Igreja: O Evangelho Visível - Mark Dever

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“Neste livro, Mark Dever presta um serviço inestimável ao corpo de Cristo. Sua base bíblica é segura, e seus discernimentos teológicos são exatos! Poucos abordam as questões da eclesiologia tão bem quanto esse pastor e teólogo. Este livro nos ajudará a entender melhor o que a igreja é, bem como o que ela faz quando é fiel à Escritura.” Daniel L. Akin Presidente, Southeastern Baptist Theological Seminary

“Mark Dever já me ensinou mais sobre a igreja do que qualquer outro ser humano vivente. Ele é um observador perspicaz e um praticante discernente. Em A Igreja: o Evangelho Visível, Dever nos ajuda a perceber como as boas-novas são dinâmicas nos aspectos essenciais da vida de congregações locais. Que gozo resulta de reconhecermos a incorporação do evangelho em nossas congregações!” Thabity Anyabwile Pastor plantador de igrejas, Capitol Hill Baptist Church, Washington, DC

“A igreja contemporânea precisa urgentemente pensar com mais profundidade sobre a igreja. Essa é a razão por que sou muito agradecido por Mark Dever. Ninguém escreve de modo tão apaixonado, tão agradável, tão bíblico ou tão prático sobre a igreja como ele. Este livro é um exemplo maravilhoso de todas essas características. Embora minha teologia seja diferente em poucos pontos importantes, como batismo e congregacionalismo, sempre aprendo com Mark Dever quando ele fala de eclesiologia. E, se a doutrina da igreja parece tremendamente importante, você precisa ler este livro.” Kevin DeYoung Pastor, University Reformed Church, East Lasing


“Não sei se conheço alguém que tenha lido mais sobre eclesiologia, incluindo todo o espectro da tradição cristã, do que Mark Dever. Portanto, a sua exegese não é feita em isolamento e sim em diálogo com 20 séculos de pensamento cristão. Como presbiteriano, quero encorajar não batistas e não congregacionalistas a lerem e se engajarem com esta obra de Mark, não somente porque ela é tão bem feita e proveitosa, mas também por causa de uma enorme deficiência evangélica que o livro aborda. Eclesiologia é, sem dúvida, uma das grandes fraquezas do evangelicalismo, em parte por causa de subjetivismo, individualismo e pragmatismo. Mark Dever oferece um corretivo vigoroso para isso, e, no que quer que você discorde, será edificado e instruído. Ele trata desse assunto não apenas como um habilidoso teólogo e sistematizador histórico, mas também como um pastor de igreja local que tem fomentado, em sua própria congregação, uma aceitação vital e saudável do governo bíblico, com resultados felizes. Mark não é um ‘marinheiro de primeira viagem’ ou um teorista sem prática e sim um pastor fiel. O crescimento, a vida e a fecundidade de seu rebanho é testemunha disto.” Ligon Duncan Pastor, First Presbiterian Church, Jackson “Acredite: se você falar com meu amigo Mark Dever por mais de cinco minutos, a igreja local aparecerá na conversa — não somente porque ela é o foco de sua impressionante obra acadêmica, mas também porque a igreja é, para Mark, o que era para Charles Spurgeon, ‘o lugar mais querido da terra’. Por meio de muitas discussões, Mark me ensinou muito sobre a igreja e, mesmo em áreas que discordamos, tenho sido influenciado por sua paixão pela igreja. Este livro lhe permite ter um diálogo semelhante com Mark, e não tenho dúvida de que seu coração será estimulado com amor pela igreja universal e por sua igreja em particular.” C. J. Mahaney Presidente, Sovereign Grace Ministries


“Há muito tempo, a igreja vem sofrendo por causa de sua falta de atenção à eclesiologia. Felizmente, essa negligência deu lugar a uma nova era de redescoberta, e Mark Dever tem sido um catalisador decisivo para o resgate da eclesiologia bíblica. Neste livro, você achará um entendimento cativante, fiel e verdadeiro sobre a igreja. Mas fique atento: se você ler este livro, não ficará satisfeito até que seja parte de uma igreja que está crescendo neste tipo de fidelidade e vida.” R. Albert Mohler Jr. Presidente, The Southern Baptist Theological Seminary



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IGREJA VISÍVEL

MARK DEVER


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Dever, Mark, 1960Igreja : o Evangelho visível / Mark Dever ; [tradução: Francisco Wellington Ferreira] – São José dos Campos, SP : Fiel, 2015. 224 p. ; 23 cm. Tradução de: Church : the Gospel made visible. Inclui referências bibliográficas. ISBN 9788581322971 1. Política esclesiástica. 2. Igrejas batistas – Governo. 3. Membros da Igreja. I. Título. CDD: 262/.06

Catalogação na publicação: Mariana C. de Melo – CRB07/6477

IGREJA: o evangelho visível Traduzido do original em inglês The Church: The Gospel Made Visible Copyright 2012© by Mark Dever • Publicado por B&H Publishing Group Nashville, Tennessee • Copyright©2014 Editora FIEL 1ª Edição em Português: 2015

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Fiel da Missão Evangélica Literária Proibida a reprodução deste livro por quaisquer meios, sem a permissão escrita dos editores, salvo em breves citações, com indicação da fonte. • Diretor: James Richard Denham III Editor: Tiago J. Santos Filho Tradução: Francisco Wellington Ferreira Revisão: Translíteres Diagramação: Rubner Durais Capa: Rubner Durais ISBN: 978-85-8132-297-1

Caixa Postal, 1601 CEP 12230-971 São José dos Campos-SP PABX.: (12) 3919-9999

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A Mike McKinley, Greg Gilbert, Michael Lawrence, Aaron Menikoff, Andy Davis, David Platt, Matt Chandler, J. D. Greear E à emergente geração de pastores chamados a pastorear “o rebanho de Deus” (1 Pedro 5.2).



Sumário Apresentação à edição em português......................................13 Prefácio: a necessidade de estudar a doutrina da igreja.......19 Uma introdução informal: a suficiência da Bíblia para a igreja local.........................................................................23 PARTE 1 – O QUE A BÍBLIA DIZ?

1 – A natureza da igreja.....................................................................45 2 – Os atributos da igreja: única, santa, universal, apostólica...... 59 3 – As marcas da igreja......................................................................65 4 – A membresia da igreja................................................................85 5 – O governo da igreja.....................................................................93 6 – A disciplina da igreja................................................................ 109 7 – O propósito da igreja............................................................... 115 8 – A esperança da igreja............................................................... 125 PARTE 2 – EM QUE A IGREJA CRÊ?

9 – A história da ideia da igreja..................................................... 139 10 – A história das ordenanças da igreja....................................... 147 11 – A história da organização da igreja........................................ 161


PARTE 3 – COMO TUDO ISSO SE HARMONIZA?

12 – Uma igreja protestante: harmonizando as marcas da igreja.................................................................... 177 13 – Uma igreja reunida: harmonizando a membresia da igreja.............................................................. 181 14 – Uma igreja congregacional: harmonizando a estrutura da igreja.................................................................. 191 15 – Uma igreja batista: devemos ter igrejas batistas hoje?...... 197 Conclusão: por que isso é importante?................................ 201




APRESENTAÇÃO À EDIÇÃO EM PORTUGUÊS E PLURIBUS UNUM

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ma das grandes marcas da Grande Revolução Americana de 1776 foi o grande senso de unidade desenvolvido pelas 13 colônias. A despeito de suas evidentes e enormes diferenças, havia, todavia, um elemento comum capaz de uni-las em um propósito uno, formando assim um só corpo e um só propósito: a liberdade. Assim nasceu a ideia que se tornou um lema nacional. E pluribus unum, do latim “de todos, um”. Esta frase representa o ideal de uma sociedade pactual, que deliberou unir-se em torno de valores fundamentais de autodeterminação e liberdade. Esta é uma boa aspiração humana: unidade na diversidade, mas é um ideal difícil de ser alcançado. Parece que a tendência mais comum do ser humano, quando este se organiza em sociedade e comunidade, é buscar grupos com interesses comuns, ideais comuns, realidades sócio-econômicas comuns, etc. À parte de grandes ideais, como foi, talvez, a sonhada liberdade e independência que forjou o lema que estampa o histórico “Grande Selo” norte-americano, de 1776, não é normal haver unidade na diversidade. A Escritura, todavia, quando trata da Igreja de Jesus Cristo, exibe um padrão de unidade na diversidade que chega a ser contraintuitivo e até escandaloso. A imagem mais comum da Escritura para ilustrar a


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realidade da igreja é a do “corpo”, o qual possui muitos membros que, embora diferentes, servem juntos e contribuem para o crescimento do corpo (1Coríntios 12.12-31). O apóstolo Paulo lembra também aos efésios desta realidade, quando trata da improvável unidade entre gentios e judeus pelo sacrifício de Cristo: “os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e coparticipantes da promessa em Cristo Jesus, por meio do evangelho” (Efésios 3.6) e nesta mesma carta ele dirá que o corpo “bem ajustado e consolidado (...) segunda a justa cooperação de cada parte (...) cresce para a edificação de si mesmo em amor" (4.16). Tiago, em sua epístola, precisou lembrar seus leitores sobre a importância da unidade do corpo e o pecado da acepção de pessoas (Tiago 2.1-13), inferindo com isso que uma comunidade formada somente por pessoas de uma mesma classe, ou categoria, ou perfil, ou coisa que valha, fere o princípio de que a redenção exerceu um efeito global, alcançando pessoas de todas as “tribos, povos e nações” (Apocalipse 7.9) e que estas pessoas têm a chamada da parte de Deus para se congregar como um corpo, servindo uns aos outros em amor e sendo sal e luz nesta terra. Ainda mais, a Escritura diz que a igreja é a sabedoria de Deus na Terra (Efésios 3.10). Com isso o apóstolo Paulo está afirmando que a igreja é mais que uma instituição fundada por Deus. Ela é a própria sabedoria de Deus. Nela, toda realidade da obra redentiva de Cristo, da transformação ética do povo de Deus e da esperança futura são evidenciados e a glória de Deus é sua raison d’être1, conforme coloca Hendricksen. A igreja é também a portadora e a porta-voz da mensagem da reconciliação entre Deus e os homens, o evangelho. Mark Dever dirá que “a doutrina da igreja é a parte mais visível da teologia cristã”. 1  William Hendricksen. New Testament Commentary, Ephesians (London, England: The Banner of Truth, 1972)p. 158


Apresentação à edição em português

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Em tempos em que a igreja brasileira luta com questões de identidade, missão, propósito, estrutura, governo, doutrina, liderança e tantas outras áreas pertinentes à vida da igreja, este livro representa uma lufada de ar fresco e oferece uma direção bíblica da natureza da igreja – o que é a igreja e quais suas marcas distintivas – e o que a igreja crê – suas principais doutrinas e sua prática. Recentemente, tive a oportunidade de visitar a igreja que Mark Dever pastoreia, em Washington, DC, nos Estados Unidos, a Igreja Batista Capitol Hill. Ali, pude ver na prática muito do que Dever desenvolve neste livro. Conheci uma comunidade cristã em que se vê o esforço deliberado para que a unidade na diversidade seja uma realidade vívida, bela e orgânica. A igreja se reúne em um prédio centenário e espaçoso, de arquitetura georgiana, a apenas algumas quadras do capitólio estadunidense. Nesta igreja há um trabalho intencional para se promover a unidade do corpo de Cristo e desenvolver um senso real de comunidade. Este esforço se evidencia por uma cuidadosa supervisão do rol de membros da igreja e pelo princípio, que pode parecer estranho para muitas igrejas atuais, sumariado pela ideia de “uma porta cerrada para a entrada e bem aberta para a saída”. Com esta ideia, o membro precisa ter consciência de que sua entrada naquela comunidade, pela membresia, significa um compromisso pactual que envolverá deveres e privilégios, todos bem derivados do ensino das Escrituras sobre cuidado mútuo e amor recíproco. Além disso, a igreja tem um bem elaborado plano de discipulado, no qual os membros devem envolver-se ativamente no trabalho de cuidado mútuo através da comunhão, oração e serviço e exibirem, de forma prática, o princípio ensinado pelo Senhor Jesus em João 13.35. Não há espaço, assim, para timidez ou distanciamento – comuns em comunidades fragilizadas por uma mentalidade individualista – nas atividades de membros desta igreja.


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É preciso participar. É preciso fazer parte da comunidade. Isso representa um forte testemunho para os de fora e um grande estímulo e encorajamento para os de dentro: o membro se sente parte de uma família e está cercado de pessoas que se importam com sua vida, com suas decisões, com seu futuro e, especialmente, com sua relação com o Deus trino. Este cuidado com a vida da igreja pode se ver – e, certamente, tem sua origem – na conduta dos líderes da congregação. Homens maduros, comprometidos com a fé evangélica e experimentados no serviço cristão procuram encorajar este espírito de mutualidade entre os membros e, através do seu pastoreio, cuidam individualmente de cada alma da igreja, orando, visitando, ensinando. Esta comunidade é ensinada que sua comunhão tem sua origem e continuidade a partir do evangelho de Jesus Cristo, e que é preciso estar sempre em contato com a Palavra de Deus e fazer uso dos meios de graça para se sustentar na fé e na peregrinação cristã. Assim, o povo é conclamado para a adoração cristã a cada domingo, e participa ativamente de um culto que é detalhadamente planejado, tendo todos os seus atos baseados na e repletos da Palavra. O culto é simples e exibe os elementos fundamentais vistos na adoração do Novo Testamento: Leitura das Escrituras, Oração, Louvor, Pregação e Sacramentos. Estes elementos são traduzidos para o povo com a ideia que neles se pode “ouvir a Bíblia, orar a Bíblia, cantar a Bíblia, pregar a Bíblia e ver a Bíblia”. A Igreja Batista Capitol Hill goza de boa saúde e além do bem que a faz a si mesma, tem compartilhado seus dons e riqueza com outras igrejas e obreiros do mundo todo, através de um programa chamado “weekender”, onde se pode aprender alguns dos princípios que estão em prática nesta comunidade. Assim, trata-se de uma comunidade que, como a antiga igreja de Tessalônica, tem sua “fé operosa,


Apresentação à edição em português

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amor abnegado e firme esperança” (1 Tessalonicenses 1.3,8) conhecidos em todo o mundo. A experiência pastoral de Dever, sua prática eclesial e seu robusto conhecimento de eclesiologia fazem dele, como nota Ligon Duncan em sua palavra de endosso deste livro, uma voz a ser ouvida quando a matéria é a igreja. São José dos Campos, SP, agosto de 2015. Tiago J. Santos Filho 2

2  Tiago José dos Santos Filho é membro da equipe pastoral da Igreja Batista da Graça, em São José dos Campos, SP; diretor pastoral do seminário Martin Bucer e editor-chefe da Editora Fiel.



PREFÁCIO

A Necessidade de Estudar a Doutrina da Igreja

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ara muitos cristãos de nossos dias, a doutrina da igreja é como uma decoração na frente de um prédio. Talvez bonita, talvez não, mas, em última análise, sem importância porque não tem nenhum valor. Nada poderia estar mais longe da verdade. A doutrina da igreja é de importância suprema. É a parte mais visível da teologia cristã e está conectada vitalmente com todas as outras partes.1 “A obra de Cristo é o fundamento da igreja (...) a obra de Cristo continua na igreja; a plenitude do mistério de Deus na redenção é revelada entre o seu povo”.2 A igreja surge tão somente do evangelho. E uma igreja distorcida coincide usualmente com um evangelho distorcido. Quer levem a tais distorções ou resultem delas, afastamentos sérios do ensino da Bíblia sobre a igreja significam, normalmente, outros equívocos mais centrais sobre a fé cristã.3 1  John Webster considerou como o povo de Deus é central à criação de Deus: “Da plenitude e da perfeição ilimitada de sua vida, auto-originada como Pai, Filho e Espírito Santo, Deus determina ser Deus na companhia de suas criaturas. Essa direção de Deus voltada às criaturas tem origem eterna, no propósito do Pai. O Pai quer que ex nihilo venha à existência uma contraparte criada para ter comunhão de amor, que é a vida íntima da Trindade santa. Esse propósito é colocado em execução por Deus Filho, que é tanto o criador quanto o recriador de criaturas, chamando-as à existência e chamando-as de volta à existência quando caíram em alienação daquele único por quem e para quem elas foram criadas. E o propósito divino é aperfeiçoado no Espírito. O Espírito completa as criaturas por sustentá-las na vida, dirigi-las no percurso para que atinjam seu fim, que é a comunhão com o Pai, por meio do Filho, no Espírito. A comunhão com Deus é, portanto, o mistério do qual o evangelho é a manifestação explícita.” Ver John Webster, “On Evangelical Ecclesiology”, em Confessing God: Essays in Christian Dogmatics II (New York: T&T Clark, 2005), 153. 2  James Montgomery Boice, Foundations of the Christian Faith (Downers Grove, IL: IVP; rev. ed. 1986), 565. 3  Ver Jonathan Leeman, A Igreja e a Surpreendente Ofensa do Amor de Deus (São José dos Campos, SP: Fiel, 2013), 18-20.


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Isso não quer dizer que todas as diferenças na eclesiologia equivalem a diferenças sobre o próprio evangelho. Há muito tempo, cristãos honestos têm diferido sobre várias questões importantes na igreja. Contudo, apenas porque uma questão não é essencial à salvação, não significa que não seja importante ou necessária à obediência. A cor da placa da igreja não é essencial à salvação cristã, nem o batismo do crente. Mas todos concordariam que essas duas questões variam grandemente em importância. Talvez o desinteresse popular em eclesiologia resulte do entendimento de que a igreja não é, em si mesma, necessária à salvação. Cipriano, de Cartago, pode ter dito: “Ninguém pode ter Deus como seu Pai se não tiver a igreja como sua mãe”, porém poucos concordariam com esse pensamento hoje.4 A Igreja de Roma, no Concílio Vaticano II, reconheceu que não se exige que um adulto normalmente competente participe de modo autoconsciente da igreja para a salvação.5 E protestantes evangélicos, que enfatizam a salvação somente pela fé, parecem ver menos utilidade para a igreja e muito menos ainda para o estudo da doutrina da igreja. Isso não deveria ser assim. Como disse John Stott: “A igreja está no próprio âmago do propósito eterno de Deus. Ela não é uma ideia divina posterior. Não é um acidente de história”.6 A igreja deveria ser considerada muito importante para os cristãos por causa de sua importância para Cristo. Ele fundou a igreja (Mateus 16.18), comprou-a com seu sangue (Atos 20.28) e se identifica intimamente com ela (Atos 9.4). A igreja é o corpo de Cristo (1 Coríntios 12.12, 27; Efésios 1.22-23; 4.12; 5.2030; Colossenses 1.18, 24; 3.15), a habitação do seu Espírito (1 Coríntios 3.16-17; Efésios 2.18,22; 4.4) e o principal instrumento para glorificar a Deus no mundo (Ezequiel 36.22-38; Efésios 3.10). Finalmente, a igreja é 4  Cyprian, De Eccl. Cath.Unitate (Oxford: Clarendon, 1971), cap. 6. 5  Lumen Gentium, cap. 2, especialmente o parágrafo 16 (Austin Flannery, ed., Vatican Council II [Northport, NY: Costello Publishing Co, 1981], 367-68). 6  John Stott, The Living Church (Downers Grove, IL: IVP, 2007), 19.


Prefácio: a necessidade de estudar a doutrina da igreja

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o instrumento de Deus para levar o evangelho às nações e lhe trazer uma grande hoste de pessoas redimidas (Lucas 24.46-48; Apocalipse 5.9). Mais de uma vez, Jesus disse que seu povo, por obedecer aos seus mandamentos, demonstraria seu amor a ele (João 14.15, 23). E a obediência que interessa a Cristo é não somente individual, mas também coletiva. Indivíduos irão juntos nas igrejas, farão discípulos, batizarão, ensinarão a obedecer, amarão, lembrarão e comemorarão a morte vicária de Cristo com o pão e o vinho. John Hus, o reformador boêmio do século XV, disse: “Todo peregrino terreno deve (...) amar fielmente a Jesus Cristo, o Senhor, o noivo dessa igreja, e também a própria igreja, sua noiva”.7 A autoridade permanente dos mandamentos de Cristo deve compelir os cristãos a estudarem o ensino bíblico sobre a igreja. Ensino e práticas eclesiásticas errados obscurecem o evangelho, enquanto ensino e práticas eclesiásticas corretos clarificam o evangelho. Em outras palavras, a proclamação cristã pode tornar o evangelho audível, no entanto, cristãos vivendo juntos na congregação local podem tornar o evangelho visível (ver João 13.34-35). A igreja é o evangelho visível. Hoje muitas igrejas locais estão à deriva nas inconstantes correntes de pragmatismo. Supõem que a resposta imediata de não cristãos é a chave indicadora de sucesso. Ao mesmo tempo, o cristianismo está sendo rejeitado rapidamente na cultura em geral. A evangelização é caracterizada como intolerante, e porções de doutrina bíblica são classificadas como discurso preconceituoso. Num tempo antagônico como o nosso, as necessidades sentidas de não cristãos não podem ser consideradas meios de estimativa confiáveis, e nos conformarmos à cultura significará a perda do próprio evangelho. Enquanto o crescimento numérico for o primeiro indicador de saúde da igreja, a verdade será comprometida. Em vez disso, as igrejas precisam começar novamente a medir o sucesso não em termos de números, mas em termos de fidelidade às Escrituras. William Carey 7  Jan Hus, De Ecclesia: The Church, trans. David Schley Schaff (New York: Charles Scribner’s Sons, 1915), 1.


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serviu fielmente na Índia, e Adoniram Judson perseverou na Birmânia, não porque encontraram sucesso imediato ou anunciaram a si mesmos como “relevantes”. Este livro tenciona servir como uma cartilha popular sobre a doutrina da igreja, especialmente para batistas, mas também, se os argumentos forem convincentes, para todos os que veem a Escritura como a única autoridade suficiente para a doutrina e a vida da igreja local. O livro se desenvolveu de um capítulo que escrevi sobre a doutrina da igreja há quase uma década.8 O livro que contém esse capítulo impôs certa estrutura, que é mantida aqui. A Parte 1 considera biblicamente a doutrina da igreja; a Parte 2, historicamente; e a Parte 3, sistemática e praticamente. Essa estrutura exige alguma repetição, com vantagens e desvantagens. Para o leitor menos comprometido, a introdução é apresentada como um resumo mais fácil e mais acessível de alguns dos argumentos e conclusões do livro.

8  Daniel Akin, ed., A Theology for the Church (Nashville: B&H, 2007); ver cap. 13, “The Church”, 766-856.


UMA INTRODUÇÃO INFORMAL

A Suficiência da Bíblia para a Igreja Local

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omo o evangelho é manifestado em nossa vida, quando vivemos juntos com outros cristãos? O que devemos fazer? O que devemos fazer juntos na igreja? Como devemos tomar decisões? Os cristãos se deparam com muitas questões práticas concernentes à vida na igreja local e lhes respondem de maneiras diferentes — embora preguem o mesmo evangelho! Como pode ser isso? O que devemos pensar sobre essas diferenças? Você pode imaginar do que estou falando? Suponha que você esteja em uma conversa com alguns amigos cristãos. Suponha que todos vocês concordam sobre o evangelho, a autoridade da Escritura e vários outros detalhes teológicos. Entretanto, digamos que eles acham que existem, na vida coletiva da igreja, algumas questões sobre as quais Deus não falou nada em sua Palavra: em que dia devemos nos reunir? O que fazer quando nos reunimos? Devemos ficar todos juntos ou podemos ter cultos diferentes, talvez até estilos de culto diferentes? Podemos nos reunir em prédios diferentes, ou em partes diferentes da cidade, ou em diferentes Estados e, apesar disso, sermos uma única igreja? Isso está certo? Deus se importa? Quem deve tomar as decisões na igreja? Como as decisões devem ser tomadas? Devemos ter membros ou isso é muito exclusivo? E a mais básica de todas: como devemos tomar tais decisões?


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No decorrer dos séculos, alguns cristãos responderam a essas perguntas se servindo apenas de razão e prudência. Outros deixaram suas experiências determinar as respostas, ou a experiência pessoal (uma impressão interior, um senso de direção da parte de Deus), ou a experiência coletiva (tradições da igreja). Outras igrejas, ainda, respondem que as questões são discutíveis, por considerarem o que as pessoas querem, ou o que os presbíteros dizem, ou o que o pastor diz. Para a maioria das igrejas, as respostas são encontradas por meio de alguma forma de pragmatismo — tomar decisões de acordo com o que dá resultado. O alvo para muitos é ser sensível à cultura específica na qual Deus os colocou. Assim, a pergunta se torna: como podemos contextualizar nossa mensagem — para sermos judeus para os judeus, e gentios para os gentios? Tentamos aprender do mundo dos negócios para adotarmos suas melhores práticas? Os padrões de criatividade, inovação, produtividade e eficiência devem ser nossos guias? O que nos ajudará a alcançar a maioria das pessoas? O que aumentará mais vantajosamente a nossa influência? A vida, a doutrina, o culto e até o governo de uma igreja — todas essas coisas são questões importantes. E são abordadas muito raramente. Neste livro, espero apresentar ao leitor o que a Bíblia diz sobre a natureza e o propósito da igreja — o que ela é, para o que ela existe e o que ela faz.

A RESPOSTA ESTÁ NA BÍBLIA Tudo que sabemos a respeito de Deus e de sua vontade vem da revelação do próprio Deus. Conhecemos as boas-novas de Jesus somente porque Deus nos revelou a verdade sobre si mesmo — e ele o fez em sua Palavra, a Bíblia. A verdade de Cristo é o meio que o Espírito de Deus usa para nos reconciliar consigo mesmo. A nova vida vem por meio da Palavra, como Jesus orou: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles


Uma introdução informal: a suficiência da Bíblia para a igreja local

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que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra” (João 17.20). Observe que o crer vem por meio da mensagem deles. E isso é o que acontece no restante do Novo Testamento. Por exemplo, Pedro pregou o evangelho para Cornélio e seus amigos. Depois, “Ainda Pedro falava estas coisas quando caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra” (Atos 10.44). É claro que Deus havia falado a Cornélio que esperasse apenas isto: Pedro “te dirá palavras mediante as quais serás salvo, tu e toda a tua casa” (Atos 11.14). De fato, essa foi a razão porque Paulo disse que a fé vem por ouvir a mensagem (cf. Romanos 10.17). De novo, a Palavra pregada cria vida. Contudo, a Palavra pregada não somente cria a vida cristã, ela a sustenta e lhe dá crescimento. A Bíblia é o nosso sustento, o nosso banquete. Perto do final de sua vida, Paulo escreveu a Timóteo: Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. (2 Timóteo 3.16-4.2).

Este livro tenta prover essa doutrina para que entendamos e resgatemos a fidelidade à Palavra de Deus em algo que não é essencial à salvação, mas importante e necessário à obediência — o que a igreja local dever ser e fazer. As Escrituras nos ensinam tudo que diz respeito à vida e à doutrina cristã, incluindo como devemos nos congregar para adoração coletiva e como devemos organizar nossa vida coletiva, quando estamos juntos. Evidentemente, a Bíblia não nos ensina todas as coisas. Porém também


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não permanece sem nos ensinar nada. Devemos ter o desejo de sondar tudo que Deus revelou sobre si mesmo e, depois, com alegria, aceitar essa revelação, adotá-la, explorá-la, nos submetermos a ela e nos alegrarmos com as bênçãos de Deus contidas em sua revelação. Como em todos os outros assuntos, nossa prática regular como cristãos dever ser buscar a vontade de Deus em sua Palavra, quer por mandamento explícito, quer por raciocínio baseado em princípios na Palavra. Queremos nos assegurar de que a resposta está na Bíblia. Aqui estão as nossas quatro perguntas que nos ajudarão a achar a vontade de Deus sobre a igreja. O QUE AS IGREJAS DEVEM FAZER?

A resposta para essa pergunta está na Bíblia. Deus nos criou. Sabe para o que fomos criados. E, portanto, devemos examinar a sua Palavra para descobrir como devemos viver. Deus sempre se interessou em como o povo chamado por seu nome viveria. Quando chamou Abraão dentre o paganismo (Gênesis 12.1-3), Deus o chamou para crer numa promessa, e essa crença deveria afetar o modo como Abraão viveria. Quando os descendentes de Abraão se multiplicaram no Egito, Deus instruiu seu povo, sua assembleia, quanto ao modo como deveriam viver. Este é o assunto dos livros da Lei — Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. No Novo Testamento, Jesus prometeu a seus discípulos que sua autoridade estaria com eles até o fim dos tempos (Mateus 28.18-20). Essa promessa e as instruções que a acompanham foram apenas para os apóstolos iniciais? Evidentemente não. Eles não viveriam até o fim dos tempos. Essa promessa e essas instruções eram também para aqueles que seguiriam os apóstolos. Elas dizem aos pregadores e igrejas locais como viver: devemos ir, fazer discípulos, batizar e ensinar os discípulos a obedecer. A Palavra de Deus tem a ver com a vida.


Uma introdução informal: a suficiência da Bíblia para a igreja local

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Paulo também estabeleceu igrejas e lhes ensinou — por exemplos e cartas — como viver (ver Colossenses 4.16). As igrejas devem ser caracterizadas pelo fruto do Espírito (Gálatas 5.22-23). Por mandamento direto, exemplo, implicação ou princípios, a Palavra de Deus nos diz tudo que precisamos saber sobre cada aspecto de segui-lo em nossa vida — desde namoro a casamento, desde trabalhar a sofrer, desde evangelizar a comer. O que as igrejas devem fazer? A resposta está na Bíblia. EM QUE AS IGREJAS DEVEM CRER?

A resposta para essa pergunta também está na Bíblia. Deus nos revelou a verdade sobre si mesmo e sobre nós. Portanto, somos dependentes dele quanto às boas-novas e a tudo mais que precisamos saber a respeito dele. Em muitas maneiras, a igreja é apenas um grupo de pessoas que estão vivendo em amor (João 13.34-35), porque todas concordam em como têm sido amadas por Cristo. Paulo escreveu: Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei (...) Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (1 Coríntios 15.1-4).

Crer nessa mensagem é obrigatório tanto para ser um cristão quanto para ser uma igreja. Esta é a razão porque Paulo foi tão severo com os gálatas quando estes começaram a ser tentados por outros evangelhos (Gálatas 1.6-9). Em que as igrejas devem crer? Quer o assunto esteja explícito (como a expiação vicária), quer esteja implícito (como a Trindade ou ser membro de igreja), a resposta está na Bíblia.


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A IGREJA

COMO AS IGREJAS DEVEM ADORAR?

Tendo visto como isso funciona geralmente na vida cristã, não podemos ficar surpresos com o fato de que uma terceira pergunta tenha a mesma resposta. A resposta à terceira pergunta também está na Bíblia. Na Escritura, Deus diz como devemos nos aproximar dele em adoração pública. Lemos a Bíblia, cantamos a Bíblia, pregamos a Bíblia, oramos a Bíblia e vemos a Bíblia (no batismo e na Ceia do Senhor). Uma igreja não é apenas um grupo de pessoas que creem no mesmo evangelho e vivem de maneira diferente, guiadas pelo Espírito. Somos também um grupo de pessoas que se reúnem regularmente para adorar a Deus, conforme as palavras de Jesus, “em espírito e em verdade” (João 4.24). As palavras de Jesus se referem a tudo da vida, e isso inclui, certamente, aqueles tempos em que nos reunimos na igreja. Na Palavra de Deus, somos ordenados a não abandonar esses ajuntamentos regulares (Hebreus 10.25). Por isso, não é surpresa que Deus nos instrua em sua Palavra sobre o que devemos fazer juntos. Embora criatividade e inovação possam desempenhar um papel secundário, não devem ser os princípios que governam a adoração na igreja local. Pense nisto: os cristãos têm o dever de se reunir como igrejas. Portanto, quando uma igreja decide implementar uma prática extrabíblica, isso exige que os cristãos se aproximem de Deus por meio dessa prática extrabíblica. Evidentemente, o problema é que os seres humanos têm mostrado sempre que são guias desconfiáveis em relação a inventar formas de alguém se aproximar de Deus. Na Bíblia, invenções humanas foram repetidas vezes consideradas idólatras. Pense no incidente do bezerro de ouro (Êxodo 32). Os israelitas desejaram sinceramente adorar a Deus, que os livrara do Egito, mas agiram de modo terrivelmente errado ao se aproximarem dele. A desobediência, a idolatria e o adultério dos israelitas se revelaram uma distorção grotesca em sua adoração pública. Em


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todo o Antigo Testamento, vemos que o modo como o povo de Deus se aproxima dele em adoração é uma questão de seriedade suprema — uma questão sobre a qual Deus mesmo não é indiferente.1 Deus nos tem dito, em sua Palavra, tudo que precisamos saber a respeito do que é necessário para nos aproximarmos dele, juntos. No Antigo Testamento, uma das coisas que distinguiu os falsos deuses do Deus verdadeiro foi que os falsos deuses ficavam em silêncio enquanto o verdadeiro Deus falava. As pessoas podem inventar criativamente maneiras de se aproximar de um Deus mudo, mas têm de ouvir um Deus que fala. Jesus citou Isaías quando corrigiu as distorções que as tradições dos fariseus introduziram na adoração a Deus: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Marcos 7.6-7; ver Isaías 29.13). A depravação do pecado nos torna guias desconfiáveis. Precisamos da revelação de Deus, pois, do contrário, estamos perdidos. Tudo que minha igreja faz em nosso tempo juntos, no domingo de manhã, tencionamos fazê-lo em obediência à Palavra de Deus. • Começamos com uma chamada bíblica à adoração, para que comecemos formalmente nosso tempo ouvindo a Deus se dirigir a nós em sua Palavra. • Podemos recitar coletivamente vários resumos afirmativos do que a Bíblia ensina, assim como Romanos 10.9 chama os cristãos a confessarem, com os lábios, o que creem. • Cantamos hinos, salmos e canções porque a Bíblia nos ordena fazer isso (Romanos 15.11; Efésios 5.19; Colossenses 3.16; Tiago 5.13). 1  Considere os exemplos de Caim (Gn 4.5), Nadabe e Abiú (Lv 10.1; Nm 3.4) e Uzá (2 Sm 6.6-7). Deus condenou a adoração hipócrita de Israel (Am 5.21-23) e as celebrações erradas dos cristãos de Corinto (1 Co 11.7).


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• Oramos com louvor (Hebreus 13.15) e oramos com intercessão, conforme somos instruídos (Tiago 5.13-18; Efésios 6.28). • Lemos a Palavra de Deus uns para os outros (Apocalipse 1.3; 1 Timóteo 4.13). • Confessamos nossos pecados (1 João 1.9) e, depois, lembramos a nós mesmos, com base numa passagem da Escritura, que Deus perdoa nosso pecado por meio de Jesus. • Contribuímos financeiramente, como Deus nos instruiu (Gálatas 6.6; 2 Timóteo 2.6) e como exemplificado em 1 Coríntios 16.2 (cf. o exemplo dos filipenses em apoiar o ministério de Paulo, em Filipenses 4.15-16). • Atentamos à pregação, como Deus ordenou (2 Timóteo 4.2) e como exemplificado em Atos dos Apóstolos. • Batizamos, como Jesus ordenou (Mateus 28.18-20), e celebramos a Ceia do Senhor, como ele instruiu (Lucas 22.19). Como devemos adorar? A resposta está na Bíblia. COMO OS CRISTÃOS DEVEM VIVER JUNTOS NA IGREJA?

Tudo isso nos traz à pergunta final, que diz respeito ao governo ou à organização de uma igreja. Há diversas estruturas de igreja no Novo Testamento? As primeiras igrejas começaram carismáticas, como é aparentemente demonstrado em Atos 2 e 2 Coríntios, e terminaram presbiterianas, como alguns dizem ser o caso em 1 e 2 Timóteo e Tito? Ou o Novo Testamento dá testemunho de uma forma consistente de governo de igreja local? Deus criou a igreja, e isso implica que ele possui toda a autoridade na igreja. Deus nos diz o que a igreja é e como ela deve funcionar. Como a igreja deve ser organizada? De novo, a resposta está na Bíblia. Precisamos saber o que a igreja deve ser, antes de podermos avaliar o que nossas igrejas estão fazendo e o que devemos continuar fazendo.


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Imagine tentar ser um bom marido ou esposa se você não sabe o que é o casamento. Um tipo de liberdade vem com a ignorância, e outro tipo (bem diferente) vem com a instrução. A liberdade de ignorância é irrestrita, mas também infrutífera. Sinta-se livre para tentar usar o piano como um aspirador de pó! A liberdade que vem com instrução — usar algo de acordo com o propósito para o qual foi idealizado — é muito mais satisfatória, como usar um piano para fazer música. A Confissão de Fé de New Hampshire define uma igreja local nos seguintes termos: Uma igreja visível de Cristo é uma congregação de crentes batizados, associados por aliança na fé e na comunhão do evangelho, observando as ordenanças de Cristo e governados por suas leis, exercendo os dons, direitos e privilégios investidos neles pela Palavra de Cristo; seus únicos oficiais bíblicos são bispos, pastores e diáconos, cujas qualificações, direitos e deveres são definidos nas Epístolas a Timóteo e a Tito.

Uma igreja é governada pelas leis de Cristo e vive em obediência aos seus ensinos. Em outras palavras, a Bíblia ensina às igrejas como funcionar. Isto é o que a Confissão de Fé de Westminster disse muito bem: Todo conselho de Deus, concernente a todas as coisas necessárias para a sua própria glória, a salvação do homem, a fé e a vida, é expressamente apresentado na Escritura ou pode ser deduzido da Escritura por consequência boa e necessária; ao que nada, em tempo algum, deve ser acrescentado, ou por novas revelações do Espírito, ou por tradições de homens. (CFW 1.6; cf. 2 Timóteo 3.15-17; Gálatas 1.8-9; 2 Tessalonicenses 2.2.)


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OBJEÇÕES Entendo que muitos dos evangélicos contemporâneos podem não aceitar a ideia de que a Bíblia nos diz como devemos organizar nossas igrejas. Há poucas razões para isso. Muitos questionam, explícita ou implicitamente, se a Bíblia realmente ensina esse assunto. Entre a maioria dos evangélicos e até em seminários de nossos dias, é sugerido que não há nenhum padrão consistente de governo no Novo Testamento.2 (Se essa tem sido a sua suposição, pergunte a si mesmo o que você faria se houvesse ensino sobre esse assunto na Bíblia.) Outros ressaltam que a Escritura pode ser considerada “suficiente” mesmo sem abordar especificamente cada questão que possa surgir em nossa mente. Ou eles dizem que pessoas imaginam coisas e as introduzem na Bíblia. É claro que estes dois últimos pontos são verdadeiros. No entanto, para verificarmos que a Escritura é “suficiente”, precisamos observar que ela é suficiente para nos ajudar a fazer o que Deus quer que façamos. E, na Bíblia, Deus demonstra que se importa realmente com a organização e a estrutura da igreja local. Ele estabeleceu diferentes tipos de pessoa na igreja, incluindo mestres e administradores (1 Coríntios 12.28). Parece que Deus está interessado na “boa ordem” da igreja local (Colossenses 2.5). E chama as igrejas a considerarem diligentemente a vida e a profissão de fé de seus membros (Mateus 18.15-17; 1 Coríntios 5; 1 João 4.1-3). Outros podem rejeitar toda essa conversa, dizendo que ela não é importante. Há quase uma impaciência para com qualquer coisa que não é essencial. Muito frequentemente, crentes contemporâneos têm apenas duas marchas em sua bicicleta teológica: essencial e insignificante. Se algo 2  Um exemplo disso que procede de uma geração anterior seria esta afirmação típica: “No que concerne a ‘governo’, as raízes do Novo Testamento para os modelos episcopal, presbiteriano e congregacional podem ser traçadas, mas não há uma ocorrência específica em favor da predominância de qualquer deles”, Frank Stagg, “The New Testament Doctrine of the Church”, The Theological Educator 12, no. 1 (Fall 1981): 48.


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não é essencial à salvação, isso é tratado como insignificante e, portanto, descartável. Mas a Bíblia nos apresenta várias questões que não são essenciais à salvação, porém, apesar disso, são importantes, e até necessárias, em termos de obediência à Palavra de Deus. Obedecer a essas questões produz bom fruto. Questões de governo e organização se enquadram nesta categoria. Na vida de uma igreja local, elas podem, às vezes, se tornar crucialmente importantes para a saúde e a sobrevivência da igreja. Uma última objeção a ser considerada pode ser apenas: “Ninguém pensa nisso!” Mas esta objeção é historicamente infundada. Há muito os cristãos têm pensado nessas questões, que constituem o motivo porque denominações inteiras se chamam Presbiteriana, Congregacional, Metodista ou Episcopal, designações que se referem a como essas igrejas fazem as coisas. John Bunyan e Jonathan Edwards, John Wesley e C. H. Spurgeon — todos eles acreditavam que a Bíblia nos ensina como devemos organizar nossas igrejas. Alguém poderia até dizer que a Nova Inglaterra foi fundada por causa dessas questões, assim como foram as igrejas batistas. Muitos cristãos antes de nós pensavam que essas questões são importantes porque as viram na Bíblia. Falando pela congregação em que sirvo, nossa igreja concorda, tal como os cristãos que viveram antes de nós, incluindo os que fundaram nossa congregação local nos anos 1870, que a Bíblia ensina realmente essas questões. Cremos que tais questões são tão importantes, que devemos considerar e estudar com atenção a Escritura na esperança de acharmos algumas respostas sobre como devemos organizar nossa vida em união na igreja local. Nosso alvo é moldar a estrutura e as práticas de nossa igreja, em conformidade com o ensino explícito e implícito da Escritura, achado em mandamentos e exemplos.3 3  A questão de que exemplos devem ser seguidos é tanto importante como, às vezes, imprecisa. Há uma pequena categoria de exemplos (e até mandamentos) intermediários que eram temporais e situacionais (como saudar um ao outro com ósculo santo), mas, apesar disso, incorporavam princípios maiores e permanentes. Discussão interminável pode ocorrer sobre esses exemplos.


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EXEMPLO 1: QUEM É A IGREJA?

Havendo estabelecido o princípio básico de sermos dirigidos pela Escritura e consideradas algumas objeções populares, voltemo-nos agora para três exemplos de como o ensino da Bíblia sobre questões de governo é importante, ainda que muitos cristãos hoje raramente entendam ou apreciem o que a Bíblia diz sobre isso. A primeira e mais básica questão sobre o governo da igreja é “Quem é a igreja?”. E a resposta é muito simples: os membros constituem a igreja local. E, assim como a Bíblia determina em que a congregação crê, ela também determina quem possui a palavra final sobre quem são os membros da congregação. • Em Mateus 18.15-20, Jesus ensinou que, se pessoas não se arrependem de seus pecados, devem ser excluídas da igreja local. E chamou a igreja a fazer isso. • Em 1 Coríntios 5, Paulo seguiu o ensino de Jesus. Disse que toda a igreja local — não apenas os presbíteros — excluísse de seu número um pecador impenitente. • Em 2 Coríntios 2.6, Paulo se referiu a uma punição infligida “pela maioria” a um membro que se desviara. De novo, ele não estava escrevendo aos presbíteros e sim à congregação como um todo. Nessas passagens sobre disciplina, vemos o significado de ser membro de igreja local. A disciplina traça um círculo ao redor dos membros da igreja. Práticas cuidadosas de membresia e disciplina têm o propósito de separar a igreja do mundo e, por meio disso, definir e manifestar o evangelho. Igrejas que não praticam membresia e disciplina formais tornam mais difícil para os crentes que são parte da igreja seguirem a Cristo, e mais difícil para os presbíteros saberem por quem devem prestar contas


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(Hebreus 13.17). De fato, iria mais além e diria que igrejas que não praticam membresia autoconsciente estão em pecado, visto que sem ela os cristãos não podem seguir mandamentos bíblicos básicos. De acordo com o Novo Testamento, os líderes da igreja precisam saber quem é e quem não é um membro da congregação. E, talvez o mais importante, os cristãos precisam saber isso — para o bem de sua própria alma! EXEMPLO 2: QUEM É, FINALMENTE, RESPONSÁVEL?

Um segundo assunto de governo que a Bíblia aborda é: quem é finalmente responsável pelo que acontece numa igreja? O exemplo anterior tocou nesse assunto, mas quero deixar claro: o Novo Testamento dá a responsabilidade final à congregação. Parece que o Novo Testamento dá a responsabilidade final à congregação nas questões de disciplina e, por implicação, de membresia. Considere novamente as três passagens já mencionadas — como 2 Coríntios 2.6 — nas quais a maioria tomou a decisão de excomungar um membro que havia pecado. A igreja tomou a decisão. Parece também que a Bíblia dá autoridade final à congregação nas questões de doutrina e, por implicação, na escolha de líderes. Isto é evidenciado, por exemplo, no apelo de Paulo às congregações da Galácia para que confiassem em seu próprio julgamento acima do julgamento de um apóstolo ou mesmo de um anjo se um apóstolo ou anjo tentasse alterar o conteúdo do evangelho (Gálatas 1.6-9). Outra vez, não foram os presbíteros que Paulo chamou a agir. Em outra carta, ele censurou igrejas de se reunirem ao redor de muitos mestres para que estes lhes dissessem o que gostavam de ouvir (2 Timóteo 4.3). Certamente esse é um exemplo de autoridade congregacional usada pobremente. O apóstolo João exortou outra igreja a fazer o oposto — exercer cuidadosamente sua responsabilidade por atentar ao ensino que recebia (2 João 10-11).


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Nesses exemplos, o Novo Testamento mostra claramente que não era algo externo à igreja local, como uma associação de igrejas, ou uma assembleia geral, ou um bispo, que tinha a responsabilidade final pelo que acontecia numa igreja local. Era a própria congregação. Também não era um subconjunto de membros, como um concílio, presbíteros ou um pastor, que detinha a autoridade final. Embora os presbíteros tenham maior responsabilidade devido ao seu ensino público da Palavra (Tiago 3.1), essas decisões são, em última instância, questões de responsabilidade da congregação. Essa responsabilidade final da congregação não precisa anular a autoridade pastoral. Pelo contrário, pode tanto reforçá-la quanto protegê-la contra o abuso de tal autoridade. Numa igreja saudável, a congregação sempre (ou quase sempre) apoiará os presbíteros. Ambos os grupos terão o mesmo entendimento da Escritura e adotarão a mesma opinião em questões práticas. A responsabilidade da congregação prescrita no Novo Testamento não é como uma reunião de cidade da Nova Inglaterra, sem pessoas maduras para liderar. Normalmente, as congregações devem se submeter com alegria aos pastores e presbíteros da igreja. No entanto, devem também manter a capacidade de rejeitar o que os presbíteros talvez apresentem aos membros. Isso é um freio de emergência importante, bíblico e, às vezes, preservador do evangelho que foi revelado por Deus em sua Palavra. EXEMPLO 3: AS IGREJAS DEVEM TER LÍDERES MÚLTIPLOS?

Essa pergunta desperta mais um exemplo do que a Bíblia ensina a respeito de governo da igreja. Se a conversa sobre o que a Bíblia ensina a respeito de estrutura da igreja é recebida com ceticismo por parte de muitos evangélicos hoje, afirmações sobre a natureza e o número de oficiais numa igreja seguem o mesmo caminho. Com o devido respeito para com aqueles que discordam, acho que a Bíblia ensina claramente que as congregações locais devem ser guiadas


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por uma pluralidade de presbíteros. Esse é o padrão consistente de igrejas no Novo Testamento. Por exemplo, Paulo orientou que presbíteros fossem constituídos nas igrejas em cada cidade (Tito 1.5; cf. Atos 14.23). Ele se dirigiu aos presbíteros (ou “bispos”) como um grupo na igreja em Filipos (Filipenses 1.1). E fez o mesmo com os presbíteros da igreja em Éfeso (Atos 20.17). Tiago se referiu também aos “presbíteros da igreja” (Tiago 5.14). Em resumo, em nenhuma passagem o Novo Testamento diz algo como: “Submetam-se ao presbítero de sua igreja”. Em vez disso, a palavra “presbítero” sempre ocorre no plural. O exemplo é uniforme (cf. as referências aos presbíteros na igreja em Jerusalém, em Atos 11.30; 15.2; 21.18). Se Paulo e os apóstolos encorajaram e instruíram as primeiras igrejas a seguirem esse padrão, parece que também devemos segui-lo.4 Essas conclusões são importantes porque Deus nos revelou sua vontade sobre tais questões. A reação cristã deve ser ouvir e atender à Palavra de Deus. William Ames, autor de Marrow of Divinty, texto de teologia usado por décadas em Harvard, asseverou esta mesma coisa: O homem (...) não tem poder nem de remover qualquer daquelas coisas que Cristo deu à sua igreja, nem de lhes acrescentar coisas desse tipo. No entanto, de todas as maneiras, ele pode e deve certificar-se de que as coisas que Cristo ordenou são promovidas e fortalecidas (...) [Porque somente Cristo é “o cabeça” da igreja]. A igreja não pode fazer para si mesma novas leis e instituir novas coisas. Ela deve cuidar apenas de achar claramente a vontade de Cristo e observar suas ordenanças com decência, ordem e a maior edificação resultante.5 4  Como disse William Williams, professor de História e um dos fundadores da Igreja no Shouthern Baptist Theological Seminary: “Estamos sob a obrigação de adotar aquele governo que a sabedoria divina designou ser o mais adaptado à promoção dos objetivos da igreja ou podemos nos sentir à vontade para mudá-lo ou substituí-lo por alguma outra, de acordo com nossas opiniões de adequabilidade e conveniência?” (“Apostolic Church Polity”, em Polity: Biblical Arguments on How to Conduct Church Life, ed. Mark Dever [Washington, DC: Center for Church Reform, 2001], 546). 5  William Ames, Marrow of Divinity (1634: repr., Boston: United Church Press, 1968), 181.


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MAIS ALGUMAS POUCAS QUESTÕES Insistir em que a Escritura rege o que uma igreja local é e faz pode suscitar mais algumas poucas questões para os leitores, como as seguintes: TEMOS DE SER INFLEXÍVEIS EM TODAS AS COISAS?

Não. Muitas outras questões de governo e organização permitem que flexibilidade e consideração sejam dadas aos detalhes de tempo, lugar e cultura. Exemplos incluem se uma igreja deve ter uma reunião no domingo à noite, comissões, Escola Dominical ou diáconos para tarefas específicas. A Escritura não fala diretamente sobre qualquer dessas questões, e a congregação local tem liberdade para lidar com elas visando à sua própria edificação. A FALTA DE QUALQUER DESSAS COISAS SIGNIFICA QUE UMA IGREJA NÃO É REALMENTE UMA IGREJA?

Eis uma maneira simples de como os cristãos do passado pensavam nesta questão: igrejas que pregam o evangelho são igrejas verdadeiras; igrejas que não pregam o evangelho não são verdadeiras. Igrejas que pregam o evangelho e, apesar disso, possuem uma forma de governo biblicamente deficiente podem ser consideradas “verdadeiras”, mas “irregulares”. São irregulares porque não estão organizadas de acordo com a norma — a norma de Deus, a norma de sua Palavra. O papel de bons pastores é levar suas congregações — à medida que levam suas próprias vidas — em direção à conformidade crescente com a Palavra de Deus, ainda que essa obra seja lenta. OS CRISTÃOS PODEM COMPARTILHAR COMUNHÃO MESMO QUANDO DISCORDAM EM QUESTÕES DE GOVERNO?

Admitindo que os cristãos compartilham o evangelho, eles devem ser capazes de desfrutar de alguma forma de comunhão, embora suas


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diferenças de governo signifique que pertencem a igrejas diferentes. Podemos estar convencidos de que um irmão ou uma irmã está no erro, mas devemos lhe mostrar o mesmo tipo de bondade que esperamos que eles mostrariam para nós se estivéssemos no erro. Foi exatamente por isso que Paulo instruiu os cristãos de Roma a lidarem uns com os outros, quando discordassem sobre questões secundárias (Romanos 14). POR QUE ALGUNS CRISTÃOS VEEM NA ESCRITURA MAIS SOBRE GOVERNO DA IGREJA DO QUE OUTROS VEEM?

Isso é enigmático, mas o governo da igreja não é a única área em que os cristãos mantêm interpretações diferentes. Talvez algumas igrejas conheceram esse assunto por meio daqueles que os precederam; leram escritores mais velhos. A coisa importante é que não abordemos essa questão por argumentarmos, mas por apontarmos para a Bíblia e, depois, deixarmos que a Bíblia faça a sua obra. Com base nessa sugestão, o alvo deste livro não é encorajar os cristãos a traçarem limites entre si mesmos e outros cristãos, e sim encorajá-los a definir claramente o caminho pelo qual andaremos juntos. Deus criou a igreja, portanto, Deus, o autor da igreja, tem autoridade. Em sua Palavra, ele nos diz o que a igreja é e algumas coisas importantes sobre como a igreja deve funcionar.

CONCLUSÃO Para alguns, esta introdução foi muito profunda. Para outros, a importância desse tema os atrairá às páginas seguintes e, por meio delas, espera-se, às Escrituras e às reflexões de muitos outros que nos precederam. Agora, basta dizer que esse tema é digno de ser estudado. De fato, é muito mais importante do que muitos acham.


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Minha esperança é que o leitor veja como a magnífica suficiência das Escrituras nos liberta da tirania da mera opinião de homens. Deus se revelou em sua Palavra. Ele está falando conosco, preparando-nos para representá-lo hoje e vê-lo amanhã! Uma congregação de membros nascidos de novo — cumprindo as responsabilidades que Cristo lhes deu em sua Palavra, reunindo-se regularmente, guiados por um corpo de presbíteros piedosos — é o quadro da igreja que Deus nos dá em sua Palavra — a igreja que ele chama de sua “casa”, comprada com seu próprio sangue (1 Timóteo 3.15; Atos 20.28; cf. Marcos 3.31-35). Finalmente, considere o que Deus está fazendo por meio da igreja. Paulo disse: “Para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais, segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Efésios 3.10-11). Isso é o que Deus está fazendo! Portanto, o nosso interesse deve ser semelhante ao de Paulo — “que a igreja revele e manifeste a glória de Deus, vindicando assim o caráter de Deus contra toda a calúnia de esferas demoníacas, a calúnia de que Deus não é digno de que vivamos por ele. Deus confiou à sua igreja a glória de seu próprio nome”.6 Por amor ao seu nome, Deus nos conduz como seu exército poderoso. Eis como um pastor expressou isso em 1589: Este exército de santos é conduzido aqui na terra por estes oficiais, sob a direção de seu glorioso imperador, Cristo, aquele Miguel vitorioso. Assim, o exército avança nesta ordem celestial e arranjo gracioso contra todos os inimigos tanto físicos quanto espirituais. Pacífico em si mesmo como Jerusalém, terrível para eles como um exército com bandeiras, triunfante sobre a tirania deles com paciência, sobre a crueldade deles com mansidão e sobre a própria morte 6  Mark Ross, “An Address at PCA Convocation on Revival”.


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com morrer. Assim, por meio do sangue do Cordeiro imaculado e da palavra de seu testemunho, eles são mais do que vencedores, esmagando a cabeça da serpente; sim, por meio do poder da Palavra, eles têm poder para vencer Satanás, pisar serpentes e escorpiões, destruir fortalezas e tudo que se levanta contra o próprio Deus. As portas do inferno e todos os principados e poderes do mundo não prevalecerão com esse exército.7

Esse é o glorioso assunto deste livro.

7  Henry Barrow, “A True Description of the Visible Church”, reimpresso em Iain Murray, ed., The Reformation of the Church: A Collection of Reformed and Puritan Documents on Church Issues (Carlisle, PA: Banner of Truth Trust, 1965), 200-201.



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