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universidade estadual de campinas Reitor José Tadeu Jorge Coordenador Geral da Universidade Alvaro Penteado Crósta

Conselho Editorial Presidente Eduardo Guimarães Elinton Adami Chaim– Esdras Rodrigues Silva Guita Grin Debert – Julio Cesar Hadler Neto Luiz Francisco Dias – Marco Aurélio Cremasco Ricardo Antunes – Sedi Hirano

Coleção Meio de Cultura Comissão Executiva Marcelo Knobel (coord.) – Andréa Guerra Luiz Carlos Dias – Peter Schulz Sandra Murriello – Yurij Castelfranchi Conselho Consultivo João Schmidt – Luiz Davidovich – Miguel Nicolelis – Marcelo Gleiser Iván Izquierdo – Luisa Massarani – Sergio Pena – Antonio C. Pavão – Marcelo Leite Carlos Henrique de Brito Cruz – Carlos Nobre – José Antônio Brum – Carlos Vogt Leopoldo de Meis – Mauricio Tuffani – Alberto Passos Guimarães Mônica Teixeira – Ildeu C. Moreira

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por que perdemos no pôquer, na loteria, na roleta...

ariel arbiser

Tradução

Márcia Aguiar Coelho

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Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990. Em vigor no Brasil a partir de 2009.

ficha catalográfica elaborada pelo sistema de bibliotecas da unicamp diretoria de tratamento da informação Ar16j

Arbiser, Ariel O jogador científico: Por que perdemos no pôquer, na loteria, na roleta... / Ariel Arbiser; tradução: Márcia Aguiar Coelho – Campinas, sp: Editora da Unicamp, 2015. 1. Jogos de azar. 2. Jogos de probabilidades (matemática). 3. Ciência. 4. Divulgação científica. I. Título.

cdd 519.3 519.2 500 070.4495 isbn 978-85-268-1231-4 Índices para catálogo sistemático:

1. Jogos de azar 2. Jogos de probabilidades (matemática) 3. Ciência 4. Divulgação científica

519.3 519.2 500 070.4495

Título original: El jugador científico: Por qué perdemos al póker, la lotería, la ruleta... © Ariel Arbiser, 2011 © de la edición en lengua española, Siglo XXI Editores Argentina, 2011

Copyright © 2015 by Editora da Unicamp Direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19.2.1998. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização, por escrito, dos detentores do direito. Printed in Brazil. Foi feito o depósito legal.

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meio de cultura Nosso cotidiano é permeado de ciência e tecnologia. Mas o que é ciência? Como é feita? Quem a faz? E a tecnologia? A coleção Meio de Cultura traz textos que, em linguagem acessível a todos (e às vezes divertida), apre­ sentam os caminhos e descaminhos da ciência e da tecnologia. Neles encontramos histórias de sucessos e fracassos, contradições e embates, enigmas e polêmicas da ciência e da tecnologia na sociedade – uma bússola para explorar a cultura científica até as fronteiras do saber.

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A meus pais.

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agradecimentos

A meus pais, que sempre dão um jeito de me apoiar e de me ajudar. E, como se isso fosse pouco, resolvem meus enigmas. A minha irmã Diana e a minhas sobrinhas Vera e Matilda, que sempre ficam atentas quando lhes proponho jogos e problemas, não importa se são fáceis ou difíceis. E os resolvem! A Diego Golombek, por dirigir a coleção “Ciencia que ladra...”* e encorajar-me a fazer este trabalho. Por animar-se a ler este livro desde o primeiro manuscrito. A Adrián Paenza, por continuar tendo esse compromisso com a divulgação e por fazer com que ganhe um pouco mais de evidência neste mundo complexo e num país onde o conhecimento nem sempre teve a atenção merecida.

*

Coleção publicada na Argentina pelo Grupo Editorial Siglo Veintiuno. (N. do T.)

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A Pablo Amster, porque, com seus livros e palestras, se dedica permanentemente à difusão da ciência e pelo compromisso que também sente por essa querida atividade. Tratando então de buscar um equilíbrio, a melhor relação entre o que é o sacrifício e a satisfação que sempre me deram as tarefas de divulgação, cheguei à conclusão de que concretizar um livro como este seria uma boa jogada. Mas me senti limitado... Refiro-me ao prazer obtido: foi maior que o mérito esperado. E o jogo apenas começa...

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Começamos a nos ver de outro modo, ainda que por um tempo persistamos nos rituais, nos jogos comuns, nas cenas de camaradagem [...], e a alguns lhes custa mais que a outros, existem alguns, como você, que vão passando pela idade sem sentir, que acham normal se ver num álbum com calças curtas... Julio Cortázar, “Relato con un fondo de agua”, Final del juego

Em seu perigoso rincão, os jogadores / regem as lentas peças [...]. Quando os jogadores já tenham partido / quando o tempo os tenha consumido, / certamente não haverá cessado o rito. Jorge Luis Borges, “Ajedrez”, El hacedor

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sumário

apresentação......................................................................................................................................... 15 introdução................................................................................................................................................ 19 1 os jogos de azar não são uma loteria............................................. 21 2 a cara do pôquer.................................................................................................................. 63 3 jogando a escopa: 15 enigmas.......................................................................... 85 4 as voltas da vida.................................................................................................................... 97 5 os problemas que o xadrez apresenta............................................. 121

epílogo – a determinação dos jogos............................................................ 163

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apresentação

Os jogos são coisa de criança, claro. E os cientistas – gente séria, se é que isso existe – não têm nada a ver com eles, não é mesmo? Não, nada disso: jogar é algo divertido... e sério ao mesmo tempo. Para comprová-lo, bastam os congressos de “matemática recreativa” nos quais cientistas de todo o mundo se reúnem para contar as últimas novidades em termos de jogos de mesa, de habilidade, de geometrias e de probabilidades. Cientistas que se divertem? Claro que sim, como nos convida a nos divertirmos – e, sobretudo, a pensar – Ariel Arbiser numa façanha que vai desde a roleta até o xadrez, desde o jogo da vida até a escopa. Ainda que também... você se perguntará por que jogamos. E não é uma pergunta simples, é algo que todos fazemos, em qualquer idade e sob qualquer circunstância. Talvez seja porque no cérebro temos incorporado um módulo de jogos – e talvez, quando esse módulo cria vida própria, aparecem os problemas do jogo patológico, esse que pode nos deixar na ruína, 15

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recordando velhos tempos. De fato, sabe-se de gente que vendeu tudo e apostou seu dinheiro em uma só jogada, no vermelho, por exemplo: o dobro ou nada. E isso é o que obtém: dobro... ou nada. Isso, claro, não tem nada de ciência, mas cuidado: as famosas dicas, que afirmam que devemos jogar em tal cor ou tal número tantas vezes consecutivas..., também não têm; a bola cairá onde quiser o acaso (ou o croupier, mas essa é outra história). O mesmo vale para a loteria ou outros jogos nos quais sempre ganha a sorte (em lotos ou similares, calcula-se que podem passar vários sé­culos até que uma pessoa seja a única que encontre a combinação correta e fique com todo o prêmio). Mas voltemos aos motivos do jogo e aos jogadores. Em um texto já clássico, El arte del diseño de juegos de compu­tadora (sim, é a arte mesmo),1 seu autor, Chris Crawford, arrisca algumas razões possíveis: – – – –

fugir: jogar não custa nada, e a realidade cotidiana muitas vezes sim; estar a nós mesmos (e, claro, que nossas conquistas sejam reconhecidas); ter atividades sociais; aceder ao proibido: Onde, senão nos jogos, nos romances ou nos filmes, podemos invadir Kamchatka, coroar uma rainha ou comprar toda uma fazenda?

Claro que isso deixa de fora outras possibilidades não menos interessantes, como as apostas, a criatividade, a diversão 1 Disponível em: <http://library.vancouver.wsu.edu/sites/library.vancouver.wsu. edu/files/ACGD.pdf>.

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apresentação

por si mesma. E, como nos ensina Ariel, a curio­sidade, a vontade de saber, de superar-se, de resolver... de pensar. Aqui é onde jogos e ciência se encontram: no prazer de pensar, de imaginar e de ser, a cada dia, um pouquinho melhores. Todos os jogos, o jogo. Abramos a porta... para ir à c­ iência. Diego Golombek

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introdução Pensa como pensam os sábios, mas fala como fala a gente simples. Aristóteles O ignorante afirma, o sábio duvida e reflete. Aristóteles

Há muitos jogos que aprendemos a jogar quando crianças e os jogamos por toda a vida. A variedade que existe é enorme e nem todos têm a difusão que mereceriam. Cada época e lugar têm suas preferências. Praticamente toda pessoa adulta ouviu falar deles e alguns enfrentaram seus desafios mais de uma vez. Muitos jogos se destacam por razões históricas e de divulgação: uma lista incompleta deveria incluir xadrez, damas, gamão, go, reversi, truco, tute, chinchón, rummy, canastra, buraco, escopa de 15, pôquer, bridge, dominó, crucigrama, sudoku, cubo de Rubik, sopa de letras, war.* Os jogos de habilidade exigem pensar, quase sempre de uma maneira divertida. E, ainda que no começo não a vejamos, a matemática sempre está lá. Esses jogos, além de ser praticados, podem ser estudados. Propõem um desafio e desafiam a mente, ajudam e convidam a esforçar-se com a promessa de obter um fruto: a satisfação de resolver um problema, o que não é pouco. *

Chinchón, tute e rummy são jogos de cartas populares na Argentina. (N. do T.)

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Por que esses jogos nos interessam, ou por que deveriam nos interessar? Por um traço básico do ser humano: a curiosidade, o desejo de conhecer a solução de um enigma (ou, por que não, de mais de um). Todo problema nos desafia a encontrar sua solução, ou ao menos elaborar uma boa estratégia para encontrá-la. Vários seres humanos o sentem assim, ainda que outros, ao contrário, preferem fugir de tudo quanto requeira um mínimo de pensamento, de decisão, de análise... Porque acreditamos que contagiar o interesse por pensar é possível, pretendemos mostrar em que consistem e como funcionam alguns dos jogos mais difundidos na atualidade e, sobretudo, o que há por trás deles. Trataremos de conseguir um equilíbrio entre os mais famosos e aqueles que são conhecidos, preferidos ou usualmente abordados somente por quem pratica os jogos de habilidade em geral, digamos “a comunidade de solucionadores de enigmas”. (Seremos tantos realmente?) Examinaremos em particular os jogos de mesa, tanto de tabuleiros como de cartas. Como se perceberá, o enfoque não inclui jogos ao acaso (ainda que, diga-se de passagem, vamos mencionar os jogos de azar). Porém abordaremos jogos e problemas para números diferentes de participantes. Nas próximas páginas, o leitor poderá jogar com outras pessoas, ou desafiar-se a si mesmo a resolver os enigmas propostos. Nesse caso, só um ou outro sa­berá se os resolveu, ou se lhe pareceram complexos ou simples. E in­ clusive, por que não, poderão tentar compreender um pouco melhor esses problemas e até tratar de superar-se de vez em quando. Será isso um paradoxo? Não é verdade que cada coisa é igual a si mesma? Ou pode alguém superar-se a si mesmo? Disso se trata...

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