Em Familia RS ed 08

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2º SEMESTRE/2011

Geração

verde

Um novo futuro depende deles


CI Moema

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Av. Ibirapuera, 1858 Tel.: (11) 5051-0381 São Paulo

Rua Padre Chagas, 80 Tel.: (51) 3346-4654

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SCLN, 211 - Bloco B - Loja 06 Tel.: (61) 3340-2040

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você aprende com o mundo


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Expediente

A marca marista está presente em 14 cidades do Rio Grande do Sul e Distrito Federal. São 24 colégios, alguns com trajetória centenária, educando mais de 17 mil estudantes.

PRESIDENTE DAS MANTENEDORAS: Ir. Inácio Nestor Etges. VICE-PRESIDENTE DAS MANTENEDORAS: Ir. Gilberto Zimmermann Costa. ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E MARKETING DA MANTENEDORA: Rosângela Florczak, Alexander Goulart, Cleber Colares, Antonio Melchiades C. Santos, Diego Wander, Lidiane Ramirez de Amorim, Luiza Zaccaro, Marcelo Cordeiro, Márcio Bertuol, Eric Bauer, Roberto Winck, Marciane Görlach, Katiana Ribeiro, Mauro Ferraz, Alessandra Müller, Larissa Souza. ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E MARKETING DOS COLÉGIOS: Aline Castro, Anna Catarina da Fonseca, Bruna Provenzano, Carolina Martin, Diogo Pedrotti, Eriel Brixner, Fernanda Laguna, Gabriel Bessa, Gisele Silva, Giuliana Belmonte, Ingrid Bravo, Jessica Rippel, Joana Paloschi, José Henrique Alonso, Juliana de Matos, Kassieli de Mello, Natalia Giovanaz, Nélson Vidal, Patrícia dos Santos, Renata Fagundes, Rodrigo Copetti, Rozecler Bugs, Sabrina Onzi, Sendi Spiazzi, Tiago Rigo, Virgínia Reginatto. GERÊNCIA EDUCACIONAL: Simone Engler Hahn, Eliane Schultz, Patricia Saldanha, Mauricio Anony, Leticia Bastos Nunes, Viviane Truda, Adriana Filipetto, Maria Waleska Cruz. Endereço: Rua Ir. José Otão, 11 – Bom Fim Porto Alegre - RS - Brasil – CEP: 90035-060 Site: colegiomarista.org.br Em Família | 8ª Edição | 2º Semestre 2011

CAPA: Mirela Schreck Welter, Gabriel Weiand, Lucas Petry Heck, Marina Gabriela Maia, alunos do Colégio Marista Pio XII, Novo Hamburgo - RS FOTO: D'Contreras - ILEXPHOTO

COLÉGIO MARISTA APARECIDA Rua Ramiro Barcelos, 307 – Centro Cx.P. 212 - 95700-000 - Bento Gonçalves - RS Fone/Fax: (54) 3452 1022 COLÉGIO MARISTA JOÃO PAULO II SGAN – 702 – Cj. B – Av. W3 – Quadra 702 Norte 70710-300 - Brasília - DF Fone: (61) 3426 4600 – Fax: (61) 3326 3180 COLÉGIO MARISTA ROQUE Rua Saldanha Marinho, 563 - 96508-001 Cachoeira do Sul - RS Fone: (51) 3722 2160 – Fax: (51) 3722 5285 COLÉGIO MARISTA MARIA IMACULADA Rua Visconde de Mauá, 545 Cx.P. 27 - 95680-000 - Canela - RS Fone/Fax: (54) 3282 1151 COLÉGIO MARISTA MEDIANEIRA Rua Valentim Zambonatto, 85 Cx.P. 177 - 99700-000 - Erechim - RS Fone: (54) 3522 1495 – Fax: (54) 3522 2902 COLÉGIO MARISTA PIO XII Av. Nicolau Becker, 182 - 93510-060 - Novo Hamburgo - RS Fone: (51) 3584 8000 COLÉGIO MARISTA CONCEIÇÃO Rua Paissandu, 889 – 99010-100 Cx.P. 114 - 99001-970 - Passo Fundo - RS Fone: (54) 3316 2700 – Fax: (54) 3313 4100 COLÉGIO MARISTA ROSÁRIO Praça Dom Sebastião, 2 - 90035-080 Porto Alegre - RS Fone: (51) 3284 1200 – Fax: (51) 3284 1220 COLÉGIO MARISTA ASSUNÇÃO Av. Dom Bosco, 103 - 90680-580 Porto Alegre - RS Fone: (51) 3086 2100 COLÉGIO MARISTA CHAMPAGNAT Av. Bento Gonçalves, 4314 – Cx.P. 1429 90650-001 - Porto Alegre - RS Fones: (51) 3339 1436 / (51) 3336 9077 COLÉGIO MARISTA SÃO PEDRO Rua Álvaro Chaves, 625 – Bairro Floresta 90220-040 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3222 4996 – Fax: 3222 4598 COLÉGIO MARISTA IPANEMA Av. Coronel Marcos, 1959 – Ipanema 91760-000 - Porto Alegre - RS Fone/Fax: (51) 3086 2200 COLÉGIO MARISTA SÃO FRANCISCO Rua Doutor Nascimento, 577 96200-300 - Rio Grande - RS Fone: (53) 3234 4100 COLÉGIO MARISTA SÃO LUÍS Rua Marechal Floriano, 719 – 96810-000 Cx.P. 23 - 96900-970 - Santa Cruz do Sul - RS Fone/Fax: (51) 3713 8500 COLÉGIO MARISTA SANTA MARIA Rua Floriano Peixoto, 1217 – Cx.P. 531 97015-373 - Santa Maria - RS Fone: (55) 3222 2232 – Fax: (55) 3223 8150 COLÉGIO MARISTA SANTO ÂNGELO Av. Venâncio Aires, 971 - 98801-660 Santo Ângelo - RS Fone: (55) 3312 2140 – Fax: (55) 3312 4015 COLÉGIO MARISTA SANT´ANA Rua Bento Martins, 2015 – Cx.P. 525 97510-001 - Uruguaiana - RS Fone: (55) 3412 4288 – Fax: (55) 3412 5921 INSTITUTO MARISTA GRAÇAS Av. Senador Salgado Filho, 8326 94440-000 - Viamão - RS Fone/Fax: (51) 3492 5500 COLÉGIOS/ESCOLAS SOCIAIS COLÉGIO MARISTA SÃO MARCELINO CHAMPAGNAT Av. Nicolau Becker, 182 - Cx.P. 368 93301-970 - Novo Hamburgo - RS - Fone: (51) 3584 8000 - marcelino@maristas.org.br COLÉGIO MARISTA VETTORELLO Rua Dom Bosco, 103 - 90680-580 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3336 7402 – Fax: (51) 3086 2100 vettorello@maristas.org.br ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL MARISTA RENASCER Rua Irmãos Maristas Bairro Mário Quintana - 91250-330 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3366 2844 renascer@maristas.org.br ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL MARISTA TIA JUSSARA Rua Santa Rita de Cássia, 90 – Ilha Grande dos Marinheiros - 1920-690 – Porto Alegre - RS Fone: (51) 3203 1622 crechemar@maristas.org.br ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL MARISTA N. S.ª APARECIDA DAS ÁGUAS Rua N. S.ª Aparecida, 3144 Ilha Grande dos Marinheiros 90090-400 – Porto Alegre - RS - Fone: (51) 3203 1676 ESCOLA MARISTA SANTA MARTA Rua Irmão Cláudio Rohr, 150 – 97038-000 – Vila Pôr-do-Sol Cx.P. 171 - 97001-970 – Santa Maria - RS Fone: (55) 3212 5373 sec.santamarta@maristas.org.br ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL MARISTA MENINO JESUS: Av. Voluntários da Pátria, 1800 - Floresta Cep: 90030 600 - Fone: 3268 6292

A Revista Em Família é uma publicação da Editora Ruah para a Rede Marista de Colégios, com distribuição dirigida aos pais e colaboradores. Visite o blog da revista e envie sua opinião: www.maristaemfamilia.com.br

EDITOR: Luís Fernando Carneiro | DIAGRAMAÇÃO: Goretti Carlos | PUBLICIDADE: Ariane Rodrigues | R. Casemiro José Marques de Abreu, 706 – Ahú – Curitiba/PR – CEP: 82200-130 – Fone: (41) 3018-8805 | www.editoraruah.com.br | Quer anunciar? Entre em contato conosco pelo fone (41) 3018-8805 ou pelo site www.editoraruah.com.br Todos os direitos reservados. Todas as opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores.


Primeira impressão

A sustentabilidade como desafio da educação na reinvenção do mundo Por Ir. Gilberto Zimmermann Costa

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Mundo contemporâneo traz a marca da dinamicidade, da aproximação das distâncias, da multicultaridade, da comunicação virtual, dirimindo espaçotempo entre outras características que o torna complexo e desafiador. Por sua vez, a educação responsável pela formação das pessoas para viver e agir neste mundo tem o desafio de desenvolver uma nova ética que as guie na interação responsável com a Natureza. Ou seja, estes novos tempos exigem educar para a sustentabilidade. O conhecido educador brasileiro, Moacir Gadotti, ao refletir sobre os desafios da educação atual, coloca a categoria sustentabilidade como grande potencial educativo ainda a ser explorado. Ele afirma: “sustentabilidade é o sonho de bem viver, equilíbrio dinâmico com o outro e com o meio ambiente; é harmonia entre os diferentes”. A sustentabilidade apresenta-se como uma nova forma da pessoa colocar-se diante do planeta e do futuro. Essa visão incorpora o compromisso com um padrão de cultura focado na reestruturação da utilização da natureza e na revisão das priorida-

des de consumo da sociedade, visando assegurar a continuidade da vida. É preciso que o trabalho educativo marista comprometa-se mais com estratégias de ensino sobre a sustentabilidade de nossas atividades no planeta, pois estamos recebendo sinais de alerta ambiental e social exatamente porque as ações pedagógicas e educativas, nesta esfera,

evoluíram relativamente pouco comparada a outras ciências, falhando na preparação das sociedades para uma vida sustentável. A educação marista do século XXI tem o desafio de desencadear processos educativos que favoreçam a transformação da postura da humanidade em relação ao seu ambiente, o que exige novas estratégias de ensino. É urgente a necessidade de revermos os modelos educacionais, pois as sociedades sofrem a influência da educação que recebem. Assim, refrearmos a degradação do planeta passa pelo desafio de reinventar o mundo, com a união de todos para todos. Educar para a sustentabilidade é educar para um mundo que acolha a todos; é educar, como dizia Paulo Freire, para um outro mundo possível. É educar para a vida, para a paz, para a justiça social, para o multiculturalismo, para os direitos humanos. É educar para a consciência planetária. Com este espírito, convido a todos: famílias, Irmãos, gestores, educadores, estudantes, para juntos reinventarmos um mundo sustentável com a educação.

Ir. Gilberto Zimmermann Costa é Superintentende da Rede de Colégios e Unidades Sociais Maristas

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Entrevista

Quando o lixo vira arte e vida


O artista plástico Vik Muniz fala sobre como o lixo pode se transformar em obra de arte apreciada no exterior e mudar a vida de toda uma comunidade Por Vivian Albuquerque

Quando começou este seu trabalho tão diferenciado? Quando resolvi deixar o Brasil e viver em Nova York. Minha ideia era abrir a mente para o mundo artístico, mas o que acabou acontecendo foi bem mais que isso. Comecei a produzir séries fotográficas que conquistaram o público por trabalhar com materiais nada ortodoxos: macarrão, algodão, pó, terra. Compúnhamos as imagens e eu fotografava. Uma foto, assim como uma pintura, não só mostra um tema, mas o material com que foi representado. Quanto mais distante o material do tema proposto,

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icente José Muniz, o Vik Muniz, nasceu em São Paulo em uma família da classe média. Seus pais, um garçom e uma telefonista, com certeza nunca imaginaram que um dia seu filho – numa mudança para Nova York – poderia se tornar um ícone da arte pela fotografia, com trabalhos expostos nos mais importantes museus do mundo. Na década de 80, Vik decidiu estudar inglês em Chicago. Foi para ficar apenas seis meses, mas, numa visita a Nova York, se apaixonou e por lá acabou ficando e levando com ele o nome do Brasil, com uma arte nada convencional. Usando materiais como chocolate, açúcar, sucata e lixo, ele retrata pessoas e reproduz conhecidas obras de arte, provando que tudo, até mesmo o que ninguém mais quer, pode virar obra de arte “de valor”. Este ano, o documentário que mostra o trabalho do artista plástico brasileiro com catadores de material reciclável em um dos maiores aterros sanitários do mundo concorreu ao Oscar. Apesar de toda a torcida brasileira, a estatueta não veio. Mas Vik, mais uma vez, conseguiu sensibilizar o mundo por meio da sua arte, trazendo à tona discussões sobre sustentabilidade e olhar solidário. mais inspirador será o engajamento entre o espectador e a imagem. Em várias de suas fotos você reproduz obras de arte já conhecidas. Poderia explicar o porquê desta escolha? Procuro trabalhar com o que o próprio espectador traz para esse seu encontro com a imagem. Por isso tem de ser algo que ele reconheça. Os temas acabam sendo algo já digerido e subestimado por ele. Não raro, desenho o que quero reproduzir, vou a um museu ou faço de cabeça. Trabalho com séries para não precisar dizer tudo de uma só vez. Trabalho com materiais

diversos ao mesmo tempo e nunca encerro uma série definitivamente; elas vão se extinguindo naturalmente. O filme "Lixo Extraordinário" tornou seu trabalho ainda mais conhecido por nós, brasileiros. Ali, poderíamos dizer que além da matéria-prima – lixo – você ainda teve as pessoas como grande componente de inspiração? Eu queria mudar a vida de um grupo de pessoas usando o material com que lidam no dia a dia. Assim surgiu a ideia de transformar lixo em arte e reverter a venda das fotos em


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Entrevista "O momento quando uma coisa se transforma em outra é o momento mais bonito. A combinação de sons se transforma em música. E isso se aplica a tudo.” Vik Muniz

recursos para aquela comunidade. O aterro do Jardim Gramacho atende a pelo menos 2,5 mil famílias. Pessoas que passam o dia ali, entre os caminhões e as pilhas de lixo, para ganhar R$ 50,00. Eram pessoas que nem sequer tinham fotos delas. E o momento mágico se deu quando uma coisa se transformou em outra; o lixo se transformou na imagem delas. Como foi o trabalho de criação destas obras que acabaram ganhando o mundo de forma tão especial? Fiz os retratos das pessoas e depois as convidei para trabalhar comigo no estúdio, “pintando” suas próprias fotos. Muitos nunca tinham se visto em uma foto e, de repente, estavam vendo seus retratos reproduzidos com materiais que eram, ao mesmo tempo, o sustento do dia a dia. Estar envolvido em projetos sociais, para mim, é fundamental. O lixo é uma boa matéria-prima para a arte, afinal? O lixo é dinheiro. A gente perde muito dinheiro com ele. Quem mexe com o lixo ou tem muito dinheiro ou não tem nenhum. Muitas vezes,

quando convido as pessoas para verem meu trabalho no galpão que temos no Brasil, elas se assustam porque entram e só veem montanhas e montanhas de lixo e sucata. Mas fotografamos com uma câmera 8X10, a uma distância de 20 metros. Só quando se sobe na torre é que se vê a obra no meio daquilo tudo. Por isso é tão bacana. Conseguimos criar o retrato de um catador que, como o lixo que está ali, ninguém conhece. Você tem essa preocupação constante de aproximar a arte do maior número de pessoas. A resposta parece óbvia, mas mesmo assim perguntamos: por que? Uma grande obra de arte deve transcender barreiras espaciais, temporais e linguísticas. Deve utilizar a universalidade dos sentidos e buscar, incentivar, a cumplicidade entre as pessoas. Não há como manter o provincianismo intelectual, no qual a arte internacional fala um dialeto próprio e tão distante do público, sob o risco da condenação do popular e do culto a um produto que seja fruto do isolamento. O artista não pode dizer que faz arte só para si. A arte deve se inspirar em experiências pessoais, mas ter a capacidade de transmitir essas mesmas experiências em um âmbito universal. O filme “Lixo Extraordinário” foi resultado de três anos de trabalho e tem um apelo muito forte com o público por causa do emocional. Você vê lágrimas nos olhos de quem assiste. E isso a arte não pode deixar de fazer: emocionar.

LIXO EXTRAORDINÁRIO Um pouco sobre o documentário premiado internacionalmente O documentário “Lixo Extraordinário” acompanha o trabalho de Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis, com o objetivo inicial de retratá-los. Segundo o dicionário, “lixo” significa qualquer material considerado inútil, supérfluo, e/ou sem valor, gerado pela atividade humana. Antes de chegar ao Jardim Gramacho, Vik Muniz e os diretores do documentário não esperavam encontrar nada muito diferente disso, mas se surpreenderam ao conhecer pessoas cativantes e cheias de dignidade, como o Tião, jovem presidente da Associação de Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, ou o Zumbi, catador que, resgatando os livros do lixão, acabou montando uma biblioteca.



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Sustentabilidade ĂŠ

sobrevivĂŞncia. Que ta


uma questĂŁo de tal fazer a sua parte?

Lucas Petry Heck, Marina Gabriela Maia, Mirela Schreck Welter, Gabriel Weiand, alunos do ColĂŠgio Marista Pio XII, Novo Hamburgo - RS


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as compras do supermercado, ela não utiliza mais sacolas, mas as caixas de plástico, que sempre leva no porta-malas. Em casa, cascas, restos de produtos orgânicos e até as folhas do quintal vão direto para o minhocário. E os cuidados não param por aí. “Opto por produtos sem embalagens ou de refil. Quando isso não é possível, escolho as de menor impacto. Um exemplo? Gosto de sabão líquido concentrado, mas ainda opto pela caixa de papelão, porque a embalagem se degrada com mais rapidez. Jamais levo uma bandeja de isopor para casa, opto pelo presunto cortado na hora e embalado apenas no plástico. Além de ter mais sabor, não fico pensando nos 450 anos – no mínimo, que o isopor levaria para se degradar no meio ambiente”, conta Joana Bicalho, de Brasília, mãe dos alunos Marcela, 16, e João Pedro, 14, do colégio Marista João Paulo II, da Rede Marista do RIo Grande do Sul. É pouco? Pois saiba que eles ainda levam as embalagens que não há como evitar para o supermercado, que as entrega para uma cooperativa

de reciclagem; mantém um relógio na parede do banheiro, para administrar o tempo e a consciência sobre o consumo; e fazem compras semanais, no lugar das mensais, para evitar o consumo desnecessário. “Percebi que, quando comprava mensalmente, consumia muito mais e ainda perdia muitos produtos por data de vencimento”, explica. Mas estas dicas, segundo Joana, são muito individuais. “Muitas vezes, algo que é facilmente adaptável no meu dia a dia, não se enquadra na vida de uma outra pessoa”, confirma. “O caminho é passar a observar o nosso excedente. Tudo o que sobra não

nos pertence e, por isto, pode passar a não mais ser desperdiçado. Todos nós podemos reduzir nosso consumo em 40%, sem prejuízo à nossa qualidade de vida. O famoso menos que vale mais”, garante. A preocupação com a sustentabilidade é tanta que até o trabalho de Joana tem profunda ligação com o tema. Ela é uma das idealizadoras e consultoras da Empresa Responsável (www. empresaresponsavel.com), consultoria que ensina empresas a trabalharem com o chamado Marketing Verde. “Sempre trabalhei com publicidade e propaganda e, mesmo antes de diálogos sobre os impactos do consumis-

SUSTEN… O QUÊ? Veja como surgiu e se popularizou o termo sustentabilidade Na década de 70, o chamado Clube de Roma, formado por personalidades interessadas em discutir temas cruciais para a sobrevivência humana, encomendou ao MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts – um estudo que culminou no relatório “Os Limites do Crescimento”. O texto tratava de problemas como energia e escassez de recursos naturais, entre tantos outros itens importantes para nossa vida. E o que ficou comprovado foi que nosso modo de consumo e descartabilidade era ambientalmente inviável. Na época houve um lobby contrário à ampliação da consciência, mas o assunto, a tal da “sustentabilidade”, aos poucos foi ganhando peso político, econômico e social. Hoje, o tema é central em muitos encontros globais. Exemplo disso é a Conferência Rio + 20, programada para 2012, no Rio de Janeiro. Ela discutirá a Economia Verde, assunto que compartilha as atenções com a Logística Reversa, que trata do uso do lixo para novas produções, por meio da reciclagem.


PRECISO MESMO DISSO? COMO PENSAR VERDE NO DIA A DIA “O caminho é simples e prazeroso”, garante Joana. “É preciso ‘passar a olhar, vendo’. Ou seja, perceber nossos hábitos de maneira sistêmica. Sair da máquina do consumismo, e começar a observá-la, optando em benefício próprio, e da coletividade. Não se permitir ser manipulado pela mídia, bem como aproveitar o leque de ofertas para escolher algo de fato bom para nossas vidas. Não permitir que a correria do dia a dia nos leve a viver de forma automática, sem perceber nossas relações e nossas escolhas. Daí, começar a perceber e se questionar: preciso de fato disto? Hoje, 60% do volume de um carrinho cheio do supermercado vira lixo em apenas 15 dias. O mundo produz de lixo, por dia, o equivalente a 15 montanhas do tamanho do morro Pão-de-Açúcar. Estamos trocando nossas paisagens verdes por montanhas de lixo.”

mo na finitude dos recursos naturais, já me sentia incomodada com o estímulo crescente ao consumo e descartabilidade. Canalizei, à época, meu trabalho para a ‘venda de serviços’, exatamente pela preocupação que tinha com este tipo de propaganda. Em 2003, decidi fazer meu mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental, e estudar profundamente os ganhos empresariais em investir no Marketing Verde. Percebi, então, uma enorme brecha na propaganda e no marketing: convencermos os consumidores de que os ‘produtos do bem’ fazem o bem para todos, em cadeia.”

SUSTENTABILIDADE E ECONOMIA Para a mãe e consultora, a sustentabilidade – termo da moda e até já meio banalizado – tem sido erroneamente vista como algo inatingível, que exige fortes mudanças, levando-nos ao menor conforto e a altos gastos. “Mas não é nada disto”, afirma. “Sustentabilidade ambiental e social não devem impactar negativamente na sustentabilidade econômica. Por exemplo: ao invés de abrirmos mão da claridade

de um ambiente para economizar energia, devemos abrir uma grande janela para iluminação natural. Outro exemplo: quando optamos pela fruta à caixa de suco, abrimos mão daquela praticidade que nos foi vendida, mas ganhamos em saúde e, consequentemente, qualidade de vida. Na verdade, devemos vender sustentabilidade como o conceito de saber viver, optar pelo bom, pelo respeito a si mesmo, numa escolha certa e inteligente. Com certeza, estamos num movimento importante. As escolas e seus projetos contribuem para isso. As empresas, forçadas pela necessidade de se mostrarem responsáveis socialmente, têm mandado seus executivos para cursos de pós-graduação em gestão socioambiental, ampliando o diálogo de necessidades e possibilidades. Fala-se muito mais em slow-life, qualidade de vida, tempo para a família e para a saúde. Tudo isto está virando moda e dados mostram que as pessoas que optam por este tipo de vida dependem menos dos médicos e se aproximam mais da família. Convivem mais, gastam menos e gastam certo, e por isto ampliam o ser ao ter.”


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Educação que

transforma Como as escolas e universidades podem fazer a diferença

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ensando em contribuir não somente com a comunidade acadêmica, mas com a sociedade em geral, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) vem trabalhando num projeto participativo de transformação socioambiental, com a criação de um Núcleo de Sustentabilidade. “O que queremos é concentrar esforços no estudo de modalidades de integração entre os conhecimentos técnico-científicos e os conhecimentos sociais, políticos, ambientais e gerenciais para proporcionar a todos um ambiente mais equilibrado”, explica o professor da área de Engenharia Ambiental e um dos idealizadores do Núcleo, Altair Rosa. Segundo o professor, a sustentabilidade hoje está inserida em várias disciplinas dos diferentes cursos da universidade. Uma preocupação principalmente quando o que se vê é o uso saturado do tema, ou a própria má utilização. “A sustentabilidade é vista como moda ou marketing, mas o sentido real, o significado, ainda

é pouco conhecido pela população. Falta compromisso da sociedade em querer se informar, ou então por realmente em prática ações que possam concretizar o emprego da teoria. Sustentabilidade trata do desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades. O desenvolvimento não pode ocorrer ‘a qualquer preço’”, alerta. “Sustentabilidade implica numa equação entre demanda, necessidade e desenvolvimento. Nosso planeta está apresentando evidentes sinais de desequilíbrio ambiental. O novo paradigma do desenvolvimento sustentável sugere, de um lado, uma reorientação deste modelo no sentido de um uso mais racional e responsável dos recursos naturais e, de outro, uma ampliação da participação da sociedade nos processos de tomada de decisão.” É dentro deste contexto, que o professor da PUCPR traz novamente à tona a Agenda 21, muito em voga nos


duz em ações o conceito de desenvolvimento sustentável. A implantação dela não é um único acontecimento, documento ou atividade, mas sim um processo contínuo no qual a comunidade aprende sobre suas deficiências e identifica inovações, forças e recursos próprios ao fazer as escolhas que a levarão a se tornar uma comunidade sustentável”, conclui.

jornais tempos atrás, mas hoje mais discreta. “A Agenda 21 é um programa de ação para o meio ambiente e o desenvolvimento. É composto de 40 capítulos que constituem a mais abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Ela tra-

CONSCIÊNCIA PLANETÁRIA “A educação para a sustentabilidade é algo sempre presente na proposta de Educação Infantil dos colégios maristas”, diz Ana Lúcia Souto, assessora educacional da Rede de Colégios Maristas da Província Marista do Brasil Centro-Sul. “Nosso currículo é dividido em dimensões e uma delas é a Consciência Planetária, que diz respeito a todas as formas de vida. Sou assessora na área de Ciências da Natureza. Não é um conhecimento científico, como um fato apenas, mas algo que tem de estar inserido na nossa realidade diária para a sustentabilidade do planeta.” Para exemplificar parte do traba-

lho feito nas escolas, Ana Lúcia fala sobre o Congresso Virtual Interdisciplinar Marista, realizado no ano passado, quando foi comemorado o Ano da Biodiversidade. “Discutimos com os alunos assuntos como as mudanças climáticas, a escassez dos recursos naturais, usando como base o relatório da ONU, com números dos últimos 50 anos. Os alunos escolheram um tema e, sobre ele, escreveram artigos científicos, propondo várias ações.” Entre os artigos, vários deles publicados no endereço www.marista.org. br/congressobio, está um que fala sobre o uso exagerado das sacolas plásticas, com o sugestivo nome: "Que Saco!". Para ilustrá-lo, os alunos fizeram fotos de árvores, nas quais as folhas foram substituídas por sacolas plásticas. “A proposta de Champagnat era transformar a sociedade, tornando-a mais justa para todos: pessoas, animais, meio ambiente”, conclui Ana Lúcia. “E isso depende de todos nós.”


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Na prática Como fazer a sua parte no dia a dia por um planeta melhor

QUAL A PROCEDÊNCIA DO QUE VOCÊ COMPRA? De nada adianta trocar sacolas plásticas por uma “ecobag” se ela for feita no Vietnã. Todos os materiais têm prós e contras; o vidro, por exemplo, é 100% reciclável, mas é pesado e a logística de reutilização exige alto consumo de água e energia. O plástico é retirado de matérias-primas não renováveis, mas seu processo de produção não gera resíduos. Para escolher entre produtos, é preciso adotar um conjunto de critérios que inclua durabilidade e adequação ao uso. Design sustentável é aquele que usa menos matéria-prima, processos industriais e energia.

TUDO BEM DEIXAR O CARRO EM CASA ÀS VEZES? Manter o carro em ordem para evitar emissões desnecessárias de dióxido de carbono é lei. Deixá-lo em casa nos trajetos servidos por transporte coletivo, ainda que apenas fora dos horários de pico, é melhor ainda, pois o ônibus e o metrô já circulam regularmente.

XÔ, DESCARTÁVEIS! Coador de pano, sacola de pano. Introduzi-los em sua rotina não requer nenhuma grande mudança. Melhor, você produz menor quantidade de lixo. E no trabalho, desconsidere os copos descartáveis. Vá de caneca. É muito mais charmoso e bem menos nocivo para o meio ambiente. No Colégio Marista de Brasília todos os alunos adotaram essa ideia com muito sucesso. É POSSÍVEL REDUZIR O CONSUMO Regrinhas fáceis para reduzir o consumo de luz e água em casa: mantenha as instalações elétricas em dia; escolha eletrodomésticos certificados; use ferro a vapor e acumule roupas para passar de uma vez só; instale a geladeira longe de fontes de calor, como o fogão, que a fazem trabalhar mais; pinte as paredes de cores claras, que refletem luz; mantenha luminárias e lustres limpos para evitar a perda de luminosidade; use lâmpadas fluorescentes ou de vapor de sódio; desligue o monitor do computador quando parar de trabalhar; ensaboe toda a louça antes de ligar a torneira elétrica.


FRUTA DA ESTAÇÃO: A ESCOLHA MAIS SÁBIA Transportar alimentos por longas distâncias gera mais poluição do que trazêlos de perto; manter comidas em freezer ou estufa consome mais energia do que conservar alimentos frescos por poucos dias. Logo, dar preferência aos frutos da época e alimentos produzidos no cinturão de sua cidade são maneiras simples de contribuir para a redução da poluição atmosférica. De quebra, você ajuda a garantir a sobrevivência de pequenos produtores e comerciantes, que perderam espaço nas últimas décadas para as grandes redes do varejo. EXPERIMENTE CONSERTAR, TROCAR OU DOAR Pense bem: é mesmo necessário trocar o celular porque um modelo novo chegou ao mercado? É importante ser eficiente no uso das coisas, consertando-as quando preciso. Antes de se desfazer de algo, considere alternativas como feiras e sites de troca. Ou destine a quem precisa: de livros e móveis a eletrônicos, sempre há uma instituição disposta a receber doações. DÊ UMA CHANCE PARA OS ALIMENTOS ORGÂNICOS Sim, eles são, por enquanto, mais caros e, em alguns casos, mais difíceis de achar do que o fruto da agricultura e da indústria regulares. Mas vale a pena desembolsar mais e sair em busca de feiras e mercados que comercializem produtos naturais. O cultivo de alimentos sem agrotóxicos ou pesticidas envolve um manejo mais racional dos ciclos da terra e de resíduos; alimentos não processados – açúcar mascavo, sal marinho, arroz e farinhas integrais – poupam a energia do processo industrial. SERÁ QUE EU PRECISO MESMO DISSO? Você precisa mesmo de mais uma saia preta? E de uma calça jeans? Cultivar uma atitude racional diante do ato da compra é a primeira lição. É isso o que ensina o Instituto Akatu, ONG voltada à difusão da ideia de consumo consciente. Uma simples lista feita em casa previne compras desnecessárias no supermercado. E um exame honesto do armário mostra se você precisa mesmo de mais um sapato.

Fonte: Revista Vida Simples e Instituto Akatu / Ilustrações: João Gabriel Vanz


Olhar

Em caso de

despressurização Cuide do seu espírito, do seu humor. Arrume seu cotidiano. Estando quite consigo mesmo, vá em frente e mostre aos outros como se faz

Carlos Contreras

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Por Martha Medeiros | Ilustração Mariana Poczapski

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u estava dentro de um avião, prestes a decolar, e pela milionésima vez na vida escutava a orientação da comissária: "Em caso de despressurização da cabine, máscaras cairão automaticamente à sua frente. Coloque primeiro a sua e só então auxilie quem estiver ao seu lado". E a imagem no monitor mostrava justamente isso, uma mãe colocando a máscara no filho pequeno, estando ela já com a dela. É uma imagem um pouco aflitiva, porque a tendência de todas as mães é primeiro salvar o filho e depois pensar em si mesma. Um instinto natural da fêmea que há em nós. Mas a orientação dentro dos aviões tem lógica: como poderíamos ajudar quem quer que seja estando desmaiadas, sufocadas, despressurizadas? Isso vem ao encontro de algo que sempre defendi, por mais que pareça egoísmo: se quer colaborar com o mundo, comece por você. Tem gente à beça fazendo discurso pela ordem e reclamando em nome dos outros, mas mantém a própria vida desarrumada. Trabalham naquilo que não gostam, não se esforçam para manter uma relação de amor prazerosa, não cuidam da própria saúde,

não se interessam por cultura e informação e estão mais propensos a rosnar do que a aprender. Com a cabeça assim minada, vão passar que tipo de tranquilidade adiante? Que espécie de exemplo? E vão reinvindicar o quê? Quer uma cidade mais limpa, comece pelo seu quarto, seu banheiro e seu jardim. Quer mais justiça social, respeite os direitos da empregada que trabalha na sua casa. Um trânsito menos violento, é simples: avalie como você mesmo dirige. E uma vida melhor para todos? Pô, ajudaria bastante colocar um sorriso nesse rosto, encontrar soluções viáveis para seus problemas, dar uma melhorada em você mesmo. Parece simplório, mas é apenas simples. Não sei se este é o tal "segredo" que andou circulando pelos cinemas e sendo publicado em livro, mas o fato é que dar um jeito em si mesmo já é uma boa contribuição para salvar o mundo, esta missão tão heróica e tão utópica. Claro que não é preciso estar com a vida ganha para ser solidário. A experiência mostra que as pessoas que mais se sensibilizam com os dilemas alheios são aquelas que ainda têm

muito a resolver na sua vida pessoal. Mas elas não praguejam, não gastam seu latim à toa: agem. A generosidade é seu oxigênio. Tudo o que nos acontece é responsabilidade nossa, tanto a parte boa como a parte ruim da nossa história, salvo fatalidades do destino e abandonos sociais. E, mesmo entre os menos afortunados, há os que viram o jogo, ao contrário daqueles que apenas viram uns chatos. Portanto, fazer nossa parte é o mínimo que se espera. Antes de falar mal da Caras, pense se você mesmo não anda fazendo muita fofoca. Coloque sua camiseta pró-ecologia, mas antes lembre-se de não jogar lixo na rua e nem de usar o carro desnecessariamente. Reduza o desperdício na sua casa. Uma coisa está relacionada com a outra: você e o universo. Quer mesmo salvá-lo? Analise seu próprio comportamento. Não se sinta culpado por pensar em si próprio. Cuide do seu espírito, do seu humor. Arrume seu cotidiano. Agora sim, estando quite consigo mesmo, vá em frente e mostre aos outros como se faz.

Martha Medeiros é escritora e colunista dos jornais Zero Hora e O Globo.


Rio Grande do Sul e Distrito Federal

Aprender a reinventar A escola é o lugar onde se constrói o mundo. É nela onde

cional. No dia a dia da escola são reinventados os signi-

são preparadas as gerações futuras. São anos de vivên-

ficados do mundo e transformados os desejos de fazer

cias, experiências e momentos que marcam a vida de

e ser das pessoas, que se preparam e pensam em um

todos aqueles que passam por uma instituição educa-

mundo novo.


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Maristas em Rede

Reinventar é preciso EDUCADORES ESTÃO DIANTE DE UM DESAFIO INÉDITO

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ara aqueles que estavam acostumados com as certezas da modernidade, o final do século 20 e início deste século 21, está promovendo um verdadeiro choque de complexidade. A lógica da Sociedade Transparente, prenunciada pelo filósofo italiano, Gianni Vattimo, no início da década de 80, está sendo vivida hoje. Nela, os muros caíram. Até mesmo as estruturas protegidas, como as organizações bancárias, religiosas, militares, a sala de aula, que tradicionalmente sustentaram a sociedade do controle estão hoje investindo em se reinventar. A educação, meio preferencial para a missão que foi legada à Rede Marista pelo seu fundador, Marcelino Champagnat, está imersa nesta nova

realidade. Os desafios contemporâneos da educação são extraordinários. O passar do tempo nos mostra que a pedagogia assumiu diversas formas e se mostrou capaz de adaptar-se às mudanças, de fixarem-se novos objetivos e criar novas estratégias. Como bem lembra o sociólogo Zygmunt Bauman, nenhuma reviravolta da história humana pôs os educadores diante de desafios comparáveis aos de nossos dias. Entretanto, é preciso relembrar que o desafio de reinventar a escola não é tarefa somente de dirigentes que estejam à frente de instâncias formais do sistema educativos ou da gestão de grandes redes. É tarefa a ser enfrentada na lógica da sociedade compartilhada. Precisa ser fruto

de diálogo, estudo, interação. É só por meio de um esforço coletivo que novos padrões definirão a reforma que precisa ser enfrentada, afinal, assim como o perfil e as demandas sobre a escola mudaram, também houve fortes mudanças no perfil das famílias e na lógica dos relacionamentos sociais, afetivos e profissionais. É preciso acreditar que, como refere o pensador francês, Edgar Morin, há uma forte relação entre a sociedade e a escola. Ou seja, a escola ajuda a definir as mentes que farão o futuro da sociedade; porém, ela só se modifica se a sociedade mudar. Há uma dependência extrema que exige um movimento harmônico de ambas: sociedade e escola, que precisam, juntas, se reinventar.


Diz aí Você é otimista com relação ao futuro? Acredita que a sua geração é mais consciente com relação ao meio ambiente, por quê?

Sim, eu sou otimista. Acho que a nossa geração sabe os cuidados que tem que ter, sabemos o que acontece com o meio ambiente e sabemos as ações que deveriam ser feitas. O conhecimento é divulgado em muitos lugares, na internet, na TV, todos os meios divulgam informações sobre como podemos garantir um futuro melhor. Mas minha geração não se preocupa tanto com o meio ambiente, acho que fica naquela história de só falar e falar e ninguém põem em prática. Antigamente, as pessoas não sabiam os cuidados que tinham que ter com a natureza. A ciência não era tão desenvolvida como é hoje. Acho que a geração de agora é levada a se acomodar. As coisas são mais fáceis, então não se preocupam como deveriam. Sinto que alguns são conscientes, mas são poucos, a maioria não leva a sério. A minha opinião é que o jovem de hoje sabe como fazer, mas não faz.

Nos dias atuais, a desculpa da falta de informação não é mais válida, na verdade, a informação é a principal aliada para termos consciência do que acontece a nossa volta: incluindo aí, o desrespeito à natureza.

Janaíne Perini – 8ª série do Ensino Fundamental – Colégio Marista Conceição, Passo Fundo – RS

Liz Ribeiro Diaz – 8ª série do Ensino Fundamental – Colégio Marista Santo Ângelo, Santo Ângelo – RS

Diariamente, ouvimos falar sobre fenômenos naturais que causam devastação ao redor do mundo. Penso que nós temos condições de defender o planeta: temos conhecimento e consciência. Mas então o que falta? Se estivermos cientes do que está acontecendo, por que não damos um basta? Por que ficamos esperando que alguém faça o que não temos coragem? Já passou da hora de transformarmos as informações em ações que possam resultar em uma convivência amigável com a natureza. Seja por meio de gestos singelos ou através de campanhas de grande impacto, o importante é termos noção do que fizemos de ruim e as decisões que devemos tomar para termos um futuro com mudanças para melhor.

Sou muito otimista e positiva em relação ao meu próprio futuro, porém, não sou muito otimista, quando vejo que a coisa tá difícil de resolver. Muitas vezes, percebo que estava errada, que não era tão complicado assim e tudo, no fim, dá certo. É preciso ter calma para analisar o que deve ser feito. Acho que minha geração é consciente em relação ao meio ambiente. Falo isso pensando nos meus amigos e em mim, mas também têm muita gente que se liga somente em tecnologia, sem se preocupar muito com o mundo de verdade. Penso que é por isso, que a escola organiza tantos projetos relacionados à natureza, ao meio ambiente, para conscientizar os adolescentes da importância que eles têm. Tomara que a situação mude para melhor e que todas as pessoas caiam na real e se preocupem mais com o Planeta Terra, que é nossa casa e lembrem que cada um deve fazer a sua parte.

Catarine Dreher Figueiredo – 8ª série do Ensino Fundamental – Colégio Marista São Luís, Santa Cruz do Sul – RS

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Ponto de vista

Um jeito de ensinar para aprender melhor Por Marisa Crivelaro da Silva


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s profissionais da educação precisam ter consciência de que a aprendizagem de qualquer criança ou jovem não se limita somente ao esforço pessoal de tentar focar a atenção e de querer aprender. Entram em cena, nesse processo, os estímulos externos para despertar a motivação. Cada aula que se vai desenvolver, deve ser preparada com a intencionalidade de torná-la o mais agradável e aproveitável possível. Além de se ter o pleno domínio do conteúdo acadêmico a ser ministrado, o processo de ensinar exige dos educadores estudo e entendimento da psicologia do desenvolvimento, bem como, saber de que forma se processa a aprendizagem em cada uma dessas fases da vida do ser humano. Por exemplo: estudos da Psicologia anunciam que se consegue manter a atenção concentrada de uma criança, diante de um mesmo tipo de estímulo, no máximo de três a cinco minutos por ano de idade, e se amplia, dependendo da faixa etária e maturidade. Esses conhecimentos devem inspirar nossa metodologia em aula para ajudar os estudantes a aprenderem melhor. Após determinado tempo de aula usando um tipo de estratégia metodológica, os educadores precisam alternar os

estímulos didáticos, com o objetivo de manter o máximo de concentração ativa possível dos estudantes. Outro conhecimento de primordial importância para a prática dos educadores vem da ciência da Neurolinguística e contribui, significativamente, para a gestão bem sucedida dos conteúdos; são os estilos de aprendizagem: visual, auditivo e cinestésico. Cada pessoa tem um jeito próprio de aprender e é mais, ou menos suscetível a certos estímulos externos. Para atender aos que têm um estilo mais visual de aprendizagem, recomenda-se que se apresente o conteúdo em gráficos, resumos, gravuras, giz colorido para destacar aspectos importantes, filmes, uso de flipchart; para os auditivos, deve-se lançar mão de recursos como músicas, construção de paródias, gravações, clipes, contar histórias, fazendo analogias, contextualizações com o conteúdo, etc. Já para os Cinestésicos, muita aula prática, eles precisam manipular, construir, montar clipes, buscar informações nos recursos da lousa interativa, produzir resumos, gráficos, esquemas sobre o conteúdo, construir e participar de jogos pedagógicos, etc. Sabe-se que as turmas são heterogêneas e que se tem todos

os estilos de aprendizagem juntos, numa sala de aula, nada mais sábio do que preparar aulas utilizando-se, a cada espaço-tempo, um recurso e uma metodologia diferenciada para ajudar os estudantes a aprenderem mais e melhor. Importante ressaltar que é necessário haver, sempre, momentos de trabalho individual, de produção própria, e outros de produção coletiva para se fazer vivências de socialização, cooperação, espírito de equipe, liderança e respeito às diferenças. O educador precisa usar de criatividade e intencionalidade na preparação de suas aulas. Por mais experiência ou anos de trabalho que se tenha com uma determinada disciplina, a preparação prévia das aulas, com escolha de métodos apropriados é mais que um dever, é uma atitude ética diante do compromisso que tem, de ensinar pessoas que estão sob sua responsabilidade para aprender conhecimentos conceituais (saber específico de cada disciplina), procedimentais (o saber aplicar, relacionar esses conteúdos com as situações de vida) e atitudinais (demonstração de atitudes que revelem que o estudante domina esses conhecimentos e os põe em prática nas ações e interações cotidianas).

Marisa Crivelaro da Silva é Mestre em Educação, especialização em Psicopedagogia, Docência do Ensino Superior, MBA em Gestão Educacional. É Diretora do Colégio Marista Sant’ Ana de Uruguaiana


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Educar

Educação que H

á quase 200 anos, São Marcelino Champagnat não idealizou apenas um instituto para a evangelização. Ele reinventou o jeito de fazer e pensar a educação. Hoje, Irmãos Maristas e leigos levam adiante o seu legado. Juntos, acreditam no aprender que é capaz de criar novos mundos e confiam nos sonhos das crianças, na força dos jovens e na parceria com as famílias. Para realizar, a cada dia, um novo amanhã, diversas iniciativas são desenvolvidas com os estudantes e educandos. No Colégio


O trabalho dos colégios vai além da sala de aula, ele almeja a reinvenção do mundo

reinventa Marista Rosário, em Porto Alegre, por exemplo, Conscientizar para mudar é o nome do projeto trabalhado desde 2008 com as turmas da 6ª série do Ensino Fundamental. A partir dele, os educadores propõem atividades interdisciplinares que buscam mudanças de atitudes e posturas em relação ao meio ambiente e às pessoas. A ideia

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o mundo


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é romper com a cultura de desperdício e esgotamento das fontes naturais para preservar o futuro das novas gerações. Dentre as ações que compõem o projeto, os estudantes visitam indústrias e espaços que permitem a observação e análise dos processos de reciclagem e responsabilidade ambiental. Eles também recolhem o lixo seco do colégio, analisam os volumes produzidos e vendem os materiais reciclados para a compra de alimentos para doação. Além disso, fazem a leitura da carta de 2070, que descreve a catástrofe da humanidade pela falta de água no planeta. O documento, extraído da revista biográfica Crónicas de los Tiempos de abril de 2002, é tema de debate e reflexão. Assistem, ainda, a filmes que abordam conteúdos relacionados, como A história das coisas (2007), Corrente do Bem (2000) e Ilha das Flores (1990). ECOLOGIA E PARTICIPAÇÃO Outra iniciativa de destaque na área de Educação Ambiental é o pro-

Conhecer empresas é uma das atividades para sensibilizar para questões ecológicas

Estudantes participam das atividades do projeto Monitores Ecológicos do Pio XII

jeto Monitores Ecológicos do Pio XII, que teve início este ano no Colégio Marista Pio XII, em Novo Hamburgo. Crianças e adolescentes do Ensino Fundamental vivenciam experiências de aprendizagem sobre a natureza por meio de atividades práticas. Com acompanhamento dos educadores, eles conhecem as áreas ambientais que cercam o colégio, aprendem a diferenciar a fauna e a flora do local estudado, plantam hortaliças e separam o lixo adequadamente, desenvolvendo a reciclagem. Ainda entre as ações realizadas no primeiro semestre pelas turmas do 2º ano e da 5ª série do E.F., a Coleta responsável de óleo usado buscou estabelecer um caminho correto para o descarte do óleo utilizado nas residências, bem como o envolvimento dos estudantes e suas famílias. A comunidade escolar contribuiu com a arrecadação de óleo de cozinha usado e fechado em garrafas PET. Após o recolhimento, o grupo de monitores

encaminhou o óleo para a empresa Faxon Química, que descarta o material com cuidado para que não agrida o meio ambiente. O estudante Rafael Schneider Mallmann, 11 anos, da 5ª série, destaca os aprendizados adquiridos a partir do projeto: “Aprendemos a plantar, a fazer a coleta do lixo, a reciclar, fizemos a campanha de arrecadação de óleo. Tudo por um mundo melhor para vivermos.” Segundo a professora de Ciências Sandra Mores, coordenadora do projeto Monitores Ecológicos do Pio XII, esse tipo de iniciativa vai além da aprendizagem em sala de aula. “A colaboração de todos evidencia um comprometimento ambiental junto a nossa comunidade e uma conscientização em relação a este assunto tão importante”, afirma. Neste segundo semestre, estudantes do 3º e 4º ano do E.F darão continuidade ao projeto, que terá atividades práticas ambientais, como a confecção de materiais com sucata,


herbário e campanhas ecológicas. As atividades de cada etapa do projeto são concluídas com trilhas ecológicas, proporcionando momentos descontraídos de estudo e integração.

Estudantes aprendem a transformar lixo eletrônico em novos artefatos

RE(CRIAR) A PARTIR DAS TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS Unir a curiosidade dos pequenos às questões sustentáveis foi o que impulsionou a criação do projeto Os brinquedos e a tecnologia na alfabetização, na Escola Marista Santa Marta, em Santa Maria. A iniciativa é fruto da parceria com o Centro Marista de Inclusão Digital (Cmid), responsável por vários projetos de robótica com reaproveitamento de lixo eletrônico. “Levamos os alunos para conhecer o Cmid. Todos mostraram interesse, por isso decidimos iniciar um proje-

to com robôs”, explica a professora Daniele Martins. Com apenas um mouse de computador, as crianças do 1º ano do Ensino Fundamental construíram borboletas, joaninhas, entre outros artefatos. “A robótica trabalha com a criatividade e a consciência ambiental. Nosso desejo era que os estudantes percebessem que com aquele mouse poderiam ser criadas muitas coisas”, argumenta a pedagoga do Cmid, Tatiane Silveira da Cruz. O projeto segue sendo aprimorado, mobilizando cada vez mais a comunidade educativa. O Marista Aparecida, em Bento Gonçalves, é outro exemplo em que o estudo do uso sustentável das tecnologias tem sido potencializado. A dedicação dos estudantes já resultou, inclusive, em conquista e reconhecimento. Na edição de 2010 do Desafio de Robôs da Rede Marista, os alunos da 4ª série do Ensino Fundamental obtiveram o 1º lugar em uma das categorias. Sob o tema biodiversidade, eles criaram maquetes que simulavam cidades sustentáveis, com a inserção do Roamer, robô que integrou o processo por meio dos comandos programados pelos estudantes. A participação das crianças no projeto contou com o apoio e incentivo de suas famílias e dos educadores da escola.

Projeto estimula a convivência plural

RESPEITAR AS DIFERENÇAS A diversidade também possibilita que sejam repensadas novas ideias baseadas na conscientização e cidadania. Um dos projetos é o Ciranda das Diferenças, desenvolvido pelo Colégio Marista Roque, de Cachoeira do Sul. A iniciativa, tem como propósito de recriar uma convivência harmoniosa, o respeito pelo próximo e prevenir casos de bullying em sala de aula. Por meio de atividades lúdicas, o projeto organiza momentos em que os estudantes da Educação Infantil ao 4º ano do Ensino Fundamental conversam e aprendem a conviver juntos. As crianças participam da contação das seguintes histórias da Coleção Bullying na Escola: Amizade não tem cor, Quem zomba tem inveja, Medo de gaguejar, Livre para seguir sua crença, Defeito mesmo é desrespeito, Todo mundo tem sotaque, entre outros. Ocorrem, ainda, conversas orientadas, dinâmicas em grupo e exibição de vídeos. Os materiais são escolhidos de acordo com o perfil da turma, sempre reinventando o cotidiano da escola.


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Educar

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A orientadora educacional, Fernanda Rosa, reforça que respeitar a diversidade significa que todos devem ser tratados com igualdade independente de cor, classe social, religião ou deficiência. “É preciso ensinar os estudantes que ninguém é igual a ninguém, e assim aprender a respeitar e conviver com as diferenças dos outros”. E completa: “Através dos momentos proporcionados pelo projeto é possível refletir junto com estudantes sobre as atitudes e reinventar novas maneiras de conviver”.

DESCOBRIR NOVOS MUNDOS Proporcionar novas experiências de aprendizagem é um desafio constante para os Colégios Maristas. Sob essa perspectiva, a Rede Marista do Rio Grande do Sul promoveu a primeira edição do Programa de Intercâmbio Cultural no Canadá, com 60 estudantes do Ensino Médio. A iniciativa é resultado da parceria com o Columbia International College, uma das mais prestigiadas escolas canadenses. Entre os dias 17 de julho e 15 de agosto, os jovens vivenciaram o estudo da Língua Inglesa, desenvolveram a formação de lideranças e participaram de atividades culturais em nove cidades do Canadá. A programação incluiu ainda aulas de Artes, Informática, Ciências e Esportes. Durante o período de intercâmbio, os familiares, amigos e colegas, puderam acompanhar o programa através do hotsite do Intercâmbio Marista (maristas.org.br/intercambio). Em 2012, haverá nova oportunidade de intercâmbio.


Destaque

Talento no vôlei

Estudantes responderam às perguntas e ganharam uma viagem

Equipe Marista vence programa da RedeTV! Estudante Marista é destaque nas quadras

m junho, os estudantes de 3º ano do Ensino Médio do Colégio Marista Champagnat fizeram bonito no programa “O Último Passageiro”, da RedeTV!. Eles participaram e venceram a primeira edição, que contemplou instituições de ensino fora do Estado de São Paulo.

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O grupo de estudantes se empenhou e estudou muito para a competição. Um dos participantes, o aluno Henrique Lima Araújo, 17 anos, chamou atenção e cativou o público. Ao ter que responder uma questão sobre Língua Portuguesa, ele disse com toda segurança ao apresentador: “Mário, tu estás falando com um futuro professor de Português”; e de fato, Henrique acertou a resposta. Hoje, quem acessar o twitter do estudante vai encontrar no seu perfil: “O professor de Português mais famoso do Brasil!”. Henrique faz teatro desde os 12 anos e viu no Português a oportunidade de fazer o que gosta assim que se formar: “ser professor é estar em um palco, com ensaios diários e tendo os alunos como plateia”, explica.

No alto dos seus 1,86m de altura e desenvoltura para jogar, Manoela se destacou no time da escola. Porém, para fazer parte do time da AVF que disputa o campeonato estadual deste ano, precisou preencher alguns requisitos: “Espírito de grupo é um deles, além da consciência de que o time exige, e é claro, muita responsabilidade”, salienta. A adolescente de 16 anos, natural de Julho de Castilhos–RS, é uma das mais novas da equipe e joga na posição meio de rede. A atleta já recebeu propostas para jogar em outras grandes equipes, foi convocada para a seleção gaúcha de voleibol juvenil e possui títulos como a Copa Rio Grande do Sul de Voleibol Feminino, o Torneio de Estrela pela AVF e o Campeonato Internacional de Santa Fé - Argentina.

anoela Zanon é um dos grandes talentos do esporte revelados pelo Colégio Marista Santa Maria. No seu dia a dia como jogadora da equipe da escola e do time AVF - Associação Voleibol Futuro de Santa Maria, a menina vive uma de suas grandes paixões, o voleibol.

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Giro Consciência ambiental na Educação Infantil

Sustentabilidade na prática Durante a Gincana Champagnat, no Marista Imaculada, diversas tarefas voltadas ao meio-ambiente, como criação de mascotes de sucata e desfile com meios de transporte alternativos, proporcionando aos estudantes momentos em que precisaram deixar de lado velhos hábitos e reconstruir conceitos. Percebeu-se, a necessidade de colocar em prática no Colégio a Regra dos 3 Rs: reduzir, reutilizar e reciclar. Com isso, os educadores criaram diversas ações para trabalhar no decorrer do segundo semestre. Palestras com gestores ambientais, visita à central de resíduos da cidade e a uma fábrica de reciclagem de papel embasam as atividades, em que o empenho de cada estudante é primordial para a concretização do Projeto de Sustentabilidade do Colégio.

Semana Cultural O Colégio Marista Ipanema realizou sua 4º Semana Cultural, com o tema Mulheres que marcaram a nossa história. Neste contexto, a Ir. Genoveva Guidolin foi escolhida para ser a homenageada, pois foi a primeira mulher a dar aulas no Marista Rosário e, há 40 anos, exerce esta atividade. Interação e criatividade foram elementos presentes em toda a programação, que contemplou mostras de trabalhos desenvolvidos em sala de aula, palestras, oficinas, contação de histórias, musicais e sarau literário. Além disso, durante a Semana Cultural aconteceu a 5ª Feira do Livro do Marista Ipanema. Todos os estudantes, da Educação Infantil ao Ensino Médio, foram protagonistas na execução desse projeto.

Despertar a consciência ecológica deve começar desde cedo. Por isso, as professoras das turmas de Nível 3 da Educação Infantil do Colégio Marista Assunção, desenvolveram o projeto Ecovida, que visa estimular as práticas sustentáveis. Baseado no artigo do Ir. Afonso Murad Sete chaves da consciência ecoplanetária, as crianças construíram um polígrafo, a partir dos estudos feitos em sala de aula, com as práticas propostas para melhorar o planeta. Este material está percorrendo todas as famílias dos estudantes destas turmas para que juntos, possam construir ações de melhoria ao meio ambiente que possam ser desenvolvidas no cotidiano.


Conte Outra Vez O projeto Conte outra vez foi desenvolvido pelas crianças da Educação Infantil do Marista Medianeira, para estimular o gosto pela leitura aprimorando habilidades e competências necessárias para o aprendizado. O tema escolhido foi o Sítio do Pica-pau Amarelo, obra máxima da literatura de Monteiro Lobato. As atividades estimulam, através de brincadeiras, jogos e horas do conto especiais, o desejo das crianças de ler mais e criar o mundo a partir da imaginação. Dentre as atividades realizadas, destacaram-se a Cartola do Visconde, composta de curiosidades coletadas pelas crianças sobre a vida do escritor da obra. Para integrar o trabalho desenvolvido com o interesse das famílias pela leitura, o projeto criou uma Maleta Viajante com diferentes histórias que puderam ser lidas pelos pequenos e seus familiares.

Rio Grande: é bom viver aqui As turmas de Educação Infantil do Marista São Francisco vêm desenvolvendo o projeto Rio Grande: é bom viver aqui. Trata-se de um trabalho relativo à cidade do Rio Grande e proporciona aos estudantes o aprofundamento através de pesquisas e estudos, possibilitando ampliar seus olhares a respeito do lugar onde vivem. O projeto tem como objetivo resgatar sentimentos a respeito da nossa cidade, e tudo o que a natureza oferece. Através da construção de uma maquete, os alunos puderam reconhecer pontos turísticos, nosso ecossistema e jeito de viver, além da montagem de um caderno em que o estudante escolhe um lugar especial de que goste de frequentar e faz registros por meio de fotos, postais e um relato para apresentar aos colegas da turma.

Projeto estimula solidariedade O trabalho com o imaginação das crianças tem sido o foco principal na turma B do Nível três do Colégio Marista Santo Ângelo. Por meio da realização do projeto Mexe, que mexe o caldeirão, as crianças são estimuladas a desvendar e transformar seus medos e questionamentos sobre um tema que povoa o imaginário infantil: as bruxas. Vários temas são trabalhados a partir da metáfora com esse mundo tão sobrenatural para eles. Questões como união familiar, humildade e solidariedade, são trabalhados por meio desses temas. Durante as férias, os estudantes receberam o desafio de criar o chamado “caldeirão do bem” que contém boas ações praticadas em família. Os estudantes retornaram ao Colégio com relatos de doações de alimentos, agasalhos e brinquedos a crianças e lares de idosos.

Gincana promove consciência solidária Para festejar a Semana Champagnat, o Colégio Marista São Pedro realizou a sua tradicional gincana. Os estudantes foram recebendo desafios criados pela direção e pelo Grêmio Estudantil do Colégio. O evento contou com a participação dos professores, pais e funcionários da escola. Com o intuito de proporcionar vivências de trabalho em equipe, auxílio ao próximo e desenvolver a capacidade dos alunos de mobilização em prol de causas nobres, a organização criou provas culturais, solidárias, gastronômicas e enigmas. Tarefas que permitiram aos participantes internalizarem valores como fraternidade e companheirismo. As doações arrecadadas foram entregues para o Asilo da Sociedade São Vicente de Paulo.


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Caleidoscópi� Na tradicional semana de homenagens aos Pais, estudantes do Marista Conceição fazem releitura da pintura Independência ou Morte de Pedro Américo, adaptando a obra em peça teatral (Passo Fundo). Projeto Doe vida, partilhe o amor sensibiliza estudantes de todas as séries do Marista Maria Imaculada (Canela).

Comunidade escolar festeja os 60 anos do Marista Assunção (Porto Alegre).

O Projeto Nosso Jeito de Aprender Matemática, desenvolvido pelos estudantes da 8ª série EF e 1º ano EM, foi um dos destaques do 2º trimestre. Marista Sant'Ana (Uruguaiana).

Estudantes do 1º ano do Ensino Médio trabalharam no laboratório de ciências com as disciplinas de Química e Artes para a elaboração da chamada Vela contra o mosquito da dengue. Marista Santo Ângelo (Santo Ângelo).

31ª Semana Champagnat do Marista São Luís e a grande campeã foi a equipe Santa Cruz. Durante uma semana, estudantes, educadores e familiares participaram de tarefas esportivas e culturais, coleta de jornais (Santa Cruz do Sul).


Crianças do Nível 2 da Educação Infantil do Marista Ipanema conhecem o Laboratório de Ciências durante projeto do Jardim (Porto Alegre).

No dia 15 de julho, as estudantes Milena Fuzinato e Natália Federle despediram-se dos colegas e educadores do Marista Medianeira, num momento especial de confraternização, onde todos desejaram um bom período de intercâmbio no Canadá às alunas (Erechim).

Dia Encantado: Momento de integração entre as turmas de 1º ano dos Anos Iniciais, com atividades recreativas e oficinas especializadas. Marista Champagnat (Porto Alegre). Estudantes do Ensino Médio dançam quadrilha, uma das atrações culturais da Festa de São João no Marista São Pedro (Porto Alegre).

Marista Rosário realiza a Mostra do Saber. Alunos de 5ª série EF a 2º ano EM expõe trabalhos científicos nas áreas de Química, Física e Biologia.

Gincana Champagnat, realizada em junho, no Marista Graças. O evento, comemorativo ao Dia de Champagnat, abriu as comemorações do cinquentenário da Escola (Viamão).


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Gente noss�

Jovem de talento e atitude Conheça a trajetória de Renata Fan, ex-aluna do Marista Santo Ângelo e Miss Brasil 1999

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e olhos verdes, sorriso aberto e do alto de seus 1,79m, Renata Fan, natural de Santo Ângelo, no noroeste do Rio Grande do Sul, hoje colhe os frutos de uma carreira bem sucedida. Aos 18 anos, a jovem decidiu participar de um concurso de beleza, concorrendo ao título de Rainha da Fenamilho, tradicional feira da cidade. Eleita uma das princesas da festa, a hoje apresentadora de TV passou a revelar sua desenvoltura para dar entrevistas, simpatia para lidar com o público e uma fama crescente. Graduada em direito, profissão que escolheu estudar antes de se tornar jornalista, a jovem iniciou sua trajetória escolar no Colégio Marista Santo Ângelo. Dos tempos de colégio e faculdade até chegar à televisão brasileira, foi uma trajetória, recheada de histórias interessantes e vitórias particulares. Depois do primeiro concurso, motivadas por familiares e

inspirada pelo seu talento nascente, Renata foi eleita, em 1999, Miss Santo Ângelo, Miss Rio Grande do Sul e Miss Brasil, enchendo de orgulho a todos aqueles que acreditavam nela conheciam a personalidade forte e obstinada da garota. O próximo passo foi a disputa do Miss Universo em Trinidade e Tobago, no Caribe. Dentre as 99 participantes do concurso, Renata conquistou o décimo segundo lugar. Viajou para mais de 22 países entre 1999 e o início de 2002. Em 2000, venceu, na Coréia do Sul, o Miss Universitária Mundial e permaneceu 27 dias naquele país, tendo a possibilidade de expandir seu conhecimento cultural ainda mais. Com a experiência adquirida nas passarelas e concursos de beleza, se tornou realidade o desejo de ser uma comunicadora. Em 2002, a jovem resolveu iniciar a segunda faculdade, entrou para o Curso de Jornalismo,

se formando na cidade de São Paulo na FIAM - Faculdades Integradas Alcântara Machado. A curiosidade foi revelar seu talento, também, no jornalismo esportivo. Apaixonada por futebol, sempre acompanhou, desde criança, os resultados dos jogos, e torcendo por seu time do coração: o Internacional de Porto Alegre. Então em 2003, surge a chance de fazer um piloto para a área de esportes na Rede Record de Televisão. Aprovada no teste, Renata passa a apresentar o programa Terceiro Tempo ao lado de Milton Neves, aos domingos à noite, e o Debate Bola, ao meio-dia, no mesmo canal. Desde então, a gaúcha não saiu da telinha, e hoje apresenta um programa na Band, sobre esportes, onde a bela mostra seu conhecimento e talento sobre o tema.



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Defesa

Campanha do Marista tem o apoio do Unicef e prevê dez iniciativas para contribuir com o direito ao brincar

E

ducadores concordam que o ato de brincar é uma das principais formas de expressão e atividade essencial das crianças. Assim, garantir espaço e tempo para que elas brinquem com os amigos, familiares ou sozinhas, é condição básica e fundamental para o seu desenvolvimento. Dentro da visão Marista de educar e formar cidadãos, as brincadeiras estimulam a criatividade nas crianças e contribuem para o desenvolvimento integral. O tempo legítimo do brincar está diretamente ligado à Infância, momento da vida no qual a fantasia, o faz de conta e o “era uma vez” ganham força. A Declaração Universal dos Direitos da Criança (aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1959), no artigo 7º, junto ao direito à Educação, enfatiza o direito ao brincar: Toda criança terá direito a brincar e a se divertir, cabendo à sociedade e às autoridades públicas garantir a ela o exercício pleno desse direito. Educadores, famílias e autoridades públicas devem se atentar e reconhecer nessa evidência social a responsabilidade de garantir espaços e

condições para que as crianças exerçam as linguagens da criatividade e da alegria vivenciadas pela prática do brincar. O brincar faz parte da essência da infância e o ato de brincar se faz presente desde o seu nascimento. Esse direito, uma das marcas inconfundíveis da criança cidadã, é sempre garantido nos espaços Maristas. Em nossa proposta socioeducativa, diariamente, os educadores organizam brinquedos e materiais não estruturados, como tecidos, potes, garrafas e caixas vazias, para as crianças inventarem suas brincadeiras. A Rede Marista de Solidariedade, mantém 27 Unidades Sociais em atividade nos estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal. E é para fortalecer o direito ao brincar, que a Rede Marista de Solidariedade promove a Campanha pelo Direito ao Brincar, que tem por objetivo fomentar uma série de atividades envolvendo crianças, educadores e familiares na garantia desse direito. Desenvolvida com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a campanha


10 iniciativas para o Brincar

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Brincar é a essência de ser criança. Incentive a criança a brincar, em diferentes espaços, em todos os momentos. Brinque junto! Você vai aprender muito com ela. Brincar em um espaço adequado e seguro é um direito. As crianças têm direito a ter uma escola, um bairro e uma cidade apropriados para brincar, como está garantido no artigo 31 da Convenção dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas. Brincar permite que a criança expresse as fantasias, desejos, imaginação e criatividade. Incentive a brincadeira espontânea, com materiais diversificados e alternativos, pois eles permitem a invenção de novas formas de brincar. Brinquedos comprados prontos podem limitar as possibilidades da criação e incentivar ao consumismo infantil. Brincar oportuniza à criança vivenciar a ludicidade, descobrir a si mesma, desenvolver suas potencialidades e habilidades, aprender a relacionar-se e construir identidade. Participe do brincar. Aproxime-se da cultura lúdica da criança. Interaja com ela na brincadeira. Isso a fará sentir-se segura, respeitada e amada.

é muito importante para as crianças com 5 Brincar deficiência.Incentive a criação de espaços acessíveis

Unidades Sociais que trabalham com Educação Infantil: • • • • • • •

Centros Sociais Maristas Itaquera, Irmão Justino e Robru, em São Paulo; Centro Social Marista Lar Feliz, em Santos; Centro Social Marista Santa Mônica, em Ponta Grossa; Centro Educacional Marista Curitiba; Centro Social Marista Champagnat, em Cascavel; Centro Social Marista Irmão Rivat, em Samambaia/Distrito Federal; Pró-Ação (Programa de Ação Comunitária e Ambiental) Irmã Eunice Benato, também em Curitiba; 1200 crianças atendidas nas unidades sociais. prevê a divulgação de dez iniciativas que devem ser consideradas por todos que se almejam contribuir para a efetivação deste direito. Crianças que brincam e vivem plenamente sua infância certamente terão uma vida mais saudável e feliz.

e materiais adequados para a interação, criação e expressão das crianças com deficiência com outras crianças. A riqueza dessa experiência contribui para o desenvolvimento de atitudes de valorização, acolhida e respeito às diferenças.

não é perder tempo! Respeite quando uma 6 Brincar criança estiver brincando. Ela precisa de concentração

e dedicação para construir a experiência do brincar. Se precisar interromper essa atividade, justifique sua atitude e combine o momento para a dar continuidade à brincadeira.

é uma forma de aprender princípios da 7 Brincar solidariedade e de colaboração. Promova a convivência

da criança com outras crianças e adultos, em atividades lúdicas que favoreçam o contato com a diversidade e a partilha. É uma forma de aprender com as diferenças e exercitar a solidariedade desde cedo.

possibilita a transmissão de tradições e da cultura 8 Brincar para as novas gerações. Proporcione para as crianças os encontros geracionais para vivências brincantes entre adultos e crianças: é uma possibilidade de integrar-se ao meio físico e cultural. Incentive brincadeiras entre meninos e meninas: essa atitude ensina a respeitar as diferenças.

ensina a cuidar do meio ambiente, a descobrir 9 Brincar como as coisas são feitas e a valorizar o que é simples.

Incentive a criação e o conserto de brinquedos. Materiais alternativos podem ser utilizados para fabricar brinquedos. A criança não precisa necessariamente de brinquedos sofisticados, mas de brinquedos desafiadores e interativos.

de corpo inteiro é substituir a televisão, o 10 Brincar computador e o videogame. Equilibre o tempo da criança, cuide para que o tempo da infância não seja tomado pelo consumismo e pela dedicação excessiva aos produtos eletrônicos. Incentive o brincar e a interação entre amigos.


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Como fazer

Dinheiro nรฃo dรก em รกrvore Como educar nossos filhos para um consumo consciente? Por Vivian de Albuquerque


É

de Angola, na África, que Cássia D’Aquino nos atende. O que ela faz por lá? Colabora na criação de um programa financeiro, coordenado pelo Banco Central Africano, como consultora do Governo Americano. Autora de artigos e livros sobre o tema, educadora, e uma das primeiras pessoas a usar o termo Educação Financeira em Português, ela fala com propriedade sobre o assunto. “Trabalho há 17 anos com escolas”, comenta. “E a preocupação com o consumismo faz muito sentido. É parte da educação financeira não apenas gastar menos do que se ganha, mas aprender a fazer escolhas, ponderar. A escola tem papel importante nisso tudo, não como fonte de informações financeiras, mas como preparadora das crianças para o desenvolvimento do espírito crítico com relação ao consumo, para que na vida adulta possam lidar melhor com isso.”

CÁSSIA D´AQUINO: “É PARTE DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA APRENDER A FAZER ESCOLHAS, PONDERAR”.

A FORÇA DO EXEMPLO Cássia explica que o passatempo dos filhos é observar pai e mãe. Observar inclusive como eles compram e pagam as coisas gostosas, coloridas e divertidas que ganham. Por isso não é de se surpreender quando eles pedem uma coisa e dizem aos pais frases como: “pai, paga com o cheque”, “pai, você não tem dinheiro agora? Então paga com o cartão.” Mas afinal, quando devemos falar com eles sobre esse assunto tão importante? “Quem decide o momento é a criança”, garante Cássia. “Mas é bom saber que é um momento que vai levar pelo menos vinte anos. Com dois anos, dois anos e oito meses, as

crianças já falam sobre isso naturalmente. Já demonstram que entenderam o que é o dinheiro e para o que ele serve: comprar as coisas coloridas, gostosas e divertidas, das quais elas tanto gostam. Por isso é preciso pensar numa forma didática de falar com elas. Ter clareza de que os pequenos são absurdamente ‘concretos’. Um caminho interessante é mostrar cédulas e moedas, fazendo com que eles usem lupas para achar os elementos de segurança. Falar que dinheiro é algo que não se deve molhar, rasgar ou estragar. Tudo isso é uma maneira de construir o edifício de 20 anos, mas na realidade delas.” NA ESCOLA A escola ajuda; em casa também se ensina, mas e quando há discordâncias entre pais e mães na relação com o dinheiro? Um permite e outro não. Um compra sempre presentes e outro “regula”... É preciso saber que as crianças são muito hábeis para descobrir como explorar um ou outro para conseguir o que querem. E grande parte das famílias vive o problema. Para Cássia, escola e pais têm de estar muito atentos sobre o que querem com a educação financeira de suas crianças. Simular um supermercado em sala de aula não é educação financeira. “A escola pode ajudar muito se trabalhar com elas, por exemplo, a crítica da publicidade. Se despertar o espírito crítico dos alunos, pensando em formas criativas de resolver problemas e também desejos. Eu quero muita coisa: um triplex em Paris, por exemplo. As crianças também querem. O fato de verem coisas


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Como fazer

na televisão e pedirem não faz delas consumistas. É preciso saber interpretar isso da forma correta”, destaca. COMO LIDAR Segundo Cássia, uma criança com menos de nove anos que consome demais, provavelmente enfrenta dificuldades emocionais. Quer chamar a atenção e faz isso através do consumo exagerado. Após os nove, começa a entrar nos chamados grupos sociais e, uma vez neles, quer os chamados “pontos de contato” – uma mochila de marca, um tênis, um celular. “Atendo pais que me dizem que a filha de quatro anos só usa roupas de determinada marca e que quando não usa fica muito irritada. O que costumo fazer é perguntar como ela vai ao shopping para comprá-las? De carro? Dirigindo? Antes dos nove anos, a criança normalmente mimetiza o comportamento dos próprios pais. Por isso outra frase comum é aquela ‘essa menina é consumista como a mãe’. Quando a criança pede, os pais atendem e confirmam o destino que eles mesmos previram. A única forma de prepará-las para o consumo consciente é com o desenvolvimento do espírito crítico e, principalmente, observando o nosso próprio comportamento de consumo, enquanto pais”, conclui. Mais informações no site www.educacaofinanceira.com.br.

10 Dicas para crescer na economia

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Ensine seu filho a distinguir as coisas que compramos porque “queremos” daquelas que “precisamos”. Desde cedo, faça seu filho entender a importância de não desperdiçar e cuidar do dinheiro. Ensine a criança a controlar o consumo por impulso, mostrando como elaborar uma lista de compras e obedecê-la no supermercado. Explique aos filhos qual é o seu trabalho. Isso ajudará a criança a estabelecer relação entre ganho de dinheiro e os limites de seu uso. Mostre as diferenças entre coisas “caras” e “baratas” em diferentes ambientes (padaria, farmácia, papelaria, etc.). Assuma as próprias deficiências com relação ao dinheiro. Use o bom senso e não dê lições de moral. Estimule a criança a participar do orçamento doméstico, incentivando-a a dar sugestões sobre modos de reduzir despesas. Dê mesada à criança. Isso irá ajudá-la a tomar decisões e fazer escolhas, mesmo que em pequena escala. Não sinta-se desanimado se a criança gastar todo o dinheiro da mesada. Cometer erros é normal e vai ensiná-la a evitar erros maiores no futuro. Reforce a ideia de que a responsabilidade social e a ética devem estar sempre presentes no ganho e no uso do dinheiro.

Extraído do livro Educação Financeira - 20 dicas para ajudar você a educar o seu filho, da educadora Cássia D’Aquino.


Firmes na fé A saga da Jornada Mundial da Juventude

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m interessante movimento incidiu sobre a Europa, no mês de agosto. Aproximadamente 2 milhões de pessoas do mundo inteiro deixaram o conforto de seus lares e os seus afazeres pessoais e profissionais, para migrarem até a Espanha, permanecendo por lá durante 2 semanas. A cidade espanhola de Madri foi palco da tão aguardada Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento organizado pela Igreja Católica, a cada dois ou três anos, e que é considerada uma grande festa da fé, composta por diferentes culturas, porém todas em consonância com Aquele que é caminho, verdade e vida: Jesus Cristo. Para se falar em JMJ, é preciso retornar à história de alguém que esteve muito à frente de seu tempo: o Papa João Paulo II. Já na década de 80, e percebendo a importância da relação entre juventude e Igreja, ousou elaborar um encontro que reunisse os jovens de todo o mundo, com a intenção de professarem a fé católica. Diversos países já tiveram a oportunidade de acolhê-la. Embora sua programação varie conforme as especificidades locais e as demandas de cada época, um fator é comum a elas: a presença do Papa, líder da Igreja Católica e sinal de união entre seus fiéis.

Motivados pela maravilhosa experiência vivenciada por seus 40 peregrinos na Jornada de 2008, na Austrália, os Maristas do Brasil organizaram-se para estarem presentes ainda em maior número na edição de Madri. Ao todo, 81 pessoas compuseram a delegação Marista do Brasil, sendo 68 membros da Província Marista do Brasil Centro-Sul, 6 da Província Marista do Brasil Centro-Norte, 6 da Província Marista do Rio Grande do Sul e 1 representante da União Marista do Brasil (UMBRASIL). Para que ela fosse aproveitada da melhor maneira possível, um grande processo preparatório foi realizado, com atividades locais, regionais, provinciais e nacionais. VIGÍLIA A vigília merece um destaque à parte: do inicial calor escaldante da tarde até a tempestade inesperada surgida no meio da noite, ela foi uma prova de resistência para toda e qualquer pessoa. No momento em que o Papa iria discursar à juventude, uma torrencial chuva fez com que todos fossem pegos de surpresa. Ao invés de se retirar para um local seco, o Pontífice resolveu permanecer no palco, alegando depois que “se os jovens poderiam ficar ali, ele também pode-

ria”. Durante a missa de envio, Bento XVI convocou a todos a colocarem Cristo no centro da vida, dizendo que o seguimento a Cristo só é possível com a inserção nas comunidades, a participação na Eucaristia, o sacramento do perdão e o cultivo da oração da Palavra de Deus. Brasil! Coroando o encerramento da Jornada Mundial, o Papa anunciou que a próxima edição acontecerá na cidade do Rio de Janeiro, em 2013. Uma grande festa tomou conta dos corações brasileiros, que, enquanto agitavam fervorosamente suas bandeiras, já conseguiam imaginar aquela grande massa juvenil celebrando em terras brasileiras. Ao retornarem ao Brasil, além das roupas sujas e dos souvenires espanhóis, sentimentos de alegria, responsabilidade em levar a missão adiante e certa nostalgia quase causaram excesso de peso na bagagem dos peregrinos. Quase! Felizmente, o avião conseguiu comportar os 81 corações Maristas repletos de sonhos, carregados de esperança, edificados em Cristo e mais firmes do que nunca na fé. Setor Provincial de Pastoral


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Turma do Infinito Ex-aluno Marista, Raí lança livro sobre valores Por Sandra Santos

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epois de tornar conhecido internacionalmente seu trabalho social com crianças na Fundação Gol de Letra, o ex-jogador Raí se aventura pelo mundo da literatura. O livro “Turma do Infinito” marca sua estreia como autor de literatura infantojuvenil. Nesta entrevista exclusiva para a Revista Em Família, o craque conta um pouco sobre o livro e como o Marista fez a diferença na sua vida. Como surgiu a ideia de escrever o livro? A inspiração nasceu após ler uma redação escrita por minha neta, Naira, de 12 anos. O livro trata de espiritualidade, de solidariedade. É uma coisa antiga que eu tenho comigo. A criança nasce pensando que é o centro das atenções e depois ela descobre que não é bem assim. Precisa aprender a compartilhar e a ter interesses comuns. O ser humano tem tendência a ser individualista. Então, esse livro tem a proposta de pensar em um mundo melhor juntos. De onde vieram esses valores tratados no livro? Valores fortes, tanto em casa como na escola, marcaram minha infância saudável de interior. Posso dizer que o colégio Marista é o segundo fator

mais importante da minha formação. Estudei lá desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Só saí quando fui para a Faculdade. O Marista sempre incentivou questões lúdicas, música, arte e esportes. Isso também ajudou muito na minha carreira. Eu passava quase todo o dia no colégio; participava da banda, do time de basquete e de futebol. Posso dizer que o meu primeiro time de futebol foi o do Marista. Um dos momentos mais marcantes no Colégio? Eu devia ter entre 9 e 10 anos, foi quando perguntei a um irmão o que era pecado. Ele me respondeu: “pecado é aquilo que você sabe que está errado, mas, você insiste em fazer”. Foi uma resposta diferente daquela que eu esperava. Não foi uma resposta religiosa, foi para a vida. Só depois de algum tempo é que fui entender realmente o que ele quis dizer. Isso me marcou muito. Relembrando seu tempo de criança, que mensagem você deixa aos alunos maristas? Que sejam curiosos em relação às questões da vida, dos valores. Que encarem sempre o aprendizado dentro de casa, na escola, como crescimento pessoal.

TURMA DO INFINITO, Editora Cosac Naify O livro conta a história de quatro crianças que se conhecem na escola e percebem que juntas podem fazer a diferença no mundo ao seu redor.


Prateleira

QUEM INDICA: Rosa Maria Dieter Roese Professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do Colégio Marista São Marcelino Champagnat

O FILHO ETERNO Cristóvão Tezza Editora Record A obra "O filho eterno" é um texto autobiográfico, pois como protagonista o autor tem um filho com Síndrome de Down. A notícia na sala de espera do hospital desnorteia-o, provocando uma enxurrada de emoções contraditórias. Tezza expõe as dificuldades inúmeras dessa convivência, assim como fatos de sua vida durante a juventude: o desejo de ser um rebelde ao estilo Nietzsche. Aproveitando as questões que aparecem nestes 26 anos do filho Felipe, o pai reordena a sua própria vida, compreendendo a extensão de “um filho eterno”, conduzindo o leitor a profundas reflexões.

EDUCAÇÃO – A SOLUÇÃO ESTÁ NO AFETO Gabriel Chalita Editora Gente Nos tempos modernos as mudanças acontecem rapidamente, a competição é acirrada e a tecnologia avança e assusta. Tudo tem que ser renovado e as escolas e famílias precisam acompanhar, sob pena de perder o bonde da história. O que é aceitável no comportamento das crianças e dos adolescentes? Como todo bom livro, ele nos aponta caminhos. QUEM INDICA: Dirce Rosane Segabinazzi Nöller Professora e auxiliar de biblioteca do Colégio Marista Roque, de Cachoeira do Sul

Vídeo O CARTEIRO E O POETA Michael Radford, Miramax Films, 1994

O filme "O carteiro e o Poeta" mexe com o ser de cada pessoa que o vê. A troca de experiências e de vida nos traz muito a aprender. É difícil encontrar um filme que mostre a relação entre a arte, neste caso com a poesia, e a política. A ideia sai da ficção e passa a influenciar em diversos outros pontos. Gosto muito da aproximação de culturas e classes sociais diferentes que o filme consegue fazer. Isso é fantástico. Recomendo a todos pela sua extremidade na poesia. QUEM INDICA: Rita de Cássia Batista Obetine, Professora de História, da Escola Marista Santa Marta, Santa Maria/Rio Grande do Sul)


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Solidariedade

Inclusão

mais que solidária

Recondicionamento de computadores é alternativa que integra educação e sustentabilidade

O

relatório da ONU – Organização das Nações Unidas traz o Brasil como líder. Infelizmente, não num bom aspecto, mas revelando que somos os campeões na produção de lixo eletrônico entre os países emergentes. Abrindo a projeção, a estimativa é de que, no mundo, 40 milhões de toneladas de lixo sejam geradas todos os anos. E é dentro deste contexto, de números tão elevados, que iniciativas aparentemente pequenas surtem efeitos gigantescos. É o caso do CRC Cesmar – Centro de Recondicionamento de Computadores, sediado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Este projeto é parte do trabalho da inclusão digital Marista. Numa parceria com o Governo Federal, o Hospital Conceição e a prefeitura da cidade, foi o primeiro centro da América Latina, cria-

do ainda em 2006. E, de lá para cá, pelo menos 300 computadores são recondicionados todos os meses, ganhando nova vida e novos usuários. Trabalho feito por mais de 400 jovens entre 16 e 24 anos que, enquanto trabalham nessa rede de solidariedade, formam-se em cursos de hardware e software livre. São vários os projetos além do Jovem Aprendiz. Um deles, o Alquimia, feito em parceria com o Ministério Público Federal, transforma até mesmo caça-níqueis em máquinas de inclusão digital. As peças, recondicionadas, viram material precioso para a montagem de computadores, que saem prontinhos para o uso. “O Projeto Jovem Aprendiz – CRC trabalha com o recondicionamento e não com reciclagem de computadores, objetivando que



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Solidariedade equipamentos descartados pela sociedade possam ser reapropriados e disponibilizados para as comunidades mais carentes, favorecendo a inclusão digital”, explica Fabiano Flores, coordenador geral do CRC. “Temos um currículo equilibrado e orientado pela proposta Marista, onde os educandos se preparam para o trabalho e para a vida. É composto por conteúdos de módulo básico (formação para cidadania e orientação do projeto de vida). Módulo específico (conteúdos técnicos) e módulo prático (seleção, teste e instalação de peças, assim como montagem de telecentros).” “O objetivo do Projeto Jovem Aprendiz é qualificar profissionalmente e desta forma inseri-los no mundo do trabalho, favorecendo emancipação social”, complementa Márcia Broc, coordenadora pedagógica. “Aqui eles têm a oportunidade de ter registro na carteira profissional sendo esta, para muitos, a primeira experiência formal de trabalho. O projeto está estruturado em forma de curso, com duração de 12 meses. A procura sempre é maior que a oferta de vagas, pois é uma oportunidade que faz a diferença

para muitos jovens. Estamos inseridos em uma comunidade com o mais baixo IDH – índice de desenvolvimento humano – da região, e procuramos diferenciar a vida da comunidade, no sentido de proporcionar uma alternativa para inclusão dos jovens no competitivo mercado de trabalho”, conclui. Com o desenvolvimento dos projetos, a Rede Marista ganhou notoriedade no campo da inclusão social. Atualmente, é responsável pelo Pólo Sul do Programa Telecentros.Br, do Governo Federal.

Resultados Desde 2006, já foram recondicionados 2053 computadores e 197 impressoras

Só entre os anos de 2009 e 2010, já foram devolvidos ao uso 829 computadores, 67 servidores, 18 laptops e 79 impressoras


Essência

Herdeiros de um sonho

Ir. Deivis é Coordenador da Assessoria de Pastoral da Rede Marista de Educação e Solidariedade do Rio Grande do Sul. Para ele, em diferentes aspectos da mis­são, o sonho de Champagnat continua vivo, sonhado e realizado todos os dias por milhares de mãos, corações e mentes. Num bate-papo des­contraído, o jovem religioso falou um pouco sobre suas perspectivas sobre esse tema.

Champagnat nos deixou, mais que um legado, uma inquietação. Em seu tempo, ele queria dar res­ postas a questões que o chamavam a fazer algo diferente. Isso se revela em diversas passagens da vida dele. O próprio chamado à vocação “Deus o quer!”, foi talvez uma das primei­ ras revelações de Champagnat para uma vida diferente, de entrega, fazendo o novo. Esse chamado faz sentido para nós também, Irmãos e Leigos, convidados a dar sequência a esse trabalho. As nossas experiên­ cias de vida e as respostas que que­ remos dar ao mundo com o nosso trabalho têm de estar vinculadas a essa inquietação. É preciso se iden­ tificar com isso, para poder viver. O entendimento e a atualização desse sonho está localizado no tempo de cada um. A missão de educar com amor continua atualizada, mudaram os métodos e os meios, mas a for­ mação do ser humano é um elemen­ to central desse processo. E educar, para os maristas, tem a ver com bus­ car vivenciar os valores anunciados por Jesus Cristo.

A PRÁTICA EDUCATIVA Sempre dizemos que somos todos educadores. Essa é, de fato, uma das ideias centrais da missão legada por São Marcelino. Sei que não é fácil concretizar esse papel, quando estamos em situações mais distantes da sala de aula ou com contato direto com os estudantes e educandos. Mas é justamente aí que entra em cena aspectos muito importantes do trabalho de cada um: o entendimento do universo das crianças e dos jovens e a mística marista. Entender aqueles que são interlocutores da nossa mensagem é uma tarefa fundamental e, além disso, saber encarar nosso trabalho e nossa vida em uma perspectiva de enriquecimento espiritual também é fundamental para alinharmos a nossa prática ao sonho que ajuda­ mos a construir e alimentamos coti­ dianamente. TESTEMUNHO A SERVIÇO Percebo que tudo aquilo que é feito depende da intencionalidade. Precisamos colocar significado nas

nossas ações, para que elas sejam parte desse grande sonho, que, ain­ da hoje, dá respostas em um mundo cheio de incertezas, ou ainda, ajuda a fazer as novas perguntas. O que fazemos está a serviço do trabalho com as crianças e jovens que pas­ sam pelas nossas escolas, universi­ dades, centros sociais. Esse serviço deve ser feito com coerência, enten­ dendo nosso tempo, atualizando a mensagem do Evangelho, dando o melhor de nós mesmos, e comple­ mentando, para além de nossa fun­ ção, o nosso papel no mundo, com ações solidárias, gratuitas e cheias de significado. Esse é um caminho possível, dentre muitos outros. Desde as funções mais administra­ tivas até os educadores que estão em contato direto com as crianças e jovens, precisamos entender que tudo está conectado e tem uma mesma perspectiva, que nasce com um jovem camponês que, há quase 200 anos, começou uma missão que toca e transforma a vida das pessoas todos os dias, nos cinco continentes.

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Inspiração

A arte de recriar CONHEÇA O TRABALHO DE LUCIANO DA SILVA, NO CENTRO MARISTA DE INCLUSÃO DIGITAL

C

om a chamada obsolescência programada – ou seja, produtos sendo fabricados já para serem pouco duráveis e tranquilamente descartáveis – cresce cada vez mais a montanha de um lixo que não se degrada: os eletrônicos. Falamos de computadores, eletrodomésticos, celulares, tudo que parece alta tecnologia e que rapidamente fica defasado. E, quando isso acontece, vale muito mais a pena comprar outro do que tentar arrumar ou dar o famoso “upgrade”. O que é preciso saber é que fim leva todo esse lixo? Algumas reportagens mostram as sucatas sendo enviado para países de terceiro mundo. Outras trazem fotos assustadoras do lixo se empilhando no meio ambiente. Mas há quem veja nisso tudo uma excelente matéria-prima, principalmente quando o assunto é a meta arte.

Um bom exemplo, inspiração das melhores, vem do Rio Grande do Sul. No Centro Marista de Inclusão Digital (CMID), ligado à Escola Marista Santa Marta. Lá trabalha Luciano da Silva, 38 anos, pais de três filhos, que cria sozinho. E não há quem não o conheça por lá. Nas suas mãos calejadas e manchadas de tinta, placas de computadores transformam-se em chaveiros, arames e peças de microondas em abajures e esculturas, entre tantas outras ideias. “Em vez de jogar isso tudo no meio ambiente, podemos criar”, garante. “O CMID recebe muitas doações, algumas delas podem ser reaproveitadas e outras não. E são essas que utilizo.” A arte é ensinada aos alunos do Centro, crianças e adolescentes da Escola Santa Marta, que recebem os ensinamentos de Luciano como recompensa por suas boas notas.

“Todas as sextas-feiras, repasso a eles o que sei”, conta. “Aprendi com a curiosidade e hoje incentivo a meta arte. Já perdi a conta de quantos computadores quebrados deixaram de ir para o lixo. Me sinto super bem com isso porque é algo que gosto de fazer. Enquanto muita gente conta as horas para sair do trabalho, eu conto para ir trabalhar. Lá, não vejo a hora passar. Outro dia, esqueceram de mim e passaram o alarme. Só percebi que o CMID já tinha fechado quando me levantei e ele disparou.” “Não gosto de aprender só para mim”, conta Luciano, atualmente cursando o segundo ano do Ensino Médio. “Não quero levar o que sei para o caixão. Quero que outras pessoas também tenham a autoestima em cima, como a minha.”



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Diversão

Brincando juntos

Ensinamos uma experiência que você pode compartilhar em família. Garantia de diversão!

E

m tempos de tantas mudanças virtuais, fica cada vez mais difícil acompanhar nossos filhos. Muitas vezes lembramos que, na “nossa época”, as famílias passavam mais tempo juntas porque ainda podiam participar dos jogos e brincadeiras das crianças. Hoje, ao tentar levá-las a uma das nossas brincadeiras, passamos por “antiquados”. Até mesmo ouvimos que é “chato” ou que “não tem graça”. Eles gostam de transformar, mudar, criar e recriar mundos fictícios, avatares, entre outros. Pensando nisso e nas dificuldades com os jogos preferidos dos nossos filhos, acabamos buscando na memória experiências ou brincadeiras que conhecemos e que possam despertar o interesse deles. Neste novo espaço da Revista Em Família, apresentaremos algumas atividades que podemos fazer junto com nossos filhos. Serão experiências ou jogos que fazíamos quando tínhamos a idade deles, proporcionando um momento de integração familiar e com muita diversão, é claro. A receita é básica e todos os materiais podem ser comprados em mercados ou farmácias. Esperamos que tenham gostado da nossa dica. Até a próxima!

CRIANDO CRISTAIS Estamos vivenciando nos colégios o Ano Internacional da Química. Com isso, tiramos do “baú” uma interessante experiência de transformação. Afinal, vamos ver quem consegue transformar pedras comuns em cristais? Vamos à receita para que vocês vivam juntos esta experiência: 10g de sulfato duplo de alumínio e potássio (alume); Um copo de vidro; Um palito de sorvete (limpo); Água morna; Linha; Pedrinhas pequenas e irregulares. Método: lave as pedras cuidadosamente em água corrente. Coloque no copo água morna suficiente para cobrir as pedras (mais ou menos 1/3 do copo). Junte o alume e mexa com o palito até o produto parar de se dissolver facilmente. Podem sobrar alguns grãos no fundo. Coloque as pedras no copo ou amarre como na figura. Você pode acrescentar corante e criar cristais coloridos.


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