Historias que o povo conta

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Cid Wagner De Luca

Hist贸rias que o povo conta


Cid Wagner De Luca

Hist贸rias que o povo conta editora

s茫o paulo - 2010


editora

© Editora Lexia Ltda, 2010. São Paulo, SP CNPJ 11.605.752/0001-00 www.editoralexia.com Editores-responsáveis Diagramação e capa Fabio Aguiar Equipe Lexia Alexandra Aguiar Revisão Projeto gráfico Júlia Carolina de Lucca Fabio Aguiar

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP D366h

De Luca, Cid Wagner Histórias que o povo conta / Cid Wagner de Luca. São Paulo: Lexia, 2010. 80p. ISBN: 978-85-63557-16-2 1. Literatura folclórica brasileira. 2. Lendas brasileiras. 3.Lendas urbanas. I. Título. CDD – 398.20981

Ao adquirir um livro você está remunerando o trabalho de escritores, diagramadores, ilustradores, revisores, livreiros e mais uma série de profissionais responsáveis por transformar boas ideias em realidade e trazê-las até você. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser copiada ou reproduzida por qualquer meio impresso, eletrônico ou que venha a ser criado, sem o prévio e expresso consentimento do autor. Impresso no Brasil. Printed in Brazil.


DEDICATÓRIA

Dedicamos este livro a todos aqueles que, direta e indiretamente, contribuíram para que ele pudesse ser complicado... Quero dizer, compilado. Em especial, minha esposa, Alessandra Matias que por ser uma amante da leitura, foi a minha força motriz para que esse meu desejo se realizasse. .


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .......................................................... 11 “HISTÓRIA MA... CABRA” ........................................... 17 “PASSAGEIRA DO ALÉM” ............................................ 23 “O PASTOR E O ZOMBADOR” ................................... 29 “MOTORISTA, CUIDADO: ESTRADA MAL ASSOMBRADA” ..................................... 35


“VIVO OU MORTO? PORCO ME IMPORTA” .............. 41 “EU ACHO QUE VI UM GATINHO” ... GATINHO? ..... 47 “ENGOLINDO SAPOS” ............................................... 55 “CACHORRO... O MELHOR AMIGO DO BEBÊ” ......... 63 “A BELA E A FERA” ....................................................... 73



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APRESENTAÇÃO

Prezados leitores, o conteúdo deste livro foi composto com base em relatos fornecidos por diversas pessoas, de diferentes regiões, ao longo desses anos. Portanto, queremos informar aos leitores que nós, autores, não podemos afirmar com total convicção que as histórias aqui narradas são puramente reais, mesmo porque não possuímos nenhum registro concludente 11


dos fatos. Porém, queremos crer que muitos são aqueles que irão se interessar. Quem nunca ouviu falar do Lobisomem? E do Saci Pererê? Aquele negrinho de uma perna só, cuja qualidade notória era de fazer diabruras, e que nossos avós teimavam em afirmar a existência. Não estaremos, neste livro, narrando esses personagens do nosso folclore nacional. Mas sim, histórias que deixarão muitas pessoas incertas quanto à sua veracidade, pois já ouviram histórias semelhantes, ou mesmo as próprias aqui narradas. Nós autores arriscamos dizer que existe uma mescla de mito e realidade, de verdade e de fantasia, nas curiosas histórias que seguem... 12


...Um dia, perguntamos a uma pessoa se ela acreditava em duendes, a que de imediato ela respondeu: – Acredito! O problema é que eles não acreditam em mim.

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“HISTÓRIA MA... CABRA”

Nossa história começa numa cidade de Pernambuco, onde o protagonista se vê obrigado a casar-se e fugir antes mesmo da lua-de-mel. A popularidade daquele senhor estava em ascensão naquela cidade, era conhecido por todos dali, todos os cumprimentavam tal qual um político em época de eleições. Mas, o seu carisma, provavelmente, era fruto da existência de 17


uma paixão íntima, incontrolável, e por que não dizer, selvagem, alguém que estava sempre a sua espera, todos os dias, em plena submissão aos seus mais profundos e íntimos desejos e fantasias sexuais. Aquele senhor era um amante muito fervoroso e pontual, carinhoso e fiel, por isso a sua companheira o respeitava muito. Porém, era uma paixão secreta, que poderia ter durado por muito mais tempo, ou para todo o sempre, se não fosse a curiosidade de um certo alguém. Houve um dia, como tantos outros, que esse senhor estava eufórico e com bastante pressa, despertando assim a curiosidade de um certo rapaz, que o seguira sem que ele percebesse. 18


Pobre curioso, como ficou atônito ao flagrar aquele senhor tão respeitado, todo ofegante, em pleno ato sexual com sua parceira. Sua parceira? Uma cabra. Sim, exatamente, a mesma cabra que o esperava todos os dias para aqueles momentos de prazer. Ora... Ora... Aquilo não podia ficar assim, pensava o rapaz que o havia flagrado. E realmente não ficou. Aquela aberração se espalhou rapidamente e chegou ao conhecimento de todos daquela pequena cidade, que, indignados e revoltados com a infâmia, armaram uma conspiração contra o “tão respeitado Senhor”, forçando-o a casar-se apressadamente com a cabra. 19


Como em um cortejo nupcial, esse senhor e a cabra caminhavam lado a lado, sendo acompanhados por policiais em meio à multidão alvoroçada. O senhor foi coagido, na frente do juiz, a assinar em cartório a certidão de casamento. Tal foi o vexame daquele senhor perante aquela situação toda que, tão logo se concluiu o casamento, tratou de sumir desesperadamente. Aliás, conta-se que não se sabe até hoje por onde anda esse senhor. Quem souber do seu paradeiro, favor informar à dona Cabra para tratar de assuntos do divórcio. Pobre cabra. Acredite se quiser... 20


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“PASSAGEIRA DO ALÉM”

Como em todos os anos, várias pessoas viajam rumo a Aparecida do Norte, para pagarem as suas promessas por inúmeras graças recebidas, e numa dessas viagens um ônibus fretado conduzia os fiéis que cantavam e louvavam ao Senhor por suas graças. Eles estavam alegres e não cessavam um só segundo de louvarem a Deus por toda a viagem. 23


Em um determinado trecho da estrada, o motorista parou o ônibus para dar carona a uma senhora que estava vestida de preto, o que causou uma surpresa efêmera aos fiéis. Porém, o que havia de errado? Era apenas uma carona, e esse gesto de caridade de forma alguma iria atrapalhar aquela viagem, muito pelo contrário, exortou-os a cantarem ainda mais. Ao entrar no ônibus, essa pobre senhora veio a sentar-se no primeiro banco, ao lado do motorista, onde permaneceu quietinha. E a viagem prosseguiu tranquilamente. Quando o ônibus chegou ao seu destino, ou seja, em Aparecida do Norte, aquela velha senhora 24


de preto desceu rapidamente do ônibus e não foi mais vista. Os fiéis, um a um, iam descendo do ônibus e agradecendo o motorista pela viagem que havia sido satisfatória para eles. Um desses fiéis estranhou a falta de resposta por parte do motorista, uma vez que este estava muito quieto e quase que debruçado sobre o volante, e resolveu tocar a mão em seu ombro, pensando talvez que ele pudesse estar dormindo de cansaço, ou que pudesse ter sido vítima de algum mal súbito. Certificando-se da segunda alternativa, os fiéis correram à procura de um médico naquela cidade para saber o que tinha acontecido com o motorista. 25


O médico chegou depressa e o examinou. O espanto foi geral quando o médico deu o seu parecer afirmando que aquele homem estava morto, e o que mais surpreendeu a todos é que ele já estava sem vida há aproximadamente duas horas atrás. A hora de sua morte coincide com a hora em que o ônibus parou para dar carona à velha senhora. Quem seria aquela velhinha? A Dona Morte? Não sabemos. Por certo, foi ela quem conduziu o ônibus ao seu destino, evitando assim um provável e trágico acidente. Acredite se quiser...

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