“Completamente humilde, sensato, flexível e prático. O Projeto Videira define um modelo que é tanto radical quanto administrável para a igreja local. Em vez de levar-me a sentir culpado ou deprimido, a leitura me revigorou e refrescou minha paixão pelo ministério do evangelho ‘no chão de igreja’!” — David Helm, pastor da Igreja da Santíssima Trindade (Chicago/EUA) “Certos autores conseguem dialogar com o leitor, antecipando suas dúvidas, trazendo respostas claras e propostas práticas. Neste livro, o leitor encontrará este tipo de diálogo construtivo, interessante e desafiador que valoriza a Palavra de Deus e o caminho do discipulado. Vale destacar que não é uma proposta pronta, mas um esboço que permitirá ao leitor interagir, adaptar à sua realidade e aplicar com muita firmeza teológica. Projeto Videira mostra sua intenção de formar discípulos de Cristo, a partir da exposição da Palavra de Deus. Este livro é mais um bom exemplo da possibilidade de ter fidelidade às Escrituras com a prática do discipulado.” — Leonardo Sahium, pastor da Igreja Presbiteriana da Gávea (Rio de Janeiro/RJ) “Aquilo que já era bom em A treliça e a videira fica ainda melhor em Projeto Videira. Não me sinto apenas feliz, mas obrigado a recomendar a nova obra de Marshall e Payne. Prático, o livro nos apresenta respostas e convicções para todos que almejam excelência no discipulado.” — Wilson Porte Jr, pastor da Igreja Batista Liberdade (Araraquara/SP) “O livro que você tem em mãos é a sequência que faltava. A treliça e a videira, obra aclamada que antecede a esta, esboçou de forma esplêndida o que Mark Dever chamou de “uma mudança crucial que é necessária à maneira de pensar de muitos pastores”. Agora, em Projeto
Videira, toda a sabedoria pastoral, a enorme sensibilidade humana e a forma tão sensacional de escrever de Colin Marshall e Tony Payne ressurgem — de um jeito ainda mais prático; de fato, como um manual — para auxiliar pastores e igrejas no cumprimento da Grande Comissão de Jesus: fazer discípulos. Enquanto no primeiro livro nós fomos apresentados a ‘uma mentalidade de discipulado que muda tudo’, neste nós aprenderemos a cultivar ‘uma cultura de discipulado’ que dará forma ao ministério e à igreja. Sensacional!” — Leandro B. Peixoto, pastor da Segunda Igreja Batista (Goiânia/GO) “A vocação da igreja é fazer discípulos, e para criar uma cultura de discipulado é preciso mudar as convicções e as práticas que por vezes operam como obstáculos à missão. Colin Marshall e Tony Payne apresentam proposições e argumentos muito bem fundamentados na Palavra de Deus como também oferecem preciosas diretrizes práticas para promover o crescimento da igreja através do discipulado. Crescimento, uma metáfora biológica, demanda tempo, envolve processo e exige paciência. O crescimento vem de Deus, mas plantar e regar são responsabilidades humanas. O discipulado é essencial para vida da igreja e esse livro nos ajuda a entender e aplicar essa verdade.” — Judiclay Santos, pastor da Igreja Batista do Jardim Botânico (Rio de Janeiro/RJ) “Em meio a tanta confusão e heresias que usam o discipulado de forma equivocada, Colin Marshall e Tony Payne presenteiam a igreja com um guia sólido e prático capaz de nos tomar pela mão e caminhar conosco na importante tarefa de criar uma cultura de discipulado em nossa vida e em nossas igrejas.” — Filipe Niel, pastor da Igreja Batista Vida Nova (Caldas Novas/GO)
CULTIVANDO UMA CULTURA DE DISCIPULADO
PROJETO
Videira COLIN MARSHALL & TONY PAYNE
M367p
Marshall, Colin, 1949Projeto videira : cultivando uma cultura de discipulado / Colin Marshall & Tony Paine. – São José dos Campos, SP: Fiel, 2018. Tradução de: The Vine Project : shaping your ministry culture around disciple-making. Inclui referências bibliográficas. ISBN 9788581326450 (brochura) 9788581326467 (EPUB) 1. Discipulado (Cristianismo). 2. Vida cristã. I. Payne, Tony, 1962-. II Título. CDD: 248.486
Catalogação na publicação: Mariana C. de Melo Pedrosa – CRB07/6477 PROJETO VIDEIRA Cultivando uma cultura de discipulado Traduzido do original em inglês The Vine Project: shaping your ministry culture around disciple-making por Colin Marshall & Tony Payne Copyright © 2016 by Matthias Media
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Fiel da Missão Evangélica Literária Proibida a reprodução deste livro por quaisquer meios, sem a permissão escrita dos editores, salvo em breves citações, com indicação da fonte.
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Originalmente publicado em inglês por Matthias Media (matthiasmedia.com.au) St Matthias Press Ltd, 937 Bourke Street, Waterloo NSW 2017, Australia
Copyright © 2019 Editora Fiel Primeira edição em português: 2019
Diretor: James Richard Denham III Editor-chefe: Tiago J. Santos Filho Editor: Vinicius Musselman Pimentel Coordenação Editorial: Gisele Lemes Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira Revisão: Wendell Lessa Vilela Xavier Diagramação: Rubner Durais Capa: Rubner Durais E-book: Rubner Durais
Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada, 2ª ed. (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.
ISBN impresso: 978-85-8132-645-0 ISBN e-book: 978-85-8132-646-7
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Caixa Postal, 1601 CEP 12230-971 São José dos Campos-SP PABX.: (12) 3919-9999
www.editorafiel.com.br
Sumário
Agradecimentos.....................................................................................................7 Preparando o cenário........................................................................................ 11 A grande questão....................................................................................... 13 Mudando a cultura ................................................................................... 25 Fase 1: Aprofundando as convicções............................................................. 43 Introdução.................................................................................................. 45 Convicção 1: Por que fazer discípulos?................................................. 49 Convicção 2: O que é um discípulo?..................................................... 65 Convicção 3: Como se faz um discípulo?............................................. 83 Convicção 4: Quem faz discípulos?.....................................................109 Convicção 5: Onde fazer discípulos?..................................................131 Resumo......................................................................................................151 Fase 2: Reformando sua cultura pessoal......................................................161 Fase 3: Avaliação honesta e amorosa............................................................183
Fase 4: Inovar e implementar.........................................................................211 Introdução................................................................................................213 Área de foco 1: Tornar o domingo uma referência...........................219 Área de foco 2: Criar caminhos que promovam o avanço..............257 Área de foco 3: Planejar para o crescimento......................................319 Área de foco 4: Criar uma nova linguagem........................................327 Fase 5: Manter o ímpeto.................................................................................337 Epílogo...............................................................................................................363 Apêndices..........................................................................................................365 A treliça e a videira: o que você perdeu?..................................................367 Repensando pequenos grupos..................................................................371
Agradecimentos
A
o escrever um livro sua mente se concentra nisso. E escrever um livro sobre como proceder como servos de Deus, na igreja e em nome de Cristo, realmente faz com que foquemos mente e coração. Estamos sendo fiéis à mente revelada de Deus? Tony e eu não escrevemos Projeto videira em nossos escritórios. Os últimos anos desde que A treliça e a videira1 foi publicado foram de conversas contínuas sobre a vida cristã, a igreja e o ministério. Tem sido desafiador, humilhante, às vezes agonizante e, sobretudo, exultante. Somos extremamente gratos aos milhares de pastores e presbíteros que dialogaram conosco em oficinas, conferências e seminários em todo o mundo. Também queremos reconhecer pessoas específicas que investiram tempo e reflexão nessa conversa. Cerca de 40 pastores aceitaram meu convite para orientar seus ministérios enquanto tentavam implantar os princípios de A treliça e a videira em suas igrejas. Essa experiência de ver em primeira mão igrejas muito diferentes lidando com novas formas de pensar e agir foi inestimável. Uma dúzia de pastores analisou as primeiras versões do material e ofereceu feedback detalhado e nos encorajou para continuar. Essa contribuição aperfeiçoou nossa compreensão de ministério e moldou significativamente o produto final. 1 Colin Marshall e Tony Payne, A treliça e a videira: a mentalidade de discipulado que muda tudo (São José dos Campos: Fiel, 2016).
8 PROJETO Videira
Gary Bennetts, Stuart Holman e Greg Peisley passaram um ano inteiro usando as primeiras versões deste material, não apenas em suas próprias igrejas, mas também como mentores em igrejas vizinhas. Steve Lindemann nos preparou para entender o processo de mudança cultural ao longo do caminho. Eu sempre aguardava com expectativa as nossas reuniões mensais, pois elas nos ajudaram a tornar a coisa toda mais utilizável (assim espero). Phil Colgan e Gary Koo, pastores das igrejas locais onde Tony e eu estamos envolvidos, nos encorajaram a ensinar e experimentar essas ideias, porque eles são totalmente dirigidos pelas mesmas convicções. Nós precisávamos desse espaço para trabalhar com pessoas e grupos enquanto escrevíamos sobre o ministério. Obrigado, Phil e Gary! Também somos muito gratos aos oito pastores que concordaram em ser entrevistados sobre seus ministérios e permitir que trechos dessas conversas fossem incluídos no livro. Recentemente, Andrew Heard e Craig Tucker passaram horas lendo nosso esboço e nos enviaram feedback detalhado. Eles têm vivido este projeto por muitos anos como pastores cuja prática ministerial deriva de profunda reflexão teológica. Eles continuarão sua crítica construtiva a este livro muito depois de sua publicação, para benefício de todos nós. Dois outros amigos merecem menção especial. Um de nossos jovens escritores teologicamente afiados, Guan Un, trabalhou longa e proveitosamente sobre o tema do discipulado para produzir artigos que moldassem o que você está prestes a ler. E meu colega Craig Glassock está construindo a comunidade de apoio online que será de grande benefício para todos os que embarcam neste projeto. Sua paixão pelo discipulado não tem limites. Também somos muito gratos à equipe da Matthias Media (especialmente a editora-chefe, Emma Thornett), que não apenas trabalhou arduamente para tornar este livro uma realidade, mas tem praticado seus princípios por quase três décadas na publicação de recursos ministeriais
9 AGRADECIMENTOS
para discipulado. De fato (como você descobrirá), não conseguimos deixar de recomendar e elogiar os recursos da Matthias Media em vários pontos ao longo do livro. Esses são recursos que conhecemos e confiamos — esperamos que você não se incomode com nosso entusiasmo e defesa da nossa casa.2 E o que posso dizer sobre o Tony? Simplesmente que o texto final é dele. Alguém teve que transformar essa conversa de seis anos em um todo coerente. Tinha que ser alguém que carrega essas convicções no sangue por décadas e alguém que estuda e escreve sobre essas coisas desde sempre. Quando lia o manuscrito de Tony, dizia a mim mesmo: “Sim, é exatamente isso que queremos dizer, e o que, em nome de Deus, precisa ser dito a essa hora”. A Deus seja a glória! Colin Marshall, fevereiro de 2016.
2 N. do E.: A maior parte desses recursos não foi traduzido do inglês. Contudo para aqueles que desejam aprofundar-se, mantivemos as recomendações nas notas de rodapés.
Cenรกrio Preparando o
A grande questão
N
ós conversávamos boa parte do dia. Éramos cerca de sessenta na sala, de muitas igrejas diferentes do meio-oeste dos Estados Unidos. Então um pastor levantou e fez a pergunta que nos foi feita inúmeras vezes nos últimos seis anos. “Veja, eu li A treliça e a videira. Eu achei o livro ótimo. Expressou o que sempre pensei e acreditei sobre o ministério cristão. Então, Deus os abençoe, e obrigado por escrevê-lo. Mas à medida que lia, também tive essa sensação estranha por dentro. Só sei que o que realmente acontece em nossa igreja está muito distante da visão do ministério de discipulado que vocês descrevem e no qual eu realmente acredito. Não sei exatamente como ficamos tão longe disso. Mas o problema é que realmente não sei por onde começar ou como obter progresso. É como se todas as estruturas e ministérios existentes em nossa igreja fossem feitos de concreto. Então, aqui está meu problema básico: como eu posso mudar toda a cultura de nossa igreja na direção do discipulado?” Ele era batista, de uma igreja de tamanho médio em Chicago, mas poderia ter sido um presbiteriano de Melbourne ou um anglicano evangélico da Cidade do Cabo. Em conversas, e-mails, oficinas e conferências, já nos fizeram alguma versão dessa pergunta mais vezes do que podemos nos lembrar desde que A treliça e a videira se tornou um improvável best-seller internacional.3 3 Se você nunca leu ou mesmo ouviu falar de A treliça e a videira, não se preocupe. Você pode achar a leitura dele um exercício útil, mas não precisa parar agora e fazer isso. A maioria de seus princípios teológicos e ministeriais essenciais está reafirmada de alguma maneira aqui. Se você está curioso, fornecemos um resumo básico do argumento de A treliça e a videira no Apêndice 1.
14 PROJETO Videira
Eu digo improvável porque, para nós, A treliça e a videira era um livrinho comum que consistia principalmente em ideias óbvias. Nós pensamos que ele seria lido por um pequeno número de pessoas leais aqui na Austrália, e talvez pudesse servir como uma declaração útil de princípios de ministério que poderiam ser passados para a próxima geração. No entanto, às vezes o óbvio é o que as pessoas mais precisam ouvir (como quando a criança disse sobre o imperador: “Mas ele está nu!”). De alguma forma, nossa reafirmação dos princípios bíblicos do “trabalho da videira” e do ministério tocou pastores e líderes evangélicos de todo o mundo. Uma das consequências foi uma experiência imensamente rica pela qual somos profundamente gratos a Deus. Ao longo dos últimos seis anos, falamos em conferências e realizamos oficinas sobre A treliça e a videira em todo o mundo. Tivemos a alegria de passar milhares de horas discutindo sobre ministério com milhares de pastores e líderes leigos, de igrejas de diferentes tamanhos, locais, denominações e culturas — da Cidade do Cabo a Chicago, de Cingapura a Sydney, de Dublin a Dallas. As pessoas iam a essas oficinas e conferências com todos os tipos de perguntas e pensamentos sobre a filosofia ministerial apresentada em A treliça e a videira. Três tipos de perguntas eram particularmente comuns: • O que vocês realmente querem dizer com “discipulado” e “fazer discípulos”? Vocês estão basicamente argumentando em favor de mais trabalho individual ou em pequenos grupos? Ou estão falando de mais evangelismo? Ou as duas coisas, ou nada disso? • Onde a pregação se encaixa no que vocês estão dizendo? Sua ênfase em “treinar discípulos” não leva a uma desvalorização do ministério de pregação expositiva — que é algo que temos lutado tanto para defender e fortalecer ao longo desta geração?
15 PREPARANDO O CENÁRIO
A grande questão
• Vocês não acabaram fazendo das “treliças” (isto é, as estruturas e suportes do ministério) as vilãs da vida da igreja? É possível que vocês tenham subestimado a importância sistêmica de como a vida da igreja é estruturada e organizada? Priorizar o “trabalho da videira” sobre o “trabalho de treliça” leva a um menosprezo das muitas pessoas que passam tantas horas trabalhando fielmente na “treliça”?4 Fomos enormemente abençoados ao falar repetidamente sobre essas questões com muitos irmãos e irmãs diferentes, como um ferro afiando outro ferro. Nos capítulos que se seguem, esperamos que o fruto dessas conversas seja visto em uma apresentação aprimorada e aprofundada dos princípios essenciais do ministério, enunciados pela primeira vez em A treliça e a videira. No entanto, a principal razão por que as pessoas vieram falar conosco nos últimos seis anos foi para lidar com o dilema levantado pelo pastor de Chicago. Em muitas igrejas ao redor do mundo, há uma lacuna imensamente insatisfatória entre o que esperamos que o evangelho produza ao frutificar entre nós e o que realmente vemos dia a dia e domingo a domingo. Para colocá-lo nos termos que defendemos em A treliça e a videira, ansiamos que o “trabalho da videira” ao estilo da Grande Comissão seja a agenda normal e a prioridade dentro de nossas igrejas. Ansiamos que todos os membros de nossa congregação compreendam e vivam isso — orar e alcançar os que estão ao seu redor para fazer novos discípulos, e nutrir, edificar e encorajar uns aos outros à maturidade em Cristo. E, no entanto, quando olhamos para a lacuna entre essa empolgante visão bíblica e a realidade da vida da igreja, nossos corações às vezes desanimam. Nossas congregações locais parecem tão complexas e tão presas aos hábitos e modos atuais de fazer as coisas. As estruturas e “treliças” existentes em nossa igreja quase parecem ter vida própria. 4 Para um resumo do que queremos dizer com “trabalho da treliça” e “trabalho da videira”, veja o Apêndice 1.
16 PROJETO Videira
Elas absorvem, assimilam ou repelem nossas tentativas de reforma e mudança. Talvez essa conversa de “trabalho de videira” e de todo discípulo ser um fazedor de discípulos funcione em outro lugar (em um campus universitário, talvez), mas não parece estar pegando aqui. E se formos honestos sobre os números, não estamos vendo muito crescimento; e o pouco crescimento que vemos é em grande parte o resultado de transferências, e não de conversões. Poderíamos multiplicar os exemplos, ou expor esse tipo de cenário mais demoradamente, mas isso apenas inflamaria o sentimento de desconforto que muitos pastores, presbíteros e membros de igreja já sentem. Quando trabalhamos duro, mas não vemos crescimento, isso machuca. Isso nos leva ao inquirir sobre a soberania de Deus (Por que ele não está dando o crescimento?), a nos compararmos com os outros (O que há de errado comigo? Por que outros estão indo tão bem?) e, muitas vezes, a adotar o último programa ou modelo de ministério da moda, esperando finalmente alcançar o sucesso e o crescimento. Conversando e pensando constantemente sobre essas questões nos últimos seis anos, nós nos convencemos da necessidade de responder à pergunta que o pastor batista de Chicago fez em nome de quase todas as igrejas evangélicas no mundo ocidental: Como podemos mudar toda a cultura de nossa igreja na direção do discipulado? Essa é a questão que Projeto Videira pretende responder. Pode parecer contraintuitivo dizer isso, mas uma das razões pelas quais estamos tão interessados em responder a essa questão é que sabemos muito bem a enorme pressão que muitos pastores e membros de igreja estão sofrendo. Para muitos leitores deste livro, seja você um líder leigo perspicaz ou um pastor de tempo integral, cada semana é uma nova luta simplesmente para não afundar na areia movediça. Sabemos disso não apenas pela nossa própria experiência de vida no ministério nas equipes pastorais da igreja, mas pelos últimos seis anos de oficinas
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A grande questão
e treinamento de pastores e equipes de liderança da igreja. Temos conversado constantemente com pastores e líderes leigos que estão lidando com situações cansativas e emocionalmente desgastantes — tudo, desde doenças, tristezas e mágoas em suas próprias famílias até conflitos relacionais, problemas de saúde mental e abuso sexual na família da igreja. Nós nos encontramos esperando por aquele ano “normal” livre de crises, no qual poderemos realmente fazer algum planejamento e progredir, mas ele nunca chega. Para aqueles de nós que se sentem assim, trabalhar em um projeto para mudar toda a cultura de nossa igreja pode parecer completamente além de nosso alcance. E para alguns de vocês, isso pode ser verdade. Pode não ser o momento certo para começar. Você pode querer ler este livro e preparar alguns planos para começar corretamente daqui a um ou dois anos. No entanto, como discutiremos a seguir, fazer discípulos é na verdade chamar as pessoas à fé e à esperança em Jesus Cristo em meio a esta presente era perversa, com todas as suas pressões. Tornar-se uma igreja mais focada em fazer discípulos é tornar-se uma comunidade que compreenda mais claramente por que a vida é muitas vezes difícil e que recursos Deus nos deu para crescer em fé, esperança e amor em meio à luta. Uma igreja discipuladora é, na verdade, mais capaz de lidar com as crises e pressões da vida diária. Além disso, um dos principais pontos de pressão para muitos pastores e equipes de liderança de igreja é que simplesmente há poucas mãos sendo colocadas na obra. Nós não estamos treinando e mobilizando um número suficiente de nossos membros para serem colaboradores na tarefa, e assim a pressão sobre o pastor e os principais líderes continua implacável. Precisamos construir uma equipe maior de discipuladores engajados e preparados para trabalhar juntos, e esse é um dos principais resultados de Projeto Videira.
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Em outras palavras, uma razão muito importante pela qual escrevemos O projeto videira, e pela qual exortamos você a embarcar nele assim que puder, é que sabemos como a vida e o ministério da igreja podem ser difíceis.
UM LIVRO INCOMUM É uma grande questão que estamos procurando responder (como mudar a cultura da igreja na direção do discipulado), e a tarefa é dificultada pelo fato óbvio de que cada igreja precisa de sua própria resposta. Cada igreja está em um ponto diferente do espectro, tem diferentes pontos fortes e fracos, enfrenta diferentes obstáculos e, algo crucial, tem pessoas diferentes com as quais Deus a abençoou. Alguns de vocês podem olhar para a sua igreja e ver a necessidade de uma reforma radical; outros podem achar que estão indo na direção certa, mas precisam de uma injeção de crescimento e mudança. Alguns de vocês podem até estar prestes a plantar uma nova igreja, estando em uma posição de moldar a cultura a partir do zero. Ainda assim, apesar de nossos diferentes pontos de partida, o processo essencial de mudança, as ferramentas de mudança e os resultados desejados da mudança são comuns em todas as igrejas, porque têm suas raízes não apenas na forma como grupos de pessoas (como igrejas) funcionam e crescem, mas no caráter, propósito e atos de Deus para o seu povo. É por isso que (de maneira um pouco incomum) chamamos este livro de “projeto”. Não é um conjunto de respostas detalhadas ou prescrições vindas de cima para resolver seus problemas. É um conjunto de processos, ferramentas e orientações para você trabalhar com uma pequena equipe de colegas que pensem como você — partindo de onde você estiver, com os pontos fortes e fracos que tiver. Isso significa que Projeto Videira não é um livro para ser apenas lido como todos os outros livros sobre ministério que você compra em conferências, lê e se sente um pouco entusiasmado por um tempo, mas que no
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A grande questão
fim das contas vai morar na estante com todos os outros. É um projeto. Ele descreve um processo para trabalho e discussão. É um livro que deve levar a um plano e a ações ao longo do tempo. É por isso que este é um livro que pode levar vários anos para ser concluído — deixe-nos acrescentar logo, não porque seu conteúdo é muito longo ou complexo, mas porque o processo que ele orienta não é uma solução rápida. Crescimento e mudança na igreja, como todo crescimento e mudança na vida cristã, leva tempo. É preciso implantação realista e paciência. É passível de falsos começos e tropeços. Precisa de monitoramento, revisões constantes e mudanças de direção para dar conta de circunstâncias novas ou inesperadas. Ao longo do livro, em alguns pontos regulares, você será solicitado a conversar a respeito, avaliar suas circunstâncias atuais, elaborar planos, tomar atitudes, trabalhar em miniprojetos e assim por diante. É um processo que levará meses e anos para ser concluído. De fato, em alguns aspectos, este é um livro que você nunca terminará. Nós fervorosamente esperamos que Projeto Videira não acabe sendo apenas mais um daqueles livros de ministério que você folheia, pega algumas observações interessantes, e depois deixa de lado. Este também não é um livro que você conseguirá ler de maneira bem-sucedida sozinho. A menos que você reúna um pequeno grupo de pessoas piedosas e comprometidas para ler este livro e passar por este processo com você, temos certeza de que ele não servirá de muita coisa para sua vida ou para sua igreja. É claro, entendemos que, para decidir se você deseja reunir um grupo de pessoas e participar do Projeto Videira juntos, você pode querer primeiro ler o livro todo! Mas nosso ponto é simplesmente que, para que haja qualquer crescimento ou mudança reais na cultura de sua igreja, você precisará trabalhar tudo isso com uma equipe.5 5 N. do E.: Para auxiliar no processo, os autores oferecem suporte e material complementar, em inglês, no site thevineproject.com, contendo uma biblioteca crescente de vídeos, histórias, artigos e estudos de caso e uma comunidade de outras equipes ministeriais que estão trabalhando em “Projetos Videira” em seus próprios contextos. Para conteúdo adicional em português visite: conteudo.editorafiel.com.br/projetovideira. Entre os diversos recursos traduzidos e disponibilizados gratuitamente, os membros da sua equipe poderão baixar um guia de estudo, contendo
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COMO FAZER MELHOR USO DESTE LIVRO Já deve estar claro que este é um livro para usar e não apenas ler, porque responder à Grande Questão em seu próprio contexto exigirá um processo de reflexão ao longo do tempo, não uma prescrição de uma fórmula pronta de algum guru de ministério. Aqui estão algumas dicas sobre como fazer o melhor uso de Projeto Videira. Em primeiro lugar, o processo que descrevemos não é apenas para igrejas. É para qualquer ministério que tenha o potencial de ter sua cultura mudada na direção do discipulado. Por exemplo, você pode estar lendo como líder de ministério jovem ou como líder do ministério de homens ou mulheres de sua igreja. Você pode ser o líder de um grupo missionário paraeclesiástico ou de algum tipo de organização. Se você está liderando um grupo de cristãos e tem autoridade e capacidade para moldar a direção e as atividades desse grupo ao longo do tempo, então Projeto Videira é para você. Na verdade, mesmo se você estiver lendo como o pastor principal de uma igreja, você pode querer dirigir um “Projeto Videira” piloto em apenas uma parte de sua vida congregacional (digamos, no ministério de jovens ou em uma das congregações que fazem parte da sua igreja ou paróquia) antes de desenvolvê-lo mais amplamente. Em segundo lugar, Projeto Videira não é apenas para igrejas e associações já existentes. Se você está prestes a começar algo novo — seja uma nova igreja ou um novo ministério de algum outro tipo — trabalhar com Projeto Videira é uma maneira ideal de estabelecer uma cultura forte de discipulado desde o início. A maioria dos exercícios e atividades sugeridos em Projeto Videira pressupõe um ministério já existente no qual você está procurando trazer uma mudança de cultura — mas quase todos eles são facilmente adaptáveis a um novo ministério começando do zero. todas as questões de discussão, avaliações, atividades e miniprojetos deste livro, para que você possa reformatá-los, imprimi-los, anotar, digitar respostas e assim por diante.
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A grande questão
Em terceiro lugar, qualquer que seja o seu contexto, seu primeiro passo como líder de ministério é ler o livro inteiro para ter uma noção de sua teologia e mensagem e do processo no qual vamos trabalhar. Esta primeira leitura tem dois objetivos principais: • Obviamente, você precisa estar convencido pessoalmente de que deseja utilizar este livro, bem como seu processo, para levar uma mudança cultural duradoura à sua igreja ou ministério. Você precisa se assegurar de que concorda conosco teologicamente (se não em todos os detalhes pelo menos em todas as áreas importantes), e que o processo que sugerimos é algo com o qual você está disposto a se comprometer. • Você também começará a ter uma noção, a partir dessa primeira leitura, de quem você gostaria de ter em sua equipe do Projeto Videira, bem como de onde você poderia modificar ou adaptar ou complementar o conteúdo para o seu próprio contexto — porque estamos bastante seguros que você vai querer fazer isso. Nós pensamos Projeto Videira para ser o mais flexível e aplicável possível a uma variedade de contextos ministeriais diferentes, mas certamente haverá tópicos que você deseja abordar que estão ausentes, bem como coisas que abordamos que não se aplicam a você ou que você gostaria de lidar de forma diferente. Esta primeira leitura irá, sem dúvida, gerar uma pequena lista dessas personalizações que você gostaria de fazer. Em quarto lugar, como já mencionamos, um aspecto fundamental de Projeto Videira é a formação de uma pequena equipe de colegas de trabalho que caminhem juntos pelo processo; que sejam o time de agentes de transformação que planejam, iniciam, servem de exemplo e defendem a mudança de cultura que você está querendo alcançar. Quem deve estar nessa equipe?
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• Não mais do que dez pessoas e não menos que quatro. É uma equipe que precisa funcionar bem como um grupo, com pessoas suficientes para trazer ideias, energia e habilidades para a tarefa, mas não tantas que tornem as reuniões difíceis de organizar ou que dificultem as dinâmicas de grupo. • Você pode procurar pessoas que já estejam em posição de liderança ou supervisão (como um corpo de presbíteros, um conselho de igreja ou órgão autorizado similar), mas também é importante olhar além de sua liderança atual ao considerar quem convidar para essa equipe. Mudança requer novas ideias, energia renovada e uma disposição para tentar algo novo — e isso pode ser difícil para uma equipe de liderança existente abraçar (afinal, eles são geralmente os mais envolvidos em tudo o que está ocorrendo atualmente). Você pode propor aos seus presbíteros a ideia de formar uma nova equipe para se concentrar no Projeto Videira — talvez consistindo de alguns líderes-chave existentes (ou presbíteros), bem como alguns líderes emergentes com potencial. • Seja qual for a mistura de líderes novos e já existentes em sua equipe, ou como eles se relacionem com suas estruturas atuais, o importante é que eles sejam fiéis, disponíveis (pelo menos potencialmente) e ensináveis. Você quer pessoas fiéis ao evangelho em suas convicções e em suas vidas. Este não é o momento ou o lugar para novos convertidos (não importa quão talentosos e impressionantes eles sejam), ou para pessoas poderosas e influentes que não sejam de fato solidamente convertidas, maduras e com o coração no evangelho. Você irá querer pessoas com as quais possa contar para estarem disponíveis para trabalhar com você e com as outras, e continuar trabalhando juntos por um tempo significativo. Isso pode significar aliviá-los de outras responsabilidades — na verdade, geralmente é isso que acontece, porque essas pessoas são as
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A grande questão
que costumam estar envolvidas na vida da igreja. Pode haver alguma dor associada a isso — retirar um líder de um ministério existente e assim criar uma lacuna — mas, a menos que você tenha uma equipe de pessoas que esteja disponível para se reunir regularmente, e que trabalhe em conjunto para gerar mudança, então todo o exercício provavelmente acabará sendo um debate improdutivo. E, finalmente, você não precisa de pessoas que mal chegaram e já sabem como fazer tudo, ou que sempre acabam falando apenas sobre um mesmo assunto. Você quer pessoas que tenham um coração humilde e ensinável, que saibam que ainda têm um longo caminho a percorrer e que estejam ansiosas para continuar progredindo como discípulos de Cristo. Em quinto lugar, após reunir uma equipe, uma de suas primeiras tarefas será esboçar um plano geral sobre como você irá abordar as cinco fases de Projeto Videira. Com que frequência vocês se reunirão inicialmente, por quanto tempo? Em que ritmo você quer trabalhar cada fase? Elaboramos uma sugestão de plano de ação (no final do próximo capítulo), mas sinta-se à vontade para modificá-lo de acordo com suas circunstâncias. E, finalmente, para fazer o melhor uso deste livro e responder à Grande Questão de forma mais eficaz para o seu próprio contexto, envolva continuamente todo o processo em oração. Continuaremos a lembrá-lo disso em diversos pontos, porque suspeitamos fortemente que você seja parecido conosco e com todos os líderes cristãos que já conhecemos — a oração fica sufocada pelas pressões e ocupações da vida da igreja. Todo ministério cristão, incluindo o projeto no qual estamos prestes a embarcar, deve seguir o resumo de Paulo sobre seu ministério em Colossenses 1.28-29: [Cristo] o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que
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apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim.
Precisamos continuar orando para que a eficácia de Cristo opere eficientemente em nós, e seu Espírito nos guie à medida que pensamos e planejamos, a fim de que Deus dê o crescimento à medida que planejamos novas maneiras de plantar e regar.
Mudando a cultura
Q
uando eu (Tony) cheguei a uma igreja anglicana evangélica em Sydney, era um jovem de 18 anos, recém-chegado à cidade grande, ao mesmo tempo entusiasmado e perdido, um cristão convertido vindo de uma igreja anglicana carismática de classe alta (é uma mistura estranha). O choque cultural foi desorientador e animador ao mesmo tempo. Tudo na minha nova igreja em Sydney era diferente: o modo como todos se vestiam para a igreja; a falta de ritual e cerimônia; o tipo de músicas que cantávamos; o evidente compromisso daqueles que compareciam; a maneira como as pessoas ficavam por lá depois das reuniões, conversando por horas; e, claro, a pregação, que envolvia exposição, explicação e aplicação do texto bíblico de uma maneira que eu nunca tinha ouvido. Não fui exposto apenas a novas ideias e ensinamentos. O modo como faziam as coisas era diferente; toda a cultura da igreja era diferente. Em minhas primeiras visitas, lembro-me particularmente de ficar totalmente chocado com algo que acho que a maioria dos presentes nem sequer percebeu. Durante a maior parte do culto eu não fazia ideia de quem era o pastor. Ele não se sentou em uma cadeira especial na frente. Ele não estava vestido com roupas especiais. E quando chegou a hora do sermão, um cara vestido da mesma forma que o resto de nós se levantou de uma cadeira qualquer na congregação e foi até o púlpito. A essa altura, eu tive que presumir que ele era o pastor, e depois de estar lá por algumas semanas eu descobri que ele era — e que ele exercia uma liderança forte e eficaz dentro da congregação. Mas aquele
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pequeno detalhe (do pastor/pregador sentado no meio da congregação e vestindo roupas normais) comunicou algo muito poderoso para mim. Isso dizia: Aqui, eles pensam sobre o ministro de maneira diferente. Ele é um líder, mas também é profundamente um de nós. Ele não é um sacerdote mediador que se posiciona entre nós e Deus e administra mistérios sagrados em nosso favor. Sua principal tarefa é abrir e expor a Bíblia — e é aí que reside a autoridade. Para um anglo-católico jovem e um tanto confuso, isso foi revolucionário, de um jeito bom. Com o tempo, passei a entender mais profundamente as convicções teológicas que estavam por trás dessa diferença aparentemente pequena e simples (onde o pastor se sentava e o que vestia). E eu passei a entender que a “cultura” tão diferente das duas igrejas não era simplesmente o resultado da diferença entre mais jovens e mais velhos, ou entre cidade e interior, ou entre informal e formal (embora todos estes fatores certamente tivessem sua influência sobre o que era feito e como). Por baixo de tudo, duas teologias bem diferentes estavam em ação. O confronto de diferentes hábitos, normas, práticas, linguagens, formas, estruturas, tradições e relacionamentos vinha de um conjunto diferente de convicções e crenças. E a diversidade de práticas, por sua vez, expressa e reforça essas convicções e crenças — ou, em alguns casos, como é inevitável, se chocam com as convicções e crenças declaradas (porque nenhuma igreja é perfeitamente consistente ou sem contradições e problemas).6 De fato, minha experiência nessas duas igrejas muito diferentes ilustra uma verdade fundamental (ainda que óbvia) sobre a cultura da igreja: o que rotineiramente fazemos comunica, reforça e molda quem somos, frequentemente muito mais do que aquilo que ensinamos. 6 O que, de fato, várias práticas e atividades realmente comunicam irá variar de acordo com o lugar, dependendo do que poderíamos chamar de “vocabulário cultural predominante”. Portanto, não estamos dizendo que o pregador/pastor vestir roupas normais e sentar-se na congregação é uma lei imutável, como a dos medos e persas! Mesmo assim, no ambiente social e eclesiológico de Sydney nos anos 80, isso comunicava uma mensagem importante e poderosa.
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Veja bem, a tradição anglo-católica da minha juventude tinha todas as palavras certas. Semana após semana, usávamos fielmente o Livro de Oração Comum (LOC) anglicano, que é um dos documentos mais gloriosamente reformados e evangélicos da Reforma inglesa. O LOC está repleto do evangelho e das grandes doutrinas da justificação pela fé somente por meio da graça somente em Cristo somente. É um livro evangélico do começo ao fim. E nós repetimos suas palavras com tanta frequência que todos nós as sabíamos de cor. E, no entanto, o conjunto de práticas, hábitos, estruturas e rituais que compunham a nossa vida regular na igreja não eram reformados nem evangélicos — exatamente o oposto, na verdade. O “padre” (como era chamado) ficava na frente vestido com as elaboradas vestes sacrificiais do catolicismo. O culto era um ritual religioso cheio de atos simbólicos (como o uso de incenso) ao invés de um ato de comunhão ou edificação mútua. A santa ceia era praticada de uma maneira que deixava muito claro que ela (e não a Palavra de Deus) era a principal maneira pela qual devíamos ser alimentados espiritualmente. O evangelho nunca era explicado claramente nos sermões moralistas de 15 minutos. Não havia expectativa de que a Bíblia fosse lida ou estudada pela congregação, individualmente ou em grupos. Não havia evangelismo — na verdade, nenhuma expectativa de que pessoas não cristãs precisassem de conversão. Todo o aparato da vida da igreja não apenas gritava uma teologia antievangélica, mas também nos doutrinou nela, semana após semana. A cultura — a maneira como fazíamos as coisas em todo o espectro da nossa vida na igreja — falava tão alto e forte que as palavras do evangelho do LOC nunca foram “ouvidas” e adotadas, ainda que pronunciadas fielmente todo domingo. O mesmo acontece com respeito ao discipulado, e qualquer outra convicção ou prática que desejamos ver criar raízes e crescer em nossas igrejas. Você pode defender a convicção pessoalmente e em sua
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declaração de missão, e você pode dizer as palavras; mas se a maneira como você faz as coisas comunica, expressa e reforça um conjunto diferente de convicções, então você fará pouco progresso. Imagine, por exemplo, que um milagre eclesiástico aconteceu e você foi apontado como o novo pastor da igreja ritualística em que eu cresci — sendo você completamente reformado e evangélico em sua teologia. Como você geraria uma mudança profunda e duradoura em uma congregação fortemente anglo-católica? Eu suspeito que a primeira coisa que você mudaria seria a pregação. Você começaria a pregar o evangelho e a Bíblia, e oraria para que a poderosa Palavra de Deus começasse a mudar corações e vidas. E você faria isso com persistência e paciência. Mas imagine também que, enquanto faz isso, você não mude nenhum dos rituais, atividades, estruturas e tradições da congregação — nem mesmo cuidadosamente com o tempo. Você simplesmente continua a vestir os mesmos trajes e a conduzir o culto e a Santa Ceia da mesma maneira que o pastor anterior. Você não inicia nenhuma estrutura ou atividade para promover a leitura e o estudo da Bíblia e continua a não evangelizar. Você acha que a cultura da igreja mudaria? Talvez, durante algum tempo considerável, houvesse algum movimento. A pregação da Palavra em oração teria seu efeito. Mas podemos também prever com segurança que, se as atividades, estruturas e tradições da congregação nunca mudassem — se não houvesse, em outras palavras, arrependimento corporativo —, então o efeito dos sermões bíblicos seria o mesmo das palavras bíblicas do Livro de Oração Comum. Eles seriam ouvidos e reconhecidos, mas absorvidos, assimilados e contrariados pelo contrapeso da cultura pré-existente — do que você realmente faz, dia a dia, semana a semana. Ou, dito de outra forma: precisamos ser praticantes da Palavra e não somente ouvintes.7 Onde não há arrependimento, não há mudança. 7 Tg 1.22.
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Mudando a cultura
A cultura de uma igreja — ou de qualquer organização, a propósito — é um fardo pesado e poderoso contra qualquer tentativa de mudança significativa (por “cultura”, apenas para esclarecer, queremos dizer “a maneira como fazemos as coisas por aqui” — a matriz complexa e profundamente enraizada de crenças, práticas, linguagem compartilhada, tradições e preferências que um grupo de pessoas desenvolve ao longo de um período de tempo).8 A cultura geralmente moldará o que as pessoas realmente fazem em qualquer circunstância, geralmente mais do que suas crenças declaradas. Por exemplo, em muitas igrejas evangélicas, se você perguntar aos membros da congregação se eles acreditam que a igreja deveria alcançar os perdidos e se os cristãos deveriam compartilhar sua fé com os outros, a maioria dirá que sim. Quando o pastor conclui seu sermão com uma exortação por mais evangelismo, eles concordarão e se sentirão levemente culpados. Mesmo assim, se a cultura estabelecida de sua igreja não promove, exemplifica e pratica este tipo de evangelismo ativo, tanto corporativa quanto individualmente, então pouquíssimo evangelismo acontecerá de fato. Se o empreendimento evangelístico não é, de fato, uma parte normal da “maneira como fazemos as coisas por aqui”, então as exortações do púlpito por mais evangelismo geralmente não dão em nada. A exortação irá bater na massa sólida da cultura e será feita em pedaços.9 8 A palavra “cultura” não é fácil de definir. Na verdade, Raymond Williams classifica-a como “uma das duas ou três palavras mais complicadas da língua inglesa” (Raymond Williams, Keywords [Londres: Flamingo, 1983], 87). Ela pode ser usada para descrever as produções intelectuais ou artísticas de uma sociedade ou de um subgrupo dentro de uma sociedade (por exemplo, “alta cultura”). Muitas vezes, é usada para se referir aos costumes, hábitos, normas, arranjos sociais e modo de vida de um determinado grupo de pessoas, e os artefatos e produtos que eles produzem (por exemplo, “cultura francesa do século 21” ou “a cultura corporativa da IBM”). Estamos usando-a aqui mais neste último sentido, para descrever “toda a maneira com fazemos as coisas por aqui”. 9 Existe uma extensa literatura sobre “cultura” e seu lugar dentro das organizações, a maior parte dela do mundo da administração. Um artigo de resumo útil é John Katzenbach e Ashley Harshak, “Stop blaming your culture”, Strategy + Business, vol. 62, Primavera de 2011 (visto em 13 de dezembro de 2015): http://strategy-business.com/article/11108. Para uma perspectiva diferente que oferece muitos pontos interessantes, ver To change the world: the irony tragedy and possibility of Christianity in the late modern world de James D Hunter (Nova Iorque: OUP, 2010), especialmente o ensaio 1, “Cristianismo e transformação do mundo”. Uma das percepções de Hunter é que as ideias, por si mesmas, raramente mudam uma cultura.
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A TRELIÇA CONTRA-ATACA Ao conversarmos com muitos pastores nos últimos seis anos sobre suas tentativas de colocar em prática uma filosofia de ministério de “treliça e videira” ou de discipulado em suas igrejas, ficou claro para nós que “cultura” é um problema subestimado. O que vimos mais frequentemente foram pastores que buscavam inserir alguns novos programas ou iniciativas na cultura existente — coisas como: • pregar uma série de sermões sobre “fazer discípulos”; • iniciar uma leitura bíblica em dupla com as pessoas;10 • adicionar “discipulado” às metas do ano; • ser mais receptivo com os recém-chegados; • ministrar um curso sobre como compartilhar a fé com os de fora. O que geralmente acontece é que depois de seis ou doze meses tentando injetar um ou mais desses novos elementos na vida da igreja, o entusiasmo começa a diminuir, e o peso e força da cultura existente esmagam qualquer progresso que tenha sido feito. É como tentar virar um transatlântico com um remo. O pastor fica resmungando: “Esse negócio de ‘treliça e videira’ pode funcionar bem em outro lugar, mas não está funcionando aqui. Talvez seja hora de tentar outra coisa”. E assim o ciclo continua. Um novo modelo ou ideia surgirá no ano que vem, será feita a mesma tentativa de injetar algo novo, e a cultura dominante a engolirá, vomitará e seguirá em frente, de maneira lenta e irresistível. Para estender uma metáfora familiar aos limites de sua utilidade, poderíamos dizer que a cultura predominante de uma igreja é feita de elementos de “videira” e “treliça” — isto é, tanto da atividade convicta de todo cristão que fala a Palavra de Deus para os outros em todos 10 Veja mais informações sobre isso no livro: David Helm, One-to-one Bible reading: a simple guide for every Christian (Sydney: Matthias Media, 2011).
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os níveis pelo poder do Espírito (videira) quanto de todas as estruturas, programas e comissões da sua vida congregacional (treliça). O que estamos dizendo sobre “cultura” é que pouco adianta ensinar algumas novas convicções ou iniciar alguns novos tipos de trabalho de videira, a menos que você também esteja preparado para reformar e aperfeiçoar a treliça que a sustenta e lhe dá estrutura e forma. Ambos devem ser feitos como parte de um pacote total. Embora tenhamos afirmado isso em A treliça e a videira, não nos importamos em admitir que a ênfase geral do livro pode ter mascarado sua importância. Muitos leitores com quem conversamos tiveram a impressão de que basicamente pensamos que “videira = boa” e “treliça = mal necessário”. Isso certamente não é o que pensamos ou queríamos transmitir, e sem dúvida a culpa é nossa. As treliças do ministério não são as vilãs da vida da igreja. O que queríamos afirmar em A treliça e a videira é que é muito possível, e de fato muito comum, ter uma infinidade de programas, atividades e estruturas administrativas — isto é, uma treliça grande, conservada e impressionante — sem que haja realmente muito trabalho da videira — isto é, sem muitas pessoas de fato falando e proclamando a mensagem da Bíblia em todos os níveis na vida da igreja e no mundo. Mas o problema não é que as treliças sejam inerentemente um obstáculo ao trabalho da videira. É que muitas vezes elas não são projetadas e executadas para facilitar e aperfeiçoar o trabalho da videira. Para usar o discurso corporativo, elas não estão “alinhadas”. Elas simplesmente existem. E, como temos discutido, elas geralmente carregam, expressam e reproduzem uma cultura que resiste aos nossos esforços para gerar uma mudança real. Uma treliça pode fortemente apoiar e permitir que o ministério de discipulado aconteça; mas ela também pode trabalhar contra esse tipo de ministério que cresce e floresce em seu meio.
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Isso nos traz de volta à Grande Questão que este livro procura responder: Como mudar a cultura de uma igreja na direção do discipulado? A propósito, como agir na cultura de uma igreja para mudá-la em qualquer direção? A resposta é que você não consegue fazer isso. Você não consegue mudar a cultura trabalhando na cultura, porque a cultura é uma descrição do que vocês se tornaram. É uma forma de resumir a maneira como vocês fazem as coisas, a rede multifacetada de crenças e práticas tácitas, formais e informais, que compõe quem vocês são e como vocês funcionam. Você não pode trabalhar na “cultura”, como tal. Ela é o produto de anos e décadas de práticas baseadas em ideias e ideias expressas na prática. O que você pode trabalhar e mudar são os elementos que produzem cultura: • as crenças e convicções profundamente arraigadas que impulsionam e sustentam sua cultura (nem todas explicitamente expressas); • as atividades, práticas e estruturas que expressam e incorporam essas crenças em todos os níveis da vida da igreja. Você pode trabalhar para gerar mudanças na maneira como as pessoas pensam, e como essas convicções são praticadas em comportamento, estruturas e hábitos — e com o tempo vai olhar para trás e dizer que gerou uma nova “cultura”. Haverá um novo conjunto de crenças básicas e reações típicas; um novo conjunto de hábitos e rituais; um novo conjunto de comportamentos que serão vistos como normais e esperados; um novo conjunto de estruturas e sistemas que sustentam esses novos comportamentos; uma nova linguagem compartilhada; um novo conjunto de memórias sobre as coisas que fizemos juntos, os sucessos e os fracassos.
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Para ilustrar como é esse processo de mudança na prática, entrevistamos vários pastores engajados nesse processo de mudança de cultura em diversos contextos de ministérios.11 Você encontrará trechos dessas entrevistas espalhados em pontos diferentes ao longo do livro .12 Contudo, neste momento, gostaríamos de contar a história de mudança cultural de uma organização secular — um clube esportivo — porque ilustra bem o tipo de processo sobre o qual falaremos. • No final de 2004, Jim foi nomeado treinador principal em um clube semiprofissional de críquete13 em Sydney. As performances do clube durante a temporada anterior foram bem abaixo das expectativas. Dois anos depois da nomeação de Jim, eles haviam vencido vários torneios e o campeonato de clubes. Esta é uma entrevista com Jim sobre como ele começou a transformar a cultura do clube ao longo dos anos. Qual era a situação do clube quando você começou? Tínhamos excelentes instalações e equipamentos, um bom plantel de jogadores e um pequeno núcleo de administradores e voluntários compromissados. Eu também já comecei com o respeito dos jogadores, porque havia recentemente tido sucesso como líder no clube. Nós tínhamos praticamente o mesmo plantel e recursos da temporada anterior, então ficou claro que outras coisas precisavam mudar para que os resultados 11 Utilizamos nomes e detalhes fictícios para as pessoas e igrejas nessas histórias para proteger os envolvidos — tanto do orgulho de serem consideradas como igrejas “bem-sucedidas”, quanto da tentação de mascarar a realidade (se eles soubessem que os membros de suas igrejas ou seus amigos poderiam lê-las). Fora isso, deixamos os envolvidos falarem por si mesmos. 12 N. do E.: As versões completas das entrevistas podem ser encontradas em conteudo.editorafiel.com.br/projetovideira. 13 N. do E.: Jogo realizado em um campo gramado que se parece com o beisebol, criado na Inglaterra no século XVI.
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melhorassem nos anos seguintes. O desempenho dos jogadores em campo era insatisfatório, mas também havia problemas subjacentes que precisavam ser resolvidos. Expectativas e políticas sobre o comprometimento e a seleção da equipe eram pontuais e inconsistentes, e havia pouco ou nenhum desenvolvimento intencional de liderança. Ao mesmo tempo, não estávamos fazendo quase nada para melhorar nosso nível psicológico. É um consenso que o críquete é 90% mental e 10% físico, então precisávamos fazer disso uma parte inegociável de nossas sessões de treinamento. Como você mudou as coisas? O crucial para mim foi desenvolver uma cultura de trabalho em equipe, em vez de individualismo. Se cada membro estivesse comprometido com nossos objetivos, os resultados viriam. Eu acreditava em quatro coisas importantes: • Em primeiro lugar, os jogadores querem fazer parte de algo maior que seu próprio desempenho. Como o beisebol, o críquete é um jogo individual dentro de um jogo de equipe. Eu tive que mudar o pensamento normal de que o valor da contribuição de um indivíduo podia ser medido em pontuações ou estatísticas. • Então eu estava convencido de que, uma vez que dedicam muito tempo a treinos e jogos, os jogadores querem aproveitar essas coisas, junto com o lado social do clube. Então a diversão precisava ser um fator-chave em tudo o que fazíamos. • Também me parece bastante óbvio que todos querem se sentir valorizados. Então, o desafio era ajudar os jogadores a valorizar a contribuição de todos os membros do clube,
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desde a moça da cantina até o presidente do clube. Desenvolvemos uma lista de verificação básica que os capitães checavam com os jogadores ao final de cada partida. Um dos itens da lista perguntava se eles haviam agradecido a algum voluntário do clube durante a semana anterior. Os jogadores logo entenderam o recado sobre o que iríamos valorizar em nosso clube. • Por fim, convenci-me de que o melhor uso do meu tempo era investir na liderança e desenvolver novos líderes. No críquete, o capitão é quem toma as decisões e quem guia e dirige o resultado de sua equipe no dia do jogo. Eu precisava me dedicar ao desenvolvimento dos capitães da equipe (seis deles) e trabalhar com eles para identificar alguns líderes em potencial que eles, por sua vez, poderiam desenvolver. Você definiu metas de desempenho? Nós estabelecemos o alvo desafiador de vencer o campeonato de clubes dentro de dois anos. Cada papel e descrição de trabalho no clube estava ligado ao objetivo final. Também desenvolvemos uma filosofia de “clube em primeiro, time em segundo, jogador em terceiro”. Em um esporte coletivo, isso pode ser uma coisa sutil às vezes. Mas nos certificamos de que a filosofia geral fosse reforçada naquilo que fazíamos, e de que ela fosse visível em todo o clube. Você fez mais alguma coisa para começar a mudar a cultura do clube? Fizemos muitas coisas. Uma que vem à mente foi a maneira como tentamos mudar o pensamento do individualismo
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para o trabalho em equipe. No esporte australiano, gostamos de falar sobre os “um por cento” — as pequenas coisas que os membros da equipe fazem que contribuem para a vitória. Eu senti que isso era um pouco clichê, então peguei emprestado um velho ditado cristão. Adotamos a frase: “Se você fosse preso por jogar em equipe, que provas seriam usadas contra você?”. Todas as semanas, como parte de nossas reuniões de clube, os jogadores precisavam se levantar e dizer: “Billy deve ser preso por jogar em equipe porque foi visto fazendo isso ou aquilo”. Começou bem devagar. Eu tive que dar muitos exemplos a eles, e até mesmo pedir aos jogadores para que passassem a semana atentos a pontos que pudessem compartilhar na reunião seguinte. Após um pouco de resistência nos primeiros meses, os jogadores realmente pegaram o jeito e começaram a perceber todas as pequenas coisas — até mesmo as que eu nunca havia pensado — que fazem um ótimo jogador que trabalho em equipe. Essas sessões semanais tornaram-se muito divertidas, mas o mais importante é que elas reforçavam nossos padrões e valores. O investimento em nossos líderes realmente valeu a pena. Em um clube esportivo, a cultura pode mudar muito rapidamente quando as pessoas veem os líderes mudarem e adotarem um novo tom. O desafio é reforçar continuamente os pontos que você quer ver, tanto sutil quanto abertamente, para que com o tempo se tornem a cultura padrão. • Quanto tempo, esforço, pensamento, energia e suor, quantas lágrimas, retrocessos, sucessos, fracassos, alegrias e tristezas você acha que serão
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necessários para provocar esse tipo de mudança ampla e profunda em qualquer organização — ainda mais, em uma cultura de igreja de longa data? Não será um processo rápido — é por isso que este livro é parte de um projeto de trabalho ao longo de anos, em vez de ser outro livro sobre ministério para ser lido e colocado no lugar em sua estante com todos os outros. Isso exigirá mais tempo, esforço e dons que qualquer indivíduo possua — e é por isso que este é um projeto que deve ser encarado com uma equipe de cooperadores piedosos, comprometidos e com o coração no evangelho, que podem encorajar e sustentar uns aos outros. E é claro, é um trabalho que nenhum de nós é previamente competente para fazer — é por isso que dependemos de Deus. Como o apóstolo Paulo, nós dizemos com gratidão: Não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica. (2Co 3.5-6)
UM PROCESSO DE MUDANÇA Então, por onde começar? Como Craig Hamilton aponta em seu livro Wisdom in Leadership, a maioria dos ministros tem a tendência de começar em um destes dois lugares: Geralmente parece que há duas maneiras de viver quando se trata de estar no ministério cristão. Ou você é uma pessoa da Bíblia ou uma pessoa de liderança. Você lê livros de teologia ou você lê livros de liderança. Você lê livros de Don Carson e John Stott ou lê livros de Bill Hybels e John Maxwell.
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E isso é um problema. Sempre me pareceu um problema porque sou um cara da Bíblia. Sempre fui um cara de doutrina. Vamos falar sobre modelos de expiação e pericorese, enipostático e anipostático, a ordo salutis e todos os outros tipos de palavras em latim. Vamos falar sobre pregação, textos, contextos e subtextos. Eu sempre fui e ainda sou esse tipo de cara. Contudo, como líder em diferentes contextos ao longo dos anos, observei que quando grupos de pessoas se reúnem, funcionam de algumas maneiras previsíveis. Eu sabia que era verdade que eu poderia liderar um grupo bem ou mal. E mesmo que eu tivesse toda sorte de coisas incríveis e transformadoras para ensinar, e mesmo que eu as explicasse da forma mais clara e persuasiva que eu pudesse, ainda tinha que ajudar grupos de pessoas a organizar e realizar coisas. Percebi que a escolha entre um ou outro era falsa — que toda essa conversa sobre liderar pessoas não era necessariamente um pragmatismo incrédulo e distante de Deus. Pelo contrário, tinha a ver com viver com sabedoria e amar o próximo. E ambas as coisas estão na Bíblia e Deus parece pensar que são boas ideias. Assim, concluí que, se eu realmente queria ser um cara da Bíblia, eu provavelmente também precisava ser um cara de liderança, porque não se trata de um ou outro, mas de um e o outro.14
Se você é um “cara da Bíblia”, provavelmente vai querer começar a mudar sua cultura com as convicções teológicas e bíblicas que quer que seu povo afirme, e é bem provável que nunca vá além disso. Se você é um “cara de liderança”, provavelmente ficará ansioso por passar rapidamente pelas questões teológicas, a fim de chegar logo detalhes práticos de análise estratégica e planejamento. 14 Craig Hamilton, Wisdom in leadership: the how and why of leading the people you serve (Sydney: Matthias Media, 2015), 11.
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O processo que estamos prestes a descrever trata enfaticamente de ambos. As convicções e crenças teologicamente orientadas são vitais e fundacionais — precisamos de tempo para explorá-las e aperfeiçoá-las e para vivê-las e respirá-las. Mas as práticas, programas, atividades e estruturas que expressam que dão forma e facilitam a vivência de nossas convicções são igualmente vitais. Isso significa que o trabalho em longo prazo é necessário neste momento. Queremos encorajá-lo a não desistir no meio dele — porque você será tentado a fazê-lo. O processo que estamos prestes a apresentar dificilmente pode ser considerado revolucionário ou controverso. É um procedimento bastante comum que qualquer organização pode aplicar para gerar mudanças organizacionais ou culturais significativas. Ele possui cinco fases: • Fase 1: Aprofundar suas convicções — mergulhe na Bíblia e em sua teologia para esclarecer o que você crê a respeito de discipulado e ministério. • Fase 2: Reformar sua cultura pessoal — certifique-se de que suas convicções tenham penetrado na cultura de sua própria vida; que você está demonstrando suas convicções pela forma como você vive e ministra aos outros. • Fase 3: Avaliação amorosa e honesta — faça um exame cuidadoso de tudo o que acontece em sua igreja para ver como ela está adequada com suas convicções: em que áreas sua cultura reflete melhor suas convicções, onde elas estão mais fracas e onde está o maior potencial de crescimento e mudança? • Fase 4: Inovar e implantar — defina o que você quer parar de fazer, começar a fazer e continuar fazendo; planeje novos caminhos para o discipulado e defina como implantá-los ao longo do tempo.
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• Fase 5: Manter o ímpeto — monitore e analise como o projeto está acontecendo; veja os obstáculos e descubra como superá-los; crie um movimento e mantenha seu ímpeto.
Fase 1: aprofundar convicções
Fase 2: reforma pessoal
Fase 3: avaliação amorosa
Fase 4: inovar e implantar
Fase 5: manter movimento
Cada uma dessas fases levará algum tempo para ser concluída. De fato, algumas (como a Fase 2), por definição, nunca serão concluídas. Contudo, há uma lógica em como as fases se seguem e se baseiam umas nas outras. Nós reforçamos o conselho para que você não passe rápido demais por qualquer uma delas, mas gaste tempo para fazer o trabalho refletida e cuidadosamente. Manobrar um transatlântico demanda grandes quantidades de energia e tempo. Mas depois que você tiver gasto essa energia e tempo e estabelecido uma nova direção (e um novo destino), o movimento pode trabalhar a seu favor. Diferentes igrejas e ministérios passarão por essas fases em ritmos diferentes. Você precisará elaborar um plano adequado ao seu próprio contexto (e, sem dúvida, modificar esse plano à medida que avança). A proposta a seguir é o que nós consideramos como cerca de um padrão de prazos para uma igreja “média” imaginária. Ela pressupõe que você se reúna regularmente com seus colegas escolhidos para a “Equipe do Projeto Videira” para uma reunião de duas horas e também marque algumas reuniões prolongadas em diferentes momentos — por exemplo, no sábado de manhã ou em um retiro de final de semana.
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Mudando a cultura
FASE
CONTEÚDO
Lançamento e preparação do cenário
Lançar a equipe (de preferência, com uma refeição ou componente social), discutir “mudança da cultura”, elaborar um plano para os encontros de equipe
Reunião prolongada (com refeição)
Ler e discutir convicção 1
Uma reunião
Ler e discutir convicção 2
Uma reunião
Ler e discutir convicção 3
Uma reunião
Ler e discutir convicção 4
Uma reunião
Ler e discutir convicção 5
Uma reunião
Resumir e integrar
Reunião prolongada
Ler e discutir Fase 2
Uma reunião
Discutir e orar sobre planos pessoais
Uma reunião
Implantar planos pessoais
Mínimo de 3 meses (continuar reuniões para discutir e revisar planos pessoais)
Ler Fase 3 e fazer Exercício de avaliação 1
Uma reunião
Outros exercícios de avaliação
Reunião prolongada
Resumo/conclusões
Uma reunião
Ler e discutir introdução, Área de foco 1
Reunião prolongada
Área de foco 2
Reunião prolongada
Área de foco 3
Reunião prolongada
Área de foco 4
Reunião prolongada
Integrar e finalizar planos
Reunião prolongada
Ler e discutir Fase 5
Uma reunião
Revisar planos, decidir sobre reuniões seguintes
Reunião prolongada
1: Aprofundar convicções
2: Reforma pessoal
3: Avaliação amorosa
4: Inovar e implantar
5: Manter o movimento
TEMPO APROXIMADO
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DISCUSSÃO 1) Se vocês tivessem que resumir a cultura de sua igreja em um slogan de duas ou três palavras, qual seria? 2) Tentem identificar os principais hábitos, atividades e tradições que expressam e reforçam a cultura de sua igreja. 3) Das cinco fases do processo que estamos prestes a iniciar, qual vocês consideram mais difícil? Por quê? 4) No processo que descrevemos, qual etapa de trabalho lhes trazem maior expectativa?
Fase 1
Convicções Aprofundando as
Introdução Temos sugerido que gerar uma mudança efetiva e duradoura na cultura de sua igreja envolverá tanto as convicções (ou teologia) que você defende e ensina em espírito de oração, quanto as estruturas, hábitos, práticas, programas e relacionamentos que expressam e apoiam essas convicções. Ambos os aspectos são importantes e certamente estão ligados. Convicções levarão a certas práticas; as práticas expressarão e serão baseadas em certas convicções. E em conjunto, convicções e práticas geram uma cultura — uma “maneira de fazer as coisas por aqui”. Os dois principais problemas que quase toda cultura de igreja enfrenta são: • falta de clareza compartilhada sobre as convicções básicas (ou seja, nem todos têm uma compreensão clara e compartilhada de quem somos e do que estamos tentando fazer juntos sob a orientação de Deus); • falta de alinhamento entre convicções e prática (ou seja, muitas coisas diferentes acontecem na igreja que não refletem mais nossas convicções, se é que já refletiram; ou pior, que refletem e reforçam outras convicções que nos são estranhas). Caso você esteja preocupado com a possibilidade de começarmos a usar linguagem de negócios neste momento, e logo estarmos falando sobre intenção estratégica, alavancagem de ativos e indicadores de desempenho, tudo o que estamos dizendo é que temos que trabalhar tanto
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com as nossas crenças quanto com a nossa prática, tanto as nossas convicções quanto nossas estruturas, se queremos ver uma mudança real. Não há muita controvérsia nisso. Não é nada radical dizer que um bom lugar para começar o processo é com nossas convicções; com o coração e a alma; com o que realmente cremos. Precisamos ter um alto grau de clareza compartilhada sobre o que acreditamos, se desejamos realmente gerar uma mudança real para toda a cultura que expressa e materializa essas crenças. Sem gastar todo o tempo e espaço que seria preciso para defender isso aqui, vamos partir do pressuposto de que a clareza que estamos procurando deve ser buscada na Bíblia — e não através de um meio termo entre as várias opiniões que venham a existir em nosso meio. Não estamos à procura de clareza e concordância a qualquer custo. O que buscamos é uma compreensão clara, aguçada e compartilhada da verdade das Escrituras sobre a vida e o ministério cristão, para servir como base sólida e estrutura para toda a cultura de nossa igreja.
CINCO CONVICÇÕES As cinco convicções que estamos prestes a explorar capturam o que consideramos ser o coração do discipulado bíblico, de fazer discípulos e do ministério. Talvez isso nem precisasse ser dito, mas não acreditamos nem por um minuto que a nossa maneira de fazer isso é a única maneira de fazer isso. De fato, um elemento essencial dessa primeira fase do processo é que você crie sua própria maneira de expressar e comunicar as convicções profundas e compartilhadas que devem impulsionar tudo que vocês farão. Tampouco pensamos que paramos de aprender e crescer em nossa própria compreensão desses assuntos. De muitas maneiras, as convicções que se seguem são uma reafirmação (usando uma estrutura diferente) dos princípios do ministério teologicamente orientado que articulamos
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Introdução
em A treliça e a videira, refletindo tudo o que aprendemos nos últimos seis anos de ampla discussão, leitura e reflexão. Estamos ansiosos para que esse processo continue! Dito isso, obviamente consideramos que as cinco convicções a seguir são uma expressão verdadeira e útil do que a Bíblia diz sobre discipulado e ministério. Como qualquer conjunto de princípios fundamentais, eles buscam dizer tudo o que é necessário para ser uma base de ação conjunta. E cada princípio se esforça para ser objetivo e completo em si mesmo (isto é, não simplesmente repetir algum aspecto de um dos outros princípios). As cinco convicções são construídas em torno de cinco questões-chave relacionadas ao “discipulado” e a fazer discípulos, a saber: • • • • •
Por que fazer discípulos? O que é um discípulo? Como se faz um discípulo? Quem faz discípulos? Onde fazer discípulos?
Respondendo a cada uma dessas questões, bíblica e teologicamente, você deve ser capaz de construir uma visão coerente do que é discipulado, e do que isso significa para a sua igreja. (O capítulo de resumo e o diagrama ao final das cinco convicções também deve ajudá-lo a fazer isso). Vamos começar, então, com a pergunta do “porquê”.
Convicção 1: Por que fazer discípulos?
P
or que é importante fazer discípulos? Eu suponho que poderíamos responder a essa pergunta poupando algum tempo simplesmente citando Mateus 28.19 e dizendo: “Porque Jesus nos mandou”. E isso é certamente verdade. Com toda a autoridade que possui como o Senhor ressurreto do céu e da terra, Jesus realmente deu a seus discípulos a tarefa de ir e fazer discípulos de todas as nações. No entanto, em sua generosidade e gentileza para conosco, Deus fez mais do que nos dar um simples comando (“Apenas vá, faça e pare de reclamar”). Ele revelou muito, muito mais. Ele nos mostrou por que “fazer discípulos” é tão importante e urgente. De fato, ele nos confiou um segredo que explica a natureza e o destino de tudo em nosso mundo, incluindo nós e nossas vidas, nossas igrejas e muito mais. De muitas maneiras, a Bíblia é a história desse segredo sendo revelado. Toda a primeira metade da Bíblia apresenta o problema e a promessa de uma solução — mas uma solução que está oculta nas nuvens impenetráveis do futuro. Os profetas e sábios do Antigo Testamento falaram deste futuro, e ansiavam por conhecê-lo e vê-lo, mas não tiveram nada além de um vislumbre ao longe.16 15
15 Talvez fosse mais lógico perguntar “o que é um discípulo?” antes de perguntarmos por que devemos fazê-los, mas por razões que devem se tornar óbvias à medida que você lê, decidimos começar com a pergunta “por quê”. Chegaremos a “o quê” na nossa segunda convicção. 16 1Pe 1.10-12.
50 PROJETO Videira
Este mistério que o Antigo Testamento tenta ansiosamente ver, o Novo Testamento proclama como de forma aberta, às claras, no Senhor Jesus Cristo. O eterno propósito de Deus para todo o seu mundo está agora disponível para todos verem, tocarem e ouvirem: O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros (1Jo 1.1-3).
Os apóstolos vão pelo mundo proclamando essa notícia extraordinária — que a vida que estava com o Pai, que era desde o princípio, que traz a vida eterna, agora foi “manifestada” na pessoa de Jesus. Essa revelação do segredo de Deus é como o momento “Aha!” no final da história de mistério, quando todas as pistas e peças do quebra-cabeça se encaixam. Agora, finalmente, podemos ver qual era o plano o tempo todo. Nesta primeira convicção, vamos explorar e esclarecer exatamente o que é esse extraordinário plano de Deus — pois isso nos ajudará a compreender mais clara e poderosamente por que “fazer discípulos” é algo de importância tão urgente.
REDIMINDO UM POVO PARA SEU FILHO Qual é o plano de Deus para nós e nosso mundo? Há muitas passagens espalhadas pelo Novo Testamento que respondem a essa pergunta e, embora as respostas dadas por elas empreguem palavras e metáforas diferentes, a essência delas é notavelmente semelhante.
51 FASE 1: APROFUNDANDO AS CONVICÇÕES
Convicção 1: Por que fazer discípulos?
Vamos dar apenas alguns exemplos, começando pelo final do Novo Testamento e voltando para trás.17 Em Apocalipse 7, o apóstolo João avista uma multidão incontável, de todas as nações, povos e línguas imagináveis, todos em pé diante do trono de Deus e diante do Cristo crucificado e ressurreto, que é representado simplesmente como o Cordeiro. E esta vasta multidão, cujas magníficas vestes foram tornadas brancas pelo sangue do Cordeiro, clama em celebração: “Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação”!18 Eles podem mesmo celebrar, pois servirão na sala do trono de Deus, e serão protegidos por sua própria presença. As devastações e frustrações da vida terrena — fome, sede, calor escaldante, lágrimas — não existirão mais, mas, ao contrário, serão cuidadas pelo Cordeiro, que é ao mesmo tempo seu pastor: Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram? Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro, razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo. Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima (Ap 7.13-17).
Observe os elementos neste quadro dos momentos definitivos do futuro: o Cristo crucificado e ressurreto está presente, governando com 17 Apenas resumiremos brevemente os principais pontos dessas passagens; em sua discussão (veja o guia no final desta convicção), reserve um tempo para lê-las e explorá-las por si mesmo. 18 Ap 7.10.
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Deus; por sua morte ele purificou e reuniu um povo de todas as nações ao redor do trono de Deus; e os danos do pecado, do mal e da morte não existem mais. O livro de Apocalipse desvenda para nós outras cenas de tirar o fôlego sobre o propósito final de Deus para sua criação; mas vamos voltar algumas páginas para o livro de Hebreus, onde o capítulo 12 nos mostra outra imagem do plano final de Deus para todas as coisas. Novamente, é uma vasta assembleia. Desta vez, o local é descrito como a Jerusalém celestial, com inúmeros anjos presentes, juntamente com todos aqueles que estão registrados no céu e os espíritos dos justos aperfeiçoados. Mais uma vez, há duas figuras no centro — Deus, o juiz de todos, e Jesus, o mediador de uma nova aliança, cujo sangue aspergido fala de algo superior ao sangue do assassinado Abel. Novamente, observe os elementos: Deus, seu Filho ressurreto, a alegre reunião das pessoas que foram aspergidas por seu sangue e o contraste com o mal e a morte: Ora, não tendes chegado ao fogo palpável e ardente, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao clangor da trombeta, e ao som de palavras tais, que quantos o ouviram suplicaram que não se lhes falasse mais, pois já não suportavam o que lhes era ordenado: Até um animal, se tocar o monte, será apedrejado. Na verdade, de tal modo era horrível o espetáculo, que Moisés disse: Sinto-me aterrado e trêmulo! Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembleia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel (Hb 12.18-24).
53 FASE 1: APROFUNDANDO AS CONVICÇÕES
Convicção 1: Por que fazer discípulos?
Voltar mais algumas páginas nos leva à pequena carta de Paulo a Tito, que se concentra principalmente em como o povo de Deus deve viver agora — na igreja, em seus lares, na sociedade — considerando seu lugar no plano de Deus que está em andamento. No final do capítulo 2, há uma descrição resumida do que é esse plano, girando em torno das duas “aparições” de Jesus Cristo. A primeira foi quando ele apareceu como a graça de Deus para trazer a salvação para todas as pessoas e para nos treinar a viver não mais na impiedade e nas paixões mundanas, mas de maneira piedosa e sensata nesta era presente. A segunda aparição é a que ainda estamos aguardando: Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras (Tt 2.11-14).
O fim para o qual o plano está se dirigindo mais uma vez envolve um povo que foi redimido do mal pela generosa doação de Jesus Cristo — um povo, neste caso, purificado e ansioso por fazer o bem. Vamos voltar ao Novo Testamento, desta vez ao capítulo de abertura de Colossenses. Aqui Paulo lembra aos seus leitores que Deus gerou uma mudança revolucionária em suas vidas. Ele os resgatou e redimiu da escuridão em que foram escravizados, perdoou seus pecados e deu-lhes uma herança no reino cheio de luz de seu amado Filho.19 E esse Filho, esta figura majestosa e preeminente, está no centro da imagem mais uma vez. Ou melhor, ele está no começo, no meio e no final da imagem: 19 Cl 1.13-14.
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Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus (Cl 1.13-20).
No Filho todas as coisas foram criadas, nele todas as coisas subsistem, e nele todas as coisas encontram seu propósito e realização. E novamente, como nas outras passagens que examinamos, Deus reuniu uma congregação de pessoas de todas as nações — uma igreja — da qual Jesus é o cabeça. Poderíamos continuar e encontrar ensinamentos semelhantes em vários outros lugares. Poderíamos olhar para o extraordinário capítulo de abertura de Efésios, com sua história cósmica do plano de como Deus, desde antes do início dos tempos, começou a escolher e redimir, perdoar e adotar um povo santo para si mesmo por meio do sangue de Jesus Cristo — um plano para o mundo inteiro, tanto para judeus como gentios, o qual, na plenitude dos tempos, chegará ao fim quando todas as coisas estiverem unidas sob Cristo. Ou poderíamos escalar até o topo da montanha de Romanos 8, e de lá ver a magnífica vista do plano eterno de Deus: enviar seu Filho na carne para salvar seu povo da condenação; dar a eles seu Espírito como garantia de que agora são seus filhos adotivos enquanto aguardam a
55 FASE 1: APROFUNDANDO AS CONVICÇÕES
Convicção 1: Por que fazer discípulos?
criação renovada por vir; predestinar, chamar, justificar e glorificar todos aqueles a quem ele escolheu para serem refeitos à imagem deste Filho. Isso é como Tito 2 — o novo povo que Deus está reunindo terá um novo caráter. A imagem marcada e desfigurada que eles carregam será refeita para que seja como o próprio Jesus, que é a imagem verdadeira e perfeita de Deus.
DESTE MUNDO TENEBROSO Um fio comum que atravessa a maioria dessas passagens extraordinárias é que as pessoas que Deus está reunindo em seu reino são de todas as nações. Para nossos ouvidos modernos, essa ideia parece bastante encantadora — que todos os povos da Terra sejam finalmente reunidos e celebrem juntos, apesar de todas as diferenças linguísticas e culturais que nos separam; uma espécie de Nações Unidas celestial na qual toda a rica diversidade da humanidade é representada. Afinal, é assim que a maioria de nós, no Ocidente pós-iluminista, aprendeu a pensar sobre a diversidade da linguagem e da cultura humanas — como uma tapeçaria humana deslumbrante, com cada povo contribuindo com suas cores e linhas únicas e maravilhosas. E, de fato, encontramos toda a bondade e beleza que Deus teceu em sua criação presente em cada canto dela. Mas, na descrição bíblica da história e do plano de Deus, a diversidade das nações espalhadas pelo mundo tem um lado sombrio. É uma consequência do julgamento de Deus em Babel.20 De acordo com Paulo em Atos 17, isso deveria conduzir a uma busca humilde pelo verdadeiro Deus que nos espalhou.21 A reunião de todas as nações ao redor do trono de Deus em Apocalipse é menos uma celebração da diversidade cultural, e mais uma celebração de como Deus superou o problema fundamental 20 Gn 11.1-9. 21 At 17.26-27.
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que todas as nações compartilham — que “todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus”.22 Usando uma linguagem familiar ao Novo Testamento, o que todas as culturas e nações humanas compartilham profundamente é o fato de que todos nós vivemos em trevas. Vemos isso poderosamente em Efésios, que, talvez mais do que qualquer outro livro do Novo Testamento, revela a unidade radical da humanidade atualmente — porque a barreira entre judeus e gentios foi quebrada e juntos temos acesso ao mesmo Pai, e somos cidadãos e membros de uma só casa de Deus. Mas Efésios também insiste que a razão pela qual agora estamos tão unidos em Cristo é que também estivemos unidos no pecado: Ele vos deu vida, estando vós [os gentios] mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós [ou seja, os judeus também] andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus (Ef 2.1-7). 22 Rm 3.23-24.
57 FASE 1: APROFUNDANDO AS CONVICÇÕES
Convicção 1: Por que fazer discípulos?
Alguns capítulos depois, Paulo chama esse estado perdido e cativo em que estávamos simplesmente de “trevas”: “Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor”.23 Este incrível mundo em que vivemos, que o generoso criador Deus encheu de beleza, bondade, relacionamentos e amor — este mundo também é corretamente descrito como “este mundo tenebroso”.24 Esse é um aspecto importante do “porquê” fazer discípulos. O plano de Deus é uma missão de resgate para um povo aprisionado em uma escuridão terrível e inescapável. O mundo em que vivemos não é território neutro. Não é um lugar ensolarado e claro onde pessoas legais simplesmente tocam suas vidas, trabalhos e interesses, e em que os cristãos são pessoas que por acaso têm um interesse particular em ir à igreja. É claro que às vezes isso pode parecer assim — especialmente para aqueles de nós abençoados por viver em partes calmas e prósperas do mundo ocidental. Vivemos e respiramos em meio a uma multidão de cidadãos educados, saudáveis e pacíficos, vivendo uma vida aparentemente iluminada pelo trabalho prazeroso, comida abundante, bom entretenimento e amigos e familiares amados. Nossas TVs nos asseguram isso mesmo, e que a invasão ocasional da escuridão em nossas vidas confortáveis é apenas uma falha, uma anomalia. A transmissão normal será retomada o mais breve possível. Mas a exposição e imersão diária nessa visão de mundo frequentemente muda nossa percepção deste “mundo tenebroso”. É como se o interruptor de uma luminária estivesse ligado; a escuridão não parece tão sombria, e as pessoas não parecem tão perdidas nela. Isso tem múltiplos efeitos e consequências para nossa vida cristã; porém, talvez o mais sério seja o quão drasticamente isso diminui a urgência de se fazer novos discípulos de Cristo. Nós facilmente nos acomodamos 23 Ef 5.8. 24 Ef 6.12. Observe também as palavras de Jesus em João 12.46: “Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas”. Veja também Colossenses 1.13.
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em uma confortável rotina semanal de igreja, onde estamos felizes por estarmos juntos e ajudando uns aos outros a crescer como discípulos de Cristo, e (sinceramente) estamos razoavelmente satisfeitos com o mundo ao nosso redor seguindo a passos largos rumo ao inferno. Paramos de notar como as trevas são profundas, como nossos vizinhos, amigos e comunidade estão perdidos e cegos, e como é desesperador e triste o sofrimento dos milhões que “permanecem nas trevas”.25 A famosa (e chocante) Visão dos perdidos de William Booth vem à mente. Vale a pena lê-la na íntegra, mas aqui está apenas uma amostra: Eu vi um oceano escuro e tempestuoso. Sobre ele as nuvens negras pendiam pesadamente; através delas, de vez em quando ventos vívidos gemiam, e as ondas cresciam e espumavam, subiam e quebravam, apenas para crescer e espumar, subir e quebrar novamente. Naquele oceano, pensei ter visto miríades de pobres seres humanos mergulhando e flutuando, gritando e gemendo, praguejando, lutando e se afogando; e enquanto praguejavam e gritavam, subiam e gritavam novamente, e então alguns afundavam para não mais subir. E vi para além desse oceano escuro e furioso, uma rocha imponente cujo cume se elevava muito acima das nuvens negras que pairavam sobre o mar tempestuoso. E ao redor da base dessa grande rocha eu vi uma vasta plataforma. Nessa plataforma, vi com deleite que alguns desses pobres náufragos se arrastavam para fora do oceano furioso. E vi que alguns dos que já estavam seguros na plataforma estavam ajudando aquelas pobres criaturas ainda nas águas raivosas a alcançar o local de segurança. Ao olhar mais de perto, encontrei alguns que haviam sido resgatados, projetando e trabalhando diligentemente em escadas, cordas, barcos e outros meios mais eficazes para salvar do mar 25 Jo 12.46.
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Convicção 1: Por que fazer discípulos?
aqueles pobres desesperados. Aqui e ali havia alguns que até mesmo pulavam na água, não obstante as consequências, em sua paixão por “resgatar os que perecem”. E mal sei o que mais me alegrava: a visão dos pobres afogados subindo nas rochas, alcançando um lugar de segurança, ou a devoção e abnegação daqueles cujo ser inteiro estava envolvido no esforço de sua salvação. Quando observei, vi que os ocupantes daquela plataforma eram um grupo bastante diverso. Ou seja, eles estavam divididos em diferentes “grupos” ou classes, e se ocupavam com prazeres e labores diferentes. Mas apenas alguns poucos deles pareciam se ocupar em tirar as pessoas do mar. Mas o que mais me intrigou foi o fato de que, embora todos tivessem sido resgatados do oceano em determinado momento, quase todos pareciam ter se esquecido disso. De qualquer forma, parecia que a lembrança de sua escuridão e perigo não mais os incomodava. E o que me pareceu igualmente estranho e alarmante foi que essas pessoas nem pareciam ter qualquer preocupação — isto é, nem mesmo uma angústia — pelos pobres que se debatiam, perecendo afogados diante de seus próprios olhos... muitos dos quais eram seus próprios maridos e esposas, irmãos e irmãs, e até mesmo seus próprios filhos.
FAZER MAIS DISCÍPULOS A história do Novo Testamento é a mesma, repetidas vezes. Este mundo atual necessita urgentemente de libertação das trevas do pecado, do sofrimento, do mal e da morte; e Deus está fazendo exatamente isso: ele está resgatando um povo, de todas as nações, por meio da morte e ressurreição de Jesus Cristo — pessoas que estão sendo transformadas para serem como Jesus, e que se reúnem em celebração ao redor do trono de Cristo em uma nova criação onde o mal e a morte não existem mais.
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Se precisássemos de mais imperativos além daquele explícito em Mateus 28, essa imagem certamente nos forneceria. As multidões à nossa volta neste mundo tenebroso precisam desesperadamente ser resgatada, e o plano de Deus ao longo de toda a história é fazer exatamente isso — salvar e transportar os pecadores redimidos para o reino de seu Filho. Essa compreensão do plano de Deus para todos os lugares e épocas nos dá uma perspectiva diferente sobre “fazer discípulos”. É como uma imagem mais ampla, que explica o que realmente está acontecendo. Pense nisso por um momento. O que você acha que está realmente acontecendo quando seu amigo descrente Fred se torna um discípulo de Jesus e se une a uma igreja? De acordo com o mundo, o que está acontecendo é que, por uma série de razões pessoais e situacionais, Fred está se voltando para a religião e a espiritualidade para suprir certas necessidades de sua vida — de significado, pertencimento, conforto, segurança, de aprimoramento pessoal e outras coisas mais. O mundo pode ver isso como um desenvolvimento positivo para Fred ou não, mas, seja lá qual for sua avaliação, será em termos das várias maneiras pelas quais a “fé” ajuda as pessoas a melhorarem suas vidas. De acordo com alguns cristãos, o que está acontecendo não é muito diferente da descrição do mundo, com a exceção de que o Deus ao qual Fred está se convertendo realmente existe, e realmente ajudará Fred a melhorar sua vida. Ou seja, a principal consequência de Fred se tornar cristão é uma vida melhor para ele — mais significativa, correta e amorosa, mais equilibrada e espiritual, possivelmente ainda mais próxima de torná-lo o Fred que ele deveria ser. De acordo com muitos outros cristãos, este foco no cristianismo “melhorando nossas vidas no agora” é um pouco enganador e não muito espiritual. Eles diriam que o que está realmente acontecendo é que Deus está dando a Fred algo muito melhor e mais valioso do que qualquer melhoria de vida que ele possa imaginar, que é um novo relacionamento
61 FASE 1: APROFUNDANDO AS CONVICÇÕES
Convicção 1: Por que fazer discípulos?
pessoal com Deus por meio de Jesus — um relacionamento que lhe dá salvação e paz com Deus agora, e acesso ao céu quando ele morrer. Agora, esta última descrição está chegando mais perto e, de fato, é perfeitamente verdadeira. Mas precisa ir além. Quando ampliamos ainda mais e olhamos para o que está acontecendo com Fred, sob a luz do que acabamos de ver na Bíblia, podemos dizer que o que está acontecendo não tem a ver apenas com Fred, ou, na verdade, nem é primariamente a respeito dele. O que está acontecendo, surpreendentemente, maravilhosamente, é que Deus continua a mover toda a história — neste caso, o pequeno fragmento da história humana que é Fred — em direção ao seu objetivo final. Com a conversão de Fred, Deus está colocando mais um tijolo em um templo espiritual eterno fundado em Cristo e para a glória de Cristo.26 Jesus está edificando sua igreja,27 sua congregação, sua assembleia, seu grande ajuntamento da humanidade redimida que um dia se reunirá ao redor dele em um novo céu e nova terra — e ele está fazendo com um Fred de cada vez. É por isso que queremos fazer mais e mais discípulos de Jesus Cristo: porque o objetivo de Deus para todo o mundo e toda a história humana é glorificar seu amado Filho no meio do povo que ele resgatou e transformou. Podemos representar isso em um diagrama como este: Resgatados e transformados
Domínio das trevas
Reino do Filho Um povo redimido ao redor do Cristo ressurreto
26 1Pe 2.4-5. 27 Mt 16.18.
62 PROJETO Videira
Como todas as tentativas de representar visualmente esse tipo de ideia, reconhecemos que haverá falhas e simplificações em nosso diagrama. Ficaríamos felizes se você o aprimorasse (e, por favor, entre em contato para compartilhar suas melhorias). Continuaremos adicionando componentes a este diagrama nas páginas seguintes, enquanto trabalhamos as cinco convicções.28 • Essa deve ser a nossa primeira e fundamental convicção, porque ela dá forma e determina todo o resto. Ela nos lembra de que fazer discípulos não é primordialmente uma atividade humana com objetivos que estabelecemos (embora o seja, de maneira secundária). Tudo que acontece no ministério cristão e na igreja, e tudo que acontece em nossas vizinhanças, famílias e locais de trabalho, é parte do que Deus está fazendo para levar todas as coisas inexoravelmente a seu objetivo e fim — que é Jesus Cristo.
DISCUSSÃO Aqui estão algumas sugestões para ajudá-lo a trabalhar o conteúdo desta seção com uma equipe. Para esta e cada uma das convicções seguintes: • Antes de se reunir, cada membro da equipe deve ler o texto que expõe a convicção, marcando-o no processo. Sublinhem as coisas que vocês acham que são particularmente importantes; coloquem pontos de interrogação ao lado de coisas que você não tem certeza de que estão certas ou que você não entende completamente. Este é um livro que você tem permissão para rabiscar. 28 Tentamos representar a tensão entre o “já” e o “ainda não” desta presente era maligna, “inserindo” o reino do Filho no “domínio das trevas”. O domínio das trevas ainda existe, ainda que pessoas estejam sendo transferidas para o reino do Filho. Ele só será finalmente destruído no último dia, quando a nova criação surgir.
63 FASE 1: APROFUNDANDO AS CONVICÇÕES
Convicção 1: Por que fazer discípulos?
• Quando vocês se reunirem, comece compartilhando seus rabiscos. O que vocês acharam particularmente impressionante, útil ou desafiador? Onde estavam seus pontos de interrogação? • Analisem todas as sugestões de perguntas de discussão, passagens bíblicas e atividades que considerarem úteis. • Concluam cada discussão com oração. 1) Leiam pelo menos quatro das seguintes passagens (que mencionamos acima): Apocalipse 7.9-17; Hebreus 12.18-24; Tito 2.11-14;
Colossenses 1.13-20; Efésios 1.1-14; Romanos 8.
Em cada passagem, observem especialmente o que vocês podem aprender sobre: a) o fim para o qual Deus está direcionando tudo (incluindo nós); b) o lugar de Jesus Cristo nos planos de Deus; c) o significado da morte de Jesus para os planos de Deus; d) o lugar da humanidade nos planos de Deus; e) por que fazer discípulos é importante. 2) Por que vocês acham que muitas igrejas perdem a motivação e a urgência de fazer mais discípulos de Jesus? (Como você descreveria sua própria urgência para a tarefa? E a da sua igreja?) 3) Veja de quantas maneiras diferentes é possível concluir esta frase de forma verdadeira: Nós fazemos discípulos porque…
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“Este livro expõe uma mudança crucial que é necessária à maneira de pensar de muitos pastores. Os autores ouviram cuidadosamente a Bíblia. O resultado é um livro bem escrito e bem ilustrado, porém, muito mais do que isso, um livro cheio de sabedoria bíblica e conselho prático. Este é o melhor livro que já li sobre a natureza do ministério.” — Mark Dever, pastor da Capitol Hill Baptist Church (Washington/D.C.)
UM PROJETO EM GRUPO Projeto Videira não é um livro que você conseguirá ler de maneira bem-sucedida sozinho. Para que haja qualquer crescimento ou mudança reais na cultura de sua igreja, você precisará trabalhar tudo isso com uma equipe. Por isso queremos disponibilizar gratuitamente o guia de estudo para ajudá-los nesse processo. Acesse e baixe gratuitamente o guia de estudo: conteudo.editorafiel.com.br/projetovideira
RECURSOS ADICIONAIS sobre evangelização, discipulado e igreja.
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