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RODA-GIGANTE
Ela é espiritualizada, agitada, arrasa como atriz e artista plástica... e, de quebra, é casada com Eduardo Sterblicht. Louise D’Tuani está sempre em movimento, nos palcos ou em sua casa perto da natureza
por carla julien stagni fotos juliana rezende
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Louise D’Tuani havia acabado de voltar de um retiro espiritual quando nos falamos pela primeira vez. Passou uma semana isolada com os indígenas ayanawa. “Foi uma experiência única e emocionante. É uma sabedoria, uma força, uma generosidade e um amor que eu não sou capaz de descrever… ainda estou assimilando e aprendendo. O autoconhecimento é desafiador e demanda disciplina”, conta ela, que trabalha sua evolução espiritual. Atriz desde a adolescência, aos 33 anos está envolvida com o projeto Alaska, que teve uma temporada super bem-sucedida no porão do CCSP em São Paulo: “É a peça de uma autora chamada Cindy Lou Johnson que conheci em 2011 em Nova York. Trouxe a peça pra casa e guardei. Em 2019 pedi pra traduzir, comprei os direitos e convidei o Rodrigo Pandolfo pra dirigir e atuar”, diz ela, que avisa que Alaska volta para uma segunda temporada na capital paulista e depois estreia no Rio. Talvez você não tenha ligado o nome à pessoa, mas Louise é casada há oito anos com o ator e humorista Eduardo Sterblitch. Os dois chegaram até a contracenar na série Shippados. “A gente se ama, se respeita, se ajuda… somos parecidos no sentido de que cada um gosta de ter seu tempo, seja pra ler, pra criar. Então quando a gente tá junto se curte muito.” Uma faceta menos conhecida da atriz, e que até pouco tempo ela mesma não assumia, é seu talento também para as artes plásticas. “Tive a sorte de conviver com meus
Na pág. ao lado, Louise posa em sua iluminada casa em Itanhangá. Aqui, a atriz em seu ateliê e detalhes de suas obras
avós maternos, ambos artistas e que sempre viveram de arte. Eu fazia teatro desde criança e tinha muita convicção disso. Comecei a trabalhar como atriz com 16 anos e, nos intervalos entre um trabalho e outro, me dedicava às artes plásticas. Pintava e, um tempo depois, comecei a fazer cerâmica. Ainda demorei um pouco pra me assumir como essa artista e a mostrar meu trabalho pra amigos e outros artistas que admiro, mas aos poucos entendi que posso ser muita coisa, que posso explorar tudo aquilo que me dá prazer e me faz feliz.”
Louise fazia telas mais realistas, retratos das amigas com tinta a óleo. Um dia resolveu ousar e partiu para pinturas abstratas, com tinta acrílica e muita cor. Depois vieram as colagens. “Eram muitas ideias, muitas vontades e, com muito custo e terapia (rs), me permiti dar vazão a tudo. Tudo isso sou eu, tá dentro de mim! Sou muitas coisas… por que não?”
Cores e plantas estão por todos os lados na casa que Louise divide com o marido, Eduardo Sterblicht, no Rio de Janeiro
Meu refúgio é… estar em casa pintando, fazendo cerâmica, criando… amo ter esse tempo comigo mesma. Aliás, preciso.
Morro de rir com… Friends
Leitura obrigatória…
essa é difícil. Vou citar quatro livros que acho obrigatórios: Um Defeito de Cor, da Ana Maria Gonçalves; Demian, do Herman Hesse; Tremores, de Jorge Larrosa; e Sociedade do Cansaço, de Byung-Chul Han.
Filme da vida… pode ser três? Dogville, de Lars Von Trier; A Vida dos Outros, de Florian Henckel von Donnersmarck; O Segredo dos Seus Olhos, de Juan José Campanella.
Gostaria de interpretar…
Elisabet Vogler, personagem da Liv Ullmann em Persona, de Ingmar Bergman.
FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO
Quando não está nos palcos, Louise pode ser encontrada em seu ateliê, onde pinta seus quadros e cria suas cerâmicas, entre tintas e pincéis. Seu refúgio em casa
Maratonei…
Little Fires Everywhere e The White Lotus
Um cheiro… de café e bolo de milho no forno.
Na coxia eu…
sempre fico tensa. Só passa depois da primeira fala.
Trilha sonora da
vida… os álbuns Totalmente Demais, de Caetano, e
Monday’s Ghost, de
Sophie Hunger. pintar, trabalhar com a argila, ouvir musica e meditar.
Gostaria de ter uma obra do…
Ricardo Nicolau de Almeida, um artista português que
transforma lixo marítimo em obra de arte. E do Adébayo Bolaji, artista plástico inglês… tudo é lindo!
Em casa não entra…
açúcar e refrigerante.
Minha paisagem preferida…
Cachoeira Santa Bárbara na Chapada dos Veadeiros.
Daqui um ano eu…
gostaria de passar um tempo fora do Brasil, na Itália ou em Portugal, estudando pintura…
Não saio de casa sem…
passar filtro solar.
Melhor conselho que recebi…
“Nunca se arrependa daquilo que não fez, tenha sempre coragem para não se arrepender do que deixou de fazer por ter medo de errar.” Minha mãe escreveu isso na minha agenda quando eu era adolescente.
Mantenho minha sanidade…
com terapia, mas tem outras coisas que ajudam, como ler,
Primeira coisa que faço quan-
do acordo… uma caminhada de 30 minutos antes do café. Tenho medo de… dessa palavra, de não saber superar meus medos, de paralisar.