Vivemar

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Uma década de felicidade Nas próximas páginas você vai acompanhar um pouco da história de 10 anos do VIVEMAR. Em cada linha a emoção, a gratidão e a certeza de que fazer parte deste grande movimento valeu e vale muito a pena. Um olhar mais atento para o próximo e a felicidade de dar continuidade ao sonho de Champagnat são os primeiros sinais de transformação. Mas os personagens que apresentaremos a seguir têm muito mais a dizer. Eles são as testemunhas de que dedicar tempo e amor às pessoas é o melhor investimento possível. Leia, viva essa emoção, e tenha a certeza de que, de alguma forma, você também faz parte deste sonho.


dez anos de VIVEMAR O XX Capítulo Geral convidou todos a “alargar a tenda” e a descobrir como é enriquecedora a partilha entre Irmãos e Leigos ao caminhar juntos, vivendo o mesmo carisma e a mesma missão. Fomos convidados também a aprofundar nossa identidade específica, na partilha da espiritualidade, da missão e da formação. Creio que o VIVEMAR, nesses 10 anos de existência, ajudou a “alargar a tenda” e a cumprir a missão de criar espaços comuns de formação, de convivência, de espiritualidade, de missão e de apoio mútuo. Convido todos a louvar o Senhor pelas maravilhas que, nesses 10 anos, realizou na vida de muitos Leigos e Irmãos, na caminhada das Unidades e na vida da Província. Muitos frutos estão sendo colhidos por causa da existência do VIVEMAR. Parabéns aos Vivemaristas e a todos quantos colaboraram na caminhada do VIVEMAR. Convoco a todos para que assumamos com entusiasmo a missão de viver e testemunhar o carisma Marista. Ir. Tercílio Sevegnani Superior Provincial de 2002 a 2008

boas lembranças

Ir. Celedônio Cruz Coordenador do Projeto VIVEMAR

Quase concluídas as comemorações do Projeto VIVEMAR 10 anos da Província Marista BCS, quero que se perpetue como lembrança a trajetória gloriosa do VIVEMAR nesses 10 anos de sua esplendorosa e profícua existência. Esta revista irá trazer à nossa memória e ao nosso coração todos aqueles e aquelas que, com determinação, ousadia, carinho e amor construíram a grande e querida Família Vivemarista. Ao folhear as páginas desta revista, queridos Vivemaristas e simpáticas Vivemaristas, procurem contemplar não apenas as suas belas fotos, mas reflitam sobre o conteúdo e o significado de tudo o que foi realizado nos diversos Encontros de Irmãos, Leigos e Leigas Maristas nesses 10 anos. Vocês, bons Vivemaristas e lindas Vivemaristas, são o encanto e ornamento desta revista. Cada rosto estampado nestas páginas traz consigo o brilho dos olhos, o sorriso aberto, a força da amizade, a ternura do abraço, a saudade do Encontro, e a certeza de vida nova. Imagino com que cuidado e carinho vocês guardarão esta Revista e a mostrarão com ufania aos entes queridos de suas famílias, a seus amigos e aos que com vocês convivem e trabalham. Que a bondade e o amor do Senhor Jesus tão presente no meio de nós em todos os VIVEMARES, a ternura da Boa Mãe tão sentida em todos os Encontros e o carinho de São Marcelino Champagnat que com intensidade fazia arder os seus corações de veros Maristas, estejam sempre com vocês fortalecendo e perpetuando o nosso VIVEMAR, esse novo JEITO DE SER MARISTA. Aos quantos contribuíram para que esta revista se tornasse realidade: o nosso MUITO OBRIGADO!

Coordenação: Irmão Celedônio Cruz Produção Editorial: Centro de Espiritualidade e Vivência Marista Fotos: Irmão Celedônio Cruz e Alexandre Falchi Pusaudse Correspondência: BOLETIM Vivemarista Av. Sen. Salgado Filho, 1.651 - Guabirotuba CEP: 81510-001 – Curitiba/PR E-mail: cevm@marista.org.br - Telefone: (41) 3015-9333

Edição: Luís Carneiro Projeto Gráfico: Paulo Schiavon Revisão: Renata Martins Rua Casemiro José Marques de Abreu, 706 - Ahú - Curitiba/PR Fone (41) 3018-8805 www.editoraruah.com.br - E-mail: info@editoraruah.com.br


índice

06

36

Semeando o amor

Palavra de Irmão

07

Saiba um pouco mais do VIVEMAR

Comunhão com Deus - Ir. Edmundo Pina Uma fonte de alegria - Ir. Cláudio Girardi Todos Iguais - Ir. João Batista Pereira

08

37

10

César Leandro Ribeiro

Ir. Afonso Levis

Juntos somos mais

12

Judith Dipp

Todos na mesma direção Instituto Marista em transformação

Em sintonia

38 40

Palavra de Irmão Lâmpadas acesas

Santidade entre nós

- Ir. Alfredo Moretti

- Ir. Aloísio Kuhn

13

Empolgação por Champagnat Ir. Ivo Antonio Strobino

14

O laicato Marista hoje! Ir. Benê Oliveira

16

Na dança das relações o sentido para a vida!

Conversa com Silvionê Chaves

41

Cenário de encontro Ir. Lauro Daros

42

Homens e mulheres de coração forte Adalgisa A. de Oliveira Gonçalves

44

Contos e causos Ir. Celedônio Cruz

Vanderlei Soela

46

18

Fabiano Incerti

A peregrinação no VIVEMAR Ir. Ilário Caresia

20

Vivemarista Vínculos e responsabilidades Ana Tereza Naspolini

22

Além da perspectiva da janela Ir. João Carlos do Prado

24

Linha do Tempo

35

Palavra de Vivemarista

O VIVEMAR e a pedagogia de Jesus

47

Espiritualidade: pára-raios, antenas e terraços Ir. Afonso Murad

48

Conversa com Mirian Gross

49

O desafio de brilhar Ir. Lino Pedrotti

50

Parceiros no ideal Dercio Angelo Berti


F

semeando o amor

oi em 1998 que as primeiras sementes foram lançadas. De lá pra cá, experiências lindas de partilha de vida, convivência, descoberta e absorção do carisma Marista, além do crescimento humano e espiritual e de um profundo reencontro com Deus, estão renovando a vida de Leigos e Irmãos. Isso tudo tem moldado o novo rosto da Província Marista do Brasil CentroSul. O VIVEMAR - Vivência de Irmãos e Leigos Maristas - é um projeto concebido pela antiga Província de São Paulo, com o objetivo de atender aos apelos e diretrizes dos últimos documentos oficiais do Instituto, que convidam Irmãos e Leigos a partilharem suas vidas e a comungarem do carisma, espiritualidade e missão Marista. Os momentos vividos proporcionam um novo comportamento com relação ao próximo, que também passa a ser visto de uma forma diferente: cristã. Nessa partilha de vida, nascem laços fortes de afeto e fraternidade, através dos quais é possível conhecer o amor e a misericórdia divina. O que se pensa para esse tempo de formação pessoal não é simplesmente um curso, embora haja conteúdo em tudo o que se desenvolve naqueles dias. A intenção é, acima de tudo, aproveitar o “livro da vida” de cada participante para partilhar e fazer uma releitura à luz da fé e da espiritualidade Marista. Transformação O VIVEMAR também quer ser um tempo e um espaço para possibilitar um conhecimento mais amplo sobre a vida Marista, suas origens, sua realidade, espiritualidade e missão. Além disso, busca sensibilizar para o despertar da vocação Leiga Marista e aprofundar a missão própria do Leigo na sociedade e seu compromisso na comunidade eclesial, fazendo brilhar algumas dimensões evangélicas que correspondem melhor aos nossos tempos e simplificando ao máximo o modo de viver o evangelho, assumindo um novo estilo de vida. O VIVEMAR não é apenas um evento, mas parte de um processo de formação conjunta e permanente, que visa a missão única do Instituto e da Igreja. Essa experiência é assegurada por uma coordenação provincial, realizada pelo CEVM – Centro de Espiritualidade e Vivência Marista, com estrutura e recursos à disposição. O projeto é processual no conteúdo, nas etapas e no acompanhamento provincial por meio de correspondências e visitas anuais às unidades, realizadas pela equipe do CEVM. Os ex-funcionários que já passaram pela experiência continuam recebendo as mesmas correpon-

dências que recebiam enquanto mantinham o vínculo empregatício e, dessa maneira, continuam sendo acompanhados. Também há estruturas de perseverança por meio de outros programas oferecidos pela Província que acompanham o mesmo processo de formação: o MChFM, Interunidades, PUC Identidade, Retiros, Curso “Hermitage” (de formação sobre o Patrimônio Espiritual Marista), entre outros. Parceiros na missão Cada participante é incentivado a ser fermento de mudança de vida e de ação para as pessoas de sua família e para aquelas com quem convive em seu ambiente de trabalho. Conhecendo, aceitando e vivendo a espiritualidade do carisma Marista essas pessoas se tornam, assim, parceiros na missão. Os frutos desse trabalho são evidentes e comprovados pelo testemunho de vida. O VIVEMAR vem ocupando seu merecido lugar na história e no tempo, tornando-se, a cada dia, mais forte e maduro, enchendo de esperança e coragem os corações e as mentes Maristas. Fonte inesgotável do carisma Marista, orienta pensamentos e ações que constroem uma Instituição mais humana e um mundo mais cristão. Parabéns VIVEMAR, por sua sólida e concreta caminhada nesses 10 anos de existência! Parabéns Vivemarista, porque sua vontade de ser uma pessoa melhor torna possível essa realidade! Lúcia Coelho


Saiba um pouco mais do VIVEMAR O que é O VIVEMAR é um projeto que promove aos Irmãos e Leigos a partilha de suas vidas e a comunhão do carisma, espiritualidade e missão Marista. Conta com 4 etapas, 3 das quais já estão sendo realizadas. É uma vivência de cinco dias na qual Irmãos e Leigos maristas são convidados a “mergulhar”, primeiramente, no conhecimento de si mesmos, levando-os a rever seus valores e atitudes diante da vida.

Quem participa Destinado preferencialmente aos Leigos das obras Maristas e aos Irmãos de toda Província, os grupos do VIVEMAR são sempre heterogêneos quanto à função que exercem na unidade, sexo, grau de instrução e idade, o que permite uma autêntica e rica experiência de família.

Resultados O VIVEMAR é o projeto mais consolidado da Província voltado para a formação do Leigo Marista. Já passaram por essa experiência cerca de 1500 pessoas, entre Irmãos, Leigas e Leigos, com alto nível de aceitação entre os mesmos, pois vem ao encontro do desejo dos Leigos de aprofundar o seu projeto de vida como pessoas e como Maristas.


todos na mesma direção O

Centro de Vivência Marista (CEVM) foi criado em 2000, com a finalidade primeira de ser um centro de apoio à caminhada dos Vivemaristas. Com o passar do tempo, além da responsabilidade de acompanhar os Vivemaristas com visitas anuais às unidades da Província e o envio de correspondências, o CEVM passou a assumir também toda a preparação dos encontros do VIVEMAR, o “antes”, o “durante” e o “depois”, que até então era de responsabilidade da ABEC. Dessa forma também foram criadas e estruturadas a segunda e terceira etapa do projeto, e muitas de suas características essenciais foram, aos poucos, se definindo. Todos sabemos o quanto o Instituto tem se esforçado para garantir experiências que fomentem e possibilitem o despertar da vocação Leiga marista. A antiga Província de São Paulo foi, sem dúvida, muito assertiva e profética ao propor uma experiência como o VIVEMAR para as Leigas e Leigos, transformando-se com o passar dos anos, no projeto de formação para Leigos mais sólido da atual Província do Brasil Centro-Sul. Paralelamente ao VIVEMAR, outras iniciativas de formação foram criadas e/ou retomadas, e que hoje ajudam a nortear a idéia de “processo” que a formação laical deve ter. Entre esses podemos considerar: o Movimento Champagnat da Família Marista; o Hermitage Marista (curso sobre o Patrimônio Marista); o Retiro para Colaboradores; o acompanhamento dos Afiliados da Província; a assessoria a outros projetos de formação coordenados por setores e direções locais como o Interunidades (destinados aos Leigos colaboradores dos hospitais da Aliança Saúde), o PUC Identidade, entre outros. Com todas essas respostas e outras que certamente surgirão para responder à demanda da formação laical, especialmente numa Província como a nossa, que concentra mais de 20% da representatividade das Leigas e Leigos de todo Instituto Marista, o VIVEMAR segue seus passos cada vez mais maduros e assertivos, sendo uma referência forte para essa Província, para o Brasil Marista e para o Instituto como um todo. Equipe Nesse momento de celebração dos 10 anos do VIVEMAR, é preciso lembrar que por trás de cada momento vivido neste projeto está uma equipe que trabalha muito. Vamos, portanto, conferir o que representa trabalhar no CEVM para cada um deles.

Karin Sinto-me grata pela experiência que vivi no 22º VIVEMAR I, onde tive dias de encontro profundo com Deus e com as pessoas que lá estavam. Considero-me privilegiada por trabalhar num projeto que reúne tantas pessoas diferentes congregadas na espiritualidade de São Marcelino Champagnat, que foi exemplo de obediência a Deus e amor ao próximo. O VIVEMAR para mim é inspiração para busca do reino de Deus nas pequenas coisas, é aprofundamento e vivência na Espiritualidade Marista, é esperança de renovação do Instituto e fortalecimento da relação entre Irmãos e Leigos. Karin Eliana N. dos Santos Lacerda Secretária CEVM

Wilson Quando iniciei minhas atividades aqui no CEVM em janeiro deste ano, tinha uma pequena noção do que este setor cuidava, mas com o passar do tempo fui me envolvendo e também fui descobrindo que os projetos realizados eram fantásticos. Continuar a obra de São Marcelino Champagnat é uma missão que quero dar continuidade. Todas as manhãs quando venho para meu ambiente de trabalho, chego sempre cheio de disposição, todos os dias são prazerosos, pois, gosto muito do que faço. Hoje tenho plena certeza que, ser marista está dentro do meu coração e isto compartilho com as pessoas que estão ao meu redor. Wilson Oliveira Brito Equipe CEVM


Miguel Leandro O VIVEMAR é um pedacinho do céu, escolhido por Deus, feito especialmente pra mim e pra você! Onde Deus se revela através das pessoas que tendem aperfeiçoar o amor divino no coração humano. Miguel Bayuk Serviços Gerais do CEVM

Lúcia Glaziele

Fui acolhida na Equipe CEVM em maio de 2005 e, desde então, participo de todos os VIVEMARES e demais projetos destinados aos Leigos e Leigas da Província. Sinto-me privilegiada por ter estado esse tempo entre pessoas queridas, realizando um trabalho simples, porém muito valioso. Tendo a oportunidade de estar nesse lugar pude observar as diferentes formas de manifestação de vida humana e perceber o quão importante são essas iniciativas oferecidas a cada um dos participantes para um repensar de suas vidas. Não tenho dúvida de que cada experiência, quando bem vivida, acrescenta valores e reafirma caminhos até então não assumidos. Glaziele Amorim Agente do CEVM

Comecei a trabalhar no CEVM em setembro de 2000, praticamente junto com o seu nascimento. Nesses oito anos acompanhei muitas mudanças no contexto da Província e, de maneira particular, acompanhei as mudanças e o crescimento desse Centro. Os projetos me desafiaram a assumir cada vez mais responsabilidades e a desenvolver outras habilidades humanas e profissionais. Celebrar os 10 anos do Projeto VIVEMAR é celebrar também o meu próprio caminho de crescimento e amadurecimento vividos ao longo desses anos. Trabalhar no CEVM significa estar constantemente comprometida com a pessoa humana, acreditando sempre na responsabilidade de despertar em cada uma delas o que há de melhor. Lúcia Coelho Coordenadora do CEVM

VIVER E AMAR Lembro-me quando participei dessa experiência. Ao chegar em Campinas, senti que estava em um lugar diferente, era um lugar mágico, difícil de descrever em poucas palavras. Fui tocado já na primeira noite, ao perceber que tínhamos uma outra função nesse local, não estávamos ali para recebermos mais um certificado ou um título, mas para uma convivência pessoal e espiritual. Envolvido pela magia dessa experiência, tempos depois fui convidado a trabalhar no grupo CEVM. Como parte da equipe desse projeto, tenho muito a comemorar. Hoje sinto-me responsável em partilhar com os amigos Maristas algo que vivi quando fiz o encontro como participante. Como Leigo e participante dessa missão, busco vivenciar, no meu cotidiano, o carisma Marista. Para mim, a simplicidade, a valorização humana e a espiritualidade são os ingredientes que fazem do VIVEMAR um projeto único, diferente, “de Deus”. Espero que essa obra continue e frutifique a cada ano, e que possamos comemorar 20, 30, 40, 100 anos. Parabéns às pessoas que idealizaram essa obra, a todos que já passaram por ela e, em especial, aquelas que colaboram com esse movimento. Moacir Leandro Camillo Assistente do CEVM


instituto marista em transformação Uma extensão do carisma para os Leigos

S

Ali contemplamos a água que segue seu caminho para chegar a outros lugares. Ali nos sentimos impulsionados a levar água aos que não alcançam a fonte. Ir. Afonso Levis

eria supérfluo afirmar o que todos já sabemos: que estamos num tempo de mudanças, de transformações, de busca de novos caminhos, com novos paradigmas, diferentes formas de compreender a história, de nos relacionarmos com o outro, de captar o sentido da vida... Como conseqüência, com novas exigências, novas respostas, novos rumos... Olhando para a Instituição Marista, no que diz respeito à presença dos Leigos, constatamos uma profunda transformação em processo. De início, essa presença deveu-se à necessidade prática, pela carência de Irmãos. Com o passar do tempo, a convivência, o conhecimento mais aprofundado do carisma e da missão Marista, o avanço na compreensão de uma eclesiologia de comunhão e de participação, na qual o Leigo recupera seu protagonismo, descortinam novos horizontes no que concerne ao caminhar juntos, Irmãos e Leigos, em missão compartilhada. Água do rochedo Há pouco, foi editado e divulgouse entre nós, um opúsculo, “Água da Rocha: Espiritualidade Marista que brota da tradição de Marcelino Champagnat”, que contém, em síntese e para os dias de hoje, nosso jeito de viver e de caminhar como Maristas, Irmãos e Leigos em fidelidade à Missão. Na água dessa fonte saciamos a sede de viver, a necessidade de comunhão; nela refazemos as forças em nosso peregrinar de fé, encarnado no quotidiano pelas vias do carisma que nos irmana.

Ali é lugar de encontro. Ali é lugar de escuta e discernimento. Ali é espaço de partilha. Ali aprendemos a olhar-nos nos olhos e dar-nos as mãos para sustentar-nos pelo caminho. Ali entendemos que a identidade focaliza mais as semelhanças do que as diferenças, e que estas são percebidas como riqueza, oportunidade e não como ameaça ou perigo. Ali entendemos que a diversidade, quando vista sob o ângulo da dinâmica da criação, é um sinal de vitalidade e não um empecilho. Ali soa o apelo de sair de si, deixando que a água abebere a todos. Ali contemplamos a água que segue seu caminho para chegar a outros lugares. Ali nos sentimos impulsionados a levar água aos que não alcançam a fonte. Ali cresce a liberdade no compromisso de ser e de doar-se... Um jeito de chegar a essa fonte: o VIVEMAR Há 10 anos iniciou-se um projeto de formação para Leigos e Irmãos que recebeu o nome de VIVEMAR por priorizar a experiência de vida, a vivência Marista. Uma intuição! Um sonho! Uma resposta concreta à necessidade e ao desejo de crescimento pessoal e institucional. Essa vivência possibilita aprofundar a identidade respectiva, enriquecer-se reciprocamente com os valores dos distintos estados de vida, sentirse estimulado dentro do carisma que nos legou Marcelino Champagnat e na missão de tornar Jesus Cristo conhecido e amado entre as crianças e jovens.


Duas estrelas Esta história pode, simbolicamente, nos ajudar a avançar na reflexão desse tema e iluminar o leitor com os aportes que cada um traz a partir da própria experiência de vida e de caminhada Marista.

C

onta-se que um homem, muito austero, não comia e nem bebia enquanto o Sol não se pusesse no horizonte... Certo dia, aconteceu algo que lhe parecia ser um sinal de aprovação de seu jeito de viver, de sua austeridade: no alto de uma montanha vizinha, em plena luz do dia, avistou uma estrela de singular brilho. Ninguém sabia explicar o fato. O homem decidiu subir a montanha. Uma menina do povoado insistiu em acompanhálo. O dia estava de um calor insuportável. Logo sentiram sede. Passando por uma vertente o homem animou a menina a tomar água. Ela, delicadamente, disse-lhe que bebesse ele primeiramente e ele, com gesto paternal, insistiu para que ela se aproximasse da água e bebesse. O pobre homem se viu num dilema: pesava-lhe a consciência ter que quebrar o seu “jejum”, o seu jeito de viver; porém, sofria ao ver a menina padecendo de sede. Por fim, decidiu-se e tomou água. A menina fez o mesmo. Durante um bom tempo, prosseguindo a subida, ele não se atrevia a levantar os olhos ao céu, com medo de que a estrela tivesse desaparecido. Qual não foi sua surpresa quando decidiu levantar a cabeça a fim de olhar para o alto: já não era uma só, mas duas estrelas que brilhavam no alto da montanha! Cf. Anthony de Mello, The prayer of the frog

Caminhar juntos Algumas balizas ou critérios poderão ajudar nesse caminho: atitudes para qualificar o interrelacionamento, caminhar juntos, garantir a eficácia da missão compartilhada e favorecer condições propícias ao novo que surge.

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DISTINGUIR entre o carisma fundacional e a concretização histórica que esse carisma assumiu, no momento em que surgiu, e seus posteriores desdobramentos até os dias de hoje.

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INTUIR que se abrem caminhos novos, porque há novas exigências e não porque o passado tenha sido ruim. É fruto da força da vida e da dinâmica existencial assimilar, vivencialmente, que a utopia, a paixão por Jesus Cristo e seu Reino, é força propulsora de vida e capaz de superar os entraves, as resistências e as boas estruturas que já não suscitam vida.

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RESPEITAR E AGRADECER quando olhamos para as conquistas dos que nos precederam e nos legaram tão grande patrimônio. Como eles foram ontem, nós queremos, hoje, ser fiéis aos apelos da história, às necessidades do ser humano e ao sopro do Espírito; apenas queremos fazer do modo que entendemos mais adequado e com instrumentos e estruturas atuais, respondendo generosamente como eles, e com a consciência de que “se enxergamos longe é porque estamos arrimados sobre ombros de gigantes” (frase atribuída a Newton).

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DISCERNIR. Essa atitude de busca à luz do Evangelho e da nossa missão, com valores e critérios que favorecem e defendem a vida; busca não só da verdade, mas de assumir o jeito de viver de Jesus, precavendo-se de que, atrás de boas intenções e de desejos apostólicos podem se acobertar interesses escusos, ou menos plausíveis, como busca de poder, de afeto, de reconhecimento...

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TER FÉ esperançosa e confiança audaz. Disposição de despojar-se, de estar aberto e comprometer-se a deixar vencer a ação do Espírito, que sopra onde quer, e suscita o novo, às vezes surpreendendo nosso modo humano de ver as coisas; que nos conduz por caminhos que, racionalmente, por vezes temos resistência em seguir, e sabendo que “a fé permite todas as audácias” (C 33).

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SENTIR ALEGRIA de ser Marista. Chamados a contribuir na concretização de uma Igreja de comunhão com o rosto Marial, manifestação do rosto materno de Deus, cada um deve aportar a própria contribuição com as respectivas características.


palavra de Irmão Ir. Alfredo Moretti

Lâmpadas acesas Para mim, fazer o VIVEMAR constitui uma graça. O VIVEMAR I produziu em mim muitos frutos de amor, de conhecimento de mim mesmo e de aceitação e valorização do outro. Uma melhora na caminhada de um consagrado. Foi um grande crescimento, em todos os sentidos da palavra, e diria até um crescimento na vida esportiva, como aconteceu no primeiro VIVEMAR, onde participei recebendo o título de melhor goleiro. O presente que recebi foi um cacho de bananas! Que saudades, valeu a pena! Como participei de muitos VIVEMARES como presença Marista, posso afirmar que sempre me valeu muito e continua valendo. Obrigado à coordenação que sempre me convida para estar presente.

Aos nossos Leigos e Leigas Maristas, que tiverem a sorte de serem convidados a fazer o VIVEMAR, acreditem: vale a pena. Vão ter a oportunidade de.. quem sabe.. reviver um pouco a sua vivência como cristãos. O catecismo nos diz que o verdadeiro cristão é aquele que é batizado, que crê e pratica o que crê. O VIVEMAR leva à vivência no dia-a-dia, seja na família, na sociedade, no apostolado, isto é, ser Vivemarista onde estiver. Procurem continuar como lâmpadas acesas. Por fim, recordemos o que nos diz Santo Agostinho: “Inquieto está o nosso coração enquanto não repousar em Ti, ó Meu Deus”. Não há dúvida de que o verdadeiro lugar da experiência de Deus está no nosso Eu, no nosso “Eu Profundo”.

nquieto está o nosso coração enquanto não repousar em Ti, ó Meu Deus. (Santo Agostinho)

Ir. Aloísio Kuhn

Em sintonia O VIVEMAR constitui uma iniciativa pioneira enquanto intuição, programa, metodologia e alcance. Desde 1993, o Capítulo geral – assembléia geral – do Instituto abriu espaço, até então inédito, à presença de colaboradores não-Irmãos, na realização da assembléia, visto que partilham o ideal Marista e oferecem preciosa atuação nas mais variadas obras mantidas pelo Instituto, através do mundo. A Província do Brasil Centro-Sul está de parabéns por ter tido a intuição e a coragem de montar esse programa formativo, dando aos colaboradores da obra educativa uma oportunidade única de encontrarem a si mesmos, de conhecerem o sonho, o carisma e a espiritualidade de Marcelino Champagnat, a opção vocacional do Irmão Marista, o Instituto Marista, o sentido e o valor da ação educativa que todos realizam. Tive a alegria de participar das três etapas que já são oferecidas. A sintonia que essas semanas formativas provocam; o entusiasmo pessoal e coletivo

que proporcionam; o reencontro consigo e com os valores anunciados pelo Evangelho e retomados pelas melhores escolas de psicologia; a alegria, a paz e a vibração, suscitadas no íntimo de cada um, constituem a melhor aprovação e recomendação do VIVEMAR. Verifiquei-o por experiência pessoal e pela constatação do que se passa em cada pessoa e em cada grupo. Compreender melhor a si mesmo, as razões da vida e do trabalho, descobrir o significado da ação educativa, comungar do carisma (espiritualidade e missão) de Marcelino, ressignificar nossas relações humanas e educativas e aprender a dar um sentido transcendental ao nosso dia-a-dia, tudo isso está na proposta do VIVEMAR. Parabéns à equipe do CEVM, aos que a precederam e aos que, neste decênio, tiveram a chance de participar de alguma sessão. Longa vida a quantos mantém, animam e assessoram essa formidável experiência!


empolgação por champagnat A

os participantes do VIVEMAR sempre é oferecido um dia de estudos sobre temas Maristas. Nessas ocasiões, impressiona-me o interesse e a empolgação dos Vivemaristas pela figura de Champagnat, pela sua história e carisma. Alguns, talvez pelo fato de estarem tendo a primeira ocasião de abordar o tema, deixam transparecer aquele “brilho nos olhos” que é sinal de comunhão, de vibração com o tema tratado! É como se tivessem descoberto, na própria casa (na Instituição Marista que os acolhe como colaboradores), algo precioso e não percebido até então. Na parábola da moeda perdida (ver em Lucas, 15.8) Jesus diz que a mulher ficou muito contente com o achado, reunindo amigas e vizinhas para comemorar. É digno de nota o fato de que a moeda encontrada, objeto da sua alegria e empolgação, estava perdida dentro da própria casa. A mulher varreu a casa e afastou os móveis para procurá-la. Não foi pesquisar alhures, em outros campos. Encontrou dentro da própria casa aquilo que a encheu de satisfação. Parece-me uma alegoria muito interessante: temos uma preciosidade dentro de casa que é preciso descobrir aos poucos. Essa “prata de casa” é a espiritualidade Marista. Quando, por circunstâncias providenciais de Deus, os Leigos Maristas entram em contato com ela e têm ocasião de vivenciá-la, se entusiasmam! Ao dar palestras aos Vivemaristas, aos alunos do Curso Hermitage Marista, ou a Leigos participantes de encontros e retiros, pelo interesse que demonstram, percebo como essa espiritualidade, estruturada por Champagnat e vivenciada pelos primeiros Irmãos, é um manancial que continua jorrando forte desde os rochedos de L’Hermitage. É seiva rica que

alimenta e se espalha pelas inúmeras ramificações da presença e do apostolado Marista. Ao final de alguma palestra, quando fico rodeado por dois ou três participantes empolgados que querem mais explicações, vem-me à mente a cena do Evangelho narrada por S. João (veja João 14.8). Ali se diz que, entusiasmado pelas explicações que Jesus dava a respeito de Deus Pai, o apóstolo Felipe se aproximou de Jesus e pediu: “Mostra-nos o Pai e isso nos basta!”. Parece-me sentir um anseio igual por parte dos Leigos Maristas, expressando-se assim: - “Mostra-nos o Pai Champagnat e isso nos basta!” O VIVEMAR está sendo um canal de difusão da seiva Marista ao longo dos seus 10 anos de existência. Quanto bem realizado! Parabéns! Ir. Ivo Antonio Strobino

Essa “prata de casa” é a espiritualidade Marista. Quando, por circunstâncias providenciais de Deus, os Leigos Maristas entram em contato com ela e têm ocasião de vivenciá-la, se entusiasmam!


o laicato marista hoje! A Ir. Bene Oliveira

Aumenta o espaço da tenda, ligeira estenda a lona, estique as cordas, finque as estacas, alargue para a direita e para a esquerda. (cf. Isaías 54, 2-3a)

beleza e a riqueza da vocação laical vêm sendo redescobertas e resignificadas na vida da Igreja. De fato, uma leitura atenta dos sinais dos tempos a partir do Concílio Vaticano II mostra, sem sombra de dúvidas, que a Igreja deste novo milênio é a “Igreja dos Leigos”, mormente da emergência do feminino na sociedade contemporânea e eclesial. Acompanhe agora algumas considerações sobre a compreensão e orientação do Laicato Marista a partir da Circular “Tornar Jesus Cristo conhecido e amado: a Vida Apostólica Marista, hoje”, apresentada pelo Ir. Seán Sammon, Superior Geral. Por que o tema no Instituto Marista Porque o Leigo é integrante da missão marista. “Somos todos formadores do laicato na vida marista hoje”, afirma o Ir. Seán Sammon. O alargamento do espaço da tenda aos Leigos A parceria, Irmãos e Leigos – juntos na missão, ajuda-nos a viver melhor as vocações específicas e a realizar a missão comum na vida da Igreja e no mundo de hoje. Parceria que é mais do que dividir um trabalho comum: significa partilhar a vida e a fé, a paixão por Jesus Cristo, a imaginação e os sonhos, cativados pelo ideal de São Marcelino Champagnat. Assim, testemunharemos que a Igreja é capaz de uma eclesiologia da comunhão. Um olhar retrospectivo No passado, como ainda hoje, as

ações da Igreja muitas vezes seguiram uma eclesiologia baseada no poder e no cargo – postura contrária aos princípios do Evangelho. Somos convocados, por nossa vida e trabalho a mostrar que a situação pode e deve ser diferente entre nós e na condução do apostolado no Instituto Marista. Alguns podem ficar surpresos com esse ponto de vista, assinala o Ir. Seán. Muitas pessoas desafiam a noção de que o carisma é um tesouro que pertence exclusivamente a nós, Irmãos. Ao contrário, o carisma dos Fundadores pertence à Igreja, e não apenas aos religiosos, aos Irmãos. Os Leigos maristas têm sua própria história, empreenderam sua jornada pessoal de fé e vivem uma experiência particular do carisma de São Marcelino e de sua espiritualidade. E poderão vivê-la mais e mais se nos desvelarmos mutuamente. Diferenças As diferenças são visíveis na Igreja. A diversidade também ocorre na Vida Religiosa. Muitos de nós nos sentimos desconfortáveis quando se faz referência a distinções. Negar as diferenças onde elas existem, contudo, é negar a natureza peculiar tanto da vocação do Irmão quanto do Leigo Marista, comprometendo o desenvolvimento da identidade de cada um. Para discutir as semelhanças e diferenças entre nós e os Leigos, importa partilhar o que temos em comum e respeitar as diferenças entre a identidade de um Irmão e a de um Leigo Marista. Co-responsabilidade Os envolvidos na missão marista pertencem a dois grupos: aqueles que


se engajam com entusiasmo e aqueles para quem o trabalho é apenas um bom emprego. Nem todos são parceiros. Daí, a necessidade de cultivar o espírito de fraternidade e de reciprocidade entre nós e os Leigos, parceiros de missão. E, para isso, aprender uns com os outros, compartilhar a herança espiritual e apostólica que nos são comuns e fomentar atitudes de cooperação. É chegada a hora de superar o mero convite aos Leigos para que atuem conosco na condução das obras e torná-los, de fato, co-responsáveis por elas. Nem todos demonstram o mesmo entusiasmo Em algumas partes do Instituto, alguns Irmãos aceitam a idéia da parceria com os Leigos com certa relutância ou, por conta da diminuição do número de Irmãos, julgam-na necessária. Não poucos Leigos já perceberam essa ambivalência. Todavia, a parceria marista não resulta da diminuição de Irmãos, trata-se antes de uma entre as muitas consequências da evolução natural do nosso modo de vida, e não conseguirá amadurecer sem a presença e o envolvimento tanto de Irmãos quanto de Leigos. Tal parceria pode ser mais bem entendida como reflexo da necessida-

de global no complexo e problemático contexto contemporâneo. Planejando o futuro Cada vez mais, educadores, gestores e estudantes maristas, famílias, antigos alunos, ex-Irmãos e colaboradores estão redescobrindo a espiritualidade de São Marcelino Champagnat como fonte de inspiração, o que demonstra a vitalidade do carisma e o poder de animar seus ofícios e apostolados. Nesse sentido, compreender a parceria representará inestimável contribuição marista para a evangelização e formação da nova geração. Nossas instituições educacionais precisam ser mais do que centros de excelência acadêmica. Devem ser, também e principalmente, “lugares onde o Evangelho seja proclamado e testemunhado”, destaca o Ir. Seán Sammon. O Instituto Marista, igualmente, vemse inscrevendo com muita esperança nesse movimento de união e comunhão das vocações religiosa e laical. A Província Marista do Brasil Centro-Sul (PMBCS) se une em uníssono ao Governo Geral do Instituto para compartilhar e aprofundar mais e mais o protagonismo, a missão, a formação, a co-responsabilidade na gestão, a colaboração, a pastoral e a espiritualidade dos Leigos maristas.

Com esse intento, há uma década nascia o VIVEMAR, atualmente coordenado pelo Centro de Espiritualidade e Vivência Marista (CEVM), que vem se dedicando com entusiasmo ao desafio da organização, da animação, dos projetos, dos programas e dos eventos orientados para o conhecimento, compreensão, respeito, apreço e vivência das vocações e dos dons recebidos por Irmãos e Leigos a serviço do Reino de Deus na instituição Marista. A Carta Aberta da I Assembléia Internacional da Missão Marista (Mendes, RJ / Brasil) no dia 12 de setembro de 2007 nos interpela: “Sentimo-nos chamados por Deus para, audaciosamente, criar comunidades maristas de vida que, visível e significativamente, evangelizem por seu espírito de família e compromisso com a missão”. Um convite e um desafio a que avancemos no aprendizado, na vivência e na realização do alargamento do espaço da tenda! Leigo Marista, hoje o Espírito tão ativo em São Marcelino Champagnat anseia por vibrar em você e em cada Irmão – todos herdeiros de sua tradição. “O seu carisma será visível em nosso jeito marista de vivê-lo”, recorda o Ir. Seán Sammon. Ir. Benê Oliveira, fms


na dança das relações o sentido para a vida! Por isso vem, entra na roda com a gente também. Você é muito importante, vem!

A

A dança da vida flui quando, com erros e acertos, descobrimos a beleza e o desafio de fazermos parte da mesma roda. A harmonia, o prazer e a alegria serão o prêmio dos que fazem a vida mais divertida. Vanderlei Soela

vida é uma arte e dela somos eternos aprendizes! Como tal, ela supõe atenção e cuidado, treino e disposição, coragem e engajamento. Por ela nos dedicamos, sofremos, perdemos e ganhamos. Ao entrarmos no ritmo da vida, passamos a fazer parte de uma grande dança – envolvente, transformadora, cheia de possibilidades e riscos. Seu sucesso depende de constante criatividade, sabedoria e determinação. Qualquer dança supõe uma série de elementos: pessoas, música, ritmo, harmonia. Compreende ainda iniciativa, escuta, sintonia, paciência, interesse e comprometimento. Compõe-se também de riscos e dificuldades, alegria, graciosidade, sensação do “deixar-se conduzir” e confiança. Todos esses elementos, num conjunto integrado, permitem o fluir e o desfrute de um belo e intrigante movimento. A dança lembra festa, entusiasmo e celebração da vida. Acontece quando nos dispomos a ir ao encontro do outro, de forma gratuita e de coração aberto, apenas com o intuito de divertir-nos e alegrar-nos. Dessa empreitada, tendemos a sair mais humanos e com relacionamentos mais saudáveis. Precisamos encontrar um jeito próprio de dançar A dança, portanto, nos serve de metáfora (comparação, símbolo) para os nossos relacionamentos. A dança é a vida, com as grandes e pequenas experiências. A música são os acontecimentos de cada dia, os temas que nos envolvem e com os quais temos que lidar. A cada instante somos provocados por um tipo de música, com ritmos apropriados, que pedem de nós passos também adequados. Ora

a música pode ser alegre, ora triste; pode ser rápida ou lenta; pode ainda ser nova ou antiga. O certo é que, para cada uma delas, precisamos encontrar um jeito próprio de dançar. Por isso, é preciso treinar a escuta, a fim de captar os “sons” de cada situação e de cada experiência. O sucesso da harmonia depende, em grande parte, de nossa capacidade de escutar a música e iniciar os passos. Todo relacionamento comporta riscos, nem por isso deixamos de vivê-lo Mas, para encará-los é preciso boa dose de coragem e compromisso. Por mais que conheçamos a pessoa com a qual estabelecemos contato, sempre fica uma ponta do mistério e, portanto, sempre uma possibilidade de surpresas, tanto positivas quanto negativas. Aqui é fundamental desenvolver a confiança, tanto para guiar quanto para se deixar guiar, gerando frutos de bem-querer e de respeito. A paciência e a tolerância são elementos cruciais em qualquer relacionamento humano São habilidades que nos permitem acolher as diferenças e suportar os limites. Por vezes temos que dar o tempo necessário à outra pessoa, favorecendo a descoberta dos passos e da dança. Ora conduzimos, ora somos conduzidos. O exercício da gratuidade e do cuidado nos ajuda a aprender a dança passo a passo... juntos! Sensiblidade é tudo nas relações Quando aprendemos a manejar a vida com um pouco mais de maestria e jeito, tornamo-nos mais sensíveis


aos seus diferentes movimentos. Essa é a porta para captar o sentido de cada coisa e de cada experiência. Da mesma forma como para dançar se exige que criemos sintonia, assim acontece com a nossa dimensão espiritual. Espiritualidade é a capacidade que desenvolvemos de captar sentido, de dar significado e de descobrir a essência que corre nas veias da vida. Assim fazendo, encontramos Deus imerso em nossas experiências humanas. Saboreando um pouco do céu Jesus Cristo foi mestre nesta arte. Seu jeito simples de se relacionar com as pessoas e com o mundo foi o caminho que o levou à profundidade do encontro com o Pai. No meio do mundo, vivenciando o que a vida propõe, Jesus capta a profundidade das coisas e dos acontecimentos e neles encontra Deus. Ensina-nos a viver a confiança (Lc 12,22-34), a simplicidade (Lc 9,1-6; 21,1-4), a partilha (Lc 9,10-17), o perdão e a fraternidade (Lc 7,36-50), a compaixão (Lc 10,25-37). Assim, dependendo da qualidade de nossos relacionamentos e de nossa habilidade em mergulhar nas profundezas de cada gesto e situação, vamos experimentar Deus e saborear um pouco de céu. Na linguagem do Evangelho, faremos experiência do Reino. Cada vez mais somos provocados a viver bem nossa humanidade, construída de luzes e trevas, pecado e graça, perdas e conquistas, alegrias e decepções, escassez e abundância, solidão e partilha, prazer e sacrifício – como caminho privilegiado para entrarmos na onda, na sintonia e no ritmo de Deus. Urge, pois, treinar a cada dia as habi-

lidades que nos permitem dançar a dança da vida, sempre incluindo os demais, acolhendo-os como são, esperando o tempo de cada um, incentivando novas descobertas, desenvolvendo a empatia e a certeza de que o outro, assim como eu, deseja e quer experimentar a felicidade em sua vida; o outro, assim como eu, experimenta a queda, o erro, a dor e o sofrimento na vida; o outro, assim como

eu, tem sonhos e projetos; o outro, assim como eu, quer ser gente boa sempre! A dança da vida flui quando, com erros e acertos, descobrimos a beleza e o desafio de fazermos parte da mesma roda. A harmonia, o prazer e a alegria serão o prêmio dos que fazem a vida mais divertida. Vanderlei Soela Psicólogo e Pedagogo


U

A PEREGRINAÇÃO NO VIVEMAR

ma das atividades do VIVEMAR é a peregrinação. Na preparação se procura deixar claro o significado dessa atividade, dentro da caminhada do VIVEMAR. São apresentados sete passos (atitudes) necessários para aquele que quer peregrinar: 1 - Sair de, isto é, desinstalar-se, sair da auto-suficiência, assumir a atitude de pobre, de romeiro, na fé; 2 - Ir para, isto é, ter uma meta, um lugar, como diz Isaias “Vinde, subamos à montanha do Senhor” (Is 2.2); 3 - Passar por, isto é, a vida é uma contínua passagem, durante a qual se apresentam as mais variadas situações que exigem coragem, fé e confiança; 4 - Em companhia de, isto é, não se vai sozinho, como também acontece na nossa vida. Somos uma comunidade e é juntos que peregrinamos em busca da nossa meta suprema, que é Deus; 5 - Chegar em, isto é, na peregrinação temos uma meta a alcançar. Deus é a meta; 6 - Celebrar a festa, pois a festa é o elemento essencial do culto ao Criador. “Meus Irmãos, alegrai-vos no Senhor” (Fil 3.1); 7 - Voltar, isto é, iniciar uma vida nova com o coração transformado. A peregrinação é um momento forte da vida. Os Vivemaristas atestam que a peregrinação é um dos momentos mais fortes do VIVEMAR, pois lhes dá a oportunidade de repensar a própria caminhada como homem e como cristão e propicia, até mesmo, o reencontro com Deus no reavivamento da fé. Se olharmos um pouco a história humana vemos que o ato de peregrinar está constantemente presente na vida de todos. E o significado é sempre uma mudança de atitude, de comportamento, visando um aperfeiçoamento. A própria idéia de peregrinar implica a realização de um trabalho lento, difícil. Exige uma saída de si mesmo e a busca de um objetivo.

A própria idéia de peregrinar implica a realização de um trabalho lento, difícil. Exige uma saída de si mesmo e a busca de um objetivo. Ir. Ilário Caresia

Já o Antigo Testamento nos mostra a peregrinação do povo de Deus, na qual estão presentes todos os passos acima elencados. Desde a saída do Egito até a chegada à Terra Prometida foram 40 anos de caminhada pelo deserto, passando pelas mais diversas situações, por meio das quais, Deus foi educando esse

povo para que ele O reconhecesse como seu único Deus e acolhesse sua Lei e sua Aliança. Houve uma mudança de mentalidade, de costumes, e uma nova maneira de sentir-se povo: Povo de Javé! Só depois disso entraram na Terra Prometida. Já na Terra Prometida, os judeus tinham que fazer uma peregrinação anual a Jerusalém. E era motivo de alegria poder fazê-la: “Que alegria quando me disseram, vamos para a casa do Senhor. E agora nossos pés já se detêm, Jerusalém, em tuas portas” ( Sl 121.1-2) Na história do nosso Instituto temos o exemplo de Champagnat que, na dificuldade de voltar ao Seminário, vai a pé, com a mãe, em peregrinação ao túmulo de S. Francisco Regis, percorrendo uma distância de 40 km. Isso valeu para ele a graça de conseguir retornar ao Seminário, mais decidido na vocação e consciente de como agir para ser fiel ao chamado de Deus. Quem vem fazer o VIVEMAR, o faz animado de uma esperança de algo bom para si, para sua caminhada, para sua vida. Deixa a família, os afazeres, a profissão por uma semana, disposto a peregrinar para dentro de si mesmo em busca do seu EU mais profundo e ali encontrar-se consigo mesmo, com Deus e com seus semelhantes. E os sete passos acontecem no decorrer do VIVEMAR, culminando com o retorno à própria realidade. Só que retornam transformados interiormente, cheios de ânimo e de esperança, decididos a serem “fermento na massa”, tanto na família, como no local de trabalho e na sociedade. Em outras palavras, voltam para recomeçar a peregrinação da vida, rumo à meta final de todos nós: Deus. Ir. Ilário Caresia


Transformando vidas e construindo a nova famĂ­lia Marista


VÍNCULOS E RESPONSABILIDADES do O

Amplia o espaço da tua tenda, desdobra sem constrangimento as telas que te abrigam, alonga tuas cordas, consolida tuas estacas. (Is 54,2)

Vivemar é um encontro de convocação. Há nas suas linhas e entrelinhas um convite à vivência do espírito marista. Essa intenção é assimilada pelos participantes que, durante uma sessão, a manifestam em testemunhos e depoimentos. É a epifania Vivemarista. Entre todas as reflexões propostas, destacam-se duas que contribuem, de modo especial, para o desenvolvimento dessa convocação. A parábola do Filho Pródigo e a passagem dos Discípulos de Emaus. Os dois textos bíblicos podem ser compreendidos sob dois aspectos: vínculos e responsabilidades, em meio a tantos outros caminhos de interpretação. Entende-se por vínculo aquilo que ata, liga ou aperta; nó, liame. O que liga duas ou mais pessoas. O que dá segurança. O que estabelece uma relação vital. Assim, por exemplo, a corda é o vínculo entre o montanhista e a montanha. Jesus é o vínculo entre o homem e Deus. Por responsabilidade entende-se a iniciativa pessoal e grupal de cumprir uma obrigação que se nos impõe como dever, considerando-se o outro como receptor-merecedor e a si mesmo como protagonista dessa ação in-

transferível. Para alcançar o significado mais amplo desses dois conceitos, pode-se recorrer a um terceiro: a memória: lembrança de aprendizagens adquiridas anteriormente. Lembrar, recordar. Na parábola do Filho Pródigo (Lc 15, 11-32), o versículo 17 nos mostra o momento em que o Filho Pródigo se recorda da casa de seu pai: “Então caindo em si disse: Quantos trabalhadores de meu Pai têm pão com fartura e eu aqui, morro de fome. Essa lembrança dinamiza o vínculo que existe entre o filho e o pai: o amor e a compaixão experimentados no aconchego da casa paterna. E decidiu: “Levantar-me-ei e irei ter com meu Pai. E levantando-se foi para o seu Pai”. O vínculo suscita a responsabilidade. O filho toma a iniciativa de ir ter com o seu pai. E foi ao seu encontro com a certeza da sua compaixão, pois conhecera o amor paterno antes de ter partido. Por sua vez, na passagem dos Discípulos de Emaus (Lc 24, 13-35), a lembrança ocorre quando os discípulos, “estando sentados à mesa, ele (Jesus) tomou o pão, abençoou-o, depois partiu-o e deu-o a eles”. Diz o evangelista que “então seus olhos se abriram e o reconheceram”. Reconheceram porque já tinham participado


VIVEMARISTA desse gesto anteriormente. O vínculo que unia os discípulos a Jesus aparece logo em seguida. O gesto do partir o pão, precedido pelo sentimento, assim descrito pelos discípulos: “não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”. “Naquela mesma hora”, diz o evangelista, “os discípulos levantaram-se e voltaram a Jerusalém. E contaram aos onze apóstolos ... como o haviam reconhecido na fração do pão”. Essa resposta dos discípulos é a conseqüência do vínculo que se havia estabelecido entre eles e Jesus. O Vivemar, como encontro de convocação, oferece as condições para que um vínculo específico seja estabelecido entre os participantes e entre eles e a Instituição: a espiritualidade marista. Essa espiritualidade vivida nos dias do encontro, ainda que de forma incipiente, fica gravada nos corações de quem aceita o convite ao pertencimento: ser da família marista. Depois, no dia-adia, é recordar a vivência, tudo o que se aprendeu, e praticar. A vivência da espiritualidade é a ação responsável. Como o Filho Pródigo e os Discípulos de Emaús, o Vivemarista deve estar sempre pronto a partir, a voltar, a agir. Essa disposição à abertura, a estar

atento, a convidar o outro para permanecer na sua casa1, a alargar a tenda, conforme o linguajar bíblico, além de ser uma virtude é também uma responsabilidade. Que haja, nessa tenda, sempre lugar para mais um. “Amplia o espaço da tua tenda, desdobra sem constrangimento as telas que te abrigam, alonga tuas cordas, consolida tuas estacas” (Is 54,2). Alargar a própria tenda não é uma ação simples. Significa romper as fronteiras do coração. Romper quer dizer que alargar a tenda ou destruir os limites do coração não é feito sem dor. Requer esforço, abertura, acreditar no outro, estar disposto a perder certos espaços reservados, praticar a compaixão, a misericórdia. Proteção, acolhimento, entrega, reconciliação. Pode-se definir essa ação, usando a expressão-luz: capacidade para o outro. O Capítulo2 se referiu a ela, traduzindo-a por nova sensibilidade, reportando-se à influência da mulher na vida marista. O Vivemarista não está preocupado apenas em alargar a sua tenda. Ele também quer vê-la plenificada. Por isso, convida, insiste, alerta, anuncia e denuncia. Fica realizado ao ver outras pessoas aderindo à espiritualidade de Marcelino Champagnat, totalmente inspirada nas atitudes de Maria.

1

Quem vive conforme essa espiritualidade tem em Maria mais que inspiração para sua vida. Recebe dela a força que configura suas atitudes, sentimentos e percepções. Outros indicadores de quem vive como Maria: sente-se angustiado com os excluídos, pratica a escuta atenta (auto-vigilância), tem a ótica do empobrecido, sente-se co-partícipe na comunidade, acolhe o outro com simplicidade, pratica a misericórdia e a compaixão, adota a missão e a espiritualidade maristas como modelo e razão para viver. É alguém que desenvolveu o vínculo marista e assumiu a responsabilidade de agir como Maria. O Vivemar é uma escola de vida, uma vivência onde se conhece o carisma do fundador, uma força que encoraja, uma fonte de luz. Depois, é recorrer às memórias do encontro para fortificar o vínculo marista e ser audacioso nas iniciativas de respostas aos apelos da realidade, no cotidiano da própria existência, na família, no grupo de trabalho, na missão educativa, social, administrativa e pastoral. Ana Tereza Naspolini

“Fica conosco, já é tarde e já declina o dia” (Lc 24,29). 2 XX Capítulo Geral, 2001, nº 27


além da perspectiva

da janela Q

Ir. Ir. João do Prado

Fruto do sonho e da fé dos pioneiros, o Vivemar anualmente faz diferença na vida de centenas de leigos, leigas e Irmãos Maristas.

uando falamos em reestruturar alguma coisa, imaginamos de imediato uma empreitada que possibilite aperfeiçoar os espaços e potenciais que temos à disposição a fim de buscar maior proveito para a finalidade que tal empreendimento, objeto ou instituição se destina. O processo de reestruturação, embora exigente e, muitas vezes, duro, reserva-nos surpresas agradáveis. No processo de reestruturação e unificação das antigas Províncias de São Paulo e de Santa Catarina uma das gratas surpresas que tornou-se evidente foi o Projeto Vivemar. Fruto do sonho e da fé dos pioneiros, o Vivemar anualmente faz diferença na vida de centenas de leigos, leigas e Irmãos Maristas. O sonho de Ana e Afonso1 tem um significado muito especial. Pois em Ana está o olhar feminino do Instituto Marista e, ao mesmo tempo, o chamado e desejo de leigos e leigas colaboradores Maristas de conhecer, vivenciar e contribuir na proposta de uma Instituição herdeira de um carisma vital para o mundo e para a Igreja de hoje. Na perspectiva de Afonso encontra-se o olhar dos Irmãos Maristas, os primeiros a serem chamados a vivenciar e a difundir o carisma Marista em todas as dioceses e a tornar Jesus Cristo conhecido e amado pelas crianças e jovens. Porém, não são mais os únicos. Todos (Irmãos,

leigos e leigas) somos chamados por Deus a viver o carisma Marista. O sonho de Ana e Afonso simboliza para todos nós que hoje não deve existir um olhar de dentro e outro de fora da Instituição para quem já está dentro dela. O olhar de Ana e Afonso se dá do mesmo chão e brota do mesmo sentimento de pertença. Já não há espaço para existir ou criar janelas que condicionem olhares de um lado ou de outro. Os olhares transcendem essa perspectiva ou, pelo menos, deveriam pois não há mais espaço para janelas. O apelo de Deus, que se traduz no Projeto Vivemar e em tantos outros projetos da Província, é para um olhar do mesmo solo, sob a mesma responsabilidade e na mesma sintonia e vibração de coração que faz mover o Instituto Marista para ser cada vez mais a palavra viva do Evangelho no testemunho de milhares de Maristas Irmãos, leigos e leigas na construção do Reino de Deus. A visão poderá ser diversa, mas com certeza carregada das nuanças necessárias para ver além do horizonte e dar respostas mais fiéis aos apelos de Deus e aos clamores das crianças e dos jovens de hoje e de amanhã. Ir. João Carlos do Prado Secretário Executivo da União Marista do Brasil



LINHA DO TEMPO 110 Vivemaristas

1998 Abril de 1998. Semana Santa. Bem nesta época tão significativa para o cristianismo, foi realizado o primeiro Encontro-Vivência de Leigos e Irmãos Maristas – 1º VIVEMAR, da Província de São Paulo, em Campinas, no Instituto Nossa Senhora Medianeira. Com essas palavras, o Ir. Afonso Levis abriu oficialmente a primeira edição do VIVEMAR:

“O resultado desse encontro, dessa vivência, depende de todos nós: de cada um de nós. Somos pouco mais de 50 pessoas! Então cabe quase 2% a cada um. Parece pouco, mas se sua contribuição não for plena, o encontro será incompleto. Creio que todos estão dispostos a dar plenamente sua contribuição. Por isso estamos aqui! A todos desejo bom aproveitamento e fecunda estada”.

Gleides S. Soares

Escola Ecológica Marcelino Champagnat

Solidariedade e participação Parabenizamos a todos pelo trabalho desenvolvido e desejamos que a perseverança, o carinho, a solidariedade e a participação intensifiquem-se em cada encontro e nas ações de cada um. Agradecemos por fazer parte de uma Instituição que preza não somente o conhecimento em si, mas a interação de todos os seus colaboradores, independentemente da sua função. Parabéns a todos nós que mantemos vivos e constantes os princípios de São Marcelino Champagnat e a ternura da Boa Mãe!


LINHA DO TEMPO 106 Vivemaristas

1999 Neste ano foram realizadas as 3ª e 4ª sessões do VIVEMAR I. As expectativas dos participantes para esta boa nova do Instituto ainda era muito grande:

“Conviver com as outras pessoas de diferentes lugares, que também trabalham com os Irmãos, aprofundar meu conhecimento quanto aos ideais maristas e a vida de Champagnat, trocar experiências e fortalecer a minha fé são minhas maiores expectativas para esse encontro. Estou ansioso e quero viver tudo intensamente!”

Ney Guimarães

Ex-integrante da equipe de apoio

Vontade de Deus Ao receber o convite para registrar algumas palavras e sentimentos nesta edição comemorativa do VIVEMAR, foi inevitável o ressurgimento de lembranças vividas, como colaborador do projeto. Os maiores e melhores resultados proporcionados são imensuráveis e, até mesmo, invisíveis aos olhos de muitos. Procurei viver intensamente cada encontro. Foi muito edificante presenciar o quanto Deus falou ao coração de muita gente por meio de pequenos gestos, palavras e fatos. Não há dúvidas de que tal projeto é a vontade de Deus manifestada ao carisma Marista. Sempre que entro numa sala de aula da PUCPR, reservo momentos de contemplação diante das imagens de São Marcelino Champagnat e da Boa Mãe, pedindo proteção e auxílio. Que o VIVEMAR continue sendo para a instituição um espaço gratuito, onde Deus continue aquecendo os corações frios pela falta de fé. Parabéns pelos 10 anos do VIVEMAR. Amém!


LINHA DO TEMPO 108 Vivemaristas

2000 Esse ano tem um marco histórico para o Projeto VIVEMAR. No dia 31 de julho, o Irmão Povincial nomeou o Ir. Celedônio Cruz como Coordenador Geral do Projeto, encarregando-o de animar os Vivemaristas em suas unidades com visitas e correspondências. Ele abraçou verdadeiramente e muito amorosamente a causa do VIVEMAR. Neste mesmo ano, o CVM (Centro de Vivência Marista), foi estruturado para acolher e apoiar o Projeto VIVEMAR e ganhou nova força com a chegada da Lúcia Coelho que futuramente seria um dos pilares deste Projeto.

“É no devotamento aos Irmãos que encontramos Deus. O VIVEMAR é viver a união com Deus junto dos Irmãos. Que a gente procure nesta vivência do dia-a-dia a simplicidade que animou Champagnat. Espero que vocês se animem uns aos outros neste convívio”. Foi assim, que o Ir. Dávide deu passagem para o início do 6º VIVEMAR I.

Helena Moreno Zorman

Colégio Marista de Maringá

Marcas profundas Ninguém sai ‘ileso’ do VIVEMAR. A experiência deixa marcas profundas e põe em cheque nossos conceitos e práticas cotidianas. Não sou a mesma depois dele. Trabalhar o “outro” e o “eu” como criatura sagrada me fez mais humana. Parece contraditório, mas foi assim que me senti participando do VIVEMAR I e II. Parabéns pelo trabalho de lapidadores de vidas. Muitos anos de vida para o VIVEMAR!


LINHA DO TEMPO 106 Vivemaristas

2001 Neste ano foi realizada a primeira sessão do VIVEMAR II, em Curitiba. O trabalho, que já era grande ficou ainda maior e, com muita alegria, a Equipe foi ampliada. A nova integrante chamava-se Melina Abou-Rejaile Flor.

Cristina Correia

Dez anos de gratidão Ser Vivemarista para mim é um presente de Deus. No VIVEMAR senti e reafirmei o grande amor de Deus Pai em cada palestrante, em cada gesto, em cada olhar, na natureza... Era Deus falando para mim com muito carinho. Agradeço a cada um da equipe por ser tão iluminado e responsável por esta experiência tão marcante e muito obrigada por me permitir fazer parte dessa história.

Hospital e Maternidade Alto Maracanã

“Para mim, pessoalmente, ficou claro pela primeira vez a importância de ser uma Vivemarista atuante, não somente em meu Colégio, mas para todas as pessoas que convivem comigo. Penso que o grande objetivo do encontro é que nos tornemos melhores seres-humanos, não perfeitos, mas preparados para sermos mensageiros de esperança, de alegria, de amor a Deus e de crença em Jesus Cristo. Sermos uma chama, uma pincelada de amor e de boas novas e, se falharmos, sabermos que o reinício é a caminhada de todo Vivemarista atuante!” (7º VIVEMAR I)


LINHA DO TEMPO 154 Vivemaristas

2002 “Vivo a alegria de ser mais um Vivemarista. Salta da mera descrição o valor que de fato se constrói nesta semana de reflexão, de encontro, de sintonia. Fica uma certeza, a de que estou no caminho de novo, vislumbrando na oportunidade que Deus me deu, a importância do preparo contínuo e dividido com todos para fazer chegar nos educandos e em suas famílias e palavra Divina, o Amor Verdadeiro, o amor de nosso Mestre Jesus, da Mãe Maria. Obrigado a todos.” (9º VIVEMAR I)

Número de participantes por etapa de VIVEMAR: VIVEMAR I - Campinas:

1588

VIVEMAR II - Curitiba:

448

VIVEMAR III - Florianópolis:

76

Números calculados até dezembro de 2008


LINHA DO TEMPO 138 Vivemaristas

2003 “Participar do VIVEMAR foi sem dúvida uma experiência muito valiosa em minha vida. Creio que a construção de uma nova sociedade na qual exista menos desigualdade e mais harmonia, somente será possível quando formos capazes de ser homens e mulheres novos. Essa busca pelo homem renovado, mais solidário e livre dos velhos vícios que aprisionam, certamente leva-me a Deus. A busca pela experiência de Deus no cotidiano, a espiritualidade, tiveram um grande impulso neste 12º VIVEMAR I. Esses cinco dias funcionaram para mim como um posto de gasolina, onde pude abastecer a minha fé. Espero levar a vida com todo o combustível sempre ciente de que a verdadeira fonte é Jesus Cristo”. (12º VIVEMAR I)


LINHA DO TEMPO 170 Vivemaristas

2004 “Difícil descrever o que se sente durante o VIVEMAR. Uma mistura de sentimentos nos impulsiona a uma gratificante “faxina na alma”, um mergulho profundo no nosso interior. Foram muitos momentos fortes que me proporcionaram respostas para viver melhor, ser melhor a exemplo de Maria e Champagnat: fontes de inspiração inesgotáveis. Agradeço imensamente a todos, direta ou indiretamente responsáveis pelo VIVEMAR. Rogo a Deus para que, com entusiasmo, continuem “cuidando” e “clareando caminhos”. (17º VIVEMAR I)


LINHA DO TEMPO 147 Vivemaristas

2005 Este foi o ano em que a Melina teve a graça de receber seu primeiro bebê: a encantadora Isabela. Por esse motivo, acabou deixando o VIVEMAR, no mês de Julho. Com a saída da Melina, uma nova integrante iniciou seus trabalhos no CVM: Glaziele Amorim, que a substituiu com muito carinho.

“O caminho do autoconhecimento nos aproxima mais das pessoas e de Deus. O VIVEMAR tem essa característica de colocar-nos em contato com o ‘eu’ interior e, consequentemente, mais próximos do Pai. Vivenciar o carisma marista por meio do VIVEMAR é dar continuidade à Obra de Marcelino Champagnat. Fortalecer a pessoa por meio do VIVEMAR é fortalecer a instituição Marista.” (20º VIVEMAR I).


LINHA DO TEMPO 168 Vivemaristas

2006 Outros projetos começam a se fortalecer, juntamente com o VIVEMAR, e com isso, mais trabalho a caminho. A equipe mais uma vez foi ampliada: Karin Lacerda e Moacir Leandro Camillo, juntam-se à equipe, para somar forças e intensificar o objetivo do Centro.

“Entendi o convite para o VIVEMAR como um presente de Deus para mim. Valeu a pena esperar 7 anos para estar aqui. Agradeço a Deus por confiar esta missão a mim e acredito que a partir de hoje não estarei nos lugares aonde acho que deva estar e sim onde Deus me colocar. Nos momentos certos e onde achar mais necessário.” (25º VIVEMAR I).


LINHA DO TEMPO 182 Vivemaristas

2007 Em julho de 2007 participei do 28º Vivemar I. Recordo com carinho os bons momentos e as pessoas queridas que conheci. Em setembro de 2008 iniciei meu trabalho no CEVM, posso dizer que duas energias me trouxeram até aqui: a primeira energia é Deus, pois sempre que inicio um projeto novo ou conheço novas pessoas, eu peço a permissão de Deus para assumir o novo trabalho ou para entrar na vida dessas pessoas. A segunda energia que me trouxe aqui foi o Amor: amor a Deus, à Vida, às pessoas. É com essas duas energias que eu aceitei o desafio de proporcionar a cada momento alegria aos outros e encontrar a minha própria alegria.

Márcia Dallagrana - Equipe CEVM


LINHA DO TEMPO 199 Vivemaristas

2008 VIVEMAR 10 anos: 2008 começou com muitos motivos para ser um ano mais que especial. Pela ocasião dos 10 anos, a equipe percorreu toda a Província para celebrar, junto dos Vivemaristas, esse momento histórico para o Projeto VIVEMAR.

“Na vida muitas pessoas passam e deixam suas marcas. No VIVEMAR deixamos nossas marcas e quando partimos levamos o conhecimento adquirido; crescemos como humanos, crescemos espiritualmente. Somos agora responsáveis por jogar nossos conhecimentos ao mundo e torná-lo cada vez melhor”. (31º VIVEMAR I).

Dos participantes do VIVEMAR I:

569 Homens

1019 Mulheres


palavra de Vivemarista Silvana Luz

Em família

Foi em abril de 1998 que recebi o convite para participar do 1º VIVEMAR. Recordo a ansiedade, o nervosismo e, ao mesmo tempo, a curiosidade que me acometeu. O que me esperava e por que eu fora escolhida dentre tantos? Hoje, passados alguns anos, olho para trás e me recordo dos encontros, das dinâmicas, dos momentos de partilha e de cada grupo com uma ponta de saudade. DERC – PMBCS Curitiba-Pr Sei que faço parte de algo, de um movimento, no qual o importante são as pessoas, pois cada um está disposto a ajudar quem precisa e se sente parte de uma FAMÍLIA. Parabéns a todos que acreditaram nessa idéia que hoje completa 10 anos de caminhada, mostrando que valeu a pena lutar, abrir espaço, alargar a “tenda”. Sheilla de Almeida Azzi

Obra grandiosa

O VIVEMAR é a fonte de energia que revitaliza a Missão Educativa Marista. Porque a Missão é contínua, é conduzida por pessoas e pessoas necessitam de energia. Projeto que nos relembra os passos de Champagnat e nos mostra suas pegadas para que não nos percamos na caminhada. O VIVEMAR é um convite à reflexão, onde Colégio Marista concluímos que lutar vale a pena e que a entrega de Brasília - E.F. é necessária. Muitas vezes pensamos em desistir, elevamos desencantos, desafetos e diminuímos de tamanho, acreditando que somos pequenos. Esquecemo-nos de como somos importantes e de como a obra é grandiosa. Champagnat, quando defendeu seu ideal, sabia que sua obra seria perpétua porque surgiriam Irmãos extraordinários e Leigos apaixonados pelo seu legado e que atenderiam ao seu chamado. Eternizariam a Missão Evangelizadora. Silvana Torres

Especial para Deus

Participei do 19º VIVEMAR. Foi maravilhoso, um momento único! Sempre que somos convidados a participar de encontros pensamos: “isso é tudo igual, mas cada encontro é único, possui focos de trabalho diferentes. O VIVEMAR, em minha vida, me fez ter a certeza do quanto eu sou especial aos olhos de Deus. É um tempo para pensar, refletir e de enconColégio Marista trar-se consigo mesmo. Tempo para Deus. de Londrina Que essa obra permaneça firme, sendo fonte e alimento a todos aqueles que têm sede e fome, e que querem ser instrumentos de evangelização por onde passam. Que Maria, Jesus e Champagnat estejam presentes todos os dias nessa obra e na vida de cada um da equipe. Com carinho e com saudades.

Fernanda Pantuzzo

Anjos do carisma

VIVEMAR.. . Caminhada do cuidar de si e do outro, laços de amizade, aprendizados, trocas de experiências e presença viva do sonho de Champagnat. Quem volta de lá acredita, sim, que é possível ser e fazer a diferença. E foi assim que voltei! Tudo que lá acontece parece ser mágico, porém nada mais é que a vontade de fazer Colégio Marista crescer nossa espiritualidade e fortalecer a grande de Brasilia - E.F. família Marista. Com isso, fica difícil citar um fato ou um momento especial dessa intensa experiência, mas posso falar da presença de “anjos”, que zelam por esse encontro com profissionalismo e afeto. Talvez seja esse o fato que faz desse projeto uma fonte de água viva para nós, Leigos e Irmãos. Olhares acolhedores, mãos generosas, sorrisos sinceros e abraços calorosos.. É assim que os anjos recebem cada participante do VIVEMAR, sendo portadores do carisma de Champagnat e extensão do amor da nossa Boa Mãe Maria por nós. Rezo todos os dias para que Maria os cubra com seu manto de amor, protegendo a vida de todos.

Juliana Martines

Fechamento para balanço

O Vivemar é um sopro de otimismo, o despertar de uma proposta de vida mais humana e feliz. É uma inspiração para a concretização diária da obra e missão Marista. Ao término do Vivemar, voltamos às unidades de atuação renovados no amor de Deus, de Maria nossa boa Mãe e de São Marcelino Champagnat. Acreditando, vivendo e praticando de maneira ainda mais consistente a missão Marista, Equipe CEVM sendo verdadeiros multiplicadores dos valores e exemplos deixados pelo nosso fundador. O Vivemar é um convite, uma oportunidade: um convite, para começar a ver o mundo sob o ponto de vista sustentável, do tipo: não gastar água, usar filtro solar, separa o lixo, não estacionar em lugares exclusivos a deficientes e idosos... uma oportunidade, para amar e respeitar o próximo de maneira plena, do tipo: dizer bom dia, boa tarde, boa noite, ser gentil, dizer muito obrigada, até logo, cumprimentar com aperto de mão, um abraço... O Vivemar possibilita um “fechamento para balanço”, tempo pra refletir desde os mais simples gestos, até os mais complexos. Possibilidade essa, que permite uma mudança de concepção de vida, valores e princípios. Sem dúvida alguma, VIVEMAR é o despertar de um novo jeito de ser Marista, Cristão e Humano.


palavra de Irmão Ir. Edmundo Pina

Comunhão com Deus O VIVEMAR sempre me fez bem e os motivos da minha participação são: auto-estima elevada, encontro comigo mesmo, com o outro e com Deus. É encontro com Deus porque o próprio Cristo disse: onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, estarei no meio deles. O VIVEMAR para mim é aquele contato mais profundo com o outro, no qual posso ver melhor a imagem de Deus. Participar do VIVEMAR é comungar da vida divina. Celebrar dez anos de VIVEMAR é celebrar dez

Ir. Cláudio Girardi

Uma fonte de alegria Já fiz os VIVEMARES I, II e III. O que significaram para mim? Estou na chamada “3ª idade”. A possibilidade de “estar presente” nesses encontros é uma ocasião única de um apostolado singular junto aos Vivemaristas (homens e mulheres cuja idade varia do jovem adulto ao homem e mulher maduros). Faz tão bem ao coração ver que a obra de Champagnat conta com novas e generosas forças. É consolador também notar como a es-

Ir. João Batista

anos de vitória, de vida e de processo vital em direção a água que brota da rocha para saciar todos os sedentos de justiça e de paz, principalmente neste mundo carente de Deus e de tudo. Que bom seria se cada comunidade enviasse um Irmão para participar de um dos VIVEMARES e comungar com os Leigos esta alegria de estar juntos, tendo em vista os mesmos objetivos: conduzir, educar e evangelizar crianças e jovens para o Reino de Deus, que está no meio de nós.

piritualidade inspirada por São Marcelino cativa Leigos e Leigas, levando-os a trilhar os caminhos de Cristo em companhia da Virgem de Belém, Nazaré, Jerusalém... O VIVEMAR, para a Província Brasil Centro-Sul, é uma benção, uma injeção de ânimo e fonte de grande alegria. Oxalá mais e mais Irmãos participem do VIVEMAR para melhor poderem animar os Vivemaristas das diversas unidades.

Todos iguais Fico imensamente feliz por ter feito parte da história desses 10 anos de VIVEMAR. Confesso que não estava muito propenso a participar, afinal, passar 5 dias com um grupo de Leigos e Irmãos, refletindo sobre o carisma Marista, a espiritualidade, Champagnat, etc, não traria novidade alguma para mim, visto que sou Irmão Marista. Como eu estava enganado! Primeiro por pensar que se tratava de um curso e segundo por, de certa forma, menosprezar a eficácia do VIVEMAR. A grande surpresa que estava por vir era o aprendizado junto aos Leigos Maristas. Foi aí que

descobri a imensa riqueza que temos dentro do Instituto Marista e o grande amor que os Leigos, nossos colaboradores na missão, devotam ao Instituto, cada qual com sua maneira de expressar e de viver o carisma Marista, desde os mais novos aos mais antigos; desde os que ocupam os cargos mais humildes até aqueles que ocupam gerências e diretorias. Foi no VIVEMAR que descobri que perante Champagnat somos todos iguais, independente de classe social, de raça e de cargos profissionais. Nestes dias vislumbrei como será viver no céu: TODOS IGUAIS.


santidade entre nós A

santidade é a meta de todo cristão. Em tese, ela consiste em viver em graus elevados os dons da fé, da esperança e do amor. Isso, traduzido na prática cotidiana, implica crer em Deus acima de tudo e fazê-lo centro da vida, vivendo cada acontecimento focado no objetivo de servir ao próximo, sobretudo ao mais necessitados, amando-o concretamente. Nesse processo, Jesus Cristo é sempre o caminho da santidade, ele é a referência maior para qualquer critério de julgamento e modelo de ação. A santidade começa aqui nessa vida, na terra, e se plenifica na eternidade, no paraíso, junto de Deus. O seu fruto é a felicidade verdadeira, mesmo que isso se dê em meio a sofrimentos. Ao viver a busca da santidade, descobre-se gradativamente a síntese entre o divino e o humano. É trabalho para a vida toda, é busca permanente de sabedoria, é exercício constante de aprendizado, de humildade e de perdão. A Igreja estuda a fundo as vidas de alguns cristãos e as coloca em evidência como modelo a ser seguido. Tendo comprovado a autenticidade e o heroísmo em seus esforços no seguimento de Cristo, a Igreja os canoniza, ou seja, os coloca na lista oficial dos santos e aconselha o estudo de suas vidas como fonte de inspiração para o aperfeiçoamento dos fiéis cristãos em geral. No VIVEMAR, em todas as suas etapas, a vida e obra de São Marcelino Champagnat são apresentadas aos participantes como fontes de inspiração. Já na etapa terceira do VIVEMAR, há um momento dedicado ao estudo e à contemplação da vida de alguns

outros santos. São eles: São Francisco de Assis, Santa Teresinha do Menino Jesus, Santo Inácio de Loyola, Santa Teresa D’Ávila, Santo Agostinho e Santa Josefina Bakhita. Cada um desses santos “revelam” suas angústias e alegrias ao vivenciar o cristianismo. A face humana de cada um é fortemente acentuada, bem como a dimensão da fé e da esperança em que se pautava na vivência do serviço ilimitado ao próximo, à Igreja. Os participantes, de modo geral, têm a oportunidade de se sentir mais próximos da possibilidade da santidade. Encaram-na como uma meta possível, como um projeto de vida. No contexto geral da espiritualidade cultivada pela experiência de fé realizada no VIVEMAR, cada participante pode mesmo “ouvir” o convite suave realizado pelo próprio Deus: “Santificai-vos e sede santos, porque eu sou o Senhor, vosso Deus” (Lev 20.7). Cesar Leandro Ribeiro

Cesar Leandro Ribeiro

Jesus Cristo é sempre o caminho da santidade, ele é a referência maior para qualquer critério de julgamento e modelo de ação.


juntos somos mais Por que trabalhar relações humanas no VIVEMAR Um dos objetivos do VIVEMAR é proporcionar aos seus participantes um espaço que propicie o encontro consigo mesmo, com o outro e com Deus! Toda pessoa humana vive uma “dualidade” que é essencial à sua condição de ser humano: não poderíamos falar do nosso “eu” se não houvesse um “tu”! Meu “eu” se estrutura e se torna único, porque existe um “tu” do qual o meu “eu” se diferencia e ao mesmo tempo se espelha. Nossa realidade pessoal, por mais restrita que seja, sempre vai ter um caráter social: se projeta para outras pessoas. Mais ainda: a realidade humana nasce, se origina nos outros e, sobretudo, é criada e cuidada pelos outros. A personalidade humana só se constitui estando em convivência com outros seres humanos. Isso pode nos levar a pensar num dogma Cristão, o da Trindade, que é tão surpreendente e estranho que a muitos parece, se não irracional, ao menos alheio à razão. A Trindade nos permite compreender a realidade pessoal de Deus. Não compreendemos certamente o mistério ‘tripessoal’ do Deus único, mas entendemos que Deus tem uma vida pessoal porque há relações entre as três pessoas divinas. Vemos, pois, que no conceito de pessoa são incluídas outras pessoas e toda atitude que pretenda construir a realidade pessoal isolada e única é, no fundo, ininteligível. Todos os atributos da personalidade reclamam a presença de outras pessoas. Porém, a pressão social que vivemos hoje em vários ambientes nos leva a viver de forma “despersonalizada”. Forma esta que não apenas reduz a personalidade como a faz exercer-se de modo impessoal. Impera na sociedade atual o que se faz, o que se diz e o que se pensa e não quem se é de fato. As relações humanas, quando vividas de forma esquemática, perdem seu caráter pessoal. O trabalho, o serviço, as relações familiares, as relações afetivas, as relações de amizade podem se realizar, sem que

Se nos pusermos a observar veremos que a “felicidade humana” e o equilíbrio pessoal estão condicionados, em sua grande parte, pelas relações pessoais que vivemos. Judith Dipp

muitas vezes estejamos conscientes disso, de forma “escassamente pessoal”. O espaço oferecido pelo VIVEMAR busca justamente resgatar a essência única e original de cada ser humano, assim como o caráter pessoal e de troca verdadeira que deveria acontecer em nossas relações interpessoais.

Se nos pusermos a observar veremos que a “felicidade humana” e o equilíbrio pessoal estão condicionados, em sua grande parte, pelas relações pessoais que vivemos. O fator decisivo para o grau que podemos alcançar é a aptidão e a vocação que temos para as relações estritamente pessoais e valiosas. Entender de fato em que consiste essa vocação, rever nossas escolhas, nossas posturas, nossa abertura ao “outro” e consequentemente à Deus são aspectos fundamentais a serem trabalhados para a nossa felicidade e equilíbrio pessoal. Um dos principais fatores de personalização do ser humano é a pertinência a uma comunidade, que pode chegar a ser uma irmandade. Os Cristãos professam ser Irmãos por serem filhos do mesmo Pai, Deus. Se não há paternidade comum não há irmandade. Todo Vivemarista, funcionário de uma Instituição Marista, independente do seu grau de instrução, do seu nível social, da função ou papel que desempenha faz parte dessa irmandade, dessa família Marista. Envolvido pelo Carisma Mariano, num clima de alegria, confiança e respeito mútuo, partilha e verdade. O VIVEMAR nos convida a desatar alguns nós que formam a rede das nossas Relações Humanas para que possam de fato tornarem-se mais verdadeiras, mais pessoais, intensas, autênticas e duradouras. Quando conseguimos, enfim, reconhecer que em nossa vida existem relações dessa natureza, produz-se a exaltação de uma vida pela outra. Essas relações tornam-se únicas, não permutáveis, insubstituíveis e fontes de grande felicidade. Diante das semelhanças e diferenças reconheço o “eu” que sou e enxergo verdadeiramente o “outro” que está diante de mim. E nessa relação de troca e de respeito mútuo contemplo a criação Divina ao mesmo tempo em que me encontro com este Deus, Uno e Trino, numa relação íntima e pessoal! Judith Dipp



CONVERSA COM | Silvionê Chaves

banho de afetividade Oxalá, todas as pessoas pudessem ter, durante o mês, um momento de puro prazer e alegria que brota do ato de brincar. Silvionê Chaves

Qual foi seu primeiro contato com o Instituto Marista? Qual a sua visão sobre essa obra? O meu primeiro contato com os Irmãos Maristas foi com a Editora FTD, em 1997, na edição de um trabalho que realizamos sobre a Guerra de Canudos, intitulado “Canudos: Terra em chamas”. O editor desse livro, Lizânias Lima, deu um telefonema para Ricardo Tescarolo e solicitou que ele me atendesse numa entrevista. Na oportunidade, acabei conhecendo também Ana Tereza, Maria Cocco e o Ir. Benê. A partir daí não deixei mais de realizar trabalhos para os Colégios Maristas. Até que um dia, Ana Tereza e o Ir. Afonso me convidaram para trabalhar no primeiro VIVEMAR e nele estou até hoje. Na medida em que fui conhecendo a obra Marista fui percebendo a competência das pessoas que nela trabalham, bem como o espírito de acolhimento e

humanidade com que as pessoas me recebiam em todos os lugares. Conhecer pessoas como Ana Tereza, Tescarolo, Ir. Afonso, Ir. Geraldo, Iandara, Marize, Ir. Lauro, Ir. Paulo Ramos, Marco Antonio, Cristina, Chico, Danielle, Ir. Gilberto, Sandra, Isabel, Tânia, Célia, Ir. Celedônio, Ir. Ilário, Ir. Adriano, Lúcia, Ir. Panini, Dulce, Leandro, Glaziele, Karin, Melina, Ir. Benê, Ir. Cláudio, Mirian, Ir. Alfredo, Ir. Davide, Italiano, Ir. Wanderlei, Dércio e tantas outras, talvez seja o maior tesouro que a obra Marista me proporcionou. Quando olho para a obra Marista, duas palavras aparecem na minha mente: competência e humanidade.

tro está no resgate do prazer e da alegria que ele nos proporciona. É sempre bom ter esses momentos porque sabemos quão difícil é a tarefa de educar. Oxalá, todas as pessoas pudessem ter, durante o mês, um momento de puro prazer e alegria que brota do ato de brincar. Teatro é uma arte coletiva e, nesse sentido, ele nos ajuda a trabalhar em grupo, a colocar a nossa criatividade para alcançarmos um objetivo comum. Essa dimensão é importante dentro da educação, porque cada um dá a sua colaboração e individualidade para a construção de um projeto educacional que está muito além de nós mesmos.

Comente um pouco sobre sua experiência com o VIVEMAR. Trabalhar no VIVEMAR é para mim um privilégio. Na oração de São Francisco diz “é dando que se recebe”. É verdade que vou ao VIVEMAR para realizar o meu trabalho, mas meu Deus, quanta coisa boa eu recebo em troca. Em primeiro lugar, o carinho e o afeto da equipe que é como se eu recebesse um banho de afetividade. Como isso renova e alimenta o meu espírito! E depois, o carinho dos Vivemaristas. Como é gostoso receber o abraço de muitos deles quando termino o Sermão do Pe. Vieira! Na verdade, eu retorno para minha casa mais “gente humana”. O VIVEMAR já faz parte da minha vida, é uma fonte de água viva da qual beberei até quando Deus assim o permitir.

De que forma você acha que cada Vivemarista pode dar continuidade à experiência vivida no VIVEMAR em seu dia-a-dia? Participar dessa experiência faz com que cada Vivemarista leve para casa uma nova maneira de olhar para o mundo. Dizia Heráclito: “Nenhum homem pisa um rio duas vezes. Ou ele é outro ou as águas são outras”. Ninguém voltará para o seu cotidiano da mesma maneira. O cotidiano pode ser o mesmo, mas a maneira de se relacionar com ele certamente será diferente. Você pode voltar capaz de ouvir um amigo; de dar mais carinho ao seu filho ou à sua esposa; de ter maior sensibilidade com as pessoas que sofrem; de ter uma capacidade maior de indignar-se diante de uma injustiça; de juntar sua voz a outras vozes que clamam por uma sociedade com menos desigualdade econômica; enfim, cada um vai recebendo a luz necessária para andar pelos caminhos da vida, sabendo que não está só, mas que o Autor da vida caminha com todos nós.

Como a técnica do teatro contribui na formação dos Leigos colaboradores? Teatro é prazer, jogo, alegria, entrega, trabalho de grupo. A importância do tea-


cenário de encontro A

vida oferece oásis – lugares e momentos em que VIVER e AMAR compõem, com arte e harmonia, a mesma paisagem, cenário do encontro consigo, com o outro, com a natureza e com Deus. O VIVEMAR é um oásis – realidade terrestre, onde se vive, se ama e se ensaia a plenitude celeste. A Vivência Marista possibilita assim aos educadores Maristas – funcionários, professores e Irmãos – a alegria da diversidade – em que todos se acolhem e partilham – e o despertar da vocação do ser humano: amar e fazer o bem como Jesus Cristo viveu e ensinou. Tempo e espaço de graça, o VIVEMAR é comunhão comigo. Entro em minha paisagem interior em busca de mim mesmo, descubro-me imerso em um ambiente aberto, real, em companhia de pessoas e de outros seres. Entrando em minha essência, conhecendo-me em minhas maravilhas e em minhas fraquezas, descubro que lá habita Deus. E compreendo então, que não chego a Deus sem estar em comunhão comigo. Entendo que, como diz Teilhard de Chardin: “Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, mas seres espirituais vivendo uma experiência humana”. Tempo e espaço de graça, o VIVEMAR é comunhão com o outro. A felicidade está também na capacidade de socializar meus sonhos e de alimentar esperança coletiva. Sonho e esperança se conectam: um não existe sem o outro. No processo de fazer o sonho acontecer, junto com o outro, vou descobrindo a felicidade nos detalhes do itinerário e nas maravilhas da convivência. E descubro, então, que não chego a Deus sem estar em comunhão com o outro. Tempo e espaço de graça, o VIVEMAR é comunhão com a natureza. Sou natureza, criatura amada de Deus. Sedento de beleza, em vez de desejar migrar para outro Planeta para me realizar plenamente, aprendo que é aqui, na Terra, na criação divina, o lugar real onde sou

chamado a construir o Reino de Deus. E entendo, então, que não chego a Deus sem estar em comunhão com o planeta Terra. Tempo e espaço de graça, o VIVEMAR é comunhão com o mistério. Afastei-me em excesso de Deus e da sua criação. Perdi a capacidade do encanto. Experimento solidão e infelicidade. Sinto, por isso, imensa saudade de Deus. Preciso agora, como filho pródigo, voltar para casa, lugar do aconchego que me devolve a beleza original. Com Einstein aprendo que “a mais bela e profunda experiência é a sensação do mistério. Ela é semeadora de toda verdadeira ciência. O ser humano para quem essa emoção é estranha, que não mais pode se maravilhar e se sentir arrebatado de admiração, está praticamente morto”. O crescimento integral do Vivemarista – a comunhão com os quatro elementos, que não são lineares, mas simultâneos – ampara-se na filosofia e na espiritualidade herdadas de São Marcelino Champagnat. A filosofia me lembra que sou chamado a viver e a educar com amor, e a espiritualidade me recorda – traz ao coração – que a Boa Mãe é o caminho mais fácil e eficiente para chegar a Deus, porque ela, com sua ternura e bondade, me revela a verdadeira natureza de Deus: infinitamente amor. Nesses dez anos o VIVEMAR realizou, com êxito, o compromisso do cristão: abrir a mente e o coração para tornar real o Reino de Deus, evangelizando, amando e fazendo o bem. O VIVEMAR acendeu nos educadores Vivemaristas a paixão pela vida cristã e pela educação com amor. O VIVEMAR ainda se reduz a um oásis no mundo Marista, mas pode ser visto como um novo jeito de concretizar o sonho de São Marcelino Champagnat e de adequar a obra de Maria – o Instituto Marista – às necessidades dos nossos tempos. Ir. Lauro Daros

O VIVEMAR é um oásis – realidade terrestre, onde se vive, se ama e se ensaia a plenitude celeste. Ir. Lauro Daros


homens e mulheres de coração forte P

Adalgiza A. de Oliveira Gonçalves

...vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração. (Ex 35, 22.)

ara falar do VIVEMAR, neste seu aniversário de dez anos, escolho uma metáfora: o coração. Faço isso porque o coração é símbolo de vida. Os processos de transformação, de conversão, de mudança são também expressos por essa simbologia. Quantas vezes ouvimos dizer que ‘tal pessoa tem o coração bom’ ou tem o coração ‘ruim’, ‘duro’, ‘de pedra’ para expressar o seu caráter ou o jeito de ser. O coração é, igualmente, ‘lugar’ de compreensão, de entendimento, de discernimento, de decisões. Por isso, Mateus diz em seu evangelho: “...ouçam com seus ouvidos e compreendam com seu coração...”1, porque onde estiver o seu tesouro, aí estará seu coração”2. Na Bíblia, encontramos 808 versículos3 em que aparece a palavra coração. Penso que isso legitima minha opção, não é mesmo? O VIVEMAR é um desses momentos em que somos convidados a abrir, sem reservas, o nosso coração. A abertura do coração é um gesto voluntário. Ninguém pode nos obrigar ou abri-lo por nós. A chave do coração está do lado de dentro e só o dono tem acesso a ela. Mesmo assim a experiência tem mostrado que é impossível recusar um convite tão sedutor: conviver com e como Irmãos na partilha, na oração, na escuta, na simplicidade e na entrega do dia-a-dia. Assim é o VIVEMAR. A experiência do Vivemarista é como a experiência dos discípulos de Emaús4, isto é, ir percebendo a presença de Jesus que vai tomando forma na partilha do pão: “não ardia o nosso coração enquanto ele falava?” A cada reflexão, palestra, dinâmica, é oferecida a oportunidade do reconhecimento de Jesus. Além disso, o VIVEMAR favorece a re-

visão de vida cristã. A questão que, como eixo, conduz as reflexões é: como tenho vivido e como poderei viver meu compromisso cristão nas minhas comunidades? É uma dádiva poder participar desse projeto e ter a oportunidade de voltarse para dentro de si mesmo e encontrar forças, resposta, luzes para um renovado encontro com Deus. Esse momento tão íntimo e pessoal provoca mudanças sinceras na peculiaridade do dia-a-dia. Às vezes são pequenas transformações, mas que fazem muita diferença para quem as vive. Caminhando juntos O encontro com Deus nas etapas didaticamente organizadas do VIVEMAR culmina no retorno à comunidade Igreja. Foi assim com os discípulos em Emaús. Quando eles perceberam que era Jesus que estava com eles, saíram correndo de volta a Jerusalém, sua comunidade de origem, de onde não deviam ter saído, para anunciar que Jesus estava vivo e que eles o viram e o reconheceram ao partir o pão. Ser enviado de volta à ‘comunidade de origem’, depois de um distanciamento para o encontro consigo e com outro, é uma graça. Graça no sentido duplo de gratuidade: convite e resposta. Se por um lado temos o Instituto Marista que nos disponibiliza a formação espiritual, do mesmo lado temos Deus que se utiliza desses momentos para nos convidar à amizade e à comunhão com Ele. Leiamos o que nos diz a Constituição do Concílio Vat. II sobre a revelação divina: “Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade [...] na riqueza do seu amor fala aos ho-


mens como amigos e convive com eles, para os convidar e admitir à comunhão com Ele.”5 Deus faz uso da cotidianidade para cumprir os seus propósitos, para nos convidar à comunhão. No VIVEMAR, a amizade oferecida por Deus torna-se realidade no convívio alegre e fraterno com o outro e, nesse encontro, vamos alargando a nossa tenda6 e abrindo o coração para a dimensão da escuta. O verbo ouvir, na Bíblia, significa realizar, responder, obedecer. O verbo obedecer, no Antigo Testamento, é expresso pelos verbos escutar e responder.7 Então, quando lemos na Bíblia: “Ouve, Israel...”8 quer dizer obedeça e faça. A ação de ouvir está intimamente ligada à ação de realizar. Na Bíblia, não há separação entre a palavra e a ação, pois ambas se relacionam intimamente. A ação de ouvir não é um ato intelectual, mas já é assentimento para a prática. Todas as respostas que o povo dá são, pois, comprometimento para a ação. Por isso, muitas vezes a separação entre palavras e ações é imensamente criticada: “este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe mim”.9 Fé revigorada O VIVEMAR favorece a reconciliação entre discurso e prática, porque saímos dali com a chama da fé e da esperança revigorada. Mesmo que às vezes percebamos algumas quedas no caminho, sempre encontramos mãos amigas que

nos ajudam a levantar e a recordar o compromisso. Um dos grandes feitos do VIVEMAR na formação cristã é nos fazer recordar aquilo que já nos foi dado desde o princípio, isto é, toda sorte de bênção e graça para sermos santos e imaculados diante de Deus, como afirma São Paulo: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais em Cristo [...] em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, que ele derramou profusamente sobre nós com toda sabedoria e prudência [...] para sermos santos e irrepreensíveis”.10 Devemos recordar que Deus nos quer livres. O crescimento espiritual é uma conquista diária. Nada nos é imposto, nem mesmo a salvação, isso porque “o Deus livre para chamar quer encontrar homens e mulheres livres para responder”11. É desse princípio que advém a dimensão da resposta como elemento de generosidade e disponibilidade ao convite de Deus. É nessa dimensão que o colaborador Marista ganha duplamente, primeiro por poder participar de um projeto como o

VIVEMAR, recebendo formação cristã de qualidade, e depois pela possibilidade de dispor de algumas horas para repensar/ rever/reconciliar sua vida à luz de uma resposta livre (escuta e ação) ao compromisso batismal. Para finalizar, voltemos um pouco ao título: homens e mulheres de coração forte. Essa é a lição que Champagnat e seus co-Irmãos nos dão ainda hoje: aprender com a vida, renovar e abrir o coração cada vez mais ao serviço daqueles que estão ao nosso lado. Confiantes de que Deus é fiel às suas promessas: “Dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne”.12 Que o coração do VIVEMAR continue a pulsar por muitos anos, acolhendo os corações dispostos ao serviço, ao diálogo, à comunhão e ao anúncio explícito e vivencial de Jesus e de sua mensagem, auxiliados, sempre, pela Boa Mãe, Maria. Adalgisa A. de Oliveira Gonçalves

Homens e mulheres de coração forte - no dia 6 de junho, na missa de comemoração da festa de São Marcelinho Champagnat, Ir. Dario Bortolini disse algumas palavras muito significativas, mas uma de suas frases me fez refletir muito: “nesta mesa sentaram-se homens de coração forte”. Ele disse isso apontando a fotografia ampliada da mesa de jantar construída por Champagnat e usada por ele e pelos primeiros Irmãos. Esta mesa está ainda hoje em L’Hermitage, La Valla - França. 1Mt 13.15. 2 Mt 6.21. 3 http://www.chamada.com.br/biblia/index.php?pesq=cora%E7%E3o&ver=ACRF&scp =All&pg=9&rec=808&rpp=50&modo=0. Acesso em 10 jun/2008. 4 Lc 24.13-32. 5 CONCILIO VATICANO II (1962-1965). DEI VERBUM – Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina, n. 02. 6 Tenda 7 VANDENBORN, A. (org). Obediência. Dicionário Enciclopédico da Bíblia. Petrópolis: Vozes, 1971. 8 “Ouve, Israel, o senhor é nosso Deus é o único senhor” (Dt 6.4) Esta passagem é conhecida como Shemá, que quer dizer obediência, escuta e resposta. 9 Mc 7.6. 10 Cfr. Ef 1.1-10. 11 Documento do Celam sobre a Catequese na América Latina, 1986, n. 27. 12 Ez 36.26.


Aconteceu no 20 VIVEMAR III, em 2007

Mexeram no meu queijo... No dia 20 de setembro de 2007, uma quinta-feira, era o 30 dia do 20 VIVEMAR III em Florianópolis – SC. Esse dia, segundo um costume santo ou menos santo estabelecido e programado pela nossa querida, ilustre, bastante santa, muito competente e altamente eficiente Srta. Lúcia Lima PC, seria sempre destinado à uma piedosa e compenetrada Peregrinação ao Santuário da grande Santa Madre Paulina, situado em Nova Trento ou mais exatamente em Vigolo (a poucos quilômetros de Nova Trento), ambas localizadas entre vales e montanhas no maravilhoso, porém pequenino, Estado de Santa. Catarina. Chegamos todos em Vigolo mais ou menos às 10h15. Como a maioria dos Vivemaristas nunca havia estado naquele local, ao descer do ônibus todos procuraram reconhecer os arredores e uma das primeiras visitas feitas pela maioria foi ao “Sr. Miguel” que, muito gentil, a todos recebeu com muita cortesia e bastante discrição. Depois dessa visita, protocolar e bastante necessária para muitos, e como a hora da Missa no Santuário estava prestes a se iniciar, todos se dirigiram para lá, a maior parte subindo pela grandiosa passarela que dá acesso ao majestoso Santuário. A passarela simbolicamente parecia com a escada que o Santo Jacó viu no deserto e que ligava o céu à terra por onde subiam e desciam os Santos Anjos de Deus. Porém os lindos Vivemaristas que subiam a imponente rampa que levava ao Santuário da Santa, pouco se pareciam com os Anjos que Jacó viu, eram apenas criaturas humanas, muito compenetradas e em profunda compunção. Assistiram e participaram piedosamente da Santa Missa e todos saíram do Santuário bastante santificados, porém, nem todos!... Depois da Missa, todos foram almoçar

num restaurante nas vizinhanças do Santuário Primitivo e era patente o contentamento e a alegria em todos. Mas o diabo, o satanás, que impera nos infernos, não podia suportar vendo as pessoas felizes. Rondou impiedosamente e sem esmorecer a alguns dos que não deixaram a Santa abrir-lhes os corações e começaram arquitetar no seu interior maldades contra alguns. E imaginem contra quem arquitetaram as suas maldades??... E o satanás o chefe dos demônios, não desgrudava daqueles endurecidos que não queriam ouvir as vozes suplicantes da Santa Madre que, a todo custo, tentava libertálos daquela danosa cilada, mas tudo em vão!... Depois do almoço todos tiveram bastante tempo livre. Alguns visitavam outros lugares piedosos, outros compravam lembranças da Madre Paulina, outros ainda faziam orações, comentavam os acontecimentos da manhã e daquela parte da tarde, outros contemplavam e admiravam a grandiosidade e a beleza do majestoso Santuário. Porém, o tal grupinho nem bola dava a essas coisinhas, apenas zanzavam por toda parte, estudavam e analisavam as possíveis vítimas da sua maldade. Mas o poder da Santa era mais poderoso do que o do “chifrudo”. Até a hora da partida o nosso “maligno” nada havia conseguido através dos seus sequazes. Chegou a hora de partir, todos entraram

no ônibus e foi combinado que ele pararia na “Cantina Girola” para comprar vinho, quem desejasse, pois lá em Vígolo não é só lugar de santidade e piedade, mas também abundam bons e até ótimos vinhos. Não sei se muito abençoados pela Santa Madre, embora muitos daqueles cantineiros afirmam categoricamente que a Santa tem grande “parte” naquele negócio!... O nosso amigo Leandro e eu saímos de carro antes do ônibus e paramos na “Cantina Girola” conforme foi acertado minutos antes. Chegamos lá e o Leandro, falador como é, engambelou logo as vendedoras da Cantina, dizendo que nós éramos parte de um grupo bem grande e que estava chegando de ônibus e insinuava que todos os passageiros eram pessoas especiais, bacanas, cultas e sobretudo cheias de dinheiro, pois vinham de São Paulo, de Curitiba, de Santos, de Florianópolis, de Ribeirão Preto, e até de Brasília, a Capital Federal. As meninas, muito simpáticas, atenciosas e dengosas, ficaram entusiasmadas e ao comprarmos alguns vinhos nos deram bom desconto e ainda nos deram umas cinco garrafas de graça. Feitas as compras, ficamos andando pela cantina, que não é nada pequena, aguardando a chegada do ônibus que estava demorando demais. E andando de lá pra cá, e de cá pra lá, encontrei em certo lugar, dentro de uma coisa que se parecia com um armário ou uma prateleira, um queijo enorme e de aspecto simplesmente tentador, absolutamente impossível resistir à compra. Não sei se era a inspiração do danoso ou era o meu grande e ardente desejo de poder servir e alegrar aos meus bons e queridos Irmãos da Residência Provincial. O queijo era enorme parecendo um grande tijolão, muito pesado, de aspecto e perfume nada desprezíveis. E comprei o queijo que, aliás, era o único com aquela qualidade e tamanho, paguei caro, mas como era para os meus bons co-Irmãos, sobretudo para alguns que adoram e nunca rejeitam os bons queijos,


não tive dúvidas nem remorsos. Que Deus me perdoe!... Feitos os pagamentos guardamos os vinhos e o queijo no porta-malas no bagageiro da Parati e o Leandro ainda disse para as meninas que iríamos procurar o ônibus que ainda não tinha chegado. Gentilmente agradecemos as atenções e cortesmente nos despedimos das gentis garotas e novamente partimos em direção à Vígolo. Achamos o ônibus estacionado na Cantina do Vô Luiz. Fomos saber o que havia acontecido e nos informaram que o Ir. Lino, (aquele de Cascavel, com aquela cara de ‘humilde e palpável santidade’, aquele mesmo Ir. Lino, que é especialista em bolos e sobretudo em tortas de maça, de pêssego, de figo, de goiaba, de banana e tudo o que é fruta tropical). Pois acreditem, esse mesmo Irmão Lino, muito badalado pelas muitas beldades do Colégio Marista e da Obra Social de Cascavel, convenceu a todos do ônibus a parar na Cantina do Vô Luiz sob pretexto que o vinho daí era o melhor da região e que era o único muito abençoado pela Santa Madre Paulina. E não é que todos acreditaram. Pelo jeito a crença nessa história não foi muito forte, pois não foram muitos os que compraram bastante vinho. Essa história do Ir. Lino que o vinho do Sr. Vô Luiz era o melhor deve ter outra conotação. Certamente o Irmão Lino deve ter algum negócio por baixo do pano com esse tal Vô Luiz. Todavia, tudo bem até aí. Cada um tem os seus gostos, os seus negócios e as suas preferências. Não podemos levantar restrições nem despejar críticas. Mas, enquanto eu e o Leandro descemos do nosso carro e entramos na tal Cantina para esclarecer o caso, aquele famoso grupinho guiado e controlado pelo “demo”, que a nossa Santa não conseguiu derrotar, resolveu agir. Não sei de que maneira, talvez pela esperteza e força do “demo”, o Sr. Samarco e seu grupinho conseguiram abrir o porta malas da Parati e silenciosa e rapidamente sequestraram o meu precioso queijo e o levaram, com a conivência de muitos, para dentro do ônibus. Tudo acertado na Cantina, tanto o ônibus como a nossa Parati, partimos todos de volta para o Recanto Champagnat, em Florianópolis. Durante a viagem de volta, sem saber de nada, mais de uma vez pensei no meu

queijo no bagageiro e sonhei com a alegria e o prazer que iria proporcionar aos meus bons Irmãos da Residência Provincial quando voltasse a Curitiba. Chegamos no Recanto Champagnat praticamente às 19 horas e como era hora do jantar fomos todos para o refeitório para não atrasar a saída das funcionárias que nos serviam. Nem liguei mais para o meu queijo. Pensei: depois do jantar irei tirá-lo do carro. E comecei a jantar tranquilamente. Eis que, quase logo no início do jantar, o Sr. Samarco acompanhado pela sua piedosa “Ganguinha”, todos com carinha de santinhos, entram no refeitório carregando o meu queijo numa grande toalha branca e vão se aproximando da minha mesa, porém parando à boa distancia e com a maior cara de pau. Não, não era cara de pau, era cara de tronco mesmo, tronco inteiro... e começam: - “Celelê: nós sabemos que você é um homem boníssimo, amigo de todos, muito simpático e querido, importante, necessário e amado por todos, etc. etc. etc. A nossa turma resolveu comprar esse queijo maravilhoso e lhe dar de presente como expressão do nosso carinho, admiração e amor por você... e não sabia se aproximava da minha mesa e me entregava o queijo, e com um sorriso, não digo amarelo, mas de todas as cores, e bem à distancia olhava para mim, entre sério e tremebundo, perscrutando a minha reação... Lentamente me levantei da cadeira e ficando de pé, fitei iracundo o grupinho todo na minha frente e disse com voz irada e firme: “Seus filhos de... de... de... de... Deus!!... Saíam já da minha frente antes que a minha ira estoure de vez!... Aí o Samarco largou com estrondo o queijo numa mesa próxima e se mandou para fora do refeitório com o seu grupinho. Não cito os nomes do grupinho todo porque infelizmente o papel em que tinha anotado os seus nomes, não sei se por intermédio do maldoso ou por compaixão da Santa de Vígolo, acabou sumindo e não o encontrei mais. Peguei o meu queijo, o coloquei na minha mesa e continuei o meu jantar. E jantando olhei pela janela e vi o “demo” lá na mata, esfregando as mãos, gargalhando e aos pulos gritava: “Ao menos venci esta parada, derrotei a tal Santa, sou forte, sou poderoso”!... Aos poucos es-

ses gritos tenebrosos e essa voz macabra foram sumindo, tudo desaparecendo na escuridão e solidão da distante e densa floresta!... Como eu tinha feito a peregrinação com muita compunção e fervor, rezei muito para a Santa, pedi a ela um mundo de coisas e como todas as manhãs e todas as noites rezo pra ela, ela bondosamente zelou por mim, me deu muita força e me ajudou e não permitiu que a minha ira e o meu furor explodissem em cima do Samarco e sua turminha e eu os humilhasse. Assim, com os auxílios dessa Santa poderosa, consegui dominar a minha ira e vencer o meu furor e com muito carinho, extrema compreensão e grande amor, perdoei generosamente ao Samarco e sua turminha, a grande maldade que o sr. “demo” lhes havia inspirado. Também, como castigo, nem eles nem ninguém teve o gostinho e o prazer de experimentar a “doçura” do meu fabuloso queijo. Ficou tudo para os meus bons e queridos Irmãos da Residência Provincial de Curitiba. E ninguém pode imaginar o quanto esses bons Irmãos gostaram do meu queijo!... Quanto ao Sr. Samarco não adiantava eu ter raiva dele. Já o conheço há muitos anos, desde o tempo em que ele foi aluno do Colégio Arquidiocesano e eu era o seu Diretor. Oh! Como ele aprontava e como namorava e sempre às escondidas!... Ele sempre foi assim. Creio que já desde aquele tempo, ele era dominado ou ao menos inspirado pelo <<maldoso>>. Mas que coisa!? Já no fim do VIVEMAR III e ele não mudou nada?!. Será que precisamos levá-lo até o VIVEMAR 20 para ele mudar???... Ou será melhor, primeiro, acabar com o domínio do tenebroso sobre ele??? Mas, meus bons e queridos Vivemaristas e a lindas e simpáticas Vivemaristas da nossa Província, apesar disso tudo e com isso tudo e por isso tudo o Sr. Samarco é um bom rapaz, bom pai de família, bom companheiro. Sua linda e querida mulher, também ex-aluna Marista, Rosangela, sempre diz que ele é um bom, dedicado e carinhoso marido!... E eu acredito nela!... O resto, vocês do 2° VIVEMAR III façam do Samarco o juízo que quiserem, porém, sejam indulgentes e compreensivos com ele, como é o nosso bom Pai do Céu. Ir. Celedônio Cruz


O VIVEMAR E A PEDAGOGIA DE JESUS E

Fabiano Incerti

Movidos pela graça do Espírito Santo e atraídos pelo Pai cremos e confessamos acerca de Jesus: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. (CIC 424)

m 2005, fui convidado pela equipe do CEVM para colaborar com o VIVEMAR II, trabalhando o tema Jesus Cristo. Num primeiro momento pensei que não era a pessoa indicada, pois, apesar de estar na pastoral da Província, há muitas pessoas mais capacitadas e conhecedoras do assunto. Entretanto, depois de algum tempo de reflexão resolvi aceitar o desafio. Duas preocupações foram imediatas. Primeiramente, a de que falar de Jesus Cristo é tratar do tema central de nossa fé e sobre o qual há um vasto arcabouço teológico, muitas teorias científicas e, lógico, as experiências religiosas pessoais e comunitárias. E a segunda, a necessidade de preparar metodologicamente um momento especial e profundo e ao mesmo tempo simples, para um grupo muito seleto. Tudo isso seria uma grande responsabilidade, imaginei... Contudo, há algo sobre a essência do VIVEMAR que me serviu como critério para preparar esse momento: a idéia da vivência. Mais do que grandes teorias sobre o cristianismo ou espiritualidade marista, o VIVEMAR se propõe a ser um espaço para o conhecimento de si mesmo, para o encontro com Deus, a experiência do carisma marista e a partilha com o outro. Tive a certeza, a partir disso, que deveria seguir essa metodologia. Em síntese, descobri que meu papel seria de mediador, proporcionando aos participantes, antes de qualquer coisa, conhecer e experienciar um pouco mais Jesus em suas vidas. Nesse sentido, resolvi focar a manhã de trabalho na pedagogia de Jesus. O que Jesus pode nos ensinar com a manjedoura? O que sua vida

familiar significa em nossas experiências atuais de família? Sabemos transformar água em vinho em nossa cotidianidade? Queremos fazer da vida uma festa? Temos coragem de assumir as consequências de nossas convicções até a morte se necessário? O quanto estamos dispostos a nos doar pelo outro? Ao propor tais perguntas no desenvolvimento do trabalho, penso sobre as possibilidades que temos de perceber a presença de Jesus em nossa vida e a forma que nos relacionamos com ele. A idéia é que cada participante consiga, aos poucos, se identificar e conhecer melhor os “lugares” de Jesus. Começando em Belém e chegando a Jerusalém, passando por Nazaré, Caná e Cafarnaum, as alegrias e tristezas, sonhos e angústias e principalmente o amor do HomemDeus pelo Reino e pelas pessoas, tornam-se referencias de vida e local de aconchego e libertação. Mais que simples espaços geográficos, são lugares inspiradores aonde aprendemos atitudes e convicções. O amor de Champagnat a Jesus Cristo, manifestado pelos três lugares teológicos do presépio, a cruz e o altar também estão presentes em nossa reflexão. Eles servem de caminho para entender-se cristão, a partir da espiritualidade de Marcelino. Ele sempre recomendou que jamais se perdesse de vista esses três lugares de encontro com o Senhor, uma vez que os entendia como ápices do amor e solidariedade de Deus com cada um de nós.

Fabiano Incerti


Espiritulidade: Pára-raios, antenas e terraços O

utro dia estava no último andar de um prédio, na cidade de São Paulo. Conversava com um grupo de educadores e profissionais sobre “Espiritualidade”. Ao ver aquela paisagem urbana me vieram ao coração algumas imagens urbanas para falar do tema. Três componentes me chamaram a atenção, no alto de tantos prédios enfileirados: os pára-raios, as antenas e os terraços. Para muita gente, a espiritualidade moderna funciona como um pára-raios. O ser humano, atribulado por tantos problemas pessoais, como relações afetivas, dificuldades para educar os filhos, crise financeira, doenças psico-somáticas, estresse e perda crescente de sentido para viver, recorre ao sagrado em busca de alívio. As experiências religiosas emotivas fortes caracterizam grande parte da mística contemporânea. Visam diminuir as tensões e reconectar a pessoa com algo, mesmo que seja indefinido. Assim, a religiosidade tem uma função terapêutica. Na verdade, pode curar ou simplesmente atenuar a dor e o sofrimento. A “espiritualidade pára-raios” é ambígua. De um lado, ela abarca uma dimensão real da experiência espiritual, quando as pessoas provam a misericórdia e a bondade de Deus, aliviam suas dores e recuperam a alegria de viver. Muitas delas conseguem superar graves estados de desespero e degradação, quando se conectam com Deus e descobrem que a vida não está perdida. De outro lado, a relação com o sagrado pode se tornar funcional. As pessoas buscam a Jesus somente nos momentos de tempestade. Além disso, a relação entre céu-terra parece vir somente de cima. Anula-se o valor das realidades humanas, pois elas estão submetidas ao critério dos “raios celestes”. A experiência religiosa intensa pode ofuscar outras dimensões da realidade humana e dar mar-

gem à intolerância e às novas formas de opressão. Prefiro imaginar a espiritualidade como antena. Do alto da cidade, há enormes antenas que transmitem sinais de TV, celular, rádio e internet. O homem e a mulher que fazem uma experiência espiritual encarnada são semelhantes às antenas e seus componentes complementares. Recebem, interpretam e disseminam sinais. À luz da energia divina, decodificam os traços de luz e sombras da realidade humana. Estão antenados nas grandes questões sociais, culturais e ambientais da atualidade. Procuram perceber o que Deus lhes diz ali. A presença divina se manifesta para eles como apelo, denúncia, indignação e anúncio esperançoso. Cultivam uma espiritualidade que se alimenta da vida e da Bíblia. No cotidiano, não há respostas prontas, nem raios que vêm do céu de forma estrondosa. O pára-raio é importante, para evitar que as antenas se queimem. Mas o núcleo da experiência religiosa não reside no seu caráter milagroso. E sim, em ser sinal de vida e esperança. Por fim, vejo na grande cidade alguns terraços no último andar. Ali as pessoas se encontram, comem, bebem e festejam. Imagino que a espiritualidade é também o espaço do encontro de pessoas, que se fortalecem na fé. Jesus gostava de fazer festa. Acolhia as crianças e chamava para participar da mesa várias categorias de gente excluída no seu tempo: as mulheres, os pobres, os pecadores, os doentes. Assim, a partir de Jesus, o encontro com Deus promove o encontro com os seres humanos. E nesta mesa da irmandade também participam todas as criaturas. É a festa da sustentabilidade. Aqui ressoa a palavra do nosso mestre e Senhor: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10.10). Ir. Afonso Murad

Imagino que a espiritualidade é também o espaço do encontro de pessoas, que se fortalecem na fé. Ir. Afonso Murad


CONVERSA COM | Mirian Gross

marista de coração Qual o verdadeiro valor que a proposta do VIVEMAR oferece? O VIVEMAR é um projeto que traz uma proposta de resposta pessoal. Permite a participação de todos os níveis de colaboradores, dando a oportunidade da redescoberta de sua essência principal, que é “ser imagem e semelhança de Deus”. O projeto faz também refletir, como decisão pessoal, as formas que são escolhidas para usar sua vontade, inteligência, espiritualidade, sensibilidade, missão, vocação, sua auto-aceitação e, principalmente, a oportunidade de fazer uma revisão das relações pessoais e da qualidade das suas atitudes no ambiente familiar, na Instituição e consigo mesmo. É nesse espaço provocativo que o projeto cria, na convivência com Deus, na convivência consigo mesmo e com o outro. A constatação de que, apesar de nossas diferenças, não somos desiguais. Como é acompanhar os grupos que passam por esta experiência? É constatar a evolução pessoal de cada participante no I, II e III. É um projeto no qual acredito pela sua proposta humanizadora, sem a preocupação de transformar ninguém. Estar com os grupos é vivenciar o quanto o ser humano está carente de afeto, de cuidado amoroso com ele mesmo, de oração, de rir, de brincar, de se relacionar com o outro e consigo mesmo, renovando a proposta de tornar Jesus Cristo conhecido e amado. Por isso, a importância desse projeto que, além de evangelização e encontro pessoal, permite o cuidado amoroso com você e com o outro, fazendo com que

sonhos, desejos, conflitos, necessidades, possibilidades e limites sejam apenas um exercício de superação. Como foi sua história dentro do Instituto Marista? Sempre estive atenta ao chamado de Deus. Nesses anos em que vivi e convivi, fazendo parte da missão Marista como Colaboradora, exerci diversas funções, desde educadora, assessora de Pastoral, Presidente da APM (Associação de Pais e Mestres) e assessora da Direção Geral do Ensino Médio durante vários anos, e fiz parte também da Coordenação Geral das bandas. A teologia e a formação pedagógica e psicanalítica me permitiram, cada vez mais, buscar o entendimento do plano de Deus para cada um de nós e ajudar as pessoas nas suas dimensões psicológicas na busca do equilíbrio emocional e espiritual. Minha família foi “carimbada” pelo carisma Marista. A espiritualidade legada por Champagnat, que é Marial, brotou em nós e nos fez seguidores. Todos os meus três filhos estudaram na Instituição Marista e se formaram acreditando na importância de fazer Jesus Cristo conhecido e amado, nas suas vidas e na do outro. Fizeram de Maria, além da Boa Mãe, sua guardiã, modelo e presença constante. Até porque no batismo foram consagrados à Maria. Meu marido foi aluno Marista do Santa Maria, em Curitiba, onde concluiu seus estudos, que o levaram à Universidade Federal do Paraná como 1º colocado no curso de Medicina. Também tornou-se comprometido em ser um “bom cristão e virtuoso cidadão”. No seu dia-a-dia cumpria sua vocação e missão

no exercício da Medicina, especialmente com os mais necessitados. Qual o significado do título de Afiliada Marista? Quando recebi o título de Afiliada Marista, em 1º de Abril de 1987 (apesar do dia da mentira, foi verdade!!!), eu já havia me afiliado, escolhido e reconhecido o Instituto Marista como o espaço no qual também viveria o evangelho, a gratuidade, o espírito de família, o entusiasmo, a esperança, a espiritualidade e a opção pelos pobres. O exemplo de Champagnat como educador, seu amor por Maria e à Igreja, me encorajavam a alimentar cada vez mais a fidelidade ao Marista e à minha proposta de vida, aplicando no meu diaa-dia, com os alunos, família, colaboradores e Igreja o carisma de Champagnat do jeito de Maria. Para mim, o “ser” afiliada não antecedeu o “ser” Mirian, pois este veio reafirmar o compromisso com o meu batismo, a fidelidade, a vocação e o chamado em comunhão com o Instituto, com os Irmãos e comigo mesma. Agradeço ao Irmão Davide Pedri, que era Provincial na época, ao Irmão Estevão Muller, diretor geral, e aos Irmãos que me permitiram ser presença filiada na Congregação Marista. Qual a sua mensagem para tantos colaboradores e admiradores da obra de São Marcelino Champagnat? Minha mensagem é que estejamos sempre em busca da conversão diária para o encontro conosco mesmo, com o outro e com Deus, valorizando o perdão, renovando a fé e partilhando a ética e a justiça.


Roma, 15 de junio de 2008 s “Vivemaristas”:

Estimados amigos y amiga

que el Señor ha derramado cias por los grandes dones gra de vinión acc en s ede hermanos de vuestra pro Me uno a ust EMAR, en tantos laicos y VIV de vés tra a os, añ 10 durante estos cia de Brasil Centro-Sul. distro de marzo 2007. Pude a participar en el encuen e rm , ita das inv fun por pro s n ale ció eci ora lexión y Gracias esp ión de ser Marista, de la ref pas y a que grí lo ale la ura de fig a, pre gid frutar de la aco ellos días, símbolo que unión vivida durante aqu a la conversión personal de la extraordinaria com enté con ustedes la llamada im per Ex allí . tas ris Ma los tejer redes de comunión debemos ser hoy , laicos y hermanos, y a tos jun o nd ina cam uir seg y colectiva, a nivel provincial. tanto a nivel local como a donde nos encontremos, de formaproseguir en este camino a o nd ita inv les uir seg sión quiero En este 10º aniversario, existe en función de la mi fin en sí mismo, sino que un es lo no tir que par ta, com , ris irlo Ma y viv a os saber ción cristian isma para la misión. Debem car un cer do ha ala de ta reg ris ha s Ma no a s Marista. Dio . Nuestra maner nes cio era gen s ene jóv n de las ro P. Champagnat y de los y hacerlo fructificar en bie familia”, herencia de nuest de itu que pír “es del o tiv tin des, fraternidades y grupos lo tiene el dis construcción de comunida la ca ). pli 26 a, im Vid que la s, no por ma os : Optam primeros her d, formación… (cf. XX C.G ida ual irit esp n, sió mi a: comparten vid en la a “manera de ser Marista debiera hacer visible est al loc do la ta ian ris enc Ma pot cia uir sen Cada pre animo a seg nos es propia. Para ello, les que n ndo sió sie mi ta, la ris de Ma io a vic ism Iglesia” al ser s a vivir el car Dio por s ado llam n nte sie ita que se ción, que acoge, anima e inv comunión entre todos los idad, de misión y de forma ual irit esp de a, vid de d una comunida os destinados. s acercan y a los que vam a todos aquellos que se no ás, erlos al servicio de los dem ristas (talentos) para pon Ma s es no don tos os san un s o no dad ma ha Dios nos lino y tantos her rce Ma s. ado on nd aba y s pobres mal, como especialmente de los má ino y nos guarda de todo cam el ala señ s no ría Ma bajo. animan a proseguir su tra . Buena Madre os!

¡Feliz aniversario para tod H. Pau Fornells Sala Secretariado de Laicos


o desafio de BRILHAR O Ir. Lino Pedrotti

Senhor, que é homem para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho? (Salmo 8, 5)

ser humano foi criado um pouco abaixo de Deus, à “imagem e semelhança” Dele. Observe que a própria palavra “DEUS” revela algo sobre você. Sim, a sua própria essência divina, o seu EU. A parte divina está no ser humano. Se o homem é tão importante para Deus... o que o homem deverá fazer para considerar Deus importante para Ele? Aqui está o trabalho do cristão, do Marista, do Vivemarista: fazer tudo para que continue sendo “imagem e semelhança” de Deus, plenamente e, em tudo, fazer a vontade de Deus. Quando buscamos ser melhor do que somos, tudo ao nosso redor se torna melhor também. Façamos novo tudo o que fizermos. Nós já entramos no mais profundo do nosso ser no VIVEMAR. Penetramos naquele lugar de silêncio onde só Deus tem acesso e você. Deus não se mostra no barulho. É preciso rezar... Rezar como se tudo dependesse de Deus e trabalhar como se tudo dependesse de cada ser humano. Continuemos, como Champagnat, respirando Deus durante o dia. Sonhe! Champagnat sonhou e sonhou alto, sabia o que queria, sabia o que Deus queria dele, a tal ponto que repetia: “Deus quer que eu seja padre”. Ele tornou este sonho realidade. Walt Disney dizia: “Se podemos sonhar, também podemos tornar nossos sonhos realidade”. As pessoas de sucesso são sonhadoras. Além disso, sabem o que querem: elas têm metas. Sejamos sonhadores. Alguém falou: “Você tem que sonhar de noite e trabalhar de dia”. Devemos trabalhar para nossa construção própria, como bons Vivemaristas. Não deixe a graça do VIVEMAR se esgotar e, sim, contemple o “fogo” que ardia no seu coração quando fez o VIVEMAR e mostre também sua “imagem” de Vivemarista. Observe uma vela acesa: “que beleza de chama! Que beleza de brilho!...” Só se nota a presença da vela quando está acesa. A vela acesa aquece, brilha, ilumina e encanta.

Brilhe! Notamos a presença do Vivemarista quando ele brilha, ilumina, aquece e encanta todas as pessoas. Com sua chama acesa o Vivemarista cumpre sua vocação, cumpre sua missão de educador Marista – se dedicando totalmente aos outros, sempre produzindo luz. Também não podemos esquecer que somos parceiros Leigos na Congregação Marista. Como educadores, devemos primeiramente amar as crianças e os jovens para bem educá-los. Comamos e bebamos da mesa de Champagnat tudo o que for para um bom educador, para este tesouro que é a educação. Certo dia, uma professora do Colégio me convidou para visitar um asilo. Aceitei o convite e fomos. A professora me apresentou à Irmã que nos recepcionou: “Ah!...” disse ela, “eu conheço o Ir. Lino. Admiro muito o trabalho dos Maristas, pela sua maneira de educar as crianças e os jovens. Há algo nessa educação que bem se nota nas pessoas!...” Voltando para casa, pensei na nossa grande responsabilidade de continuarmos o sonho de Champagnat, que sempre confiante na Boa Mãe, repetia: “Maria é que tudo fez na Congregação Marista” e ainda “a Congregação Marista é dela”. Aqui aparece o tal jeitinho Marista que a Irmã falou: “é a Boa Mãe, e sua presença constante”, com toda sua ternura de Mãe de Jesus. Coloquemo-nos sob o olhar de Maria e seremos continuadores de Champagnat, com suas graças. Olhemos, com o olhar sadio, para o carinho que o Pai eterno tem para cada um de nós e celebremos, com entusiasmo e alegria, o décimo ano de vida do VIVEMAR, louvando a Deus pela existência dele em nossa Província, gritando: Parabéns, VIVEMAR!... Parabéns, Equipe de Coordenação!... Parabéns, Família Vivemarista!... Parabéns, Futuros Vivemaristas!... Parabéns, pelo bem que os Vivemaristas fazem às pessoas! Amém! Ir. Lino Pedrotti


parceiros no ideal Uma década, um século? Mais de cem anos de presença Marista, no Brasil a encantar... E dez anos de presença Marista, no projeto VIVEMAR... Tempo de receber e dar Enriquecer a alma e ter atitudes Semeando as Pequenas Virtudes No coração da juventude E das pessoas que encontrar As três violetas de Champagnat Simplicidade, Modéstia e Humildade Ampliando habilidades Graças ao VIVEMAR. Deixar de viver à toa E ser outra pessoa Descomplicado e aberto Sempre pronto a participar Nos trabalhos do VIVEMAR. Pra mim é alegria constante Viver a experiência fundante Com Jesus e Maria de Nazaré. Sentindo aumentar a minha fé E um olhar muito além Mergulhar na essência do menino de Belém Um menino frágil que me torna forte Com mais consciência e maturidade Me faz acreditar no horizonte De novas possibilidades Deixar meu ego de lado E abraçar a solidariedade Viver um sonho junto Um sonho de comunidade Nesses dez anos de VIVEMAR Muito tenho a agradecer Louvar e celebrar Incansavelmente espalhar O sorriso, o abraço, o olhar. Na obra de Maria A tarefa é humanizar “Tornar Jesus conhecido e amado” Em todo e qualquer lugar Eis a nossa Missão. Leigos e Irmãos Na dimensão pastoral Redescobrindo a vocação Parceiros no ideal. Dercio Angelo Berti



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