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FABRÍCIO CARPINEJAR

Amar a todos... inclusive aos sapatos. Um sentimento que tudo pode, mas com certo cuidado aos nudes. No mês dos namorados, J.P convocou Fabrício Carpinejar para falar aos corações apaixonados. Jornalista, cronista e poeta, agora ele se aventura com um stand-up comedy que está rodando o Brasil. A frase principal do espetáculo? “O amor não é para os fracos e a gente tem que concordar.”

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J.P: O que é o amor? FC: O amor é quando você somente sabe fazer as perguntas e não tem as respostas. J.P: Quando você decidiu falar de amor? FC: Com a mudança das relações com a web. Temos de cuidar do real e do virtual ao mesmo tempo. J.P: Por que é tão difícil amar? FC: Somos vulneráveis. Perdemos a proteção e as censuras. Partilhamos os segredos mais caros, às vezes rifados com o fim

da relação. J.P: Qual o maior mico do amor? FC: Amar sozinho. J.P: Quando o ódio é amor? FC: Sempre é. Só escolhemos amar quem seria o nosso pior inimigo – amar é chamar para o nosso lado quem não conseguimos vencer nos argumentos. Implicância é desejo. J.P: É possível mudar por amor? FC: Podemos nos adaptar. Mudar é exigência da solidão. J.P: Qual a maior demonstração de amor? FC: Mudar a rotina, oferecer o seu tempo, fazer aquilo que não gosta apenas pelo prazer da companhia, antecipar-se às tarefas para o descanso de nossa companhia predileta. J.P: O que não falar no WhatsApp na hora da paquera? FC: Nudes. O que é construído em imagens apressadas termina rápido, o que é intenso vem com as confissões e envolvimento pessoal e dura com o vaivém da sedução. J.P: Acredita nos relacionamentos arranjados? FC: Nada mais melancólico do que amigos procurando lhe arranjar uma pretendente. É desespero declarado. J.P: É pecado amar sapatos, por exemplo? FC: É pecado não amar sapatos. Com um par de sapatos novo, resolvemos a tristeza. Com dois pares, resolvemos a depressão. Com três pares, acabaram os pensamentos mórbidos. Sapato é a tarja preta para curar a aparência. J.P: Existe alma gêmea? FC: Alma gêmea é incesto. J.P: Poliamor? FC: Livre exercício do desapego. Mas ninguém está apaixonado para sofrer. J.P: Dia dos Namorados perfeito. FC: Não sair para jantar ou ir para o motel. Não fazer o que a maioria está fazendo. Desligar o celular, cozinhar o prato predileto da namorada, tocar a trilha do relacionamento explicando uma por uma das canções, olhar nos olhos até sair faísca. J.P: Como curar uma dor de cotovelo? FC: Usando as pernas e dançando até cansar. J.P: “Sozinho e feliz.” Verdade ou desculpa? FC: Verdade, até porque sozinho é que nos desintoxicamos da perda. J.P: Esquecemos de amar? FC: Quando queremos recompensas e cobramos a retribuição de acordo com os nossos gestos. Amar é deixar o outro nos amar do seu jeito. Não impor o nosso temperamento e ilusões. J.P: O que é traição? FC: Quando você repassa como é a sua vida com quem ama a uma estranha (o). Quando você facilita o seu corpo e perde os carinhos exclusivos do relacionamento. Traição é esquecer que alguém lhe espera. J.P: Fidelidade x lealdade. FC: Lealdade é falar o que estamos pensando. Fidelidade é fazer o que estamos pensando. Lealdade é o pátio do casamento, fidelidade é o jardim. Sem o que está dentro de casa, não há como manter o que está fora. J.P: O melhor “fora”? FC: Querer manter a amizade é uma humilhação. J.P: Vamos dar um tempo existe? FC: Não, dar o tempo é dar distância. J.P: O que fica depois do amor? FC: Lembranças involuntárias.

FOTO RODRIGO ROCHA / DIVULGAÇÃO

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