos de paz assinados pelos países participantes no conflito armado. d) ilustra a posição ambígua que o Brasil teve nos primeiros anos da guerra, oscilando entre o apoio às forças aliadas e a simpatia, inclusive de setores governamentais, pelos países do Eixo. e) representa a capacidade democrática do Exército brasileiro
A charge acima retrata o conflito entre a modernização e a tradição, típico da sociedade (elite) brasileira na segunda metade do século XIX. O comentário do pai, naquele mo-
e a disposição de acomodar posturas políticas divergentes em suas fileiras, desde que todos atuem unidos na defesa da segurança nacional.
mento, expressa a) sua revolta frente à difusão de uma liberalização da moda feminina, rompendo o conservadorismo existente até então nos hábitos da elite brasileira. b) sua indignação frente à dissolução dos costumes e aos riscos
13. (UFMG) Em 1934, Getúlio Vargas criou o Departamento de
FRENTE C Exercícios de Aprofundamento
que uma gravidez indesejada e fora do casamento podiam causar à moral familiar. c) sua defesa da moda tradicional brasileira ameaçada cada vez mais por costumes exóticos trazidos ao Brasil por publicações estrangeiras. d) seu repúdio às discussões travadas na época que envolviam a liberdade dos filhos de escravos nascidos a partir de então. e) sua frieza diante de questões de importância para o meio urbano, revelando o peso do setor rural na sociedade brasileira. 12. (Puc SP) “O aspecto técnico-consumista do americanismo não era visto com bons olhos por uma significativa fração do oficialato das Forças Armadas brasileiras. Os militares identificavam a produção em massa das indústrias de bugigangas dos norte-americanos com os desvarios de uma sociedade excessivamente materializada e mercantilizada. Naquele momento, o modelo autárquico experimentado pela Alemanha nazista era um paradigma aparentemente mais adequado para muitos militares brasileiros.” (Antonio Pedro Tota, O Imperialismo Sedutor. São Paulo, Companhia das Letras, 2000, p.23
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Propaganda e Difusão Cultural junto ao Ministério da Justiça, esvaziando o Ministério da Educação não só da propaganda, mas também do rádio e do cinema. A decisão tinha como objetivo colocar os meios de comunicação de massa a serviço direto do poder executivo, iniciativa que tinha inspiração direta no recém-criado Ministério da propaganda alemão. Este foi o embrião do DIP [...] Em 1939, as atribuições do extinto Departamento de Propaganda e Difusão Cultural passaram para o Departamento de Imprensa e Propaganda, criado nesse ano. CAPELATO, Maria Helena. Propaganda Política e Controle dos Meios de Comunicação. ln: PANDOLFI, Dulce. (Org.).Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1999. p.172.
Com base nessas informações, é CORRETO afirmar que, durante o Estado Novo, o Departamento de Imprensa e Propaganda-DIP foi responsável pela a) ampliação do raio de atuação do Estado e das suas formas de intervenção no âmbito da cultura. b) desativação do sistema de comunicação encarregado da difusão das diretrizes econômicas do regime. c) restrição à utilização do rádio e da imprensa para a difusão da propaganda política estado-novista. d) utilização da cultura como um instrumento a serviço da divulgação dos ideais democráticos.