VIVER Maio 2020

Page 1

2020 N°156 VIVER HELENA MELO, profissional de saúde na luta contra a Covid-19

CURITIBA QUE INSPIRA

MAIO 2020 | #156 | R$ 15

#VAIPASSAR

CURITIBA QUE INSPIRA 1


2 VIVER


CURITIBA QUE INSPIRA 3


A CONCRETIZAÇÃO DO A CONCRETIZAÇÃO DO

4 VIVER


VISITE-NOS EM: N AT U Z Z I I TA L I A C U R I T I B A A V. N O S S A S E N H O R A D A L U Z , 1 . 6 9 9 - V JA IM I SRI D TE - NSOOSCEI A ML: TEL.: 41 3013 2020 | 41 9852N 7 A8T2U1 2 I .U CR OIM BA R Z Z/ I NI TAAT LUI ZAZ C T I. B CURITIBA QUE INSPIRA 5 A V. N O S S A S E N H O R A D A L U Z , 1 . 6 9 9 - J A R D I M S O C I A L


6 VIVER CURITIBA


WWW.VIVERCURITIBA.COM.BR 7




INDICE

DAQUI 18

O GRANDE VAZIO - Retratos de uma Curitiba sem gente, silenciosa, quase irreconhecível

26

REINVENTE-SE - As lições da quarentena. E você, o que aprendeu?

30

A HORA DO GANHA-GANHA - Claudia Silvano, do PROCON, dá dicas sobre as relações comerciais

32

O BEM SEM LIMITES - Solidariedade é a grande marca dos tempos da quarentena

DIVERSÃO 60

E QUANDO TUDO PASSAR? - Pesquisa do O que Fazer Curitiba mostra que o simples vai prevalecer

FAMÍLIA 54

LUTE COMO UMA MÃE - Uma homenagem para as mulheres que amamos

VIVER CONECTA

BEM-ESTAR

NOSSO TIME DE ESPECIALISTAS

74

TELEMEDICINA EXIGE CAUTELA- Avanço é óbvio. Difícil é lidar com as questões éticas e humanas

44

80

ALLAN COSTA - A pandemia pode ser a melhor época para inovar

A AUTOESTIMA EM ALTA - Entrevista com o cirurgião plástico Dr. Robson Netto

38

82

FER CESAR - Que tal se reencontrar naquela caixa de lembranças?

A TECNOLOGIA E O TEMPO A FAVOR - Dra. Talitha Chaves fala sobre as mudanças no atendimento

46

84

JEAN SIGEL - São muitas as previsões, mas só você pode definir como será o seu futuro

CUIDE PRIMEIRO DE VOCÊ - Dra. Débora Santos lembra que você não precisa ser perfeita

50

MARCOS MEIER - Como você quer que a quarentena seja lembrada?

52

MARCOS PIANGERS - Reinventar o seu mundo é transformar a dor em um recomeço

40

PAULA ABBAS - O mundo atual exige uma bela pivotada nos modelos que conhecemos

BUSINESS 92

MISSÃO DADA É MISSÃO CUMPRIDA - A hora dos mais espertos. Negócios reinventam-se para sobreviver

CASA A CASA REINVENTADA - É uma nova era, com muito mais propósito. Morar vai mudar

COMIDA 86

10 VIVER

COMO SERÁ O NOVO NORMAL NA GASTRONOMIA? Equipe Bom Gourmet fala sobre as tendências pós pandemia

FOTO: FER CESAR

68


CURITIBA QUE INSPIRA 11


CARTA

Curitiba que inspira

E

12 VIVER

Luis Carneiro e Ellen Nogueira são diretores da VIVER e apaixonados por Curitiba

uma seção que conta com um time de especialistas que vai nos ajudar a apresentar aqui e lá fora uma Curitiba que inspira. O vírus antecipou algo que a gente sempre falou por aqui. Já era hora de reorganizar e realinhar nossas prioridades. Esta não é apenas mais uma edição da VIVER. É um abraço apertado desejando que a gente tenha dias cada vez melhores, com mais luz, sabor e significado. Cuide-se e cuide dos outros. POR ELLEN NOGUEIRA E LUIS CARNEIRO

FOTO: FER CESAR

sta não é apenas mais uma edição da VIVER. É um manifesto de esperança para Curitiba e para todos os que são ou que escolheram ser daqui. É fruto de uma quarentena cheia de encontros com a gente mesmo. Uma quarentena que não foi apenas de bolos e pães feitos em casa, mas também de incerteza e ansiedade. Crescer dói e a gente já sabia disso. Esta não é apenas mais uma edição da VIVER. É um encontro de amigos. Sabíamos que para torná-la possível, mais do que nunca, precisaríamos deles. E como disse Confúcio, “para reconhecê-los é necessário sucesso e desgraça. No sucesso conhecemos a quantidade e, na desgraça, a qualidade”. Em cada uma das nossas 100 páginas tem um pouco dessas pessoas que tornaram essa VIVER histórica possível. Agradecemos, inclusive, a cada um dos patrocinadores que, por reconhecerem a importância de um conteúdo positivo, estão conosco mesmo em um período tão desafiador. É, sem dúvida, a edição mais colaborativa de todas, uma verdadeira orquestra com estrelas das mais variadas áreas. Nosso trabalho foi apenas dar o tom. Esta não é apenas mais uma edição da VIVER. É a materialização da nossa crença na revista como uma plataforma poderosa capaz de inspirar e despertar nas pessoas desejos de viver com mais significado. Aqui temos histórias de vida, conselhos que se dá apenas a quem a gente ama e muito de uma Curitiba que a gente espera reencontrar rapidinho. Sim, nos questionamos muito se faria sentido lançar uma edição impressa neste momento. Mas após refletirmos sobre a overdose digital em que estamos vivendo, decidimos resgatar a força que o impresso tem para nos fazer parar, refletir e sonhar. É disso que a gente precisa no momento, não? Esta não é apenas mais uma edição da VIVER. É uma apostila de um curso em que todos estamos matriculados. Não por acaso chega em um formato novo e com papel offset. A VIVER evoluiu. Vamos em frente com o propósito de conectar pessoas e ideias que inspiram uma vida melhor, mas agora com uma plataforma totalmente nova. Lançamos nessa edição o VIVER Conecta,


Uma grande feira a apenas um clique: www. feiradolargo. curitiba. pr.gov.br O melhor artesanato de Curitiba agora estĂĄ online. Apoie o comĂŠrcio local.

CURITIBA QUE INSPIRA 13


EXPEDIENTE

QUEM SOMOS

NOSSOS PILARES

Diretores

VIVER Conecta

Ellen Nogueira ellen@vivercuritiba.com.br

Esta é a mais nova seção da VIVER, um espaço que reúne algumas pessoas que nos inspiram. Mais que colaboradores, eles são mentores e parceiros de caminhada para nos ajudar a mostrar o que faz de Curitiba uma cidade em constante transformação.

Luís Carneiro luis@vivercuritiba.com.br

Redação

Fernanda Montano e Magaléa Mazziotti jornalismo@vivercuritiba.com.br

Digital

Thais Porsch jornalismo2@vivercuritiba.com.br

Allan Costa Jean Sigel Marcos Meier Marcos Piangers Paula Abbas Fer Cesar

Vídeos

Ericki Assis digital@vivercuritiba.com.br

Arte

Kako Frare arte@vivercuritiba.com.br

Conteúdo transformador

Desbravamos a cidade para conhecer suas histórias. E só quem sabe ouvir tem coisa boa pra contar. Antes de começar a criar qualquer coisa, a gente se pergunta se isso vai impactar o mundo de forma positiva. Assim, incentivamos e participamos de momentos únicos e experiências transformadoras. Somos um hub que conecta pessoas, ideias e conteúdo. On ou off, não importa o canal, o que nos move é estar perto, aproximar e construir relações para uma vida melhor.

Olhar humano

Somos eternos aprendizes. Gostamos de contato, de olho no olho, de presença. É isso que dá personalidade à vida. Somos apaixonados por quem ousa fazer o bem. A diversidade nos ensina e aproxima. Quando ideias e pessoas se conectam são capazes de mudar o mundo. e é para isso que estamos aqui.

Parcerias de valor

Financeiro

Andressa Frade financeiro@vivercuritiba.com.br

ONDE ESTAMOS

Comercial e Marketing

Rua José Casimiro de Abreu, 706, Ahú - Curitiba, PR - CEP 82200-130 | (41) 3018-8805

Jaqueline Carvalho comercial@vivercuritiba.com.br

Tudo o que idealizamos só acontece com parcerias de verdade. Resultados são fundamentais, só assim seguimos em frente. E só quem tem olhar humano consegue notar a oportunidade Onde ela não existia, vai lá e cria. Somos criadores de espaços, sejam eles físicos ou não. Somos especialistas em fazer pontes.

CAPA EDIÇÃO Helena Melo Foto: Pablo Contreras

14 VIVER

Aproxime o celular do QR Code para conhecer melhor a VIVER INSTAGRAM @vivercuritiba FACEBOOK /vivercuritiba PORTAL www.vivercuritiba.com.br


BRANDING ESTRATÉGICO PARA CRIAR MARCAS COM ALMA DESIGN PARA MATERIALIZAR IDEIAS E DESPERTAR DESEJOS COMUNICAÇÃO DE UM JEITO DESCOMPLICADO PARA GERAR BONS NEGÓCIOS

CURITIBA QUE INSPIRA 15


BASTIDORES

ESSÊNCIA CURITIBANA

PILARES CONTEÚDO TRANSFORMADOR OLHAR HUMANO PARCERIAS DE VALOR

PROPÓSITO CONECTAR PESSOAS E IDEIAS QUE INSPIRAM UMA VIDA MELHOR

16 VIVER


E

Para novos tempos, uma nova VIVER

m tempos tão desafiadores é impressionante a capacidade que a gente tem de desaprender e reaprender. Olhar para dentro, analisar e entender que o nosso lugar no mundo não vale apenas para as pessoas. É uma estratégia de valor orientada pelo branding. E nós, na VIVER, fizemos a lição de casa. A partir de uma análise da consultoria Popp Media Hub e em parceria com a DOMA, definimos nossa essência, pilares e propósito, ou seja, quem somos e como queremos fazer a diferença. A partir de agora, seremos, mais que uma revista, uma plataforma completa para apresentar a “Curitiba que inspira”, tanto que essa é a nossa nova assinatura. Um hub para conectar pessoas e ideias capazes de fazer a vida melhor. A mudança para o papel offset, que remete a um livro, e até o formato não são por acaso. Estamos nos dedicando muito para que nossas edições a partir de agora tenham esse caráter colecionável, premium e que sejam ainda mais valorizadas por nossos leitores.

BRANDING É VALOR Para entender melhor sobre como o projeto foi desenvolvido, entrevistamos Alexandre Domakowski, designer diretor da DOMA, que nos orientou nessa jornada de autoconhecimento pelo branding. COMO FOI O TRABALHO? Toda grande marca que conhecemos, tem uma estrutura muito bem definida do que ela é, faz e entrega. Para a VIVER, começamos com a imersão na história da marca através de pesquisa e entrevistas com a equipe e parceiros estratégicos. Desde o começo, notamos que as percepções dos entrevistados estavam alinhadas. Isso acontece quando a marca tem coerência entre discurso e ações, quando tudo é feito de maneira verdadeira. E QUAL O RESULTADO DO PROJETO? Percebemos que os entrevistados veem a VIVER como um hub. Uma marca que valoriza a sua cidade e mostra o que existe de melhor aqui. E, já que a essência de uma marca está no que ela faz, como ela faz e por que ela faz, entendemos que a VIVER é essencialmente “curitibana”. A cidade inspira, motiva e faz parte de todas as ações da revista, dos eventos e das pessoas que são conectadas neste hub.

Alexandre Domakoski, diretor da DOMA

COM A ESSÊNCIA IDENTIFICADA, O QUE VEIO EM SEGUIDA? Os pilares. É uma tríade que resume os objetivos e a forma de ver o mundo. Em todas as conversas, de uma maneira ou de outra, ouvimos os pilares da marca que resumimos como: 1) Conteúdo transformador; 2) Olhar humano; e 3) Parcerias de valor. O primeiro fala sobre impactar o mundo de forma positiva, representa uma característica importante da VIVER: conectar pessoas, ideias e conteúdos. O “olhar humano” é um destaque para quem gosta de contato, de olho no olho, de verdade. É sobre sermos eternos aprendizes e fala muito sobre a honestidade, o comprometimento e a vontade de crescer dos que fazem parte dessa história. Por último, a especialidade da VIVER: fazer conexões. É sobre ligar os pontos para fazer acontecer. É aproximar e integrar pessoas e negócios. QUAL FOI O PROPÓSITO ENCONTRADO? “Conectar pessoas e ideias que inspiram uma vida melhor”. Se a VIVER não existisse, alguns mundos não se cruzariam. Por isso, ela busca pessoas que causam impacto social, econômico e cultural com um olhar humano. Ela conecta para fazer a diferença. Depois deste período de entendimento, análise e muito trabalho colaborativo, conseguimos encontrar junto à VIVER todos os aspectos que agora irão guiar as decisões como marca e negócio, pois sabemos que branding é valor, e o futuro de uma marca é como ela assume e entrega o seu propósito hoje.

CURITIBA QUE INSPIRA 17


DAQUI

Um grande vazio FotĂłgrafos mostram as imagens de uma cidade sem gente, silenciosa, quase irreconhecĂ­vel

18 VIVER


FOTO: MARCELO ARAUJO

CURITIBA QUE INSPIRA 19


FOTOS: MARCELO ARAUJO

DAQUI

S

abe as famosas fotos da neve de 1975 aqui em Curitiba? São retratos únicos de um momento que dificilmente acontecerá de novo. Pois bem, eis que temos novas fotos históricas e que daqui a muitos anos mostraremos para os nossos netos. A diferença é que desta vez não há pessoas pelas ruas, não há sorrisos. Apenas uma metrópole de quase dois milhões de habitantes vazia. Convidamos alguns fotógrafos para mostrar como Curitiba ficou nas primeiras semanas da quarentena imposta pelo coronavírus e percebemos que a ausência vai nos ensinar muito sobre a beleza da interação entre as pessoas. O curitibano Guilherme Pupo, famoso por se dedicar à produção de imagens aéreas com o uso de helicópteros e drones, lembra que já no primeiro dia ficou nítida a redução dos ruídos urbanos, ou seja, passamos a ouvir o silêncio. “A ausência de pedestres permite enxergar todos os detalhes do cenário urbano, como os desenhos nos petit-pavé nos calçadões e praças. Como

20 VIVER

diria o poeta Manoel de Barros: “Difícil fotografar o silêncio. Entretanto, tentei’”. Para o fotógrafo Marcelo Castro Araújo, fotografar durante a pandemia está sendo uma aventura. “Como a ordem é ficar em casa e sair apenas quando necessário, o jeito é inovar e para isso uso o drone. Como moro no centro, decolo a aeronave de cima do meu edifício e sigo voando para alguns pontos da cidade”, conta. Para Mauro Longo, “o caos da metrópole deu lugar a ruas, avenidas e tubos vazios em toda parte, revelando uma Curitiba diferente, ainda maior, com a ausência do trânsito de veículos e pessoas do cotidiano. A foto do tubo Rui Barbosa, com tons mais frios junto ao vazio real naquele momento, veio de certa forma através da fotografia, ilustrar esse momento tão diferente que passamos nesse período”. As imagens são assustadoras, como fotos de filmes sobre pragas e apocalipse, mas, de certa forma, são esperançosas. Elas também nos lembram que a beleza requer interação humana.


Como diria o poeta Manoel de Barros: “Difícil fotografar o silêncio. Entretanto, tentei

FOTOS: GUILHERME PUPO

GUILHERME PUPO

CURITIBA QUE INSPIRA 21


FOTO: MAURO LONGO

FOTO: GUIDA FURUSATO

DAQUI

Isso tudo não me impede de continuar atenta às belezas que Curitiba nos oferece. Os caminhos do olhar não têm limites GUIDA FURUSATO

22 VIVER

“Desde 15 de março venho me mantendo em distanciamento social, saindo apenas quando estritamente necessário e adotando todas as medidas de prevenção recomendadas. Mas isso não me impede de continuar atenta às belezas que Curitiba nos oferece. Os caminhos do olhar não têm limites, buscam incessantemente algo para focar, admirar e registrar. Estamos em constante procura de algo que faça o coração vibrar através das formas, das cores, da luz. A cidade está do jeito que muitos fotógrafos gostam, cenários limpos, vazios, embora nem tanto como deveria. A natureza faz a festa. Com menos poluição, há mais pássaros, o outono vibra naquela alameda de árvore das folhas vermelhas no Mossunguê.

O pôr do sol num céu cada dia mais brilhante e de cores incríveis, mostra a atmosfera mais limpa do que nunca vista antes. Admiro o pôr do sol, cada dia diferente, da minha janela. São imagens que busco ao redor, e também muitas memórias fotográficas que eu, no aconchego do lar, resgato dos arquivos. Através delas me conecto ao mundo, postando nas redes sociais, na esperança de levar algo que possa tornar melhor mesmo que uma fração de momentos das pessoas. Mas o momento pede isolamento social e temos a responsabilidade em preservar a vida, a nossa, a do outro e do planeta. E que essa pandemia seja breve.” GUIDA FURUSATO


CURITIBA QUE INSPIRA 23


É BEM MAIS QUE MERCADO O novo Muffato Santa Felicidade é diferente de tudo o que você já conheceu. Desde design premiado em Nova York até modernas tecnologias para facilitar sua rotina, cada detalhe aqui foi pensado para a sua experiência de compras ser surpreendente. E quando juntamos a isso um mix incrível, produtos fresquinhos, setores exclusivos e as mais rigorosas medidas de higiene e segurança você tem uma opção tranquila e sem igual para suas compras! Conte com a gente.

AUTOCAIXAS RÁPIDOS E DINÂMICOS | WI-FI GRÁTIS PARA CLIENTE CLUBEFATO CLICK&COLLECT | DELIVERY | SHOP&GO

A L OJ A M A I S I N O VA D O R A D O B R A S I L


Setor de saudáveis com nutricionista

Frutas e verduras selecionadas

Adega com sommelier

Frios importados

Mix diferenciado do mundo todo

Açougue com especialistas e carne Angus

Dry Aged Beef

Salmão Fresco

Conceito premiado em NY

Autocaixa rápido

Wi-fi grátis para clientes Clubefato

Click&Collect e Delivery

Loja

segura & higienizada

. Barreira protetora nos caixas . Álcool em gel nos setores . Higienização constante de carrinhos e cestinhas . Máscaras e luvas para equipe . Controle de temperatura de clientes e funcionários . Marcação da distância segura entre as pessoas

Horário de atendimento:

Diariamente, inclusive feriados, das 8h às 22h

Avenida Vereador Toaldo Túlio, 2.184

SE PREFEFIR, FAÇA SEU PEDIDO ONLINE 0800 2008 110

DELIVERY.SUPERMUFFATO.COM.BR

0800 7279595


DAQUI

RE IN VEN TE SE 26 VIVER

O mundo nos fez parar. Nada de correria, mil compromissos no dia e aquela senção de que 24 horas nunca seriam suficientes. Mas por que não, então, aproveitar a forcinha do destino para repensar? Ressignificar? Reinventar? POR FERNANDA MONTANO FOTO: ANTONIO WOLFF


MaurĂ­cio Noronha e Rodrigo Brenner, da Furf Design

CURITIBA QUE INSPIRA 27


DAQUI

“Estamos vivenciando um momento inédito, digno de filme de ficção. Muitos estão no conforto de suas casas, porém a situação pode não ser exatamente confortável. Muitas mudanças estão acontecendo e é fundamental saber se adaptar para a nova realidade que estamos vivendo e a que nos espera no futuro próximo. Percebemos que agora pode ser uma grande oportunidade para se reinventar, para inovar. Grandes inovações surgem em tempos de crise, muitas vezes catalisadas pelo caráter de urgência - mudanças que acabam vindo para ficar. O futuro pode estar bastante imprevisível, especialmente agora, mas acreditamos que é um momento de manter-se atento para as novas oportunidades, ainda inexploradas nessa nova realidade. Apesar do distanciamento social, acreditamos na importância da união intelectual. Quando juntamos especialistas de diferentes áreas de atuação, conseguimos inovar de forma eficaz e relevante para criar um impacto positivo em diversos setores. Construir essas pontes é essencial para conseguir antecipar o futuro e se adaptar mais rapidamente. Vemos um futuro cada vez mais transdisciplinar: quanto mais conhecimento aprofundado se tem acesso, maiores as chances de criar algo realmente relevante e de impacto positivo para a sociedade. São tempos de reinvenção, de inovação, e inovar é isso, construir pontes intelectuais para ajudar a humanidade a dar um passo à frente.” MAURÍCIO NORONHA E RODRIGO BRENNER, DESIGNERS

28 VIVER

“Nestas semanas de afastamento tenho aproveitado para repensar muitas coisas. Uma delas é que não quero mais levar a vida estressante que estava levando nos últimos anos. Tem sido maravilhosa esta oportunidade de repensar o que eu quero para minha vida, o que vou manter e o que não vou levar comigo. Nada é novidade, mas estou aprofundando muitas crenças e valores. Estou conseguindo finalmente viver cada momento com mais intensidade, sem pensar no passado ou no futuro. Eu já havia lido várias vezes o livro O Poder do Agora, de Eckhart Tolle, mas não conseguia vivenciar os ensinamentos. Pois agora estou conseguindo. Cada dia é um dia, seguindo em busca dos meus objetivos, mas vivendo no presente. É muito bom! Tenho consumido muita arte, como acredito que todos estamos. Filmes, músicas, livros, séries, games, todos são criados por artistas. Mesmo que muitas vezes a sociedade subestime a importância da arte, ela certamente está ajudando a manter nossa saúde mental. O mesmo acontece com as obras que temos em casa e trazem mais aconchego para nossa alma, evocam lembranças boas, preenchem aqueles vazios que podem surgir nos momentos difíceis. A arte nos permite escapar da realidade por algum tempo e lembrar que somos mais do que matéria. ZILDA FRALETTI, GALERISTA


“O momento é disruptivo. É um break para muitas análises com relação à vida em todos os sentidos. Rotina quebrada e a sensação de estar na mesma condição de todas as pessoas do mundo é estranha. As possibilidades de ação estão limitadas. Ainda não sei ao certo como reorganizar tudo, mas sei que vou e isso já é bastante. Não me acho no momento de planejar nada, prefiro ir me adaptando àquilo que acontecerá em termos profissionais. Como trabalho diretamente com ações para provocar reações do consumidor, fica difícil fazer planejamentos nesta hora. Por enquanto é tudo subjetivo e no fundo me agrada essa situação pois parece que estamos à frente de um “tudo novo” de fato, e isso é desafiador e animador ao mesmo tempo. É uma verdadeira quebra e com uma velocidade high level. No campo emocional quero dar menos oportunidades à frustração e mais chances à intuição, ela está valendo muito mais para mim neste momento. Otimismo também lá em cima. Tenho convicções fortes, as quais vou seguir, mas precisa ser muito gradual para ser efetivo, o que já é um exercício sobrenatural para mim, que quero tudo para ontem. Equilíbrio e tranquilidade serão minha busca. Dias e dias sem poder dar andamento a certas coisas fizeram com que eu percebesse que não faz sentido sofrer por isso. Certa de dias cheios de alegria e de compartilhamentos, vamos em frente! Não seremos mais um, seremos um todo!” MARCIA OLIVEIRA, EMPRESÁRIA

“Nestes dias de quarentena, observo e me conecto a pessoas que já - antes da pandemia - entendiam muito bem o que é esse chamado “novo normal”. Perceba que já existia gente pronta para cuidar de si e do outro, de olho na qualidade de vida, certas da necessidade do resgate do respeito pelo planeta, pela nossa casa. Toda essa gente já transformava cenários, matava fome, criava empregos, estimulava compreensão, enxergava o diferente com amor. É só lembrarmos, por exemplo, do Prêmio VIVER Inspiradores! Uma pena que o olhar não estava direcionado para elas. Nem da mídia, nem de governos, nem da maioria das pessoas. Mas agora essa gente aparece. Pelo exemplo delas vale vier. Não deixe de se conectar com os grandes exemplos que existem. Estão na comunidade, na vizinhança, espalhados por esse mundo.” THAYS BELEZE, JORNALISTA

CONFIRA AQUI O VÍDEO DA ÚLTIMA EDIÇÃO DO PRÊMIO VIVER INSPIRADORES

CURITIBA QUE INSPIRA 29


DAQUI

A hora do

ganha-ganha Na mediação de diferentes negociações entre consumidores e fornecedores, a diretora do ProconPR, Claudia Silvano, reforça a importância de valorizar o bom senso para lidar com os desafios

POR MAGALÉA MAZZIOTTI FOTOS ANA CARVALHO

30 VIVER


V

estir a alma de resiliência é fundamental para superar com sabedoria os efeitos da pandemia sobre a vida de todos. Desde o final de março, com o fechamento de escolas e diversos estabelecimentos, o Procon-PR já soma entre seus diferentes canais milhares de atendimentos envolvendo a interrupção de serviços e o pagamento de mensalidades. Acolher a questão de cada consumidor, responder e separar aquilo que é passível de notificação faz parte da rotina da diretora, Claudia Francisca Silvano. Mesmo durante o isolamento, a jornada da também advogada e professora permaneceu intensa, sendo parte em home office e parte usando máscara (todas confeccionadas por ela), uma vez que mais de 600 estabelecimentos foram notificados até o final de abril. Na visão de Claudia, consumidores e fornecedores devem priorizar a transparência e o ganha-ganha, a fim de evitar processos e uma angústia a mais diante de tantas incertezas. “Não tem resposta ou caminho fácil, o momento pede bom senso e solidariedade. É hora de abrir as planilhas para os clientes e verificar se a redução dos custos variáveis permite dar desconto”, indica.“Quem pode pagar a mensalidade da escola, por exemplo, que continue pagando pela sobrevivência da própria instituição, pois provavelmente outros pais perderam parte da renda e vão precisar de alternativas de pagamento para manter os filhos”, sugere. Sobre a opção de aulas online, a diretora alerta que as escolas devem cumprir a mesma carga horária do presencial. Claudia também explica que todo consumidor tem o direito de rescindir o contrato sem multa por conta da pandemia. Os pais ou responsáveis, no entanto, devem estar cientes que ao tirar o aluno com idade entre 4 e 18 anos de uma escola, vão precisar matricular em outra conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente.

CONFORTO PARA SEGUIR EM FRENTE Se não há como dissociar o nome Claudia Silvano, de tudo que envolve a defesa do consumidor, tampouco é possível deixar de vincular o seu estilo inconfundível à sensação de conforto, que nem sempre é compreendido. Em julho de 2017, a diretora decidiu gravar um vídeo em resposta a uma telespectadora que considerou inapropriado uma autoridade “dar entrevista de pijama”. O vídeo viralizou com mais de 1 milhão de acessos em menos de uma semana. Claudia explica que decidiu responder por considerar que aquela era sua obrigação como servidora pública. Tamanho comprometimento fez com que em 39 anos de carreira, ela só tivesse uma falta no trabalho, quando sua mãe, Paulina, faleceu em 2011, mesmo ano em que assumiu a direção do Procon-PR. Mesmo podendo se aposentar, ela refuta completamente essa ideia. Seu estilo acomoda seu estado de espírito. “Busco conforto, tecidos macios e com cores e estampas que a mim são bonitas. Passei 12 anos lidando com uma situação difícil e irreversível, minha mãe ficou totalmente dependente depois do Acidente Vascular Cerebral”, conta. Para compensar isso, Claudia buscou leveza e conforto nas roupas. O vestuário dá trabalho, pois ela é extremamente criteriosa na escolha dos tecidos estampas e no caimento, tanto que recorre a uma costureira para confeccionar suas peças. Já as máscaras são confeccionadas por Claudia. Desde março ela já criou mais de 20 opções para compor com seus looks. Vaidosa, Claudia faz questão de estar sempre perfumada para seguir em frente, desfilando resiliência.

MAIS www.procon.pr.gov.br

CURITIBA QUE INSPIRA 31


DAQUI

Um novo olhar A corrente de solidariedade é o principal antídoto contra os efeitos da pandemia

P

POR MAGALÉA MAZZIOTTI FOTO BRUNA KAMAROSKI

raticar a virtude e espalhar o bem diante de um momento tão difícil e sem precedentes na história da humanidade rompeu a barreira do discurso teórico e está viralizado por todas as partes do mundo, revelando-se no principal antídoto contra os efeitos da pandemia sobre a capacidade de cada pessoa em se comover com a dor do outro. De um modo contagiante, criativo e sob medida às especificidades de cada localidade do planeta, a força da corrente de solidariedade gerada a partir da quarentena parece ser um dos legados que vão prosseguir gerando bons frutos para todos. Em Curitiba, a viralização do bem foi capaz de unir pessoas das mais diferentes realidade para projetos e ações voltados a nutrir e reconfortar corpo e mente, tanto dos mais vulneráveis socialmente, quanto dos profissionais de saúde que ocupam a linha de frente dos atendimentos dos pacientes contaminados com o novo coronavírus. Tamanha vontade de ajudar resultou em uma aglomeração de iniciativas do bem. Aqui a gente apresenta algumas ações e no portal da VIVER (www.vivercuritiba.com.br) você pode conferir muito mais desses movimentos inspiradores que estão contagiando a cidade.

ARQUITETOS SOLIDÁRIOS É edificando a solidariedade que o renomado trio de arquitetos Elaine Zanon, Jayme Bernardo e Jorge Elmor decidiu somar esforços e formar a rede de Arquitetos Solidários do Paraná para ajudar os mais necessitados, a partir da entrega de cestas básicas. A iniciativa integra uma ação solidária nacional @juntossomosmais.arq. que arrecada recursos converter em cestas básicas. As doações são feitas para comunidades carentes em bairros da cidade como Vila Oficinas, Xaxim e Vila Hauer. A primeira ação atingiu 440 famílias com cerca de 4,3 toneladas de alimentos e 340 kits de higiene e limpeza, além de 100 máscaras laváveis. Atualmente, as doações já chegam em 5 mil cestas. “Fazer o bem é uma das maiores realizações que podemos ter. Estamos vivendo uma experiência magnífica com a ação. Vemos na prática que a união faz a força. Os profissionais têm se envolvido e tem sido muito bacana. Estamos nos surpreendendo.”, contou o arquiteto Jayme Bernardo. Para quem quiser colaborar com o projeto, os depósitos podem ser feitos na no Bradesco (237), na agência 5753 e conta corrente nº 20.861-2. O CPF para a transação é 462.689.369-49. A sugestão é depositar em torno de R$65, o custo médio de uma cesta básica, mas todo valor é bem-vindo.

32 VIVER


PROJETO LUZ O artista André Mendes criou imagens para serem impressas em camisetas unissex da Docthos cuja venda será revertida ao Projeto Luz. O projeto oferece comida, banho quente, cuidados e atenção a pessoas em situação de rua, vulnerabilidade e risco social em Curitiba. Para comprar, basta acessar o site: www.docthos.com.br

CURITIBA QUE INSPIRA 33


DAQUI

MÃOS SEM FRONTEIRAS

CESTAS SOLIDÁRIAS Sensível ao impacto na queda das vendas da produção dos pequenos produtores rurais por conta do isolamento, a chef Gabriela Quintana (foto) encabeçou uma ação em conjunto com a cooperativa desses produtores, o Cestas Solidárias. É um drive-thru do bem que começou com 30 pedidos no primeiro dia e evoluiu para mais de 600 cestas encomendadas por semana. A cada quatro cestas vendidas, uma é doada. “Como muitos restaurantes fecharam, vários produtores pararam de produzir. O mais sério é que eles não terão renda e enfrentarão dificuldades para o próximo plantio. Com isso teremos um problema lá na frente por falta de produto e o consequente aumento de preço”. Os interessados nas Cestas precisam fazer a reserva pelo fone (41) 99235-6044 e buscar os alimentos às terças ou quartas.

MULHERES DO BEM A equipe de voluntários coordenada, em Curitiba, pelos embaixadores da Paz do movimento internacional Mãos Sem Fronteiras, Lilian Miranda e David Miramond, tem cuidado do bem-estar dos médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, assistentes e outros colaboradores de hospitais a partir de tratamentos com a prática integrativa de estimulação neural e meditação. O trabalho visa prevenir picos de estresse e ansiedade, decorrentes da rotina de enfrentamento contra o COVID-19. Só no Hospital do Trabalhador, cerca de 2 mil colaboradores foram atendidos pelos voluntários do Mãos Sem Fronteiras. Profissionais do Centro de Reabilitação do Paraná e do Hospital de Clínicas da UFPR (Universidade Federal do Paraná) também contaram com a ajuda dos voluntários para aliviar o cansaço e preservar a saúde mental durante o difícil trabalho de atendimento aos doentes com o novo coronavírus.

CLOSET SOLIDÁRIO A marca 163, de office look para mulheres de até 1,63m, também criou a campanha #ClosetSolidário visando apoiar o Projeto Luz, As sócias Ana Paula Vilas Boas e Virgínia Pilati disponibilizaram seu delivery para recolher doações de roupas e cobertores em Curitiba e região.

34 VIVER

O projeto Mulheres do Bem havia sido iniciado no final de 2019, em parceria com o Mesa Solidária (da Prefeitura de Curitiba) para doação de marmitas a moradores de rua, servidas no restaurante popular do viaduto Capanema. Encabeçado pela chef Manu Buffara, do restaurante Manu, o coletivo também reúne outras chefs engajadas como: Gabriela Carvalho, do Quintana Gastronomia , Vânia Krekniski, do Limoeiro, Eva dos Santos, do restaurante Victor, Claudia Krauspenhar, do K.sa Restaurante, dentre outras. Com a crise, o aumento de pessoas em dificuldade e o fechamento temporário dos estabelecimentos, elas incrementaram a produção. “Fechamos o Quintana no início da quarentena e abriu-se espaço para servir quem mais precisava naquele momento”, explica Gabriela. Ela conta que por meio das doações de alimentos, roupas e dinheiro, foi possível atender muitas famílias. “As marmitas são fartas, cada uma com pelo menos 5 variedades e quase um quilo de alimento”, acrescenta. O engajamento de voluntários tem mostrado a força da união. O Mulheres do Bem já atingiu a marca de 800 marmitas produzidas semanalmente, com ingredientes doados ou comprados de parceiros locais e pequenos produtores rurais. Para colaborar, basta fazer contato pelo Instagram @mulheresdobem.


FOTO: BRUNA KAMAROSKI

CURITIBA QUE INSPIRA 35


DAQUI

MANTA AMOR PF DO BEM

Acreditando na máxima de que se cada pessoa fizer sua parte a superação de todos os problemas será mais fácil, as sócias da marca Bebê Panda Enxoval - Caroline Dias e Patrícia Silva - , literalmente, resolveram cobrir de carinho os profissionais da saúde. Nasceu assim a campanha Manta Amor, que inicialmente conseguiu recursos para a confecção de 200 mantas para os médicos do HC que estão alojados nas instalações do estádio Couto Pereira, em função de estarem atuando no tratamento de pacientes com COVID-19. Entretanto, as sócias resolveram expandir as doações para outros hospitais com a ajuda de clientes e a população em geral. Por R$23,79, a Manta Amor pode ser comprada por meio do site da Bebê Panda Enxoval (bebepandaenxoval. com.br/mantaamor). Com o valor, a empresa compra parte do tecido para a produção das mantas. Os demais insumos, a mão de obra e a entrega ficam por conta da Bebê Panda. semana de campanha, mais 500 mantas foram doadas.

FOTO mascaras

36 VIVER

A múltipla Gabi Mahamud, chef, culinarista, arquiteta, ativista social e fez uso da “força do coletivo” para incrementar o que já realizava com o projeto GoodTruck, de redução de desperdício de alimentos entregando a quem precisa, e lançou o PF do Bem. Criado como solução para prosseguir de forma segura a entrega de alimentação de qualidade a comunidades carentes de Curitiba, o projeto permite que cada pessoa que realiza um pedido de delivery via aplicativos (Ifood, Rappi, James e Uber Eats) a um dos restaurantes parceiros, doe um ou mais pratos de comida por R$ 14,90 cada. A equipe de voluntários, então, passa para buscar as refeições doadas duas vezes por semana e entrega diretamente a quem mais precisa. A adesão ao PF do Bem é tão ampla que em menos de um mês do projeto mais de mil refeições foram doadas para a comunidade Nova Primavera, na CIC (Cidade Industrial de Curitiba). Além dos alimentos, o grupo arrecadou mais 120 máscaras de tecido, 80 litros de sucos naturais e lotou três carros de alimentos não perecíveis. Já são mais de 15 restaurantes parceiros e inúmeros contribuintes.

MÁSCARAS PARA TODOS Atendendo à orientação do uso das máscaras como forma de proteção, um grupo se organizou com a finalidade de produzir e doar máscaras, assim como conscientizar as pessoas a usarem. Nasceu o Máscaras para Todos, inspirado num movimento semelhante da República Tcheca. “Em pouco mais de quatro semanas já possuímos mais de duzentos voluntários e 3 fábricas de confecção, período em que doamos para muitos hospitais mais de 15.000 máscaras e outros 11.000 faceshields”, destaca Alexandre Nasser de Melo, representante do projeto. O Governo do Estado, a OAB e o TJPR apoiam a ação que ainda vai contar com um vídeo de conscientização da importância do uso da máscara.


PROJETO ORIGEM POR CACIQUE JULIANA KEREXU (GUARANI MBYA), DA ALDEIA TEKOA TAKUATY, ILHA DA COTINGA, PARANAGUÁ-PR

FOTOS: BRUNA KAMAROSKI

Neste momento tão delicado precisamos de toda ajuda possível para nós, povos indígenas do Sul do Brasil. A importância de nossas famílias se resguardarem em suas aldeias nunca foi tão necessária e evidente quanto agora diante desse contexto. Historicamente somos mais vulneráveis às pandemias e assim constituímos um dos grupos de risco da COVID-19. Dentre os fatores e especificidades que agravam essa situação estão: a proximidade de algumas aldeias junto aos grandes centros urbanos; a condição de isolamento territorial e de fragilidade na mobilidade; a falta de saneamento básico; a dependência da venda do artesanato como uma das principais atividades econômicas; a dificuldade de acesso a produtos de higiene; e a deficiência de políticas públicas. Portanto, “ficar em casa” para os grupos sociais mais vulneráveis não é uma ação tão simples

quanto possa aparentar ao resto da sociedade. Como uma medida emergencial lançamos esta campanha solidária e com ela um pedido ecoante: #FicaEmCasaParente! #Peypytã pendero py xerentarã kuery! Serão beneficiadas com a arrecadação de produtos de higiene, limpeza e alimentos cerca de sete aldeias localizadas na Região Metropolitana de Curitiba e no Litoral do Paraná. São aldeias que mantém suas práticas tradicionais ancestrais e auxiliam na conservação socioambiental da nossa Mata Atlântica. Esta ação foi construída através de um coletivo de lideranças indígenas e o Projeto Origem (rede apoio e fortalecimento do re-existir dos povos indígenas do Sul do Brasil). SAIBA MAIS: @projeto_origem

CURITIBA QUE INSPIRA 37


VIVER conecta COM FER CESAR

Que o afeto nos afete

H

oje, terça feira, amanheceu com sol, completamos aqui em casa exatos 43 dias de quarentena. Um mês e algumas semanas. É impressionante o quanto nossa vida mudou em tão pouco tempo e quantas reflexões essas mudanças nos trazem. Longe de mim romantizar uma crise que merece ser tratada com total responsabilidade, mas já que fomos todos - em diferentes intensidades - impactados por tantas e de tantas maneiras, que possamos dar espaço para que também o afeto nos afete. Que a nossa resposta passe pelo caminho da valorização das relações humanas. As lembranças de pessoas que tínhamos contato no nosso dia a dia, nossos familiares, e até mesmo dos amigos que não víamos já há muito tempo afloram e nos forçam a perceber que somos por natureza seres sociais. Como fotógrafo, um exercício possível neste momento é produzir retratos e autorretratos durante esse período de reclusão. Tudo isso com um olhar que possa ir além das redes sociais, sem a obrigatoriedade de exibição, mas como um legado para nós e para os que virão. Outro e talvez o mais importante exercício consiste em observarmos com maior atenção o espaço vazio, a luz, a sombra e as pessoas com quem dividimos a vida e a mesa de café da manhã. É tempo de enxergar os outros e nos enxergarmos com os olhos de quem vê mais bonito. Se tem algo que aprendo contando histórias de pessoas através de imagens é que entre as coisas mais importantes estão o afeto e o legado da memória. Gostamos de nos sentar no chão, abrir aquela velha e empoeirada caixa de sapatos, de uma marca que muito provavelmente já nem exista mais no mercado, descolar cuidadosamente as páginas que acabam com o tempo grudando umas nas outras. Passar horas revendo fotos antigas, relembrando momentos importantes, ou simplesmente momentos banais, mas que de

38 VIVER

Fer Cesar é fotógrafo, pai da Clara e marido da Bru. Acredita que em tempos em que tudo é controlado, em que o apelo visual é enorme, é preciso mostrar pessoas de verdade

alguma forma nos marcaram a ponto de termos registrado. Quando nos enxergamos nesse lugar, quase como se no futuro estivéssemos, fica ainda mais evidente a importância do resgate da memória. Que essa experiência possa nos fortalecer como humanidade e reforçar a construção da nossa identidade enquanto indivíduos.


Gabriela e Daniel, última sessão antes da quarentena, no início de março.

CURITIBA QUE INSPIRA 39


VIVER conecta COM PAULA ABBAS

“O

Uma página em branco

mundo não será mais o mesmo” foi a frase que reverberou durante todo o meu processo de encasulamento. Minha profissão me desafia diariamente a pensar sobre o impensável. Digo isso pois a neurociência mostra que o cérebro humano é incapaz de pensar sobre aquilo que não conhece. Como, então, antecipar as tendências que surgirão como legado dessa pandemia? O novo normal não será um lugar totalmente desconhecido, uma vez que somos os agentes diretos da construção desse futuro. O que pensamos hoje determinará os modelos de negócios, os serviços disponíveis e a forma como nos relacionaremos nos anos que seguirão. Os paradigmas do “novo normal” esperado para a pós pandemia, já vêm sendo desenhados desde a Crise de 2008. Com que futuro você sonha? O que para você, é a nova riqueza? Casa, água e sabão? Ou algo ainda mais simples? A relação das pessoas com seus valores de consumo, estão sendo revistos. O momento presente exige reflexão, pesquisa e principalmente uma bela pivotada nos modelos de negócios que conhecemos. A adesão aos meios digitais tomou velocidade de cometa. Turismo, gastronomia, moda, educação, entretenimento, nenhum setor escapará. Quem ditará o futuro, com certeza já tem um novo modelo de negócios no qual as fronteiras entre online e offline serão praticamente invisíveis. Segundo a pesquisadora holandesa Li Edelkoort, “o Coronavírus oferece uma página em branco para um novo começo.” Eu completo: uma página em branco para que cada pessoa possa mudar o rumo do seu barquinho ou navio e realmente encontrar o propósito do seu negócio, “or die.” Você não precisa fazer tudo agora e ao mesmo tempo, e nem estar na onda das tendências. Buscar sua verdadeira essência e de

40 VIVER

Paula Abbas é pesquisadora de tendências e facilitadoras de processos de Design Thinking. Curitibana, quarentona esse ano, mãe do Vincenzo, tem como missão ajudar pessoas e empresas a encontrarem um propósito relevante para fazerem diferença no mundo.

que forma pode contribuir com o coletivo, além do dinheiro, é o que te manterá relevante em um futuro próximo. Nos meses que virão, viveremos um intenso processo de tentativas e erros. Bem nos moldes do que propõem o Design Thinking. E a partir dos acertos dos mais ágeis e adaptáveis começaremos a vislumbrar um novo mundo. Independente da sua posição no mercado, algumas coisas já são condição se você quiser se posicionar apontando para o futuro


CONTAGIANDO SORRISOS, uma ação que traz uma beleza inusitada nos dias de hoje. O produtor Conrado da Luz e o publicitário Gabriel Almeida, ambos da agência Remix Promo Criativa, de Curitiba, convidaram artistas plásticos visuais para desenhar sorriso e ilustrar

máscaras que serão distribuídas para a parte da população sem acesso ou que estão prestando serviços essenciais à comunidade. Veja como participar desse movimento que transformará o uso da máscara em um acessório divertido. www.contagiandosorrisos.com.br

CURITIBA QUE INSPIRA 41


REPENSE A ESSÊNCIA DO SERVIR

A lógica do produto já vinha dando há algum tempo lugar à lógica do serviço. Essa tem sido uma das principais discussões no âmbito do Design. Com o fechamento do comércio, gestores do mundo todo tiveram que se reinventar para continuar atendendo aos seus clientes. Mesmo quem não vendia serviço, passa a pensar com a lógica de que o produto não pode mais ser dissociado de um serviço prático, conveniente e seguro para o cliente. Delivery, pick up, frete e conteúdo grátis, bônus, micropagamentos, entre outros movimentos que se estabeleceram como soluções paliativas e rápidas para atender ao momento de confinamento, não retrocederão. Serão uma exigência do consumidor daqui para frente.

SEJA UM HERÓI SOCIAL

Perceba: não serão os dirigentes governamentais os atores mais ágeis em oferecer as soluções para a reconstrução da economia pós pandemia, e sim, a iniciativa privada. As multinacionais exercerão um papel muito importante nesse processo de salvaguardar as pessoas e com isso firmar um propósito de marca que vai muito além do seu produto. Os indivíduos assumirão papeis de auxílio “peer-to-peer”. Em termos simples, são os pequenos movimentos olhando para o social que ajudarão o mundo a se reerguer. A Escola Conquer liberou de forma gratuita o curso de Soft Skills, que custava de R$ 1.500. Hoje já tem mais de meio milhão de alunos inscritos. A startup Curitibana OmniChat disponibilizou de forma gratuita um pré atendimento de pacientes em dúvida sobre o Coronavírus, direcionando o atendimento para o setor correto dos hospitais. A empresa curitibana Mili, doou à Prefeitura de Curitiba mais de 30.000 produtos de higiene. A 99 taxis. “Na Corrida contra o Corona”. Eles oferecem desinfeçcão de veículos para os motoristas, um fundo de apoio de US$ 10 milhões para ajudar parceiros contaminados, doação de meio milhão de máscaras laváveis, R$ 4 milhões em corridas aos governos, desconto para bancos de sangue, auxílio psicológico gratuito para os colaboradores, e por aí vai.

O FUTURO É UM LUGAR A SER CONSTRUÍDO

42 VIVER

“O vírus faz lembrar que a sociedade é dependente”, segundo o filósofo Luiz Felipe Pondé. Se você está vivendo um momento financeiro delicado, vire a chave e reflita: como posso ajudar? Se você tem um salão de beleza, por exemplo, aposte na sororidade. Olhe para a comunidade de mulheres que frequentam o teu salão e se pergunte: será que elas estão bem? Como posso ajudar outras mulheres nesse momento difícil? Que serviço eu consigo prestar, neste momento, que realmente facilite a vida do meu cliente?” Nunca foi tão cool fazer ao menos um Pequeno Ato Aleatório de Gentileza. Olhar para a dor do outro, aquela tal empatia, será regra daqui para frente. Se cada um fizer sua parte, construiremos o futuro no qual todo Pesquisador de Tendências acredita: sustentável, transparente, humano e coletivo. Assim, ficarão fora do jogo as empresas ou prestadores de serviços que pensarem somente a curto prazo, de forma individualista e dinheirista. A reflexão capaz de destravar a maior parte dos processos criativos para que as pessoas consigam reinventar seus negócios e atuação no mundo nos anos que seguirão precisa ser sobre que papel ela genuinamente pode cumprir na reconstrução da economia pós pandemia.


CURITIBA QUE INSPIRA 43


VIVER conecta COM ALLAN COSTA

Uma pandemia pode ser um alerta para a inovação

E

m tempos de crise, o instinto natural é trabalhar somente com o repertório que já conhecemos, fechando a porta para o novo. Isso é normal, mas deixa de ser inteligente se vira o comportamento padrão, mesmo em uma pandemia. Porque quando aquilo que sabemos falha, precisamos abrir espaço para novas ideias. O coronavírus testou a gestão de todos os governos no mundo. E Curitiba pode estar do lado das economias que sairão mais desenvolvidas no futuro pós-Covid, já que tem características de cidade inteligente, que fomenta o empreendedorismo e a inovação. Mas para isso, deve aprender sobre suas vulnerabilidades e manter o que mais importa no centro de todas as ações: o cidadão. E apoio ao cidadão, por agora, se traduz na criação de mecanismos para o retorno imediato das atividades econômicas, com medidas que assegurem menos chances de contágio. Como o uso obrigatório de máscaras, a circulação restrita em lojas e o incentivo a plataformas que substituam o presencial. Da mesma forma, é importante estimular a compra de produtos locais. E não só isso. Buscar fornecedores do entorno e pensar maneiras de criar negócio para os pequenos empresários da região, não deve ser apenas uma decisão política. E sim, um movimento. Toda a população deve estar engajada. O impacto será sentido no comércio dos bairros, e a crise superada em curto prazo. Além disso, os curitibanos terão que modificar a mentalidade para conviverem com um “novo normal”. Os hábitos estão mudando e quem se posicionar para explorar as oportunidades, sairá na frente. Muitas pessoas foram digitalmente incluídas à força e aprenderam que a vida virtual também funciona. A consequência? Um campo vasto para ser explorado no que diz respeito ao on-line. Empreendedores atentos saberão identificar as demandas e transformá-las em negócios. O comércio tradicional precisará se reinventar, e rápido. Lojas físicas terão que atrair clientes oferecendo algo a mais, que não poderia ser consumido em casa. A ideia de experiência se estende para o delivery. Entre-

44 VIVER

Allan Costa é palestrante, escritor, especialista em inovação e empreendedorismo, empresário e investidor-anjo Co-fundador do AAA Inovação, e sócio-diretor de alianças e inovação da ISH Tecnologia, maior empresa nacional de serviços de cibersegurança.

gar os ingredientes de uma pizza para a família brincar de pizzaiolo em casa, não é a mesma coisa que entregar a pizza pronta. Formas criativas de atender a velhas demandas farão sucesso. A crise que estamos vivendo nos faz sofrer e traz problemas aparentemente intermináveis. Mas, ao mesmo tempo, pode ser a fagulha que desperta o surgimento de centenas de novas ideias. Assim funciona a economia da inovação. E, em uma cidade como Curitiba, pegar o que nos torna vulneráveis e usarmos a nosso favor, é o que vai fazer a diferença na nossa capacidade de usarmos a crise a nosso favor e de sairmos muito mais fortes ao final dela.


CURITIBA QUE INSPIRA 45


VIVER conecta COM JEAN SIGEL

Profetas e Profecias pós crise Como você quer viver nesse mundo?

A

espécie humana parece gostar de profecias. E em tempos difíceis e incertos como os atuais então, se alguém criar um aplicativo de leitura de código de leitura da sua mão para ver o futuro, terá grandes chances de ser acelerado no Vale do Silício e virar unicórnio. Estamos todos a flor da pele. Até Nostradamus voltou a ser citado e as teorias conspiratórias parecem aquecer nosso imaginário. Tudo porque nós, seres humanos, queremos prever o futuro de qualquer maneira para podermos planejar o presente com mais segurança e estabilidade. Virou moda agora até no mundo dos negócios. Há os que se auto denominam futurólogos e muitos desses inclusive têm feito lives compartilhando profecias que acalmam temporariamente. Coaches de vida, gurus e mentores relâmpagos - muitos sem experiência de vida - pipocam ainda mais num momento de fragilização das pessoas. Lamento informar, mas, ninguém é capaz de prever o futuro. Tentar recriá-lo de forma diferente, sim, mas predizer o futuro, não. Ainda mais em um mundo tão instável, incerto e mutante como já há tempos vivemos. Agora então, nem se fala. Transformações sem precedentes já têm mudado nossa história, principalmente nos últimos 30 anos, de forma veloz e revolucionária e nossas narrativas de vida não poderiam ser mais as mesmas. Mas insistimos em preservá-las com medo da mudança e para nos mantermos com a falsa sensação de estabilidade e controle. Optamos por não mudar e resistimos à evolução do mundo, mantendo nossos ambientes de aprendizagem obsoletos e fossilizados. Empresas, escolas e governos nos “treinaram” – muito mal por sinal – para uma narrativa de certezas, estabilidade e padrões. Essa narrativa agora, ruiu. Há muito tempo já deveríamos fazer parte de uma nova forma de viver que já acontece por

46 VIVER

Jean Sigel é pai de duas meninas, empreendedor por natureza e Co-fundador da Escola de Criatividade. Autor de O Melhor da Vida Simples e de Graça – e um dos autores do O Grande Livro da Criatividade

aí. Baseada em experiências, dúvidas, criatividade e mudança. Aliás essa última palavra talvez seja a única que poderia ser aceita numa bola de cristal. O futuro do mundo é a mudança, constante. Ponto. O resto ou é achismo ou no máximo podemos chamar de tendências baseadas em dados, mas que não garantem certeza. Tenho recebido também diversos dossiês de futurismo de todas as partes de como o mundo será pós COVID19. Alguns muito sérios, úteis e com grande embasamento, e outros – a maioria eu diria – rasos, óbvios e até oportunistas. Mas todos têm algo em comum: falam do mundo de fora para dentro. De um mundo objetivo e de como deveríamos dirigir nossos negócios, vidas e nossas profissões a partir dele. E acho sinceramente que o buraco, é muito, muito mais embaixo. Por isso agora, feita essa provocação, divido minhas reflexões de como acho que o mundo e nossas profissões e trabalhos serão à partir dessa pandemia. Sem profecias ou futurologia - uma experiência pessoal apenas, sem verdade única - mas que tem funcionado pra mim nos últimos 20 anos. O mundo não é objetivo. O mundo é subjetivo. E também somos nós, seres humanos. A natureza e seus ciclos evoluem na subjetividade se adaptando às mudanças de forma contínua.


FOTO: BERNARDO ROCHA

Muita coisa voltará ao piloto automático em poucos meses. Pessoas continuarão sem tempo, obcecadas pela produção e o dinheiro, e darão graças a Deus de seus filhos retornarem para aquela sala de aula do século XX

CURITIBA QUE INSPIRA 47


O mundo muda, mudamse as perguntas. Mas que sejam feitas primeiro de dentro pra fora, sempre. Somos feitos de subjetividade, de emoção, de incerteza e dúvidas. Mas fomos treinados para a objetividade e agora lutamos contra ela, pois parece ter perdido completamente o sentido. Aliás o que fazia sentido há pouco mais de um mês, já não sentimos mais. E fará menos ainda no futuro. ONLIFE Dizer que o mundo do trabalho será também online e remoto é uma obviedade até perigosa pois reduz a discussão à tecnologia apenas e acredito mais num modelo híbrido e holístico onde o digital ganha mais espaço, mas o presencial será ainda mais valorizado. Um modo de viver que equilibre o OFFline com o ONline. Talvez um modo onLIFE? Um professor do MIT e especialista em inteligência artificial do Life Institute me compartilhou uma reflexão intrigante num evento. “A pergunta não é SE devemos usar inteligência artificial. A pergunta é para que devemos usá-la? Da mesma forma que a pergunta não é – Como o mundo será? Mas que mundo você quer para viver?” Citar profissões em ascensão nos ajuda a entender o mundo do trabalho, mas é preciso entender que talvez nossos filhos terão quatro ou cinco profissões diferentes ao longo de sua vida. Assim como estarmos preparados para diversos trabalhos será mais importante que estarmos preparados para empregos. Empregos são do mundo objetivo e da estabilidade que já não existe. E empregos são escassos. Enquanto trabalhos são do mundo subjetivo, incerto. Mas são abundantes - para aqueles que se adaptam. Muitos relatórios falam de trabalhos com mais propósito, qualidade de vida, bem estar. Não é a COVID19 que garantirá tudo isso na pós pandemia. Somos nós e nossas escolhas. Aliás, muita coisa voltará ao piloto automático em poucos meses. Pessoas continuarão sem tempo, obcecadas pela produção e o dinheiro, e darão graças a Deus de seus filhos retornarem para aquela sala de aula do século XX. Afinal, lembre-se que preferimos a estabilidade à mudança. Os que mudarão para buscar propósito,

48 VIVER

qualidade de vida e bem estar serão aqueles que olharão para dentro e não para os discursos prontos. Que investirão em conhecimento, novas habilidades e depositarão mais sabedoria e simplicidade em suas contas pessoais. Por isso a única solução para um mundo mutante que eu ousaria compartilhar - não como profecia que fique claro - mas que tem feito uma enorme diferença na minha vida, seria: pare e pergunte a você mesmo - Quem é você? Quais seus reais talentos? O que deseja fazer no mundo? E como quer viver nesse mundo? Parece simples e não tão sofisticado quanto os dossiês de futuro ou as palavras de um consultor. Eu sei, também achava há 20 anos e esperava que a objetividade do mundo me desse as respostas prontas. Mas as respostas só começaram a fazer sentido para este curitibano inquieto quando parei, refleti e me fiz essas perguntas. Nunca havia perguntado quem eu realmente era, que talentos quase imbatíveis eu poderia ter e o que eu queria viver nesse mundo. A pergunta, antes, era de fora para dentro. Baseada em que os outros diziam epor isso, eu simplesmente cumpria com dedicação uma narrativa que simplesmente não era a minha. VALORIZE A ESSÊNCIA Mas uma narrativa só faz sentido realmente se fizer sentido pra você – de dentro pra fora. É a sua história e como ela impacta o mundo. O mundo muda, mudam-se as perguntas. Mas que sejam feitas primeiro de dentro pra fora, sempre. Em um exercício de autoconhecimento constante. Aumentar nosso repertório de conhecimento e aprender com outras pessoas sem dúvida importam, mas entender seu próprio sistema operacional e valorizar sua essência é talvez a atitude mais segura em um mundo inseguro. Desenvolver seus talentos únicos, que talvez você nem os conheça ainda, e estimular sua capacidade criativa e autoral lhe darão a confiança e o equilíbrio necessário para as mudanças de agora e do futuro. Pergunte ao seu coração, primeiro. Como quer viver nesse mundo?


onde arte e

decoração se encontram 41 3342 1403 @galeriamolduraminuto /espacomolduraminutocuritiba Rua Alferes Ă‚ngelo Sampaio | 2333


VIVER conecta COM MARCOS MEIER

A insuportável leveza de conviver

F

ilhos o dia todo dentro de casa e você com mil coisas a fazer! Não é nada fácil. Voltar no tempo talvez ajude: Na Grécia antiga o filósofo Parmênides escreveu um poema que afirmava ter o peso uma qualidade negativa enquanto a leveza, positiva. Nietsche discordou argumentando que justamente os “pesos” da vida é que trazem sentido a ela. Essa ideia existencialista Kundera utiliza em seu livro “A insustentável leveza do ser” quando nos apresenta suas personagens. Voltando ao ano de 2020, essa grande pandemia é justamente o peso (insustentável leveza) que pode dar sentido às relações mais importantes da nossa vida: filhos, marido, esposa, pais. E para entender melhor, precisamos dar outro salto no tempo, dessa vez para o futuro: o ano de 2050. Sim, daqui a trinta anos seus filhos talvez tenham constituído uma nova família, e poderão ter uma conversa muito profunda sobre o passado, especificamente sobre a quarentena. Talvez seja algo assim: - E aí filho, hoje sua mãe e eu falamos daquela quarentena que vivemos em 2020, lembra? Você tinha 10 anos. - Lembro pai. Mas sempre que lembro me vêm uma tristeza enorme. Foi muito difícil para mim. Vocês gritavam comigo, exigiam que eu aprendesse por meio daqueles vídeos que a escola mandava e que eu não conseguia seguir, eu queria brincar de videogame e vocês se irritavam o tempo todo por eu estar sem fazer nada e o pior de tudo: vocês brigavam tanto que eu me escondia com medo de que o culpado da briga fosse eu. - Meu Deus filho! Eu não sabia que tinha sido tão ruim para você!

50 VIVER

Marcos Meier é educador, escritor e palestrante e apaixonado por encontrar em momentos tristes e alegres um ou vários motivos para ser feliz

E a conversa segue com confissões e pedidos de perdão. Mas poderá ser totalmente diferente: - Lembro sim! Foi sensacional. Lembro das nossas brincadeiras, do quanto a gente inventava coisas juntos e principalmente de ouvir vocês contando coisas da sua infância e me ensinando a fazer também. Guardo aquela quarentena no fundo do meu coração, apesar da dor de ter perdido pessoas próximas, vocês me acolhiam. Acho que nunca disse isso a vocês, então aí vai: - Obrigado pai, obrigado mãe.


CURITIBA QUE INSPIRA 51


VIVER conecta COM MARCOS PIANGERS

É hora de reinventar seu mundo

U

m amigo de São Paulo, em quarentena dentro de casa com mulher e o filho, me conta que esses dias aconteceu pela primeira vez. Ao cair e se machucar, o filho pequeno levantou os bracinhos pra ele e quis colo, ao invés de pedir colo para a mãe, como de praxe. Me contou chorando. “Está acontecendo pela primeira vez do meu filho querer meu colo. Antes, ele sempre queria a mãe, não aceitava vir no meu colo, não me queria por perto na hora de dormir. Agora, está me aceitando”, me disse. Outro pai postou na internet: “minha filha sempre me desenhava pequeno, a mãe e ela grandes. Depois desse mês inteiro juntos, olha o que ela desenhou”. A foto mostra um desenho colorido, um pai e uma mãe do mesmo tamanho, a filha de mãos dadas com os dois. Essa quarentena é medo, dor e sofrimento, sem dúvidas. MAs também pode ser cura. Conversei com introspectivos felizes, que não precisam de tantas interações sociais. Ouvi de mulheres satisfeitas em não precisar se arrumar pro trabalho, sem salto alto e maquiagem, algumas evitando as dores da depilação. Sei de workaholics alegres usando este período em casa pra conexão familiar e reflexões sobre mudanças no ritmo de trabalho. Conheço uma adolescente que vivia nervosa e agora está radiante, estudando de pijamas no horário que é mais produtiva, sem se preocupar com o que os colegas acham de sua aparência. A quarentena é de luto pra todos nós, pois todos perdemos algo. Amigos, familiares, a tranquilidade abraçar afetos ou o prazer de se encontrar com amigos. Temos uma sensação de perda, de angústia, de não saber quando isso acaba e como será daqui um ano. Mas, para alguns de nós, há algo mais. Há a chance de reconectar com os filhos, de salvar o casamento. Há a felicidade de se vestir confortavelmente, há o repensar da carreira, dos valores, da vida. Conta a história que o inventor Thomas Edison teve seu laboratório destruído por um incêndio em

52 VIVER

Marcos Piangers é autor do best-seller O Papai é Pop com mais de 300 mil cópias vendidas e seus vídeos já alcançaram meio bilhão de visualizações. Mas ele sabe que é como pai da Anita e da Aurora que vai transformar o mundo

1914. O desastre levou boa parte dos protótipos e experimentos de Edison, bem como um prejuízo de milhões de dólares não cobertos pelo seguro. Ainda olhando o fogo, Thomas falou ao seu filho: “Tudo bem, apenas nos livramos de um monte de coisas”. Em entrevista ao New York Times, Edison disse: “Apesar de eu ter 67 anos, amanhã vou recomeçar tudo de novo”. Talvez seja um jeito de reinventar o mundo. Fazer da dor o início de uma transformação. Do medo, tirar estratégia. Dos erros, formas de aprendizado. Do luto e da perda, um recomeço.


Wagner Santiago e Benamin em foto de Fer Cesar

CURITIBA QUE INSPIRA 53


FAMÍLIA

Seja no dia a dia da casa ou no trabalho, elas dão um show quando o assunto é superação

54 VIVER


CURITIBA QUE INSPIRA 55


FAMÍLIA

CUIDE-SE POR HELENA MELO

E

FOTO: PABLO CONTRERAS

sta semana foi aniversário do meu filho. Ele fez seis anos e tivemos que comemorar à distância. Foi muito estranho assistir ao parabéns via celular, mas neste momento precisamos nos adaptar. Sou fisioterapeuta da equipe de Saúde da Prefeitura e como as visitas domiciliares, consultas e os grupos terapêuticos estão em stand by, estou trabalhando com a força tarefa das unidades de saúde no monitoramento dos casos suspeitos da Covid-19. Tenho dois filhos e desde o primeiro caso suspeito que apareceu na Unidade eu não estou com as crianças. Eles estão na casa do meu irmão. Enquanto isso aproveito para nas horas de folga adiantar algumas questões da pós que estou fazendo e também para organizar os quartos da Letícia e do Daniel para quando voltarem para casa. Sei que vou ter um Dia das Mães bem diferente do que em outros anos, mas agora é hora de pensar no coletivo. É uma situação nova para todos, algumas coisas são difíceis de absorver, mas se a gente conseguir manter firme, seguir as orientações e manter o distanciamento, vamos conseguir chegar lá na frente com poucos casos. Se existe algo de bom neste momento é que a sociedade está conhecendo melhor o que é oferecido pelo SUS e a dedicação dos profissionais de saúde. Quanto à prevenção, precisamos pensar nos outros na hora de tomar algumas decisões. Quanto vale a minha vida, a minha saúde, a minha família? É importante se conscientizar. Mas o importante é saber que tudo isso vai passar. No meu caso, quero muito voltar a ver as crianças e fazer a festinha do Daniel que ficou adiada. Em agosto completo 40 anos e espero que tudo já esteja bem para poder comemorar com os amigos.

56 VIVER


Uma mãe “normal” em quarentena POR MARIAH SALOMÃO VIANA

A

cho que antes de mais nada é importante situar a minha vida: sou mãe da Maria Augusta, de 10 anos, e da Rebeca, de 9 anos. Empresária, diretora de criação da marca NovoLouvre e supervisora do curso de moda do Centro Europeu. Sou bastante ocupada e amo isso. Apesar de ser brega hoje em dia, sou uma workaholic assumida! Minha família e meu trabalho são o que mais gosto na vida. Me encontrar em quarentena foi um caos. Todo o planejamento da empresa ruiu, todas as aulas do curso que supervisiono passaram a ser on-line e eu passei a acompanhar todas elas, respondendo aos anseios de todos os alunos e professores; meu marido médico está em locais de risco todos os dias, nossa renda caiu pela metade e, no meio de tudo isso, estamos eu e as meninas em casa o tempo todo. Não sei como nem porquê algo de certo eu fiz pois elas pouco sentiram o impacto. Rebeca sente muito a falta dos amigos, pois é muito sociável, já Maria Augusta parece feita para a quarentena, não podia estar mais feliz. Enquanto uma se arruma, com look do dia e penteados, a outra não tira o pijama - e está muito feliz com isso. Por outro lado carrego uma culpa enorme. Junto com essa pandemia veio a experiência do homeschooling e eu, com duas crianças, dando aula todas as manhãs, não consigo acompanhar como deveria. Sinto uma culpa imensa, somente acalmada pelo bom desempenho das meninas (aqui o orgulho de mãe que sempre priorizou a vida acadêmica delas quase explode)! Elas têm aulas ao vivo alguns dias de manhã, quando encontrariam com as professoras e colegas, mas como eu estou dando aula nesses horários elas não conseguem acompanhar. Criei então um esquema com o que consigo fazer e tentei acalmar o coração. Por outro lado, apesar da angústia das incertezas e das notícias ruins, passar o tempo todo com elas, sem tantos horários e compromissos, tem sido maravilhoso. Tento fazer o exercício de olhar para isso: sei do privilégio que tenho de passar por esse momento em segurança com a

Mariah, com Maria Augusta e Rebeca

minha família. O fato de ser vizinha de minha irmã e conviver com ela, meu cunhado e meus sobrinhos tem sido um alívio para mim e para as meninas, pois não ficamos tão isolados e elas têm com quem brincar - e brigar! A única certeza que tenho no meio de tantas dúvidas é que estou passando essa quarentena com quem eu realmente gostaria. Esse é um ótimo teste para saber se você construiu a família que deveria ter construído - nesse teste nós passamos!

CURITIBA QUE INSPIRA 57


FAMÍLIA

A escolha por Sofia

A

POR MILENA STAHSEFSKI

quele tradicional abraço de ano novo foi diferente esse ano. Eu e o Daniel nos abraçamos e choramos muito. Lá no fundo, a gente já sabia que não estava tudo bem. Sofia, nossa filha de 11 anos, vinha passando mal há dias. Enfim, depois de muito sofrimento e muitos exames nas primeiras semanas do ano, no dia 18 de janeiro de 2020 descobrimos que ela tinha um tumor (enorme!) no cerebelo. Eu não sei explicar o que aconteceu, mas no momento do grave diagnóstico uma paz invadiu meu coração de mãe. Eu tive a certeza de que ela seria curada. Meu marido ficou muito mal, sem chão, então eu precisava ser muito forte, por eles! Os dias que se sucederam ao diagnóstico não foram fáceis. Foram 31 dias de internamento (6 na UTI), duas cirurgias (uma delas com 7 horas de duração e 8 dias de diferença entre elas), entubação, transfusão de sangue, praticamente zero visitas e uma sepse para terminar nossa temporada no hospital com bastante emoção. Confesso que não me senti tão forte assim, mas as pessoas falavam que admiravam a minha coragem e positividade. Admito que em alguns dias eu acordava e pensava: “Meu Deus, de onde vou tirar forças hoje?”, principalmente nos dias que tínhamos alguma intercorrência. Mas logo chegava uma mensagem, um mimo, um carinho de algum amigo (ou até de desconhecidos) que nos faziam lembrar que Deus estava cuidando de nós em cada detalhe através de pessoas maravilhosas que colocou no nosso caminho. Dia após dia, fomos vencendo a ansiedade da Sofia (que queria ir embora de qualquer maneira) e trocando

boas energias (muitos se admiravam da minha força, mas eu admirava mesmo era da bravura da minha pequena guerreira), pois uma fortalecia a outra e nós duas fortalecíamos o papai. Hoje, olho para esse tempo (que é ainda é muito próximo e ainda machuca muito), e penso: “Caramba, eu fui uma fortaleza mesmo”. Hoje, há mais de dois meses em casa, conseguimos respirar aliviados, mas ainda não sinto aquilo que muitos me falavam: “Um dia serão só lembranças e histórias pra contar”. Não, hoje isso ainda faz parte da nossa realidade, dos nossos medos, dos nossos fantasmas. Ainda assim, eu tento honrar uma frase que escutei em uma aula em 2013 e que levo como lema de vida: “O universo é um espelho”. Então, mesmo nos dias mais difíceis, nos dias em que tive mais medo, medo de perder o meu maior tesouro, eu lembrava que eu tinha que mandar boas energias pro universo pra ele mandar essas energias de volta pra mim. Aquela capela do Pequeno Príncipe que se tornou meu refúgio durante aqueles dias, escutou muitos dos meus temores, mas também muitas das minhas orações e das minhas visualizações da Sofia brincando saudável. E aqui estamos, com nossa princesa curada e sem sequelas, agradecendo por estarmos em casa e não no hospital. E sim, ela está em casa como sonhei, aprontando todas por sinal! Tenho consciência que ela tem em mim a sua fortaleza e tenho certeza que é exatamente dela que vem a minha força! Meu milagre e a presença mais perfeita de Deus em minha vida tem nome: Sofia!

Milena e Sofia, no hospital e, após a primeira “quarentena” do ano, comemorando a vitória

58 VIVER


CURITIBA QUE INSPIRA


es os s veis dor unto

VIVER + O QUE FAZER CURITIBA

Bora viver? O Que Fazer Depois da Quarentena: um resgate ao simples CONTEÚDO PRODUZIDO PELA EQUIPE O QUE FAZER CURITIBA

Somos movidos pelo desejo de ocupar as ruas. Um desejo que, há cinco anos, vem sendo compartilhado e que foi capaz de criar uma enorme comunidade de pessoas que amam sair da sua zona de conforto, conhecer o novo, compartilhar experiências e viver a cidade de múltiplos jeitos. O O Que Fazer Curitiba é feito por - e também dedicado para - pessoas que, definitivamente, amam ‘’explorar’’. Explorar novos jeitos de viver a cidade, explorar novas formas de sair da rotina, explorar novos meios de entretenimento. Marcados pela geração das relações líquidas, que vivem com urgência do agora e do amanhã, que se recusam a dar espaço pro tédio e que fazem de um tudo para sair da mesmice. Mesmo sabendo que, no fim das contas, tudo é efêmero. Pela primeira vez, no entanto, nós, que sempre fizemos o convite para que as pessoas saíssem de suas casas e balançassem as cadeiras, é quem somos, dessa vez, convidados a desacelerar. E por um bem maior, endossamos o discurso, e passamos o convite adiante. ‘’Fiquem em casa’’, pela primeira vez, dissemos. E é nesse ato de recolhimento, que olhamos para o que realmente importa. E QUANDO TUDO ACABAR? Para nos ajudar a encontrar uma resposta para essa difícil pergunta, elaboramos uma pesquisa com perguntas de interesse genuíno: do que você sente saudade – aquele sentimento nostálgico que só existe na 60 VIVER

língua portuguesa – e não vê a hora de poder fazer? As respostas, são tomadas de uma simplicidade sem precedentes: estar com quem ama, reencontrar amigos e abraçá-los, correr com o cachorro no parque, ir na feirinha, passear na rua XV… Tudo que fazia parte das nossas rotinas e que dinheiro nenhum pode comprar. A amostra diz, por exemplo, que, 54% das pessoas entrevistadas mal pode esperar para reunir os amigos em um churrasco e outras 20% vão sair ‘’como se não houvesse amanhã’’. 38% sentem falta de ir a um bom restaurante e 60% disseram que a primeira coisa que devem fazer depois da quarentena, é reunir os amigos num bar. Quase 70% mal podem esperar para ir ao shopping e de todos os parques, o Barigui, sem sombra de dúvidas, é o que mais está deixando saudades. Dentre os museus, 65% mal podem esperar para ir ao MON - e fato que os fins de tarde aos domingos no parcão do museu, são inesquecíveis. De todos os festivais, muito mais do que os eletrônicos ou sertanejos, o de Teatro é o que mais deixou o sentimento de nostalgia. E é unânime: boa parte dos entrevistados, disse que mal pode esperar para poder viajar. Isso nos leva a crer que, sim, a pausa foi necessária para nos fazer refletir, olhar para dentro e enxergar aquilo que realmente importa. Resgatar o simples. O olho no olho. As trocas sinceras e os abraços. Deixa de existir ou ‘’eu’’ ou o ‘’você’’ e

Pela primeira vez a equipe do O Que Fazer Curitiba disse “Fique em casa” para seus seguidores

passa a existir o ‘’nós’’. O Que Fazer depois da Quarentena, muito mais do que ter, fala sobre a importância do ser. Sermos presentes - só no aqui e no agora. O supérfluo perde importância e abre espaço para aquilo que sempre esteve ali e que, por um momento, a sociedade havia esquecido. Nós, influenciadores, criadores de conteúdo, veículos de comunicação e imprensa, adotamos um novo papel de relevância e destaque na vida das pessoas. De forma cada vez mais humanizada, viemos lembrar que coisas boas acontecem e que sim: tudo isso vai passar. E o que vamos fazer depois da quarentena, no fim das contas, pouco importa – porque o mais importante é que, independente da resposta, nós vamos estar sempre juntos.


FOTO: PABLO CONTRERAS

APROXIME O CELULAR DO QR CODE E CONFIRA A PESQUISA COMPLETA

CURITIBA QUE INSPIRA 61


CASA

A cidade do futuro deve ser para todos De acordo com Marcelo Andreoli, professor adjunto de arquitetura e urbanismo da UFPR e doutor em urbanismo pela UFRJ, a reinvenção da cidade precisa vir da periferia

COMO ASSIM? Cidade é algo que construímos juntos, todos os dias. Ela é resultado da ação coletiva e já faz muito tempo que acompanhamos as respostas insuficientes de um sistema político econômico ao atendimento emergencial das camadas mais vulneráveis da população. Uma equipe multidisciplinar de Urbanistas, Assistentes Sociais e Agentes da Saúde Pública demonstrou as áreas mais suscetíveis ao contágio e proliferação do vírus no Paraná e em Curitiba. Não é novidade que os dados demonstrem a vulnerabilidade ao contágio pelo vírus da população residente em áreas sem o atendimento de serviços básicos de saneamento. Estas pessoas correspondem também a uma grande parte da população da cidade sem acesso à moradia digna. DIANTE DISSO, O PRÓPRIO PLANEJAMENTO URBANO TAMBÉM PRECISA SER REPENSADO? Os dados pedem uma reflexão sobre a necessidade de um redesenho das formas de ocupação espacial nas cidades, garantindo dignidade e o atendimento universal de serviços básicos a todos. É urgente

62 VIVER

Pensar a arquitetura e a cidade é um exercício principalmente de questionamentos sobre qual cidade eu gostaria de construir, ou, quem eu gostaria de ser para essa cidade do futuro.

FOTO: MARCELO ARAÚJO

A CIDADE VAI MUDAR APÓS A PANDEMIA? Mais do que encontrar respostas concretas e proféticas, parece que estamos mais próximos de encontrar dúvidas ou mesmo negações. O que sabemos é que a volta à normalidade como víamos anteriormente não acontecerá mais. Nesse contexto, acredito que talvez seja mais interessante e produtivo pensar sobre a cidade que não queremos.


que se faça um planejamento mais próximo das vidas das pessoas, observando e valorizando as práticas cotidianas e inserindo métricas humanas em suas avaliações. Os índices de felicidade e bem-estar urbano são ferramentas que podem ser absorvidas por tais estudos, mas, antes, devemos repensar o nosso paradigma que coloca sempre a economia em primeiro lugar. COMO FICA O OLHAR PARA A SUSTENTABILIDADE? A pandemia tem nos confrontado com nossas formas de apropriação dos espaços e dos recursos naturais. Para que seja mais que um discurso bonito, o olhar para a sustentabilidade deve garantir que os desperdícios e resíduos sejam minimizados. Os grandes deslocamentos de matéria prima ou as inovações tecnológicas com alto impacto ambiental podem ser substituídas por práticas locais, dinâmicas produtivas com relações mais orgânicas com os ecossistemas. QUAL A PARTICIPAÇÃO DE CADA PESSOA NA CONSTRUÇÃO DESSA CURITIBA DO FUTURO? Muitas questões estão abertas. A arquitetura e urbanismo, certamente se transformarão em qualquer contexto futuro, sobretudo, porque nós mesmos estaremos diferentes. Pensar a arquitetura e a cidade é um exercício principalmente de questionamentos sobre qual cidade eu gostaria de construir, ou, quem eu gostaria de ser para essa cidade do futuro.

CONHEÇA O ESTUDO E OS MAPAS QUE APRESENTAM AS ÁREAS MAIS SUSCETÍVEIS AO CONTAGIO E PROLIFERAÇÃO DO VÍRUS NO PARANÁ E EM CURITIBA

CURITIBA QUE INSPIRA 63




CASA

Luiz Gustavo Salvático: “a quarentena mostrou o quanto é importante ter um lar em que você se sinta bem”

66 VIVER


Extreme makeover O mundo mudou e é claro que nossa casa não ia ficar de fora disso. Chegou a hora de olhar para dentro e recriar nosso próprio lar POR LUIS CARNEIRO FOTO PABLO CONTRERAS

CURITIBA QUE INSPIRA 67


CASA

A

casa, que nos últimos tempos servia quase apenas como dormitório, foi resgatada. Retomou o status de refúgio. Nesses dias de isolamento pudemos viver cada um dos nossos espaços da forma mais intensa e insana que se podia imaginar. E isso nos mostrou que ela pode e deve ser mais. Um espaço acolhedor, que alimente a alma. Para os arquitetos Renan Mutao e Ary Polis, do Studio Architetonika Nomad, nesse período, a casa foi o cenário para que conseguíssemos promover entre nós mesmos um momento de reconexão, deixando de viver de forma automática. “A crise, apesar de muito triste, também teve muitos pontos positivos: nos conectamos com a o nosso lar, com os nossos familiares e tivemos tempo para organizar nosso espaço”. Muitas vezes a gente tende a minimizar o quanto a casa afeta o nosso bem-estar físico e psicológico. “A moradia é um refúgio para nossos estados mentais, dialoga com o morador, gera sensações que devem ser sempre

positivas”, destacam os arquitetos Sergio Valiatti e Luciana Patrão. Nesses tempos confusos, precisamos olhar para dentro. De casa e de nós mesmos. Para a arquiteta Alessandra Gandolfi, depois de tanto tempo em casa, avaliando cada espaço, teremos que repensar nossos hábitos e o que realmente a gente precisa dentro de casa: o essencial! “A casa é para ser vivida, não serve apenas para atividades básicas como guardar coisas, tomar banho e dormir. O morar vai muito além disso”. Sonia Elias, proprietária da Ton Sur Ton, uma das principais lojas de decoração e mobiliário de Curitiba, concorda. “Depois dessa quarentena tenho certeza de que as pessoas vão buscar invistir em elementos decorativos e mobiliários que traduzam a sua essência, a sua personalidade. As casas vão ficar mais verdadeiras”. Sem dúvida, a pandemia nos trouxe algo de bom. A certeza de que nossa casa precisa acolher nossa personalidade e ser viva, verdadeiramente um refúgio da nossa saúde física e mental.

Reavaliamos a importância da convivência entre familiares e a arquitetura vai potencializar esta demanda com espaços mais integrados, práticos e essenciais. O mundo vai diminuir de tamanho e as novas tecnologias vão aproximar as pessoas, à distância e digitalmente. Vamos ficar mais em casa, deslocamentos desnecessários vão acabar e nossa relação com o entorno vai melhorar. A casa também vai deixar de ser consumidora para ser geradora de energia. Vamos dar mais importância ao contato com a natureza, biofilia, sustentabilidade. Assim, ambientes com a personalidade do morador vão ser mais valorizados. Sergio Valliatti e Luciana Tomasi Patrão, arquitetos

68 VIVER


Um lar em que você se sinta bem Luiz Gustavo Salvático, gerente regional da Plaenge, conta como a quarentena vai refletir no setor imobiliário O QUE MUDOU NA NOSSA RELAÇÃO COM A CASA? A casa sempre foi o grande objetivo, o grande sonho das pessoas. Com o passar do tempo ela foi ficando de lado. A quarentena mostrou o quanto é importante ter um lar em que você se sinta bem. As pessoas começaram a dar valor para as coisas boas de estar em casa, ler um livro, cuidar de si mesmas, fazer sua própria comida. Nós temos percebido que muitas pessoas também começaram a perceber as deficiências da sua casa. Ou está muito apertada ou falta uma churrasqueira. Isso tudo vai refletir no setor imobiliário. É POSSÍVEL QUE AS PESSOAS INVISTAM EM UM NOVO IMÓVEL? Muita gente gente adiou o sonho de uma casa melhor porque as prioridades eram outras. Vendo como a vida pode ser frágil, acredito que as pessoas vão se dar o direito de ter uma casa melhor. Vai ser o momento do resgate do morar bem, de estar feliz dentro do seu lar. COMO FOI A SUA QUARENTENA? Foi um pouco complicada porque ela foi antecipada. Quando começaram as notícias eu estava bem gripado, tossindo, com febre e o médico pediu para eu me resguardar. Então antes de iniciar a quarentena de todos eu já estava há 15 dias em casa. Foi um momento de muito aprendizado, de encontrar formas de trabalhar bem em casa. Eu fiz da minha sacada - que é o lugar que eu mais gosto, onde eu cozinho e me divirto - o lugar mais importante para trabalhar, virou meu escritório. Foi também um momento de convivência muito intensa com meus filhos e com a minha esposa e tem sido um momento muito bacana para resgatar a culinária que é uma das minhas paixões. Com a correria eu tinha deixado isso de lado e eu acho que eu nunca cozinhei tanto na minha vida, cada dia inventando uma coisa diferente.

E A PLAENGE, COMO ESTÁ LIDANDO COM O MOMENTO? É um momento de incerteza porque não sabemos quais serão os impactos na economia, mas sabemos que o mundo não para. Os negócios não vão parar. Esta é uma oportunidade de rever processos, de revisitar temas que estavam de lado e de ter um outro olhar para os nossos produtos que são as casas das pessoas. A nossa própria experiência com esse período ajudou a ter vários insights para melhorias. O ATENDIMENTO 100% DIGITAL JÁ É UMA REALIDADE? Com certeza. Nós desenvolvemos um leque muito grande para atendimento digital dos clientes. Hoje nós conseguimos ir da apresentação do apartamento até a assinatura de contrato de forma toda remota, sem a pessoa nunca ter entrado no stand. São reinvenções da Plaenge e do mercado como um todo. Quem entender esse momento e se adaptar vai sair mais fortalecido.

CURITIBA QUE INSPIRA 69


CASA

As pessoas buscarão por casas mais práticas, confortáveis e mais bem equipadas. Espaços que promovam saúde e transformem a casa em um local que abrace, o primeiro lugar que o cliente queira voltar após um dia ruim ou intenso, justamente por se sentir bem em um ambiente ideal tanto para relaxar quanto para celebrar. Renan Mutao e Ary Polis, arquitetos

Com certeza, depois de tanto tempo em casa, avaliando cada espaço, teremos que repensar nossos hábitos e o que realmente a gente precisa dentro de casa: o essencial! A casa é para ser vivida, não serve apenas para atividades básicas como guardar coisas, tomar banho e dormir. O morar vai muito além disso. O ambiente pode (e deve) ajudar a contar histórias e afetar os sentidos de quem vive e passa por ele. Alessandra Gandolfi, arquiteta

Os espaços serão pensados com mais preocupação com o que gostamos de Teremos áreas com mais verde para estarmos conectados com a natureza, espaços mais aconchegantes com cores e acabamentos que nos acolhem mais. Michele Krauspenhar, arquiteta

70 VIVER

Sempre acreditei que a casa ideal é aquela que traduz a essência dos seus moradores. Decorar é um grande exercício de autoconhecimento e depois dessa quarentena tenho certeza de que as pessoas vão buscar investir em elementos decorativos e mobiliários que traduzam a sua essência, a sua personalidade. As casas vão ficar mais verdadeiras. Sonia Elias, proprietária da Ton Sur Ton


A quarentena em 40 m2 com propósito

O fotógrafo Eduardo Macarios, especializado em arquitetura, abre sua casa e fala sobre sua relação com o esse universo íntimo

CURITIBA QUE INSPIRA 71


CASA

Um lar é um espaço onde tudo precisa fazer sentido

A

TEXTO E FOTOS EDUARDO MARCARIOS

relação que tenho com a minha casa é a melhor possível. É o melhor momento do dia para mim chegar em casa e acordar aqui. Estamos há mais de 40 dias em casa e meu apartamento é pequeno, uma planta aberta de 40 m2 em formato de estúdio, quase sem paredes. Nesse momento de utilização extrema deste espaço é que percebo a importância de se ter uma casa em que tudo faça sentido. O apartamento é perfeito para mim e para minha noiva, pois de certa forma ajuda a moldar nosso estilo de vida. Como é bem central não tenho carro, andamos a pé por tudo e, durante esse tempo em que nos vimos obrigados a ficar em casa, temos curtido muito ficar aqui porque nossa casa tem uma grande janela voltada para a rua, não tenho a sensação de estar sufocado. Por ser fotógrafo de arquitetura visito muitas casas e isso contribuiu para eu entender o tipo de espaço que eu gostaria de viver e quais objetos apreciaria ter no meu apartamento. A questão de eu também estar em contato direto com praticamente todos os arquitetos que eu trabalho, a maioria deles se tornaram amigos, ajudou muito a compreender sobre os projetos e tentar entender qual caminho seguir.

72 VIVER

Assim, fui escolhendo a dedo as coisas que gostaria de ter na minha casa. Privilegiar a arte e o design local sempre foi um fator determinante. Temos por exemplo peças do Solo Arquitetos, Rimon Guimarães, Ôda Design, e do Leandro Garcia. Além das minhas fotos. O espaço acabou virando também uma galeria onde coloco meus trabalhos. Olhar para dentro do meu apartamento é muito inspirador. Cada peça que fomos colocando aqui aos poucos foi pensada, os objetos cumprem sua função de uso e também estética. A criatividade que isso traz é fundamental para o dia a dia e para que eu possa circular em outras casas e estar inspirado a criar as fotos. Um espaço especial da minha casa talvez seja o canto da leitura. É onde eu posso sentar, desligar de tudo e tenho toda a minha coleção de livros de fotografia ao lado. Esse cantinho também me dá uma visão para a rua, parece que eu estou debruçado na rua pela janela. Eu gosto muito dessa relação com a cidade, o urbano. Como moro no segundo andar, consigo escutar as pessoas conversando na rua e tenho contato visual com meus vizinhos de frente. Nos dias de hoje talvez isso a seja qualidade de vida que a gente busca, não é mesmo?


CURITIBA QUE INSPIRA 73


BEM-ESTAR

Telemedicina exige cautela Uso da tecnologia é um grande avanço, mas empresas e profissionais precisam estar atentos para não comprometer o lado ético e humano

N

o dia 16 de abril foi publicada no Diário Oficial da União, a Lei 13.989/2020 que autoriza o uso da telemedicina, em caráter emergencial, durante a crise provocada pelo novo coronavírus. A proposta sancionada permite que médicos exerçam suas atividades por meio de tecnologias ‘para fins de assistência, pesquisa, prevenção de doenças e lesões e promoção de saúde’. Para garantir a integridade, a segurança e o sigilo das informações repassadas nas consultas online, bem como permitir que atestados e receitas sejam assinados eletronicamente, muitas empresas estão tendo que adaptar suas ferramentas para desempenhar o serviço de acordo com as determinações impostas pela nova lei. A advogada Caroline Cavet, que

74 VIVER

apresentou estudos sobre a temática na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, explica que, apesar das medidas terem o intuito de combater a propagação exponencial do vírus, não se pode ignorar os riscos trazidos pelo emprego destas tecnologias, que se deram de forma irrestrita e instantânea, principalmente no que diz respeito ao volume de dados sensíveis dos pacientes trafegados em rede, potencializando os riscos de vazamento. “Mesmo que o cenário seja de avanço tecnológico na saúde, a Telemedicina é uma realidade que nos permeia e, certamente, como nas demais áreas, deve se tornar cada vez mais frequente no cotidiano das pessoas. Contudo não se pode comprometer o lado ético e humano, reforçando os códigos de conduta para proteger a informação


O prefeito Rafael Greca; a secretária municipal de Saúde, Márcia Huçulak; e a presidente da Agência Curitiba, Cris Alessi, com representantes da Doctoralia

clínica, garantindo a tutela da privacidade do paciente”, afirma Cavet. Tecnologia daqui Alguns aplicativos saem em vantagem na prestação desse serviço porque estão enquadrados na PCI, o certificado internacional de segurança de dados, para poder realizar pagamentos online. É o caso da paranaense Connecty Pay, que disponibilizou a opção de telemedicina no seu app em parceria com diversos médicos e profissionais da área da saúde. No aplicativo, os médicos poderão se cadastrar na plataforma e abrir suas agendas para os usuários, bem como determinar o preço pela consulta. O paciente, por sua vez, terá a possibilidade de fazer o agendamento, efetuar o pagamento e, na data marcada, receber o atendimento do médico. Segundo o Dr. Alcides José Branco Filho, cirurgião do aparelho digestivo e médico parceiro da Connecty Pay, o teleatendimento possui diversos benefícios para o paciente, que pode ter acesso a uma consulta a qualquer hora do dia e com uma diversidade de especialistas. “Essa forma de atendimento é muito mais rápida. Alguém que tem uma indisposição durante a madrugada, por exemplo, não precisa ir até um hospital e aguardar na emergência por uma consulta. Através do teleatendimento, pode-se resolver tudo isso sem sair de casa. Hoje atendo virtualmente pacientes que estão em outros lugares do mundo e que já faziam acompanhamento comigo presencialmente”, acrescenta.

CURITIBA SAI NA FRENTE Curitiba foi a primeira cidade do Brasil a usar a videoconsulta para atendimento médico de pacientes suspeitos da covid-19. O objetivo é reduzir o fluxo de pacientes presenciais nas unidades da rede municipal, contribuindo para o controle da pandemia. A tecnologia foi doada ao município pela empresa de agendamento de consultas on-line Doctoralia, com sede brasileira em Curitiba. “Com a nova tecnologia, as pessoas suspeitas da doença não precisam sair de casa para se consultar com um médico do SUS curitibano, o que poderá minimizar os efeitos do novo coronavírus na capital”, afirmou o prefeito Rafael Greca. O atendimento médico por videoconferência é feito por agendamento todos os dias, das 8h às 23h. O prefeito agradeceu a Doctoralia por ceder gratuitamente as licenças da plataforma para que o município pudesse oferecer a teleconsulta por videoconferência durante a pandemia. “Parte do nosso Vale do Pinhão, a Doctoralia se uniu à Prefeitura e à Agência Curitiba de Desenvolvimento para proteger e salvar vidas. É um grande exemplo de solidariedade social”, destacou.

UNIMED A Unimed Curitiba criou um novo canal de atendimento 24 horas, exclusivo para tirar dúvidas e receber orientações sobre a doença. O número é 0800-642-2002 – opção 3 do menu. A orientação é que todos os beneficiários entrem em contato pelo telefone antes de procurar um hospital da rede credenciada. Após o teleatendimento e análise de cada caso individualmente, o beneficiário pode ser encaminhado para atendimento médico via Centro de Qualidade de Vida (CQV) da cooperativa ou caso esteja em quarentena, será monitorado, via telefone, por uma equipe técnica especializada. A Unimed Curitiba também disponibiliza uma série de informações para reforçar a importância da prevenção e também do cuidado com o corpo e com a mente para passar pelo momento de forma leve, buscando minimizar os efeitos da nova rotina que se estabelece mundialmente. APROXIME O CELULAR E CONFIRA OS CONTEÚDOS DA UNIMED

CURITIBA QUE INSPIRA 75


BEM-ESTAR

A vida com novas cores Entrevista com Dr. Hamilton Moreira, diretor do Médicos de Olhos S.A O SENHOR É UM GRANDE APRECIADOR DE ARTE. QUAL A MELHOR FORMA DE REPRESENTAR O MOMENTO? Eu estava esses dias conversando com um galerista, o Marco Mello, e estava refletindo exatamente sobre isso. Não há outra forma de representar o momento do que tons cinza, algo nebuloso como catarata, em que todas as pessoas, no mundo inteiro estão enxergando dessa maneira. Mas acho que caberia aí também uma bailarina com uma beleza e uma leveza desconcertantes. COMO ASSIM? Sim, acredito que tem beleza em tudo isso. Estamos vendo que a Medicina está aprendendo com essa crise a atender o ser humano de uma nova forma. Na medida em que a gente se acostuma, que se abre e aprende um pouco mais a se comunicar melhor, acho que a beleza surge aí, ela encurta muitos caminhos.

É VIÁVEL NA OFTALMOLOGIA? Existem muitos aplicativos, muitas possibilidades. Existem exames automatizados, desde que, claro, a gente tenha muito cuidado. E certamente nosso Conselho Federal deve estar olhando para isso muito assustado, porque é polêmico. Vai haver um debate muito grande sobre como isso será regulamentado após voltarmos às atividades normais. Acredito que está sendo uma boa a experiência também para os pacientes, mas a questão ética e humana não pode ser negligenciada.

76 VIVER

QUAL A SENSAÇÃO DE UM PACIENTE QUE TEM A VISÃO RESTITUÍDA APÓS CIRURGIA DE CATARATA? A catarata tem vários níveis. Mas quando a pessoa faz uma cirurgia nos níveis iniciais, a primeira sensação é que ela passa a ver as cores muito mais vivas. Em estados mais avançados, quando a pessoa tem a visão novamente é de uma alegria indescritível. ESSA VAI SER A SENSAÇÃO QUE VAMOS TER QUANDO SAIRMOS DESSA CATARATA COLETIVA? Acho que sim. Do ponto de vista simbólico, as cores vão ficar muito mais vivas. Vamos viver uma redenção gradativa, voltando a nos encontrar com os amigos, a caminhar nas ruas e a fazer o que mais gostamos.

FOTO:PATRICIA AMANCIO

COMO O SENHOR VÊ TELEMEDICINA? Já vivíamos essa realidade. Não havia um evento internacional que já não falasse sobre telemedicina. Todos sabiam que a Medicina à distância, com a ajuda da tecnologia, poderia diminuir os custos sem diminuir a qualidade. Com a crise realmente todos fomos acordados para isso. Quase todos os médicos estamos trabalhando de alguma forma virtual, seja por telefone ou por vídeochamadas.


Mais de dois mil tipos de exames Coleta domiciliar Assessoria científica para médicos Maior centro de análises clínicas de Curitiba.

100%

Paranaense

Curitiba - Região Metropolitana - Litoral do Paraná Ponta Grossa - Palmeira - Rio Branco do Sul

Tem sempre um LANAC perto de você!

www.lanac.com.br Sede Central: (41) 3023-1749 CURITIBA QUE INSPIRA 77


SORRISO KIDS DRA. LILIANA TEMPORÃO Dentista

Cuide da sua boca!

O

HIGIENE BUCAL Cuidar da limpeza da boca é ainda mais importante em tempos de COVID-19. Antes de realizar a higiene, é importante sempre lavar as mãos até a metade do pulso e entre os dedos, por no mínimo 20 segundos. Se alguém na casa estiver com sintomas ou suspeita de infecção, o uso de pasta de dente, sabonete e toalha de rosto precisa ser individualizado. Nesse sentido também se indica não deixar as escovas no mesmo ambiente. Não deixe que a mudança na rotina tire do eixo o cuidado com a higiene bucal: escovar os dentes após as principais refeições e antes de dormir e usar fio dental diariamente, simples assim! Em hipótese alguma permita que a criança vá para a cama sem escovar os dentes. O Felipe Panceira, paciente da foto, faz sua tarefa de casa direitinho!

Para alguma emergência ou consulta para acompanhamento de tratamento, o consultório está funcionando mas com uma nova cara. Todos os brinquedos foram retirados para não facilitar a proliferação de vírus - portanto, caso a criança queira trazer um brinquedo devidamente higienizado, fique à vontade. Neste momento, pedimos que venha apenas um acompanhante por paciente e todos devem usar máscara. Ah, conte para as crianças que o Buzz Lightyear passou por lá e deixou equipamentos para as novas integrantes do comando estelar!

Dra. Liliana Temporão | Rua Padre Anchieta, 2.050, Salas 604 e 605 | Champagnat | (41) 3335-4388 | www.lilianatemporao.com.br 78 VIVER

FOTOS: FERNANDO ZEQUINÃO/ DIVULGAÇÃO

surto da doença por coronavírus está revirando a vida de famílias em todo o mundo. É preciso um pouco de organização e planejamento para garantir uma rotina alimentar saudável, composta por alimentos de verdade, mesmo em tempos de pandemia. Tente não descuidar tanto e mantenha a ingestão de frutas e vegetais, além de criar um estoque de lanches saudáveis - afinal, as crianças parecem ter apetite sem fim e pedem toda hora algo para comer, não é mesmo? Em vez de dar doces ou salgadinhos, opte por ideias mais saudáveis, como frutas frescas picadas ou secas, bolos caseiros, queijo, iogurte natural (sem açúcar), castanhas, nozes, amendoim, amêndoa ou outras opções saudáveis disponíveis localmente. Esses alimentos são nutritivos, saciam mais e ajudam a criar hábitos saudáveis para toda a vida.


Atemporal e sofisticada por essĂŞncia

Dep. Heitor Alencar Furtado 3350 I Sala 205 Ed. Opus One Ecoville I Curitiba 41 98768.4747

feliciapretto_oficial www.feliciapretto.com.br CURITIBA QUE INSPIRA 79


BEM-ESTAR

Autoestima está em alta Dr. Robson Netto destaca que a cirurgia plástica pode atender demandas atuais, mas sempre com muito critério

Dr. Robson Netto: “Quando a gente não gosta do que vê refletido no espelho precisa buscar ajuda”

80 VIVER


HÁ UMA MUDANÇA DE COMPORTAMENTO QUANDO O ASSUNTO É BELEZA? O que a gente tem percebido no consultório é que neste momento em que todos nos voltamos para o que importa, para o que é mais essencial, a beleza aparece nestas prioridades. A grande mudança é que agora não é uma beleza pensando nos outros, mas em si mesmo, no seu próprio bem-estar. As pessoas querem se olhar no espelho e se sentir bem. E O QUE É SE SENTIR BEM? É a pessoa reconhecer a idade que tem, entender como seu corpo evolui e se perceber bonita. Quando a gente não gosta do que vê refletido no espelho é preciso buscar ajuda. Lembrando que muitas vezes ela não vem necessariamente da cirurgia plástica.

O QUE VOCÊ ESPERA QUE MUDE PÓS QUARENTENA? O impacto das redes sociais na percepção da beleza. Muitas vezes o que se vê no Instagram é o inatingível. Muitas pessoas buscam a comparação com o que se vê em alguns posts e sabemos que aquilo não é uma realidade. Existem filtros, ângulos e tratamentos. É preciso sempre analisar quem somos, nossos limites e aí sim uma intervenção estética faz sentido.

FOTO: FERNANDO ZEQUINÃO

COMO APRESENTAR O QUE É HARMÔNICO PARA ELA, O QUE É ATINGÍVEL? Quando a paciente chega com alguma queixa, procuramos entender o que é a harmonia no caso dela, ver o que é melhor para ela, para o corpo dela, com a altura, com biotipo ou com a etnia que ela Quando nos voltamos para tem. Tudo é muito pessoal, deno essencial, a beleza aparece tro de tudo o que a Sociedade de Cirurgia Plástica nestas prioridades. A grande Brasileira recomenda.

COMO A QUARENTENA MEXEU COM A PERCEPÇÃO DAS PESSOAS? As pessoas ficaram muito mudança é que agora não tempo em casa e isso fez com que de alguma forma ficassem é uma beleza pensando nos DE QUE FORMA A CIRURmuito expostas ao seu espeoutros, mas no seu próprio GIA PLÁSTICA PODE REALMENTE AJUDAR UMA lho. Assim, questões estéticas bem-estar PESSOA? que não eram percebidas na Quando a paciente nos procorreria do dia a dia passaram cura e a queixa é evidente, a a ter uma uma atenção espegente vê que ela está pronta cial. Isso é fundamental para para aquilo , tem diversas o nosso trabalho: que cada coisas boas. A mudança de pessoa que nos procure tenha postura, inclusive. Tem muita consciência do seu corpo e de paciente que chega tímida e que após a como ele mudou com o passar do tempo. Tenho cirurgia fica mais espontânea, mais segura. É recebido pacientes diariamente que apontam muito gratificante ver essa mudança. algumas insatisfações, mas sempre com o objetivo de estar bem. ONDE VOCÊ ATUA HOJE? Os procedimentos estéticos faço na Clínica PARA SER UM BOM CIRURGIÃO É PRECISO Los Angeles e o laser e outros procedimentos SER POUCO PSICÓLOGO? menos invasivos são feitos na Clínica IntraSim, é preciso entender quais os verdadeiros laser. A parte cirúrgica a gente sempre busca anseios. Muitas vezes eu brinco com as pacientes em clínicas bem estabelecidas, com muita que elas vão lá para tomar um café e ir embora segurança como a própria Clínica Los Anporque não está na hora ou porque o que buscam geles e o Hospital Firenze. Temos redobrado não vai fazer com que se sintam bem. Por mais os cuidados com relação às medidas de seguque muitos achem que é algo fútil, acho que a cirança para dar sequência aos atendimentos. rurgia plástica é um recurso muito relevante para Além disso, atuo no Setor de Queimados, do a felicidade das pessoas. Só quem já viveu uma Hospital Evangélico Mackenzie, o que me situação de não gostar de algo no seu corpo pode mantém em contato com uma área muito entender isso. Mas é importante lembrar que tudo relevante da Cirurgia Plástica. precisa ser feito no momento certo.

CURITIBA QUE INSPIRA 81


BEM-ESTAR

Com o tempo e a tecnologia a favor Dra. Talitha Chaves, dermatologista do Instituto La Beauté, aposta na telemedicina e em atendimentos completamente individualizados para os tratamentos estéticos 82 VIVER

COMO FICA O OLHAR PARA A BELEZA PÓS PANDEMIA? Vemos nesse mundo novo uma vida onde o tempo está a nosso favor e não contra. Na nossa percepção não voltamos mais ao que éramos antes da pandemia. E isso é muito positivo para a humanidade. Mas de cara nós vimos que a gente precisa acelerar os planos e trazer ainda mais exclusividade e personalização para o nosso paciente. O cuidado é um valor muito presente no que já fazemos, mas nesse momento a grande preocupação é não deixar nossos pacientes mais ansiosos ou preocupados por não conseguirem vir até a gente. E COMO ESTÁ SENDO FEITO O ATENDIMENTO? Abrimos um novo canal de contato – a telemedicina ajudou para isso se concretizar. E além disso


acho que nós topamos o desafio de nos reinventar. Por que não? Acreditamos na beleza real de cada um e nessa nova era vamos usar e abusar das ferramentas digitais para entregar a melhor versão de cada pessoa. Estando mais perto através de um tele atendimento que será mais presente na nossa vida e resolve, de maneira mais dinâmica, qualquer questão ou pelo menos é um ponto de partida para esta resolução. ESSE CANAL COMPLEMENTA O TRABALHO? Sim, por mais que o presencial ainda seja fundamental no nosso segmento, pois falamos aqui de procedimentos médicos estéticos com uso de tecnologia avançada, nós vemos esse novo canal como um grande aliado para o paciente manter seu plano de tratamento em dia. Agrega ao contrário de substituir. Talvez a gente possa fala em otimização de tempo e conveniência – e aí voltamos ao ponto do tempo ao nosso favor.

Vemos nesse mundo novo uma vida onde o tempo está a nosso favor e não contra. Não voltaremos mais ao que éramos antes da pandemia. E isso é muito positivo para a humanidade

OUTRAS MUDANÇAS ESTÃO PREVISTAS? Sim, nos nossos valores ainda falamos de dois outros pilares. A transparência que nós valorizamos muito nesse relacionamento médico-paciente, mas também entre todas as pessoas envolvidas com a nossa marca de alguma maneira. Nós sabemos que ao nos reinventarmos vamos ter que abrir mão de algumas coisas que não vão mais ser sustentáveis. Quando falamos de manter uma empresa viva, uma marca como a nossa viva, falamos em tomar decisões que muitas vezes são difíceis, mas necessárias. QUAL A DECISÃO MAIS DIFÍCIL E QUE PODE TRAZER UM RESULTADO MELHOR? Vamos agregar ainda mais valor através de um atendimento 1on1 de verdade. Para essas barreiras finalmente caírem precisaremos diminuir nosso ritmo e quantidade de visitas em clínica e trabalhar com horários mais amplos que vemos muito além de uma consulta ou um procedimento – mas sim, um atendimento. ATENDIMENTO TOTALMENTE INDIVIDUALIZADO? Sim, com um horário seu exclusivo para cada paciente vamos conseguir garantir a excelência do nosso atendimento. A partir de agora não vamos mais poder “perder tempo”. Sabemos o quanto isso é valioso pra todos, inclusive pra nós. E esperamos não parar por aqui com as mudanças. A partir daqui, vai se sobressair quem entender o tempo e a tecnologia como aliados.

APROXIME O CELULAR E ACOMPANHE UMA ENTREVISTA EM VÍDEO COM A DRA. TALITHA

CURITIBA QUE INSPIRA 83


BEM-ESTAR

Você não precisa ser perfeita Aprenda a se conhecer e cuide primeiro do seu bem-estar. Só assim todos vão ficar bem!

M

DRA. DÉBORA SANTOS, GINECOLOGISTA

omentos como este estão sendo especialmente críticos para as mulheres, que ficam expostas a uma carga emocional, psíquica e física. Todos sabemos que são elas as responsáveis, em grande parte, pelo planejamento e gerenciamento da casa, provendo a necessidade de todos e se preocupando com a saúde da família. Os motivos de exaustão são vários e particulares, mas podemos citar a responsabilidade com os afazeres domésticos (limpeza, organização e alimentação), filhos em casa - muitas vezes a mulher tendo que ajudá-los nos estudos - maridos estressados com a nova situação. É muita coisa! Algumas ainda estão precisando equilibrar o home office, ou pior, perdendo seus empregos e tendo um cenário financeiro instável. Some-se isso ao afastamento dos amigos e ainda a preocupação e cuidado à distância de familiares idosos ou de grupos de risco. Para complicar, há uma cobrança pessoal e da sociedade em relação à estética, em estar sempre bonita. Precisamos estar magras, com as roupas da moda, unhas bem feitas e cabelos sedosos e bem arrumados. É um estresse imenso. Estamos cansadas de regras. Chegou a hora de entendermos que nós podemos ser “supermulheres”, mas que não precisamos ser isso a todo momento. Agora que o mundo pediu uma trégua e desacelerou, por que não fazermos o mesmo? Sentir é importante, mas aprender a se autoconhecer é essencial. A casa não precisa ficar brilhando, você pode pedir ajuda ao companheiro e aos filhos nas tarefas domésticas. Você não precisa ser a melhor professora para seus filhos ou entretê-los durante todo dia, não precisa bater todas as metas de produtividade no trabalho. Manter a alimentação balanceada é importante, mas pode sair da dieta de vez em quando. Fazer algum tipo de atividade física também, mas pode e deve ter um momento do dia só seu para fazer aquilo que gosta, que planejou há algum tempo e não teve tempo, ou simplesmente para descansar. Estar descansada e menos estressada fará você se sentir mais leve, permitirá que você viva bons momentos ao lado das pessoas que ama. Aproveite esse período da melhor forma possível, da sua forma. Lembre-se sempre que a pandemia do coronavírus vai passar e com atitudes corretas hoje, você estará mais saudável, mais forte e melhor quando isso acontecer.

84 VIVER


FOTO: BRUNA TIMÓTHEO

Manter a alimentação balanceada é importante, mas pode sair da dieta de vez em quando. Fazer algum tipo de atividade física também, mas pode e deve ter um momento do dia só seu para fazer aquilo que gosta

Acompanhe os vídeos da Dra. Débora Santos no Instagram dradeborasantosginecologista

CURITIBA QUE INSPIRA 85


VIVER + BOM GOURMET

E na gastronomia, como será o “novo normal”?

E

CONTEÚDO PRODUZIDO PELA EQUIPE BOM GOURMET

sta é a pergunta que não quer calar, a de um milhão de dólares. Sabemos que mudanças profundas ocorrerão na forma como o mundo se relaciona com os alimentos. E esse novo comportamento já afeta toda a cadeia, do produtor à indústria, passando pelos estabelecimentos “para se alimentar” até os locais que se propõem a oferecer “experiência”. Tudo será diferente, ou melhor, tudo já se transformou. As pessoas retomaram o controle dos fogões, passaram a usar mais o delivery e a experimentar o takeaway - ganharam mais independência. A crise desenhou um novo consumidor, mais exigente e responsável, que deverá ser entendido por quem pretende se manter no páreo dos negócios. Duas palavras vieram à tona neste momento: resiliência e reinvenção. Nesse novo mundo, o Bom Gourmet também está inserido de forma orgânica. Com 28 anos de história, a multiplataforma da Gazeta do Povo tem monitorado as projeções desde o início da crise, definindo ações para amparar e estimular o mercado. “Também estamos nos reinventando, temos um compromisso muito forte com o setor e buscamos incansavelmente produtos que ajudem o segmento e levem infor-

86 VIVER

A quarentena foi de muito trabalho para a equipe do Bom Gourmet. Além da produção de conteúdos, dois projetos em tempo recorde

mação aos consumidores”, afirma Andréa Sorgenfrei, head da Pinó, spin-off da Gazeta do Povo, da qual faz parte o Bom Gourmet. Deste olhar, surgiram dois projetos lançados em tempo recorde: o Seja Bom, plataforma de venda de voucher solidário e a campanha (re) Descubra a Cozinha. O nosso grande desafio agora é repensar o maior prêmio de gastronomia do Sul do país, o Prêmio Bom Gourmet e o Festival Bom Gourmet. Ambas ações precisarão ser redesenhadas para a realidade que encontraremos pós-pandemia.


FOTOS: LETICIA AKEMI

CURITIBA QUE INSPIRA 87


VIVER + BOM GOURMET

HORA DE SE REDESCOBRIR Com a necessidade de ficar em casa vieram os desafios: para alguns aprender a preparar o próprio alimento, para outros, ressignificar o ato de cozinhar. Vi pessoas que tiveram que ir além do ovo frito e do macarrão com molho de tomate para sobreviver, mas também gente que passou a investir seu tempo em se reconectar com a cozinha. Os dois casos refletem o momento: cozinhar é um ato de cuidado e amor para as pessoas que estão ao nosso redor ou para nós mesmos! Por isso, lançamos a campanha (re) Descubra a cozinha! (re) Descubra o amor!, colocando no ar uma plataforma de receitas em vídeos. Há desde água saborizada, preparos para o café da manhã, até guloseimas, carnes e opções vegetarianas. Assim, inspiramos as pessoas a aprenderem novos preparos. Só é preciso se aventurar e reunir doses de ousadia e amor! Deise Campos, editora do Bom Gourmet.

Seja Bom Todos nós sabemos que os estabelecimentos gastronômicos também estão sofrendo com o isolamento. Pensando nisso, em abril lançamos o Seja Bom, programa de voucher solidário para ajudar os estabelecimentos a terem mais uma fonte de renda nesse momento de incerteza. Unimos esforços internos da equipe e fizemos parcerias com o Clube Gazeta do Povo, Ebanx e a agência Candyshop. Em apenas duas semanas, desenvolvemos a plataforma e a campanha de venda de vouchers. Como funciona? Qualquer estabelecimento pode se cadastrar gratuitamente na plataforma e ter vouchers disponíveis de R$ 40, R$ 70 e R$ 100 com até 100% de bônus. A venda é revertida para o estabelecimento e o consumidor usa o crédito quando o restaurante reabrir. Esperamos sua contribuição: www.sejabom.com.br Marja D. Nunes Kraft, editora de projetos/ gestora Seja Bom.

88 VIVER

É HORA DE MUDAR O Bom Gourmet Negócios também já indica o caminho para superar as perdas. Não é uma tarefa fácil, até porque tudo ainda está se desenrolando. O processo de digitalização dos negócios, com novas plataformas e inteligência artificial, foi acelerado pela crise e obrigou os empresários a olharem para dentro dos seus negócios para profissionalizar as operações. Se antes o ganha pão vinha apenas do salão, hoje é preciso adaptar o cardápio e ampliar o serviço para o delivery. Não só isso, viram também que a experiência do consumidor vai além de pedir algo para comer: ela precisa ser o mais convincente possível. A própria gestão do caixa, dos processos internos e da cozinha precisa ser otimizada para caber no orçamento agora mais escasso. Mas, se há algo de bom que esta crise está provocando é que a volta plena aos negócios será mais inteligente e econômica, sem perder qualidade. Guilherme Grandi, repórter do Bom Gourmet Negócios

YES, WE LIKE IT É da natureza do Instagram ser um espaço para inspiração e compartilhamento de bons momentos e conquistas. O período de isolamento social fez isso ficar ainda mais evidente: chefs passaram a ensinar receitas em lives e quem nunca havia publicado a foto de um prato, começou a compartilhar suas experiências na cozinha. Nos dedicamos a incentivar esses bons momentos. Falamos de comida. O que seria mais reconfortante que isto? Assim, passamos a republicar os pratos orgulhosamente preparados pelos leitores sob a #receitadequarentena. Para os próximos meses, o desafio será servir aos leitores um conteúdo de acordo com as habilidades que eles têm exercitado. Pelo que temos visto, sairão grandes cozinheiros! Flávia Schiochet, repórter do Bom Gourmet.


O INGREDIENTE PRINCIPAL Generosidade. Talvez esta seja a palavra que mais defina o sentimento transmitido pelos protagonistas da cena gastronômica neste momento. Tão logo as pessoas se recolheram em suas casas, chefs passaram a compartilhar seus conhecimentos para quem está tendo que se virar na cozinha. No caso da Padaria América, a contribuição incluiu a doação de “massa madre” para quem quiser fazer o próprio pão. Já o padeiro Renê Seifert lançou a campanha faça pão caseiro e doe. É de aquecer o coração as múltiplas ações direcionadas às pessoas em situação de vulnerabilidade. Gisele Rech, repórter do Bom Gourmet

Um novo mundo

APROXIME O CELULAR, ENTRE E DIVIRTA-SE COM AS RECEITAS

Com a maioria dos salões fechada, suspensões de contratos de trabalho e outras dificuldades causadas pelo novo coronavírus, tudo se transformou muito rápido. O setor projeta o início da curva de recuperação só em outubro – mais fortemente no começo de 2021. Os que conseguirem sobreviver até lá terão de lidar com um novo cenário: salões menores, cardápios enxutos, cuidados extras com higienização e um cliente mais exigente e cauteloso. Talita Boros Voitch, editora do Bom Gourmet Negócios.

CURITIBA QUE INSPIRA 89


BEM-ESTAR

A Escolha do futuro POR BETO MADALOSSO

M

ais uma maca atravessa frenética a porta da emergência. Sobre ela, uma mulher de quarenta anos se debate com falta de ar. O corredor está lotado com outros infectados que também se debatem, lutam por oxigênio. A salvação está dentro das salas de tratamento intensivo, onde um respirador pode prolongar os últimos instantes de vida e dar tempo ao tratamento. As salas estão lotadas. A maioria são pessoas da terceira idade, que já “cumpriram sua missão na terra”. Presume-se que, a essa altura da vida, ninguém mais depende deles, são eles que dependem dos outros. A enfermeira descobre que a mulher que acaba de chegar é mãe solteira, tem uma filha de doze e um filho de oito. Diferente dos velhinhos que agora ocupam os respiradores, ela tem dependentes e mais anos pela frente e o doutor se depara com ter que decidir entre quem vai viver e quem não vai mais viver. Na medicina existe uma regra para isso: os mais jovens têm preferência. Colocaram isso de forma numérica para aliviar a dor. É só escolher o mais jovem. Parece simples, se não for você a ter que tomar a decisão. O estrago de uma pandemia ultrapassa as questões de saúde pública e também atinge questões econômicas. A ordem expressa para salvar vidas é FICAR EM CASA. Quando a circulação das pessoas para, a economia também para. O isolamento social trouxe o fechamento de parques, praias, academias, casas noturnas, bares, restaurantes, etc. Negócios que tinham anos de tradição de repente viram que suas vidas também é um sopro. Poucos tinham condições de durar mais do que 15 dias com as portas fechadas. O presidente, apesar de ter soltado algumas linhas de crédito com juros baixos e subsídios salariais, colocou o peso da decisão nas costas do empresário: sugeriu por diversas vezes que o futuro dos empregos no país dependia de uma economia que não pode parar. Ora, quer dizer então que o dono do boteco, da padoca, são responsáveis por escolher entre vidas ou empregos? Parece que sim. Surgiram profetas otimistas, outros, nem tanto. Com poucas perspectivas reais esses empresários se debruçaram sobre os números. Renegociação de aluguel, adiamento de boletos, parcelamento

90 VIVER

Beto Madalosso dos impostos, análise da folha de pagamento. A é proprietário verdade é que, até agora, quarenta e cinco dias da Forneria depois do início da pandemia, ninguém sabe Copacabana, do ao certo como vai ser o “novo normal”. Eu falei Madá Pizza e Vinho 45 dias. Eu também falei que poucas empresas e é só mais um conseguem sobreviver mais do que 15 dias num dos que se sentem pressionados a cenário como esse. Empresas entraram na UTI. tomar uma decisão As poucas que conseguiram, pediram socorro nesse momento aos bancos, que se tornaram nossos respiradores. Algumas já morreram. Outras tantas morrerão. As que sobreviverem vão carregar sequelas. Quando uma empresa morre, morrem também empregos. Quando uma empresa entra na UTI, seus colaboradores entram junto. E a definição do futuro de várias pessoas cai no colo do chefe. Se não demitir, pode ser que tenha que fechar lá na frente; se demitir alguns, pode ser que consiga manter os demais, e, lá na frente, até contratar novamente. Para a economia, apenas números. Parece fácil, se não for você a ter que tomar a decisão. Como nossos governantes não assumiram totalmente o papel que lhes compete, são os donos de empresas que devem decidir. Batem cabeça, estão entre a cruz e a espada. Desamparados, sequer conseguem alinhar o discurso. Uns falam em abrir; outros, falam em manter fechado. O noticiário traz mortes e desemprego. E cabe ao empresário, com a cabeça cheia de dúvidas e a caneta nas mãos, dar o seu diagnóstico.



BUSINESS

Missão dada é missão cumprida Empresas curitibanas mostram que excelentes soluções podem surgir na pressão

A

POR LUIS CARNEIRO

crise não bateu à nossa porta. Entrou aos solavancos, aos gritos, no meio da noite e com lanternas no nosso rosto, nos desorientando. Nos pegou de pijamas. Em poucos dias o coronavírus colocou um ano que prometia (e muito!) numa quarentena sem dia e nem hora para acabar. Fomos todos para uma espécie de cativeiro econômico. Como se já não tivéssemos problemas suficientes, agora precisamos aprender a lidar com o medo e com o caos. Mas o incrível desse mundo do empreendedorismo é perceber que mesmo nas situações mais adversas podem surgir excelentes soluções. Diante de um inimigo como esse, toda energia deve ser colocada na direção de adaptação e identificação das novas oportunidades. É por isso que, como sempre, enquanto alguns sofrem antecipadamente pelas perdas que estão por vir, outros vão aumentando sua produção de lenços e buscando adaptações rápidas e inteligentes. Ninguém

melhor que o negociador do BOPE, Capitão Otávio Roncaglio para falar sobre como atuar em um momento com tantas incertezas. Ele participou da Semana de Humanidade Aumentada, da Slash Education, e destacou que em ambientes de extrema pressão, seja em uma negociação policial ou na vida corporativa, “é preciso se distanciar e rever quais são seus pontos fortes e fracos, entender seus limites e focar no que você tem de melhor”. A inteligência emocional para não ceder a um pessimismo imobilizador, a capacidade de olhar para dentro, se organizar e colocar um plano em prática são características comuns nas lideranças mais bem-sucedidas e fomos buscar aqui em Curitiba alguns exemplos de empresas de todos os tamanhos que estão buscando soluções para encarar essa crise. Afinal, para quem quer sobreviver no mundo do empreendedorismo, missão dada é missão cumprida.

NA PRESSÃO DEFINA A MISSÃO O primeiro passo é ter um foco claro, qual é o resultado que queremos? PLANEJE A MISSÃO Estabeleça as melhores estratégias e táticas. Qual a forma mais simples para atingir o objetivo? Quais são os possíveis obstáculos que podemos encontrar e as opções para superar cada um? Mesmo em tempos de incerteza não dá para sair fazendo. É preciso planejar. PREPARE A EQUIPE Nesses tempos incertos é preciso conversar, capacitar mais ainda, sempre seguindo um princípio: cabeça fria e coração quente.

92 VIVER CURITIBA

EXECUTE O PLANO Isso requer disciplina e excelência. Não dá para colocar no coronavírus a culpa de tudo. É preciso entender que uma vez que os outros passos foram atendidos, o plano precisa ser executado, sem desculpas. AVALIE OS RESULTADOS Corrija o que errou para que nunca mais volte a acontecer e criar método para tudo o que acertou com o objetivo de replicar inúmeras vezes.


Permutas

MERCADO EM CONDOMÍNIOS A startup curitibana Market4u foi uma das empresas alavancadas pela mudança de hábito da pandemia. Eles oferecem um mercado inteligente dentro de condomínios, sem atendentes, baseado na confiança dos moradores. O pagamento das compras se dá pelo aplicativo exclusivos e pioneiro no Paraná: o cliente escaneia os produtos e paga com o cartão de crédito ou débito cadastrado na plataforma. Eles lançaram a primeira operação em fevereiro e já são mais de 20 condomínios com a operação em funcionamento e mais de 25 contratos assinados. A empresa aumentou seu quadro de colaboradores em 800%. A expectativa é que até o final do primeiro semestre, 100 prédios curitibanos com mais de 100 apartamentos contem com o market4u.

CONTEÚDO PÓS PANDEMIA Especialista em direito contábil e tributário, Nereu Domingues, da Domingues Sociedade de Advogados, produziu artigos sobre os recursos que podem ser usados e como ajustar o futuro dos negócios. Aproxime o celular do QR Code e acesse os conteúdos sobre reorganização financeira, tributária e legal das empresas pós pandemia.

Pelas redes sociais, também se alastrou uma onda de campanhas em apoio aos pequenos negócios. A hashtag #Compredopequeno foi uma das mais mencionadas e correntes se espalharam para que os menores negócios fossem apoiados — inclusive os geridos por mulheres. Vale lembrar que o Brasil já soma 24 milhões de mulheres empreendendo. Boa parte delas abrem seus próprios negócios para superar o desemprego ou aumentar a renda —, segundo dados do Sebrae. Monica Berlitz conhece bem a complexidade do empreendedorismo feminino. Para a fundadora do Clube da Alice, a saída passa pelas redes sociais e colaboração. “Hoje, as redes sociais, mais do que nunca viraram a grande vitrine do pequeno empreendedor. O Clube da Alice se tornou muito forte quando nasceu em 2014, uma época de crise econômica no Brasil, e proporcionou um ambiente saudável para que muitas mulheres tomassem coragem e começassem a empreender. Estamos vivendo um momento parecido agora, mas com mais desafios ainda. Para manter a empreendedora motivada e a economia girando, o Clube da Alice tem se posicionado apoiando ainda mais e estimulando até mesmo a permuta entre elas e também lançou um aplicativo para facilitar o pagamento de produtos, o Alice Pay”.

WWW.VIVERCURITIBA.COM.BR CURITIBA QUE INSPIRA 93


BUSINESS

“As startups do Vale do Pinhão estão mostrando muita competência e adaptabilidade. Vale aproveitar o momento e focar nossos esforços em planejar nossos negócios para uma era de inovação tecnológica, mensuração e surgimento de soluções que impulsionarão a humanidade. Agora, mais do que nunca, precisamos usar o potencial das tendências tecnológicas, enxergar os sinais e nos adaptarmos para crescer e sobreviver.”

CRIS ALESSI, PRESIDENTE DA AGÊNCIA CURITIBA DE DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO E DO FÓRUM NACIONAL INOVACIDADE

NÃO EXISTE MILAGRE Cola, Harley-Davidson, Kellogg’s e Procter&Gamble, hoje ícones incontestes da cultura contemporânea, adotaram para superar, não somente a crise, mas seus concorrentes diretos, alguns pontos merecem destaque:

Zeh Henrique Rodrigues, CEO da Brainbox

1. 2. 3. 4. 5.

Na história moderna, sob as óticas do marketing e do branding, outras crises como as duas grandes guerras e a quebra da bolsa em 1929, tão ou mais graves que o COVID-19, abalaram a maneira como as marcas se relacionavam com os consumidores. Enquanto muitos lutavam para garantir a sobrevivência, outros traçaram planos audaciosos de crescimento e perpetuação de suas empresas. Observando as estratégias que a Coca-

Ao longo da história, essas e outras marcas, acreditaram que a única maneira de construir uma grande empresa é a consistência das ações aliada ao contínuo planejamento estratégico. Os períodos de crise servem para destacar as empresas que executam com méritos as boas práticas da gestão, sempre com visão de longo prazo. Em resumo, não existe milagre, existe planejamento.

94 VIVER CURITIBA

Clareza total do seu próposito de marca (relevância) Confiança plena no negócio (ousadia) Rapidez nas tomadas de decisão (timing) Percepção aguçada do presente e futuro (superação) Compreensão da força da comunicação (awareness)


EBANX LANÇA VOUCHER

De bar a restaurante O Street 444 viu na crise uma oportunidade: depois de três semanas fechado, deixa de ser bar e agora funciona somente como restaurante. Com cardápio inteiro assinado pelo chef Adriano Adriano Sadowik, do Alessandro e Frederico (que já era sócio da casa) o empreendimento passou por uma grande reforma e tem seu cardápio 100% disponível para consumo no local, delivery e take away.

FEIRAS DIGITAIS A Agência Curitiba de Desenvolvimento e o Instituto Municipal de Turismo fecharam uma parceria com a startup curitibana Olist para cadastrar os produtos dos artesãos das feiras da Prefeitura na plataforma on-line Olist Shops. Assim, cada um deles pode ter, gratuitamente, sua loja virtual e vender a distância. Desenvolvida para smartphones, para os sistemas Android e iOS (iPhone), a plataforma Olist Shops é simples de ser acessada e o cadastro – que leva no máximo três minutos – é feito no smartphone do artesão.

A startup curitibana Ebanx lançou uma plataforma que permite a pequenos empreendedores, com atividades suspensas, criar uma loja virtual para vender vouchers de produtos e serviços, recebendo antecipadamente os recursos. A plataforma, denominada Ebanx Beep, pode ser acessada por computadores e smartphones. As datas para a troca e vantagens do voucher serão informadas pelos próprios empreendedores. O objetivo principal é ajudar profissionais, como cabeleireiros, personal trainers, manicures, diaristas e confeiteiros, que estão sem fluxo de caixa durante a quarentena. Para o CEO do Ebanx, Alphonse Voigt, um dos vencedores do prêmio VIVER Inspiradores de 2018, “além de criar uma loja virtual para venda de vouchers, os empreendedores da capital também poderão contar com o processamento de pagamentos do Ebanx Pay, automaticamente disponibilizado dentro da plataforma”.

Aproxime o celular e acesse a solução do Ebanx

“Os períodos de crise servem para destacar as empresas que executam com méritos as boas práticas da gestão, sempre com visão de longo prazo” Zeh Henrique Rodrigues

WWW.VIVERCURITIBA.COM.BR CURITIBA QUE INSPIRA 95


BUSINESS

Luciana assumiu a empresa e diante da pandemia reinventou a Clean Express

L

uciana S. Cardoso de Brito assumiu a direção da Clean Express em setembro de 2019 e foi surpreendida com esse tsunami nos primeiros meses da sua gestão. A empresa fabrica toalhas e kits de manicure e como o faturamento vem quase 70% do ramo de salões de beleza, o desafio só aumentava. Foi aí que ao se abrir para a solidariedade descobriu que a produção de máscaras descartáveis também poderia ser um excelente caminho para enfrentar a crise. COMO VOCÊS COMEÇARAM A FABRICAR AS MÁSCARAS? Tenho uma cunhada médica de UPA e ela começou a ficar desesperada pela falta de material de proteção individual (máscaras e aventais descartáveis). Entrei em contato com uma costureira e coloquei nosso tecido para fazer as máscaras para destinar exclusivamente à área de saúde, até que eles conseguissem se reestruturar com EPI. Fizemos algumas doações, pois sabemos que os médicos conseguem máscaras de clínicas par-

96 VIVER CURITIBA

Virando o jogo ticulares que trabalham, mas as enfermeiras que trabalham em UPA, normalmente não têm outro emprego e consequentemente não têm acesso a elas. E COMO ESTÁ A PRODUÇÃO HOJE? Nos reinventamos. Começamos com três costureiras, fazendo uma média de 300 máscaras por dia. Depois passamos para aventais descartáveis e hoje estamos com 16 costureiras para a produção de máscaras e aventais. Chegamos a parar a empresa por 2 dias, mas ao iniciar a produção e venda destes itens sobrevivemos aos dias sem faturamento de salões de beleza. QUAL A GRANDE LIÇÃO? Passar pela crise, todos vão passar. De um jeito ou de outro. Mas meu objetivo é passar pela crise e sair mais forte do que estava quando entrei nela. Isso, só se reinventando mesmo. Já atingimos 70% do faturamento do mês de março, que foi maior que o de fevereiro.



OLHAR CURITIBA

Falta vida, conversas entre amigos, os faróis dos carros na hora do rush. Esse é o cenário que estamos encarando neste período de isolamento social. Por outro lado, o movimento muito abaixo do normal tem permitido aos fotógrafos explorar novos ângulos em suas saídas esporádicas. Quando, antes do isolamento, seria possível tirar uma foto dos raios de luz penetrando pela neblina densa no meio de uma das ruas mais movimentadas de Curitiba? Tiago Martins, @thiagomineiro

98 VIVER


Os tempos são outros, o amor é o mesmo. A gente já passou por inúmeras turbulências, em nossos 23 anos de história. E sabe o que isso significa, perante tudo o que estamos enfrentando hoje? Ainda não sabemos. Porque essa não é uma crise de saúde apenas, não diz respeito somente ao dinheiro, muito menos a política. É sobre tudo isso, e muito mais. Diz respeito a um mundo que foi obrigado a ficar em casa, contra a própria vontade. Um mundo que enfrenta a necessidade de movimentar-se e ao mesmo tempo, esperar. Desde que decidimos dedicar a vida na construção de marcas, a gente já sabia: não iria ser fácil. E isso foi uma das poucas coisas que não mudaram até hoje. Porque os comportamentos mudaram. A forma como tratamos a economia mudou. O jeito que as pessoas interagem mudou. Mas, para nós, o que não mudou foi a paixão por escutar, compreender e falar com elas, as pessoas. Afinal de contas, tudo é feito por e para pessoas. Com comunicação, não seria diferente, não é mesmo? Por isso, não prometemos respostas prontas. Prometemos vontade de aprender. Prometemos estudar mais. Ouvir mais. Nos prepararmos ainda melhor. E juntos, construiremos o amanhã.

porque isso, é mais do que nosso papel. Isso, é o nosso compromisso.

Comunicação CURITIBA QUE INSPIRA 99


100 VIVER CURITIBA


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.