Vida de Prástico - Ricardo Coimbra

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Ilustrações, roteiro e capa Ricardo Coimbra Diagramação Ana Muriel Revisão do prefácio Laura Vecchioli A pedido do autor as tiras não foram revisadas para manter o formato da publicação original. Impressão Gráfica Nova Letra Coordenação Ana Muriel e José Rodolfo A. de Seixas ISBN 978-85-67919-02-7

Todos os direitos reservados. Copyright © 2014 Editora Gato Preto 1a edição: 1000 exemplares GARABATO é o selo de quadrinhos e ilustrações da Editora Gato Preto

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Tive um choque quando esbarrei com o Coimbra pela primeira vez, no final de 2011. Tinha acabado de me mudar para São Paulo e estava com o coração aberto, pronto para conhecer a “galera dos quadrinhos” (difícil imaginar algo mais decadente do que isso) e me sentir amparado na hostilidade da CONCRETE JUNGLE. A familiaridade com aquela figura desgracenta foi bem imediata, a sensação era de que eu estava conhecendo uma versão minha, protagonizando minha vida numa outra dobra espaço-temporal. A dobra da GALHOFA. Pois bem, ganhei um irmão. E a ressonância permanente de alguém que tem a habilidade de sacanear QUALQUER coisa. Uma artilharia de diatribes típica de quem abdicou do cinto de segurança desde sempre. Deve haver alguma explicação para essa nossa vontade de sabotar – das formas mais baixas possíveis, claro ­– a estrutura lógica, psicológica e ontológica da realidade. É o bom e velho ressentimento. Isso explica nosso elo sinistro e essa brotação verborrágica de frango malcriado: tivemos um passado tristonho. Lá no início da década de 1990 não conseguimos ser playboys, nos restou o lúgubre expediente de escutar os discos do Rush num quarto escuro, repelindo em progressão geométrica qualquer possibilidade de êxito sexual. Um castigo irreversível. As sequelas são fartas, a começar pela autodepreciação. Nesse quesito eu sou vaidoso, ególatra. Ninguém pode se sacanear tão bem quanto eu. No entanto, Coimbra é um desafio. Nossa disputa pra ver quem sabe se aniquilar com mais exuberância lembra rixas mitológicas entre famílias de mafiosos italianos. Não é fácil disputar o título de fracassado mais bem-sucedido dos quadrinhos; requer coragem, paixão e firmeza. Mas a autodepreciação é apenas um fragmento do trabalho desse mineirinho roedor de pão de queijo, que vem tratorizando sem misericórdia a nossa sociedade, uma macilenta sociedade que recalca sistematicamente nossos impulsos mais iconoclastas. É um trabalho gigante, cirúrgico, de observações meticulosas que vão do cabelinho ralo dos estudantes de administração até o Planeta de Pelúcia, uma espécie de triunfo da engenharia social inoculada na perversidade semiótica das pessoas “do bem”. Coimbra pratica um niilismo ativo de alta voltagem, demolindo com prazer qualquer esboço de ideal ascético que porventura possa obliterar esse gosto pelo riso, o riso liberado de qualquer condicionamento moral. A ordem transcendente fica de calça arriada, com o cofrinho de fora. Certa vez, bebendo litros de álcool na Augusta, ficamos falando merda até o dia amanhecer. Andando até sua residência, no meio da conversa ele virou pra mim e disse, num tom sério: – Você ainda vai pagar pela sua consciência. Foi assustador, de início, mas logo relaxei. Percebi uma coisa engraçada: ele estava falando aquilo não pra mim, e sim pra ele mesmo. Eu juro, minha consciência é uma semente de mostarda, sou apenas um idiota com uma memória boa. Agora, deus que me livre de ser um gênio como ele. Gênio, não tem outra palavra. Vida longa ao sacerdote da inviabilidade existencial, Ricardo Coimbra. Bruno Maron, setembro de 2014.


Dedico este livro ao Jorge, à Heloísa, à Nonoca, ao Flávio, à Laurinha e principalmente à Wila – pela paciência, carinho, apoio e amor que nunca falham.

Agradecimentos Wila Guimarães, Flávio Coimbra, Zé Rodolfo & Ana Muriel, Pedro Henrique (Lambuja), Léo Paiva, Ló Campomizzi, Valéria Faria, Raphael Salimena, Bruno Falabella, Luciana Foraciepe, Bruno Maron, Calote, Bruno di Chico, Rafael Roncato, Ramon Vitral, Matias Lucena, Vinícius Pérez, Juliano Nery, Janara Lopes, Ge Ladera, Bernardo França, Allan Sieber, André Dahmer, Arnaldo Branco.



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E isso é só o começo! Conheça o livro (128 páginas) no nosso site: www.gato-preto.com/vida


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