Fernando A. Pires e Aparecida Kazue Ogino
F e r n a n d o A. Pires e A p arecid a K az ue Og ino
JAPA e a l e n d a d o s k o i n o b o r i
A lenda da carpa e do dragão é o mote dessas duas histórias, que se tecem em trama e urdidura de uma envolvente narrativa. Uma garota e um garoto, ambos brasileiros de origem japonesa, vão ao Japão por motivos diferentes. E, a exemplo da lenda, vão precisar lutar muito para
ISBN 978-85-322-8021-3
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788532 280213
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atingir seus objetivos.
JAPA e a lenda dos koinobori
JAPA
e a lenda dos koinobori
J
Fernando A. Pires e Aparecida Kazue Ogino
JAPA e a lenda dos koinobori 1a edição
São Paulo – 2011
Copyright © Fernando A. Pires e Aparecida Kazue Ogino, 2011 Todos os direitos reservados à EDITORA FTD S.A. Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. (0-xx-11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 Internet: www.ftd.com.br E-mail: projetos@ftd.com.br
Diretora editorial Silmara Sapiense Vespasiano • Editora Ceciliany Alves • Editora assistente Eliana Bighetti Pinheiro • Assistentes de produção Ana Paula Iazzetto, Lilia Pires • Assistentes editoriais Ândria Cristina de Oliveira, Tássia Regiane Silvestre de Oliveira • Preparadora Débora Andrade • Revisora Regina C. Barrozo • Coordenador de produção editorial Caio Leandro Rios • Editora de arte
Fernando A. Pires nasceu em São Caetano do Sul, é ilustrador e Japa e a lenda dos Koinobori é sua segunda história publicada. Aparecida Kazue Ogino é arquiteta e apaixonada por literatura infantojuvenil.
Andréia Crema • Projeto gráfico e diagramação Luis Vassallo • Ilustrações Fernando A. Pires • Gerente de produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Pires, Fernando A. Japa e a lenda dos koinobori / Fernando A. Pires, Aparecida Kazue Ogino; [ilustração Fernando A. Pires]. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2011. ISBN 978-85-322-8021-3 1. Literatura juvenil I. Pires, Fernando A.. II. Título. 11-09804
CDD-028.5
Índices para catálogo sistemático: 1. Literatura juvenil 028.5
Koinobori....................................................................................................................................10 Capítulo 1 – Conversas on-line ................................................................................12 Entrevista com um colega de escola – No terreno vazio .................17 Entrevista com a mãe de Japa – A infância ................................................19 Entrevista com treinador de juniores – Vai aquecer, japonês!.....................................................................................................23 Entrevista com assessor de imprensa do São Paulo – Nada a declarar ................................................................................................................25 Capítulo 2 – A viagem de primeira classe .....................................................26 Entrevista com a mãe de Japa – A viagem em classe econômica .............................................................................................................30 Capítulo 3 – Nihon ............................................................................................................34 Entrevista com a mãe de Japa – O Japão ......................................................37 Entrevista com professor de escola brasileira no Japão – Adversário invisível ........................................................................................................40 Entrevista com operário da obra – Bola de papelão ............................42 Capítulo 4 – Os finalistas ...........................................................................................43 Entrevista com Honda-san – O trabalho de decasségui .....................49 Capítulo 5 – A competição ........................................................................................52 Entrevista com o encarregado da obra – Sempre sozinho ..............55 Entrevista com Honda-san – A descoberta ...................................................57 Capítulo 6 – A trama e a urdidura ......................................................................59 Entrevista com a mãe de Japa – Mais alguns meses pra ser criança ....................................................................................................................62 Entrevista com Honda-san – O kami ..................................................................64 Capítulo 7 – A vida no estúdio ...............................................................................69
Entrevista com a namorada – Você vem sempre aqui? .....................73 Entrevista com operário da obra – A janela e a paisagem ........................................................................................................................77 Capítulo 8 – Arroz da minha mãe .......................................................................78 Entrevista com a mãe de Japa – Uma namorada! ..................................82 Entrevista com a namorada – Obentô na praça ........................................85 Capítulo 9 – Probleminhas ........................................................................................87 Entrevista com a namorada – A filha do treinador ...............................90 Capítulo 10 – Yamada-san..........................................................................................93 Entrevista com a namorada – De chuteiras no ombro ......................96 Capítulo 11 – O projeto ............................................................................................. 101 Entrevista com Ukita-san – O convite para jogar ................................. 103 Entrevista com o presidente do Yokohama – A revelação de um craque ..................................................................................... 106 Capítulo 12 – Keiko ...................................................................................................... 108 Entrevista com o treinador do Yokohama – Ele não fazia passes! ................................................................................................... 110 Capítulo 13 – O incêndio ......................................................................................... 114 Entrevista com o técnico do São Paulo – De quem o senhor está falando? ...................................................................... 117 Entrevista com o médico do São Paulo – O diagnóstico ................. 118 Capítulo 14 – Chinelinhos de dedo.................................................................. 120 Entrevista com a mãe de Japa – De volta ao Brasil ............................ 123 Entrevista com a namorada – O erro............................................................. 124 Capítulo 15 – Japa.......................................................................................................... 127 Capítulo 16 – Primeiro tempo .............................................................................. 130 Capítulo 17 – Segundo tempo ............................................................................. 133 Capítulo 18 – 46 minutos do segundo tempo ......................................... 139 Capítulo 19 – Entrevista coletiva de imprensa ...................................... 144 Capítulo 20 – Tatames e Curauá ....................................................................... 148 Capítulo 21 – O diário de Keiko .......................................................................... 150 A carpa e o dragão ........................................................................................................ 156
A meu pai, que nos deixou assim que esta história chegou. F. A. P.
À nossa filha.
Agradecemos ao Sr. Massaru pelas valiosas dicas. Agradecemos a toda a equipe da FTD, em especial à Ceciliany e à Eliana, que sempre acreditaram no Japa.
Nada me prende a nada. Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo. [...] Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, em “Lisbon revisited”.
koi
koinobori
Conta uma antiga lenda que uma carpa morava em um belo e tranquilo rio, até que um dia esse rio conduziu-a para muito perto das águas salgadas e perigosas do oceano. Nesse momento ela percebeu que só poderia seguir um caminho. Então empreendeu uma dura viagem contra a correnteza. Primeiro, passou por corredeiras ameaçadoras, e teve de mostrar que era mais forte que a água. Depois, vieram as grandes cascatas, que enfrentou dando pulos vigorosos. 10
Pulou também, com muita habilidade, as pedras pontiagudas que afloravam no rio, sempre lutando muito, incansavelmente e sem a ajuda de ninguém. Durante o trajeto ela ficou conhecida como a carpa lutadora, aquela que nunca desiste, e a sua jornada, como koinobori, ou seja, a carpa (koi) em seu caminho, em sua subida (nobori). Quem conhece os koinobori – aquelas carpas de papel multicolorido, que são hasteadas nas festas japonesas –, sabe do que estou falando. Eles simbolizam a força, a virtude, a persistência… Há muito tempo, no Japão, eles eram
no
içados pelos pais no “Dia dos meninos”, em uma cerimônia para atrair essas qualidades que representam para seus filhos. Hoje, os koinobori também são hasteados pelos pais de meninas, afinal, elas têm a mesma persistência e tenacidade que eles, e percebeu-se que era bobagem deixá-las de fora. Assim, esse dia passou a ser o “Dia das crianças” no Japão. E todos os anos, nesse dia, por toda a parte, os koinobori tremulam ao vento, nadando contra uma correnteza imaginária. Bem, mas esta não é uma história sobre carpas. Eu me lembrei dessa lenda quando ouvi as entrevistas que transcreverei. Elas falam de um menino que também tinha uma dura jornada pela frente. Essas entrevistas foram dadas por
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pessoas que de alguma forma se relacionaram com esse menino, e, como até este momento ainda não ouvi todos os envolvidos, não sei como sua história vai terminar ou se vai terminar... Só sei de uma coisa: assim como uma carpa, esse menino possuía uma tenacidade invejável. Mas, diferentemente da carpa, ele não tinha um rio para guiá-lo. Seu nome era Japa… na verdade seu nome era Hiroshi Hosokawa. Japa era como ele não gostava de ser chamado, e as entrevistas contam sua história... ou, pelo menos, parte dela.
nobori
capItulo
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conversas on-line
<Dri, eu já falei que “vou” voltar! Fico só um mês no estúdio do designer pra concorrer na final e depois mais uns dias pra aproveitar o Japão… vou tentar deixar minha página na internet atualizada... a gente vai se falando pelo Messenger…> <Mas se você ganhar a bolsa de estudos, você vai ficar lá pra 12
sempre… eu sei!> <Você tá sonhando, Dri? Os outros finalistas são todos de universidades estrangeiras! Eles estão amparados por elas... Eu sou uma garota comunzinha de 16 anos, do Ensino Médio brasileiro! Eu me inscrevi nesse concurso e por sorte fiquei entre os finalistas, mas eu não tenho a menor chance!> <Sorte nada! A cadeira que você fez ficou genial, Ká!> <Foi sorte. Eu tô falando... E um pouco de curauá. Você sabe como gringo gosta dessas coisas exóticas...> <Então, tô falando; você vai ganhar essa bolsa! E você quer ganhar. Não vem querer me enganar. Além do mais, você merece. Usar esse tal de curuá foi lance de gênio...> <Curauá, curauá! Não tenho chance, Adriana! Quantas vezes tenho que te falar! Sou só uma finalista.
Chegando lá vou ter que desenvolver um projeto em um mês. Em um mês! E os outros finalistas são quase designers. Eles têm experiência no assunto. Eu só gosto de design... e tive muita sorte...> <Também vou te falar mais uma vez, Kaori: eu acredito em você e acho que você vai ganhar essa bolsa de estudos, e aí não vai mais voltar do Japão, vai virar uma grande designer e eu vou ficar por aqui... sozinha...> <Ai, Dri! Deixa de ser dramática. Mesmo que eu ganhe a bolsa, são só três anos... Você já tava me enganando! 13
Já falei que eu não tenho chance. Vou ficar um mês e pouco em Yokohama e depois volto.> <O que eu vou fazer enquanto isso...?> <Como assim, o que você vai fazer? Você tá se preparando pro vestibular. Nós estamos. Em dezembro eu volto, depois desse concurso, e a gente vai fazer os exames no começo de janeiro...> <Eu não sei estudar sem você...> <Baka-chan1! Yowamushi ne2...> <Ai, Ka... não fica me xingando em japonês. Você sabe que eu não entendo nada...> <Pois devia entender, toda tua família tem olho puxado, igual à minha...
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bobinha.
você é uma “banana”.
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