Degustação - Chaplin, um tesouro em preto e branco

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Flávia Muniz flávia muniz

Esta é a história de uma menina que adora domingos: dia de ir ao cinema com o pai. Em uma das sessões, ela fica fascinada pelo filme e, mais do que isso, pelo jeito especial de contar a história: ela conhece uma das mais belas obras criadas por Charles Chaplin para o cinema!

Ilustrações Adriana Alves

Se uma imagem vale mais que mil palavras, quanto valem Charles Chaplin — Um tesouro em preto e branco

as palavras que procuram descrever os sentimentos de admiração de uma criança, suas lembranças de riso e de lágrimas, ao vivenciar a descoberta da arte, a emoção maior que lhe toca o coração para sempre? Este livro é uma homenagem ao autêntico gênio artístico, ator, diretor, roteirista, compositor e cineasta Charles Chaplin (1889-1977), conhecido em todo o mundo, e ao seu personagem imortal e inesquecível, Carlitos. Esta edição inclui textos informativos sobre Chaplin e sua filmografia, glossário de termos técnicos do cinema e uma linha do tempo que localiza a época e os filmes desse

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Charles Chaplin um tesouro em preto e branco

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grande diretor.

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Copyright © Flávia Muniz, 2017 Todos os direitos reservados à EDITORA FTD S.A. Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. (0-XX-11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 Internet: www.ftd.com.br E-mail: projetos@ftd.com.br Charlie Chaplin ™ © Bubbles Incorporated SA 2017 “City Lights” © Roy Export S.A.S. All Rights Reserved

Diretora editorial Ceciliany Alves Gerente editorial Isabel Lopes Coelho Editora Débora Lima Editor especialista Luís Camargo Textos informativos Leonardo de Sousa Klein Supervisora de arte Karina Mayumi Aoki Projeto gráfico e diagramação Daniel Justi Editoração eletrônica Heidy Clemente e Paulo Minuzzo Preparação Denise de Almeida Revisão Juliana Alexandrino Supervisora de iconografia Elaine Bueno Pesquisadoras iconográficas Érika Nascimento e Rosa André Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno Flávia Muniz é escritora de literatura para crianças e jovens. Formada em Pedagogia com especialização em Orientação Educacional pela PUC de São Paulo, tem obras selecionadas pela FAE e pelo PNBE, foi indicada três vezes ao prêmio Jabuti e recebeu, da Associação Paulista dos Críticos de Arte, o prêmio de Melhor Livro Juvenil em 1991. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Muniz, Flávia Charles Chaplin – Um tesouro em preto e branco / Flávia Muniz ; ilustrações Adriana Alves. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2017. ISBN: 978-85-96-00969-0 1. Contos - Literatura infantojuvenil. I. Alves, Adriana. II. Título. 17-02101

CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático: 1. Contos : Literatura infantil 028.5 2. Contos : Literatura infantojuvenil 028.5

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FLÁVIA MUNIZ

CHARLES CHAPLIN um tesouro em preto e branco

Ilustrações Adriana Alves 1a edição

São Paulo — 2017

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Este livro é um tributo ao artista Charles Chaplin e a tudo que ele nos concedeu apenas por existir, sonhar e lutar para realizar seus sonhos.

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Era domingo. Eu estava na janela aguardando a chegada de meu pai. Ele viria para o almoço e passaria a tarde comigo, como sempre. Nós não morávamos juntos ainda. Ele tinha um novo emprego e tentava dar certo na vida, em São Paulo. E enquanto ele se arranjava com isso, eu vivia com minha avó. Era bom ver meu pai depois de tantos dias de ausência. Suas visitas eram sempre cercadas de emoção. Ele tomava minhas lições, treinava comigo a tabuada e ficava meio bravo quando eu não dominava muito bem alguma coisa. Para compensar, eu mostrava a ele meus cadernos caprichados, meus desenhos de castelos e exibia meus livros, sempre encapados, sem marcas ou rabiscos. Após o almoço, quase sempre uma deliciosa macarronada, depois de longas conversas com minha avó, finalmente se aproximava a hora de que eu mais gostava: ir ao cinema! Sim, meu pai era exato nesse ponto. Todo domingo ele me levava ao cinema do bairro. Era bem pertinho de casa, dava para ir a pé, coisa de três quarteirões. E, depois do filme, nós costumávamos comer cachorro-quente com batata frita e tomar suco de uva na lanchonete que ficava bem ao lado. Ah! Eu adorava os domingos! Então, após me despedir da avó, lá íamos eu e ele, caminhando pela rua, conversando sobre coisas sérias demais para uma filha ainda criança. Mas meus pensamentos iam bem longe dali...

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Já nos encontrávamos naquele prédio grande e bonito, com tapete vermelho na entrada, portas de vidro com detalhes dourados, aroma de pipoca no ar e uma atmosfera de expectativa no olhar de cada criança na fila de entrada. — Qual o filme de hoje, pai? — Ah, que maravilha! — ele dizia, satisfeito, parado diante do cartaz colocado bem na entrada. — Você vai adorar esse, filha. É uma linda história, a mais bonita que já vi. E o artista, então! É sensacional. Lá íamos nós, entrando na sala iluminada, procurando por dois lugares vagos, duas poltronas vazias para sentarmos juntinhos. — Quer um doce? — ele dizia, já saindo para comprar. Eu ficava ali, sozinha e junto de muitas outras crianças desconhecidas e irmãs, igualmente ansiosas como eu, para rever a maravilhosa explosão de cores e movimentos que surgiria na tela dali a minutos. Era o cinema, com sua magia, nos fazendo sonhar. Naquela tarde, entretanto, lembro-me bem, fui apresentada a algo diferente, fascinante, a um artista e seu personagem, à sua narrativa encantadora, que me acompanharam desde então e, que, certamente, fizeram nascer em mim a paixão por belas histórias. Enquanto as luzes iam se apagando e a sala mergulhava na escuridão amiga, eu segurava na mão de meu pai e me preparava para me lançar ao desconhecido, para viver emoções que nunca seriam esquecidas...

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Carlitos em LUZES DA CIDADE

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A cidade desperta com o sol da manhã. Nas calçadas, pessoas apressadas dirigem-se ao trabalho. Automóveis invadem as ruas, e o trânsito agitado dá início ao dia, desafiando o humor dos motoristas no vaivém da avenida. Na praça, várias pessoas estão reunidas para a importante inauguração: o monumento à Paz e à Prosperidade — símbolos inspiradores da conquista de um mundo melhor, apesar das difíceis circunstâncias do momento. Ao descer do pano que recobre a escultura da Prosperidade, revela-se aos olhos do público tamanha surpresa: em seu colo dorme o despreocupado Carlitos — vagabundo solitário, amparado pelos braços desse símbolo da riqueza! Sob vaias e xingamentos, ele desperta assustado, vê o grupo indignado e percebe que é melhor abandonar o bom ninho, ou seja, sair rápido dali.

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